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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

LUCAS BAGGIO
LUCAS DE MATOS NUNES
SÉRGIO LUIZ MACCARI JUNIOR

Projeto de Criação, Implantação e Gestão de uma Unidade de Conservação


no Município de Sombrio, SC.

CRICIÚMA, SC, 2008.


LUCAS BAGGIO
LUCAS DE MATOS NUNES
SÉRGIO LUIZ MACCARI JUNIOR

Projeto de Criação, Implantação e Gestão de uma Unidade de Conservação


no Município de Sombrio, SC.

Projeto apresentado à disciplina de Direito


Ambiental como requisito para aprovação na 5ª fase
do Curso de Engenharia Ambiental, solicitada pelo
professor Aldo Fernando Assunção.

CRICIÚMA, SC, 2008.


SUMÁRIO

1 – PROBLEMA...............................................................................................................4
1.1 – OBJETIVOS..................................................................................................................5
*Objetivos Específicos........................................................................................................5
............................................................................................................................................5
1.2 – Justificativa....................................................................................................................6
2 – FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA..............................................................................7
2.1-O Meio Físico...................................................................................................................7
Figura 1: Antiga abrangência da Lagoa do Sombrio (GOOGLE, 2008)................................8
2.1.1-Geologia e Relevo....................................................................................................10
2.1.2-Clima .......................................................................................................................14
O clima da região sul catarinense, em que se situa o município de Sombrio, é
diretamente influenciado pelas massas de ar polares (no período de junho a agosto,
especialmente, as condições de tempo na região variam de acordo com a
trajetóriaefetuada pelos centrso de ação dessas massas, provocando ventos do quadrante
sul) e tropicais atlânticos (com temperatura e umidade do ar elevadas, responsáveis pelos
ventos do quadrante norte, predominantes em todo o litoral catarinense), ocorrendo
algumas vezes intromissões das massas equatoriais continentais (o que favorece a
precipitação na formação das linhas de instabilidade) e tropicais continentais (quente e
seca, que favorecem o aumento da temperatura, mantendo o tempo seco e com pouca
nebulosidade). (SCHEIBE, L.F; PELLERIN, J. 1997).....................................................14
.........................................................................................................................................14
2.1.3-Solo .........................................................................................................................15
2.1.4-Hidrografia...............................................................................................................15
Figura 5: Rede hidrográfica do extremo sul catarinense ( GAPLAN, 1986)..................17
2.2.1-Flora.........................................................................................................................18
2.2.2-Fauna........................................................................................................................19
2.3- Caracterização do Meio Sócio-Econômico .............................................................20
3-FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA..............................................................................21
1 – PROBLEMA

Em Sombrio, após a análise de literaturas disponíveis, podem-se conhecer mais os


detalhes do meio ambiente e recursos naturais, assim como as interferências, transformações,
e conseqüências sofridas pelo ecossistema local ao longo dos anos.

Tendo como foco a Lagoa de Sombrio, devido à sua extensão e influência tanto no
clima como na vida dos seres ao seu entorno, foram constatadas irregularidades, que vão
desde o mau uso da água proveniente deste corpo hídrico, até a contaminação da lagoa com
efluentes sanitários e industriais.

Diante de tamanha desconsideração com este habitat, entende-se como interessante


para a cidade de Sombrio e para o extremo sul catarinense, a proposição da criação de uma
unidade de conservação que compreenda a área de abrangência desta lagoa, com a finalidade
de proteger e revitalizar o ecossistema, e utilizar o potencial hídrico lagunar para o
abastecimento.

Cabe salientar que a bacia do Rio da Laje constitui-se em outro ambiente reconhecido
como impactante negativo na Lagoa de Sombrio. Pois as atividades antrópicas desenvolvidas
no interior desta bacia como agricultura, fecularias e cerâmica, somados aos dejetos urbanos,
são citados nos literaturas como intensificadores da degradação da Lagoa. As drenagens
realizadas praticamente na totalidade dos banhados da bacia e nas margens da lagoa também
são citadas como intervenções negativas.
Então, perante o comprometimento deste manancial de água doce, surge à necessidade
do presente estudo para a posterior liberação ou não da referida obra.

1.1 – OBJETIVOS

*Objetivo Geral

Proteger a diversidade biológica, promovendo um melhor uso dos recursos naturais,


assim devolvendo ao meio a possibilidade de recuperação da fauna e da flora, minimizando a
exploração, disciplinando o processo de uso e ocupação do seu entorno, assegurando a
sustentabilidade e o uso racional.

*Objetivos Específicos

- Estabelecer através de zoneamento da unidade de conservação, áreas destinadas à


preservação integral e áreas destinadas ao uso sustentável;

- Desenvolver propostas para o manejo sustentável da APA, buscando envolver as


comunidades inseridas dentro dos limites da UC;

- Procurar junto aos proprietários de terras que se estendem até as margens das lagoas
que retirem as cercas na faixa dos 300 metros, facilitando o trânsito no entorno, bem como a
recuperação da vegetação nativa;
- Apoiar as iniciativas públicas e privadas para a recuperação da mata ciliar de forma
integrada;

- Reduzir consideravelmente a poluição que a lagoa recebe e recuperar as áreas


afetadas por estes;

- Implantar programas de turismo e atividades econômicas sustentáveis para


possibilitar a sobrevivência de famílias que residem no entorno da lagoa e gerar fundos para
manutenção da estrutura da unidade sem afetar negativamente o ecossistema;

- Usufruir racionalmente dos recursos ambientais em ações de interesse público.

1.2 – Justificativa

A água é um recurso utilizado pela agricultura, indústria e população, e produz


serviços de diluição de poluição, preservação de espécies aquáticas, navegação e recreação,
sendo essencial para o ser humano suprir diversas necessidades.

No município de Sombrio, encontra-se a Lagoa de Sombrio, que constitui-se no maior


corpo de água doce existente no litoral do extremo sul do Estado de Santa Catarina, que
segundo Scheibe & Pellerin (1997), dimensiona a Lagoa como possuindo uma área de cerca
de 5.000 hectares, com um eixo no sentido NE-SW de aproximadamente 20 km, largura
variável entre 0,5 e 5,0 km, profundidades marginais (de 0 a 200 metros da margem)
inferiores a 1,0 metros e com profundidades máxima de 1,6 metros, fatos que somados a sua
característica de baixa movimentação das águas deste tipo de ambiente e às agressões que
recebia, já lhe conferiam uma situação crítica. Assim, por possuir uma pequena capacidade de
autodepuração, qualquer fenômeno ou ação que venha a reduzir o seu volume de água e/ou
elevar os ingressos de poluentes para o seu interior, será um impacto negativo, e de forma
muito intensa.

A Lagoa, atualmente apresentanda problemas que podem comprometer todo o


ecossistema da região. Nos últimos anos, visivelmente o nível da lagoa baixou a níveis
críticos, assim diminuido a sua área. Devido a lagoa desembocar no rio Mampituba, que tem
ligação com o mar, podemos concluir que, com a diminuição do nível da lagoa, a água
salgada irá entrar facilmente, provocando um processo de salinização que é altamente
prejudicial para a pesca e a sobrevivência da vida nesse meio.

Já que o principal afluente da lagoa trata-se do Rio da Laje, que passa pela zona rural e
pela área urbana do município, e durante o seu percurso recebe efluentes domésticos e
industriais, resíduos sólidos lançados na margem do manancial, além de possíveis
contaminantes provenientes de atividades agrícolas, é interessante que o ecossistema seja
protegido urgentemente, antes que o quadro de destruição mantenha-se neste nível ou sofra
um aumento, tornando a situação praticamente irreversível.

Além da ameaça à manutenção de espécies nativas de fauna e flora, avalia-se como


preponderante o fato de que alcançando uma situação de alta degradação, problemas sociais
surgirão, já que atividades econômicas são dependentes da qualidade da água, além de que
encontrando-se as águas da lagoa em bom estado, ela poderia se tornar um local de lazer,
possuindo uma função social que transcenda o equilíbrio ecológico.

Devido ao fato da Lagoa ser o maior manancial de água doce do extremo sul
catarinense, além do modo como o seu desaparecimento pode influenciar na economia e na
qualidade de vida da região, entende-se como necessária a criação de uma unidade de
conservação objetivando proteger e recuperar o ecossistema local, sendo que, paralelamente,
pode proporcionar um acréscimo na economia e se tornar um local de lazer e aprendizado
para os visitantes.

2 – FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA

2.1-O Meio Físico

O presente estudo se dá sobre o território do município de Sombrio, que se localiza


segundo Farias (2000), na microrregião de Araranguá, e mesorregião do sul catarinense,
situando-se entre as coordenadas geográficas de 29° 00’ e 29° 15’ de latitude sul e 49° 30’ e
49° 40’ de longitude oeste, possuindo área de 142,7 km².

Segundo Orssatto (2005), a Lagoa de Sombrio abrange uma área de 51,17 km², tendo
como perímetro 50,46 km e comprimento máximo de 16.700 m. Seu volume fica entorno de
28.979.400 m³. Nesta encontram-se profundidades de até 2 m, tendo seções de 0,90 m, já a
declividade média da lagoa é de 0,05%.

Na publicação de Scheibe & Pellerin (1997), dimensiona a Lagoa como possuindo


uma área de cerca de 5.000 hectares, com um eixo no sentido NE-SW de aproximadamente 20
km, largura variável entre 0,5 e 5,0 km, profundidades marginais (de 0 a 200 metros da
margem) inferiores a 1,0 metros e com profundidades máxima de 1,6 metros.

Figura 1: Antiga abrangência da Lagoa do Sombrio (GOOGLE, 2008)


Figura 2: Localização do município e Lagoa de Sombrio (Scheibe & Pellerin ,1997)

2.1.1-Geologia e Relevo

A área físico territorial da região da AMESC, segundo DNPM (1986), é composta por
6 unidades litoestratigráficas, destas, 2 são depósitos sedimentares (sedimentos
inconsolidados) e 4 são formações geológicas (formação rochosas). Sendo assim:

Formação Serra Geral: Rochas de origem vulcânica, representadas principalmente


por basalto e diabásios.

Formação Botucatu: Rochas sedimentares, representadas por arenitos eólicos de


ambiente desértico. Estes tipos de rocha vêm sendo muito explorados nesta região, sendo
empregada na construção civil.

Formação Rio do Rastro: Rocha de origem sedimentar, constituídas por siltitos,


argilitos e arenitos finos. O principal recurso mineral explorado são as argilas, empregadas
nas cerâmicas.

Formação Terezina: Composta por depósitos marinhos, sendo constituídos por


rochas sedimentares de granulometria muito fina.
Figura 3: Mapa Geológico do Estado de Santa Catarina (DNPM, 1986).

As principais unidades de relevo segundo GAPLAN (1986), existentes na região do


Extremo Sul Catarinense são:

Terraço fluvial: Área plana, levemente inclinada em direção ao rio. Esta


geomorfologia é encontrada próximo aos principais rios da região, como: Rio Araranguá,
Manuel Alvez, amola faca, Mampituba, Canoas e outros.

Planícies litorâneas: Corresponde a uma larga faixa situada na porção Leste da região,
paralela ao litoral, onde existem extensas praias arenosas, dunas e lagoas.

Planície culúvio - Aluvionar: Corresponde à superfície plana, levemente rampeada a


leste, posiciona-se entre as Planícies litorâneas e os Patamares da Serra Geral, adentrando
pelos vales dissecados. Estas áreas resultam da convergência de leques aluvionares, cones de
dejeção ou da concentração de depósitos de enxurradas nas partes mais baixas.

Patamares da Serra Geral: Unidade geomorfológica típica do sul do estado. No


extremo sul os Patamares da Serra Geral ocupam de forma descontinua a porção Oeste. Está
associada a dissecação da rede de drenagem, onde os patamares representam testemunhos do
recuo da Serra Geral. As formas do relevo apresentam-se alongadas, avançando sobre as
planícies. São comuns também os morros isolados, testemunhos do recuo da linha de escarpa.

Serra Geral: Esta unidade geomorfológica constitui-se de um modo geral, nos


terminais escarpados abruptos do planalto dos campos gerais, com desníveis acentuados de
até 1.000m. A direção geral deste escarpamento e N-S na porção Oeste da região, as formas
de relevo bastante abruptas apresentam vales com profundidades superior a 500m, formando
verdadeiros canyons, sendo os de maior profundidade e extensão os canyons da fortaleza em
Jacinto Machado e o Itaimbezinho em Praia Grande.

Figura 4: O Relevo do Extremo Sul Catarinense (GAPLAN, 1986).


Segundo Reitz (1948 apud FARIAS, 2000), o território de Sombrio se classifica em
quatro áreas geofísicas: o litoral, as lagunas, a zona de morros e o talude da Serra Geral. O
litoral é formado por areias quaternárias, que se estendem dos rochedos de torres ao sul e ao
morro dos Conventos junto ao rio Araranguá, a cerca de 5km do oceano tem-se uma faixa
paralela composta de restos dum degrau arenítico capeado de meláfiro, o qual alcança a Lagoa
de Sombrio. As lagunas que estão em nexo evidente com esta faixa de morros sul catarinense,
ocupando espaços atrás ou no meio deles. A zona dos morros de arenitos rematados por
cobertas mefíricas que estende-se desde a borda interna das lagunas até o pé da serra geral. O
talude da Serra Geral se faz num grande bloco de 1000m, que atua como um divisor de águas.

Segundo Sheibe (1997 apud FARIAS, 2000), o relevo que abrange o município de
Sombrio, apresenta quatro diferentes conjuntos geomorfológicos de idades e características
bem diferenciadas, tendo um sistema costeiro e lacustre que se localiza paralelo a costa,
formado pelas dunas e planícies do holoceano, e que contém cordões de lagoas. Uma zona de
colinas dissecadas de siltito que tem um relevo fortemente ondulado de colunas com
vertentes apresentando muitas ravinas, esculpidas nos siltitos e arenitos da formação Rio do
Rastro. Possui também a zona dos morros mais elevados, atingindo a altitude de 278 metros a
oeste da comunidade de Garuva. Na zona dos vales, encontramos os vales do rio da Lage e
seus afluentes que delimitam essa zona.

Segundo Canto (2007), o município de Sombrio esta localizado na planície costeira da


região Sul, apresentando formas de relevo de planícies, morros e colinas. Tendo as seguintes
elevações: Morro do Louro (Comunidade de Vista Alegre), Morro do Garapuvu (Comunidade
de Garapuvu Sul), da Canoa (Guarita), do Tatu (Retiro da União), do Cipó (Morro do Cipó),
da Manjarra (Com - Com), de Sombrio (São Camilo), da Guarita (Guarita), do Retiro(Retiro
da União), da Embratel (Boa Esperança), da Moça (Peroba), das Furnas (Furnas).Sendo o
ponto mais alto deste conjunto, o Morro de Sombrio, com 240m de altitude.
2.1.2-Clima

O clima da região sul catarinense, em que se situa o município de Sombrio, é


diretamente influenciado pelas massas de ar polares (no período de junho a agosto,
especialmente, as condições de tempo na região variam de acordo com a
trajetóriaefetuada pelos centrso de ação dessas massas, provocando ventos do
quadrante sul) e tropicais atlânticos (com temperatura e umidade do ar elevadas,
responsáveis pelos ventos do quadrante norte, predominantes em todo o litoral
catarinense), ocorrendo algumas vezes intromissões das massas equatoriais
continentais (o que favorece a precipitação na formação das linhas de instabilidade)
e tropicais continentais (quente e seca, que favorecem o aumento da temperatura,
mantendo o tempo seco e com pouca nebulosidade). (SCHEIBE, L.F; PELLERIN, J.
1997).

Segundo Canto (2007), o município de Sombrio, por predominar planícies e estar a


poucos metros acima do nível do mar, as chuvas são bem distribuídas ao longo do ano, tendo
um clima subtropical atlântico. As temperaturas médias de Sombrio variam entre 17,7°C e
22,8°C nos meses de primavera-verão, e 14,1°C E 19,1°C nos meses de outono-inverno.
Junho, julho e agosto caracterizam o inverno, em função das expressivas participações das
massas polares sobre o local. Os meses de dezembro à março apresentam temperaturas
elevadas, com médias em torno de 22,2°C, este período corresponde ao pleno domínio das
massas tropicais.

Segundo SCHEIBE, L.F; PELLERIN, J. (1997), os ventos no município


predominam do NE-E, e são oriundos do anticiclone tropical atlântico, sendo a média anual
de velocidade 4 km/h, tendo o trimestre de outubro- novembro- dezembro com as maiores
velocidades médias. As velocidades máximas destes resultam das trovoadas que se formam
nos arredores, principalmente no quadrante oeste. Sendo estas condições típicas de finais de
tarde de verão.

O município segundo SCHEIBE, L.F; PELLERIN, J. (1997), é considerado


úmido, pois tem a precipitação uniformemente distribuída durante o ano. Sendo assim, pode-
se notar que há um excedente hídrico nos meses de janeiro, fevereiro, abril e dezembro.
Tendo os meses de verão.
2.1.3-Solo

Segundo Scheibe (1997), o sistema costeiro apresenta um solo tipo areia quartzosas e
hidromórficos, na faixa paralela ao oceano, já no sistema lacustre os solos são hidromórficos e
orgânicos ou turfosos. Nas zonas de colinas dissecadas de siltito, contendo no solo siltitos e
arenitos, sendo solos pouco desenvolvidos e relativamente argilosos. A zona dos morros mais
elevados possui o arenito da Formação Botucatu, alguns basaltos, afloramentos de
diabásio.Sendo assim um solo do tipo podzólico, com forte gradiente textural, devido as
sobreposições de solos de diferentes granulometrias. A zona dos vales possui solos
hidromórficos no decorrer do curso dos rios, que a má utilização deste faz que no decorrer
deste os solos estejam menos hidromórficos e menos desenvolvidos, do tipo cambissolos.

Segundo DNPM (1986), o solo do município de Sombrio se constitui por arenitos,


argilas e cascalhos. É na sua maioria poroso, permeável, que assim contribui para o lençol
freático, neste caso o aqüífero guarani.

2.1.4-Hidrografia

Ao falar da hidrografia do município de Sombrio, tem-se necessariamente associá-lo à


hidrografia araranguaense, pois segundo Farias (2000), o município de Sombrio é cortado por
sangradouros, arroios e canais que ligam a bacia hidrográfica do rio Araranguá com a do rio
Mampituba.

Sendo assim, o município de Sombrio possui uma grande reserva de recursos hídricos,
tendo destaque o lençol subterrâneo, que devido á poluição dos rios e lagos, este poderá
assegurar no futuro o abastecimento de água potável para a região.

O município de Sombrio faz parte da bacia hidrográfica do rio Mampituba, onde a


lagoa do Sombrio deságua. Este mesmo rio faz divisa entre os estados de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. O principal rio de Sombrio é o rio da lage, este
abrange toda a parte noroeste do município e deságua na Lagoa do Sombrio e, com
ele a poluição resultante de agrotóxicos e dejetos diversos produzidos ao longo de
suas margens. Além deste rio, o município tem várias sangas e córregos. Os mais
importantes são: Sanga da Toca (na Sanga da Toca), Sanga Negra (na Sanga Negra)
e Córrego Taimbé (na Garuva). No que diz respeito a lagoa, em Sombrio há duas: a
do Caverá e a principal, que é a Lagoa do Sombrio.(CANTO, Silvia. 2007, p. 43)
Segundo Relatório Anual sobre a situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio
Grande do Sul (2002), a bacia hidrográfica do Rio Mampituba está compreendida entre as
Províncias Geomorfológicas do Planalto Meridional e da Planície Costeira. Os principais
cursos de água são os arroios Paraíso e Josafaz e os rios Pavão, Mengue e Mampituba. A
vazão média nas proximidades da foz é de 19,57 m³/s. Onde esta forma uma bacia
independente, que segundo Silva (2008), nasce na Serra Geral (seu afluente da margem
esquerda é o Rio Pavão, que escoa pelo Itaimbezinho) e desemboca no Atlântico junto a
Torres, após percorrer 62 quilômetros. O baixo curso deste rio serve de limite político entre os
estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No lado gaúcho duas importantes lagoas
deságuam nele, através do Rio do Forno: a Lagoa do Morro do Forno, cujos adutores são o
Rio do Mengue e o Rio das Pacas; e Lagoa do Jacaré. Em Santa Catarina recebe as águas da
grande Lagoa do Sombrio e do Rio Sertão, seu principal afluente.

No que diz respeito aos afluentes da Lagoa de Sombrio, segundo Scheibe (1997),
destaca-se o Rio da laje com uma bacia hidrográfica que atinge a maior parte do território do
município de Sombrio. Existem ainda o Rio Caverá, canal de ligação entre as lagoas do
Sombrio e do Caverá, o Rio Novo , que liga a lagoa principal à Lagoa de Fora e diversos
canais de drenagem localizados nas áreas baixas adjacentes. Ao sul da Lagoa de Sombrio está
situado o canal responsável pela ligação desta com o Rio Mampituba, que por sua vez
desemboca no Oceano Atlântico. Por este canal escoa todas as águas da Lagoa do Sombrio e,
conforme condições de ventos, marés e enchentes na bacia do Rio Mampituba, pode elevar o
nível de água na lagoa.

Segundo Farias (2000), a Lagoa de Sombrio é “abastecida” pela Lagoa do Caverá,


através do Rio Caverá e Rio da Laje, sendo que esta se liga ao rio Mampituba através do canal
da barra.
Figura 5: Rede hidrográfica do extremo sul catarinense ( GAPLAN, 1986)

Figura 6: Ligação da Lagoa de Sombrio com o Rio Mampituba (GOOGLE, 2008).


2.2-O Meio Biológico

2.2.1-Flora

Segundo Canto (2007), a cobertura vegetal do município está bastante transformada,


tendo desaparecido quase que por completo as formações florestais originais, entre as poucas
árvores nativas existem as figueiras e os ipês amarelos. Nas áreas de planícies, também houve
intervenções, com aterros e drenagens que fizeram desaparecer certas espécies vegetais
existentes. Podemos assim encontrar árvores frutíferas da mata, palmeiras, lianas ou cipós,
orquídeas, taquaras, capins, bromélias, plantas aquáticas e plantas medicinais. Também
encontra-se grandes plantações de eucaliptos e pinos.

No município de Sombrio, segundo Farias (2000), a cobertura vegetal esta muito


alterada, sendo assim extintas ou escassas algumas árvores conhecidas como a madeira de lei,
canelas, cedro, carvalho, guaramirim,jacarandá, dentre outros. Ainda que, em 1948, o padre
Raulino Reitz tenha registrado uma enorme variedade de vegetação que segundo ele, existiam
além de muitas madeiras de outras zonas do Estado, haviam diversas que só encontrava-se ali.

No município existem árvores frutíferas como o butiá, tucum,


gerivá, entre as palmeiras. As anonáceas nos apresentam as
diversas frutas do conde, denominadas cortiças ou araticuns. O
pinheiro fornece a pinha, as cactáceas apresentam a fruta da
arumbeva, como a do mandacaru. Encontra-se também o
bacopari, araçás, pitangas, guabirobas, ingás, pixiricas, cerejas
do mato, dentre outras. Entre as lianas e cipós tem-se o cipó
imbé, cipó são João, cipó escada de macaco, onde o cipó
chumbo, cipó mil homens, e diversos outros, possuem fins
medicinais. Nas orquídeas tem-se a Laelia Purpurata,Laelia-
Cattleya elegans,Cattleya guttata. Habitam também toiceiras
como a chita crespa, cabeças de boi, baunilha, dentre outras.
Nas taquaras possui-se a taquara mansa, taquara lixa, taquari,
dentre outras. Nos capins tem-se o capim dos capoeirões,
capim limão, capim ferro, dentre outros. Nas bromeliáceas
tem-se ananás, o gravatá de cerca, que são utilizados para cerca
viva. Os cravos do mato, barba de velho, as Billbergia e as
outras são todas ornamentais. Nas plantas raras tem-se
estritamente local as glicelinias, certas orquídeas terrestres,
clethra e ericáceas, weinmannia, e muitos representantes da
flora austro-antartica, etc. Na plantas aquáticas tem-se aguapés,
lentilhas d`água, diversas ninféas, musgos d`água, juncos,
bromeliáceas, orquidáceas, dentre outras. (FARIAS, 2000)
Na lagoa segundo Scheibe (1997), a vegetação de macrófitas emersas é bastante
desenvolvida em todas as zonas rasas, indicando a grande quantidade de matéria orgânica que
se deposita na lagoa, influenciando na sedimentação de grande parte dos aloctones, na
ciclagem de nutrientes, na taxa de produtividade primária, na cadeia trófica e diversidade de
nichos ecológicos, alterando a fixação de nitrogênio, influenciando na quantidade de bactérias
e de algas periféricas.

No estudo de Neubert et al (1999, p.11), especifica dois aspectos, os quais se


sobressaem. Tendo o primeiro os juncos já em processo de extinção, onde estes se encontram
na parte sudoeste da lagoa, assim indicando a entrada de águas salinas na lagoa, vindas do
oceano, via canal que faz ligação com o Rio Mampituba. Cabe salientar que esta cumpre um
papel de ajudar no refúgio e procriação das espécies. No segundo aspecto temos a Brachiária
radicans, que é uma gramínea muito adaptada a ambientes férteis e úmidos, sendo encontrada
em toda a margem da lagoa. Tendo influência esta na fixação da vegetação aquática flutuante,
produz um volume de massa orgânica considerável, fixando assim materiais sólidos que ali se
fazem presentes. Desta forma a Brachiária radicans tem contribuído para a regressão das
margens da lagoa.

2.2.2-Fauna

No município de Sombrio, segundo Canto (2007), nas espécies terrestres, mais


especificamente os mamíferos, encontra-se o gambá, o morcego, o tatu, os ratos, a capivara, o
gado, o cavalo, dentre outros.Entre as aves encontramos a galinha, a codorna, a rolinha, o
urubu, a coruja, o beija-flor, o periquito, o bem-te-vi, o João-de-barro, a andorinha, dentre
outros. Encontra-se também répteis como cobras, lagartixas e lagartos. Dos anfíbios temos os
sapos, rãs, as pererecas, cobra-cega e outros. Entre os peixes de água doce encontram-se o
cará, testudo, mussum, bagre, cascudo e outros. Tem-se também os aracnídeos, sendo
encontrados o escorpião e a aranha e os insetos são o louva-deus, grilo, cupim, cigarra, pulga,
besouro e outros.

Segundo Reitz (1948 apud FARIAS, 2000), a fauna do município distribui-se em


mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes, aracnídeos, quilópodos – diplópodos e insetos. Nos
mamíferos temos os marsupiais como o gambá (didelfis), no grupo dos quirópteros tem-se os
morcegos, na maioria insetívoros, mas ao lado deles há os frugívoros e hematófagos que
atacam cavalos, porcos e outros. Nos desdentados temos o tamanduá, que é positivamente
desprovido de dentes. Na família dos dasipodídeos temos o tatu eté, tatu de rabo mole, e
outros. Nos roedores tem-se entre os caseiros a Ratasana camondongos, há otros como o
tuco-tuco (que cava tocas), o preá, o serelepe caxinguelê ou esquilo brasileiro, a capivara e
outros. Nos cetáceos tem-se as baleias, botos, golfinhos, e a toninha, mais localizados no
litoral deste. Nos carnívoros observa-se o guará, o cachorro do mato e o graxaim. Nos
pracionídeos encontram-se os coatis, os guaxinins. Nos mustelídeos tem-se o papa-mel,
furão,zorrinho e ariranha. Nos felídeos tem-se a onça, tigre, a onça negra, o puma, o leão de
cararajada e a jaguatirica, estando muitos destes já extintos. Nos ungulados encontra-se o
porco do mato e a anta. Nos ruminantes o veado galheiro e veado branco, dentre outros. Nos
primatas tem-se o bugio e o mico, mais situados no morro dos macacos na parte sudeste da
lagoa. Nas aves encontram-se a galinha, rolinha, ganso selvagem, gaivotas, urubu rei, corujas,
João de barro, sabiá,, dentre outros. Nos répteis tem-se o jacaré, as tartarugas marinhas, a
cobra de duas cabeças, a cascavel, cobra cipó, dentre outros. Nos anfíbios notam-se inúmeras
espécies de sapos, rãs, pererecas e outros. Nos peixes encontra-se o baiacu, peixe galo, judias,
traíra, lambaris, testudo dentre outros.

Nas incursões realizadas no interior da lagoa e no seu entorno por Neubert et el (1999,
p.10), foram observadas a presença pouco freqüentes de frangos d`água, marrecas piadeiras,
marrecas do pé vermelho, garças, saracuras grandes e pequenas, carões, tarrãs, mergulhões,
quero-queros, chupins, sendo também relatada a presença de ratões, jacarés e lontras. Tendo a
ictiofauna relatada de forma sucinta, havendo uma pobreza nesta, encontrado-se assim carás,
traíras, tilápias, peixes duros, lambaris e carpas.

2.3- Caracterização do Meio Sócio-Econômico

Segundo Scheibe (1997), o município de Sombrio possui uma diversidade de


características naturais que favorecem o desenvolvimento do setor turístico como mais uma
atividade econômica. Tendo como um potencial turístico suas lagoas, particularmente a de
Sombrio e do Caverá. Mas este potencial se defasa devido ao crescimento do município,
notando este, por o aumento da produção de fumo, arroz, banana, mandioca e milho parte
expressiva de sua receita; mas destacam-se também a eqüinocultura, bovinocultura, avicultura
e suinocultura. Sendo a atividade mais degradadora dos ambientes aquáticos a cultura de
arroz, que se faz as margens da lagoa.

Situada no litoral catarinense e com grande quantidade de


minifúndios, o município de Sombrio tem na Lagoa Sombrio,
própria para competições de motonáutica, que tem 54 km², um
de seus principais atrativos. Destacam-se também as Furnas de
Sombrio, cinco grutas localizadas às margens da BR-101 e que
contam com restaurante, banheiros e bares. Na entrada das
grutas há orquídeas, bromélias e lianas. Os desenhos nas
paredes das imensas cavernas, sendo que em uma delas cabem
até 30 automóveis, dão ao local uma atmosfera mágica.
(CATARINENSE 2008).

Segundo Canto (2007), o município de sombrio tem suas atividades baseadas na


agropecuária e extrativismo, devido ao solo pouco pedregoso que facilita a produção
mecanizada, bem como o uso de insumos agrícolas. Nas atividades industriais, se
destacando após o ano de 2005 os setores calçadista, cerâmico, moveleiro e de
confecção têxtil. Tendo também uma influência a indústria alimentícia e uma de água
mineral.

3-FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Tendo como base intrínseca para o desenvolvimento do trabalho o art.225 § 1º incisos


I,III,IV,VI e VII da Constituição Federal apoiado pelo art. 23 incisos III,V,VI,VII e XI que
declaram o direito que todos dispõe de usufruir de um ambiente ecologicamente equilibrado,
sendo dever do Poder Público e da coletividade defender, preservar e conscientizar as
presentes e futuras gerações para uma melhor qualidade de vida.

Dispõe sobre o tipo de unidade de conservação a ser implantada , a Lei 9.985 de julho
de 2000, que em seu artigo 7, inciso II, § 2°, onde justifica o objetivo da área a ser
implantada, assim sendo, no artigo 14, inciso I da mesma, esclarece a categoria mais
adequada ao uso futuro desta.

Na questão referente a nomenclatura desta unidade de conservação, pode-se observar


no decreto federal n. 4.340, de 22 de agosto de 2002, em seu artigo 3°, que esta
preferencialmente devia embasar-se na característica natural mais significativa, deste modo
optou-se utilizar o próprio nome da Lagoa, em razão da sua localização e motivo de criação
desta unidade, sendo assim nomeada Área de Proteção Ambiental da Lagoa do Sombrio.
A definição e caracterização de Área de Proteção Ambiental esta no artigo 15, da Lei
9.985, de 18 de julho de 2000 e artigo 1° da resolução CONAMA nº 010, de 14 de dezembro
de 1988, sendo assim entendida como uma área em geral extensa, com certo grau de ocupação
humana, destinadas a proteger e conservar a qualidade ambiental.

Neste processo de criação da unidade de conservação, temos o estudo técnico da área e


consulta pública, que no artigo Art. 22, § 2° da lei 9.985, de 18 de julho de 2000 e artigos 3, 4
e 5 do decreto federal n. 4.340, de 22 de agosto de 2002, assim permitam identificar a
localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade. Sendo que a mudança da
categoria desta ou dos limites só poderá ocorrer por instrumento normativo do mesmo nível
hierárquico do que criou a unidade, sendo assim estabelecido pelo plano de manejo, segundo
artigo 5° da lei 9.985, de 18 de julho de 2000.

O plano de manejo que toda unidade de conservação deve dispor, segundo artigo 27 da
Lei 9.985, de 18 de julho de 2000 e que será elaborado, segundo artigo 12 do decreto federal
n. 4.340, de 22 de agosto de 2002, pelo órgão gestor da unidade de conservação, deverá
abranger neste caso a área da unidade de conservação e os corredores ecológicos, incluindo
medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades
vizinhas, assim descritos no artigo 27, § 1° da Lei 9.985, de 18 de julho de 2000.

No artigo 6, 7, do decreto federal n. 4.340, de 22 de agosto de 2002, coloca-se os


limites da unidade de conservação, sendo estes embasados nos estudos técnicos realizados
pelo órgão gestor da unidade de conservação, consultando a autoridade aeronáutica
competente e de acordo com a legislação vigente e participação da população residente,
assegurada esta no artigo 27, § 2º da Lei 9.985, de 18 de julho de 2000.

No que diz respeito ao uso da unidade de conservação, no artigo 15, § 3º ,artigo 27, §
1 e artigo 28, Art. 32, da lei 9.985, de 18 de julho de 2000 e artigos 5, 6 e 8 da resolução
conama nº 010, de 14 de dezembro de 1988, que tratam das possíveis atividades que poderão
se desenvolver no limite da unidade.

A unidade de conservação poderá ter, conforme a Lei nº 9.985, de 2000, conselho


consultivo ou deliberativo, que será presidido pelo chefe da unidade de conservação, o qual
designará os demais conselheiros indicados pelos setores a serem representados. Assim sendo
os conselheiros, quando couber, deverão segundo o artigo 17, § 1 a 4 da Lei nº 9.985, de
2000, ser de órgãos públicos, órgãos ambientais, pesquisa científica, educação, defesa
nacional, e outros.
4 - Etapas de Execução do Plano

4.1 - Criação da Unidade de Conservação:

O processo de criação de uma U.C. envolve uma série de estudos técnicos


abrangentes, de responsabilidade do órgão executor, que a princípio comprovem a
importância que o local analisado possui, para que este possa ser considerado como uma zona
de relevância econômica e ambiental, merecedora de maior proteção.

A partir deste momento, o decreto 4340/02 estabelece, por meio do art. 2º do Capítulo
I, a série de medidas que deverão ser aplicadas no processo de criação de uma unidade de
conservação do tipo Área de Proteção Ambiental.

A princípio o local será denominado, e a sua realidade deve ser observada,


equiparando as características da área em estudo com os objetivos e feições dos diversos tipos
de unidades de conservação, entre as de Proteção Integral e as de Uso Sustentável, a fim de
determinar qual categoria de manejo aplicada.

No caso específico deste estudo entendeu-se, como mais apropriada à Lagoa do


Sombrio, a implantação de uma Unidade de Uso Sustentável do tipo Área de Proteção
Ambiental, que se estenda sobre a zona que exerça influência na segurança e nos indicadores
ambientais do ponto protegido.

A APA encaixou-se como categoria mais adequada porque admite um considerável


grau de ocupação humana, e prevê a existência de fatores bióticos e abióticos com
importância para o bem-estar e para a qualidade de vida da população, sendo fatos
presenciados na lagoa. E, nos objetivos básicos deste tipo de unidade, surgem como objetivos
a proteção da biodiversidade, o ajustamento de processos de ocupação e a sustentabilidade na
utilização dos recursos naturais, sendo estas, atitudes de grande interesse para a região.

Ainda nesta primeira etapa devem ser definidos os objetivos da unidade, traçados de
acordo com a situação em que se encontra o local, direcionando assim todas as ações para
alcançar um alto padrão de qualidade ambiental.
Os objetivos da APA da Lagoa do Sombrio são: reduzir gradativamente a emissão de
poluentes, que hoje contaminam a Bacia do Rio da Laje, e, por conseguinte, a lagoa; recuperar
as áreas afetadas pela poluição; fomentar projetos de desenvolvimento sustentável que
permitam a realização de atividades econômicas pelas famílias já residentes no local;
promover a manutenção e proteção do ecossistema, a fim de restabelecer o aparecimento
espécies nativas de fauna e flora; desenvolver programas de turismo e outras atividades
sustentáveis, com a finalidade de obter recursos revertidos ao custeamento de ações
administrativas e operacionais realizadas; e utilizar racionalmente os recursos ambientais,
para ações de interesse público, como o abastecimento de água.

Completando o início do processo de criação, devem ser determinados os limites, a


área e o órgão responsável pela administração da unidade de conservação.

Porém, para definirem-se os limites e a zona de abrangência da Área de Proteção


Ambiental, deve ocorrer a consulta pública, que é uma explanação à população interessada do
quê se pretende fazer, e, por meio destes encontros, também deverão ser consideradas as
opiniões da comunidade, objetivando delimitar uma área que crie o menor número possível de
conflitos.

Em virtude da abrangência que a unidade de conservação possui, o órgão responsável


pela coordenação geral será a FATMA, mas cada município fará a administração de seu
espaço dentro a APA.

Com relação ao órgão responsável pela administração desta unidade de conservação,


todos os municípios às margens da lagoa devem possuir uma fundação municipal de meio
ambiente, ou uma secretaria que possua a mesma finalidade, sendo que a cada organização
caberá gerir o espaço pertencente ao município que esteja dentro da Área de Proteção
Ambiental da Lagoa do Sombrio.

Ainda na criação da unidade, devem ser formados cinco conselhos municipais, de


caráter consultivo coordenados pelos respectivos órgãos municipais competentes, que terão a
função de apresentar propostas e planos ao órgão gestor da unidade, sendo de
responsabilidade deste último a aprovação ou rejeição dos termos propostos.

Cada conselho contará com dez vagas, sendo cinco destinadas a órgãos do poder
público municipal, e cinco voltadas à sociedade civil. Aos órgãos municipais responsáveis
caberá definir as instituições que participarão de cada conselho.
As decisões, planos e propostas aprovadas nestes conselhos serão encaminhados ao
conselho consultivo integrado.

A representação neste conselho deve ser a mais abrangente possível, por meio de
dezesseis membros, englobando parcelas da sociedade civil, órgãos públicos ambientais e de
outras áreas de interesse, nos três níveis da Federação.

Quanto às oito vagas destinadas ao poder público, institui-se que todos os cinco
municípios banhados pela lagoa possuam um representante, de modo que as outras três vagas
sejam ocupadas por órgãos ambientais da esfera estadual e federal, e por um representante da
secretaria de desenvolvimento regional.

E, assim como acontece com as entidades públicas, também se almeja que a


participação da sociedade civil seja intensa, contando com a colaboração da comunidade
científica e de organizações não-governamentais com cunho ambiental, que atuem
efetivamente na região; da população residente na área, no entorno e tradicional; dos
trabalhadores; donos de imóveis; setor privado que atua na região; e dos representantes dos
Comitês de Bacias Hidrográficas, distribuídos nas oito vagas restantes.

Este conselho, entre outra funções, deve elaborar seu regimento interno, acompanhar a
elaboração, implementação e revisão do Plano de Manejo da Unidade de Conservação; e
esforçar-se para atender aos interesses dos diversos segmentos sociais envolvidos.

Com relação ao Plano de Manejo, este deve ser elaborado pela FATMA, em conjunto
com o conselho integrado, sendo o documento técnico que determina o zoneamento da
unidade, as regras para uso dos recursos naturais, além de dispor sobre a ocupação do
território.

Os órgãos do SNUC, nas suas áreas específicas de atuação, são responsáveis pelo
estabelecimento de um prazo de 180 dias para a elaboração do roteiro metodológico básico do
Plano de Manejo, e cinco anos para a sua finalização, determinando diretrizes para a
administração da unidade.

4.2 - Implantação da Unidade de Conservação:

A partir do momento em que é iniciado o processo de implementação de uma unidade


de conservação num determinado local, devem ser estabelecidas ações relativas ao controle do
uso dos bens naturais pertencentes à Área de Proteção Ambiental e da ocupação da área da
unidade.

Para efetuar-se a exploração de produtos, subprodutos ou serviços ligados à unidade


de conservação, como recreação, visitação, turismo, exploração de recursos florestais e de
outros recursos presentes no território delimitado, é necessário que exista a autorização do
órgão gestor, que avaliará os riscos que a atividade proporciona.

A fim de exercer controle sobre as atividades desenvolvidas no interior da área, a


criação de uma infra-estrutura adequada aparece como ponto crucial no sucesso da
implantação da UC, construindo uma sede administrativa, um posto de policiamento e de
fiscalização ambiental, além de espaços físicos futuramente destinados ao desenvolvimento de
pesquisa e projetos relacionados à educação ambiental.

Referente à questão social, deve ser realizado um levantamento sócio-econômico das


famílias residentes dentro da área, e a realização de atividades visando o desenvolvimento
sustentável das famílias residentes no interior da UC, e nos arredores.

4.3 - Gestão da Unidade de Conservação:

Esta etapa é mais extensa e a que mais exerce influência nos resultados da
implementação de uma área de proteção ambiental.

Com o Plano de Manejo já desenvolvido, neste momento acontece a realização de


ações previstas no planejamento, com a finalidade de coibir a realização de atividades nocivas
à natureza nas proximidades do local, buscando um modelo de desenvolvimento sustentável
adequado àquela realidade.

As atividades que descumprirem o Plano de Manejo e os objetivos da unidade de


conservação ferem o art. 28 da Lei n° 9985/2000, estando sujeitas a punições.

Para facilitar o cumprimento dos objetivos iniciais da unidade, deve ser elaborado um
plano de gestão pelo conselho consultivo integrado, estipulando principalmente as atividades
passíveis de licenciamento, os perfis dos programas de ação e elaborando e implementando o
zoneamento e as respectivas atividades envolvidas.
Programas de Ação serão desenvolvidos, atuando principalmente na forma de projetos
de educação ambiental, informando moradores e turistas sobre como procederem nas mais
diversas situações cotidianas, para que suas atividades não sejam prejudiciais ao meio.

Quanto à aplicação do zoneamento ambiental, este tem como finalidade a restrição de


atividades a algumas áreas específicas, restringindo a uma área determinada a realização de
algumas atividades.

As Zonas serão: de Uso Agropastoril; de Ocupação Residencial; de Atividade


Industrial; de Desenvolvimento Turístico; e de Proteção da Vida Silvestre.

A Zona de Uso Agropastoril é dedicada exclusivamente ao desenvolvimento da


atividade agropecuária de subsistência, tendo constante acompanhamento da EPAGRI, com a
finalidade de implantar técnicas com menor impacto ao meio ambiente.

A Zona de Ocupação Residencial é a área exclusiva para a implantação de moradias,


sendo que nenhuma outra atividade é permitida no local.

A Zona de Atividade Industrial é a destinada às empresas que ali já estavam


instaladas, para manterem suas atividades, desde que adequadas ao Plano de Manejo e à
legislação ambiental.

A Zona de Desenvolvimento Turístico receberá as instalações administrativas, e


representa o local onde serão desenvolvidas, exclusivamente, atividades turísticas, de
administração, e de educação ambiental.

A Zona de Proteção da Vida Silvestre será um espaço onde se desenvolverão


atividades de recuperação ambiental, buscando o ressurgimento de espécies nativas de fauna e
flora, que desapareceram da região devido às alterações decorrentes da ação humana.Nesta
zona é permitida apenas a pesquisa científica autorizada pelo órgão gestor.

Quanto ao licenciamento de atividades no interior da unidade de conservação, as ações


estão amparadas pelo art. 10 da Lei 6938/81, que coloca sobre a FATMA, já que este é o
órgão estadual competente, a responsabilidade de analisar e avalizar cada pedido de
licenciamento.

Como atividades essenciais da gestão da APA aparecem a monitoria constante da


qualidade dos recursos ambientais existentes na área, além da avaliação da eficiência das
ações com relação ao cumprimento dos objetivos estipulados.
Em caso de resultados insatisfatórios no monitoramento, deve ocorrer a revisão do
plano de gestão da APA, até que sejam obtidos resultados condizentes com a consolidação
dos objetivos traçados pelo plano de manejo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho ficou evidente que a Lagoa do Sombrio possui relevante importância
social, econômica e ecológica para a região, de modo que entende-se como essencial a ação
imediata para a proteção e recuperação do local, e a criação de uma Área de Proteção
Ambiental, gerida de maneira séria e coerente, seria a solução mais adequada para esta
situação.

O fato dos interesses de diferentes segmentos serem divergentes aparece como um


entrave relevante para a criação da unidade de conservação, mas todas as partem devem
participar da administração, e se posicionarem focando o melhor para a recuperação dos
recursos ambientais, já que o que é nocivo a este ecossistema, conseqüentemente torna-se
prejudicial à toda a região, em diversos aspectos.
ANEXOS

Figura 7: Determinação da APP da Lagoa de Sombrio


Figura 8: Determinação da APA da Lagoa do Sombrio

Figura 9: Zoneamento ambiental (Proposta 1)


Figura 10: Zoneamento Ambiental (Proposta 2)

Figura 11: Determinação do Corredor Ecológico


REFERÊNCIAS

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em: http://www.sul-sc.com.br/afolha/cidades/amesc.htm Acessado em: 29 de maio de
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CANTO, Sílvia.Descobrindo Sombrio.Sombrio, 2007. 79 p.

Catarinense. Sombrio. 2004. Disponível em:


http://www.guiacatarinense.com.br/sombrio/sombrio.htm
Acessado em: 29 de maio de 2008.

FARIAS, Vilson Francisco de. Sombrio: 85 anos natureza, história e cultura: para o
ensino fundamental. Sombrio, SC: Ed. do Autor, 2000. 328 p.d

LIBERATO, Ana Paula. Direito socioambiental em debate. Curitíba, PR: Juruá, 2006. 223
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MORSELLO, Carla. Áreas protegidas públicas e privadas : seleção e manejo. São Paulo:
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NEUBERT, E; SOARES, A; BEBER, J. Estudo da Lagoa de Sombrio. Urussanga, 1999. 19


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http://www.riogrande.com.br/turismo/litoral_torres_recursoshidricos.htm
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