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RESUMO
O presente artigo é o relato de uma experiência de um Projeto de Extensão com os alunos do Curso em
Alimentos5iv e colaboradoresv do IFF_SVSvi na APAEvii da cidade de Jaguari, RS. A aproximação com a APAE
viii
proporcionou a releitura de alguns conceitos como: preconceito, cidadania, ética e valores. A alimentação está
relacionada com a cultura, os valores, os hábitos. O Brasil produz uma variedade de frutas, vegetais, hortaliças e
legumes, parte desses perde-se na colheita, no seu transporte e devido à falta de informação no preparo correto
dos mesmos. Nossos objetivos foram proporcionar aos alunos da APAE atividades de integração, ensinar novos
hábitos alimentares, desenvolver hábitos de higiene pessoal e higiene do ambiente, oportunizar aos alunos do
Curso Técnico em Alimentos Turma 5 o contato com pessoas com Necessidades Educacionais Especiais entre
outros. A metodologia utilizada foi uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa empírica.
1INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta o relato de experiência de um Projeto de Extensão desenvolvido pelos alunos do
Curso Técnico em Alimentos Turma 5 , do Instituto Federal Farroupilha – Campus São Vicente do Sul, tendo
seu inicio na disciplina de Ética e Relações Humanas, onde uma das propostas desta disciplina é desenvolver a
sensibilidade para a percepção do outro (alteridade) em diferentes espaços de convivência.
Neste contexto, a aproximação com a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) além de
sensibilizar para uma realidade diferente, proporcionou a leitura de alguns conceitos como: preconceito,
cidadania, ética, valores, fazendo com que o aluno que freqüenta a APAE perceba, participe e descubra por si só
a importância incorporar esses conceitos na sua vida e no meio-ambiente.
2 APROVEITAMENTO DE ALIMENTOS
O Projeto Alimentação Inteligente = Desperdício Zero desenvolveu atividades teóricas e práticas com o intuito
de reconhecer os alimentos e suas funções no organismo, conhecer os grupos dos alimentos, assim como os
cuidados no preparo e na manipulação dos mesmos, observando a higiene pessoal e higiene do ambiente.
3 OBJETIVOS
O Projeto de Extensão com o título Alimentação Inteligente = Desperdício zero teve por objetivo geral
Proporcionar aos alunos e participantes um conhecimento onde possam de alguma forma gerar
mudanças em seus hábitos alimentares na manipulação e preparação correta dos alimentos para o
aproveitamento pleno de suas vitaminas e para evitar desperdício. Nossos objetivos específicos foram
proporcionar aos alunos da APAE atividades de integração, desenvolver noções de quantidade,
incentivar a independência dos alunos da APAE ensinando-os a fazerem pequenos lanches na sua
rotina familiar; criar hábitos alimentares com diversidade de sabores, odores, texturas e cores;
estimular a utilização racional e total dos alimentos, estimular a necessidade virtual da preservação do
meio ambiente, hábitos de higiene pessoal e higiene do ambiente, a higienização correta dos
alimentos; além de proporcionar momentos de reflexão, lazer e também oportunizar aos alunos do
Curso Técnico em Alimentos Turma 5 o contato com pessoas que apresentam Necessidades
Educacionais Especiais e também a elaboração de um livro de receitasix, também disponibilizado em
Braille.
4 METODOLOGIA
Com o intuito de estimular a utilização correta e total dos alimentos os alunos do projeto
juntamente com professores das duas instituições utilizaram pesquisas bibliográficas e
posteriormente uma pesquisa empírica onde foram proporcionadas várias atividades:
apresentação de teatrox, contos, construção de painéis com os alunos do Curso Técnico em
Alimentos Turma 5 e da APAE.
Foram realizadas diálogos para a conscientização sobre os resíduos que seriam
descartados mostrando-lhes que poderiam ser aproveitados para seu próprio consumo.
Também foi proposto junto aos alunos técnicas de higienização pessoal: uso de vestimentas
adequadas bem como jaleco, touca e luva, unhas aparadas etc. Foram apresentadas técnicas de
higienização dos utensílios utilizados no preparo dos alimentos, do local onde é feita a
manipulação dos mesmos e higiene correta dos alimentos antes de serem preparados,
utilizando-se de uma pré-lavagem, uma sanitização, seguida de enxágüe em água corrente de
boa procedência tendo em vista obter um alimento livre de contaminações microbianas.
Foram propostos momentos de reflexão onde os alunos expõem suas idéias interagindo com
as atividades teóricas e práticas dentro das atividades desenvolvidas aulas práticas com os
alunos da APAE que ajudavam na manipulação e na elaboração do seu próprio alimento
utilizando o que seria descartado.
Importante ressaltar que na finalização do Projeto de Extensão também tivemos a
participação de um aluno com Deficiência Visual que elaborou uma cópia do livro de receitas
em braile.
5 DESENVOLVIMENTO
Nossa terra é rica em variedades de frutas, hortaliças, grãos, verduras, tubérculos etc.
Porém pesquisas demonstram que o desperdício começa na lavoura, depois no transporte, na
conservação e na comercialização desses alimentos, provocados também, muitas vezes pela
falta de conhecimento de como aproveitar esses alimentos que são descartados na natureza.
Estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no
Centro de Agroindústria de Alimentos mostra que o brasileiro joga fora mais do que aquilo
que come. Em hortaliças, por exemplo, o total anual de desperdício é de 37 quilos por
habitante. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram
que, nas dez maiores capitais do Brasil, o cidadão consome 35 quilos de alimentos ao ano —
dois a menos do que o total que joga no lixo. ‘‘Num país com tantos famintos como é o
Brasil, esse desperdício é inadmissível’’, avalia o químico industrial e responsável pela
pesquisa, Antônio Gomes.
Do total de desperdício no país, 10% ocorrem durante a colheita; 50% no manuseio e
transporte dos alimentos; 30% nas centrais de abastecimento; e os últimos 10% ficam diluídos
entre supermercados e consumidores.
O que se desperdiça
Frutas e Frutos
Banana 40%
Morango 40%
Melancia 30%
Abacate 26%
Manga 25%
Laranja 22%
Mamão 21%
Abacaxi 20%
Hortaliças
Couve-flor 50%
Alface 45%
Repolho 35%
Fonte: Centro de Agroindústria de Alimentos da Embrapa
É fato que enquanto houver o desconhecimento da população em relação ao
aproveitamento de alimentos haverá indivíduos desperdiçando alimentos, e em algumas
regiões mais pobres do Brasil as pessoas passando fome pela falta de informação.
A fome é um problema mundial só com ações sociais, projetos que visem o objetivo
da sustentabilidade e a união de entidades participativas farão a diferença. De acordo com o
Instituto Brasileiro Geografia e Estatística de (IBGE), entre 30% e 40% dos alimentos
comprados pelas famílias brasileiras vão parar no lixo. Destaca ainda que o lixo domiciliar é
composto por comida (cascas, folhas, talos, sementes, bagaços...) sendo que a cada ano 26,3
milhões de toneladas de restos de alimento são desperdiçados. (MESA BRASIL SESC 2008)
Sem dúvida devemos pensar a questão da saúde e nutrição que deve ser associada a
outras iniciativas na solução do problema da desnutrição e da má alimentação. A forma mais
comum do desperdício caseiro é falta do conhecimento em reaproveitar e utilizar todo o
alimento confeccionando pratos atrativo visualmente, nutritivos e muito saborosos com o que
seria jogado no lixo.
No decorrer do projeto, professores e os alunos do Curso Técnico em Alimentos
oportunizaram aos alunos da APAE de Jaguari aulas práticas utilizando as cascas, talos,
sementes, bagaços e folhas, na preparação de alimentos nutritivos ricos em vitaminas. Além
do valor nutritivo desse alimento, o seu baixo custo, pois foi feito com o que seria descartado
no lixo. Os resultados das receitas preparadas pelos alunos foram de ótima aceitação.
Pensamos neste momento ser importante apresentar duas tabelas construídas pelos
alunos para ressaltar os conhecimentos básicos e necessários para desenvolvidos no projeto. A
primeira destacando o valor nutritivo das cascas, talos e folhas, e a segunda sobre dicas de
manutenção e conservação dos alimentos.
6 CONCLUSÃO
Concluímos que o desperdício dos alimentos pode ser prevenido através da educação,
pelo esclarecimento dos alunos e da comunidade sobre a utilização dos alimentos, além de
que uma alimentação alternativa pode servir de auxílio para a economia dos individuos, e
também auxiliar na diminuição do lixo que é produzido.
Atualmente o mercado de alimentos ainda não conta com uma divulgação eficiente de
como utilizar de modo geral os vegetais, legumes e hortaliças. Sabemos, por exemplo, que da
abóbora normalmente é utilizada apenas a polpa, sendo que a casca, e as sementes geralmente
são desprezadas indo para o lixo, quando poderiam ser utilizados em diversas receitas, devido
ao seu valor. O conhecimento da maneira correta do aproveitamento dos alimentos deve ser
incorporada aos hábitos alimentares da comunidade em geral.
Também foi muito importante e produtiva a interação Instituição de
Ensino/Comunidade onde foi possível a concretização de alguns saberes na prática, incluímos
aqui a melhoria dos hábitos alimentares tanto por parte dos alunos, quanto professores e
funcionários das Instituições envolvidas no Projeto, proporcionando uma melhor utilização
dos alimentos e consequentemente um acréscimo na qualidade de vida e também respeito ao
meio ambiente.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Cozinha Brasil Serviço da Indústria Conselho Nacional – São Paulo- Edição- Os
direitos dessa edição estão reservados ao Serviço Social da Indústria Departamento Regional
de São Paulo – Julho 2004.
DENTZ, et all. Panificação como alternativa de inclusão para portadores de necessidades
especiais. Revista Cadernos Temáticos. Nº 20, março de 2006.
EMBRAPA. http://www.consciencia.net/2003/09/06/comida.html acesso em 13 de maio de
2010
FELLOWS, P. F. Tecnologia do Processamento de Alimentos: Princípios e Praticas Porto
Alegre: Artmed, 2006.
VENTURINI. Tecnologia de Bebidas: Matéria Prima Processamento BPF, PPCC, Legislação
e Mercado. São Paulo Edgard Blusher 2005.
i
Ms. em Educação, Docente pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFET),
Campus São Vicente do Sul/RS, Grupo de Trabalho 06- Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente.
ii
Ms. Docente pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFET), Campus São
Vicente do Sul/RS, Grupo de Trabalho 06- Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente.
iii
Rose, Aluna do Curso de Técnico em Alimentos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Farroupilha (IFET), Campus São Vicente do Sul/RS, Grupo de Trabalho 06- Ciência, Tecnologia, Sociedade e
Ambiente.
iv
Alunos IFF-SVS do Curso Técnico em Alimentos: Rosemar Wesz-; Bruna Manganéli, Bruna Marques,
Carmem Lamana, Gustavo de La Pace da Silveira, Jaíne Salbego Marquez, Lívia Cogo Maia, Marcio Fernandes
Cortes, Marizane Lied Simon, Paulo Ricardo, Priscila da Conceição, Rosana Martins, Vera Lucia Fernandes.
v
Colaboradores: Professores: Marcia Eliana Migotto Araujo- Filosofia, Neiva Maria Frizon Auler- Biologia,
Franciane Vieira Muller – Higiene, Marcelo Marcos Muller- Coordenador do Curso de Alimentos, Leandro
Wesz Parise – Letras e Marcio ( Deficiente Visual)-aluno do Curso de Informática.
vi
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha - Campus São Vicente do Sul.
vii
APAE: Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais.
viii
Foto na APAE com alunos, professores e funcionários que participaram do projeto.
ix
Capa do Livro de receitas
x
Foto da apresentação do teatro na APAE