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UNIVERSIDADE MACKENZIE

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SANEAMENTO AMBIENTAL

GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS: UMA ANÁLISE DOS


PLANOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DOS RIOS PIRACICABA,
CAPIVARI E JUNDIAÍ ENTRE 1994 E 1997.

ALFONSO GÓMEZ PAIVA

ORIENTADOR: DR. ARLINDO PHILIPPI JR.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADO AO


CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SANEAMENTO
AMBIENTAL COMO PARTE DAS EXIGÊNCIAS PARA
OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
SANEAMENTO AMBIENTAL

SÃO PAULO
1999
Alfonso Gómez Paiva
Gestão de recursos hídricos: uma análise dos
Planos da bacia hidrográfica dos rios piracicaba,
Capivari e Jundiaí entre 1994 e 1997

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADO AO


CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SANEAMENTO
AMBIENTAL COMO PARTE DAS EXIGÊNCIAS PARA
OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
SANEAMENTO AMBIENTAL

Data de Aprovação: 29/03/2000

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Arlindo Philippi Jr – UPMACK (Orientador)

___________________________________________

Profa. Dra. Maria Cecília Focesi Pelicioni – FSPUSP

___________________________________________

João Vicente de Assunção – FSPUSP

___________________________________________
À Memória de minha Avó Nilva pelo seu estímulo aos meus estudos

A minha esposa, meus filhos e a minha Mãe pela compreensão de minha

ausência ao longo desses três anos .


AGRADECIMENTOS

À Universidade Mackenzie, por proporcionar um excelente quadro docente que me

possibilitou iniciar a pesquisa.

Ao meu Orientador Prof. Dr. Arlindo Philippi Júnior por sua paciência e estímulo.

Ao Coordenador do Curso Prof. Regis Nieto pela compreensão, disposição e

preocupação em ajudar os alunos do curso de Pós-Graduação em sua vida acadêmica.

À Profa. Dra. Maria Cecília Focesi Pelicioni e à Profa. Dra. Maria Martha Hübner pela

revisão metodológica.

Aos Mestres Tadeu Fabrício Malheiros (Prefeitura de Juquitiba) , Dr. Francisco

Martinez Jr. (CTH – USP), Dra. Mônica Porto (ABRH), José Ferreira Assis (CETESB –

Piracicaba), Sebastião Vainer Bosquilla (DAEE – Piracicaba), Otávio Galembeck (DAEE –

Piracicaba), Joaquim G. Correa Godim (ABRH- CE) e às Prefeituras de Piracicaba, Campinas,

Jundiaí, Limeira e Americana.

À amiga Alfia Botelho Nunes e à Dra. Irene Jeanete pela revisão ortográfica e

gramatical; ao meu irmão, Hamlet, pelo auxílio inestimável quanto aos recursos e manutenção

dos equipamentos de informática, à minha Tia Diva que possibilitou a continuidade de meus

estudos e ao amigo Rodrigo por suas opiniões e auxílio na diagramação.

À Universidade Ibirapuera, na pessoa do Sr. Getúlio Chofard, por acreditar em mim,

dando o apoio financeiro para que eu pudesse concluir esta etapa da vida acadêmica.
“POR MAIS QUE NA BATALHA SE VENÇA UM OU MAIS INIMIGOS, A VITÓRIA

SOBRE SI MESMO É A MAIOR DE TODAS AS VITÓRIAS.”

BUDA

“O DESTINO NÃO VEM DE FORA ATÉ O HOMEM; SAI DO PRÓPRIO HOMEM.”

RAINER MARIA RILKE


ÍNDICE

RESUMO

ABSTRACT

1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................1

2. OBJETIVOS ..................................................................................................3

3. METOLOGIA .................................................................................................4

4. SITUAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO PLANETA

4.1. Água: Alguns Aspectos Históricos .............................................................9

4.2. Água: Distribuição, Disponibilidade e Demanda ......................................11

4.3. Poluição das Águas .................................................................................17

5. A QUESTÃO DA ÁGUA NO BRASIL

5.1. Distribuição, Disponibilidade e Demanda ................................................23

5.1.1. As Hidrelétricas e o Brasil .....................................................................27

5..1.2. O Saneamento e o Brasil .....................................................................29

6. O PLANEJAMENTO COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO .....................34

7. A AGENDA 21 E OS RECURSOS HÍDRICOS ...........................................41

8. EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE GERENCIAMENTO

DE RECURSOS HÍDRICOS

8.1. Considerações Gerais .............................................................................48

8.2. Gestão Americana ..................................................................................49

8.2.1. O Planejamento do Vale do Tennessee ...............................................51

8.3. Gestões Inglesa e Galesa ........................................................................54

8.4. Gestão Francesa......................................................................................57

8.5. Gestão Espanhola....................................................................................59


9. A EVOLUÇÃO DA POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA

9.1. Contexto Histórico da Política Ambiental Brasileira .................................61

9.2. Aspectos Gerais da Atual Política Ambiental Brasileira ..........................67

10.1. O Desenvolvimento Institucional do Gerenciamento dos Recursos

Hídricos no Brasil ...................................................................................72

10.2. A Experiência Brasileira: O Gerenciamento da Bacia do

Rio São Francisco ...........................................................................................77

10.3. A Política Nacional de Recursos Hídricos .............................................79

10.3.1. Os Planos de Recursos Hídricos ........................................................81

10.3.2. A Outorga ............................................................................................82

10.3.3. A Compensação Financeira................................................................83

10.3.4. A Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos ....................................84

10.3.5. O Sistema de Informações sobre os Recursos Hídricos ....................87

10.3.6. Estrutura do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos (SNGRH)...............................................................................88

11. POLÍTICA DE RECURSOS HÍDRICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO

11.1. Uma Visão Geral sobre os Sistemas Estaduais de Gerenciamento .........

........................................................................................................................95

11.2. O Sistema Paulista de Gerenciamento de Recursos Hídricos ..............97

11.3. O Sistema Paulista de Saneamento ................................................... 106

11.4. O Sistema Estadual de Meio Ambiente (SISEMA) ............................. 108

12. CARACTERÍSTICAS DAS BACIAS DOS RIOS PIRACICABA,

CAPIVARI E JUNDIAÍ

12.1. Aspectos Gerais .................................................................................. 111

12.2. aspectos Hidrológicos ......................................................................... 113


12.3. Aspectos Sócio-Econômicos e Ambientais das Bacias Hidrográficas

dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí ............................................. 117

12.3.1. Demografia....................................................................................... 117

12.3.2. Atividades Produtivas ...................................................................... 119

12.2.1. Setor Primário .................................................................................. 119

12.2.2 Setor Secundário .............................................................................. 121

12.2.3. Setor Terciário.................................................................................. 122

12.4. A Problemática Ambiental da região do CBH-PCJ ............................. 122

12.4.1. Uso e Demanda das Águas ............................................................. 122

12.4.2. Inundações e Assoreamento ........................................................... 127

12.4.3. Lixo................................................................................................... 129

13. APRESENTAÇÃO DOS PLANOS DE BACIAS DO CBH-PCJ

13.1. Estrutura do Comitê de Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba,

Capivari e Jundiaí ............................................................................... 131

13.2. Os Planos Estaduais de Recursos Hídricos de 94/95 e 96/99 ........... 134

13.3. Os Planos de Bacia do CBH-PCJ de 94/95 e 96/99 ........................... 141

13.4.Os Planos Diretores de Desenvolvimento dos Municípios .................. 171

13.4.1.O Plano Diretor de Americana .......................................................... 176

13.4.2.O Plano Diretor de Campinas ........................................................... 180

13.4.3.O Plano Diretor de Jundiaí................................................................ 189

13.4.4.O Plano Diretor de Limeira ............................................................... 194

13.4.5.O Plano Diretor de Piracicaba .......................................................... 195

13.4.6.O Plano Diretor de Rio Claro ............................................................ 200

14.COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES

14.1.Análise do Plano de Bacias do CBH-PCJ............................................ 204

14.2.Os Planos Diretores e o Plano de Bacias do CBH-PCJ ...................... 214


14.3.Conclusão e Comentários .................................................................... 218

15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 224

16. ANEXOS ................................................................................................ 239


ÍNDICE DE FIGURAS

Figura IV-1: Caricatura de 1923 retratando as relações e as implicações da falta

de saneamento e as epidemias e endemias ....................................................... 10

Figura IV-2: Gráficos de Água Retirada e Consumida pelos Principais Usos

Consuntivos no Mundo ......................................................................................... 15

Figura V-1: O Clima no Brasil .............................................................................. 25

Figura VI-1: Tipos de Planejamento e sua estrutura ........................................... 35

Figura VI-2: Processos de planejamento dos recursos hídricos.......................... 38

Figura VII-1: Resultados da modelagem sobre as perspectivas mundiais dos

recursos naturais .................................................................................................. 42

Figura VIII-1: Mapa esquemático das oito regiões administrativas da água na

Inglaterra .............................................................................................................. 56

Figura VIII-2: Divisão por bacias hidrográficas da França ................................... 58

Figura IX-1: Esquema da Estrutura do SISNAMA ............................................... 68

Figura X-1: Estimativa por setor de usuários sobre a arrecadação anual pela

cobrança do uso da água no Estado de São Paulo ............................................. 86

Figura X-2: Estrutura do Sistema Nacional de Recursos Hídricos ...................... 89

Figura X-3: Bacias Hidrográficas Federais .......................................................... 91

Figura XI-1: Cronologia do Sistema Estadual de Recursos Hídricos .................. 99

Figura XI-2: Estrutura básica do Sistema Integrado de Gerenciamento dos

Recursos Hídricos do Estado de São Paulo......................................................... 99

Figura XI-3: Mapa do Estado de São Paulo e as 22 Bacias Hidrográficas ......... 102

Figura XII-1: Mapa do CBH-PCJ ........................................................................ 112


Figura XII-2: Mapa de IQA da UGRHI-5 ............................................................. 127

Figura XIII-1: Estrutura do CBH-PCJ .................................................................. 133

Figura XIII-2: Mapa do Estado de São Paulo com as bacias hidrográficas segundo

sua classe de uso preponderante ....................................................................... 134

Figura XIV-1: Situação geral das ações propostas pelo CBH-PCJ no Plano de

Bacias de 94/95................................................................................................... 206

Figura XIV-2: Situação das ações propostas pelo CBH-PCJ no Plano de Bacias

94/95 em cada PDC ............................................................................................ 206

Figura XIV-3: Porcentagem de investimentos realizados pelos municípios em

cada PDC e o valor previsto ................................................................................ 209

Figura XIV-4: Porcentagem de investimentos realizados pelos órgãos estaduais

em cada PDC ...................................................................................................... 210

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela IV-1: Distribuição de recursos hídricos nos continentes ......................... 11

Tabela IV-2: Disponibilidade e demanda per capita anual de alguns países da

Europa ................................................................................................................. 12

Tabela IV-3: Consumo doméstico de água por continente ................................. 13

Tabela IV-4: Demanda de água para uso industrial ............................................ 14

Tabela IV-5: Demanda de água para irrigação ................................................... 14

Tabela IV-6: Usos da água e seus efeitos .......................................................... 16

Tabela IV-7: Características dos resíduos de algumas indústrias ...................... 19

Tabela IV-8: Doenças ligadas a água ................................................................. 21


Tabela V-1: Potencial e demanda per capita por região do Brasil ...................... 24

Tabela V-2: Demanda industrial e de irrigação por região do Brasil ................... 24

Tabela V-3: Potencial hidrelétrico do Brasil por bacias hidrográficas ................. 28

Tabela V-4: Municípios que coletam, tratam e possuem ETE para os esgotos

sanitários por região do Brasil ............................................................................. 30

Tabela V-5: Volume de esgoto coletado e tratado nas ETE ............................... 31

Tabela V-6: Domicílios por tipo de instalação sanitária nas regiões do Brasil .... 31

Tabela V-7: Domicílios por abastecimento de água nas regiões do Brasil .. 32

Tabela V-8: Abastecimento de água por município e volume de água tratada ... 33

Tabela VIII-1: Composição dos comitês das bacias Francesas........................... 59

Tabela IX-1: Principais dispositivos legais do início da política ambiental no Brasil

............................................................................................................................. 64

Tabela IX-2: Cronologia de alguns dispositivos legais de controle da poluição ... 65

Tabela X-1: Fatos históricos da centralização do gerenciamento das águas ..... 72

Tabela X-2: Classificação das águas segundo a resolução CONAMA n º 20...... 75

Tabela X-3: Distribuição percentual das verbas entre os oito setores ................. 78

Tabela X-4: Distribuição em percentagem dos valores da compensação financeira

pela exploração dos recursos naturais ................................................................ 84

Tabela X-5: Propostas de preços para a cobrança pelo uso da água ................. 86

Tabela X-6: Características das bacias hidrográficas federais ........................... 92

Tabela XI-1: Relação de Estados do Brasil com Lei sobre política e sistema de

gerenciamento de recursos hídricos .................................................................... 96

Tabela XI-2: Composição do Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado

de São Paulo ...................................................................................................... 100


Tabela XI-3: Classificação das bacias hidrográficas do Estado de São Paulo ... 103

Tabela XI-4: Distribuição de recursos financeiros para os CBH’s em 1998 pelo

FEHIDRO ............................................................................................................ 105

Tabela XII-1: Área de cada bacia hidrográfica do CBH-PCJ .............................. 111

Tabela XII-2: Sub-bacias da bacia do Piracicaba ............................................... 111

Tabela XII-3: Deflúvio mínimo natural de alguns rios da UGRHI-5 ..................... 114

Tabela XII-4: Barragens da bacia do rio Piracicaba e seus respectivos usos .... 115

Tabela XII-5: Comparação demográfica entre o CBH-PCJ e o Estado de São

Paulo ................................................................................................................... 118

Tabela XII-6: Evolução da população residente na região do CBH-PCJ entre 1991

e 2015 ................................................................................................................. 118

Tabela XII-7: Classificação dos municípios da UGRHI-5 por faixa de habitantes

............................................................................................................................ 119

Tabela XII-8: Áreas irrigadas das bacias do CBH-PCJ ....................................... 120

Tabela XII-9: Principais atividades agropecuárias do CBH-PCJ por bacia ......... 121

Tabela XII-10: Principais atividades industriais do CBH-PCJ por bacia ............. 121

Tabela XII-11: Demandas por uso em cada sub-bacia do CBH-PCJ ................. 123

Tabela XII-12: Comparação das demandas de água para abastecimento de

alguns municípios do CBH-PCJ .......................................................................... 124

Tabela XII-13: Estimativas de cargas polidoras por bacias do CBH-PCJ ........... 125

Tabela XII-14: Formas de disposição do lixo nos municípios do CBH-PCJ ........ 129

Tabela XII-15: Porcentagem do volume de lixo por formas de disposição na região

do CBH-PCJ ........................................................................................................ 130


Tabela XIII-1: Avaliação das ações previstas no plano de bacia do CBH-PCJ

94/95, para cada PDC ......................................................................................... 144

Tabela XIII-2: Investimentos nos PDC’s de 94/95 em milhões de US$, segundo

classificação do PERH94/95 e descritos no Plano de Bacia 94/95 ..................... 148

Tabela XIII-3: Ações e investimentos previstos e realizados dos municípios para

1994 .................................................................................................................... 149

Tabela XIII-4: Investimentos previstos e realizados pelos municípios para 1994 em

cada PDC em mil US$ ........................................................................................ 157

Tabela XIII-5: Ações e investimentos de órgãos estaduais para 1994 em mil US$

............................................................................................................................ 157

Tabela XIII-6: Investimentos previstos e realizados por órgão estadual ............. 160

Tabela XIII-7: Ações institucionais previstas no relatório de situação de 1993 e

elaboradas pelo CBH-PCJ para sua área de abrangência ................................. 160

Tabela XIII-8: Ações previstas pelo CBH-PCJ para 1994 no relatório de situação

de 1993 com a necessidade de investimentos financeiros ................................. 160

Tabela XIII-9: Ações e investimentos previstos para o período 96/99 ................ 166

Tabela XIII-10: Ações e investimentos previstos para 96/99 segundo pontuação de

hierarquização de prioridades ............................................................................. 170

Tabela XIII-11: Número de estabelecimentos industriais em algumas cidades que

compõe a UGRHI-5 ............................................................................................. 174

Tabela XIII-12: Número de estabelecimentos comerciais de algumas cidades da

UGRHI-5.............................................................................................................. 174

Tabela XIII-13: Número de habitantes de algumas cidades da UGRHI-5 ........... 175


Tabela XIII-14: Lista das leis que instituíram os Planos Diretores e as normas para

o parcelamento e uso do solo ............................................................................. 175

Tabela XIII-15: Categorias de uso e aproveitamento e ocupação do solo segundo

a legislação do município de Americana ............................................................. 179

Tabela XIII-16: Algumas categorias de uso por zona no município de Americana

............................................................................................................................ 180

Tabela XIII-17: Algumas categorias de uso no município de Campinas ............. 186

Tabela XIII-18: Classificação dos estabelecimentos quanto a área do lote ........ 187

Tabela XIII-19: Categoria de uso e zona de uso................................................. 187

Tabela XIII-20: Classes de uso do solo em Jundiaí ............................................ 190

Tabela XIII-21: Classes de ocupação do solo em Jundiaí .................................. 192

Tabela XIII-22: Classes de uso do solo em Piracicaba ....................................... 200

Tabela XIII-23: Classificação das zonas de uso ................................................. 202

Tabela XIV-1: Distribuição das ações pelos PDC’s ............................................ 205


RESUMO

A má distribuição das águas pela Terra, o ritmo acelerado do

desenvolvimento econômico e o crescimento populacional comprometem os

aspectos quantitativos e qualitativos, gerando conflitos de uso. Para dirimir ou

diminuir esses conflitos se faz necessária a gestão dos recursos hídricos, onde o

planejamento é um dos instrumentos mais importantes no gerenciamento

integrado, destacando-se a necessidade da participação da sociedade no

processo decisório. Partindo do conceito que o planejamento de recursos hídricos

deve ser articulado com os planos setoriais e regionais e a importância dos planos

diretores dos municípios na gestão das águas o presente trabalho analisa os

Planos de Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-

PCJ) de 94/95 e 96/99 que em conjunto com os relatórios de situação permitem

uma reflexão sobre as relações e inter-relações entre os objetivos propostos, as

ações previstas e os resultados obtidos. Os planos diretores de alguns municípios

selecionados da região foram analisados para poder estabelecer as suas relações

com os planos de bacia, assim, foram identificados os aspectos positivos e

negativos dos planos.


ABSTRACT

Due to irregular water distribution on Earth, economic and population growth, could

lead us to quality and avaliability problems generating usage conflicts. In order to

avoid or reduce such problems, it is extremely necessary to use hydrological

resourses. Planning is one of the most important factor in this integrated

management, couting on society participation to enhance decision process. With a

profound concern for the environment, i.e., the importance of the municipalities

water plans and considering that hydrological resources planning must be in

accordance with regional and sectorial plans, the current work has been developed

to analyse the hydrological basin of the rivers Piracicaba, Capivari and Jundiaí

(CBH-PCJ) 94/95 and 96/99.


1
1. INTRODUÇÃO

A sociedade chegou a uma situação em que o ritmo acelerado do

crescimento econômico e populacional está permitindo atingir rapidamente um

nível de escassez dos recursos naturais que limitam o próprio desenvolvimento

econômico.

Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

entre 1984 e 1987 na África 35 milhões de pessoas estavam ameaçadas pela

crise desencadeada pela seca, matando aproximadamente um milhão. Em

Bhopal, Índia, um vazamento em uma fábrica de pesticidas matou mais de dois

milhões de pessoas. Nesse período cerca de 60 milhões de pessoas (a maioria

crianças morreram de doenças intestinais decorrentes da desnutrição e ingestão

de água imprópria para o consumo.

As diferenças na distribuição das águas são bastante acentuadas. No caso

do Brasil a Região Sudeste com 42,2% da população do país apresenta somente

4,1% do potencial hídrico brasileiro, já a Região Norte possui 79,7% do potencial

e 7,8% da população do Brasil. Por outro lado a demanda per capita do sudeste é

de 436 m3/hab/ano e do norte de 204 m3/hab/ano.

A preocupação com a defesa dos recursos hídricos surge quando os efeitos

deletérios se fazem sentir e os conflitos de uso tornam-se freqüentes. Essa

preocupação inicia-se, no Brasil, com o Código de Águas em 1934 e chega em

1997 com a promulgação da Lei Federal 9.433 sobre a Política Nacional de

Recursos Hídricos. Uma trajetória marcada pela tímida ação do Poder Público,

principalmente diante do Poder Econômico; não por falta de instrumentos

jurídicos, mas preponderantemente pela politicagem e ausência de planejamento.


2
A Agenda 21, no capítulo 18 dedicado aos recursos hídricos, coloca a

necessidade do planejamento como instrumento para a gestão integrada das

águas, bem como a participação social no processo de decisão que deve ser

tanto política como social.

O planejamento dos recursos hídricos deve, segundo especialistas, ser

transversal para permitir a articulação com os planejamentos setoriais e regionais,

principalmente em relação ao uso e ocupação do solo. Por isso, deve ser

considerado como um processo dinâmico que vai desde a demarcação territorial

da região a ser planejada até a avaliação dos objetivos e instrumentos

estabelecidos.

O presente trabalho analisou os Planos de Bacias Hidrográficas do Comitê

de Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ)

referentes ao período 94/95 e 96/99, pretendendo estabelecer os pontos fortes e

fracos desses Planos. Contribuindo dessa maneira com a reflexão desse

importante instrumento de gestão ambiental.

Foi considerado na análise os planos diretores de alguns municípios

pertencentes à região em estudo, estabelecendo as relações deles com os planos

de bacias do CBH-PCJ. Isto se torna importante a partir do momento em que se

considera o Município como unidade administrativa da sociedade de um

determinado espaço, interagindo diretamente com a população e com o ambiente.

A gestão ambiental, especificamente a de recursos hídricos, tem a missão

de concatenar desenvolvimento econômico com a preservação e conservação do

capital natural, devendo promover o desenvolvimento sustentável, não somente

para garantir a qualidade de vida à geração presente, mas também à futura, não

somente à espécie humana, mas também a toda forma de vida na Terra.


3
2. OBJETIVOS

O objetivo geral da dissertação é analisar os planos de bacia do CBH-PCJ,

referente ao período de 1994 a 1997 e seus respectivos Relatórios de Situação.

A análise consiste em uma avaliação das relações existentes entre os

objetivos propostos, os instrumentos selecionados para atingi-los e os resultados

obtidos pelos planos de bacia, permitindo identificar pontos positivos e negativos

que contribuíram com a gestão dos recursos hídricos da região do Comitê de

Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, no período acima

citado.

Os objetivos específicos foram:

1. caracterizar a legislação sobre gerenciamento dos recursos hídricos no

Brasil e no Estado de São Paulo;

2. analisar os Planos de Bacias do Comitê de Bacias Hidrográficas dos Rios

Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) e os Relatórios de Situação de

1994 e 1995;

3. identificar as relações existentes entre os objetivos propostos, os

instrumentos selecionados e os resultados obtidos;

4. estabelecer relação entre o Plano de Bacias do CBH-PCJ do período

94/95 e o de 96/99;

5. analisar os planos diretores dos 6 municípios mais representativos da

unidade de gerenciamento do CBH-PCJ e identificar sua relação com os

planos de bacias.
4
3. METODOLOGIA

Uma das questões metodológicas diz respeito à classificação da pesquisa.

Hübner (1998) afirma que a literatura sobre a classificação da pesquisa é variada

e contraditória, ressaltando que o importante é estabelecer o critério para realizar

a classificação. Afirma, ainda, que o tipo de pesquisa depende das relações

estabelecidas pelo autor entre as variáveis centrais da pesquisa.

Para Lakatos (1992), os critérios para a classificação da pesquisa obedecem a

interesses, condições, campos, metodologia, situações, objetivos de estudo etc.

Um dos critérios utilizados para a classificação da pesquisa é a função prática da

mesma, o que dividiria a pesquisa em Pura ou Aplicada.

A pesquisa pura tem por finalidade aumentar o conhecimento teórico sobre

um determinado assunto, sem a intenção de aplicá-lo na prática.

A pesquisa aplicada tem, por finalidade, a execução prática dos resultados.

Um exemplo seria a teoria da relatividade (pesquisa pura). A pesquisa

aplicada utiliza essa teoria para desenvolver sua aplicação prática; por exemplo, a

bomba atômica ou reatores nucleares.

Outro exemplo: os físicos descobriram o fenômeno da dilatação, os

engenheiros aplicaram tal conhecimento para desenvolver materiais e técnicas

para a construção.

Os autores colocam outro critério importante e muito difundido nos meios

científicos, esse critério classifica a pesquisa segundo o seu processo

metodológico. Basicamente temos três classes: a pesquisa Experimental, a

pesquisa Bibliográfica e a pesquisa Descritiva.


5
A presente dissertação pode ser classificada como uma pesquisa descritiva,

pois irá, segundo Best citado por Lakatos (1992), descrever, registrar, analisar e

interpretar fenômenos atuais objetivando o seu funcionamento no presente.

Esse tipo de pesquisa é muito usado nas Ciências Humanas e Sociais, pois

as variáveis não podem sofrer interferência do pesquisador.

A dissertação a ser realizada parte dos seguintes pressupostos:

1º ) o planejamento se faz necessário e obrigatório para se atingir o

desenvolvimento sustentável;

2º ) o bom planejamento exige conhecimento profundo das leis e das

“casualidades intrínsecas que governam a situação a ser planejada”, Hilhorst

(1975);

3º ) os objetivos propostos em um plano devem considerar a situação

desejada em função da situação presente;

4º ) o planejamento deve considerar o tempo para provocar as

mudanças esperadas que possibilitem atingir as metas e os objetivos

propostos;

5º ) geralmente, há mais de um instrumento para atingir determinado

objetivo ou meta; portanto, a seleção do instrumento deve ser cuidadosa e,

além disso, considerar os objetivos propostos, o tempo necessário e os

custos de implantação;

6º ) a participação da sociedade civil no processo de planejamento

deve ser estimulada.

Partindo desses pressupostos foi analisado o Plano do Comitê de Bacia

Hidrográfica dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí referente ao período 94/95 e


6
os dois relatórios de situação (94 e 95). Em seguida foi analisado o plano de bacia

96/99.

A análise do plano de bacia 94/95 do CBH-PCJ examinou os objetivos e

diretrizes gerais, os instrumentos utilizados que foram traduzidos em propostas de

ações, nos Programas de Duração Continuada (PDC) e os resultados obtidos,

descritos nos relatórios de situação para os anos de 1994 e 1995. Na análise do

plano de bacia de 96/99, foram examinados somente os objetivos e as diretrizes

gerais, bem como as ações propostas nos PDC's, de forma a estabelecer uma

relação com o plano de bacia referente ao período 94/95.

Tais análises permitem uma reflexão sobre as relações entre os objetivos e

diretrizes gerais e os instrumentos utilizados, e as relações entre esses e os

resultados obtidos, de forma a estabelecer uma ligação com o plano de bacia

referente ao período 96/99. Diante da grande influência do uso e ocupação do

solo na qualidade e quantidade dos recursos hídricos e do disposto na Lei

Estadual 7.663, a qual estabelece a necessidade de articulação entre o

gerenciamento dos recursos hídricos com a gestão do uso e ocupação do solo, foi

realizado uma triagem junto às prefeituras dos 57 municípios, para identificar

quais possuem planos diretores. Houve a seleção de seis municípios em função

da população e do número de estabelecimentos industriais e de serviços. Após a

seleção dos municípios e através de suas prefeituras se obteve o plano diretor,

para que se pudesse realizar uma análise, identificando as metas e as ações que

constam do plano diretor que poderiam interferir direta ou indiretamente nos

recursos hídricos, verificando se estão de acordo com os objetivos e diretrizes

gerais dos planos de bacia do CBH-PCJ e sua relação com os programas de

duração continuada. A análise desses planos diretores foi dirigida a aspectos


7
relacionados ao crescimento urbano em áreas de mananciais, à localização das

indústrias, à proteção dos mananciais, à irrigação e ao saneamento básico.

No capítulo 4, apresentou-se a situação dos recursos hídricos no planeta,

salientando o importante papel da água na história da sociedade e mostrando a

má distribuição e a disponibilidade desse recurso pelo mundo. Procurou-se

mostrar que a disponibilidade da água está relacionada tanto a aspectos

qualitativos como quantitativos, enfatizando os prejuízos da poluição para a saúde

humana.

O capítulo 5 apresenta de forma sintética a questão da água no Brasil,

destacando o setor hidrelétrico e de saneamento.

A importância da Agenda 21 para a gestão ambiental é evidente. Por isso, o

capítulo 6 discute as suas propostas para os recursos hídricos. Tais propostas

foram sistematizadas pela Agenda 21 em sete programas que fazem parte da

discussão do capítulo.

O capítulo 7 apresenta a experiência estrangeira no gerenciamento dos

recursos hídricos, especificamente Espanha, França, Inglaterra e País de Gales e

os Estados Unidos, destacando-se o gerenciamento dos recursos hídricos no

Vale do Tennessee. Esses países são importantes pois, seus modelos de gestão

das águas serviram de base para outros países, inclusive o Brasil.

O capítulo 8 de forma sintética mostra a evolução e a atual política ambiental

brasileira, procurando evidenciar o elo com a política nacional de recursos

hídricos discutida no capítulo 9.

Por fim, os capítulos 10 e 11 fornecem subsídios fundamentais para a

análise realizada neste trabalho, os quais versam sobre a política de recursos

hídricos do Estado de São Paulo e a caracterização das bacias que compõem o


8
CBH-PCJ. A análise acima citada é realizada no capítulo 13 e os comentários e

conclusões no capítulo 14.


9
4. SITUAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO PLANETA

4.1.Água: alguns aspectos históricos

As águas, desde o início, tiveram influência marcante no desenvolvimento

das civilizações. Grandes cidades se formaram e desenvolveram-se às margens

de cursos de água como Roma, localizada na Bacia do Rio Tibre; a Cidade do

Cairo localizada na bacia do famoso Rio Nilo, onde se formou a civilização

egípcia; Paris formada na Bacia do Rio Sena e a Cidade de São Paulo, formada

na Bacia do Rio Tietê.

A água está presente desde os primórdios, ainda hoje, nas crenças, mitos e

nos rituais eclesiásticos. Segundo Rocha (1997), os sumérios cultuavam o Deus

Enki (Água Primordial), resultando em Apson (águas doces) e Tiamat (águas

salgadas); na Índia, as águas do Rio Ganges são consideradas sagradas e

diversos peregrinos há tempos fazem o ritual de se banharem nelas.

No cristianismo a água é utilizada no ritual de batismo e a Bíblia faz várias

citações às águas, dentre elas, o dilúvio.

A história das civilizações antigas relata que, há aproximadamente 4000

a.C., já havia canais de irrigação, galerias, manilhas, recalques, cisternas,

reservatórios, poços, túneis, aquedutos, medidores de água entre outros (Rocha,

1997).

Segundo Rocha (1997), os persas, em 2000 a.C., tinham leis proibindo o

lançamento de excretas em rios.

Já na era cristã, em 1126, foi construído o primeiro poço artesiano em Artois,

França, e o primeiro sistema de água encanada com canos de chumbo surgiu na

Inglaterra em 1127 (Rocha, 1997).


10
No Brasil, em 1561, Estácio de Sá mandou escavar o primeiro poço para o

abastecimento de água no Rio de Janeiro e em 1673 iniciaram as obras de

adução (Rocha, 1997).

O desenvolvimento da ciência permitiu ao homem uma compreensão entre

a qualidade das águas e as doenças e Penna (1923), em seu livro Saneamento

do Brasil, afirma: “Sanear o Brasil é povoá-lo; é enriquecê-lo; é moralizá-lo”

(Penna,1923) e mostra, através de uma ilustração (fig. IV-1), a relação entre a

falta de saneamento, as endemias, as epidemias e o descaso por parte dos

políticos, afirmando que tal situação estimulada pelos flagelos: politicagem e

ignorância geram a degradação da espécie, degeneram a raça e matam a

nacionalidade (Penna 1923).

Esse breve relato

histórico mostra que a

água sempre exerceu no

homem um fascínio que

extrapola suas

necessidades físicas

como também há

tempos já era alvo de

preocupação por parte

da população, devido à

contaminação e suas

conseqüências.
Figura IV-1: Gravura de 1923 retratando o desalento gerado pelo precário ou
inexistente saneamento básico. Fonte: Livro Saneamento do Brasil de Penna
(1923).
11

4.2.Água: Distribuição, Disponibilidade e Demanda

Apesar da grande quantidade de água que cobre a superfície de nosso

planeta e do ciclo hidrológico, a água disponível não é tão abundante e muito

menos inesgotável, como muitas pessoas em nossa sociedade crêem. Na

realidade, aproximadamente 97,5% da água do planeta é salgada e apenas

2,24% é água doce e, no entanto, boa parte dessa água doce está ou congelada

ou em aqüíferos profundos, sem a possibilidade de utilização. Portanto, o que

está disponível para o consumo é apenas 0,26% do total de água do Planeta

(UNESCO, 1997), permitindo afirmar que o importante é a disponibilidade da água

para a sociedade e não seu volume absoluto.

Na tabela IV-1 é possível verificar a má distribuição da água no planeta em

termos de vazão média e volume médio anual.

Uma análise constata que a África é o continente com menor volume de

água por área e a América do Sul, o continente com maior volume.

Tabela IV-1: Distribuição de Recursos Hídricos nos Continentes

Continente Europa Ásia África A. do Norte A. do Sul Oceania Antártica

Área
10.500 43.475 30.120 24.200 17.800 8.950 3.980
10 3 km2

Vazão Média
102.000 458.000 145.000 260.000 334.000 76.000 73.000
Anual m3/s
Volume Médio
3.210 14.410 4.570 8.200 11.760 2.388 2.310
Anual km3/s
Fonte: SETTI,1994 (UNESCO, 1978).
12
Além da má distribuição da água pelo globo, há diferença na disponibilidade

do recurso entre os diversos países, como também há diferença no consumo de

cada cultura.

A tabela IV-2 mostra a disponibilidade de água "per capita" nos rios de

alguns países da Europa, onde uma fração destes tem uma demanda de água

muito próxima de sua disponibilidade, como é o caso da Bulgária, de Malta e da

Hungria, segundo o World Resources Institute (1990).

Essa tabela permite verificar a grande variabilidade entre as demandas per

capita por ano nos países europeus, bem como a relação entre a disponibilidade

e a demanda, como é o caso da França, onde a demanda de água é igual a 1/5

de sua disponibilidade, enquanto Portugal consome aproximadamente 1/3 de sua

disponibilidade.

Um búlgaro consome cerca de três vezes mais água que um inglês e um

americano, em 1990, já chegava a consumir mais de quatro vezes

(2126m3/hab/ano), (Rebouças, 1997).

Tabela IV-2: Disponibilidade e demanda per capita anual de alguns países da Europa
Disponibilidade per capita Demanda total
País
nos rios m3/hab/ano m3/hab/ano
Albânia 3080 94
Alemanha 1300 671
Bélgica 850 917
Bulgária 2000 1600
Espanha 2800 682
Finlândia 22110 774
França 3030 606
Holanda 680 1004
Hungria 570 502
Inglaterra 2110 507
Islândia 671.940 349
Itália 3130 811
Malta 70 68
Noruega 96150 489
Portugal 3310 1062
Suécia 21110 479
Suíça 6520 502
Fonte: World Resources Institute, 1990.
13

Os argumentos, segundo os quais o alto consumo de água identifica o grau

de desenvolvimento do país, devem considerar os aspectos culturais e sociais. O

consumo está mais ligado a fatores sociais e políticos do que à situação de

desenvolvimento do país (Rebouças,1997).

Na tabela IV-3 verifica-se o consumo de água para o abastecimento público

por continente, onde a relação entre milhões de habitantes por quilômetro cúbico

de água retirada chega a ser muito grande. Enquanto 6 milhões de habitantes da

América do Norte consomem 1 km3 de água, na África, América do Sul e na

Europa essa quantidade é consumida por 58,9 milhões, 11,63 milhões e 10

milhões de habitantes respectivamente.

Tabela IV-3: Consumo doméstico de água por continente


População Água retirada Uso Consuntivo Efluentes
Continente
(milhões) Km3 (%) (%)
Ásia 2.932 88 60,23 39,77
A . Norte 411 66 33,34 66,66
Europa 496 48 20,83 79,17
A . Sul 279 24 58,34 41,66
África 589 10 70,00 30,00
Austrália e 26 4,1 29,27 70,73
Oceania
Fonte: World Resources Institute, 1990.

No caso da demanda de água para uso industrial, tabela IV-4, percebe-se

que dos 642,90 km3 de água retirada para tal uso, 45,73% referem-se ao

consumo da América do Norte, 30,02% da Europa e 18,35% da Ásia. Essa forma

de consumo nitidamente identifica o grau de desenvolvimento econômico do país,

(Setti, 1994).
14

Tabela IV-4: Demanda de Água para Uso Industrial


População Água retirada Consumida Efluentes
Continente
(milhões) Km3 (%) (%)
A . Norte 411 294 9,87 90,13
Europa 496 193 9,45 90,15
Ásia 2932 118 25,42 74,58
A . Sul 279 30 20 80
África 589 6,5 30,77 69,23
Austrália e Oceania 26 1,4 7,14 92,86
Fonte: World Resources Institute, 1990.

O alto consumo da América do Norte pode ser verificado também na

irrigação, tabela IV-5, onde a Europa, a Ásia e a América do Sul apresentam uma

demanda de 6,47; 9,29 e 8,24 quilômetros cúbicos de água para cada milhão de

hectare irrigado respectivamente e a América do Norte, 11,38 quilômetros cúbicos

de água por milhão de hectare irrigado.

Tabela IV-5: Demanda de água para irrigação


Continente População Áreas irrigadas Água Consumida Água
3
milhões Milhões ha Retirada km (%) Reciclada
hab (%)
Ásia 2932 140 1300 75,38 24,62
A . Norte 411 29 330 65,15 34,85
África 589 11 120 70,83 29,17
Europa 496 17 110 86,36 13,64
A . Sul 279 8,5 70 78,57 21,43
Austrália e Oceania 26 2 16 81,25 18,75
Fonte: World Resources Institute, 1990.

Como foi possível verificar, a América do Norte, com destaque para os

Estados Unidos (país que mais contribui para tais resultados), é o continente que

apresenta a maior demanda de água, seja por habitante no caso do uso

doméstico, seja por hectare irrigado, como também no uso industrial. Isso mostra

que o modelo de desenvolvimento utilizado hoje (baseado no americano) não leva


15
em consideração o fator ambiental e ignora a limitação dos recursos naturais,

estimulando o consumo pelo consumo, (Rebouças, 1997).

Essa tendência “norte-americana de desenvolvimento” compromete os

recursos naturais, e caso continue sendo adotada pelos países do globo, em

breve a situação da vida no planeta poderá estar comprometida, o que exige um

gerenciamento ambiental integrado para controlar o consumo exagerado.

Cada tipo de uso da água requer um grau de qualidade, incorpora uma certa

quantidade e provoca um determinado efeito nas águas, gerando conflitos de uso,

(Barth, 1999).

Na figura IV-2, os gráficos mostram a porcentagem de água retirada e

incorporada ao processo nos usos mais representativos, sendo a agricultura a

atividade que mais extrai e incorpora


Porcentagem de Água Retirada por Setor
o recurso (UNESCO, 1997).
10%
As características próprias de
20%

cada uso determinam, por exemplo, a

70% necessidade de derivação ou não,

agricultura indústria abastecimento além da qualidade da água e a


Porcentagem de Água Incorporada por Setor
porcentagem de incorporação da
4% 3%

mesma no processo, (Setti, 1994).

Na tabela IV-6 nota-se que os

diversos usos necessitam de um

93% padrão mínimo de qualidade das


agricultura indústria abastecimento

Figura IV-2: Gráficos de água retirada e consumida


águas a serem utilizadas, sendo um
pelos principais usos consuntivos no mundo.
Fonte UNESCO,1997. fator limitante para o desenvolvimento
16
econômico e social; portanto, objeto de preocupação por parte da sociedade e de

controle pelo Poder Público, (Lanna, 1987).

É possível verificar que o uso da água para o abastecimento urbano requer

uma certa qualidade que depende do tipo de tratamento e este depende da

qualidade das águas do manancial que será utilizado, o que influi em custo. Esse

tipo de uso como o industrial incorporam em torno de 10 a 20% de água, sem

considerar as perdas na rede física, (Barth, 1999).

Tabela IV-6: Usos da água e seus efeitos


Uso
Forma Finalidade Tipo de Uso Qualidade Efeitos
Consuntivo
Baixo, de 10% Altos ou médios,
Abastecimento: Poluição
Abastecimento sem contar as influindo no
doméstico, industrial, orgânica e
Urbano perdas nas custo do
comercial e público. bacteriológica
redes tratamento
Poluição
Sanitário, de processo, Médio, 20% orgânica,
Médios,
Abastecimento incorporação ao variando com o substâncias
COM DERIVAÇÃO

variando com o
Industrial produto, refrigeração e tipo de uso e de tóxicas e
tipo de uso
geração de vapor indústria elevação de
temperatura
Irrigação artificial de
Médios, Carreamento de
culturas agrícolas
Irrigação Alto, de 90% dependendo do agrotóxico e
segundo diversos
tipo de cultura fertilizantes
métodos
Doméstico Alterações na
Abastecimento
dessedentação de Baixo de 10% Médios qualidade com
Rural
animais efeitos difusos
Estações de piscicultura Carreamento de
Aquicultura Baixo de 10% Altos
e outras matéria orgânica
Alterações no
Perdas por
Geração Acionamento de regime e na
evaporação do Baixos
Hidrelétrica turbinas hidráulicas qualidade das
reservatório
águas
Lançamento de
Navegação Manutenção de calados
Não há Baixos óleo e
Fluvial mínimos e eclusagem
SEM DERIVAÇÃO

combustíveis
Recreação, Natação e outros Altos,
Lazer e esportes com contato Lazer especialmente
Não há
Harmonia direto, iatismo, contemplativo recreações de
Paisagística motonáutica contato primário
Com fins comerciais de Poluição
espécies naturais ou orgânica, física,
Pesca Não há Não há
introduzidas através de química e
estações de piscicultura bacteriológica
Melhoria da
Usos de Vazões para assegurar
Não há Não há qualidade da
preservação o equilíbrio ecológico
água
Fonte: BARTH, 1987.
17
Além disso, verifica-se na tabela IV-6 os efeitos nocivos que o tipo de uso

pode gerar tanto à saúde humana como aos ecossistemas.

4.3.Poluição das Águas

O termo poluição permite um número grande de definições, desde as

antropocêntricas até as holísticas. Segundo a Lei Federal N º 6.938, que dispõe

sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, poluição é toda ação capaz de

alterar, direta ou indiretamente, a qualidade ambiental de forma a:

- prejudicar a saúde, a segurança e o bem estar da população;

- criar condições adversas às atividades sociais e econômicas;

- afetar desfavoravelmente a biota;

- afetar as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

- lançar matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos.

O conceito de poluição definido na lei é bastante amplo. No caso dos

recursos hídricos, uma atividade poderia estar poluindo um manancial, mesmo

não afetando diretamente a saúde humana se, por exemplo, ao lançar seu

efluente já tratado, a atividade provocasse a migração de uma determinada

espécie de peixe; por estar a temperatura elevada, o que estaria afetando

desfavoravelmente a biota, gerando um desequilíbrio no ecossistema, além de

comprometer a atividade de pesca da região.

A definição de poluição, muitas vezes, é confundida com a de contaminação;

entretanto, contaminação é uma forma de poluição que prejudica a saúde física

do ser humano.
18
A poluição dos recursos hídricos pode advir de diversas fontes como

naturais, esgotos domésticos, efluentes industriais, drenagem de minas,

escoamento superficial, disposição inadequada do lixo e agropastoris (Mota,

1995).

Os esgotos domésticos apresentam uma composição razoavelmente

definida, variando apenas as concentrações em função dos hábitos e costumes

da cidade, do tipo de esgotamento e de outras contribuições além das

domiciliares. Apresentam proteínas, carboidratos, fosfatos, gorduras, óleos, uréia,

surfatans, fenóis, entre outras substâncias, além de bactérias, podendo estas

serem patogênicas ou não.

A DBO 5 dos esgotos domésticos gira ao redor de 300 mg/l conforme Mota

(1995).

Na tabela IV-7 são apresentadas as características dos principais resíduos

líquidos despejados por algumas das mais poluentes indústrias do Brasil.

A fonte agropastoril consiste, basicamente, no carreamento de fertilizantes,

pesticidas e excrementos de animais para as águas. No caso dos pesticidas

existem os organoclorados (com maior persistência) e o grupo dos

organofosforados. Já os fertilizantes são ricos em nutrientes, o que provoca a

eutrofização dos corpos hídricos, como as excretas de animais.

No caso do escoamento superficial, a sua composição está ligada aos

hábitos da população local; a lixívia do solo através da chuva pode levar aos

corpos d’água uma série de poluentes até mesmo contaminantes.

O lixo disposto inadequadamente, ao produzir o chorume, pode poluir e

contaminar os aqüíferos subterrâneos, em função da composição do mesmo que

está ligada aos costumes da localidade.


19
Tabela IV-7: Características dos resíduos de algumas indústrias
Processo Industrial Características dos Resíduos
Engenhos de açúcar DBO5 em torno de 1.000mg/l
Grande quantidade de proteínas, fibras e
sólidos.
Destilaria de aguardente e álcool Grande turbidez, pH baixo (cerca de 4), DBO5
superior a 7.000 mg/l, grande quantidade de
substâncias orgânicas sujeitas a fermentações,
teor de enxofre elevado, ácido sulfúrico e gás
sulfídrico.
Fábricas de celulose Odor forte, pH elevado podendo ultrapassar 11
unidades, grande quantidade de sólidos
sedimentáveis, sabões, breus, mercaptãs,
terebentina.
Indústrias têxteis Lanolina, ácidos orgânicos, ceras, resinas,
glúten, grande quantidade de sólidos em
suspensão, fibras, sais metálicos, tanino,
sabões entre outras.
Curtumes Sulfureto de sódio e cal, sólidos sedimentáveis,
cromo, tanino, tecido muscular, soro de sangue,
restos de pele, sebo e pêlos, DBO5 entre 1.000
e 1500 mg/l
Laticínios DBO5 entre 500 a 3.000 mg/l, entram
rapidamente em decomposição, grande
quantidade de matéria nitrogenada, gordura,
lactose e sais minerais.
Fonte: MOTA, 1981.

A poluição dos corpos hídricos pode provocar efeitos, como a redução da

penetração da luz, o que causará distúrbios ecológicos dentro dos ecossistemas

aquáticos; o assoreamento que, entre outras conseqüências, contribui com as

enchentes; o aumento da temperatura provoca a diminuição de oxigênio

dissolvido; as alterações na viscosidade e na tensão superficial podem provocar o

afundamento de seres vivos como aves e organismos aquáticos; a alteração no

pH pode provocar a morte da fauna e flora aquática, além de causar a corrosão,

influenciar no tratamento das águas e aumentar a toxidez de alguns compostos,

inviabilizando certos usos; a proliferação exagerada de macrófitas pode prejudicar

o equilíbrio ecológico no ecossistema aquático, causar prejuízos ao

abastecimento público, à navegação e às turbinas hidrelétricas e a presença de


20
microorganismos pode causar diversas doenças vinculadas à água (ver tabela IV-

8).

As águas podem permitir que agentes transmissores de doenças possam se

desenvolver, como é o caso do mosquito da dengue e da malária. Tais doenças

estão relacionadas ao sistema de saneamento adotado, pois a profilaxia de todas

elas é bem conhecida e a metodologia de controle, em geral, é simples.

Os compostos químicos causam intoxicação ao homem e aos demais seres

vivos, principalmente os metais pesados que apresentam a propriedade de se

bioacumularem, por apresentarem no meio aquático uma biodisponibilidade muito

alta, maior que em outros meios Vega (1985).

Um bom exemplo dos problemas gerados por falta de um sistema de

controle da poluição é o caso da Baía de Minamata, no Japão, onde a indústria

química Nippon Nitrogen Fertilizer foi responsável por 887 mortes e mais de 2 mil

indenizações devido ao lançamento de metilmercúrio nas águas da baía.

Instalada desde 1908 e responsável por 50% da produção do acetaldeído

japonês e por 90% da arrecadação da pequena cidade de Minamata, a suspeita

da contaminação de peixes só foi confirmada em 1956. Em 1968 foi interrompida

a produção de acetaldeído com liberação de metilmercúrio e, três anos após, a

produção de cloreto de vinila.

Autópsias feitas em pescadores possibilitaram verificar que as

concentrações ficavam 30 a 50 mil vezes acima do normal, gerando descontrole

dos membros, perda do equilíbrio, redução da visão, da fala, do olfato e da

audição, além de distúrbios mentais (LACERDA, 1977).

Hoje, sabe-se que sais orgânicos de mercúrio são mais facilmente

absorvidos que outras formas do metal e que fetos são quatro vezes mais
21
sensíveis ao metilmercúrio, enquanto uma pesquisa revela que recém-nascidos

apresentavam 20 a 30% mais mercúrio que suas respectivas mães (Lacerda,

1977).

Tabela IV-8: Doenças ligadas a água


Via de saída do Via de entrada no
Grupo Doenças
corpo humano corpo humano
Cólera; F O
Febre tifóide; F,U O
Doenças
Leptospirose; U, F P, O
transmitidas
Giardíase; F O
pela água
Amebíase; F O
Hepatite infecciosa F O
Esquistossomose
Doenças U P
urinária;
associadas à F P
Esquistossomose retal;
água C O
Dracunculose
Febre amarela; B B
Dengue e febre B B
hemorrágica;
Doenças cujos Febre do oeste do Nilo; B B
vetores se Encefalite por arbovirus; B B
relacionam Filariose Bancroft;
com a água Malária; B B
Ancorcercose; B B
Doenças do sono B B
B B
F= fezes; O= oral; U= urina; P= percutâneo; C= cutâneo; B= picada
Fonte: SETTI, 1994 compilado de SAUNDERS, WARFORD, 1983.

Esse exemplo mostra a necessidade e a importância de exames

toxicológicos ambientais para se determinar o nível de toxicidade de um

determinado efluente, além de estudos relacionados à cinética desses compostos

no ambiente, pois a sociedade não pode ficar desprotegida e à mercê da boa

vontade do Poder Econômico. Cabe, porém, à sociedade o papel de vigiar e

cobrar seus representantes e cabe ao Poder Público tomar medidas preventivas e

corretivas.
22
5. A QUESTÃO DA ÁGUA NO BRASIL

5.1.Aspectos Gerais

A América do Sul é um continente privilegiado em função do seu potencial

hídrico. O Brasil, país com uma grande área nesse continente e tendo boa parte

da Região Amazônica em seu território, possui 18% do potencial hídrico do

planeta e somente a Bacia Amazônica é responsável por 81% do potencial hídrico

superficial do país (Maia, 1997).

A Região Norte do Brasil possui 7,8% da população do país e sua

potencialidade hídrica corresponde a 79,7%. Já a Região Nordeste que apresenta

28,7 % da população, possui uma potencialidade de 2,3% (tabela V-1) (Maia,

1997).

Fica nítida a má distribuição dos recursos hídricos no país a associada a

esse fato há a questão do crescimento populacional de áreas com baixo potencial

hídrico, o que gera diversos problemas.

A Região Sudeste, responsável pela maior parte do PIB brasileiro e,

portanto, a região mais desenvolvida economicamente, gerou um quadro

socioambiental grave, pois 42,2% da população do país estão concentrados em

grandes centros urbanos, possuindo apenas 4,1% do potencial hídrico brasileiro

(Maia, 1997).

Para agravar a situação da região, o estágio de desenvolvimento tem

comprometido a qualidade das águas, como se pode verificar no Rio Tietê e no

Rio Piracicaba.

A demanda per capita de cada paulista é de 421 m3/ano; a do Acre, 144

m3/ano e a do Rio Grande do Sul, 1.216 m3/ano (DNAEE, 1991). O contraste


23
entre as demandas per capitas evidencia a necessidade de uma administração

dos recursos hídricos, de forma a evitar que 6,1% da população do Brasil

cheguem a consumir 17,8% dos recursos hídricos do país, como é o caso do Rio

Grande do Sul, enquanto 21,6% da população brasileira consomem 22% dos

recursos hídricos brasileiros, como é o caso do Estado de São Paulo.

Na tabela V-2 são apresentadas as demandas para a irrigação e para a

indústria nas regiões brasileiras.

Como foi visto, consumir muito não significa necessariamente ter um alto

desenvolvimento, mas pode significar um gerenciamento deficitário de recursos

hídricos.

Tabela V-1: Potencial e demanda per capita de água por Região do Brasil
Região População Potencial Demanda
Habitantes % M3/hab/ano % M3/hab/ano %
Norte 12.623.084 7,8 513.102 79,7 204 3,8
Nordeste 46.464.103 28,7 4.009 2,3 302 20,9
Centro-Oeste 10.890.945 6,7 69.477 9,3 355 5,4
Sudeste 68.400.270 42,2 4.868 4,1 436 44,5
Sul 23.688.758 14,6 15.907 4,6 436 25,4
Brasil 162.067.160 100 50.162 100 414 100
Fonte: DAEE, 1996 e IBG, 1996.

A região do nordeste possui o menor potencial hídrico do país e o clima semi-

árido faz com que a pluviosidade seja inferior a 600 mm anuais, sendo que em

diversos pontos não se atinge os 400mm anuais.

Tabela V-2: Demanda industrial e de irrigação por Regiões do Brasil


Vazão de
Pop. (1000hab) Vazão Industrial Área
Região Irrigação
Urbana Industrial Km3/ano (1000 ha)
km3/ano
Norte 5.880 71 0,01 10 0,06
Nordeste 34.812 538 0,55 261 3,90
Centro-Oeste 7.544 105 0,14 56 0,45
Sudeste 51.734 3.193 5,56 429 4,29
Sul 19.031 955 1,46 725 7,25
Brasil 119.001 4.862 7,80 1.481 15,94
Fonte: Barth, 1987 – com dados de 1980.
24
Segundo Conti&Furlan (1996), as chuvas da região semi-árida (Figura V-1)

são escassas, irregulares e têm a característica de serem torrenciais. Tal fato faz

com que a região apresente as médias térmicas mais altas do país (acima de

26ºC), tornando a questão da água um problema para a população, como é o

caso da região das Cabeceiras, na Paraíba, onde o índice pluviométrico gira ao

redor de 331mm/ano.

0º Equador

Trópico de Capricórnio
23 º 27’

Equatorial úmido Tropical

Equatorial semi-úmido Tropical de altitude

Semi-árido Subtropical
Figura V-1: O Clima No Brasil

Para se ter uma idéia do perfil de chuvas do semi-árido nordestino, na

estação chuvosa que compreende os meses de fevereiro, março, abril e maio na

região sul da caatinga, observa-se uma média de 40 a 60% da precipitação total

anual e, na região centro-norte, os percentuais giram ao redor de 60 a 85%


25
(Souza, 1998). Esse quadro, gerado em parte pelo relevo de baixas planícies e

pelos diferentes sistemas de circulação, torna a caracterização climática da região

do nordeste complexa (Gonçalves, 1993).

Apesar da situação dos recursos hídricos do Nordeste, apenas 3,98% do

potencial hídrico é utilizado, o que não justifica a afirmação de Rebouças (1997)

de que: “A situação de pobreza amplamente manipulada e sofridamente tolerada”.

No clima equatorial, úmido e semi-úmido, ao contrário do semi-árido, as

médias anuais de chuva são altas e, em alguns casos, superiores a 3000 mm/ano

(Gonçalves, 1993), como é o caso do clima equatorial úmido que contrasta com

os demais do país por apresentar média pluviométrica acima de 1000 mm anuais,

mesmo com médias de temperaturas maiores que 24 ºC.

No clima tropical, as temperaturas médias anuais ficam acima dos 18 ºC, e,

no tropical de altitude, inferior a esse valor. Outra característica do clima tropical

são as estações de seca e de chuva bem definidas.

As precipitações no clima subtropical são relativamente uniformes e atingem

médias acima de 1250mm anuais; já a temperatura fica geralmente abaixo dos 18

ºC.

Portanto, o clima determina que os rios sejam intermitentes ou não, impondo

à vegetação características específicas, como é o caso da caatinga.

As enchentes constituem um problema para diversas cidades brasileiras,

como São Paulo, Iguape, Blumenau e Camboriú. Como as secas, elas também

são provocadas por características climáticas e de relevo; contudo, a ação

humana pode contribuir para que esse fenômeno seja sentido com maior ou

menor intensidade pela população, exigindo mais uma vez um gerenciamento

adequado por parte dos responsáveis. A impermeabilização do solo, o


26
entupimento dos bueiros provocado pelo lixo urbano e o assoreamento dos rios

são exemplos de ações humanas que colaboram com os fenômenos das

enchentes.

5.1.1. As hidrelétricas e o Brasil

Uma das ações humanas que geram grandes problemas ambientais e

sociais são as hidrelétricas. O Brasil, por suas características hidrológicas, possui

um grande potencial hidrelétrico. Segundo a ELETROBRÁS (1990), esse número

é da ordem de 255 GW, tendo uma potência nominal instalada de apenas 58,65

GW, para o ano de 1990. Na tabela V-3, tem-se um quadro do potencial

hidrelétrico brasileiro por bacias hidrográficas.

Dos 176.193 GWh produzidos pela ELETROBRÁS em 1986, 94,26%

referem-se ao setor hidrelétrico; 5,66% ao setor termelétrico e 0,08% ao setor

termonuclear. O consumo apresentou um crescimento, em 1985, de 9,8% e, em

1986, de 8,5%, sendo a região Sudeste responsável por 59,60% do consumo

residencial nacional de eletricidade.

A Bacia do Rio Amazonas tem o maior potencial hidrelétrico do país com o

menor aproveitamento (0,4%), o qual está aquém das necessidades da região;

mesmo assim, visa atender as necessidades de outras regiões, já que os grandes

centros urbanos estão dispersos pelo Brasil.

Um fator negativo na exploração hidrelétrica dessa bacia é a sua topografia,

onde predominam os terrenos planos, exigindo a inundação de extensas áreas,

como é o caso da Usina Hidrelétrica de Balbina no Estado do Amazonas.

A represa de Balbina inundou uma área de 2400 km2 para produzir 250 MW de

potência; já a represa de Xingó, no Rio São Francisco, inundou uma área de 60


27
2
km para produzir 5.020 MW, o que significa um rendimento energético por área

inundada igual a 560 vezes o de Balbina (Branco, 1990).

Tabela V-3: Potencial Hidrelétrico do Brasil por Bacias Hidrográficas


Potencial % % %
Bacia Hidrográfica
MW operação/construção inventariado estimado
Rio Amazonas 105.500 0,4 29,1 70,5
Rio Tocantins 28.300 23,1 65,4 8,5
Rio Paraná 59.600 61,7 20,0 18,3
Rio Uruguai 17.100 1,6 83,2 15,2
Atlântico SE 6.500 22,0 22,2 55,8
Atlântico Leste 15.200 12,4 61,3 26,3
Rio São Francisco 19.700 51,8 33,5 14,7
Atlântico N/NE 3.100 12,3 1,7 86,0
Brasil 255.000 23,0 36,4 40,6
Fonte: DNAEE&ELETROBRÄS, 1990.

As Bacias do São Francisco, do Atlântico Leste e Sudeste, do Uruguai e do

Paraná são responsáveis pelo fornecimento de energia elétrica ao trecho de

maior concentração demográfica e industrial do país.

A Bacia do Rio Uruguai, localizada em uma região importante para o

Mercosul, poderá aumentar o seu aproveitamento hidrelétrico, principalmente

porque já foram inventariados 83,2% do seu potencial. Se isto ocorrer, há que se

ter uma série de cuidados para minimizar os impactos ambientais provocados

pela inundação de terras e alterações nos regimes dos rios, sem contar o impacto

sobre as populações ribeirinhas que dependem do rio para sua subsistência.

Atualmente, a orientação para o setor hidrelétrico é elaborar projetos para

usos múltiplos do rio a ser represado, diminuindo, assim, seu impacto

socioambiental.
28

5.1.2. O Saneamento e o Brasil

A questão da água no Brasil, sem dúvida, passa pelo saneamento básico,

pois o país apresenta diferenças regionais marcantes, gerando quadros que

comprometem a saúde da população.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saneamento é “o controle

de todos os fatores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer

efeito deletério sobre seu bem-estar físico, mental ou social”. Essa definição, que

incorpora o fator saúde, está de acordo com a definição de saúde da própria

OMS, “um estado de completo bem-estar físico, social e mental, e não apenas a

ausência de doenças”.

Partindo da definição de saneamento pela OMS, o Poder Público deveria

promover uma série de ações de controle ambiental para proteger a saúde da

população. Essas ações consistem em oferecer a toda a população serviços de

abastecimento de água potável em quantidade suficiente para garantir condições

básicas de conforto (Heller & Costa & Barros, 1995).

A coleta, o tratamento e a disposição dos esgotos sanitários são serviços de

saneamento que devem ser prestados à população de forma adequada e segura.

O Poder Público deve ainda prestar serviços de coleta, tratamento e disposição

dos resíduos sólidos produzidos por todas as atividades da região; coleta das

águas pluviais e controle de empoçamentos e inundações, além do controle de

vetores de doenças transmissíveis.

Conforme dados do IBGE (1989), apenas 8,4% dos municípios da região

Norte coletam seus esgotos e apenas 2,3% dão algum tratamento antes de lançá-

los em algum corpo hídrico (tabela V-4).


29
A região Nordeste que detém 28,7% da população do país possui uma

porcentagem baixa de municípios que coletam o esgoto, 26,1% e somente 3,6%

deles tratam de alguma forma esses resíduos, o que corresponde a 16,55% do

volume coletado (tabela V-5).

Já na região Sudeste, onde 91,0% dos municípios realizam a coleta de

esgotos, somente 15,0% deles dão alguma forma de tratamento, o que significa

19,41% de tratamento dos esgotos coletados.

Tabela V-4: Municípios que coletam, tratam e possuem ET para os Esgotos Sanitários por Região do Brasil
Coleta Tratamento ETE
Região Total
Nº % Nº % Nº %
Norte 298 25 8,4 7 2,3 2 0,7
Nordeste 1461 381 26,1 53 3,6 5 0,3
Sudeste 1430 1301 91,0 214 15,0 25 1,7
Sul 857 335 39,1 57 6,7 16 1,9
Centro-Oeste 379 49 12,9 14 3,7 3 0,8
Brasil 4425 2091 47,3 345 7,8 51 1,2
Fonte: IBGE, 1989.

O quadro não é confortador para as regiões como a Norte e Nordeste, onde

há uma pequena porcentagem de municípios que coletam esgotos domésticos em

relação às regiões desenvolvidas do país como a Sudeste onde, apesar da

maioria dos municípios terem seus esgotos coletados, há uma baixa percentagem

no volume tratado, tornando-se um fator complicador para o saneamento devido à

alta concentração de habitantes nas regiões urbanas.

O IBGE, no censo de 1991, classificou as instalações sanitárias dos

domicílios brasileiros em Rede Coletora, Fossa Séptica e “outras” formas.

Constatou-se que 37,7% dos domicílios da Região NE não possuem nenhuma

forma de instalação sanitária na Região Sudeste corresponde a 4,3% dos

domicílios (tabela V-6).


30

Tabela V-5: Volume de esgoto coletado, tratado e nas ETE.


Volume Volume
Região % V. ETE %
Coletado Tratado
Norte 91182 13822 15,16 1944 2,13
Nordeste 1076722 178178 16,55 8447 0,78
Sudeste 7836324 1521092 19,41 691778 8,83
Sul 1038679 281890 27,14 135759 13,1
Centro-Oeste 624916 129943 20,79 83374 13,3
Brasil 10.667.823 2.124.925 19,92 921302 8,64
Fonte: IBGE, 1989.

A tabela V-6 mostra que apenas 35,3% dos domicílios no Brasil apresentam

rede coletora e 14,7% não têm instalação sanitária o que, aliado à vala, uma

forma precária de afastar os esgotos, aumenta a probabilidade de veicular

doenças.

Tabela V-6: Domicílios por tipo de instalação sanitária nas Regiões do Brasil
Região Domicílios Rede % Fossa % Vala % Outras % Sem %
Norte 1.954.368 26.005 1,3 477.832 24,4 91.858 4,7 943.539 48,3 415.134 21,2
Nordeste 9.014.003 800.840 8,9 1.359.542 15,1 183.501 2,0 3.272.743 36,3 3.397.377 37,7
Sudeste 15.820.409 10.039.479 63,5 1.672.051 10,6 679.201 4,3 2.725.743 17,2 703.935 4,4
Sul 5.694.400 777.255 13,6 2.262.104 39,7 196.077 3,4 2.113.012 37,1 345.952 6,1
C. Oeste 2.251.535 613.384 27,2 170.270 7,6 23.940 1,1 1.207.945 53,6 235.996 10,5
Brasil 34.734.715 12.256.963 35,3 5.941.799 17,1 1.174.577 3,4 10.262.982 29,5 5.098.394 14,7
Fonte: IBGE, 1991.

Um dado pouco esclarecedor fornecido pelo IBGE é a coluna sobre “outras”

formas de instalação sanitária como: “fossa rudimentar”, e “outro tipo de

escoadouro”.

Sobre o abastecimento de água, verifica-se que 70,7% da população

brasileira recebeu água por rede geral, 18,9% através de poços ou nascentes e

10,4% por meio de “outras” formas de abastecimento de água. Os dados da

tabela V-7 refletem os domicílios com e sem canalização interna, rural e urbana.
31

Tabela V-7: Domicílios por Abastecimento de Água nas Regiões do Brasil


Rede Poço ou
Brasil Domicílios % % Outras %
Geral Nascente
Norte 1.954.368 873.773 44,7 797.010 40,8 283.585 14,5
Nordeste 9.014.003 4.753.637 52,7 1.572.809 17,4 2.687.557 29,8
Sudeste 15.820.409 13.415.164 84,8 1.975.359 12,5 429.886 2,7
Sul 5.694.400 4.032.234 70,8 1.511.553 26,5 150.613 2,6
C. Oeste 2.251.535 1.487.205 66,1 692.632 30,8 71.698 3,2
Total 34.734.715 24.562.013 70,7 6.549.363 18,9 3.623.339 10,4
Fonte: IBGE,1991.

A tabela V-8 coloca que 95,6% dos municípios brasileiros possuem sistema

de abastecimento de água e, do volume total de água distribuída, 96,1% é

tratada, ficando a região Norte e Nordeste com o maior percentual de água

distribuída não tratada.

As diferenças regionais quanto ao abastecimento de água e instalação

sanitária nas regiões brasileiras mostram a atual conjuntura do saneamento no

país e a necessidade de uma gestão dos recursos hídricos, de forma a garantir à

população brasileira condições adequadas de tratamento e afastamento dos

esgotos sanitários como abastecimento de água em quantidade e qualidade

suficiente para a preservação da saúde.

Tabela V-8: Abastecimento e volume de água tratada nos municípios do Brasil por região.
Recebem Distribuída Sem
Regiões Municípios % Tratada % %
Água m3/dia Tratamento
Norte 298 259 86,9 1.653.774 1.417.326 85,7 236.448 14,3
Nordeste 1461 1355 92,7 4.837.261 4.548.669 94,0 288.592 6,0
Sudeste 1430 1429 99,9 16.246.208 15.822.692 97,4 423.516 2,6
Sul 857 834 97,3 3.431.717 3.360.962 97,9 70.755 2,1
C. Oeste 379 352 92,9 1.694.980 1.630.876 96,2 64.104 3,8
Total 4425 4229 95,6 27863940 26780525 96,1 1083415 3,9
Fonte: IBGE, 1989.
32

6. O PLANEJAMENTO COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO

Gestão segundo Oliveira (1997) é:

Um sistema estruturado e intuitivo que consolida um conjunto de princípios,

normas e funções para alavancar harmoniosamente o processo de planejamento

de situações futuras desejadas e seu posterior controle de eficiência, bem como a

organização e direção dos recursos para obter os resultados esperados, com a

minimização de conflitos.

Cunha (1980) ao citar a problemática dos recursos hídricos de Portugal,

acentuada em função da grande porcentagem de suas águas provir da Espanha,

salienta a necessidade de pôr em prática políticas de gestão que permitam

encontrar soluções convenientes. Reforçando, portanto, o conceito de Oliveira

(1997) sobre a necessidade da gestão para dirimir ou diminuir conflitos de uso.

Estas soluções convenientes, citadas por Cunha (1980) e a minimização de

conflitos citada por Oliveira (1997), só se tornam possíveis através de um

planejamento sistêmico, integrado e estratégico.

Oliveira (1997) define planejamento estratégico como uma metodologia

gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida ..., visando maior grau

de interação com o ambiente.


33
Para Oliveira (1997) o planejamento estratégico deve considerar o sistema

como um todo, salientando ser inconcebível existir um planejamento estratégico

para cada segmento do sistema. Partindo desse princípio pode-se dizer que o

planejamento estratégico do uso dos recursos hídricos só se efetivará quando o

processo considerar todos os setores que se inter-relacionam, direta ou

indiretamente.

Nas empresas há o planejamento tático, instrumento utilizado por cada setor

da empresa para otimizar os resultados do mesmo (Oliveira, 1997). Esse conceito

aplicado ao planejamento de recursos hídricos seria o plano de cada setor,

agrícola, industrial, de saneamento, de navegação, de turismo e lazer, entre

outros.

Outro planejamento existente nas empresas é o operacional, mais específico

e exclusivo para obter um determinado resultado, previsto no plano tático do setor

e no plano estratégico da instituição (figura VI-1). No caso do gerenciamento dos

recursos hídricos correspondem, por exemplo, aos programas de despoluição,

projetos de obras de saneamento e programas de educação ambiental.

Figura VI-1: Tipos de planejamento e sua estrutura, segundo Oliveira (1997).


34
Lindgren (1991) considera o planejamento um processo que sempre

antecede a qualquer ação, o qual pode ser ou não sistematizado e resultando ou

não em sua formalização.

Turra (1988) apresenta duas definições para o planejamento, a primeira de

Dror (1968) e a segunda de Parra (1972):

“Planejamento é o processo que consiste em preparar um conjunto de

decisões tendo em vista agir, posteriormente, para atingir determinados objetivos;

Planejamento é uma tomada de decisões dentre possíveis alternativas,

visando atingir os resultados previstos de forma mais eficiente e econômica”.

Parra (1972) ainda afirma que deve-se “proporcionar meios para que se

possam tomar decisões corretas dentro de uma estrutura, sem colocar em

segundo plano a peça determinante da própria estrutura. Eis o ponto central do

planejamento”.

Complementando, Turra (1988) diz que o planejamento é a base para a

ação sistemática e requer que se pense no futuro.

Hilhorst (1975) e Lindgren (1991) dividem o processo de planejamento em

três grandes etapas:

1a] especificação dos objetivos;

2a] seleção dos meios e instrumentos a serem usados para que os objetivos

sejam alcançados;

3a] o uso dos meios e instrumentos.

Basicamente a especificação dos objetivos consiste em definir as

características da situação desejada (SD), diante da situação atual (SA)

(Lindgren, 1991).
35
A seleção do instrumento I é determinada pela menor diferença que o

mesmo possa estabelecer entre SD e SA, de forma que tal diferença tenda a

zero. Deve-se considerar que a situação atual varia no tempo e

conseqüentemente o instrumento I pode ser ideal para um tempo t, mas não para

um tempo t1 (Lindgren, 1991).

Há uma dependência entre as três etapas, onde é possível modificar os

objetivos em virtude dos instrumentos disponíveis, como modificar ou adaptar os

instrumentos disponíveis para se atingir os mesmos objetivos. Outra relação é

entre o uso dos instrumentos e os objetivos e entre o uso dos instrumentos e sua

seleção. Tais relações e dependências devem ser observadas com cuidado, esse

processo é conhecido como análise dos efeitos de retroalimentação, muito

importante na tomada de decisão (Lindgren, 1991).

Cunha (1980) coloca que o planejamento socioeconômico é imposto pela

necessidade de orientar racionalmente as atividades em termos global, setorial e

regional e que essa necessidade é sentida com maior intensidade quanto mais

importante e complexa for a atividade econômica a planejar, quanto mais fortes

forem as ligações ou implicações com outras atividades e quanto maiores forem

os recursos humanos, técnicos e financeiros envolvidos. Cita a importância de

integrar o planejamento dos recursos hídricos ao planejamento socioeconômico,

intervindo harmoniosamente com o planejamento nacional, setorial e regional.

Portanto, o planejamento dos recursos hídricos é considerado transversal e sua

função é essencialmente coordenadora.

O planejamento transversal dos recursos hídricos assegura uma interligação

entre o planejamento setorial e regional, cujo o processo de planejamento pode

ser melhor visualizado no fluxograma da figura VI-2 (Cunha, 1980).


36
Como se pode perceber da figura VI-2 o processo de planejamento é o

resultado da conjugação de intervenções dos técnicos e dos políticos.A

responsabilidade destinada aos políticos consiste fundamentalmente às fases em

que intervêm de forma mais decisiva os juízos de valores e aos técnicos cabe

responsabilidade de preparação e análise dos planos alternativos de forma a

colocar à disposição dos políticos elementos necessários à sua decisão (Cunha,

1980).
37

DEFINIÇÃO DE NECESSIDADES SOCIAIS


I NTERVENÇÃO
POLÍTICA
DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS SOCIAIS

DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS TÉCNICOS

REVISÃO TÉCNICA E
SOCIAL
C OLETA DE DADOS E SUA ANÁLISE
I NTERVENÇÃO
TÉCNICA

ELABORAÇÃO DOS PLANOS EM FUNÇÃO DOS OBJETIVOS TÉCNICOS

I NTERVENÇÃO ESCOLHA DO PLANO


POLÍTICA

I MPLANTAÇÃO DO PLANO
I NTERVENÇÃO
T ÉCNICA
CONTROLE DA IMPLANTAÇÃO DO PLANO

Figura VI-2: Proces s o de planejam ento dos recursos hídricos segundo Cunha (1980).

Esse plano pode ser revisto, técnica e socialmente, através dos Comitês de

Bacias Hidrográficas (CBH’s), o que caracteriza o planejamento como um

processo dinâmico, sujeito a uma contínua revisão e atualização.

A Assembléia Geral da Rede Internacional de Organismos de Bacias

(RIOB), realizada em Salvador (BA) em 1998, resultou em um documento com o

seguinte título: A Elaboração dos Planos Diretores de Aproveitamento e de

Gestão das Águas, o qual enfatiza a necessidade de planificar prazos realistas

que considerem o tempo para: a sensibilização da opinião pública e dos usuários;

as reformas administrativas criarem um quadro jurídico adequado; o estudo de


38
projetos e para a obtenção das autorizações e dos financiamentos necessários à

realização das obras, que constituem uma evidente limitação dos créditos que

obrigam a uma programação plurianual a longo prazo (RIOB, 1998).

Três são os habituais horizontes de planejamento, conhecidos como longo,

médio e curto prazos.

O planejamento a longo prazo define as diretrizes gerais de desenvolvimento

da política de gestão das águas e o estabelecimento de programas de execução

em termos globais (Cunha, 1980).

No planejamento a médio prazo define-se com maior detalhes, de forma a

caracterizar as relações entre a água e os vários setores da economia, as

necessidades de quantidade e qualidade da água nos diversos setores da

economia bem como das regiões de um país (Cunha, 1980).

Já no planejamento a curto prazo procura-se concretizar e especificar a

realização dos objetivos do planejamento a médio prazo, considerando a

evolução da situação econômica, as variações da disponibilidade e da demanda

de água e os avanços tecnológicos e da ciência no ramo (Cunha, 1980).

Para a RIOB a política de recursos hídricos é altamente consumidora de

capital e por isso se concebe para um período de 10 a 30 anos, portanto

horizontes a médio e a longo prazos. Cunha (1980) estabelece para um horizonte

de longo prazo o período ao redor de vinte e cinco anos, para horizontes a médio

prazo entre quatro a sete anos e para horizontes a curto prazo ao redor de um

ano. A RIOB atribui um período de cinco anos para ações a curto prazo.

Atualmente o planejamento é aplicado em dois níveis, o primeiro

corresponde às grandes bacias vertentes, com caráter de orientação geral

conhecido na RIOB como Plano Diretor de Aproveitamento e de Gestão das


39
Águas (SDGA) e o outro, com relação aos afluentes para os quais são elaborados

Planos Locais de Gestão das Águas (SLGA) com alcance mais prático e preciso,

adaptado-os às particularidades específicas do território (RIOB, 1980).

Mesmo não havendo um consenso sobre o período que os horizontes de

planejamento devem ter, é importante que se estabeleça esse período nos planos

de bacias; primeiro para que se possa realizar uma análise dos planos

considerando a variável tempo, segundo para que se possa tomar uma decisão

mais consistente.

Não há na legislação federal ou estadual referência aos períodos dos

horizontes de planejamento, embora se faça referência aos próprios horizontes.

No caso do Estado de São Paulo, os PERH’s apresentam um duração de

quatro anos, coincidindo com a duração do mandato do Governador do Estado. O

Rio Grande do Sul estabelece uma duração mínima de doze anos para o Plano

Estadual e quatro anos para os planos de bacias, os quais podem ser revistos a

cada dois anos.


40
7. A AGENDA 21 E OS RECURSOS HÍDRICOS

Diante da crise ambiental, em 1968, trinta e cinco personalidades de trinta

países, entre professores, cientistas, economistas e políticos, reunidos em Roma,

fundaram o Clube de Roma, uma organização não-governamental que, em 1972,

publicou o relatório The Limits of Growth o qual, através de modelagem, fez

previsões caso não houvesse modificações nos modelos adotados de

desenvolvimento econômico.

A modelagem via computador foi elaborada por uma equipe do

Massachussets Institute of Tecnology (M.I.T), formada por especialistas de várias

áreas, entre outras, agricultura, poluição e tendências sócio-políticas.

O modelo fornecia curvas de crescimento populacional, industrial e de

alimentos per capita, decréscimo dos recursos naturais e aumento da poluição,

entre outras variáveis analisadas. Para isso, foram imputados todos os dados

disponíveis relativos ao período de 1900 a 1970, sobre aspectos sociais,

econômicos e ambientais.

O modelo mostrou que o crescimento populacional, industrial e de produção

de alimentos impõe uma diminuição dos recursos naturais a ponto das variáveis

citadas começarem a decrescer.

Em um outro modelo, os recursos naturais foram considerados ilimitados, o

que geraria um aumento intensivo da poluição, afetando a produção de alimentos

e o aumento da taxa de mortalidade.


41
Considerando-se os recursos naturais ilimitados com um controle perfeito da

poluição e da natalidade, o modelo previa um quadro como o anterior, embora

bem mais lento.

Na figura VII-1,

podemos verificar um gráfico

com curvas resultantes da

modelagem para o período

1900 – 2100, elaboradas

pelo Clube de Roma

Figura VII-1: Resultados da modelagem sobre as perspectivas similarmente às do período


mundiais dos recursos naturais.
Fonte: Internet- www.paralibros.com/passim/p20-soc/pg2068cr.htm e
www.clubfrome.org 1900 – 2000.

Importante salientar a previsão de colapso do sistema após a queda brusca

da curva dos recursos naturais.

Mesmo muito discutidos, considerados por alguns como alarmistas, os

resultados apresentados pelo relatório do Clube de Roma têm sua importância

como instrumento de reflexão sobre o modelo de desenvolvimento e os padrões

de consumo; de modo geral e global, suas previsões estão ocorrendo.

Na Suécia, entre 5 a 16 de junho de 1972, 113 países participaram da

Conferência de Estocolmo, Suécia, conferência da ONU sobre o Ambiente

Humano, resultando em uma declaração.

Tal declaração consistia em um conjunto de 23 princípios, os quais

estabeleceram uma visão holística do ambiente e serviram de inspiração e

orientação à humanidade.
42
A declaração estabelece que os recursos não-renováveis devem ser

aproveitados, de forma a evitar o seu esgotamento e o seu uso deve ser

compartilhado por toda a humanidade, afirmando ainda que o desenvolvimento

econômico e social é indispensável para a melhoria da qualidade de vida e que o

homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de

condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade, sendo

portador da obrigação de proteger esse meio ambiente, melhorá-lo para as

presentes e futuras gerações.

Para que haja a preservação dos recursos naturais da Terra, em benefício

das gerações presentes e futuras, a declaração salienta a necessidade de um

cuidadoso planejamento seguido de uma adequada administração. Tal

administração, a fim de lograr um ordenamento mais racional dos recursos, deve

adotar um enfoque integrado e coordenado da planificação, assegurando a

compatibilidade do desenvolvimento com a proteção ambiental.

Ainda sobre a planificação, a declaração enfatiza que os Estados devem

cooperar com o direito internacional, segundo o qual eles são soberanos para

explorar os seus recursos e definir a sua política ambiental, desde que não

prejudiquem o meio ambiente de outros.

Em Dublin (Irlanda) foi realizada a Conferência Internacional sobre a Água e

o Meio Ambiente (CIAMA), entre 26 e 31 de janeiro de 1992, com o objetivo de

reunir especialistas de diversos países, tanto indicados pelos governos como de

organizações internacionais, intergovernamentais e não-governamentais,

resultando na Declaração de Dublin.

O objetivo da conferência foi discutir e redigir um documento por

especialistas para ser encaminhado em julho na ECO 92 aos dirigentes mundiais,


43
com recomendações para que eles pudessem se comprometer politicamente em

promover uma gestão de recursos hídricos totalmente nova, onde a participação

atinja desde o alto escalão do governo até os mais simples elementos da

sociedade, com a finalidade de estimular o desenvolvimento sustentável.

Os especialistas estabeleceram quatro princípios com a finalidade de

modificar o quadro atual de consumo, contaminação e das, cada vez mais

freqüentes, secas e inundações. Esses princípios foram estabelecidos para que

as medidas fossem tomadas no âmbito nacional e internacional, levando em

consideração a independência de todos os povos.

O documento em seus princípios coloca a água como um recurso finito e

essencial à vida; para isso, mostra a necessidade de uma gestão integrada, com

participação de todos os envolvidos, considerando a água um bem econômico.

Para se fazer cumprir esses quatro princípios, os participantes da

conferência propuseram um programa de ação para a mitigação da pobreza,

conservação e reaproveitamento da água, desenvolvimento urbano sustentável

entre outras ações para garantir a quantidade e a qualidade da água a todos os

habitantes do planeta, presentes e futuros, bem como garantir os ecossistemas

aquáticos.

Vinte anos depois da Conferência de Estocolmo, o Rio de Janeiro sedia a

Conferência Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como ECO

92. Essa conferência, com o propósito de avaliar a situação ambiental, identificar

estratégias para as principais questões ambientais e recomendar aos Estados

medidas a serem tomadas na esfera nacional e internacional para o

desenvolvimento sustentado, elaborou a Carta da Terra, acordos e tratados


44
internacionais e a Agenda 21, a qual estabeleceu objetivos, metas e

recomendações para os temas tratados na conferência.

Na Agenda 21, o capítulo (18), intitulado “Proteção da Qualidade e do

Abastecimento dos Recursos Hídricos: Aplicação de Critérios Integrados no

Desenvolvimento, Manejo e Uso dos Recursos Hídricos” é dedicado às águas.

Na introdução do referido capítulo, a Agenda 21 estabelece que, para haver

uma oferta de água de boa qualidade, faz-se necessário adaptar as atividades

humanas à capacidade de autodepuração dos recursos naturais através de um

manejo integrado das águas e minimização do desperdício.

Segundo a Agenda 21, o manejo integrado das águas consiste em se dar

prioridade à satisfação das necessidades básicas e à proteção dos ecossistemas

aquáticos e os demais usos devem ser cobrados por taxas adequadas. O manejo

integrado das águas deve cobrir as superficiais e as subterrâneas, considerar as

águas como um bem econômico e social, pois a qualidade e a quantidade

determinam a natureza de sua utilização, considerando ainda, o caráter multi

setorial do desenvolvimento e os interesses múltiplos de utilização.

A adoção da bacia hidrográfica como unidade para o manejo da terra e das

águas é outra recomendação do documento.

A Agenda 21 propôs, no item 18.5, sete áreas de programas para o setor de

água doce, que são:

A] desenvolvimento e manejo integrado dos Recursos Hídricos;

B] avaliação dos Recursos Hídricos;

C] proteção dos Recursos Hídricos, da qualidade da água e dos ecossistemas

aquáticos;

D] abastecimento de água potável e saneamento;


45
E] água e desenvolvimento urbano sustentável;

F] água para a produção sustentável de alimentos e desenvolvimento rural

sustentável;

G] impactos de mudança do clima sobre os Recursos Hídricos.

Nesses programas estão os objetivos, as atividades recomendadas, os

recursos financeiros, técnicos e científicos, a fim de garantir o manejo sustentável

das águas.

O compromisso assumido pelos países na ECO-92 em relação à Agenda 21

aumentou o debate específico das áreas tratadas no documento, permitiu a

formação de instituições internacionais sobre determinado problema ambiental,

facilitou o financiamento internacional de ações que possam promover os

compromissos assumidos, além de ter estimulado os países a modificarem ou até

criarem as estruturas institucionais relacionadas ao meio ambiente.

Um exemplo é a formação da Rede Interamericana de Recursos Hídricos,

cuja Secretaria Técnica da Rede está sob o comando da OEA.

Em outubro de 1993 em Miami, EUA, 400 profissionais e administradores do

setor de recursos hídricos de 19 países se reuniram para discutir e avançar as

iniciativas propostas na ECO-92 por um desenvolvimento sustentável.

Na Declaração de Miami, primeiro Diálogo Interamericano sobre

Gerenciamento de Recursos Hídricos, houve a proposta de se estabelecer a

Rede Interamericana de Recursos Hídricos (RIRH), cuja proposta é formar e

fortalecer parcerias dedicadas a questões de saneamento e gestão das águas.

Suas reuniões já elaboraram documentos onde os representantes dos

países assumem compromissos com a gestão de recursos hídricos de forma a


46
promover o desenvolvimento sustentável; entre elas, estão a Declaração de

Miami (1993) e a Declaração de Buenos Aires (1996).

Existe a Rede Internacional de Organismos de Bacia (RIOB) criada em Aix-

les-Bains (França) em 1994, com o objetivo de estabelecer entre os organismos

de bacia uma interação permanente, favorecendo o intercâmbio de experiências e

informações sobre a gestão global e durável dos recursos hídricos. Na RIOB, os

membros são: os organismos de bacias (federais ou nacionais) com pessoa

jurídica definida e orçamento próprio, a administração governamental

encarregada da água e as organizações de cooperação bi ou multilaterais ligadas

às grandes bacias do país.

A RIOB elaborou o documento “A Elaboração dos Planos Diretores de

Aproveitamento e de Gestão das Águas”, o qual fornece uma série de orientações

importantes para os Comitês de Bacias.

Por fim, vale citar a Associação Internacional de Recursos Hídricos (IWRA)

fundada em 1972, composta por mais de 1500 profissionais de recursos hídricos

em 105 países. O objetivo do IWRA é fornecer informação sobre a tecnologia

aplicada aos recursos hídricos e avançar no planejamento, gerência e tecnologia

dos recursos hídricos.

Apesar de ter sido fundada antes da ECO-92, a IWRA tem promovido

debates e difundido as recomendações da Agenda 21 no que tange às águas.

Uma das maneiras de estimular as recomendações da Agenda 21 é

promover o amplo debate entre a sociedade internacional, estabelecendo uma

interação entre os países, envolvendo-os de tal forma a se comprometerem com

as propostas discutidas e definidas, incentivando o Poder Público e a Sociedade

Civil de cada Nação a executá-las.


47
8. EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE GERENCIAMENTO DE

RECURSOS HÍDRICOS

8.1.Considerações Gerais

Inicialmente, faz-se necessário colocar um breve quadro do que acontece no

exterior, de forma a mostrar que a política hoje adotada pelo Brasil foi fruto

dessas experiências.

Existem atualmente dois tipos de gerenciamento das águas que serviram de

exemplo para outros países, um baseado no americano denominado Mercado das

Águas e o outro baseado no modelo francês, mais conhecido por privilegiar a

Negociação Coletiva, adotado pelo Brasil e que será melhor discutido no decorrer

do trabalho.

Um é diametralmente oposto ao outro, no que se refere à ideologia , suas

diferenças basicamente consistem em:

1 º] considerar a água um bem público ou privado;

2 º] direito ao uso ou à propriedade com possibilidade ou não de ser

transferível, separados ou não da propriedade da terra.

No caso do mercado de águas, faz-se necessário que a água seja

considerada um bem privado, onde a propriedade e/ou o direito do seu uso

possam ser comercializados, para tanto deve ser possível a transferência desse

bem a terceiros e é imprescindível que a propriedade da terra não seja vinculada

à água.

Há a necessidade de se estabelecer uma alocação inicial dos direitos à

água, que pode ser realizada segundo critérios como o baseado no consumo

histórico (o Chile adotou esse método), ou baseado nos leilões (como na


48
Austrália) ou ainda com base na capacidade de fazer uso beneficente da água

(como na Califórnia, EUA).

8.2.Gestão Americana

Antes de entrar em vigor a legislação de 1965, havia duas formas distintas

de uso: na região onde existia a abundância de recursos hídricos, o direito era o

ribeirinho e onde existia escassez, o direito era atribuído a quem chegasse

primeiro na fonte, criando uma série de problemas, que levaram à publicação de

uma Lei Federal relativa ao planejamento com o princípio de considerar uma

abordagem global dos problemas ligados ao uso da água (Setti, 1994). A partir de

1965 todos os Estados publicaram normas para o controle da poluição das águas

atribuídas as agências estaduais. Em 1972 a Lei Federal estabeleceu novos

parâmetros para a recuperação da qualidade dos rios e o controle rígido de novas

fontes poluidoras das águas, ficando a EPA (Environment Protection Agency)

responsável pelo desenvolvimento de técnicas de tratamento com a co-

participação do Governo Federal na análise e fiscalização do cumprimento das

normas (Souza, 1981).

A lei de 1965 criou o Conselho dos Recursos Hídricos com as seguintes

atribuições: 1- preparar periodicamente um balanço dos recursos hídricos e as

necessidades em cada unidade de gestão; 2- manter um estudo continuado das

relações entre os planos e programas em relação às necessidades das maiores

regiões do país, 3- adequação dos meios administrativos e institucionais à

coordenação das políticas e programas da água; 4- avaliar a adequação das

políticas e programas; 5- fazer recomendações ao Presidente dos EUA sobre as

políticas e programas federais; 6- estabelecer os princípios, normas e processos a


49
serem utilizados pelas agências federais na preparação de planos globais, após

consulta a outras entidades e com aprovação do Presidente, bem como rever os

planos (Souza, 1981).

Após ter sido definida a unidade de gestão, é possível a criação das

Comissões de Bacias Hidrográficas, por proposição do Conselho de Recursos

Hídricos e para terem aprovadas devem ser apoiadas pelo Conselho e no mínimo

pela metade dos Estados, às vezes é necessário ¾ dos Estados. As comissões

são responsáveis por coordenar os planos; preparar e manter um plano global e

recomendar prioridades a longo prazo (Cunha, 1980).

A Lei de 1965 concede empréstimos a juros especiais aos Estados, após

aprovação do Conselho de Recursos Hídricos (Souza, 1989).

Para regular o uso das águas subterrâneas foram criadas quatro doutrinas.

A primeira delas, estabelece que o proprietário pode captar água sem limitações

em furos e poços abertos; a doutrina da utilização razoável propõe um uso

racional; a doutrina dos direitos correlatos, adotada na Califórnia aceita a

utilização razoável enquanto houver recursos suficientes, estabelecendo, a partir

daí, um uso limitado pelo tamanho da terra sobrejacente ao aqüífero; e, por fim, a

doutrina da apropriação que aceita o princípio da aquisição do direito da

propriedade sobre uma certa quantidade de água, desde que se satisfaça uma

série de requisitos legais (Souza, 1989).

Ainda segundo Souza (1989), as leis diferem em seu teor e rigor, devido à

descentralização dos estados, seguindo a ideologia do liberalismo econômico e

com o governo interferindo somente quando a atividade privada não corresponder

aos interesses públicos.


50
Geralmente a cobrança pela utilização da água é proporcional ao volume

captado. No caso dos agricultores o consumo é medido em hectares por ano.

A divulgação dos resultados e discussão dos problemas é feita mediante

jornais, rádios e televisões nacionais e regionais aumentando o interesse e a

participação pública (Souza, 1989).

Portanto, é um sistema centralizado em órgãos governamentais em que a

ação executiva é realizada por empresas privadas que se submetem às

determinações dos órgãos governamentais (Setti, 1994).

8.2.1. O Planejamento do Vale do Tennessee

Um exemplo de sucesso na gestão de recursos hídricos é a do Vale do Rio

Tennessee. Com origem nos montes Apalaches do Sul, o Vale tem pesado índice

pluviométrico anual, sendo o escoamento dessas chuvas, o principal causador de

correntes, inúmeras delas, percorrendo caminhos tortuosos e semeados de

pedras, que deságuam em diversos pontos do Tennessee. Seu curso desce 0,77

pés por milha percorrida (ou sejam 15,7 cm por km), com um desnível total de

(165m) entre a origem e a foz. A quantidade de água que transportava em seu

estado natural era tão irregular quanto o seu curso. Em Florence, no Alabama,

ponto médio do rio, seu fluxo era, no inverno, vinte vezes maior que no verão

(Droze, 1965).

Durante séculos o Vale do Rio Tennessee foi alvo de discussões para uma

melhor utilização, principalmente para fins de navegação, além de diversas

tentativas no que tange ao desenvolvimento dessas e outras atividades, como

energia elétrica, que fazem parte da história do rio. Todas elas, porém, foram

infrutíferas, até 1933, com a criação da Comissão do Vale do Tennessee (TVA),


51
entidade federal que em menos de uma década transformaria o turbulento rio

numa série de lagos e águas tranqüilas, propiciando a navegação a uma

profundidade de aproximadamente 2,7 metros, controlando as enchentes e

fornecendo água para a produção de energia elétrica (Droze, 1965)

Ficou a cargo de uma corporação nomeada pelo Governo a iniciativa dos

empreendimentos privados, tendo como principal órgão atuante a própria TVA

(Droze, 1965).

As primeiras dificuldades encontradas eram relativas aos próprios esforços

que tinham se desenvolvido anteriormente no intuito de viabilizar o rio para a

navegação (Droze, 1965).

Diversos problemas foram gerados com as ações da TVA entre eles o

conflito entre os órgãos envolvidos, sendo que alguns deles queriam o

desenvolvimento de programas para uso múltiplo imediato dos recursos,

enquanto a TVA pretendia primeiro o desenvolvimento da área de energia

elétrica. Todas as decisões políticas de maior relevância eram tomadas pelo

governo e este, em última instância dava apoio à TVA. Um grande

descontentamento ia se formando em torno deste fato, descontentamento esse

que só foi amenizado com o início da construção das represas Norris e Wheeler

(Droze, 1965).

No entanto, crescendo proporcionalmente à diminuição das críticas, estava a

cobrança dos estados visando seus interesses na construção de barragens,

programas de navegação, etc., resultando no surgimento de pressões políticas e

discussões em torno da legalidade da TVA, que culminou com a obtenção na

justiça, por alguns congressistas, do cancelamento de um contrato de geração de

energia elétrica da TVA com a Alabama Power Company. Posteriormente a esse


52
acontecimento, surgiram enormes ameaças de inconstitucionalidade da TVA, que

provocaram uma série de mudanças na lei básica, limitando seriamente as

atividades do órgão(Droze, 1965).

Após longa batalha judicial houve novas mudanças no estatuto oficial

tornando a navegação e o controle das enchentes os principais objetivos da TVA,

sendo a produção de energia elétrica, um resultado acidental no melhoramento da

navegação e controle das enchentes. Apesar da mudança de rumos, achava-se a

TVA ainda presa ao forte domínio do legislativo, culminando em uma reunião do

Congresso em 1935, o qual decidiu assegurar maior controle sobre a aplicação

dos fundos públicos. Este fato exigiu a revisão do programa original e,

posteriormente, a TVA se viu envolvida em uma batalha que visava a obtenção de

verbas para a construção de represas, esbarrando no interesse de alguns

congressistas em tolher o órgão na aplicação dos fundos, uma tentativa clara de

controlar indiretamente o programa da TVA (Droze, 1965).

Após mais algumas batalhas judiciais, em meados de 1936, o Congresso

parecia haver ajustado seu modo de pensar com o da TVA, chegando a um

consenso para o desenvolvimento dos rios para navegação (Droze, 1985)

Os resultados foram observados posteriormente com a renda per capita da

região ultrapassando a do conjunto do território americano em crescimento, as

dezenas de enchentes evitadas, o transporte do rio multiplicado por treze até

1957, as várias usinas hidrelétricas instaladas e o aumento significativo dos

rendimentos agrícolas ocasionados pela eficiência na irrigação. Houve também

um crescimento industrial com o desenvolvimento dos pólos Knoxville, Bristol,

Chatanooga, Ashville, Gadsen, Memphis e Nashville (Scheinowitz, 1983).


53
Esse progresso, no entanto, teve seu preço. Algumas das conseqüências

foram o fechamento de numerosas minas, principalmente na região dos

Apalaches, a mecanização da agricultura que mantém altas as taxas de

desemprego e outros. O maior problema detectado tem sido a concepção

econômica americana, que afasta o poder público do intervencionismo na marcha

dos negócios, não permitindo a tomada de medidas indispensáveis à

reestruturação da região (Scheinowitz, 1983).

8.3.Gestões Inglesa e Galesa

A Inglaterra e o País de Gales sofreram várias modificações institucionais a

última ocorreu em 1995, com a criação da Agência Ambiental da Inglaterra e do

País de Gales com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável.

Primeiramente, subsistia nestes dois países a prática do sistema de direitos

ribeirinhos, semelhante ao americano. As modificações no sistema legal tiveram

início a partir da aprovação da Lei de 1948, relativa às Administrações Fluviais,

depois pela Lei de 1951, relativa à preservação da qualidade dos rios e pela Lei

de 1963, referente aos recursos hídricos que delegou responsabilidades, para

captação de recursos hídricos, a licenças que seriam expedidas por Autoridades

Fluviais correspondentes.

Com base em um parecer emitido em 1971 que chamava a atenção para a

necessidade de uma redução e hierarquização, em 1973 o Parlamento aprovou a

nova Lei das Águas, criando 10 Autoridades Regionais que se responsabilizariam

pelos usos genéricos das águas, correspondendo às principais bacias

hidrográficas, sendo 9 na Inglaterra e 1 no País de Gales.


54
O Governo Central seria o principal responsável pela política de gestão das

águas, tendo subordinado a ele diversas entidades que incluem:1- Secretarias,

Ministérios e Autoridades Nacionais; 2- Autoridades Regionais; 3- Autoridades

Locais (redes de esgoto) e Cias. Estatutárias fornecedoras de Água.

A Autoridade Nacional estabelece estratégias para o uso dos recursos

hídricos; as Autoridades Regionais ficam responsáveis pela conservação,

drenagem, distribuição, etc., dentro de uma gestão integrada e participativa,

através da divulgação via mídia impressa.

No caso da captação de água, há cobrança a partir do volume autorizado,

desde que o utilizado não o ultrapasse, utilizando-se coeficientes de finalidade da

água captada, época do ano e região considerada, com períodos de 5 anos de

concessão, conforme aprovação do Governo Central. Não existem tarifas fixas

determinadas para o lançamento de efluentes e dejetos, mas se os valores

constantes nas licenças forem ultrapassados, ficam os infratores sujeitos a multas

ou prisão. Apenas as indústrias conectadas à Rede Pública pagam taxa de

saneamento proporcional à carga poluidora.

A pouca eficiência e fragilidade deste sistema é verificado nas volumosas

dívidas contraídas pelos organismos responsáveis por sua formulação.

Atualmente o órgão responsável pela água é a National Rivers Authority

(NRA), criada em 1989, que tem como função proteger o ambiente aquático. Para

manter a qualidade das águas, a NRA regula de perto as quantidades de

descargas em águas interiores e no litoral. Os usuários necessitam obter uma

licença da NRA para lançamentos de descargas. A NRA cobra uma taxa anual

para a licença de lançamentos.


55
Para controlar e monitorar o nível de lançamento a NRA é dividida em 8

regiões administrativas da água conforme a figura VIII-1. Existem

aproximadamente 100 mil lançamentos, dos quais 50 mil são taxados e com os

9.000 lançamentos novos a cada ano, são gerados ao todo 40 milhões de libras

anuais para a NRA.

A representação das comunidades e dos usuários é viabilizada através dos

Comitês Regionais de Serviços dos Consumidores (Consumers Services

Committes).

Portanto é um sistema centralizado em órgãos governamentais onde a ação

executiva é realizada por empresas privadas que se submetem às determinações

dos órgãos governamentais.

Figura VIII-1: Mapa esquemático das oito regiões administrativas da água na


Inglaterra. Fonte: Internet Agency Environment England, nov.1999.
56

8.4.Gestão Francesa

Na França a Lei de 9 de abril de 1898 organizou os princípios de uma

política administrativa e em 1964 a lei permitiu criar um sistema de gestão

racional das águas: reforço da Legislação e da Regulamentação aos Recursos

Hídricos; instituiu a bacia hidrográfica como unidade básica do gerenciamento,

apresentando 6 regiões hidrográficas.

Organiza-se em Comitê de Bacia e Agência de Bacia. O Comitê é um

verdadeiro Parlamento da Água, é o organismo base e se constitui de partes

iguais de representantes das três categorias: de usuários; da coletividade local

eleitos pelos Conselhos; do Estado, designado pelo governo.

É consultado sobre os programas de intervenção da Agência, elege o seu

Conselho de Administração (exceto os do Estado) e exerce ação decisiva na

fixação do montante das tarifas que financiam os programas. Portanto os comitês

tem função normativa e consultiva.

A Agência de Bacia tem personalidade civil e autonomia financeira, com

responsabilidade de ajudar tecnicamente e financeiramente a luta contra a

poluição da água e o planejamento racional dos recursos hídricos. As

intervenções das Agências convergem em atribuir subsídios e empréstimos para

a realização de obras de interesse comum e contribuir na execução de estudos e

pesquisas, para equilibrar seu orçamento. As Agências são autorizadas a criar

suas próprias fontes de financiamento através de cobranças de tarifas aos

usuários de água, sejam do setor público ou privado, pela quantidade consumida


57
e pela deterioração da qualidade das águas. As Agências não são responsáveis

pela execução de obras que ficam a cargo dos municípios e do setor público ou

privado. As agências são administradas por um Conselho de Administração

composto por 20 membros, onde 10 são dos ministérios, 5 representantes da

coletividade, 5 representantes dos usuários, designados pelos Comitês de Bacia.

Ao Conselho de Administração cabe deliberar sobre o orçamento, sobre

programas gerais e sobre as tarifas que financiam as Agências.

A figura VIII-2 mostra o mapa da França dividido em seis Unidades de Bacia

Hidrográfica.

Figura VIII-2 : Divisão por bacias hidrográficas da França.


1.Seine-Normandie; 2.Adour-Garonne; 3.Loire-Bretagne
4.Rhône-Mediterrane; 5.Rhin-Meuse; 6.Artois-Picardie.
Fonte : INTERNET - Agences de l’Eau, 1998.

As agências já concluíram seis planos e o sétimo compreenderá o período

de 1997 a 2001, em cada um desses planos são estabelecidas metas.

No primeiro plano as metas eram diminuir a matéria em suspensão e a

matéria orgânica, estes foram os parâmetros que serviram para o cálculo dos
58
impostos. A tabela VIII-1 permite uma visualização da composição de cada

comitê, onde é possível verificar que o número de elementos no comitê pode

variar a critério de cada um.

Tabela VIII-1: Composição dos Comitês das Bacias Francesas


Bacia Total
1.Seine-Normandie 103
2.Adour-Garonne 84
3.Loire-Bretagne 114
4.Rhône-Mediterrane 107
5.Rhin-Meuse 61
6.Artois-Picardie 66
Fonte: INTERNET – Agences de l’Eau, 1998.

8.5. Gestão Espanhola

A Espanha adotou a partir de 1985 uma gestão integrada dos recursos

hídricos, seu modelo seguiu o francês, embora atualmente haja uma discussão

sobre a implantação de um sistema de mercado de águas, onde alguns

defensores dos mercados de água não aceitam que a água seja um bem privado.

A legislação em vigor considera a bacia hidrográfica como unidade de

gestão e a água um bem público permitindo utilizar instrumentos econômicos no

gerenciamento dos recursos hídricos e a negociação com participação dos

envolvidos.

As responsabilidades administrativas das bacias podem ser das

Comunidade Autônomas quando as bacias estão totalmente inseridas na região

de abrangência da Comunidade Autônoma. Quando a bacia abrange mais de

uma Comunidade Autônoma forma-se outro organismo de bacia denominado

Confederaciones Hidrográficas, onde o Governo Central possui a competência

administrativa.
59
Aos municípios cabe a administração dos sistemas de abastecimento e

saneamento.

As confederações hidrográficas são entidades de direito público, com

personalidade jurídica própria e distinta do Governo Central e possuem plena

autonomia funcional e estão ligadas ao Ministério de Meio Ambiente.

Embora haja autonomia para as confederações em gerenciar seus recursos

financeiros, estes são limitados e portanto recebem recursos de fundos

provenientes da Diretoria Geral de Obras e Hidráulicas e Qualidade das Águas.

A administração das confederações é através da Junta de Governo formada

por representantes da administração Central, das Comunidades Autônomas e dos

representantes dos usuários.

A Diretoria Geral de Obras Hidráulicas e Qualidade das Águas tem como

função elaborar e rever o Plano Hidrológico Nacional (PHN) bem como fornecer

assistência aos organismos de bacias para que estes possam elaborar seus

planos de bacias. A esse organismo se atribui a função de realizar e supervisionar

o controle de projetos e obras de infra-estrutura hidráulica através da gestão dos

organismos de bacia.

O Conselho Nacional da Água é o órgão consultivo máximo, no qual

participam todos os segmentos envolvidos nos recursos hídricos, como usuários,

Administração Central e das Comunidades Autônomas, associações,

universidades, centros de pesquisas, organizações empresariais e sindicais.

Nas confederações existem, conselhos consultivos que apresentam funções

similares ao Conselho Nacional.


60
Tanto o Plano Nacional como os de Bacia obedecem a normas definidas em

lei que ao final do período resultam em relatórios de situação, avaliando os planos

antecessores e servindo de subsídios para a elaboração do próximo plano.


61

9. A EVOLUÇÃO DA POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA

9.1.O Contexto Histórico da Política Ambiental brasileira

Turner (1993), economista ambiental, afirma que o capital global é formado

por um estoque de capital natural, capital humano, capital físico ou tecnológico,

capital moral e capital cultural e que o desenvolvimento pode ser mantido caso o

capital natural diminua, se os demais capitais forem incrementados de forma

compensatória. Entretanto a dificuldade da sociedade em aceitar a compensação

ou a substituição de um determinado capital por outro, levou o economista a

definir quatro posicionamentos da sociedade em relação ao meio ambiente: o

neo-liberal; a economia ambiental de mercado; o comunalismo e o ambientalismo

radical.

Basicamente o posicionamento neo-liberal ou tecnocentrista consiste em

considerar a tecnologia uma forma de substituir as perdas dos recursos naturais,

sem comprometer o desenvolvimento. Em outras palavras o capital tecnológico é

suficiente para suprir a redução de capital natural. Prega o livre mercado e a

exploração dos recursos naturais orientados pelo desenvolvimento (Turner, 1993).

A economia ambiental introduz a noção do Padrão Mínimo de Segurança

(PMS) que consiste em definir o ponto crítico de sustentabilidade, o qual abaixo

do mesmo seria impossível mantê-la. O PMS seria socialmente negociado. Aceita

o livre mercado, desde que o mesmo respeite a capacidade de assimilação do

ambiente (Turner, 1993).

O comunalismo sustenta que em virtude do capital natural ser, pelo menos,

parcialmente insubstituível que a escala de desenvolvimento não deveria declinar

ou aumentar, atingindo assim, juntamente com o crescimento populacional zero, a


62

economia de estado estacionário. Esse posicionamento considera a hipótese de

Gaia, no sentido de que a biota em conjunto com o meio físico são componentes

auto-reguladores de um mesmo sistema, portanto o desequilíbrio gerado pela

ação do homem acabaria sendo auto-regulado.

Já o ambientalismo radical é considerado um posicionamento ecocêntrico

baseado, também, na hipótese de Gaia e na economia com limites

termodinâmicos, com mínima taxa de fluxo de matéria e energia, para tanto seria

necessário reduzir a taxa de desenvolvimento e a taxa populacional, já que o

desenvolvimento já ultrapassou o ponto crítico de sustentabilidade.

O Brasil adotou ao longo de sua história de política ambiental, segundo a

classificação de Turner (1993), dois dos posicionamentos descritos, inicialmente o

tecnocentrista, no período entre 1930 e 1981, com restrição ao livre mercado e o

da economia ambiental, o qual está sendo adotado pela sociedade. No decorrer

do presente item será possível identificar tais posicionamentos no contexto

histórico da política ambiental brasileira de forma a compreender sua evolução.

O desenvolvimento econômico brasileiro, historicamente caracterizou-se por

enfatizar a exploração de determinados recursos naturais, os chamados “ciclos”,

como o do “Pau Brasil”, o da “Cana-de-Açúcar” e o da “Borracha”, privilegiando o

crescimento a curto prazo, onde a importação de tecnologias e capital formaram

grandes áreas industrializadas, acelerando o processo de urbanização

(Monosowski, 1989), para ilustrar, em 1960 45% da população brasileira era

urbana e em 1991 chegava a 75%, segundo o IBGE.

A falta de políticas sociais que acompanhassem o crescimento populacional

das metrópoles e o descaso por parte do Poder Público, geraram a degradação

do ambiente urbano, onde a falta de infra-estrutura, que proporcionasse uma vida


63

digna, aliada a inúmeras formas de poluição causadas pela industrialização

crescente criaram impactos na economia (deseconomias externas) que

atualmente comprometem o desenvolvimento econômico e social (Rebouças,

1997).

Segundo Monosowski (1989), o Poder Público iniciou suas ações no campo

das políticas ambientais a partir de 1934, com os decretos 23.793 e 24.643,

referentes ao Código Florestal e ao Código das Águas respectivamente,

denominando esse período de administração dos recursos naturais, pois com o

início do processo de industrialização o objetivo principal, adotado pelo Poder

Público, foi o de regulamentar a apropriação de cada recurso natural, o que se

pode verificar através da legislação adotada (ver tabela IX-1).

Para potencializar o desenvolvimento econômico o Poder Público criou em

sua administração federal agências setoriais como o Ministério das Minas e

Energia, o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, o Instituto

Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, o Departamento Nacional de Prospecção

Mineral, a Superintendência de Desenvolvimento da Pesca, o Instituto do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e o Instituto Nacional de Colonização e

Reforma Agrária, todos criados na década de 60 (Monosowski, 1989).

A falta de articulação entre os diversos órgãos gerou ações isoladas e não

coordenadas, culminando em sobreposição de medidas e até mesmo em medidas

conflitantes entre os órgãos. As pequenas e escassas verbas criavam um

ambiente de disputa que enfraquecia o Poder Público no cumprimento de garantir

à sociedade um ambiente de qualidade. Tais órgãos tinham a função de

administrar os recursos naturais, entretanto não pareceu que a finalidade seria

preservar ou conservar o ambiente, mas como extrair e explorar ao máximo os


64

recursos naturais para que se transformassem em divisas em um curto espaço de

tempo (Monosowski, 1989).

Tabela IX-1: Principais dispositivos legais do início da política ambiental no Brasil.


Ano Instrumento legal Ementa
1934 Decreto 23.793 Código Florestal.
1934 Decreto 24.643 Código das Águas.
1934 Decreto 24.645 Estabelece medidas de proteção aos animais.
Organiza a proteção ao patrimônio histórico e artístico
1937 Decreto 25
nacional.
1938 Decreto 794 Código de Pesca.
1940 Decreto 1.985 Código de Mineração.
Decreto Aprovou a Convenção para a Proteção à fauna e flora e às
1948
Legislativo 3 Belezas Cênicas Naturais da América
Regulamenta Lei 2.312 /54 sobre Normas Gerais sobre
1961 Decreto 49.974
Defesa e Proteção da Saúde.
1964 Lei 4.504 Estatuto da Terra.
1965 Lei 4.771 Novo Código Florestal.
1967 Decerto 277 Novo Código de Mineração.

A delicada situação dos grandes centros urbanos brasileiros, como a falta de

saneamento básico, a poluição industrial, os problemas de abastecimento de

água e principalmente a palavra de ordem lançada pelo Brasil na Conferência de

Estocolmo (1972), progresso é sinônimo de poluição, onde o governo brasileiro

colocava a questão ambiental como secundária em função do desenvolvimento

econômico, obrigou o Governo Federal a criar a Secretaria Especial do Meio

Ambiente (SEMA), através do Decreto n.º 73.030, de 30 de outubro de 1973. Sua

ação ficou bem aquém das atribuídas, pois inicialmente ficou subordinada ao

Ministério do Interior que tinha a função de acelerar o processo de crescimento

econômico, além de funcionar com um quadro de funcionários reduzido e com

recursos que não permitiam o cumprimento das suas responsabilidades

(Monosowski, 1989).
65

Monosowski (1989) denominou esse período da história ambiental brasileira

como o do controle da poluição ambiental, pois foi marcada por uma série de

instrumentos legais destinados ao controle da poluição (ver tabela IX-2).

Tabela IX-2: Cronologia de alguns dispositivos legais de controle da poluição


Ano Dispositivo legal Ementa
Cria a Secretaria Especial do Meio Ambiente dentro do Ministério
1973 Decreto 73.030
do Interior.
Dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada
1975 Decreto-lei 1.413
por atividades industriais.
1975 Decreto 76.389 Medidas de prevenção e controle da poluição industrial.
1975 Decreto 76.470 Cria Programa Nacional de Conservação dos Solos.
Discrimina regiões para execução obrigatória de planos de
1975 Lei 6.225
proteção ao solo e de combate à erosão.
1976 Decreto 78.171 Controle e fiscalização sanitária das águas.
1977 Decreto 79.367 Dispõe sobre normas e padrões de potabilidade de água.
1979 Lei 6.662 Dispõe sobre a Política Nacional de Irrigação.
1979 Lei 6.766 Dispõe sobre parcelamento do solo urbano.
Inspeção e fiscalização de produção e comércio de produtos
1980 6.894
destinados à agricultura.
Diretrizes básicas para o zoneamento industrial em áreas críticas
1980 Lei 6.803
de poluição.

Mesmo nesse período percebe-se a preocupação por parte do Poder Público

com o desenvolvimento econômico, o decreto-lei 1.413 (ver tabela IX-2) deixou

nítida tal preocupação, limitando a atuação dos Estados e dos Municípios no

controle da poluição ao estabelecer no artigo 2 que somente ao Poder Público

Federal compete definir ou cancelar a suspensão do funcionamento de

estabelecimentos industriais considerados de alto interesse do desenvolvimento e

da segurança nacional. O decreto-lei também dispôs de medidas positivas do

ponto de vista do gerenciamento ambiental sem contudo deixar de priorizar o

desenvolvimento, como por exemplo o artigo 4, o qual determinava nos casos

mais graves, a necessidade de viabilizar um novo local para a indústria e que os

prazos para instalação dos equipamentos de controle fossem razoáveis,


66

sugerindo que o Governo desse o apoio para o financiamento especial para a

aquisição desses dispositivos, preconizando o princípio beneficiário pagador, que

será discutido mais adiante.

O decreto ainda estabelece que qualquer indústria ao se instalar é obrigada

a promover as medidas necessárias para prevenir ou corrigir os inconvenientes e

prejuízos da contaminação.

Um fato importante na legislação brasileira foi a definição de poluição

industrial pelo decreto 76.389 de 3/10/75 como sendo as alterações físicas,

químicas ou biológicas causadas pelo despejo de matéria ou energia no meio

ambiente que direta ou indiretamente possam prejudicar a saúde, a segurança e o

bem-estar da população; criar condições adversas às atividades sociais e

econômicas e ocasionar danos relevantes à flora, à fauna e a outros recursos

naturais. Essa definição deixa claro que poluição não necessariamente está

relacionada exclusivamente à saúde humana, mas a qualquer ação que possa

comprometer a vida, a cultura e a economia (Monosowski, 1989).

Atendendo o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (PND- 1975/79),

o qual enfatizava a necessidade de realizar um controle da poluição industrial, o

decreto 76.389 estabeleceu ainda:

1- a política de localização industrial em regiões densamente urbanizadas;

2- as áreas críticas de poluição (São Paulo, Recife, Cubatão, Volta

Redonda, Belo Horizonte, entre outras);

3- a criação de licenciamento nos Estados e Municípios para instalação e

funcionamento de indústrias com potencial poluidor;

4- a classificação das águas interiores segundo o seu uso;


67

5- os parâmetros de qualidade mínima das águas para os seus diferentes

usos;

6- os parâmetros de lançamento de efluentes e normas para tratamento de

esgotos;

7- os parâmetros de qualidade do ar.

Essa abordagem tinha como princípio responder as aspirações de uma

parcela da população, precisamente as localizadas em grandes centros urbanos,

onde a poluição industrial colocava em risco a saúde dessas pessoas e muitas

vezes chocavam a opinião pública (Monosowski, 1989).

As medidas adotadas criaram normas e padrões de controle da poluição,

embora não tenham conseguido resolver diversos problemas, como a erosão, a

poluição por ação dos fertilizantes, os efeitos das mudanças climáticas, o

aumento na freqüência das inundações e na produção de sedimentos. Isto porque

não havia um planejamento integrado (Monosowski, 1989).

Um novo marco na história da gestão ambiental brasileira ocorreu em 1981

com a instituição da Política Nacional de Meio Ambiente que até hoje norteia o

gerenciamento ambiental do país (Monosowski, 1989).

9.2.Aspectos Gerais da Atual Política Ambiental Brasileira

A Política Nacional de Meio Ambiente vigente foi instituída pela Lei Federal

6.938 de 31 de agosto de 1981.

A lei com uma visão mais ampla dos problemas ambientais e levando em

consideração os princípios definidos em Estocolmo considera o meio ambiente

um patrimônio público, onde cabe ao governo a responsabilidade de preservar,


68

conservar e recuperar o ambiente de forma a garantir condições ao

desenvolvimento sócio-econômico.

Tem como princípio a racionalização do uso do solo, da água e do ar, por

meio de planejamento e fiscalização, visando à compatibilização do

desenvolvimento econômico com a qualidade ambiental.

Determina ainda, a obrigatoriedade ao poluidor ou predador a recuperar e /

ou indenizar sobre os danos causados.

Para promover a política a lei instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente

(SISNAMA), que utiliza os padrões de qualidade ambiental, o zoneamento

ambiental, a avaliação de impacto ambiental, o licenciamento das atividades

poluidoras, os incentivos à instalação e produção de equipamentos anti-

poluentes, a criação de reservas e estações ecológicas, entre outros instrumentos

de gestão ambiental. Sua estrutura básica está na figura IX-1.

Figura IX-1: Esquema da Estrutura do SISNAMA.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA), criado pela referida lei, como órgão

central com a função de coordenar, supervisionar, planejar e controlar a política


69

nacional para o meio ambiente instituiu, também, um Órgão Executor da política

ambiental, o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis).

Para que o MMA busque resultados de sustentabilidade econômica, social e

ambiental para as gerações presentes e futuras através da formulação e

implementação de estratégias de gestão ambiental para o país, firmou juntamente

com o Ministério da Fazenda, o Ministério da Administração Federal e Reforma do

Estado (MARE) e o Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), um contrato

com o IBAMA.

Tal contrato garante ao IBAMA maior autonomia gerencial e flexibilidade

administrativa, para que o mesmo possa atingir as metas definidas (ver anexo II),

ele ainda estabelece como será mensurado o desempenho do IBAMA, para isso

foi criado o Comitê de Avaliação, composto por representantes dos signatários do

contrato.

Os relatórios elaborados pelo IBAMA serão analisados e auditados por

consultores independentes e encaminhados ao Comitê de Avaliação, o qual tem

competência de, se for o caso, recomendar ao MMA o afastamento dos dirigentes

do IBAMA e a rescisão do contrato, o que implicaria na desqualificação do órgão

como Agência Executiva e na suspensão da autonomia gerencial.

O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) é o órgão consultivo e

deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, e é composto de

Plenário e Câmaras Técnicas. Sendo presidido pelo Ministro do Meio Ambiente.

O Plenário é composto da seguinte forma: um representante de cada

Ministério e das demais Secretarias da Presidência da República e do IBAMA; um

representante de cada um dos Governos Estaduais e do Distrito Federal; assim


70

como representantes das seguintes entidades: Confederações Nacionais da

Indústria, do Comércio e da Agricultura; Confederações Nacionais dos

Trabalhadores na Indústria, do Comércio e da Agricultura; Instituto Brasileiro de

Siderurgia; Associação Brasileira de Engenharia Sanitária - ABES; Fundação

Brasileira para a Conservação da Natureza - FBCN; e Associação Nacional dos

Municípios e Meio Ambiente - ANAMMA; além de representantes de associações

legalmente constituídas para a defesa dos recursos naturais, de livre escolha do

Presidente da República; e representante de sociedades civis, legalmente

constituídas, de cada região geográfica do País, cuja atuação esteja diretamente

ligada à preservação da qualidade ambiental e cadastradas no Cadastro Nacional

das Entidades Ambientalistas - CNEA.

Quanto as Câmaras Técnicas, são em número de 10 permanentes e 8

temporárias, cada uma com 7 conselheiros, sendo o Plenário quem cria as

Câmaras Temporárias com período e objetivos predeterminados.

Tais câmaras tem a função de analisar questões setoriais, como por

exemplo a Câmara Técnica Temporária de Recursos Hídricos e Saneamento e a

de Assuntos do MERCOSUL, além de propor normas e anteprojetos para tais

questões ao Plenário.

A participação da sociedade foi contemplada no CONAMA e na

regulamentação da Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), estabelecida pela

Res. CONAMA n.º 001/86, a qual possibilita a convocação de audiências públicas

para a discussão de projetos, abrindo-se mais um espaço para a sociedade

discutir, refletir e auxiliar na tomada de decisões.

Inicia-se então um processo, o qual estamos vivendo, de gestão

participativa, onde o ambiente deve ser palco de discussão dos diversos atores
71

que interagem com o mesmo, permitindo que cada um coloque sua situação, suas

possibilidades e, assim, facilite a gestão dos recursos naturais. A finalidade dessa

forma de gerir os recursos ambientais permite que as medidas a serem tomadas

se adaptem a realidade social, econômica, cultural e principalmente à política da

localidade, possibilitando maior eficiência no ato de gerir.

A lei ainda prevê o incentivo à pesquisa e a educação ambiental, esta última

em todos os níveis, permitindo o desenvolvimento de novas tecnologias e

metodologias para recuperação, proteção e conservação dos recursos naturais,

bem como capacitar a sociedade a defender e exigir um meio ambiente seguro e

equilibrado de forma a estimular o desenvolvimento sustentável.

A Constituição de 1988 no que se refere ao Meio Ambiente incorporou os

princípios estabelecidos na lei 6.938. No que tange aos recursos hídricos a

Constituição considerou a água como um recurso natural, um bem finito

vulnerável e econômico que deve ter usos múltiplos.


72

10. A POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

10.1.O desenvolvimento institucional do gerenciamento dos recursos


hídricos no Brasil

No início da industrialização brasileira as águas eram de responsabilidade

das esferas de poder estadual e municipal. Com o passar do tempo o crescimento

econômico e populacional exigiu a regulamentação do setor elétrico, onde os

interesses políticos da União sobre o setor aumentaram, culminando na

centralização do gerenciamento das águas, excluindo, assim, os Estados e os

Municípios (Barth, 1999).

Desde o encaminhamento do Código das Águas pelo Governo Federal ao

Congresso Nacional (1907) até a criação de uma Comissão de Estudos de Força

Hidráulica passaram-se 13 anos, 26 anos para a criação de um órgão

responsável pela gestão das águas e finalmente 27 anos para que o Presidente

da República promulgasse o referido código (ver tabela X-1).

Tabela X-I- Fatos históricos da centralização do gerenciamento das águas


Fatos históricos dos instrumentos legais sobre recursos hídricos
Ano
no Brasil
1907 Encaminhamento do Código das Águas ao Congresso Nacional
1920 Criada a Comissão de Estudos de Força Hidráulica
Criada a Diretoria de Águas, mais tarde transformada em Serviço de
1933
Águas
Promulgação do Código de Águas e criação do Departamento Nacional
1934
de Produção Mineral
1939 Criação do Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica (CNAEE)
Decretada a regulamentação da prestação de serviços de energia
1957
elétrica no país
1961 Criada a Eletrobrás
Criado o Departamento Nacional de Águas e Energia (DNAE) e o
1965
Ministério das Minas e Energia
Nova Constituição onde torna-se privativo à União legislar sobre as
1967
águas
O DNAE passou a ser Departamento Nacional de Águas e Energia
1968
Elétrica (DNAEE)
Nova Constituição onde se confere novamente à União a competência
1969
em gerenciar as águas
1970 Extinção do CNAEE e suas atribuições são transferidas para o DNAEE
73

Tais fatos mostram a dificuldade de articulação e vontade política por parte

do Poder Público com determinados assuntos, entretanto a partir do momento em

que há o interesse econômico o quadro se modifica rapidamente, principalmente

após a criação do Ministério das Minas e Energia e do Departamento Nacional de

Águas e Energia (DNAE), posteriormente denominado Departamento Nacional de

Águas e Energia Elétrica (DNAEE), os quais impulsionaram o desenvolvimento do

setor elétrico. A extinção do Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica,

criado em 1939 cujas atribuições passaram para o DNAEE, e a criação dos

órgãos federais acima citados evidenciam e reforçam a afirmação de Barth (1999)

sobre a predominância do setor elétrico na gestão das águas.

Quanto à legislação o Código das Águas foi o primeiro instrumento legal

brasileiro destinado à regulamentar o uso das águas no país, visando o

aproveitamento múltiplo e o desenvolvimento acelerado do setor elétrico.

É considerado por vários especialistas como arrojado, para época, e em alguns

pontos ainda atual. Em suas considerações como no artigo 36, ficou estabelecido

que é permitido a todos usar de quaisquer águas públicas e no caso da derivação

a preferência é para o abastecimento das populações, preconizando as

recomendações da Agenda 21.

Um outro ponto de avanço do código é o fato de ter considerado as águas

subterrâneas, prevendo penas para quem as poluísse ou para quem prejudicasse

a terceiros pelo uso das mesmas.

O código também foi arrojado ao estabelecer aos responsáveis pela

poluição, indenização à União, aos Estados, aos Municípios e aos particulares,

hoje a compensação aos municípios é um dos instrumentos para o gerenciamento

das águas no Brasil.


74

O código entretanto considerou as águas de domínio privado ou público,

sendo este de uso comum ou dominicais. Afora isso, o código determinou que a

propriedade das águas poderia ser tanto da União, como dos Estados e dos

Municípios, conforme a situação do corpo hídrico, o que dificultava o seu

gerenciamento.

A Constituição de 1988 estabeleceu as competências da União, entre elas

está: a exploração direta ou mediante autorização, concessão ou permissão dos

serviços e instalações de energia elétrica; o aproveitamento hidrelétrico e dos

serviços de transporte aquaviário, cabendo a mesma, privativamente, legislar

sobre energia e água, podendo esta atribuir aos Estados autorização para legislar

assuntos específicos.

A constituição considera as águas como bens da União ou dos Estados o

que permite um gerenciamento mais efetivo das águas.

No cumprimento da Lei Federal 9.638 o Conselho Nacional de Meio

Ambiente editou a Resolução N º 20 de 1986, a qual classificou as águas em 9

classes definindo os respectivos padrões de qualidade das águas para cada

classe, (tabela X-2), que substituiu a Portaria MINTER GM 013 de 15/1/1976.


75

Tabela X-2- Classificação das Águas segundo a Resolução CONAMA nº20 de 1986.
Salinidade Classificação Uso Preponderante
Abastecimento sem tratamento e recreação de contato
Classe Especial
primário.
Abastecimento com tratamento simples e recreação de
Classe 1
Águas contato primário.
Doces Classe 2
Abastecimento com tratamento convencional e
Salinidade<=0,5% recreação de contato primário.
Classe 3 Abastecimento com tratamento convencional.

Classe 4 Navegação e usos sem contato primário.

Águas Salinas Classe 5 Recreação de contato primário.


Salinidade igual ou
superior a 30% Navegação comercial.
Classe 6
Águas Salobras Classe 7 Recreação de contato primário.
Salinidade entre
0,5% e 30% Navegação comercial.
Classe 8

A classificação das águas foi baseada no uso preponderante a que se

destina. Cada classe apresenta um conjunto de parâmetros padronizados, como

DBO, OD, pH, coliformes fecais, concentração de substâncias entre outros. No

caso das águas doces a classe especial é a mais restritiva e a menos restritiva é

a classe 4.

A lei 6.803 permitiu aos Estados aprovar a delimitação, a classificação e a

implantação de zonas de uso estritamente e predominantemente industrial,

atribuiu, também a responsabilidade da fiscalização, sem contudo, fornecer as

condições necessárias para tal tarefa, deixando a dúvida se a situação de

poluição e da degradação do meio ambiente, principalmente das águas, seria

uma questão de tolerância em nome do desenvolvimento ou deliberada em nome

de uma pequena parcela da população.

As péssimas condições sanitárias nas bacias dos rios Tietê e Cubatão

levaram o Ministério de Minas e Energia a firmar um acordo com o governo

paulista (1976), cujo o objetivo era o de melhorar as citadas condições, o que


76

para Barth (1999) foi um marco para o gerenciamento integrado no Brasil. O

acordo envolveu o Governo Federal, Estadual e a concessionária Light.

Os resultados positivos do acordo levaram o Ministério de Minas e Energia a

criar o Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas (CEEIBH)

em 1979. Os principais objetivos do CEEIBH são a classificação das águas da

União e o acompanhamento do uso racional dos recursos hídricos, cujos os

relatórios recomendaram a estruturação de um Sistema Nacional de Recursos

Hídricos, bem como a instituição de uma política para o setor.

O DNAEE e o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado

de São Paulo) promoveram uma série de encontros de órgãos gestores de

recursos hídricos, federais e estaduais, o primeiro na capital paulista (1983) e os

demais nas outras capitais brasileiras.

Em 1986 o DNAEE promoveu, em Brasília, o Seminário Internacional sobre

Gestão de Recursos Hídricos, permitindo que diversos especialistas do Brasil e

do Exterior discutissem a situação dos recursos hídricos e trocassem as

experiências, amadurecendo, assim, a nova proposta da política nacional de

recursos hídricos.

Foi assim, que em 1997 a Lei Federal 9.433 (ver anexo III) implantou a

Política Nacional de Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de Recursos

Hídricos (SNGRH) baseada na Lei 7.663 de 1991 do Estado de São Paulo. É

importante destacar o papel da ABRH (Associação Brasileira de Recursos

Hídricos) no processo de debate e estudo dessa nova política.


77

10.2.A Experiência Brasileira :O Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio


São Francisco

O Rio São Francisco com 2700 km de comprimento nasce na Serra da

Canastra, em Minas Gerais, passando pelos Estados da Bahia, Sergipe e

Alagoas, sua bacia hidrográfica possui uma área de 640.000 km2 e seu curso é

dividido em Alto São Francisco, Médio São Francisco, Submédio São Francisco e

Baixo São Francisco.

Sua importância para a economia brasileira percorre a história desde a

colonização, onde em terras de sua bacia se desenvolveu a agricultura, cuja a

monocultura da cana-de-açúcar era a principal fonte de riqueza da Colônia,

levando a Coroa Portuguesa a dividir as terras entre as famílias “capazes de

valorizá-las”, nascendo, assim, os grandes latifúndios.

Grandes rebanhos eram destinados, principalmente, para o transporte de

cana-de-açúcar e após a descoberta de minas de ouro em Minas Gerias o gado

passou a ser utilizado nos garimpos (Nou, 1994).

Esse período ocasionou a ampliação de áreas agropecuárias, devastando as

matas do sertão e as ciliares desencadeando um processo de desertificação

(Nou, 1994).

Com o intuito de desenvolver a região o governo federal realizou várias

intervenções na região, inspirado no gerenciamento integrado e planejado do

Tennessee Valley Authority (TVA) nos Estados Unidos, e ciente da capacidade

hidrelétrica do Vale do São Francisco criou a CHESF (Companhia Hidrelétrica do

São Francisco) e a Companhia do Vale do São Francisco (CVSF), recebendo

verbas fixas, garantidas pela Constituição de 1946 (Nou, 1994).


78

A meta foi a de promover o desenvolvimento auto-sustentado da região em

20 anos (1946-1966), de forma a planejar o desenvolvimento de diversas

atividades dependentes das cheias (Nou, 1994).

Para isso, foram elaborados 3 planos qüinqüenais com a finalidade de

geração de energia elétrica, regularização do rio, implantação de agroindústrias,

transporte, comunicações e infra-estrutura social (Scheinowitz, 1983).

A priorização dos planos para o setor energético (ver tabela X-3)

proporcionou a construção de 3 grandes usinas hidrelétricas: a de Paulo Afonso,

a de Três Marias e a de Sobradinho, sem contudo lograr êxito em suas metas.

Em 1967 a CVSF foi substituída pela SUVALE (Superintendência do Vale do

São Francisco) que selecionou oito áreas para implementar um programa que

priorizasse a utilização dos recursos hídricos e agropecuários, através do

Programa Especial para o Vale São Francisco (PROVALE), sendo substituída em

1974 pela CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São

Francisco).

Tabela X-3: Distribuição percentual das verbas entre os oito setores.


Setor 1956 1957 1958 1959 1960
Estudos 3,1 1,7 0,7 2,3 1,0
Regularização Fluvial 4,1 25,0 44,2 50,1 50,0
Energia 25,7 17,8 14,2 14,5 12,0
Transportes 29,4 19,0 13,5 8,5 11,3
Irrigação e Drenagem 6,1 5,6 2,4 1,9 4,0
Saúde 18,0 12,9 10,0 7,4 10,2
Desenvolvimento cultural 1,9 1,7 1,7 1,3 1,8
Desenvolvimento de produção 11,7 16,3 13,3 14,0 9,7
Fonte: Scheinowitz, 1983.

Essas áreas, nas proximidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), região

com médias pluviométricas entre 500 milímetros anuais, cuja a vegetação é a

caatinga, ocupam 70.000 hectares, entre elas estão: o Projeto Bebedouro I e II;
79

Projeto Mandacaru, Projeto Petrolândia; Projeto Maniçoba; Projeto Curaça;

Projeto Tourão e o Projeto Massangano (Scheinowitz, 1983).

Esses projetos criaram cooperativas agrícolas mistas, fornecendo a infra-

estrutura necessária para o desenvolvimento de várias culturas como o tomate, a

melancia, o feijão e a cebola; alguns deles destinaram áreas para as

agroindústrias e para os agricultores sob regime de empresa privada

(Scheinowitz, 1983).

Os resultados desses projetos embora não tenham alterado as condições

sócio-econômicas da região, mostram que é possível desenvolvê-la, tornando a

questão da seca nordestina em um problema político e de gerenciamento.

Hoje há o Comitê Executivo de Estudos Integrados da Bacia do Rio São

Francisco (CEEIVASF) cujo o objetivo é acompanhar e controlar a utilização dos

recursos hídricos da bacia através do planejamento integrado, segundo a Política

Nacional de Recursos Hídricos, ficando a CODEVASF com funções de agência

executiva.

10.3.A Política Nacional de Recursos Hídricos

Pelo que foi exposto até o presente momento verifica-se que o

gerenciamento das águas no Brasil passou por três modelos: o burocrático, o

econômico-financeiro e o sistêmico de integração participativa.

O modelo burocrático, marcado pela implantação do Código das Águas,

baseou-se na utilização de instrumentos legais, cuja autoridade se concentrava

em órgãos públicos de caráter burocrático (Lanna, 1995).


80

O modelo econômico-financeiro caracteriza-se pelo papel empreendedor

assumido pelo Poder Público, cujo objetivo foi acelerar o desenvolvimento

econômico através de ações setoriais como por exemplo as obras de infra-

estrutura, (o gerenciamento no Vale do São Francisco é um exemplo desse

modelo), (Lanna, 1995).

A implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos é o marco do novo

modelo de gerenciamento denominado sistêmico, de integração participativa, que

vários países estão adotando ou já adotaram.

Tal modelo está baseado em 3 instrumentos: o planejamento estratégico, a

tomada de decisão por deliberação multilateral e descentralizada e o

estabelecimento de instrumentos legais e financeiros (Lanna, 1995).

A Política Nacional de Recursos Hídricos tem como princípio considerar a

água um bem público de valor econômico. Determina que a gestão de recursos

hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas e contar com a

participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades, considerando a

Bacia Hidrográfica como a unidade territorial para implementação do

gerenciamento de recursos hídricos, definindo os seguintes objetivos: assegurar a

disponibilidade de água em padrões de qualidade e quantidade adequados ao

uso, tendo em vista o desenvolvimento sustentável, prevenir e defender a

população contra eventos naturais ou de origem do uso inadequado das águas

(Lanna, 1995).

Como diretriz estabelece que a gestão sistematizada deve se adaptar ao

quadro social, físico e econômico estando articulada aos planos regionais,

estaduais, nacional e dos setores de usuários.


81

Coloca ainda como diretriz, a articulação com a gestão do uso do solo e a

integração com a gestão dos sistemas estuarinos e costeiros.

Para fazer cumprir tais objetivos segundo as diretrizes citadas, a lei

implantou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH)

que utiliza os seguintes instrumentos: o Plano de Recursos Hídricos; o

enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo o seu uso; a outorga dos

direitos do uso da água; a cobrança pelo uso; a compensação a Municípios e a

implantação de um Sistema de Informação sobre Recursos Hídricos.

10.3.1. Os Planos de Recursos Hídricos

Os planos, que devem ser desenvolvidos a longo prazo, tem como finalidade

orientar e implementar a Política Nacional dos Recursos Hídricos, e conter: um

diagnóstico atual dos recursos hídricos; uma análise de alternativas de

crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de modificações

nos padrões de ocupação do solo, um balanço futuro dos recursos hídricos,

identificando os conflitos potenciais.

Os planos ainda devem conter as metas de racionalização de uso e as

medidas para implementação de projetos e programas, definindo a

responsabilidade para execução, o cronograma e os custos para os mesmos.

Além das prioridades de outorga de direito de uso, as diretrizes para a cobrança

pelo uso, bem como a proposta de áreas restritas de uso para proteção dos

recursos hídricos, que devem ser por bacia, por Estado e para o País.
82

10.3.2. A Outorga

A outorga de direito de uso dos recursos hídricos é um ato administrativo

mediante o qual o Poder Público, outorgante, concede o direito de uso das águas

ao outorgado por prazo determinado, não excedente a 35 anos, nas condições

estabelecidas na mesma, não implicando na alienação total ou parcial das águas.

Estando a mesma condicionada à disponibilidade hídrica e ao regime de

racionamento.

A expedição de tal direito será realizada pela Secretaria de Recursos

Hídricos do Ministério do Meio Ambiente em articulação com a Agência Nacional

de Energia Elétrica (ANEEL), para os corpos de água sob domínio da União.

A Lei 9.433 define os casos que estão sujeitos a outorga, além das

penalidades para os infratores.

O conteúdo do decreto que regulamenta a outorga está pronto e esperando

pela assinatura presidencial. O referido decreto estabelece que tanto na

implantação como na execução de obras ou serviços que impliquem na alteração

do regime das águas, subterrâneas ou superficiais, seja quantitativamente ou

qualitativamente, haverá a necessidade da outorga na modalidade de

autorização para implantação de empreendimento e, no caso de derivação e

captação de água e lançamento de esgotos, existirão duas modalidades, a

concessão se for para utilidade pública e autorização para os demais casos.

O objetivo da outorga é assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos

usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso a mesma, estando a

outorga, condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos planos de

recursos hídricos, devendo esta preservar o uso múltiplo das águas.


83

10.3.3. A Compensação Financeira

Outro instrumento importante, e atualmente a principal fonte de recursos

financeiros para o SNGRH, é a compensação financeira pelo resultado da

exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração

de energia elétrica e de recursos minerais nos territórios dos Estados, Distrito

Federal e Municípios, instituída pela Lei 7.990 de 28/12/1989 e disciplinada pela

Lei 8.001 de 13/3/1990.

A Lei 7.990 determina que a compensação aos Estados, Distrito Federal e

Municípios pelo aproveitamento de recursos hídricos, para fins de geração de

energia elétrica seja de 6% sobre o valor da energia produzida, a ser paga pelos

concessionários de serviço elétrico com capacidade nominal superior a 10.000

kW. Ressalta-se que é isenta de pagamento de compensação financeira a

geração com capacidade igual ou inferior a 10.000 kW de energia elétrica, além

da energia gerada e consumida no mesmo município e pela própria empresa que

a produziu.

A compensação financeira pela exploração de recursos minerais, para fins

econômicos, é de 3% para a extração de alumínio, manganês, sal-gema e

potássio; 2% para extração de ferro, carvão entre outras substâncias minerais;

0,2% para pedras preciosas, coradas lapidáveis, carbonados e metais nobres e

1% para extração de ouro por empresas mineradoras. Tais valores são sobre o

faturamento líquido resultante da venda do produto mineral. No caso do petróleo a

compensação financeira corresponde a 5% sobre o valor do óleo bruto, do xisto

betuminoso e do gás extraído.


84

Os valores acima citados, segundo o artigo 3º da Lei 8.001, devem ser

efetuados mensalmente e diretamente aos Estados, ao Distrito Federal, aos

Municípios e aos órgãos da Administração Direta da União.

A Lei 8.001 ainda estabelece como será realizada a distribuição dos valores

devidos pela compensação financeira, acima citados, entre os Estados e Distrito

Federal, Municípios e órgãos da administração direta federal, para cada setor

produtivo conforme a tabela X-4.

Tabela X-4: Distribuição em porcentagem dos valores da compensação


financeira pela exploração dos recursos naturais.
Setor Estado Município Órgão Federal
Energia elétrica* 45% 45% 8% DNAEE
Petróleo, xisto e gás 70% **30% -
Minério 23% 65% 12% DNPM
* 2% da compensação financeira são destinados ao Ministério da Ciência e Tecnologia. ** 10% são para
os Municípios onde estão as instalações de embarque e desembarque dos produtos.
Fonte: Lei Federal 8.001 de 13/3/1990.

10.3.4. A Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos

A utilização de instrumentos econômicos consiste em aplicar taxas e

subsídios aos usuários dos recursos naturais com a finalidade de atingir os limites

das deseconomias externas.

A Avaliação de Impactos Ambientais permite definir o nível de deseconomias

externas geradas, permitindo a internalização dos custos externos gerados pelo

sistema produtivo ao utilizar o capital natural. A internalização desses custos é

muito importante para o desenvolvimento sustentável e faz parte das

recomendações da Agenda 21 em seu item 8c e 18.5 (Lanna, 1995).

Existem várias formas de internalização de custos externos como o princípio

poluidor-pagador, beneficiário-pagador e usuário-pagador, podendo um ou mais

princípios serem adotados simultaneamente (Lanna, 1995).


85

O princípio poluidor-pagador estabelece aos agentes poluidores o

pagamento de taxas correspondentes ao volume lançado e em função de suas

características.

O princípio beneficiário-pagador permite aos poluidores que instalarem

equipamentos de controle de poluição receberem subsídios. Nesse caso a

sociedade beneficiada estaria pagando por tal feito.

O princípio usuário-pagador consiste na cobrança pelo volume utilizado de

um determinado recurso natural. Tais medidas econômicas se aplicam somente

em áreas que ainda não esgotaram sua capacidade de assimilação. As áreas que

já esgotaram devem ser recuperadas e portanto não há como aplicar os princípios

citados.

Se faz necessário, antes de definir a forma de internalização das

deseconomias externas, a escolha da análise que será realizada para determinar

tais deseconomias. Lanna (1995) cita a análise custo-benefício e a análise custo-

efetividade e afirma que a diferença entre elas reside no fato da primeira não

interferir no planejamento público ou privado e a segunda sim. Essa interferência

se faz através do estabelecimento de padrões de qualidade ambiental por

instrumentos jurídicos, os quais obrigam tanto o setor público como o privado a

considerá-los em seus planos.

O artigo 19 da Lei 9.433, refere-se a cobrança pelo uso da água, o qual

estabelece normas para a fixação dos valores, a finalidade da cobrança e para

que se destinam, bem como em quais situações serão cobradas as taxas.

Esse instrumento embora conste em lei não foi implantado, estando em fase

de estudo. Ele permitirá à gestão das águas uma fonte de recursos financeiros

importante para a execução dos planos de bacias.


86

Segundo Barth (1999) o Estado do Ceará implantou desde 1997 um sistema

de cobrança pelo uso da água restrito à companhia de abastecimento da capital e

ao distrito industrial abastecido pela mesma. Em São Paulo em 1997 chegou-se a

alguns resultados preliminares, conforme consta na tabela X- 5.

Tabela X-5: Proposta de preços para a cobrança pelo uso da água.


Item Unidade Unitário Básico (R$) Unitário Máximo (R$)
3
Captação m 0,01 0,05
Consumo m3 0,02 0,10
Lançamento:
DBO kg DBO 0,10 1,00
DQO kg DQO 0,05 0,50
SS Litro 0,01 0,10
Carga Inorgânica Kg 1,00 10,00

Fonte: Barth (1999).

Essa cobrança, segundo estimativas, permitiria uma arrecadação no Estado

de São Paulo equivalente a 559 milhões de reais anuais, distribuída conforme a

tabela X-5 (Barth, 1999).

O gráfico da figura X-I mostra que o setor de abastecimento, segundo as

estimativas, seria o maior responsável pela arrecadação anual devida pela

cobrança do uso da água (R$

295 milhões) no Estado de São


20,9%
Paulo. No caso do setor

industrial e de abastecimento já
52,8%
26,3%
está computado o valor que seria
Industrial Irrigação Abastecimento
arrecadado tanto na captação
Figura X-I Estimativa por Setor de Usuário sobre a Arrecadação
Anual pela Cobrança do Uso da Água no Estado de São Paulo.
Fonte: Barth (1999). como no lançamento.

Como se pode verificar na proposta de preços pela cobrança do uso das

águas para o Estado de São Paulo, na tabela IX-3 não está incluído o setor de
87

energia elétrica, isso porque cabe à União exclusivamente decidir sobre a questão

de energia elétrica.

Urge, para o bem da sociedade, a finalização dos estudos e a aplicação

desse instrumento, incrementando de forma significativa os recursos financeiros

necessários para os investimentos que irão promover o desenvolvimento

sustentável em cada bacia hidrográfica através de seus planos.

10.3.5. Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos

A Lei 9.433 estabelece que o Sistema de Informações sobre Recursos

Hídricos deve ser descentralizado, tanto na obtenção da informação como na

produção estando disponível a toda a sociedade.

Sua implantação torna-se necessária na medida em que:

1- as informações técnicas e administrativas são importantes por auxiliarem

na tomada de decisão;

2- o dinamismo das informações, principalmente quanto às normas legais

que sofrem constantes alterações, exigem um sistema de atualização

simultâneo;

3- o aumento do número de documentos de forma dispersa, muitos

contendo as mesmas informações, exige a seleção, classificação e

sistematização das informações contidas nos mesmos.

As informações devem estar disponíveis de forma ágil e direta. Elas devem

ser abrangentes contendo normas atualizadas, situação de processos junto aos

diversos órgãos, relatórios de monitoramento, dados hidrológicos, ambientais,

cartográficos entre outros (Makibara, 1997).


88

Makibara (1997) preocupa-se com a integração entre os subsistema de

forma a estabelecer uma rede contendo todas as informações de todas as bacias

brasileiras. Tal integração seria em diversos níveis, tanto operacional, ficando

disponível a toda sociedade, como dispõe a lei, quanto aos dados de cada

subsistema, evitando sobreposição de informações.

Outro fator que deve ser levado em consideração, segundo Makibara (1997)

é a definição das seguintes interfaces: sistema de coleta e disponibilização das

informações; especificação do grau de acesso e se este será cobrado;

determinação do grau de interatividade requerendo um treinamento para a

operacionalização do sistema.

10.3.6. Estrutura do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos


Hídricos (SNGRH)

O artigo 32 da Lei 9.433 cria o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos

Hídricos sua estrutura está esquematizada na figura X-II e possui as seguintes

atribuições:

- coordenar a gestão integrada das águas;

- arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos

hídricos;

- implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;

- planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos

recursos hídricos, e

- promover a cobrança pelo uso.

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é a instância administrativa

máxima do sistema, cabendo-lhe: promover a articulação do planejamento


89

nacional de recursos hídricos com os demais órgãos que estejam direta ou

indiretamente relacionados com a água; arbitrar conflitos entre os conselhos

estaduais; deliberar sobre projetos que extrapolem o âmbito dos Estados, bem

como sobre as questões encaminhadas pelos conselhos estaduais; estabelecer

diretrizes complementares para desenvolver a Política Nacional de Recursos

Hídricos; analisar propostas de alteração de lei pertinentes às águas e aprovar

propostas de instituição dos comitês nacionais entre outras competências.

MINISTÉRIO DO
MEIO AMBIENTE

SECRETARIA NACIONAL
DE RECURSOS HÍDRICOS
CONAMA

CNRH

Comitês de Bacias Conselhos Estaduais de


Hidrográficas Recursos Hídricos
Comitês Estaduais
Agências de Água Agências de Água Estaduais

Órgãos públicos relacionados à gestão das águas

Figura X-II: Estrutura do Sistema Nacional de Recursos Hídricos.


90

Como visto anteriormente a gestão ambiental participativa vem sendo

adotada cada vez mais pelos países, no Brasil a figura do conselho é

importantíssima tanto em nível nacional como em nível estadual, já que são

colegiados formados por representantes de usuários, do Poder Público e da

sociedade civil, dando maior transparência no gerenciamento, como tornando-o

mais eficiente, fortalecendo o Poder Público, no sentido de diminuir as forças dos

grupos de pressão.

Através do Decreto Federal 2.612 de 3/6/1998 o Conselho Nacional de

Recursos Hídricos foi regulamentado, o qual é presidido pelo Ministro de Estado

do Meio Ambiente composto por 30 membros, dos quais quinze são do Governo

Federal, incluindo o presidente do conselho, cinco dos Conselhos Estaduais, seis

dos usuários e apenas três da sociedade civil.

Mais uma vez o setor hidrelétrico é favorecido, evidenciando a sua força

política, dos 14 ministérios representados no Conselho Nacional de Recursos

Hídricos apenas o Ministério de Minas e Energia possui 2 representantes, sendo

um deles indicado pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Além dessa representação através do ministério o setor elétrico possui um

representante das concessionárias e autorizadas de geração hidrelétrica, ou seja

a representação do setor corresponde a 10% do conselho ou ainda a três vezes

mais que os demais setores.

A sociedade civil tem apenas 3 representantes no conselho e o decreto no

seu inciso II, parágrafo 4 º, do artigo 2 considerou as organizações técnicas e as

de ensino e pesquisa em um único setor, ignorando que organizações como a

ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária) e a ABRH (Associação


91

Brasileira de Recursos Hídricos) apresentam ações e interesses relativamente

diferentes das universidades.

As organizações técnicas defendem interesses bem específicos, seja do

saneamento, seja das águas subterrâneas ou dos recursos hídricos em geral, já

as universidades abrangem desde a pesquisa até a educação ambiental das mais

diversas áreas ligadas a questão da água.

Os conselhos estaduais têm sua formação definida em dispositivo legal

estadual, tendo cada Estado liberdade para fazer a composição que julgar

adequada as suas peculiaridades, respeitada a lei federal.

O Brasil foi dividido em oito bacias hidrográficas federais pelo DNAEE, hoje

ANEEL (ver figura X-3), suas características estão na tabela X-6, onde é possível

verificar as diferenças entre elas.

Figura X-3: Bacias Hidrográficas Federais


92

A Lei 9.433 no que se refere aos comitês de bacia, determina que estes

possam atuar tanto na totalidade da respectiva bacia hidrográfica como em uma

sub-bacia ou até mesmo em um grupo de bacias ou sub-bacias.

Os comitês são órgãos normativos, consultivos e deliberativos, com a

finalidade de promoverem a viabilização técnica e econômico-financeira de

programas e projetos que considerarem as diretrizes da política nacional e

estadual de recursos hídricos, visando o desenvolvimento sustentável que irão:

propor o enquadramento dos corpos de água, da bacia em questão; estabelecer

os níveis de qualidade e de disponibilidade com vistas à sustentabilidade; propor

diretrizes de outorga e o licenciamento ambiental dos recursos; propor aos órgãos

competentes diretrizes de cobrança pelo uso das águas; aprovar os Planos de

Recursos Hídricos; estabelecer a compensação aos municípios e dirimir eventuais

conflitos dentro da bacia entre os segmentos da sociedade.

Sua composição será regulamentada por decreto, que já se encontra pronto

para sanção presidencial, e terá representantes dos Estados, do Distrito Federal,

dos Municípios, dos usuários e das entidades civis.

Tabela X-4: Características das Bacias Hidrográficas Federais


Bacia Hidrográfica Área Pop. Densid. Vazão Precipitaç. Evaporaç. Disponib.
% Br % Br hab./km2 Média Mm/ano Mm/ano m3/ano/hab
m3/s .
Amazonas 46 4 1,6 120.000 2.460 1.382 606.379
Tocantins 9 2 4,32 11.800 1.660 1.168 113.828
Atlântico Norte 1 2 45,06 3.660 2.950 1.431 33.730
Atlântico Nordeste 11 18 27,03 5.390 1.328 1.150 6.603
São Francisco 7 7 17,29 2.850 916 774 8.208
*Atlântico Leste 3 7 45,08 680 985 806 1.967
entre Japaratuba
(SE) e Pardo (BA)
*Atlântico Leste 4 15 74,58 3.670 1.229 847 5.125
entre Jequitinhonha
(MG,BA) e Paraíba
do Sul (MG,RJ,SP)
*Paraguai 4 1 4,62 1.290 1.370 1.259 23.946
*Paraná 10 32 53,16 11.000 1.385 989 7.446
93

Uruguai 2 2 20,14 4.150 1.567 832 36.543


Atlântico Sudeste 2 2 20,14 4.150 1.394 789 30.543
Fonte: DNAEE, 1998.
* ou * Fazem parte de apenas uma Bacia Hidrográfica Nacional.

O decreto define uma representação bem eqüitativa entre Poder Público,

Usuários e Sociedade Civil, onde até 6% dos votos correspondem à

representação federal; 22% correspondem à representação paritária entre os

Estados; 20% dos votos aos representantes da sociedade civil, de forma

proporcional à população que reside na área de abrangência da bacia

pertencente a cada Estado e por fim, 40% dos votos para os representantes dos

usuários.

Até o início de 1999 já tinham sido instalados dois comitês federais: Comitê

Executivo de Estudos Integrados da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco

(CEEIVASF) e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai-Pantanal, em

fase de instalação está o Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul (CEIVAP) e o Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio

Piranhas-Açú (CIBHPA).

Lanna (1995) afirma que diante dos custos externos gerados pela transação

entre o desenvolvimento econômico e a conservação do capital natural

envolvendo bens públicos sem preço de mercado se faz necessário um sistema

de legitimação.

Os conselhos e os comitês de bacia são instituições do Sistema Nacional de

Gerenciamento dos Recursos Hídricos encarregados de realizar a negociação

social, definindo a melhor alternativa a ser adotada para o gerenciamento,

legitimando, assim, as decisões.


94

Na figura X-2 verifica-se que as agências de água são a base hierárquica do

sistema, previstas na Lei 9.433, mas ainda não foram implantadas, são estruturas

com a função de secretaria executiva, de um ou mais comitês de bacias

hidrográficas.

As agências de água para cumprirem suas funções devem ter assegurado

sua viabilidade financeira, para que possam administrar técnica e financeiramente

os recursos hídricos, segundo determinação do(s) comitê(s), como ocorre na

França.

Segundo o anteprojeto de lei encaminhado ao Congresso Nacional que

dispõe sobre a criação das Agências de Água, elas devem ser fundações de

direito privado formadas por um Conselho de Administração, um Fiscal e uma

Diretoria Executiva. Excluindo o Diretor Executivo que deverá ser indicado pelo(s)

respectivo(s) comitê(s), os demais componentes deverão ser contratados

conforme as leis trabalhistas vigentes.

As agências portanto, por suas características devem tornar o

gerenciamento dos recursos hídricos mais ágil, transparente com recursos

financeiros próprios garantidos pela Lei 9.433. O Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH) deve ser integrado e proativo e

não só reativo.

O problema da água não pode se restringir ao balanço entre a oferta e a

demanda ou com uma visão de apenas um setor, deve abranger as relações geo-

ambientais e sócio-culturais de modo a assegurar a qualidade de vida e o

desenvolvimento sustentável, criando reserva do capital natural (Lanna, 1995).


131

13. APRESENTAÇÃO DOS PLANOS DE BACIA DO CBH-PCJ

Serão primeiramente apresentados os dados referentes: aos Planos

Estaduais de Recursos Hídricos (PERH); aos Planos de Bacias do CBH-PCJ e

aos seis planos diretores dos municípios selecionados. Logo após a apresentação

dos dados será realizada a análise dos mesmos e por fim, no capítulo 14, a

apresentação da conclusão e os comentários.

13.1.Estrutura do Comitê de Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba,


Capivari e Jundiaí

A problemática dos recursos hídricos da região do CBH-PCJ, ora por falta

d’água, ora pela contaminação das águas pelo vinhoto, causando grande

mortandade de peixes, ora pela falta de tratamento de esgotos domésticos, entre

outras razões, gerou várias discussões resultando em 1982 na instalação do

CEEIJAPI- Comitê Especial de Estudos Integrados das Bacias dos rios Jaguari e

Piracicaba, uma iniciativa do DNAEE. Essa foi a primeira iniciativa, segundo o

CBH-PCJ, de congregar órgãos estaduais e federais para gerir as águas. A falta

de recursos financeiros aliado ao seu caráter meramente consultivo, culminou em

sua desativação em 1988.

Em 1985 foi criado o Comitê de Recuperação do rio Jundiaí – CERJU, com o

objetivo de planejamento, projeto e implantação de obras de despoluição do rio.

Manifestações civis para recuperar a qualidade das águas dos rios Capivari

e Piracicaba foram realizadas, entre elas a Campanha Ano 2000 – Redenção

Ecológica da Bacia do Rio Piracicaba, entre 1986 e 1987, resultando na criação

do CRH e do CORHI.
132

Em 1989 foi criado o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios

Piracicaba e Capivari e em 1991 o decreto 32.954 aprovou o Primeiro Plano

Estadual de Recursos Hídricos, contendo o diagnóstico do Estado, dando ênfase

para a Bacia do Piracicaba. Com a edição da Lei 7.663 em 30 de dezembro de

1991 foi criado o Comitê da Bacia do Piracicaba.

O Decreto n. 34.530 de 30 de dezembro de 1991 cria um Grupo de

Trabalho, formado por representantes do Estado e do Consórcio Intermunicipal

das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari, com a função de realizar estudos e

propor formas de atuação integrada.

Foi o Grupo Executivo (GEX), subordinado diretamente ao Secretário de

Energia e Saneamento que ficou encarregado de elaborar as propostas de

Estatutos para o CBH-PCJ, bem como a sua implantação, que ocorreu em 18 de

novembro de 1993. Sua formação enfrentou oposição política, devido a quebra no

poder constituído, tal obstáculo foi sendo vencido aos poucos e muito

provavelmente haja, ainda, uma certa resistência quanto a essa nova forma de

gerenciamento.

A estrutura do CBH-PCJ está representada na figura XIII-1, cada segmento

determina os critérios para a escolha de seus representantes os quais estão

vinculados à sua permanência na entidade que os elegeu, formando, assim, a

plenária.

Segundo o estatuto do comitê, o presidente poderá ser qualquer membro da

plenária, na prática essa função tem sido ocupada por um prefeito e a vice-

presidência por um membro representante da sociedade civil. O mandato são de

dois anos.
133

Através da deliberação 8/94 o CBH-PCJ criou as Câmaras de Trabalho que são

equipes colegiadas de caráter consultivo e com atribuições específicas, podendo

ser permanentes ou temporárias, conforme determinar a Plenária, através de

deliberação. São regidas de forma geral pela deliberação 8/94 e por meio de

regimento interno. Sua composição é paritária entre Estado, Municípios e

Sociedade Civil, a coordenação fica a cargo de um de seus membros, eleito entre

seus pares.

PLENÁRIA
PRESIDENTE
VICE-PRESIDENTE
ESTADO: 16 representantes e 16 votos
MUNICÍPIOS: 58 prefeitos e 16 votos
SOCIEDADE CIVIL: 30 entidades e 16 votos

SECRETARIA-EXECUTIVA
Secretário-Executivo

CÂMARAS TÉCNICAS E
GRUPOS TÉCNICOS

Figura XIII-1: Estrutura do CBH-PCJ.

Atualmente são três Câmaras Técnicas: de Outorga e Licenças; de Conservação

e Proteção dos Recursos Naturais e de Saneamento, esta última criada em

função da transferência das competências das antigas CRESAN’s para os

comitês de bacias hidrográficas. Existem, também, três Grupos Técnicos: o de

Planejamento, o de Integração e Difusão de Pesquisas e Tecnologias e o de

Monitoramento Hidrológico. A Secretaria Executiva é exercida pelo DAEE.


134

13.2.Planos Estaduais de Recursos Hídricos de 94/95 e 96/99

O primeiro PERH do Estado de São Paulo foi aprovado pela Assembléia

Legislativa através da Lei n. 9.034 de 27 de dezembro de 1994. O PERH, 94/95, é

bastante peculiar em função de ser o primeiro e, por não estarem todos os

comitês de bacias instalados. O PERH 96/99 foi apresentado à Assembléia

Legislativa do Estado de São Paulo sob Projeto de Lei n. 5 de 3/2/96, não tendo

sido aprovado até setembro de 1998, com iguais objetivos e diretrizes gerais do

PERH 94/95.

Como visto no capítulo XI, as UGRHIs (Unidades de Gerenciamento dos

Recursos Hídricos) foram classificadas segundo suas características em:

Figura XIII-2: Mapa do Estado de São Paulo com as Bacias Hidrográficas


segundo sua Classe.

agropecuária, em industrialização, industrial e de conservação. Na figura XIII-2 o

mapa mostra que a classificação das bacias definiu regiões do Estado com

estágios de desenvolvimento distintos.


135

Para cada classe de bacias o PERH 94/95 propôs objetivos e diretrizes

gerais, no caso das bacias industrializadas, a qual se enquadram as Bacias dos

Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, as diretrizes e os objetivos propostos, pelos

PERH’s, pretendem resolver ou atenuar a escassez hídrica, quantitativa e

qualitativa mediante a realização de projetos integrados de utilização,

regularização, conservação, proteção e recuperação da qualidade dos recursos

hídricos. Neste sentido o PERH 94/95 instituiu doze Programas de Duração

Continuada (PDC), que apresentaram, cada um, ações para o cumprimento das

diretrizes e dos objetivos definidos de modo a dirigir e integrar, eficazmente, o

gerenciamento dos recursos hídricos em cada UGRHI. Os comitês em

consonância com seus objetivos e diretrizes, propuseram para cada PDC, ações

que julgaram necessárias para atingir a situação desejada, constituindo, assim, os

Planos de Bacias da UGRHI, o anexo VII apresenta os objetivos gerais dos PDC’s

relacionados abaixo:

PDC1- Planejamento e gerenciamento de recursos hídricos;

PDC2- Aproveitamento Múltiplo e Controle dos Recursos Hídricos;

PDC3- Serviços e Obras de Conservação, Proteção e Recuperação da

Qualidade dos Recursos Hídricos;

PDC4- Desenvolvimento e Proteção das Águas Subterrâneas;

PDC5- Conservação e Proteção dos Mananciais Superficiais de

Abastecimento Urbano;

PDC6- Desenvolvimento Racional da Irrigação;

PDC7- Conservação dos Recursos Hídricos na Indústria;

PDC8- Prevenção e Defesa Contra Inundações;


136

PDC9- Prevenção e Defesa Contra a Erosão do Solo e o

Assoreamento dos Corpos D’água;

PDC10- Desenvolvimento dos Municípios Afetados por Reservatórios e Leis

de Proteção de Mananciais.

PDC11- Articulação Interestadual e com a União;

PDC12- Participação do Setor Privado.

Tais ações foram definidas, em articulação com o CORHI e os comitês de

bacia, e encaminhadas ao CRH. Há portanto uma interação entre o CORHI, órgão

de coordenação central, e os comitês de bacia - órgãos descentralizados do

Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos - que permitem dirimir

eventuais conflitos entre os planos de bacia das diversas UGRHI’s. Para isso o

PERH estabelece diretrizes e objetivos gerais.

Os PERHs recomendaram às UGRHIs de modo geral, conforme estabelece

a Lei n. 7.663, que:

- incentivassem a organização de associações de usuários, destacando a

de irrigantes;

- delegassem competência para os municípios administrarem as águas de

interesse exclusivamente local;

- propusessem programas de duração continuada para compor o PERH;

- instituíssem áreas de proteção de mananciais e de proteção ambiental.

Entre os objetivos e diretrizes gerais dos PERHs para as bacias industriais

destacam-se:

- a racionalização do uso dos recursos hídricos nos sistemas públicos de

abastecimento de água, com diminuição de perdas e desperdícios e


137

promoção da utilização de instalações hidráulicas domiciliares que

economizem água;

- restrições ao crescimento industrial, das indústrias grandes

consumidoras ou poluidoras dos recursos hídricos, promoção do uso

eficiente do recurso hídrico na indústria, com recirculação da água e

reutilização de efluentes ;

- racionalização da agricultura irrigada pelo zoneamento hidroagrícola e

promoção do uso eficiente da água, com orientação e assistência ao

agricultor;

- gerenciamento dos recursos hídricos com rigorosa aplicação de seus

instrumentos técnicos e jurídicos como a outorga de direitos de uso,

licenciamento ambiental, monitoramento e fiscalização;

- restrição à concentração demográfica e industrial através de políticas de

ordenamento do uso do solo urbano e rural a serem definidas em

processo de articulação com os órgãos ou entidades metropolitanos,

ambientais e com os Municípios;

Outro ponto que merece destaque no PERH é o estabelecimento de um

plano especial de gerenciamento das águas quando a soma das vazões captadas

em uma determinada bacia ou em parte desta, superar a 50% da respectiva

vazão de referência. Comissões de usuários serão constituídas e supervisionadas

pelos órgãos estaduais de gestão dos recursos hídricos com a finalidade de, em

comum acordo, definirem regras de operação das captações e dos lançamentos.

No caso da densidade de irrigação atingir 5 ha/km2 as associações de usuários

tomarão a forma de associações de irrigantes e terão a preferência na outorga de

direitos de uso das águas, cujas associações poderão sub-rogar cotas de águas
138

entre seus associados, além da assistência técnica e cooperação financeira do

Estado para projetos de sistemas de drenagem e irrigação.

Dessa forma o PERH 94/95 pretendeu não só definir diretrizes que

buscassem aumentar a qualidade e a quantidade dos recursos hídricos do

Estado, mas, também, determinou medidas emergências caso a situação das

águas atingisse certos níveis pelos quais pudessem comprometer o seu uso.

Reforçando, assim, o princípio estabelecido tanto pela Agenda 21 como pela

Política Nacional de Recursos Hídricos.

Nos PERHs 94/95 e 96/99 ficou definido que nos usos onde houvesse a

necessidade de outorga ou licenciamento as decisões deveriam seguir as

orientações contidas nos planos de bacias, na falta dos mesmos determinam que

a vazão de referência seja calculada com base na média de sete dias

consecutivos e um período de retorno das vazões regularizadas por reservatórios

de dez anos. Devendo ser acrescidas as contribuições das áreas a jusante

desses reservatórios, descontadas as perdas por infiltração, evaporação ou por

outros processos físicos, decorrentes da utilização das águas e as reversões de

bacias hidrográficas.

Os PERHs ainda orientaram que a preferência para outorga deve ser aos

usuários que comprovassem maior eficiência e economia no uso das águas e que

a autorização para a captação de água para a irrigação deve ser concedida se o

usuário comprovar que fará o controle agrohidrometereológico, sob orientação de

órgãos agronômicos especializados.

Outra determinação importante dos PERHs para o gerenciamento é a

articulação com o sistema financeiro, público ou privado, para que os mesmos

exijam a outorga como requisito ao pedido de financiamento.


139

Diante das diferentes necessidades de cada UGRHI, ficou determinado que

os PERH’s classificassem os investimentos financeiros a serem estimados e

aplicados nas bacias hidrográficas da seguinte forma:

Investimento Desejável - ID: investimento decenal estimado para

proporcionar à UGRHI otimização de disponibilidade de recursos hídricos, em

termos de quantidade e de qualidade, suprindo a deficiência de investimentos do

passado e garantindo, no período, a situação preconizada;

Investimento Desejável (ID) no período do PERH – por exemplo, ID 94/95:

investimento desejável referente ao período 1994/1995 estimado para recuperar

parte da deficiência de investimentos do passado e prover o crescimento das

demandas e das cargas poluidoras no período;

Investimento Piso (IP) no período do PERH – por exemplo IP 94/95:

investimento mínimo necessário para manter estável a situação quantitativa e

qualitativa dos recursos hídricos, sem agravamento em face do desenvolvimento

econômico, com o correspondente crescimento das demandas e das cargas

poluidoras das águas;

Investimentos Recomendados (IR) no período do PERH – por exemplo,

IR 94/95: investimentos recomendados para aplicação no período 1994/1995, a

serem viabilizados mediante rateio entre a União, o Estado, os Municípios e com

a obtenção de financiamentos nacionais e internacionais. Estes investimentos

para o período, 94/95, deverão ser aprovados pelo comitê de bacia.

Tanto o PERH 94/95 como o 96/99 também orientaram os investimentos em

obras ou serviços que beneficiassem mais de um usuário, através do rateio entre

os beneficiados. No caso de investimentos recomendáveis para o período do

plano o valor deverá ser fixado mediante articulação técnica, financeira e


140

institucional entre o Estado de São Paulo com a União ou com os Estados

vizinhos e com as instituições nacionais e internacionais de cooperação.

Destacam-se, nessas orientações, que obras de coleta, tratamento e disposição

de esgotos urbanos relacionadas nas metas correspondentes aos IR deveriam ser

executadas pelos municípios ou pelas concessionárias com recursos próprios ou

financiados, para tanto o Estado durante dez anos poderia proporcionar ou obter

da União recursos a fundo perdido de até 80% dos investimentos necessários.

O PERH 96/99 previa também a necessidade de se estabelecer a

identificação dos órgãos ou entidades responsáveis pela implementação das

ações previstas nos PDCs, como também a forma de captação de recursos

financeiros. Uma característica particular do PERH 96/99 é a preocupação com a

Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos, importante fonte de financiamento das

ações previstas nos PDCs. Essa preocupação está expressa no Capítulo V,

dedicado exclusivamente a esse instrumento.

Os recursos advindos da cobrança deveriam, segundo o PERH 96/99,

assegurar: o suporte financeiro para programas e projetos de recursos hídricos;

racionalizar o uso das águas; orientar a localização de atividades econômicas

com significativa carga poluidora; disciplinar o uso dos recursos hídricos e

propiciar compensações aos municípios afetados por restrições legais ou de

obras na área de recursos hídricos.

No processo de implantação da cobrança o PERH 96/99 previu que a

mesma deveria evitar ônus excessivos às atividades econômicas, como também

evitando desequilíbrios econômicos e sociais. O PERH 96/99 estabeleceu, ainda,

a necessidade de articulação com a União e com os Estados vizinhos para que os

mesmos implantem a cobrança pelo uso das águas.


141

A cobrança segundo o PERH 96/99 deve considerar a vazão captada, a

variação sazonal da disponibilidade hídrica, o consumo efetivo e a finalidade a

que se destina, isso no caso de derivação, no caso de diluição, transporte e

assimilação ela deve considerar, também, a carga poluidora a ser lançada,

incluindo a matéria orgânica, os sólidos suspensos, a toxicidade, os metais, as

substâncias fosforadas e nitrogenadas. Esses parâmetros físico-químicos devem

ser incluídos de forma gradativa, conforme orientação do PERH 96/99.

Os recursos arrecadados devem ser depositados obrigatoriamente e

automaticamente na mesma data de recolhimento nas subcontas do FEHIDRO ou

nos fundos regionais específicos para cada bacia hidrográfica, ou em conta a ser

gerenciada pela agência da bacia em questão.

13.3.Os Planos de Bacia do CBH-PCJ de 94/95 e 96/99

O CBH-PCJ em seu Plano de Bacia para o período 94/95, aprovado em

18/11/93, dispôs os seguintes objetivos e diretrizes gerais:

- efetuar a recuperação sanitária dos cursos d’água onde a poluição vem

resultando em decréscimo na qualidade dos serviços de abastecimento público,

em restrições ao desenvolvimento, ou em deseconomia para os usuários de

recursos hídricos;

- desenvolver e proteger os recursos hídricos, de modo a superar as

situações de déficits próximos, através do monitoramento e da operação

dos reservatórios existentes, estudando-se quando necessárias as

transferências para outras sub-bacias visando postergar as elevadas

inversões necessárias às captações alternativas de água;


142

- fortalecer os mecanismos de gestão de recursos hídricos já existentes

nas bacias, permitindo sua efetiva participação na implementação de

obras e administração dos recursos financeiros que serão gerados pela

regulamentação da lei 7.663;

- desenvolver um programa para adequação da política tarifária dos

serviços autônomos de águas e esgotos municipais;

- racionalizar o uso da água nos sistemas públicos de abastecimento,

mediante diminuição das perdas e desperdícios; na indústria, através da

promoção do uso eficiente, com recirculação da água e reuso de

efluentes, e na agricultura através do uso eficiente de água para

irrigação;

- desenvolver os instrumentos técnicos, administrativos, legais financeiros

e institucionais para gestão de recursos hídricos;

- recuperar e conservar a qualidade e a quantidade dos recursos hídricos,

melhorando a situação atual, que é decorrente do acúmulo de décadas

de degradação.

Orientada pelos objetivos e diretrizes gerais, expostos acima, as diretrizes

específicas para o período 94/95 constantes no Plano de Bacia do CBH-PCJ

94/95 são:

- organizar institucionalmente os órgãos públicos e privados e desenvolver

os instrumentos necessários para a implantação do sistema de gestão

decentralizada de recursos hídricos;

- viabilizar a obtenção de recursos financeiros através da implantação da

cobrança pelo uso da água, da preparação dos programas para inclusão

nos orçamentos estadual e municipais para os próximos exercícios, e da


143

continuidade das negociações do programa de investimentos junto ao

Banco Mundial;

- iniciar a implantação de um sistema de informações, através da

sistematização das informações existentes;

- dar continuidade às ações e obras iniciadas e em andamento,

desenvolvendo sub-programas em 94 e 95 com verbas dos orçamentos

do Estado e dos Municípios priorizando a sua conclusão;

- elaborar plano de metas mínimo para implantar as ações descritas no

Plano de Bacia do CBH-PCJ em 1994, através dos orçamentos

Municipais e Estadual, e que deverá constar no primeiro Relatório Sobre

a Situação dos Recursos Hídricos desta Bacia Hidrográfica.

O Plano de Bacias do CBH-PCJ, ao selecionar as ações que fizeram parte

dos dez PDCs, considerou os objetivos e as diretrizes gerais e específicas para o

período, após o qual, anualmente, se fez um diagnóstico da situação das águas

com a finalidade de avaliar o plano de bacia. Para isso foram elaborados os

Relatórios de Situação dos Recursos Hídricos do CBH-PCJ de 1994 e 1995, onde

cada ação prevista foi classificada como:

- sem Informação: ações que foram previstas mas que os órgão

responsáveis pela operação tática ou logística não apresentaram parecer

para o CBH-PCJ;

- não Realizadas: são ações que foram previstas e, por circunstâncias não

se realizaram;

- parcialmente Realizadas: ações iniciadas e interrompidas;

- realizadas: aquelas ações previstas e executadas.


144

Na tabela XIII-1 estão as ações previstas para os PDCs, a síntese dos

resultados obtidos para cada ano (94 e 95) e a situação final (SF) em que se

encontravam tais ações ao final de 1995.

Tabela XIII-1: Avaliação das Ações Previstas nos Planos de Bacia do CBH-PCJ 94/95, para
cada PDC.
Síntese das Ações Realizadas
Ações Previstas SF
1994 1995
PDC 1: Planejamento e Gerenciamento Elaborada a proposta Discussão da proposta
1a-Discussão sobre reenquadramento dos pela CPLA. e redação do decreto. A
corpos de água;
1b-Discussão sobre mecanismos de Contrato com a Em discussão.
cobrança pelo uso da água; CNEC-FIPE para
A
realização dos
estudos.
1c-Discussão sobre criação da Agência de Elaboração e Encaminhamento para
Bacia; aprovação do o CRH, adaptação para A
Anteprojeto. uso em todo o Estado.
1d-Discussão sobre acompanhamento da Elaboração do Elaboração do
R
implantação do Plano das Bacias; Relatório Anual. Relatório Anual.
1e-Discussão sobre aprofundamento dos Deliberação 16/94 A revisão ampla do
estudos sobre estatutos e regimento do aprovada. Estatuto será realizada
R
Comitê; após a implantação da
Agência de Bacia
1f-Discussão sobre elaboração do Relatório 1993 e 1994. 1995.
Anual sobre a Situação dos Recursos R
Hídricos;
1g-Discussão sobre regulamentação da Coordenação dos Propostas dos grupos
APA do Piracicaba; grupos de trabalho em discussão. A
(SMA).
1h-Discussão sobre acompanhamento do 2 Reuniões públicas Acompanhamento do
desenvolvimento do Plano Integrado de para discussão do trabalho pela Secretaria
Aproveitamento dos Recursos Hídricos das trabalho da Hidroplan. Executiva. A
Bacias do Alto Tietê, Piracicaba e Baixada
Santista.
2-Implantação de sistema gerencial de Elaboração e Não prosperou o
outorgas com racionalização da aprovação da balcão único para
PR
operacionalização dos sistemas de proposta Delib. 17/94. outorgas e licenças.
licenciamento, outorgas e controle.
3-Delegar aos municípios competência Aguardando Aguardando
para gerir recursos hídricos de interesse manifestação do manifestação do CRH. NR
exclusivamente local. CRH.
145

4a-Desenvolvimento de mecanismos de Instituído no CBH- Reuniões do GT-MH e


monitoramento através de legislação; PCJ o GT- de avaliação dos
4b-normalização das ações do Grupo de monitoramento resultados de
Monitoramento Hidrológico; hidrológico. monitoramento.
4c-monitoramento e estudos na represa de Aplicação de US$500 GT-MH instituído em A
Americana visando reverter o estado de mil do FEHIDRO na 94.
eutrofização em que se encontra. 1a Etapa 94/95 Monitoramento de R
Realização de algas nos reservatórios
encontros técnicos e de Americana e A
proposição de Piracicaba. Início da
programa de proposta para elaborar
monitoramento o PDR do reservatório
pelo CIPC.
5-Revisão e atualização e desenvolvimento Reprogramadas as Assinado o Termo de
de termos de referência previstos no atividades com o Re-ratificação do
Programa de Investimentos para BIRD, elaborados os convênio MPO e
Recuperação e Proteção das bacias. termos de referência. SRHSO; inclusão da
Bacia do Rio Jundiaí;
cronogramas para
estudos de qualidade
das águas e priorização
de obras;
R
sistematização e
levantamento de áreas
degradadas; finanças
municipais e
capacidade de
endividamento,
Programa de
Investimentos e Carta
Consulta ao Confiex
6-Sub-divisão da UGRHI para subsidiar a: Sem atividade. Sem atividade.
eleição de representantes, organização de
NR
associações de usuários, proposição de
ações dos PDC’s entre outras.
7-Articulação com as diferentes instituições Divulgação dos Ações de municípios e
para adequar seus programas às diretrizes Planos de Bacia e entidades estaduais,
de gestão da bacia. dos Relatórios de previstas no RS/94,
R
Situação. não apresentaram
Funcionamento das superposições
CT’s e dos GT’s. significativas.
8-Desenvolver planos de utilização Instituição da GT-MH Discussão do assunto.
prioritária dos recursos hídricos e da CT-OL.
considerando situações de estiagem,
PR
metas de racionalização do uso da água,
estabelecimento de limites para captação e
lançamento e critérios de outorga.
9-Elaborar planos de contingências para Trabalho sendo Trabalhos não
situações críticas que contemplem critérios desenvolvido pelo sistematizado PR
de lançamento e captação. GT-MH e CT-OL
10-Elaborar reenquadramento dos corpos CETESB iniciou o Continuidade ao
A
d’ água. trabalho. trabalho.
11-Desenvolver programas de divulgação e Ações isoladas nos Ações isoladas.
educação ambiental sobre o uso racional municípios. PR
da água.
12-Desenvolver mecanismos de cobrança Em estudo pelo Em estudo.
A
pelo uso da água e adequação de tarifas. CNEC-FIPE
13-Desenvolver projetos de sistema de Desenvolvimento do Sem atividades.
NR
informações sobre recursos hídricos. GIS.
146

14-Desenvolver estudos e pesquisas sobre Desenvolvimento do Continuidade no


recursos hídricos. Projeto Piracena. desenvolvimento e
instalação da UGP –
A
Unidade de
Gerenciamento do
Programa.
PDC 2: Aproveitamento Múltiplo e Controle
1-Elaborar estudos de viabilidade sobre a Estudo do rio Camanducaia Continua em
regularização dos rios Camanducaia e concluído. elaboração o
A
Jaguari. estudo do rio
Jaguari.
2-Desenvolver estudos de inventário e Sem atividade. Sem
viabilidade do potencial hidrelétrico atividade. NR
remanescente dos rios Atibaia e Jaguari.
3-Remodelar a Usina Hidrelétrica de Feixo. Projeto elaborado, mas Sem
PR
abandonado. atividade.
4-Desenvolver estudos para implantação Estudos, discussões e Continuidade
da Hidrovia Tietê-Paraná, no trecho do rio seminários sobre a Barragem das ações. A
Piracicaba. de Santa Maria da Serra.
5-Elaborar Plano Diretor de Suprimento de Em estudo. Continuidade
A
Água para a bacia do rio Jundiaí e região. das ações.
PDC 3: Serviço e Obras de Conservação, Proteção e Recuperação da Qualidade dos RH
1-Efetuar a vigilância sanitária e o
diagnóstico de doenças de veiculação SI
hídrica.
2-Identificar as diversas fontes de poluição. CETESB iniciou os trabalhos Continuação
A
dos trabalhos
3-Promover o financiamento para
SI
tratamento de efluentes industriais.
4-Desenvolver estudos, projetos e obras Programado inventário sobre o Continuidade
para a disposição adequada dos resíduos lixo industrial na região. das ações. A
sólidos.
5-Executar projetos para uso múltiplo da Protocolo de intenções entre Continuidade
represa de Americana, com combate as P.M. de Americana, Sumaré, das ações.
algas. Nova Odessa, Paulínia, CPFL e A
Consórcio. Iniciados os
estudos.
6-alocar recursos financeiros para
SI
execução das obras previstas no CERJU.
7-Executar projetos e obras para Concluídos projetos de Ações
tratamento de esgotos urbanos nas bacias Louveira e Vinhedo; em isoladas pelos
dos rios Piracicaba e Capivari. andamento ou concluídas em municípios
PR
Valinhos, Cosmópolis,
Americana, Piracicaba,
Pedreira e Ipeúna.
PDC 4: Desenvolvimento e Proteção das Águas Subterrâneas
1-Desenvolver programa de divulgação da Impressão e distribuição da lei. Sem
PR
legislação específica. atividade.
2-Implantar programa de controle de O IG elaborou estudos em Sem
NR
perfuração de poços. Jaguariúna e Sta. B. D’ Oeste. atividade.
3-Efetuar a prevenção e o controle da Sem atividade. Sem
poluição dos aqüíferos, em particular na atividade. NR
zona de recarga do aqüífero Botucatu.
4-Celebrar convênios entre Estado e Aguardando orientação do Sem
Municípios para gestão e exploração CRH. atividade. NR
racional das águas subterrâneas.
147

PDC 5: Conservação e Proteção dos Mananciais Superficiais de Abastecimento Urbano


1-Elaborarplano de desenvolvimento de APA’s. Sem atividades. Andament
o na SMA
e A
discussões
regionais.
2-Promover o uso racional da água mediante Sem atividades. Atividades
desenvolvimento operacional de sistemas de isoladas
PR
saneamento básico. nos
municípios
3-Desenvolver campanhas de conscientização e Sem atividade. Atividades
cooperação técnica entre Estados, Municípios e isoladas
NR
entidades da Sociedade Civil. nos
municípios
4-Investir prioritariamente em programas de Priorização pelo CBH-PCJ Atividades
controle e redução de perdas nos sistemas junto ao FEHIDRO de isoladas.
públicos de abastecimento de água. U$300 mil na elaboração PR
de Plano Diretor Contra
Perdas.
5-Desenvolver estudos para ampliação de Atividades isoladas sobre Ações
mananciais de abastecimento de água para problemas de estiagem de isoladas. PR
núcleos urbanos de pequeno e médio porte. 94.
PDC 6: Desenvolvimento Racional da Irrigação
1-Cadastramento de irrigantes. NR
2-Promover o uso racional da água e o Atividades isoladas em Sem
monitoramento da irrigação, com implantação de Atibaia e Itupeva. atividade.
estação climatalógica e sensoriamento remoto e o NR
desenvolvimento de programas de informação ao
irrigante.
3-Sensibilização dos irrigantes quanto a Elaboração e publicação Sem
implantação do sistema de cobrança pelo uso da de informações aos atividade.
NR
água e sua participação na gestão dos recursos irrigantes pela S. da
arrecadados. Agricultura.
PDC 7: Conservação dos Recursos Hídricos na Indústria
1-Desenvolver ações de conscientização para o uso Sem atividade. Sem
NR
mais racional da água. atividade.
2-Promover a recirculação da água e desenvolvimento Sem atividade. Sem
NR
de novos dispositivos hidráulicos. atividade.
3-Implantar mecanismos de orientação à localização Sem atividade. Sem
das indústrias, considerando os aspectos hídricos e atividade. NR
planos de zoneamento.
4-Sensibilização do setor quanto a implantação do Sem atividade. Sem
sistema de cobrança pelo uso das águas e sua atividade. NR
participação na gestão dos recursos arrecadados.
PDC 8: Preservação e Defesa Contra Inundações
1-Efetuar o cadastramento e o zoneamento das áreas Sem atividade. Sem
NR
inundáveis. atividade.
2-Incentivar a implantação de medidas não estruturais, Sem atividade. Sem
mediante cooperação entre Estado, Municípios e atividade. NR
entidades organizadas da Sociedade Civil.
3-Desenvolver ações voltadas para as várzeas de rios e Ações isoladas pelo Sem
NR
para córregos urbanos. DAEE e municípios. atividade.
148

PDC 9: Prevenção e Defesa Contra a Erosão do Solo e o Assoreamento dos Corpos D’ Água
1-Desenvolver ações conjuntas entre Estado, S. da Agricultura Sem
Municípios e entidades organizadas da Sociedade Civil desenvolve programa informação
no estabelecimento de medidas de controle preventivo em 13 microbacias do . PR
da erosão urbana e conservação do solo rural. CBH-PCJ.

PDC 10: Desenv. dos Municípios Afetados por Reservatórios e pela LPM
1-Desenvolver ações para recuperação dos recursos Sem informação. Sem
hídricos e de saneamento básico, por conta dos informação SI
recursos garantidos pelos royalties do setor elétrico. .

A- em andamento; NR- não realizado; R- realizado; P- paralisado; PR- parcialmente realizado; SI- sem informação; SF-
situação final; CT- Câmara Técnica; GT- Grupo Técnico; RS/94- relatório de situação de 94; MH- monitoramento
hidrológico; OL- outorga e licença; GIS- sistema de informação geográfica; PM- prefeituras municipais; IG- Instituto
Geológico; CIPC- Comitê Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari; PDR – Plano Diretor de Recuperação.

Os investimentos previstos no Plano de Bacia do CBH-PCJ 94/95, para as

ações relacionadas na tabela XIII-1, estão relacionados segundo a classificação

determinada pelo PERH 94/95 (item 12.2), na tabela XIII-2.

Tabela XIII-2: Investimentos nos PDC’s de 94/95 em milhões de US$, segundo classificação
do PERH 94/95 e descritos no Plano de Bacia 94/95.
PDC D10 D3 P3 R3 OP93
1-Planej. e gerenciamento 31,875 11,103 5,746 8,344 1,060
2-Aproveitamento múltiplo e controle 148,836 5,424 78,836 0,800
3-Serviços e obras 725,990 540,300 73,706 542,680 1,500
4-Desenv. e proteção das águas subter. 48,177 14,044 8,416 10,351 0.929
5-Conservação e proteção dos 47,443 43,726 14,192 43,709 8,044
mananciais superficiais
6-Desenv. Racional da irrigação 0,416 0,388 0,253 0,321 0,000
7-Conservação das águas nas 6,668 2,837 0,836 1,122 0,000
industrias
8-Prevenção e defesa contra 86,828 26,102 8,392 17,420 4,850
inundações3
9-Preveção e defesa contra a erosão 36,370 17,334 3,743 9,092 0,000
10-Desenv. dos municípios afetados por 15,729 5,243 1,310 2,621 0,000
reservatórios e leis de proteção
Total 1.152,303 809,913 116,272 721,476 17,180
Fonte: CPLA, 1994.
D10 –Investimento Desejável em 10 anos; D3 – Investimento Desejável em 3 anos; P3 – Investimento Piso em 3 anos; R3
– Investimento Recomendável em 3 anos; OP93 – Investimento feito no Orçamento Programa de 1993.

No plano de bacia 94/95 do CBH-PCJ ficou previsto a elaboração de um

plano de metas para 1994 a ser publicada no Relatório de Situação do CBH-PCJ

de 1993, utilizando recursos financeiros dos Municípios, dos Órgãos Estaduais e

do próprio CBH-PCJ.
149

As ações propostas pelos municípios e pelos órgãos do Estado

representados no CBH-PCJ, foram coletadas através de formulários

encaminhados às prefeituras, ao Consórcio Intermunicipal e aos órgãos

estaduais.

Dos 57 municípios 33 (58%), responderam de forma razoável ou satisfatória,

segundo o relatório de situação de 1994, representando cerca de 86% da

população residente na bacia, a tabela XIII-3 descreve as ações propostas e os

investimentos previstos e realizados por esses municípios e a tabela XIII-5

apresenta as ações encaminhadas pelos 11 órgãos estaduais dos 16

representados com direito a voto no CBH-PCJ.

Os investimentos previstos e realizados pelos municípios e pelos órgãos

estaduais em cada PDC estão na tabela XIII-4 e XIII-6, respectivamente.

Outras ações previstas para o ano de 1994 e descritas no Relatório de

Situação de 1993 foram as estabelecidas pelo CBH-PCJ e que estão nas tabelas

XIII-7 e XIII-8. Essas ações foram divididas pelo CBH-PCJ em duas partes, a

primeira refere-se às ações de caráter institucional e, portanto, que dependiam

praticamente das ações do comitê e a segunda parte são ações que

necessitavam de investimentos financeiros.

Tabela XIII-3: Ações e Investimentos Previstos e Realizados dos Municípios para 1.994.
P Estimativa de Investimento
Ações previstas para 1994 (constantes do Relatório de
D Investimento Realizado
Situação dos Recursos Hídricos do CBH-PCJ – 1993)
C (1.000 US$) (1.000 US$)
AMERICANA
Captação III (Rio Piracicaba) 2 1.500 0
Término da E.T.E. – AMERICANA 3 650 65
Interceptores (E.T.E. – AMERICANA) 3 3.000 3.000
E.T.E. – Gruta Dainese 3 6.500 0
E.T.E. – Praia Azul 3 3.500 0
Poços tubulares profundos 4 1.000 25
Programas de perdas de água em redes 5 500 0
Cadastro de redes 5 50 0
Programas de racionalização do uso da água pelas redes
7 50 0
públicas de distribuição.
SUB-TOTAL 16.750 3.090
150

ARTUR NOGUEIRA
Plano Diretor de água e esgoto 1 50 0
Zoneamento dos RH Superficiais e postos hidrométricos
1 20 0
(implantação.)
Captação II (Ribeirão Boa Vista) e adução 2 600 0
E.T.A. II (Tagliari) 2 150 25
Ampliação de recalque na captação I (Ribeirão Sítio Novo) 2 15 15
Reforma da E.T.A. 2 25 20
Ampliação e des. De lagoas de decantação de esgoto(Itamaraty e
3 200 0
Stoco)
Desassoreamento de sistema de lagoas de decantação de esgoto
3 50 0
(AIDAN)
Ampliação de emissário de esgoto 3 530 40
Cadastramento de rede de água/esgoto 5 20 4
Aquisição de hidrômetros (1.000) 5 50 0
Estudo de adequação tarifária 5 3 1
Implantação de área de proteção do manancial do Ribeirão Boa
5 25 0
Vista)
Implantação do viveiro de mudas 5 30 0
Desassoreamento da nascente do Cotrins (Canal com 1
8 30 0
Km/2m/2m)
Implantação de guia, sarjetas e galerias de águas pluviais
9 300 50
(Bairros: São Vicente, Planalto, Saciloto, CDHU, Trabalhadores)
SUB-TOTAL 2.098 155
ATIBAIA
Projeto e obras ampliação de captação de água bruta e Barr. Rio
2 700
Atibaia
Ampliação da estação de tratamento de água 2 670
Ampliação de rede coletora 3 1.100
Coletores tronco 3 670
Interceptor e emissário 3 1.190
N.I.
Estação de tratamento de esgoto 3 890
Estação elevatória de esgoto 3 160
Elaboração de projetos e obras de aproveitamento de água
4 200
subterrânea
Programas de controle de perdas de água em redes 5 50
Cadastro de redes de distribuição 5 15
SUB-TOTAL 5.645
BOM JESUS PERDÕES
Plano diretor e proj. executivo. p/ o sistema de afastamento de
1 10
esgotos urbanos
Ampliação da E.T.A. 2 2.500
Execução do sistema de afastamento de esgoto urbano 3 100
N.I.
Construção de poço artesiano no Jd. Santa Maria 4 10
Coleta de águas pluviais, (galerias), guias e sarjetas nos Bairros:
Jd. São Marcos, Jd. Portugal, V. Operária, Jd. Bela Vista, Jd. Belo
9 100
Horizonte e Jd. S. Dumont
SUB-TOTAL 2.720
BRAGANÇA PAULISTA
Treinamento técnico Água/Esgoto 1 3
Melhoria na captação junto ao Rio Jaguari 2 280
Projeto e obra de desassoreamento de córregos 8 5
Retificação e canalização de cursos d'água - Lavapés 8 300
N.I.
Cadastramento e zoneamento de áreas inundáveis 8 N.I.
Recuperação das antigas áreas de empréstimo das Barragens
Jaguari e Jacareí – Projeto e Obra 9 2.500
Projeto de obras de guias, sarjetas e galerias 9 N.I.
SUB-TOTAL 3.088
151

CAMPINAS
Obras previstas no Plano Diretor de Água e Esgoto 1 175 13.300
Recobrimento aerofotogramétrico do município 1 48,8 0
Proteção ao meio ambiente; levantamento do meio ambiente 1 28,9 0
Estudos, projetos e obras de sistemas de afastamento e
3 9.026 1.100
tratamento de esgotos
Saúde e Saneamento, proteção ao meio ambiente e controle
de poluição e contribuição ao Consórcio Piracicaba e
3 117 0
Capivari
Destinação final de resíduos sólidos 3 3.786,4 0
Elaboração de projetos e obras de aproveit. de água
subterrânea (poços) 4 240 0
Levantamento geológico e carta geotécnica do município 4 11,4 0
Programa de desenvolvimento operacional 5 8.000 750
Saneamento e drenagem Córrego Piçarrão/ Obras e
Instalações 8 731,5 8.000
Melhoria sistema, drenagem e obras complementares/obras
e instalações 8 975,4 0
Saneamento da bacia do Ribeirão Anhumas/ obras e
instalações 8 731,5 1.300
Recuperação de áreas degradadas 9 48,8 0
Construção praças, jardins, parques e bosques 9 731,5 0
SUB-TOTAL 24.652,2 24.450
CAMPO LIMPO PAULISTA
Emissário Rio Jundiaí-Marg. Direita E.T.A. ao Pq.
Internacional, ext. 2.500 m 3 58 0
Emissário margem direita córrego Moinho com extensão de
1.800 m 3 72 31,8
Emissário Córrego Mãe rosa extensão 4.500 m 3 180
SUB-TOTAL 310 126,8
CAPIVARI
Plano diretor de esgoto 1 8,6 14
Treinamento de pessoal em recursos hídricos 1 5 0
Implantação de programa de educação ambiental 1 10 0
Obra de alteamento da barragem ETA II 2 120 12
Ampliação do aterro sanitário 3 18 6
Convênio com o Inst. Geológico p/ aproveitamento de água
subterrânea (poços) 4 32 27
Implantação de área de proteção ambiental 5 60 16
Programa de controle de perdas de água em redes 5 5 0
Estudos de adequação tarifária 5 3 13
Projetos e obras de desassoreamento de córregos 8 40 23
Retificação e canalização de cursos d'água 8 600 0
Implantação de medidas de proteção contra erosão em área
de expansão urbana 9 80 0
Projetos e obras de guias, sarjetas e galerias 9 22 28
SUB-TOTAL 1.003,6 111
COSMÓPOLIS
Rede coletora de esgoto (8.000 m) 3 - 240
Estação de tratamento de esgoto tipo reator anaeróbio de
fluxo ascendente 3 - 160
SUB-TOTAL 400
INDAIATUBA
Captação Piraí 2 3.000 400
Tratamento Barnabé 3 N.I. 0
Tratamento Mercedes 3 N.I. 0
Emissário Barnabé 3 N.I. 0
Interceptor margem direita do Rio Jundiaí 3 N.I. 0
152

Interceptor marginal a SP-75 3 N.I. 0


Jardim Carlos Aldrovandi (poço) 4 15 30
Estudos de adequação tarifária 5 0,7 0,7
Cadastro 5 8 0
Programa de controle de perda de água em rede 5 175 5
Programa de revisão e adequação de cadastro hidráulico 5 33 0
Sistema Morungaba 8 N.I. 0
Sistema Capivari-Mirim 8 N.I. 0
Esgoto Recreio Campestre 8 - 25
SUB-TOTAL 1.431,7 460,7
IRACEMÁPOLIS
Legislação de uso e ocupação do solo 1 3 1,5
Monitoramento hidrológico 1 8 1
Avaliação de impactos ambientais 1 13 0
Programa de educação ambiental 1 12 0
Treinamento de recursos humanos 1 6 1,5
Plano diretor de água e esgoto 1 12 3
Captação (nova tomada) 2 16 0
Alteamento da represa de captação 2 355 9,5
Financiamento, tratamento de esgoto sanitário 3 95 2,5
Disposição final dos resíduos sólidos 3 20 4,5
Elaboração e implantação da APA municipal 5 18,5 2,5
Controle de perdas 5 55 0
Cadastros de redes 5 15 0
Viveiros de mudas nativas 5 43,5 18
Ações de conscientização para uso racional de água
(campanhas) 7 5,5 0,5
Retificação e canalização do Rib. Cachoeirinha 8 120 0
Controle preventivo da erosão urbana e conservação do solo
rural 9 24 0
Obras de guias e sarjetas 9 38,9 22
Ampliação das galerias 9 68,8 21
SUB-TOTAL 929,2 87,5
ITUPEVA
Desassoreamento do Rio Jundiaí 8 60 0
Canalização do Córrego da Lagoa 8 200 0
SUB-TOTAL 260 0
JAGUARIÚNA
Convênio com Consórcio Interm. Das Bacias dos Rios
1- N.I. N.I.
Piracicaba e Capivari
3
JUNDIAÍ
Mapeamento da capacidade hídrica do Rio Jundiaí-Mirim
parceria c/ SMA/ CPRM 1 10
Seminário sobre uso adequado da água 1 2
Reforma da casa de bombas do Jundiaí-Mirim 2 50
Aquisição e instalação de moto-bomba no recalque do rio
Atibaia 2 500
N.I.
Projeto para represa no Rio Jundiaí-Mirim 2 500
Projeto para nova casa de bombas no recalque do Rio
Jundiaí-Mirim 2 100
Término da adutora do Rio Atibaia 2 300
Projeto da estação de tratamento de esgotos do município -
CERJU 3 63
Proj. interceptor esg. Rio Jundiaí na margem direita - Dist.
Ind. – CERJU 3 45
Assentamento intercep. Esgotos às margens R. Jundiaí e
afluentes -CERJU 3 4.456
153

Execução de coletores tronco em vários córregos do


município 3 1.452
Proteção de mananciais e recomposição de matas ciliares 5 75
Programa de controle de perda de água em redes de
distribuição 5 200
Reforma da ETA Anhangabaú 5 1.50
Reforma da ETA Eloy Chaves 5 650
Obra de desassoreamento e limpeza do rio Jundiaí 8 850
Obras de Canalização de córregos diversos no município 8 800
Construção de galerias 9 1.800
SUB-TOTAL 113.703
LIMEIRA
Plano diretor de abastecimento de água 1 84 84
Melhoria do enrocamento na captação Rio Jaguari 2 120 300
Estação elevatória Rio Jaguari 2 2.050 1.265
Estação elevatória São Lucas 2 790 1.600
Filtro da estação de tratamento de água 2 110 110
Limpeza e revestimento:
- adutora (Rio Jaguari - ETA) 2 270 1.400
- tubulação (FOFO) área central 2 290 0
Estação de tratamento de esgoto(Tatu) 3 20.000 0
Estação de tratamento de esgoto (Lagoa Nova) 3 291 0
PROSEGE (redes coletoras, lig. Domiciliares, emissários,
est. Elevatória) 3 2.000 60
Coletor tronco - margem direita do ribeirão Tatu 3 2.700 0
Cadastros de redes 5 5,7 0
Galerias de águas pluviais para área central 8 200 1.000
SUB-TOTAL 28.210 5.819
MONBUCA
Obras de guias e sarjetas 9 2 3,63
SUB-TOTAL 3,63
MONTE ALEGRE DO SUL
Projeto de rede de esgoto municipal(Convênio DAEE) 2 N.I. 0
Rede coleta de esgoto 3 10 10
Desenvolvimento de legislação 5 1 0
Desassoreamento Ribeirão Monte Alegre 8 2 0
Guias, sarjetas e galerias de águas pluviais em bairros e
estradas municipais 9 4 4
SUB-TOTAL 17 14
NOVA ODESSA
Plano diretor de abastecimento público 1 N.I. 100
Plano diretor esgotamento/tratamento sanitário 1 N.I. 0
Capacitação profissional 1 N.I. 0
Programa de educação ambiental 1 N.I. 10
Projeto barragem do córrego da Represa III 2 N.I. 0
Continuidade de construção de emissários 3 N.I. 500
Melhoria do aterro sanitário 3 N.I. 50
Cadastramento de poços 4 N.I. 0
Programa de matas ciliares 5 N.I. 30
Programa de perdas de água 5 N.I. 0
Adequação tarifária 5 N.I. O
Cadastro de redes 5 N.I. 0
Programa de apoio aos irrigantes 6 N.I. O
Programa de uso racional das águas 7 N.I. 10
Residuais peças industriais 7 N.I. 0
. Programa de desocupação ribeirinha 8 N.I. 200
. Programa sistemático de desassoreamento 8 N.I. 0
. Conservação de leitos de córrego 8 N.I. 50
154

. Legislação de uso de solo 8 N.I. 0


. Plano diretor de conservação do solo 9 N.I. 0
. Leis de proteção ambiental 10 N.I. 0
SUB-TOTAL 0 950
PEDREIRA
Implantação de programas de educação ambiental 1 8 0
Desenvolvimento turístico(Praças nas margens) 2 50 0
Obras de extensão de rede e melhoria do sistema de
abastecimento de água 2 1.261 1.261
Laboratório de controle analítico 2 30 30
Tratamento de água 2 22 22
Tratamento de esgoto 3 50 50
Disposição de resíduos sólidos 3 20 20
Estudos de adequação tarifária 5 N.I. 0
Programa de racionalização e controle da qualidade da água
distribuída 7 5 0
Programa de divulgação da legislação existente 7 3 0
Desassoreamento de mananciais 8 8 0
Manutenção de galerias de águas pluviais 8 10 10
Medidas de proteção contra erosão do solo urbano 9 20 10
SUB-TOTAL 1.487 1.403
PIRACICABA
Coletor tronco MD Piracicaba-Mirim 3 450 176
Expansão rede coletora 3 440 180
Coletor tronco Córrego Ondas 3 100 52
Coletor tronco Córrego Enxofre 3 70 86
ETE "Curtume" 3 100 98
Construção de fossas e filtros anaeróbios 3 40 28
SUB-TOTAL 1.200 620
RIO CLARO
Edição de cartilhas e programas de educação ambiental 1 50 0
Barragem e nova captação da ETA II 2 500 143
Adutora da central de distribuição 2 300 1.133
Projeto e construção DAEE-CETESB- tratamento lodo da
ETA 3 75 0
Projeto de ETE’s (pequeno porte) 3 20 20
Supervisão das galerias e proteção de mananciais (DAEE)
3 10 0
Construção de ETE’s 3 300 0
Supervisão de proteção de mananciais (anual) 5 100 0
Fiscalização ambiental (Prefeitura) 5 50 0
Elaboração de leis complementares (CDU) 5 50 0
Projeto Fundo Vale (Wenzel e Santa Maria) 8 1.500 0
Projeto Córrego da Servidão 8 1.200 0
Desassoreamento e reflorestamento do ribeirão
Cachoeirinha e Ribeirão Claro 8 1.200 0
Galerias pluviais e micro-drenagem urbana 8 3.500 0
Legislação e mapeamento de áreas de risco 8 100 0
Estabilização, controle e recuperação de voçoroca 9 600 0
Manutenção aterro sanitário, implantação de usina de
reciclagem/compostagem 10 800 0
SUB-TOTAL 10.355 1.296
RIO DAS PEDRAS
Plano diretor de esgoto e água 1 150 0
Treinamento de pessoal em recursos hídricos 1 2 0
Captação Fazenda São João 2 150 0
Projeto e obra da ETE - Bom Jardim 3 1.000 0
Interceptor Ribeirão Tijuco Preto 3 2.000 0
155

Obra aterro sanitário - Lageado 3 40 20


Projeto e obra de poço tubular profundo 4 20 0
Implantação de área de proteção ambiental 5 15 0
Programa de revisão e adequação do cadastro hidráulico 5 33 0
Estudo de adequação tarifária 5 2 0
Programa de utilização racional de recursos hídricos dirigido
às indústrias 7 20 0
Projeto e obras de desassoreamento de córregos 8 50 0
Retificação e canalização Ribeirão Tijuco Preto 8 2.500 0
Projetos e obras de guias, sarjetas e galerias (três conjuntos
habitacionais 9 100 0
SUB-TOTAL 6.082 20
SALTINHO
Implantação de áreas de proteção ambiental do Córrego
Saltinho 5 100 0
Implantação áreas de proteção de manancial e açude no
Córrego Mato Alto 5 50 0
Obras de controle enchentes no Córrego Saltinho 8 23 53
SUB-TOTAL 173 53
SALTO
Captação Córrego Piray – Barragem (reforma) 2 20 0
Estação elevatória EETR-3 e interceptor margem esquerda
do Rio Jundiaí 3 168 179
Projetos e obras de guias, sarjetas e galerias: Jardim Santa
Cruz, Jardim Nova Era, Jardim Nações II, Jardim Cidade III,
9 120 42
Jardim Marília II
SUB-TOTAL 308 221
SANTA BÁRBARA D'OESTE
Programa de educação ambiental 1 100 20
Plano geral de ampliação do sistema de água 2 500 200
Cap., recalque, tratamento. Adução e distribuição R.
Piracicaba (Q=2.160 m3/h) 2 4.000 30
Interceptores e ETE do Ribeirão dos Toledos (Q= 3.600
m3/h) 3 4.000 500
Programa de controle e fiscalização 3 200 50
Expansão sistema de coleta 3 1.000 225
Programa de controle de perdas 5 200 50
Adequação tarifária 5 80 30
Recadrastamento geral de redes e ligações 5 120 10
SUB-TOTAL
10.200 1.115
SANTA GERTRUDES
Ampliação da estação de tratamento de água 2 250 186
Barragem e captação do Córrego Santa Gertrudes 2 8 10
SUB-TOTAL 258 196
SANTA MARIA DA SERRA
Construção de lagoa de tratamento de esgoto sanitário tipo
facultativa 3 N.I. 0,4
Colocação de guias e sarjetas 1.000 m aproximado 9 N.I. 3
Aterro sanitário para depósito de lixo domiciliar 10 N.I. 0
SUB-TOTAL 0 3,4
SUMARÉ
Melhoria na captação do Rio Atibaia 2 100
Projeto executivo do Sistema de tratamento de esgoto 3 250
Emissário Tijuco 3 500
N.I.
Programa de controle de perdas de águas em redes 5 100
Programa de revisão e adequação de cadastro hidráulico 5 50
Estudos de adequação tarifária 5 5
156

Programa de auxílio e orientação aos irrigantes 6 20


Programa de treinamento para irrigantes 6 10
Programa de obras de desassoreamento na bacia do
8 100
Taquara Branca
Medidas de proteção contra a erosão do solo urbano 9 100
Projetos e obras de guias, sarjetas e galerias 9 400
SUB-TOTAL 1.635
VÁRZEA PAULISTA
Plano diretor de esgoto 1 50 67,3
Emissário de esgoto e ETE 3 200 187,7
Perfuração de dois poços tubulares profundos 4 30 0
SUB-TOTAL 280 255,0
VALINHOS
Complemento da implantação sistema planejamento
iniciado em 1993 1 12
Treinamento de recursos humanos em recursos hídricos 1 20
Implantação de programa de educação ambiental 1 20
Formação de associação de usuários 1 1 10 N.I.
Desenvolvimento turístico e de esportes aquáticos (CLT) 2 50
Moinho Velho ( sistema de abastecimento) 2 1.200
Programa de saneamento rural 3 8
Manutenção do aterro sanitário existente 3 250
EIA RIMA e projeto do novo aterro sanitário 3 150
Auxílio no cadastramento de poços (localização, tipo) 4 30
Construção de oficinas de hidrômetros 5 40
Investimento para implantação de áreas de proteção
ambiental 5 30
Auxílio e orientação aos irrigantes 6 10
Levantamento e cadastro das áreas irrigadas 6 15
N.I.
Apoio à formação de associações, inclusive treinamento 6 5
Projetos e obras de desassoreamento de córregos 8 100
Retificação e canalização de cursos d'água 8 100
Cadastramento de áreas inundáveis 8 10
Implantação de medidas de proteção contra erosão do solo
9 50
urbano
Projetos e obras de guias, sarjetas e galerias 9 550
SUB-TOTAL 2.660
CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DAS BACIAS DOS RIOS PIRACICABA E CAPIVARI
Implantação de aterro de resíduos industriais em
3 Vb./cust Parcial 10%
Piracicaba
Inauguração da ETE Parque. D. Ésther em Cosmópolis 3 Vb./cust Parcial 90%
Elaboração de estudos e projetos para os sistemas de
Vb./cust Parcial 70%
tratamentos de esgotos de Rio Claro, Ipeúna e Holambra 3
Projeto de recuperação da Represa de Salto Grande
3 Vb./cust Parcial 10%
(Americana) e do Mini-Pantanal (Paulínia)
Continuidade do projeto de reflorestamento ciliar em
5 Vb./cust Parcial 90%
parceria com FF, DEPRN e CESP
Apoio técnico para implantação e operação de viveiros e
urbanização de cidades em parceria com FF, DEPRN e 5 Vb./cust Parcial 90%
CESP
Fonte: Relatórios de Situação dos Recursos Hídricos do CBH-PCJ 1993 e 1994.
157

Tabela XIII-4: Investimentos Previstos e Realizados pelos Municípios para 1994 em cada
PDC em 1000 US$.
PDC Previsto Realizado %
1-Planejamento e Gerenciamento 928,30 13.599,30 1464,97
2-Aproveitamento Múltiplo e Controle dos R. Hídricos 17.679,00 8.171,50 46,22
3-Recuperação da Qualidade dos R. Hídricos 72.317,50 7.236,90 10,01
4-Desenvolvimento e Proteção das Águas Subterrâneas 1.388,40 82,00 5,91
5-Conservação dos Mananciais de Abastecimento Urbano 12.896,40 930,20 7,21
6-Desenvolvimento Racional da Irrigação 60,00 0,00 0,00
7-Conservação dos R. Hídricos na Indústria 83,50 10,50 12,57
8-Prevenção e Defesa Contra Inundações 15.741,40 11.361,00 72,17
9-Preservação e Defesa Contra Erosão do Solo 5.160,00 183,60 3,56
10-Desenvolvimento dos Municípios Afetados por 800,00 0,00 0,00
Reservatórios e Áreas de Proteção
Total 127.054,50 41.575,00 32,72
Fonte: Relatórios de Situação dos Recursos Hídricos do CBH-PCJ 1993 e 1994.

Tabela XIII-5: Ações e Investimentos de Órgãos Estaduais para 1.994 em 1.000 US$.
P
Ações previstas para 1994 (constantes do Relatório de Estimativa de Investimento
D
Situação dos Recursos Hídricos do CBH-PCJ - 1993) Investimento Realizado
C
CESP
1. Estudo de viabilidade do aproveitamento múltiplo de Santa
Maria da Serra, no Rio Piracicaba, para navegação, geração
2 400 100
de energia, turismo, desenvolvimento industrial e
abastecimento de água;
2. Estudo de viabilidade UHE de Sta. Maria da Serra; 2 500 0
3. Estudos ambientais do aproveitamento múltiplo de Sta.
2 350 0
Maria da Serra;
4. Manutenção de programa de recuperação de áreas
degradadas, doação de 100 mil mudas de espécies nativas e 5 70 70
assessoria técnica.
SUBTOTAL 1.320 170
DAEE
1. Dar suporte administrativo e financeiro da SE/CBH-PCJ; 1 Vb custeio Realizado
2. Estruturar equipe técnica multidisciplinar para apoio a
1 Vb. Custeio Não realizada
SE/CBH-PCJ;
3. Aquisição de equipamento de informática para
1 10 0
aparelhamento da SE/CBH-PCJ;
4. Concluir o cadastramento de usuários urbanos e
1 Vb. Custeio Não realizado
industriais;
5. Realizar um curso de geotecnia aplicada; 1 Vb. Custeio Não realizada
6. Desenvolvimento dos estudos do Plano Integrado de
Aproveitamento e Controle dos Recursos Hídricos das
2 2.000 1.417,90
Bacias do Alto Tietê, Piracicaba e Baixada Santista
(investimento na área CBH-PCJ);
7. Assistência técnica aos municípios em hidrogeologia
através de estudo, projeto e perfuração de poços tubulares 4 100 17,2
profundos;
8. Assistência técnica aos municípios e repasse de recursos
8 50 0
para obras de canalização de cursos d’água;
9. Serviço de Limpeza e desassoreamento de cursos d’água
8 Vb. Custeio Realizada
com equipamentos próprios;
158

10. Assistência técnica a municípios e repasse de recursos


9 140 34
para obras de combate a erosão.
SUBTOTAL 2.300 1.469,1
DERSA
1. Estudo de navegação do Rio Piracicaba, da foz até
2 500 0
Paulínia e terminal hidrorodoferroviário no Rio Corumbataí.
SABESP
1-Obras de barramentos, captação, adução, tratamento, e
distribuições de água em 13 municípios operados:
Águas de São Pedro
2 560 4,6
Bragança Paulista
2 5.692,5 0
Charqueada
2 360,0 48,2
Elias Fausto
2 599,6 1.186,2
Itatiba
2 7.174,6 0
Jarinú
2 725,0 283,5
Monte Mor
2 462,7 117,1
Morungaba
2 138,6 25,0
Nazaré Paulista
2 524,7 0
Paulínia
2 2.061,7 578,3
Piracaia
2 1.218,1 0
Tuiuti
2 86,1 0
Vargem
2 86,1 0
SUBTOTAL 19.689,8 2.242,9
2-Projetos e obras de sistemas de afastamento e tratamento
de esgotos em 17 municípios, a saber:
Águas de São Pedro ( Projeto concluído, área não liberada )
Bragança Paulista. 3 675,0 0
Charqueada ( Projeto elaborado pela Hidroconsult através da 3 11.492,7 0
IT ) 3 1.980,0 0
Elias Fausto obra não licitada 3 903,0 0
Itatiba investimento previsto no PPI foi de US$1600 3 7.058,8 1.500,0
Itupeva 3 787,8 0
Joanópolis 3 128,5 0
Mombuca sistema em operação 3 203,5 0
Monte Mor projeto em elaboração c/ equipe própria 3 964,9 0
Morungaba 3 100,2 0
Nazaré Paulista 3 228,7 38,6
Paulínia projeto c/ EP e obra com EI 3 4.716,6 0
Pedra Bela 3 177,3 0
Pinhalzinho 3 150,9 0
Piracaia 3 1.023,2 0
Tuiuti 3 137,3 22,5
SUBTOTAL 30.728,4 1.561,1
3-Projetos, serviços e obras de aproveitamento de água
subterrâneas em 3 municípios:
Mombuca [projeto c/ geologia, obra não licitada] 4 553,2 0
Monte Mor [projeto c/ geologia, obra não licitada] 4 726,0 0
Tuiuti 4 35,0 0
SUBTOTAL 1.314,2 0
4-Diagnóstico e plano de ação para combate a perdas a 8
municípios:
5 50,0 0
Bragança Paulista, Joanópolis, Nazaré Paulista, Pedra Bela,
Pinhalzinho, Piracaia, Tuiuti e Vargem
5-Controle de Perdas em 9 municípios:
Águas de São Pedro; 111,1 1,4
Charqueada; 111,1 3,4
5
Elias Fausto; 111,1 3,1
Itatiba; 111,1 0
Itupeva; 111,1 0
159

Jarinú; 111,1 0
Mombuca; 111,1 0,4
Monte Mor 111,1 5,3
Paulínia 111,2 62,4
SUBTOTAL 1000 76,6
6-Estudos e projetos executivos para setorização do sistema
6 52.982,3 3.880,0
de abastecimento de Bragança Paulista
Secretaria da Agricultura e Abastecimento – SAA
1-Construção barragem para piscicultura e projetos
2 36,5 12,5
comunitários de irrigação;
2-Uso racional de agrotóxicos 3 10 2,0
3-Treinamento em microbacias que abastecem mananciais,
implantação de matas ciliares, conservação de estradas / 5 75 0
terraceamento e outras práticas;
4-Treinamento / utilização racional da água, monitoramento
da utilização racional da água na irrigação e formação de 6 60 0
associação de irrigantes.
5-Treinamento para manejo de MBH/conservação do solo,
planejamento conservacionista em 21 MBH’s em execução 9 70 0
de serviços conservacionista.
SUBTOTAL 247 52,0
Secretaria de Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Econômico
1-Realização de cursos extracurriculares de oleicultura,
1 Vb. Custeio Não realizado
práticas agrícolas, manejo do solo, etc.
SMA
1-Apoio técnico ao CBH-PCJ e coordenação de programas
1 Vb. Custeio Realizado
de investimento no âmbito da SMA [CPLA]
2-Publicação de relatório com estabelecimento de metas
ambientais e reenquadramento dos corpos d’água da bacia 1 65,0 115,7
do rio Piracicaba [CPLA]
3-Inventário florestal nas bacias do Piracicaba, Capivari e
1 50,0 N.I.
Jundiaí [CPLA]
4-Regulamentação da APA Piracicaba [CPLA] 1 4,0 13,0
5-Realização de encontros técnicos com delegacias de
ensino, cursos com professores e educação ambiental 1 Vb. Custeio Realizado
(CEAM)
6-Manutenção da estação experimental de Tupi (Piracicaba),
1 Vb. Custeio N.I.
estação ecológica de Ibicatu e produção de mudas (IF)
7-Estudos geo-ambientais para planejamento (IG) 1 Vb. Custeio 85% realizado
8-Estudos de planejamento para APA Jundiaí (CPLA) 5 2,5 2,5
9-Plano de ocupação da área de entorno dos grandes
5 21,0 0,0
reservatórios – APA Piracicaba (CPLA)
10-Projeto piloto de modelo de gestão e combate a erosão
9 Vb. Custeio 10% realizado
da micro bacia do Córrego Aterrado (CPRN)
SUB-TOTAL 142,5 131,2
Fundação Florestal
1-Produção de mudas de espécies nativas (FF) 5 82,0 N.I.
2-Manutenção dos programas "Viveiro Escola", "Viveiro
Pesquisa", fomento florestal e mapeamento das bacias do 5 Vb. Custeio N.I.
Piracicaba e Capivari (FF).
SUB-T1OTAL 82,0 N.I.
Fonte: Relatórios de Situação dos Recursos Hídricos do CBH-PCJ 1993 e 1994.
160

Tabela XIII-6: Investimentos Previstos e Realizados por Órgão Estadual.


F.
DAEE SMA DERSA CESP SABESP SAA Total
Florestal
Previstos 2.300,00 142,50 500,00 1.320,00 49.772,69 62,00 251,50 54.348,69
Realizados 1.468,20 131,20 0,00 170,00 3.980,00 0,00 14,50 5.763,90
% 63,83% 92,07% 0,00% 12,88% 8,00% 0,00% 5,77% 10,61%
Fonte: Relatórios de Situação dos Recursos Hídricos do CBH-PCJ 1993 e 1994.

Tabela: XIII-7: Ações Institucionais Previstas no Relatório de Situação de 1993 e


elaboradas pelo CBH-PCJ para sua área de abrangência.
Ações/Metas Situação Observação
C01 – Implantação e operacionalização de 4 1. Câmara Técnica ( c ) foi
Câmaras Técnicas: alterada pelo Grupo
a) Assuntos Institucionais Técnico
100%
b) Outorgas e Licenças
realizado
c) Monitoramento Hidrológico
d) Conservação e Proteção dos Recursos
Naturais
C02 – Promoção de discussões regionais sobre: Os itens "a" e "b" foram
a) Anteprojeto de Lei sobre Agência cumpridos.
b) Plano Integrado Alto Tietê/Piracicaba/B. Os Estudos referentes a
Parcial
Santista "c", "d" e "e" avançaram
c) Cobrança mas não ao ponto de
d) Reenquadramento de cursos d’água poderem ir a discussões
e) Regularização de APA’s públicas
Foi deliberado que uma
revisão geral deve
C03 – Revisar o Estatuto do CBH-PCJ Parcial
aguardar decisões sobre a
Agência
Proposto o Sistema
C04 – Elaborar plano para racionalizar outorgas e 100%
Integrado de Outorgas e
licenças realizado
Licenças - SIOL
Não O Estudo deverá constar
C05 – Elaborar estudos para subdivisão da UGRHI-5
realizado do Plano 96/99
Fonte: Relatórios de Situação dos Recursos Hídricos do CBH-PCJ 1993 e 1994.

Tabela XIII-8: Ações Previstas pelo CBH-PCJ para 1994 no Relatório de Situação de
1993 com a necessidade de investimentos financeiros.
Previsto
Fonte/
Meta (1.000 Realizado (1.000 US$)
Recurso
US$)
C06 – Detalhar programa de
BIRD 1.600 0
Investimentos
C06 – Detalhar programa de
SRHSO 240 0
Investimentos (contrapartida)
C07 – Campanha Comunicação
SRHSO 500 0
Social
C08 – Modernização Rede
FEHIDRO 500 0
Hidrológica
C09 – Apoio Pesquisa CENA/USP FEHIDRO 25 0
C10 – Estudo para abastecimento
Áreas críticas da Bacia do Rio SRHSO 450 0
Jundiaí
C11 – Projeto Executivo Tratamento SRHSO 200 0
161

Esgotos de Atibaia
C12 – Projeto Executivo Tratamento
SRHSO 70 0
Esgotos de Santa Gertrudes
C13 – Conclusão da ETE Americana FEHIDRO 650 0
C14 – Ampliação/adequação ETE
FEHIDRO 500 0
Valinhos
C15 – Construção 4200 m.
FEHIDRO 1.000 0
Interceptor Capuava (Valinhos)
C16 – Construção ETE
FEHIDRO 700 0
Samambaia/Campinas
C17 – Construção ETE
FEHIDRO 300 0
Quilombo/Campinas
C18 – Construção 1ª Etapa ETE
FEHIDRO 1.200 0
Piracicamirim /Piracicaba
C19 – Construção 1ª Etapa ETE Jd.
FEHIDRO 87 0
B. Vista/Rio Claro
C20 – Construção ETE
FEHIDRO 650 0
Graminha/Limeira
C21 – Construção Sistema Esgoto
FEHIDRO 400 0
Corumbataí
C22 – Despoluição Rio Jundiaí
Municípios 2.700 N.I.
(CERJU)
C22 - Despoluição Rio Jundiaí
Estado 2.700 N.I.
(CERJU)
C22 - Despoluição Rio Jundiaí
Indústrias 2.600 N.I.
(CERJU)
C23 - Plano Estratégico Contra
FEHIDRO 300 0
Perdas
C24 - Estudos/Programa combate
SRHSO 100 0
Erosão
C25 - Adequação de ETE's/ Artur
FEHIDRO 125 0
Nogueira
C26 - Construção ETE Jd. Nilo/
FEHIDRO 75 0
Pedreira
C27 - Conclusão da ETE/
FEHIDRO 50 0
Iracemápolis
C28 - Início das obras Sistema
FEHIDRO 50 0
Afastamento Esgotos/ B.J. Perdões
TOTAL 17.772 0
Fonte: CBH-PCJ, 1994 – recursos aprovados pelo CBH-PCJ pela deliberação 15/94 de 21/12/94.

O Plano de Bacias do CBH-PCJ de 96/99 foi aprovado pela deliberação

27/95 de 10/11/95 do Comitê de Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba,

Capivari e Jundiaí embora suas ações previstas para cada PDC tenham sido

anexadas ao PERH 96/99, não houve elaboração do relatório de situação,

portanto somente serão apresentados os dados relativos ao plano de bacia.

Os objetivos e as diretrizes gerais do Plano de Bacias do CBH-PCJ 96/99

são os seguintes:
162

I- resolver ou atenuar a escassez hídrica, quantitativa e qualitativa,

mediante:

A] a realização de projetos integrados de utilização, regularização,

conservação, proteção e recuperação da qualidade dos recursos hídricos;

B] restrições à concentração demográfica e industrial através de políticas de

ordenamento do uso do solo urbano e rural a serem definidas em processo de

articulação com os órgãos ou entidades metropolitanos, ambientais e com os

Municípios;

C] racionalização do uso dos recursos hídricos nos sistemas públicos de

abastecimento de água, com diminuição de perdas e desperdícios e promoção da

utilização de instalações hidráulicas domiciliares que economizem e permitam o

reuso da água;

D] racionalização do crescimento industrial, com ênfase para as indústrias

grandes consumidoras ou poluidoras dos recursos hídricos e promoção do uso

eficiente dos recursos hídricos na indústria, com recirculação da água e

reutilização de efluentes;

E] racionalização da agricultura irrigada com o zoneamento hidroagrícola e a

promoção do uso eficiente da água, com orientação e assistência ao agricultor;

F] gerenciamento dos recursos hídricos com rigorosa aplicação de seus

instrumentos técnicos e jurídicos como a outorga de direitos de uso, licenciamento

ambiental, monitoramento e fiscalização;

G] utilização dos recursos hídricos de bacias vizinhas como solução

extrema, com cautelosa avaliação dos benefícios, prejuízos e impactos

econômicos, sociais e ambientais e proposição de medidas de compensação e

mitigação dos impactos e prejuízos;


163

II- solucionar os conflitos de uso ou poluição dos recursos hídricos em

sub-bacias e áreas de concentração urbana, de irrigação ou de

indústrias, mediante intervenções, serviços e obras;

III- harmonizar a conservação de áreas ambientalmente protegidas com

atividades econômicas e sociais nas sub-bacias hidrográficas onde

haja predominância dessas áreas;

IV- compatibilizar o desenvolvimento urbano, industrial e agrícola e o uso

dos recursos hídricos entre as diversas sub-bacias da UGRHI-5;

V- estabelecer a identificação das fontes de recursos financeiros e dos

órgãos ou entidades responsáveis pela implementação das medias,

serviços e obras previstas em cada PDC;

VI- definir critérios de priorização para projetos, serviços e obras a serem

utilizados na realização de financiamentos ou repasses de recursos

para a região.

As diretrizes e objetivos gerais específicos para o gerenciamento de

recursos hídricos propostos no Plano de Bacias do CBH-PCJ 96/99 são:

I- O Plano de Bacias a ser elaborado em 1996, deverá contemplar:

A] a divisão da UGRHI em sub-bacias hidrográficas visando a aplicação de

critérios para outorga e licenças e a definição de vazões de referências;

B] a definição de vazões mínimas a serem mantidas a jusante de derivações de

recursos hídricos;

C] identificação de sub-bacias críticas com a determinação das medidas

restritivas, racionalizadoras, controladoras e corretivas dos usos dos recursos

hídricos;

D] limitação das vazões de reversão de água entre as sub-bacias;


164

E] definição de mecanismos e dos usuários a terem seus usos das águas

monitorados de maneira sistemática e contínua;

F] definição das situações em que o CBH-PCJ deverá manifestar-se sobre

outorgas e licenças com ênfase para os casos de conflito no uso das águas,

determinando critérios e prioridades.

II- Todos os licenciamentos do DPRN, que envolverem recursos

hídricos, deverão condicionar o usuário, complementarmente à

legislação vigente, à recuperação florestal de uma faixa, em área de

preservação permanente, a ser determinada conforme disposto em

regulamento.

III- deverão ser fixados critérios para vinculação da outorga de direito de

uso das águas para abastecimento público com a elaboração e

implementação de planos municipais de controle de perdas nas redes

de distribuição de água.

IV- Para o financiamento, por instituições financeiras oficiais com o

Governo do Estado de São Paulo, de culturas irrigadas e de

empreendimentos públicos ou privados que envolvam obras e

serviços em recursos hídricos, tais como canalizações de cursos

d’água, captações de água, barragens, poços tubulares profundos e

estações de tratamento de efluentes líquidos, deverá ser exigida a

apresentação de outorga de direito de uso da água. Da mesma forma,

deverão ser efetuadas gestões junto às demais instituições

financiadoras do país, com atuação no Estado de São Paulo, para

que se adote o mesmo procedimento. O cronograma de implantação


165

deste procedimento deverá constar do Plano de Bacias do CBH-PCJ

96/99, a ser elaborado em 1996.

V- Planos de eletrificação rural, que contemplem a utilização de energia

elétrica para irrigação, deverão ser compatibilizados com zoneamento

hidroagrícola aprovado pelo Comitê de Bacias.

VI- A outorga de direito de uso da água para a irrigação somente será

concedida ao usuário, ou à associação de usuários, que efetuar o

controle de irrigação através de equipamentos adequados.

VII- Todos os novos empreendimentos industriais, dependentes de

captações de água em cursos d’água superficiais, deverão efetuar os

lançamentos de seus efluentes líquidos a montante dessa captação.

VIII- A implantação de loteamentos urbanos, industriais e agrícolas

somente será permitida se:

A] forem implantadas medidas de controle da erosão e de proteção contra o

assoreamento dos corpos d’água, inclusive durante a fase de implantação;

B] forem implantadas medidas para manter a capacidade de infiltração da

água no solo, combatendo-se a ocorrência de inundações;

C] existirem sistemas de tratamento de efluentes líquidos individuais ou

coletivos ou, ainda, existir, ou estar em implantação, rede pública de coleta,

afastamento e tratamento desses efluentes com capacidade para

atendimento das exigências de remoção das cargas poluidoras;

D] existir sistemas adequados de coleta, transporte e disposição de resíduos

sólidos.
166

IX- Deverá ser incentivada a formação de associações de usuários em

sub-bacias hidrográficas, priorizando-se a formação daquelas onde se

situam captações de água para abastecimento público.

Tabela XIII-9: Ações e Investimentos Previstos para o período de 96/99.


Ações previstas para cada PDC
PDC-1 : Planejamento e Gerenciamento
a) Deverá ser elaborada, para aprovação pelo CBH-PCJ, propostas de reenquadramento dos
corpos d’água das bacias dos Rios Jundiaí e Capivari;
b) Deverão ser implantados com apoio financeiro do FEHIDRO, em nível regional, campanhas
educativas de conscientização da população quanto ao uso racional da água;
c) Deverão ser implantados programas de treinamento do corpo técnico das companhias de
saneamento, das empresas concessionárias e dos serviços municipais de água e esgoto da
região quanto ao tema “Racionalização do Uso da Água”;
d) Deverão ser implantados, com apoio financeiro do FEHIDRO, programas de assistência técnica
ao agricultor irrigante, promovendo: transferência de tecnologia, orientação na aplicação de
práticas de conservação da água e no uso adequado do solo, sistema de aviso
agrometeorológico, cursos de treinamento, em todos os níveis com elaboração de material
didático, vídeos, manuais técnicos e similares;
e) É prioritário o monitoramento de qualidade e quantidade de água nos corpos d’água
superficiais e dos aqüíferos subterrâneos, bem como dos usos dos recursos hídricos
superficiais e subterrâneos.
f) Deverá ser implantado um sistema integrado de cadastro, outorgas, licenças e cobrança em
recursos hídricos, para as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí;
g) Poderão ser realizados, com apoio financeiro do FEHIDRO, estudos e pesquisas em recursos
hídricos, através de Fundações, Instituições de Pesquisa e Universidades.
h) Deverá ser implantado programa de treinamento para técnicos dos Municípios, visando orientá-
los quanto ao controle e prevenção de inundações, com medidas estruturais e não estruturais.
PDC-2: Aproveitamento Múltiplo e Controle
a) Elaborar estudos e implantar o aproveitamento múltiplo das águas dos reservatórios do
Sistema Cantareira, do reservatório de Barra Bonita e do Reservatório de Americana;
b) Implantar a hidrovia Tietê-Paraná no trecho do rio Piracicaba entre o lago do reservatório de
Barra Bonita e o Distrito de Artemis;
Implantar mecanismos de rateio de custos entre os setores usuários para a execução de
empreendimentos e obras hidráulicas e de saneamento.
167

PDC-3: Serviços e Obras de Conservação, Proteção e Recuperação


a) Efetuar o controle de fontes difusas de poluição das águas através de monitoramento de
metais pesados e de agrotóxicos, bem como desenvolvimento de estudos sobre o
aproveitamento de compostos de lixo e resíduos sólidos na agricultura;
b) Identificar as diversas fontes de poluição;
c) Promover o financiamento para tratamento de efluentes industriais;
d) Desenvolver estudos, projetos e obras para a disposição adequada dos resíduos sólidos;
e) Efetuar a vigilância sanitária e monitoramento de doenças de veiculação hídrica;
f) Executar projetos, serviços e obras visando recuperar a qualidade das águas e combates a
proliferação de algas e o assoreamento de reservatórios;
g) Alocar os recursos financeiros para a execução das obras previstas pelo CERJU-Comitê do Rio
Jundiaí, que possui projeto para despoluição conjunta de cidades e industrias;
h) Desenvolver estudos e projetos, bem como implantar serviços e obras de sistemas de
afastamento e tratamento de esgotos urbanos, nas bacias dos rios Piracicaba e Capivari;
i) Promover o saneamento rural.
PDC-4: Desenvolvimento e Proteção das Águas Subterrâneas
a) Efetuar o cadastramento e o controle da perfuração de poços tubulares profundos nas bacias
dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí;
b) Elaborar cartografia hidrogeológica e de vulnerabilidade de aqüíferos quanto à poluição;
Incrementar o uso racional das águas subterrâneas, com participação, no controle e
monitoramento, das Prefeituras Municipais, companhias de saneamento, empresas
concessionárias e serviços municipais de água e esgoto;
c) Implementar medidas para a administração racional e integrada das águas superficiais e
subterrâneas.
PDC-5: Conservação e Proteção dos Mananciais Superficiais de Abastecimento Urbano
a) Deverão ser priorizados recursos financeiros do FEHIDRO para elaboração e implantação de
planos municipais de controle de perdas no sistema de abastecimento público de água;
b) Deverá ser implantado banco de dados regional referente aos percentuais de perdas de água
nos sistemas de abastecimento público dos municípios das Bacias;
c) Os serviços municipais de água e esgoto, as empresas concessionárias e as companhias de
saneamento, deverão direcionar suas políticas tarifárias visando redução do desperdício, com
base em critérios gerais a serem estabelecidos pelo Comitê em nível regional;
d) Deverão ser implantados medidores de vazão nas captações de águas superficiais visando o
controle de, pelo menos, 80% do total da vazão captada nas bacias dos rios Piracicaba,
Capivari e Jundiaí;
e) Deverão ser elaborados Planos Diretores de Recursos Hídricos, em sub-bacias críticas quanto
ao uso das águas, contemplando, dentre outros, estudos sobre proteção, uso e manejo da
água, solo e flora, controle de fontes poluidoras e de captações de água, tratamento de
efluentes, regularização de vazões e disciplinamento de atividades minerárias.
PDC-6: Desenvolvimento Racional da Irrigação
a) Efetuar o cadastramento dos irrigantes nas bacias dos rios Jundiaí e Capivari;
b) Efetuar o recadastramento de irrigantes na bacia do Piracicaba;
c) Implantar sistema permanente de controle de áreas irrigadas e de atualização cadastral de
irrigantes;
d) Aumentar a disponibilidade hídrica superficial, em pequenas bacias utilizadas para
abastecimento público, através da construção de barragens de regularização de vazões para
irrigação;
e) Elaborar e implementar zoneamento hidroagrícola com indicação das áreas de aptidão para
irrigação.
PDC-7: Conservação de Recursos Hídricos na Indústria
a) Deverá ser constituído cadastro de consumidores de água industrial nas redes de distribuição
de água dos municípios, contendo o consumo mensal individual;
Poderão ser destinados recursos financeiros do FEHIDRO para elaboração e implantação de
programas de racionalização do uso das águas e de redução de perdas e minimização da geração
de efluentes líquidos dentro das indústrias.
168

PDC-8: Preservação e Defesa Contra Inundações


a) Elaboração do Plano Diretor de Combate a Inundações na bacia do ribeirão Quilombo;
b) Elaboração do cadastramento de áreas inundáveis na área do CBH-PCJ, de estudos e projetos
de macro drenagem para combate a inundações;
c) Implantação de medidas não-estruturais visando manter, nos níveis atuais, o coeficiente de
infiltração de água no solo de zonas urbanas e a não ocupação urbana de áreas de várzeas e
de preservação permanente;
PDC-9: Prevenção e Defesa Contra a Erosão do Solo e o Assoreamento dos Corpos D’água
a) Executar serviços e obras para conservação do solo e adequação de estradas rurais;
b) Complementar o levantamento de solos das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí;
c) Executar a recomposição e manutenção da vegetação ciliar e da vegetação em áreas de
preservação permanente, com o desenvolvimento de tecnologias de produção de mudas de
essências nativas, de manejo sustentado de florestas e de reflorestamento conservacionista;
d) Efetuar o monitoramento da cobertura florestal das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e
Jundiaí;
e) Implantar medidas corretivas e preventivas em áreas degradadas, ou com elevado potencial de
erosão, mediante cooperação com os municípios.
PDC-10: Desenvolvimento dos Municípios Afetados por Reservatórios e Leis de Proteção
de Mananciais
a) Desenvolvimento de ações por conta dos recursos garantidos pelos “royalties” do setor elétrico
nos municípios afetados por reservatórios e unidades de conservação ambiental;
b) Regulamentação da legislação sobre áreas de proteção ambiental, destacadamente quanto ao
aspecto de “indenização” aos municípios afetados.
c) Desenvolvimento de proposta de legislação para compensar financeiramente municípios
afetados por reservatórios de água.
Fonte: Deliberação 27/95 do CBH-PCJ.

A distribuição dos recursos do FEHIDRO destinados a UGRHI em estudo

para o período 96/99 foram regulamentados pelas deliberações do CBH-PCJ

31/96 e 34/95, de 12 de janeiro e 15 de março de 1996, respectivamente. A

primeira deliberação aprovou as diretrizes e critérios para tal distribuição e a

segunda indicou as prioridades de investimentos ao FEHIDRO, bem como os

critérios para pontuação das obras e serviços com a finalidade de hierarquizar as

prioridades.

Das diretrizes para a distribuição de investimentos destacam-se como

prioridade: as obras ou serviços compatíveis com os Planos Diretores de

Desenvolvimento ou Saneamento Municipais; as ações de caráter regional ao

invés das eminentemente locais e as ações já iniciadas e paralisadas, prioritárias

para região. Essas deliberações definiram que 60% dos investimentos previstos

deveriam ser destinados a estudos, projetos e obras para afastamento e


169

tratamento de esgotos urbanos enquanto não houvesse remoção de 50% da

carga poluidora de origem doméstica. Os municípios com população urbana

inferior a 30 mil habitantes foram priorizados para concessão de investimentos

cuja finalidade fosse implantar, expandir ou concluir obras de tratamento de

esgotos, assim como entidades ou órgãos que necessitassem de montante

inferior a 20% do total já investido com recursos próprios.

A deliberação ainda estabeleceu uma pontuação para as ações, com a

finalidade de hierarquização das prioridades de investimentos do FEHIDRO e que

cada município, órgão ou entidade poderia somente pleitear apenas uma tomada

de recursos financeiros, desde que fosse oferecida contrapartida mínima de 50%,

exceto para financiamentos a fundo perdido e atingir valor mínimo de 100 mil

reais no caso de obras. Essa pontuação considerou o objetivo do

empreendimento, a localização, a situação do empreendimento em relação aos

prazos, a existência de projetos para obras ou termo de referência para projetos,

os documentos para a regularização ambiental do empreendimento, os custos

unitários para obras, serviços e projetos e a dotação orçamentária do tomador.

Assim, por exemplo, se o tomador de financiamento desejasse construir uma ETE

receberia 5 pontos no quesito objetivo do empreendimento, caso a obra estivesse

localizada em uma sub-bacia com prioridade de investimentos seriam atribuídos 5

pontos, caso sua localização fosse em uma sub-bacia com menor prioridade

receberia 3 ou 1 ponto e assim, sucessivamente para cada quesito citado, de

forma a compor a pontuação total para o empreendimento.


170

Quanto aos recursos financeiros para o período 96/99, ficaram disponíveis

R$2.841.400,00 provenientes da desistência do Município de Valinhos no valor de

R$405.000,00, do orçamento de 94/95 no valor de R$1.717.700,00 e do

orçamento para 1996 no valor de R$718.700,00. Esse montante foi

disponibilizado segundo os critérios e diretrizes da deliberação 31/96 do CBH-PCJ

foram distribuídos pela deliberação 34/96 conforme tabela XIII-10.

Tabela XIII-10: Ações e Investimentos Previstos para 966/99 segundo pontuação de


hierarquização de prioridades.
Estimativa de
Ações previstas para cada PDC Pontos Investimento
(1.000 R$)
Serviços
a) Prefeitura da Estância de Atibaia (T): Reavaliação de Estudos de 120 (VG)
Alternativas, Projeto Básico e Estudos Ambientais do Sistema de 23 60 (CP)
Afastamento e Tratamento de Esgotos. 60 (FI)
300 (VG)
b) Dep. De Águas e Esgotos de S. Bárbara D’Oeste (T): Projeto de
21 150 (CP)
Proteção aos Mananciais e Implantação de Área Piloto de Mata Ciliar.
150 (FI)
Obras
1.500 (VG)
a) Dep. De Águas e Esgotos de Americana (T): Construção da 2a
40 750 (CP)
Etapa da ETE Quilombo.
750 (FI)
4.400 (VG)
b) Dep. De Águas e Esgotos de Jundiaí (T): Construção de Emissário
40 3.700 (CP)
da Margem Esquerda do Rio Jundiaí – Etapa Final.
700 (FI)
210 (VG)
c) Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
38 105 (CP)
[SABESP] (T): Construção da ETE e Emissário de Charqueada.
105 (FI)
1.200 (VG)
d) Serviço Municipal de Água e Esgotos de Piracicaba (T): Construção
37 710 (CP)
de Elevatória Piracamirim.
490 (FI)
898 (VG)
e) Serviço Municipal de Água e Esgotos de Amparo (T): Obras de
35 532 (CP)
Coleta, Interceptação, Tratamento e Disposição de Esgotos.
366 (FI)
350 (VG)
f) Prefeitura Municipal de Holambra (T): Construção de ETE. 32 129,6 (CP)
220,4 (FI)
760 (VG)
g) Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
32 380 (CP)
[SABESP] (T): Construção da ETE de Monte Mor.
380 (FI)
600 (VG)
h) Prefeitura Municipal de Pedreira (T): Construção do Coletor Tronco
32 300 (CP)
Secundário da Margem Esquerda do Rio Jaguari.
300 (FP)
150 (VG)
i) Prefeitura Municipal de Capivari (T): Construção de Interceptor de
31 50 (CP)
Esgotos.
100 (FP)
171

j) Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo 798 (VG)


[SABESP] (T): Construção da ETE, Interceptor e Emissário em Elias 30 399 (CP)
Fausto 399 (FI)
190 (VG)
k) Prefeitura Municipal de Várzea Paulista (T): Construção do Coletor
29 95 (CP)
Tronco Bertioga.
95(FI)
1.200 (VG)
l) Serviço Municipal de Água e Esgotos de Rio das Pedras (T):
29 400 (CP)
Construção de Interceptor e Emissário de Esgotos.
800 (FP)
110 (VG)
m) Prefeitura Municipal de Monte Alegre do Sul (T): Obras de Coleta,
22 10 (CP)
Afastamento, Tratamento e Disposição Final de Esgotos.
100 (FP)
Fonte: Deliberação 34/96 do CBH-PCJ.
(T)- Tomador do Financiamento; (VG) Valor Global da Ação; (CP)- Contra Partida; (FI)- Financiamento; (FP)- Fundo
Perdido. * As ações a e b de Serviços e as ações de a a f de Obras foram indicadas para os investimentos do FEHIDRO e
as ações de g a m ficaram a espera de desistência ou impedimento legal das ações indicadas.

Como suplentes aos investimentos descritos na tabela XIII-10 ficaram: a

Prefeitura Municipal de Santa Gertrudes, tomador, para construção de ETE no

valor de R$750 mil com contra partida de R$200 mil e financiamento na

modalidade sem retorno no valor de R$550 mil e a Prefeitura Municipal de Salto,

tomador, para elaboração de Projeto de Ampliação da Captação, Adução e

Tratamento de Águas – ETA Abadia do Rio Piray, no valor de R$100 mil com

contrapartida de R$50 mil e R$50 mil financiado.

13.4.Os Planos Diretores de Desenvolvimento dos Municípios

É notória a importância dos municípios na gestão ambiental, isto por serem a

unidade política e administrativa da federação, todas as ações humanas,

predatórias ou não iniciam-se nos municípios e suas conseqüências partem

desses, podendo atingir o Estado, como também o país.

A Constituição do Brasil e a do Estado de São Paulo prevêem a elaboração

do plano diretor do município, que por muito tempo se fez ou ainda se faz, apenas

para cumprir a norma, sem considerar o caráter político do planejamento que

assegure o compromisso das lideranças locais e do Poder Público com sua


172

execução. O plano diretor não pode ser confundido com o plano urbanístico, pois

o mesmo tem o objetivo de interferir no processo de desenvolvimento local

(Monteiro, 1990).

Para Monteiro (1990) o plano diretor é um instrumento que traça os rumos e

coloca o desafio do município atuar, tanto como ordenador do espaço territorial

como catalisador das ações que tenham repercussão positiva sobre o seu

território, ou ainda como inibidor de ações com repercussão negativa.

A importância da relação entre os planos diretores dos municípios e os

planos de bacia torna-se evidente ao se verificar que grandes cidades mesmo

com um potencial hídrico significativo precisam buscar água em mananciais de

outras cidades, não porque haja falta quantitativa da mesma e sim um déficit

qualitativo. Esse fato nas grandes cidades é fruto de um crescimento

desordenado e não planejado, ou ainda mal planejado, que formam áreas

densamente habitadas com pequena ou ausente infra-estrutura, geralmente

próximo à cursos d’água superficiais (córregos, rios, ribeirões, reservatórios, entre

outros). Essa concentração populacional não respeita o fato da área ser de

encosta, a população carente invade ou compra terrenos nessas áreas de alto

risco para construir sua moradia, sem auxílio técnico fazem suas casas,

aumentando as chances de um incidente grave, o deslizamento. A região torna-se

densamente habitada devido a população, por ignorância e/ou necessidade, não

respeitar nenhum índice relativo ao parcelamento e uso do solo, como também se

instala sem nenhuma infra-estrutura de saneamento básico, chegando em alguns

casos a quatro habitantes e meio por cômodo. Todo o esgoto é lançado nos

corpos d’água, muitas vezes, por meio de valas abertas, o lixo é jogado a céu

aberto que ao chover é carreado para os corpos de água. Para agravar a situação
173

a população ainda retira a vegetação que cobria a encosta tornando o solo mais

frágil, assoreando e contaminando o corpo hídrico. Nas classes sociais com maior

poder aquisitivo o desperdício torna-se mais comum em função do consumo ser

bem maior, onde atividades de lavar o carro e varrer a calçada com o esguicho

são comuns. Estudos da SABESP indicam que 30% da água produzida pela

cidade de São Paulo é desperdiçada ou perdida na rede física.

Os dois planos devem estar articulados de forma a potencializar e otimizar

ações e resultados que venham a melhorar a qualidade de vida dos munícipes.

Buscando analisar as relações entre os planos diretores dos municípios e os

planos de bacia foram selecionadas seis cidades pertencentes às bacias do CBH-

PCJ, também foram analisadas as leis referentes ao parcelamento, ao uso e a

ocupação do solo dessas cidades, pois, estas operacionalizam as diretrizes e os

objetivos definidos no PDDI.

Os critérios utilizados para a seleção dos municípios se basearam

inicialmente no número de habitantes, a tabela XIII-13 mostra que dez dos

municípios pertencentes ao CBH-PCJ possuem 58,96% da população das bacias.

Essa concentração populacional interfere direta e indiretamente na qualidade e

quantidade de recursos hídricos disponíveis à sociedade, aumentando a demanda

de água, o volume de esgoto e de lixo produzidos, ora por parte da população ora

por parte da atividade econômica, além da dificuldade na disposição final do lixo e

do tratamento dos esgotos.

Nessas cidades a razão da grande concentração populacional está na oferta

de emprego, portanto são municípios com um expressivo setor produtivo,

principalmente o secundário e terciário. Por isso, considerou-se, também, o setor

produtivo como critério para a seleção das cidades.


174

As tabelas XIII-11, XIII-12 e XIII-13, permitem visualizar que das 57 cidades

que compões o CBH-PCJ dez detém mais da metade dos estabelecimentos

industriais, comerciais e da população das bacias em estudo.

Tabela XIII-11: Número de Estabelecimentos Industriais


em algumas cidades que compõe a UGRHI-5.
Município 1.997 %
Campinas 2.797 17,94
Piracicaba 1.117 7,16
Americana 1.004 6,44
Jundiaí 976 6,26
Limeira 857 5,50
Rio Claro 563 3,61
Indaiatuba 545 3,50
Santa Bárbara d’Oeste 474 3,04
Bragança Paulista 469 3,01
Valinhos 389 2,50
Subtotal 11.172 58,96
Total da UGRHI-5 15.590 100
Fonte: SEADE & Ministério do Trabalho (RAIS), 1999.

Tabela XIII-12: Número de Estabelecimentos


Comerciais de algumas cidades da UGRHI-5.
Município 1.997 %
Campinas 7214 26,71
Piracicaba 2501 9,26
Jundiaí 2431 9,00
Limeira 1597 5,91
Americana 1529 5,66
Rio Claro 1232 4,56
Indaiatuba 941 3,48
Bragança Paulista 849 3,14
Atibaia 800 2,96
Santa Bárbara d’Oeste 724 2,68
Subtotal 21.798 73,36
Total 24.584 100
Fonte: SEADE & Ministério do Trabalho (RAIS), 1999.
175

Tabela XIII-13: Número de habitantes de algumas


cidades da UGRHI-5.
Município Total %
Campinas 889.795 22,9
Piracicaba 304.420 7,8
Jundiaí 303.336 7,8
Limeira 235.440 6,1
Sumaré 181.751 4,7
Santa Bárbara d’Oeste 175.825 4,5
Americana 166.194 4,3
Rio Claro 148.834 3,8
Indaiatuba 118.850 3,1
Bragança Paulista 108.534 2,8
Subtotal 2.632.979 67,80%
Total do CBH-PCJ 3.882.037 100
Fonte: HIDROPLAN, 1995.

Utilizando os critérios citados foram selecionados seis municípios, os quais

detêm 52,7% da população, 46,9 % dos estabelecimentos industriais e 61,1% dos

estabelecimentos comerciais das bacias em estudo, portanto municípios que

representam significativamente o universo em estudo. Esses municípios são:

Americana, Campinas, Jundiaí, Limeira, Piracicaba e Rio Claro.

As datas de promulgação das leis que aprovaram os planos diretores dos

municípios selecionados e a lei de uso e ocupação do solo estão na tabela XIII-

14.

Tabela XIII-14: Lista das Leis que instituíram os Planos Diretores e as normas para o
Parcelamento e Uso do Solo.
Lei de Parcelamento
Município Plano Diretor
e Uso do Solo
Americana Lei 3.269 – 15/1/99 3.270 – 15/1/99
Campinas Projeto de Lei 4/95 6.031 – 28/12/88
Jundiaí Lei Complementar 224 – 27/12/96 2.507 – 14/8/81
Limeira Projeto de Lei Complementar Projeto de Lei Complementar
18/5/98 18/5/98
Piracicaba Lei Complementar 46 – 15/9/95 2.641 – 4/1/85
Rio Claro 2.492 – 6/8/92 2.493 – 6/8/92

A seguir serão discutidos os planos de diretores de cada município

selecionado, conhecidos como Planos Diretores de Desenvolvimento Integrado

(PDDI).
176

13.4.1. Plano Diretor de Americana

Dos planos diretores analisados o de Americana é o mais recente, 15/1/99, o

qual estabelece que o PDDI é um instrumento normativo e ordenador do

crescimento do município que deve estabelecer as formas de intervenção para

assegurar a melhoria da qualidade de vida dos munícipes. O plano não

apresentou nenhum diagnóstico da cidade para justificar suas diretrizes e seus

objetivos.

De acordo com a definição acima citada o PDDI de Americana coloca como

diretriz a reurbanização de áreas precárias, com a finalidade de aumentar a oferta

de moradias às classes de baixa renda, a reorganização do território é outra

diretriz importante do PDDI para reduzir conflitos de uso e maximizar o

rendimento social da ocupação do solo. Entre os objetivos está a organização do

sistema de transporte e a expansão da rede de equipamentos de infra-estrutura

pública, o primeiro pretende minimizar os tempos de deslocamento e garantir a

coexistência entre pessoas, veículos e mercadorias, já o segundo deve assegurar

melhores níveis no setor de saneamento básico.

O PDDI faz referência ao meio ambiente, colocando como objetivo recupera-

lo, dando ênfase à preservação dos recursos naturais e paisagísticos, à proteção

dos mananciais hídricos, superficiais e subterrâneos, à criação e manutenção de

áreas verdes e ao combate à poluição.

O Capítulo V é dedicado ao meio ambiente o qual determina a

implementação de um processo de desenvolvimento sustentável o qual controle e

minimize o impacto ambiental decorrente do processo de urbanização sobre o

solo, a água, o ar e a paisagem urbana natural. Estabelece, ainda, que todos os


177

planos e políticas setoriais devem considerar em suas intervenções a qualidade

do meio ambiente natural e construído.

Para atingir as diretrizes e os objetivos descritos o PDDI fez o

macrozoneamento de todo o território de Americana, dividindo-o em três

macrozonas:

Macrozona 1: Área de Proteção e Preservação Ambiental (APPA),

compreendendo as áreas de reconhecido valor ambiental como as matas

remanescentes, as áreas de proteção a mananciais, as faixas de proteção aos

rios, aos córregos, às lagoas e à Represa de Salto Grande, além de áreas de

vegetação primitiva passíveis de serem recuperadas ou preservadas.

Americana possui onze APPA’s, algumas delas são faixas de proteção para

o Ribeirão Quilombo, o Córrego Fazenda Santa Angélica, a lagoa do Bairro da

Lagoa, o Rio Piracicaba, o Córrego Bertini e as áreas na margem direita da

Represa Salto Grande.

Macrozona 2: Área de Urbanização Controlada, são áreas com

características rurais onde se fará o controle da urbanização de forma a garantir

infra-estrutura a ocupação. Nessa área de urbanização controlada estão os Rios

Atibaia, Jaguari e o córrego Jacutinga, além da Represa de Salto Grande.

Macrozona 3: área de Urbanização Consolidada, área que necessita da

otimização e racionalização da infra-estrutura através do controle do

adensamento e do incentivo a diversidade de atividades, ocupando os espaços

urbanos vazios, para facilitar sua gestão essa macrozona foi dividida em dez

Áreas de Planejamento (AP’s). A Represa Salto Grande, o Rio Atibaia e

Piracicaba apresentam trechos inseridos nesta área.


178

Para melhor aproveitar o solo Americana editou a lei de uso e

aproveitamento do solo, definindo a área mínima do lote igual a 300 m2, exceto

em áreas destinadas para conjuntos habitacionais de interesse social, os quais

podem apresentar área mínima de 150 m2, mesmo em casos de desdobro

(divisão do loteamento e/ou lote em duas ou mais partes) esses valores devem

ser obedecidos. Ainda quanto ao desdobro o município restringe o desdobro para

lotes resultantes com área igual a 150 m2, que só poderão ocorrer nas Zonas

Especiais de Interesse Social (ZEIS), embora o loteador possa em seu lote

residencial reservar parte da área total para lotes de caráter social e nesse caso a

Prefeitura do Município definirá tal área como ZEIS.

A lei permite o loteamento de uso misto, uso residencial e industrial, desde

que haja uma distância mínima entre a parte residencial e a industrial de 60m.

Outro aspecto importante para o meio ambiente, principalmente em relação

aos recursos hídricos superficiais são as faixas de proteção, a lei municipal segue

a legislação federal (Código Florestal e Resolução CONAMA 004/85).

Para que se faça um loteamento a lei exige, para aprovação provisória, um

projeto o qual deve incluir: o projeto de abastecimento de água potável contendo

as derivações aos lotes, a descrição das vielas sanitárias e o projeto de esgotos

sanitários com suas derivações aos lotes; tudo aprovado pelo Departamento de

Água e Esgoto (DAE) de Americana. Tais projetos com detalhes deverão ser

apresentados junto à Prefeitura para aprovação final, acompanhados, entre outros

documentos de licença expedida pela CETESB.

O projeto também deve conter as especificações das pavimentações

asfálticas, conforme os padrões definidos pela Prefeitura, reservando uma área

para o sistema de lazer.


179

A lei ainda permite a instalação de atividades industriais não incômodas em

Zonas Residenciais e Corredores de Serviços do Município que deverá preencher

os requisitos e possuir parecer favorável da Prefeitura, da Comissão de Uso e

Ocupação do Solo, além da aprovação por parte da vizinhança diretamente

envolvida.

A referida lei em seu anexo I mostra um quadro contendo as zonas de uso e

suas restrições como tamanho do lote mínimo, a prevalência de uso, a taxa de

ocupação e o índice de aproveitamento. Para melhor visualizar as restrições de

uso para cada zona de interesse ao gerenciamento dos recursos hídricos ver a

tabela XIII-15.

Tabela XIII-15: Categorias de Uso e Aproveitamento e Ocupação do Solo segundo a


Legislação do Município de Americana.
Lote Prevalência de Uso Taxa de Índice de
Zona
Mínimo Outros Usos Ocupação Aproveitamento
ZR1 1.000 m2 Residencial – Comercial e Serviços 0,50 1,0
450 m2*
ZR2 300 m2 Residencial – Comercial e Serviços 0,70 2,1
ZR3 300 m2 Residencial – Comercial, Serviços e Ind. 0,70 2,1
ZC 300 m2 Comercial e Serviços – Residencial 0,80 4,0
ZCS 300 m2 Comercial e Serviços – Residencial e Ind. 0,80 4,0
ZRE 300 m2 Comércios e Serviços de Lazer 0,80 1,5
ZEIS 150 m2 Residencial – Comercial e Serviços 0,70 1,5
ZI1 1.000 m2 Industrial – Comercial e Serviços Lote: livre Lote: 2,0
Gleba:0,60 Gleba: 1,0
ZI2 1.000 m2 Industrial – Comercial e Serviços Lote: livre Lote: 2,0
Gleba:0,60 Gleba:1,0
ZU Sujeito à definição de Zoneamento
APPA Proteção Ambiental instituições de interesse social, sujeito à avaliação da Comissão
de Uso do Solo
Fonte: Lei 3.271 – 15/1/99 – Prefeitura de Americana. * Para loteamento fechado. Ind.- Industrial.

Americana estabeleceu 47 categorias de atividades de uso do solo e em

cada zona de ocupação definiu quais teriam seu uso permitido, permitido com

restrição e não permitido. Entre elas as que podem interferir de alguma forma com

a qualidade dos recursos hídricos estão na tabela XIII-16.


180

Tabela XIII-16: Algumas Categorias de Uso por zona no Município de Americana.


Categoria de Uso ZR1 ZR2 ZR3 ZC ZCS ZRE ZI1 ZI2 APA
Comércio e depósito de sucata e
X X X X X X P P X
congêneres
Depósito de materiais perigosos
X X X X X X X O13 X
e/ou alto risco conforme CETESB
Depósito e/ou com. De fogos de
X X X X O15 X O15 O15 X
artifícios e explosivos
Depósito e/ou com. de tintas,
solventes lubrificantes, produtos X X X P P X P P X
químicos, graxa, carvão
Pintura de placas e cartazes X X X O23 O23 X O23 X X
Indústrias I-1 X X P X P X P P X
Indústrias I-2 X X X X X X P P X
Indústria I-3 X X X X X X X P X
Fonte: Lei 3.318 de 15/10/99. X – não permitido; P – permitido; O – permitido com restrições; 13 – sujeito a apresentação
de classificação de licença da CESTESB; 15 – conforme legislação específica; 23 – existir cabine de pintura.

13.4.2. Plano Diretor de Campinas

Entre as questões ambientais mais expressivas de Campinas estão: os

problemas gerados pelo lixão da Pirelli e do complexo Delta; os decorrentes do

sistema de drenagem, subdimensionados na área central e nos bairros mais

antigos em função do aumento da impermeabilização do solo; os problemas

promovidos pelo lançamento de esgotos in natura nos rios, pela ocupação

indiscriminada em áreas de mananciais e decorrentes da sobrecarga das redes

de água, esgotos e drenagem; pelo adensamento crescente e por fim, os

problemas em áreas com precárias condições de saneamento. Tais problemas

afetam direta e indiretamente a disponibilidade de água para a população, que já

sofre as conseqüências.

Campinas a maior cidade pertencente ao CBH-PCJ redefiniu o Plano Diretor

de 1991 o qual havia instituído, entre outros instrumentos urbanísticos de

planejamento, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano (CMDU). A

Prefeitura fez uma análise do plano diretor de 1991, realizando uma série de

levantamentos pertinentes ao replanejamento. Essas informações permitiram, na

opinião da Prefeitura de Campinas, reunir subsídios para a definição das


181

orientações do novo plano diretor da cidade, a proposta final foi apresentada à

Câmara Municipal para se transformar na Lei Complementar n. 4/96.

Segundo o novo plano diretor a legislação de Campinas não regulamenta a

implantação de empreendimentos de impacto, não reconhece a existência de

favelas, inclusive as urbanizadas; não estabelece regras diferenciadas para as

regiões de proteção ambiental e as atividades permitidas para uma região não

levam em consideração a conveniência ambiental ou de infra-estrutura, como

também, não utiliza a política tributária como instrumento de gestão da cidade,

auxiliando na implementação das diretrizes definidas no plano diretor, induzindo,

muitas vezes, a situações adversas à desejada.

O Plano Diretor de Campinas de 1996 definiu, entre outros objetivos, a

participação popular na gestão do desenvolvimento urbano da cidade, incluindo-

se o planejamento; a priorização da proteção e recuperação do meio ambiente da

zona urbana, enfatizando os setores de drenagem, saneamento, poluição, áreas

de risco ao assentamento humano e áreas verdes e de interesse social e

histórico. Coloca, ainda como objetivos a descentralização das decisões e do

processo de planejamento, bem como a integração dos diversos órgãos da

administração federal, estadual e municipal durante a elaboração, execução e

avaliação de planos, projetos e programas urbanísticos, compatibilizando, dessa

forma, ações e investimentos nos diversos setores.

Utiliza como instrumentos o processo de planejamento com participação

popular; o Fundo Municipal de Gestão Urbana; Áreas de Proteção Ambiental

(APA); os benefícios e incentivos fiscais; entre outros.

Em relação ao ordenamento do território o plano estabelece a necessidade

de um panejamento contínuo, dos investimentos públicos e da regulação e


182

controle do parcelamento, uso e ocupação do solo que deverá considerar,

sempre, a capacidade de sustentação ambiental; o patrimônio natural e cultural; a

segurança individual e coletiva; a qualidade de vida; a oferta suficiente ou

projetada de saneamento básico, o transporte coletivo e a drenagem.

A intervenção pública no ordenamento do território, portanto, pretende

preservar, proteger e recuperar o patrimônio ambiental; recuperar as áreas

precariamente urbanizadas sem promover o adensamento da mesma e

reestruturar o espaço consolidado e urbanizado do município, entre outras

formas, pela manutenção e preservação das áreas verdes, das áreas com

vocação rural e das áreas de mananciais. Para isso o plano diretor dividiu o

território municipal em sete macrozonas, utilizando como limites principalmente os

divisores das microbacias. As macrozonas são:

• Macrozona 1: Área de proteção Ambiental (APA);

• Macrozona 2: Área com Restrição à Urbanização (ARU);

• Macrozona 3: Área de Urbanização Controlada Norte (AUC – N);

• Macrozona 4: Área de Urbanização Consolidada (AUCON);

• Macrozona 5: Área de Recuperação Urbana (AREC);

• Macrozona 6: Área de Urbanização Controlada Sul (AUC – S);

• Macrozona 7: Área Imprópria à Urbanização (AIU).

Cada macrozona foi dividida em 37 áreas de planejamento (AP) e em 77

unidades territoriais básicas (UTB’s), sendo consideradas como base para o

detalhamento da legislação urbanística. Na justificativa do plano diretor afirma-se

que se considerou nas questões ambientais alguns conceitos da proposta de

Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas determinadas pela Comissão

Econômica para a América Latina e Caribe - ONU, 1994. Os limites do


183

macrozoneamento e das áreas de planejamento (AP) não necessariamente

obedeceu os limites das bacias hidrográficas, embora apenas as macrozonas 4 e

5 e as APs 24, 25 e 26 não estejam inseridas totalmente em uma bacia

hidrográfica.

Basicamente existem diferenças socioeconômicas entre duas bacias

hidrográficas a do rio Atibaia – Jaguari e a bacia do rio Capivari. Assim, cada

bacia dessas foi subdividida em microbacias as quais pertencem a um

determinado macrozoneamento.

Na bacia do rio Atibaia – Jaguari estão as microbacias do rio Atibaia e do rio

Jaguari que estão inseridas nas macrozonas 1 e 2, já as microbacias do rio

Anhumas, Quilombo e Samambaia estão nas macrozonas 3 e 4. No caso da

bacia do rio Capivari temos a microbacia do rio Capivari-Mirim e a do rio Capivari

que estão na macrozona 7, além da bacia do ribeirão Piçarrão e demais afluentes

de ambas as margens do rio Capivari que fazem parte das macrozonas 4, 5 e 6.

A Lei Orgânica de Campinas preconiza o Sistema Municipal de

Administração da Qualidade Ambiental, assim, o plano diretor da cidade

estabelece diretrizes ambientais gerais para as políticas setoriais de forma:

• a garantir a implementação do Código Municipal de Meio Ambiente, já

elaborado pela Seplama;

• a criar o Fundo Municipal de Meio Ambiente;

• a implantar o Programa de Educação Ambiental;

• a criar o Banco de Dados Ambientais do Município;

• a implementar o Conselho Municipal de Meio Ambiente e a garantir a

implantação das Áreas de Proteção Ambiental, entre outras medidas


184

para recuperação de áreas degradadas e o controle de atividades

predatórias.

No plano diretor se dispôs que leis específicas estabelecerão normas gerais

sobre licenciamento e fiscalização de obras e de atividades geradoras de

impactos ambientais; proteção e recuperação ambiental; licenciamento e controle

de atividade mineraria e licenciamento e exploração de águas subterrâneas.

Ao propor a reformulação das normas urbanísticas o plano diretor, no que se

refere ao parcelamento, uso e ocupação do solo, define que as alterações

deverão considerar obrigatoriamente estudos técnicos com ênfase nos aspectos

que interfiram na taxa de permeabilidade do solo.

Em regiões onde fique demonstrada a saturação da infra-estrutura e da

capacidade de suporte do meio natural, o plano determina que o município reduza

os índices de ocupação do solo, adequando-os à capacidade existente.

Para melhor planejar o plano estabelece uma série de medidas entre elas o

cadastro de terrenos municipais, de infra-estrutura, de espaços vazios e o banco

de dados ambientais do município.

No caso da tributação o plano determina a necessidade de critérios para

uma cobrança diferenciada nas diferentes zonas.

Cria os planos locais de gestão urbana como instrumento de planejamento,

os quais serão elaborados para uma ou mais Áreas de Planejamento.

O artigo 61 do plano diretor dispõe sobre as diretrizes para garantir a

qualidade da água através:

• da preservação e recuperação dos corpos d’água e de suas margens;

• da racionalização do uso da água com o emprego mais eficiente nos

sistemas urbanos, industriais e de irrigação, eliminando perdas e


185

desperdícios, distribuindo os custos deste sistema, dentro do princípio

usuário-pagador;

• da criação de dispositivos legais que garantam o máximo de

permeabilidade do solo para absorção das águas pluviais;

• do levantamento dos poços tubulares profundos, visando o controle e

proteção das águas subterrâneas;

• do monitoramento das sub-bacias, em especial a montante das

captações e a jusante das estações de tratamento de esgoto para

subsidiar a fiscalização e o controle;

• da implantação de sistemas de tratamento de efluentes domésticos,

industriais e agrícolas para recuperar as condições de uso das águas das

microbacias dos rios Quilombo, Anhumas, Piçarrão, Atibaia, Capivari,

Capivari-Mirim e Jaguari, elevando o nível de oferta;

• do incentivo à instalação em novos loteamentos e empreendimentos de

um sistema primário de tratamento de esgotos e exigência de rede

coletora de esgotos, se não existir a rede deverá haver um sistema de

tratamento local adequado;

• do impedimento à ocupação urbana, industrial e institucional em faixas

envoltórias ou marginais a corpos d’água, remanescentes de matas

nativas, várzeas, fundos de vales e áreas sujeitas a inundação, terrenos

com declividade superior a 30%, topos de morro entre outros locais de

excepcional beleza, valor científico, histórico e cultural.

Existe ainda a exigência de estudos de impacto ambiental em caso de

autorização, implantação e/ou ampliação de atividades potencialmente

causadoras de impacto ambiental. No caso de impacto ambiental de grande


186

magnitude será exigido o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA/RIMA),

seguindo dessa forma a Resolução CONAMA n. 001/86, e para impactos de

média e pequena magnitude a exigência será de uma Declaração de Impacto

Ambiental (DIA). Os bota-fora de qualquer resíduo precisam de uma DIA, assim

como as mineradoras.

Por enquanto a Lei de uso e ocupação do solo é a de n. 6.031 de

28/12/1988, ela estabelece categorias de uso do solo com finalidade urbana (ver

tabela XIII-17).

Tabela XIII-17: Algumas Categorias de Uso no Município de Campinas.


Categorias e Subcategorias
Residencial:
H- unifamiliar;
HM- Multifamiliar.
CL- Comércio Local;
CG- Comércio em Geral;
CA- Comércio Atacadista:
CA4- produtos perigosos;
CA5- agropecuários e extrativos.
Serviços:
SP- Profissionais;
SL- de âmbito Local;
SG- em geral;
SE- Especiais.
Institucional:
EL- de âmbito Local;
EG- em geral;
EE- especial;
UP- Usos para Preservação e Controle Urbanístico.
Industrial:
IN- Indústrias Não Incômodas;
II- Indústrias Incômodas: uso incompatível com os demais usos urbanos;
IE- Indústrias Especiais: altamente prejudiciais ao ambiente;
DI- Distritos Industriais.
Fonte: Lei Municipal de Campinas 6.031 de 28/12/88.
As subcategorias se subdividem, a tabela mostra somente as subdivisões de interesse aos recursos hídricos.

A lei de uso e ocupação do solo de Campinas atenta para o uso do solo na

zona rural, a qual poderá compreender usos urbanos, após análise da Prefeitura.

Para o controle do crescimento urbano a Lei n. 6.031 faz uma classificação

quanto à área construída do estabelecimento em pequeno, médio e grande porte


187

segundo dois grupos de uso, comercial, de serviços e institucional em um grupo e

no outro o industrial, a tabela 18 mostra a área construída dos estabelecimentos

em cada categoria de uso. É importante citar que a lei, embora não deixe claro,

coloca como área mínima de lote 125,00 m2.

Tabela XIII-18: Classificação dos Estabelecimentos quanto à Área do Lote.


Área do Lote em m2
Categoria de Uso Pequeno Porte Médio Porte Grande Porte
Comercial, Serviços, Institucional* 250 e 1.000* 1.000 e 2.500* >1.000 e >2.500*
3.000<L<10.000,
Industrial ( lote (L), gleba (G) e área 3.000, 5.000 e >10.000,
5.000<G<17.000
construída (C) ) 3.000 >17.000, >8.000
e 3.000<C<8.000
Fonte: Lei Municipal de Campinas 6.031 de 28/12/88.

Para adequar o uso do solo ao zoneamento a lei classificou-os em uso

permitido, tolerado e proibido. São 18 zonas de uso do solo na área urbana, na

tabela XIII-19 está a relação entre as categorias e as zonas de uso denotado o

tipo de ocupação.

Tabela XIII-19: Categorias de Uso e Zonas de Uso.


Usos
Zona de Uso
Permitidos Tolerados
CG2, CA1, CA2, SG1, SG2,
Z1-Predominantemente Residencial CL1,2, CG1, SP1,2, SL1,2,3 e EL
EG
CG2, CA1, CA2, SG1, SG2,
Z2-Estritamente Residencial CL1,2, CG1, SP1,2, SL1,2,3, EL
SG4, SG5, SG6 e EG
Z3-Estritamente Residencial CL1,2, SP1,2, SL1,2,3, EL -
Z4-Estritamente Residencial CL1,2, SP1, EL -
Z5-Predominantemente Residencial CL1,2, SP1,2, SL1,2,3, EL CG1
SP1, SP2, SL1, SL4, SG3, CL1,
Z6-Estritamente Residencial CL2
CG1, SL2, SL3, EL
Z7-Estritamente Residencial SP1,2, SL1 a SL4, SG3, CL1,2 CG1, SL2, SL3, EL
Z8-Estritamente Residencial SP1, EL1 -
CL1,2, CG1, SP1,2, SL1 a SL4,
Z9-Basicamente ao Uso Misto SG1 a SG6,8, EL
CG2, SG7, SG9, SG10, EG
CL1,2, CG1, SP1,2, SL1 a SL4
Z10-Basicamente ao Uso Misto SG1 a SG6,8, EL
CG2, SG7, SG9, SG10, EG
CL1,2, CG1,2,3, SP1, SL1 a SL4,
Z11-Basicamente ao Uso Comercial* SG1 a SG10, EL, EG
CA1 a CA5, SE1, SE2, EE
CL1,2, CG1,2,3, SP1,2, SL1 a SL4,
Z12-Basicamente ao Uso Comercial* SG1 a SG10, EL, EG
CA1 a CA5, EE
CL1,2, CG1,2, SP1,2, SL1 a SL4,
Z13-Basicamente ao Uso Comercial* SG1 a SG8, EL, EG
CG3, EE
CL1,2, CG1,2,3, CA1 a CA5, SL1 a
Z14-Industrial Não Incômodo SL4, SG1 a SG10, SE1,2,3, EL, -
EG, EE, IN, II
188

CL2, CG2,3, CA1 a CA5, SG1,3,


Z15-Predominantemente Uso
SG7 a SG10, SE1,2,3, EL, EG, EE, IE
Industrial Incômodo IN, II
CL2, CG3, SG1,3, SE1,2,3, EG,
Z16-Estritamente ao Uso Industrial IN, II, IE2
-
Z17-Basicamente à sede do CL1,2, CG1, CA2, SP1,2, SL1 a
CG3, CA1,SG7
Município SL4, SG1 a SG6,8, EL, EG, EE*
Fonte: Lei Municipal de Campinas 6.031 de 28/12/88. 1- Consular o Poder Executivo e garantir provimento de infra-
estrutura, principalmente no que se refere ao sistema viário, água e esgoto. 2- Agrupados em distritos industriais.

Na Zona 18, destinada à proteção e preservação do ambiente e edificações

de interesse sócio-cultural, a lei estabeleceu que merecerão estudos específicos o

uso e a ocupação adequados às características naturais e à preservação do meio

ambiente e da paisagem urbana. Define, também, que ao longo dos rios ficam

estabelecidas áreas de interesse ambiental, faixas laterais de 300m de largura, a

partir dos seus eixos, onde somente serão permitidos usos destinados à cultura,

esportes, lazer, turismo, chácaras de recreio e usos habitacionais, as atividades

de mineração são permitidas mediante laudo técnico emitido pelos órgãos

competentes da Prefeitura Municipal de Campinas.

Vale ressaltar que o Decreto n. 10.012 de 29/11/89 dispôs sobre a

permissão para construções de tipos de ocupação H3 e HMH3 nos loteamentos

localizados na Zona 18 regularmente implantados até 28/3/89. A ocupação H3

refere-se a uso residencial com unifamiliar com área mínima de 250 m2,

restringindo a apenas uma unidade habitacional por lote, já a categoria residencial

HMH3 refere-se a conjuntos habitacionais multifamiliares horizontais, sendo

possível construir número de unidades igual ao valor da área do lote por 250 m2,

podendo o lote ter até 25.000 m2. Nessas construções multifamiliares HMH3, a lei

permite a existência de comércio de pequeno porte com uso CL1 e CL2, onde

restaurantes, churrascarias, pizzarias, bares, lanchonetes com área superior ou

igual a 250m2 poderão existir.


189

Entre as diretrizes para a política de drenagem de Campinas vale citar: a

coibição do parcelamento do solo em áreas rurais com a finalidade de evitar e

intensificar a degradação das microbacias; a recuperação da mata ciliar; a

promoção de estudos hidrometereológicos e da qualidade da água para aprimorar

o sistema de drenagem e avaliar a eficiência das ETEs; a promoção da educação

ambiental junto a escolas, universidade e com comunidade em geral; a realização

de convênios entre Prefeitura e DPRN, Polícia Florestal e entidades

ambientalistas a fim de intensificar a fiscalização e a proteção das microbacias; a

aplicação da lei estadual de águas subterrâneas; a adoção da Resolução Conama

4/85, para restringir a ocupação das áreas de várzeas; a implantação de um

sistema de segurança para acidentes com derramamento de líquidos perigosos,

entre outras diretrizes.

13.4.3. Plano Diretor de Jundiaí

Jundiaí em 14/8/1981 promulgou a Lei n.2.507 que instituiu o Plano Diretor

Físico e Territorial de Jundiaí, embora ainda esteja em vigor sofreu diversas

alterações, muitos artigos foram revogados.

Em 27/12/1996 foi aprovada a Lei Complementar n. 224, instituindo o Plano

Diretor do Município, este com características de plano de desenvolvimento e não

somente urbanístico como o anterior. Atualmente os dois planos estão em vigor.

A Lei complementar n. 224 estabelece como instrumentos para o

planejamento municipal a Comissão do Plano Diretor, o Plano Plurianual, os

Fundos Municipais, os impostos entre outros.

Jundiaí, em seu plano diretor, definiu conceitos sobre a divisão territorial de

seu solo, estabelecendo áreas para urbanização prioritária; áreas não edificáveis;
190

áreas de proteção ambiental; áreas de preservação cultural, histórica, artística,

paisagística ou arqueológica; áreas de margem de água públicas e áreas de

inundação, divididas em 13 setores (tabela XIII-20). A lei incentiva, em áreas de

expansão urbana, atividade agrícola, pecuária, extrativa vegetal ou agro-

industrial, permitindo que o imposto incidente sobre a propriedade continue sendo

rural. O município também classificou a ocupação do solo conforme a tabela XIII-

21.

Já a Lei Complementar n. 224 estabeleceu o macrozoneamento, são cinco

macrozonas, a Urbana, a Rural, a de Preservação Ambiental, a de Proteção

Ambiental I e II. Entre as áreas de preservação está a reserva biológica da Serra

do Japi.

A lei permite a ocupação na Área de Preservação Ambiental, desde que

respeitados os padrões de conservação do meio ambiente, seus planos e projetos

deverão apresentar o EIA/RIMA e aprovados pela Secretaria de Estado do Meio

Ambiente e pelo CODEMA (Conselho Municipal de Meio Ambiente). Tal requisito

se aplica, também, às áreas de proteção ambiental.

Tabela XIII-20: Classes de Uso do Solo em Jundiaí.


Classe de Uso Densidade demográfica hab/ha. Área mínima m2
S1- Estritamente Residencial Baixa 20-50 1.000
S2- Estritamente Residencial Média baixa 50-120 300
S3- Residencial Média 180-300; Média alta 180-300 250
S4- Residencial e misto Média 100-300 250
S5- Residencial popular Alta 300-500 125
S6- Comercial misto Alta 300-500 -
S7- Predominante industrial - 500
S8- Industrial - 1.000
S9- Recreativo - 5.000
S10- Agrícola - 1 ha
S11- Estritamente agrícola - 1ha
S12- Área de inundação do Vale do Rio Jundiaí-Mirim. Permissível para uso em vigor, para fim
agrícola, desde que sem construção
S13- Predominantemente administrativo
Fonte: Lei 2.507 de 14/8/1981 do Município de Jundiaí.
2
A área mínima do município é de 100m , estabelecida em lei que trata do desmembramento, 2.953, de 5/5/86.
191

O Plano Diretor instituído pela Lei Complementar n. 224 estabelece que as

políticas setoriais serão instituídas por lei específica, assim, o plano define um

conjunto de diretrizes para cada setor.

Importante citar que o plano acima determina a ação integrada dos vários

órgãos municipais, a divulgação de dados e informações específicas de cada

política setorial e a articulação para uma ação conjunta entre as entidades afins

das outras esferas de governo, determina, ainda, a criação de um Banco de

Dados ligado à Coordenadoria Municipal de Planejamento.

As áreas destinadas à proteção dos recursos naturais e históricos, segundo

o plano diretor de 1996, compreendem as Unidades de Conservação Ambiental e

os Setores Especiais. Para melhor elaborar o plano de ação setorial para os

recursos naturais a Lei Complementar n. 224 coloca a necessidade de elaborar

mapas: de áreas com declividade acentuada; dos recursos hídricos, com suas

faixas de proteção e áreas de várzeas; da vegetação nativa; das bacias

hidrográficas – do Rio Jundiaí, do Rio Capivari, do Rio Jundiuvira, Jundiaí-Mirim e

sub-bacia do Córrego da Estiva ou Japi. Além dos mapas a lei determina a

necessidade de normas técnicas para avaliação do impacto ambiental e controle

da poluição, complementares a legislação federal e estadual.

A instituição de programas prioritários como de destino adequado dos

esgotos e efluentes líquidos; de controle de defensivos agrícolas, principalmente

na zona de proteção de mananciais e nas faixas de proteção dos cursos d’água;

de manejo de pastagens junto aos cursos d’água; de conservação e recuperação

da mata ciliar e das cabeceiras de drenagem; de controle de águas pluviais e de

erosão; de coleta e destinação final dos resíduos sólidos; da manutenção e


192

implementação dos viveiros de espécies nativas e de mata ciliar, a qual já foi

demarcada a área.

Quanto ao parcelamento do solo a lei estabelece a necessidade de

requisitos para o uso, ocupação e o parcelamento do solo das áreas consideradas

de interesse à preservação do meio ambiente, envolvendo as áreas com alta

declividade, áreas com matas nativas, áreas insalubres, várzeas ou áreas sujeitas

a inundações e áreas de mananciais d’água.

Por fim, o plano diretor de 1996 estabelece um prazo para revisão de 18

meses após sua instituição e a cada 5 anos após sua primeira revisão.

Tabela XIII-21: Classes de Ocupação do Solo em Jundiaí.


Classe de Ocupação Observação
Residencial
R1- Habitação unifamiliar Residências isoladas de no máximo 3 pavimentos.
R2- Habitação multifamiliar Edifícios de uso coletivo, 4 pavimentos.
R3- Habitação repetida Residências térreas ou assobradadas com lote mínimo de 160 m2
Comercial
Produtos que se relacionem com o uso residencial e para venda
C1- Varejista local
direta ao consumidor, estabelecimentos pequenos
Pequenos ou grandes estabelecimentos de venda direta ao
C2- Varejista diversificado
consumidor para uso na maioria residencial
Comércio relativo a veículos, comércio varejista relacionados ou
C3- Material de grande porte
não ao uso residencial
C4- Materiais vinculados a
usos industriais I1.1
serviços
Serviços
De interesse da população adequados aos padrões de uso
T1- âmbito local
residencial
De interesse do bairro como: estúdios de alfaiate, costureiros,
T2- Diversificados cabeleireiros, escritórios e serviços de pequenos reparos,
consultórios em geral
De interesse da cidade com padrões específicos de ocupação,
T3- Diversificados
como postos de abastecimento e lavagem de veículos e oficinas
Serviços que impliquem na fixação de padrões quanto ao nível de
T4- Oficinas e outros ruído, vibrações e poluição ambiental, como garagens, serralheira,
carpintaria.
Institucional
E1- âmbito local Ligação direta, funcional com o uso residencial
E2- Necessidade do bairro De interesse do bairro
E3- Necessidade da cidade Implicam na concentração de pessoas ou veículos
Estabelecimentos ou instalações sujeitos à preservação ou controle
E4- Especiais
específicos, monumentos, mananciais, áreas de valor paisagístico.
Industrial
Estabelecimentos que possam adequar-se aos padrões de usos
I1- Indústrias não incômodas
não industriais
193

Estabelecimentos que implicam em fixação de padrões específicos


I2- Indústrias diversificadas
de ocupação.
Estabelecimentos que possam incomodar as vizinhanças sem
I3- Indústrias incômodas
prejuízo à saúde
Estabelecimentos que possam causar prejuízos à saúde, à
I4- Indústrias especiais
segurança e à integridade da flora e fauna
Fonte: Lei 2.507 de 14/8/1981 do Município de Jundiaí.

Legislação complementar ao plano de 1981 estabelece que em caso de

extração mineral as áreas desmatadas deverão ser recompostas (nivelamento e

replantio) a cada 1.000 m2 alternadamente com a extração.

As indústrias classificadas como I4 não são permitidas em Jundiaí, o artigo

62 e 63 do plano diretor de 1981, conceituam os prejuízos advindos das indústrias

classificadas como I4 e considerando que tais processos industriais possam

provocar ou provoquem vibrações, ruídos ou poluição ambiental acima dos níveis

definidos em legislação vigente ou que apresentem perigo à população. As

indústrias da classe I4 são as: de cimento; de celulose ou pasta mecânica; de

produção e uso de explosivos; de petroquímicos em geral; de refinação de

petróleo; de siderurgia; de soda, sabão e detergente; de reatores e processadores

nucleares e outras indústrias com um alto consumo de água potável. No caso da

poluição ambiental serão verificados os pontos de lançamento dos efluentes e se

os mesmos atendem aos padrões de qualidade estabelecidos pelos órgãos

responsáveis. No caso do estabelecimento depender de muita água tratada o

consumo da indústria deverá enquadrar-se no departamento municipal de água,

não absorvendo mananciais considerados necessários ao futuro abastecimento

da população.

As classes de uso industrial I1, I2 e I3 foram divididas em subcategorias

segundo o seu tamanho. Por exemplo, indústrias não-incômodas, com no máximo

20 operários por turno, área máxima construída de 250 m2 e com uma potência
194

elétrica que não exija cabine primária, serão enquadradas na subcategoria I1.1, já

as indústrias incômodas com área máxima construída superior a 10.000 m2, com

um número máximo de operários por turno de 5.000 e uma potência elétrica

máxima superior a 5.500kVA serão enquadradas na classe I3.3.

13.4.4. Plano Diretor de Limeira

O Plano Diretor de Limeira realizou uma série de levantamentos para a partir

dos dados coletados elaborar o referido plano.

Com um coeficiente de urbanização de 94,63% em 1991, cerca de 2000

propriedades agrícolas, onde 16.500 ha correspondem à cultura de cana-de-

açúcar e 15.746 ha à cultura de citrus e um número aproximado de 1000

indústrias, como a Ajinomoto, a CTM Citrus e a Ripasa, Limeira gerou um quadro

de duas faces, similar com as demais cidades aqui analisadas, de um lado uma

cidade com PIB superior ao dos Estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul,

de outro águas poluídas e esgotos sendo lançados in natura.

Entre as diretrizes relacionadas ao meio ambiente, especificamente na área

de recursos hídricos, o plano define diretriz para o manejo de culturas em áreas

de mananciais, de maneira a minimizar ou substituir o uso de defensivos agrícolas

que prejudiquem o meio ambiente. Para isso, recomenda a criação de um Centro

de Manejo Integrado de Pragas (CEMIP), a manutenção de um cadastro de

produção agrícola, a difusão de técnicas alternativas de produção agropecuária, e

o incentivo e a orientação da plantação de hortas comunitárias. Determina,

também, a despoluição de todas as nascentes e cursos d’água existentes na

cidade em um prazo máximo de dez anos, a criação de área de proteção

ambiental da bacia do Pinhal, a feitura de reserva de faixa non aedificandi de 30


195

metros de largura em cada margem dos cursos d’água, bem como seu

reflorestamento e preservação de toda a mata significativa ao longo dos corpos

hídricos. Importante citar que entre as diretrizes está o cumprimento da Agenda

21 local.

Para a área urbana o plano coloca como diretriz o controle e a fiscalização

das fontes de poluição, regulamentando a sua instalação ou até impedindo-a no

município.

Em relação ao uso e parcelamento do solo, Limeira determinou as seguintes

diretrizes:

- estabelecer critérios de parcelamento, uso e ocupação do solo que

permitam a diversidade de uso, o controle do adensamento e da

impermeabilização;

- impedir o parcelamento do solo em áreas alagadiças e sujeitas a

inundações e em terrenos com declividade igual ou superior a 30%;

- definir 200 m2 como área mínima para loteamento;

- regulamentar a atividade de mineração.

Para que se faça possível cumprir tais diretrizes o plano propôs o

zoneamento, dividindo o território em oito zonas de uso, utilizando como critério o

adensamento.

O plano também identificou 13 pontos críticos de inundação.

13.4.5. Plano Diretor de Piracicaba

A Lei Orgânica do Município em suas disposições transitórias fixou em 18

meses, a contar de sua promulgação, a elaboração do Plano Diretor de

Piracicaba. Baseado em informações disponíveis na administração, nos planos


196

setoriais, no Plano Diretor Urbano de 1974 e no Plano Diretor de

Desenvolvimento de 1985, foi elaborado e aprovado o atual Plano Diretor de

Desenvolvimento, através da Lei Complementar n. 46 de 15/12/1995.

Já de início o plano estabelece a necessidade de revisão da legislação

complementar, destacando à de zoneamento e uso do solo urbano, bem como às

de parcelamento.

Para cumprir sua função social, a propriedade urbana deve ser compatível

com a capacidade de atendimento dos equipamentos e serviços públicos e com a

preservação da qualidade do ambiente, como dispõe o atual plano diretor.

O mesmo impõe a cada Secretaria Municipal, ou órgão da administração

direta ou indireta do município, a criação de setor específico ou designação de

servidor para atuar na gestão interna do planejamento, o qual deverá estar em

sintonia direta com a Secretaria Municipal de Planejamento.

A Cidade de Piracicaba por ser integrante do Consórcio da Bacia do Rio

Piracicaba, em seu plano propôs ao Executivo Municipal empenho no

cumprimento de suas decisões, considerando-as de elevado interesse público.

A lei que aprovou o plano ratificou a subdivisão do território do município em

seis distritos: Distrito-Sede de Piracicaba; Distrito de Santa Teresinha de

Piracicaba; Distrito de Tupi; Distrito de Guamius; Distrito de Artemis e Distrito de

Ibitiruna.

O plano criou o Conselho de Planejamento do Município de Piracicaba, com

constituição tripartite formada por representantes do Conselho Municipal de

Desenvolvimento Rural, Associações, Conselhos ou Sindicatos patronais, de

trabalhadores ou profissionais liberais, bem como de movimentos populares e de

representantes das três esferas de governo.


197

As propostas do plano foram expressas sob forma de diretrizes, metas

quantitativas e qualitativas, programas e obrigações administrativas, instrumentos

de aplicação imediata e referências para a legislação correlata. Define-se,

também, os horizontes de tempo, sendo curto prazo até o ano de 1996, médio

prazo até o ano de 2000 e longo prazo até o ano de 2010.

Antes de estabelecer as diretrizes e definir as propostas para buscar as

transformações necessárias que possam ordenar, articular e controlar as

mudanças na ordem econômica, social e ambiental por meio da ação do Poder

Público o plano define os problemas urbanos detectados no referido diagnóstico

do município, dentre eles está o crescimento desordenado, multidirecionado,

descontínuo e a ocorrência de ocupações de favelas em sistemas de lazer, áreas

de risco geológico ou de preservação ambiental, ocasionando, assim, uma

degradação acelerada do ambiente. Entre os problemas rurais citados no plano

estão a redução da área de floresta natural, utilização indiscriminada de

agrotóxicos, falta de mecanismos que proporcionem a adequada disposição final

de suas embalagens, acentuada erosão do solo, predominância de uma única

cultura, a da cana-de-açúcar, e contaminação do solo e da água pelo despejo de

efluentes industriais.

Ciente de que os processos de crescimento da área urbanizada necessitam

de controle e orientação, o plano propôs diretrizes de crescimento para cada

região da cidade, bem como para seu adensamento e verticalização.

As propostas foram distribuídas pelo tempo, predominando as de caráter

estrutural, como regulamentação dos instrumentos de controle, atualização

cartográfica e revisão da legislação pertinente para curto prazo, as de médio

prazos são bem variadas, abrangendo desde os planos setoriais, passando por
198

obras de infra-estrutura, em especial de saneamento, até decisão quanto à

viabilidade do Distrito Industrial Norte e a revisão do Plano Diretor de

Desenvolvimento (PDD).

A longo prazo foram estabelecidos parâmetros desejáveis no que se refere

ao porte e dimensões da cidade de Piracicaba, que são:

I- população aproximada de 497.200 habitantes;

II- taxa geométrica anual de 3%;

III- densidade populacional de 70 hab/ha;

IV- área ocupada de uso urbano 7.100 ha.

O plano estabelece restrições para ocupação das Áreas Especiais, onde se

encontram as áreas de proteção ambiental, determinando o impedimento de

loteamento residencial com lotes inferiores a 1.000 m2, propõe o estímulo do uso

agrícola, reflorestamento ou parcelamento de glebas em chácaras, cujas áreas

sejam de, no mínimo, 5.000m2.

As áreas já urbanizadas de Piracicaba, bem como os entornos imediatos

poderão ser objeto de Projetos Urbanísticos, segundo o plano diretor, entre essas

áreas está aquela ao longo do Rio Piracicaba e do Vale do Córrego do Itapeva.

O plano também definiu as restrições e as referências básicas que deverão

ser levadas em consideração para cada sub-bacia, que são: do Ribeirão dos

Marins; do Ribeirão das Ondas; do Rio Corumbataí; do Ribeirão Guamium; do

Ribeirão Piracicamirim; do Ribeirão do Enxofre; do Córrego Itapeva; do Rio

Piracicaba 1 e ESALQ (Córrego Monte Olimpo); do Córrego Capim Fino; do

Córrego Figueira/Monte Alegre; do Ribeirão Dois Córregos; do Rio Piracicaba 2;

do Rio Piracicaba 3/5; do Rio Piracicaba 4.


199

Foram elaboradas recomendações para cada sub-bacias entre as principais

de caráter geral ou comum estão:

- a manutenção da baixa densidade de ocupação;

- a restrição à ocupação industrial;

- exigir dos novos loteamentos sistemas próprios de coleta e tratamento de

esgotos; utilizar culturas de baixa demanda hídrica; recuperar a mata

ciliar ao longo dos cursos d’água;

- considerar na área urbana uma Zona de Interesse Ambiental Municipal

(ZEIA) e no trecho rural como APA;

- restringir a ocupação das várzeas devido aos riscos de enchentes;

- a proteção das cabeceiras dos contribuintes, limitando a ocupação pela

estrada de acesso ao Município de Rio das Pedras, bem como

estabelecer convênios com os demais municípios para preservar os

contribuintes;

- a reurbanização, incluindo a remoção de moradias em áreas de alto

risco, proteger as áreas ocupadas pela cana-de-açúcar; como

estabelecer prioridade para implantação de coletores-tronco de esgoto

doméstico e o seu tratamento;

- ampliação da rede coletora de escoamento das águas pluviais com a

finalidade de diminuir o escoamento para o Itupeva e rever os índices de

ocupação para uma ocupação de baixa densidade;

- tombar áreas como patrimônio ambiental urbano;

- controlar a implantação industrial e criar incentivos à diversificação de

culturas para a produção hortifrutigranjeira;

- disciplinar o índice de verticalização.


200

O zoneamento do uso do solo foi disposto pela Lei 2.641 de 4/1/1985, o qual

definiu as categorias de uso como mostra a tabela XIII-22.

Tabela XIII-22: Classes de Uso do Solo em Piracicaba.


Classe de Uso
R1- residência unifamiliar
R2- residência plurifamiliar
R3- conjunto habitacional
C1- comércio varejista de âmbito local
Área construída máxima 250m2
C2- comércio varejista diversificado
C3- comércio atacadista
S1- serviços de âmbito local
S2- serviços diversificados
S3- serviços especiais
It1- instituições de âmbito local
It2- instituições diversificadas
It3- instituições especiais
It4- uso institucional
I1- indústrias incômodas
I2- indústrias nocivas
I3- indústrias periculosas
Fonte: Lei 2.641 de 4/1/1985 do Município de Piracicaba.

13.4.6. Plano Diretor de Rio Claro

Rio Claro através da Lei n. 2.492 de 6/8/1992 aprovou o Plano Diretor de

Desenvolvimento que para atingir os objetivos propostos estabelece a

necessidade de se criar condições para: a participação de entidades

comunitárias; a preservação ambiental; a criação e manutenção de áreas de

especial interesse histórico, urbanístico, ambiental e cultural; a restrição à

utilização de áreas de riscos geológicos e ambientais; orientar o desenvolvimento

agrícola; orientar o uso racional dos recursos naturais de forma sustentada; o

controle do uso dos agrotóxicos e uso de tecnologias adequadas ao manejo do

solo; o reflorestamento diversificado com plantas nativas e a recuperação de

várzeas.
202

Zonas Comerciais (ZCM)


ZCM1 Comércio e serviços diversificados
ZCM2 Comércio e serviços geradores de tráfego intenso
ZCM3 Comércio e serviços geradores de tráfego pesado
ZCM4 Comércio e serviços geradores de ruídos noturnos
ZCM5 Comércio e serviços geradores de ruídos diurnos
ZCM6 Comércio e serviços armazenagem e serviços perigosos
Zonas de Proteção (ZP) ZP1, ZP2, ZP3,ZP4,ZP5,ZP6,ZP30,ZP50,ZPA
Zonas de Expansão (ZEXP)
Zonas Industriais (ZI) ZI1,ZI2,ZI3,ZI4,ZI5 e ZI6
Fonte: Lei 2.492 de 6/8/1992, Rio Claro.

O parcelamento do solo para fins urbanos está sujeito à prévia aprovação da

Prefeitura devendo o interessado apresentar os pareceres emitidos pelo DAEE,

CESP, Telefônica, Aeronáutica, CONDEPHAAT (quando for o caso), SEMA,

CETESB e a Procuradoria Geral do Município.

O parcelamento do solo é proibido em terrenos alagadiços, sujeitos a

inundações, em áreas de preservação ecológica e ao longo das águas correntes

e dormentes será necessário uma faixa de proteção de 30 metros non aedificandi

de cada lado.

Os lotes poderão apresentar área mínima de 125 m2, sendo que a

aprovação de alguns loteamentos fechados necessitam de parecer da Secretaria

de Desenvolvimento e Meio Ambiente.

O plano diretor determina que os agricultores devem ser incentivados à

utilização do manejo integrado de pragas e ao uso do controle biológico. Para

autorizar a abertura de novas firmas para o comércio de agrotóxicos ou produtos

veterinários se recomenda à Prefeitura solicitar laudo técnico da Secretaria de

Estado da Agricultura.

A Secretaria de Desenvolvimento e Meio Ambiente deverá, segundo o plano

diretor, criar um programa permanente de monitoramento do uso de agrotóxicos,

determinando prioridade na fiscalização no cultivo da cana-de-açúcar.


201

Um ponto importante do Plano Diretor de Desenvolvimento de Rio Claro é a

criação do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, atribuindo ao

mesmo entre outras responsabilidades a de aprovar as novas instalações

industriais e as novas obras que possam intervir na paisagem. O plano diretor

propôs, também, a criação do Fundo de Desenvolvimento Urbano Municipal e o

Conselho de Desenvolvimento Urbano.

O plano define uma série de conceitos úteis e importantes na relação

parcelamento do solo e recursos hídricos como coeficiente de permeabilidade,

zonas de proteção e zona non aedificandi, ou seja zonas onde não se permite a

construção.

Para cada tipo de construção a lei do plano diretor exige um coeficiente de

ocupação e de permeabilidade, por exemplo, para residências a taxa de

ocupação é de 70% e o coeficiente de permeabilidade é de 10%, já para as

indústrias localizadas no distrito industrial a permeabilidade deve ser de 30%. A

lei também prevê que os empreendimentos em áreas superiores a 5.000m2

deverão, obrigatoriamente, providenciar obras de escoamento e absorção de

águas pluviais. Foram criadas no plano diretor zonas de uso classificadas

conforme a tabela XIII-21.

Tabela XIII-21: Classificação das Zonas de Uso.


Categorias de Uso Caracterização
Zonas Residenciais (ZR)
ZR1 Taxa de ocupação máxima de 20%
ZR2 Taxa de ocupação máxima de 70%
ZR3 Admissão de verticalização
ZR4 Com restrição de gabarito
Zonas Especiais (ZE)
ZE1 Estação da Fepasa
ZE2 Aeroporto
ZE3 UNESP
ZE4 Avenida da Saudade
ZE5 Horto Florestal
Zonas Centrais ZC1 e ZC2
203

No caso das indústrias o plano diretor no artigo 80 prevê a priorização à

instalação de empresas potencialmente não poluidoras e que ofereçam maior

número de empregos e a elaboração de um Plano de Emergência para as áreas

de risco, de forma a harmonizar o desenvolvimento com o bem estar social. Ele

também determina que se exija das indústrias o tratamento dos seus rejeitos

tóxicos, para evitar a contaminação do lençol d’água e dos mananciais próximos,

na proposta de zoneamento deve-se considerar os aspectos ambientais, tornando

obrigatório o estudo prévio de impacto ambiental para localização do lixo

industrial.

O plano diretor reconhece a importância da vegetação definido diretrizes

ambientais no sentido de promover o reflorestamento de todas as matas e

galerias, delimitar as áreas non aedificandi dentro do perímetro urbano,

observando as leis federais e estaduais e realizar o acompanhamento e

monitoramento de qualquer atividade que implique no uso da terra em toda a sua

extensão, imputando aos causadores dos danos ambientais o ônus.

Por fim, estabelece-se que a prioridade de uso da água seja doméstico e

com a finalidade de conhecer melhor o comportamento hídrico das bacias

manipuladas pelo Departamento Autônomo de Água e Esgoto (DAEE) ficou

definido a instalação de postos fluviométricos e pluviométricos.


204

14. ANÁLISE E CONCLUSÃO

14.1. Análise do Plano de Bacias do CBH-PCJ de 94/95

As ações, que são as estratégias para atingir os objetivos definidos, além de

terem sido agrupadas por PDC, foram propostas pelo comitê, pelos municípios e

por alguns órgãos estaduais. Foram ao todo 84 ações propostas pelo comitê,

sendo 56 sugeridas no plano de bacias 94/95 e 28 no relatório de situação de

1993 (tabelas XIII-1, XIII-7, XIII-8); 277 pelos municípios e 39 pelos órgãos

estaduais. Na análise que se segue serão consideradas apenas as 56 ações

propostas pelo CBH-PCJ, pois, as 28 ações do relatório de situação apresentam

os dados em formato diferente às do plano de bacias, tornando inviável sua

tabulação em conjunto com as demais.

Uma análise geral dessas ações indica que 81,4% das ações propostas

foram distribuídas em cinco dos dez PDCs que são: o PDC-3, destinado a

serviços e obras de preservação, conservação e proteção da qualidade dos

recursos hídricos; o PDC-1, referente ao gerenciamento e planejamento; o PDC-2

que trata do controle e do aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos; o PDC-

5, responsável pelas ações de conservação dos mananciais de abastecimento

urbano e o PDC-8 encarregado da preservação e defesa contra inundações,

nessa ordem, como mostra a tabela XIV-1. Essa tabela também permite verificar

como foram distribuídas as ações nos PDCs em cada grupo que as propuseram

(CBH-PCJ, municípios e órgãos estaduais).

Nota-se que o CBH-PCJ, na função de gestor, investiu boa parte de suas

ações no PDC-1, já os municípios que convivem e sentem diretamente os

problemas gerados pelo descontrole do desenvolvimento concentraram suas

ações nos PDCs 2, 3 e 5. Os órgãos estaduais distribuíram suas ações de modo


205

similar aos municípios, isto porque são entidades setoriais ligadas a serviços e

obras. Assim os PDCs 2 e 3 foram os que receberam o maior número de ações

(tabela XIV-1).

Tabela XIV-1: Distribuição das ações pelos PDCs


PDC CBH-PCJ Municípios Órgãos Estaduais Total
Ações % Ações % Ações % Ações %
56 100,0% 277 100,0% 71 100,0% 404 100,0%
1 23 41,1% 34 11,1% 13 18,3% 70 17,3%
2 5 8,9% 41 13,4% 19 26,8% 65 16,1%
3 7 12,5% 67 22,0% 17 23,9% 91 22,5%
4 4 7,1% 11 3,6% 4 5,6% 19 4,7%
5 5 8,9% 48 15,7% 8 11,3% 61 15,1%
6 3 5,4% 6 2,0% 2 2,8% 11 2,7%
7 4 7,1% 7 2,3% 0 0,0% 11 2,7%
8 3 5,4% 37 12,1% 2 2,8% 42 10,4%
9 1 1,8% 23 7,5% 3 4,2% 27 6,7%
10 1 1,8% 3 1,0% 3 4,2% 7 1,7%
Fonte: Relatório de Situação dos Recursos Hídricos do CBH-PCJ, 1995.

O gráfico da figura XIV-1 mostra a avaliação das ações propostas pelo CBH-

PCJ nos relatórios de situação de 1994 e 1995, utilizando o critério definido pelo

comitê em: realizado (R); em andamento (A); parcialmente realizado (PR); não

realizado (NR) e sem informação (SI). O comitê somente avaliou, segundo os

critérios citados, as ações sugeridas por ele no plano de bacias.

Verifica-se que apenas 10,7% das 56 ações propostas pelo CBH-PCJ foram

realizadas todas do PDC-1, o que corresponde a 26,1% das previstas no mesmo.

As ações classificadas em andamento totalizam 30,4%, número significativo,

embora tal avaliação não informe o quanto fora realizado. Essas ações

correspondem a 60,0% das ações previstas pelo CBH-PCJ no PDC-2; 43,5% no

PDC-1; 42,9% no PDC-3 e 20,0% no PDC-5.


206
207

10,7% 19,6%
7,1%

30,4%
32,1%
Realizada Parcialmente Andamento
Não realizada Sem Informação

O gráfico da figura XIV-2 mostra a situação das ações em cada PDC,

segundo os critérios já citados.

PDC10 100%
100%
PDC9 100%

PDC8 100%

PDC7 100%

PDC6 100%

PDC5 20% 60% 20%

PDC4 25% 75%

PDC3 42,9% 14,2% 42,9%

PDC2 60% 20% 20%


16,1%
PDC1 26,1% 43,5% 17,4% 13%
R A PR NR SI

Figura XIV-2: Situação das Ações propostas pelo CBH-PCJ no Plano de Bacias 94/95 em cada PDC.
R- ações realizadas; A- ações em andamento; PR- ações parcialmente realizadas; NR- ações não realizadas; SI- ações
sem informação.

A porcentagem de ações sem informação, parcialmente e não realizadas

somam 58,8% (figura XIV-1), valor alto para ações planejadas.

O PDC-4 (destinado às ações) para o desenvolvimento e proteção das

águas subterrâneas teve apenas 7,1% das ações propostas pelo comitê; sendo

75,0% não realizadas e 25,0% parcialmente realizadas, ou seja, foram iniciadas e


208

interrompidas. Em situação parecida encontram-se os PDC’s 6, 7 e 8 onde não

houve nenhuma ação realizada o que corresponde a 17,9% das ações propostas

pelo comitê. Para o PDC-9, encarregado da defesa contra a erosão do solo e o

assoreamento dos corpos d’água e o PDC-10, responsável pelo desenvolvimento

dos municípios afetados por reservatórios e leis de proteção de mananciais, o

comitê propôs apenas uma ação para cada, cujo resultado da avaliação é para o

PDC-9, parcialmente realizada e para o PDC-10 sem informação.

O quadro da situação das ações sugeridas pelo CBH-PCJ é muito

desanimador, o comitê no relatório de situação de 1994 apresentou algumas

justificativas descritas a seguir, elas estão baseadas nos investimentos previstos

e não realizados:

• o recurso advindo do BIRD (US$1,6 milhão), descrito na ação 14 do

PDC-1 (p. 146), apesar das atividades necessárias à celebração dos

primeiros contratos terem sido cumpridas, não foi possível a sua

utilização em 1994, devido à reprogramação das atividades no início

de dezembro do citado ano por solicitação do BIRD. O relatório ainda

afirma, que esse recurso está à disposição da Secretaria de

Recursos Hídricos Saneamento e Obras e que o mesmo poderia ser

aplicado em 1995, o que não ocorreu, pois, o processo de instalação

da Unidade de Gerenciamento do Programa (UGP), até dezembro de

1995, estava em desenvolvimento. Segundo o Relatório n. 3 do

Plano de Ação da UGP de dezembro de 1998, os investimentos

serão programados para o período 1999/2005;

• os investimentos previstos pela SRHSO no valor de US$1,56 milhão

em razão da inflação verificada até julho de 1994, início do Plano


209

Real, foram reduzidos para R$450 mil e transferidos para o programa

SANABASE para obras da ETE de Americana;

• os recursos do FEHIDRO, US$6,612 milhão, não foram aplicados em

1994 em função da instituição não possuir condições jurídicas para

operar nesse ano, em 1995 foram aplicados R$ 5,907 milhões,

predominantemente em obras e serviços (PDC-3).

A falta de recursos financeiros, por exemplo, não justifica que ações

dependentes apenas de verbas de custeio deixassem de ser realizadas ou

interrompidas. Em episódios desse tipo faz-se necessária uma explicação.

Com relação às 28 ações propostas pelo CBH-PCJ no relatório de 1993, 24

não se realizaram, duas foram parcialmente realizadas e as outras duas

realizadas.

Os municípios, em função dos problemas gerados pela degradação

qualitativa de seus corpos hídricos, concentraram 23,3% de suas ações no PDC-

3, 16,4%, 13,4% e 12,1% nos PDC’s: 5, 2 e 8, respectivamente. Esses números

demonstram a grande preocupação com a situação qualitativa em que se

encontram as águas nessas bacias que embora, classificadas como

industrializadas, os municípios estabeleceram apenas 2,3% de suas ações ao

PDC-7 que trata da conservação dos recursos hídricos na indústria. Os

municípios também não dedicaram muitas ações no desenvolvimento racional da

irrigação, somente 2,0%. Tais ações atingem diretamente os interesses privados

de grupos econômicos influentes na política municipal, tornando difícil a

articulação por parte do Poder Público.

Os municípios, apesar de não terem suas ações avaliadas pelo comitê,

informaram que dos recursos estimados e realizados, 32,72% dos investimentos,


210

previstos por eles, foram utilizados. Uma análise da tabela XIII-4 (p. 157) indica

que os recursos financeiros aplicados se concentraram em alguns PDC’s. A

tabela mostra que o PDC-1 foi o que recebeu o maior volume de investimentos,

US$13.599,30 mil; no entanto o valor de US$13.300 mil referem-se a somente

uma ação, prevista pela cidade de Campinas e que não poderia fazer parte do

PDC-1, já que a mesma foi destinada a obras e serviços do Plano Diretor de Água

e Esgoto, também é importante citar que a ação foi estimada em US$175 mil.

Esse é outro caso onde a justificativa torna-se imprescindível.

A figura XIV-3 através de um gráfico informa para cada PDC a porcentagem

de recursos financeiros aplicados em função dos valores previstos. Excluindo-se o

PDC-1 pelas razões já apresentadas, percebe-se que os PDCs 2, 3, 7 e 8

aplicaram mais de 10% do valor previsto, número inferior ao ideal, indicando,

portanto, uma priorização dos PDCs por parte dos municípios. É importante

Realizado Previsto

PDC-10 US$800 mil

PDC-9 US$5.160 mil


3,56%
PDC-8 72,17% US$15.741,4 mil

PDC-7 12,57% US$83,5 mil

PDC-6 US$60 mil

PDC-5 7,21 % US$12.896,4 mil

PDC-4 US$1.388,4 mil


5,91%
PDC-3 10,01% US$72.317,5 mil

PDC-2 46,22% US$17.679 mil


US$928,3 mil
PDC-1 investimento realizado superou em 14,65 vezes o previsto

Figura XIV-3: Porcentagem de investimentos realizados pelos Municípios em cada PDC e o valor previsto.
211

ressaltar que o PDC-7 previu um investimento bem menor que o PDC-3 e que

algumas ações sugeridas nele não são de exclusividade à conservação dos

recursos hídricos na indústria, como propõe o PDC-7, como exemplo cita-se o

programa de racionalização do uso da água pelas redes públicas de distribuição.

Para os órgãos estaduais envolvidos (tabela XIII-5, p. 157), a exemplo dos

municípios, o comitê não avaliou as ações, indicando somente os investimentos

estimados e realizados. Dos US$54.348,69 mil previstos, somente 10,61% foram

aplicados. A SABESP foi a instituição que fez a maior previsão de investimentos,

US$49.772,69 mil; no entanto, somente 8% foram aplicados e mesmo assim,

representa mais de 50% do valor total investido pelos órgãos estaduais. A figura

XIV-4 revela que a Secretaria do Meio Ambiente e o DAEE investiram mais de

50% dos recursos por eles estimados.

3,2%
4,4%
7,1%
35,0%

50,4%

DAEE SMA CESP SABESP SAA

Figura XIV-4: Porcentagem de investimentos realizados pelos órgãos estaduais em cada PDC.
Somente os órgãos que investiram algum valor do previsto foram incluídos.

O DAEE por ser o órgão diretamente ligado à Secretaria de Recursos

Hídricos, Saneamento e Obras não explicou o motivo pelo qual não realizou as
212

ações que dependiam exclusivamente das verbas de custeio. Vale ressaltar que o

DAEE tem a função de Secretaria Executiva do CBH-PCJ.

A racionalização do uso das águas e o controle de perdas são muito

importantes para a gestão das águas, e, para tanto, foram previstas várias ações.

O PDC 5, 6 e 7 definiram ações sobre o assunto, mas nenhuma foi realizada ou

está em andamento. As propostas dos municípios (p. 149) abrangem o cadastro

de redes de água e esgoto e programas de controle de perdas. Das 57 cidades 14

apresentaram propostas, a cidade de Rio das Pedras especificou que o programa

de racionalização seria para o setor industrial e as cidades de Valinhos e Sumaré

incluíram programas de treinamento e auxílio aos irrigantes. O DAEE, a SABESP

e a Secretaria da Agricultura estipularam, também, ações nesse sentido (p.157).

A soma de investimentos previstos pelos órgãos estaduais para essas ações foi

de US$1.070.700,00, embora somente US$59.000,00 (5,5%) tenham sido

aplicados, ao todo, pelos municípios de Artur Nogueira, Indaiatuba e Santa

Bárbara D’Oeste, os únicos que realizaram parcialmente as ações previstas. Nem

mesmo o DAEE, que utilizaria apenas as verbas de custeio, realizou as ações que

propôs sobre o assunto.

O enquadramento dos corpos d’água foi objeto de duas ações, uma

propondo a discussão no comitê sobre o assunto e a outra sugerindo a

elaboração de uma proposta pela CPLA e a CETESB. Segundo o Relatório de

Situação dos Recursos Hídricos dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí de 1995

o processo está em andamento.

A outorga é um instrumento estrutural de controle e regulador do direito de

uso (p. 82). Devido a sua importância, os relatórios de situação, por lei, fazem a

divulgação de alguns dados, no caso dos relatórios de 1994 e 1995. Os dados


213

foram apresentados com formatos diferentes, dificultando a análise. O relatório de

1994 é mais completo, informando o volume captado, o lançado e o número de

outorgas para cada um, indicando o uso (industrial, público e irrigantes),

computando também o número de outorgas para barramentos e outros usos. No

relatório de 1995 informou-se apenas o número de outorgas sem indicar o volume

e o tipo de usuário. Vale ressaltar que o relatório de 1994 apresentou o número

de outorgas, licenças de execução e operação de poços profundos, dado ausente

no relatório de 1995.

O PDC-1 propôs uma ação que consistia na implantação de um sistema

único de outorgas e licenças, em 1994 a proposta foi aprovada pelo CBH-PCJ,

através da deliberação 17/94, mas não prosperou. Outra ação não realizada e

importante para a definição de prioridades na outorga é o cadastramento dos

usuários.

Em relação ao monitoramento, foi instituído um grupo técnico sobre o

assunto que realizaram-se encontros técnicos para discutir e propor um programa

sobre o tema e foi executado o monitoramento de algas nos reservatórios de

Americana e Piracicaba. Essa ação recebeu do FEHIDRO a quantia de US$500

mil para a sua primeira etapa, a ação está em andamento.

O fato de não ter sido realizada nenhuma ação para desenvolver um sistema

de informações sobre os recursos hídricos, com toda certeza, irá prejudicar o

gerenciamento das águas; visto que para promover o desenvolvimento

sustentável faz-se necessário um conjunto de informações que seja coletado de

forma descentralizada sem sobreposição e que esteja sistematizado e disponível

ao CBH-PCJ, para que o mesmo possa tomar a melhor decisão. As informações,

também, são importantes para os usuários e para a sociedade, pois permitem que
214

seja feito um acompanhamento da situação das águas. É importante ressaltar que

o plano de bacias definiu a ação de número 13 do PDC-1 para o assunto, mas

não foi realizada.

Uma das recomendações do PERH aos comitês de bacia foi que estes

delegassem competência aos municípios para que eles pudessem administrar as

águas de interesse exclusivo à sua cidade. Diante disso o CBH-PCJ colocou a

questão em discussão através da ação prevista no PDC-1, de planejamento e

gerenciamento das águas (p. 135). O assunto não prosperou devido à espera do

CBH-PCJ de uma manifestação do CRH, segundo o Relatório de Situação dos

Recursos Hídricos do CBH-PCJ de 1995 (tabela XIII-1, p.147).

Os PERHs propuseram aos comitês que estabelecessem um plano especial

para situações críticas dos corpos hídricos das bacias, as quais se atinge quando

a soma das vazões captadas na bacia superar a 50% da sua vazão e quando a

densidade de irrigação atingir 5 ha/km2. Não há nenhuma citação no plano do

CBH-PCJ quanto à questão, nenhuma ação nos PDC’s foi proposta para o

assunto, embora as bacias dos rios Piracicaba, Capivari já tenham enfrentado

situação que levou o Governo do Estado a instituir a Operação Estiagem (p. 113).

Ao estabelecer uma relação entre os dois planos estaduais de recursos

hídricos (94/95 e 96/99) e os dois planos de bacias para o mesmo período, nota-

se que as ações propostas pelo comitê se enquadram nos objetivos e diretrizes

definidos pelos planos estaduais No entanto, ao verificar quais ações foram

realizadas ou quais estão em andamento, nota-se que alguns dos objetivos

deixaram de ser cumpridos. Entre eles estão: o incentivo à organização de

associações de usuários; a delegação de competência para os municípios

administrarem as águas de interesse exclusivamente local; a racionalização do


215

uso dos recursos hídricos; a restrição ao crescimento industrial; a racionalização

da agricultura irrigada e a restrição à concentração demográfica.

Ressalta-se que o plano de 96/99 definiu critérios para a distribuição dos

recursos financeiros do FEHIDRO com a finalidade de hierarquizar as prioridades

(p. 168), além de especificar melhor algumas das ações sugeridas.

Infelizmente, o comitê não divulgou nenhum dado sobre a situação dos

recursos hídricos de 96 e 97.

14.2.Os Planos Diretores e o Plano de Bacia do CBH-PCJ 94/95

As diretrizes e os objetivos gerais propostos pelo PERH às bacias

industrializadas, como é o caso das bacias que compõem o CBH-PCJ, dirigem-se

à solução de problemas gerados pelo crescimento populacional dos municípios

em função do processo de desenvolvimento econômico.

É evidente a relação uso e ocupação do solo com a situação dos recursos

hídricos. Essa relação íntima precisa ser definida e consolidada para poder gerir

as águas com maior eficiência e isso só será possível quando existir uma

articulação positiva entre o CBH-PCJ e os municípios.

Uma idéia qualitativa dessa articulação foi possível pela análise dos planos

diretores dos municípios e suas respectivas leis de uso e ocupação do solo (p.

176).

Todos os planos diretores manifestam preocupação com o meio ambiente,

particularmente com a problemática da água, enfatizando a necessidade de

conduzir o desenvolvimento econômico harmonicamente com a qualidade

ambiental, por vezes, associada à qualidade de vida. Tarefa nada fácil para a
216

atual situação econômica do país, onde o desemprego é alto e o crescimento

insignificante.

Assim, a exemplo de Piracicaba, se faz inicialmente prioritário fortalecer

estruturalmente o processo de planejar. Para isso a cidade criou o Conselho de

Planejamento do Município constituído por representantes de movimentos

populares, das três esferas de governo, de sindicatos e associações patronais e

de trabalhadores, e do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural. Campinas

e Rio Claro criaram o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano em seus

planos diretores, todavia não especificaram como seria a sua constituição. A

sociedade pode assim interferir no desenvolvimento do município, manifestando-

se sobre as situações de conflito e no processo de planejamento.

Investimento é outro ponto importante para o cumprimento de um plano, por

isso, algumas cidades criaram um fundo de captação de recursos financeiros,

como é o caso de Rio Claro e Campinas.

Em conformidade com a legislação federal os planos diretores fixaram a

faixa de proteção ao longo de cada margem dos corpos d’água com, no mínimo,

30 m. Alguns desses planos reafirmam o impedimento do parcelamento e da

edificação nas áreas de várzeas ou sujeitas à inundação; como também, a

proteção das cabeceiras e da mata ciliar. O plano de Limeira determina que nas

faixas de proteção sejam preservadas as matas significativas e, se for o caso,

refloresta-las.

Uma forma utilizada para restringir o adensamento populacional é a fixação

da área mínima do lote, cada cidade em função de suas características

prescreveu essa área, Americana estabeleceu o maior valor dos municípios

selecionados, 300m2, restringindo para as Zonas de Especial Interesse Social, o


217

loteamento para moradias populares com área mínima de 150m2, para as áreas

de proteção ambiental o plano fixa o valor de 1.000m2. O valor entre os

municípios selecionados fica entre 125m2 e 300m2.

Para combater o parcelamento do solo em regiões sem a existência mínima

de infra-estrutura os planos solicitam dos empreendedores, para a aprovação do

projeto de loteamento, os projetos de abastecimento de água e de esgoto

devidamente aprovados pelo órgão municipal responsável. Americana exige na

aprovação final a licença da CETESB e Piracicaba impõe aos novos loteamentos

que possuam sistemas próprios de coleta e tratamento de esgotos.

Americana, Campinas e Piracicaba preocupadas com as áreas

precariamente urbanizadas firmaram diretrizes que propõem a sua reurbanização;

porém, Campinas salienta que essas medidas deverão ter o cuidado de não

estimular o adensamento.

Jundiaí instituiu juntamente com a taxa de ocupação e o índice de

aproveitamento, o coeficiente de permeabilidade (p. 202), instrumento importante

para a drenagem e minimização dos problemas com inundações.

A alta industrialização da região levou os municípios a restringirem o uso do

solo para a atividade industrial, ora através do zoneamento, ora estimulando a

instalação de indústrias não incômodas, como também proibindo a instalação de

alguns processos industriais.

Para atividades potencialmente causadoras de impacto ambiental se faz

necessário o Estudo de Impacto Ambiental - EIA/RIMA, (conforme dispõe a

Resolução CONAMA n. 001/86 enfatizado no plano de Campinas), para impactos

de grande magnitude. Já para os impactos de média e pequena magnitude, o

município exige a Declaração de Impacto Ambiental (DIA). Estão incluídos nessa


218

categoria os bota-foras de qualquer resíduo e as mineradoras. Jundiaí e Rio Claro

exigem além do EIA/RIMA a aprovação do conselho de meio ambiente da cidade.

Como se pôde perceber, o critério básico para o zoneamento industrial, nos

municípios, é o grau de incômodo aos moradores. Para tanto, as leis de

zoneamento, uso e parcelamento do solo dividiram as indústrias, basicamente,

em duas categorias: incômodas e não-incômodas. A cidade de Rio Claro

subdividiu essas categorias pelo tamanho da indústria, para isso considera o

número de operários e a potência elétrica utilizada.

Rio Claro ainda não permite a instalação de indústrias classificadas pelo

plano como I4 (p.194), entre elas cita-se as de cimento e celulose. No caso de

extração mineral, o município exige que as áreas desmatadas sejam recompostas

alternadamente com a extração a cada 1.000m2. Outro ponto positivo no plano de

Rio Claro é a proposta de elaborar um Plano de Emergência para as áreas de

risco.

Ainda que as diretrizes e os objetivos dos planos diretores dos municípios

analisados estejam dentro das recomendações do Plano de Bacias do CBH-PCJ

de 94/95, tal fato não pode ser atribuído à articulação entre o comitê e os

municípios já que nenhuma ação prevista pelo plano de bacias abordou o tema.

Isso decorre das aspirações da sociedade em melhorar a qualidade de vida da

cidade e a preocupação dela com a problemática de suas águas. A

conscientização do Poder Público, geralmente, se faz depois da sociedade ter

enfrentado as conseqüências do descaso do mesmo com o meio ambiente,

muitas vezes deliberado, e por vezes obrigando a população a manifestar a sua

vontade.
219

14.3. Conclusão e Comentários

Os objetivos propostos pelo CBH-PCJ em seus planos de bacias (94/95 e

96/99) atenderam as diretrizes e os objetivos dos planos estaduais, definindo

ações capazes de provocar mudanças que estimulassem o desenvolvimento

sustentável na região das bacias em estudo.

A seleção das ações por parte dos proponentes foi, de modo geral, positiva

em virtude da maioria dos problemas ligados aos recursos hídricos serem de

conhecimento notório por parte das instituições ligadas ao meio ambiente.

Ações importantes apresentaram resultados positivos, ou seja, ou foram

realizadas ou estão em andamento. Entre elas destaca-se: a identificação das

fontes de poluição; o desenvolvimento de estudos, projetos e obras para a

disposição adequada dos resíduos sólidos; a execução de projetos para uso

múltiplo e combate às algas da represa de Americana; a elaboração do Plano

Diretor de Suprimento de Água para a bacia do rio Jundiaí e região e os estudos

para a implantação da hidrovia Tietê-Paraná, no trecho do rio Piracicaba.

No entanto, ao observar os resultados globais das ações propostas pelos

proponentes, não há como contestar a baixa performance do plano de bacias de

94/95, 58,8% de ações com resultados negativos (ações não realizadas,

parcialmente realizadas e sem informação). Faz-se necessário considerar:

1. o fato do CBH-PCJ ter sido o primeiro comitê a elaborar o plano de

bacias;

2. o pouco espaço de tempo para se adaptar às diretrizes da política

estadual de recursos hídricos; e


220

3. a falta de informações sobre o sistema de gestão por parte dos políticos,

de instituições governamentais ligadas aos recursos hídricos e da

sociedade em geral.

A justificativa do comitê para essa baixa performance baseou-se na relação

investimentos previstos e realizados. Ainda que o volume de recursos financeiros

investidos tenha sido insuficiente para uma performance aceitável, não há

explicação para o resultado negativo de algumas ações que utilizariam apenas as

verbas de custeio. Na realidade uma série de motivos ligados ao planejamento

contribuiu para essa situação além dos baixos investimentos aplicados.

Primeiramente o comitê deveria ter elaborado um diagnóstico socioambiental

com informações completas e detalhadas sobre as bacias hidrográficas de sua

área de abrangência. Apesar de muitos estudos terem sido realizados sobre a

região, haveria a necessidade de coordená-los e quando fosse o caso atualizar as

informações. O diagnóstico é o ponto de partida para iniciar qualquer processo de

planejamento (p. 34).

A análise dos planos (p. 204) apontou para uma hierarquização dos PDCs,

demonstrando a priorização de ações corretivas, ligadas a obras e serviços, o que

é perfeitamente compreensível diante das características socioambientais em que

se encontra a UGRHI-5.

A lei que aprovou o PERH 94/95 dispôs em seu capítulo V a criação dos

PDC’s, embora não tenha definido a sua finalidade dentro do sistema de

gerenciamento. No entanto, a criação dos PDC’s pode ser vista como uma forma

estratégica de evitar que ações com finalidades diferentes façam parte da mesma

hierarquização de prioridades. Assim, cada PDC, segundo os seus objetivos,

selecionaria um número de ações necessárias ao cumprimento das diretrizes


221

propostas pelo plano e as hierarquizaria segundo seus critérios de prioridade. De

tal forma que todos os PDC’s tivessem o mesmo grau de prioridade.

Não está clara a finalidade dos PDCs, dentro do sistema, muito embora cada

um possua objetivos específicos, conforme mostra o anexo VII. Isto porque,

existem algumas ações propostas em certos PDC’s que poderiam fazer parte de

outro PDC. É o caso do cadastramento dos usuários: tanto o PDC-6, responsável

pelo desenvolvimento racional da irrigação, como o PDC-1, encarregado das

ações de planejamento e gerenciamento, podem propor ações sobre o assunto

(anexo VII).

Essa falta de clareza na finalidade dos PDCs dificulta a tomada de decisão,

no sentido de estabelecer um critério que defina a qual PDC, determinada ação

estará inserida; além de definir a prioridade desta em relação às demais que

compõem o programa.

Aliás, um ponto extremamente negativo nos planos de bacias é, ao que tudo

indica, a falta de critérios para estabelecer uma hierarquia de prioridades entre as

ações definidas para cada programa de duração continuada.

Ações importantes de planejamento, de caráter preventivo, como o

enquadramento dos corpos d’água; o cadastro dos usuários; o sistema de

outorgas e licenças; a rede de monitoramento; a fiscalização e o sistema de

informações sobre recursos hídricos, juntamente com ações corretivas, como o

controle de agrotóxicos; o estímulo à diversificação de culturas e à racionalização

e o controle de perdas deixaram de ser realizadas. Ainda que poucas ações

tenham sido realizadas ou estejam em andamento, o comitê deveria ter investido

mais, ou melhor priorizado as ações dirigidas ao fortalecimento dos mecanismos

de gestão e em ações de obras e serviços que buscassem atingir as causas e


222

não os efeitos. Os planos diretores dos municípios selecionados evidenciaram

sua preocupação com a monocultura canavieira e o uso de agrotóxicos, mas

nenhuma ação prevista no PDC responsável pelo desenvolvimento da irrigação

foi, sequer parcialmente realizada. Essas ações depois de realizadas e em

operação forneceriam subsídios para a discussão sobre os mecanismos para

cobrança pelo uso da água e adequação de tarifas, no entanto, o comitê realizou

o inverso.

A articulação entre o comitê e os diversos atores envolvidos precisa ser mais

bem explorada. Não é aceitável em um sistema que valoriza o planejamento

integrado, a existência de ações avaliadas como sem informação.

Algumas ações poderiam estar em andamento ou até terem sido realizadas

em função dessa falta de articulação entre o comitê e os demais envolvidos,

principalmente as dos PDCs 6 e 7, porque foram alvos de recomendações por

parte dos planos diretores. Aliás, o comitê poderia ter auxiliado e participado da

elaboração dos planos diretores e das leis de uso, ocupação e parcelamento do

solo, como prevê a Lei n. 7.663 e os objetivos dos PERHs, o que não foi previsto

nos planos de bacias (94/95 e 96/99). A articulação sugerida pelo CBH-PCJ no

plano de 94/95 se restringiu a ações de divulgação dos planos de bacias, dos

relatórios de situação e da legislação pertinente aos recursos hídricos, já o plano

de 96/99 estabeleceu uma série de ações que poderiam melhorar tal articulação.

Outro fator que compromete o processo de planejamento presente nos

planos de bacias e nos relatórios de situação é a ausência de uniformidade na

apresentação dos dados, para isso existe a necessidade de se estabelecer quais

informações são necessárias como devem ser apresentadas para que sejam

analisadas e avaliadas; e ainda, saber, por exemplo, o quanto foi realizado, o


223

investimento previsto e aplicado, a forma de financiamento, a entidade que irá

coordenar e executar as ações, o tempo necessário, entre outras informações

pertinentes. Portanto se faz necessário estabelecer uma nova forma de classificar

as ações quanto a sua situação após determinado período, de modo que se

possa realmente avaliar a ação e o plano como um todo, como fez o IBAMA

(anexo II). Além disso o CBH-PCJ precisa primar pelas informações que divulga.

Quando for o caso, deve fornecer as explicações necessárias a sua

compreensão. Aqui cita-se o exemplo de uma ação ter previsto um investimento

de US$175 mil e ter gasto US$13.300 mil (tabela XIII-3, p.149). É bom lembrar o

artigo 19 da Lei n. 7.663 (anexo IV), que dispõe sobre a finalidade dos relatórios

de situação, cujo objetivo é, entre outros, dar transparência à administração

pública, permitindo cumprir o processo de planejamento e consolidar eventuais

ajustes nos planos (p. 37).

É preciso que os comitês deleguem(com anuência do CRH e o mais rápido

possível, como prevê o PERH) a competência dos municípios para administrar

águas de interesse exclusivamente local; pois, permite uma fiscalização mais

efetiva, ora por parte do Poder Público, ora por parte da sociedade de modo geral.

O espírito da Lei Federal sobre os recursos hídricos e as recomendações da

Agenda 21 recomendam uma gestão descentralizada, cuja finalidade é o

desenvolvimento sustentável.

Por fim, muitas das ações previstas no plano de bacias de 96/99 são as

mesmas do plano de 94/95 justificando com isso a sua baixa performance, apesar

do plano de 96/99 apresentar mais detalhes nas ações propostas e estabelecer

um conjunto de critérios e de pontuação para hierarquizar as prioridades na

distribuição dos recursos financeiros do FEHIDRO.


224

Em tempo, vale ressaltar que o CORHI está modificando todo o formato dos

planos e dos relatórios de situação que deverão ser elaborados a partir de um

diagnóstico que será realizado e cujo nome será Relatório Zero.


224

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RIO CLARO. Lei n 2.493, 6/8/1992. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo para
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239
ANEXO I
Cronologia dos Principais Instrumentos Legais Federais
de Interesse aos Recursos Hídricos
Data Instrumento Descrição
1934 Decreto 24.645 Estabelece medidas de proteção aos animais.
1934 Decreto 23.793 Código Florestal.
1934 Decreto 24.643 Código das Águas.
1937 Decreto 25 Organiza a proteção ao patrimônio histórico e artístico nacional.
1938 Decreto 794 Código de Pesca.
1940 Decreto 1.985 Código de Mineração.
Decreto Aprovou a Convenção para a Proteção à fauna e flora e às Belezas
1948
Legislativo 3 Cênicas Naturais da América
Regulamenta Lei 2.312 /54 sobre Normas Gerais sobre Defesa e
1961 Decreto 49.974
Proteção da Saúde.
1964 Lei 4.504 Estatuto da Terra.
1965 Lei 4.771 Novo Código Florestal.
1967 Decreto 277 Novo Código de Mineração.
1967 Lei 289 Cria o IBDF.
Cria a Secretaria Especial do Meio Ambiente dentro do Ministério
1973 Decreto 73.030
do Interior.
1975 Decreto 76.470 Cria o Programa Nacional de Conservação dos Solos.
Discrimina regiões para execução obrigatória de planos de
1975 Lei 6.225
proteção ao solo e de combate à erosão.
1975 Decreto 76.389 Medidas de prevenção e controle da poluição industrial.
Controle e fiscalização sanitária das águas minerais destinadas ao
1976 Decreto 78.171
consumo humano.
1977 Decreto 79.367 Dispõe sobre normas e padrões de potabilidade de água.
1979 Lei 6.766 Parcelamento do Solo.
1979 Lei 6.662 Dispõe sobre a Política Nacional de Irrigação.
Diretrizes básicas para o zoneamento industrial em áreas críticas
1980 Lei 6.803
de poluição.
Inspeção e fiscalização de produção e comércio de produtos
1980 Lei 6.894
destinados à agricultura.
1981 Lei 6.938 Política Nacional de Meio Ambiente.
1981 Lei 6.902 Criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental.
Medidas de recuperação e proteção ambiental na Bacia
1982 Decreto 87.561
Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.
1985 Lei 7.365 Dispõe sobre fabricação de detergentes não biodegradáveis.
1985 Portaria 329 Resolve sobre agrotóxico.

Institui a ação civil pública de responsabilidade por danos causados


1985 Lei 7.347 ao meio ambiente, ao consumidor e a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
Resolução Definições, responsabilidades, critérios básicos e diretrizes gerais
1986
CONAMA 001 para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental.
Resolução
Classificação das águas doces, salobras e salinas do território
1986 CONAMA
nacional.
020
Resolução
Licenciamento de obras de grande porte, especialmente de
1987 CONAMA
geração de energia elétrica.
006
Resolução
1987 Dispõe sobre Audiência Pública.
CONAMA 009
1988 Lei 7.661 Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro.
Dispões sobre a destinação de recursos para prevenção ou
1988 Decreto 95.733 correção de prejuízos de natureza ambiental, cultural e social
decorrentes da execução de projetos e obras federais.
240

Continuação
Resolução
Licenciamento de obras de sistemas de abastecimento de água, de
1988 CONAMA
esgotos sanitários, drenagem e sistemas de limpeza urbana.
005
Resolução
1988 CONAMA Licenciamento de atividades industriais e geração de resíduos.
006
Resolução
1988 Dispões sobre Áreas de Proteção Ambiental (APA)
CONAMA 010
1989 Lei 7.797 Cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente.
Institui para os Estados, Municípios e Distrito Federal a
compensação financeira pelo resultado da exploração de petróleo
1989 Lei 7.990
ou gás natural, de recursos hídricos para fins de energia elétrica e
de recursos minerais.
1989 Lei 7.735 Cria o IBAMA.
1989 Lei 7.802 Dispõe sobre agrotóxicos.
1992 Lei 8.490 Cria o Ministério do Meio Ambiente.
Resolução
1993 Dispõe sobre a destinação final de resíduos sólidos.
CONAMA 005
1997 Lei 9.433 Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos.
1998 Decreto 2.612 Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
241
ANEXO II
Resultados globais
Relativos à legitimidade do papel institucional do
IBAMA e à eficácia das ações desenvolvidas
ATÉ ATÉ
META
31/12/00 31/12/01
Elevar o índice de reconhecimento e credibilidade junto à sociedade brasileira 10% 30%
Elevar o índice de cumprimento de compromissos de agendas consignadas em 10% 30%
acordos internacionais de meio ambiente
Elevar o índice de reconhecimento junto aos agentes dos setores ambientais, 10% 20%
econômicos e sociais
Elevar índice de reconhecimento da ação supletiva, junto aos demais agentes do 10% 20%
Sisnama, na execução de ações de intervenção
Elevar índice de reconhecimento interno e externo ao Ibama como agente 20% 40%
demandador e difusor de conhecimentos destinados à gestão ambiental
Reduzir o volume de recursos orçamentários diretamente alocados às atividades de 75% 60%
prestação de serviços publicitáveis
Elevar o nível de auto-sustentação financeira na gestão dos recursos e serviços 10% 20%
ambientais
Resultados de atendimento: Relativos à Proteção e manejo de ecossistemas e
de recursos de fauna e flora
ATÉ ATÉ
META
31/12/00 31/12/01
Elevar a representatividade dos esforços de proteção e manejo 10% 20%
Elevar a abrangência das operações de proteção e manejo 10% 20%
Reduzir o custo das operações de manejo de espécies e de proteção dos 10% 20%
ecossistemas
Elevar o patrocínio ou financiamento direto pela sociedade 30% 50%
Relativos à gestão de unidades de conservação federais
Elevar a representatividade das áreas protegidas 10% 20%
Elevar a abrangência das áreas protegidas 10% 20%
Reduzir o custo por hectare das operações relativas à gestão de futuras unidades de 10% 20%
conservação federais
Reduzir o custo por hectare das operações relativas à criação de futuras unidades de 10% 20%
conservação federais
Elevar o patrocínio ou financiamento direto pela sociedade 30% 50%
Resultados de atendimento: Relativos ao acesso ao uso dos recursos ambientais
ATÉ ATÉ
META
31/12/00 31/12/01
Reduzir a irregularidade observada pela fiscalização 25% 50%
Elevar a satisfação do usuário com o tempo de resposta praticado 50% 75%
Elevar a atualização do cadastro técnico de usuários e dos cadastros de atividades 25% 50%
Relativos à intervenção em projetos empresariais públicos e privados
Elevar a aceitação, pela população impactada pelo empreendimento, do nível de 25% 50%
resultados obtidos
Elevar a reparação do dano ambiental 10% 20%
Elevar a confiabilidade de prazos negociados 25% 50%
Elevar a produtividade de análise 10% 20%
Relativos ao macroprocesso: "Fiscalização ambiental*
Elevar a cobertura da fiscalização 30% 50%
Elevar a satisfação com a eqüidade da fiscalização praticada 50% 75%
Elevar a produtividade das ações de fiscalização 10% 20%
Relativos ao macroprocesso: Acidentes e emergências ambientais
Elevar o reconhecimento como agente capacitador e integrador 25% 50%
Elevar a prontidão de atendimento às solicitações e determinações 30% 50%
Elevar o rendimento dos recursos aplicados no atendimento 10% 20%
242

ATÉ ATÉ
META
31/12/00 31/12/01
Relativos à execução supletiva
Reduzir a representatividade dos esforços de ação supletiva 25% 50%
Elevar a satisfação dos organismos de representação da sociedade com o exercício 25% 50%
do papel supletivo do Ibama
Elevar o rendimento de recursos financeiros reservados especificamente para a ação
supletiva
Elevar o financiamento pelo Sisnama
Relativos às informações públicas sobre o meio ambiente
Elevar a utilidade das informações disponibilizadas 30% 50%
Elevar a abrangência do universo de coleta 40% 60%
Elevar o tempo de resposta no acesso à informação disponibilizada 25% 50%
243
ANEXO III

LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de


Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição
Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990,
de 28 de dezembro de 1989.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e


eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

CAPÍTULO I

DOS FUNDAMENTOS

Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes


fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo


humano e a dessedentação de animais;

IX - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas;

IV - a bacia hidrográfica e a unidade territorial para implementação da Política


Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos;

VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a


participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

CAPÍTULO II

DOS OBJETIVOS

Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água,


em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte


aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural


ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
244
CAPÍTULO III

DAS DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO

Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política


Nacional de Recurso Hídricos:

I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de


quantidade e qualidade;

II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas,


demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;

III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;

IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores


usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional;

V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;

VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas


estuarinos e zonas costeiras.

Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos


recursos hídricos de interesse comum.

CAPÍTULO IV

DOS INSTRUMENTOS

Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - os Planos de Recursos Hídricos;

II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos


preponderantes da água,

III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

V - a compensação a municípios;

VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

SEÇÃO I

DOS PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 6º Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que visam a


fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o
gerenciamento dos recursos hídricos.

Art. 7º Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte
de planejamento compatível com o período de implantação de seus programas e projetos e terão
o seguinte conteúdo mínimo:
245
I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;

II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades


produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo;

III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em


quantidade e qualidade, com identificação de conflitos potenciais;

IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da


qualidade dos recursos hídricos disponíveis;

V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a


serem implantados, para o atendimento das metas previstas;

VI - (VETADO)

VII - (VETADO)

VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos;

IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos;

X - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à


proteção dos recursos hídricos.

Art. 8º Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica,


por Estado e para o País.

SEÇÃO II

DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES,


SEGUNDO OS USOS PREPONDERANTES DA ÁGUA

Art. 9º O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos


preponderantes da água, visa a:

I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que


forem destinadas;

II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações


preventivas permanentes.

Art. 10. As classes de corpos de água serão estabelecidas pela legislação


ambiental.

SEÇÃO III

DA OUTORGA DE DIREITOS DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como
objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos
direitos de acesso à água.

Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos
de recursos hídricos:

I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para


consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
246

II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de


processo produtivo;

III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou


gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;

IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;

V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água


existente em um corpo de água.

§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em


regulamento:

I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos


núcleos populacionais, distribuídos no meio rural;

II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;

III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.

§ 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia


elétrica estará subordinada ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, aprovado na forma do
disposto no inciso VIII do art. 35 desta Lei, obedecida a disciplina da legislação setorial específica.

Art. 13. Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos
Planos de Recursos Hídricos e deverá respeitar a classe em que o corpo de água estiver
enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o
caso.

Parágrafo único. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá preservar o uso
múltiplo destes.

Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder


Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal.

§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal


competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.

§ 2º (VETADO)

Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa
parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes circunstâncias:

I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;

II - ausência de uso por três anos consecutivos;

III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade,


inclusive as decorrentes de condições climáticas
adversas;

IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;

V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os


quais não se disponha de fontes alternativas;
247
VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do
corpo de água.

Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo
não excedente a trinta e cinco anos,
renovável.

Art. 17. (VETADO)

Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis,
mas o simples direito de seu uso.

SEÇÃO IV

DA COBRANÇA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:

I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de


seu real valor;

II - incentivar a racionalização do uso da água;

III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções


contemplados nos planos de recursos hídricos.

Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, nos
termos do art. 12 desta Lei.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos
devem ser observados, dentre outros:

I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime


de variação;

II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume


lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxidade do
afluente.

Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos
serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados:

I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos


de Recursos Hídricos;

II - no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos


e entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

§ 1º A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo é limitada a sete


e meio por cento do total arrecadado.

§ 2º Os valores previstos no caput deste artigo poderão ser aplicados a fundo


perdido em projetos e obras que alterem, de modo considerado benéfico à coletividade, a
qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo de água.

§ 3º (VETADO)
248

Art. 23. (VETADO)

SEÇÃO V

DA COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS

Art. 24. (VETADO)

SEÇÃO VI

DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 25. O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sistema de


coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e
fatores intervenientes em sua gestão.

Parágrafo único. Os dados gerados pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional


de Gerenciamento de Recursos Hídricos serão incorporados ao Sistema Nacional de Informações
sobre Recursos Hídricos.

Art. 26. São princípios básicos para o funcionamento do Sistema de Informações


sobre Recursos Hídricos:

I - descentralização da obtenção e produção de dados e informações;

II - coordenação unificada do sistema;

III - acesso aos dados e informações garantido à toda a sociedade.

Art. 27. São objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos


Hídricos:

I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação


qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil;

II - atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda


de recursos hídricos em todo o território nacional;

III - fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.

CAPÍTULO V

DO RATEIO DE CUSTOS DAS OBRAS DE USO MÚLTIPLO, DE


INTERESSE COMUM OU COLETIVO

Art. 28. (VETADO)

CAPÍTULO VI

DA AÇÃO DO PODER PÚBLICO

Art. 29. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, compete ao


Poder Executivo Federal:
249
I - tomar as providências necessárias à implementação e ao funcionamento do
Sistema de Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

II - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e fiscalizar os


usos, na sua esfera de competência;

III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em


âmbito nacional;

IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão


ambiental.

Parágrafo único. O Poder Executivo Federal indicará, por decreto, a autoridade


responsável pela efetivação de outorgas de direito de uso dos recursos hídricos sob domínio da
União.

Art. 30. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, cabe aos


Poderes Executivos Estaduais e do Distrito Federal, na sua esfera de competência:

I - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e fiscalizar os


seus usos;

II - realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica;

III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em


âmbito estadual e do Distrito Federal;

IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão


ambiental.

Art. 31. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes


Executivos do Distrito Federal e dos municípios promoverão a integração das políticas locais de
saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com as políticas
federal e estaduais de recursos hídricos.

TÍTULO II

DO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS


HÍDRICOS

CAPÍTULO I

DOS OBJETIVOS E DA COMPOSIÇÃO

Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,


com os seguintes objetivos:

I - coordenar a gestão integrada das águas;

II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos;

III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;

IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos


recursos hídricos;

V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.


250
Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos:

I - o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

II - os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;

III - os Comitês de Bacia Hidrográfica;

IV - os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais e municipais cujas


competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos;

V - as Agências de Água.

CAPÍTULO II

DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 34. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é composto por:

I - representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com


atuação no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos;

II - representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;

III - representantes dos usuários dos recursos hídricos;

IV - representantes das organizações civis de recursos hídricos.

Parágrafo único. O número de representantes do Poder Executivo Federal não


poderá ceder à metade mais um do total dos membros do Conselho Nacional de Recursos
Hídricos.

Art. 35. Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos:

I - promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os


planejamentos nacional, regional, estaduais e dos setores usuários;

II - arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre


Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;

III - deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas


repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados;

IV - deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos


Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia Hidrográfica;

V - analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à


Política Nacional de Recursos Hídricos;

VI - estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política


Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VII - aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e


estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus regimentos;

VIII - (VETADO)
251
IX - acompanhar a execução do Plano Nacional de Recursos Hídricos e
determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas;

X - estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos


hídricos e para a cobrança por seu uso.

Art. 36. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos será gerido por:

I - um Presidente, que será o Ministro titular do Ministério do Meio Ambiente, dos


Recursos Hídricos e da Amazônia Legal;

II - um Secretário Executivo, que será o titular do órgão integrante da estrutura do


Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, responsável pela
gestão dos recursos hídricos.

CAPÍTULO III

DOS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA

Art. 37. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão como área de atuação:

I - a totalidade de uma bacia hidrográfica;

II - sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia, ou de


tributário desse tributário; ou

III - grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.

Parágrafo único. A instituição de Comitês de Bacia Hidrográfica em rios de


domínio da União será efetivada por ato do Presidente da República.

Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de
atuação:

I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a


atuação das entidades intervenientes;

II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos


recursos hídricos;

III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;

IV - acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as


providências necessárias ao cumprimento de suas metas;

V - propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos


as acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de
isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo com os
domínios destes;

VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e


sugerir os valores a serem cobrados;

VII - (VETADO)

VIII - (VETADO)
252
IX - estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo,
de interesse comum ou coletivo.

Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso
ao Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com sua
esfera de competência.

Art. 39. Os Comitês de Bacia Hidrográfica são compostos por representantes:

I - da União;

II - dos Estados e do Distrito Federal cujos territórios se situem, ainda que


parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação;

III - dos Municípios situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação;

IV - dos usuários das águas de sua área de atuação;

V - das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia.

§ 1º O número de representantes de cada setor mencionado neste artigo, bem


como os critérios para sua indicação, serão estabelecidos nos regimentos dos comitês, limitada a
representação dos poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios à metade
do total de membros.

§ 2º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias de rios fronteiriços e


transfronteiriços de gestão compartilhada, a representação da União deverá incluir um
representante do Ministério das Relações Exteriores.

§ 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras


indígenas devem ser incluídos representantes:

I - da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da


União;

II - das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia.

§ 4º A participação da União nos Comitês de Bacia Hidrográfica com área de


atuação restrita a bacias de rios sob domínio estadual, dar-se-á na forma estabelecida nos
respectivos regimentos.

Art. 40. Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão dirigidos por um Presidente e um


Secretário, eleitos dentre seus membros.

CAPÍTULO IV

DAS AGÊNCIAS DE ÁGUA

Art. 41. As Agências de Água exercerão a função de secretaria executiva do


respectivo ou respectivos Comitês de Bacia
Hidrográfica.

Art. 42. As Agências de Água terão a mesma área de atuação de um ou mais


Comitês de Bacia Hidrográfica.

Parágrafo único. A criação das Agências de Água será autorizada pelo Conselho
Nacional de Recursos Hídricos ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos mediante
solicitação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica.
253

Art. 43. A criação de uma Agência de Água é condicionada ao atendimento dos


seguintes requisitos:

I - prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica;

II - viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos


em sua área de atuação.

Art. 44. Compete às Agências de Água no âmbito de sua área de atuação:

I - manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área


de atuação;

II - manter o cadastro de usuários de recursos hídricos;

III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos


hídricos;

IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com


recursos gerados pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição
financeira responsável pela administração desses recursos;

V - acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a


cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua área de atuação;

VI - gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de


atuação;

VII - celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de


suas competências;

VIII - elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apreciação do


respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica;

IX - promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua


área de atuação;

X - elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê


de Bacia Hidrográfica;

XI - propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica:

a) o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para


encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos,
de acordo com o domínio destes;

b) os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos;

c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de


recursos hídricos;

d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.


254
CAPÍTULO V

DA SECRETARIA EXECUTIVA DO CONSELHO NACIONAL DE


RECURSOS HÍDRICOS

Art. 45. A Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos será


exercida pelo órgão integrante da estrutura do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazônia Legal, responsável pela gestão dos recursos hídricos.

Art. 46. Compete à Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos


Hídricos:

I - prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Conselho Nacional de


Recursos Hídricos;

II - coordenar a elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos e encaminhá-


lo à aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

III - instruir os expedientes provenientes dos Conselhos Estaduais de Recursos


Hídricos e dos Comitês de Bacia Hidrográfica;

IV - coordenar o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos;

V - elaborar seu programa de trabalho e respectiva proposta orçamentária anual e


submetê-los à aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

CAPÍTULO VI

DAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 47. São consideradas, para os efeitos desta Lei, organizações civis de
recursos hídricos:

I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas;

II - associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos;

III - organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de


recursos hídricos;

IV - organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses


difusos e coletivos da sociedade;

V - outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos


Estaduais de Recursos Hídricos.

Art. 48. Para integrar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, as organizações


civis de recursos hídricos devem ser legalmente constituídas.

TÍTULO III

DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES

Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos


superficiais ou subterrâneos:
255
I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva
outorga de direito de uso;

II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a


derivação ou a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique
alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos ou
entidades competentes;

III - (VETADO)

IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados


com os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga;

V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida


autorização;

VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores


diferentes dos medidos;

VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos


administrativos, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades
competentes;

VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no


exercício de suas funções.

Art. 50. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar referentes à


execução de obras e serviços hidráulicos, derivação ou utilização de recursos hídricos de domínio
ou administração da União, ou pelo não atendimento das solicitações feitas, o infrator, a critério da
autoridade competente, ficará sujeito as seguintes penalidades, independentemente de sua ordem
de enumeração:

I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das
irregularidades;

II - multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de R$100,00


(cem reais) a R$10.000,00 (dez mil reais);

III - embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e


obras necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o cumprimento de
normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos;

IV - embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor


incontinenti, no seu antigo estado, os recursos
hídricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de Águas ou
tamponar os poços de extração de água subterrânea.

§ 1º Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a serviço público de


abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízos
de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à
metade do valor máximo cominado em abstrato.

§ 2º No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena de multa, serão


cobradas do infrator as despesas em que incorrer a Administração para tornar efetivas as medidas
previstas nos citados incisos, na forma dos arts. 36, 53, 56 e 58 do Código de Águas, sem prejuízo
de responder pela indenização dos danos a que der causa.
256
§ 3º Da aplicação das sanções previstas neste título caberá recurso à autoridade
administrativa competente, nos termos do regulamento.

§ 4º Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro.

TÍTULO IV

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 51. Os consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas


mencionados no art. 47 poderão receber delegação do Conselho Nacional ou dos Conselhos
Estaduais de Recursos Hídricos, por prazo determinado, para o exercício de funções de
competência das Agências de Água, enquanto esses organismos não estiverem constituídos.

Art. 52. Enquanto não estiver aprovado e regulamentado o Plano Nacional de


Recursos Hídricos, a utilização dos potenciais hidráulicos para fins de geração de energia elétrica
continuará subordinada à disciplina da legislação setorial específica.

Art. 53. O Poder Executivo, no prazo de cento e vinte dias a partir da publicação
desta Lei, encaminhará ao Congresso Nacional projeto de lei dispondo sobre a criação das
Agências de Água.

Art. 54. O art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, passa a vigorar com a
seguinte redação:

"Art. 1º .................................................................

.......................................................................

III - quatro inteiros e quatro décimos por cento à Secretaria de Recursos Hídricos
do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal;

IV - três inteiros e seis décimos por cento ao Departamento Nacional de Águas e


Energia Elétrica - DNAEE, do Ministério de Minas e Energia;

V - dois por cento ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

......................................................................

§ 4º A cota destinada à Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio


Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal será empregada na implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos e na gestão da rede hidrometeorológica nacional.

§ 5º A cota destinada ao DNAEE será empregada na operação e expansão de sua


rede hidrometeorológica, no estudo dos recursos hídricos e em serviços relacionados ao
aproveitamento da energia hidráulica."

Parágrafo único. Os novos percentuais definidos no caput deste artigo entrarão


em vigor no prazo de cento e oitenta dias contados a partir da data de publicação desta Lei.

Art. 55. O Poder Executivo Federal regulamentará esta Lei no prazo de cento e
oitenta dias, contados da data de sua publicação.

Art. 56. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 57. Revogam-se as disposições em contrário.


257

ANEXO IV

LEI Nº 7.663, 30 DE DEZEMBRO DE 1991


(Projeto de lei nº 39/91, do deputado Sylvio Martini)
Estabelece normas de orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos bem
como ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:

TÍTULO I
Da Política Estadual de Recursos Hídricos

CAPÍTULO I
Objetivos e Princípios

SEÇÃO I
Das Disposições Preliminares

Artigo 1º - A Política Estadual de Recursos Hídricos desenvolver-se-á de acordo


com os critérios e princípios adotados por esta lei.
Artigo 2º - A Política Estadual de Recursos Hídricos tem por objetivo assegurar
que a água, recurso natural essencial à vida, ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar
social, possa ser controlada e utilizada, em padrões de qualidade satisfatórios, por seus usuários
atuais e pelas gerações futuras, em todo território do Estado de São Paulo.
Artigo 3º - A Política Estadual de Recursos Hídricos atenderá aos seguintes
princípios:
I - gerenciamento descentralizado, participativo e integrado, sem dissociação dos
aspectos quantitativos e qualitativos e das fases meteórica, superficial e subterrânea do ciclo
hidrológico;
II - a adoção da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial de planejamento
e gerenciamento;
III - reconhecimento do recurso hídrico como um bem público, de valor econômico,
cuja utilização deve ser cobrada, observados os aspectos de quantidade, qualidade e as
peculiaridades das bacias hidrográficas;
IV - rateio do custo das obras de aproveitamento múltiplo de interesse comum ou
coletivo, entre os beneficiados;
V - combate e prevenção das causas e dos efeitos adversos da poluição, das
inundações, das estiagens, da erosão do solo e do assoreamento dos corpos d'água;
VI - compensação aos municípios afetados por áreas inundadas resultantes da
implantação de reservatórios e por restrições impostas pelas leis de proteção de recursos hídricos;
VII - compatibilização do gerenciamento dos recursos hídricos com o
desenvolvimento regional e com a proteção do meio ambiente.

SEÇÃO II
Das Diretrizes da Política

Artigo 4º - Por intermédio do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos


Hídricos - SIGRH, o Estado assegurará meios financeiros e institucionais para atendimento do
disposto nos artigos 205 a 213 da Constituição Estadual e especialmente para:
258
I - utilização racional dos recursos hídricos, superficiais e subterrâneos,
assegurado o uso prioritário para o abastecimento das populações;
II - maximização dos benefícios econômicos e sociais resultantes do
aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos;
III - proteção das águas contra ações que possam comprometer o seu uso atual e
futuro;
IV - defesa contra eventos hidrológicos críticos, que ofereçam riscos à saúde e à
segurança públicas assim como prejuízos econômicos e sociais;
V - desenvolvimento do transporte hidroviário e seu aproveitamento econômico;
VI - desenvolvimento de programas permanentes de conservação e proteção das
águas subterrâneas contra poluição e superexplotação;
VII - prevenção da erosão do solo nas áreas urbanas e rurais, com vistas à
proteção contra a poluição física e o assoreamento dos corpos d'água.
Artigo 5º - Os municípios, com áreas inundadas por reservatórios ou afetados por
seus impactos ou aqueles que vierem a sofrer restrições por força da instituição pelo Estado de
leis de proteção de mananciais, de áreas de proteção ambiental ou outros espaços territoriais
especialmente protegidos, terão programas de desenvolvimento promovidos pelo Estado.
§ 1º - Os programas de desenvolvimento serão formulados e vincular-se-ão ao uso
múltiplo dos reservatórios ou ao desenvolvimento regional integrado ou à proteção ambiental.
§ 2º - O produto da participação ou a compensação financeira do Estado, no
resultado da exploração de potenciais hidroenergéticos em seu território, será aplicado,
prioritariamente, nos programas mencionados no “caput” sob as condições estabelecidas em lei
específica e em regulamento.
§ 3º - O Estado incentivará a formação de consórcios entre os municípios tendo
em vista a realização de programas de desenvolvimento e de proteção ambiental, de âmbito
regional.
Artigo 6º - O Estado promoverá ações integradas nas bacias hidrográficas tendo
em vista o tratamento de efluentes e esgotos urbanos, industriais e outros, antes do lançamento
nos corpos d'água, com os meios financeiros e institucionais previstos nesta lei e em seu
regulamento.
Artigo 7º - O Estado realizará programas conjuntos com os municípios, mediante
convênios de mútua cooperação, assistência técnica e econômico-financeira, com vistas a:
I - instituição de áreas de proteção e conservação das águas utilizáveis para
abastecimento das populações;
II - implantação, conservação e recuperação das áreas de proteção permanente e
obrigatória;
III - zoneamento das áreas inundáveis, com restrições a usos incompatíveis nas
áreas sujeitas a inundações freqüentes e manutenção da capacidade de infiltração do solo;
IV - implantação de sistemas de alerta e defesa civil para garantir a segurança e a
saúde públicas, quando de eventos hidrológicos indesejáveis;
V - racionalização do uso das águas destinadas ao abastecimento urbano,
industrial e à irrigação;
VI - combate e prevenção das inundações e da erosão;
VII - tratamento de águas residuárias, em especial dos esgotos urbanos.
Artigo 8º - O Estado, observados os dispositivos constitucionais relativos à
matéria, articulará com a União, outros Estados vizinhos e municípios, atuação para o
aproveitamento e controle dos recursos hídricos em seu território, inclusive para fins de geração
de energia elétrica, levando em conta, principalmente:
I - a utilização múltipla dos recursos hídricos, especialmente para fins de
abastecimento urbano, irrigação, navegação, aqüicultura, turismo, recreação, esportes e lazer;
II - o controle de cheias, a prevenção de inundações, a drenagem e a correta
utilização das várzeas;
III - a proteção de flora e fauna aquáticas e do meio ambiente.
259
CAPÍTULO II
Dos Instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos

SEÇÃO I
Da Outorga de Direitos de Uso dos Recursos Hídricos

Artigo 9º - A implantação de qualquer empreendimento que demande a utilização


de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, a execução de obras ou serviços que alterem
seu regime, qualidade ou quantidade dependerá de prévia manifestação, autorização ou licença
dos órgãos e entidades competentes.
Artigo 10 - Dependerá de cadastramento e da outorga do direito de uso a
derivação de água de seu curso ou depósito, superficial ou subterrâneo, para fins de utilização no
abastecimento urbano, industrial, agrícola e outros, bem como o lançamento de efluentes nos
corpos d'água, obedecida a legislação federal e estadual pertinentes e atendidos os critérios e
normas estabelecidos no regulamento.
Parágrafo único - O regulamento desta lei estabelecerá diretrizes quanto aos
prazos para o cadastramento e outorga mencionados no “caput” deste artigo.

SEÇÃO II
Das Infrações e Penalidades

Artigo 11 - Constitui infração às normas de utilização de recursos hídricos


superficiais ou subterrâneos:
I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva
outorga de direito de uso;
II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a
derivação ou utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique alterações
no regime, quantidade e qualidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos ou entidades
competentes;
III - deixar expirar o prazo de validade das outorgas sem solicitar a devida
prorrogação ou revalidação;
IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados
com os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga;
V - executar a perfuração de poços profundos para a extração de água
subterrânea ou operá-los sem a devida autorização;
VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores
diferentes dos medidos;
VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta lei e nos regulamentos
administrativos, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades
competentes.
Artigo 12 - Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar referentes à
execução de obras e serviços hidráulicos, derivação de recursos hídricos de domínio ou
administração do Estado de São Paulo, ou pelo não atendimento das solicitações feitas, o infrator,
a critério da autoridade competente, ficará sujeito às seguintes penalidades, independentemente
da sua ordem de enumeração:
I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das
irregularidades;
II - multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de 100 (cem) a
1000 (mil) vezes o valor da Unidade Fiscal do Estado de São Paulo, ou qualquer outro título
público que o substituir mediante conservação de valores;
III - intervenção administrativa, por prazo determinado, para execução de serviços
e obras necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o cumprimento de
normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos;
IV - embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor
incontinente, no seu antigo estado, os recursos hídricos, leitos e margens, nos termos dos artigos
58 e 59 do Código de Águas ou tamponar os poços de extração de água subterrânea.
260
§ 1º - No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena de multa, serão
cobradas do infrator as despesas em que incorrer a Administração para tornar efetivas as medidas
previstas nos citados incisos, na forma dos artigos 36, 53, 56 e 58 do Código de Águas, sem
prejuízo de responder pela indenização dos danos a que der causa.
§ 2º - Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a serviço público de
abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízos
de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do valor
máximo cominado em abstrato.
§ 3º - Das sanções acima caberá recurso à autoridade administrativa competente,
nos termos do regulamento desta lei.
§ 4º - Serão fatores atenuantes em qualquer circunstância, na aplicação de
penalidades:
1. a inexistência de má-fé;
2. a caracterização da infração como de pequena monta e importância secundária.
Artigo 13 - As infrações às disposições desta lei e das normas dela decorrentes
serão, a critério da autoridade impositora, classificadas, em leves, graves e gravíssimas, levando
em conta:
I - as circunstâncias atenuantes e agravantes;
II - os antecedentes do infrator.
§ 1º - As multas simples ou diárias, a critério da autoridade aplicadora, ficam
estabelecidas dentro das seguintes faixas:
1 - de 100 (cem) a 200 (duzentas) vezes o valor nominal da UFESP, nas infrações
leves;
2 - de 200 (duzentas) a 500 (quinhentas) vezes o mesmo valor, nas infrações
graves;
3 - de 500 (quinhentas) a 1000 (mil) vezes o mesmo valor, nas infrações
gravíssimas.
§ 2º - Em caso de reincidência, a multa será aplicada pelo valor correspondente ao
dobro da anteriormente imposta.

SEÇÃO III
Da Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos

Artigo 14 - A utilização dos recursos hídricos será cobrada na forma estabelecida


nesta lei e em seu regulamento, obedecidos os seguintes critérios:
I - cobrança pelo uso ou derivação, considerará a classe de uso preponderante em
que for enquadrado o corpo d’água onde se localiza o uso ou derivação, a disponibilidade hídrica
local, o grau de regularização assegurado por obras hidráulicas, a vazão captada em seu regime
de variação, o consumo efetivo e a finalidade a que se destina; e
II - cobrança pela diluição, transporte e assimilação de efluentes de sistemas de
esgotos e de outros líquidos, de qualquer natureza, considerará a classe de uso em que for
enquadrado o corpo d'água receptor, o grau de regularização assegurado por obras hidráulicas, a
carga lançada e seu regime de variação, ponderando-se, dentre outros, os parâmetros orgânicos
físico-químicos dos efluentes e a natureza da atividade responsável pelos mesmos.
§ 1º - No caso do inciso II, os responsáveis pelos lançamentos não ficam
desobrigados do cumprimento das normas e padrões legalmente estabelecidos, relativos ao
controle de poluição das águas.
§ 2º - Vetado.
§ 3º - No caso do uso de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica
aplicar-se-á legislação federal específica.

SEÇÃO IV
Do Rateio de Custos das Obras

Artigo 15 - As obras de uso múltiplo, ou de interesse comum ou coletivo, dos


recursos hídricos, terão seus custos rateados, direta ou indiretamente, segundo critérios e normas
a serem estabelecidos em regulamento, atendidos os seguintes procedimentos:
261
I - a concessão ou autorização de obras de regularização de vazão, com potencial
de aproveitamento múltiplo, deverá ser precedida de negociação sobre o rateio de custos entre os
beneficiados, inclusive as de aproveitamento hidrelétrico, mediante articulação com a União;
II - a construção de obras de interesse comum ou coletivo dependerá de estudos
de viabilidade técnica, econômica, social e ambiental, com previsão de formas de retorno dos
investimentos públicos ou justificativa circunstanciada da destinação de recursos a fundo perdido;
III - no regulamento desta lei, serão estabelecidos diretrizes e critérios para
financiamento ou concessão de subsídios para realização das obras de que trata este artigo,
sendo que os subsídios somente serão concedidos no caso de interesse público relevante e na
impossibilidade prática de identificação dos beneficiados, para o conseqüente rateio de custos.
Parágrafo único - O rateio de custos das obras de que trata este artigo será
efetuado segundo critério social e pessoal, e graduado de acordo com a capacidade econômica do
contribuinte, facultando aos órgãos e entidades competentes identificar, respeitados os direitos
individuais, a origem de seu patrimônio e de seus rendimentos, de modo a que sua participação no
rateio não implique a disposição de seus bens.

CAPÍTULO III
Do Plano Estadual de Recursos Hídricos

Artigo 16 - O Estado instituirá, por lei, com atualizações periódicas, o Plano


Estadual de Recursos Hídricos - PERH tomando por base os planos de bacias hidrográficas, nas
normas relativas à proteção do meio ambiente, as diretrizes do planejamento e gerenciamento
ambientais e conterá, dentre outros, os seguintes elementos:
I - objetivos e diretrizes gerais, em níveis estadual e inter-regional, definidos
mediante processo de planejamento iterativo que considere outros planos, gerais, regionais e
setoriais, devidamente compatibilizado com as propostas de recuperação, proteção e conservação
dos recursos hídricos do Estado;
II - diretrizes e critérios gerais para o gerenciamento de recursos hídricos;
III - diretrizes e critérios para a participação financeira do Estado no fomento aos
programas regionais relativos aos recursos hídricos, quando couber, definidos mediante
articulação técnica, financeira e institucional com a União, Estados vizinhos e entidades
internacionais de cooperação;
IV - compatibilização das questões interbacias e consolidação dos programas
anuais e plurianuais das bacias hidrográficas, previstas no inciso II do artigo seguinte;
V - programas de desenvolvimento institucional, tecnológico e gerencial, de
valorização profissional e da comunicação social, no campo dos recursos hídricos.
Artigo 17 - Os planos de bacias hidrográficas conterão, dentre outros, os seguintes
elementos:
I - diretrizes gerais, a nível regional, capazes de orientar os planos diretores
municipais, notadamente nos setores de crescimento urbano, localização industrial, proteção dos
mananciais, exploração mineral, irrigação e saneamento, segundo as necessidades de
recuperação, proteção e conservação dos recursos hídricos das bacias ou regiões hidrográficas
correspondentes;
II - metas de curto, médio e longo prazos para se atingir índices progressivos de
recuperação, proteção e conservação dos recursos hídricos da bacia, traduzidos, entre outras, em:
a) planos de utilização prioritária e propostas de enquadramento dos corpos
d'água em classe de uso preponderante;
b) programas anuais e plurianuais de recuperação, proteção, conservação e
utilização dos recursos hídricos da bacia hidrográfica correspondente, inclusive com
especificações dos recursos financeiros necessários;
c) programas de desenvolvimento regionais integrados a que se refere o artigo 5º
desta lei.
III - programas de âmbito regional, relativos ao inciso V do artigo 16, desta lei,
ajustados às condições e peculiaridades da respectiva bacia hidrográfica.
Artigo 18 - O Plano Estadual de Recursos Hídricos será aprovado por lei cujo
projeto será encaminhado à Assembléia Legislativa até o final do primeiro ano do mandato do
Governador do Estado, com prazo de vigência de quatro anos.
262
Parágrafo único - As diretrizes e necessidades financeiras para elaboração e
implantação do Plano Estadual de Recursos Hídricos deverão constar das leis sobre o plano
plurianual, diretrizes orçamentárias e orçamento anual do Estado.
Artigo 19 - Para avaliação da eficácia do Plano Estadual de Recursos Hídricos e
dos Planos de Bacias Hidrográficas, o Poder Executivo fará publicar relatório anual sobre a
“Situação dos Recursos Hídricos no Estado de São Paulo” e relatórios sobre a “Situação dos
Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas”, de cada bacia hidrográfica, objetivando dar
transparência à administração pública e subsídios às ações dos Poderes Executivo e Legislativo
de âmbito municipal, estadual e federal.
§ 1º - O relatório sobre a “Situação dos Recursos Hídricos no Estado de São
Paulo” deverá ser elaborado tomando-se por base o conjunto de relatórios sobre a “Situação dos
Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica”.
§ 2º - Os relatórios definidos no “caput” deste artigo deverão conter no mínimo:
I - a avaliação da qualidade das águas;
II - o balanço entre disponibilidade e demanda;
III - a avaliação do cumprimento dos programas previstos nos vários planos de
Bacias Hidrográficas e no de Recursos Hídricos;
IV - a proposição de eventuais ajustes dos programas, cronogramas de obras e
serviços e das necessidades financeiras previstas nos vários planos de Bacias Hidrográficas e no
de Recursos Hídricos;
V - as decisões tomadas pelo Conselho Estadual e pelos respectivos Comitês de
Bacias.
§ 3º - Os referidos relatórios deverão ter conteúdo compatível com a finalidade e
com os elementos que caracterizam os planos de recursos hídricos.
§ 4º - Os relatórios previstos no “caput” deste artigo consolidarão os eventuais
ajustes aos planos decididos pelos Comitês de Bacias Hidrográficas e pelo Conselho Estadual de
Recursos Hídricos.
§ 5º - O regulamento desta lei estabelecerá os critérios e prazos para elaboração e
aprovação dos relatórios definidos no “caput” deste artigo.
Artigo 20 - Constará do Plano Estadual de Recursos Hídricos a Divisão
Hidrográfica do Estado que definirá unidades hidrográficas, com dimensões e características que
permitam e justifiquem o gerenciamento descentralizado dos recursos hídricos.
Parágrafo único - O Plano Estadual de Recursos Hídricos e seus regulamentos
devem propiciar a compatibilização, consolidação e integração dos planos, programas, normas e
procedimentos técnicos e administrativos, a serem formulados ou adotados no processo de
gerenciamento descentralizado dos recursos hídricos, segundo as unidades hidrográficas por ele
estabelecidas.

TÍTULO II
Da Política Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos

CAPÍTULO I
Do Sistema Integrado de Gerenciamento
de Recursos Hídricos - SIGRH

SEÇÃO I
Dos Objetivos

Artigo 21 - O Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SIGRH,


visa a execução da Política Estadual de Recursos Hídricos e a formulação, atualização e
aplicação do Plano Estadual de Recursos Hídricos, congregando órgãos estaduais e municipais e
a sociedade civil, nos termos do artigo 205 da Constituição do Estado.

SEÇÃO II
Dos Órgãos de Coordenação e de Integração Participativa
263

Artigo 22 - Ficam criados, como órgãos colegiados, consultivos e deliberativos, de


nível estratégico, com composição, organização, competência e funcionamento definidos em
regulamento desta lei, os seguintes:
I - Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CRH, de nível central;
II - Comitês de Bacias Hidrográficas, com atuação em unidades hidrográficas
estabelecidas pelo Plano Estadual de Recursos Hídricos.
Artigo 23 - O Conselho Estadual de Recursos Hídricos, assegurada a participação
paritária dos Municípios em relação ao Estado, será composto por:
I - Secretários de Estado, ou seus representantes, cujas atividades se relacionem
com o gerenciamento ou uso dos recursos hídricos, a proteção do meio ambiente, o planejamento
estratégico e a gestão financeira do Estado;
II - representantes dos municípios contidos nas bacias hidrográficas, eleitos entre
seus pares.
§ 1º - O CRH será presidido pelo Secretário de Estado em cujo âmbito se dá a
outorga do direito de uso dos recursos hídricos, diretamente ou por meio de entidade a ela
vinculada.
§ 2º - Integrarão o Conselho Estadual de Recursos Hídricos, na forma como
dispuser o regulamento desta lei, representantes de universidades, institutos de ensino superior e
de pesquisa, do Ministério Público e da sociedade civil organizada.
Artigo 24 - Os Comitês de Bacias Hidrográficas, assegurada a participação
paritária dos Municípios em relação ao Estado serão compostos por:
I - representantes da Secretaria de Estado ou de órgãos e entidade da
administração direta e indireta, cujas atividades se relacionem com o gerenciamento ou uso de
recursos hídricos, proteção ao meio ambiente, planejamento estratégico e gestão financeira do
Estado, com atuação na bacia hidrográfica correspondente;
II - representantes dos municípios contidos na bacia hidrográfica correspondente;
III - representantes de entidades da sociedade civil, sediadas na bacia
hidrográfica, respeitado o limite máximo de um terço do número total de votos, por:
a) universidades, institutos de ensino superior e entidades de pesquisa e
desenvolvimento tecnológico;
b) usuários das águas, representados por entidades associativas;
c) associações especializadas em recursos hídricos, entidades de classe e
associações comunitárias, e outras associações não governamentais.
§ 1º - Os Comitês de Bacias Hidrográficas serão presididos por um de seus
membros, eleitos por seus pares.
§ 2º - As reuniões dos Comitês de Bacias Hidrográficas serão públicas.
§ 3º - Os representantes dos municípios serão escolhidos em reunião plenária de
prefeitos ou de seus representantes.
§ 4º - Terão direito a voz nas reuniões dos Comitês de Bacias Hidrográficas
representantes credenciados pelos Poderes Executivo e Legislativo dos Municípios que compõem
a respectiva bacia hidrográfica.
§ 5º - Os Comitês de Bacias Hidrográficas poderão criar Câmaras Técnicas, de
caráter consultivo, para o tratamento de questões específicas de interesse para o gerenciamento
dos recursos hídricos.
Artigo 25 - Competem ao CRH, dentre outras, as seguintes atribuições:
I - discutir e aprovar propostas de projetos de lei referentes ao Plano Estadual de
Recursos Hídricos, assim como as que devam ser incluídas nos projetos de lei sobre o plano
plurianual, as diretrizes orçamentárias e orçamento anual do Estado;
II - aprovar o relatório sobre a “Situação dos Recursos Hídricos no Estado de São
Paulo”;
III - Exercer funções normativas e deliberativas relativas à formulação,
implantação e acompanhamento da Política Estadual de Recursos Hídricos;
IV - vetado;
V - estabelecer critérios e normas relativas ao rateio, entre os beneficiados, dos
custos das obras de uso múltiplo dos recursos hídricos ou de interesse comum ou coletivo;
VI - estabelecer diretrizes para a formulação de programas anuais e plurianuais de
aplicação de recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO;
264
VII - efetuar o enquadramento de corpos d'água em classes de uso
preponderante, com base nas propostas dos Comitês de Bacias Hidrográficas - CBHs,
compatibilizando-as em relação às repercussões interbacias e arbitrando os eventuais conflitos
decorrentes;
VIII - decidir, originariamente, os conflitos entre os Comitês de Bacias
Hidrográficas, com recurso ao Chefe do Poder Executivo, em último grau, conforme dispuser o
regulamento.
Artigo 26 - Aos Comitês de Bacias Hidrográficas, órgãos consultivos e
deliberativos de nível regional, competem:
I - aprovar a proposta da bacia hidrográfica, para integrar o Plano Estadual de
Recursos Hídricos e suas atualizações;
II - aprovar a proposta de programas anuais e plurianuais de aplicação de
recursos financeiros em serviços e obras de interesse para o gerenciamento dos recursos hídricos
em particular os referidos no artigo 4º desta lei, quando relacionados com recursos hídricos;
III - aprovar a proposta do plano de utilização, conservação, proteção e
recuperação dos recursos hídricos da bacia hidrográfica, em especial o enquadramento dos
corpos d'água em classes de uso preponderantes, com o apoio de audiências públicas;
IV - vetado;
V - promover entendimentos, cooperação e eventual conciliação entre os usuários
dos recursos hídricos;
VI - promover estudos, divulgação e debates, dos programas prioritários de
serviços e obras a serem realizados no interesse da coletividade;
VII - apreciar, até 31 de março de cada ano, relatório sobre “A Situação dos
Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica”.
Artigo 27 - O Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CRH e os Comitês de
Bacias Hidrográficas - CBHs, contarão com o apoio do Comitê Coordenador do Plano Estadual de
Recursos Hídricos - CORHI, que terá, dentre outras, as seguintes atribuições:
I - coordenar a elaboração periódica do Plano Estadual de Recursos Hídricos,
incorporando as propostas dos Comitês de Bacias Hidrográficas - CBHs, e submetendo-as ao
Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CRH;
II - coordenar a elaboração de relatórios anuais sobre a situação dos recursos
hídricos do Estado de São Paulo, de forma discriminada por bacia hidrográfica;
III - promover a integração entre os componentes do SIGRH, a articulação com os
demais sistemas do Estado em matéria correlata, com o setor privado e a sociedade civil;
IV - promover a articulação com o Sistema Nacional de Gerenciamento dos
Recursos Hídricos, com os Estados vizinhos e com os municípios do Estado de São Paulo.
Artigo 28 - O Comitê Coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos -
CORHI, terá organização estabelecida em regulamento, devendo contar com apoio técnico,
jurídico e administrativo dos órgãos e entidades estaduais componentes do SIGRH, com cessão
de funcionários, servidores e instalações.
§ 1º - Aos órgãos e entidades da administração direta ou indireta do Estado,
responsáveis pelo gerenciamento dos recursos hídricos, no que se refere aos aspectos de
quantidade e de qualidade, caberá a direção executiva dos estudos técnicos concernentes a
elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos, constituindo-se nas entidades básicas do
CORHI para apoio administrativo, técnico e jurídico.
§ 2º - Para a hipótese de consecução de recursos financeiros, os órgãos e
entidades referidos no § 1º poderão atuar sob a forma de consórcio ou convênio,
responsabilizando-se solidariamente em face de terceiros.
§ 3º - O apoio do CORHI, aos Comitês de Bacias Hidrográficas, será exercido de
forma descentralizada.
§ 4º - Os Municípios poderão dar apoio ao CORHI na sua atuação
descentralizada.
Artigo 29 - Nas bacias hidrográficas, onde os problemas relacionados aos
recursos hídricos assim o justificarem, por decisão do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica e
aprovação do Conselho de Recursos Hídricos, poderá ser criada uma entidade jurídica, com
estrutura administrativa e financeira própria, denominada Agência de Bacia.
§ 1º - A Agência de Bacia exercerá as funções de secretaria executiva do Comitê
de Bacia Hidrográfica, e terá as seguintes atribuições:
265
I - elaborar periodicamente o plano de bacia hidrográfica submetendo-o ao Comitê
de Bacia, encaminhando-o posteriormente ao CORHI, como proposta para integrar o Plano
Estadual de Recursos Hídricos;
II - elaborar os relatórios anuais sobre a “Situação dos Recursos Hídricos da Bacia
Hidrográfica”, submetendo-os ao Comitê de Bacia, encaminhando-os posteriormente, como
proposta, ao CORHI;
III - gerenciar os recursos financeiros do FEHIDRO pertinentes à bacia
hidrográfica, gerados pela cobrança pelo uso da água e os outros definidos no art. 36, em
conformidade com o CRH e ouvido o CORHI;
IV - promover, na bacia hidrográfica, a articulação entre os componentes do
SIGRH, com os outros sistemas do Estado, com o setor produtivo e a sociedade civil.
§ 2º - As Agências de Bacias somente serão criadas a partir do início da cobrança
pelo uso dos recursos hídricos e terão sua vinculação ao Estado e organização administrativa,
além de sua personalidade jurídica, disciplinadas na lei que autorizar sua criação.

SEÇÃO III
Dos Órgãos de Outorga de Direito de Uso das Águas,
de Licenciamento de Atividades Poluidoras
e Demais Órgãos Estaduais Participantes

Artigo 30 - Aos Órgãos da Administração Direta ou Indireta do Estado,


responsáveis pelo gerenciamento dos recursos hídricos, no que se refere aos aspectos de
quantidade e de qualidade, caberá ao exercício das atribuições relativas à outorga do direito de
uso e de fiscalização do cumprimento da legislação de uso, controle, proteção e conservação de
recursos hídricos assim como o licenciamento de atividades potencialmente poluidoras e a
fiscalização do cumprimento da legislação de controle de poluição ambiental.
§ 1º - A execução das atividades a que se refere este artigo deverá ser feita de
acordo com as diretrizes estabelecidas no Plano Estadual de Recursos Hídricos e mediante
compatibilização e integração dos procedimentos técnicos e administrativos dos órgãos e
entidades intervenientes.
§ 2º - Os demais órgãos da Administração Direta ou Indireta do Estado integrarão
o SIGRH, exercendo as atribuições que lhe são determinadas por lei e participarão da elaboração
e implantação dos planos e programas relacionados com as suas respectivas áreas de atuação.

CAPÍTULO II
Dos Diversos Tipos de Participação

SEÇÃO I
Da Participação dos Municípios

Artigo 31 - O Estado incentivará a formação de consórcios intermunicipais, nas


bacias ou regiões hidrográficas críticas, nas quais o gerenciamento de recursos hídricos deve ser
feito segundo diretrizes e objetivos especiais e estabelecerá convênios de mútua cooperação e
assistência com os mesmos.
Artigo 32 - O Estado poderá delegar aos Municípios, que se organizarem técnica e
administrativamente, o gerenciamento de recursos hídricos de interesse exclusivamente local,
compreendendo, dentre outros, os de bacias hidrográficas que se situem exclusivamente no
território do Município e os aqüíferos subterrâneos situados em áreas urbanizadas.
Parágrafo único - O regulamento desta lei estipulará as condições gerais que
deverão ser observadas pelos convênios entre o Estado e os Municípios, tendo como objeto a
delegação acima, cabendo ao Presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos autorizar a
celebração dos mesmos.
266
SEÇÃO II
Da Associação de Usuários dos Recursos Hídricos

Artigo 33 - O Estado incentivará a organização e o funcionamento de associações


de usuários como entidades auxiliares no gerenciamento dos recursos hídricos e na implantação,
operação e manutenção de obras e serviços, com direitos e obrigações a serem definidos em
regulamento.

SEÇÃO III
Da Participação das Universidades,
de Institutos de Ensino Superior e de Entidades
de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico

Artigo 34 - Mediante acordos, convênios ou contratos, os órgãos e entidades


integrantes do SIGRH contarão com o apoio e cooperação de universidades, instituições de
ensino superior e entidades especializadas em pesquisa, desenvolvimento tecnológico públicos e
capacitação de recursos humanos, no campo dos recursos hídricos.

CAPÍTULO III
Do Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO

SEÇÃO I
Da Gestão do Fundo

Artigo 35 - O Fundo Estadual de Recursos Hídricos -FEHIDRO, criado para


suporte financeiro da Política Estadual de Recursos Hídricos e das ações correspondentes, reger-
se-á pelas normas estabelecidas nesta lei e em seu regulamento.
§ 1º - A supervisão do FEHIDRO será feita por um Conselho de Orientação,
composto por membros indicados entre os componentes do CRH, observada a paridade entre
Estado e Municípios, que se articulará com o Comitê Coordenador do Plano Estadual de Recursos
Hídricos - CORHI.
§ 2º - O FEHIDRO será administrado, quanto ao aspecto financeiro, por instituição
oficial do sistema de crédito.

SEÇÃO II
Dos Recursos do Fundo

Artigo 36 - Constituirão recursos do FEHIDRO:


I - recursos do Estado e dos Municípios a ele destinados por disposição legal;
II - transferência da União ou de Estados vizinhos, destinados à execução de
planos e programas de recursos hídricos de interesse comum;
III - compensação financeira que o Estado receber em decorrência dos
aproveitamentos hidroenergéticos em seu território;
IV - parte da compensação financeira que o Estado receber pela exploração de
petróleo, gás natural e recursos minerais em seu território, definida pelo Conselho Estadual de
Geologia e Recursos Minerais - COGEMIN, pela aplicação exclusiva em levantamentos, estudos e
programas de interesse para o gerenciamento dos recursos hídricos subterrâneos;
V - resultado da cobrança pela utilização de recursos hídricos;
VI - empréstimos, nacionais e internacionais, e recursos provenientes da ajuda e
cooperação internacional e de acordos intergovernamentais;
VII - retorno das operações de crédito contratadas com órgãos e entidades da
administração direta e indireta do Estado e dos Municípios, consórcios intermunicipais,
concessionárias de serviços públicos e empresas privadas;
VIII - produto de operações de crédito e as rendas provenientes da aplicação de
seus recursos;
267
IX - resultados de aplicações de multas cobradas dos infratores da legislação de
águas;
X - recursos decorrentes do rateio de custos referentes a obras de aproveitamento
múltiplo, de interesse comum ou coletivo;
XI - doações de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, nacionais,
estrangeiras ou multinacionais e recursos eventuais.
Parágrafo único - Serão despendidos até 10% (dez por cento) dos recursos do
FEHIDRO com despesas de custeio e pessoal, destinando-se o restante, obrigatoriamente, para a
efetiva elaboração de projetos e execução de obras e serviços do Plano Estadual de Recursos
Hídricos.

SEÇÃO III
Das Aplicações do Fundo

Artigo 37 - A aplicação de recursos do FEHIDRO deverá ser orientada pelo Plano


Estadual de Recursos Hídricos, devidamente compatibilizado com o Plano Plurianual, a Lei de
Diretrizes Orçamentárias e com o orçamento anual do Estado, observando-se:
I - os planos anuais e plurianuais de aplicação de recursos financeiros seguirão as
diretrizes e atenderão os objetivos do Plano Estadual de Recursos Hídricos e os objetivos e metas
dos planos e programas estabelecidos por bacias hidrográficas;
II - o produto decorrente da cobrança pela utilização dos recursos hídricos será
aplicado em serviços e obras hidráulicas e de saneamento, de interesse comum, previstos no
Plano Estadual de Recursos Hídricos e nos planos estaduais de saneamento, neles incluídos os
planos de proteção e de controle da poluição das águas, observando-se:
a) prioridade para os serviços e obras de interesse comum, a serem executados
na mesma bacia hidrográfica em que foram arrecadados;
b) até 50 (cinqüenta) por cento do valor arrecadado em uma bacia hidrográfica
poderá ser aplicado em outra, desde que esta aplicação beneficie a bacia onde foi feita a
arrecadação e haja aprovação pelo Comitê de Bacia Hidrográfica respectivo;
III - os planos e programas aprovados pelos Comitês de Bacias Hidrográficas -
CBHs, a serem executados com recursos obtidos pela cobrança pela utilização dos recursos
hídricos nas respectivas bacias hidrográficas, terão caráter vinculante para a aplicação desses
recursos;
IV - preferencialmente, aplicações do FEHIDRO serão feitas pela modalidade de
empréstimos;
V - poderão ser estipendiados à conta dos recursos do FEHIDRO a formação e o
aperfeiçoamento de quadros de pessoal em gerenciamento de recursos hídricos.
§ 1º - Para atendimento do estabelecido nos incisos II e III, deste artigo, o
FEHIDRO será organizado mediante subcontas, que permitam a gestão autônoma dos recursos
financeiros pertinentes a cada bacia hidrográfica.
§ 2º - Os programas referidos no artigo 5º, desta lei, quando não se relacionarem
diretamente com recursos hídricos, poderão beneficiar-se de recursos do FEHIDRO, em
conformidade com o Plano Estadual de Recursos Hídricos.
Artigo 38 - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário.

Das Disposições Transitórias

Artigo 1º - O Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CRH, e o Comitê


Coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos - CORHI, sucederão aos criados pelo
Decreto nº 27.576, de 11 de novembro de 1987, que deverão ser adaptados a esta lei, em até 90
(noventa) dias contados de sua promulgação, por Decreto do Poder Executivo.
Artigo 2º - Fica desde já criado o Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios
Piracicaba, Capivari e Jundiaí e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, cuja organização
será proposta pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CRH, em até 120 (cento e vinte)
dias da promulgação desta lei.
268
Parágrafo único - Na primeira reunião dos Comitês acima referidos, serão
aprovados os seus estatutos pelos representantes do Estado e dos Municípios, atendido o
estabelecido nos artigos 24, 26 e 27 desta lei.
Artigo 3º - A adaptação a que se refere o art. 1º das Disposições Transitórias e a
implantação dos Comitês de Bacias acima referidos serão feitas por intermédio de Grupo
Executivo a ser designado pelo Poder Executivo.
Parágrafo único - A implantação dos Comitês de Bacias contará com a
participação dos municípios.
Artigo 4º - A criação dos demais Comitês de Bacias Hidrográficas ocorrerá a partir
de 1 (um) ano de experiência da efetiva instalação do Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba,
Capivari e Jundiaí e do Comitê do Alto Tietê, incorporando as avaliações dos resultados e as
revisões dos procedimentos jurídico-administrativos aconselháveis, no prazo máximo de 5 (cinco)
anos, na seqüência que for estabelecida no Plano Estadual de Recursos Hídricos.
Artigo 5º - Vetado.
§ 1º - Vetado.
§ 2º - Vetado.
Artigo 6º - Os Municípios que sofrem restrições ao seu desenvolvimento em razão
da implantação de áreas de proteção ambiental, por decreto, até a promulgação da presente lei,
serão compensados financeiramente pelo Estado, em conformidade com lei específica, desde que
essas áreas tenham como objeto a proteção de recursos hídricos e sejam discriminadas no Plano
Estadual de Recursos Hídricos.
Artigo 7º - Compete ao Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE, no
âmbito do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SIGRH, exercer as
atribuições que lhe forem conferidas por lei, especialmente:
I - autorizar a implantação de empreendimentos que demandem o uso de recursos
hídricos, em conformidade com o disposto no art. 9º desta lei, sem prejuízo da licença ambiental;
II - cadastrar os usuários e outorgar o direito de uso dos recursos hídricos, na
conformidade com o disposto no art. 10 e aplicar as sanções previstas nos artigos 11 e 12 desta
lei;
III - efetuar a cobrança pelo uso dos recursos hídricos, nas condições
estabelecidas no inciso I, do art. 14 desta lei.
Parágrafo único - Na reorganização do DAEE incluir-se-ão, entre as suas
atribuições, estrutura e organização, as unidades técnicas e de serviços necessários ao exercício
das funções de apoio ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CRH e participação no Comitê
Coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos - CORHI nos moldes e nas condições
dispostas nos artigos 5º e 6º do Decreto nº 27.576, de 11 de novembro de 1987.
Artigo 8º - A implantação da cobrança pelo uso da água será feita de forma
gradativa atendendo-se, obrigatoriamente, as seguintes fases:
I - desenvolvimento, a partir de 1991, de programa de comunicação social sobre a
necessidade econômica, social e ambiental, da utilização racional e proteção da água, com ênfase
para a educação ambiental, dirigida para o primeiro e segundos ciclos;
II - implantação, em 1992, do sistema integrado de outorga de direito de uso dos
recursos hídricos, devidamente compatibilizado com sistemas correlacionados, de licenciamento
ambiental e metropolitano;
III - cadastramento dos usuários das águas e regularização das outorgas de direito
de uso, durante a implantação do primeiro Plano Estadual de Recursos Hídricos 1992/1995;
IV - articulação com a União e Estados vizinhos tendo em vista a implantação da
cobrança pelo uso dos recursos hídricos nas bacias hidrográficas de rios de domínio federal,
durante o período de 1992/1995;
V - proposição de critérios e normas para a fixação dos preços públicos, definição
de instrumentos técnicos e jurídicos necessários à implantação da cobrança pelo uso da água, no
projeto de lei referente ao segundo Plano Estadual de Recursos Hídricos, a ser aprovado em
1995;
VI - Vetado.
269

ANEXO V
População dos Municípios da UGRHI-5 em 1995

Densidade
Município Urbana Rural Total Área
Hab/km 2
Águas de São Pedro 1.822 0 1.822 4 455,5
Americana 166.128 66 166.194 134 1.240,3
Amparo 44.463 9.275 53.738 447 120,2
Analândia 1.804 1.479 3.283 328 10,0
Artur Nogueira 12.673 19.583 32.256 178 181,2
Atibaia 89.340 8.278 97.618 479 203,8
Bom Jesus dos Perdões 10.069 595 10.664 109 97,8
Bragança Paulista 103.803 4.731 108.534 515 210,7
Campinas 862.567 27.228 889.795 798 1.115,0
Campo Limpo Paulista 54.556 624 55.180 80 689,8
Capivari 32.635 4.863 37.498 324 115,7
Charqueada 9.931 1.397 11.328 176 64,4
Cordeirópolis 12.166 2.761 14.927 138 108,2
Corumbataí 1.362 1.920 3.282 279 11,8
Cosmópolis 39.885 2.861 42.746 155 275,8
Elias Fausto 8.148 4.858 13.006 202 64,4
Holambra 5.147 1.287 6.434 64 100,5
Hortolândia 102.899 258 103.157 62 1.663,8
Indaiatuba 110.851 7.999 118.850 311 382,2
Ipeúna 2.176 840 3.016 191 15,8
Iracemápolis 12.442 1.001 13.443 116 115,9
Itatiba 60.449 6.398 66.847 323 207,0
Itupeva 15.992 5.172 21.164 201 105,3
Jaguariúna 24.231 5.153 29.384 143 205,5
Jarinú 6.514 5.547 12.061 208 58,0
Joanópolis 7.714 599 8.313 376 22,1
Jundiaí 279.433 23.903 303.336 433 700,5
Limeira 214.109 21.331 235.440 582 404,5
Louveira 17.718 1.195 18.913 55 343,9
Mombuca 1.480 1.077 2.557 134 19,1
Monte Alegre 3.112 2.507 5.619 111 50,6
Monte Mor 26.809 3.179 29.988 241 124,4
Morungaba 7.086 1.776 8.862 147 60,3
Nazaré Paulista 5.776 7.110 12.886 327 39,4
Nova Odessa 37.929 1.684 39.613 74 535,3
270
Paulínia 41.744 1.622 43.366 140 309,8
Pedra Bela 987 4.387 5.374 158 34,0
Pedreira 28.353 829 29.182 110 265,3
Pinhalzinho 4.354 4.690 9.044 155 58,3
Piracaia 21.362 0 21.362 386 55,3
Piracicaba 294.162 10.258 304.420 1.372 221,9
Rafard 7.664 1.752 9.416 133 70,8
Rio Claro 144.250 4.584 148.834 500 297,7
Rio das Pedras 19.567 1.926 21.493 228 94,3
Saltinho 4.331 921 5.252 99 53,1
Salto 86.480 0 86.480 135 640,6
Santa Bárbara d’Oeste 173.223 2.602 175.825 272 646,4
Santa Gertrudes 10.817 608 11.425 98 116,6
Santa Maria da Serra 4.013 788 4.801 257 18,7
Santo Antonio de Posse 12.785 2.847 15.632 155 100,9
São Pedro 17.521 4.844 22.365 620 36,1
Sumaré 181.297 454 181.751 153 1.187,9
Tuiuti 2.271 1.802 4.073 127 32,1
Valinhos 67.792 7.091 74.883 149 502,6
Vargem 2.078 3.192 5.270 143 36,9
Várzea Paulista 81.430 591 82.021 35 2.343,5
Vinhedo 37.786 228 38.014 82 463,6
CBH-PCJ 3.637.486 244.551 3.882.037 13.952 278,2
Fonte: HIDROPLAN, 1995.
271
ANEXO VI

ASPECTOS GERAIS SOBRE AS LEIS

ESTADUAIS DE RECURSOS HÍDRICOS

Regiões do Brasil Norte Nordeste Centro-Oeste SUDESTE Sul


Aspectos Legais MA PA AL BA CE PB PE SE GO MT DF SP RJ MG SC RS
Considera a água um
recurso c/ valor
econômico [a]; seu uso a; a; a, a; a; a; a; a; a; a; a; a; a; a; a;
a; c
múltiplo[b]; adota a b; c b; c b, c b; c b; c b; c b; c b; c b; c b; c b; c b; c b; c b; c b; c
bacia como unidade de
gerenciamento [c]
Instrumentos de gestão P;
P; P; P; P; P; P; P;
instituídos P; E;
P;C E; E; E; O;E E; E; E; E;
O;C E; P;E O;P P;O
;CM CM; O; P;O O; O; ;P; O; O; O; O;
;P; O; ;C; EC; ;C;
I;O; P C; ;C;I C; C; C;C C C; C; C;
CM C; O C; CM
E CM; CM; CM; M CM; CM; CM; CM;
CM CM;
I I I I I I I
I
CN;
CM CL;
CE;
P; SM CO;
CN; CO;
SC SE AR OG;
CN; CO; CO CN; CN;
TM SR SE PC H SE CN; CN;
CO; AG; GE CO; CN; CE; CN;
AD H;R P;C TC CN; MA CN; CO; DR
AG; UE RH; CE; CO; CO; CO;
Órgãos do SEGRH HN; AA; N; N; CO; TE CO; FA H;
SM SE SE SC FE DA AG;
SU CO GG CO; GT C;C AG TM CO;
AR RH; 1 P; TM MA EE; SE
DA * RH ; P; AE A AG
H SE GT A AG
M; AG CE; SB;
P D;
CN* AG SA;
1 SR
CD
H
É definida a autonomia PJP
4P
das agências FN ; AD FN FN
P
C. FN M C C PAI
3U NR NR NR NR NR NR NR NR NR
AD C; FN AD AD E
8S
M AD C M M
C
M
Como é a composição 1U
10P 6P
do Conselho 17P
P P**
1 1 3 NR P 3 3 1 NR 4 NR 1 NR 6
4S 5S
1S
C C
C
Como é a composição
1 NR 3 NR NR NR 4 3 4 1 4 4 3 1 5# 5#
do Comitê de Bacia
Estabelece o órgão SE SR SR
SE SE SE
gestor do SEGRH SM P HS SC SE SM HS FA
SEI SR P/ FE MA PT
AR UE H TM PC AR OD NR NR TM
CM H GG MA TE OD
H SE SP A T H AE A
RH C RH
RH RH E
Criou-se um fundo Sim
Não NR Sim NR Sim Sim Sim Sim Sim NR Sim Sim NR Sim NR
financeiro MA
Dispositivo legal que
NR NR PL NR PL PL PL PL PL DC PL PL NR PL PL PL
aprova o PERH
O conteúdo mínimo do
PERH está de acordo Sim NR Sim PR PR PR Sim Sim Sim PR Não Sim PR NR Sim Sim
com a lei 9433
Duração do PERH 12
NR NR NR NR 4 a. 4 a. 4 a. NR 4 a. NR 4 a. 4 a. 4 a. 4 a. NR
a
Estabelecem os
relatórios de situação Sim NR NR Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não NR Sim Sim
das águas
Fonte: LEIS ESTADUAIS. [online] Disponível na Internet via www.abrh.org/.
272
Legenda do Anexo VI
ADM – autonomia administrativa; AG – Agência de Água; C – cobrança pelo uso da água; CD- Colegiado
Distrital; CE – Comitê Estadual; CM – compensação aos municípios; CMP – Companhia de Mineração do
Pará; CN – Conselho Estadual de Recursos Hídricos; CO – Comitê de Bacia; COGERH – Companhia de
Gerenc. De Rec. Hídricos; DC – Decreto definirá; DNH – Departamento de Hidrografia e Navegação; DRH –
Departamento de Rec. Hídricos; E – enquadramento dos corpos de água; FEMA – conta específica no Fundo
Estadual de Meio Ambiente; FNC – autonomia financeira; GGRH – Grupo Gestor de Rec. Hídricos; GTD –
Grupo Técnico DNOCS (Dep. Nacional de Obras Contra a Seca); GTP – Grupo Técnico Permanente; I –
Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos; MA – Utiliza um fundo com duas contas uma para o meio
ambiente e outra para os recursos hídricos; P – PERH e planos de bacia; PAIE – Parte da Adm. Indireta do
Estado; PEC – Programa Estadual de Conserv. e Revitaliz. de Rec. Hídricos;
PJP – Personalidade Jurídica Própria; PL – Projeto de Lei; PP- Poder Público; PR – parcialmente; RAA –
Região Administrativa da Água; SA – Secr. da Agricultura; SC – Sociedade Civil; SCTMA – Secr. de Estado
de Ciências, Tecnologia e Meio Ambiente;
SE – Secr. Executiva; SEICM – Secr. da Indústria, Comércio e Minério; SEPTO – Secr. Estadual de
Planejamento Territorial e Obras
SMARH – Secr. do Meio Ambiente e dos Rec. Hídricos; SPRH – Superintendência de Rec. Hídricos; SRH –
Secr. de Rec. Hídricos
SRHSH – Secr. de Rec. Hídr. Saneam. e Habitação; SRHSO – Secr. de Rec. Hídricos Saneam. e Obras;
SUDAM – Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia; U – Usuários; UESER – Unidade Executora
do Sist. de Rec. Hídricos

1 – Paritária entre Poder Público e Sociedade Civil; 2 – Poder Público com 50%+1 dos membros; 3 – Há
referência a todos os atores envolvidos, mas não define o número de cada segmento; 4 – 1/3 dos votos
usuários e sociedade civil; 2/3 dos votos Poder Público;
5 – 40% usuários; 40% sociedade civil; 20% Poder Público; 6 – Representação Basicamente do Poder
Público.
NR – A lei não faz referência; *1 – caráter apenas consultivo;** - Não há participação direta da sociedade civil
e dos usuários;
# - A representação da sociedade civil será por meio do Poder Público Executivo e Legislativo e entidades da
sociedade civil.
273
ANEXO VII

OBJETIVOS DE CADA PDC

Programa Objetivo
PDC-1: Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos
Planejamento Elaboração, e controle do plano quadrienal de
recursos hídricos e dos planos de bacias
hidrográficas.
Elaboração e publicação do relatório de situação dos
recursos hídricos no Estado de São Paulo
Gerenciamento Organização, implantação e apoio técnico e
administrativo aos comitês de bacias hidrográficas.
Desenvolvimento, regulamentação e aplicação dos
instrumentos de gerenciamento dos recursos hídricos:
cadastro, outorga e cobrança.
Promoção e criação de associações de usuários de
recursos hídricos.
Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos Desenvolvimento e gestão do banco de dados
hidrológicos.
Projeto, implantação e gestão do sistema de cadastro,
outorga e cobrança.
Projeto, implantação e gestão do sistema de
planejamento, avaliação e controle.
Projeto, implantação e gestão do sistema de usuários
e públicos.
Projeto, implantação e gestão de sistema de
informações ambientais sobre recursos hídricos.
Renovação da Rede Hidrológica Desenvolvimento, modernização, operação e
manutenção da rede hidrológica, hidrometeorológica,
sedimentométrica e piozométrica.
Implantação e operação do sistema de alerta, radares
meteorológicos, redes telemétricas, sensoriamento
remoto e imagens de satélite.
Monitoramento da quantidade e qualidade dos
recursos hídricos.
Análise, processamento, publicação, divulgação e
difusão de dados hidrológicos.

Tecnologia e Treinamento em Recursos Hídricos Desenvolvimento de cursos de aperfeiçoamento e


especialização em recursos hídricos.
Desenvolvimento de estudos e pesquisas em
recursos hídricos.
Programas de desenvolvimento institucional e
gerencial e de valorização profissional.
Programas de comunicação social e divulgação.
Cooperação e intercâmbio técnico nacional e
internacional.
PDC-2: Aproveitamento Múltiplo e Controle dos Recursos Hídricos
Empreendimento de Aproveitamento Múltiplo e Inventários, estudos de viabilidade técnica,
Controle dos Recursos Hídricos econômica e ambiental e projetos de sistemas de
obras hidráulicas para aproveitamento múltiplo e
controle dos recursos hídricos.
Implantação de sistemas de aproveitamento múltiplo
e controle dos recursos hídricos, com cogestão, rateio
de custos em convênio e condomínio com setores
usuários dos empreendimentos.
Desenvolvimento do Transporte Hidroviário Desenvolvimento do potencial da hidrovia Tietê-
Paraná.
Estudos e projetos de outras hidrovias.
274
Aproveitamento do Potencial Hidrelétrico Avaliação, inventário, estudos de viabilidade e
Remanescente projetos de aproveitamento hidrelétrico
remanescentes do Estado de São Paulo,
considerando o aproveitamentos hidrelétricos em
cooperação com concessionários públicos e privados
e com a participação da iniciativa privada.
PDC-3: Serviços e Obras de Conservação, Proteção e Recuperação da Qualidade dos Recursos
Hídricos
Tratamento de Esgotos Urbanos Estudos e projetos de obras de coleta, interceptação,
tratamento e disposição de esgotos urbanos
Obras e serviços de sistemas de coleta e tratamento
de esgotos urbanos
Sistemas de avaliação e controle de resultados de
operação e manutenção de sistemas de tratamento.
Tratamento de Efluentes Industriais Cadastramento e caracterização das fontes
poluidoras industriais.
Fiscalização e Monitoramento de Fontes Industriais Licenciamento, fiscalização e monitoramento das
de Poluição das Águas fontes industriais de poluição das águas.
Controle das Fontes Difusas de Poluição das Águas Estudo, avaliação e controle das fontes difusas de
poluição das águas, considerando atividades
agrícolas e urbanas.
PDC-4: Desenvolvimento e Proteção das Águas Subterrâneas
Controle da Perfuração de Poços Profundos e da Desenvolvimento do cadastramento de poços
Exploração de Águas Subterrâneas tubulares profundos
Licenciamento da perfuração de poços e da
exploração de águas subterrâneas
Gestão de aqüíferos em áreas criticas de
superexplotação ou poluição.

Cartografia Hidrogeológica Execução, publicação e divulgação da cartografia


hidrogeológica básica.
Proteção da Qualidade das Águas Subterrâneas Execução de cartografia da vulnerabilidade natural
dos aqüíferos à poluição
Cadastramento das fontes reais ou potenciais de
poluição dos aqüíferos subterrâneos
Zoneamento da vulnerabilidade dos aqüíferos à
poluição, desenvolvimento, implantação e aplicação
de legislação de proteção.
Cooperação com os Municípios Para a Exploração, Avaliação hidrogeológica, projeto e perfuração de
Conservação e Proteção das Águas Subterrâneas poços tubulares profundos
Operação, controle e manutenção de sistemas de
extração de águas subterrâneas
Convênios de cooperação estre estado e municípios
para gestão dos aqüíferos de interesse local,
especialmente os situados em áreas urbanas.
PDC-5: Conservação e Proteção dos Mananciais Superficiais de Abastecimento Urbano
Identificação e Proteção dos Mananciais Superficiais Levantamento dos sistemas urbanos de
de Águas Superficiais para Abastecimento Urbano abastecimento de água e dos mananciais da águas
superficiais
Estudo das alternativas futuras para suprimento de
água para abastecimento urbano
Desenvolvimento de legislação de proteção de
mananciais de águas superficiais.

Racionalização do uso do Recurso Hídrico para Redução das perdas e desperdícios nos sistemas
Abastecimento Urbano urbanos de abastecimento de água
Promoção da aplicação de equipamentos hidráulicos
e de saneamento que proporcionem economia de
recursos hídricos.
275
Cooperação com os Municípios para o Implantação e aplicação de legislação de proteção de
Desenvolvimento e proteção de Mananciais de Águas mananciais
Superficiais para o Abastecimento Urbano Delegação aos municípios para a gestão de águas de
interesse local com fins prioritários de abastecimento
urbano .
PDC-6: Desenvolvimento Racional da Irrigação
Disciplinamento da Utilização da Água para Irrigação Cadastramento de irrigantes e regularização das
captações de águas superficiais e subterrâneas
Zoneamento hidroagrícola, com indicação das áreas
de aptidão para irrigação
Gerenciamento de recursos hídricos em áreas
criticas, com participação dos irrigantes
Racionalização do Uso da Água para Irrigação Determinação regional dos valores de consumo das
principais culturas irrigáveis, levando este
conhecimento aos conhecimentos aos agricultores
visando aumentar a eficiência no uso da água para
irrigação.
Monitoramento de Áreas Irrigadas Acompanhamento da evolução física das áreas
irrigadas através de sensoriamento remoto,
confrontando com o disciplinamento da utilização da
água para irrigação .
Obras e Serviços de Sistemas Coletivos de Irrigação Estudos, levantamentos, projetos e obras de sistemas
e Drenagem coletivos de irrigação e drenagem, com participação
dos irrigantes e de suas associações.
PDC-7: Conservação de Recursos Hídricos na industria
Orientação à Localização Industrial Difusão de informações sobre as disponibilidades
hídricas, superficiais e subterrâneas, e sobre o
enquadramento dos corpos receptores.
Racionalização do uso do Recurso Hídrico na Promoção do uso racional das águas nas atividades
Industria industriais, com o reuso e a recirculação
Promoção da utilização de equipamentos e processos
que proporcionem economia de água.
Disciplinamento do Uso da Água Para Fins Industriais Cadastramento da utilização de água para fins
industriais e regularização das captações.

PDC-8: Prevenção e Defesa Contra Inundações


Implantação de medidas Estruturais de Prevenção e Estudos , Projetos, serviços e obras de
Defesa Contra Inundações desassoreamento, retificação e canalização de cursos
d`água.
Implantação de Medidas Não Estruturais de Cadastramento de áreas inundáveis
Prevenção e Defesa Contra Inundações Zoneamento de áreas inundáveis.
Cooperação com os Municípios para Serviços e Convênios com os municípios para estudos, projetos,
Obras de Prevenção e Defesa Contra Inundações serviços e obras de controle de cheias e defesa
contra inundações.
Assistência e cooperação aos municípios para a
implantação de medidas não estruturais de prevenção
de inundações.
PDC-9: Prevenção e Defesa Contra a Erosão do Solo e o Assoreamento dos corpos d’água
Desenvolvimento de Diagnóstico, Diretrizes e Estudos e serviços de prevenção da erosão do solo
Tecnologia para a Prevenção da Erosão do Solo em áreas urbanas e rurais.
Reflorestamento e Recomposição da Vegetação Ciliar Produção de mudas e promoção do reflorestamento
ciliar e de topos de morros incentivos e promoção de
reflorestamento.
Desenvolvimento de Diagnóstico, Diretrizes e Estudos e levantamento para orientação e controle da
Tecnologia para a Extração de Areias e outros exploração de areia e outros recursos minerais nos
Materiais de Construção leitos, margens e várzeas dos cursos d’água.
Cooperação com os Municípios em Serviços e Obras Convênios com os municípios para estudos, projetos,
de prevenção e Defesa Contra a Erosão do Solo serviços e obras de prevenção e defesa contra a
erosão do solo urbano e rural e o assoreamento dos
corpos d’água
Assistência e orientação aos municípios para o
controle de extração de areia e outros materiais de
construção.
276
PDC-10: Desenvolvimento dos Municípios Afetados por Reservatórios e leis de proteção de
Mananciais
Desenvolvimento da Utilização Múltipla dos Projetos complementares para implantação de infra-
Reservatórios estrutura para utilização dos reservatórios para
recreação, esportes náuticos, turismo e pesca
amadora.
Projetos complementares para implantação de
sistemas coletivos de irrigação e drenagem.
Desenvolvimento de Projetos, Serviços e Obras de Projetos complementares para implantação de
Saneamento Básico sistemas de abastecimento de água, coleta e
tratamento de esgotos e de coleta e disposição de
lixo.
Programas Complementares de Proteção e Implantação e manutenção de áreas de proteção e
Recuperação Ambiental conservação ambiental.
Infra-estrutura Urbana e Desenvolvimento Rural Programas complementares de educação, saúde e
transporte
Programas complementares de assistência e
cooperação com o pequeno produtor rural
Programas complementares de eletrificação e
telefonia rurais.
PDC-11: Articulação Interestadual e com a União
Cooperação com os Estados e a União com vistas o planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos em
bacias de rios de domínio Federal.
PDC-12:Participação do Setor Privado
Promoção da participação do setor privado em planejamento, projetos, serviços e obras de recursos hídricos.
Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo 94/95.
277

17. CITAÇÕES

- Lakatos (1992) p. 5
- Hilhorst (1975) p.5 , 36
- Rocha (1997) p. 9
- Penna (1923) p.9, 10
- World Resources Institute (1990) p. 12, 13, 14
- Rebouças (1997) p. 12, 13, 15, 63, 95
- Setti (1994) p. 13, 21
- Lanna (1987) p. 16, 79, 80, 93, 94
- Vega (1985) p.20
- Gonçalves (1993) p. 26
- Branco (1990) p. 28
- Heller & Costa & Barros (1995) p.29
- Oliveira (1997) p.34, 35
- Cunha (1997) p.34, 37, 39
- Lidgren (1991) p. 35, 36, 37
- Turra (1988) p. 35, 36
- Parra (1972) p. 35, 36
- Dror (1968) p. 35
- Souza (1981) p. 49, 50, 51
- Droze (1965) p.51, 52, 53
- Scheinowitz (1983) p.54, 78, 79
- Turner (1993) p. 61
- Monosowiski (1989) p.64, 65,67
- Nou (1994) p. 78
278

- Barth (1999) p. 86, 95


- Makibara (1997) p.87, 88
- Mota (1995) p.128, 129

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