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RELATÓRIO DA IMPLANTAÇÃO E DOS RESULTADOS DO PROJETO

“MÃE D’ÁGUA” DE ITABIRA-MG


SERVIÇO AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTO DE ITABIRA-MG

PROJETO MÃE D’ÁGUA

Itabira-MG, 2010
SERVIÇO AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTO DE ITABIRA-MG

PROJETO MÃE D’ÁGUA

Elio de Assis Vieira


Diretor Presidente

Equipe Coordenadora

Nome Função

Arnaldo Edgard Lage Silva Geógrafo

Clóvis Ferreira Pires Técnico em Meio Ambiente

Dartison da Piedade Fonseca Engenheiro Civil

Fábio Valente Alves Técnico em Meio Ambiente

Gilmar Bretas Martins Cruz Técnico Agropecuário

Jorge Martins Borges Engenheiro Sanitarista e Ambiental

José Gonçalves Topógrafo e Técnico em Meio Ambiente

Flaviano Luiz Milagres Araújo Geógrafo

Marcos Antônio Gomes Engenheiro Florestal, Mestre e Doutor em


Solos e Nutrição de Plantas – Consultor do
Projeto
RESUMO

Em Itabira-MG, o uso predatório do solo, que caracteriza o processo de ocupação de


quase todo território nacional, se reflete na pecuária extensiva pouco planejada baseada na
substituição da cobertura vegetal original por pastagens em áreas de relevo acidentado e solos
pouco resistentes a erosão. Na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Candidópolis, principal manancial
da cidade, isto vem provocando a erosão do solo em certos pontos e sua compactação em
extensas áreas, o que interfere nas fases sub-superficial e subterrânea do ciclo hidrológico local,
reduzindo os percentuais de infiltração das águas pluviais e aumentando o escoamento
superficial. Como resultados indesejáveis deste processo têm-se a redução da biodiversidade
local e a diminuição das vazões do curso d’água nos meses secos do ano (geralmente de maio a
setembro). Para solucionar/amenizar esta situação ambiental e garantir a segurança do
abastecimento público de água da cidade, em 2006 foi construído o Projeto “Mãe D’água”. As
ações executadas no referido projeto são o cercamento de áreas degradadas e de interesse
especial (nascentes, córregos e encostas com processos erosivos) para promover sua recuperação,
reflorestamento com espécies nativas, construção de mini-terraços em curvas de nível nas
encostas, escavação de caixas de captação das águas pluviais (barraginhas) nas áreas de
pastagens e estradas rurais, bem como a instalação de paliçadas nas margens destas estradas.
Tais ações são executadas com o objetivo de reduzir a erosão e aumentar os percentuais de
infiltração da água no solo. Além destas ações, com o objetivo de promover melhorias
qualitativas na água do Manancial Candidópolis, o projeto Mãe D’água promove o tratamento
alternativo dos esgotos domésticos rurais (geralmente por meio da instalação de fossas sépticas).
As técnicas utilizadas para tal fim são de fácil aplicação e custo relativamente baixo,
principalmente se comparados aos benefícios vislumbrados. Dentre os resultados já passíveis de
medição podemos citar o aumento do tempo de contração das águas pluviais (que pode indicar
melhoras na infiltração) medidos nas estações de monitoramento da vazão instaladas para este
fim, além do aumento da biodiversidade local e diminuição das áreas degradadas registradas em
relatório fotográfico anexo. Algo que merece ser destacado no Mãe D’água, como é conhecido,
são as parcerias com os produtores rurais e demais atores sociais do município, que têm sido
indispensáveis para o sucesso presente do projeto, bem como para garantir a sustentabilidade
futura das ações e a consequente permanência dos benefícios atualmente alcançados.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1 
2 DIAGNÓSTICO ......................................................................................................................... 2 
2.1 A DEGRADAÇÃO DO MANANCIAL CANDIDÓPOLIS ................................................ 2 
2.2 O BALANÇO HÍDRICO DE ITABIRA .............................................................................. 2 
2.3 O PROJETO MÃE D’ÁGUA ............................................................................................... 3 
3 IMPLEMENTAÇÃO ................................................................................................................. 4 
3.1 PARCEIROS E COLABORADOSRES ............................................................................... 4 
3.2 AÇÕES E INTERVENÇÕES REALIZADAS NO PROJETO MÃE D’ÁGUA ................. 5 
3.3 A RELAÇÃO COM O PRODUTOR RURAL ..................................................................... 6 
4 RESULTADOS ENCONTRADOS ........................................................................................... 7 
4.1 AUMENTO DO TEMPO DE CONCENTRAÇÃO ............................................................. 7 
4.2 AUMENTO DA BIODIVERSIDADE ................................................................................. 8 
4.4 CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................. 9 
5 REFERÊNCIASBIBLIOGRAFICAS .................................................................................... 10 
ANEXO ........................................................................................................................................ 11 

LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Hidrógrafa 2007 ............................................................................................................. 8 
Gráfico 2: Hidrógrafa 2008 ............................................................................................................. 8 

LISTA DE MAPAS
Mapa 1: Aspectos Gerais de Itabira .............................................................................................. 12 
Mapa 2: Manancial Candidópolis e Área do Mãe D’água ............................................................ 13 

LISTA DE FOTOS

Foto 1: Atividades de recuperação da cascalheira (antes)............................................................... 9 


Foto 2: Área da cascalheira (dois anos depois) ............................................................................... 9 
Foto 3: Vertedor da ETA “Pureza” (2004).................................................................................... 14 
Foto 4: Vertedor da ETA “Pureza” (seca de 2008) ....................................................................... 14 
Foto 5: Reservatório da ETA “Pureza” em situação normal ......................................................... 14 
Foto 6: Reservatório da ETA “Pureza” assoreado ........................................................................ 14 
Foto 7: Parte da equipe de elaboração do Projeto Mãe D’água .................................................... 14 
Foto 8: Parte da equipe do Projeto Mãe D’água ........................................................................... 14 
Foto 9: Construção de Mini-terraços por trator ............................................................................. 15 
Foto 10: Construção de Mini-terraços por trator ........................................................................... 15 
Foto 11: Construção de Mini-terraços com o uso de tração animal .............................................. 15 
Foto 12: Limpeza manual dos mini-terraços ................................................................................. 15 
Foto 13: Mini-terraços após chuva ................................................................................................ 15 
Foto 14: Mini-terraços após chuva ................................................................................................ 15 
Foto 15: Escavação de caixa de contenção de enxurrada.............................................................. 16 
Foto 16: Caixa de contenção de enxurrada na margem de estrada rural ....................................... 16 
Foto 17: Caixa de contenção de enxurrada durante chuva ............................................................ 16 
Foto 18: Caixa de contenção de enxurrada após chuva ................................................................ 16 
Foto 19: Construção de paliçadas com bambu .............................................................................. 16 
Foto 20: Paliçadas construídas com eucalipto............................................................................... 16 
Foto 21: Paliçadas em erosão na margem da estrada .................................................................... 17 
Foto 22: Paliçada com os sedimentos contidos após chuvas ........................................................ 17 
Foto 23: Fossa e filtro para o tratamento do esgoto ...................................................................... 17 
Foto 24: Alguns componentes da fossa séptica ............................................................................. 17 
Foto 25: Instalação de fossa e filtro .............................................................................................. 17 
Foto 26: Fossa séptica instalada .................................................................................................... 17 
Foto 27: Construção de cerca em torno de nascente ..................................................................... 18 
Foto 28: Nascente cercada............................................................................................................. 18 
Foto 29: Viveiro de mudas nativas do Mãe D’água ...................................................................... 18 
Foto 30: Muda recém plantada ...................................................................................................... 18 
Foto 31: Mudas com dois anos de idade ....................................................................................... 18 
Foto 32: Muda com dois anos ....................................................................................................... 18 
Foto 33: Instalação do Linígrafo na estação de monitoramento de vazão do Córrego do Meio ... 19 
Foto 34: Coleta de dados na estação de monitoramento de vazão do Córrego Contendas ........... 19 
Foto 35: Dia de campo com integrantes da comunidade local ...................................................... 19 
Foto 36: Palestra em escola do ensino fundamental ..................................................................... 19 
Foto 37: Dia de campo com funcionários da Secretaria Municipal de Obras para demonstrar as
técnicas de conservação de estradas aplicáveis ao seu trabalho.................................................... 19 
Foto 38: Dia de campo com alunos da APAE-Itabira ................................................................... 19 
1 INTRODUÇÃO

Itabira é um município de pouco mais de 110.000 habitantes, segundo estimativa do


IBGE para 2009, situado a aproximadamente 110 km a leste de Belo horizonte. A principal
atividade econômica do município em termos de produção de divisas é a mineração de ferro,
enquanto a atividade que ocupa a maior parte do espaço municipal é a pecuária extensiva, cuja
produção de riquezas não pode ser comparada à primeira, mas a produção de problemas é
semelhante.
As minas formam um arco em torno da cidade e deixam apenas uma direção para a
expansão da área urbana: leste, onde está localizada a Bacia Hidrográfica do Ribeirão
Candidópolis, principal manancial da cidade (vide mapa 1), que sofre com a ocupação urbana e a
utilização rural predatória.
Tal situação coloca em risco a segurança do abastecimento público de água na cidade
e neste aspecto, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Itabira (SAAE-IRA) precisa ir além
da preocupação com as fases da captação à disposição dos efluentes e contribuir para a
conservação dos mananciais, para a garantia deste recurso natural fundamental à prestação dos
seus serviços. A própria lei 11445/2007, deixa bem claro nos incisos XI e XII do artigo segundo
que:

Art. 2o Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos
seguintes princípios fundamentais:

XI - segurança, qualidade e regularidade;

XII - integração das infra-estruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos
hídricos.

O inciso XII coloca diretamente a necessidade da preocupação com os recursos


hídricos de forma geral, preocupação que é imprescindível para se respeitar os princípios do
inciso XI, principalmente no que se refere às áreas de manancial.
No que se refere à ocupação urbana das áreas de manancial, especialmente o
manancial “Candidópolis”, medidas de caráter normativo e regulatório vêm sendo tomadas por
parte do poder público local no intuito de evitar a degradação da qualidade e redução das vazões.
Já no que se refere aos usos rurais do solo, o SAAE-IRA e Prefeitura Municipal vem
implantando o projeto Mãe D’água, com o intuito de melhorar as condições ambientais e a
capacidade de recarga do manancial.

1
2 DIAGNÓSTICO

Em Itabira-MG, cerca de 55% da água que abastece a cidade é proveniente da


Estação de Tratamento de Água (ETA) “Pureza”, que trata a água captada no Ribeirão
Candidópolis (afluente do Rio de Peixe, que deságua no Rio Piracicaba-MG, que por sua vez
deságua no Rio Doce).

2.1 A DEGRADAÇÃO DO MANANCIAL CANDIDÓPOLIS

Na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Candidópolis o processo de ocupação humana se


intensificou nos últimos vinte anos. Esta ocupação se deu de forma predatória, baseada
principalmente na pecuária extensiva, com uma superpopulação de reses em pastagens plantadas
sobre solos pouco resistentes à erosão e em relevo acidentado.
Moradores mais antigos da região alegam que há cerca de trinta anos haviam poucas
áreas degradadas no manancial, as matas ciliares estavam quase intactas e as demais formas de
vegetação natural estavam em boas condições de preservação.
Segundo levantamento da equipe do projeto Mãe D’água mais de 60% das matas
ciliares desta sub-bacia encontravam-se degradadas, ou simplesmente não existiam. A mesma
situação pode ser percebida em relação às demais áreas de matas, quase sempre terciárias que
ocupam menos de 30% do manancial e em relação às pastagens, quase sempre degradadas, que
ocupam cerca de 60% da área.
O artigo 2º do decreto 97632/89 considera degradação como “os processos resultantes
dos danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas
propriedades, tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais”.
Dentre os resultados negativos destes processos de degradação, podemos citar a
redução da biodiversidade local, o assoreamento dos cursos d’água (vide foto 6, em anexo) e a
redução da recarga do aqüífero, que resulta no exagerado acréscimo das vazões nos períodos
chuvosos e sua significativa redução nos meses secos do ano.

2.2 O BALANÇO HÍDRICO DE ITABIRA

Devido ao crescimento urbano acelerado dos últimos vinte anos e da não


incrementarão das fontes de captação, Itabira vive uma situação muito delicada em relação ao
abastecimento público de água.

2
Em 2007 foi apresentado um estudo técnico intitulado “Atualização do Plano Diretor
de Abastecimento de Água da Cidade de Itabira”, realizado pelo consórcio das empresas Brandt
Meio Ambiente, O&M Oliveira e Marques e VOGBR Recursos Hídricos & Geotecnia,
contratados pela Companhia Vale do Rio Doce – CVRD em atendimento a condicionante 12 ‘e’
de uma LOC (Licença de Operação Corretiva) de 2000.
Este estudo estimou a demanda de pico diário da cidade em 465 l/s para o presente
ano, mas atualmente o SAAE-IRA tem outorgas para captar apenas 248 l/s e os mananciais já
estão nos seus limites, não sendo possível nenhum incremento nas captações existentes.
Tal situação compromete o desenvolvimento local, pois há a restrição a qualquer
acréscimo nas demandas e, portanto, restrição à implementação de novos empreendimentos,
como indústrias.

2.3 O PROJETO MÃE D’ÁGUA

Neste contexto, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Itabira (SAAE-IRA) e a


Prefeitura Municipal de Itabira, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura e
Abastecimento (SMAA) e Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) criaram o projeto
“Mãe D’água” em 2007 (vide fotos 7 e 8, parte da equipe do projeto).
O projeto “Mãe D’água, batizado com o nome de um dos córregos em cuja micro-
bacia hidrográfica foi inicialmente implantado (afluente do Córrego Contendas), visa melhorar
os percentuais de infiltração das águas pluviais no solo e enriquecer a biodiversidade local
através da recuperação de áreas degradadas. Em relação à recuperação de áreas degradadas, o
decreto 97632/89 estabelece que:

Art. 3° A recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado a uma
forma de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo,
visando a obtenção de uma estabilidade do meio ambiente.

No intuito de recuperar as áreas degradadas, são utilizadas técnicas de baixo custo


como o cercamento e o reflorestamento com espécies nativas. Também são feitos mini-terraços
em curvas de nível nas encostas com o intuito de reduzir a erosão do solo e aumentar os
percentuais de infiltração da água no solo – as caixas de captação das águas pluviais
(barraginhas) nas áreas de pastagens e estradas rurais, bem como a instalação de paliçadas nas
margens das estradas visam a este mesmo objetivo.

3
O Mãe D’água”, como é conhecido, surgiu para tentar melhorar a situação ambiental
do Manancial Candidópolis e garantir o abastecimento humano, em quantidade e qualidade
adequadas. O projeto também contribui para o cumprimento da função social da propriedade
exigida no artigo 186 da constituição brasileira de 1988, pois visa “à compatibilização do
desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do
equilíbrio ecológico”, o que é um objetivo da política Nacional do Meio Ambiente expresso no
inciso I do artigo 4º da lei 6938/81.
De forma geral, o projeto Mãe D’água representa uma forma de “integração das infra-
estruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos”; princípio fundamental para a
prestação dos serviços públicos de saneamento básico colocado no inciso XII do artigo 2º da Lei
11445/2007.

3 IMPLEMENTAÇÃO

3.1 PARCEIROS E COLABORADOSRES

Desde suas fases de elaboração, o projeto “Mãe D’água” contou com a participação
de inúmeros atores da gestão pública local, bem como com a assessoria técnica especializada do
Dr. Marcos Antônio Gomes (mestre e doutor em solos e recursos hídricos pela Universidade
Federal de Viçosa-MG (UFV).
O Mãe D’água vem sendo desenvolvido pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto –
SAAE Itabira e pela Prefeitura Municipal de Itabira – PMI, que participa por meio da Secretaria
Municipal de Agricultura e Abastecimento – SMAA e da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente – SMMA.
Dentre alguns dos diversos colaboradores, que participam das ações de forma menos
intensa, mas não menos importante, destacam-se:
• Secretaria Municipal de Educação – SME
• Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano – SMDU
• Instituto Estadual de Florestas – IEF
• Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER
• Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG
• Empresa de Desenvolvimento Urbano de Itabira – ITAURB
• Associação de Pais Amigos dos Excepcionais – APAE
• ONG Sociedade Ambiente Vivo Itabira – SAVI

4
• Rotary Club de Itabira
• Movimento Negro de Itabira

3.2 AÇÕES E INTERVENÇÕES REALIZADAS NO PROJETO MÃE D’ÁGUA

Foram consideradas as especificidades ambientais e os problemas do manancial


“Candidópolis” no planejamento de ações que pudessem, ao mesmo tempo, melhorar as
condições ambientais e hídricas do manancial sem diminuir a produtividade econômica das
propriedades nele inseridas. Neste sentido e a partir de experiências científicas desenvolvidas por
pesquisadores da UFV em áreas com condições de solo e relevo semelhantes, foi definido que as
intervenções a serem feitas na área do manancial seriam:
• Construção de mini-terraços em curvas de nível em todas as encostas onde fosse
tecnicamente recomendado; (vide fotos de 9 a 14 em anexo)
• Colocação de caixas de captação de enxurradas (barraginhas) ao longo das
estradas e em encostas onde o terraceamento não fosse tecnicamente
recomendado; (vide fotos de 15 a 18 em anexo)
• Colocação de paliçadas em locais de concentração de enxurrada nas margens das
estradas, pois o problema da erosão provocada pelas estradas rurais foi
identificado como um dos mais importantes na área em questão; (vide fotos 19 a
22 em anexo)
• Instalação de fossas sépticas para o tratamento individualizado ou comum (em
casos de residências próximas e com condições topográficas adequadas) dos
esgotos domésticos das residências rurais do manancial; (vide fotos de 23 a 26 em
anexo)
• Cercamento de Áreas de Preservação Permanente (APPs), especialmente em topo
de morro, encostas degradadas, matas ciliares e nascentes, onde tal ação fosse
adequada; (vide fotos 27 e 28 em anexo) e
• Reflorestamento com espécies nativas em áreas de encostas degradadas, topos de
morros e matas ciliares. (vide fotos 29 a 32 em anexo)
Destas ações, até o momento foram construídos mais de 100 quilômetros de mini-
terraços em curvas de nível, 120 caixas de captação de enxurradas (barraginhas), 300 paliçadas,
08 fossas sépticas, 25 quilômetros de cercas e plantio de 65.000 mudas de espécies nativas da
região.

5
Os trabalhos de revitalização estão sendo finalizados em duas sub-bacias do Ribeirão
Candidópolis: Sub-Bacia do Córrego Contendas, com área de 432 ha; e Sub-Bacia do Córrego do
Meio com área de 160 ha, que juntas correspondem a aproximadamente 19% da área do
manancial. (vide mapa 2 em anexo)
Os trabalhos já estão sendo executados em outras áreas do manancial e existe um
projeto de expansão para captar recursos para sua expansão em toda a Bacia do Ribeirão
Candidópolis e para outros mananciais superficiais, inclusive em bacias hidrográficas que
possivelmente serão os próximos mananciais da cidade.

3.3 A RELAÇÃO COM O PRODUTOR RURAL

Uma preocupação inicial dos gestores do projeto dizia respeito à possível resistência
dos proprietários rurais da região à execução destas atividades nas suas terras. Para contornar
este problema decidiu-se que as intervenções seriam implantadas primeiramente em algumas
terras públicas existentes no interior do manancial. Então foi escolhida a micro-bacia do córrego
Contendas, afluente do Candidópolis, onde havia terras federais, municipais e terras do
Movimento Negro de Itabira (parceiro do projeto).
Com o desenvolvimento das atividades nesta área (2007 e 2008) os técnicos Gilmar
Bretas Martins Cruz (SMAA) e Clóvis Ferreira Pires (SAAE), que já conheciam a região,
passaram a ter maior contato com os proprietários, o que possibilitou o diálogo entre eles. Neste
processo, muitos dos produtores foram percebendo a importância daquelas intervenções. Ainda
assim, muitos outros tinham temores como, por exemplo, que o cercamento e o reflorestamento
pudessem tirar deles a posse das terras, ou ainda que os mini-terraços e as caixas de captação
reduzissem a produtividade das suas terras, por isto não aderiram no primeiro momento.
Com o passar do tempo estes proprietários perceberam que as intervenções não
reduziam a produtividades das terras, ao contrário, devido ao aumento da umidade no solo por
um período maior do ano e devido à manutenção dos nutrientes, que antes eram carreados pela
erosão, as pastagens melhoravam e se mantinham em boas condições todo o ano. Além disso,
perceberam que os cercamentos e o reflorestamento, geralmente feitos em áreas muito
degradadas, portanto pouco produtivas, não comprometiam as atividades econômicas no restante
das terras e não tiravam a posse da terra de ninguém – afinal muitos proprietários mais
esclarecidos haviam aderido ao projeto e eles não fariam isto se houvesse tal risco.
O resultado deste processo é que, em função da grande procura, existe uma lista de
espera de produtores que querem aderir ao projeto.

6
4 RESULTADOS ENCONTRADOS

A fim de avaliar a eficiência das ações implantadas nas Sub-Bacias já trabalhadas,


foram instalados dois sistemas de monitoramento hidrológico, que contam cada um com um
linígrafo, aparelho usado para medir o volume de água, e um pluviógrafo, equipamento usado
para medir o volume de chuvas nas sub-bacias (vide fotos 33 e 34 em anexo).
Em relação ao aspecto qualitativo, a equipe do laboratório do SAAE-IRA vem
realizando análises quinzenais da água coletada em três pontos do Córrego do Meio: o primeiro
na principal nascente, o segundo num ponto médio da bacia e o terceiro no exultório. Mas ainda
não foi possível a emissão de um laudo técnico oficial sobre a melhora, ou não, na qualidade da
água porque não existem dados anteriores para se comparar aos resultados atuais.

4.1 AUMENTO DO TEMPO DE CONCENTRAÇÃO

Infelizmente, no ano de 2008, a região registrou um dos menores índices


pluviométricos em décadas (831,4 mm enquanto a média anual é em torno de 1400 mm), por
isso não foi possível verificar um aumento na vazão destes córregos no período seco em relação
ao ano anterior (2007), quando as ações ainda não haviam sido implantadas.
Mas, segundo (GUERRA 2008) um resultado positivo pode ser registrado com a
implantação do “Projeto Mãe D’água”: em estudo realizado pelo autor utilizando dados da
estação de monitoramento da vazão do Córrego Contendas, os dados de pluviosidade e vazão
foram registrados periodicamente, em intervalos de dez em dez minutos e comparados entre os
anos de 2007 e 2008, com isso, foi verificado um significativo aumento no tempo de
concentração das águas pluviais na bacia hidrográfica, ou seja, passou-se mais tempo entre o
momento de registro das chuvas mais intensas e o momento de maior vazão.
Na hidrógrafa referente a abril de 2007, quando as ações ainda não estavam
consolidadas, percebe-se que entre o momento em que cessou a chuva mais intensa (11:00 hs) e
o momento em que a vazão começou a aumentar (11:30 hs) decorreram apenas 30 minutos.
(Vide gráficos 1 e 2 a seguir)

7
Gráfico 1: Hidrógrafa 2007 Gráfico 2: Hidrógrafa 2008

HIDRÓGRAFA DE 22/04/2007 HIDRÓGRAFA DE 4/05/2008

8 350 8 250
Pluviom etria (m m )

Pluviom etria (m m )
7 300 7
200
6 250 6

V az ão (l/s)

V azâo (l/s)
5 5 150
200
4 4
150 100
3 3
2 100 2
50
1 50 1
0 0 0 0
10:40

10:50
11:00

11:10
11:20

11:30
11:40

11:50
12:00

12:10
12:20

12:30
12:40

12:50
13:00

13:10

15:00
15:10
15:20
15:30
15:40
15:50
16:00
16:10
16:20
16:30
16:40
16:50
17:00
17:10
17:20
17:30
17:40
17:50
Horas Horas

P Q P Q

Fonte (Guerra 2008) Fonte (Guerra 2008)

Já na hidrógrafa referente a maio de 2008, após a implantação do projeto, observa-se


que entre o momento em que a chuva mais intensa se encerra (15:40 hs) e o momento em que a
vazão começa a aumentar (17:00hs), decorreu uma hora e vinte minutos ou seja, quase o triplo
do tempo registrado na medição no ano anterior.
Isto significa que as medidas implantadas fizeram com que as águas pluviais, em vez
de escoarem rapidamente para o curso de água, encontrassem barreiras que as mantiveram por
mais tempo na área; o que possibilita o aumento da sua infiltração no solo e a melhora da recarga
do aqüífero.
Os dados de 2009 ainda não foram compilados – este trabalho esta sendo feito e
espera-se que os resultados sejam ainda mais positivos.

4.2 AUMENTO DA BIODIVERSIDADE

Além dos resultados hídricos, o projeto “Mãe D’água promove a notória melhoria das
condições ambientais, com o aumento da biodiversidade proporcionado principalmente pelo
reflorestamento das áreas degradadas.
Antes da implantação do projeto “Mãe D’água”, na Sub-bacia do Córrego do Meio
havia uma área que a prefeitura de Itabira utilizava para extração de cascalho, e que se
encontrava em situação de extrema de degradação. Esta foi uma das primeiras áreas trabalhadas
dentro do projeto. (vide fotos 1 e 2 a seguir)

8
Foto 1: Atividades de recuperação da cascalheira Foto 2: Área da cascalheira (dois anos depois)
(antes)

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

Após as ações executadas no Projeto Mãe D’água, a área se encontra em fase de


recuperação avançada. As árvores estão com porte de dois a três metros de altura, a vegetação
rasteira cobre o solo e já é possível perceber a volta da fauna.

4.4 CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL

Os resultados já encontrados mostram que tecnologias simples podem contribuir


muito para a revitalização de bacias hidrográficas, mas a parceria e o protagonismo da população
local no processo são imprescindíveis.
Os gestores públicos devem incentivar ações que promovam a sustentabilidade aliada
aos benefícios econômicos e principalmente sociais, mas não podem ser os únicos atores a
participarem destes processos – a população interessada deve participar de maneira intensa,
cobrando do poder público e se organizando para participar das decisões e das ações.
Isto, mais que exigência legal, como já demonstrado, é requisito para que a gestão
pública seja eficiente e que seus resultados sejam duradores. Mas para haver participação social
são necessárias pelo menos duas coisas que somente se consegue com a educação crítica da
sociedade: o conhecimento das necessidades coletivas da população e a conscientização da
importância de cada sujeito contribuir de forma individual e principalmente coletiva para as
decisões a ações necessárias à satisfação de tais necessidades. Neste sentido, o projeto Mãe
D’água realiza diversas atividades de discussão e esclarecimento com a população local: são
palestras, seminários e visitas de campo na área do projeto com produtores rurais, grupos sociais
organizados do município e alunos do ensino fundamental, médio e superior. (vide fotos 35 a 38
em anexo)

9
Um resultado interessante do Mãe D’água é a transformação do manancial em uma
Bacia Escola, que pode se tornar referência para o aprimoramento de técnicos atuantes na área
ambiental e para o desenvolvimento de trabalhos científicos sobre o tema. Situação cada vez
mais vislumbrada em função das parcerias que estão sendo construídas com instituições de
ensino como a Universidade Federal de Itajubá (Unifei), com um campus estendido sendo
instalado em Itabira-MG.

5 REFERÊNCIASBIBLIOGRAFICAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 05 de outubro de 1988.


Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm

–––––––. Decreto 97.632, de 10 de abril de 1989. Dispõe sobre a regulamentação do Artigo 2°,
inciso VIII, da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, e dá outras providências. Disponível
emhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/D97632.htm

–––––––. Lei 11445, de 05 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento
básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990,
8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11
de maio de 1978; e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm

–––––––. Lei 6938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm

–––––––. Lei 9433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos,
cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do
art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que
modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9433.htm

Guerra Júnior, D. Recuperação de Vazão Hídrica Por Meio de Medidas Não Estruturais: O
Caso do Córrego Contendas, em Itabira – MG. 1ª Ed. Monografia apresentada, para fins de
conclusão de curso, ao Instituto Superior de Educação de Itabira, curso de Geografia. Itabira:
Funcesi, 2008, 43p.

10
ANEXO
MAPAS E FOTOS

11
Mapa 1: Aspectos Gerais de Itabira

12
Mapa 2: Manancial Candidópolis e Área do Mãe D’água

13
Foto 3: Vertedor da ETA “Pureza” (2004) Foto 4: Vertedor da ETA “Pureza” (seca de 2008)

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

Foto 5: Reservatório da ETA “Pureza” em situação Foto 6: Reservatório da ETA “Pureza” assoreado
normal

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

Foto 7: Parte da equipe de elaboração do Projeto Mãe Foto 8: Parte da equipe do Projeto Mãe D’água
D’água

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

14
Foto 9: Construção de Mini-terraços por trator Foto 10: Construção de Mini-terraços por trator

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

Foto 11: Construção de Mini-terraços com o uso de Foto 12: Limpeza manual dos mini-terraços
tração animal

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

Foto 13: Mini-terraços após chuva Foto 14: Mini-terraços após chuva

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

15
Foto 15: Escavação de caixa de contenção de Foto 16: Caixa de contenção de enxurrada na margem
enxurrada de estrada rural

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

Foto 17: Caixa de contenção de enxurrada durante Foto 18: Caixa de contenção de enxurrada após chuva
chuva

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

Foto 19: Construção de paliçadas com bambu Foto 20: Paliçadas construídas com eucalipto

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

16
Foto 21: Paliçadas em erosão na margem da estrada Foto 22: Paliçada com os sedimentos contidos após
chuvas

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

Foto 23: Fossa e filtro para o tratamento do esgoto Foto 24: Alguns componentes da fossa séptica

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

Foto 25: Instalação de fossa e filtro Foto 26: Fossa séptica instalada

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

17
Foto 27: Construção de cerca em torno de nascente Foto 28: Nascente cercada

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

Foto 29: Viveiro de mudas nativas do Mãe D’água Foto 30: Muda recém plantada

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

Foto 31: Mudas com dois anos de idade Foto 32: Muda com dois anos

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

18
Foto 33: Instalação do Linígrafo na estação de Foto 34: Coleta de dados na estação de monitoramento
monitoramento de vazão do Córrego do Meio de vazão do Córrego Contendas

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

Foto 35: Dia de campo com integrantes da Foto 36: Palestra em escola do ensino fundamental
comunidade local

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

Foto 37: Dia de campo com funcionários da Secretaria Foto 38: Dia de campo com alunos da APAE-Itabira
Municipal de Obras para demonstrar as técnicas de
conservação de estradas aplicáveis ao seu trabalho

Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água Fonte: Monitoramento do Projeto Mãe D’água

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