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TRABALHOS CIENTÍFICOS: como elaborá-los e apresentá-

los

Daniel Mello1

RESUMO:
RESUMO A elaboração de trabalhos científicos, em especial no 3º grau e em pós-graduação, é fundamental ao
desenvolvimento da capacidade de compreensão, argüição, ordenamento de idéias, de síntese, de análise, de
pesquisa e de construção de novos conhecimentos, fundamentos estes necessários à profissionais de qualquer
área de conhecimento. O presente artigo serve como meio de auxílio a pesquisadores, professores e alunos, para
que possam melhor conduzir seus trabalhos de pesquisa científica. Apresenta, contudo, de forma despretensiosa,
algumas informações.

INTRODUÇÃO

Inúmeros são os escritos sobre elaboração e apresentação de trabalhos científicos. No entanto, o


assunto continua novo, dada a sua importância no meio escolar de hoje. Em outras palavras, a pesquisa não fica
velha pela inquietude do homem e sua necessidade constante de buscar, procurar e questionar.
Este estudo destina-se a apresentar à comunidade acadêmica, em nível de graduação, pós-graduação e
pesquisa e extensão, um roteiro auxiliar para a elaboração e apresentação de trabalhos científicos, fornecendo
aos estudantes e professores, através destas diretrizes metodológicas, instrumentos para dar suporte aos
mesmos para que desenvolvam, a contento, trabalhos científicos e que possam aprimorar com eficiência e
competência o binômio ensino-aprendizagem. Estes instrumentos, no âmbito do trabalho acadêmico, são de três
ordens: técnicos, lógicos e conceituais, envolvendo ainda, três elementos: método científico (conteúdo), redação
do texto (expressão) e apresentação (forma). Os pesquisadores, de modo geral, devem dominar certas técnicas
de estudo que lhes permitam disciplinar seu trabalho intelectual, garantindo-lhes maior produtividade.

1 Mestre em Economia pela UFSC, especialista em Administração e Desenvolvimento de Pessoas pela UFPR, coordenador e professor do Colegiado de Ciências
Contábeis da FASB.
Evidentemente, tais técnicas mecanicamente aplicadas podem não levar a nada, mas, por outro lado, um
pensamento sem apoio em processos bem determinados pode não passar de uma superficial ilusão; por isso, o
domínio das técnicas deve ser conseguido e vivenciado sob um rigoroso controle da lógica. Ressaltamos que não
se tem a pretensão de dar aprofundamento em pesquisa, mas de apresentar de forma sucinta e despretensiosa,
um meio auxiliar para ajudar os pesquisadores a pensar e a organizar o seu conhecimento.
A pesquisa ocupa hoje um lugar privilegiado na vida de todos os envolvidos no meio educacional, em
especial, àqueles a nível de terceiro grau, de pós-graduação e docência. Ela está presente na sala de aula, na
dinâmica do ato educativo que transcende a relação professor-aluno e se estende à sociedade que, por sua vez,
se faz presente nesta relação.
Fazer pesquisa, então, se supõe capacidade e competência humanas e técnicas. Para isso, torna-se
fundamental a formação do pesquisador, que necessita de instrumentos básicos para empreender trabalhos de
investigação científica. O importante seria se o interesse por pesquisas científicas fosse despertado em
estudantes ainda de ensino fundamental, com intuito de formarmos pesquisadores e críticos, porém deixemos
esse sonho para outras oportunidades.
Nunca é cedo e nem tarde demais para se começar a pesquisar e desenvolver trabalhos científicos,
pois pesquisa supõe processo contínuo e não produto acabado. Para concluir, o conhecimento não tem limite de
espaço e de tempo e o homem é o seu agente absoluto, o sujeito criador e transformador de sua própria
realidade.
O presente estudo está dividido em quatro parte distintas e inter relacionadas, a saber:
a) partes de um projeto de pesquisa científica;
b) partes de um trabalho científico;
c) noções teóricas acerca dos passos de um trabalho científico;
d) estrutura e apresentação gráfica.

PARTES DE UM PROJETO DE PESQUISA CIENTÍFICA

Um projeto de pesquisa deverá conter, no mínimo:

a) Capa;
b) Folha de rosto;
c) Sumário;
d) Introdução;
e) Objetivos;
f) Hipótese(s);
g) Fundamentação Teórica;
h) Metodologia;
i) Recursos;
j) Cronograma;
k) Referência Bibliográficas;
l) Anexos.
a)Capa
A capa deve conter as seguintes informações: a) nome da instituição; b) nome do curso; c) título do trabalho e
sub-título, se houver; d)nome do autor(es); e e) local, data (modelo anexo).

b)Folha de rosto
A folha de rosto deve conter as seguintes informações: a) nome do autor(es); b)título do trabalho e sub-título, se
houver; c) nota indicando a natureza do trabalho; d) Orientador e, e) local, data (modelo anexo).

c)Sumário
O sumário deve ser em página exclusiva, contendo todas as divisões e subdivisões do trabalho, bem como
paginação (modelo anexo).

d)Introdução
A introdução deverá conter uma contextualização do problema de pesquisa, com citações de autores que já
deram sua contribuição acerca do tema pesquisado. É um resumo geral, porém sem entrar na parte
metodológica. Apresenta os motivos que levaram o autor a interessar-se pelo tema e expõe claramente a(s)
justificativa(s) do trabalho e o problema(s) de pesquisa, por meio de perguntas, em que o autor do trabalho
pretende, por meio do mesmo, buscar as respostas.

e)Objetivos:
Objetivos geral: deve conter de forma simples, objetiva e direta qual a pretensão do trabalho, o que se
pretende construir com o estudo. Está ligado a uma visão global e abrangente do tema do trabalho
proposto.
Deve-se iniciar com verbos em sua forma no infinitivo (verbos de ação): pesquisar, relacionar, comentar,
verificar, avaliar etc..

Objetivos específicos: apresenta caráter mais concreto. Tem função intermediária e instrumental,
permitindo atingir o objetivo geral, detalhando-o, possuindo dessa forma de três a seis objetivos
específicos, o que devem ser todos com propósito de se alcançar o objetivo geral. Os objetivos específicos
devem começar sempre com verbos no infinitivo, de ação, tais como: analisar, avaliar, medir, coletar,
registrar, descrever, investigar, pesquisar, desenvolver, entre outros. Deve-se evitar ações do tipo: provar,
comprovar, demonstrar, entre outros que dêem o sentido de ser concluída a pesquisa científica. Lembre-se
que a pesquisa científica nunca é um trabalho definitivo, ela evolui, portanto não cabe presumirmos que o
nosso trabalho não possa ser melhorado.

f) Hipótese(s)
Hipóteses são as respostas prévias, prováveis ao problema de pesquisa, podendo ser apenas uma ou várias;
comprovadas ou não ao término do estudo, devendo, também, possuir uma sustentação teórica.

g) Fundamentação Teórica
São os escritos já existentes acerca do assunto estudado que servirão como norteadores da pesquisa, dando
suporte e credibilidade à mesma. Constituem contribuições de autores já consagrados sobre o tema, cujos quais,
serão buscados preceitos e conceitos para atuarem como “espinha dorsal” do estudo a ser realizado.

h)Metodologia
A metodologia deverá conter as seguintes partes: a) classificação da pesquisa; b) objeto de estudo; c)população
(amostragem/universo) de estudo; d)método de coleta de dados; e, e) desenvolvimento da pesquisa.

Classificação da pesquisa
Deve-se fazer referência ao tipo de pesquisa que será realizado: bibliográfica, de campo, de laboratório, etc.;

População (amostragem/universo de estudo)


Há que se fazer menção ao todo ou à parte do todo que servirá de amostra para a realização do estudo,
deixando claro ao leitor o universo de alcance desta amostra; além do que esta amostra deve ser significativa, se
parcial;

Objeto de estudo
É fazer referência ao que se pretende estudar, deixando claro ao leitor o que será estudado;

Método de coleta de dados


Quanto ao método, a pesquisa pode utilizar-se de um método dedutivo ou indutivo, ou seja, dedutivo quando
parte de enunciados gerais para o particular; e indutivo quando a pesquisa for conduzida, partindo-se de fatos
particulares para se chegar a conclusão ampla;

Desenvolvimento da pesquisa
É o detalhamento pormenorizado ou seja, os passos que serão dados na execução do trabalho, como pretende-se
conduzir os estudos para se atingir os objetivos específicos, preferencialmente, fazendo inferência a cada um
deles e detalhando a seguir os passos.

i)Recursos

Recursos humanos: profissionais e especialistas que auxiliaram na concretização do projeto;

Recursos materiais: todos os instrumentos necessários para a execução do projeto;

Recursos financeiros: dispêndios monetários a que o autor terá para a execução do projeto.

Obs.:
Obs. Uma vez definida a metodologia (descritiva, bibliográfica, laboratorial, pesquisa de campo etc.), deve-se
reconhecer os recursos que serão necessários para futura implementação. Esta seção será importantíssima
enquanto previsão; o pesquisador, em tempo, verificará se pode contar com tudo o que se fará necessário para a
execução do projeto.
j) Cronograma
Estágios da execução e duração total – Em ordem de ocorrência (mês e ano) item por item: tema, estruturação da
equipe, pesquisas bibliográficas, revisão de bibliografia, pesquisa de campo (aplicação de questionário ou
pesquisa), planejamento, implementação, coleta e seleção de dados, digitação, avaliação, codificação e
tabulação, análise dos dados, interpretação dos recursos e conclusões, redação do relatório, digitação e
apresentação final (modelo anexo).

k) Referências bibliográficas
É o conjunto de obras utilizadas pelo autor na leitura do trabalho, que deverá ser disposta ao final do trabalho,
em consonância à NBR 6023 e em ordem alfabética.

Anexos
Materiais que reforçam, completam e sustentam o trabalho, porém que não podem ser alocados no corpo do
mesmo por praticidade para não interromper raciocínio ou seqüência lógica do trabalho ou ainda por estética,
podem ser: fotos, gráficos, questionários, formulários, estatísticas, ilustrações, material específico elaborado pelo
autor etc..

PARTES DE UM TRABALHO CIENTÍFICO

Caracterização

A norma NBR 14724 da ABNT define trabalhos de conclusão de curso com um “trabalho acadêmico”,
devendo, portanto, obedecer às normas de apresentação de um trabalho desta natureza.

Estrutura técnica

O trabalho monográfico tem sua estrutura técnica dividida em 04 (quatro) elementos básicos, quais
sejam:
1 – elementos pré-textuais;
2 – elementos textuais;
3 – elementos pós-textuais; e,
4- sistema de referências.

Elementos Pré-textuais
Como o próprio nome indica, são aqueles que antecedem ao texto, podendo ser obrigatórios e
facultativos. Devem ser apresentados na seguinte ordem:
a) Capa
A capa deve conter as seguintes informações: a) nome da instituição; b) nome do curso; c) título do trabalho e
subtítulo, se houver; c) nota indicando a natureza do trabalho; d) orientador; e, e) local, data (modelo anexo).

b) Folha de rosto
A folha de rosto deve conter as seguintes informações:a) nome do autor(es); b) título do trabalho e subtítulo, se
houver; c) nota indicando a natureza do trabalho; d) orientador; e, e)local, data (modelo anexo).

c) Sumário
O sumário deve ser em página exclusiva, contendo todas as divisões e subdivisões do trabalho, bem como
paginação (modelo anexo).

d) Páginas preliminares
São todas facultativas, podendo ou não fazer parte do trabalho, a critério do autor. Porém, em caso de opção da
utilização das mesmas, o autor deverá fazê-lo dentro das normas técnicas para tanto, podem ser:

d. 1 – Dedicatórias
Homenagem que o autor queira prestar a algum ente querido. Deverá ficar localizada ao pé da página, à
direita da mesma e sem título.

d.2 – Agradecimentos
Neste espaço (página), o autor faz os agradecimentos que julgar pertinentes, a pessoas ou empresas que
contribuíram para a realização do trabalho, sendo que ao alto da página deverá conter a palavra
AGRADECIMENTOS, centralizada, maiúscula e negritada.

d.3– Lista de Tabelas


Devem constar, neste item, todas as tabelas contidas no trabalho, com seus títulos, devidamente
enumeradas e com as respectivas páginas em que encontram-se no corpo do trabalho.

d.4 – Lista de Figuras


Devem constar, neste item, todas as figuras contidas no trabalho, com seus títulos, devidamente
enumeradas e com as respectivas páginas em que elas encontram-se no corpo do trabalho.

d.5 – Lista de Quadros


Devem constar, neste item, todos os quadros contidos no trabalho, com seus títulos, devidamente
enumerados e com as respectivas páginas em que os mesmos encontram-se no corpo do trabalho.

d.6 – Lista de Anexos


Trata-se de descrição dos anexos que fazem parte do trabalho, em ordem cronológica de sua posição no
trabalho.
d.7 – Lista de Abreviaturas/Siglas
As siglas e abreviaturas oficiais, que por ventura haja necessidade de se fazer constar do trabalho, devem
constar desta lista com suas respectivas identificações. Ex.: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas.

d.8 – Resumo
Deve-se, neste item, descrever, de forma sucinta, o conteúdo.

d.9 – Abstract
Trata-se de uma tradução do resumo para outra língua ( em geral,língua inglesa)

d.10 – Epigrafe
Trata-se de uma citação literal de um texto, com a devida indicação da autoria, que aborde sobre tema
relacionado ao assunto do trabalho. Deverá ficar localizada ao pé da página, à direita da mesma e sem
título.

Elementos textuais

São os elementos que compõem o núcleo, a própria essência do trabalho, devendo conter concatenação
entre as idéias e construção lógica da estrutura da redação.

a) Introdução
A introdução deverá conter a contextualização do problema de pesquisa, amparado por referencial bibliográfico e
citações de autores que já deram sua contribuição acerca do tema pesquisado. É um resumo geral, porém sem
entrar na parte metodológica. Apresenta os motivos que levaram o autor a interessar-se pelo tema e expõe
claramente a(s) justificativas do trabalho e o(s) problema(s) de pesquisas por meio de perguntas, cujas quais o
trabalho pretende buscar as respostas, incluindo-se, ainda, os objetivos (geral e específico), a(s) hipótese(s) e a
explicação detalhada das divisões do trabalho.

b) Fundamentação Teórica
São os escritos já existentes acerca do assunto estudado que servirão como norteadores da pesquisa, dando
suporte e credibilidade à mesma. Constituem contribuições de autores já consagrados sobre o tema, em que
serão buscados preceitos e conceitos para atuarem como “espinha dorsal” do estudo a ser realizado.

c)Metodologia do Trabalho
Descrição resumida da metodologia adotada para a realização do trabalho.

d) Desenvolvimento
É o trabalho propriamente dito. Trata-se da parte mais importante do trabalho, por assim dizer. Em virtude de sua
extensão, deve ser dividido em capítulos. Em regra, cada objetivo específico do seu trabalho será convertido em
um capítulo de desenvolvimento, como propósito de melhor detalhar o assunto e facilitar a compreensão do
leitor. É neste ponto do trabalho que são colocados os argumentos que irão sustentar e dar força e cunho
científico ao trabalho proposto. Raciocínio lógico, clareza e concatenação das idéias são fundamentais neste
ponto do trabalho. No seu desenvolvimento, deverá conter: Revisão de literatura e Resultados.

e)Conclusão
É o fechamento do trabalho em si. Trata-se do juízo do autor acerca dos estudos realizados, pode-se afirmar que
seja a interpretação verbalizada dos resultados aos quais o trabalho conduzido pelo autor chegou.

Elementos Pós-textuais

São os elementos que estão localizados após o texto do trabalho. Podem ser: referências bibliográficas
(obrigatórias) e anexos (opcionais).

a) Referências bibliográficas
São o conjunto de obras utilizadas pelo autor na realização do trabalho em que deverá ser disposta ao final do
trabalho, em consonância à NBR 6023 e em ordem alfabética.

b) Anexos
Materiais que reforçam, completam e sustentam o trabalho, porém não podem ser colocados no seu corpo por
praticidade, para não interromper raciocínio ou seqüência lógica do trabalho ou ainda por estética. Podem ser:
fotos, gráficos, questionários, formulários, estatísticas, ilustrações, material específico elaborado pelo autor etc.

Noções teóricas acerca de trabalhos científicos

Como formular um problema de pesquisa

O que é mesmo um problema?

Pesquisas científicas são iniciadas a partir de um problema, pergunta ou indagação. O termo é envolvido por
diferentes acepções, o que torna a tarefa de conceituar o termo difícil
O dicionário Aurélio atribui diversos significados ao termo problema, senão vejamos:
– Questão matemática proposta para que se dê solução;
– Questão não solvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento;
– Proposta duvidosa que pode ter diversas soluções;
– Qualquer questão que dá margem à hesitação ou perplexidade, por difícil de explicar ou
resolver; e,
– Conflito afetivo que impede ou afeta o equilíbrio psicológico do indivíduo.
Podemos perceber facilmente que nem todos os problemas são passíveis de tratamento científico.
Assim, é necessário, antes de iniciar uma pesquisa científica, verificar se o problema se enquadra na categoria de
científico.
Para sabermos se um problema pode receber tratamento científico, se é um problema científico,
devemos antes considerar aquilo que não é. Como exemplo, podemos dar: “Como fazer para melhorar os
transportes urbanos?” “O que pode ser feito para melhorar a distribuição de renda?” “Como aumentar a
produtividade no trabalho?”
Estes problemas são problemas de “Engenharia”, pois referem-se como fazer algo eficientemente. A
ciência pode sugerir acerca do problema, porém não respondê-lo diretamente.
Também não são problemas científicos os seguintes: “Qual a melhor técnica psicoterápica?” “É bom
adotar jogos esimulações como técnicas didáticas?” “Os pais devem dar palmadas nos filhos?”Estes são
problemas de valor, pois questionam se algo é bom ou ruim, o que é melhor ou pior, desejável ou indesejável,
certa ou errada, ou ainda se algo deveria ou não ser feito. Não são passíveis de verificação empírica.
A partir destas considerações, dizemos que um problema é de natureza científica quando envolve
variáveis que podem ser testadas: “Em que medida a escolaridade determina a preferência político-partidária? “A
desnutrição determina o rebaixamento intelectual?” “Técnicas de dinâmicas de grupo facilitam a interação entre
os alunos?” Todos esse problemas envolvem variáveis suscetíveis de observação e de manipulação. É
perfeitamente possível verificar a preferência político-partidária de determinado grupo, bem como o seu nível de
escolaridade, para depois determinar em que medida essas variáveis estão relacionadas entre si.
Formular um problema científico não constitui tarefa fácil. Para alguns, isto implica mesmo o exercício de
certa capacidade que não é muito comum nos seres humanos. Existem algumas condições que facilitam essa
tarefa, tais como: imersão sistemática no objeto, estudo da literatura existente e discussão com pessoas que
acumulam muita experiência prática no campo de estudo (Selltiz,1967 p. 30).
Regras práticas para a formulação de um problema, este deve ser: a) formulado como pergunta; b)
claro e preciso; c) empírico; d) suscetível de solução; e e) delimitado para uma dimensão viável.

a) O problema deve ser formulado como pergunta


Esta é a maneira mais fácil e direta de formular um problema, facilitando sua identificação por parte de
quem consulta o projeto ou o relatório de pesquisa.

b) O problema deve ser claro e preciso


Um problema não pode ser solucionado se não for apresentado de maneira clara e precisa. Problemas
desestruturados e formulados de maneira vaga, não são possíveis de serem resolvidos. Tais como: “Como
funciona a mente?” “O que acontece no Sol?” “O que determina a natureza humana?” etc. Estes problemas não
podem ser propostos, porque não está claro a que se referem.
Podemos reformular um problema de forma que ele possa ser solucionável (respondível): de “”Como
funciona a mente?” para “Que mecanismos psicológicos podem ser identificados no processo de memorização?”

c) O problema deve ser empírico


Foi visto que os problemas cientifico não devem referir-se a valores (melhor ou pior, bom ou mau,
desejável ou indesejável, certo ou errado entre outros). Estes problemas, em geral, conduzem a julgamentos
morais e, conseqüentemente, a considerações subjetivas,
subjetivas invalidando os propósitos da investigação científica,
que tem a objetividade como uma das mais importantes características.
Os valores, passíveis de estudo pelas ciências sociais, devem ser estudados de forma objetiva, como
fatos ou como “coisas”, segundo orientação de Durkheim. Por exemplo, um tema fazendo referência a “Maus
professores”. Trata-se de valor, mas o pesquisador pode estar interessado em pesquisar professores que
seguem práticas autoritárias , mas não preparam as datas ou adotam critérios arbitrários de avaliação. Deve-se
transformar as visões iniciais em outras que se refiram a fatos empíricos e não a percepções pessoais.
Para Weber, a realidade inclui percepção, valores, estereótipos, repertório sócio-cultural, sem
comprometer os objetivos propostos.

d) O problema deve ser suscetível de solução


Um problema pode ser claro, preciso e referir-se a conceitos empíricos, porém não se tem idéia de como
seria possível coletar dados necessários à sua resolução. Por exemplo: “Ligando-se o nervo ótico às áreas
auditivas do cérebro, as visões serão sentidas auditivamente?”
Para formular-se problemas, é necessário ter domínio da tecnologia adequada à sua solução. Caso
contrário, melhor proceder investigação acerca das técnicas e pesquisas necessárias.

e) O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável


Os problemas de pesquisa devem ser delimitados para que seja viável sua execução. Por exemplo: o
problema “Em que pensam os jovens?” Este problema, do ponto de vista da realização de um trabalho científico,
deve ser reformulado, dado sua amplitude. É necessário delimitar a população dos jovens a serem estudados –
por faixa etária, por região, por raça e assim por diante.
A delimitação do problema tem estreita relação com os meios disponíveis de investigação.

Como constituir hipóteses

O que são hipóteses?

São as proposições testáveis que podem vir a ser a solução do problema. Como ilustração, consideremos o
seguinte problema de pesquisa: “Quem se interessa por parapsicologia?” A hipótese pode ser a seguinte: “As
pessoas preocupadas com a vida além-túmulo tendem a manifestar interesse por parapsicologia.”

Como podem ser classificadas as hipóteses?

a) Algumas hipóteses podem ser casuísticas.


Há hipóteses que se referem a algo que ocorre em determinado caso; afirmam que um objeto, uma pessoa ou
um fato específico tem determinada característica. Por exemplo, pode-se formular a hipótese de que Moisés era
egípcio e não judeu. Ou, então, a de que o Pe. Manuel da Nóbrega e não o Pe. Anchieta, é que fundou a cidade de
São Paulo. Hipóteses casuísticas são muito freqüentes na pesquisa histórica, onde os fatos são tidos como
únicos.
b) Algumas hipóteses referem-se à freqüência de acontecimentos.
Hipóteses deste tipo são muito freqüentes na pesquisa social. De modo geral, antecipam que determinada
característica ocorre como maior ou menor freqüência em determinado grupo, sociedade ou cultura. Pode-se
formular a hipótese de que é grande o número de acadêmicos que tocam algum tipo de instrumento musical ou
que é muito difundida a crença em horóscopo entre jovens de determinada região.

c) Algumas hipóteses estabelecem relação de associação entre variáveis.


Variável – tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes aspectos, segundo os casos particulares
ou as circunstâncias. Ex: Idade, peso, estatura, temperatura, etc. Classe social também é uma variável; não pode
assumir valor numérico, porém abrange categorias diversas, como: alta, média e baixa.

Hipóteses como associação entre variáveis:

Alunos do curso de contábeis são mais conservadores que os de administração. Variáveis: curso e
conservadorismo.

O índice de suicídio é maior entre os solteiros que os casados.


Variáveis: estado civil e índice de suicídio.

Países economicamente desenvolvidos apresentam baixos índices de analfabetismo.


Variáveis: desenvolvimento econômico e índice de analfabetismo.

d) Algumas hipóteses estabelecem relação de dependência entre duas ou mais variáveis.


As hipóteses deste grupo estabelecem que uma variável interfere na outra. Ex: “A classe social da mãe influencia
no tempo de amamentação dos filhos.” Neste caso, estabelece-se uma relação de dependência entre as
variáveis. Classe social (independente); Tempo de amamentação (dependente).
O que geralmente busca o pesquisador é o estabelecimento de relações assistemáticas entre as
variáveis. As relações assistemáticas indicam que os fenômenos não são interdependentes entre si ( relações
simétricas) e não se relacionam mutuamente (relações recíprocas), mas que um exerce influência sobre o outro.

Planejamento da pesquisa

O que há de mais importante numa pesquisa é a existência de um problema. De pouco adianta querer
pesquisar ou precisar elaborar um trabalho de avaliação ( uma monografia), mesmo de caráter didático se não se
tem claro qual é o problema, qual é a questão a ser respondida.
Nossos alunos, tanto de graduação quanto de cursos de pós graduação, quase entram em pânico se lhes
propomos que escrevam o enunciado de algum problema. Na maioria das vezes enunciam um tema, um assunto
qualquer, mas quase nunca uma questão propriamente dita.
Essa dificuldade em tratar com problemas tem sua origem ainda nas escolas de 1º e 2º graus e muitas
vezes agrava-se na universidade e na pós-graduação.

Tema do assunto

Nem sempre o título da obra nos remete ao assunto do qual ela trata. Em nossa pesquisa convém que o
título expresse realmente o conteúdo, o assunto de que trataremos. E os critérios de sua escolha devem ser:
originalidade, importância, viabilidade e conhecimento do assunto.

Tipos de pesquisa

Uma pesquisa pode ser, bibliográfica, de campo ou de laboratório (experimental).

a) Bibliográfica – trabalha com textos: livros, teses, dissertações, monografias, artigos de jornal e/ou revista,
manuscritos, etc.

b) Pesquisa de campo – não dispensa um boa e completa bibliografia, pois é onde se busca fundamentação
teórica e até mesmo prática para a discussão do problema. Mas a pesquisa de campo requer ainda um ou mais
instrumentos de coleta de dados: entrevista, formulário, questionário, etc.

c) Pesquisa de laboratório – é aquela em que ocorre experimentação. Nela, atua-se sobre a variável
independente, visando observar a reação que ela provoca na variável dependente. Assim, ao testar a lei
experimental, toda vez que um metal for aquecido, ele se dilata; a variável independente é o aquecimento e a
dependente é a dilatação.

Determinação e seleção da amostra

Amostra é a parte do todo (universo), capaz de representá-lo. Por exemplo, nas pesquisas de opinião
acerca das eleições, os institutos de pesquisa revelam o número de pessoas entrevistadas ou submetidas a um
formulário. Isso é amostra utilizada. Numa pesquisa, pode-se aproveitar uma parte representativa desse universo
e trabalhar com ela no lugar do todo.

A pesquisa científica

A pesquisa científica visa contribuir para a construção do conhecimento humano em todos os setores, da
ciência pura ou aplicada; da matemática ou da agricultura; da tecnologia ou da literatura.
Os trabalhos de graduação e pós-graduação, para serem considerados pesquisas científicas, devem
produzir ciência, ou dela derivar ou acompanhar seu modelo de tratamento.
A classificação tipologia das ciências, utilizada também para classificação da pesquisa, divide-se em
formal e factual.
Formal – ocupa-se da lógica ou da matemática;
Factual – cuida dos objetos factuais, subdividindo-se em naturais e culturais. As ciências
naturais são: Biologia, Física, Química, Psicologia individual; as ciências culturais são: Psicologia social.
Sociologia, Economia, Política, História.
Outra classificação da pesquisa considera seus objetos, dividindo-a em:
Exploratória – estabelece critérios, métodos e técnicas para a elaboração de uma pesquisa e
visa oferecer informações sobre o objeto da pesquisa e orientar a formulação de hipóteses;
Descritiva – estudo, análise, registro e interpretação dos fatos do mundo físico em a
interferência do pesquisador; são exemplo as pesquisas mercadológicas e de opinião;
Explicativa – pesquisa que registra fatos, analisa-os, interpreta-os e identifica suas causas.
Quanto ao objeto de estudo, a pequisa pode ser :
de campo – ciências sociais;
de laboratório – quase sempre experimental; e
bibliográfica – utilização de textos para pesquisa.
Quanto ao método, poderá adotar:
Método dedutivo – parte de enunciados gerais dispostos em ordem, como premissas de um
raciocínio para chegar a uma conclusão particular;
Método indutivo – parte dos fatos particulares para conclusões genéricas. É o inverso do
dedutivo: parte de fatos singulares para chegar a uma conclusão ampla.

Publicações científicas

“O conhecimento da gramática é apenas um dos meios para


chegarmos a uma comunicação correta, mas não é um fim em si
mesmo. Ao escrever, não devemos ficar obcecados em demonstrar
erudição e cultura gramatical. Se quisermos escrever bem, isto é,
de modo eficaz, devemos dirigir a nossa preocupação para as três
funções básicas [da comunicação], produzir resposta, tornar
comum e persuadir.” (BLIKSTEIN, 1985 p.23)

São consideradas publicações científicas:

Artigo científico
Trata de problemas científicos, em geral, de extensão relativamente pequena. Apresenta resultado de estudos e
pesquisa.

Comunicação escrita
A comunicação científica define-se como a informação que se apresenta em congressos, simpósios, reuniões,
academias, sociedades científicas. Em tais encontros, são expostos os resultados realizados.
Trabalhos científicos
A expressão trabalho científico compreende vários tipos de textos elaborados segundo estruturas e norma pré-
estabelecidas. Entre eles, podem ser citados: a resenha, o informe científico, o artigo científico, monografia, o
paper.

Monografia
É um trabalho que trata de um assunto particular, de forma sistemática e completa. Essa é sua característica
essencial. Trata-se de um estudo sobre um tema específico ou particular, com suficiente valor representativo e
que obedece a rigorosa metodologia.

Dissertação
A dissertação de mestrado ou científica, é um texto realizado segundo o molde da tese. É um trabalho mais de
natureza reflexiva, propriamente de descobertas ou de idéias originais, embora deva ser pessoal e não mera
transição de textos alheios.

Tese
É o relato de pesquisa exigido para obtenção do grau de doutor. Por meio dela, seu autor “deve demonstrar
capacidade de fazer avançar a área de estudo a que se dedica.”

Paper
Entende-se por paper uma síntese de pensamentos aplicados a um tema específico. Esta síntese deverá ser
original e reconhecer a fonte do material utilizado. Em português, a palavra corresponde a ensaio, mas este nome
não encontrou acolhida entre pesquisadores.

ESTRUTURA E APRESENTAÇÃO GRÁFICA

Tamanho e tipo do papel

A fonte a ser utilizada deve ser Times New Roman tamanho 12 (doze). No caso da capa e da folha de
rosto, bem como os títulos da cada capítulo do trabalho deverão ser em fonte 14 e em caixa alta.

Paginação

Enumerar as páginas em algarismos arábicos, no canto superior direito da página, a partir da introdução
(3) até, inclusive as referências bibliográficas. A capa não é numerada nem tão pouco conta-se para fins de
paginação; a folha de rosto e a página do sumário, são contadas para fins de paginação, contudo não são
contadas nem numeradas, também, as páginas preliminares dos elementos pré-textuais, caso existam; assim,
em geral, a página da introdução começa a ser numerada como sendo página 3 (três).
Espaçamento

O espaçamento entre as linhas deve ser em espaço 1,5 (um e meio).

Modelos:

Modelo de Capa
Modelo de Folha de Rosto
REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS

BECKER,L. S. et al. Elaboração e apresentação de trabalhos de pesquisa. Blumenau: Acadêmica, 1999.

CERVO,A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários.. 2.ed. São Paulo:
McGraw-Hill do Brasil, 1978. 144 p.
DEMO. P. Metodologia científica em ciências sociais. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1995. 293 p

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