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Fabricação do Açúcar
Após passar pelas etapas de extração e tratamento do caldo, inicia-se o processo de fabricação de açúcar,
por meio da concentração do caldo por evaporação da água em processo de múltiplo efeito. O xarope
resultante é bombeado para os tachos de cozimento para a cristalização do açúcar.
O cozimento é feito em duas etapas, sendo que na primeira ainda ocorre a evaporação da água do xarope
para a cristalização da sacarose (Figura 1). O produto resultante desse cozimento é uma mistura de
cristais de sacarose com o licor-mãe (mel). Na segunda etapa, ocorre o processo de nucleação, em que são
produzidos pequenos cristais de tamanho uniforme.
O melaço é enviado para a fabricação de álcool, enquanto o açúcar é destinado ao secador para a retirada
da umidade contida nos cristais. Após a secagem, o açúcar é levado ao silo para ser ensacado e estocado
(Figura 3).
Fermentação
A transformação da matéria-prima em álcool é efetuada por microrganismos, usualmente leveduras da
espécie Saccharomyces cereviseae, por meio da fermentação alcoólica. Para que a fermentação tenha
sucesso, dentro de especificações técnicas, é muito importante que se misture ao mosto uma quantidade
de leveduras capaz de converter os açúcares em álcool e gás carbônico, dentro de determinadas
condições. Este conjunto de microrganismos recebe o nome de pé-de-cuba ou simplesmente fermento.
As leveduras utilizadas na indústria do álcool e das aguardentes devem apresentar certas características,
como: velocidade de fermentação; tolerância ao álcool; rendimento; resistência e estabilidade. A
velocidade de fermentação é determinada pela quantidade de açúcar fermentado por uma quantidade de
leveduras durante um certo tempo.
O ganho em produtividade por meio de fermentações rápidas aumenta a produção diária e reduz,
consequentemente, o custo de produção e o risco de contaminação por microrganismos prejudiciais. O
rendimento, ou seja, a relação entre açúcar consumido e álcool produzido, deve ser elevado, sendo essa
condição essencial para uma levedura industrial.
Preparo do mosto
Mosto é um líquido açucarado que pode ser fermentado. Para o preparo dos mostos devem ser tomados
alguns cuidados no tocante à concentração de açúcares totais e sua relação com sólidos solúveis, acidez
total e pH. Em alguns casos pode ser necessária a suplementação de nutrientes, adição de anti-sépticos e
aumento da temperatura para se obter rendimentos satisfatórios.
O preparo do mosto de melaço é simples, já que se constitui em uma correção dos açúcares totais por
meio de diluição. O pH tem papel importante na fermentação, sendo que para favorecer o
desenvolvimento das leveduras deve estar na faixa entre 4,5 e cinco.
O uso de anti-sépticos tem o objetivo de controlar os contaminantes, sendo que o ácido sulfúrico tem se
mostrado o melhor controlador das contaminações. As leveduras desempenham melhor sua atividade à
temperatura de 32 a 34º C (Celsius).
De acordo com a operação de tratamento do caldo, o caldo bruto deve sofrer um tratamento térmico, ou
seja, um aquecimento de até 105º C, visando a eliminação dos microrganismos contaminantes, de maneira
a reduzir a formação de espumas durante o processo fermentativo. Após o aquecimento, o caldo bruto tem
suas impurezas removidas por decantação e resfriamento até a temperatura de 30º C antes da
fermentação.
Preparo do fermento
Os mostos preparados industrialmente devem ser inoculados com as leveduras, que são os
microrganismos responsáveis pela fermentação alcoólica. Para que as fermentações tenham uma
condução satisfatória, é necessário que se adicione aos mostos uma quantidade compatível de
microrganismos capazes de transformar rapidamente os açúcares em álcool e gás carbônico.
Os fermentos ou pés-de-cuba são o inóculo inicial. Na maioria das destilarias brasileiras é empregado
como inóculo inicial o fermento desidratado, dada a possibilidade de compra da quantidade inicialmente
necessária, evitando-se a operação de multiplicação e seus riscos. Esse tipo de inoculação é chamado de
partida direta, pois não é necessária a multiplicação dos fermentos. No caso da utilização de cultura pura,
é requerido da indústria um melhor nível tecnológico, pois a partir de pequenas quantidades de levedura
seca viva ou acondicionada em tubos de cultura, deve-se produzir a quantidade inicial necessária.
Condução da fermentação
Uma vez preparados o fermento e o mosto, ambos serão misturados nas dornas de fermentação, momento
em que as leveduras transformarão os açúcares em gás carbônico (Figura 1) e álcool, sendo este último o
objetivo desse processo industrial. A adição do mosto ao fermento deverá ser realizada de modo contínuo,
sendo que a quantidade será controlada através da concentração da mistura.
Recuperação do fermento
A recuperação de células de levedura para sua reciclagem no processo fermentativo é feito por
decantação, característica de pequenas instalações produtoras de aguardente, ou por centrifugação
(processo Melle-Boinot).
A decantação consiste na espera da precipitação natural das leveduras após a fermentação. Já o processo
de Melle-Boinot é caracterizado pela recuperação do fermento por meio da centrifugação. Assim que os
açúcares se esgotam do mosto em fermentação, o vinho é bombeado da dorna para a centrífuga
separadora, onde ocorre a separação: de um lado o leite de levedura e, do outro, o vinho delevedurado.