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1 INTRODUÇÃO
O Decreto-lei n.º 226/2008 20 de Novembro vai trazer-nos uma alteração radical na forma de
trabalhar os processos, atenta a significativa ampliação da responsabilidade atribuída ao Solicitador de
Execução (agora agente de execução), e maior – diria eu mesmo radicalmente maior - capacidade de
intervenção do exequente no processo.
Concretiza ainda este diploma um significativo – e irrevogável - afastar dos Solicitadores, uma
vez que foi aberta a porta da profissão a Advogados, em moldes que são insulto ao esforço que os
Solicitadores de Execução dedicaram a esta causa.
Muito certamente vai ser dito mas também é certo que a regulamentação que se encontra por
aprovar é essencial para ter uma percepção clara do que irá ser o novo processo executivo,
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
2111@solicitador.net
2 EXECUÇÕES SUSPENSAS AO ABRIGO DO 833º
Esta disposição encontra reflexo no nº 1 do artigo 22º, do qual resulta que no n.º 6 do artigo
833.º -B1, na alínea c) do n.º 1 do artigo 919.º2 e no n.º 5 do artigo 920.º3, se aplica aos processos
pendentes.
Chamo a atenção que o nº 6 do artigo 20º vai com toda a certeza trazer mais algumas
confusões no que respeita à elaboração da nota discriminativa de honorários e despesas, pois
certamente haverá muitos mandatários a entender que com a extinção da execução ao abrigo do nº 5
nada mais tem a pagar ao Solicitador, da mesma forma que também não desresponsabiliza o
Solicitador de fazer a conta final e devolver os valores que resultem ter sido pagos em excesso.
Decorrido que seja o prazo de 30 dias sobre a entrada em vigor do presente decreto Lei, ou
seja, até 2 de Janeiro de 2009 (1º dia útil após férias judicias), devem as partes ser notificadas da
extinção da instância executiva, salvo se o exequente tiver declaro até à referida data se pretende
manter a suspensão, nos termos previsto na última parte do nº 5 do artigo 20º.
Minuta 1
Notificação de extinção (processo anteriores a 20/11/2008, suspensos ao abrigo do 833º)
Fica pela presente notificado que ao abrigo do disposto no nº 5 do artigo 20º do Decreto-Lei
n.º 226/2008 20 de Novembro e c) do n.º 1 do artigo 919.º do Código Processo Civil,
extingue-se a presente execução por inutilidade superveniente da lide.
1
Nº 3 do 833º-B - 3 - Não tendo sido encontrados bens penhoráveis, o exequente deve indicar bens à penhora no prazo de 10
dias, sendo penhorados os bens que ele indique.
2
Alínea c) do nº 1 do artigo 919º - Nos casos referidos no n.º 3 do artigo 832.º, no n.º 6 do artigo 833.º-B e no n.º 6 do artigo
875.º, por inutilidade superveniente da lide ;
3
5 do artigo 920º - O exequente pode ainda requerer a renovação da execução extinta nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo
919.º, quando indique bens penhoráveis aplicando-se, com as necessárias adaptações, o disposto no número anterior .
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
2111@solicitador.net
2.2 Processos anteriores a 20/11/2008, em que o executado foi citado para os
termos do 833º após aquela data.
Neste caso o solicitador procede primeiro a notificação do exequente para declarar se pretende
manter a suspensão da execução.
Minuta 2
Notificação ao exequente para requerer querendo a manutenção da suspensão
(processo anteriores a 20/11/2008)
Fica pelo presente notificado que - tendo o executado sido citado para os termos do 833º do
CPC e não tendo este indicado à penhora quaisquer bens, deverá declarar no prazo de 30
dias – por via electrónica – se pretende manter o processo suspenso.
Decorrido que seja o referido prazo será a execução extinta por inutilidade superveniente da
lide ao abrigo do disposto no nº 5 do artigo 20º do Decreto-Lei n.º 226/2008 20 de
Novembro e c) do n.º 1 do artigo 919.º do Código Processo Civil.
Nada sendo declarado pelo exequente proceder-se à notificação de extinção nos termos
anteriormente referidos (ver Minuta 1)
Tendo em consideração que o artigo 833ºB do CPC não se aplica aos processos posteriores a
20/11/2008, devem as partes continuar a ser notificadas nos termos do 833º do CPC.
Neste caso temos que ter em consideração o disposto no nº 3 do artigo 832º do CPC4. Assim o
exequente quando notificado para os termos do 833º deverá ser também notificado que decorrido o
prazo de 10 dias será a execução extinta. Neste caso não há lugar à citação do executado para indicar
bens à penhora.
Minuta 3
Notificação ao exequente para indicar bens à penhora
(processo posteriores a 20/11/2008 c/ execução anterior extinta sem pagamento)
Fica pelo presente notificado, nos termos do 833º do CPC, que não tendo sido encontrados
quaisquer bens passíveis de penhora deverá indicar outros bens no prazo de DEZ DIAS.
Decorrido que seja o referido prazo a execução será extinta nos termos do no nº 3 do artigo
832º do CPC
4
n.º 3 do artigo 832.º - Quando contra o executado tenha sido movida execução terminada sem integral pagamento, o agente de
execução prossegue imediatamente com as diligências prévias à penhora e com a comunicação do seu resultado ao exequente, não se
aplicando os n.os 4 a 7 do artigo 833.º-B e extinguindo-se imediatamente a execução caso não sejam encontrados ou não sejam indicados
bens à penhora pelo exequente.
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
2111@solicitador.net
Tendo em consideração que o artigo 833ºB do CPC não se aplica aos processos posteriores a
20/11/2008, devem as partes continuar a ser notificadas nos termos do 833º do CPC.
Conforme já foi referido, sempre que a execução tenha sido extinta por inexistência de bens,
pode o exequente requerer a todo o tempo a renovação da execução, sendo no entanto condição a
indicação de bens à penhora, conforme resulta do nº 5 do artigo 920º do CPC.
De salientar que caso o executado já se mostre citado, não há lugar à repetição deste acto (nº
4 do 920º do CPC).
Minuta 4
Requerimento para renovação de execução
JOSÉ PEDRO, exequente nos autos à margem referenciado, vem requerer a renovação da
instância nos termos do disposto no nº 5 do artigo 920º do CPC, indicando desde já à
penhora os seguintes bens:
Prédio urbano…
Uma vez requerida a renovação da execução, o Solicitador deve de imediato prosseguir com as
diligências de penhora, pois mesmo que este não tivesse sido citado anteriormente, deverá proceder
desde logo à penhora nos termos da alínea d) do nº 2 do 812ºF do CPC.
Nestes caso, atenta a regra imposta pela alínea d) artigo 812ºC do CPC, deveria haver lugar à
citação prévia do executado. No entanto, tendo em consideração a alínea d) do nº 2 do 812ºF, a
mesma está dispensada, isto porque verificava-se a exigência de execução finda sem pagamento.
Minuta 5
Despacho proferido pelo Solicitador
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
2111@solicitador.net
3 REGRAS APLICÁVEIS AOS PROCESSOS EXECUTIVOS APRESENTADOS
APÓS 20/11/2008
Conforme se pode apurar as regras de extinção aplicam-se a todos os processos. Agora vamos
passar a analisar as regras aplicáveis aos processos apresentados após 20/11/2008.
Na verdade, da forma como está redigida a alínea b) do artigo 23º do Decreto-lei n.º 226/2008,
temos que considerar a possibilidade de uma leitura diferente, leitura essa que eu admito
perfeitamente que possa ser defendida, pois eu próprio já a tive, e que resultava que a condição
“quanto à emissão da regulamentação aí prevista” só se aplicaria aos artigos 17º e 18º e não ao
restante corpo.
b) O disposto nos artigos 15.º, 467.º, 675.º -A, 808.º, 810.º, 833.º -A, 837.º, 840.º, 851.º, 864.º,
890.º, 907.º -A e 907.º -B do Código do Processo Civil, nos artigos 119.º -B, 123.º, 126.º e 127.º do
Estatuto da Câmara dos Solicitadores, nos artigos 9.º, 16.º -A, 16.º -B e 16.º -C do Decreto –Lei n.º
201/2003, de 10 de Setembro, no artigo 3.º do Decreto--Lei n.º 202/2003, de 10 de Setembro, no artigo
14.º do anexo ao Decreto -Lei n.º 269/98, de 1 de Setembro, e nos artigos 17.º e 18.º do presente
decreto-lei quanto à emissão da regulamentação aí prevista, entram em vigor no dia seguinte ao da
sua publicação.
No entanto e depois de analise mais cuidada da sistematização há que concordar que estas
disposições só entram em vigor, após 31 de Março de 2009 e, julgo eu que será esta a intenção, no
pressuposto de que a regulamentação já esteja até lá publicada.
Conforme já referi anteriormente, esta norma está já em vigor para todos os processos
apresentados após 21/11/2008.
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
2111@solicitador.net
Assim pode o adquirente ou cessionário usar duas formas para se habilitar:
Minuta 6
Notificação do executado para contestar a habilitação de cessionário – por termo
Fica pela presente notificado, nos termos e para efeitos nos nºs 2 do artigo 376º do Código
Processo Civil, para no prazo de DEZ DIAS, contestar querendo a habilitação do
adquirente/cessionário – conforme por este requerido - designadamente, impugnar a
validade do acto ou alegar que a transmissão foi feita para tornar mais difícil a sua posição
no processo.
Esquema 1
Tramitação do requerimento de habilitação de adquirente
Contestação
Declaração de
aceitação da
cessão
Minuta 7
Notificação ao devedor
Fica pela presente notificado, nos termos e para efeito do disposto no artigo 376º do CPC,
para no prazo de DEZ DIAS, impugnar querendo a validade da cessão operada pelo
documento que se anexa, ou alegar que a transmissão foi feita para tornar mais difícil a sua
posição no processo.
Querendo contestar a cessão deverá faze-lo por carta registada dirigida ao aqui cessionário:
XXXXXX, SA, com sede na Rua xxxx.
Nos termos do artigo 60º do Código Processo Civil deverá fazer-se representar por
Advogado sempre que o valor seja superior à alçada do tribunal tribunal de primeira
instância (5.000,00 €).
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
2111@solicitador.net
Na falta de contestação, o juiz verifica se o documento prova a aquisição ou a cessão e, em
caso afirmativo, declara sucintamente que o adquirente ou cessionário está habilitado.
Anexo:
Documento de cessão outorgado em …/…/….
Minuta 8
Declaração de falta de contestação
DECLARAÇÃO
XXXXXX, SA, com sede na Rua xxxx, declara que em ../../…, por carta registada sob o
número RMXXXXXXXXXX, foi o Carlos… notificado para os termos do disposto no artigo
376º do CPC, não tendo sido apresentado contestação.
Xxx de xxx de 2009
Minuta 9
Requerimento de habilitação
Exmº Senhor
Juiz de Direito
Tribunal Judicial de xxx
XXXXXX, SA, com sede na Rua xxxx, vem requerer a V.Exª digne considerar a habilitação do
ora requerente como habilitado nos presentes autos, uma vez que o crédito do exequente foi
cedido por contrato de …/…/…
Pede Deferimento
Uma vez proferido o despacho que considere o cessionário habilitado, deverá caber aos
agente de execução promover a notificação das partes da dita decisão.
Esta notificação assim a ser feita pelo agente de execução, preferencialmente por via
electrónica.
Comentários:
Nesta matéria deverá a Câmara dos Solicitadores assegurar a tramitação da notificação de
forma automática.
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
2111@solicitador.net
De qualquer forma, caso não esteja assegura a tramitação electrónica, haverá necessidade de,
em praticamente todos os processos, notificar a administração tributária de que foi proposta a
execução.
Minuta 10
Notificação da Administração fiscal nos termos do 280º do CPC
Á
Direcção Geral dos Impostos
…
Dando satisfação ao disposto no artigo 280º do CPC, ficam pela presente notificados de que
foi instaurado o seguinte processo judicial:
O Solicitador de Execução
a) Indicar o agente de execução ou declarar que este deverá ser nomeado oficiosamente;
b) Indicar (querendo) bens à penhora;
c) Declarar se pretende a execução imediata após trânsito em julgado ou após o decurso de
20 dias do trânsito em julgado.
Transitada em julgado ou decorrido 20 dias sobre o trânsito, conforme venha a ser a opção do
autor, os respectivos documentos serão remetidos por via electrónica ao agente de execução.
Fica no entanto o autor obrigado a – caso receba a quantia peticionada – informar os autos do
de tal facto ou reduzir o pedido caso já haja sido ressarcido de parte do valor em divida.
4.3 Regime transitório para execuções por pessoas singulares Artigo 19.º
O exequente, quando pessoa singular e desde que não resulte a cobrança do crédito de um
divida resultante da sua actividade profissional, vai poder designar oficial de justiça em detrimento de
agente de execução.
Não consigo encontrar justificação para tal medida provisória, tanto mais que estas execuções
são absolutamente marginais, pelo que parece-me que só tendem a criar mais dificuldades nas
secretarias judicias, uma vez que vai obrigar a que estas retomem processos para os quais deixaram de
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
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estar vocacionados. Quando muito trata-se de uma forma obscura do estado deixar em aberto a
possibilidade de “retomar” as execuções.
De qualquer forma há que referir que nas execuções de prestação de facto e entrega de coisa
certa não poderá ser nomeado oficial de justiça.
Esta medida tem carácter provisório – por isso não foi inserida no Código Processo Civil – e
deverá ser revista no prazo de 2 anos.
Lateralmente há ainda que referir que nas execuções em que o exequente seja o próprio
estado, deverá ser sempre nomeado oficial de justiça (conferir nº 5 do artigo 808º).
O alcance desta norma é muito, mesmo muito difícil de determinar. Tudo pode caber nesta
disposição, pelo que a regulamentação será essencial para que a gestão dos processos funcione, muito
particularmente no que respeita ao acesso aos dados, arquivo de documentos, gestão de contas, etc…
A nova redacção do artigo 809º retirou ao Juiz “poder geral de controlo do processo”. Trata-se
de uma alteração significativa que vai trazer uma drástica alteração na forma como o processo vai ser
trabalhado.
Este poder retirado ao juiz não é transferido formalmente para o agente de execução. Na
verdade diria que é distribuído entre o agente de execução e o exequente. É evidente que há uma
clara emancipação do agente de execução, mas, tal qual como o emancipado para casar, ao deixar a
tutela dos Pais passar a dividir – e aturar – a mulher.
As intervenções do juiz passam a ser pontuais e, ao contrário do que se passa com o código em
vigor, estão melhor delimitadas.
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
2111@solicitador.net
• Conhecer oficiosamente – até ao primeiro acto de transmissão dos bens penhorados –
a manifesta a falta ou insuficiência do título, inexistência de factos constitutivos ou a
existência de factos impeditivos ou extintivos da obrigação, e ainda a vicio da decisão
arbitral (820º)
• Afastar – a requerimento do agente de execução – os limites impostos à penhora de
salários (nº 7 do 824º)
• Autorizar a auxílio de forças policiais com vista ao arrombamento ou receio justificado
de resistência à concretização da penhora (nº 3 do 840º).
• Decidir, quando não haja acordo entre exequente e executado, na forma de
administração dos bens penhorados (nº2 do 843º);
• Decidir quanto à presunção de propriedade dos bens penhorados - sem prejuízo de
embargos (nº 2 do 848º)
• Ordenar o arresto dos bens do depositário (854º)
• Presidir à abertura de propostas no caso de venda de imóveis (nº 3 do 876º e 893º),
Designar o dia e hora para abertura de propostas em carta fechada (890º),
• Decidir quando haja discordância entre consignatário e executado (nº 4 do 880º)
• Decidir a reclamação da decisão da venda (nº 7 do 886ºA)
• Decidir sobre a venda antecipada dos bens sem audição prévia das partes (nº 3 do
886ºC)
• Determinar o arresto dos bens do proponente (alinea c) do nº 1 do 898º)
• Determinar se a abertura de proposta em carta fechada de estabelecimento comercial
será ou não feita na sua presença (nº 2 do artigo 901º A)
• Reconhecer da urgência da venda por negociação particular (alinea c) do 904º)
• Autorizar a consulta a dados confidenciais não incluídos no nº 2 do artigo 833º A (nº7
do 833º A).
• Decidir o levantamento da penhora quando esta seja requerida por falta de impulso
processual (847º)
• Autorizar que um navio penhorado navegue (852º)
• Autorizar a penhora de saldos bancários (861º A)
• Decidir sobre o deferimento da desocupação (930ºC)
• Decidir a citação edital do executado (244º)
Comentários:
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
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4.6 AGENTE DE EXECUÇÃO
Devemos ainda ter sempre em atenção que de referir que nos termos do disposto no
número 12 do artigo 808, o AE realiza as notificações da sua competência no prazo de 5 dias e os
demais actos no prazo de 10 dias.
Depois de recebido o RE e designado o AE, o processo é a este remetido por via electrónica.
Este procedimento não difere um muito do que já hoje é praticada, com a excepção de que
deixa a secretaria de comunicar se há ou não lugar a citação prévia. Tanto que parece resultar da lei, a
nomeação do AE, a validação do pagamento de Taxa de Justiça e remessa do processo ao AE deverá
ser feita de forma totalmente automatizada, ou seja, na prática não haverá intervenção da secretaria.
A conjugação dos artigos 811º, 812ºC, 812ºC a 812ºF, 832º, 833ºA, 833ºB e 834º, vão
determinar a actuação do AE, tendo o legislado, mais uma vez, encontrado uma solução complexa, de
leitura difícil e como tal propensa a controvérsia, que estou certo deverá merecer até Março alguma
correcção.
Para melhor entender a conjugação destas normas há que esquecer o regime ainda em vigor,
antes de mais porque actualmente a citação prévia dependia do prévio despacho liminar que a
ordenasse. Com o novo regime tal não me parece que vá acontecer, sendo certo, confesso a minha
dificuldade, ainda não consegui alcançar totalmente a relação da remessa do processo para despacho
liminar / citação prévia.
Usufruo no entanto da vantagem de ler estas alterações sem saber o que foi dito ou desdito
nesta matéria, pelo que posso dar-me ao luxo de fazer uma leitura errada do pensamento do
legislador, já que não resulta do preambulo do Decreto qualquer dado relevante que permita fazer luz
sobre esta matéria.
De salientar antes de mais que a natureza dos bens a penhora (mais precisamente quando se
trate de imóvel), deixa de influenciar na decisão de remeter o processo a despacho liminar.
Assim, da primeira leitura destas normas resulta que o AE terá as seguintes opções:
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
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- Recusar o requerimento executivo;
Nos termos do nº 1 do 811º do CPC, o agente de execução deve recusar o RE, sempre que:
a. Não obedeça ao modelo aprovado ou omita alguns dos requisitos impostos pelo
n.º 1 do artigo 810.º;
b. Não seja apresentada a cópia ou o título executivo ou seja manifesta a
insuficiência da cópia ou do título apresentado;
c. Não tenha sido comprovado o prévio pagamento da taxa de justiça devida ou a
concessão de apoio judiciário;
d. O RE não esteja assinado;
e. Ou não esteja redigido em língua portuguesa (seja o RE seja o titulo, que caso
esteja redigido noutro idioma, deverá ser anexo certificado de tradução).
Apurado que o RE não deva ser recusado, o Agente de Execução terá que decidir se há ou não
lugar à remessa deste para despacho liminar, nos termos do 812º do CPC.
Entendo que a remessa do processo para despacho liminar deveria estar expressamente
separada sob duas diferentes qualificações:
- Precariedade do título
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
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o Nas execuções movidas apenas contra o devedor subsidiário (línea a) do 812º D );
o Quando a obrigação seja condicional ou dependente de prestação e a prova de que se
verificou a condição não pode ser feita documentalmente perante o Agente de
Execução (alínea b) do 812º D / nº 2 e 3 do 804º)-;
o Execução fundada em acta de condomínio (alínea c) do 812ºD)
o Execução fundada em notificação do NRAU (alínea d) do 812ºD
Não será que o legislador queria dizer na alínea a) do 812º, que o processo só é remetido a
despacho liminar quando o exequente requeira a dispensa da citação prévia ?
Tendo em consideração que dos actos praticados pelo Agente de Execução, cabe reclamação
ou impugnação para o Juiz, deverá o exequente ser notificado de tal decisão de remessa do processo a
fim de, no prazo geral de 10 dias:
- Impugnar o acto;
- Prestar esclarecimentos ou suprir faltas que, não sendo motivo de recusa do Requerimento
executivo, possam levar ao indeferimento liminar por parte do Juiz.
- Requerer que a penhora seja feita sem a citação prévia do executado (nº 3 do 812ºF)
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
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Minuta 11
Despacho do AE (remessa a despacho liminar)
Uma vez que os actos do Agente de Execução são passíveis de impugnação ou recurso, deverá
este, quando tome posições que possam afectar o andamento do processo, notificar do exequente
dessa mesma decisão.
Assim o despacho que decide pela citação prévia do executado deverá ser também notificado
ao exequente, salvo se, do pedido formulado pelo exequente no requerimento executivo, já resultar
posição coincidente com a tomada pelo Agente de Execução.
Exemplo:
Numa execução para pagamento de quantia certa, sendo o titulo executivo um cheque no
valor de 45.000,00 €, o exequente requer a penhora de veículos automóveis.
O Solicitador deverá proferir despacho no sentido de que vai proceder à citação prévia.
Minuta 12
Despacho do AE (citação prévia)
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
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4.6.1.8 Fluxograma
Armando A Oliveira
Solicitador de Execução
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