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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR .

8 EM 1 – ACADÊMICO
Lemos & Cruz – Livraria e Editora

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
Lemos & Cruz – Livraria e Editora
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 17, DE 22 DE NOVEM- Art. 19. (Alterações já inseridas no texto Constitucional).
BRO DE 1997 Art. 20. (Alterações já inseridas no texto Constitucional).
Art. 21. (Alterações já inseridas no texto Constitucional).
Altera dispositivos dos arts. 71 e 72 do Ato das Disposi- Art. 22. (Alterações já inseridas no texto Constitucional).
ções Constitucionais Transitórias, introduzidos pela Art. 23. (Alterações já inseridas no texto Constitucional).
Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 1994. Art. 24. (Alterações já inseridas no texto Constitucional).
Art. 25. Até a instituição do fundo a que se refere o inciso
As mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fede- XIV do art. 21 da Constituição Federal, compete à União
ral, nos termos do $ 3º do art. 60 da Constituição Fede- manter os atuais compromissos financeiros com a prestação
ral, promulgam a seguinte emenda ao Texto Constitu- de serviços públicos do Distrito Federal.
cional: Art. 26. No prazo de dois anos da promulgação desta E-
Art. 1º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). menda, as entidades da administração indireta terão seus
Art. 2º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). estatutos revistos quanto à respectiva natureza jurídica,
Art. 3º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). tendo em conta a finalidade e as competências efetivamente
Art. 4º Os efeitos do disposto nos arts. 71 e 72 do Ato das executadas.
Disposições Constitucionais Transitórias, com a redação Art. 27. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias
dada pelos arts. 1º e 2º desta emenda, são retroativos a da promulgação desta Emenda, elaborará lei de defesa do
1.7.1997. usuário de serviços públicos.
Parágrafo único. As parcelas de recursos destinados ao Art. 28. É assegurado o prazo de dois anos de efetivo exer-
Fundo de Estabilização Fiscal e entregues na forma do art. cício para aquisição da estabilidade aos atuais servidores
159, I, da Constituição, no período compreendido entre em estágio probatório, sem prejuízo da avaliação a que se
1.7.1997 e a data de promulgação desta emenda, serão refere o § 4º do art. 41 da Constituição Federal.
deduzidas das cotas subseqüentes, limitada a dedução a Art. 29. Os subsídios, vencimentos, remuneração, proven-
um décimo do valor total entregue em cada mês. tos da aposentadoria e pensões e quaisquer outras espé-
Art. 5º Observado o disposto no artigo anterior, a União cies remuneratórias adequar-se-ão, a partir da promulgação
aplicará as disposições do art. 3º desta emenda retroativa- desta Emenda, aos limites decorrentes da Constituição
mente a 1.7.1997. Federal, não se admitindo a percepção de excesso a qual-
Art. 6º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data quer título.
de sua publicação. Art. 30. O projeto de lei complementar a que se refere o art.
Brasília, 22 de novembro de 1997. 163 da Constituição Federal será apresentado pelo Poder
Executivo ao Congresso Nacional no prazo máximo de cen-
to e oitenta dias da promulgação desta Emenda.
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 19, DE 04 DE JUNHO DE
1998 Art. 31. Os servidores públicos federais da administração
direta e indireta, os servidores municipais e os integrantes
da carreira policial militar dos ex-Territórios Federais do
Modifica o regime e dispõe sobre princípios e normas Amapá e de Roraima, que comprovadamente encontravam-
da Administração Pública, servidores e agentes políti- se no exercício regular de suas funções prestando serviços
cos, controle de despesas e finanças públicas e custeio àqueles ex-Territórios na data em que foram transformados
de atividades a cargo do Distrito Federal, e dá outras em Estados; os policiais militares que tenham sido admiti-
providências. dos por força de lei federal, custeados pela União; e, ainda,
As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fede- os servidores civis nesses Estados com vínculo funcional já
ral, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Fede- reconhecido pela União, constituirão quadro em extinção da
ral, promulgam esta Emenda ao texto constitucional: administração federal, assegurados os direitos e vantagens
inerentes aos seus servidores, vedado o pagamento, a qual-
Art. 1º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). quer título, de diferenças remuneratórias.
Art. 2º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). § 1º Os servidores da carreira policial militar continuarão
Art. 3º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). prestando serviços aos respectivos Estados, na condição de
Art. 4º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). cedidos, submetidos às disposições legais e regulamentares
Art. 5º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). a que estão sujeitas as corporações das respectivas Polí-
cias Militares, observadas as atribuições de função compa-
Art. 6º (Alterações já inseridas no texto Constitucional).
tíveis com seu grau hierárquico.
Art. 7º (Alterações já inseridas no texto Constitucional).
§ 2º Os servidores civis continuarão prestando serviços aos
Art. 8º (Alterações já inseridas no texto Constitucional).
respectivos Estados, na condição de cedidos, até seu apro-
Art. 9º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). veitamento em órgão da administração federal.
Art. 10. (Alterações já inseridas no texto Constitucional). Art. 32. (Alterações já inseridas no texto Constitucional).
Art. 11. (Alterações já inseridas no texto Constitucional). Art. 33. Consideram-se servidores não estáveis, para os
Art. 12. (Alterações já inseridas no texto Constitucional). fins do art. 169, § 3º, II, da Constituição Federal aqueles
Art. 13. (Alterações já inseridas no texto Constitucional). admitidos na administração direta, autárquica e fundacional
Art. 14. (Alterações já inseridas no texto Constitucional). sem concurso público de provas ou de provas e títulos após
Art. 15. (Alterações já inseridas no texto Constitucional). o dia 5 de outubro de 1983.
Art. 16. (Alterações já inseridas no texto Constitucional). Art. 34. Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data
Art. 17. (Alterações já inseridas no texto Constitucional). de sua promulgação.
Art. 18. (Alterações já inseridas no texto Constitucional). Brasília, 4 de junho de 1998

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ao Congresso Nacional no prazo máximo de noventa dias
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEM- após a publicação desta Emenda.
BRO DE 1998 Art. 8º (Revogado pela Emenda Constitucional n° 41, de
2003).
Modifica o sistema de previdência social, estabelece Art. 9º Observado o disposto no art. 4º desta Emenda e
normas de transição e dá outras providências. ressalvado o direito de opção a aposentadoria pelas normas
As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fede- por ela estabelecidas para o regime geral de previdência
ral, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Fede- social, é assegurado o direito à aposentadoria ao segurado
ral, promulgam a seguinte emenda ao texto constitucio- que se tenha filiado ao regime geral de previdência social,
nal: até a data de publicação desta Emenda, quando, cumulati-
vamente, atender aos seguintes requisitos:
I - contar com cinqüenta e três anos de idade, se homem, e
Art. 1º (Alterações já inseridas no texto Constitucional).
quarenta e oito anos de idade, se mulher; e
Art. 2º (Alterações já inseridas no texto Constitucional).
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma
Art. 3º É assegurada a concessão de aposentadoria e pen- de:
são, a qualquer tempo, aos servidores públicos e aos segu-
a) trinta e cinco anos, se homem, e trinta anos, se mulher; e
rados do regime geral de previdência social, bem como aos
seus dependentes, que, até a data da publicação desta b) um período adicional de contribuição equivalente a vinte
Emenda, tenham cumprido os requisitos para a obtenção por cento do tempo que, na data da publicação desta E-
destes benefícios, com base nos critérios da legislação menda, faltaria para atingir o limite de tempo constante da
então vigente. alínea anterior.
§ 1º O servidor de que trata este artigo, que tenha comple- § 1º O segurado de que trata este artigo, desde que atendi-
tado as exigências para aposentadoria integral e que opte do o disposto no inciso I do caput, e observado o disposto
por permanecer em atividade fará jus à isenção da contribu- no art. 4º desta Emenda, pode aposentar-se com valores
ição previdenciária até completar as exigências para apo- proporcionais ao tempo de contribuição, quando atendidas
sentadoria contidas no art. 40, § 1º, III, “a”, da Constituição as seguintes condições:
Federal. I - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma
§ 2º Os proventos da aposentadoria a ser concedida aos de:
servidores públicos referidos no caput, em termos integrais a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e
ou proporcionais ao tempo de serviço já exercido até a data b) um período adicional de contribuição equivalente a qua-
de publicação desta Emenda, bem como as pensões de renta por cento do tempo que, na data da publicação desta
seus dependentes, serão calculados de acordo com a legis- Emenda, faltaria para atingir o limite de tempo constante da
lação em vigor à época em que foram atendidas as prescri- alínea anterior;
ções nela estabelecidas para a concessão destes benefícios II - o valor da aposentadoria proporcional será equivalente a
ou nas condições da legislação vigente. setenta por cento do valor da aposentadoria a que se refere
§ 3º São mantidos todos os direitos e garantias assegura- o caput, acrescido de cinco por cento por ano de contribui-
dos nas disposições constitucionais vigentes à data de pu- ção que supere a soma a que se refere o inciso anterior, até
blicação desta Emenda aos servidores e militares, inativos e o limite de cem por cento.
pensionistas, aos anistiados e aos ex-combatentes, assim § 2º O professor que, até a data da publicação desta Emen-
como àqueles que já cumpriram, até aquela data, os requisi- da, tenha exercido atividade de magistério e que opte por
tos para usufruírem tais direitos, observado o disposto no aposentar-se na forma do disposto no caput, terá o tempo
art. 37, XI, da Constituição Federal. de serviço exercido até a publicação desta Emenda contado
Art. 4º Observado o disposto no art. 40, § 10, da Constitui- com o acréscimo de dezessete por cento, se homem, e de
ção Federal, o tempo de serviço considerado pela legislação vinte por cento, se mulher, desde que se aposente, exclusi-
vigente para efeito de aposentadoria, cumprido até que a lei vamente, com tempo de efetivo exercício de atividade de
discipline a matéria, será contado como tempo de contribui- magistério.
ção. Art. 10. (Revogado pela Emenda Constitucional n° 41, de
Art. 5º O disposto no art. 202, § 3º, da Constituição Federal, 2003).
quanto à exigência de paridade entre a contribuição da pa- Art. 11. A vedação prevista no art. 37, § 10, da Constituição
trocinadora e a contribuição do segurado, terá vigência no Federal, não se aplica aos membros de poder e aos inati-
prazo de dois anos a partir da publicação desta Emenda, vos, servidores e militares, que, até a publicação desta E-
ou, caso ocorra antes, na data de publicação da lei com- menda, tenham ingressado novamente no serviço público
plementar a que se refere o § 4º do mesmo artigo. por concurso público de provas ou de provas e títulos, e
Art. 6º As entidades fechadas de previdência privada patro- pelas demais formas previstas na Constituição Federal,
cinadas por entidades públicas, inclusive empresas públicas sendo-lhes proibida a percepção de mais de uma aposenta-
e sociedades de economia mista, deverão rever, no prazo doria pelo regime de previdência a que se refere o art. 40 da
de dois anos, a contar da publicação desta Emenda, seus Constituição Federal, aplicando-se-lhes, em qualquer hipó-
planos de benefícios e serviços, de modo a ajustá-los atua- tese, o limite de que trata o § 11 deste mesmo artigo.
rialmente a seus ativos, sob pena de intervenção, sendo Art. 12. Até que produzam efeitos as leis que irão dispor
seus dirigentes e os de suas respectivas patrocinadoras sobre as contribuições de que trata o art. 195 da Constitui-
responsáveis civil e criminalmente pelo descumprimento do ção Federal, são exigíveis as estabelecidas em lei, destina-
disposto neste artigo. das ao custeio da seguridade social e dos diversos regimes
Art. 7º Os projetos das leis complementares previstas no previdenciários.
art. 202 da Constituição Federal deverão ser apresentados Art. 13. Até que a lei discipline o acesso ao salário-família e
auxílio-reclusão para os servidores, segurados e seus de-

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pendentes, esses benefícios serão concedidos apenas à- EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 41, DE 19 DE DEZEM-
queles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ BRO DE 2003
360,00 (trezentos e sessenta reais), que, até a publicação
da lei, serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos Modifica os arts. 37, 40, 42, 48, 96, 149 e 201 da Consti-
benefícios do regime geral de previdência social. tuição Federal, revoga o inciso IX do § 3 do art. 142 da
Art. 14. O limite máximo para o valor dos benefícios do Constituição Federal e dispositivos da Emenda Consti-
regime geral de previdência social de que trata o art. 201 da tucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, e dá outras
Constituição Federal é fixado em R$ 1.200,00 (um mil e providências.
duzentos reais), devendo, a partir da data da publicação As MESAS da CÂMARA DOS DEPUTADOS e do SENA-
desta Emenda, ser reajustado de forma a preservar, em DO FEDERAL, nos termos do § 3 do art. 60 da Constitu-
caráter permanente, seu valor real, atualizado pelos mes- ição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto
mos índices aplicados aos benefícios do regime geral de constitucional:
previdência social.
Art. 1º (Alterações já inseridas no texto Constitucional).
Art. 15. Até que a lei complementar a que se refere o art.
Art. 2º Observado o disposto no art. 4º da Emenda Consti-
201, § 1º, da Constituição Federal, seja publicada, perma-
tucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, é assegurado o
nece em vigor o disposto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8213,
direito de opção pela aposentadoria voluntária com proven-
de 24 de julho de 1991, na redação vigente à data da publi-
tos calculados de acordo com o art. 40, §§ 3º e 17, da Cons-
cação desta Emenda.
tituição Federal, àquele que tenha ingressado regularmente
Art. 16. Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data em cargo efetivo na Administração Pública direta, autárqui-
de sua publicação. ca e fundacional, até a data de publicação daquela Emenda,
Art. 17. Revoga-se o inciso II do § 2º do art. 153 da Consti- quando o servidor, cumulativamente:
tuição Federal. I - tiver cinqüenta e três anos de idade, se homem, e qua-
Brasília, 15 de dezembro de 1998. renta e oito anos de idade, se mulher;
II - tiver cinco anos de efetivo exercício no cargo em que se
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 32, DE 11 DE SETEM- der a aposentadoria;
BRO DE 2001 III - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma
de:
Altera dispositivos dos arts. 48, 57, 61, 62, 64, 66, 84, 88 a) trinta e cinco anos, se homem, e trinta anos, se mulher; e
e 246 da Constituição Federal, e dá outras providências. b) um período adicional de contribuição equivalente a vinte
As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fede- por cento do tempo que, na data de publicação daquela
ral, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Fede- Emenda, faltaria para atingir o limite de tempo constante da
ral, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitu- alínea a deste inciso.
cional: § 1 º O servidor de que trata este artigo que cumprir as exi-
Art. 1º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). gências para aposentadoria na forma do caput terá os seus
Art. 2º As medidas provisórias editadas em data anterior à proventos de inatividade reduzidos para cada ano antecipa-
da publicação desta emenda continuam em vigor até que do em relação aos limites de idade estabelecidos pelo art.
medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até 40, § 1º, III, a, e § 5º da Constituição Federal, na seguinte
deliberação definitiva do Congresso Nacional. proporção:
Art. 3º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data I - três inteiros e cinco décimos por cento, para aquele que
de sua publicação. completar as exigências para aposentadoria na forma do
Brasília, 11 de setembro de 2001 caput até 31 de dezembro de 2005;
II - cinco por cento, para aquele que completar as exigên-
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 33, DE 11 DE DEZEM- cias para aposentadoria na forma do caput a partir de 1º de
BRO DE 2001 janeiro de 2006.
§ 2º Aplica-se ao magistrado e ao membro do Ministério
Altera os arts. 149, 155 e 177 da Constituição Federal.
Público e de Tribunal de Contas o disposto neste artigo.
As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fede- § 3º Na aplicação do disposto no § 2º deste artigo, o magis-
ral, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Fede- trado ou o membro do Ministério Público ou de Tribunal de
ral, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitu-
Contas, se homem, terá o tempo de serviço exercido até a
cional:
data de publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 15
de dezembro de 1998, contado com acréscimo de dezesse-
Art. 1º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). te por cento, observado o disposto no § 1º deste artigo.
Art. 2º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). § 4º O professor, servidor da União, dos Estados, do Distrito
Art. 3º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fun-
Art. 4º Enquanto não entrar em vigor a lei complementar de dações, que, até a data de publicação da Emenda Constitu-
que trata o art. 155, § 2º, XII, h, da Constituição Federal, os cional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, tenha ingressado,
Estados e o Distrito Federal, mediante convênio celebrado regularmente, em cargo efetivo de magistério e que opte por
nos termos do § 2º, XII, g, do mesmo artigo, fixarão normas aposentar-se na forma do disposto no caput, terá o tempo
para regular provisoriamente a matéria. de serviço exercido até a publicação daquela Emenda con-
Art. 5º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data tado com o acréscimo de dezessete por cento, se homem, e
de sua promulgação. de vinte por cento, se mulher, desde que se aposente, ex-
Brasília, 11 de dezembro de 2001 clusivamente, com tempo de efetivo exercício nas funções
de magistério, observado o disposto no § 1º.

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§ 5º O servidor de que trata este artigo, que tenha comple- Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, que
tado as exigências para aposentadoria voluntária estabele- tenha ingressado no serviço público até a data de publica-
cidas no caput, e que opte por permanecer em atividade, ção desta Emenda poderá aposentar-se com proventos
fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da integrais, que corresponderão à totalidade da remuneração
sua contribuição previdenciária até completar as exigências do servidor no cargo efetivo em que se der a aposentadoria,
para aposentadoria compulsória contidas no art. 40, § 1º, II, na forma da lei, quando, observadas as reduções de idade e
da Constituição Federal. tempo de contribuição contidas no § 5º do art. 40 da Consti-
§ 6º Às aposentadorias concedidas de acordo com este tuição Federal, vier a preencher, cumulativamente, as se-
artigo aplica-se o disposto no art. 40, § 8º, da Constituição guintes condições:
Federal. I - sessenta anos de idade, se homem, e cinqüenta e cinco
Art. 3º É assegurada a concessão, a qualquer tempo, de anos de idade, se mulher;
aposentadoria aos servidores públicos, bem como pensão II - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta
aos seus dependentes, que, até a data de publicação desta anos de contribuição, se mulher;
Emenda, tenham cumprido todos os requisitos para obten- III - vinte anos de efetivo exercício no serviço público; e
ção desses benefícios, com base nos critérios da legislação IV - dez anos de carreira e cinco anos de efetivo exercício
então vigente. no cargo em que se der a aposentadoria.
§ 1º O servidor de que trata este artigo que opte por perma- Parágrafo único. Os proventos das aposentadorias conce-
necer em atividade tendo completado as exigências para didas conforme este artigo serão revistos na mesma propor-
aposentadoria voluntária e que conte com, no mínimo, vinte ção e na mesma data, sempre que se modificar a remune-
e cinco anos de contribuição, se mulher, ou trinta anos de ração dos servidores em atividade, na forma da lei, obser-
contribuição, se homem, fará jus a um abono de permanên- vado o disposto no art. 37, XI, da Constituição Federal.
cia equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária Art. 7º Observado o disposto no art. 37, XI, da Constituição
até completar as exigências para aposentadoria compulsó- Federal, os proventos de aposentadoria dos servidores
ria contidas no art. 40, § 1º, II, da Constituição Federal. públicos titulares de cargo efetivo e as pensões dos seus
§ 2º Os proventos da aposentadoria a ser concedida aos dependentes pagos pela União, Estados, Distrito Federal e
servidores públicos referidos no caput, em termos integrais Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, em frui-
ou proporcionais ao tempo de contribuição já exercido até a ção na data de publicação desta Emenda, bem como os
data de publicação desta Emenda, bem como as pensões proventos de aposentadoria dos servidores e as pensões
de seus dependentes, serão calculados de acordo com a dos dependentes abrangidos pelo art. 3º desta Emenda,
legislação em vigor à época em que foram atendidos os serão revistos na mesma proporção e na mesma data,
requisitos nela estabelecidos para a concessão desses sempre que se modificar a remuneração dos servidores em
benefícios ou nas condições da legislação vigente. atividade, sendo também estendidos aos aposentados e
Art. 4º Os servidores inativos e os pensionistas da União, pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posterior-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas mente concedidos aos servidores em atividade, inclusive
suas autarquias e fundações, em gozo de benefícios na quando decorrentes da transformação ou reclassificação do
data de publicação desta Emenda, bem como os alcança- cargo ou função em que se deu a aposentadoria ou que
dos pelo disposto no seu art. 3º, contribuirão para o custeio serviu de referência para a concessão da pensão, na forma
do regime de que trata o art. 40 da Constituição Federal da lei.
com percentual igual ao estabelecido para os servidores Art. 8º Até que seja fixado o valor do subsídio de que trata o
titulares de cargos efetivos. art. 37, XI, da Constituição Federal, será considerado, para
Parágrafo único. A contribuição previdenciária a que se os fins do limite fixado naquele inciso, o valor da maior re-
refere o caput incidirá apenas sobre a parcela dos proventos muneração atribuída por lei na data de publicação desta
e das pensões que supere: Emenda a Ministro do Supremo Tribunal Federal, a título de
I - cinqüenta por cento do limite máximo estabelecido para vencimento, de representação mensal e da parcela recebida
os benefícios do regime geral de previdência social de que em razão de tempo de serviço, aplicando-se como limite,
trata o art. 201 da Constituição Federal, para os servidores nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no
inativos e os pensionistas dos Estados, do Distrito Federal e Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbi-
dos Municípios; to do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais
II - sessenta por cento do limite máximo estabelecido para e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos
os benefícios do regime geral de previdência social de que Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noven-
trata o art. 201 da Constituição Federal, para os servidores ta inteiros e vinte e cinco centésimos por cento da maior
inativos e os pensionistas da União. remuneração mensal de Ministro do Supremo Tribunal Fe-
Art. 5º O limite máximo para o valor dos benefícios do regi- deral a que se refere este artigo, no âmbito do Poder Judici-
me geral de previdência social de que trata o art. 201 da ário, aplicável este limite aos membros do Ministério Públi-
Constituição Federal é fixado em R$ 2.400,00 (dois mil e co, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
quatrocentos reais), devendo, a partir da data de publicação Art. 9º Aplica-se o disposto no art. 17 do Ato das Disposi-
desta Emenda, ser reajustado de forma a preservar, em ções Constitucionais Transitórias aos vencimentos, remune-
caráter permanente, seu valor real, atualizado pelos mes- rações e subsídios dos ocupantes de cargos, funções e
mos índices aplicados aos benefícios do regime geral de empregos públicos da administração direta, autárquica e
previdência social. fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da
Art. 6º Ressalvado o direito de opção à aposentadoria pelas União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
normas estabelecidas pelo art. 40 da Constituição Federal dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
ou pelas regras estabelecidas pelo art. 2º desta Emenda, o políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remune-
servidor da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

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ratória percebidos cumulativamente ou não, incluídas as Altera o Sistema Tributário Nacional e dá outras provi-
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza. dências.
Art. 10. (Alterações já inseridas no texto Constitucional). As MESAS da CÂMARA DOS DEPUTADOS e do SENA-
Art. 11. Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data DO FEDERAL, nos termos do § 3º do art. 60 da Constitu-
de sua publicação. ição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto
Brasília, em 19 de dezembro de 2003. constitucional:

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 42, DE 19 DE DEZEM- Art. 1º O inciso III do art. 159 da Constituição passa a vigo-
BRO DE 2003 rar com a seguinte redação: (Alterações já inseridas no
texto Constitucional)
Art. 2º Esta Emenda à Constituição entra em vigor na data
Altera o Sistema Tributário Nacional e dá outras provi-
de sua publicação.
dências.
Brasília, 30 de junho de 2004.
As MESAS da CÂMARA DOS DEPUTADOS e do SENA-
DO FEDERAL, nos termos do § 3º do art. 60 da Constitu-
ição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45, DE 08 DE DEZEM-
constitucional: BRO DE 2004.

Art. 1º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). Altera dispositivos dos arts. 5º, 36, 52, 92, 93, 95, 98, 99,
Art. 2º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). 102, 103, 104, 105, 107, 109, 111, 112, 114, 115, 125, 126,
Art. 3º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). 127, 128, 129, 134 e 168 da Constituição Federal, e a-
Art. 4º Os adicionais criados pelos Estados e pelo Distrito crescenta os arts. 103-A, 103-B, 111-A e 130-A, e dá
Federal até a data da promulgação desta Emenda, naquilo outras providências.
em que estiverem em desacordo com o previsto nesta E- As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fede-
menda, na Emenda Constitucional nº 31, de 14 de dezem- ral, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Fede-
bro de 2000, ou na lei complementar de que trata o art. 155, ral, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitu-
§ 2º, XII, da Constituição, terão vigência, no máximo, até o cional:
prazo previsto no art. 79 do Ato das Disposições Constitu-
cionais Transitórias. Art. 1º Os arts. 5º, 36, 52, 92, 93, 95, 98, 99, 102, 103, 104,
Art. 5º O Poder Executivo, em até sessenta dias contados 105, 107, 109, 111, 112, 114, 115, 125, 126, 127, 128, 129,
da data da promulgação desta Emenda, encaminhará ao 134 e 168 da Constituição Federal passam a vigorar com a
Congresso Nacional projeto de lei, sob o regime de urgência seguinte redação: (Alterações já inseridas no texto Constitu-
constitucional, que disciplinará os benefícios fiscais para a cional)
capacitação do setor de tecnologia da informação, que vige- Art. 2º A Constituição Federal passa a vigorar acrescida dos
rão até 2019 nas condições que estiverem em vigor no ato seguintes arts. 103-A, 103-B, 111-A e 130-A: (Alterações já
da aprovação desta Emenda. inseridas no texto Constitucional)
Art. 6º (Alterações já inseridas no texto Constitucional). Art. 3º A lei criará o Fundo de Garantia das Execuções
Brasília, em 19 de dezembro de 2003. Trabalhistas, integrado pelas multas decorrentes de conde-
nações trabalhistas e administrativas oriundas da fiscaliza-
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 43, DE 15 DE ABRIL DE ção do trabalho, além de outras receitas.
2004 Art. 4º Ficam extintos os tribunais de Alçada, onde houver,
passando os seus membros a integrar os Tribunais de Jus-
tiça dos respectivos Estados, respeitadas a antiguidade e
Altera o art. 42 do Ato das Disposições Constitucionais classe de origem.
Transitórias, prorrogando, por 10 (dez) anos, a aplica-
Parágrafo único. No prazo de cento e oitenta dias, contado
ção, por parte da União, de percentuais mínimos do da promulgação desta Emenda, os Tribunais de Justiça, por
total dos recursos destinados à irrigação nas Regiões ato administrativo, promoverão a integração dos membros
Centro-Oeste e Nordeste. dos tribunais extintos em seus quadros, fixando-lhes a com-
As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fede- petência e remetendo, em igual prazo, ao Poder Legislativo,
ral, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Fede- proposta de alteração da organização e da divisão judiciária
ral, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitu- correspondentes, assegurados os direitos dos inativos e
cional: pensionistas e o aproveitamento dos servidores no Poder
Judiciário estadual.
Art. 1º O caput do art. 42 do Ato das Disposições Constitu- Art. 5º O Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Na-
cionais Transitórias passa a vigorar com a seguinte reda- cional do Ministério Público serão instalados no prazo de
ção: (Alterações já inseridas no texto Constitucional). cento e oitenta dias a contar da promulgação desta Emen-
Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data da, devendo a indicação ou escolha de seus membros ser
de sua publicação. efetuada até trinta dias antes do termo final.
Brasília, 15 de abril de 2004. § 1º Não efetuadas as indicações e escolha dos nomes para
os Conselhos Nacional de Justiça e do Ministério Público
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 44, DE 30 DE JUNHO DE dentro do prazo fixado no caput deste artigo, caberá, res-
2004 pectivamente, ao Supremo Tribunal Federal e ao Ministério
Público da União realizá-las.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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§ 2º Até que entre em vigor o Estatuto da Magistratura, o II - prejudicada substancialmente em suas condições de
Conselho Nacional de Justiça, mediante resolução, discipli- exploração econômica, caso seja o seu valor inferior ao da
nará seu funcionamento e definirá as atribuições do Minis- parte desapropriada.
tro-Corregedor. Art. 5° A petição inicial, além dos requisitos previstos no
Art. 6º O Conselho Superior da Justiça do Trabalho será Código de Processo Civil, conterá a oferta do preço e será
instalado no prazo de cento e oitenta dias, cabendo ao Tri- instruída com os seguintes documentos:
bunal Superior do Trabalho regulamentar seu funcionamen- I - texto do decreto declaratório de interesse social para fins
to por resolução, enquanto não promulgada a lei a que se de reforma agrária, publicado no Diário Oficial da União;
refere o art. 111-A, § 2º, II. II - certidões atualizadas de domínio e de ônus real do imó-
Art. 7º O Congresso Nacional instalará, imediatamente após vel;
a promulgação desta Emenda Constitucional, comissão III - documento cadastral do imóvel;
especial mista, destinada a elaborar, em cento e oitenta IV - laudo de vistoria e avaliação administrativa, que conte-
dias, os projetos de lei necessários à regulamentação da rá, necessariamente:
matéria nela tratada, bem como promover alterações na a) descrição do imóvel, por meio de suas plantas geral e de
legislação federal objetivando tornar mais amplo o acesso à situação, e memorial descritivo da área objeto da ação;
Justiça e mais célere a prestação jurisdicional.
b) relação das benfeitorias úteis, necessárias e voluptuárias,
Art. 8º As atuais súmulas do Supremo Tribunal Federal das culturas e pastos naturais e artificiais, da cobertura
somente produzirão efeito vinculante após sua confirmação florestal, seja natural ou decorrente de florestamento ou
por dois terços de seus integrantes e publicação na impren- reflorestamento, e dos semoventes;
sa oficial.
c) discriminadamente, os valores de avaliação da terra nua
Art. 9º São revogados o inciso IV do art. 36; a alínea h do e das benfeitorias indenizáveis.
inciso I do art. 102; o § 4º do art. 103; e os §§ 1º a 3º do art.
V - comprovante de lançamento dos Títulos da Dívida Agrá-
111.
ria correspondente ao valor ofertado para pagamento de
Art. 10 Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data terra nua; (Incluído pela LC 88, de 23.12.1996).
de sua publicação.
VI - comprovante de depósito em banco oficial, ou outro
Brasília, em 08 de dezembro de 2004. estabelecimento no caso de inexistência de agência na
localidade, à disposição do juízo, correspondente ao valor
LEI COMPLEMENTAR N° 76, DE 6 DE JULHO DE 1993 ofertado para pagamento das benfeitorias úteis e necessá-
rias. (Incluído pela LC 88, de 23.12.1996).
Dispõe sobre o procedimento contraditório especial, de Art. 6° O juiz, ao despachar a petição inicial, de plano ou no
rito sumário, para o processo de desapropriação de prazo máximo de quarenta e oito horas:
imóvel rural, por interesse social, para fins de reforma I - mandará imitir o autor na posse do imóvel; (Redação
agrária. dada pela LC 88, de 23.12.1996).
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- II - determinará a citação do expropriando para contestar o
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei pedido e indicar assistente técnico, se quiser; (Redação
Complementar: dada pela LC 88, de 23.12.1996).
Art. 1° O procedimento judicial da desapropriação de imó- III - expedirá mandado ordenando a averbação do ajuiza-
vel rural, por interesse social, para fins de reforma agrária, mento da ação no registro do imóvel expropriando, para
obedecerá ao contraditório especial, de rito sumário, previs- conhecimento de terceiros.
to nesta lei Complementar. § 1° Inexistindo dúvida acerca do domínio, ou de algum
Art. 2° A desapropriação de que trata esta lei Complemen- direito real sobre o bem, ou sobre os direitos dos titulares do
tar é de competência privativa da União e será precedida de domínio útil, e do domínio direto, em caso de enfiteuse ou
decreto declarando o imóvel de interesse social, para fins de aforamento, ou, ainda, inexistindo divisão, hipótese em que
reforma agrária. o valor da indenização ficará depositado à disposição do
§ 1° A ação de desapropriação, proposta pelo órgão federal juízo enquanto os interessados não resolverem seus confli-
executor da reforma agrária, será processada e julgada pelo tos em ações próprias, poderá o expropriando requerer o
juiz federal competente, inclusive durante as férias forenses. levantamento de oitenta por cento da indenização deposita-
§ 2° Declarado o interesse social, para fins de reforma agrá- da, quitado os tributos e publicados os editais, para conhe-
ria, fica o expropriante legitimado a promover a vistoria e a cimento de terceiros, a expensas do expropriante, duas
avaliação do imóvel, inclusive com o auxílio de força policial, vezes na imprensa local e uma na oficial, decorrido o prazo
mediante prévia autorização do juiz, responsabilizando-se de trinta dias. (Renumerado pela LC 88, de 23.12.1996).
por eventuais perdas e danos que seus agentes vierem a § 2° O Juiz poderá, para a efetivação da imissão na posse,
causar, sem prejuízo das sanções penais cabíveis. requisitar força policial. (Renumerado pela LC 88, de
Art. 3° A ação de desapropriação deverá ser proposta den- 23.12.1996).
tro do prazo de dois anos, contado da publicação do decreto § 3° No curso da ação poderá o Juiz designar, com o objeti-
declaratório. vo de fixar a prévia e justa indenização, audiência de conci-
Art. 4° Intentada a desapropriação parcial, o proprietário liação, que será realizada nos dez primeiros dias a contar
poderá requerer, na contestação, a desapropriação de todo da citação, e na qual deverão estar presentes o autor, o réu
o imóvel, quando a área remanescente ficar: e o Ministério Público. As partes ou seus representantes
legais serão intimadas via postal. (Incluído pela LC 88, de
I - reduzida a superfície inferior à da pequena propriedade
23.12.1996).
rural; ou

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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§ 4° Aberta a audiência, o Juiz ouvirá as partes e o Ministé- Art. 12. O juiz proferirá sentença na audiência de instrução
rio Público, propondo a conciliação. (Incluído pela LC 88, de e julgamento ou nos trinta dias subseqüentes, indicando os
23.12.1996). fatos que motivaram o seu convencimento.
§ 5° Se houver acordo, lavrar-se-á o respectivo termo, que § 1° Ao fixar o valor da indenização, o juiz considerará, além
será assinado pelas partes e pelo Ministério Público ou seus dos laudos periciais, outros meios objetivos de convenci-
representantes legais. (Incluído pela LC 88, de 23.12.1996). mento, inclusive a pesquisa de mercado.
§ 6° Integralizado o valor acordado, nos dez dias úteis sub- § 2° O valor da indenização correspon-derá ao valor apura-
seqüentes ao pactuado, o Juiz expedirá mandado ao regis- do na data da perícia, ou ao consignado pelo juiz, corrigido
tro imobiliário, determinando a matrícula do bem expropria- monetariamente até a data de seu efetivo pagamento.
do em nome do expropriante. (Incluído pela LC 88, de § 3° Na sentença, o juiz individualizará o valor do imóvel, de
23.12.1996). suas benfeitorias e dos demais componentes do valor da
§ 7° A audiência de conciliação não suspende o curso da indenização.
ação. (Incluído pela LC 88, de 23.12.1996). § 4° Tratando-se de enfiteuse ou aforamento, o valor da
Art. 7° A citação do expropriando será feita na pessoa do indenização será depositado em nome dos titulares do do-
proprietário do bem, ou de seu representante legal, obede- mínio útil e do domínio direto e disputado por via de ação
cido o disposto no art. 12 do Código de Processo Civil. própria.
§ 1° Em se tratando de enfiteuse ou aforamento, serão cita- Art. 13. Da sentença que fixar o preço da indenização cabe-
dos os titulares do domínio útil e do domínio direto, exceto rá apelação com efeito simplesmente devolutivo, quando
quando for contratante a União. interposta pelo expropriado e, em ambos os efeitos, quando
§ 2° No caso de espólio, inexistindo nventariante, a citação interposta pelo expropriante.
será feita na pessoa do cônjuge sobrevivente ou na de § 1° A sentença que condenar o expropriante, em quantia
qualquer herdeiro ou legatário que esteja na posse do imó- superior a cinqüenta por cento sobre o valor oferecido na
vel. inicial, fica sujeita a duplo grau de jurisdição.
§ 3° Serão intimados da ação os titulares de direitos reais § 2° No julgamento dos recursos decorrentes da ação de-
sobre o imóvel desapropriando. sapropriatória não haverá revisor.
§ 4° Serão ainda citados os confron-tantes que, na fase Art. 14. O valor da indenização, estabelecido por sentença,
administrativa do procedimento expropriatório, tenham, deverá ser depositado pelo expropriante à ordem do juízo,
fundamentadamente, contestado as divisas do imóvel ex- em dinheiro, para as benfeitorias úteis e necessárias, inclu-
propriando. sive culturas e pastagens artificiais e, em Títulos da Dívida
Art. 8° O autor, além de outras formas previstas na legisla- Agrária, para a terra nua.
ção processual civil, poderá requerer que a citação do ex- Art. 15. Em caso de reforma de sentença, com o aumento
propriando seja feita pelo correio, através de carta com do valor da indenização, o expropriante será intimado a
aviso de recepção, firmado pelo destinatário ou por seu depositar a diferença, no prazo de quinze dias.
representante legal. Art. 16. A pedido do expropriado, após o trânsito em julgado
Art. 9° A contestação deve ser oferecida no prazo de quinze da sentença, será levantada a indenização ou o depósito
dias se versar matéria de interesse da defesa, excluída a judicial, deduzidos o valor de tributos e multas incidentes
apreciação quanto ao interesse social declarado. sobre o imóvel, exigíveis até a data da imissão na posse
§ 1° Recebida a contestação, o juiz, se for o caso, determi- pelo expropriante.
nará a realização de prova pericial, adstrita a pontos impug- Art. 17. Efetuado ou não o levantamento, ainda que parcial,
nados do laudo de vistoria administrativa, a que se refere o da indenização ou do depósito judicial, será expedido em
art. 5º, inciso IV e, simultaneamente: favor do expropriante, no prazo de quarenta e oito horas,
I - designará o perito do juízo; mandado translativo do domínio para o Cartório do Registro
II - formulará os quesitos que julgar necessários; de Imóveis competente, sob a forma e para os efeitos da Lei
III - intimará o perito e os assistentes para prestar compro- de Registros Públicos. (Redação dada pela LC 88, de
misso, no prazo de cinco dias; 23.12.1996).
IV - intimará as partes para apresentar quesitos, no prazo Parágrafo único. O registro da propriedade nos cartórios
de dez dias. competentes far-se-á no prazo improrrogável de três dias,
§ 2° A prova pericial será concluída no prazo fixado pelo contado da data da apresentação do mandado. (Incluído
juiz, não excedente a sessenta dias, contado da data do pela LC 88, de 23.12.1996).
compromisso do perito. Art. 18. As ações concernentes à desapropriação de imóvel
Art. 10. Havendo acordo sobre o preço, este será homolo- rural, por interesse social, para fins de reforma agrária, têm
gado por sentença. caráter preferencial e prejudicial em relação a outras ações
referentes ao imóvel expropriando, e independem do paga-
Parágrafo único. Não havendo acordo, o valor que vier a
mento de preparo ou de emolumentos.
ser acrescido ao depósito inicial por força de laudo pericial
acolhido pelo Juiz será depositado em espécie para as ben- § 1° Qualquer ação que tenha por objeto o bem exproprian-
fei-torias, juntado aos autos o comprovante de lançamento do será distribuída, por dependência, à Vara Federal onde
de Títulos da Dívida Agrária para terra nua, como integrali- tiver curso a ação de desapropriação, determinando-se a
zação dos valores ofertados. (Incluído pela LC 88, de pronta intervenção da União.
23.12.1996). § 2° O Ministério Público Federal intervirá, obrigatoriamente,
Art. 11. A audiência de instrução e julgamento será realiza- após a manifestação das partes, antes de cada decisão
da em prazo não superior a quinze dias, a contar da conclu- manifestada no processo, em qualquer instância.
são da perícia. Art. 19. As despesas judiciais e os honorários do advogado
e do perito constituem encargos do sucumbente, assim
entendido o expropriado, se o valor da indenização for igual

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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ou inferior ao preço oferecido, ou o expropriante, na hipóte- b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias,
se de valor superior ao preço oferecido. fundações e empresas estatais dependentes;
§ 1° Os honorários do advogado do expropriado serão fixa- II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;
dos em até vinte por cento sobre a diferença entre o preço III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Con-
oferecido e o valor da indenização. tas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando hou-
§ 2° Os honorários periciais serão pagos em valor fixo, es- ver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas
tabelecido pelo juiz, atendida à complexidade do trabalho do Município.
desenvolvido. Art. 2° Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se
Art. 20. Em qualquer fase processual, mesmo após proferi- como:
da a sentença, compete ao juiz, a requerimento de qualquer I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Fe-
das partes, arbitrar valor para desmonte e transporte de deral e cada Município;
móveis e semoventes, a ser suportado, ao final, pelo expro- II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital
priante, e cominar prazo para que o promova o expropriado. social com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a
Art. 21. Os imóveis rurais desapropriados, uma vez regis- ente da Federação;
trados em nome do expropriante, não poderão ser objeto de III - empresa estatal dependente: empresa controlada que
ação reivindicatória. receba do ente controlador recursos financeiros para paga-
Art. 22. Aplica-se subsidiariamente ao procedimento de que mento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou
trata esta Lei Complementar, no que for compatível, o Códi- de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes
go de Processo Civil. de aumento de participação acionária;
Art. 23. As disposições desta lei complementar aplicam-se IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributá-
aos processos em curso, convalidados os atos já realizados. rias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuá-
Art. 24. Esta lei complementar entra em vigor na data de rias, de serviços, transferências correntes e outras receitas
sua publicação. também correntes, deduzidos:
Art. 25. Revogam-se as disposições em contrário e, em a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municí-
especial, o Decreto-Lei n° 554, de 25 de abril de 1969. pios por determinação constitucional ou legal, e as contribu-
Brasília, 6 de julho de 1993, 172° da Independência e 105° ições mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do
da República. art. 195, e no art. 239 da Constituição;
ITAMAR FRANCO b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por
determinação constitucional;
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição
LEI COMPLEMENTAR N° 101, DE 4 DE MAIO DE 2000
dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência
e assistência social e as receitas provenientes da compen-
Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a sação financeira citada no § 9º do art. 201 da Constituição.
responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providên- § 1° Serão computados no cálculo da receita corrente líqui-
cias. da os valores pagos e recebidos em decorrência da Lei
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996, e do
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei fundo previsto pelo art. 60 do Ato das Disposições Constitu-
Complementar: cionais Transitórias.
§ 2° Não serão considerados na receita corrente líquida do
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os
recursos recebidos da União para atendimento das despe-
Art. 1° Esta Lei Complementar estabelece normas de finan- sas de que trata o inciso V do § 1º do art. 19.
ças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão § 3° A receita corrente líquida será apurada somando-se as
fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constitui- receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze
ção. anteriores, excluídas as duplicidades.
§ 1° A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação CAPÍTULO II DO PLANEJAMENTO
planejada e transparente, em que se previnem riscos e cor-
rigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas Seção I Do Plano Plurianual
públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados Art. 3° (VETADO).
entre receitas e despesas e a obediência a limites e condi- Seção II Da Lei de Diretrizes Orçamentárias
ções no que tange a renúncia de receita, geração de despe- Art. 4° A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto
sas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas no § 2° do art. 165 da Constituição e:
consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por I - disporá também sobre:
antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição
a) equilíbrio entre receitas e despesas;
em Restos a Pagar.
b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada
§ 2° As disposições desta Lei Complementar obrigam a
nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo,
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
no art. 9º e no inciso II do § 1º do art. 31;
§ 3° Nas referências:
c) (VETADO).
I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-
d) (VETADO).
pios, estão compreendidos:
e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos
a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos
resultados dos programas financiados com recursos dos
os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério
orçamentos;
Público;
f) demais condições e exigências para transferências de
recursos a entidades públicas e privadas;

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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II - (VETADO). preços previsto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em
III - (VETADO). legislação específica.
§ 1° Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias § 4° É vedado consignar na lei orçamentária crédito com
Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada.
anuais, em valores correntes e constantes, relativas a recei- § 5° A lei orçamentária não consignará dotação para inves-
tas, despesas, resultados nominal e primário e montante da timento com duração superior a um exercício financeiro que
dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autori-
dois seguintes. ze a sua inclusão, conforme disposto no § 1º do art. 167 da
§ 2° O Anexo conterá, ainda: Constituição.
I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano § 6° Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na
anterior; lei orçamentária, as do Banco Central do Brasil relativas a
II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória pessoal e encargos sociais, custeio administrativo, inclusive
e metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pre- os destinados a benefícios e assistência aos servidores, e a
tendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios investimentos.
anteriores, e evidenciando a consistência delas com as Art. 6° (VETADO).
premissas e os objetivos da política econômica nacional; Art. 7° O resultado do Banco Central do Brasil, apurado
III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três após a constituição ou reversão de reservas, constitui recei-
exercícios, destacando a origem e a aplicação os recursos ta do Tesouro Nacional, e será transferido até o décimo dia
obtidos com a alienação de ativos; útil subseqüente à aprovação dos balanços semestrais.
IV - avaliação da situação financeira e atuarial: § 1° O resultado negativo constituirá obrigação do Tesouro
a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos para com o Banco Central do Brasil e será consignado em
servidores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador; dotação específica no orçamento.
b) dos demais fundos públicos e programas estatais de § 2° O impacto e o custo fiscal das operações realizadas
natureza atuarial; pelo Banco Central do Brasil serão demonstrados trimes-
V - demonstrativo da estimativa ecompensação da renúncia tralmente, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes
de receita e da margem de expansão das despesas obriga- orçamentárias da União.
tórias de caráter continuado. § 3° Os balanços trimestrais do Banco Central do Brasil
§ 3° A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de conterão notas explicativas sobre os custos da remuneração
Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingen- das disponibilidades do Tesouro Nacional e da manutenção
tes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, das reservas cambiais e a rentabilidade de sua carteira de
informando as providências a serem tomadas, caso se con- títulos, destacando os de emissão da União.
cretizem. Seção IV Da Execução Orçamentária e do Cumprimento
§ 4° A mensagem que encaminhar o projeto da União apre- das Metas
sentará, em anexo específico, os objetivos das políticas Art. 8° Até trinta dias após a publicação dos orçamentos,
monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentá-
as projeções para seus principais agregados e variáveis, e rias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4º,
ainda as metas de inflação, para o exercício subseqüente. o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e
Seção III Da Lei Orçamentária Anual o cronograma de execução mensal de desembolso.
Art. 5° O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a
forma compatível com o plano plurianual, com a lei de dire- finalidade específica serão utilizados exclusivamente para
trizes orçamentárias e com as normas desta Lei Comple- atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercí-
mentar: cio diverso daquele em que ocorrer o ingresso.
I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da Art. 9° Se verificado, ao final de um bimestre, que a realiza-
programação dos orçamentos com os objetivos e metas ção da receita poderá não comportar o cumprimento das
constantes do documento de que trata o § 1º do art. 4º; metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no
II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6° Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público
do art. 165 da Constituição, bem como das medidas de promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários,
compensação a renúncias de receita e ao aumento de des- nos trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e mo-
pesas obrigatórias de caráter continuado; vimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei
de diretrizes orçamentárias.
III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utiliza-
ção e montante, definido com base na receita corrente líqui- § 1° No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda
da, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos
destinada ao: foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções
efetivadas.
a) (VETADO).
§ 2° Não serão objeto de limitação as despesas que consti-
b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e
tuam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive
eventos fiscais imprevistos.
aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as
§ 1° Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.
ou contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da
§ 3° No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o
lei orçamentária anual.
Ministério Público não promoverem a limitação no prazo
§ 2° O refinanciamento da dívida pública constará separa- estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a
damente na lei orçamentária e nas de crédito adicional. limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados
§ 3° A atualização monetária do principal da dívida mobiliá- pela lei de diretrizes orçamentárias. (A eficácia deste pará-
ria refinanciada não poderá superar a variação do índice de

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grafo está suspensa por força de medida liminar concedida sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na
na ADIn nº 2.238-5, de 22.2.2001 (DOU de 21.5.2002). lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das
§ 4° Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o seguintes condições:
Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi
metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na
na comissão referida no § 1º do art. 166 da Constituição ou forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resulta-
equivalentenas Casas Legislativas estaduais e municipais. dos fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes
§ 5° No prazo de noventa dias após o encerramento de orçamentárias;
cada semestre, o Banco Central do Brasil apresentará, em II - estar acompanhada de medidas de compensação, no
reunião conjunta das comissões temáticas pertinentes do período mencionado no caput, por meio do aumento de
Congresso Nacional, avaliação do cumprimento dos objeti- receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da
vos e metas das políticas monetária, creditícia e cambial, evi base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contri-
denciando o impacto e o custo fiscal de suas operações e buição.
os resultados demonstrados nos balanços. § 1° A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio,
Art. 10. A execução orçamentária e financeira identificará crédito presumido, concessão de isenção em caráter não
os beneficiários de pagamento de sentenças judici ais, por geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cál-
meio de sistema de contabi lidade e administração financei- culo que implique redução discriminada de tributos ou con-
ra, para fins de observância da ordem cronológica determi- tribuições, e outros benefícios que correspondam a trata-
nada no art. 100 da Constituição. mento diferenciado.
CAPÍTULO III DA RECEITA PÚBLICA § 2° Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou
Seção I DaPrevisãoedaArrecadação benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da con-
dição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilida-
quando implementadas as medidas referidas no menciona-
de na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arreca-
do inciso.
dação de todos os tributos da competência constitucional do
§ 3° O disposto neste artigo não se aplica:
ente da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos
incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do
voluntárias para o ente que não observe o disposto no ca-
seu § 1º;
put, no que se refere aos impostos.
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas téc- II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao
dos respectivos custos de cobrança.
nicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na
legislação, da variação do índice de preços, do crescimento CAPÍTULO IV DA DESPESA PÚBLICA
econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão Seção I Da Geração da Despesa
acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últi- Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e
mos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou as-
que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas sunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts.
utilizadas. 16 e 17.
§ 1° Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação
só será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem governamental que acarrete aumento da despesa será a-
técnica ou legal. companhado de:
§ 2° O montante previsto para as receitas de operações de I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercí-
crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital cio em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;
constantes do projeto de lei orçamentária. (A eficácia deste II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento
parágrafo está suspensa por força de medida liminar conce- tem adequação orçamentária e financeira com a lei orça-
dida na Adin nº 2.238-5, de 9.5.2002 (DOU de 21.5.2002). mentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e
§ 3° O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição com a lei de diretrizes orçamentárias.
dos demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo § 1° Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:
trinta dias antes do prazo final para encaminhamento de I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto
suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida
das receitas para o exercício subseqüente, inclusive da por crédito genérico, de forma que somadas todas as des-
corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo. pesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas
Art. 13. No prazo previsto no art. 8°, as receitas previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limi-
serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimes- tes estabelecidos para o exercício;
trais de arrecadação, com a especificação, em separado, II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes
quando cabível, das medidas de combate à evasão e à orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretri-
sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas zes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instru-
para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do mentos e não infrinja qualquer de suas disposições.
montante dos créditos tributários passíveis de cobrança
§ 2° A estimativa de que trata o inciso I do caput será a-
administrativa.
companhada das premissas e metodologia de cálculo utili-
Seção II Da Renúncia de Receita zadas.
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefí- § 3° Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa consi-
cio de natureza tributária da qual decorra renúncia de recei- derada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de
ta deverá estar acompanhada de estimativa do impacto diretrizes orçamentárias.
orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar § 4° As normas do caput constituem condição prévia para:

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I - empenho e licitação de serviços, f ornecimento de bens exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir
ou execução de obras; discriminados:
II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § I - União: 50% (cinqüenta por cento);
3° do art. 182 da Constituição. II - Estados: 60% (sessenta por cento);
Subseção I Da Despesa Obrigatória de Caráter Continu- III - Municípios: 60% (sessenta por cento).
ado § 1° Na verificação do atendimento dos limites definidos
Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a neste artigo, não serão computadas as despesas:
despesa corr ente derivada de lei, medida provisória ou ato I - de indenização por demissão de servidores ou emprega-
administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação dos;
legal de sua execução por um período superior a dois exer- II - relativas a incentivos à demissão voluntária;
cícios. III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6°
§ 1° Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que do art. 57 da Constituição;
trata o caput deverão ser instruídos com a estima tiva pre- IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de
vista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recur- período anterior ao da apuração a que se refere o § 2º do
sos para seu custeio. art. 18;
§ 2° Para efeito do atendimento do § 1°, o ato será acom- V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Ama-
panhado de comprovação de que a despesa criada ou au- pá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela
mentada não afetará as metas de resultados fiscais previs- União na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constitu-
tas no anexo referido no § 1º do art. 4º, devendo seus efei- ição e do art. 31 da Emenda Constitucional no 19;
tos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensa dos VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo especí-
pelo aumento permanente de re ceita ou pela redução per- fico, custeadas por recursos provenientes:
manente de despesa. a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
§ 3° Para efeito do § 2°, considera-se aumento permanente b) da compensação financeira de que trata o § 9° do art.
de receita o p roveniente da elevação de alíquotas, amplia- 201 da Constituição;
ção da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo
contribuição. vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação
§ 4° A comprovação referida no § 2°, apresentada pelo pro- de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financei-
ponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo ro.
utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da § 2° Observado o disposto no inciso IV do § 1°, as despesas
despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão inclu-
de diretrizes orçamentárias. ídas no limite do respectivo Poder ou órgão referido no art.
§ 5° A despesa de que trata este artigo não será executada 20.
antes da implementação das medidas referidas no § 2º, as Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não pode-
quais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar. rá exceder os seguintes percentuais:
§ 6° O disposto no § 1° não se aplica às despesas destina- I - na esfera federal:
das ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remune- a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o
ração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Cons- Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;
tituição. b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
§ 7° Considera-se aumento de despesa a prorrogação da- c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para
quela criada por prazo determinado. o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as
Seção II Das Despesas com Pessoal despesas com pessoal decorrentes do que dispõem os
Subseção I Definições e Limites incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da
Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende- Emenda Constitucional no 19, repartidos de forma propor-
se como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos cional à média das despesas relativas a cada um destes
do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensi- dispositivos, em percentual da receita corrente líquida, veri-
onistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou ficadas nos três exercícios financeiros imediatamente ante-
empregos, civis, militares e de membros de Poder, com riores ao da publicação desta Lei Complementar;
quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público
e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da apo- da União;
sentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratifi- II - na esfera estadual:
cações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal
natureza, bem como encargos sociais e contribuições reco- de Contas do Estado;
lhidas pelo ente às entidades de previdência. b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
§ 1° Os valores dos contratos de terceirização de mão-de- c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;
obra que se referem à substituição de servidores e empre- d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Esta-
gados públicos serão contabilizados como “Outras Despe- dos;
sas de Pessoal”. III - na esfera municipal:
§ 2° A despesa total com pessoal será apurada somando-se a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal
a realizada no mês em referência com as dos onze imedia- de Contas do Município, quando houver;
tamente anteriores, adotando-se o regime de competência. b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo.
Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da § 1° Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os
Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período limites serão repartidos entre seus órgãos de forma propor-
de apuração e em cada ente da Federação, não poderá

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cional à média das des pesas com pessoal, em percentual V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no
da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios inciso II do § 6° do art. 57 da Constituição e as situações
financeiros ime diatamente anteriores ao da publicação previstas na lei de diretrizes orçamentárias.
desta Lei Complementar. Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão
§ 2° Para efeito deste artigo entende-se como órgão: referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mes-
I - o Ministério Público; mo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o
II- no Poder Lgislativo: percentual excedente terá de ser eliminado nos dois qua-
a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da drimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primei-
União; ro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos
b) Estadual, a Assembléia Legislativa e os Tribunais de §§ 3º e 4º do art. 169 da Constituição.
Contas; § 1° No caso do inciso I do § 3° do art. 169 da Constituição,
c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de o objetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção de car-
Contas do Distrito Federal; gos e funções quanto pela redução dos valores a eles atri-
buídos. (A eficácia da expressão “quanto pela redução dos
d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Con-
valores a eles atribuídos” constante neste parágrafo está
tas do Município, quando houver;
suspensa por força de medida liminar concedida na ADIn nº
III - no Poder Judiciário: 2.238-5, de 9.5.2002 (DOU de 21.5.2002).
a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição; § 2° É facultada a redução temporária da jornada de traba-
b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver. lho com adequação dos vencimentos à nova carga horária.
§ 3° Os limites para as despesas com pessoal do Poder (A eficácia deste parágrafo está suspensa por força de me-
Judiciário, a cargo da União por força do inciso XIII do art. dida liminar concedida na ADIn nº 2.238-5, de 9.5.2002
21 da Constituição, serão estabelecidos mediante aplicação (DOU de 21.5.2002).
da regra do § 1º. § 3° Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e
§ 4° Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos enquanto perdurar o excesso, o ente não poderá:
Municípios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do I - receber transferências voluntárias;
inciso II do caput serão, respectivamente, acrescidos e re-
II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;
duzidos em 0,4% (quatro décimos por cento).
III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destina-
§ 5° Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a das ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem
entrega dos recursos financeiros correspondentes à despe- à redução das despesas com pessoal.
sa total com pessoal por Poder e órgão será a resultante da
§ 4° As restrições do § 3° aplicam-se imediatamente se a
aplicação dos percentuais definidos neste artigo, ou aqueles
despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro qua-
fixados na lei de diretrizes orçamentárias.
drimestre do último ano do mandato dos titulares de Poder
Subseção II Do Controle da Despesa Total com Pessoal ou órgão referidos no art. 20.
Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento Seção III Das Despesas com a Seguridade Social
da despesa com pessoal e não atenda: Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade
I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indi-
e o disposto no inciso XIII do art. 37 e no § 1º do art. 169 da cação da fonte de custeio total, nos termos do § 5º do art.
Constituição; 195 da Constituição, atendidas ainda as exigências do art.
II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas 17.
com pessoal inativo. § 1° É dispensada da compensação referida no art. 17 o
Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de aumento de despesa decorrente de:
que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições
cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular de habilitação prevista na legislação pertinente;
do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20. II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços
Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabele- prestados;
cidos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada qua- III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de
drimestre. preservar o seu valor real.
Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder § 2° O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou serviço
a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao de saúde, previdência e assistência social, inclusive os des-
Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no tinados aos servidores públicos e militares, ativos e inativos,
excesso: e aos pensionistas.
I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequa- CAPÍTULO V DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS
ção de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de
Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se
sentença judicial ou de determinação legal ou contratual,
por transferência voluntária a entrega de recursos correntes
ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da
ou de capital a outro ente da Federação, a título de coope-
Constituição;
ração, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de
II - criação de cargo, emprego ou função; determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sis-
III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento tema Único de Saúde.
de despesa; § 1° São exigências para a realização de transferência vo-
IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação luntária, além das estabelecidas na lei de diretrizes orça-
de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decor- mentárias:
rente de aposentadoria ou falecimento de servidores das I - existência de dotação específica;
áreas de educação, saúde e segurança;
II - (VETADO).

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III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são ado-
Constituição; tadas as seguintes definições:
IV - comprovação, por parte do beneficiário, de: I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total,
a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do
empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos,
bem como quanto à prestação de contas de recursos ante- convênios ou tratados e da realização de operações de
riormente dele recebidos; crédito, para amortização em prazo superior a doze meses;
b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à edu- II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por
cação e à saúde; títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do
c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobili- Brasil, Estados e Municípios;
ária, de operações de crédito, inclusive por antecipação de III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido
receita, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa total em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite
com pessoal; de título, aquisição financiada de bens, recebimento anteci-
d) previsão orçamentária de contrapartida. pado de valores provenientes da venda a termo de bens e
§ 2° É vedada a utilização de recursos transferidos em fina- serviços, arrendamento mercantil e outras operações asse-
lidade diversa da pactuada. melhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros;
§ 3° Para fins da aplicação das sanções de suspensão de IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de
transferências voluntárias constantes desta Lei Complemen- obrigação financeira ou contratual assumida por ente da
tar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, Federação ou entidade a ele vinculada;
saúde e assistência social. V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos
CAPÍTULO VI DA DESTINAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS PARA para pagamento do principal acrescido da atualização mo-
O SETOR PRIVADO netária.
§ 1° Equipara-se a operação de crédito a assunção, o reco-
Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indireta-
nhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federa-
mente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de
ção, sem prejuízo do cumprimento das exigências dos arts.
pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica,
15 e 16.
atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes or-
çamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus cré- § 2° Será incluída na dívida pública consolidada da União a
ditos adicionais. relativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco
Central do Brasil.
§ 1° O disposto no caput aplica-se a toda a administração
indireta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, § 3° Também integram a dívida pública consolidada as ope-
exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as insti- rações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas re-
tuições financeiras e o Banco Central do Brasil. ceitas tenham constado do orçamento.
§ 2° Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, § 4° O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não
financiamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas excederá, ao término de cada exercício financeiro, o mon-
prorrogações e a composição de dívidas, a concessão de tante do final do exercício anterior, somado ao das opera-
subvenções e a participação em constituição ou aumento de ções de crédito autorizadas no orçamento para este efeito e
capital. efetivamente realizadas, acrescido de atualização monetá-
ria.
Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a
pessoa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle Seção II Dos Limites da Dívida Pública e das Operações
direto ou indireto, os encargos financeiros, comissões e de Crédito
despesas congêneres não serão inferiores aos definidos em Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta
lei ou ao custo de captação. Lei Complementar, o Presidente da República submeterá
Parágrafo único. Dependem de autorização em lei especí- ao:
fica as prorrogações e composições de dívidas decorrentes I - Senado Federal: proposta de limites globais para o mon-
de operações de crédito, bem como a concessão de em- tante da dívida consolidada da União, Estados e Municípios,
préstimos ou financiamentos em desacordo com o caput, cumprindo o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Consti-
sendo o subsídio correspondente consignado na lei orça- tuição, bem como de limites e condições relativos aos inci-
mentária. sos VII, VIII e IX do mesmo artigo;
Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser II - Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites
utilizados recursos públicos, inclusive de operações de cré- para o montante da dívida mobiliária federal a que se refere
dito, para socorrer instituições do Sistema Financeiro Na- o inciso XIV do art. 48 da Constituição, acompanhado da
cional, ainda que mediante a concessão de empréstimos de demonstração de sua adequação aos limites fixados para a
recuperação ou financiamentos para mudança de controle dívida consolidada da União, atendido o disposto no inciso I
acionário. do § 1º deste artigo.
§ 1° A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a § 1° As propostas referidas nos incisos I e II do caput e suas
cargo de fundos, e outros mecanismos, constituídos pelas alterações conterão:
instituições do Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei. I - demonstração de que os limites e condições guardam
§ 2° O disposto no caput não proíbe o Banco Central do coerência com as normas estabelecidas nesta Lei Comple-
Brasil de conceder às instituições financeiras operações de mentar e com os objetivos da política fiscal;
redesconto e de empréstimos de prazo inferior a trezentos e II - estimativas do impacto da aplicação dos limites a cada
sessenta dias. uma das três esferas de governo;
CAPÍTULO VII DA DÍVIDA E DO ENDIVIDAMENTO III - razões de eventual proposição de limites diferenciados
Seção I Definições Básicas por esfera de governo;

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IV - metodologia de apuração dos resultados primário e nômico e social da operação e o atendimento das seguintes
nominal. condições:
§ 2° As propostas mencionadas nos incisos I e II do caput I - existência de prévia e expressa autorização para a con-
também poderão ser apresentadas em termos de dívida tratação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicio-
líquida, evidenciando a forma e a metodologia de sua apu- nais ou lei específica;
ração. II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos
§ 3° Os limites de que tratam os incisos I e II do caput serão recursos provenientes da operação, exceto no caso de ope-
fixados em percentual da receita corrente líquida para cada rações por antecipação de receita;
esfera de governo e aplicados igualmente a todos os entes III - observância dos limites e condições fixados pelo Sena-
da Federação que a integrem, constituindo, para cada um do Federal;
deles, limites máximos. IV - autorização específica do Senado Federal, quando se
§ 4° Para fins de verificação do atendimento do limite, a tratar de operação de crédito externo;
apuração do montante da dívida consolidada será efetuada V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da
ao final de cada quadrimestre. Constituição;
§ 5° No prazo previsto no art. 5°, o Presidente da República VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta
enviará ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional, con- Lei Complementar.
forme o caso, proposta de manutenção ou alteração dos § 2° As operações relativas à dívida mobiliária federal auto-
limites e condições previstos nos incisos I e II do caput. rizadas, no texto da lei orçamentária ou de créditos adicio-
§ 6° Sempre que alterados os fundamentos das propostas nais, serão objeto de processo simplificado que atenda às
de que trata este artigo, em razão de instabilidade econômi- suas especificidades.
ca ou alterações nas políticas monetária ou cambial, o Pre- § 3° Para fins do disposto no inciso V do § 1°, considerar-
sidente da República poderá encaminhar ao Senado Fede- se-á, em cada exercício financeiro, o total dos recursos de
ral ou ao Congresso Nacional solicitação de revisão dos operações de crédito nele ingressados e o das despesas de
limites. capital executadas, observado o seguinte:
§ 7° Os precatórios judiciais não pagos durante a execução I - não serão computadas nas despesas de capital as reali-
do orçamento em que houverem sido incluídos integram a zadas sob a forma de empréstimo ou financiamento a con-
dívida consolidada, para fins de aplicação dos limites. tribuinte, com o intuito de promover incentivo fiscal, tendo
Seção III Da Recondução da Dívida aos Limites por base tributo de competência do ente da Federação, se
Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação resultar a diminuição, direta ou indireta, do ônus deste;
ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, II - se o empréstimo ou financiamento a que se refere o
deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subse- inciso I for concedido por instituição financeira controlada
qüentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte pelo ente da Federação, o valor da operação será deduzido
e cinco por cento) no primeiro. das despesas de capital;
§ 1° Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver III - (VETADO).
incorrido: § 4° Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Fede-
I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou ral e do Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda
externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvado o efetuará o registro eletrônico centralizado e atualizado das
refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária; dívidas públicas interna e externa, garantido o acesso públi-
II - obterá resultado primário necessário à recondução da co às informações, que incluirão:
dívida ao limite, promovendo, entre outras medidas, limita- I - encargos e condições de contra-tação;
ção de empenho, na forma do art. 9º. II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas consoli-
§ 2° Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e dada e mobiliária, operações de crédito e concessão de
enquanto perdurar o excesso, o ente ficará também impedi- garantias.
do de receber transferências voluntárias da União ou do § 5° Os contratos de operação de crédito externo não conte-
Estado. rão cláusula que importe na compensação automática de
§ 3° As restrições do § 1° aplicam-se imediatamente se o débitos e créditos.
montante da dívida exceder o limite no primeiro quadrimes- Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de
tre do último ano do mandato do Chefe do Poder Executivo. crédito com ente da Federação, exceto quando relativa à
§ 4° O Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, a dívida mobiliária ou à externa, deverá exigir comprovação
relação dos entes que tenham ultrapassado os limites das de que a operação atende às condições e limites estabele-
dívidas consolidada e mobiliária. cidos.
§ 5° As normas deste artigo serão observadas nos casos de § 1° A operação realizada com infração do disposto nesta
descumpri-mento dos limites da dívida mobiliária e das ope- Lei Complementar será considerada nula, procedendo-se ao
rações de crédito internas e externas. seu cancelamento, mediante a devolução do principal, ve-
Seção IV Das Operações de Crédito dados o pagamento de juros e demais encargos financeiros.
Subseção I Da Contratação § 2° Se a devolução não for efetuada no exercício de in-
gresso dos recursos, será consignada reserva específica na
Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento lei orçamentária para o exercício seguinte.
dos limites e condições relativos à realização de operações § 3° Enquanto não efetuado o cancelamento, a amortiza-
de crédito de cada ente da Federação, inclusive das empre- ção, ou constituída a reserva, aplicam-se as sanções previs-
sas por eles controladas, direta ou indiretamente. tas nos incisos do § 3º do art. 23.
§ 1° O ente interessado formalizará seu pleito fundamen- § 4° Também se constituirá reserva, no montante equivalen-
tando-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos, te ao excesso, se não atendido o disposto no inciso III do
demonstrando a relação custo-benefício, o interesse eco-

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art. 167 da Constituição, consideradas as disposições do § IV - estará proibida:
3º do art. 32. a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza
Subseção II Das Vedações não integralmente resgatada;
b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou
Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da
Prefeito Municipal.
dívida pública a partir de dois anos após a publicação desta
Lei Complementar. § 1° As operações de que trata este artigo não serão com-
putadas para efeito do que dispõe o inciso III do art. 167 da
Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre
Constituição, desde que liquidadas no prazo definido no
um ente da Federação, diretamente ou por intermédio de
inciso II do caput.
fundo, autarquia, fundação ou empresa estatal dependente,
e outro, inclusive suas entidades da administração indireta, § 2° As operações de crédito por antecipação de receita
ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou realizadas por Estados ou Municípios serão efetuadas me-
postergação de dívida contraída anteriormente. diante abertura de crédito junto à instituição financeira ven-
cedora em processo competitivo eletrônico promovido pelo
§ 1° Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as
Banco Central do Brasil.
operações entre instituição financeira estatal e outro ente da
Federação, inclusive suas entidades da administração indi- § 3° O Banco Central do Brasil manterá sistema de acom-
reta, que não se destinem a: panhamento e controle do saldo do crédito aberto e, no
caso de inobservância dos limites, aplicará as sanções ca-
I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;
bíveis à instituição credora.
II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria institui-
ção concedente. Subseção IV Das Operações com o Banco Central do
§ 2° O disposto no caput não impede Estados e Municípios Brasil
de comprar títulos da dívida da União como aplicação de Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Ban-
suas disponibilidades. co Central do Brasil está sujeito às vedações constantes do
Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma institui- art. 35 e mais às seguintes:
ção financeira estatal e o ente da Federação que a controle, I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no
na qualidade de beneficiário do empréstimo. mercado, ressalvado o disposto no § 2º deste artigo;
Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de institu-
financeira controlada de adquirir, no mercado, títulos da ição financeira ou não, de título da dívida de ente da Fede-
dívida pública para atender investimento de seus clientes, ração por título da dívida pública federal, bem como a ope-
ou títulos da dívida de emissão da União para aplicação de ração de compra e venda, a termo, daquele título, cujo efei-
recursos próprios. to final seja semelhante à permuta;
Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão veda- III - concessão de garantia.
dos: § 1° O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao estoque
I - captação de recursos a título de antecipação de receita de Letras do Banco Central do Brasil, Série Especial, exis-
de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha tente na carteira das instituições financeiras, que pode ser
ocorrido, sem prejuízo do disposto no § 7º do art. 150 da refinanciado mediante novas operações de venda a termo.
Constituição; § 2° O Banco Central do Brasil só poderá comprar direta-
II - recebimento antecipado de valores de empresa em que mente títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida
o Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria mobiliária federal que estiver vencendo na sua carteira.
do capital social com direito a voto, salvo lucros e dividen- § 3° A operação mencionada no § 2° deverá ser realizada à
dos, na forma da legislação; taxa média e condições alcançadas no dia, em leilão públi-
III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou co.
operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercado- § 4° É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida
rias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título pública federal existentes na carteira do Banco Central do
de crédito, não se aplicando esta vedação a empresas esta- Brasil, ainda que com cláusula de reversão, salvo para re-
tais dependentes; duzir a dívida mobiliária.
IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, Seção V Da Garantia e da Contragarantia
com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações
serviços. de crédito internas ou externas, observados o disposto nes-
Subseção III Das Operações de Crédito por Antecipação te artigo, as normas do art. 32 e, no caso da União, também
de Receita Orçamentária os limites e as condições estabelecidos pelo Senado Fede-
Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita ral.
destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercí- § 1° A garantia estará condicionada ao oferecimento de
cio financeiro e cumprirá as exigências mencionadas no art. contragarantia, em valor igual ou superior ao da garantia a
32 e mais as seguintes: ser concedida, e à adimplência da entidade que a pleitear
I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do relativamente a suas obrigações junto ao garantidor e às
exercício; entidades por este controladas, observado o seguinte:
II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos inci- I - não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do
dentes, até o dia dez de dezembro de cada ano; próprio ente;
III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Municí-
que não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente pre- pio, ou pelos Estados aos Municípios, poderá consistir na
fixada ou indexada à taxa básica financeira, ou à que vier a vinculação de receitas tributárias diretamente arrecadadas e
esta substituir; provenientes de transferências constitucionais, com outorga

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de poderes ao garantidor para retê-las e empregar o respec- § 2° É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata
tivo valor na liquidação da dívida vencida. o § 1° em:
§ 2° No caso de operação de crédito junto a organismo I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como
financeiro internacional, ou a instituição federal de crédito e em ações e outros papéis relativos às empresas controladas
fomento para o repasse de recursos externos, a União só pelo respectivo ente da Federação;
prestará garantia a ente que atenda, além do disposto no § II - empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao
1º, as exigências legais para o recebimento de transferên- Poder Público, inclusive a suas empresas controladas.
cias voluntárias. Seção II Da Preservação do Patrimônio Público
§ 3° (VETADO). Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada
§ 4° (VETADO). da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio
§ 5° É nula a garantia concedida acima dos limites fixados público para o financiamento de despesa corrente, salvo se
pelo Senado Federal. destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e
§ 6° É vedado às entidades da administração indireta, inclu- próprio dos servidores públicos.
sive suas empresas controladas e subsidiárias, conceder Art. 45. Observado o disposto no § 5° do art. 5°, a lei orça-
garantia, ainda que com recursos de fundos. mentária e as de créditos adicionais só incluirão novos pro-
§ 7° O disposto no § 6° não se aplica à concessão de ga- jetos após adequadamente atendidos os em andamento e
rantia por: contempladas as despesas de conservação do patrimônio
I - empresa controlada a subsidiária ou controlada sua, nem público, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes or-
à prestação de contragarantia nas mesmas condições; çamentárias.
II - instituição financeira a empresa nacional, nos termos da Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encami-
lei. nhará ao Legislativo, até a data do envio do projeto de lei de
§ 8° Excetua-se do disposto neste artigo a garantia presta- diretrizes orçamentárias, relatório com as informações ne-
da: cessárias ao cumprimento do disposto neste artigo, ao qual
I - por instituições financeiras estatais, que se submeterão será dada ampla divulgação.
às normas aplicáveis às instituições financeiras privadas, de Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de
acordo com a legislação pertinente; imóvel urbano expedido sem o atendimento do disposto no
II - pela União, na forma de lei federal, a empresas de natu- § 3º do art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial
reza financeira por ela controladas, direta e indiretamente, do valor da indenização.
quanto às operações de seguro de crédito à exportação. Seção III Das Empresas Controladas pelo Setor Público
§ 9° Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de Art. 47. A empresa controlada que firmar contrato de gestão
garantia prestada, a União e os Estados poderão condicio- em que se estabeleçam objetivos e metas de desempenho,
nar as transferências constitucionais ao ressarcimento da- na forma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentá-
quele pagamento. ria e financeira, sem prejuízo do disposto no inciso II do § 5º
§ 10. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada do art. 165 da Constituição.
pela União ou por Estado, em decorrência de garantia pres- Parágrafo único. A empresa controlada incluirá em seus
tada em operação de crédito, terá suspenso o acesso a balanços trimestrais nota explicativa em que informará:
novos créditos ou financiamentos até a total liquidação da I - fornecimento de bens e serviços ao controlador, com
mencionada dívida. respectivos preços e condições, comparando-os com os
Seção VI Dos Restos a Pagar praticados no mercado;
Art. 41. (VETADO). II - recursos recebidos do controlador, a qualquer título,
Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no especificando valor, fonte e destinação;
art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, III - venda de bens, prestação de serviços ou concessão de
contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida empréstimos e financiamentos com preços, taxas, prazos ou
integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem condições diferentes dos vigentes no mercado.
pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente dispo- CAPÍTULO IX DA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO
nibilidade de caixa para este efeito. Seção I Da Transparência da Gestão Fiscal
Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal,
caixa serão considerados os encargos e despesas compro-
aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios
missadas a pagar até o final do exercício.
eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis
CAPÍTULO VIII DA GESTÃO PATRIMONIAL de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o
Seção I Das Disponibilidades de Caixa respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execu-
Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federa- ção Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as ver-
ção serão depositadas conforme estabelece o § 3º do art. sões simplificadas desses documentos.
164 da Constituição. Parágrafo único. A transparência será assegurada também
§ 1° As disponibilidades de caixa dos regimes de previdên- mediante incentivo à participação popular e realização de
cia social, geral e próprio dos servidores públicos, ainda que audiências públicas, durante os processos de elaboração e
vinculadas a fundos específicos a que se referem os arts. de discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e
249 e 250 da Constituição, ficarão depositadas em conta orçamentos.
separada das demais disponibilidades de cada ente e apli- Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Exe-
cadas nas condições de mercado, com observância dos cutivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no res-
limites e condições de proteção e prudência financeira. pectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável
pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cida-
dãos e instituições da sociedade.

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Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá Art. 52. O relatório a que se refere o § 3° do art. 165 da
demonstrativos do Tesouro Nacional e das agências finan- Constituição abrangerá todos os Poderes e o Ministério
ceiras oficiais de fomento, incluído o Banco Nacional de Público, será publicado até trinta dias após o encerramento
Desenvolvimento Econômico e Social, especificando os de cada bimestre e composto de:
empréstimos e financiamentos concedidos com recursos I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria
oriundos dos orçamentos fiscal e da seguridade social e, no econômica, as:
caso das agências financeiras, avaliação circunstanciada do a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar,
impacto fiscal de suas atividades no exercício. bem como a previsão atualizada;
Seção II Da Escrituração e Consolidação das Contas b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dota-
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabili- ção para o exercício, a despesa liquidada e o saldo;
dade pública, a escrituração das contas públicas observará II - demonstrativos da execução das:
as seguintes: a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando
I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a
modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despe- receita realizada no bimestre, a realizada no exercício e a
sa obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma previsão a realizar;
individualizada; b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza
II - a despesa e a assunção de compromisso serão registra- da despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o
das segundo o regime de competência, apurando-se, em exercício, despesas empenhada e liquidada, no bimestre e
caráter complementar, o resultado dos fluxos financeiros no exercício;
pelo regime de caixa; c) despesas, por função e subfunção.
III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e § 1° Os valores referentes ao refinanciamento da dívida
conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, mobiliária constarão destacadamente nas receitas de ope-
fundo ou entidade da administração direta, autárquica e rações de crédito e nas despesas com amortização da dívi-
fundacional, inclusive empresa estatal dependente; da.
IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresen- § 2° O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujei-
tadas em demonstrativos financeiros e orçamentários espe- ta o ente às sanções previstas no § 2º do art. 51.
cíficos; Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrati-
V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a vos relativos a:
Pagar e as demais formas de financiamento ou assunção de I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no
compromissos junto a terceiros, deverão ser escrituradas de inciso IV do art. 2°, sua evolução, assim como a previsão de
modo a evidenciar o montante e a variação da dívida públi- seu desempenho até o final do exercício;
ca no período, detalhando, pelo menos, a natureza e o tipo II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o
de credor; inciso IV do art. 50;
VI - a demonstração das variações patrimoniais dará desta- III - resultados nominal e primário;
que à origem e ao destino dos recursos provenientes da IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4°;
alienação de ativos.
V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido
§ 1° No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão no art. 20, os valores inscritos, os pagamentos realizados e
as operações intragovernamentais. o montante a pagar.
§ 2° A edição de normas gerais para consolidação das con- § 1° O relatório referente ao último bimestre do exercício
tas públicas caberá ao órgão central de contabilidade da será acompanhado também de demonstrativos:
União, enquanto não implantado o conselho de que trata o
I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da
art. 67.
Constituição, conforme o § 3° do art. 32;
§ 3° A Administração Pública manterá sistema de custos
II - das projeções atuariais dos regimes de previdência soci-
que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão
al, geral e próprio dos servidores públicos;
orçamentária, financeira e patrimonial.
III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de
Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia
ativos e a aplicação dos recursos dela decorrentes.
trinta de junho, a consolidação, nacional e por esfera de
governo, das contas dos entes da Federação relativas ao § 2° Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:
exercício anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio I - da limitação de empenho;
eletrônico de acesso público. II - da frustração de receitas, especificando as medidas de
§ 1° Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas combate à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a ado-
ao Poder Executivo da União nos seguintes prazos: tar, e as ações de fiscalização e cobrança.
I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respec- Seção IV Do Relatório de Gestão Fiscal
tivo Estado, até trinta de abril; Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos
II - Estados, até trinta e um de maio. titulares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório
§ 2° O descumprimento dos prazos previstos neste artigo de Gestão Fiscal, assinado pelo:
impedirá, até que a situação seja regularizada, que o ente I - Chefe do Poder Executivo;
da Federação receba transferências voluntárias e contrate II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou ór-
operações de crédito, exceto as destinadas ao refinancia- gão decisório equivalente, conforme regimentos internos
mento do principal atualizado da dívida mobiliária. dos órgãos do Poder Legislativo;
Seção III Do Relatório Resumido da Execução Orçamen- III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho
tária de Administração ou órgão decisório equivalente, conforme
regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário;

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IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados. § 3° Será dada ampla divulgação dos resultados da apreci-
Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas ação das contas, julgadas ou tomadas.
autoridades responsáveis pela administração financeira e Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio
pelo controle interno, bem como por outras definidas por ato conclusivo sobre as contas no prazo de sessenta dias do
próprio de cada Poder ou órgão referido no art. 20. recebimento, se outro não estiver estabelecido nas constitu-
Art. 55. O relatório conterá: ições estaduais ou nas leis orgânicas municipais.
I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Com- § 1° No caso de Municípios que não sejam capitais e que
plementar, dos seguintes montantes: tenham menos de duzentos mil habitantes o prazo será de
a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e cento e oitenta dias.
pensionistas; § 2° Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso en-
b) dívidas consolidada e mobiliária; quanto existirem contas de Poder, ou órgão referido no art.
c) concessão de garantias; 20, pendentes de parecer prévio.
d) operações de crédito, inclusive por antecipação de recei- Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho
ta; da arrecadação em relação à previsão, destacando as pro-
e) despesas de que trata o inciso II do art. 4°; vidências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e
combate à sonegação, as ações de recuperação de créditos
II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar,
nas instâncias administrativa e judicial, bem como as de-
se ultrapassado qualquer dos limites;
mais medidas para incremento das receitas tributárias e de
III - demonstrativos, no último quadrimestre: contribuições.
a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um Seção VI Da Fiscalização da Gestão Fiscal
de dezembro;
b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas: Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio
dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de
1) liquidadas;
cada Poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumpri-
2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a mento das normas desta Lei Complementar, com ênfase no
uma das condições do inciso II do art. 41; que se refere a:
3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes
saldo da disponibilidade de caixa; orçamentárias;
4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos II - limites e condições para realização de operações de
empenhos foram cancelados; crédito e inscrição em Restos a Pagar;
c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com
inciso IV do art. 38. pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23;
§ 1° O relatório dos titulares dos órgãos mencionados nos IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31,
incisos II, III e IV do art. 54 conterá apenas as informações para recondução dos montantes das dívidas consolidada e
relativas à alínea a do inciso I, e os documentos referidos mobiliária aos respectivos limites;
nos incisos II e III.
V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ati-
§ 2° O relatório será publicado até trinta dias após o encer- vos, tendo em vista as restrições constitucionais e as desta
ramento do período a que corresponder, com amplo acesso Lei Complementar;
ao público, inclusive por meio eletrônico.
VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos
§ 3° O descumprimento do prazo a que se refere o § 2° municipais, quando houver.
sujeita o ente à sanção prevista no § 2º do art. 51.
§ 1° Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos
§ 4° Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser referidos no art. 20 quando constatarem:
elaborados de forma padronizada, segundo modelos que
I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no
poderão ser atualizados pelo conselho de que trata o art.
inciso II do art. 4° e no art. 9°;
67.
II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapas-
Seção V Das Prestações de Contas
sou 90% (noventa por cento) do limite;
Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Execu- III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária,
tivo incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes das operações de crédito e da concessão de garantia se
dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe encontram acima de 90% (noventa por cento) dos respecti-
do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais recebe- vos limites;
rão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram
de Contas. acima do limite definido em lei;
§ 1° As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos
âmbito: programas ou indícios de irregularidades na gestão orça-
I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Fede- mentária.
ral e dos Tribunais Superiores, consolidando as dos respec- § 2° Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os
tivos tribunais; cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada
II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, Poder e órgão referido no art. 20.
consolidando as dos demais tribunais. § 3° O Tribunal de Contas da União acompanhará o cum-
§ 2° O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas primento do disposto nos §§ 2°, 3° e 4º do art. 39.
será proferido no prazo previsto no art. 57 pela comissão CAPÍTULO X DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
mista permanente referida no § 1º do art. 166 da Constitui-
ção ou equivalente das Casas Legislativas estaduais e mu- Art. 60. Lei estadual ou municipal poderá fixar limites inferi-
nicipais. ores àqueles previstos nesta Lei Complementar para as

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dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito e do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadu-
concessão de garantias. al por período igual ou superior a quatro trimestres.
Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente § 1° Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação
escriturados em sistema centralizado de liquidação e custó- real acumulada do Produto Interno Bruto inferior a 1% (um
dia, poderão ser oferecidos em caução para garantia de por cento), no período correspondente aos quatro últimos
empréstimos, ou em outras transações previstas em lei, trimestres.
pelo seu valor econômico, conforme definido pelo Ministério § 2° A taxa de variação será aquela apurada pela Fundação
da Fazenda. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgão
Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o custeio de que vier a substituí-la, adotada a mesma metodologia para
despesas de competência de outros entes da Federação se apuração dos PIB nacional, estadual e regional.
houver: § 3° Na hipótese do caput, continuarão a ser adotadas as
I - autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei medidas previstas no art. 22.
orçamentária anual; § 4° Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas na
II - convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua condução das políticas monetária e cambial, reconhecidas
legislação. pelo Senado Federal, o prazo referido no caput do art. 31
Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a poderá ser ampliado em até quatro quadrimestres.
cinqüenta mil habitantes optar por: Art. 67. O acompanhamento e a avaliação, de forma per-
I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4° do art. 30 ao final manente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal
do semestre; serão realizados por conselho de gestão fiscal, constituído
II - divulgar semestralmente: por representantes de todos os Poderes e esferas de Go-
a) (VETADO). verno, do Ministério Público e de entidades técnicas repre-
b) o Relatório de Gestão Fiscal; sentativas da sociedade, visando a:
c) os demonstrativos de que trata o art. 53; I - harmonização e coordenação entre os entes da Federa-
ção;
III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano plurianual,
o Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais da II - disseminação de práticas que resultem em maior eficiên-
lei de diretrizes orçamentárias e o anexo de que trata o cia na alocação e execução do gasto público, na arrecada-
inciso I do art. 5º a partir do quinto exercício seguinte ao da ção de receitas, no controle do endividamento e na transpa-
publicação desta Lei Complementar. rência da gestão fiscal;
§ 1° A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá III - adoção de normas de consolidação das contas públicas,
ser realizada em até trinta dias após o encerramento do padronização das prestações de contas e dos relatórios e
semestre. demonstrativos de gestão fiscal de que trata esta Lei Com-
plementar, normas e padrões mais simples para os peque-
§ 2° Se ultrapassados os limites relativos à despesa total
nos Municípios, bem como outros, necessários ao controle
com pessoal ou à dívida consolidada, enquanto perdurar
social;
esta situação, o Município ficará sujeito aos mesmos prazos
de verificação e de retorno ao limite definidos para os de- IV - divulgação de análises, estudos e diagnósticos.
mais entes. § 1° O conselho a que se refere o caput instituirá formas de
Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação premiação e reconhecimento público aos titulares de Poder
financeira aos Municípios para a modernização das respec- que alcançarem resultados meritórios em suas políticas de
tivas administrações tributária, financeira, patrimonial e pre- desenvolvimento social, conjugados com a prática de uma
videnciária, com vistas ao cumprimento das normas desta gestão fiscal pautada pelas normas desta Lei Complemen-
Lei Complementar. tar.
§ 1° A assistência técnica consistirá no treinamento e de- § 2° Lei disporá sobre a composição e a forma de funcio-
senvolvimento de recursos humanos e na transferência de namento do conselho.
tecnologia, bem como no apoio à divulgação dos instrumen- Art. 68. Na forma do art. 250 da Constituição, é criado o
tos de que trata o art. 48 em meio eletrônico de amplo aces- Fundo do Regime Geral de Previdência Social, vinculado ao
so público. Ministério da Previdência e Assistência Social, com a finali-
§ 2° A cooperação financeira compreenderá a doação de dade de prover recursos para o pagamento dos benefícios
bens e valores, o financiamento por intermédio das institui- do regime geral da previdência social.
ções financeiras federais e o repasse de recursos oriundos § 1° O Fundo será constituído de:
de operações externas. I - bens móveis e imóveis, valores e rendas do Instituto Na-
Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida cional do Seguro Social não utilizados na operacionalização
pelo Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas As- deste;
sembléias Legislativas, na hipótese dos Estados e Municí- II - bens e direitos que, a qualquer título, lhe sejam adjudi-
pios, enquanto perdurar a situação: cados ou que lhe vierem a ser vinculados por força de lei;
I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposi- III - receita das contribuições sociais para a seguridade
ções estabe-lecidas nos arts. 23 , 31 e 70; social, previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do art.
II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e 195 da Constituição;
a limitação de empenho prevista no art. 9º. IV - produto da liquidação de bens e ativos de pessoa física
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput no caso de ou jurídica em débito com a Previdência Social;
estado de defesa ou de sítio, decretado na forma da Consti- V - resultado da aplicação financeira de seus ativos;
tuição. VI - recursos provenientes do orçamento da União.
Art. 66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70 serão § 2° O Fundo será gerido pelo Instituto Nacional do Seguro
duplicados no caso de crescimento real baixo ou negativo Social, na forma da lei.

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Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou vier a instituir VIII - administradoras de mercado de balcão organizado;
regime próprio de previdência social para seus servidores IX - cooperativas de crédito;
conferir-lhe-á caráter contributivo e o organizará com base X - associações de poupança e empréstimo;
em normas de contabilidade e atuária que preservem seu XI - bolsas de valores e de mercadorias e futuros;
equilíbrio financeiro e atuarial. XII - entidades de liquidação e compensação;
Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20 cuja despesa XIII - outras sociedades que, em razão da natureza de suas
total com pessoal no exercício anterior ao da publicação operações, assim venham a ser consideradas pelo Conse-
desta Lei Complementar estiver acima dos limites estabele- lho Monetário Nacional.
cidos nos arts. 19 e 20 deverá enquadrar-se no respectivo
§ 2° As empresas de fomento comercial ou factoring, para
limite em até dois exercícios, eliminando o excesso, gradu-
os efeitos desta Lei Complementar, obedecerão às normas
almente, à razão de, pelo menos, 50% a.a. (cinqüenta por
aplicáveis às instituições financeiras previstas no § 1º.
cento ao ano), mediante a adoção, entre outras, das medi-
das previstas nos arts. 22 e 23. § 3° Não constitui violação do dever de sigilo:
Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput, no I - a troca de informações entre instituições financeiras, para
prazo fixado, sujeita o ente às sanções previstas no § 3º do fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco,
art. 23. observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário
Nacional e pelo Banco Central do Brasil;
Art. 71. Ressalvada a hipótese do inciso X do art. 37 da
Constituição, até o término do terceiro exercício financeiro II - o fornecimento de informações constantes de cadastro
seguinte à entrada em vigor desta Lei Complementar, a de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de de-
despesa total com pessoal dos Poderes e órgãos referidos vedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito,
no art. 20 não ultrapassará, em percentual da receita cor- observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário
rente líquida, a despesa verificada no exercício imediata- Nacional e pelo Banco Central do Brasil;
mente anterior, acrescida de até 10% (dez por cento), se III - o fornecimento das informações de que trata o § 2° do
esta for inferior ao limite definido na forma do art. 20. art. 11 da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996;
Art. 72. A despesa com serviços de terceiros dos Poderes e IV - a comunicação, às autoridades competentes, da prática
órgãos referidos no art. 20 não poderá exceder, em percen- de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o forneci-
tual da receita corrente líquida, a do exercício anterior à mento de informações sobre operações que envolvam re-
entrada em vigor desta Lei Complementar, até o término do cursos provenientes de qualquer prática criminosa;
terceiro exercício seguinte. V - a revelação de informações sigilosas com o consenti-
Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complemen- mento expresso dos interessados;
tar serão punidas segundo o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de VI - a prestação de informações nos termos e condições
dezembro de 1940 (Código Penal); a Lei nº 1.079, de 10 de estabelecidos nos artigos 2°, 3°, 4°, 5°, 6°, 7° e 9 desta Lei
abril de 1950; o Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro de Complementar.
1967; a Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992; e demais nor- § 4° A quebra de sigilo poderá ser decretada, quando ne-
mas da legislação pertinente. cessária para apuração de ocorrência de qualquer ilícito, em
Art. 74. Esta Lei Complementar entra em vigor na data da qualquer fase do inquérito ou do processo judicial, e especi-
sua publicação. almente nos seguintes crimes:
Art. 75. Revoga-se a Lei Complementar nº 96, de 31 de I - de terrorismo;
maio de 1999. II - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas
Brasília, 4 de maio de 2000; 179° da Independência e 112° afins;
da República. III - de contrabando ou tráfico de armas, munições ou mate-
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO rial destinado a sua produção;
IV - de extorsão mediante seqüestro;
LEI COMPLEMENTAR N° 105, DE 10 DE JANEIRO DE V - contra o sistema financeiro nacional;
2001 VI - contra a Administração Pública;
VII - contra a ordem tributária e a previdência social;
Dispõe sobre o sigilo das operações de instituições VIII - lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e
financeiras e dá outras providências. valores;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- IX - praticado por organização criminosa.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Art. 2° O dever de sigilo é extensivo ao Banco Central do
Complementar: Brasil, em relação às operações que realizar e às informa-
Art. 1° As instituições financeiras conservarão sigilo em ções que obtiver no exercício de suas atribuições.
suas operações ativas e passivas e serviços prestados. § 1° O sigilo, inclusive quanto a contas de depósitos, aplica-
§ 1° São consideradas instituições financeiras, para os efei- ções e investimentos mantidos em instituições financeiras,
tos desta Lei Complementar: não pode ser oposto ao Banco Central do Brasil:
I - os bancos de qualquer espécie; I - no desempenho de suas funções de fiscalização, com-
II - distribuidoras de valores mobiliários; preendendo a apuração, a qualquer tempo, de ilícitos prati-
cados por controladores, administradores, membros de
III - corretoras de câmbio e de valores mobiliários; conselhos estatutários, gerentes, mandatários e prepostos
de instituições financeiras;
IV - sociedades de crédito, financiamento e investimentos;
II - ao proceder a inquérito em instituição financeira subme-
V - sociedades de crédito imobiliário; tida a regime especial.
VI - administradoras de cartões de crédito;
VII - sociedades de arrendamento mercantil;

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§ 2° As comissões encarregadas dos inquéritos a que se mente, se fizerem necessários ao exercício de suas respec-
refere o inciso II do § 1° poderão examinar quaisquer docu- tivas competências constitucionais e legais.
mentos relativos a bens, direitos e obrigações das institui- § 1° As comissões parlamentares de inquérito, no exercício
ções financeiras, de seus controladores, administradores, de sua competência constitucional e legal de ampla investi-
membros de conselhos estatutários, gerentes, mandatários gação, obterão as informações e documentos sigilosos de
e prepostos, inclusive contas correntes e operações com que necessitarem, diretamente das instituições financeiras,
outras instituições financeiras. ou por intermédio do Banco Central do Brasil ou da Comis-
§ 3° O disposto neste artigo aplica-se à Comissão de Valo- são de Valores Mobiliários.
res Mobiliários, quando se tratar de fiscalização de opera- § 2° As solicitações de que trata este artigo deverão ser
ções e serviços no mercado de valores mobiliários, inclusive previamente aprovadas pelo Plenário da Câmara dos Depu-
nas instituições financeiras que sejam companhias abertas. tados, do Senado Federal, ou do plenário de suas respecti-
§ 4° O Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores vas comissões parlamentares de inquérito.
Mobiliários, em suas áreas de competência, poderão firmar Art. 5° O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à
convênios: periodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os
I - com outros órgãos públicos fiscalizadores de instituições quais as instituições financeiras informarão à administração
financeiras, objetivando a realização de fiscalizações con- tributária da União, as operações financeiras efetuadas
juntas, observadas as respectivas competências; pelos usuários de seus serviços.
II - com bancos centrais ou entidades fiscalizadoras de ou- § 1° Consideram-se operações financeiras, para os efeitos
tros países, objetivando: deste artigo:
a) a fiscalização de filiais e subsidiárias de instituições fi- I - depósitos à vista e a prazo, inclusive em conta de pou-
nanceiras estrangeiras, em funcionamento no Brasil e de pança;
filiais e subsidiárias, no exterior, de instituições financeiras II - pagamentos efetuados em moeda corrente ou em che-
brasileiras; ques;
b) a cooperação mútua e o intercâmbio de informações para III - emissão de ordens de crédito ou documentos asseme-
a investigação de atividades ou operações que impliquem lhados;
aplicação, negociação, ocultação ou transferência de ativos IV - resgates em contas de depósitos à vista ou a prazo,
financeiros e de valores mobiliários relacionados com a inclusive de poupança;
prática de condutas ilícitas. V - contratos de mútuo;
§ 5° O dever de sigilo de que trata esta Lei Complementar VI - descontos de duplicatas, notas promissórias e outros
estende-se aos órgãos fiscalizadores mencionados no § 4° títulos de crédito;
e a seus agentes. VII - aquisições e vendas de títulos de renda fixa ou variá-
§ 6° O Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores vel;
Mobiliários e os demais órgãos de fiscalização, nas áreas VIII - aplicações em fundos de investimentos;
de suas atribuições, fornecerão ao Conselho de Controle de
IX - aquisições de moeda estrangeira;
Atividades Financeiras - COAF, de que trata o art. 14 da Lei
nº 9.613, de 3 de março de 1998, as informações cadastrais X - conversões de moeda estrangeira em moeda nacional;
e de movimento de valores relativos às operações previstas XI - transferências de moeda e outros valores para o exteri-
no inciso I do art. 11 da referida Lei. or;
Art. 3° Serão prestadas pelo Banco Central do Brasil, pela XII - operações com ouro, ativo financeiro;
Comissão de Valores Mobiliários e pelas instituições finan- XIII - operações com cartão de crédito;
ceiras as informações ordenadas pelo Poder Judiciário, XIV - operações de arrendamento mercantil; e
preservado o seu caráter sigiloso mediante acesso restrito XV - quaisquer outras operações de natureza semelhante
às partes, que delas não poderão servir-se para fins estra- que venham a ser autorizadas pelo Banco Central do Brasil,
nhos à lide. Comissão de Valores Mobiliários ou outro órgão competen-
§ 1° Dependem de prévia autorização do Poder Judiciário a te.
prestação de informações e o fornecimento de documentos § 2° As informações transferidas na forma do caput deste
sigilosos solicitados por comissão de inquérito administrati- artigo restringir-se-ão a informes relacionados com a identi-
vo destinada a apurar responsabilidade de servidor público ficação dos titulares das operações e os montantes globais
por infração praticada no exercício de suas atribuições, ou mensalmente movimentados, vedada a inserção de qual-
que tenha relação com as atribuições do cargo em que se quer elemento que permita identificar a sua origem ou a
encontre investido. natureza dos gastos a partir deles efetuados.
§ 2° Nas hipóteses do § 1°, o requerimento de quebra de § 3° Não se incluem entre as informações de que trata este
sigilo independe da existência de processo judicial em cur- artigo as operações financeiras efetuadas pelas administra-
so. ções direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
§ 3° Além dos casos previstos neste artigo o Banco Central Federal e dos Municípios.
do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários fornecerão à § 4° Recebidas as informações de que trata este artigo, se
Advocacia-Geral da União as informações e os documentos detectados indícios de falhas, incorreções ou omissões, ou
necessários à defesa da União nas ações em que seja par- de cometimento de ilícito fiscal, a autoridade interessada
te. poderá requisitar as informações e os documentos de que
Art. 4° O Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores necessitar, bem como realizar fiscalização ou auditoria para
Mobiliários, nas áreas de suas atribuições, e as instituições a adequada apuração dos fatos.
financeiras fornecerão ao Poder Legislativo Federal as in- § 5° As informações a que refere este artigo serão conser-
formações e os documentos sigilosos que, fundamentada- vadas sob sigilo fiscal, na forma da legislação em vigor.

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Art. 6° As autoridades e os agentes fiscais tributários da Art. 13. Revoga-se o art. 38 da Lei nº 4.595, de 31 de de-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios zembro de 1964.
somente poderão examinar documentos, livros e registros Brasília, 10 de janeiro de 2001; 180° da Independência e
de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas 113° da República.
de depósitos e aplicações financeiras, quando houver pro- FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
cesso administrativo instaurado ou procedimento fiscal em
curso e tais exames sejam considerados indispensáveis LEI COMPLEMENTAR N° 109, DE 29 DE MAIO DE 2001
pela autoridade administrativa competente.
Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações
e os documentos a que se refere este artigo serão conser- Dispõe sobre o Regime de Previdência Complementar e
vados em sigilo, observada a legislação tributária. dá outras providências.
Art. 7° Sem prejuízo do disposto no § 3° do art. 2°, a Co- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
missão de Valores Mobiliários, instaurado inquérito adminis- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei
trativo, poderá solicitar à autoridade judiciária competente o Complementar:
levantamento do sigilo junto às instituições financeiras de
informações e documentos relativos a bens, direitos e obri- CAPÍTULO I INTRODUÇÃO
gações de pessoa física ou jurídica submetida ao seu poder Art. 1° O regime de previdência privada, de caráter com-
disciplinar. plementar e organizado de forma autônoma em relação ao
Parágrafo único. O Banco Central do Brasil e a Comissão regime geral de previdência social, é facultativo, baseado na
de Valores Mobiliários, manterão permanente intercâmbio constituição de reservas que garantam o benefício, nos
de informações acerca dos resultados das inspeções que termos do caput do art. 202 da Constituição Federal, obser-
realizarem, dos inquéritos que instaurarem e das penalida- vado o disposto nesta Lei Complementar.
des que aplicarem, sempre que as informações forem ne- Art. 2° O regime de previdência complementar é operado
cessárias ao desempenho de suas atividades. por entidades de previdência complementar que têm por
Art. 8° O cumprimento das exigências e formalidades pre- objetivo principal instituir e executar planos de benefícios de
vistas nos artigos 4°, 6° e 7°, será expressamente declarado caráter previdenciário, na forma desta Lei Complementar.
pelas autoridades competentes nas solicitações dirigidas ao Art. 3° A ação do Estado será exercida com o objetivo de:
Banco Central do Brasil, à Comissão de Valores Mobiliários I - formular a política de previdência complementar;
ou às instituições financeiras.
II - disciplinar, coordenar e supervisionar as atividades regu-
Art. 9° Quando, no exercício de suas atribuições, o Banco
ladas por esta Lei Complementar, compatibilizando-as com
Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários verifi-
as políticas previdenciária e de desenvolvimento social e
carem a ocorrência de crime definido em lei como de ação econômico-financeiro;
pública, ou indícios da prática de tais crimes, informarão ao
III - determinar padrões mínimos de segurança econômico-
Ministério Público, juntando à comunicação os documentos
financeira e atuarial, com fins específicos de preservar a
necessários à apuração ou comprovação dos fatos.
liquidez, a solvência e o equilíbrio dos planos de benefícios,
§ 1° A comunicação de que trata este artigo será efetuada isoladamente, e de cada entidade de previdência comple-
pelos Presidentes do Banco Central do Brasil e da Comis- mentar, no conjunto de suas atividades;
são de Valores Mobiliários, admitida delegação de compe-
IV - assegurar aos participantes e assistidos o pleno acesso
tência, no prazo máximo de quinze dias, a contar do rece-
às informações relativas à gestão de seus respectivos pla-
bimento do processo, com manifestação dos respectivos
nos de benefícios;
serviços jurídicos.
V - fiscalizar as entidades de previdência complementar,
§ 2° Independentemente do disposto no caput deste artigo,
suas operações e aplicar penalidades; e
o Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliá-
rios comunicarão aos órgãos públicos competentes as irre- VI - proteger os interesses dos participantes e assistidos
gularidades e os ilícitos administrativos de que tenham co- dos planos de benefícios.
nhecimento, ou indícios de sua prática, anexando os docu- Art. 4° As entidades de previdência complementar são clas-
mentos pertinentes. sificadas em fechadas e abertas, conforme definido nesta
Art. 10. A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas Lei Complementar.
nesta Lei Complementar, constitui crime e sujeita os res- Art. 5° A normatização, coordenação, supervisão, fiscaliza-
ponsáveis à pena de reclusão, de um a quatro anos, e mul- ção e controle das atividades das entidades de previdência
ta, aplicando-se, no que couber, o Código Penal, sem preju- complementar serão realizados por órgão ou órgãos regula-
ízo de outras sanções cabíveis. dor e fiscalizador, conforme disposto em lei, observado o
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem omitir, disposto no inciso VI do art. 84 da Constituição Federal.
retardar injustificadamente ou prestar falsamente as infor- CAPÍTULO II DOS PLANOS DE BENEFÍCIOS
mações requeridas nos termos desta Lei Complementar. Seção I Disposições Comuns
Art. 11. O servidor público que utilizar ou viabilizar a utiliza- Art. 6° As entidades de previdência complementar somente
ção de qualquer informação obtida em decorrência da que- poderão instituir e operar planos de benefícios para os quais
bra de sigilo de que trata esta Lei Complementar responde tenham autorização específica, segundo as normas aprova-
pessoal e diretamente pelos danos decorrentes, sem prejuí- das pelo órgão regulador e fiscalizador, conforme disposto
zo da responsabilidade objetiva da entidade pública, quando nesta Lei Complementar.
comprovado que o servidor agiu de acordo com orientação Art. 7° Os planos de benefícios atenderão a padrões míni-
oficial. mos fixados pelo órgão regulador e fiscalizador, com o obje-
Art. 12. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de tivo de assegurar transparência, solvência, liquidez e equilí-
sua publicação. brio econômico-financeiro e atuarial.

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Parágrafo único. O órgão regulador e fiscalizador normati- prévia autorização do órgão regulador e fiscalizador, con-
zará planos de benefícios nas modalidades de benefício forme regulamentação do Poder Executivo.
definido, contribuição definida e contribuição variável, bem § 1° Admitir-se-á solidariedade entre patrocinadores ou
como outras formas de planos de benefícios que reflitam a entre instituidores, com relação aos respectivos planos,
evolução técnica e possibilitem flexibilidade ao regime de desde que expressamente prevista no convênio de adesão.
previdência complementar. § 2° O órgão regulador e fiscalizador, dentre outros requisi-
Art. 8° Para efeito desta Lei Complementar, considera-se: tos, estabelecerá o número mínimo de participantes admiti-
I - participante, a pessoa física que aderir aos planos de do para cada modalidade de plano de benefício.
benefícios; e Art. 14. Os planos de benefícios deverão prever os seguin-
II - assistido, o participante ou seu beneficiário em gozo de tes institutos, observadas as normas estabelecidas pelo
benefício de prestação continuada. órgão regulador e fiscalizador:
Art. 9° As entidades de previdência complementar constitui- I - benefício proporcional diferido, em razão da cessação do
rão reservas técnicas, provisões e fundos, de conformidade vínculo empregatício com o patrocinador ou associativo com
com os critérios e normas fixados pelo órgão regulador e o instituidor antes da aquisição do direito ao benefício pleno,
fiscalizador. a ser concedido quando cumpridos os requisitos de elegibi-
§ 1° A aplicação dos recursos correspondentes às reservas, lidade;
às provisões e aos fundos de que trata o caput será feita II - portabilidade do direito acumulado pelo participante para
conforme diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário outro plano;
Nacional. III - resgate da totalidade das contribuições vertidas ao pla-
§ 2° É vedado o estabelecimento de aplicações compulsó- no pelo participante, descontadas as parcelas do custeio
rias ou limites mínimos de aplicação. administrativo, na forma regulamentada; e
Art. 10. Deverão constar dos regulamentos dos planos de IV - faculdade de o participante manter o valor de sua con-
benefícios, das propostas de inscrição e dos certificados de tribuição e a do patrocinador, no caso de perda parcial ou
participantes condições mínimas a serem fixadas pelo órgão total da remuneração recebida, para assegurar a percepção
regulador e fiscalizador. dos benefícios nos níveis correspondentes àquela remune-
§ 1° A todo pretendente será disponibilizado e a todo parti- ração ou em outros definidos em normas regulamentares.
cipante entregue, quando de sua inscrição no plano de be- § 1° Não será admitida a portabilidade na inexistência de
nefícios: cessação do vínculo empregatício do participante com o
I - certificado onde estarão indicados os requisitos que regu- patrocinador.
lam a admissão e a manutenção da qualidade de participan- § 2° O órgão regulador e fiscalizador estabelecerá período
te, bem como os requisitos de elegibilidade e forma de cál- de carência para o instituto de que trata o inciso II deste
culo dos benefícios; artigo.
II - cópia do regulamento atualizado do plano de benefícios § 3° Na regulamentação do instituto previsto no inciso II do
e material explicativo que descreva, em linguagem simples caput deste artigo, o órgão regulador e fiscalizador observa-
e precisa, as características do plano; rá, entre outros requisitos específicos, os seguintes:
III - cópia do contrato, no caso de plano coletivo de que trata I - se o plano de benefícios foi instituído antes ou depois da
o inciso II do art. 26 desta Lei Complementar; e publicação desta Lei Complementar;
IV - outros documentos que vierem a ser especificados pelo II - a modalidade do plano de benefícios.
órgão regulador e fiscalizador. § 4° O instituto de que trata o inciso II deste artigo, quando
§ 2° Na divulgação dos planos de benefícios, não poderão efetuado para entidade aberta, somente será admitido
ser incluídas informações diferentes das que figurem nos quando a integralidade dos recursos financeiros correspon-
documentos referidos neste artigo. dentes ao direito acumulado do participante for utilizada
Art. 11. Para assegurar compromissos assumidos junto aos para a contratação de renda mensal vitalícia ou por prazo
participantes e assistidos de planos de benefícios, as enti- determinado, cujo prazo mínimo não poderá ser inferior ao
dades de previdência complementar poderão contratar ope- período em que a respectiva reserva foi constituída, limitado
rações de resseguro, por iniciativa própria ou por determi- ao mínimo de quinze anos, observadas as normas estabe-
nação do órgão regulador e fiscalizador, observados o regu- lecidas pelo órgão regulador e fiscalizador.
lamento do respectivo plano e demais disposições legais e Art. 15. Para efeito do disposto no inciso II do caput do
regulamentares. artigo anterior, fica estabelecido que:
Parágrafo único. Fica facultada às entidades fechadas a I - a portabilidade não caracteriza resgate; e
garantia referida no caput por meio de fundo de solvência, a II - é vedado que os recursos financeiros correspondentes
ser instituído na forma da lei. transitem pelos participantes dos planos de benefícios, sob
Seção II Dos Planos de Benefícios de Entidades Fecha- qualquer forma.
das Parágrafo único. O direito acumulado corresponde às re-
Art. 12. Os planos de benefícios de entidades fechadas servas constituídas pelo participante ou à reserva matemáti-
poderão ser instituídos por patrocinadores e instituidores, ca, o que lhe for mais favorável.
observado o disposto no art. 31 desta Lei Complementar. Art. 16. Os planos de benefícios devem ser, obrigatoriamen-
Art. 13. A formalização da condição de patrocinador ou te, oferecidos a todos os empregados dos patrocinadores ou
instituidor de um plano de benefício dar-se-á mediante con- associados dos instituidores.
vênio de adesão a ser celebrado entre o patrocinador ou § 1° Para os efeitos desta Lei Complementar, são equipará-
instituidor e a entidade fechada, em relação a cada plano de veis aos empregados e associados a que se refere o caput
benefícios por esta administrado e executado, mediante os gerentes, diretores, conselheiros ocupantes de cargo
eletivo e outros dirigentes de patrocinadores e instituidores.

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§ 2° É facultativa a adesão aos planos a que se refere o Art. 21. O resultado deficitário nos planos ou nas entidades
caput deste artigo. fechadas será equacionado por patrocinadores, participan-
§ 3° O disposto no caput deste artigo não se aplica aos tes e assistidos, na proporção existente entre as suas con-
planos em extinção, assim considerados aqueles aos quais tribuições, sem prejuízo de ação regressiva contra dirigen-
o acesso de novos participantes esteja vedado. tes ou terceiros que deram causa a dano ou prejuízo à enti-
Art. 17. As alterações processadas nos regulamentos dos dade de previdência complementar.
planos aplicam-se a todos os participantes das entidades § 1° O equacionamento referido no caput poderá ser feito,
fechadas, a partir de sua aprovação pelo órgão regulador e dentre outras formas, por meio do aumento do valor das
fiscalizador, observado o direito acumulado de cada partici- contribuições, instituição de contribuição adicional ou redu-
pante. ção do valor dos benefícios a conceder, observadas as
Parágrafo único. Ao participante que tenha cumprido os normas estabelecidas pelo órgão regulador e fiscalizador.
requisitos para obtenção dos benefícios previstos no plano é § 2° A redução dos valores dos benefícios não se aplica aos
assegurada a aplicação das disposições regulamentares assistidos, sendo cabível, nesse caso, a instituição de con-
vigentes na data em que se tornou elegível a um benefício tribuição adicional para cobertura do acréscimo ocorrido em
de aposentadoria. razão da revisão do plano.
Art. 18. O plano de custeio, com periodicidade mínima anu- § 3° Na hipótese de retorno à entidade dos recursos equiva-
al, estabelecerá o nível de contribuição necessário à consti- lentes ao déficit previsto no caput deste artigo, em conse-
tuição das reservas garantidoras de benefícios, fundos, qüência de apuração de responsabilidade mediante ação
provisões e à cobertura das demais despesas, em confor- judicial ou administrativa, os respectivos valores deverão ser
midade com os critérios fixados pelo órgão regulador e fis- aplicados necessariamente na redução proporcional das
calizador. contribuições devidas ao plano ou em melhoria dos benefí-
§ 1° O regime financeiro de capitalização é obrigatório para cios.
os benefícios de pagamento em prestações que sejam pro- Art. 22. Ao final de cada exercício, coincidente com o ano
gramadas e continuadas. civil, as entidades fechadas deverão levantar as demonstra-
§ 2° Observados critérios que preservem o equilíbrio finan- ções contábeis e as avaliações atuariais de cada plano de
ceiro e atuarial, o cálculo das reservas técnicas atenderá às benefícios, por pessoa jurídica ou profissional legalmente
peculiaridades de cada plano de benefícios e deverá estar habilitado, devendo os resultados ser encaminhados ao
expresso em nota técnica atuarial, de apresentação obriga- órgão regulador e fiscalizador e divulgados aos participantes
tória, incluindo as hipóteses utilizadas, que deverão guardar e aos assistidos.
relação com as características da massa e da atividade Art. 23. As entidades fechadas deverão manter atualizada
desenvolvida pelo patrocinador ou instituidor. sua contabilidade, de acordo com as instruções do órgão
§ 3° As reservas técnicas, provisões e fundos de cada plano regulador e fiscalizador, consolidando a posição dos planos
de benefícios e os exigíveis a qualquer título deverão aten- de benefícios que administram e executam, bem como
der permanentemente à cobertura integral dos compromis- submetendo suas contas a auditores independentes.
sos assumidos pelo plano de benefícios, ressalvadas ex- Parágrafo único. Ao final de cada exercício serão elabora-
cepcionalidades definidas pelo órgão regulador e fiscaliza- das as demonstrações contábeis e atuariais consolidadas,
dor. sem prejuízo dos controles por plano de benefícios.
Art. 19. As contribuições destinadas à constituição de re- Art. 24. A divulgação aos participantes, inclusive aos assis-
servas terão como finalidade prover o pagamento de bene- tidos, das informações pertinentes aos planos de benefícios
fícios de caráter previdenciário, observadas as especificida- dar-se-á ao menos uma vez ao ano, na forma, nos prazos e
des previstas nesta Lei Complementar. pelos meios estabelecidos pelo órgão regulador e fiscaliza-
Parágrafo único. As contribuições referidas no caput classi- dor.
ficam-se em: Parágrafo único. As informações requeridas formalmente
I - normais, aquelas destinadas ao custeio dos benefícios pelo participante ou assistido, para defesa de direitos e
previstos no respectivo plano; e esclarecimento de situações de interesse pessoal específico
II - extraordinárias, aquelas destinadas ao custeio de défi- deverão ser atendidas pela entidade no prazo estabelecido
cits, serviço passado e outras finalidades não incluídas na pelo órgão regulador e fiscalizador.
contribuição normal. Art. 25. O órgão regulador e fiscalizador poderá autorizar a
Art. 20. O resultado superavitário dos planos de benefícios extinção de plano de benefícios ou a retirada de patrocínio,
das entidades fechadas, ao final do exercício, satisfeitas as ficando os patrocinadores e instituidores obrigados ao cum-
exigências regulamentares relativas aos mencionados pla- primento da totalidade dos compromissos assumidos com a
nos, será destinado à constituição de reserva de contingên- entidade relativamente aos direitos dos participantes, assis-
cia, para garantia de benefícios, até o limite de vinte e cinco tidos e obrigações legais, até a data da retirada ou extinção
por cento do valor das reservas matemáticas. do plano.
§ 1° Constituída a reserva de contingência, com os valores Parágrafo único. Para atendimento do disposto no caput
excedentes será constituída reserva especial para revisão deste artigo, a situação de solvência econômico-financeira e
do plano de benefícios. atuarial da entidade deverá ser atestada por profissional
§ 2° A não utilização da reserva especial por três exercícios devidamente habilitado, cujos relatórios serão encaminha-
consecutivos determinará a revisão obrigatória do plano de dos ao órgão regulador e fiscalizador.
benefícios da entidade. Seção III Dos Planos de Benefícios de Entidades Aber-
§ 3° Se a revisão do plano de benefícios implicar redução tas
de contribuições, deverá ser levada em consideração a Art. 26. Os planos de benefícios instituídos por entidades
proporção existente entre as contribuições dos patrocinado- abertas poderão ser:
res e dos participantes, inclusive dos assistidos.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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I - individuais, quando acessíveis a quaisquer pessoas físi- II - estabelecer as condições em que o órgão fiscalizador
cas; ou pode determinar a suspensão da comercialização ou a
II - coletivos, quando tenham por objetivo garantir benefícios transferência, entre entidades abertas, de planos de benefí-
previden-ciários a pessoas físicas vinculadas, direta ou cios; e
indiretamente, a uma pessoa jurídica contratante. III - fixar condições que assegurem transparência, acesso a
§ 1° O plano coletivo poderá ser contratado por uma ou informações e fornecimento de dados relativos aos planos
várias pessoas jurídicas. de benefícios, inclusive quanto à gestão dos respectivos
§ 2° O vínculo indireto de que trata o inciso II deste artigo recursos.
refere-se aos casos em que uma entidade representativa de Art. 30. É facultativa a utilização de corretores na venda dos
pessoas jurídicas contrate plano previdenciário coletivo para planos de benefícios das entidades abertas.
grupos de pessoas físicas vinculadas a suas filiadas. Parágrafo único. Aos corretores de planos de benefícios
§ 3° Os grupos de pessoas de que trata o parágrafo anterior aplicam-se a legislação e a regulamentação da profissão de
poderão ser constituídos por uma ou mais categorias espe- corretor de seguros.
cíficas de empregados de um mesmo empregador, podendo CAPÍTULO III DAS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA
abranger empresas coligadas, controladas ou subsidiárias, COMPLEMENTAR
e por membros de associações legalmente constituídas, de Art. 31. As entidades fechadas são aquelas acessíveis, na
caráter profissional ou classista, e seus cônjuges ou com- forma regulamentada pelo órgão regulador e fiscalizador,
panheiros e dependentes econômicos. exclusivamente:
§ 4° Para efeito do disposto no parágrafo anterior, são equi- I - aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas
paráveis aos empregados e associados os diretores, conse- e aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal
lheiros ocupantes de cargos eletivos e outros dirigentes ou e dos Municípios, entes denominados patrocinadores; e
gerentes da pessoa jurídica contratante. II - aos associados ou membros de pessoas jurídicas de
§ 5° A implantação de um plano coletivo será celebrada caráter profissional, classista ou setorial, denominadas insti-
mediante contrato, na forma, nos critérios, nas condições e tuidores.
nos requisitos mínimos a serem estabelecidos pelo órgão § 1° As entidades fechadas organizar-se-ão sob a forma de
regulador. fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos.
§ 6° É vedada à entidade aberta a contratação de plano § 2° As entidades fechadas constituídas por instituidores
coletivo com pessoa jurídica cujo objetivo principal seja referidos no inciso II do caput deste artigo deverão, cumula-
estipular, em nome de terceiros, planos de benefícios coleti- tivamente:
vos.
I - terceirizar a gestão dos recursos garantidores das reser-
Art. 27. Observados os conceitos, a forma, as condições e vas técnicas e provisões mediante a contratação de institui-
os critérios fixados pelo órgão regulador, é assegurado aos ção especializada autorizada a funcionar pelo Banco Central
participantes o direito à portabilidade, inclusive para plano do Brasil ou outro órgão competente;
de benefício de entidade fechada, e ao resgate de recursos
II - ofertar exclusivamente planos de benefícios na modali-
das reservas técnicas, provisões e fundos, total ou parcial-
dade contribuição definida, na forma do parágrafo único do
mente.
art. 7º desta Lei Complementar.
§ 1° A portabilidade não caracteriza resgate.
§ 3° Os responsáveis pela gestão dos recursos de que trata
§ 2° É vedado, no caso de porta-bilidade: o inciso I do parágrafo anterior deverão manter segregados
I - que os recursos financeiros transitem pelos participantes, e totalmente isolados o seu patrimônio dos patrimônios do
sob qualquer forma; e instituidor e da entidade fechada.
II - a transferência de recursos entre participantes. § 4° Na regulamentação de que trata o caput, o órgão regu-
Art. 28. Os ativos garantidores das reservas técnicas, das lador e fiscalizador estabelecerá o tempo mínimo de exis-
provisões e dos fundos serão vinculados à ordem do órgão tência do instituidor e o seu número mínimo de associados.
fiscalizador, na forma a ser regulamentada, e poderão ter Art. 32. As entidades fechadas têm como objeto a adminis-
sua livre movimentação suspensa pelo referido órgão, a tração e execução de planos de benefícios de natureza
partir da qual não poderão ser alienados ou prometidos previdenciária.
alienar sem sua prévia e expressa autorização, sendo nulas, Parágrafo único. É vedada às entidades fechadas a pres-
de pleno direito, quaisquer operações realizadas com viola- tação de quaisquer serviços que não estejam no âmbito de
ção daquela suspensão. seu objeto, observado o disposto no art. 76.
§ 1° Sendo imóvel, o vínculo será averbado à margem do Art. 33. Dependerão de prévia e expressa autorização do
respectivo registro no Cartório de Registro Geral de Imóveis órgão regulador e fiscalizador:
competente, mediante comunicação do órgão fiscalizador.
I - a constituição e o funcionamento da entidade fechada,
§ 2° Os ativos garantidores a que se refere o caput, bem bem como a aplicação dos respectivos estatutos, dos regu-
como os direitos deles decorrentes, não poderão ser grava- lamentos dos planos de benefícios e suas alterações;
dos, sob qualquer forma, sem prévia e expressa autorização
II - as operações de fusão, cisão, incorporação ou qualquer
do órgão fiscalizador, sendo nulos os gravames constituídos
outra forma de reorganização societária, relativas às entida-
com infringência do disposto neste parágrafo.
des fechadas;
Art. 29. Compete ao órgão regulador, entre outras atribui-
III - as retiradas de patrocinadores; e
ções que lhe forem conferidas por lei:
IV - as transferências de patrocínio, de grupo de participan-
I - fixar padrões adequados de segurança atuarial e econô-
tes, de planos e de reservas entre entidades fechadas.
mico-financeira, para preservação da liquidez e solvência
§ 1° Excetuado o disposto no inciso III deste artigo, é veda-
dos planos de benefícios, isoladamente, e de cada entidade
aberta, no conjunto de suas atividades; da a transferência para terceiros de participantes, de assis-
tidos e de reservas constituídas para garantia de benefícios

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de risco atuarial programado, de acordo com normas esta- bros sem formação de nível superior, sendo assegurada a
belecidas pelo órgão regulador e fiscalizador. possibilidade de participação neste órgão de pelo menos um
§ 2° Para os assistidos de planos de benefícios na modali- membro, quando da aplicação do referido percentual resul-
dade contribuição definida que mantiveram esta caracterís- tar número inferior à unidade.
tica durante a fase de percepção de renda programada, o CAPÍTULO IV DAS ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA
órgão regulador e fiscalizador poderá, em caráter excepcio- COMPLEMENTAR
nal, autorizar a transferência dos recursos garantidores dos Art. 36. As entidades abertas são constituídas unicamente
benefícios para entidade de previdência complementar ou sob a forma de sociedades anônimas e têm por objetivo
companhia seguradora autorizada a operar planos de previ- instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenci-
dência complementar, com o objetivo específico de contra- ário concedidos em forma de renda continuada ou paga-
tar plano de renda vitalícia, observadas as normas aplicá- mento único, acessíveis a quaisquer pessoas físicas.
veis. Parágrafo único. As sociedades seguradoras autorizadas a
Art. 34. As entidades fechadas podem ser qualificadas da operar exclusivamente no ramo vida poderão ser autoriza-
seguinte forma, além de outras que possam ser definidas das a operar os planos de benefícios a que se refere o ca-
pelo órgão regulador e fiscalizador: put, a elas se aplicando as disposições desta Lei Comple-
I - de acordo com os planos que administram: mentar.
a) de plano comum, quando administram plano ou conjunto Art. 37. Compete ao órgão regulador, entre outras atribui-
de planos acessíveis ao universo de participantes; e ções que lhe forem conferidas por lei, estabelecer:
b) com multiplano, quando administram plano ou conjunto I - os critérios para a investidura e posse em cargos e fun-
de planos de benefícios para diversos grupos de participan- ções de órgãos estatutários de entidades abertas, observa-
tes, com independência patrimonial; do que o pretendente não poderá ter sofrido condenação
II - de acordo com seus patrocinadores ou instituidores: criminal transitada em julgado, penalidade administrativa por
a) singulares, quando estiverem vinculadas a apenas um infração da legislação da seguridade social ou como servi-
patrocinador ou instituidor; e dor público;
b) multipatrocinadas, quando congregarem mais de um II - as normas gerais de contabilidade, auditoria, atuária e
patrocinador ou instituidor. estatística a serem observadas pelas entidades abertas,
Art. 35. As entidades fechadas deverão manter estrutura inclusive quanto à padronização dos planos de contas, ba-
mínima composta por conselho deliberativo, conselho fiscal lanços gerais, balancetes e outras demonstrações financei-
e diretoria-executiva. ras, critérios sobre sua periodicidade, sobre a publicação
§ 1° O estatuto deverá prever representação dos participan- desses documentos e sua remessa ao órgão fiscalizador;
tes e assistidos nos conselhos deliberativo e fiscal, assegu- III - os índices de solvência e liquidez, bem como as rela-
rado a eles no mínimo um terço das vagas. ções patrimoniais a serem atendidas pelas entidades aber-
§ 2° Na composição dos conselhos deliberativo e fiscal das tas, observado que seu patrimônio líquido não poderá ser
entidades qualificadas como multipatrocinadas, deverá ser inferior ao respectivo passivo não operacional; e
considerado o número de participantes vinculados a cada IV - as condições que assegurem acesso a informações e
patrocinador ou instituidor, bem como o montante dos res- fornecimento de dados relativos a quaisquer aspectos das
pectivos patrimônios. atividades das entidades abertas.
§ 3° Os membros do conselho deliberativo ou do conselho Art. 38. Dependerão de prévia e expressa aprovação do
fiscal deverão atender aos seguintes requisitos mínimos: órgão fiscalizador:
I - comprovada experiência no exercício de atividades nas I - a constituição e o funcionamento das entidades abertas,
áreas financeira, administrativa, contábil, jurídica, de fiscali- bem como as disposições de seus estatutos e as respecti-
zação ou de auditoria; vas alterações;
II - não ter sofrido condenação criminal transitada em julga- II - a comercialização dos planos de benefícios;
do; e III - os atos relativos à eleição e conseqüente posse de ad-
III - não ter sofrido penalidade administrativa por infração da ministradores e membros de conselhos estatutários; e
legislação da seguridade social ou como servidor público. IV - as operações relativas à transferência do controle acio-
§ 4° Os membros da diretoria-executiva deverão ter forma- nário, fusão, cisão, incorporação ou qualquer outra forma de
ção de nível superior e atender aos requisitos do parágrafo reorganização societária.
anterior. Parágrafo único. O órgão regulador disciplinará o trata-
§ 5° Será informado ao órgão regulador e fiscalizador o mento administrativo a ser emprestado ao exame dos as-
responsável pelas aplicações dos recursos da entidade, suntos constantes deste artigo.
escolhido entre os membros da diretoria-executiva. Art. 39. As entidades abertas deverão comunicar ao órgão
§ 6° Os demais membros da diretoria-executiva responde- fiscalizador, no prazo e na forma estabelecidos:
rão solidariamente com o dirigente indicado na forma do I - os atos relativos às alterações estatutárias e à eleição de
parágrafo anterior pelos danos e prejuízos causados à enti- administradores e membros de conselhos estatutários; e
dade para os quais tenham concorrido. II - o responsável pela aplicação dos recursos das reservas
§ 7° Sem prejuízo do disposto no § 1° do art. 31 desta Lei técnicas, provisões e fundos, escolhido dentre os membros
Complementar, os membros da diretoria-executiva e dos da diretoria-executiva.
conselhos deliberativo e fiscal poderão ser remunerados Parágrafo único. Os demais membros da diretoria-
pelas entidades fechadas, de acordo com a legislação apli- executiva responderão solidariamente com o dirigente indi-
cável. cado na forma do inciso II deste artigo pelos danos e prejuí-
§ 8° Em caráter excepcional, poderão ser ocupados até zos causados à entidade para os quais tenham concorrido.
trinta por cento dos cargos da diretoria-executiva por mem-

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Art. 40. As entidades abertas deverão levantar no último dia Art. 44. Para resguardar os direitos dos participantes e as-
útil de cada mês e semestre, respectivamente, balancetes sistidos poderá ser decretada a intervenção na entidade de
mensais e balanços gerais, com observância das regras e previdência complementar, desde que se verifique, isolada
dos critérios estabelecidos pelo órgão regulador. ou cumulativamente:
Parágrafo único. As sociedades seguradoras autorizadas a I - irregularidade ou insuficiência na constituição das reser-
operar planos de benefícios deverão apresentar nas de- vas técnicas, provisões e fundos, ou na sua cobertura por
monstrações financeiras, de forma discriminada, as ativida- ativos garantidores;
des previdenciárias e as de seguros, de acordo com crité- II - aplicação dos recursos das reservas técnicas, provisões
rios fixados pelo órgão regulador. e fundos de forma inadequada ou em desacordo com as
CAPÍTULO V DA FISCALIZAÇÃO normas expedidas pelos órgãos competentes;
Art. 41. No desempenho das atividades de fiscalização das III - descumprimento de disposições estatutárias ou de obri-
entidades de previdência complementar, os servidores do gações previstas nos regulamentos dos planos de benefí-
órgão regulador e fiscalizador terão livre acesso às respecti- cios, convênios de adesão ou contratos dos planos coletivos
vas entidades, delas podendo requisitar e apreender livros, de que trata o inciso II do art. 26 desta Lei Complementar;
notas técnicas e quaisquer documentos, caracterizando-se IV - situação econômico-financeira insuficiente à preserva-
embaraço à fiscalização, sujeito às penalidades previstas ção da liquidez e solvência de cada um dos planos de bene-
em lei, qualquer dificuldade oposta à consecução desse fícios e da entidade no conjunto de suas atividades;
objetivo. V - situação atuarial desequilibrada;
§ 1° O órgão regulador e fiscalizador das entidades fecha- VI - outras anormalidades definidas em regulamento.
das poderá solicitar dos patrocinadores e instituidores in- Art. 45. A intervenção será decretada pelo prazo necessário
formações relativas aos aspectos específicos que digam ao exame da situação da entidade e encaminhamento de
respeito aos compromissos assumidos frente aos respecti- plano destinado à sua recuperação.
vos planos de benefícios. Parágrafo único. Dependerão de prévia e expressa autori-
§ 2° A fiscalização a cargo do Estado não exime os patroci- zação do órgão competente os atos do interventor que im-
nadores e os instituidores da responsabilidade pela supervi- pliquem oneração ou disposição do patrimônio.
são sistemática das atividades das suas respectivas entida- Art. 46. A intervenção cessará quando aprovado o plano de
des fechadas. recuperação da entidade pelo órgão competente ou se de-
§ 3° As pessoas físicas ou jurídicas submetidas ao regime cretada a sua liquidação extrajudicial.
desta Lei Complementar ficam obrigadas a prestar quais- Seção II Da Liquidação Extrajudicial
quer informações ou esclarecimentos solicitados pelo órgão
Art. 47. As entidades fechadas não poderão solicitar con-
regulador e fiscalizador.
cordata e não estão sujeitas a falência, mas somente a
§ 4° O disposto neste artigo aplica-se, sem prejuízo da liquidação extrajudicial.
competência das autoridades fiscais, relativamente ao pleno
Art. 48. A liquidação extrajudicial será decretada quando
exercício das atividades de fiscalização tributária.
reconhecida a inviabilidade de recuperação da entidade de
Art. 42. O órgão regulador e fiscalizador poderá, em relação previdência complementar ou pela ausência de condição
às entidades fechadas, nomear administrador especial, a para seu funcionamento.
expensas da entidade, com poderes próprios de intervenção
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei Complementar,
e de liquidação extrajudicial, com o objetivo de sanear plano
entende-se por ausência de condição para funcionamento
de benefícios específico, caso seja constatada na sua ad-
de entidade de previdência complementar:
ministração e execução alguma das hipóteses previstas nos
arts. 44 e 48 desta Lei Complementar. I - (VETADO).
Parágrafo único. O ato de nomeação de que trata o caput II - (VETADO).
estabelecerá as condições, os limites e as atribuições do III - o não atendimento às condições mínimas estabelecidas
administrador especial. pelo órgão regulador e fiscalizador.
Art. 43. O órgão fiscalizador poderá, em relação às entida- Art. 49. A decretação da liquidação extrajudicial produzirá,
des abertas, desde que se verifique uma das condições de imediato, os seguintes efeitos:
previstas no art. 44 desta Lei Complementar, nomear, por I - suspensão das ações e execuções iniciadas sobre direi-
prazo determinado, prorrogável a seu critério, e a expensas tos e interesses relativos ao acervo da entidade liquidanda;
da respectiva entidade, um diretor-fiscal. II - vencimento antecipado das obrigações da liquidanda;
§ 1° O diretor-fiscal, sem poderes de gestão, terá suas atri- III - não incidência de penalidades contratuais contra a enti-
buições estabelecidas pelo órgão regulador, cabendo ao dade por obrigações vencidas em decorrência da decreta-
órgão fiscalizador fixar sua remuneração. ção da liquidação extrajudicial;
§ 2° Se reconhecer a inviabilidade de recuperação da enti- IV - não fluência de juros contra a liquidanda enquanto não
dade aberta ou a ausência de qualquer condição para o seu integralmente pago o passivo;
funcionamento, o diretor-fiscal proporá ao órgão fiscalizador V - interrupção da prescrição em relação às obrigações da
a decretação da intervenção ou da liquidação extrajudicial. entidade em liquidação;
§ 3° O diretor-fiscal não está sujeito à indisponibilidade de VI - suspensão de multa e juros em relação às dívidas da
bens, nem aos demais efeitos decorrentes da decretação da entidade;
intervenção ou da liquidação extrajudicial da entidade aber- VII - inexigibilidade de penas pecuniárias por infrações de
ta. natureza administrativa;
CAPÍTULO VI DA INTERVENÇÃO E DA LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDI- VIII - interrupção do pagamento à liquidanda das contribui-
CIAL ções dos participantes e dos patrocinadores, relativas aos
Seção I Da Intervenção planos de benefícios.

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§ 1° As faculdades previstas nos incisos deste artigo apli- Art. 58. No caso de liquidação extra-judicial de entidade
cam-se, no caso das entidades abertas de previdência fechada motivada pela falta de aporte de contribuições de
complementar, exclusivamente, em relação às suas ativida- patrocinadores ou pelo não recolhimento de contribuições
des de natureza previdenciária. de participantes, os administradores daqueles também se-
§ 2° O disposto neste artigo não se aplica às ações e aos rão responsa-bilizados pelos danos ou prejuízos causados.
débitos de natureza tributária. Art. 59. Os administradores, contro-ladores e membros de
Art. 50. O liquidante organizará o quadro geral de credores, conselhos estatutários das entidades de previdência com-
realizará o ativo e liquidará o passivo. plementar sob intervenção ou em liquidação extrajudicial
§ 1° Os participantes, inclusive os assistidos, dos planos de ficarão com todos os seus bens indisponíveis, não podendo,
benefícios ficam dispensados de se habilitarem a seus res- por qualquer forma, direta ou indireta, aliená-los ou onerá-
pectivos créditos, estejam estes sendo recebidos ou não. los, até a apuração e liquidação final de suas responsabili-
§ 2° Os participantes, inclusive os assistidos, dos planos de dades.
benefícios terão privilégio especial sobre os ativos garanti- § 1° A indisponibilidade prevista neste artigo decorre do ato
dores das reservas técnicas e, caso estes não sejam sufici- que decretar a intervenção ou liquidação extrajudicial e
entes para a cobertura dos direitos respectivos, privilégio atinge todos aqueles que tenham estado no exercício das
geral sobre as demais partes não vinculadas ao ativo. funções nos doze meses anteriores.
§ 3° Os participantes que já estiverem recebendo benefí- § 2° A indisponibilidade poderá ser estendida aos bens de
cios, ou que já tiverem adquirido este direito antes de decre- pessoas que, nos últimos doze meses, os tenham adquirido,
tada a liquidação extrajudicial, terão preferência sobre os a qualquer título, das pessoas referidas no caput e no pará-
demais participantes. grafo anterior, desde que haja seguros elementos de con-
§ 4° Os créditos referidos nos parágrafos anteriores deste vicção de que se trata de simulada transferência com o fim
artigo não têm preferência sobre os créditos de natureza de evitar os efeitos desta Lei Complementar.
trabalhista ou tributária. § 3° Não se incluem nas disposições deste artigo os bens
Art. 51. Serão obrigatoriamente levantados, na data da considerados inalienáveis ou impenhoráveis pela legislação
decretação da liquidação extrajudicial de entidade de previ- em vigor.
dência complementar, o balanço geral de liquidação e as § 4° Não são também atingidos pela indisponibilidade os
demonstrações contábeis e atuariais necessárias à determi- bens objeto de contrato de alienação, de promessas de
nação do valor das reservas individuais. compra e venda e de cessão de direitos, desde que os res-
Art. 52. A liquidação extrajudicial poderá, a qualquer tempo, pectivos instrumentos tenham sido levados ao competente
ser levantada, desde que constatados fatos supervenientes registro público até doze meses antes da data de decreta-
que viabilizem a recuperação da entidade de previdência ção da intervenção ou liquidação extrajudicial.
complementar. § 5° Não se aplica a indisponibilidade de bens das pessoas
Art. 53. A liquidação extrajudicial das entidades fechadas referidas no caput deste artigo no caso de liquidação extra-
encerrar-se-á com a aprovação, pelo órgão regulador e judicial de entidades fechadas que deixarem de ter condi-
fiscalizador, das contas finais do liquidante e com a baixa ções para funcionar por motivos totalmente desvinculados
nos devidos registros. do exercício das suas atribuições, situação esta que poderá
Parágrafo único. Comprovada pelo liquidante a inexistên- ser revista a qualquer momento, pelo órgão regulador e
cia de ativos para satisfazer a possíveis créditos reclamados fiscalizador, desde que constatada a existência de irregula-
contra a entidade, deverá tal situação ser comunicada ao ridades ou indícios de crimes por elas praticados.
juízo competente e efetivados os devidos registros, para o Art. 60. O interventor ou o liquidante comunicará a indispo-
encerramento do processo de liquidação. nibilidade de bens aos órgãos competentes para os devidos
Seção III Disposições Especiais registros e publicará edital para conhecimento de terceiros.
Parágrafo único. A autoridade que receber a comunicação
Art. 54. O interventor terá amplos poderes de administração
ficará, relativamente a esses bens, impedida de:
e representação e o liquidante plenos poderes de adminis-
I - fazer transcrições, inscrições ou averbações de docu-
tração, representação e liquidação.
mentos públicos ou particulares;
Art. 55. Compete ao órgão fiscali-zador decretar, aprovar e
II - arquivar atos ou contratos que importem em transferên-
rever os atos de que tratam os arts. 45, 46 e 48 desta Lei
cia de cotas sociais, ações ou partes beneficiárias;
Complementar, bem como nomear, por intermédio do seu
dirigente máximo, o interventor ou o liquidante. III - realizar ou registrar operações e títulos de qualquer
natureza; e
Art. 56. A intervenção e a liquidação extrajudicial determi-
nam a perda do mandato dos administradores e membros IV - processar a transferência de propriedade de veículos
dos conselhos estatutários das entidades, sejam titulares ou automotores, aeronaves e embarcações.
suplentes. Art. 61. A apuração de responsabilidades específicas referi-
Art. 57. Os créditos das entidades de previdência comple- da no caput do art. 59 desta Lei Complementar será feita
mentar, em caso de liquidação ou falência de patrocinado- mediante inquérito a ser instaurado pelo órgão regulador e
res, terão privilégio especial sobre a massa, respeitado o fiscalizador, sem prejuízo do disposto nos arts. 63 a 65 des-
privilégio dos créditos trabalhistas e tributários. ta Lei Complementar.
Parágrafo único. Os administradores dos respectivos pa- § 1° Se o inquérito concluir pela inexistência de prejuízo,
trocinadores serão responsabilizados pelos danos ou prejuí- será arquivado no órgão fiscalizador.
zos causados às entidades de previdência complementar, § 2° Concluindo o inquérito pela existência de prejuízo, será
especialmente pela falta de aporte das contribuições a que ele, com o respectivo relatório, remetido pelo órgão regula-
estavam obrigados, observado o disposto no parágrafo dor e fiscalizador ao Ministério Público, observados os se-
único do art. 63 desta Lei Complementar. guintes procedimentos:

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I - o interventor ou o liquidante, de ofício ou a requerimento § 3° O recurso a que se refere o parágrafo anterior, na hipó-
de qualquer interessado que não tenha sido indiciado no tese do inciso IV deste artigo, somente será conhecido se
inquérito, após aprovação do respectivo relatório pelo órgão for comprovado pelo requerente o pagamento antecipado,
fiscalizador, determinará o levantamento da indisponibilida- em favor do órgão fiscalizador, de trinta por cento do valor
de de que trata o art. 59 desta Lei Complementar; da multa aplicada.
II - será mantida a indisponibilidade com relação às pessoas § 4° Em caso de reincidência, a multa será aplicada em
indiciadas no inquérito, após aprovação do respectivo rela- dobro.
tório pelo órgão fiscalizador. Art. 66. As infrações serão apuradas mediante processo
Art. 62. Aplicam-se à intervenção e à liquidação das entida- administrativo, na forma do regulamento, aplicando-se, no
des de previdência complementar, no que couber, os dispo- que couber, o disposto na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de
sitivos da legislação sobre a intervenção e liquidação extra- 1999.
judicial das instituições financeiras, cabendo ao órgão regu- Art. 67. O exercício de atividade de previdência comple-
lador e fiscalizador as funções atribuídas ao Banco Central mentar por qualquer pessoa, física ou jurídica, sem a autori-
do Brasil. zação devida do órgão competente, inclusive a comerciali-
CAPÍTULO VII DO REGIME DISCIPLINAR zação de planos de benefícios, bem como a captação ou a
Art. 63. Os administradores de entidade, os procuradores administração de recursos de terceiros com o objetivo de,
com poderes de gestão, os membros de conselhos estatutá- direta ou indiretamente, adquirir ou conceder benefícios
rios, o interventor e o liquidante responderão civilmente previdenciários sob qualquer forma, submete o responsável
pelos danos ou prejuízos que causarem, por ação ou omis- à penalidade de inabilitação pelo prazo de dois a dez anos
são, às entidades de previdência complementar. para o exercício de cargo ou função em entidade de previ-
Parágrafo único. São também responsáveis, na forma do dência complementar, sociedades seguradoras, instituições
caput, os administradores dos patrocinadores ou instituido- financeiras e no serviço público, além de multa aplicável de
res, os atuários, os auditores independentes, os avaliadores acordo com o disposto no inciso IV do art. 65 desta Lei
de gestão e outros profissionais que prestem serviços técni- Complementar, bem como noticiar ao Ministério Público.
cos à entidade, diretamente ou por intermédio de pessoa CAPÍTULO VIII DISPOSIÇÕES GERAIS
jurídica contratada. Art. 68. As contribuições do empregador, os benefícios e as
Art. 64. O órgão fiscalizador competente, o Banco Central condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos
do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários ou a Secretaria e planos de benefícios das entidades de previdência com-
da Receita Federal, constatando a existência de práticas plementar não integram o contrato de trabalho dos partici-
irregulares ou indícios de crimes em entidades de previdên- pantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos,
cia complementar, noticiará ao Ministério Público, enviando- não integram a remuneração dos participantes.
lhe os documentos comprobatórios. § 1° Os benefícios serão considerados direito adquirido do
Parágrafo único. O sigilo de operações não poderá ser participante quando implementadas todas as condições
invocado como óbice à troca de informações entre os ór- estabelecidas para elegibilidade consignadas no regulamen-
gãos mencionados no caput, nem ao fornecimento de infor- to do respectivo plano.
mações requisitadas pelo Ministério Público. § 2° A concessão de benefício pela previdência complemen-
Art. 65. A infração de qualquer disposição desta Lei Com- tar não depende da concessão de benefício pelo regime
plementar ou de seu regulamento, para a qual não haja geral de previdência social.
penalidade expressamente cominada, sujeita a pessoa físi- Art. 69. As contribuições vertidas para as entidades de pre-
ca ou jurídica responsável, conforme o caso e a gravidade vidência complementar, destinadas ao custeio dos planos
da infração, às seguintes penalidades administrativas, ob- de benefícios de natureza previdenciária, são dedutíveis
servado o disposto em regulamento: para fins de incidência de imposto sobre a renda, nos limites
I - advertência; e nas condições fixadas em lei.
II - suspensão do exercício de atividades em entidades de § 1° Sobre as contribuições de que trata o caput não inci-
previdência complementar pelo prazo de até cento e oitenta dem tributação e contribuições de qualquer natureza.
dias; § 2° Sobre a portabilidade de recursos de reservas técnicas,
III - inabilitação, pelo prazo de dois a dez anos, para o exer- fundos e provisões entre planos de benefícios de entidades
cício de cargo ou função em entidades de previdência com- de previdência complementar, titulados pelo mesmo partici-
plementar, sociedades seguradoras, instituições financeiras pante, não incidem tributação e contribuições de qualquer
e no serviço público; e natureza.
IV - multa de dois mil reais a um milhão de reais, devendo Art. 70. (VETADO).
esses valores, a partir da publicação desta Lei Complemen- Art. 71. É vedado às entidades de previdência complemen-
tar, ser reajustados de forma a preservar, em caráter per- tar realizar quaisquer operações comerciais e financeiras:
manente, seus valores reais. I - com seus administradores, membros dos conselhos esta-
§ 1° A penalidade prevista no inciso IV será imputada ao tutários e respectivos cônjuges ou companheiros, e com
agente responsável, respondendo solidariamente a entidade seus parentes até o segundo grau;
de previdência complementar, assegurado o direito de re- II - com empresa de que participem as pessoas a que se
gresso, e poderá ser aplicada cumulativamente com as refere o inciso anterior, exceto no caso de participação de
constantes dos incisos I, II ou III deste artigo. até cinco por cento como acionista de empresa de capital
§ 2° Das decisões do órgão fiscalizador caberá recurso, no aberto; e
prazo de quinze dias, com efeito suspensivo, ao órgão com- III - tendo como contraparte, mesmo que indiretamente,
petente. pessoas físicas e jurídicas a elas ligadas, na forma definida
pelo órgão regulador.

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Parágrafo único. A vedação deste artigo não se aplica ao nimas de capital aberto, nas condições previstas no inciso I
patrocinador, aos participantes e aos assistidos, que, nessa do parágrafo anterior.
condição, realizarem operações com a entidade de previ- § 3° A entidade aberta sem fins lucrativos e a sociedade
dência complementar. seguradora e.ou de capitalização por ela controlada devem
Art. 72. Compete privativamente ao órgão regulador e fisca- adaptar-se às condições estabelecidas nos §§ 1º e 2º, no
lizador das entidades fechadas zelar pelas sociedades civis mesmo prazo previsto no caput deste artigo.
e fundações, como definido no art. 31 desta Lei Comple- § 4° As reservas técnicas de planos já operados por entida-
mentar, não se aplicando a estas o disposto nos arts. 26 e des abertas de previdência privada sem fins lucrativos, ante-
30 do Código Civil e 1.200 a 1.204 do Código de Processo riormente à data de publicação da Lei nº 6.435, de 15 de
Civil e demais disposições em contrário. julho de 1977, poderão permanecer garantidas por ativos de
Art. 73. As entidades abertas serão reguladas também, no propriedade da entidade, existentes à época, dentro de
que couber, pela legislação aplicável às sociedades segura- programa gradual de ajuste às normas estabelecidas pelo
doras. órgão regulador sobre a matéria, a ser submetido pela enti-
Art. 74. Até que seja publicada a lei de que trata o art. 5° dade ao órgão fiscalizador no prazo máximo de doze meses
desta Lei Complementar, as funções do órgão regulador e a contar da data de publicação desta Lei Complementar.
do órgão fiscalizador serão exercidas pelo Ministério da § 5° O prazo máximo para o término para o programa gra-
Previdência e Assistência Social, por intermédio, respecti- dual de ajuste a que se refere o parágrafo anterior não po-
vamente, do Conselho de Gestão da Previdência Comple- derá superar cento e vinte meses, contados da data de
mentar (CGPC) e da Secretaria de Previdência Complemen- aprovação do respectivo programa pelo órgão fiscalizador.
tar (SPC), relativamente às entidades fechadas, e pelo Mi- § 6° As entidades abertas sem fins lucrativos que, na data
nistério da Fazenda, por intermédio do Conselho Nacional de publicação desta Lei Complementar, já vinham mantendo
de Seguros Privados (CNSP) e da Superintendência de programas de assistência filantrópica, prévia e expressa-
Seguros Privados (SUSEP), em relação, respectivamente, à mente autorizados, poderão, para efeito de cobrança, adi-
regulação e fiscalização das entidades abertas. cionar às contribuições de seus planos de benefícios valor
Art. 75. Sem prejuízo do benefício, prescreve em cinco destinado àqueles programas, observadas as normas esta-
anos o direito às prestações não pagas nem reclamadas na belecidas pelo órgão regulador.
época própria, resguardados os direitos dos menores de- § 7° A aplicabilidade do disposto no parágrafo anterior fica
pendentes, dos incapazes ou dos ausentes, na forma do sujeita, sob pena de cancelamento da autorização previa-
Código Civil. mente concedida, à prestação anual de contas dos progra-
Art. 76. As entidades fechadas que, na data da publicação mas filantrópicos e à aprovação pelo órgão competente.
desta Lei Complementar, prestarem a seus participantes e § 8° O descumprimento de qualquer das obrigações conti-
assistidos serviços assistenciais à saúde poderão continuar das neste artigo sujeita os administradores das entidades
a fazê-lo, desde que seja estabelecido um custeio específi- abertas sem fins lucrativos e das sociedades seguradora
co para os planos assistenciais e que a sua contabilização e e.ou de capitalização por elas controladas ao Regime Disci-
o seu patrimônio sejam mantidos em separado em relação plinar previsto nesta Lei Complementar, sem prejuízo da
ao plano previdenciário. responsabilidade civil por danos ou prejuízos causados, por
§ 1° Os programas assistenciais de natureza financeira ação ou omissão, à entidade.
deverão ser extintos a partir da data de publicação desta Lei Art. 78. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de
Complementar, permanecendo em vigência, até o seu ter- sua publicação.
mo, apenas os compromissos já firmados. Art. 79. Revogam-se as Leis no 6.435, de 15 de julho de
§ 2° Consideram-se programas assistenciais de natureza 1977, e no 6.462, de 9 de novembro de 1977.
financeira, para os efeitos desta Lei Complementar, aqueles Brasília, 29 de maio de 2001; 180° da Independência e 113°
em que o rendimento situa-se abaixo da taxa mínima atuari- da República.
al do respectivo plano de benefícios. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Art. 77. As entidades abertas sem fins lucrativos e as socie-
dades seguradoras autorizadas a funcionar em conformida- LEI COMPLEMENTAR N° 116, DE 31 DE JULHO DE 2003
de com a Lei nº 6.435, de 15 de julho de 1977, terão o prazo
de dois anos para se adaptar ao disposto nesta Lei Com-
plementar. Dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer
§ 1° No caso das entidades abertas sem fins lucrativos já Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito
autorizadas a funcionar, é permitida a manutenção de sua Federal, e dá outras providências.
organização jurídica como sociedade civil, sendo-lhes veda- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
do participar, direta ou indiretamente, de pessoas jurídicas, gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei
exceto quando tiverem participação acionária: Complementar:
I - minoritária, em sociedades anônimas de capital aberto, Art. 1° O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza,
na forma regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem
para aplicação de recursos de reservas técnicas, fundos e como fato gerador a prestação de serviços constantes da
provisões; lista anexa, ainda que esses não se constituam como ativi-
II - em sociedade seguradora e.ou de capitalização. dade preponderante do prestador.
§ 2° É vedado à sociedade seguradora e.ou de capitaliza- § 1° O imposto incide também sobre o serviço proveniente
ção referida no inciso II do parágrafo anterior participar ma- do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no
joritariamente de pessoas jurídicas, ressalvadas as empre- exterior do País.
sas de suporte ao seu funcionamento e as sociedades anô- § 2° Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os
serviços nela mencionados não ficam sujeitos ao Imposto

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Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e XII - do florestamento, reflorestamento, semeadura, aduba-
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e In- ção e congêneres, no caso dos serviços descritos no subi-
termunicipal e de Comunicação - ICMS, ainda que sua pres- tem 7.16 da lista anexa;
tação envolva fornecimento de mercadorias. XIII - da execução dos serviços de escoramento, contenção
§ 3° O imposto de que trata esta Lei Complementar incide de encostas e congêneres, no caso dos serviços descritos
ainda sobre os serviços prestados mediante a utilização de no subitem 7.17 da lista anexa;
bens e serviços públicos explorados economicamente me- XIV - da limpeza e dragagem, no caso dos serviços descri-
diante autorização, permissão ou concessão, com o paga- tos no subitem 7.18 da lista anexa;
mento de tarifa, preço ou pedágio pelo usuário final do ser- XV - onde o bem estiver guardado ou estacionado, no caso
viço. dos serviços descritos no subitem 11.1 da lista anexa;
§ 4° A incidência do imposto não depende da denominação XVI - dos bens ou do domicílio das pessoas vigiados, segu-
dada ao serviço prestado. rados ou monitorados, no caso dos serviços descritos no
Art. 2° O imposto não incide sobre: subitem 11.02 da lista anexa;
I - as exportações de serviços para o exterior do País; XVII - do armazenamento, depósito, carga, descarga, arru-
II - a prestação de serviços em relação de emprego, dos mação e guarda do bem, no caso dos serviços descritos no
trabalhadores avulsos, dos diretores e membros de conse- subitem 11.04 da lista anexa;
lho consultivo ou de conselho fiscal de sociedades e funda- XVIII - da execução dos serviços de diversão, lazer, entre-
ções, bem como dos sócios-gerentes e dos gerentes- tenimento e congêneres, no caso dos serviços descritos nos
delegados; subitens do item 12, exceto o 12.13, da lista anexa;
III - o valor intermediado no mercado de títulos e valores XIX - do Município onde está sendo executado o transporte,
mobiliários, o valor dos depósitos bancários, o principal, no caso dos serviços descritos pelo subitem 16.1 da lista
juros e acréscimos moratórios relativos a operações de anexa;
crédito realizadas por instituições financeiras. XX - do estabelecimento do tomador da mão-de-obra ou, na
Parágrafo único. Não se enquadram no disposto no inciso I falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, no
os serviços desenvolvidos no Brasil, cujo resultado aqui se caso dos serviços descritos pelo subitem 17.05 da lista ane-
verifique, ainda que o pagamento seja feito por residente no xa;
exterior. XXI - da feira, exposição, congresso ou congênere a que se
Art. 3° O serviço considera-se prestado e o imposto devido referir o planejamento, organização e administração, no
no local do estabelecimento prestador ou, na falta do esta- caso dos serviços descritos pelo subitem 17.10 da lista ane-
belecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas xa;
hipóteses previstas nos incisos I a XXII, quando o imposto XXII - do porto, aeroporto, ferroporto, terminal rodoviário,
será devido no local: ferroviário ou metroviário, no caso dos serviços descritos
I - do estabelecimento do tomador ou intermediário do servi- pelo item 20 da lista anexa.
ço ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domici- § 1° No caso dos serviços a que se refere o subitem 3.04 da
liado, na hipótese do § 1º do art. 1º desta Lei Complemen- lista anexa, considera-se ocorrido o fato gerador e devido o
tar; imposto em cada Município em cujo território haja extensão
II - da instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras de ferrovia, rodovia, postes, cabos, dutos e condutos de
estruturas, no caso dos serviços descritos no subitem 3.05 qualquer natureza, objetos de locação, sublocação, arren-
da lista anexa; damento, direito de passagem ou permissão de uso, com-
III - da execução da obra, no caso dos serviços descritos no partilhado ou não.
subitem 7.02 e 7.19 da lista anexa; § 2° No caso dos serviços a que se refere o subitem 22.1 da
IV - da demolição, no caso dos serviços descritos no subi- lista anexa, considera-se ocorrido o fato gerador e devido o
tem 7.04 da lista anexa; imposto em cada Município em cujo território haja extensão
V - das edificações em geral, estradas, pontes, portos e de rodovia explorada.
congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.05 § 3° Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no
da lista anexa; local do estabelecimento prestador nos serviços executados
VI - da execução da varrição, coleta, remoção, incineração, em águas marítimas, excetuados os serviços descritos no
tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, subitem 20.1.
rejeitos e outros resíduos quaisquer, no caso dos serviços Art. 4° Considera-se estabelecimento prestador o local on-
descritos no subitem 7.09 da lista anexa; de o contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços,
VII - da execução da limpeza, manutenção e conservação de modo permanente ou temporário, e que configure unida-
de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, de econômica ou profissional, sendo irrelevantes para ca-
parques, jardins e congêneres, no caso dos serviços descri- racterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto
tos no subitem 7.10 da lista anexa; de atendimento, sucursal, escritório de representação ou
VIII - da execução da decoração e jardinagem, do corte e contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas.
poda de árvores, no caso dos serviços descritos no subitem Art. 5° Contribuinte é o prestador do serviço.
7.11 da lista anexa; Art. 6° Os Municípios e o Distrito Federal, mediante lei,
IX - do controle e tratamento do efluente de qualquer natu- poderão atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo
reza e de agentes físicos, químicos e biológicos, no caso crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gera-
dos serviços descritos no subitem 7.12 da lista anexa; dor da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade
X - (VETADO). do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo
XI - (VETADO). do cumprimento total ou parcial da referida obrigação, inclu-
sive no que se refere à multa e aos acréscimos legais.

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§ 1° Os responsáveis a que se refere este artigo estão obri- II - dos emolumentos e custas devidos aos Juízes, órgãos
gados ao recolhimento integral do imposto devido, multa e do Ministério Público e serventuários da justiça;
acréscimos legais, independentemente de ter sido efetuada III - das despesas com as publicações indispensáveis no
sua retenção na fonte. jornal encarregado da divulgação dos atos oficiais;
§ 2° Sem prejuízo do disposto no caput e no § 1° deste IV - das indenizações devidas às testemunhas que, quando
artigo, são responsáveis: empregados, receberão do empregador salário integral,
I - o tomador ou intermediário de serviço proveniente do como se em serviço estivessem, ressalvado o direito re-
exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no exte- gressivo contra o poder público federal, no Distrito Federal e
rior do País; nos Territórios ou contra o poder público estadual, nos Es-
II - a pessoa jurídica, ainda que imune ou isenta, tomadora tados;
ou intermediária dos serviços descritos nos subitens 3.05, V - dos honorários de advogado e peritos;
7.02, 7.04, 7.05, 7.09, 7.10, 7.12, 7.14, 7.15, 7.16, 7.17, VI - das despesas com a realização do exame de código
7.19, 11.02, 17.05 e 17.10 da lista anexa. genético - DNA que for requisitado pela autoridade judiciária
Art. 7° A base de cálculo do imposto é o preço do serviço. nas ações de investigação de paternidade ou maternida-
§ 1° Quando os serviços descritos pelo subitem 3.04 da lista de.(Incluído pela Lei n° 10.317, de 6.12.2001).
anexa forem prestados no território de mais de um Municí- Parágrafo único. A publicação de edital em jornal encarre-
pio, a base de cálculo será proporcional, conforme o caso, à gado de divulgação de atos oficiais, na forma do inciso III,
extensão da ferrovia, rodovia, dutos e condutos de qualquer dispensa a publicação em outro jornal. (Incluído pela Lei n°
natureza, cabos de qualquer natureza, ou ao número de 7.288, de 18.12.1984).
postes, existentes em cada Município. Art. 4° A parte gozará dos benefícios da assistência judiciá-
§ 2° Não se incluem na base de cálculo do Imposto Sobre ria, mediante simples afirmação, na própria petição inicial,
Serviços de Qualquer Natureza: de que não está em condições de pagar as custas do pro-
I - o valor dos materiais fornecidos pelo prestador dos servi- cesso e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou
ços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da lista de serviços ane- de sua família. (Redação dada pela Lei n° 7.510, de
xa a esta Lei Complementar; 4.7.1986).
Art. 8° As alíquotas máximas do Imposto Sobre Serviços de § 1° Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afir-
Qualquer Natureza são as seguintes: mar essa condição nos termos desta lei, sob pena de pa-
I - (VETADO). gamento até o décuplo das custas judiciais. (Redação dada
II - demais serviços, 5% (cinco por cento). pela Lei n° 7 .510, de 4.7.1986).
Art. 9° Esta Lei Complementar entra em vigor na data de § 2° A impugnação do direito à assistência judiciária não
sua publicação. suspende o curso do processo e será feita em autos aparta-
Art. 10. Ficam revogados os arts. 8°, 10, 11 e 12 do Decre- dos. (Redação dada pela Lei n° 7.510, de 4.7.1986).
to-Lei nº 406, de 31 de dezembro de 1968; os incisos III, IV, § 3° A apresentação da Carteira de Trabalho e Previdência
V e VII do art. 3º do Decreto-Lei nº 834, de 8 de setembro Social, devidamente legalizada, onde o juiz verificará a ne-
de 1969; a Lei Complementar no 22, de 9 de dezembro de cessidade da parte, substituirá os atestados exigidos nos §§
1974; a Lei nº 7.192, de 5 de junho de 1984; a Lei Comple- 1° e 2° deste artigo. (Incluído pela Lei n° 6.654, de
mentar no 56, de 15 de dezembro de 1987; e a Lei Com- 30.5.1979).
plementar no 100, de 22 de dezembro de 1999. Art. 5° O juiz, se não tiver fundadas razões para indeferir o
Brasília, 31 de julho de 2003; 182° da Independência e 115° pedido, deverá julgá-lo de plano, motivando ou não o defe-
da República. rimento dentro do prazo de setenta e duas horas.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA § 1° Deferido o pedido, o juiz determinará que o serviço de
assistência judiciária, organizado e mantido pelo Estado,
onde houver, indique, no prazo de dois dias úteis o advoga-
LEI N° 1.060, DE 5 DE FEVEREIRO DE 1950
do que patrocinará a causa do necessitado.
§ 2° Se no Estado não houver serviço de assistência judiciá-
Estabelece normas para a concessão de assistência ria, por ele mantido, caberá a indicação à Ordem dos Advo-
judiciária aos necessitados. gados, por suas Seções Estaduais, ou Subseções Munici-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- pais.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: § 3° Nos municípios em que não existem subseções da
Art. 1° Os poderes públicos federal e estadual, indepen- Ordem dos Advogados do Brasil o próprio juiz fará a nome-
dentemente da colaboração que possam receber dos muni- ação do advogado que patrocinará a causa do necessitado.
cípios e da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, conce- § 4° Será preferido para a defesa da causa o advogado que
derão assistência judiciária aos necessitados, nos termos o interessado indicar e que declare aceitar o encargo.
desta Lei. (Redação dada pela Lei n° 7.510, de 4.7.1986). § 5° Nos Estados onde a Assistência Judiciária seja organi-
Art. 2° Gozarão dos benefícios desta Lei os nacionais ou zada e por eles mantida, o Defensor Público, ou quem exer-
estrangeiros residentes no país, que necessitarem recorrer ça cargo equivalente, será intimado pessoalmente de todos
à Justiça penal, civil, militar ou do trabalho. os atos do processo, em ambas as Instâncias, contando-se-
Parágrafo único. Considera-se necessitado, para os fins lhes em dobro todos os prazos. (Incluído pela Lei n° 7.871,
legais, todo aquele cuja situação econômica não lhe permita de 8.11.1989).
pagar as custas do processo e os honorários de advogado, Art. 6° O pedido, quando formulado no curso da ação, não
sem prejuízo do sustento próprio ou da família. a suspenderá, podendo o juiz, em face das provas, conce-
Art. 3° A assistência judiciária compreende as seguintes der ou denegar de plano o benefício de assistência. A peti-
isenções: ção, neste caso, será autuada em separado, apensando-se
I - das taxas judiciárias e dos selos;

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os respectivos autos aos da causa principal, depois de re- 3. ter necessidade de se ausentar da sede do juízo para
solvido o incidente. atender a outro mandato anteriormente outorgado ou para
Art. 7° A parte contrária poderá, em qualquer fase da lide, defender interesses próprios inadiáveis;
requerer a revogação dos benefícios de assistência, desde 4. já haver manifestado por escrito sua opinião contrária ao
que prove a inexistência ou o desaparecimento dos requisi- direito que o necessitado pretende pleitear;
tos essenciais à sua concessão. 5. haver dado à parte contrária parecer escrito sobre a con-
Parágrafo único. Tal requerimento não suspenderá o curso tenda.
da ação e se processará pela forma estabelecida no final do Parágrafo único. A recusa será solicitada ao juiz, que, de
artigo 6º desta Lei. plano, a concederá, temporária ou definitivamente, ou a
Art. 8° Ocorrendo as circunstâncias mencionadas no artigo denegará.
anterior, poderá o juiz, ex-offício, decretar a revogação dos Art. 16. Se o advogado, ao comparecer em juízo, não exibir
benefícios, ouvida a parte interessada dentro de quarenta e o instrumento do mandato outorgado pelo assistido, o juiz
oito horas improrrogáveis. determinará que se exarem na ata da audiência os termos
Art. 9° Os benefícios da assistência judiciária compreendem da referida outorga.
todos os atos do processo até decisão final do litígio, em Parágrafo único. O instrumento de mandato não será exi-
todas as instâncias. gido, quando a parte for representada em juízo por advoga-
Art. 10. São individuais e concedidos em cada caso ocor- do integrante de entidade de direito público incumbido na
rente os benefícios de assistência judiciária, que se não forma da lei, de prestação de assistência judiciária gratuita,
transmitem ao cessionário de direito e se extinguem pela ressalvados: (Incluído pela Lei n° 6.248, de 8.10.1975).
morte do beneficiário, podendo, entretanto, ser concedidos a) os atos previstos no art. 38 do Código de Processo Civil;
aos herdeiros que continuarem a demanda e que necessita- (Incluído pela Lei n° 6.248, de 8.10.1975).
rem de tais favores, na forma estabelecida nesta Lei. b) o requerimento de abertura de inquérito por crime de
Art. 11. Os honorários de advogados e peritos, as custas do ação privada, a proposição de ação penal privada ou o ofe-
processo, as taxas e selos judiciários serão pagos pelo recimento de representação por crime de ação pública con-
vencido, quando o beneficiário de assistência for vencedor dicionada. (Incluído pela Lei n° 6.248, de 8.10.1975).
na causa. Art. 17. Caberá apelação das decisões proferidas em con-
§ 1° Os honorários do advogado serão arbitrados pelo juiz seqüência da aplicação desta Lei; a apelação será recebida
até o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o líquido somente no efeito devolutivo quando a sentença conceder o
apurado na execução da sentença. pedido. (Redação dada pela Lei n° 6.014, de 27.12.1973).
§ 2° A parte vencida poderá acionar a vencedora para rea- Art. 18. Os acadêmicos de direito, a partir da 4ª série, pode-
ver as despesas do processo, inclusive honorários do advo- rão ser indicados pela assistência judiciária, ou nomeados
gado, desde que prove ter a última perdido a condição legal pelo juiz para auxiliar o patrocínio das causas dos necessi-
de necessitada. tados, ficando sujeitos às mesmas obrigações impostas por
Art. 12. A parte beneficiada pela isenção do pagamento das esta Lei aos advogados.
custas ficará obrigada a pagá-las, desde que possa fazê-lo, Art. 19. Esta Lei entrará em vigor trinta dias depois da sua
sem prejuízo do sustento próprio ou da família. Se, dentro publicação no Diário Oficial da União, revogadas as disposi-
de cinco anos, a contar da sentença final, o assistido não ções em contrário.
puder satisfazer tal pagamento, a obrigação ficará prescrita. Rio de Janeiro, 5 de fevereiro de 1950; 129° da Indepen-
Art. 13. Se o assistido puder atender, em parte, as despe- dência e 62° da República.
sas do processo, o Juiz mandará pagar as custas que serão EURICO GASPAR DUTRA
rateadas entre os que tiverem direito ao seu recebimento.
Art. 14. Os profissionais liberais designados para o desem- LEI N° 1.533, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1951
penho do encargo de defensor ou de perito, conforme o
caso, salvo justo motivo previsto em lei ou, na sua omissão,
a critério da autoridade judiciária competente, são obrigados Altera disposições do Código do Processo Civil, relati-
ao respectivo cumprimento, sob pena de multa de Cr$ vas ao mandado de segurança.
1.000,00 (mil cruzeiros) a Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros), O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
sujeita ao reajustamento estabelecido na Lei n° 6.205, de 29 gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
de abril de 1975, sem prejuízo de sanção disciplinar cabível. Art. 1° Conceder-se-á mandado de segurança para prote-
(Redação dada pela Lei n° 6.465, de 14.11.1977). ger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus,
§ 1° Na falta de indicação pela assistência ou pela própria sempre que, ilegalmente ou com abuso do poder, alguém
parte, o juiz solicitará a do órgão de classe respectivo. (In- sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte
cluído pela Lei n° 6.465, de 14.11.1977). de autoridade, seja de que categoria for ou sejam quais
§ 2° A multa prevista neste artigo reverterá em benefício do forem as funções que exerça.
profissional que assumir o encargo na causa. (Redação § 1° Consideram-se autoridades, para os efeitos desta lei,
dada pela Lei n° 6.465, de 14.11.1977). os representantes ou administradores das entidades autár-
Art. 15. São motivos para a recusa do mandato pelo advo- quicas e das pessoas naturais ou jurídicas com funções
gado designado ou nomeado: delegadas do Poder Público, somente no que entender com
1. estar impedido de exercer a advocacia; essas funções. (Redação dada pela Lei n° 9.259, de
9.1.1996).
2. ser procurador constituído pela parte contrária ou ter com
ela relações profissionais de interesse atual; § 2° Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias
pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de
segurança.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Art. 2° Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as Art. 11. Julgado procedente o pedido, o juiz transmitirá em
conseqüências de ordem patrimonial do ato contra o qual se ofício, por mão do oficial do juízo ou pelo correio, mediante
requer o mandado houverem de ser suportadas pela União registro com recibo de volta, ou por telegrama, radiograma
Federal ou pelas entidades autárquicas federais. ou telefonema, conforme o requerer o peticionário, o inteiro
Art. 3° O titular de direito liquido e certo decorrente de direi- teor da sentença à autoridade coatora.
to, em condições idênticas, de terceiro, poderá impetrar Parágrafo único. Os originais, no caso de transmissão
mandado de segurança a favor do direito originário, se o telegráfica, radiofônica ou telefônica, deverão ser apresen-
seu titular não o fizer, em prazo razoável, apesar de para tados à agência expedidora com a firma do juiz devidamen-
isso notificado judicialmente. te reconhecida.
Art. 4° Em caso de urgência, é permitido, observados os Art. 12. Da sentença, negando ou concedendo o mandado
requisitos desta lei, impetrar o mandado de segurança por cabe apelação. (Redação dada pela Lei n° 6.014, de
telegrama ou radiograma ao juiz competente, que poderá 27.12.1973).
determinar seja feita pela mesma forma a notificação a auto- Parágrafo único. A sentença, que conceder o mandato, fica
ridade coatora. sujeita ao duplo grau de jurisdição, podendo, entretanto, ser
Art. 5° Não se dará mandado de segurança quando se tra- executada provisoriamente. (Redação dada pela Lei n°
tar: 6.071, de 3.7.1974).
I - de ato de que caiba recurso administrativo com efeito Art. 13. Quando o mandado for concedido e o Presidente do
suspensivo, independente de caução. Tribunal, ao qual competir o conhecimento do recurso, or-
II - de despacho ou decisão judicial, quando haja recurso denar ao juiz a suspensão da execução da sentença, desse
previsto nas leis processuais ou possa ser modificado por seu ato caberá agravo para o Tribunal a que presida. (Re-
via de correição. dação dada pela Lei n° 6.014, de 27.12.1973).
III - de ato disciplinar, salvo quando praticado por autoridade Art. 14. Nos casos de competência do Supremo Tribunal
incompetente ou com inobservância de formalidade essen- Federal e dos demais tribunais caberá ao relator a instrução
cial. do processo.
Art. 6° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos Art. 15. A decisão do mandado de segurança não impedirá
dos artigos 158 e 159 do Código do Processo Civil, será que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos
apresentada em duas vias e os documentos, que instruírem e os respectivos efeitos patrimoniais.
a primeira, deverão ser reproduzidos, por cópia, na segun- Art. 16. O pedido de mandado de segurança poderá ser
da. renovado se a decisão denegatória não lhe houver aprecia-
Parágrafo único. No caso em que o documento necessário do o mérito.
a prova do alegado se ache em repartição ou estabeleci- Art. 17. Os processos de mandado de segurança terão
mento público, ou em poder de autoridade que recuse for- prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas-
necê-lo por certidão, o juiz ordenará, preliminarmente, por corpus. Na instância superior deverão ser levados a julga-
ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia mento na primeira sessão que se seguir a data em que, feita
autêntica e marcará para o cumprimento da ordem o prazo a distribuição, forem conclusos ao relator.
de dez dias. Se a autoridade que tiver procedido dessa Parágrafo único. O prazo para conclusão não poderá ex-
maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio ceder de vinte e quatro horas, a contar da distribuição.
instrumento da notificação. O escrivão extrairá cópias do Art. 18. O direito de requerer mandado de segurança extin-
documento para juntá-las à segunda via da petição. (Reda- guir-se-á decorridos cento e vinte dias contados da ciência,
ção dada pela Lei n° 4.166, de 4.12.1962). pela interessado, do ato impugnado.
Art. 7° Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: Art. 19. Aplicam-se ao processo do mandado de segurança
I - que se notifique o coator do conteúdo da petição entre- os artigos do Código de Processo Civil que regulam o litis-
gando-se-lhe a segunda via apresentada pelo requerente consórcio. (Redação dada pela Lei n° 6.071, de 3.7.1974).
com as cópias dos documentos a fim de que, no prazo de Art. 20. Revogam-se os dispositivos do Código do Processo
dez dias, preste as informações que achar necessárias. Civil sobre o assunto e mais disposições em contrário.
(Redação dada pela Lei n° 4.166, de 4.12.1962). Art. 21. Esta lei entrará em vigor na data da sua publicação.
II - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido quan- Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1951; 130° da Indepen-
do for relevante o fundamento e do ato impugnado puder dência e 63° da República.
resultar a ineficácia da medida, caso seja deferida. H. CASTELO BRANCO
Art. 8° A inicial será desde logo indeferida quando não for
caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos
LEI N° 4.348, DE 26 DE JUNHO DE 1964
requisitos desta Lei.
Parágrafo único. De despacho de indeferimento caberá o
recurso previsto no art. 12. Estabelece normas processuais relativas a mandado de
Art. 9° Feita a notificação, o serventuário em cujo cartório segurança.
corra o feito juntará aos autos cópia autêntica do ofício en- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
dereçado ao coator, bem como a prova da entrega a este ou gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
da sua recusa em aceitá-lo ou dar recibo. Art. 1° Nos processos de mandado de segurança serão
Art. 10. Findo o prazo a que se refere o item I do art. 7° e observadas as seguintes normas:
ouvido o representante do Ministério Público dentro em a) é de dez dias o prazo para a prestação de informações
cinco dias, os autos serão conclusos ao juiz, independente de autoridade apontada como coatora.(VETADO).
de solicitação da parte, para a decisão, a qual deverá ser b) a medida liminar somente terá eficácia pelo prazo de (90)
proferida em cinco dias, tenham sido ou não prestadas as noventa dias a contar da data da respectiva concessão,
informações pela autoridade coatora. prorrogável por (30) trinta dias quando provadamente o

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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acúmulo de processos pendentes de julgamento justificar a O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
prorrogação. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 2° Será decretada a perempção ou a caducidade da DA AÇÃO POPULAR
medida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério Art. 1° Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a
Público quando, concedida a medida, o impetrante criar anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao
obstáculo ao normal andamento do processo, deixar de patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos
promover, por mais de (3) três dias, os atos e diligências Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de
que lhe cumprirem, ou abandonar a causa por mais de (20) economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades
vinte dias. mútuas de seguro nas quais a União represente os segura-
Art. 3° Os representantes judiciais da União, dos Estados, dos ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais
do Distrito Federal, dos Municípios ou de suas respectivas autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação
autarquias e fundações serão intimados pessoalmente pelo ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra
juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, das decisões com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da recei-
judiciais em que suas autoridades administrativas figurem ta ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União,
como coatoras, com a entrega de cópias dos documentos do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de
nelas mencionados, para eventual suspensão da decisão e quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas
defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder. pelos cofres públicos.
(Redação dada pela Lei nº 10.910, 15.7.2004). § 1° Consideram-se patrimônio público, para os fins referi-
Art. 4° Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito dos neste artigo, os bens e direitos de valor econômico,
público interessada e para evitar grave lesão à ordem, à artístico, estético, histórico ou turístico. (Redação dada pela
saúde, à segurança e à economia pública, o Presidente do Lei n° 6.513, de 20.12.1977).
Tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo re- § 2° Em se tratando de instituições ou fundações, para cuja
curso (VETADO). suspender, em despacho fundamentado, criação ou custeio o tesouro público concorra com menos
a execução da liminar, e da sentença, dessa decisão caberá de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua,
agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de cinco dias, con- bem como de pessoas jurídicas ou entidades subvenciona-
tados da publicação do ato. (O prazo de 10 (dez) dias pre- das, as conseqüências patrimoniais da invalidez dos atos
visto neste artigo passou para 5 (cinco) dias conforme de- lesivos terão por limite a repercussão deles sobre a contri-
termina a Lei n° 8.038, de 28 de maio de 1990, em seus buição dos cofres públicos.
arts. 25, § 2° e 39, e a Lei n° 8.437, de 30 de junho de 1992, § 3° A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita
em seu art. 4°, § 3°). com o título eleitoral, ou com documento que a ele corres-
§ 1° Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo ponda.
a que se refere o caput, caberá novo pedido de suspensão § 4° Para instruir a inicial, o cidadão poderá requerer às
ao Presidente do Tribunal competente para conhecer de entidades, a que se refere este artigo, as certidões e infor-
eventual recurso especial ou extraordinário. (acrescido pela mações que julgar necessárias, bastando para isso indicar a
Medida Provisória n° 2.180-35, de 24.8.2001). finalidade das mesmas.
§ 2° Aplicam-se à suspensão de segurança de que trata § 5° As certidões e informações, a que se refere o parágrafo
esta Lei, as disposições dos §§ 5° a 8° do art. 4° da Lei n° anterior, deverão ser fornecidas dentro de 15 (quinze) dias
8.437, de 30 de junho de 1992. (Acrescido pela Medida da entrega, sob recibo, dos respectivos requerimentos, e só
Provisória n° 2.180-35, de 24.8.2001). poderão ser utilizadas para a instrução de ação popular.
Art. 5° Não será concedida a medida liminar de mandados § 6° Somente nos casos em que o interesse público, devi-
de segurança impetrados visando à reclassificação ou equi- damente justificado, impuser sigilo, poderá ser negada cer-
paração de servidores públicos, ou à concessão de aumen- tidão ou informação.
to ou extensão de vantagens.
§ 7° Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a ação
Parágrafo único. Os mandados de segurança a que se poderá ser proposta desacompanhada das certidões ou
refere este artigo serão executados depois de transitada em informações negadas, cabendo ao juiz, após apreciar os
julgado a respectiva sentença. motivos do indeferimento, e salvo em se tratando de razão
Art. 6° (VETADO). de segurança nacional, requisitar umas e outras; feita a
Art. 7° O recurso voluntário ou ex officio, interposto de deci- requisição, o processo correrá em segredo de justiça, que
são concessiva de mandado de segurança que importe cessará com o trânsito em julgado de sentença condenató-
outorga ou adição de vencimento ou ainda reclassificação ria.
funcional, terá efeito suspensivo. Art. 2° São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entida-
Art. 8° Aos magistrados, funcionários da administração des mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
pública e aos serventuários da Justiça que descumprirem os a) incompetência;
prazos mencionados nesta lei, aplicam-se as sanções do b) vício de forma;
Código de Processo Civil e do Estatuto dos Funcionários
c) ilegalidade do objeto;
Públicos Civis da União (Lei n° 1.711, de 28.10.1952).
d) inexistência dos motivos;
Art. 9° Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação,
revogadas as disposições em contrário. e) desvio de finalidade.
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nuli-
Brasília, 26 de junho de 1964; 143° da Independência e 76°
dade observar-se-ão as seguintes normas:
da República.
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se
incluir nas atribuições legais do agente que o praticou;
LEI N° 4.717, DE 29 DE JUNHO DE 1965
Regula a Ação Popular.

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b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância VIII - O empréstimo concedido pelo Banco Central da Repú-
incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à blica, quando:
existência ou seriedade do ato; a) concedido com desobediência de quaisquer normas le-
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato gais, regulamentares, regimentais ou constantes de instru-
importa em violação de lei, regulamento ou outro ato norma- ções gerais:
tivo; b) o valor dos bens dados em garantia, na época da opera-
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria ção, for inferior ao da avaliação.
de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materi- IX - A emissão, quando efetuada sem observância das nor-
almente inexistente ou juridicamente inadequada ao resul- mas constitucionais, legais e regulamentadoras que regem
tado obtido; a espécie.
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica DA COMPETÊNCIA
o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou Art. 5° Conforme a origem do ato impugnado, é competente
implicitamente, na regra de competência. para conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de
Art. 3° Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for
público ou privado, ou das entidades mencionadas no art. para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal,
1°, cujos vícios não se compreendam nas especificações do ao Estado ou ao Município.
artigo anterior, serão anuláveis, segundo as prescrições § 1° Para fins de competência, equiparam-se a atos da Uni-
legais, enquanto compatíveis com a natureza deles. ão, do Distrito Federal, do Estado ou dos Municípios os atos
Art. 4° São também nulos os seguintes atos ou contratos, das pessoas criadas ou mantidas por essas pessoas jurídi-
praticados ou celebrados por quaisquer das pessoas ou cas de direito público, bem como os atos das sociedades de
entidades referidas no art. 1°. que elas sejam acionistas e os das pessoas ou entidades
I - A admissão ao serviço público remunerado, com desobe- por elas subvencionadas ou em relação às quais tenham
diência, quanto às condições de habilitação, das normas interesse patrimonial.
legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. § 2° Quando o pleito interessar simultaneamente à União e
II - A operação bancária ou de crédito real, quando: a qualquer outra pessoas ou entidade, será competente o
a) for realizada com desobediência a normas legais, regu- juiz das causas da União, se houver; quando interessar
lamentares, estatutárias, regimentais ou internas; simultaneamente ao Estado e ao Município, será competen-
b) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor for infe- te o juiz das causas do Estado, se houver.
rior ao constante de escritura, contrato ou avaliação. § 3° A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo
III - A empreitada, a tarefa e a concessão do serviço público, para todas as ações, que forem posteriormente intentadas
quando: contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos.
a) o respectivo contrato houver sido celebrado sem prévia § 4° Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão
concorrência pública ou administrativa, sem que essa con- liminar do ato lesivo impugnado. (Incluído pela Lei n° 6.513,
dição seja estabelecida em lei, regulamento ou norma geral; de 20.12.1977).
b) no edital de concorrência forem incluídas cláusulas ou DOS SUJEITOS PASSIVOS DA AÇÃO E DOS ASSISTENTES
condições, que comprometam o seu caráter competitivo; Art. 6° A ação será proposta contra as pessoas públicas ou
c) a concorrência administrativa for processada em condi- privadas e as entidades referidas no art. 1°, contra as auto-
ções que impliquem na limitação das possibilidades normais ridades, funcionários ou administradores que houverem
de competição. autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impug-
IV - As modificações ou vantagens, inclusive prorrogações nado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à
que forem admitidas, em favor do adjudicatário, durante a lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
execução dos contratos de empreitada, tarefa e concessão § 1° Se não houver beneficiário direto do ato lesivo, ou se
de serviço público, sem que estejam previstas em lei ou nos for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será propos-
respectivos instrumentos., ta somente contra as outras pessoas indicadas neste artigo.
V - A compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos ca- § 2° No caso de que trata o inciso II, item “b”, do art. 4°,
sos em que não for cabível concorrência pública ou adminis- quando o valor real do bem for inferior ao da avaliação,
trativa, quando: citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou priva-
a) for realizada com desobediência a normas legais, regu- das e entidades referidas no art. 1°, apenas os responsá-
lamentares, ou constantes de instruções gerais; veis pela avaliação inexata e os beneficiários da mesma.
b) o preço de compra dos bens for superior ao corrente no § 3° A pessoas jurídica de direito público ou de direito priva-
mercado, na época da operação; do, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de
c) o preço de venda dos bens for inferior ao corrente no contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde
mercado, na época da operação. que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do res-
VI - A concessão de licença de exportação ou importação, pectivo representante legal ou dirigente.
qualquer que seja a sua modalidade, quando: § 4° O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe
a) houver sido praticada com violação das normas legais e apressar a produção da prova e promover a responsabilida-
regulamentares ou de instruções e ordens de serviço; de, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe ve-
b) resulta em exceção ou privilégio, em favor de exportador dado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato im-
ou importador. pugnado ou dos seus autores.
VII - A operação de redesconto quando sob qualquer aspec- § 5° É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litis-
to, inclusive o limite de valor, desobedecer a normas legais, consorte ou assistente do autor da ação popular.
regulamentares ou constantes de instruções gerais. DO PROCESSO

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Art. 7° A ação obedecerá o procedimento ordinário, previsto Art. 9° Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvi-
no Código de Processo Civil, observadas as seguintes nor- ção da instância, serão publicados editais nos prazos e
mas modificativas: condições previstos no art. 7°, inciso II, ficando assegurado
I - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministé-
a) além da citação dos réus, a intimação do representante rio Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última
do Ministério Público; publicação feita, promover o prosseguimento da ação.
b) a requisição, às entidades indicadas na petição inicial, Art. 10. As partes só pagarão custas e preparo a final.
dos documentos que tiverem sido referidos pelo autor (art. Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popu-
1°, § 6°), bem como a de outros que se lhe afigurem neces- lar, decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao
sários ao esclarecimento dos fatos, fixando o prazo de 15 pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua
(quinze) a 30 (trinta) dias para o atendimento. prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva
§ 1° O representante do Ministério Público providenciará contra os funcionários causadores de dano, quando incorre-
para que a requisições, a que se refere o inciso anterior, rem em culpa.
sejam atendidas dentro dos prazos ficados pelo juiz. Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos
§ 2° Se os documentos e informações não puderem ser réus, o pagamento, ao autor, das custas e demais despe-
oferecidos nos prazos assinalados, o juiz poderá autorizar sas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com
prorrogação dos mesmos, por prazo razoável. a ação e comprovadas, bem como o dos honorários de
II - Quando o autor o preferir, a citação dos beneficiários far- advogado.
se-á por edital com o prazo de 30 (trinta) dias, afixado na Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito
sede do juízo e publicado três vezes no jornal oficial do do pedido, julgar a lide manifestamente temerária, condena-
Distrito Federal, ou da Capital do Estado ou Território em rá o autor ao pagamento do décuplo das custas.
que seja ajuizada a ação. A publicação será gratuita e deve- Art. 14. Se o valor da lesão ficar provado no curso da cau-
rá iniciar-se no máximo 3 (três) dias após a entrega, na sa, será indicado na sentença; se depender de avaliação ou
repartição competente, sob protocolo, de uma via autentica- perícia, será apurado na execução.
da do mandado. § 1° Quando a lesão resultar da falta ou isenção de qual-
III - Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato quer pagamento, a condenação imporá o pagamento devi-
impugnado, cuja existência ou identidade se torne conheci- do, com acréscimo de juros de mora e multa legal ou contra-
da no curso do processo e antes de proferida a sentença tual, se houver.
final de primeira instância, deverá ser citada para a integra- § 2° Quando a lesão resultar da execução fraudulenta, si-
ção do contraditório, sendo-lhe restituído o prazo para con- mulada ou irreal de contratos, a condenação versará sobre
testação e produção de provas; Salvo, quanto a beneficiário, a reposição do débito, com juros de mora.
se a citação se houver feito na forma do inciso anterior. § 3° Quando o réu condenado perceber dos cofres públicos,
IV - O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogá- a execução far-se-á por desconto em folha até o integral
veis por mais 20 (vinte), a requerimento do interessado, se ressarcimento do dano causado, se assim mais convier ao
particularmente difícil a produção de prova documental, e interesse público.
será comum a todos os interessados, correndo da entrega § 4° A parte condenada a restituir bens ou valores ficará
em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, sujeita a seqüestro e penhora, desde a prolação da senten-
do decurso do prazo assinado em edital. ça condenatória.
V - Caso não requerida, até o despacho saneador, a produ- Art. 15. Se, no curso da ação, ficar provada a infringência
ção de prova testemunhal ou pericial, o juiz ordenará vista da lei penal ou a prática de falta disciplinar a que a lei comi-
às partes por 10 (dez) dias, para alegações, sendo-lhe os ne a pena de demissão ou a de rescisão de contrato de
autos conclusos, para sentença, 48 (quarenta e oito) horas trabalho, o juiz, ex officio, determinará a remessa de cópia
após a expiração desse prazo; havendo requerimento de autenticada das peças necessárias às autoridades ou aos
prova, o processo tomará o rito ordinário. administradores a quem competir aplicar a sanção.
VI - A sentença, quando não prolatada em audiência de Art. 16. Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicação
instrução e julgamento, deverá ser proferida dentro de 15 da sentença condenatória de segunda instância, sem que o
(quinze) dias do recebimento dos autos pelo juiz. autor ou terceiro promova a respectiva execução o repre-
Parágrafo único. O proferimento da sentença além do pra- sentante do Ministério Público a promoverá nos 30 (trinta)
zo estabelecido privará o juiz da inclusão em lista de mere- dias seguintes, sob pena de falta grave.
cimento para promoção, durante 2 (dois) anos, e acarretará Art. 17. É sempre permitida às pessoas ou entidades referi-
a perda, para efeito de promoção por antigüidade, de tantos das no art. 1°, ainda que hajam contestado a ação, promo-
dias, quantos forem os do retardamento salvo motivo justo, ver, em qualquer tempo, e no que as beneficiar a execução
declinado nos autos e comprovado perante o órgão discipli- da sentença contra os demais réus.
nar competente. Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível
Art. 8° Ficará sujeita à pena de desobediência, salvo motivo “erga omnes”, exceto no caso de haver sido a ação julgada
justo devidamente comprovado, a autoridade, o administra- improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer
dor ou o dirigente, que deixar de fornecer, no prazo fixado cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamen-
no art. 1°, § 5°, ou naquele que tiver sido estipulado pelo to, valendo-se de nova prova.
juiz (art. 7°, n° I, letra “b”), informações e certidão ou fotocó- Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela im-
pia de documento necessários à instrução da causa. procedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdi-
Parágrafo único. O prazo contar-se-á do dia em que entre- ção, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo
gue, sob recibo, o requerimento do interessado ou o ofício tribunal; da que julgar a ação procedente, caberá apelação,
de requisição (art. 1°, § 5°, e art. 7°, n° I, letra “b”). com efeito suspensivo. (Redação dada ao caput e, parágra-
fos pela Lei n° 6.014, de 27.12.1973).

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§ 1° Das decisões interlocutórias cabe agravo de instrumen- j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício
to. profissional. (Incluído pela Lei n° 6.657,de 5.6.1979).
§ 2° Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da Art. 4° Constitui também abuso de autoridade:
ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade indivi-
cidadão e também o Ministério Público. dual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
DISPOSIÇÕES GERAIS b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame
Art. 20. Para os fins desta lei, consideram-se entidades ou a constrangimento não autorizado em lei;
autárquicas: c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente
a) o serviço estatal descentralizado com personalidade jurí- a prisão ou detenção de qualquer pessoa;
dica, custeado mediante orçamento próprio, independente d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou de-
do orçamento geral; tenção ilegal que lhe seja comunicada;
b) as pessoas jurídicas especialmente instituídas por lei, e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a
para a execução de serviços de interesse público ou social, prestar fiança, permitida em lei;
custeados por tributos de qualquer natureza ou por outros f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carce-
recursos oriundos do Tesouro Público; ragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa,
c) as entidades de direito público ou privado a que a lei tiver desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto
atribuído competência para receber e aplicar contribuições à espécie, quer quanto ao seu valor;
parafiscais. g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial
Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) recibo de importância recebida a título de carceragem, cus-
anos. tas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;
Art. 22. Aplicam-se à ação popular as regras do Código de h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural
Processo Civil, naquilo em que não contrariem os dispositi- ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder
vos desta lei, nem à natureza específica da ação. ou sem competência legal;
Brasília, 29 de junho de 1965; 144° da Independência e 77° i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de
da República. medida de segurança, deixando de expedir em tempo opor-
H. CASTELO BRANCO tuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. (In-
cluído pela Lei n° 7.960, de 21.12.1989).
LEI N° 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965 Art. 5° Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei,
quem exerce cargo, emprego ou função pública, de nature-
za civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remu-
Regula o Direito de Representação e o processo de neração.
Responsabilidade Administrativa Civil e Penal , nos Art. 6° O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à san-
casos de abuso de autoridade.
ção administrativa, civil e penal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
§ 1° A sanção administrativa será aplicada de acordo com a
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
gravidade do abuso cometido e consistirá em:
Art. 1° O direito de representação e o processo de respon-
a) advertência;
sabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades
b) repreensão;
que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são
regulados pela presente lei. c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco
a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vanta-
Art. 2° O direito de representação será exercido por meio
gens;
de petição:
d) destituição de função;
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal
para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respecti- e) demissão;
va sanção; f) demissão, a bem do serviço público.
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver compe- § 2° A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do
tência para iniciar processo-crime contra a autoridade cul- dano, consistirá no pagamento de uma indenização de qui-
pada. nhentos a dez mil cruzeiros.
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e § 3° A sanção penal será aplicada de acordo com as regras
conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de autori- dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
dade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
acusado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se as b) detenção por dez dias a seis meses;
houver. c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qual-
Art. 3° Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: quer outra função pública por prazo até três anos.
a) à liberdade de locomoção; § 4° As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser
b) à inviolabilidade do domicílio; aplicadas autônoma ou cumulativamente.
c) ao sigilo da correspondência; § 5° Quando o abuso for cometido por agente de autoridade
d) à liberdade de consciência e de crença; policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser
e) ao livre exercício do culto religioso; cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o
acusado exercer funções de natureza policial ou militar no
f) à liberdade de associação;
município da culpa, por prazo de um a cinco anos.
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício
art. 7° Recebida a representação em que for solicitada a
do voto;
aplicação de sanção administrativa, a autoridade civil ou
h) ao direito de reunião;
i) à incolumidade física do indivíduo;

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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militar competente determinará a instauração de inquérito julgamento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente,
para apurar o fato. dentro de cinco dias.
§ 1° O inquérito administrativo obedecerá às normas esta- § 2° A citação do réu para se ver processar, até julgamento
belecidas nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou final e para comparecer à audiência de instrução e julga-
militares, que estabeleçam o respectivo processo. mento, será feita por mandado sucinto que será acompa-
§ 2° Não existindo no município no Estado ou na legislação nhado da segunda via da representação e da denúncia.
militar normas reguladoras do inquérito administrativo serão Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser
aplicadas supletivamente, as disposições dos arts. 219 a apresentada em juízo, independentemente de intimação.
225 da Lei n° 1.711, de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precató-
Funcionários Públicos Civis da União). ria para a audiência ou a intimação de testemunhas ou,
§ 3° O processo administrativo não poderá ser sobrestado salvo o caso previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos
para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil. para a realização de diligências, perícias ou exames, a não
Art. 8° A sanção aplicada será anotada na ficha funcional ser que o Juiz, em despacho motivado, considere indispen-
da autoridade civil ou militar. sáveis tais providências.
Art. 9° Simultaneamente com a representação dirigida à Art. 19. À hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos
autoridade administrativa ou independentemente dela, po- auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência,
derá ser promovida, pela vítima do abuso, a responsabilida- apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o
de civil ou penal ou ambas, da autoridade culpada. representante do Ministério Público ou o advogado que
Art. 10. (VETADO). tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor do réu.
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-
de Processo Civil. se se ausente o Juiz.
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz
inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se,
Público, instruída com a representação da vítima do abuso. devendo o ocorrido constar do livro de termos de audiência.
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública,
da vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, de- se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em
nunciará o réu, desde que o fato narrado constitua abuso de dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do Juí-
autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e, bem assim, zo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz designar.
a designação de audiência de instrução e julgamento. Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o
§ 1° A denúncia do Ministério Público será apresentada em interrogatório do réu, se estiver presente.
duas vias. Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advo-
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade gado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para funcio-
houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: nar na audiência e nos ulteriores termos do processo.
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz
por meio de duas testemunhas qualificadas; dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audi- advogado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou
ência de instrução e julgamento, a designação de um perito defensor do réu, pelo prazo de quinze minutos para cada
para fazer as verificações necessárias. um, prorrogável por mais dez (10), a critério do Juiz.
§ 1° O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente
prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o apresenta- a sentença.
rão por escrito, querendo, na audiência de instrução e jul- Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro
gamento. próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, os
§ 2° No caso previsto na letra a deste artigo a representa- depoimentos e as alegações da acusação e da defesa, os
ção poderá conter a indicação de mais duas testemunhas. requerimentos e, por extenso, os despachos e a sentença.
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apre- Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do
sentar a denúncia requerer o arquivamento da representa- Ministério Público ou o advogado que houver subscrito a
ção, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão.
invocadas, fará remessa da representação ao Procurador- Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem
Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará outro órgão difíceis e não permitirem a observância dos prazos fixados
do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no arqui- nesta lei, o juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamen-
vamento, ao qual só então deverá o Juiz atender. te, até o dobro.
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do
denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação pri- Código de Processo Penal, sempre que compatíveis com o
vada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei.
queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e intervir Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças,
em todos os termos do processo, interpor recursos e, a todo caberão os recursos e apelações previstas no Código de
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a Processo penal.
ação como parte principal. Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144° da Independência e
quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou 77° da República.
rejeitando a denúncia. H. CASTELO BRANCO
§ 1° No despacho em que receber a denúncia, o Juiz desig-
nará, desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e LEI N° 5.474, DE 18 DE JULHO DE 1968

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Dispõe sobre as Duplicatas, e dá outras providências. pelo consignatário, mencionando-se o prazo estipulado para
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o a liquidação do saldo da conta.
CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a se- § 2° Fica o consignatário dispensado de emitir duplicata
guinte Lei: quando na comunicação a que se refere o § 1° declarar,
CAPÍTULO I DA FATURA E DA DUPLICATA que o produto líquido apurado está à disposição do consig-
Art. 1° Em todo o contrato de compra e venda mercantil nante.
entre partes domiciliadas no território brasileiro, com prazo CAPÍTULO II DA REMESSA E DA DEVOLUÇÃO DA DUPLICATA
não inferior a 30 (trinta) dias, contado da data da entrega ou Art. 6° A remessa de duplicata poderá ser feita diretamente
despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva pelo vendedor ou por seus representantes, por intermédio
fatura para apresentação ao comprador. de instituições financeiras, procuradores ou, corresponden-
§ 1° A fatura discriminará as mercadorias vendidas ou, tes que se incumbam de apresentá-la ao comprador na
quando convier ao vendedor, indicará somente os números praça ou no lugar de seu estabelecimento, podendo os in-
e valores das notas parciais expedidas por ocasião das termediários devolvê-la, depois de assinada, ou conservá-la
vendas, despachos ou entregas das mercadorias. em seu poder até o momento do resgate, segundo as ins-
Art. 2° No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraí- truções de quem lhes cometeu o encargo.
da uma duplicata para circulação como efeito comercial, não § 1° O prazo para remessa da duplicata será de 30 (trinta)
sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito dias, contado da data de sua emissão.
para documentar o saque do vendedor pela importância § 2° Se a remessa for feita por intermédio de representantes
faturada ao comprador. instituições financeiras, procuradores ou correspondentes
§ 1° A duplicata conterá: estes deverão apresentar o título, ao comprador dentro de
I - a denominação “duplicata”, a data de sua emissão e o 10 (dez) dias, contados da data de seu recebimento na
número de ordem; praça de pagamento.
II - o número da fatura; Art. 7° A duplicata, quando não for à vista, deverá ser de-
III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a volvida pelo comprador ao apresentante dentro do prazo de
duplicata à vista; 10 (dez) dias, contado da data de sua apresentação, devi-
IV - o nome e domicílio do vendedor e do comprador; damente assinada ou acompanhada de declaração, por
escrito, contendo as razões da falta do aceite.
V - a importância a pagar, em algarismos e por extenso;
§ 1° Havendo expressa concordância da instituição financei-
VI - a praça de pagamento;
ra cobradora, o sacado poderá reter a duplicata em seu
VII - a cláusula à ordem; poder até a data do vencimento, desde que comunique, por
VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da escrito, à apresentante o aceite e a retenção.
obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como § 2° A comunicação de que trata o parágrafo anterior substi-
aceite, cambial; tuirá, quando necessário, no ato do protesto ou na execução
IX - a assinatura do emitente. judicial, a duplicata a que se refere. (redação alterada pela
§ 2° Uma só duplicata não pode corresponder a mais de lei n° 6.458.1977).
uma fatura. Art. 8° O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata
§ 3° Nos casos de venda para pagamento em parcelas, por motivo de:
poderá ser emitida duplicata única, em que se discriminarão I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não
todas as prestações e seus vencimentos, ou série de dupli- expedidas ou não entregues por sua conta e risco;
catas, uma para cada prestação distinguindo-se a numera- II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quanti-
ção a que se refere o item I do § 1° deste artigo, pelo acrés- dade das mercadorias, devidamente comprovados;
cimo de letra do alfabeto, em seqüência.
III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados.
Art. 3° A duplicata indicará sempre o valor total da fatura,
CAPÍTULO III DO PAGAMENTO DAS DUPLICATAS
ainda que o comprador tenha direito a qualquer rebate,
mencionando o vendedor o valor líquido que o comprador Art. 9° É lícito ao comprador resgatar a duplicata antes de
deverá reconhecer como obrigação de pagar. aceitá-la ou antes da data do vencimento.
§ 1° Não se incluirão no valor total da duplicata os abati- § 1° A prova do pagamento e o recibo, passado pelo legíti-
mentos de preços das mercadorias feitas pelo vendedor até mo portador ou por seu representante com poderes especi-
o ato do faturamento, desde que constem da fatura. ais, no verso do próprio título ou em documento, em sepa-
§ 2° A venda mercantil para pagamento contra a entrega da rado, com referência expressa à duplicata.
mercadoria ou do conhecimento de transporte, sejam ou § 2° Constituirá, igualmente, prova de pagamento, total ou
não da mesma praça vendedor e comprador, ou para pa- parcial, da duplicata, a liquidação de cheque, a favor do
gamento em prazo inferior a 30 (trinta) dias, contado da estabelecimento endossatário, no qual conste, no verso,
entrega ou despacho das mercadorias, poderá representar- que seu valor se destina a amortização ou liquidação da
se, também, por duplicata, em que se declarará que o pa- duplicata nele caracterizada.
gamento será feito nessas condições. Art. 10. No pagamento da duplicata poderão ser deduzidos
Art. 4° Nas vendas realizadas por consignatários ou comis- quaisquer créditos a favor do devedor resultantes de devo-
sários e faturas em nome e por conta do consignante ou lução de mercadorias, diferenças de preço, enganos, verifi-
comitente, caberá àqueles cumprir os dispositivos desta Lei. cados, pagamentos por conta e outros motivos assemelha-
Art. 5° Quando a mercadoria for vendida por conta do con- dos, desde que devidamente autorizados.
signatário, este é obrigado, na ocasião de expedir a fatura e Art. 11. A duplicata admite reforma ou prorrogação do prazo
a duplicata, a comunicar a venda ao consignante. de vencimento, mediante declaração em separado ou nela
§ 1° Por sua vez, o consignante expedirá fatura e duplicata escrita, assinada pelo vendedor ou endossatário, ou por
correspondente à mesma venda, a fim de ser esta assinada representante com poderes especiais.

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Parágrafo único. A reforma ou prorrogação de que trata Art. 16. Aplica-se o procedimento ordinário previsto no Có-
este artigo, para manter a coobrigação dos demais interve- digo de Processo Civil à ação do credor contra o devedor,
nientes por endosso ou aval, requer a anuência expressa por duplicata ou triplicata que não preencha os requisitos do
destes. art. 15, I e II, e parágrafos 1° e 2°, bem como à ação para
Art. 12. O pagamento da duplicata poderá ser assegurado ilidir as razões invocadas pelo devedor para o não aceite do
por aval, sendo o avalista equiparado àquele cujo nome título, nos casos previstos no art. 8º (Redação dada pela Lei
indicar; na falta da indicação, àquele abaixo de cuja firma n° 6.458, de 1° de novembro de 1977).
lançar a sua; fora desses casos, ao comprador. Art. 17. O foro competente para cobrança judicial da dupli-
Parágrafo único. O aval dado posteriormente ao vencimen- cata ou da triplicata é o da praça de pagamento constante
to do título produzirá os mesmos efeitos que o prestado do título, ou outra de domicílio do comprador e, no caso de
anteriormente àquela ocorrência. ação regressiva, a dos sacadores, dos endossantes e res-
CAPÍTULO IV DO PROTESTO pectivos avalistas.(Redação dada pela lei n° 6.458.1977).
Art. 13. A duplicata é protestável por falta de aceite de de- Art. 18. A pretensão à execução da duplicata prescreve:
volução ou pagamento. (Redação dada pelo Decreto-Lei n° (Redação dada pela lei n° 6.458.1977).
436, de 27.1.1969). I - contra o sacado e respectivos avalistas, em 3 (três) anos,
§ 1° Por falta de aceite, de devolução ou de pagamento, o contados da data do vencimento do título;
protesto será tirado, conforme o caso, mediante apresenta- II - contra endossante e seus avalistas, em 1 (um) ano, con-
ção da duplicata, da triplicata, ou, ainda, por simples indica- tado da data do protesto;
ções do portador, na falta de devolução do título. (Redação III - de qualquer dos coobrigados contra os demais, em um
dada pelo Decreto-Lei n° 436, de 27.1.1969). (1) ano, contado da data em que haja sido efetuado o pa-
§ 2° O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar gamento do título.
o título, por falta de aceite ou de devolução, não elide a § 1° A cobrança judicial poderá ser proposta contra um ou
possibilidade de protesto por falta de pagamento. (Redação contra todos os coobrigados, sem observância da ordem em
dada pelo Decreto-Lei n° 436, de 27.1.1969). que figurem no título.
§ 3° O protesto será tirado na praça de pagamento constan- § 2° Os coobrigados da duplicata respondem solidariamente
te do título. (Redação dada pelo Decreto-Lei n° 436, de pelo aceite e pelo pagamento.
27.1.1969). CAPÍTULO VI DA ESCRITA ESPECIAL
§ 4° O portador que não tirar o protesto da duplicata, em Art. 19. A adoção do regime de vendas de que trata o art.
forma regular e dentro do prazo da 30 (trinta) dias, contado 2° desta Lei obriga o vendedor a ter e a escriturar o Livro de
da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso Registro de Duplicatas.
contra os endossantes e respectivos avalistas.(Redação § 1° No Registro de Duplicatas serão escrituradas, cronolo-
dada pelo Decreto-Lei n° 436, de 27.1.1969). gicamente, todas as duplicatas emitidas, com o número de
Art. 14. Nos casos de protesto, por falta de aceite, de devo- ordem, data e valor das faturas originárias e data de sua
lução ou de pagamento, ou feitos por indicações do portador expedição; nome e domicílio do comprador; anotações das
do instrumento de protesto deverá conter os requisitos e- reformas; prorrogações e outras circunstâncias necessárias.
numerados no artigo 29 do Decreto n° 2.044, de 31 de de- § 2° Os Registros de Duplicatas, que não poderão conter
zembro de 1908, exceto a transcrição mencionada no inciso emendas, borrões, rasuras ou entrelinhas, deverão ser con-
II, que será substituída pela reprodução das indicações servados nos próprios estabelecimentos.
feitas pelo portador do título.(Redação dada pelo Decreto- § 3° O Registro de Duplicatas poderá ser substituído por
Lei n° 436, de 27.1.1969). qualquer sistema mecanizado, desde que os requisitos des-
CAPÍTULO V DO PROCESSO PARA COBRANÇA DA DUPLICATA te artigo sejam observados.
Art. 15. A cobrança judicial de duplicata ou triplicada será CAPÍTULO VII DAS DUPLICATAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
efetuada de conformidade com o processo aplicável aos Art. 20. As empresas, individuais ou coletivas, fundações ou
títulos executivos extrajudiciais, de que cogita o Livro II do sociedades civis, que se dediquem à prestação de serviços,
Código de Processo Civil, quando se tratar: (Redação dada poderão, também, na forma desta lei, emitir fatura e duplica-
pela Lei n° 6.458, de 1° de novembro de 1977). ta.
I - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não; § 1° A fatura deverá discriminar a natureza dos serviços
II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que, cumu- prestados.
lativamente: § 2° A soma a pagar em dinheiro corresponderá ao preço
a) haja sido protestada; dos serviços prestados.
b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório § 3° Aplicam-se à fatura e à duplicata ou triplicata de pres-
da entrega e recebimento da mercadoria; tação de serviços, com as adaptações cabíveis, as disposi-
c) o sacado não tenha, comprova-damente, recusado o ções referentes à fatura e à duplicata ou triplicata de venda
aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos previstos mercantil, constituindo documento hábil, para transcrição do
nos artigos 7° e 8° desta Lei. instrumento de protesto, qualquer documento que comprove
§ 1° Contra o sacador, os endossantes e respectivos avalis- a efetiva prestação, dos serviços e o vínculo contratual que
tas caberá o processo de execução referido neste artigo, a autorizou.(Incluído pelo Decreto-Lei n° 436, de 27.1.1969).
quaisquer que sejam a forma e as condições do protesto. Art. 21. O sacado poderá deixar de aceitar a duplicata de
§ 2° Processar-se-á também da mesma maneira a execu- prestação de serviços por motivo de:
ção de duplicata ou triplicata não aceita e não devolvida, I - não correspondência com os serviços efetivamente con-
desde que haja sido protestada mediante indicações do tratados;
credor ou do apresentante do título, nos termos do art. 14, II - vícios ou defeitos na qualidade dos serviços prestados,
preenchidas as condições do inciso II deste artigo. devidamente comprovados;

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III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. família, gozará do benefício da gratuidade, por simples afir-
Art. 22. Equiparam-se às entidades constantes do art. 20, mativa dessas condições perante o juiz, sob pena de paga-
para os efeitos da presente Lei, ressalvado o disposto no mento até o décuplo das custas judiciais.
Capítulo VI, os profissionais liberais e os que prestam servi- § 3° Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afir-
ço de natureza eventual desde que o valor do serviço ultra- mar essa condição, nos termos desta lei.
passe a NCr$100,00 (cem cruzeiros novos). § 4° A impugnação do direito à gratuidade não suspende o
§ 1° Nos casos deste artigo, o credor enviará ao devedor curso do processo de alimentos e será feita em autos apar-
fatura ou conta que mencione a natureza e valor dos servi- tados.
ços prestados, data e local do pagamento e o vínculo con- Art. 2° O credor, pessoalmente, ou por intermédio de advo-
tratual que deu origem aos serviços executados. gado, dirigir-se-á ao juiz competente, qualificando-se, e
§ 2° Registrada a fatura ou conta no Cartório de Títulos e exporá suas necessidades, provando, apenas, o parentesco
Documentos, será ela remetida ao devedor, com as caute- ou a obrigação de alimentar do devedor, indicando seu no-
las constantes do artigo 6º. me e sobrenome, residência ou local de trabalho, profissão
§ 3° O não pagamento da fatura ou conta no prazo nela e naturalidade, quanto ganha aproximadamente ou os re-
fixado autorizará o credor a levá-la a protesto, valendo, na cursos de que dispõe.
ausência do original, certidão do cartório competente. § 1° Dispensar-se-á a produção inicial de documentos pro-
§ 4° O instrumento do protesto, elaborado com as cautelas batórios;
do art. 14, discriminando a fatura ou conta original ou a I - quando existente em notas, registros, repartições ou
certidão do Cartório de Títulos e Documentos, autorizará o estabelecimentos públicos e ocorrer impedimento ou demo-
ajuizamento da competente processo de execução na forma ra em extrair certidões.
prescrita nesta Lei. (parágrafo alterado pela lei n° II - quando estiverem em poder do obrigado, as prestações
6.458.1977). alimentícias ou de terceiro residente em lugar incerto ou não
CAPÍTULO VIII DAS DISPOSIÇÕES GERAIS sabido.
Art. 23. A perda ou extravio da duplicata obrigará o vende- § 2° Os documentos públicos ficam isentos de reconheci-
dor a extrair triplicata, que terá os mesmos efeitos e requisi- mento de firma.
tos e obedecerá às mesmas formalidades daquela. § 3° Se o credor comparecer pessoalmente e não indicar
Art. 24. Da duplicata poderão constar outras indicações, profissional que haja concordado em assisti-lo, o juiz desig-
desde que não alterem sua feição característica. nará desde logo quem o deva fazer.
Art. 25. Aplicam-se à duplicata e à triplicata, no que couber, Art. 3° O pedido será apresentado por escrito, em 3 (três)
os dispositivos da legislação sôbre emissão, circulação e vias, e deverá conter a indicação do juiz a quem for dirigido,
pagamento das Letras de Câmbio. os elementos referidos no artigo anterior e um histórico
Art. 26. O art. 172 do Código Penal (Decreto-lei número sumário dos fatos.
2.848, de 7 de dezembro de 1940). passa a vigorar com a § 1° Se houver sido designado pelo juiz defensor para as-
seguinte redação (alteração operada). sistir o solicitante, na forma prevista no art. 2°, formulará o
Art. 27. O Conselho Monetário Nacional, por proposta do designado, dentro de 24 (vinte e quatro) horas da nomea-
Ministério da Indústria e do Comércio, baixará, dentro de ção, o pedido, por escrito, podendo, se achar conveniente,
120 (cento e vinte) dias da data da publicação desta lei, indicar seja a solicitação verbal reduzida a termo.
normas para padronização formal dos títulos e documentos § 2° O termo previsto no parágrafo anterior será em 3 (três)
nela referidos fixando prazo para sua adoção obrigatória. vias, datadas e assinadas pelo escrivão, observado, no que
Art. 28. Esta Lei entrará em vigor 30 (trinta) dias após a couber, o disposto no caput do presente artigo.
data de sua publicação, revogando-se a Lei n° 187, de 15 Art. 4° As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo ali-
de janeiro de 1936, a Lei n° 4.068, de 9 de junho de 1962, mentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o
os Decretos-Leis ns. 265, de 28 de fevereiro de 1967, 320, credor expressamente declarar que deles não necessita.
de 29 de março de 1967, 331, de 21 de setembro de 1967, Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provisórios pe-
e 345, de 28 de dezembro de 1967, na parte referente às didos pelo cônjuge, casado pelo regime da comunhão uni-
duplicatas e todas as demais disposições em contrário. versal de bens, o juiz determinará igualmente que seja en-
Brasília, 18 de julho de 1968; 147° da Independência e 80° tregue ao credor, mensalmente, parte da renda líquida dos
da República. bens comuns, administrados pelo devedor.
A. COSTA E SILVA Art. 5° O escrivão, dentro de 48 (quarenta e oito) horas,
remeterá ao devedor a segunda via da petição ou do termo,
LEI N° 5.478, DE 25 DE JULHO DE 1968 juntamente com a cópia do despacho do juiz, e a comunica-
ção do dia e hora da realização da audiência de conciliação
e julgamento.
Dispõe sobre ação de alimentos e dá outras providên- § 1° Na designação da audiência, o juiz fixará o prazo razo-
cias. ável que possibilite ao réu a contestação da ação proposta e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- a eventualidade de citação por edital.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: § 2° A comunicação, que será feita mediante registro postal
Art. 1° A ação de alimentos é de rito especial, independen- isento de taxas e com aviso de recebimento, importa em
te de prévia distribuição e de anterior concessão do benefí- citação, para todos os efeitos legais.
cio de gratuidade. § 3° Se o réu criar embaraços ao recebimento da citação,
§ 1° A distribuição será determinada posteriormente por ou não for encontrado, repetir-se-á a diligência por intermé-
ofício do juízo, inclusive para o fim de registro do feito. dio do oficial de justiça, servindo de mandado a terceira via
§ 2° A parte que não estiver em condições de pagar as cus- da petição ou do termo.
tas do processo, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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§ 4° Impossibilitada a citação do réu por qualquer dos mo- ção financeira das partes, mas o pedido será sempre pro-
dos acima previstos, será ele citado por edital afixado na cessado em apartado.
sede do juízo e publicado 3 (três) vezes consecutivas no § 2° Em qualquer caso, os alimentos fixados retroagem à
órgão oficial do Estado, correndo a despesa por conta do data da citação.
vencido, a final, sendo previamente a conta juntada aos § 3° Os alimentos provisórios serão devidos até a decisão
autos. final, inclusive o julgamento do recurso extraordinário.
§ 5° O edital deverá conter um resumo do pedido inicial, a Art. 14. Da sentença caberá apelação no efeito devolutivo.
íntegra do despacho nele exarado, a data e a hora da audi- (Redação dada pela Lei n° 6.014, de 27.12.1973).
ência. Art. 15. A decisão judicial sobre alimentos não transita em
§ 6° O autor será notificado da data e hora da audiência no julgado e pode a qualquer tempo ser revista, em face da
ato de recebimento da petição, ou da lavratura do termo. modificação da situação financeira dos interessados.
§ 7° O juiz, ao marcar a audiência, oficiará ao empregador Art. 16. Na execução da sentença ou do acordo nas ações
do réu, ou , se o mesmo for funcionário público, ao respon- de alimentos será observado o disposto no artigo 734 e seu
sável por sua repartição, solicitando o envio, no máximo até parágrafo único do Código de Processo Civil. (Redação
a data marcada para a audiência, de informações sobre o dada pela Lei n° 6.014, de 27.12.1973).
salário ou os vencimentos do devedor, sob as penas previs- Art. 17. Quando não for possível a efetivação executiva da
tas no art. 22 desta lei. sentença ou do acordo mediante desconto em folha, pode-
§ 8° A citação do réu, mesmo no caso dos artigos 200 e 201 rão ser as prestações cobradas de alugueres de prédios ou
do Código de Processo Civil, far-se-á na forma do § 2° do de quaisquer outros rendimentos do devedor, que serão
artigo 5° desta lei. (Redação dada pela Lei n° 6.014, de recebidos diretamente pelo alimentando ou por depositário
27.12.1973). nomeado pelo juiz.
Art. 6° Na audiência de conciliação e julgamento deverão Art. 18. Se, ainda assim, não for possível a satisfação do
estar presentes autor e réu, independentemente de intima- débito, poderá o credor requerer a execução da sentença na
ção e de comparecimento de seus representantes. forma dos artigos 732, 733 e 735 do Código de Processo
Art. 7° O não comparecimento do autor determina o arqui- Civil. (Redação dada pela Lei n° 6.014, de 27.12.1973).
vamento do pedido, e a ausência do réu importa em revelia, Art. 19. O juiz, para instrução da causa ou na execução da
além de confissão quanto à matéria de fato. sentença ou do acordo, poderá tomar todas as providências
Art. 8° Autor e réu comparecerão à audiência acompanha- necessárias para seu esclarecimento ou para o cumprimen-
dos de suas testemunhas, 3 (três no máximo, apresentando, to do julgado ou do acordo, inclusive a decretação de prisão
nessa ocasião, as demais provas. do devedor até 60 (sessenta) dias.
Art. 9° Aberta a audiência, lida a petição ou o termo, e a § 1° O cumprimento integral da pena de prisão não eximirá
resposta, se houver, ou dispensada a leitura, o juiz ouvirá as o devedor do pagamento das prestações alimentícias, vin-
partes litigantes e o representante do Ministério Público, cendas ou vencidas e não pagas. (Redação dada pela Lei
propondo conciliação. (Redação dada pela Lei n° 6.014, de n° 6.014, de 27.12.1973).
27.12.1973). § 2° Da decisão que decretar a prisão do devedor, caberá
§ 1° Se houver acordo, lavrar-se-á o respectivo termo, que agravo de instrumento. (Redação dada pela Lei n° 6.014, de
será assinado pelo juiz, escrivão, partes e representantes 27.12.1973).
do Ministério Público. § 3° A interposição do agravo não suspende a execução da
§ 2° Não havendo acordo, o juiz tomará o depoimento pes- ordem de prisão. (Redação dada pela Lei n° 6.014, de
soal das partes e das testemunhas, ouvidos os peritos se 27.12.1973).
houver, podendo julgar o feito sem a mencionada produção Art. 20. As repartições públicas, civis ou militares, inclusive
de provas, se as partes concordarem. do Imposto de Renda, darão todas as informações necessá-
Art. 10. A audiência de julgamento será contínua; mas, se rias à instrução dos processos previstos nesta lei e à execu-
não for possível, por motivo de força maior, concluí-la no ção do que for decidido ou acordado em juízo.
mesmo dia, o juiz marcará a sua continuação para o primei- Art. 21. O art. 244 do Código Penal passa a vigorar com a
ro dia desimpedido, independentemente de novas intima- seguinte redação: (redação já processada).
ções. Art. 22. Constitui crime contra a administração da Justiça
Art. 11. Terminada a instrução, poderão as partes e o Minis- deixar o empregador ou funcionário público de prestar ao
tério Público aduzir alegações finais, em prazo não exce- juízo competente as informações necessárias à instrução de
dente de 10 (dez) minutos para cada um. processo ou execução de sentença ou acordo que fixe pen-
Parágrafo único. Em seguida, o juiz renovará a proposta são alimentícia:
de conciliação e, não sendo aceita, ditará sua sentença, que Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, sem preju-
conterá sucinto relatório do ocorrido na audiência. ízo da pena acessória de suspensão do emprego de 30
Art. 12. Da sentença serão as partes intimadas, pessoal- (trinta) a 90 (noventa) dias.
mente ou através de seus representantes, na própria audi- Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, de
ência, ainda quando ausentes, desde que intimadas de sua qualquer modo, ajuda o devedor a eximir-se ao pagamento
realização. de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
Art. 13. O disposto nesta lei aplica-se igualmente, no que majorada, ou se recusa, ou procrastina a executar ordem de
couber, às ações ordinárias de desquite, nulidade e anula- descontos em folhas de pagamento, expedida pelo juiz
ção de casamento, à revisão de sentenças proferidas em competente.
pedidos de alimentos e respectivas execuções. Art. 23. A prescrição qüinqüenal referida no art. 178, § 10,
§ 1° Os alimentos provisórios fixados na inicial poderão ser inciso I, do Código Civil só alcança as prestações mensais e
revistos a qualquer tempo, se houver modificação na situa- não o direito a alimentos, que, embora irrenunciável, pode

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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ser provisoriamente dispensado. (Refere-se ao Código Civil III - o do item IV, nos ofícios privativos, ou nos Cartórios de
de 1916 - veja, art. 206, parágrafo 2º Do Código Civil de Registro de Imóveis.
2002). CAPÍTULO II DA ESCRITURAÇÃO
Art. 24. A parte responsável pelo sustento da família, e que Art. 3° A escrituração será feita em livros encadernados,
deixar a residência comum por motivo, que não necessitará que obedecerão aos modelos anexos a esta Lei, sujeitos à
declarar, poderá tomar a iniciativa de comunicar ao juízo os correição da autoridade judiciária competente.
rendimentos de que dispõe e de pedir a citação do credor, § 1° Os livros podem ter 0,22 m até 0,40 m de largura e de
para comparecer à audiência de conciliação e julgamento 0,33 m até 0,55 m de altura, cabendo ao oficial a escolha,
destinada à fixação dos alimento a que está obrigado. dentro dessas dimensões, de acordo com a conveniência do
Art. 25. A prestação não pecuniária estabelecida no art. 403 serviço.
do Código Civil, só pode ser autorizada pelo juiz se a ela § 2° Para facilidade do serviço podem os livros ser escritu-
anuir o alimentado capaz. (refere-se ao Código Civil de rados mecanicamente, em folhas soltas, obedecidos os
1916 - Veja o art. 1701 do Código Civil de 2002). modelos aprovados pela autoridade judiciária competente.
Art. 26. É competente para as ações de alimentos decorren- Art. 4° Os livros de escrituração serão abertos, numerados,
tes da aplicação do Decreto Legislativo n° 10 de 13 de no- autenticados e encerrados pelo oficial do registro, podendo
vembro de 1958, e Decreto nº 56.826, de 2 de setembro de ser utilizado, para tal fim, processo mecânico de autentica-
1965, o juízo federal da capital da Unidade Federativa Brasi- ção previamente aprovado pela autoridade judiciária compe-
leira em que reside o devedor, sendo considerada institui- tente.
ção intermediária, para os fins dos referidos decretos, a
Parágrafo único. Os livros notariais, nos modelos existen-
Procuradoria-Geral da República.
tes, em folhas fixas ou soltas, serão também abertos, nume-
Parágrafo único. Nos termos do inciso III, art. 2°, da Con- rados, autenticados e encerrados pelo tabelião, que deter-
venção Internacional sobre Ações de Alimentos, o Governo minará a respectiva quantidade a ser utilizada, de acordo
Brasileiro comunicará, sem demora, ao Secretário Geral das com a necessidade do serviço. (Incluído pela Lei n° 9.955,
Nações Unidas, o disposto neste artigo. de 6.1.2000).
Art. 27. Aplicam-se supletivamente nos processos regula- Art. 5° Considerando a quantidade dos registros o Juiz po-
dos por esta lei as disposições do Código de Processo Civil. derá autorizar a diminuição do número de páginas dos livros
Art. 28. Esta lei entrará em vigor 30 (trinta) dias depois de respectivos, até a terça parte do consignado nesta Lei.
sua publicação. Art. 6° Findando-se um livro, o imediato tomará o número
Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário. seguinte, acrescido à respectiva letra, salvo no registro de
Brasília, 25 de julho de 1968; 147° da Independência e 80° imóveis, em que o número será conservado, com a adição
da República. sucessiva de letras, na ordem alfabética simples, e, depois,
A. COSTA E SILVA repetidas em combinação com a primeira, com a segunda, e
assim indefinidamente. (Exemplos: 2-A a 2-Z; 2-AA a 2-AZ;
LEI N° 6.015, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1973 2-BA a 2-BZ, etc).
Art. 7° Os números de ordem dos registros não serão inter-
Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras provi- rompidos no fim de cada livro, mas continuarão, indefinida-
dências. mente, nos seguintes da mesma espécie.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- CAPÍTULO III DA ORDEM DO SERVIÇO
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 8° O serviço começará e terminará às mesmas horas
em todos os dias úteis.
Parágrafo único. O Registro Civil de Pessoas Naturais
TÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
funcionará todos os dias, sem exceção.
CAPÍTULO I DAS ATRIBUIÇÕES Art. 9° Será nulo o registro lavrado fora das horas regula-
Art. 1° Os serviços concernentes aos Registros Públicos, mentares ou em dias em que não houver expediente, sendo
estabelecidos pela legislação civil para autenticidade, segu- civil e criminalmente responsável o oficial que der causa à
rança e eficácia dos atos jurídicos, ficam sujeitos ao regime nulidade.
estabelecido nesta Lei. Art. 10. Todos os títulos, apresentados no horário regula-
§ 1° Os Registros referidos neste artigo são os seguintes: mentar e que não forem registrados até a hora do encerra-
I - o registro civil de pessoas naturais; mento do serviço, aguardarão o dia seguinte, no qual serão
II - o registro civil de pessoas jurídicas; registrados, preferencialmente, aos apresentados nesse dia.
III - o registro de títulos e documentos; Parágrafo único. O registro civil de pessoas naturais não
IV - o registro de imóveis; poderá, entretanto, ser adiado.
§ 2° Os demais registros reger-se-ão por leis próprias. Art. 11. Os oficiais adotarão o melhor regime interno de
Art. 2° Os registros indicados no § 1° do artigo anterior fi- modo a assegurar às partes a ordem de precedência na
cam a cargo de serventuários privativos nomeados de acor- apresentação dos seus títulos, estabelecendo-se, sempre, o
do com o estabelecido na Lei de Organização Administrativa número de ordem geral.
e Judiciária do Distrito Federal e dos Territórios e nas Reso- Art. 12. Nenhuma exigência fiscal, ou dúvida, obstará a
luções sobre a Divisão e Organização Judiciária dos Esta- apresentação de um título e o seu lançamento do Protocolo
dos, e serão feitos: com o respectivo número de ordem, nos casos em que da
I - o do item I, nos ofícios privativos, ou nos Cartórios de precedência decorra prioridade de direitos para o apresen-
Registro de Nascimentos, Casamentos e Óbitos; tante.
II - os dos itens II e III, nos ofícios privativos, ou nos Cartó-
rios de Registro de Títulos e Documentos;

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Parágrafo único. Independem de apontamento no Protoco- sua reprodução por fotocópia, ou outro processo equivalen-
lo os títulos apresentados apenas para exame e cálculo dos te.
respectivos emolumentos. Art. 20. No caso de recusa ou retardamento na expedição
Art. 13. Salvo as anotações e as averbações obrigatórias, da certidão, o interessado poderá reclamar à autoridade
os atos do registro serão praticados: competente, que aplicará, se for o caso, a pena disciplinar
I - por ordem judicial; cabível.
II - a requerimento verbal ou escrito dos interessados; Parágrafo único. Para a verificação do retardamento, o
III - a requerimento do Ministério Público, quando a lei auto- oficial, logo que receber alguma petição, fornecerá à parte
rizar. uma nota de entrega devidamente autenticada.
§ 1° O reconhecimento de firma nas comunicações ao regis- Art. 21. Sempre que houver qualquer alteração posterior ao
tro civil pode ser exigido pelo respectivo oficial. ato cuja certidão é pedida, deve o oficial mencioná-la, obri-
§ 2° A emancipação concedida por sentença judicial será gatoriamente, não obstante as especificações do pedido,
anotada às expensas do interessado. sob pena de responsabilidade civil e penal, ressalvado o
Art. 14. Pelos atos que praticarem, em decorrência desta disposto nos artigos 45 e 95.
Lei, os Oficiais do Registro terão direito, a título de remune- Parágrafo único. A alteração a que se refere este artigo
ração, aos emolumentos fixados nos Regimentos de Custas deverá ser anotada na própria certidão, contendo a inscri-
do Distrito Federal, dos Estados e dos Territórios, os quais ção de que “a presente certidão envolve elementos de aver-
serão pagos, pelo interessado que os requerer, no ato de bação à margem do termo”.
requerimento ou no da apresentação do título. (Redação CAPÍTULO V DA CONSERVAÇÃO
dada pela Lei n° 6.216, de 30.6.1975). Art. 22. Os livros de registro, bem como as fichas que os
Parágrafo único. O valor correspondente às custas de substituam, somente sairão do respectivo cartório mediante
escrituras, certidões, buscas, averbações, registros de qual- autorização judicial.
quer natureza, emolumentos e despesas legais constará, Art. 23. Todas as diligências judiciais e extrajudiciais que
obrigatoriamente, do próprio documento, independentemen- exigirem a apresentação de qualquer livro, ficha substitutiva
te da expedição do recibo, quando solicitado. (Incluído pela de livro ou documento, efetuar-se-ão no próprio cartório.
Lei n° 6.724, de 19.11.1979). Art. 24. Os oficiais devem manter em segurança, perma-
Art. 15. Quando o interessado no registro for o oficial encar- nentemente, os livros e documentos e respondem pela sua
regado de fazê-lo ou algum parente seu, em grau que de- ordem e conservação.
termine impedimento, o ato incumbe ao substituto legal do Art. 25. Os papéis referentes ao serviço do registro serão
oficial. arquivados em cartório mediante a utilização de processos
CAPÍTULO IV DA PUBLICIDADE racionais que facilitem as buscas, facultada a utilização de
Art. 16. Os oficiais e os encarregados das repartições em microfilmagem e de outros meios de reprodução autorizados
que se façam os registros são obrigados: em lei.
1°) a lavrar certidão do que lhes for requerido; Art. 26. Os livros e papéis pertencentes ao arquivo do cartó-
2°) a fornecer às partes as informações solicitadas. rio ali permanecerão indefinidamente.
Art. 17. Qualquer pessoa pode requerer certidão do registro Art. 27. Quando a lei criar novo cartório, e enquanto este
sem informar ao oficial ou ao funcionário o motivo ou inte- não for instalado, os registros continuarão a ser feitos no
resse do pedido. cartório que sofreu o desmembramento, não sendo neces-
Art. 18. Ressalvado o disposto nos artigos 45 e 57, parágra- sário repeti-los no novo ofício.
fo 7° e 95, parágrafo único, a certidão será lavrada inde- Parágrafo único. O arquivo do antigo cartório continuará a
pendentemente de despacho judicial, devendo mencionar o pertencer-lhe.
livro do registro ou o documento arquivado no cartório. CAPÍTULO VI DA RESPONSABILIDADE
Art. 19. A certidão será lavrada em inteiro teor, em resumo, Art. 28. Além dos casos expressamente consignados, os
ou em relatório conforme quesitos e devidamente autentica- oficiais são civilmente responsáveis por todos os prejuízos
da pelo oficial ou seus substitutos legais, não podendo ser que, pessoalmente, ou pelos prepostos ou substitutos que
retardada por mais de cinco dias. indicarem, causarem, por culpa ou dolo, aos interessados
§ 1° A certidão, de inteiro teor, poderá ser extraída por meio no registro.
datilográfico ou reprográfico. Parágrafo único. A responsabilidade civil independe da
§ 2° As certidões do Registro Civil das Pessoas Naturais criminal pelos delitos que cometerem.
mencionarão, sempre, a data em que foi lavrado o assento TÍTULO II DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATU-
e serão manuscritas ou datilografadas e, no caso de adoção RAIS
de papéis impressos, os claros serão preenchidos também CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
em manuscrito ou datilografados.
Art. 29. Serão registrados no Registro Civil de Pessoas
§ 3° Nas certidões de registro civil, não se mencionará a
Naturais:
circunstância de ser legítima, ou não, a filiação, salvo a
requerimento do próprio interessado, ou em virtude de de- I - os nascimentos;
terminação judicial. II - os casamentos;
§ 4° As certidões de nascimento mencionarão, além da data III - os óbitos;
em que foi feito o assento, a data, por extenso, do nasci- IV - as emancipações;
mento e, ainda, expressamente o lugar onde o fato houver V - as interdições;
ocorrido. VI - as sentenças declaratórias de ausência;
§ 5° As certidões extraídas dos registros públicos deverão VII - as opções de nacionalidade;
ser fornecidas em papel e mediante escrita que permitam a VIII - as sentenças que deferirem a legitimação adotiva.

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§ 1° Serão averbados: § 2° O filho de brasileiro ou brasileira, nascido no estrangei-
a) as sentenças que decidirem a nulidade ou anulação do ro, e cujos pais não estejam ali a serviço do Brasil, desde
casamento, o desquite e o restabelecimento da sociedade que registrado em consulado brasileiro ou não registrado,
conjugal; venha a residir no território nacional antes de atingir a maio-
b) as sentenças que julgarem ilegítimos os filhos concebidos ridade, poderá requerer, no juízo de seu domicílio, se regis-
na constância do casamento e as que declararem a filiação tre, no livro “E” do 1° Ofício do Registro Civil, o termo de
legítima; nascimento.
c) os casamentos de que resultar a legitimação de filhos § 3° Do termo e das respectivas certidões do nascimento
havidos ou concebidos anteriormente; registrado na forma do parágrafo antecedente constará que
d) os atos judiciais ou extrajudiciais de reconhecimento de só valerão como prova de nacionalidade brasileira, até qua-
filhos ilegítimos; tro anos depois de atingida a maioridade.
e) as escrituras de adoção e os atos que a dissolverem; § 4° Dentro do prazo de quatro anos, depois de atingida a
f) as alterações ou abreviaturas de nomes. maioridade pelo interessado referido no § 2° deverá ele
manifestar a sua opção pela nacionalidade brasileira peran-
§ 2° É competente para a inscrição da opção de nacionali-
te o juízo federal. Deferido o pedido, proceder-se-á ao regis-
dade o cartório da residência do optante, ou de seus pais.
tro no livro “E” do Cartório do 1° Ofício do domicílio do op-
Se forem residentes no estrangeiro, far-se-á o registro no
tante.
Distrito Federal.
§ 5° Não se verificando a hipótese prevista no parágrafo
Art. 30. Não serão cobrados emolumentos pelo registro civil
anterior, o oficial cancelará, de ofício, o registro provisório
de nascimento e pelo assento de óbito, bem como pela
efetuado na forma do § 2°.
primeira certidão respectiva. (Redação dada pela Lei n°
9.534, de 10.12.1997). CAPÍTULO II DA ESCRITURAÇÃO E ORDEM DE SERVIÇO
§ 1° Os reconhecidamente pobres estão isentos de paga- Art. 33. Haverá, em cada cartório, os seguintes livros, todos
mento de emolumentos pelas demais certidões extraídas com 300 (trezentas) folhas cada um:
pelo cartório de registro civil. (Incluído pela Lei n° 9.534, de I - “A” - de registro de nascimento;
10.12.1997). II - “B” - de registro de casamento;
§ 2° O estado de pobreza será comprovado por declaração III - “B Auxiliar” - de registro de casamento religioso para
do próprio interessado ou a rogo, tratando-se de analfabeto, efeitos civis;
neste caso acompanhada da assinatura de duas testemu- IV - “C” - de registro de óbitos;
nhas. (Incluído pela Lei n° 9.534, de 10.12.1997). V - “C Auxiliar”- de registro de natimortos;
§ 3° A falsidade da declaração ensejará a responsabilidade VI - “D” - de registro de proclama.
civil e criminal do interessado. (Incluído pela Lei n° 9.534, Parágrafo único. No Cartório do 1° Ofício ou da 1ª subdivi-
de 10.12.1997). são judiciária, em cada comarca, haverá outro livro para
§ 3°-A Comprovado o descum-primento, pelos oficiais de inscrição dos demais atos relativos ao estado civil, designa-
Cartórios de Registro Civil, do disposto no caput deste arti- do sob a letra “E”, com cento e cinqüenta folhas, podendo o
go, aplicar-se-ão as penalidades previstas nos arts. 32 e 33 Juiz competente, nas comarcas de grande movimento, auto-
da Lei n° 8.935, de 18 de novembro de 1994. (parágrafo rizar o seu desdobramento pela natureza dos atos que nele
acrescido pela Lei n° 9.812, de 10.8.1999). devam ser registrados, em livros especiais.
§ 3°-B Esgotadas as penalidades a que se refere o parágra- Art. 34. O oficial juntará, a cada um dos livros, índice alfabé-
fo anterior e verificando-se novo descumprimento, aplicar- tico dos assentos lavrados pelos nomes das pessoas a
se-á o disposto no art. 39 da Lei n° 8.935, de 18 de novem- quem se referirem.
bro de 1994. (parágrafo acrescido pela Lei n° 9.812, de Parágrafo único. O índice alfabético poderá, a critério do
10.8.1999). oficial, ser organizado pelo sistema de fichas, desde que
Art. 31. Os fatos concernentes ao registro civil, que se preencham estas os requisitos de segurança, comodidade e
derem a bordo dos navios de guerra e mercantes, em via- pronta busca.
gem, e no exército, em campanha, serão imediatamente Art. 35. A escrituração será feita seguidamente, em ordem
registrados e comunicados em tempo oportuno, por cópia cronológica de declarações, sem abreviaturas, nem alga-
autêntica, aos respectivos Ministérios, a fim de que, através rismos; no fim de cada assento e antes da subscrição e das
do Ministério da Justiça, sejam ordenados os assentamen- assinaturas, serão ressalvadas as emendas, entrelinhas ou
tos, notas ou averbações nos livros competentes das cir- outras circunstâncias que puderem ocasionar dúvidas. Entre
cunscrições a que se referirem. um assento e outro, será traçada uma linha de intervalo,
Art. 32. Os assentos de nascimento, óbito e de casamento tendo cada um o seu número de ordem.
de brasileiros em país estrangeiro serão considerados au- Art. 36. Os livros de registro serão divididos em três partes,
tênticos, nos termos da lei do lugar em que forem feitos, sendo na da esquerda lançado o número de ordem e na
legalizadas as certidões pelos cônsules ou, quando por central o assento, ficando na da direita espaço para as no-
estes tomados, nos termos do regulamento consular. tas, averbações e retificações.
§ 1° Os assentos de que trata este artigo serão, porém, Art. 37. As partes, ou seus procuradores, bem como as
trasladados nos cartórios de 1° Ofício do domicílio do regis- testemunhas, assinarão os assentos, inserindo-se neles as
trado ou no 1° Ofício do Distrito Federal, em falta de domicí- declarações feitas de acordo com a lei ou ordenadas por
lio conhecido, quando tiverem de produzir efeito no País, ou, sentença. As procurações serão arquivadas, declarando-se
antes, por meio de segunda via que os cônsules serão obri- no termo a data, o livro, a folha e o ofício em que foram
gados a remeter por intermédio do Ministério das Relações lavradas, quando constarem de instrumento público.
Exteriores. § 1° Se os declarantes, ou as testemunhas não puderem,
por qualquer circunstâncias assinar, far-se-á declaração no

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assento, assinando a rogo outra pessoa e tomando-se a queixar-se à autoridade judiciária, a qual, ouvindo o acusa-
impressão dactiloscópica da que não assinar, à margem do do, decidirá dentro de cinco dias.
assento. § 1° Se for injusta a recusa ou injustificada a demora, o Juiz
§ 2° As custas com o arquivamento das procurações ficarão que tomar conhecimento do fato poderá impor ao oficial
a cargo dos interessados. multa de um a dez salários mínimos da região, ordenando
Art. 38. Antes da assinatura dos assentos, serão estes lidos que, no prazo improrrogável de vinte e quatro horas, seja
às partes e às testemunhas, do que se fará menção. feito o registro, a averbação, a anotação ou fornecida certi-
Art. 39. Tendo havido omissão ou erro de modo que seja dão, sob pena de prisão de cinco a vinte dias.
necessário fazer adição ou emenda, estas serão feitas an- § 2° Os pedidos de certidão feitos por via postal, telegráfica
tes da assinatura ou ainda em seguida, mas antes de outro ou bancária serão obrigatoriamente atendidos pelo oficial do
assento, sendo a ressalva novamente por todos assinada. registro civil, satisfeitos os emolumentos devidos, sob as
Art. 40. Fora da retificação feita no ato, qualquer outra só penas previstas no parágrafo anterior.
poderá ser efetuada em cumprimento de sentença, nos Art. 48. Os Juízes farão correição e fiscalização nos livros
termos dos artigos 109 a 112. de registro, conforme as normas da organização Judiciária.
Art. 41. Reputam-se inexistentes e sem efeitos jurídicos Art. 49. Os oficiais do registro civil remeterão à Fundação
quaisquer emendas ou alterações posteriores, não ressal- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dentro dos
vadas ou não lançadas na forma indicada nos artigos 39 e primeiros oito dias dos meses de janeiro, abril, julho e outu-
40. bro de cada ano, um mapa dos nascimentos, casamentos e
Art. 42. A testemunha para os assentos de registro deve óbitos ocorridos no trimestre anterior. (Redação dada pela
satisfazer às condições exigidas pela lei civil, sendo admiti- Lei n° 6.140, de 28.11.1974).
do o parente, em qualquer grau, do registrando. § 1° A Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
Parágrafo único. Quando a testemunha não for conhecida tica fornecerá mapas para a execução do disposto neste
do oficial do registro, deverá apresentar documento hábil da artigo, podendo requisitar aos oficiais do registro que façam
sua identidade, do qual se fará, no assento, expressa men- as correções que forem necessárias.
ção. § 2° Os oficiais que, no prazo legal, não remeterem os ma-
Art. 43. Os livros de proclamas serão escriturados cronolo- pas, incorrerão na multa de um a cinco salários mínimos da
gicamente com o resumo do que constar dos editais expe- região, que será cobrada como dívida ativa da União, sem
didos pelo próprio cartório ou recebidos de outros, todos prejuízo da ação penal que no caso couber. (Redação dada
assinados pelo oficial. pela Lei n° 6.140, de 28.11.1974).
Parágrafo único. As despesas de publicação do edital se- CAPÍTULO IV DO NASCIMENTO
rão pagas pelo interessado. Art. 50. Todo nascimento que ocorrer no território nacional
Art. 44. O registro do edital de casamento conterá todas as deverá ser dado a registro, no lugar em que tiver ocorrido o
indicações quanto à época de publicação e aos documentos parto ou no lugar da residência dos pais, dentro do prazo de
apresentados, abrangendo também o edital remetido por quinze dias, que será ampliado em até três meses para os
outro oficial processante. lugares distantes mais de trinta quilômetros da sede do
Art. 45. A certidão relativa ao nascimento de filho legitimado cartório. (Redação dada pela Lei n° 9.053, 25.5.1995).
por subseqüente matrimônio deverá ser fornecida sem o § 1° Quando for diverso o lugar da residência dos pais, ob-
teor da declaração ou averbação a esse respeito, como se servar-se-á ordem contida nos itens 1° e 2° do art. 52. (In-
fosse legítimo; na certidão de casamento também será omi- cluído pela Lei n° 9.053, 25.5.1995).
tida a referência àquele filho, salvo havendo em qualquer § 2° Os índios, enquanto não integrados, não estão obriga-
dos casos, determinação judicial, deferida em favor de dos a inscrição do nascimento. Este poderá ser feito em
quem demonstre legítimo interesse em obtê-la. livro próprio do órgão federal de assistência aos índios.
CAPÍTULO III DAS PENALIDADES (Renumerado pela Lei n° 9.053, 25.5.1995).
Art. 46. As declarações de nascimento feitas após o decur- § 3° Os menores de vinte e um (21) anos e maiores de de-
so do prazo legal somente serão registradas mediante des- zoito (18) anos poderão, pessoalmente e isentos de multa,
pacho do juiz competente do lugar da residência do interes- requerer o registro de seu nascimento. (Renumerado pela
sado. (Redação dada pela Lei n° 10.215, de 6.4.2001). Lei n° 9.053, 25.5.1995).
§ 1° Será dispensado o despacho do Juiz, se o registrando § 4° É facultado aos nascidos anteriormente à obrigatorie-
tiver menos de doze anos de idade. dade do registro civil requerer, isentos de multa, a inscrição
§ 2° (Revogado pela Lei n° 10.215, de 6.4.2001). de seu nascimento. (Renumerado pela Lei n° 9.053,
§ 3° O Juiz somente deverá exigir justificação ou outra pro- 25.5.1995).
va suficiente se suspeitar da falsidade da declaração. § 5° Aos brasileiros nascidos no estrangeiro aplicar-se-á o
§ 4° Os assentos de que trata este artigo serão lavrados no disposto neste artigo, ressalvadas as prescrições legais
cartório do lugar da residência do interessado. No mesmo relativas aos consulados. (Renumerado pela Lei n° 9.053,
cartório serão arquivadas as petições com os despachos 25.5.1995).
que mandarem lavrá-los. Art. 51. Os nascimentos ocorridos a bordo, quando não
§ 5° Se o Juiz não fixar prazo menor, o oficial deverá lavrar registrados nos termos do artigo 64, deverão ser declarados
o assento dentro em cinco dias, sob pena de pagar multa dentro de cinco dias, a contar da chegada do navio ou aero-
correspondente a um salário mínimo da região. nave ao local do destino, no respectivo cartório ou consula-
do.
Art. 47. Se o oficial do registro civil recusar fazer ou retardar
qualquer registro, averbação ou anotação, bem como o Art. 52. São obrigados a fazer declaração de nascimento:
fornecimento de certidão, as partes prejudicadas poderão 1. o pai;

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2. em falta ou impedimento do pai, a mãe, sendo neste caso Art. 56. O interessado, no primeiro ano após ter atingido a
o prazo para declaração prorrogado por quarenta e cinco maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador
dias; bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os ape-
3. no impedimento de ambos, o parente mais próximo, sen- lidos de família, averbando-se a alteração que será publica-
do maior achando-se presente; da pela imprensa.
4. em falta ou impedimento do parente referido no número Art. 57. Qualquer alteração posterior de nome, somente por
anterior os administradores de hospitais ou os médicos e exceção e motivadamente, após audiência do Ministério
parteiras, que tiverem assistido o parto; Público, será permitida por sentença do Juiz a que estiver
5. pessoa idônea da casa em que ocorrer, sendo fora da sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se
residência da mãe; a alteração pela imprensa.
6. finalmente, as pessoas (VETADO). encarregadas da § 1° Poderá, também, ser averbado, nos mesmos termos, o
guarda do menor. nome abreviado, usado como firma comercial registrada ou
§ 1° Quando o oficial tiver motivo para duvidar da declara- em qualquer atividade profissional.
ção, poderá ir à casa do recém-nascido verificar a sua exis- § 2° A mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva com
tência, ou exigir a atestação do médico ou parteira que tiver homem solteiro, desquitado ou viúvo, excepcionalmente e
assistido o parto, ou o testemunho de duas pessoas que havendo motivo ponderável, poderá requerer ao juiz compe-
não forem os pais e tiverem visto o recém-nascido. tente que, no registro de nascimento, seja averbado o pa-
§ 2° Tratando-se de registro fora do prazo legal o oficial, em tronímico de seu companheiro, sem prejuízo dos apelidos
caso de dúvida, poderá requerer ao Juiz as providências próprios, de família, desde que haja impedimento legal para
que forem cabíveis para esclarecimento do fato. o casamento, decorrente do estado civil de qualquer das
Art. 53. No caso de ter a criança nascido morta ou no de ter partes ou de ambas.
morrido na ocasião do parto, será, não obstante, feito o § 3° O Juiz competente somente processará o pedido, se
assento com os elementos que couberem e com remissão tiver expressa concordância do companheiro, e se da vida
ao do óbito. em comum houverem decorrido, no mínimo, cinco anos ou
§ 1° No caso de ter a criança nascido morta, será o registro existirem filhos da união.
feito no livro “C Auxiliar”, com os elementos que couberem. § 4° O pedido de averbação só terá curso, quando desqui-
§ 2° No caso de a criança morrer na ocasião do parto, ten- tado o companheiro, se a ex-esposa houver sido condenada
do, entretanto, respirado, serão feitos os dois assentos, o de ou tiver renunciado ao uso dos apelidos do marido, ainda
nascimento e o de óbito, com os elementos cabíveis e com que dele receba pensão alimentícia.
remissões recíprocas. § 5° O aditamento regulado nesta Lei será cancelado a
Art. 54. O assento do nascimento deverá conter: requerimento de uma das partes, ouvida a outra.
1. o dia, mês, ano e lugar do nascimento e a hora certa, § 6° Tanto o aditamento quanto o cancelamento da averba-
sendo possível determiná-la, ou aproximada; ção previstos neste artigo serão processados em segredo
de justiça.
2. o sexo do registrando;
§ 7° Quando a alteração de nome for concedida em razão
3. o fato de ser gêmeo, quando assim tiver acontecido;
de fundada coação ou ameaça decorrente de colaboração
4. o nome e o prenome, que forem postos à criança; com a apuração de crime, o juiz competente determinará
5. a declaração de que nasceu morta, ou morreu no ato ou que haja a averbação no registro de origem de menção da
logo depois do parto; existência de sentença concessiva da alteração, sem a
6. a ordem de filiação de outros irmãos do mesmo prenome averbação do nome alterado, que somente poderá ser pro-
que existirem ou tiverem existido; cedida mediante determinação posterior, que levará em
7. os nomes e prenomes, a naturalidade, a profissão dos consideração a cessação da coação ou ameaça que deu
pais, o lugar e cartório onde se casaram, a idade da genito- causa à alteração. (parágrafo 7° acrescido pela Lei n°
ra, do registrando em anos completos, na ocasião do parto, 9.807, de 13.7.1999).
e o domicílio ou a residência do casal; (Redação dada pela Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a
Lei n° 6.140, 28.11.1974). sua substituição por apelidos públicos notórios. (Redação
8. os nomes e prenomes dos avós paternos e maternos; dada pela Lei n° 9.708, de 18.11.1998).
9. os nomes e prenomes, a profissão e a residência das Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda
duas testemunhas do assento, quando se tratar de parto admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorren-
ocorrido sem assistência médica em residência ou fora de te da colaboração com a apuração de crime, por determina-
unidade hospitalar ou casa de saúde. (Item com redação ção, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério
dada pela Lei n° 9.997, de 17.8.2000). Público. (Redação dada pela Lei n° 9.807, de 13.7.1999,
Art. 55. Quando o declarante não indicar o nome completo, DOU de 14.7.1999).
o oficial lançará adiante do prenome escolhido o nome do Art. 59. Quando se tratar de filho ilegítimo, não será decla-
pai, e na falta, o da mãe, se forem conhecidos e não o im- rado o nome do pai sem que este expressamente o autorize
pedir a condição de ilegitimidade, salvo reconhecimento no e compareça, por si ou por procurador especial, para, reco-
ato. nhecendo-o, assinar, ou não sabendo ou não podendo,
Parágrafo único. Os oficiais do registro civil não registrarão mandar assinar a seu rogo o respectivo assento com duas
prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portado- testemunhas.
res. Quando os pais não se conformarem com a recusa do Art. 60. O registro conterá o nome do pai ou da mãe, ainda
oficial, este submeterá por escrito o caso, independente da que ilegítimos, quando qualquer deles for o declarante.
cobrança de quaisquer emolumentos, à decisão do Juiz Art. 61. Tratando-se de exposto, o registro será feito de
competente. acordo com as declarações que os estabelecimentos de
caridade, as autoridades ou os particulares comunicarem ao

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oficial competente, nos prazos mencionados no artigo 51, a CAPÍTULO V DA HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO
partir do achado ou entrega, sob a pena do artigo 46, apre- Art. 67. Na habilitação para o casamento, os interessados,
sentando ao oficial, salvo motivo de força maior comprova- apresentando os documentos exigidos pela lei civil, requere-
da, o exposto e os objetos a que se refere o parágrafo único rão ao oficial do registro do distrito de residência de um dos
deste artigo. nubentes, que lhes expeça certidão de que se acham habili-
Parágrafo único. Declarar-se-á o dia, mês e ano, lugar em tados para se casarem.
que foi exposto, a hora em que foi encontrado e a sua idade § 1° Autuada a petição com os documentos, o oficial man-
aparente. Nesse caso, o envoltório, roupas e quaisquer dará afixar proclamas de casamento em lugar ostensivo de
outros objetos e sinais que trouxer a criança e que possam seu cartório e fará publicá-los na imprensa local, se houver;
a todo o tempo fazê-la reconhecer, serão numerados, alis- em seguida, abrirá vista dos autos ao órgão do Ministério
tados e fechados em caixa lacrada e selada, com o seguinte Público, para manifestar-se sobre o pedido e requerer o que
rótulo: “Pertence ao exposto tal, assento de fls..... do li- for necessário à sua regularidade, podendo exigir a apre-
vro.....” e remetidos imediatamente, com uma guia em dupli- sentação de atestado de residência, firmado por autoridade
cata, ao Juiz, para serem recolhidos a lugar seguro. Rece- policial, ou qualquer outro elemento de convicção admitido
bida e arquivada a duplicata com o competente recibo do em direito.
depósito, far-se-á à margem do assento a correspondente § 2° Se o órgão do Ministério Público impugnar o pedido ou
anotação. a documentação, os autos serão encaminhados ao Juiz,
Art. 62. O registro do nascimento do menor abandonado, que decidirá sem recurso.
sob jurisdição do Juiz de Menores, poderá fazer-se por ini- § 3° Decorrido o prazo de quinze dias a contar da afixação
ciativa deste, à vista dos elementos de que dispuser e com do edital em cartório, se não aparecer quem oponha impe-
observância, no que for aplicável, do que preceitua o artigo dimento nem constar algum dos que de ofício deva declarar,
anterior. ou se tiver sido rejeitada a impugnação do órgão do Ministé-
Art. 63. No caso de gêmeos, será declarada no assento rio Público, o oficial do registro certificará a circunstância
especial de cada um a ordem de nascimento. Os gêmeos nos autos e entregará aos nubentes certidão de que estão
que tiverem o prenome igual deverão ser inscritos com du- habilitados para se casar dentro do prazo previsto em lei.
plo prenome ou nome completo diverso, de modo que pos- § 4° Se os nubentes residirem em diferentes distritos do
sam distinguir-se. Registro Civil, em um e em outro se publicará e se registrará
Parágrafo único. Também serão obrigados a duplo preno- o edital.
me, ou a nome completo diverso, os irmãos a que se pre- § 5° Se houver apresentação de impedimento, o oficial dará
tender dar o mesmo prenome. ciência do fato aos nubentes, para que indiquem em três
Art. 64. Os assentos de nascimento em navio brasileiro dias prova que pretendam produzir, e remeterá os autos a
mercante ou de guerra serão lavrados, logo que o fato se juízo; produzidas as provas pelo oponente e pelos nuben-
verificar, pelo modo estabelecido na legislação de marinha, tes, no prazo de dez dias, com ciência do Ministério Público,
devendo, porém, observar-se as disposições da presente e ouvidos os interessados e o órgão do Ministério Público
Lei. em cinco dias, decidirá o Juiz em igual prazo.
Art. 65. No primeiro porto a que se chegar, o comandante § 6° Quando o casamento se der em circunscrição diferente
depositará imediatamente, na capitania do porto, ou em sua daquela da habilitação, o oficial do registro comunicará ao
falta, na estação fiscal, ou ainda, no consulado, em se tra- da habilitação esse fato, com os elementos necessários às
tando de porto estrangeiro, duas cópias autenticadas dos anotações nos respectivos autos.
assentos referidos no artigo anterior, uma das quais será Art. 68. Se o interessado quiser justificar fato necessário à
remetida, por intermédio do Ministério da Justiça, ao oficial habilitação para o casamento, deduzirá sua intenção peran-
do registro, para o registro, no lugar de residência dos pais te o Juiz competente, em petição circunstanciada indicando
ou, se não for possível descobri-lo, no 1° Ofício do Distrito testemunhas e apresentando documentos que comprovem
Federal. Uma terceira cópia será entregue pelo comandante as alegações.
ao interessado que, após conferência na capitania do porto,
§ l° Ouvidas as testemunhas, se houver, dentro do prazo de
por ela poderá, também, promover o registro no cartório
cinco dias, com a ciência do órgão do Ministério Público,
competente.
este terá o prazo de vinte e quatro horas para manifestar-se,
Parágrafo único. Os nascimentos ocorridos a bordo de decidindo o Juiz em igual prazo, sem recurso.
quaisquer aeronaves, ou de navio estrangeiro, poderão ser
§ 2° Os autos da justificação serão encaminhados ao oficial
dados a registro pelos pais brasileiros no cartório ou consu-
do registro para serem anexados ao processo da habilitação
lado do local do desembarque.
matrimonial.
Art. 66. Pode ser tomado assento de nascimento de filho de
Art. 69. Para a dispensa de proclamas, nos casos previstos
militar ou assemelhado em livro criado pela administração
em lei, os contraentes, em petição dirigida ao Juiz, deduzi-
militar mediante declaração feita pelo interessado ou reme-
rão os motivos de urgência do casamento, provando-a,
tido pelo comandante da unidade, quando em campanha.
desde logo, com documentos ou indicando outras provas
Esse assento será publicado em boletim da unidade e, logo
para demonstração do alegado.
que possível, trasladado por cópia autenticada, ex officio ou
a requerimento do interessado, para o Cartório de Registro § 1° Quando o pedido se fundar em crime contra os costu-
Civil a que competir ou para o do 1° Ofício do Distrito Fede- mes, a dispensa de proclamas será precedida da audiência
ral, quando não puder ser conhecida a residência do pai. dos contraentes, separadamente e em segredo de justiça.
Parágrafo único. A providência de que trata este artigo § 2° Produzidas as provas dentro de cinco dias, com a ciên-
será extensiva ao assento de nascimento de filho de civil, cia do órgão do Ministério Público, que poderá manifestar-
se, a seguir, em vinte e quatro horas, o Juiz decidirá, em
quando, em conseqüência de operações de guerra, não
igual prazo, sem recurso, remetendo os autos para serem
funcionarem os cartórios locais.
anexados ao processo de habilitação matrimonial.

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CAPÍTULO VI DO CASAMENTO com a prova do ato e os dados constantes do processo,
Art. 70. Do matrimônio, logo depois de celebrado, será la- observado o disposto no artigo 70.
vrado assento, assinado pelo presidente do ato, os cônju- Art. 75. O registro produzirá efeitos jurídicos a contar da
ges, as testemunhas e o oficial, sendo exarados: celebração do casamento.
1°) os nomes, prenomes, nacionalidade, data e lugar do CAPÍTULO VIII DO CASAMENTO EM IMINENTE RISCO DE VIDA
nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos côn- Art. 76. Ocorrendo iminente risco de vida de algum dos
juges; contraentes, e não sendo possível a presença da autoridade
2°) os nomes, prenomes, nacionalidade, data de nascimen- competente para presidir o ato, o casamento poderá reali-
to ou de morte, domicílio e residência atual dos pais; zar-se na presença de seis testemunhas, que comparece-
3°) os nomes e prenomes do cônjuge precedente e a data rão, dentro de cinco dias, perante a autoridade judiciária
da dissolução do casamento anterior, quando for o caso; mais próxima, a fim de que sejam reduzidas a termo suas
4°) a data da publicação dos proclamas e da celebração do declarações.
casamento; § l° Não comparecendo as testemunhas, espontaneamente,
5°) a relação dos documentos apresentados ao oficial do poderá qualquer interessado requerer a sua intimação.
registro; § 2° Autuadas as declarações e encaminhadas à autoridade
6°) os nomes, prenomes, nacionalidade, profissão, domicílio judiciária competente, se outra for a que as tomou por ter-
e residência atual das testemunhas; mo, será ouvido o órgão do Ministério Público e se realiza-
7°) o regime de casamento, com declaração da data e do rão as diligências necessárias para verificar a inexistência
cartório em cujas notas foi tomada a escritura antenupcial, de impedimento para o casamento.
quando o regime não for o da comunhão ou o legal que § 3° Ouvidos dentro em 5 (cinco) dias os interessados que o
sendo conhecido, será declarado expressamente; requerem e o órgão do Ministério Público, o Juiz decidirá em
8°) o nome, que passa a ter a mulher, em virtude do casa- igual prazo.
mento; § 4° Da decisão caberá apelação com ambos os efeitos.
9°) os nomes e as idades dos filhos havidos de matrimônio § 5° Transitada em julgado a sentença, o Juiz mandará
anterior ou legitimados pelo casamento. registrá-la no Livro de Casamento.
10) à margem do termo, a impressão digital do contraente CAPÍTULO IX DO ÓBITO
que não souber assinar o nome. Art. 77. Nenhum sepultamento será feito sem certidão do
Parágrafo único. As testemunhas serão, pelo menos, duas, oficial de registro do lugar do falecimento, extraída após a
não dispondo a lei de modo diverso. lavratura do assento de óbito, em vista do atestado do mé-
CAPÍTULO VII DO REGISTRO DO CASAMENTO RELIGIOSO PARA dico, se houver no lugar, ou em caso contrário, de duas
EFEITOS CIVIS pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado
Art. 71. Os nubentes habilitados para o casamento poderão a morte.
pedir ao oficial que lhe forneça a respectiva certidão, para § 1° Antes de proceder ao assento de óbito de criança de
se casarem perante autoridade ou ministro religioso, nela menos de 1 (um) ano, o oficial verificará se houve registro
mencionando o prazo legal de validade da habilitação. de nascimento, que, em caso de falta, será previamente
Art. 72. O termo ou assento do casamento religioso, subs- feito.
crito pela autoridade ou ministro que o celebrar, pelos nu- § 2° A cremação de cadáver somente será feita daquele
bentes e por duas testemunhas, conterá os requisitos do que houver manifestado a vontade de ser incinerado ou no
artigo 70, exceto o 5°. interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver
Art. 73. No prazo de trinta dias a contar da realização, o sido firmado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico
celebrante ou qualquer interessado poderá, apresentando o legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizada
assento ou termo do casamento religioso, requerer-lhe o pela autoridade judiciária.
registro ao oficial do cartório que expediu a certidão. Art. 78. Na impossibilidade de ser feito o registro dentro de
§ 1° O assento ou termo conterá a data da celebração, o 24 (vinte e quatro) horas do falecimento, pela distância ou
lugar, o culto religioso, o nome do celebrante, sua qualida- qualquer outro motivo relevante, o assento será lavrado
de, o cartório que expediu a habilitação, sua data, os no- depois, com a maior urgência, e dentro dos prazos fixados
mes, profissões, residências, nacionalidades das testemu- no artigo 50.
nhas que o assinarem e os nomes dos contratantes. Art. 79. São obrigados a fazer declaração de óbitos:
§ 2° Anotada a entrada do requerimento o oficial fará o re- 1°) o chefe de família, a respeito de sua mulher, filhos, hós-
gistro no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. pedes, agregados e fâmulos;
§ 3° A autoridade ou ministro celebrante arquivará a certi- 2°) a viúva, a respeito de seu marido, e de cada uma das
dão de habilitação que lhe foi apresentada, devendo, nela, pessoas indicadas no número antecedente;
anotar a data da celebração do casamento. 3°) o filho, a respeito do pai ou da mãe; o irmão, a respeito
Art. 74. O casamento religioso, celebrado sem a prévia dos irmãos e demais pessoas de casa, indicadas no n° 1; o
habilitação, perante o oficial de registro público, poderá ser parente mais próximo maior e presente;
registrado desde que apresentados pelos nubentes, com o 4°) o administrador, diretor ou gerente de qualquer estabe-
requerimento de registro, a prova do ato religioso e os do- lecimento público ou particular, a respeito dos que nele
cumentos exigidos pelo Código Civil, suprindo eles eventual faleceram, salvo se estiver presente algum parente em grau
falta de requisitos nos termos da celebração. acima indicado;
Parágrafo único. Processada a habilitação com a publica- 5°) na falta de pessoa competente, nos termos dos números
ção dos editais e certificada a inexistência de impedimentos, anteriores, a que tiver assistido aos últimos momentos do
o oficial fará o registro do casamento religioso, de acordo finado, o médico, o sacerdote ou vizinho que do falecimento
tiver notícia;

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6°) a autoridade policial, a respeito de pessoas encontradas Art. 86. Os óbitos a que se refere o artigo anterior, serão
mortas. publicados em boletim da corporação e registrados no Re-
Parágrafo único. A declaração poderá ser feita por meio de gistro Civil, mediante relações autenticadas, remetidas ao
preposto, autorizando-o o declarante em escrito, de que Ministério da Justiça, contendo os nomes dos mortos, idade,
constem os elementos necessários ao assento de óbito. naturalidade, estado civil, designação dos corpos a que
Art. 80. O assento de óbito deverá conter: pertenciam, lugar da residência ou de mobilização, dia, mês,
1°) a hora, se possível, dia, mês e ano do falecimento; ano e lugar do falecimento e do sepultamento para, à vista
2°) o lugar do falecimento, com indicação precisa; dessas relações, se fazerem os assentamentos de confor-
midade com o que a respeito está disposto no artigo 66.
3°) o prenome, nome, sexo, idade, cor, estado, profissão,
naturalidade, domicílio e residência do morto; Art. 87. O assentamento de óbito ocorrido em hospital, pri-
são ou outro qualquer estabelecimento público será feito,
4°) se era casado, o nome do cônjuge sobrevivente, mesmo
em falta de declaração de parentes, segundo a da respecti-
quando desquitado; se viúvo, o do cônjuge pré-defunto; e o
va administração, observadas as disposições dos artigos 80
cartório de casamento em ambos os casos;
a 83; e o relativo a pessoa encontrada acidental ou violen-
5°) os nomes, prenomes, profissão, naturalidade e residên- tamente morta, segundo a comunicação, ex officio, das
cia dos pais; autoridades policiais, às quais incumbe fazê-la logo que
6°) se faleceu com testamento conhecido; tenham conhecimento do fato.
7°) se deixou filhos, nome e idade de cada um; Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para
8°) se a morte foi natural ou violenta e a causa conhecida, o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio,
com o nome dos atestantes; inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe,
9°) lugar do sepultamento; quando estiver provada a sua presença no local do desastre
10°) se deixou bens e herdeiros menores ou interditos; e não for possível encontrar-se o cadáver para exame.
11°) se era eleitor. Parágrafo único. Será também admitida a justificação no
12°) pelo menos uma das informações a seguir arroladas: caso de desaparecimento em campanha, provados a im-
número de inscrição do PIS.PASEP; número de inscrição no possibilidade de ter sido feito o registro nos termos do artigo
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, se contribuinte 85 e os fatos que convençam da ocorrência do óbito.
individual; número de benefício previdenciário - NB, se a CAPÍTULO X DA EMANCIPAÇÃO, INTERDIÇÃO E AUSÊNCIA
pessoa falecida for titular de qualquer benefício pago pelo Art. 89. No Cartório do 1° Ofício ou da 1ª subdivisão judiciá-
INSS; número do CPF; número de registro da Carteira de ria de cada comarca serão registrados, em livro especial, as
Identidade e respectivo órgão emissor; número do título de sentenças de emancipação, bem como os atos dos pais que
eleitor; número do registro de nascimento, com informação a concederem, em relação aos menores nela domiciliados.
do livro, da folha e do termo; número e série da Carteira de Art. 90. O registro será feito mediante trasladação da sen-
Trabalho. tença oferecida em certidão ou do instrumento, limitando-se,
Art. 81. Sendo o finado desconhecido, o assento deverá se for de escritura pública, as referências da data, livro,
conter declaração de estatura ou medida, se for possível, folha e ofício em que for lavrada sem dependência, em
cor, sinais aparentes, idade presumida, vestuário e qualquer qualquer dos casos, da presença de testemunhas, mas com
outra indicação que possa auxiliar de futuro o seu reconhe- a assinatura do apresentante. Dele sempre constarão:
cimento; e, no caso de ter sido encontrado morto, serão 1°) data do registro e da emancipação;
mencionados esta circunstância e o lugar em que se achava
2°) nome, prenome, idade, filiação, profissão, naturalidade e
e o da necropsia, se tiver havido.
residência do emancipado; data e cartório em que foi regis-
Parágrafo único. Neste caso, será extraída a individual trado o seu nascimento;
dactiloscópica, se no local existir esse serviço.
3°) nome, profissão, naturalidade e residência dos pais ou
Art. 82. O assento deverá ser assinado pela pessoa que do tutor.
fizer a comunicação ou por alguém a seu rogo, se não sou-
Art. 91. Quando o Juiz conceder emancipação, deverá co-
ber ou não puder assinar.
municá-la, de ofício, ao oficial de registro, se não constar
Art. 83. Quando o assento for posterior ao enterro, faltando dos autos haver sido efetuado este dentro de oito dias.
atestado de médico ou de duas pessoas qualificadas, assi-
Parágrafo único. Antes do registro, a emancipação, em
narão, com a que fizer a declaração, duas testemunhas que
qualquer caso, não produzirá efeito.
tiverem assistido ao falecimento ou ao funeral e puderem
atestar, por conhecimento próprio ou por informação que Art. 92. As interdições serão registradas no mesmo cartório
tiverem colhido, a identidade do cadáver. e no mesmo livro de que trata o artigo 89, salvo a hipótese
prevista na parte final do parágrafo único do artigo 33, de-
Art. 84. Os assentos de óbitos de pessoas falecidas a bordo
clarando-se:
de navio brasileiro serão lavrados de acordo com as regras
estabelecidas para os nascimentos, no que lhes for aplicá- 1°) data do registro;
vel, com as referências constantes do artigo 80, salvo se o 2°) nome, prenome, idade, estado civil, profissão, naturali-
enterro for no porto, onde será tomado o assento. dade, domicílio e residência do interdito, data e cartório em
Art. 85. Os óbitos, verificados em campanha, serão regis- que forem registrados o nascimento e o casamento, bem
trados em livro próprio, para esse fim designado, nas forma- como o nome do cônjuge, se for casado;
ções sanitárias e corpos de tropas, pelos oficiais da corpo- 3°) data da sentença, nome e vara do Juiz que a proferiu;
ração militar correspondente, autenticado cada assento com 4°) nome, profissão, estado civil, domicílio e residência do
a rubrica do respectivo médico chefe, ficando a cargo da curador;
unidade que proceder ao sepultamento o registro, nas con- 5°) nome do requerente da interdição e causa desta;
dições especificadas, dos óbitos que se derem no próprio 6°) limites da curadoria, quando for parcial a interdição;
local de combate. 7°) lugar onde está internado o interdito.

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Art. 93. A comunicação, com os dados necessários, acom- que houver subscrito a carta de sentença mediante ofício
panhados de certidão de sentença, será remetida pelo Juiz sob registro postal.
ao cartório para registro de ofício, se o curador ou promo- § 5° Ao oficial, que deixar de cumprir as obrigações consig-
vente não o tiver feito dentro de oito dias. nadas nos parágrafos anteriores, será imposta a multa de
Parágrafo único. Antes de registrada a sentença, não po- cinco salários mínimos da região e a suspensão do cargo
derá o curador assinar o respectivo termo. até seis meses; em caso de reincidência ser-lhe-á aplicada,
Art. 94. O registro das sentenças declaratórias de ausência, em dobro, a pena pecuniária, ficando sujeito à perda do
que nomearem curador, será feita no cartório do domicílio cargo.
anterior do ausente, com as mesmas cautelas e efeitos do Art. 101. Será também averbado, com as mesmas indica-
registro de interdição, declarando-se: ções e efeitos, o ato de restabelecimento de sociedade
1°) data do registro; conjugal.
2°) nome, idade, estado civil, profissão e domicílio anterior Art. 102. No livro de nascimento, serão averbados:
do ausente, data e cartório em que foram registrados o nas- 1°) as sentenças que julgarem ilegítimos os filhos concebi-
cimento e o casamento, bem como o nome do cônjuge, se dos nas constância do casamento;
for casado; 2°) as sentenças que declararem legítima a filiação;
3°) tempo de ausência até a data da sentença; 3°) as escrituras de adoção e os atos que a dissolverem;
4°) nome do promotor do processo; 4°) o reconhecimento judicial ou voluntário dos filhos ilegíti-
5°) data da sentença, nome e vara do Juiz que a proferiu; mos;
6°) nome, estado, profissão, domicílio e residência do cura- 5°) a perda de nacionalidade brasileira, quando comunicada
dor e os limites da curatela. pelo Ministério da Justiça.
CAPÍTULO XI DA LEGITIMAÇÃO ADOTIVA 6°) a perda e suspensão do pátrio poder. (Incluído pela Lei
Art. 95. Serão registradas no registro de nascimentos as n° 8.069, de 13.7.1990).
sentenças de legitimação adotiva, consignando-se nele os Art. 103. Será feita, ainda de ofício, diretamente quando no
nomes dos pais adotivos como pais legítimos e os dos as- mesmo cartório, ou por comunicação do oficial que registrar
cendentes dos mesmos se já falecidos, ou sendo vivos, se o casamento, a averbação da legitimação dos filhos por
houverem, em qualquer tempo, manifestada por escrito sua subseqüente matrimônio dos pais, quando tal circunstância
adesão ao ato (Lei n° 4.655, de 2 de junho de 1965, artigo constar do assento de casamento.
6°). Art. 104. No livro de emancipações, interdições e ausên-
Parágrafo único. O mandado será arquivado, dele não cias, será feita a averbação das sentenças que puserem
podendo o oficial fornecer certidão, a não ser por determi- termo à interdição, das substituições dos curadores de in-
nação judicial e em segredo de justiça, para salvaguarda de terditos ou ausentes, das alterações dos limites de curatela,
direitos (Lei n° 4.655, de 2 de junho de 1965, artigo 8°, pa- da cessação ou mudança de internação, bem como da ces-
rágrafo único). sação da ausência pelo aparecimento do ausente, de acor-
Art. 96. Feito o registro, será cancelado o assento de nas- do com o disposto nos artigos anteriores.
cimento original do menor. Parágrafo único. Averbar-se-á, também, no assento de
CAPÍTULO XII DA AVERBAÇÃO ausência, a sentença de abertura de sucessão provisória,
após o trânsito em julgado, com referência especial ao tes-
Art. 97. A averbação será feita pelo oficial do cartório em
tamento do ausente se houver e indicação de seus herdei-
que constar o assento à vista da carta de sentença, de
ros habilitados.
mandado ou de petição acompanhada de certidão ou do-
Art. 105. Para a averbação de escritura de adoção de pes-
cumento legal e autêntico, com audiência do Ministério Pú-
soa cujo registro de nascimento haja sido feito fora do País,
blico.
será trasladado, sem ônus para os interessados, no livro A
Art. 98. A averbação será feita à margem do assento e,
do Cartório do 1° Ofício ou da 1ª subdivisão judiciária da
quando não houver espaço, no livro corrente, com as notas
comarca em que for domiciliado o adotante, aquele registro,
e remissões recíprocas, que facilitem a busca.
legalmente traduzido, se for o caso, para que se faça, à
Art. 99. A averbação será feita mediante a indicação minu- margem dele, a competente averbação
ciosa da sentença ou ato que a determinar. CAPÍTULO XIII DAS ANOTAÇÕES
Art. 100. No livro de casamento, será feita averbação da
sentença de nulidade e anulação de casamento, bem como Art. 106. Sempre que o oficial fizer algum registro ou aver-
do desquite, declarando-se a data em que o Juiz a proferiu, bação, deverá, no prazo de cinco dias, anotá-lo nos atos
a sua conclusão, os nomes das partes e o trânsito em julga- anteriores, com remissões recíprocas, se lançados em seu
do. cartório, ou fará comunicação, com resumo do assento, ao
oficial em cujo cartório estiverem os registros primitivos,
§ 1° Antes de averbadas, as sentenças não produzirão efei-
obedecendo-se sempre à forma prescrita no art. 98.
to contra terceiros.
Parágrafo único. As comunicações serão feitas mediante
§ 2° As sentenças de nulidade ou anulação de casamento
cartas relacionadas em protocolo, anotando-se à margem
não serão averbadas enquanto sujeitas a recurso, qualquer
ou sob o ato comunicado, o número de protocolo e ficarão
que seja o seu efeito.
arquivadas no cartório que as receber.
§ 3° A averbação a que se refere o parágrafo anterior será
Art. 107. O óbito deverá ser anotado, com as remissões
feita à vista da carta de sentença, subscrita pelo presidente
recíprocas, nos assentos de casamento e nascimento, e o
ou outro Juiz do Tribunal que julgar a ação em grau de re-
casamento no deste.
curso, da qual constem os requisitos mencionados neste
artigo e, ainda, certidão do trânsito em julgado do acórdão. § 1° A emancipação, a interdição e a ausência serão anota-
das pela mesma forma, nos assentos de nascimento e ca-
§ 4° O oficial do registro comunicará, dentro de quarenta e
samento, bem como a mudança do nome da mulher, em
oito horas, o lançamento da averbação respectiva ao Juiz

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virtude de casamento, ou sua dissolução, anulação ou des- Art. 112. Em qualquer tempo poderá ser apreciado o valor
quite. probante da justificação, em original ou por traslado, pela
§ 2° A dissolução e a anulação do casamento e o restabele- autoridade judiciária competente ao conhecer de ações que
cimento da sociedade conjugal serão, também, anotadas se relacionem com os fatos justificados.
nos assentos de nascimento dos cônjuges. Art. 113. As questões de filiação legítima ou ilegítima serão
Art. 108. Os oficiais, além das penas disciplinares em que decididas em processo contencioso para anulação ou re-
incorrerem, são responsáveis civil e criminalmente pela forma de assento.
omissão ou atraso na remessa de comunicações a outros TÍTULO III DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS JURÍDI-
cartórios. CAS
CAPÍTULO XIV DAS RETIFICAÇÕES, RESTAURAÇÕES E SUPRI- CAPÍTULO I DA ESCRITURAÇÃO
MENTOS
Art. 114. No Registro Civil de Pessoas Jurídicas serão ins-
Art. 109. Quem pretender que se restaure, supra ou retifi- critos:
que assentamento no Registro Civil, requererá, em petição I - os contratos, os atos constitutivos, o estatuto ou com-
fundamentada e instruída com documentos ou com indica- promissos das sociedades civis, religiosas, pias, morais,
ção de testemunhas, que o Juiz o ordene, ouvido o órgão do científicas ou literárias, bem como o das fundações e das
Ministério Público e os interessados, no prazo de cinco dias, associações de utilidade pública;
que correrá em cartório. II - as sociedades civis que revestirem as formas estabele-
§ 1° Se qualquer interessado ou o órgão do Ministério Pú- cidas nas leis comerciais, salvo as anônimas.
blico impugnar o pedido, o Juiz determinará a produção da III - os atos constitutivos e os estatutos dos partidos políti-
prova, dentro do prazo de dez dias e ouvidos, sucessiva- cos. (Incluído pela Lei n° 9.096, de 19.9.1995).
mente, em três dias, os interessados e o órgão do Ministério
Parágrafo único. No mesmo cartório será feito o registro
Público, decidirá em cinco dias.
dos jornais, periódicos, oficinas impressoras, empresas de
§ 2° Se não houver impugnação ou necessidade de mais radiodifusão e agências de notícias a que se refere o artigo
provas, o Juiz decidirá no prazo de cinco dias. 8° da Lei n° 5.250, de 9 de fevereiro de 1967.
§ 3° Da decisão do Juiz, caberá o recurso de apelação com Art. 115. Não poderão ser registrados os atos constitutivos
ambos os efeitos. de pessoas jurídicas, quando o seu objeto ou circunstâncias
§ 4° Julgado procedente o pedido, o Juiz ordenará que se relevantes indiquem destino ou atividades ilícitos ou contrá-
expeça mandado para que seja lavrado, restaurado e retifi- rios, nocivos ou perigosos ao bem público, à segurança do
cado o assentamento, indicando, com precisão, os fatos ou Estado e da coletividade, à ordem pública ou social, à moral
circunstâncias que devam ser retificados, e em que sentido, e aos bons costumes.
ou os que devam ser objeto do novo assentamento. Parágrafo único. Ocorrendo qualquer dos motivos previs-
§ 5° Se houver de ser cumprido em jurisdição diversa, o tos neste artigo, o oficial do registro, de ofício ou por provo-
mandado será remetido, por ofício, ao Juiz sob cuja jurisdi- cação de qualquer autoridade, sobrestará no processo de
ção estiver o cartório do Registro Civil e, com o seu “cum- registro e suscitará dúvida para o Juiz, que a decidirá.
pra-se”, executar-se-á. Art. 116. Haverá, para o fim previsto nos artigos anteriores,
§ 6° As retificações serão feitas à margem do registro, com os seguintes livros:
as indicações necessárias, ou, quando for o caso, com a I - Livro A, para os fins indicados nos números I e II, do
trasladação do mandado, que ficará arquivado. Se não hou- artigo 114, com 300 folhas;
ver espaço, far-se-á o transporte do assento, com as remis-
II - Livro B, para matrícula das oficinas impressoras, jornais,
sões à margem do registro original.
periódicos, empresas de radiodifusão e agências de notí-
Art. 110. A correção de erros de grafia poderá ser proces-
cias, com 150 folhas.
sada no próprio cartório onde se encontrar o assentamento,
Art. 117. Todos os exemplares de contratos, de atos, de
mediante petição assinada pelo interessado, ou procurador,
estatuto e de publicações, registrados e arquivados, serão
independentemente de pagamento de selos e taxas.
encadernados por períodos certos, acompanhados de índi-
§ 1° Recebida a petição, protocolada e autuada, o oficial a ce que facilite a busca e o exame.
submeterá, com os documentos que a instruírem, ao órgão
Art. 118. Os oficiais farão índices, pela ordem cronológica e
do Ministério Público, e fará os autos conclusos ao Juiz
alfabética, de todos os registros e arquivamentos, podendo
togado da circunscrição, que os despachará em quarenta e
adotar o sistema de fichas, mas ficando sempre responsá-
oito horas.
veis por qualquer erro ou omissão.
§ 2° Quando a prova depender de dados existentes no pró-
Art. 119. A existência legal das pessoas jurídicas só come-
prio cartório, poderá o oficial certificá-lo nos autos.
ça com o registro de seus atos constitutivos.
§ 3° Deferido o pedido, o edital averbará a retificação à
Parágrafo único. Quando o funcionamento da sociedade
margem do registro, mencionando o número do protocolo, a
depender de aprovação da autoridade, sem esta não poderá
data da sentença e seu trânsito em julgado.
ser feito o registro.
§ 4° Entendendo o Juiz que o pedido exige maior indaga-
CAPÍTULO II DA PESSOA JURÍDICA
ção, ou sendo impugnado pelo órgão do Ministério Público,
mandará distribuir os autos a um dos cartórios da circuns- Art. 120. O registro das sociedades, fundações e partidos
crição, caso em que se processará a retificação, com assis- políticos consistirá na declaração, feita em livro, pelo oficial,
tência de advogado, observado o rito sumaríssimo. do número de ordem, da data da apresentação e da espécie
Art. 111. Nenhuma justificação em matéria de registro civil, do ato constitutivo, com as seguintes indicações: (Redação
para retificação, restauração ou abertura de assento, será dada pela Lei n° 9.096, de 19.9.1995).
entregue à parte. I - a denominação, o fundo social, quando houver, os fins e
a sede da associação ou fundação, bem como o tempo de
sua duração;

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II - o modo por que se administra e representa a sociedade, b) nome, idade, residência e prova de nacionalidade do
ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; diretor ou redator-chefe responsável pelos serviços de notí-
III - se o estatuto, o contrato ou o compromisso é reformá- cias, reportagens, comentários, debates e entrevistas.
vel, no tocante à administração, e de que modo; IV - no caso de empresas noticiosas:
IV - se os membros respondem ou não, subsidiariamente, a) nome, nacionalidade, idade e residência do gerente e do
pelas obrigações sociais; proprietário, se pessoa natural;
V - as condições de extinção da pessoa jurídica e nesse b) sede da administração;
caso o destino do seu patrimônio; c) exemplar do contrato ou estatuto social, se pessoa jurídi-
VI - os nomes dos fundadores ou instituidores e dos mem- ca.
bros da diretoria, provisória ou definitiva, com indicação da § 1° As alterações em qualquer dessas declarações ou
nacionalidade, estado civil e profissão de cada um, bem documentos deverão ser averbadas na matrícula, no prazo
como o nome e residência do apresentante dos exemplares. de oito dias.
Parágrafo único. Para o registro dos partidos políticos, § 2° A cada declaração a ser averbada deverá corresponder
serão obedecidos, além dos requisitos deste artigo, os esta- um requerimento.
belecidos em lei específica. (Incluído pela Lei n° 9.096, de Art. 124. A falta de matrícula das declarações, exigidas no
19.9.1995). artigo anterior, ou da averbação da alteração, será punida
Art. 121. Para o registro serão apresentadas duas vias do com multa que terá o valor de meio a dois salários mínimos
estatuto, compromisso ou contrato, pelas quais far-se-á o da região.
registro mediante petição do representante legal da socie- § 1° A sentença que impuser a multa fixará prazo, não infe-
dade, lançando o oficial, nas duas vias, a competente certi- rior a vinte dias, para matrícula ou alteração das declara-
dão do registro, com o respectivo número de ordem, livro e ções.
folha. Uma das vias será entregue ao representante e a § 2° A multa será aplicada pela autoridade judiciária em
outra arquivada em cartório, rubricando o oficial as folhas representação feita pelo oficial, e cobrada por processo
em que estiver impresso o contrato, compromisso ou estatu- executivo, mediante ação do órgão competente.
to. (Redação dada pela Lei n° 9.042, 9.4.1995). § 3° Se a matrícula ou alteração não for efetivada no prazo
CAPÍTULO III DO REGISTRO DE JORNAIS, OFICINAS IMPRESSO- referido no § 1° deste artigo, o Juiz poderá impor nova mul-
RAS, EMPRESAS DE RADIODIFUSÃO E AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS ta, agravando-a de 50% (cinqüenta por cento) toda vez que
Art. 122. No registro civil das pessoas jurídicas serão matri- seja ultrapassado de dez dias o prazo assinalado na sen-
culados: tença.
I - os jornais e demais publicações periódicas; Art. 125. Considera-se clandestino o jornal, ou outra publi-
II - as oficinas impressoras de quaisquer natureza, perten- cação periódica, não matriculado nos termos do artigo 122
centes a pessoas naturais ou jurídicas; ou de cuja matrícula não constem os nomes e as qualifica-
III - as empresas de radiodifusão que mantenham serviços ções do diretor ou redator e do proprietário.
de notícias, reportagens, comentários, debates e entrevis- Art. 126. O processo de matrícula será o mesmo do registro
tas; prescrito no artigo 121.
IV - as empresas que tenham por objeto o agenciamento de TÍTULO IV DO REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS
notícias. CAPÍTULO I DAS ATRIBUIÇÕES
Art. 123. O pedido de matrícula conterá as informações e Art. 127. No Registro de Títulos e Documentos será feita a
será instruído com os documentos seguintes: transcrição:
I - no caso de jornais ou outras publicações periódicas: I - dos instrumentos particulares, para a prova das obriga-
a) título do jornal ou periódico, sede da redação, administra- ções convencionais de qualquer valor;
ção e oficinas impressoras, esclarecendo, quanto a estas, II - do penhor comum sobre coisas móveis;
se são próprias ou de terceiros, e indicando, neste caso, os
III - da caução de títulos de crédito pessoal e da dívida pú-
respectivos proprietários;
blica federal, estadual ou municipal, ou de Bolsa ao porta-
b) nome, idade, residência e prova da nacionalidade do dor;
diretor ou redator-chefe;
IV - do contrato de penhor de animais, não compreendido
c) nome, idade, residência e prova da nacionalidade do nas disposições do artigo 10 da Lei n° 492, de 30 de agosto
proprietário; de 1934;
d) se propriedade de pessoa jurídica, exemplar do respecti- V - do contrato de parceria agrícola ou pecuária;
vo estatuto ou contrato social e nome, idade, residência e
VI - do mandado judicial de renovação do contrato de arren-
prova de nacionalidade dos diretores, gerentes e sócios da
damento para sua vigência, quer entre as partes contratan-
pessoa jurídica proprietária.
tes, quer em face de terceiros (artigo 19, § 2° do Decreto n°
II - nos casos de oficinas impressoras: 24.150, de 20 de abril de 1934);
a) nome, nacionalidade, idade e residência do gerente e do VII - facultativa, de quaisquer documentos, para sua conser-
proprietário, se pessoa natural; vação.
b) sede da administração, lugar, rua e número onde funcio- Parágrafo único. Caberá ao Registro de Títulos e Docu-
nam as oficinas e denominação destas; mentos a realização de quaisquer registros não atribuídos
c) exemplar do contrato ou estatuto social, se pertencentes expressamente a outro ofício.
a pessoa jurídica. Art. 128. À margem dos respectivos registros, serão aver-
III - no caso de empresas de radiodifusão: badas quaisquer ocorrências que os alterem, quer em rela-
a) designação da emissora, sede de sua administração e ção às obrigações, quer em atinência às pessoas que nos
local das instalações do estúdio; atos figurem, inclusive quanto à prorrogação dos prazos.

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Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e turação das várias espécie de atos, sem prejuízo da unida-
Documentos, para surtir efeitos em relação a terceiros: de do protocolo e de sua numeração em ordem rigorosa.
1°) os contratos de locação de prédios, sem prejuízo do Parágrafo único. Esses livros desdobrados terão as indica-
disposto do artigo 167, I, 3; ções de E, F, G, H, etc.
2°) os documentos decorrentes de depósitos, ou de cau- Art. 135. O protocolo deverá conter colunas para as seguin-
ções feitos em garantia de cumprimento de obrigações con- tes anotações:
tratuais, ainda que em separado dos respectivos instrumen- 1°) número de ordem, continuando, indefinidamente, nos
tos; seguintes;
3°) as cartas de fiança, em geral, feitas por instrumento 2°) dia e mês;
particular, seja qual for a natureza do compromisso por elas 3°) natureza do título e qualidade do lançamento (integral,
abonado; resumido, penhor, etc.);
4°) os contratos de locação de serviços não atribuídos a 4°) o nome do apresentante;
outras repartições; 5°) anotações e averbações.
5°) os contratos de compra e venda em prestações, com Parágrafo único. Em seguida ao registro, far-se-á, no pro-
reserva de domínio ou não, qualquer que seja a forma de tocolo, remissão ao número da página do livro em que foi
que se revistam, os de alienação ou de promessas de ven- ele lançado, mencionando-se, também, o número e a pági-
da referentes a bens móveis e os de alienação fiduciária; na de outros livros em que houver qualquer nota ou decla-
6°) todos os documentos de procedência estrangeira, a- ração concernente ao mesmo ato.
companhados das respectivas traduções, para produzirem Art. 136. O livro de registro integral de títulos será escritu-
efeitos em repartições da União, dos Estados, do Distrito rado nos termos do artigo 142, lançado-se, antes de cada
Federal, dos Territórios e dos Municípios ou em qualquer registro, o número de ordem, a data do protocolo e o nome
instância, juízo ou tribunal; do apresentante, e conterá colunas para as seguintes decla-
7°) as quitações, recibos e contratos de compra e venda de rações:
automóveis, bem como o penhor destes, qualquer que seja 1°) número de ordem;
a forma que revistam; 2°) dia e mês;
8°) os atos administrativos expedidos para cumprimento de 3°) transcrição;
decisões judiciais, sem trânsito em julgado, pelas quais for
4°) anotações e averbações.
determinada a entrega, pelas alfândegas e mesas de renda,
Art. 137. O livro de registro, por extrato, conterá colunas
de bens e mercadorias procedentes do exterior;
para as seguintes declarações:
9°) os instrumentos de cessão de direitos e de créditos, de
sub-rogação e de dação em pagamento. 1°) número de ordem;
Art. 130. Dentro do prazo de vinte dias da data da sua assi- 2°) dia e mês;
natura pelas partes, todos os atos enumerados nos artigos 3°) espécie e resumo do título;
127 e 129, serão registrados no domicílio das partes contra- 4°) anotações e averbações.
tantes e, quando residam estas em circunscrições territoriais Art. 138. O indicador pessoal será dividido alfabeticamente
diversas, far-se-á o registro em todas elas. para a indicação do nome de todas as pessoas que, ativa
Parágrafo único. Os registros de documentos apresenta- ou passivamente, individual ou coletivamente, figurarem nos
dos, depois de findo o prazo, produzirão efeitos a partir da livros de registro e deverá conter, além dos nomes das pes-
data da apresentação. soas, referências aos números de ordem e páginas dos
Art. 131. Os registros referidos nos artigos anteriores serão outros livros e anotações.
feitos independentemente de prévia distribuição. Art. 139. Se a mesma pessoa já estiver mencionada no
CAPÍTULO II DA ESCRITURAÇÃO indicador, somente se fará, na coluna das anotações, uma
referência ao número de ordem, página e número do livro
Art. 132. No registro de Títulos e Documentos haverá os em que estiver lançado o novo registro ou averbação.
seguintes livros, todos com 300 folhas:
Art. 140. Se no mesmo registro ou averbação, figurar mais
I - Livro A - protocolo para apontamentos de todos os títulos, de uma pessoa, ativa ou passivamente, o nome de cada
documentos e papéis apresentados, diariamente, para se- uma será lançado distintamente, no indicador, com referên-
rem registrados, ou averbados; cia recíproca na coluna das anotações.
II - Livro B - para trasladação integral de títulos e documen- Art. 141. Sem prejuízo do disposto no artigo 161, ao oficial
tos, sua conservação e validade contra terceiros, ainda que é facultado efetuar o registro por meio de microfilmagem,
registrados por extratos em outros livros; desde que, por lançamentos remissivos, com menção ao
III - Livro C - para inscrição, por extração, de títulos e docu- protocolo, ao nome dos contratantes, à data e à natureza
mentos, a fim de surtirem efeitos em relação a terceiros e dos documentos apresentados, sejam os microfilmes havi-
autenticação de data; dos como partes integrantes dos livros de registro, nos seus
IV - Livro D - indicador pessoal, substituível pelo sistema de termos de abertura e encerramento.
fichas, a critério e sob a responsabilidade do oficial, o qual é CAPÍTULO III DA TRANSCRIÇÃO E DA AVERBAÇÃO
obrigado a fornecer, com presteza, as certidões pedidas
Art. 142. O registro integral dos documentos consistirá na
pelos nomes das partes que figurarem, por qualquer modo,
nos livros de registros. trasladação dos mesmos, com a mesma ortografia e pontu-
ação, com referência às entrelinhas ou quaisquer acrésci-
Art. 133. Na parte superior de cada página do livro se es-
mos, alterações, defeitos ou vícios que tiver o original apre-
creverá o título, a letra com o número e o ano em que co-
sentado, e, bem assim, com menção precisa aos seus ca-
meçar.
racterísticos exteriores e às formalidades legais, podendo a
Art. 134. O Juiz, em caso de afluência de serviço, poderá transcrição dos documentos mercantis, quando levados a
autorizar o desdobramento dos livros de registro para escri-

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registro, ser feita na mesma disposição gráfica em que esti- Art. 149. Depois de concluídos os lançamentos nos livros
verem escritos, se o interessado assim o desejar. respectivos, será feita, nas anotações do protocolo, referên-
§ 1° Feita a trasladação, na última linha, de maneira a não cia ao número de ordem sob o qual tiver sido feito o registro,
ficar espaço em branco, será conferida e realizado o seu ou a averbação, no livro respectivo, datando e rubricando,
encerramento, depois do que o oficial, seu substituto legal em seguida, o oficial ou os servidores referidos no artigo
ou escrevente designado pelo oficial e autorizado pelo Juiz 142, § 1°.
competente, ainda que o primeiro não esteja afastado, assi- Art. 150. O apontamento do título, documento ou papel no
nará o seu nome por inteiro. protocolo será feito, seguida e imediatamente um depois do
§ 2° Tratando-se de documento impresso, idêntico a outro já outro. Sem prejuízo da numeração individual de cada do-
anteriormente registrado na íntegra, no mesmo livro, poderá cumento, se a mesma pessoa apresentar simultaneamente
o registro limitar-se a consignar o nome das partes contra- diversos documentos de idêntica natureza, para lançamen-
tantes, as características do objeto e demais dados constan- tos da mesma espécie, serão eles lançados no protocolo
tes dos claros preenchidos, fazendo-se remissão, quanto ao englobadamente.
mais, àquele já registrado. Parágrafo único. Onde terminar cada apontamento, será
Art. 143. O registro resumido consistirá na declaração da traçada uma linha horizontal, separando-o do seguinte,
natureza do título, do documento ou papel, valor, prazo, sendo lavrado, no fim do expediente diário, o termo de en-
lugar em que tenha sido feito, nome e condição jurídica das cerramento do próprio punho do oficial por este datado e
partes, nomes das testemunhas, data da assinatura e do assinado.
reconhecimento de firma por tabelião, se houver, o nome Art. 151. O lançamento dos registros e das averbações nos
deste, o do apresentante, o número de ordem e a data do livros respectivos será feito, também seguidamente, na
protocolo, e da averbação, a importância e a qualidade do ordem de prioridade do seu apontamento no protocolo,
imposto pago, depois do que será datado e rubricado pelo quando não for obstado por ordem de autoridade judiciária
oficial ou servidores referidos no artigo 142, § 1°. competente, ou por dúvida superveniente; neste caso, se-
Art. 144. O registro de contratos de penhor, caução e parce- guir-se-ão os registros ou averbações dos imediatos, sem
ria será feito com declaração do nome, profissão e domicílio prejuízo da data autenticada pelo competente apontamento.
do credor e do devedor, valor da dívida, juros, penas, ven- Art. 152. Cada registro ou averbação será datado e assina-
cimento e especificações dos objetos apenhados, pessoa do por inteiro, pelo oficial ou pelos servidores referidos no
em poder de quem ficam, espécie do título, condições do artigo 142, § 1°, separados, um do outro, por uma linha
contrato, data e número de ordem. horizontal.
Parágrafo único. Nos contratos de parceria, serão conside- Art. 153. Os títulos terão sempre um número diferente, se-
rados credor o parceiro proprietário e devedor, o parceiro gundo a ordem de apresentação, ainda que se refiram à
cultivador ou criador. mesma pessoa. O registro e a averbação deverão ser ime-
Art. 145. Qualquer dos interessados poderá levar a registro diatos e, quando não o puderem ser, por acúmulo de servi-
os contratos de penhor ou caução. ço, o lançamento será feito no prazo estritamente necessá-
CAPÍTULO IV DA ORDEM DO SERVIÇO rio, e sem prejuízo da ordem da prenotação. Em qualquer
desses casos, o oficial, depois de haver dado entrada no
Art. 146. Apresentado o título ou documento para registro
protocolo e lançado no corpo do título as declarações pres-
ou averbação, serão anotados, no protocolo, a data de sua
critas, fornecerá um recibo contendo a declaração da data
apresentação, sob o número de ordem que se seguir imedi-
da apresentação, o número de ordem desta no protocolo e a
atamente, a natureza do instrumento, a espécie de lança-
indicação do dia em que deverá ser entregue, devidamente
mento a fazer (registro integral ou resumido, ou averbação),
legalizado; o recibo será restituído pelo apresentante contra
o nome do apresentante, reproduzindo-se as declarações
a devolução do documento.
relativas ao número de ordem, à data, e à espécie de lan-
çamento a fazer no corpo do título, do documento ou do Art. 154. Nos termos de encerramento diário do protocolo,
papel. lavrados ao findar a hora regulamentar, deverão ser men-
cionados, pelos respectivos números, os títulos apresenta-
Art. 147. Protocolizado o título ou documento, far-se-á, em
dos cujos registros ficarem adiados, com a declaração dos
seguida, no livro respectivo, o lançamento, (registro integral
motivos do adiamento.
ou resumido, ou averbação), e, concluído este, declarar-se-
á no corpo do título, documento ou papel, o número de or- Parágrafo único. Ainda que o expediente continue para
dem e a data do procedimento no livro competente, rubri- ultimação do serviço, nenhuma nova apresentação será
cando o oficial ou os servidores referidos no artigo 142, § admitida depois da hora regulamentar.
1°, esta declaração e as demais folhas do título, do docu- Art. 155. Quando o título, já registrado por extrato, for leva-
mento ou do papel. do a registro integral, ou for exigido simultaneamente pelo
Art. 148. Os títulos, documentos e papéis escritos em língua apresentante o duplo registro, mencionar-se-á essa circuns-
estrangeira, uma vez adotados os caracteres comuns, pode- tância no lançamento posterior e, nas anotações do protoco-
rão ser registrados no original, para o efeito da sua conser- lo, far-se-ão referências recíprocas para verificação das
vação ou perpetuidade. Para produzirem efeitos legais no diversas espécies de lançamento do mesmo título.
País e para valerem contra terceiros, deverão, entretanto, Art. 156. O oficial deverá recusar registro a título e a docu-
ser vertidos em vernáculo e registrada a tradução, o que, mento que não se revistam das formalidades legais.
também, se observará em relação às procurações lavradas Parágrafo único. Se tiver suspeita de falsificação, poderá o
em língua estrangeira. oficial sobrestar no registro, depois de protocolado o docu-
Parágrafo único. Para o registro resumido, os títulos, do- mento, até notificar o apresentante dessa circunstância; se
cumentos ou papéis em língua estrangeira, deverão ser este insistir, o registro será feito com essa nota, podendo o
sempre traduzidos. oficial, entretanto, submeter a dúvida ao Juiz competente,

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ou notificar o signatário para assistir ao registro, mencio- Art. 166. Os requerimentos de cancelamento serão arqui-
nando também as alegações pelo último aduzidas. vados com os documentos que os instruírem.
Art. 157. O oficial, salvo quando agir de má-fé, devidamente TÍTULO V DO REGISTRO DE IMÓVEIS
comprovada, não será responsável pelos danos decorrentes CAPÍTULO I DAS ATRIBUIÇÕES
da anulação do registro, ou da averbação, por vício intrínse-
co ou extrínseco do documento, título ou papel, mas, tão- Art. 167. No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão
somente, pelos erros ou vícios no processo de registro. feitos.
Art. 158. As procurações deverão trazer reconhecidas as I - o registro:
firmas dos outorgantes. 1. da instituição de bem de família;
Art. 159. As folhas do título, documento ou papel que tiver 2. das hipotecas legais, judiciais e convencionais;
sido registrado e as das certidões serão rubricadas pelo 3. dos contratos de locação de prédios, nos quais tenha sido
oficial, antes de entregues aos apresentantes. As declara- consignada cláusula de vigência no caso de alienação da
ções no protocolo, bem como as dos registros e das aver- coisa locada;
bações lançadas no título, documento ou papel e as respec- 4. do penhor de máquinas e de aparelhos utilizados na in-
tivas datas poderão ser apostas por carimbo, sendo, porém, dústria, instalados e em funcionamento, com os respectivos
para autenticação, de próprio punho do oficial, ou de quem pertences ou sem eles;
suas vezes fizer, a assinatura ou a rubrica. 5. das penhoras, arrestos e seqüestros de imóveis;
Art. 160. O oficial será obrigado, quando o apresentante o 6. das servidões em geral;
requerer, a notificar do registro ou da averbação os demais 7. do usufruto e do uso sobre imóveis e da habilitação,
interessados que figurarem no título, documento, o papel quando não resultarem do direito de família;
apresentado, e a quaisquer terceiros que lhes sejam indica- 8. das rendas constituídas sobre imóveis ou a eles vincula-
dos, podendo requisitar dos oficiais de registro em outros dos por disposição de última vontade;
Municípios, as notificações necessárias. Por esse processo, 9. dos contratos de compromisso de compra e venda de
também, poderão ser feitos avisos, denúncias e notifica- cessão deste e de promessa de cessão, com ou sem cláu-
ções, quando não for exigida a intervenção judicial. sula de arrependimento, que tenham por objeto imóveis não
§ 1° Os certificados de notificação ou da entrega de regis- loteados e cujo preço tenha sido pago no ato de sua cele-
tros serão lavrados nas colunas das anotações, no livro bração, ou deva sê-lo a prazo, de uma só vez ou em presta-
competente, à margem dos respectivos registros. ções;
§ 2° O serviço das notificações e demais diligências poderá 10. da enfiteuse;
ser realizado por escreventes designados pelo oficial e auto- 11. da anticrese;
rizados pelo Juiz competente. 12. das convenções antenupciais,
Art. 161. As certidões do registro integral de títulos terão o 13. das cédulas de crédito rural;
mesmo valor probante dos originais, ressalvado o incidente
14. das cédulas de crédito industrial;
de falsidade destes, oportunamente levantado em juízo.
15. dos contratos de penhor rural;
§ 1° O apresentante do título para registro integral poderá
16. dos empréstimos por obrigações ao portador ou debên-
também deixá-lo arquivado em cartório ou a sua fotocópia,
tures, inclusive as conversíveis em ações;
autenticada pelo oficial, circunstâncias que serão declara-
das no registro e nas certidões. 17. das incorporações, instituições e convenções de con-
domínio;
§ 2° Quando houver acúmulo de trabalho, um dos subofici-
ais poderá ser autorizado pelo Juiz, a pedido do oficial e sob 18. dos contratos de promessa de venda, cessão ou pro-
sua responsabilidade, a lavrar e subscrever certidão. messa de cessão de unidade autônomas condominiais a
Art. 162. O fato da apresentação de um título, documento que alude a Lei n° 4.591, de 16 de dezembro de 1964,
quando a incorporação ou a instituição de condomínio se
ou papel, para registro ou averbação, não constituirá, para o
formalizar na vigência desta Lei;
apresentante, direito sobre o mesmo, desde que não seja o
próprio interessado. 19. dos loteamentos urbanos e rurais;
Art. 163. Os tabeliães e escrivães, nos atos que praticarem, 20. dos contratos de promessa de compra e venda de terre-
farão sempre referência ao livro e à folha do registro de nos loteados em conformidade com o Decreto-lei n° 58, de
títulos e documentos em que tenham sido trasladados os 10 de dezembro de 1937, e respectiva cessão e promessa
mandatos de origem estrangeira, a que tenham de reportar- de cessão, quando o loteamento se formalizar na vigência
se. desta Lei; (Regulado pela Lei nº 6.776, de 19 de dezembro
CAPÍTULO V DO CANCELAMENTO de 1979).
21. da cessão de crédito imobiliário; (Redação dada pela Lei
Art. 164. O cancelamento poderá ser feito em virtude de nº 10.931, de 2.8.2004).
sentença ou de documento autêntico de quitação ou de
22. Revogado. (pela Lei n° 6.850, de 12 de novembro de
exoneração do título registrado.
1980).
Art. 165. Apresentado qualquer dos documentos referidos
23. dos julgados e ato s jurídicos inter vivos que dividirem
no artigo anterior, o oficial certificará, na coluna das averba-
imóveis ou os demarcarem inclusive nos casos de incorpo-
ções do livro respectivo, o cancelamento e a razão dele,
ração que resultarem em constituição de condomínio e atri-
mencionando-se o documento que o autorizou, datando e
buírem uma ou mais unidades aos incorporadores;.
assinando a certidão, de tudo fazendo referência nas anota-
ções do protocolo. 24. das sentenças que nos inventários, arrolamentos e parti-
lhas adjudicarem bens de raiz em pagamento das dívidas
Parágrafo único. Quando não for suficiente o espaço da
da herança;
coluna das averbações, será feito novo registro, com refe-
rências recíprocas, na coluna própria.

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25. dos atos de entrega de legados de imóveis, dos formais 11. das cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade, e
de partilha e das sentenças de adjudicação em inventário ou incomunicabilidade impostas a imóveis, bem como da cons-
arrolamento quando não houver partilha; tituição de fideicomisso;
26. da arrematação e da adjudicação em hasta pública; 12. das decisões, recursos e seus efeitos, que tenham por
27. do dote; objeto os atos ou títulos registrados ou averbados;
28. as sentenças declaratórias de usucapião; (Item com 13. ex offício, dos nomes dos logradouros, decretados pelo
redação dada pela Medida Provisória n° 2.220, de poder público.
4.9.2001). 14. das sentenças de separação judicial, de divórcio e de
29. da compra e venda pura e da condicional; nulidade ou anulação de casamento, quando nas respecti-
30. da permuta; vas partilhas existirem imóveis ou direitos reais sujeitos a
31. da dação em pagamento; registro. (Incluído pela Lei n° 6.850, de 12.11.1980).
32. da transferência de imóvel a sociedade, quando integrar 15. da rerratificação do contrato de mútuo com pacto adjeto
quota social; de hipoteca em favor de entidade integrante do Sistema
33. da doação entre vivos; Financeiro da Habitação, ainda que importante elevação da
dívida, desde que mantidas as mesmas partes e que inexis-
34. da desapropriação amigável e das sentenças que, em
ta outra hipoteca registrada em favor de terceiros.
processo de desapropriação, fixarem o valor da indeniza-
ção; 16. do contrato de locação, para os fins de exercício de
direito de preferência.
35. da alienação fiduciária em garantia de coisa imóvel.
(Incluído pela Lei n° 9.514, de 20.11.1997). 17. do Termo de Securitização de créditos imobiliários,
quando submetidos a regime fiduciário.
36. da imissão provisória na posse, e respectiva cessão e
promessa de cessão, quando concedido à União, Estados, 18. da notificação para parcelamento, edificação ou utiliza-
Distrito Federal, Municípios ou suas entidades delegadas, ção compulsórios de imóvel urbano;
para a execução de parcelamento popular, com finalidade 19. da extinção da concessão de uso especial para fins de
urbana, destinado às classes de menor renda. moradia;
37. dos termos administrativos ou das sentenças declarató- 20. da extinção do direito de superfície do imóvel urbano.
rias da concessão de uso especial para fins de moradia; 21. da cessão de crédito imobiliário. (Incluído pela Lei n°
(Item com redação dada pela Medida Provisória n° 2.220, 10.931, de 2.8.2004).
de 4.9.2001). Art. 168. Na designação genérica de registro, consideram-
38. (VETADO). se englobadas a inscrição e a transcrição a que se referem
39. da constituição do direito de superfície de imóvel urba- as leis civis.
no; Art. 169. Todos os atos enumerados no artigo 167 são obri-
40. o contrato de concessão de direito real de uso de imóvel gatórios e efetuar-se-ão no cartório da situação do imóvel,
público.(Incluído pela Medida Provisória n° 2.220, de salvo:
4.9.2001). I - as averbações, que serão efetuadas na matrícula ou à
II - a averbação: margem do registro a que se referirem, ainda que o imóvel
1. das convenções antenupciais, e do regime de bens diver- tenha passado a pertencer a outra circunscrição;
sos do legal, nos registros referentes a imóveis ou a direitos II - os registros relativos a imóveis situados em comarcas ou
reais pertencentes a qualquer dos cônjuges, inclusive os circunscrições limítrofes, que serão feitos em todas elas,
adquiridos posteriormente ao casamento; devendo os Registros de Imóveis fazer constar dos registros
2. por cancelamento, da extinção dos ônus e direitos reais; tal ocorrência.
3. dos contratos de promessa de compra e venda, das ces- III - o registro previsto no n° 3 do inciso I do art. 167, e a
sões e das promessas de cessão a que alude o Decreto-lei averbação prevista no n° 16 do inciso II do art. 167 serão
n° 58, de 10 de dezembro de 1937, quando o loteamento se efetuados no cartório onde o imóvel esteja matriculado me-
tiver formalizado anteriormente à vigência desta Lei;. diante apresentação de qualquer das vias do contrato, assi-
nado pelas partes e subscrito por duas testemunhas, bas-
4. da mudança de denominação e de numeração dos pré-
tando a coincidência entre o nome de um dos proprietários e
dios, da edificação, da reconstrução, da demolição, do des-
o locador.
membramento e do loteamento de imóveis;
Art. 170. O desmembramento territorial posterior ao registro
5. da alteração do nome por casamento ou por desquite, ou,
não exige sua repetição no novo cartório.
ainda, de outras circunstâncias que, de qualquer modo,
tenham influência do registro ou nas pessoas nele interes- Art. 171. Os atos relativos, a vias férreas serão registrados
sadas; no cartório correspondente à estação inicial da respectiva
linha.
6. dos atos pertinentes a unidades autônomas condominiais
a que alude a Lei n° 4.591, de 16 de dezembro de 1964, CAPÍTULO II DA ESCRITURAÇÃO
quando a incorporação tiver sido formalizada anteriormente Art. 172. No Registro de Imóveis serão feitos, nos termos
à vigência desta Lei; desta Lei, o registro e a averbação dos títulos ou atos cons-
7. das cédulas hipotecárias; titutivos, declaratórios, translativos e extintos de direitos
8. da caução, e da cessão fiduciária de direitos relativos a reais sobre imóveis reconhecidos em lei, “inter vivos” ou
imóveis; “mortis causa” que para sua constituição, transferência e
9. das sentenças de separação de dote; extinção, quer para sua validade em relação a terceiros,
quer para a sua disponibilidade.
10. do restabelecimento da sociedade conjugal;.
Art. 173. Haverá no Registro de Imóveis, os seguintes li-
vros:
I - Livro n° 1 - Protocolo;

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II - Livro n° 2 - Registro Geral; 5. o valor do contrato, da coisa ou da dívida, prazo desta,
III - Livro n° 3 - Registro Auxiliar; condições e mais especificações, inclusive os juros, se hou-
IV - Livro n° 4 - Indicador Real; ver.
V - Livro n° 5 - Indicador Pessoal; § 2° Para a matrícula e registro das escrituras e partilhas,
Parágrafo único. Observado o disposto no § 2° do art. 3° lavradas ou homologadas na vigência do Decreto n° 4.857,
desta lei, os livros n°s 2, 3, 4 e 5 poderão ser substituídos de 9 de novembro de 1939, não serão observadas as exi-
por fichas. gências deste artigo, devendo tais atos obedecer ao dispos-
Art. 174. O livro n° 1 - Protocolo - servirá para apontamento to na legislação anterior. (Incluído pela Lei n° 6.688, de
de todos os títulos apresentados diariamente, ressalvado o 17.9.1979).
disposto no parágrafo único do art. 12 desta Lei. § 3° Nos casos de desmembramento, parcelamento ou
Art. 175. São requisitos da escrituração do livro n° 1 - Pro- remembramento de imóveis rurais, a identificação prevista
tocolo: na alínea a do item 3 do inciso II do § 1º será obtida a partir
de memorial descritivo, assinado por profissional habilitado
I - o número de ordem, que seguirá indefinidamente nos
e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica -
livros da mesma espécie;
ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos
II - a data da apresentação; limites dos imóveis rurais, geo-referenciadas ao Sistema
III - o nome do apresentante; Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada
IV - a natureza formal do título; pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos
V - os atos que formalizar, resumidamente mencionados. proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não
Art. 176. O livro n° 2 - Registro Geral - será destinado à exceda a quatro módulos fiscais. (Incluído pela Lei n°
matrícula dos imóveis e ao registro ou averbação dos atos 10.267, de 28.8.2001).
relacionados no artigo 167 e não atribuídos ao Livro n° 3. § 4° A identificação de que trata o § 3° tornar-se-á obrigató-
§ 1° A escrituração do Livro n° 2 obedecerá às seguintes ria para efetivação de registro, em qualquer situação de
normas: transferência de imóvel rural, nos prazos fixados por ato do
I - cada imóvel terá matrícula própria, que será aberta por Poder Executivo. (Incluído pela Lei n° 10.267, de
ocasião do primeiro registro a ser feito na vigência desta 28.8.2001).
Lei; Art. 177. O Livro n° 3 - Registro Auxiliar - será destinado ao
II - são requisitos da matrícula: registro dos atos que, sendo atribuídos ao Registro de Imó-
1. o número de ordem, que seguirá ao infinito; veis por disposição legal, não digam respeito diretamente a
2. a data; imóvel matriculado.
3. a identificação do imóvel, que será feita com indicação: Art. 178. - Registrar-se-ão no Livro n° 3 - Registro Auxiliar:
a - se rural, do código do imóvel, dos dados constantes do I - a emissão de debêntures, sem prejuízo do registro even-
CCIR, da denominação e de suas características, confron- tual e definitivo, na matrícula do imóvel, da hipoteca, anti-
tações, localização e área; crese ou penhor que abonarem especialmente tais emis-
b - se urbano, de suas características e confrontações, loca- sões, firmando-se pela ordem do registro a prioridade entre
lização, área, logradouro, número e de sua designação as séries de obrigações emitidas pela sociedade;
cadastral, se houver. (Incluído pela Lei n° 10.267, de II - as cédulas de crédito rural e de crédito industrial, sem
28.8.2001). prejuízo do registro da hipoteca cedular;
4. o nome, domicílio e nacionalidade do proprietário, bem III - as convenções de condomínio;
como: IV - o penhor de máquinas e de aparelhos utilizados na
a) tratando-se de pessoa física, o estado civil, a profissão, o indústria, instalados e em funcionamento, com os respecti-
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do vos pertences ou sem eles;
Ministério da Fazenda ou do Registro Geral da Cédula de V - as convenções antenupciais;
identidade, ou à falta deste, sua filiação; VI - os contratos de penhor rural;
b) tratando-se de pessoa jurídica, a sede social e o número VII - os títulos que, a requerimento do interessado, forem
de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministé- registrados no seu inteiro teor, sem prejuízo do ato pratica-
rio da Fazenda; do no Livro n° 2.
5. o número do registro anterior; Art. 179. O Livro n° 4 - Indicador Real - será o repositório de
III - são requisitos do registro no Livro n° 2: todos imóveis que figurarem nos demais livros, devendo
1. a data; conter sua identificação, referência aos números de ordem
2. o nome, domicílio e nacionalidade do transmitente, ou do dos outros livros e anotações necessárias.
devedor, e do adquirente, ou credor, bem como: § 1° Se não for utilizado o sistema de fichas, o Livro n° 4
a) tratando-se de pessoa física, o estado civil, a profissão e conterá, ainda, o número de ordem, que seguirá indefinida-
o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do mente, nos livros da mesma espécie.
Ministério da Fazenda ou do Registro Geral da cédula de § 2° Adotado o sistema previsto no parágrafo precedente,
identidade, ou, à falta deste, sua filiação; os oficiais deverão ter, para auxiliar a consulta, um livro-
b) tratando-se de pessoa jurídica, a sede social e o número índice ou fichas pelas ruas, quando se tratar de imóveis
de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministé- urbanos, e pelos nomes e situações, quando rurais.
rio da Fazenda; Art. 180. O livro n° 5 - Indicador Pessoal - dividido alfabeti-
3. o título da transmissão ou do ônus; camente, será o repositório dos nomes de todas as pessoas
que, individual ou coletivamente, ativa ou passivamente,
4. a forma do título, sua procedência e caracterização;
direta ou indiretamente, figurarem nos demais livros, fazen-
do-se referência aos respectivos números de ordem.

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Parágrafo único. Se não for utilizado o sistema de fichas, o Art. 195. Se o imóvel não estiver matriculado ou registrado
Livro n° 5 conterá, ainda, o número de ordem de cada letra em nome do outorgante, o oficial exigirá a prévia matrícula e
do alfabeto, que seguirá indefinidamente, nos livros da o registro do título anterior, qualquer que seja a sua nature-
mesma espécie. Os oficiais poderão adotar, para auxiliar as za, para manter a continuidade do registro.
buscas, um livro-índice ou fichas em ordem alfabética. Art. 196. A matrícula será feita à vista dos elementos cons-
Art. 181. Poderão ser abertos e escriturados, concomitan- tantes do título apresentado e do registro anterior que cons-
temente, até dez livros de “Registro Geral”, obedecendo, tar do próprio cartório.
neste caso, a sua escrituração ao algarismo final da matrí- Art. 197. Quando o título anterior estiver registrado em outro
cula, sendo as matrículas de número final um feitas no Livro cartório, o novo título será apresentado juntamente com
2-1, as de final dois no Livro 2-2 e as de final três no Livro 2- certidão atualizada, comprobatória do registro anterior, e da
3, e assim, sucessivamente. existência ou inexistência de ônus.
Parágrafo único. Também poderão ser desdobrados, a Art. 198. Havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indica-
critério do oficial, os Livros n°s 3 “Registro Auxiliar”, 4 “Indi- la-á por escrito. Não se conformando o apresentante com a
cador Real” e 5 “Indicador Pessoal”. exigência do oficial, ou não a podendo satisfazer, será o
CAPÍTULO III DO PROCESSO DO REGISTRO título, a seu requerimento e com a declaração de dúvida,
Art. 182. Todos os títulos tomarão, no protocolo, o número remetido ao juízo competente para dirimi-la, obedecendo-se
de ordem que lhes competir em razão da seqüência rigoro- ao seguinte:
sa de sua apresentação. I - No Protocolo, anotará o oficial, à margem da prenotação,
Art. 183. Reproduzir-se-á, em cada título, o número de or- a ocorrência da dúvida;
dem respectivo e a data de sua prenotação. II - após certificar, no título, a prenotação e a suscitação da
Art. 184. O Protocolo será encerrado diariamente. dúvida, rubricará o oficial todas as suas folhas;
Art. 185. A escrituração do Protocolo incumbirá tanto ao III - em seguida, o oficial dará ciência dos termos da dúvida
oficial titular como ao seu substituto legal, podendo, ser ao apresentante, fornecendo-lhe cópia da suscitação e noti-
feita, ainda, por escrevente auxiliar expressamente desig- ficando-o para impugná-la, perante o juízo competente, no
nado pelo oficial titular ou pelo seu substituto legal mediante prazo de quinze dias;
autorização do juiz competente, ainda que os primeiros não IV - certificado o cumprimento do disposto no item anterior,
estejam nem afastados nem impedidos. remeter-se-ão ao juízo competente, mediante carga, as
Art. 186. O número de ordem determinará a prioridade do razões da dúvida, acompanhadas do título.
título e esta a preferência dos direitos reais, ainda que apre- Art. 199. Se o interessado não impugnar a dúvida no prazo
sentados pela mesma pessoa mais de um título simultane- referido no item III do artigo anterior, será ela, ainda assim,
amente. julgada por sentença.
Art. 187. Em caso de permuta, e pertencendo os imóveis à Art. 200. Impugnada a dúvida, com os documentos que o
mesma circunscrição, serão feitos os registros nas matrícu- interessado apresentar, será ouvido o Ministério Público, no
las correspondentes, sob um único número de ordem no prazo de (dez) dias.
Protocolo. Art. 201. Se não forem requeridas diligências, o juiz proferi-
Art. 188. Protocolizado o título, proceder-se-á ao registro, rá decisão no prazo de quinze dias, com base nos elemen-
dentro do prazo de 30 (trinta) dias, salvo nos casos previs- tos constantes dos autos.
tos nos artigos seguintes. Art. 202. Da sentença, poderão interpor apelação, com os
Art. 189. Apresentado título de segunda hipoteca, com refe- efeitos devolutivo e suspensivo, o interessado, o Ministério
rência expressa à existência de outra anterior, o oficial, Público e o terceiro prejudicado.
depois de prenotá-lo, aguardará durante 30 (trinta) dias que Art. 203. Transitada em julgado a decisão da dúvida, proce-
os interessados na primeira promovam a inscrição. Esgota- der-se-á do seguinte modo:
do esse prazo, que correrá da data da prenotação, sem que I - se for julgada procedente, os documentos serão restituí-
seja apresentado o título anterior, o segundo será inscrito e dos à parte, independentemente de traslado, dando-se ci-
obterá preferência sobre aquele. ência da decisão ao oficial, para que a consigne no Protoco-
Art. 190. Não serão registrados, no mesmo dia, títulos pelos lo e cancele a prenotação.
quais se constituam direitos reais contraditórios sobre o II - se for julgada improcedente, o interessado apresentará,
mesmo imóvel. de novo, os seus documentos, com o respectivo mandado,
Art. 191. Prevalecerão, para efeito de prioridade de registro, ou certidão da sentença, que ficarão arquivados, para que,
quando apresentados no mesmo dia, os títulos prenotados desde logo, se proceda ao registro, declarando o oficial o
no Protocolo sob número de ordem mais baixo, protelando- fato na coluna de anotações arquivados do Protocolo.
se o registro dos apresentados posteriormente, pelo prazo Art. 204. A decisão da dúvida tem natureza administrativa e
correspondente a, pelo menos, um dia útil. não impede o uso do processo contencioso competente.
Art. 192. O disposto nos arts 190 e 191 não se aplica às Art. 205. Cessarão automaticamente os efeitos da prenota-
escrituras públicas, da mesma data e apresentadas no ção se, decorridos trinta dias do seu lançamento no Proto-
mesmo dia, que determinem, taxativamente, a hora da sua colo, o título não tiver sido registrado por omissão do inte-
lavratura, prevalecendo, para efeito de prioridade, a que foi ressado em atender às exigências legais.
lavrada em primeiro lugar. Art. 206. Se o documento, uma vez prenotado, não puder
Art. 193. O registro será feito pela simples exibição do título, ser registrado, ou o apresentante desistir do seu registro, a
sem dependência de extratos. importância relativa às despesas previstas no artigo 14 será
Art. 194. O título de natureza particular apresentado em restituída, deduzida a quantia correspondente às buscas e à
uma só via será arquivado em cartório, fornecendo o oficial, prenotação.
a pedido, certidão do mesmo.

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Art. 207. No processo de dúvida, somente serão devidas pelo Oficial de Registro de Títulos e Documentos da comar-
custas, a serem pagas pelo interessado, quando a dúvida ca da situação do imóvel ou do domicílio de quem deva
for julgada procedente. recebê-la.
Art. 208. O registro começado dentro das horas fixadas não § 3o A notificação será dirigida ao endereço do confrontante
será interrompido, salvo motivo de força maior declarado, constante do Registro de Imóveis, podendo ser dirigida ao
prorrogando-se o expediente até ser concluído. próprio imóvel contíguo ou àquele fornecido pelo requeren-
Art. 209. Durante a prorrogação nenhuma nova apresenta- te; não sendo encontrado o confrontante ou estando em
ção será admitida, lavrando o termo de encerramento no lugar incerto e não sabido, tal fato será certificado pelo ofici-
Protocolo. al encarregado da diligência, promovendo-se a notificação
Art. 210. Todos os atos serão assinados e encerrados pelo do confrontante mediante edital, com o mesmo prazo fixado
oficial, por seu substituto legal, ou por escrevente expres- no § 2o, publicado por duas vezes em jornal local de grande
samente designado pelo oficial ou por seu substituto legal e circulação.
autorizado pelo Juiz competente ainda que os primeiros não
§ 4o Presumir-se-á a anuência do confrontante que deixar
estejam nem afastados nem impedidos.
de apresentar impugnação no prazo da notificação.
Art. 211. Nas vias dos títulos restituídas aos apresentantes,
serão declarados resumidamente, por carimbo, os atos § 5o Findo o prazo sem impugnação, o oficial averbará a
praticados. retificação requerida; se houver impugnação fundamentada
Art. 212. Se o registro ou a averbação for omissa, imprecisa por parte de algum confrontante, o oficial intimará o reque-
ou não exprimir a verdade, a retificação será feita pelo Ofi- rente e o profissional que houver assinado a planta e o me-
cial do Registro de Imóveis competente, a requerimento do morial a fim de que, no prazo de cinco dias, se manifestem
interessado, por meio do procedimento administrativo pre- sobre a impugnação.
visto no art. 213, facultado ao interessado requerer a retifi- § 6o Havendo impugnação e se as partes não tiverem for-
cação por meio de procedimento judicial. (Redação dada malizado transação amigável para solucioná-la, o oficial
pela Lei nº 10.931, de 2.8.2004). remeterá o processo ao juiz competente, que decidirá de
Parágrafo único. A opção pelo procedimento administrativo plano ou após instrução sumária, salvo se a controvérsia
previsto no art. 213 não exclui a prestação jurisdicional, a versar sobre o direito de propriedade de alguma das partes,
requerimento da parte prejudicada. (Incluído pela Lei nº hipótese em que remeterá o interessado para as vias ordi-
10.931, de 2.8.2004). nárias.
Art. 213. O oficial retificará o registro ou a averbação: (Re- § 7o Pelo mesmo procedimento previsto neste artigo pode-
dação dada pela Lei nº 10.931, de 2.8.2004). rão ser apurados os remanescentes de áreas parcialmente
I - de ofício ou a requerimento do interessado nos casos de: alienadas, caso em que serão considerados como confron-
a) omissão ou erro cometido na transposição de qualquer tantes tão-somente os confinantes das áreas remanescen-
elemento do título; tes.
b) indicação ou atualização de confrontação; § 8o As áreas públicas poderão ser demarcadas ou ter seus
c) alteração de denominação de logradouro público, com- registros retificados pelo mesmo procedimento previsto
provada por documento oficial; neste artigo, desde que constem do registro ou sejam logra-
d) retificação que vise a indicação de rumos, ângulos de douros devidamente averbados.
deflexão ou inserção de coordenadas georeferenciadas, em § 9o Independentemente de retificação, dois ou mais con-
que não haja alteração das medidas perimetrais; frontantes poderão, por meio de escritura pública, alterar ou
e) alteração ou inserção que resulte de mero cálculo mate- estabelecer as divisas entre si e, se houver transferência de
mático feito a partir das medidas perimetrais constantes do área, com o recolhimento do devido imposto de transmissão
registro; e desde que preservadas, se rural o imóvel, a fração mínima
f) reprodução de descrição de linha divisória de imóvel con- de parcelamento e, quando urbano, a legislação urbanística.
frontante que já tenha sido objeto de retificação; § 10. Entendem-se como confrontantes não só os proprietá-
g) inserção ou modificação dos dados de qualificação pes- rios dos imóveis contíguos, mas, também, seus eventuais
soal das partes, comprovada por documentos oficiais, ou ocupantes; o condomínio geral, de que tratam os arts. 1.314
mediante despacho judicial quando houver necessidade de e seguintes do Código Civil, será representado por qualquer
produção de outras provas; dos condôminos e o condomínio edilício, de que tratam os
II - a requerimento do interessado, no caso de inserção ou arts. 1.331 e seguintes do Código Civil, será representado,
alteração de medida perimetral de que resulte, ou não, alte- conforme o caso, pelo síndico ou pela Comissão de Repre-
ração de área, instruído com planta e memorial descritivo sentantes.
assinado por profissional legalmente habilitado, com prova § 11. Independe de retificação:
de anotação de responsabilidade técnica no competente I - a regularização fundiária de interesse social realizada em
Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura - CREA, Zonas Especiais de Interesse Social, nos termos da Lei no
bem assim pelos confrontantes. 10.257, de 10 de julho de 2001, promovida por Município ou
§ 1o Uma vez atendidos os requisitos de que trata o caput pelo Distrito Federal, quando os lotes já estiverem cadastra-
do art. 225, o oficial averbará a retificação. dos individualmente ou com lançamento fiscal há mais de
§ 2o Se a planta não contiver a assinatura de algum con- vinte anos;
frontante, este será notificado pelo Oficial de Registro de II - a adequação da descrição de imóvel rural às exigências
Imóveis competente, a requerimento do interessado, para dos arts. 176, §§ 3o e 4o, e 225, § 3o, desta Lei.
se manifestar em quinze dias, promovendo-se a notificação § 12. Poderá o oficial realizar diligências no imóvel para a
pessoalmente ou pelo correio, com aviso de recebimento, constatação de sua situação em face dos confrontantes e
ou, ainda, por solicitação do Oficial de Registro de Imóveis, localização na quadra.

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§ 13. Não havendo dúvida quanto à identificação do imóvel, IX - nas promessas de compra e venda, o promitente - com-
o título anterior à retificação poderá ser levado a registro prador e o promitente - vendedor:
desde que requerido pelo adquirente, promovendo-se o X - nas penhoras e ações, o autor e o réu;
registro em conformidade com a nova descrição. XI - nas cessões de direitos, o cessionário e o cedente;
§ 14. Verificado a qualquer tempo não serem verdadeiros os XII - nas promessas de cessão de direitos, o promitente
fatos constantes do memorial descritivo, responderão os cessionário e o promitente cedente.
requerentes e o profissional que o elaborou pelos prejuízos CAPÍTULO V DOS TÍTULOS
causados, independentemente das sanções disciplinares e
Art. 221. Somente são admitidos a registro:
penais.
§ 15. Não são devidos custas ou emolumentos notariais ou I - escrituras públicas, inclusive as lavradas em consulados
brasileiros;
de registro decorrentes de regularização fundiária de inte-
resse social a cargo da administração pública. (Incisos, II - escritos particulares autorizados em lei, assinados pelas
alíneas e parágrafos incluídos pela Lei nº 10.931, de partes e testemunhas, com as firmas reconhecidas, dispen-
2.8.2004). sado o reconhecimento quando se tratar de atos praticados
Art. 214. As nulidades de pleno direto do registro uma vez por entidades vinculadas ao Sistema Financeiro de Habita-
provadas, invalidam-no, independentemente de ação direta. ção;
III - atos autênticos de países estrangeiros, com força de
§ 1o A nulidade será decretada depois de ouvidos os atingi- instrumento público, legalizados e traduzidos na forma da
dos. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2.8.2004). lei, e registrados no Cartório de Registro de Títulos e Docu-
§ 2o Da decisão tomada no caso do § 1o caberá apelação mentos, assim como sentenças proferidas por tribunais
ou agravo conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 10.931, de estrangeiros após homologação pelo Supremo Tribunal
2.8.2004). Federal;
§ 3o Se o juiz entender que a superveniência de novos re- IV - cartas de sentença, formais de partilha, certidões e
gistros poderá causar danos de difícil reparação poderá mandados extraídos de autos de processo.
determinar de ofício, a qualquer momento, ainda que sem Art. 222. Em todas as escrituras e em todos os atos relati-
oitiva das partes, o bloqueio da matrícula do imóvel. (Incluí- vos a imóveis, bem como nas cartas de sentença e formais
do pela Lei nº 10.931, de 2.8.2004). de partilha, o tabelião ou escrivão deve fazer referência à
§ 4o Bloqueada a matrícula, o oficial não poderá mais nela matrícula ou ao registro anterior, seu número e cartório.
praticar qualquer ato, salvo com autorização judicial, permi- Art. 223. Ficam sujeitas à obrigação, a que alude o artigo
tindo-se, todavia, aos interessados a prenotação de seus anterior, as partes que, por instrumento particular, celebra-
títulos, que ficarão com o prazo prorrogado até a solução do rem atos relativos a imóveis.
bloqueio. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2.8.2004). Art. 224. Nas escrituras, lavradas em decorrência de autori-
§ 5o A nulidade não será decretada se atingir terceiro de zação judicial, serão mencionadas, por certidão, em breve
boa-fé que já tiver preenchido as condições de usucapião relatório, com todas as minúcias que permitam identificá-los,
do imóvel. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2.8.2004). os respectivos alvarás.
Art. 215. São nulos os registros efetuados após sentença Art. 225. Os tabeliães, escrivães e juízes farão com que,
de abertura de falência, ou do termo legal nele fixado, salvo nas escrituras e nos autos judiciais, as partes indiquem,
se a apresentação tiver sido feita anteriormente. com precisão, os característicos, as confrontações e as
localizações dos imóveis, mencionando os nomes dos con-
Art. 216. O registro poderá também ser retificado ou anula-
frontantes e, ainda, quando se tratar só de terreno, se esse
do por sentença em processo contencioso, ou por efeito do
fica no lado par ou do lado ímpar do logradouro, em que
julgado em ação de anulação ou de declaração de nulidade
quadra e a que distância métrica da edificação ou da esqui-
de ato jurídico, ou de julgado sobre fraude à execução.
na mais próxima, exigindo dos interessados certidão do
CAPÍTULO IV DAS PESSOAS
Registro Imobiliário.
Art. 217. O registro e a averbação poderão ser provocados § 1° As mesmas minúcias, com relação à caracterização do
por qualquer pessoa, incumbindo-lhe as despesas respecti- imóvel, devem constar dos instrumentos particulares apre-
vas. sentados em cartório para registro.
Art. 218. Nos atos a título gratuito, o registro pode também § 2° Consideram-se irregulares, para efeito de matrícula, os
ser promovido pelo transferente, acompanhado da prova de títulos nos quais a caracterização do imóvel não coincida
aceitação do beneficiado. com a que consta do registro anterior.
Art. 219. O registro do penhor rural independente do con- § 3° Nos autos judiciais que versem sobre imóveis rurais, a
sentimento do credor hipotecário. localização, os limites e as confrontações serão obtidos a
Art. 220. São considerados, para fins de escrituração, cre- partir de memorial descritivo assinado por profissional habili-
dores e devedores, respectivamente: tado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica
I - nas servidões, o dono do prédio dominante e dono do - ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores
prédio serviente; dos limites dos imóveis rurais, geo-referenciadas ao Siste-
II - no uso, o usuário e o proprietário; ma Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser
III - na habitação, o habitante e o proprietário; fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financei-
IV - na anticrese, o mutuante e o mutuário; ros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da
V - no usufruto, o usufrutuário e o nu-proprietário; área não exceda a quatro módulos fiscais.
VI - na enfiteuse, o senhorio e o enfiteuta; Art. 226. Tratando-se de usucapião, os requisitos da matrí-
cula devem constar do mandado judicial.
VII - na constituição de renda, o beneficiário e o rendeiro
censuário; CAPÍTULO VI DA MATRÍCULA
VIII - na locação, o locatário e o locador;

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Art. 227. Todo imóvel objeto de título a ser registrado deve Art. 238. O registro de hipoteca convencional valerá pelo
estar matriculado no Livro n° 2 - Registro Geral - obedecido prazo de trinta anos, findo o qual só será mantido o número
o disposto no art. 176. anterior se reconstituída por novo título e novo registro.
Art. 228. A matrícula será efetuada por ocasião do primeiro Art. 239. As penhoras, arrestos e seqüestros de imóveis
registro a ser lançado na vigência desta Lei, mediante os serão registrados depois de pagas as custas do registro
elementos constantes do título apresentado e do registro pela parte interessada, em cumprimento de mandado ou à
anterior nele mencionado. vista de certidão do escrivão, de que constem, além dos
Art. 229. Se o registro anterior foi efetuado em outra cir- requisitos exigidos para o registro, os nomes do juiz, do
cunscrição, a matrícula será aberta com os elementos cons- depositário, das partes e a natureza do processo.
tantes do título apresentado e da certidão atualizada daque- Parágrafo único. A certidão será lavrada pelo escrivão do
le registro, a qual ficará arquivada em cartório. feito, com a declaração do fim especial a que se destina,
Art. 230. Se na certidão constar ônus, o oficial fará a matrí- após a entrega, em cartório, do mandado devidamente
cula, e, logo em seguida ao registro, averbará a existência cumprido.
do ônus, sua natureza e valor, certificando o fato no título Art. 240. O registro da penhora faz prova quanto à fraude
que devolver à parte, o que ocorrerá, também quando o de qualquer transação posterior.
ônus estiver lançado no próprio cartório. Art. 241. O registro da anticrese no Livro n° 2 declarará,
Art. 231. No preenchimento dos livros, observar-se-ão as também, o prazo, a época do pagamento e a forma de ad-
seguintes normas: ministração.
I - no alto da face de cada folha será lançada a matrícula do Art. 242. O contrato de locação, com cláusula expressa de
imóvel, com os requisitos constantes do art. 176, e, no es- vigência no caso de alienação do imóvel, registrado no Livro
paço restante e no verso, serão lançados por ordem crono- n° 2, consignará também, o seu valor, a renda, o prazo, o
lógica e em forma narrativa, os registros e averbações dos tempo e o lugar do pagamento, bem como pena convencio-
atos pertinentes ao imóvel matriculado; nal.
II - preenchida uma folha, será feito o transporte para a Art. 243. A matrícula do imóvel promovida pelo titular do
primeira folha em branco do mesmo livro ou do livro da domínio direto aproveita ao titular do domínio útil, e vice-
mesma série que estiver em uso, onde continuarão os lan- versa.
çamentos, com remissões recíprocas. Art. 244. As escrituras antenupciais serão registradas no
Art. 232. Cada lançamento de registro será precedido pela Livro n° 3 do cartório do domicílio conjugal, sem prejuízo de
letra “R” e o da averbação pelas letras “AV”, seguindo-se o sua averbação obrigatória no lugar da situação dos imóveis
número de ordem do lançamento e o da matrícula (ex: R-1- de propriedade do casal, ou dos que forem sendo adquiri-
1, R-2-1, AV-3-1, R-4-1, AV-5-1, etc.) dos e sujeitos a regime de bens diverso do comum, com a
Art. 233. A matrícula será cancelada: declaração das respectivas cláusulas, para ciência de ter-
I - por decisão judicial; ceiros.
II - quando em virtude de alienações parciais, o imóvel for Art. 245. Quando o regime de separação de bens for de-
inteiramente transferido a outros proprietários; terminado por lei, far-se-á a respectiva averbação nos ter-
III - pela fusão, nos termos do artigo seguinte. mos do artigo anterior, incumbindo ao Ministério Público
Art. 234. Quando dois ou mais imóveis contíguos, perten- zelar pela fiscalização e observância dessa providência.
centes ao mesmo proprietário, constarem de matrículas CAPÍTULO VIII DA AVERBAÇÃO E DO CANCELAMENTO
autônomas, pode ele requerer a fusão destas em uma só, Art. 246. Além dos casos expressamente indicados no item
de novo número, encerrando-se as primitivas. II do artigo 167, serão averbadas na matrícula as sub-
Art. 235. Podem, ainda, ser unificados, com abertura de rogações e outras ocorrências que, por qualquer modo,
matrícula única: alterem o registro.
I - dois ou mais imóveis constantes de transcrições anterio- § 1° As averbações a que se referem os itens 4 e 5 do inci-
res a esta Lei, à margem das quais será averbada a abertu- so II do art. 167 serão as feitas a requerimento dos interes-
ra da matrícula que os unificar; sados, com firma reconhecida, instruído com documento
II - dois ou mais imóveis, registrados por ambos os siste- dos interessados, com firma reconhecida, instruído com
mas, caso em que, nas transcrições, será feita a averbação documento comprobatório fornecido pela autoridade compe-
prevista no item anterior, e as matrículas serão encerradas tente. A alteração do nome só poderá ser averbada quando
na forma do artigo anterior. devidamente comprovada por certidão do Registro Civil.
Parágrafo único. Os imóveis de que trata este artigo, bem (Redação dada pela Lei n° 10.267, de 28.8.2001).
como os oriundos de desmembramentos, partilha e glebas § 2° Tratando-se de terra indígena com demarcação homo-
destacadas de maior porção, serão desdobrados em novas logada, a União promoverá o registro da área em seu nome.
matrículas, juntamente com os ônus que sobre eles existi- (Incluído pela Lei n° 10.267, de 28.8.2001).
rem, sempre que ocorrer a transferência de uma ou mais § 3° Constatada, durante o processo demarcatório, a exis-
unidades, procedendo-se, em seguida, ao que estipula o tência de domínio privado nos limites da terra indígena, a
item II do art. 233. União requererá ao Oficial de Registro a averbação, na
CAPÍTULO VII DO REGISTRO respectiva matrícula, dessa circunstância. (Incluído pela Lei
n° 10.267, de 28.8.2001).
Art. 236. Nenhum registro poderá ser feito sem que o imó-
vel a que se referir esteja matriculado. § 4° As providências a que se referem os §§ 2° e 3° deste
artigo deverão ser efetivadas pelo cartório, no prazo de
Art. 237. Ainda que o imóvel esteja matriculado, não se fará
trinta dias, contado a partir do recebimento da solicitação de
registro que dependa da apresentação de título anterior, a
registro e averbação, sob pena de aplicação de multa diária
fim de que se preserve a continuidade do registro.
no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), sem prejuízo da respon-

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sabilidade civil e penal do Oficial de Registro. (Incluído pela Art. 262. Se não ocorrer razão para dúvida, o oficial fará a
Lei n° 10.267, de 28.8.2001). publicação, em forma de edital, do qual constará:
Art. 247. Averbar-se-á, também, na matrícula, a declaração I - o resumo da escritura, nome, naturalidade e profissão do
de indisponibilidade de bens, na forma prevista na Lei. instituidor, data do instrumento e nome do tabelião que o
Art. 248. O cancelamento efetuar-se-á mediante averbação, fez, situação e característicos do prédio;
assinada pelo oficial, seu substituto legal ou escrevente II - o aviso de que, se alguém se julgar prejudicado, deverá,
autorizado, e declarará o motivo que o determinou, bem dentro em trinta (30) dias, contados da data da publicação,
como o título em virtude do qual foi feito. reclamar contra a instituição, por escrito e perante o oficial.
Art. 249. O cancelamento poderá ser total ou parcial e refe- Art. 263. Findo o prazo do n° II do artigo anterior, sem que
rir-se a qualquer dos atos do registro. (Renumerado e alte- tenha havido reclamação, o oficial transcreverá a escritura,
rado pela Lei n° 6.216, 30.6.1975). integralmente, no Livro n° 3 e fará a inscrição na competen-
Art. 250. Far-se-á o cancelamento: te matrícula, arquivando um exemplar do jornal em que a
I - em cumprimento de decisão judicial transitada em julga- publicação houver sido feita e restituindo o instrumento ao
do; apresentante, com a nota da inscrição.
II - a requerimento unânime das partes que tenham partici- Art. 264. Se for apresentada reclamação, dela fornecerá o
pado do ato registrado, se capazes, com as firmas reconhe- oficial, ao instituidor, cópia autêntica e lhe restituirá a escri-
cidas por tabelião; tura, com a declaração de haver sido suspenso o registro,
III - A requerimento do interessado, instruído com documen- cancelando a prenotação.
to hábil. § 1° O instituidor poderá requerer ao Juiz que ordene o
Art. 251. O cancelamento da hipoteca só pode ser feito: registro, sem embargo da reclamação.
I - à vista de autorização expressa ou quitação outorgada § 2° Se o Juiz determinar que proceda ao registro, ressalva-
pelo credor ou seu sucessor, em instrumento público ou rá ao reclamante o direito de recorrer à ação competente
particular; para anular a instituição ou de fazer execução sobre o pré-
II - em razão de procedimento administrativo ou contencio- dio instituído, na hipótese de tratar-se de dívida anterior e
so, no qual o credor tenha sido intimado (artigo 698 do Có- cuja solução se tornou inexeqüível em virtude do ato da
digo de Processo Civil); instituição.
III - na conformidade da legislação referente às cédulas § 3° O despacho do Juiz será irrecorrível e, se deferir o
hipotecárias. pedido será transcrito integralmente, juntamente com o
instrumento.
Art. 252. O registro, enquanto não cancelado, produz todos
os seus efeitos legais ainda que, por outra maneira, se pro- Art. 265. Quando o bem de família for instituído juntamente
ve que o título está desfeito, anulado, extinto ou rescindido. com a transmissão da propriedade (Decreto-Lei n° 3.200, de
19 de abril de 1941, artigo 8°, § 5°), a inscrição far-se-á
Art. 253. Ao terceiro prejudicado é lícito, em juízo, fazer
imediatamente após o registro da transmissão ou, se for o
prova da extinção dos ônus, reais, e promover o cancela-
caso, com a matrícula.
mento do seu registro.
CAPÍTULO X DA REMIÇÃO DO IMÓVEL HIPOTECADO
Art. 254. Se, cancelado o registro, subsistirem o título e os
direitos dele decorrentes, poderá o credor promover novo Art. 266. Para remir o imóvel hipotecado, o adquirente re-
registro, o qual só produzirá efeitos a partir da nova data. quererá, no prazo legal, a citação dos credores hipotecários
Art. 255. Além dos casos previstos nesta Lei, a inscrição de propondo, para a remição, no mínimo, o preço por que ad-
incorporação ou loteamento só será cancelada a requeri- quiriu o imóvel.
mento do incorporador ou loteador, enquanto nenhuma Art. 267. Se o credor, citado, não se opuser à remição, ou
unidade ou lote for objeto de transação averbada, ou medi- não comparecer, lavrar-se-á termo de pagamento e quita-
ante o consentimento de todos os compromissários ou ces- ção e o Juiz ordenará, por sentença, o cancelamento de
sionários. hipoteca.
Art. 256. O cancelamento da servidão, quando o prédio Parágrafo único. No caso de revelia, consignar-se-á o
dominante estiver hipotecado, só poderá ser feito com aqui- preço à custa do credor.
escência do credor, expressamente manifestada. Art. 268. Se o credor, citado, comparecer e impugnar o
Art. 257. O dono do prédio serviente terá, nos termos da lei, preço oferecido, o Juiz mandará promover a licitação entre
direito a cancelar a servidão. os credores hipotecários, os fiadores e o próprio adquirente,
Art. 258. O foreiro poderá, nos termos da lei, averbar a autorizando a venda judicial a quem oferecer maior preço.
renúncia de seu direito, sem dependência do consentimento § 1° Na licitação, será preferido, em igualdade de condi-
do senhorio direto. ções, o lanço do adquirente.
Art. 259. O cancelamento não pode ser feito em virtude de § 2° Na falta de arrematante, o valor será o proposto pelo
sentença sujeita, ainda, a recurso. adquirente.
CAPÍTULO IX DO BEM DE FAMÍLIA Art. 269. Arrematado o imóvel e depositado, dentro de qua-
renta e oito (48) horas, o respectivo preço, o Juiz mandará
Art. 260. A instituição do bem de família far-se-á por escritu-
cancelar a hipoteca, sub-rogando-se no produto da venda
ra pública, declarando o instituidor que determinado prédio
os direitos do credor hipotecário.
se destina a domicílio de sua família e ficará isento de exe-
cução por dívida. Art. 270. Se o credor de segunda hipoteca, embora não
vencida a dívida, requerer a remição, juntará o título e certi-
Art. 261. Para a inscrição do bem de família, o instituidor
dão da inscrição da anterior e depositará a importância de-
apresentará ao oficial do registro a escritura pública de insti-
vida ao primeiro credor, pedindo a citação deste para levan-
tuição, para que mande publicá-la na imprensa local e, à
tar o depósito e a do devedor para dentro do prazo de cinco,
falta, na da capital do Estado ou do Território.
dias remir a hipoteca, sob pena de ficar o requerente sub-

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rogado nos direitos creditórios, sem prejuízo dos que lhe Art. 283. O Juiz ordenará, de ofício ou a requerimento da
couberem em virtude da segunda hipoteca. parte, que, à custa do peticionário, se notifiquem do reque-
Art. 271. Se o devedor não comparecer ou não remir a hipo- rimento as pessoas nele indicadas.
teca, os autos serão conclusos ao Juiz para julgar por sen- Art. 284. Em qualquer hipótese, será ouvido o órgão do
tença a remição pedida pelo segundo credor. Ministério Público, que poderá impugnar o registro por falta
Art. 272. Se o devedor comparecer e quiser efetuar a remi- de prova completa do domínio ou preterição de outra forma-
ção, notificar-se-á o credor para receber o preço, ficando lidade legal.
sem efeito o depósito realizado pelo autor. Art. 285. Feita a publicação do edital, a pessoa que se jul-
Art. 273. Se o primeiro credor estiver promovendo a execu- gar com direito sobre o imóvel, no todo ou em parte, poderá
ção da hipoteca, a remição, que abrangerá a importância contestar o pedido no prazo de quinze dias.
das custas e despesas realizadas, não se efetuará antes da § 1° A contestação mencionará o nome e a residência do
primeira praça, nem depois de assinado o auto de arrema- réu, fará a descrição exata do imóvel e indicará os direitos
tação. reclamados e os títulos em que se fundarem.
Art. 274. Na remição de hipoteca legal em que haja interes- § 2° Se não houver contestação, e se o Ministério Público
se de incapaz intervirá o Ministério Público. não impugnar o pedido, o Juiz ordenará que se inscreva o
Art. 275. Das sentenças que julgarem o pedido de remição imóvel, que ficará, assim, submetido aos efeitos do Registro
caberá o recurso de apelação com ambos os efeitos. Torrens.
Art. 276. Não é necessária a remição quando o credor assi- Art. 286. Se houver contestação ou impugnação, o proce-
nar, com o vendedor, escritura de venda do imóvel gravado. dimento será ordinário, cancelando-se, mediante mandado,
CAPÍTULO XI DO REGISTRO TORRENS a prenotação.
Art. 277. Requerida a inscrição de imóvel rural no Registro Art. 287. Da sentença que deferir, ou não, o pedido, cabe o
Torrens, o oficial protocolizará e autuará o requerimento e recurso de apelação, com ambos os efeitos.
documentos que o instruírem e verificará se o pedido se Art. 288. Transitada em julgado a sentença que deferir o
acha em termos de ser despachado. pedido, o oficial inscreverá, na matrícula, o julgado que
Art. 278. O requerimento será instruído com: determinou a submissão do imóvel aos efeitos do Registro
Torrens, arquivando em cartório a documentação autuada.
I - os documentos comprobatórios do domínio do requeren-
te; TÍTULO VI DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
II - a prova de quaisquer atos que modifiquem ou limitem a Art. 289. No exercício de suas funções, cumpre aos oficiais
sua propriedade; de registro fazer rigorosa fiscalização do pagamento dos
III - o memorial de que constem os encargos do imóvel os impostos devidos por força dos atos que lhes forem apre-
nomes dos ocupantes, confrontantes, quaisquer interessa- sentados em razão do ofício.
dos, e a indicação das respectivas residências; Art. 290. Os emolumentos devidos pelos atos relacionados
IV - a planta do imóvel, cuja escala poderá variar entre os com a primeira aquisição imobiliária para fins residenciais,
limites: 1:500 m (1500) e 1:5.000 m (15000). financiada pelo Sistema Financeiro de Habitação, serão
§ 1° O levantamento da planta obedecerá às seguintes re- reduzidos em 50% (cinqüenta por cento).
gras: § 1° O registro e a averbação referentes à aquisição da
a) - empregar-se-ão goniômetros ou outros instrumentos de casa própria, em que seja parte cooperativa habitacional ou
maior precisão; entidade assemelhada, serão considerados, para o efeito de
cálculo de custas e emolumentos, como um ato apenas, não
b) - a planta será orientada segundo o mediano do lugar,
podendo a sua cobrança exceder o limite correspondente a
determinada a declinação magnética;
40% (quarenta por cento) do maior valor de referência.
c) - fixação dos pontos de referência necessários a verifica-
§ 2° Nos demais programas de interesse social, executados
ções ulteriores e de marcos especiais, ligados a pontos
pelas Companhias de Habitação Popular - (COHABs) ou
certos e estáveis nas sedes das propriedades, de maneira
entidades assemelhadas, os emolumentos e as custas de-
que a planta possa incorporar-se à carta geral cadastral.
vidos pelos atos de aquisição de imóveis e pelos de averba-
§ 2° Às plantas serão anexadas o memorial e as cadernetas
ção de construção estarão sujeitos às seguintes limitações:
das operações de campo, autenticadas pelo agrimensor.
a) imóvel de até 60 m² (sessenta metros quadrados) de área
Art. 279. O imóvel sujeito a hipoteca ou ônus real não será
construída: 10% (dez por cento) do maior valor de referên-
admitido a registro sem consentimento expresso do credor
cia;
hipotecário ou da pessoa em favor de quem se tenha institu-
b) de mais de 60 m² (sessenta metros quadrados) até 70 m²
ído o ônus.
(setenta metros quadrados) de área construída: 15% (quin-
Art. 280. Se o oficial considerar irregular o pedido ou a do-
ze por cento) do maior valor de referência;
cumentação, poderá conceder o prazo de trinta dias para
c) de mais de 70 m² (setenta metros quadrados) e até 80 m²
que o interessado os regularize. Se o requerente não estiver
(oitenta metros quadrados) de área construída: 20% (vinte
de acordo com a exigência do oficial, este suscitará dúvida.
por cento) do maior valor de referência;
Art. 281. Se o oficial considerar em termos o pedido, reme-
§ 3° Os emolumentos devidos pelos atos relativos a financi-
tê-lo-á a juízo para ser despachado.
amento rural serão cobrados de acordo com a legislação
Art. 282. O Juiz, distribuído o pedido a um dos cartórios
federal.
judiciais se entender que os documentos justificam a propri-
§ 4° As custas e emolumentos devidos aos Cartórios de
edade do requerente, mandará expedir edital que será afi-
Notas e de Registro de Imóveis, nos atos relacionados com
xado no lugar de costume e publicado uma vez no órgão
a aquisição imobiliária para fins residenciais, oriundas de
oficial do Estado e três vezes na imprensa local, se houver,
programas e convênios com a União, Estados, Distrito Fe-
marcando prazo não menor de dois meses, nem maior de
deral e Municípios, para a construção de habitações popula-
quatro meses para que se ofereça oposição.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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res destinadas a famílias de baixa renda, pelo sistema de Art. 297. Os oficiais, na data de vigência desta Lei, lavrarão
mutirão e autoconstrução orientada, serão reduzidos para termo de encerramento nos livros, e dele remeterão cópia
vinte por cento da tabela cartorária normal, considerando-se ao juiz a que estiverem subordinados.
que o imóvel será limitado a até sessenta e nove metros Parágrafo único. Sem prejuízo do cumprimento integral
quadrados de área construída, em terreno de até duzentos das disposições desta Lei, os livros antigos poderão ser
e cinqüenta metros quadrados. (parágrafo acrescido pela aproveitados, até o seu esgotamento, mediante autorização
Lei n° 9.934, de 20.12.1999). judicial e adaptação aos novos modelos, iniciando-se nova
§ 5° Os cartórios que não cumprirem o disposto no § 4° numeração.
ficarão sujeitos a multa de até R$ 1.120,00 (um mil cento e Art. 298. Esta Lei entrará em vigor no dia 1° de janeiro de
vinte reais) a ser aplicada pelo juiz, com a atualização que 1976.
se fizer necessária, em caso de desvalorização da moeda. Art. 299. Revogam-se a Lei n° 4.827, de 7 de março de
(parágrafo acrescido pela Lei n° 9.934, de 20.12.1999). 1924, os Decretos ns. 4.857, de 9 de novembro de 1939,
Art. 291. A emissão ou averbação da Cédula Hipotecária, 5.318, de 29 de fevereiro de 1940, 5.553, de 6 de maio de
consolidando créditos hipotecários de um só credor, não 1940, e as demais disposições em contrário.
implica modificação da ordem preferencial dessas hipotecas Brasília, 31 de dezembro de 1973; 154° da Independência e
em relação a outras que lhes sejam posteriores e que ga- 87° da República.
rantam créditos não incluídos na consolidação. EMÍLIO G. MEDÍCI
Art. 292. É vedado aos Tabeliães e aos Oficiais de Registro
de Imóveis, sob pena de responsabilidade, lavrar ou regis- LEI N° 6.099, DE 12 DE SETEMBRO DE 1974
trar escritura ou escritos particulares autorizados por lei, que
tenham por objeto imóvel hipotecado a entidade do Sistema Dispõe sobre o tratamento tributário das operações de
Financeiro da Habitação, ou direitos a eles relativos, sem arrendamento mercantil e dá outras providências.
que conste dos mesmos, expressamente, a menção ao O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
ônus real e ao credor, bem como a comunicação ao credor, gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
necessariamente feita pelo alienante, com antecedência de , Art. 1° O tratamento tributário das operações de arrenda-
no mínimo, 30 (trinta) dias. mento mercantil reger-se-á pelas disposições desta Lei.
Art. 293. Se a escritura deixar de ser lavrada no prazo de Parágrafo único. Considera-se arrendamento mercantil,
60 (sessenta) dias a contar da data da comunicação do para os efeitos desta Lei, o negócio jurídico realizado entre
alienante, esta perderá a validade. pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa
Parágrafo único. A ciência da comunicação não importará física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha
consentimento tácito do credor hipotecário. por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arren-
Art. 294. Nos casos de incorporação de bens imóveis do dadora, segundo especificações da arrendatária e para uso
patrimônio público, para a formação ou integralização do próprio desta. (Redação dada pela Lei n° 7.132, de 26 de
capital de sociedade por ações da administração indireta ou outubro de 1983).
para a formação do patrimônio de empresa pública, o oficial Art. 2° Não terá o tratamento previsto nesta Lei o arrenda-
do respectivo registro de imóveis fará o novo registro em mento de bens contratado entre pessoas jurídicas direta ou
nome da entidade a que os mesmos forem incorporados ou indiretamente coligadas ou interdependentes, assim como o
transferidos, valendo-se, para tanto, dos dados característi- contratado com o próprio fabricante.
cos e confrontações constantes do anterior. § 1° O Conselho Monetário Nacional especificará em regu-
§ 1° Servirá como título hábil para o novo registro o instru- lamento os casos de coligação e interdependência.
mento pelo qual a incorporação ou transferência se verifi- § 2° Somente farão jus ao tratamento previsto nesta Lei as
cou, em cópia autêntica, ou exemplar do órgão oficial no operações realizadas ou por empresas arrendadoras que
qual foi aquele publicado. fizerem dessa operação o objeto principal de sua atividade
§ 2° Na hipótese de não coincidência das características do ou que centralizarem tais operações em um departamento
imóvel com as constantes do registro existente, deverá a especializado com escrituração própria.
entidade, ao qual foi o mesmo incorporado ou transferido, Art. 3° Serão escriturados em conta especial do ativo imobi-
promover a respectiva correção mediante termo aditivo ao lizado da arrendadora os bens destinados a arrendamento
instrumento de incorporação ou transferência e do qual mercantil.
deverão constar, entre outros elementos, seus limites ou Art. 4° A pessoa jurídica arrendadora manterá registro indi-
confrontações, sua descrição e caracterização. vidualizado que permita a verificação do fator determinante
§ 3° Para fins do registro de que trata o presente artigo, da receita e do tempo efetivo de arrendamento.
considerar-se-á, como valor de transferência dos bens, o Art. 5° Os contratos de arrendamento mercantil conterão as
constante do instrumento a que alude o § 1°. seguintes disposições:
Art. 295. O encerramento dos livros em uso, antes da vi- a) prazo do contrato;
gência da presente Lei, não exclui a validade dos atos neles b) valor de cada contraprestação por períodos determina-
registrados, nem impede que, neles, se façam as averba- dos, não superiores a um semestre;
ções e anotações posteriores. c) opção de compra ou renovação de contrato, como facul-
Parágrafo único. Se a averbação ou anotação dever ser dade do arrendatário;
feita no Livro n° 2 do Registro de Imóvel, pela presente Lei, d) preço para opção de compra ou critério para sua fixação,
e não houver espaço nos anteriores Livros de Transcrição quando for estipulada esta cláusula.
das Transmissões, será aberta a matrícula do imóvel. Parágrafo único. Poderá o Conselho Monetário Nacional,
Art. 296. Aplicam-se aos registros referidos no artigo 1°, § nas operações que venha a definir, estabelecer que as con-
1°, incisos I, II e III, desta Lei, as disposições relativas ao traprestações sejam estipuladas por períodos superiores
processo de dúvida no registro de imóveis.

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aos previstos na alínea b deste artigo. (Incluído pela Lei n° § 1° Entende-se por vida útil do bem o prazo durante o qual
7.132, de 26 de outubro de 1983). se possa esperar a sua efetiva utilização econômica.
Art. 6° O Conselho Monetário Nacional poderá estabelecer § 2° A Secretaria da Receita Federal publicará periodica-
índices máximos para a soma das contrapres-tações, a- mente o prazo de vida útil admissível, em condições nor-
crescidas do preço para exercício da opção da compra nas mais, para cada espécie de bem.
operações de arrendamento mercantil. § 3° Enquanto não forem publicados os prazos de vida útil
§ 1° Ficam sujeitas à regra deste artigo as prorrogações do de que trata o parágrafo anterior, a sua determinação se
arrendamento nele referido. fará segundo as normas previstas pela legislação do Impos-
§ 2° Os índices de que trata este artigo serão fixados, con- to sobre a Renda para fixação da taxa de depreciação.
siderando o custo do arrendamento em relação ao do fun- Art. 13. Nos casos de operações de vendas de bens que
cionamento da compra e venda. tenham sido objeto de arrendamento mercantil, o saldo não
Art. 7° Todas as operações de arrendamento mercantil depreciado será admitido como custo para efeito de apura-
subordinam-se ao controle e fiscalização do Banco Central ção do lucro tributável pelo Imposto de Renda.
do Brasil, segundo normas estabelecidas pelo Conselho Art. 14. Não será dedutível, para fins de apuração do lucro
Monetário Nacional, a elas se aplicando, no que couber, as tributável pelo Imposto sobre a Renda, a diferença a menor
disposições da Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964, e entre o valor contábil residual do bem arrendado e o seu
legislação posterior relativa ao Sistema Financeiro Nacional. preço de venda, quando do exercício da opção de compra.
Art. 8° O Conselho Monetário Nacional poderá baixar reso- Art. 15. Exercida a opção de compra pelo arrendatário, o
lução disciplinando as condições segundo as quais as insti- bem integrará o ativo fixo do adquirente pelo seu custo de
tuições financeiras poderão financiar suas coligadas ou aquisição.
interdependentes, que se especializarem em operações de Parágrafo único. Entende-se como custo de aquisição para
arrendamento mercantil. os fins deste artigo, o preço pago pelo arrendatário ao ar-
Art. 9° As operações de arrendamento mercantil contrata- rendador pelo exercício da opção de compra.
das com o próprio vendedor do bem ou com pessoas jurídi- Art. 16. Os contratos de arrendamento mercantil celebrado
cas a ele vinculadas, mediante quaisquer das relações pre- com entidades domiciliadas no Exterior serão submetidos a
vistas no art. 2° desta Lei, poderão também ser realizadas registro no Banco Central do Brasil. (Redação dada pela Lei
por instituições financeiras expressamente autorizadas pelo n° 7.132, de 26 de outubro de 1983).
Conselho Monetário Nacional, que estabelecerá as condi- § 1° O Conselho Monetário Nacional estabelecerá as nor-
ções para a realização das operações previstas neste arti- mas para a concessão do registro a que se refere este arti-
go. (Redação dada pela Lei n° 7.132, de 26 de outubro de go, observando as seguintes condições:
1983). a) razoabilidade da contraprestação e de sua composição;
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o prejuízo decor- b) critérios para fixação do prazo de vida útil do bem;
rente da venda do bem não será dedutível na determinação c) compatibilidade do prazo de arrendamento do bem com a
do lucro real. sua vida útil;
Art. 10. Somente poderão ser objeto de arrendamento mer- d) relação entre o preço internacional do bem e o custo total
cantil os bens de produção estrangeira que forem enumera- do arrendamento;
dos pelo Conselho Monetário Nacional, que poderá, tam-
e) cláusula de opção de compra ou renovação do contrato;
bém, estabelecer condições para seu arrendamento a em-
presas cujo controle acionário pertencer a pessoas residen- f) outras cautelas ditadas pela política econômico-financeira
tes no Exterior. nacional.
Art. 11. Serão consideradas como custo ou despesa opera- § 2° Mediante prévia autorização do Banco Central do Bra-
cional da pessoa jurídica arrendatária as contraprestações sil, segundo normas para este fim expedidas pelo Conselho
pagas ou creditadas por força do contrato de arrendamento Monetário Nacional, os bens objeto das operações de que
mercantil. trata este artigo poderão ser arrendados a sociedades ar-
rendadoras domiciliadas no País, para o fim de subarren-
§ 1° A aquisição pelo arrendatário de bens arrendados em
damento.
desacordo com as disposições desta Lei, será considerada
operação de compra e venda a prestação. § 3° Estender-se-ão ao subarrenda-mento as normas apli-
cáveis aos contratos de arrendamento mercantil celebrados
§ 2° O preço de compra e venda, no caso do parágrafo
com entidades domici-liadas no Exterior.
anterior, será o total das contraprestações pagas durante a
vigência do arrendamento, acrescido da parcela paga a § 4° No subarrendamento poderá haver vínculo de coliga-
título de preço de aquisição. ção ou de interdependência entre a entidade domiciliada no
Exterior e a sociedade arrendatária subarrendadora, domici-
§ 3° Na hipótese prevista no parágrafo primeiro deste artigo,
liada no País.
as importâncias já deduzidas, como custo ou despesa ope-
racional pela adquirente, acrescerão ao lucro tributável pelo § 5° Mediante as condições que estabelecer, o Conselho
Imposto sobre a Renda, no exercício correspondente à res- Monetário Nacional poderá autorizar o registro de contratos
pectiva dedução. sem cláusula de opção de compra bem como fixar prazos
mínimos para as operações previstas neste artigo.
§ 4° O imposto não recolhido na hipótese do parágrafo ante-
Art. 17. A entrada no território nacional dos bens objeto de
rior, será devido com acréscimo de juros e correção mone-
tária, multa e demais penalidades legais. arrendamento mercantil, contratado com entidades arrenda-
doras domiciliadas no exterior, não se confunde com o re-
Art. 12. Serão admitidas como custos das pessoas jurídicas
gime da admissão temporária de que trata o Decreto-lei
arrendadoras as cotas de depreciação do preço de aquisi-
número 37, de 18 de novembro de 1966, e se sujeitará a
ção de bem arrendado, calculadas de acordo com a vida útil
todas as normas legais que regem a importação. (Redação
do bem.
dada pela Lei n° 7.132, de 26 de outubro de 1983).

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Art. 18. A base de cálculo, para efeito do Imposto sobre Dispõe sobre medidas de prevenção e repressão ao
Produtos Industrializados, do fato gerador que ocorrer por tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecen-
ocasião da remessa de bens importados ao estabelecimen- tes ou que determinem dependência física ou psíquica,
to da empresa arrendatária, corresponderá ao preço por e dá outras providências.
atacado desse bem na praça em que a empresa arrendado- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
ra estiver domiciliada. (Redação dada pela Lei n° 7.132, de CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a se-
26 de outubro de 1983). guinte Lei:
§ 1° A saída de bens importados com isenção de impostos
ficará isenta da incidência a que se refere o caput desse CAPÍTULO I DA PREVENÇÃO
artigo.
Art. 1° É dever de toda pessoa física ou jurídica colaborar
§ 2° Nas hipóteses em que o preço dos bens importados
na prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de
para o fim de arrendamento for igual ou superior ao que
substância entorpecente ou que determine dependência
seria pago pelo arrendatário se os importasse diretamente,
a base de cálculo mencionado no caput deste artigo será o física ou psíquica.
valor que servir de base para o recolhimento do Imposto Parágrafo único. As pessoas jurídicas que, quando solici-
sobre Produtos Industrializados, por ocasião do desembara- tadas, não prestarem colaboração nos planos governamen-
ço alfandegário desses bens. tais de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevi-
Art. 19. Fica equiparada à exportação a compra e venda de do de substância entorpecente ou que determine depen-
dência física ou psíquica perderão, a juízo do órgão ou do
bens no mercado interno, para o fim específico de arrenda-
poder competente, auxílios ou subvenções que venham
mento pelo comprador a arrendatário domiciliado no Exteri-
recebendo da União, dos Estados, do Distrito Federal, Terri-
or.
tórios e Municípios, bem como de suas autarquias, empre-
Art. 20. São assegurados ao vendedor dos bens de que
sas públicas, sociedades de economia mista e fundações.
trata o artigo anterior todos os benefícios fiscais concedidos
Art. 2° Ficam proibidos em todo o território brasileiro o plan-
por lei para incentivo à exportação, observadas as condi-
tio, a cultura, a colheita e a exploração, por particulares, de
ções de qualidade da pessoa do vendedor e outras exigidas
todas as plantas das quais possa ser extraída substância
para os casos de exportação direta ou indireta.
entorpecente ou que determine dependência física ou psí-
§ 1° Os benefícios fiscais de que trata este artigo serão
quica.
concedidos sobre o equivalente em moeda nacional de
§ 1° As plantas dessa natureza, nativas ou cultivadas, exis-
garantia irrevogável do pagamento das contraprestações do
tentes no território nacional, serão destruídas pelas autori-
arrendamento contratado, limitada a base de cálculo ao
dades policiais, ressalvados os casos previstos no parágrafo
preço da compra e venda.
seguinte.
§ 2° Para os fins do parágrafo anterior, a equivalência em
§ 2° A cultura dessas plantas com fins terapêuticos ou cien-
moeda nacional será determinada pela maior taxa de câm-
tíficos só será permitida mediante prévia autorização das
bio do dia da utilização dos benefícios fiscais.
autoridades competentes.
Art. 21. O Ministro da Fazenda poderá estender aos arren-
§ 3° Para extrair, produzir, fabricar, transformar, preparar,
datários de máquinas, aparelhos e equipamentos de produ-
possuir, importar, exportar, reexportar, remeter, transportar,
ção nacional, objeto de arrendamento mercantil, os benefí-
expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir
cios de que trata o Decreto-lei n° 1.136, de 7 de dezembro
para qualquer fim substância entorpecente ou que determi-
de 1970.
ne dependência física ou psíquica, ou matéria-prima desti-
Art. 22. As pessoas jurídicas que estiverem operando com
nada à sua preparação, é indispensável licença da autori-
arrendamento de bens, e que se ajustarem às disposições
dade sanitária competente, observadas as demais exigên-
desta Lei dentro de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da
cias legais.
sua vigência, terão as suas operações regidas por este
§ 4° Fica dispensada da exigência prevista no parágrafo
Diploma legal, desde que ajustem convenientemente os
anterior aquisição de medicamentos mediante prescrição
seus contratos, mediante instrumentos de aditamento.
médica, de acordo com os preceitos legais ou regulamenta-
Art. 23. Fica o Conselho Monetário Nacional autorizado a:
res.
a) expedir normas que visem a estabelecer mecanismos Art. 3° Fica instituído o Sistema Nacional Antidrogas, consti-
reguladores das atividades previstas nesta Lei, inclusive
tuído pelo conjunto de órgãos que exercem, nos âmbitos
excluir modalidades de operações do tratamento nela pre-
federal, estadual, distrital e municipal, atividades relaciona-
visto e limitar ou proibir sua prática por determinadas cate-
das com: (Redação dada pela Medida Provisória n° 2.225-
gorias de pessoas físicas ou jurídicas; (Redação dada pela
45, de 4.9.2001).
Lei n° 7.132, de 26 de outubro de 1983).
I - a prevenção do uso indevido, o tratamento, a recupera-
b) enumerar restritivamente os bens que não poderão ser
ção e a reinserção social de dependentes de substâncias
objeto de arrendamento mercantil, tendo em vista a política
entorpecentes e drogas que causem dependência física ou
econômico-financeira do País.
psíquica; e (Incluído pela Medida Provisória n° 2.225-45, de
Art. 24. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publica- 4.9.2001).
ção, revogadas as disposições em contrário.
II - a repressão ao uso indevido, a prevenção e a repressão
Brasília, 12 de setembro de 1974; 153° da Independência e do tráfico ilícito e da produção não autorizada de substân-
86° da República. cias entorpecentes e drogas que causem dependência física
ERNESTO GEISEL ou psíquica. (Incluído pela Medida Provisória n° 2.225-45,
de 4.9.2001).
LEI N° 6.368, DE 21 DE OUTUBRO DE 1976 Parágrafo único. O sistema de que trata este artigo será
formalmente estruturado por decreto do Poder Executivo,

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que disporá sobre os mecanismos de coordenação e contro- § 2° Os estabelecimentos hospitalares e clínicas, oficiais ou
le globais de atividades, e sobre os mecanismos de coorde- particulares, que receberem dependentes para tratamento,
nação e controle incluídos especificamente nas áreas de encaminharão à repartição competente, até o dia 10 de
atuação dos governos federal, estaduais e municipais. cada mês, mapa estatístico dos casos atendidos durante o
Art. 4° Os dirigentes de estabelecimentos de ensino ou mês anterior, com a indicação do código da doença, segun-
hospitalares, ou de entidade sociais, culturais, recreativas, do a classificação aprovada pela Organização Mundial de
esportivas ou beneficentes, adotarão, de comum acordo e Saúde, dispensada a menção do nome do paciente.
sob a orientação técnica de autoridades especializadas Art. 11. Ao dependente que, em razão da prática de qual-
todas as medidas necessárias à prevenção do tráfico ilícito quer infração penal, for imposta pena privativa de liberdade
e do uso indevido de substância entorpecente ou que de- ou medida de segurança detentiva será dispensado trata-
termine dependência física ou psíquica, nos recintos ou mento em ambulatório interno do sistema penitenciário onde
imediações de suas atividades. estiver cumprindo a sanção respectiva.
Parágrafo único. A não observância do disposto neste CAPÍTULO III DOS CRIMES E DAS PENAS
artigo implicará na responsabilidade penal e administrativa Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir,
dos referidos dirigentes. fabricar, adquirir, vender, expor à venda ou oferecer, forne-
Art. 5° Nos programas dos cursos de formação de professo- cer ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar,
res serão incluídos ensinamentos referentes a substâncias trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar,
entorpecentes ou que determinem dependência física ou de qualquer forma, a consumo substância entorpecente ou
psíquica, a fim de que possam ser transmitidos com obser- que determine dependência física ou psíquica, sem autori-
vância dos seus princípios científicos. zação ou em desacordo com determinação legal ou regula-
Parágrafo único. Dos programas das disciplinas da área de mentar:
ciências naturais, integrantes dos currículos dos cursos de Pena - Reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e paga-
1° grau, constarão obrigatoriamente pontos que tenham por mento de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-
objetivo o esclarecimento sobre a natureza e efeitos das multa.
substâncias entorpecentes ou que determinem dependência § 1° Nas mesmas penas incorre quem, indevidamente:
física ou psíquica. I - importa ou exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
Art. 6° Compete privativamente ao Ministério da Saúde, vende, expõe à venda ou oferece, fornece ainda que gratui-
através de seus órgãos especializados, baixar instruções de tamente, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guar-
caráter geral ou especial sobre proibição, limitação, fiscali- da matéria-prima destinada a preparação de substância
zação e controle da produção, do comércio e do uso de entorpecente ou que determine dependência física ou psí-
substâncias entorpecentes ou que determinem dependência quica;
física ou psíquica e de especialidades farmacêuticas que as II - semeia, cultiva ou faz a colheita de plantas destinadas à
contenham. preparação de entorpecente ou de substância que determi-
Parágrafo único. A competência fixada neste artigo, no que ne dependência física ou psíquica.
diz respeito à fiscalização e ao controle, poderá ser delega- § 2° Nas mesmas penas incorre, ainda, quem:
da a Órgãos congêneres dos Estados, do Distrito Federal e
I - induz, instiga ou auxilia alguém a usar entorpecente ou
dos Territórios.
substância que determine dependência física ou psíquica;
Art. 7° A União poderá celebrar convênios com os Estados
II - utiliza local de que tem a propriedade, posse, adminis-
visando à prevenção e repressão do tráfico ilícito e do uso
tração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele
indevido de substância entorpecente ou que determine de-
se utilize, ainda que gratuitamente, para uso indevido ou
pendência física ou psíquica.
tráfico ilícito de entorpecente ou de substância que determi-
CAPÍTULO II DO TRATAMENTO E DA RECUPERAÇÃO ne dependência fisica ou psíquica.
Art. 8° Os dependentes de substâncias entorpecentes, ou III - contribui de qualquer forma para incentivar ou difundir o
que determinem dependência física ou psíquica, ficarão uso indevido ou o tráfico ilícito de substância entorpecente
sujeitos às medidas previstas neste Capítulo. ou que determine dependência física ou psíquica.
Art. 9° As redes dos serviços de saúde dos Estados, Terri- Art. 13. Fabricar, adquirir, vender, fornecer ainda que gratui-
tórios e Distrito Federal contarão, sempre que necessário e tamente, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instru-
possível, com estabelecimentos próprios para tratamento mento ou qualquer objeto destinado à fabricação, prepara-
dos dependentes de substâncias a que se refere a presente ção, produção ou transformação de substância entorpecen-
Lei. te ou que determine dependência física ou psíquica, sem
§ 1° Enquanto não se criarem os estabelecimentos referidos autorização ou em desacordo com determinação legal ou
neste artigo, serão adaptados, na rede já existente, unida- regulamentar:
des para aquela finalidade. Pena - Reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento
§ 2° O Ministério da Previdência e Assistência Social provi- de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
denciará no sentido de que as normas previstas neste artigo Art. 14. Associarem-se 2 (duas) ou mais pessoas para o fim
e seu § 1° sejam também observadas pela sua rede de de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes
serviços de saúde. previstos nos arts. 12 ou 13 desta Lei:
Art. 10. O tratamento sob regime de internação hospitalar Pena - Reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento
será obrigatório quando o quadro clínico do dependente ou de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
a natureza de suas manifestações psicopatológicas assim o Art. 15. Prescrever ou ministrar, culposamente, o médico,
exigirem. dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem subs-
§ 1° Quando verificada a desnecessidade de internação, o tância entorpecente ou que determine dependência física ou
dependente será submetido a tratamento em regime extra-
hospitalar, com assistência do serviço social competente.

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psíquica, em dose evidentemente maior que a necessária § 2° Nas comarcas onde houver mais de uma vara compe-
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: tente, a remessa far-se-á na forma prevista na Lei de Orga-
Pena - Detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pa- nização Judiciária local.
gamento de 30 (trinta) a 100 (cem) dias-multa. Art. 22. Recebidos os autos em Juízo será aberta vista ao
Art. 16. Adquirir, guardar ou trazer consigo, para o uso pró- Ministério Público para, no prazo de 3 (três) dias, oferecer
prio, substância entorpecente ou que determine dependên- denúncia, arrolar testemunhas até o máximo de 5 (cinco) e
cia física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo requerer as diligências que entender necessárias.
com determinação legal ou regulamentar: § 1° Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante
Pena - Detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pa- e do oferecimento da denúncia, no que tange à materialida-
gamento de (vinte) a 50 (cinqüenta) dias-multa. de do delito, bastará laudo de constatação da natureza da
Art. 17. Violar de qualquer forma o sigilo de que trata o art. substância firmado por perito oficial ou, na falta deste, por
26 desta Lei: pessoa idônea escolhida de preferência entre as que tive-
Pena - Detencão, de 2 (dois) a 6 (seis) meses, ou pagamen- rem habilitação técnica.
to de 20 (vinte) a 50 (cinqüenta) dias-multa, sem prejuízo § 2° Quando o laudo a que se refere o parágrafo anterior for
das sanções administrativas a que estiver sujeito o infrator. subscrito por perito oficial, não ficará este impedido de parti-
Art. 18. As penas dos crimes definidos nesta Lei serão au- cipar da elaboração do laudo definitivo.
mentadas de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços): § 3° Recebida a denúncia, o juiz, em 24 (vinte e quatro)
I - no caso de tráfico com o exterior ou de extra- horas, ordenará a citação ou requisição do réu e designará
territorialidade da lei penal; dia e hora para o interrogatório, que se realizará dentro dos
II - quando o agente tiver praticado o crime prevalecendo-se 5 (cinco) dias seguintes.
de função pública relacionada com a repressão à criminali- § 4° Se o réu não for encontrado nos endereços constantes
dade ou quando, muito embora não titular de função públi- dos autos, o juiz ordenará sua citação por edital, com prazo
ca, tenha missão de guarda e vigilância; de 5 (cinco) dias, após o qual decretará sua revelia. Neste
III - se qualquer deles decorrer de associação ou visar a caso, os prazos correrão independentemente de intimação.
menores de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa com idade § 5° No interrogatório, o juiz indagará do réu sobre eventual
igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por dependência, advertindo-o das conseqüências de suas
qualquer causa, diminuída ou suprimida a capacidade de declarações.
discernimento ou de autodeterminação; (Redação dada pela § 6° Interrogado o réu, será aberta vista à defesa para, no
Lei 10.741, de 1°.10.2003). prazo de 3 (três) dias, oferecer alegações preliminares,
IV - se qualquer dos atos de preparação, execução ou con- arrolar testemunhas até o máximo de 5 (cinco) e requerer as
sumação ocorrer nas imediações ou no interior de estabele- diligências que entender necessárias. Havendo mais de um
cimento de ensino ou hospitalar, de sedes de entidades réu, o prazo será comum e correrá em cartório.
estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas ou be- Art. 23. Findo o prazo do § 6° do artigo anterior, o juiz profe-
neficentes, de locais de trabalho coletivo de estabelecimen- rirá despacho saneador, em 48 (quarenta e oito) horas, no
tos penais, ou de recintos onde se realizem espetáculos ou qual ordenará as diligências indispensáveis ao julgamento
diversões de qualquer natureza, sem prejuízo da interdição do feito e designará, para um dos 8 (oitos) dias seguintes,
do estabelecimento ou do local. audiência de instrução e julgamento, notificando-se o réu e
Art. 19. É isento de pena o agente que em razão da depen- as testemunhas que nela devam prestar depoimento, inti-
dência, ou sob o feito de substância, entorpecente ou que mando-se o defensor e o Ministério Público, bem como
determine dependência física ou psíquica proveniente de cientificando-se a autoridade policial e os órgãos dos quais
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da dependa a remessa de peças ainda não constantes dos
omissão, qualquer que tenha sido a infração penal pratica- autos.
da, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato § 1° Na hipótese de ter sido determinado exame de depen-
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. dência, o prazo para a realização da audiência será de 30
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de 1/3 (um (trinta) dias.
terço) a 2/3 (dois terços) se, por qualquer das circunstâncias § 2° Na audiência, após a inquirição das testemunhas, será
previstas neste artigo, o agente não possuía, ao tempo da dada a palavra, sucessivamente, ao órgão do Ministério
ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o Público e ao defensor do réu, pelo tempo de 20 (vinte) minu-
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com tos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez) a critério do
esse entendimento. juiz que, em seguida, proferirá sentença.
CAPÍTULO IV DO PROCEDIMENTO CRIMINAL § 3° Se o Juiz não se sentir habilitado a julgar de imediato a
causa, ordenará que os autos lhe sejam conclusos para, no
Art. 20. O procedimento dos crimes definidos nesta Lei
prazo de 5 (cinco) dias, proferir sentença.
reger-se-á pelo disposto neste capítulo, aplicando-se subsi-
diariamente o Código de Processo Penal. Art. 24. Nos casos em que couber fiança, sendo o agente
menor de 21 (vinte e um) anos, a autoridade policial, verifi-
Art. 21. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade policial
cando não ter o mesmo condições de prestá-la, poderá
dela fará comunicação imediata ao juiz competente, reme-
determinar o seu recolhimento domiciliar na residência dos
tendo-lhe juntamente uma cópia do auto lavrado e o respec-
pais, parentes ou de pessoa idônea, que assinarão termo de
tivo auto nos 5 (cinco) dias seguintes.
responsabilidade.
§ 1° Nos casos em que não ocorrer prisão em flagrante, o
§ 1° O recolhimento domiciliar será determinado sempre ad
prazo para remessa dos autos do inquérito a juízo será de
referendum do juiz competente que poderá mantê-lo, revo-
30 (trinta) dias.
gá-lo ou ainda conceder liberdade provisória.
§ 2° Na hipótese de revogação de qualquer dos benefícios
previstos neste artigo o juiz mandará expedir mandado de

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prisão contra o indiciado ou réu, aplicando-se, no que cou- públicas, sociedades de economia mista, ou fundações
ber, o disposto no § 4° do artigo 22. instituídas pelo poder público, observarão absoluta prece-
Art. 25. A remessa dos autos de flagrante ou de inquérito a dência nos exames, perícias e na confecção e expedição de
juízo far-se-á sem prejuízo das diligências destinadas ao peças, publicação de editais, bem como no atendimento de
esclarecimento do fato, inclusive a elaboração do laudo de informações e esclarecimentos solicitados por autoridades
exame toxicológico e, se necessário, de dependência, que judiciárias, policiais ou administrativas com o objetivo de
serão juntados ao processo até a audiência de instrução e instruir processos destinados à apuração de quaisquer cri-
julgamento. mes definidos nesta Lei.
Art. 26. Os registros, documentos ou peças de informação, Art. 34. Os veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer
bem como os autos de prisão em flagrante e os de inquérito outros meios de transporte, assim como os maquinismos,
policial para a apuração dos crimes definidos nesta lei serão utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza,
mantidos sob sigilo, ressalvadas, para efeito exclusivo de utilizados para a prática dos crimes definidos nesta Lei,
atuação profissional, as prerrogativas do juiz, do Ministério após a sua regular apreensão, ficarão sob custódia da auto-
Público, da autoridade policial e do advogado na forma da ridade de polícia judiciária, excetuadas as armas, que serão
legislação específica. recolhidas na forma da legislação específica. (Redação
Parágrafo único. Instaurada a ação penal, ficará a critério dada pela Lei n° 9.804, de 30.6.1999).
do juiz a manutenção do sigilo a que se refere este artigo. § 1° (Parágrafo revogado pela Lei n° 9.804, de 30.6.1999).
Art. 27. O processo e o julgamento do crime de tráfico com § 2° . (Revogado pela Lei n° 7.560, de 19.12.1986).
exterior caberão à justiça estadual com interveniência do § 3° Feita a apreensão a que se refere o caput, e tendo
Mistério Público respectivo, se o lugar em que tiver sido recaído sobre dinheiro ou cheques emitidos como ordem de
praticado, for município que não seja sede de vara da Justi- pagamento, a autoridade policial que presidir o inquérito
ça Federal, com recurso para o Tribunal Federal de Recur- deverá, de imediato, requerer ao juízo competente a intima-
sos. ção do Ministério Público. (Incluído pela Lei n° 9.804, de
Art. 28. Nos casos de conexão e continência entre os cri- 30.6.1999).
mes definidos nesta Lei e outras infrações penais, o proces- § 4° Intimado, o Ministério Público deverá requerer ao juízo
so será o previsto para a infração mais grave, ressalvados a conversão do numerário apreendido em moeda nacional
os da competência do júri e das jurisdições especiais. se for o caso, a compensação dos cheques emitidos após a
Art. 29. Quando o juiz absolver o agente, reconhecendo por instrução do inquérito com cópias autênticas dos respecti-
força de perícia oficial, que ele, em razão de dependência, vos títulos, e o depósito das correspondentes quantias em
era, ao tempo de ação ou da omissão, inteiramente incapaz conta judicial, juntando-se aos autos o recibo. (Incluído pela
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de Lei n° 9.804, de 30.6.1999).
acordo com esse entendimento, ordenará seja o mesmo § 5° Recaindo a apreensão sobre bens não previstos nos
submetido a tratamento médico. parágrafos anteriores, o Ministério Público, mediante petição
§ 1° Verificada a recuperação, será esta comunicada ao juiz autônoma, requererá ao juízo competente que, em caráter
que, após comprovação por perícia oficial, e ouvido o Minis- cautelar, proceda à alienação dos bens apreendidos, exce-
tério Público, determinará o encerramento do processo. tuados aqueles que a União, por intermédio da Secretaria
§ 2° Não havendo peritos oficiais, os exames serão feitos Nacional Antidrogas - SENAD, indicar para serem colocados
por médicos, nomeados pelo Juiz que prestarão compro- sob custódia de autoridade policial, de órgãos de inteligên-
misso de bem e fielmente desempenhar o encargo. cia ou militar federal, envolvidos nas operações de preven-
§ 3° No caso de o agente frustrar, de algum modo, trata- ção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substân-
mento ambulatorial ou vir a ser novamente processado nas cias entorpecentes ou que determinem dependência física
mesmas condições do caput deste artigo, o juiz poderá ou psíquica. (Incluído pela Lei n° 9.804, de 30.6.1999).
determinar que o tratamento seja feito em regime de inter- § 6° Excluídos os bens que a União, por intermédio da SE-
nação hospitalar. NAD, houver indicado para os fins previstos no parágrafo
Art. 30. Nos casos em que couber fiança, deverá a autori- anterior, o requerimento de alienação deverá conter a rela-
dade, que a conceder ou negar, fundamentar a decisão. ção de todos os demais bens apreendidos, com a descrição
§ 1° O valor da fiança será fixado pela autoridade que a e a especificação de cada um deles, e informações sobre
conceder, entre o mínimo de Cr$500,00 (quinhentos cruzei- quem os tem sob custódia e o local onde se encontram
ros) e o máximo de Cr$5.000,00 (cinco mil cruzeiros). custodiados. (Incluído pela Lei n° 9.804, de 30.6.1999).
§ 2° Aos valores estabelecidos no parágrafo anterior, apli- § 7° Requerida a alienação dos bens, a respectiva petição
car-se-á o coeficiente de atualização monetária referido no será autuada em apartado, cujos autos terão tramitação
parágrafo único do artigo 2° da Lei número 6.205, de 29 de autônoma em relação aos da ação penal. (Incluído pela Lei
abril de 1975. n° 9.804, de 30.6.1999).
Art. 31. No caso de processo instaurado contra mais de um § 8° Autuado o requerimento de alienação, os autos serão
réu, se houver necessidade de realizar-se exame de depen- conclusos ao juiz que, verificada a presença de nexo de
dência, far-se-á sua separação no tocante ao réu a quem instrumentalidade entre o delito e os objetos utilizados para
interesse o exame, processando-se este em apartado, e a sua prática e risco de perda de valor econômico pelo de-
fixando o juiz prazo até 30 (trinta) dias para sua conclusão. curso do tempo, determinará a avaliação dos bens relacio-
nados, intimando a União, o Ministério Público e o interes-
Art. 32. Para os réus condenados à pena de detenção, pela
sado, este, se for o caso, inclusive por edital com prazo de
prática de crime previsto nesta lei, o prazo para requerimen-
cinco dias. (Incluído pela Lei n° 9.804, de 30.6.1999).
to da reabilitação será de 2 (dois) anos.
§ 9° Feita a avaliação, e dirimidas eventuais divergências
Art. 33. Sob pena de responsabilidade penal e administrati-
sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará o
va, os dirigentes, funcionários e empregados dos órgãos da
administração pública direta e autárquica, das empresas

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valor atribuído aos bens, determinando sejam alienados Art. 36. Para os fins desta Lei serão consideradas substân-
mediante leilão. (Incluído pela Lei n° 9.804, de 30.6.1999). cias entorpecentes ou capazes de determinar dependência
§ 10. Realizado o leilão, e depositada em conta judicial a física ou psíquica aquelas que assim forem especificados
quantia apurada, a União será intimada para oferecer, na em lei ou relacionadas pelo Serviço Nacional de Fiscaliza-
forma prevista em regulamento, caução equivalente àquele ção da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde.
montante e aos valores depositados nos termos do § 4º, em Parágrafo único. O Serviço Nacional de Fiscalização da
certificados de emissão do Tesouro Nacional, com caracte- Medicina e Farmácia deverá rever, sempre que as circuns-
rísticas a serem definidas em ato do Ministro de Estado da tâncias assim o exigirem, as relações a que se refere este
Fazenda. (Incluído pela Lei n° 9.804, de 30.6.1999). artigo, para o fim de exclusão ou inclusão de novas subs-
§ 11. Compete à SENAD solicitar à Secretaria do Tesouro tâncias.
Nacional a emissão dos certificados a que se refere o pará- Art. 37. Para efeito de caracterização do crimes definidos
grafo anterior. (Incluído pela Lei n° 9.804, de 30.6.1999). nesta lei, a autoridade atenderá à natureza e à quantidade
§ 12. Feita a caução, os valores da conta judicial serão da substância apreendida, ao local e às condições em que
transferidos para a União, mediante depósito na conta do se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da pri-
Fundo Nacional Antidrogas - FUNAD, apensando-se os são, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
autos da alienação aos do processo principal. (Incluído pela Parágrafo único. A autoridade deverá justificar em despa-
Lei n° 9.804, de 30.6.1999). cho fundamentado, as razões que a levaram a classificação
§ 13. Na sentença de mérito, o juiz, nos autos do processo legal do fato, mencionando concretamente as circunstâncias
de conhecimento, decidirá sobre o perdimento dos bens e referidas neste artigo, sem prejuízo de posterior alteração
dos valores mencionados nos §§ 4º e 5º, e sobre o levan- da classificação pelo Ministério Público ou pelo juiz.
tamento da caução. (Incluído pela Lei n° 9.804, de Art. 38. A pena de multa consiste no pagamento ao Tesouro
30.6.1999). Nacional, de uma soma em dinheiro que é fixada em dias-
§ 14. No caso de levantamento da caução, os certificados a multa.
que se refere o § 10 deverão ser resgatados pelo seu valor § 1° O montante do dia-multa será fixado segundo o pru-
de face, sendo os recursos para o pagamento providos pelo dente arbítrio do Juiz, entre o mínimo de Cr$ 25,00 (vinte e
FUNAD. (Incluído pela Lei n° 9.804, de 30.6.1999). cinco cruzeiros) e o máximo de Cr$ 250,00 (duzentos e
§ 15. A Secretaria do Tesouro Nacional fará constar dotação cinqüenta cruzeiros).
orçamentária para o pagamento dos certificados referidos § 2° Aos valores estabelecidos no parágrafo anterior, apli-
no § 10. (Incluído pela Lei n° 9.804, de 30.6.1999). car-se-á o coeficiente de atualização monetária referido no
§ 16. No caso de perdimento, em favor da União, dos bens parágrafo único do artigo 2° da Lei 6.205, de 29 de abril de
e valores mencionados nos §§ 4° e 5°, a Secretaria do Te- 1975.
souro Nacional providenciará o cancelamento dos certifica- § 3° A pena pecuniária terá como referência os valores do
dos emitidos para caucioná-los. (Incluído pela Lei n° 9.804, dia-multa que vigorarem à época do fato.
de 30.6.1999). Art. 39. As autoridades sanitárias, policiais e alfandegárias
§ 17. Não terão efeito suspensivo os recursos interpostos organizarão e manterão estatísticas, registros e demais
contra as decisões proferidas no curso do procedimento informes, inerentes às suas atividades relacionadas com a
previsto neste artigo. (Incluído pela Lei n° 9.804, de prevenção e repressão de que trata esta Lei, deles fazendo
30.6.1999). remessa ao órgão competente com as observações e su-
§ 18. A União, por intermédio da SENAD, poderá firmar gestões que julgarem pertinentes à elaboração do relatório
convênio com os Estados, com o Distrito Federal e com que será enviado anualmente ao Órgão Internacional da
organismos envolvidos na prevenção, repressão e no trata- Fiscalização de Entorpecentes.
mento de tóxico-dependentes, com vistas à liberação de Art. 40. Todas as substâncias entorpecentes ou que deter-
recursos por ela arrecadados nos termos deste artigo, para minem dependência física ou psíquica, apreendidas por
a implantação e execução de programas de combate ao infração a qualquer dos dispositivos desta Lei, serão obriga-
tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes toriamente remetidas, após o trânsito em julgado da senten-
ou que determinem dependência física ou psíquica. (Incluí- ça, ao órgão competente do Ministério da Saúde ou congê-
do pela Lei n° 9.804, de 30.6.1999). nere estadual, cabendo-lhes providenciar o seu registro e
§ 19. Nos processos penais em curso, o juiz, a requerimento decidir do seu destino.
do Ministério Público, poderá determinar a alienação dos § 1° Ficarão sob a guarda e responsabilidade das autorida-
bens apreendidos, observado o disposto neste artigo. (Inclu- des policiais, até o trânsito em julgado da sentença, as
ído pela Lei n° 9.804, de 30.6.1999). substâncias referidas neste artigo.
§ 20. A SENAD poderá firmar convênios de cooperação, a § 2° Quando se tratar de plantação ou quantidade que torne
fim de promover a imediata alienação de bens não leiloa- difícil o transporte ou apreensão da substância na sua tota-
dos, cujo perdimento já tenha sido decretado em favor da lidade, a autoridade policial recolherá quantidade suficiente
União. (Incluído pela Lei n° 9.804, de 30.6.1999). para exame pericial destruindo o restante, de tudo lavrando
Art. 35. O réu condenado por infração dos artigos 12 ou 13 auto circunstanciado.
desta Lei não poderá apelar sem recolher-se à prisão. Art. 41. As autoridades judiciárias, o Ministério Público e as
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo autoridades policiais poderão requisitar às autoridades sani-
serão contados em dobro quando se tratar dos crimes pre- tárias competentes independentemente de qualquer proce-
vistos nos arts. 12, 13 e 14. (Incluído pela Lei n° 8.072, de dimento judicial, a realização de inspeções nas empresas
25.7.1990). industriais ou comerciais, nos estabelecimentos hospitala-
CAPÍTULO V DISPOSIÇÕES GERAIS res, de pesquisa, ensino e congêneres, assim como nos
serviços médicos que produzirem, venderem, comprarem,
consumirem ou fornecerem substâncias entorpecentes ou

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que determinem dependência física ou psíquica, ou espe- § 1° Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e
cialidades farmacêuticas que as contenham, sendo faculta- se rege pelas leis e usos do comércio.
da a assistência da autoridade requisitante. § 2° O estatuto social definirá o objeto de modo preciso e
§ 1° Nos casos de falência ou de liquidação judicial das completo.
empresas ou estabelecimentos referidos neste artigo, ou de § 3° A companhia pode ter por objeto participar de outras
qualquer outro em que existam tais produtos, cumpre ao sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participa-
juízo por onde correr o feito oficiar às autoridade sanitárias ção é facultada como meio de realizar o objeto social, ou
competentes, para que promovam, desde logo, as medidas para beneficiar-se de incentivos fiscais.
necessárias ao recebimento, em depósito, das substâncias
Denominação
arrecadadas.
§ 2° As vendas em hasta pública de substâncias ou espe- Art. 3° A sociedade será designada por denominação a-
cialidades a que se refere este artigo serão realizadas com companhada das expressões “companhia” ou “sociedade
a presença de 1 (um) representante da autoridade sanitária anônima”, expressas por extenso ou abreviadamente mas
competente, só podendo participar da licitação pessoa física vedada a utilização da primeira ao final.
ou jurídica regularmente habilitada. § 1° O nome do fundador, acionista, ou pessoa que por
Art. 42. É passível de expulsão, na forma da legislação qualquer outro modo tenha concorrido para o êxito da em-
específica, o estrangeiro que praticar qualquer dos crimes presa, poderá figurar na denominação.
definidos nesta Lei, desde que cumprida a condenação § 2° Se a denominação for idêntica ou semelhante a de
imposta, salvo se ocorrer interesse nacional que recomende companhia já existente, assistirá à prejudicada o direito de
sua expulsão imediata. requerer a modificação, por via administrativa (artigo 97) ou
Art. 43. Os Tribunais de Justiça deverão, sempre que ne- em juízo, e demandar as perdas e danos resultantes.
cessário e possível, observado o disposto no artigo 144, § Companhia Aberta e Fechada
5°, da Constituição Federal, instituir juízos especializados Art. 4° Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou
para o processo e julgamento dos crimes definidos nesta fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão
Lei. estejam ou não admitidos à negociação no mercado de
Art. 44. Nos setores de repressão a entorpecentes do De- valores mobiliários. (Redação dada pela Lei n° 10.303, de
partamento de Policia Federal, só poderão ter exercício 31.10.2001).
policiais que possuam especialização adequada. § 1° Somente os valores mobiliários de emissão de compa-
Parágrafo único. O Poder Executivo disciplinará a especia- nhia registrada na Comissão de Valores Mobiliários podem
lização dos integrantes das Categorias Funcionais da Polí- ser negociados no mercado de valores mobiliários. (Reda-
cia Federal para atendimento ao disposto neste artigo. ção dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
Art. 45. O Poder Executivo regulamentará a presente Lei § 2° Nenhuma distribuição pública de valores mobiliários
dentro de 60 (sessenta) dias, contados da sua publicação. será efetivada no mercado sem prévio registro na Comissão
Art. 46. Revogam-se as disposições em contrário, em espe- de Valores Mobiliários. (Incluído pela Lei n° 10.303, de
cial o artigo 311 do Decreto-lei número 1.004, de 21 de 31.10.2001).
outubro de 1969, com as alterações da Lei número 6.016, § 3° A Comissão de Valores Mobiliários poderá classificar
de 31 de dezembro de 1973, e a Lei n° 5.726, de 29 de as companhias abertas em categorias, segundo as espécies
outubro de 1971, com exceção do seu artigo 22. e classes dos valores mobiliários por ela emitidos negocia-
Art. 47. Esta Lei entrará em vigor 30 (trinta) dias após a sua dos no mercado, e especificará as normas sobre companhi-
publicação. as abertas aplicáveis a cada categoria. (Incluído pela Lei n°
Brasília, 21 de outubro de 1976; 155° da Independência e 10.303, de 31.10.2001).
88° da República. § 4° O registro de companhia aberta para negociação de
ERNESTO GEISEL ações no mercado somente poderá ser cancelado se a
companhia emissora de ações, o acionista controlador ou a
LEI N° 6.404, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1976 sociedade que a controle , direta ou indiretamente, formular
oferta pública para adquirir a totalidade das ações em circu-
lação no mercado, por preço justo, ao menos igual ao valor
Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
de avaliação da companhia, apurado com base nos crité-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- rios, adotados de forma isolada ou combinada, de patrimô-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: nio líquido contábil, de patrimônio líquido avaliado a preço
de mercado, de fluxo de caixa descontado, de comparação
CAPÍTULO I CARACTERÍSTICAS E NATUREZA DA COMPANHIA OU por múltiplos, de cotação das ações no mercado de valores
SOCIEDADE ANÔNIMA mobiliários, ou com base em outro critério aceito pela Co-
Características missão de Valores Mobiliários, assegurada a revisão do
valor da oferta, em conformidade com o disposto no art. 4º-
Art. 1° A companhia ou sociedade anônima terá o capital A. (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acio- § 5° Terminado o prazo da oferta pública fixado na regula-
nistas será limitada ao preço de emissão das ações subscri- mentação expedida pela Comissão de Valores Mobiliários,
tas ou adquiridas.
se remanescerem em circulação menos de 5% (cinco por
Objetivo Social cento) do total das ações emitidas pela companhia, a as-
Art. 2° Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de sembléia-geral poderá deliberar o resgate dessas ações
fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons pelo valor da oferta de que trata o § 4º, desde que deposite
costumes. em estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de
Valores Mobiliários, à disposição dos seus titulares, o valor

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de resgate, não se aplicando, nesse caso, o disposto no § Art. 8° A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos
6º do art. 44. (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). ou por empresa especializada, nomeados em assembléia-
§ 6° O acionista controlador ou a sociedade controladora geral dos subscritores, convocada pela imprensa e presidida
que adquirir ações da companhia aberta sob seu controle por um dos fundadores, instalando-se em primeira convoca-
que elevem sua participação, direta ou indireta, em determi- ção com a presença desubscritores que representem meta-
nada espécie e classe de ações à porcentagem que, se- de, pelo menos, do capital social, e em segunda convoca-
gundo normas gerais expedidas pela Comissão de Valores ção com qualquer número.
Mobiliários, impeça a liquidez de mercado das ações rema- § 1° Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apresentar
nescentes, será obrigado a fazer oferta pública, por preço laudo fundamentado, com a indicação dos critérios de avali-
determinado nos termos do § 4º, para aquisição da totalida- ação e dos elementos de comparação adotados e instruído
de das ações remanescentes no mercado. (Incluído pela Lei com os documentos relativos aos bens avaliados, e estarão
n° 10.303, de 31.10.2001). presentes à assembléia que conhecer do laudo, a fim de
Art. 4°-A. Na companhia aberta, os titulares de, no mínimo, prestarem as informações que lhes forem solicitadas.
10% (dez por cento) das ações em circulação no mercado § 2° Se o subscritor aceitar o valor aprovado pela assem-
poderão requerer aos administradores da companhia que bléia, os bens incorporar-se-ão ao patrimônio da companhi-
convoquem assembléia especial dos acionistas titulares de a, competindo aos primeiros diretores cumprir as formalida-
ações em circulação no mercado, para deliberar sobre a des necessárias à respectiva transmissão.
realização de nova avaliação pelo mesmo ou por outro crité- § 3° Se a assembléia não aprovar a avaliação, ou o subscri-
rio, para efeito de determinação do valor de avaliação da tor não aceitar a avaliação aprovada, ficará sem efeito o
companhia, referido no § 4º do art. 4º. (Incluído pela Lei n° projeto de constituição da companhia.
10.303, de 31.10.2001). § 4° Os bens não poderão ser incorporados ao patrimônio
§ 1° O requerimento deverá ser apresentado no prazo de 15 da companhia por valor acima do que lhes tiver dado o
(quinze) dias da divulgação do valor da oferta pública, devi- subscritor.
damente fundamentado e acompanhado de elementos de § 5° Aplica-se à assembléia referida neste artigo o disposto
convicção que demonstrem a falha ou imprecisão no em- nos §§ 1° e 2° do artigo 115.
prego da metodologia de cálculo ou no critério de avaliação § 6° Os avaliadores e o subscritor responderão perante a
adotado, podendo os acionistas referidos no caput convocar companhia, os acionistas e terceiros, pelos danos que lhes
a assembléia quando os administradores não atenderem, no causarem por culpa ou dolo na avaliação dos bens, sem
prazo de 8 (oito) dias, ao pedido de convocação. (Incluído prejuízo da responsabilidade penal em que tenham incorri-
pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). do; no caso de bens em condomínio, a responsabilidade
§ 2° Consideram-se ações em circulação no mercado todas dos subscritores é solidária.
as ações do capital da companhia aberta menos as de pro-
priedade do acionista controlador, de diretores, de conse- Transferência dos Bens
lheiros de administração e as em tesouraria. (Incluído pela Art. 9° Na falta de declaração expressa em contrário, os
Lei n° 10.303, de 31.10.2001). bens transferem-se à companhia a título de propriedade.
§ 3° Os acionistas que requererem a realização de nova Responsabilidade do Subscritor
avaliação e aqueles que votarem a seu favor deverão res-
Art. 10. A responsabilidade civil dos subscritores ou acionis-
sarcir a companhia pelos custos incorridos, caso o novo
tas que contribuírem com bens para a formação do capital
valor seja inferior ou igual ao valor inicial da oferta pública.
social será idêntica à do vendedor.
(Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
Parágrafo único. Quando a entrada consistir em crédito, o
§ 4° Caberá à Comissão de Valores Mobiliários disciplinar o
subscritor ou acionista responderá pela solvência do deve-
disposto no art. 4° e neste artigo, e fixar prazos para a efi-
dor.
cácia desta revisão. (Incluído pela Lei n° 10.303, de
CAPÍTULO III AÇÕES
31.10.2001).
CAPÍTULO II CAPITAL SOCIAL Seção I Número e Valor Nominal
Seção I Valor Fixação no Estatuto
Fixação no Estatuto e Moeda Art. 11. O estatuto fixará o número das ações em que se
divide o capital social e estabelecerá se as ações terão, ou
Art. 5° O estatuto da companhia fixará o valor do capital
não, valor nominal.
social, expresso em moeda nacional.
§ 1° Na companhia com ações sem valor nominal, o estatu-
Parágrafo único. A expressão monetária do valor do capital
to poderá criar uma ou mais classes de ações preferenciais
social realizado será corrigida anualmente (artigo 167).
com valor nominal.
Alteração § 2° O valor nominal será o mesmo para todas as ações da
Art. 6° O capital social somente poderá ser modificado com companhia.
observância dos preceitos desta Lei e do estatuto social § 3° O valor nominal das ações de companhia aberta não
(artigos 166 a 174). poderá ser inferior ao mínimo fixado pela Comissão de Valo-
Seção II Formação res Mobiliários.
Dinheiro e Bens Alteração
Art. 7° O capital social poderá ser formado com contribui- Art. 12. O número e o valor nominal das ações somente
ções em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetí- poderão ser alterados nos casos de modificação do valor do
veis de avaliação em dinheiro. capital social ou da sua expressão monetária, de desdo-
bramento ou grupamento de ações, ou de cancelamento de
Avaliação
ações autorizado nesta Lei.

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Seção II Preço de Emissão ações preferenciais sem direito de voto ou com restrição ao
Ações com Valor Nominal exercício deste direito, somente serão admitidas à negocia-
ção no mercado de valores mobiliários se a elas for atribuí-
Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço inferior ao da pelo menos uma das seguintes preferências ou vanta-
seu valor nominal. gens:(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
§ 1° A infração do disposto neste artigo importará nulidade I - direito de participar do dividendo a ser distribuído, corres-
do ato ou operação e responsabilidade dos infratores, sem pondente a, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) do
prejuízo da ação penal que no caso couber. lucro líquido do exercício, calculado na forma do art. 202, de
§ 2° A contribuição do subscritor que ultrapassar o valor acordo com o seguinte critério: (Redação dada pela Lei n°
nominal constituirá reserva de capital (artigo 182, § 1°). 10.303, de 31.10.2001).
Ações sem Valor Nominal a) prioridade no recebimento dos dividendos mencionados
Art. 14. O preço de emissão das ações sem valor nominal neste inciso correspondente a, no mínimo, 3% (três por
será fixado, na constituição da companhia, pelos fundado- cento) do valor do patrimônio líquido da ação; e (Redação
res, e no aumento de capital, pela assembléia-geral ou pelo dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
conselho de administração (artigos 166 e 170, § 2°). b) direito de participar dos lucros distribuídos em igualdade
Parágrafo único. O preço de emissão pode ser fixado com de condições com as ordinárias, depois de a estas assegu-
parte destinada à formação de reserva de capital; na emis- rado dividendo igual ao mínimo prioritário estabelecido em
são de ações preferenciais com prioridade no reembolso do conformidade com a alínea a; ou (Redação dada pela Lei n°
capital, somente a parcela que ultrapassar o valor de reem- 10.303, de 31.10.2001).
bolso poderá ter essa destinação. II - direito ao recebimento de dividendo, por ação preferen-
Seção III Espécies e Classes cial, pelo menos 10% (dez por cento) maior do que o atribu-
ído a cada ação ordinária; ou (Redação dada pela Lei n°
Espécies 10.303, de 31.10.2001).
Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou van- III - direito de serem incluídas na oferta pública de alienação
tagens que confiram a seus titulares, são ordinárias, prefe- de controle, nas condições previstas no art. 254-A, assegu-
renciais, ou de fruição. rado o dividendo pelo menos igual ao das ações ordinárias.
§ 1° As ações ordinárias da companhia fechada e as ações (Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
preferenciais da companhia aberta e fechada poderão ser § 2° Deverão constar do estatuto, com precisão e minúcia,
de uma ou mais classes. outras preferências ou vantagens que sejam atribuídas aos
§ 2° O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou acionistas sem direito a voto, ou com voto restrito, além das
sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode previstas neste artigo.(Redação dada pela Lei n° 10.303, de
ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das ações 31.10.2001).
emitidas. (Redação dada pela Lei n° 10.303, de § 3° Os dividendos, ainda que fixos ou cumulativos, não
31.10.2001). poderão ser distribuídos em prejuízo do capital social, salvo
Ações Ordinárias quando, em caso de liquidação da companhia, essa vanta-
gem tiver sido expressamente assegurada.(Redação dada
Art. 16. As ações ordinárias de companhia fechada poderão pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
ser de classes diversas, em função de:
§ 4° Salvo disposição em contrário no estatuto, o dividendo
I - conversibilidade em ações preferenciais; (Redação dada prioritário não é cumulativo, a ação com dividendo fixo não
pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). participa dos lucros remanescentes e a ação com dividendo
II - exigência de nacionalidade brasileira do acionista; ou mínimo participa dos lucros distribuídos em igualdade de
(Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). condições com as ordinárias, depois de a estas assegurado
III - direito de voto em separado para o preenchimento de dividendo igual ao mínimo.(Redação dada pela Lei n°
determinados cargos de órgãos administrativos. (Redação 10.303, de 31.10.2001).
dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). § 5° Salvo no caso de ações com dividendo fixo, o estatuto
Parágrafo único. A alteração do estatuto na parte em que não pode excluir ou restringir o direito das ações preferenci-
regula a diversidade de classes, se não for expressamente ais de participar dos aumentos de capital decorrentes da
prevista, e regulada, requererá a concordância de todos os capitalização de reservas ou lucros (art. 169).(Redação
titulares das ações atingidas. dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
Ações Preferenciais § 6° O estatuto pode conferir às ações preferenciais com
Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferen- prioridade na distribuição de dividendo cumulativo, o direito
ciais podem consistir: (Redação dada pela Lei n° 10.303, de de recebê-lo, no exercício em que o lucro for insuficiente, à
conta das reservas de capital de que trata o § 1º do art.
31.10.2001).
182.(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou míni-
mo;(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). § 7° Nas companhias objeto de desestatização poderá ser
criada ação preferencial de classe especial, de propriedade
II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou
exclusiva do ente desestatizante, à qual o estatuto social
sem ele; ou(Redação dada pela Lei n° 10.303, de
poderá conferir os poderes que especificar, inclusive o po-
31.10.2001).
der de veto às deliberações da assembléia-geral nas maté-
III - na acumulação das preferências e vantagens de que rias que especificar.(Incluído pela Lei n° 10.303, de
tratam os incisos I e II.(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
31.10.2001).
§ 1° Independentemente do direito de receber ou não o Vantagens Políticas
valor de reembolso do capital com prêmio ou sem ele, as

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Art. 18. O estatuto pode assegurar a uma ou mais classes VI - os direitos conferidos às partes beneficiárias, se houver;
de ações preferenciais o direito de eleger, em votação em VII - a época e o lugar da reunião da assembléia-geral ordi-
separado, um ou mais membros dos órgãos de administra- nária;
ção. VIII - a data da constituição da companhia e do arquivamen-
Parágrafo único. O estatuto pode subordinar as alterações to e publicação de seus atos constitutivos;
estatutárias que especificar à aprovação, em assembléia IX - o nome do acionista; (Redação dada pela Lei n° 9.457,
especial, dos titulares de uma ou mais classes de ações de 5.5.1997).
preferenciais. X - o débito do acionista e a época e o lugar de seu paga-
Regulação no Estatuto mento, se a ação não estiver integralizada; (Redação dada
Art. 19. O estatuto da companhia com ações preferenciais pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
declarará as vantagens ou preferências atribuídas a cada XI - a data da emissão do certificado e as assinaturas de
classe dessas ações e as restrições a que ficarão sujeitas, e dois diretores, ou do agente emissor de certificados (art.
poderá prever o resgate ou a amortização, a conversão de 27). (Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
ações de uma classe em ações de outra e em ações ordiná- § 1° A omissão de qualquer dessas declarações dá ao acio-
rias, e destas em preferenciais, fixando as respectivas con- nista direito à indenização por perdas e danos contra a
dições. companhia e os diretores na gestão dos quais os certifica-
Seção IV Forma dos tenham sido emitidos.
§ 2° Os certificados de ações emitidas por companhias a-
Art. 20. As ações devem ser nominativas. (Redação dada
bertas podem ser assinados por dois mandatários com po-
pela Lei n° 8.021, de 12.4.1990).
deres especiais, ou autenticados por chancela mecânica,
Ações Não-Integralizadas observadas as normas expedidas pela Comissão de Valores
Art. 21. Além dos casos regulados em lei especial, as ações Mobiliários. (Redação dada pela Lei n° 10.303, de
terão obrigatoriamente forma nominativa ou endossável até 31.10.2001).
o integral pagamento do preço de emissão. Títulos Múltiplos e Cautelas
Determinação no Estatuto Art. 25. A companhia poderá, satisfeitos os requisitos do
Art. 22. O estatuto determinará a forma das ações e a con- artigo 24, emitir certificados de múltiplos de ações e, provi-
versibilidade de uma em outra forma. soriamente, cautelas que as representam.
Parágrafo único. As ações ordinárias da companhia aberta Parágrafo único. Os títulos múltiplos das companhias aber-
e ao menos uma das classes de ações ordinárias da com- tas obedecerão à padronização de número de ações fixada
panhia fechada, quando tiverem a forma ao portador, serão pela Comissão de Valores Mobiliários.
obrigatoriamente conversíveis, à vontade do acionista, em Cupões
nominativas ou endossáveis.
Art. 26. Aos certificados das ações ao portador podem ser
Seção V Certificados
anexados cupões relativos a dividendos ou outros direitos.
Emissão Parágrafo único. Os cupões conterão a denominação da
Art. 23. A emissão de certificado de ação somente será companhia, a indicação do lugar da sede, o número de or-
permitida depois de cumpridas as formalidades necessárias dem do certificado, a classe da ação e o número de ordem
ao funcionamento legal da companhia. do cupão.
§ 1° A infração do disposto neste artigo importa nulidade do Agente Emissor de Certificados
certificado e responsabilidade dos infratores. Art. 27. A companhia pode contratar a escrituração e a
§ 2° Os certificados das ações, cujas entradas não consisti- guarda dos livros de registro e transferência de ações e a
rem em dinheiro, só poderão ser emitidos depois de cumpri- emissão dos certificados com instituição financeira autoriza-
das as formalidades necessárias à transmissão de bens, ou da pela Comissão de Valores Mobiliários a manter esse
de realizados os créditos. serviço.
§ 3° A companhia poderá cobrar o custo da substituição dos § 1° Contratado o serviço, somente o agente emissor pode-
certificados, quando pedida pelo acionista. rá praticar os atos relativos aos registros e emitir certifica-
Requisitos dos.
Art. 24. Os certificados das ações serão escritos em verná- § 2° O nome do agente emissor constará das publicações e
culo e conterão as seguintes declarações: ofertas públicas de valores mobiliários feitas pela compa-
I - denominação da companhia, sua sede e prazo de dura- nhia.
ção; § 3° Os certificados de ações emitidos pelo agente emissor
II - o valor do capital social, a data do ato que o tiver fixado, da companhia deverão ser numerados seguidamente, mas
o número de ações em que se divide e o valor nominal das a numeração das ações será facultativa.
ações, ou a declaração de que não têm valor nominal; Seção VI Propriedade e Circulação
III - nas companhias com capital autorizado, o limite da au- Indivisibilidade
torização, em número de ações ou valor do capital social; Art. 28. A ação é indivisível em relação à companhia.
IV - o número de ações ordinárias e preferenciais das diver- Parágrafo único. Quando a ação pertencer a mais de uma
sas classes, se houver, as vantagens ou preferências confe- pessoa, os direitos por ela conferidos serão exercidos pelo
ridas a cada classe e as limitações ou restrições a que as representante do condomínio.
ações estiverem sujeitas;
V - o número de ordem do certificado e da ação, e a espécie Negociabilidade
e classe a que pertence;

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Art. 29. As ações da companhia aberta somente poderão Art. 34. O estatuto da companhia pode autorizar ou estabe-
ser negociadas depois de realizados 30% (trinta por cento) lecer que todas as ações da companhia, ou uma ou mais
do preço de emissão. classes delas, sejam mantidas em contas de depósito, em
Parágrafo único. A infração do disposto neste artigo impor- nome de seus titulares, na instituição que designar, sem
ta na nulidade do ato. emissão de certificados.
Negociação com as Próprias Ações § 1° No caso de alteração estatutária, a conversão em ação
escritural depende da apresentação e do cancelamento do
Art. 30. A companhia não poderá negociar com as próprias respectivo certificado em circulação.
ações. § 2° Somente as instituições financeiras autorizadas pela
§ 1° Nessa proibição não se compreendem: Comissão de Valores Mobiliários podem manter serviços de
a) as operações de resgate, reembolso ou amortização ações escriturais.
previstas em lei; § 3° A companhia responde pelas perdas e danos causados
b) a aquisição, para permanência em tesouraria ou cance- aos interessados por erros ou irregularidades no serviço de
lamento, desde que até o valor do saldo de lucros ou reser- ações escriturais, sem prejuízo do eventual direito de re-
vas, exceto a legal, e sem diminuição do capital social, ou gresso contra a instituição depositária.
por doação; Art. 35. A propriedade da ação escritural presume-se pelo
c) a alienação das ações adquiridas nos termos da alínea b registro na conta de depósito das ações, aberta em nome
e mantidas em tesouraria; do acionista nos livros da instituição depositária.
d) a compra quando, resolvida a redução do capital median- § 1° A transferência da ação escritural opera-se pelo lança-
te restituição, em dinheiro, de parte do valor das ações, o mento efetuado pela instituição depositária em seus livros, a
preço destas em bolsa for inferior ou igual à importância que débito da conta de ações do alienante e a crédito da conta
deve ser restituída. de ações do adquirente, à vista de ordem escrita do alienan-
§ 2° A aquisição das próprias ações pela companhia aberta te, ou de autorização ou ordem judicial, em documento hábil
obedecerá, sob pena de nulidade, às normas expedidas que ficará em poder da instituição.
pela Comissão de Valores Mobiliários, que poderá subordi- § 2° A instituição depositária fornecerá ao acionista extrato
ná-la à prévia autorização em cada caso. da conta de depósito das ações escriturais, sempre que
§ 3° A companhia não poderá receber em garantia as pró- solicitado, ao término de todo mês em que for movimentada
prias ações, salvo para assegurar a gestão dos seus admi- e, ainda que não haja movimentação, ao menos uma vez
nistradores. por ano.
§ 4° As ações adquiridas nos termos da alínea b do § 1°, § 3° O estatuto pode autorizar a instituição depositária a
enquanto mantidas em tesouraria, não terão direito a divi- cobrar do acionista o custo do serviço de transferência da
dendo nem a voto. propriedade das ações escriturais, observados os limites
§ 5° No caso da alínea d do § 1°, as ações adquiridas serão máximos fixados pela Comissão de Valores Mobiliários.
retiradas definitivamente de circulação. Limitações à Circulação
Ações Nominativas Art. 36. O estatuto da companhia fechada pode impor limi-
Art. 31. A propriedade das ações nominativas presume-se tações à circulação das ações nominativas, contanto que
pela inscrição do nome do acionista no livro de “Registro de regule minuciosamente tais limitações e não impeça a ne-
Ações Nominativas” ou pelo extrato que seja fornecido pela gociação, nem sujeite o acionista ao arbítrio dos órgãos de
instituição custodiante, na qualidade de proprietária fiduciá- administração da companhia ou da maioria dos acionistas.
ria das ações. (Redação dada pela Lei n° 10.303, de Parágrafo único. A limitação à circulação criada por altera-
31.10.2001). ção estatutária somente se aplicará às ações cujos titulares
§ 1° A transferência das ações nominativas opera-se por com ela expressamente concordarem, mediante pedido de
termo lavrado no livro de “Transferência de Ações Nominati- averbação no livro de “Registro de Ações Nominativas”.
vas”, datado e assinado pelo cedente e pelo cessionário, ou Suspensão dos Serviços de Certificados
seus legítimos representantes. Art. 37. A companhia aberta pode, mediante comunicação
§ 2° A transferência das ações nominativas em virtude de às bolsas de valores em que suas ações forem negociadas
transmissão por sucessão universal ou legado, de arrema- e publicação de anúncio, suspender, por períodos que não
tação, adjudicação ou outro ato judicial, ou por qualquer ultrapassem, cada um, 15 (quinze) dias, nem o total de 90
outro título, somente se fará mediante averbação no livro de (noventa) dias durante o ano, os serviços de transferência,
“Registro de Ações Nominativas”, à vista de documento conversão e desdobramento de certificados.
hábil, que ficará em poder da companhia. Parágrafo único. O disposto neste artigo não prejudicará o
§ 3° Na transferência das ações nominativas adquiridas em registro da transferência das ações negociadas em bolsa
Bolsa de Valores, o cessionário será representado, inde- anteriormente ao início do período de suspensão.
pendentemente de instrumento de procuração, pela socie-
Perda ou Extravio
dade corretora, ou pela caixa de liquidação da Bolsa de
Valores. Art. 38. O titular de certificado perdido ou extraviado de
ação ao portador ou endossável poderá, justificando a pro-
Ações Endossáveis priedade e a perda ou extravio, promover, na forma da lei
Art. 32. (Revogado pela Lei n° 8.021, de 12.4.1990). processual, o procedimento de anulação e substituição para
Ações ao Portador obter a expedição de novo certificado.
Art. 33. (Revogado pela Lei n° 8.021, de 12.4.1990). § 1° Somente será admitida a anulação e substituição de
Ações Escriturais certificado ao portador ou endossado em branco à vista da
prova, produzida pelo titular, da destruição ou inutilização do
certificado a ser substituído.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
Lemos & Cruz – Livraria e Editora
§ 2° Até que o certificado seja recuperado ou substituído, as de suas obrigações. (Incluído pela Lei n° 10.303, de
transferências poderão ser averbadas sob condição, caben- 31.10.2001).
do à companhia exigir do titular, para satisfazer dividendo e Representação e Responsabilidade
demais direitos, garantia idônea de sua eventual restituição.
Seção VII Constituição de Direitos Reais e Outros Ônus Art. 42. A instituição financeira representa, perante a com-
panhia, os titulares das ações recebidas em custódia nos
Penhor termos do artigo 41, para receber dividendos e ações bonifi-
Art. 39. O penhor ou caução de ações se constitui pela cadas e exercer direito de preferência para subscrição de
averbação do respectivo instrumento no livro de Registro de ações.
Ações Nominativas. (Redação dada pela Lei n° 9.457, de § 1° Sempre que houver distribuição de dividendos ou boni-
5.5.1997). ficação de ações e, em qualquer caso, ao menos uma vez
§ 1° O penhor da ação escritural se constitui pela averbação por ano, a instituição financeira fornecerá à companhia a
do respectivo instrumento nos livros da instituição financei- lista dos depositantes de ações recebidas nos termos deste
ra, a qual será anotada no extrato da conta de depósito artigo, assim como a quantidade de ações de cada um.
fornecido ao acionista. (Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
§ 2° Em qualquer caso, a companhia, ou a instituição finan- § 2° O depositante pode, a qualquer tempo, extinguir a cus-
ceira, tem o direito de exigir, para seu arquivo, um exemplar tódia e pedir a devolução dos certificados de suas ações.
do instrumento de penhor. § 3° A companhia não responde perante o acionista nem
Outros Direitos e Ônus terceiros pelos atos da instituição depositária das ações.
Seção IX Certificado de Depósito de Ações
Art. 40. O usufruto, o fideicomisso, a alienação fiduciária em
garantia e quaisquer cláusulas ou ônus que gravarem a Art. 43. A instituição financeira autorizada a funcionar como
ação deverão ser averbados: agente emissor de certificados (art. 27) pode emitir título
I - se nominativa, no livro de “Registro de Ações Nominati- representativo das ações que receber em depósito, do qual
vas”; constarão: (Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
II - se escritural, nos livros da instituição financeira, que os I - o local e a data da emissão;
anotará no extrato da conta de depósito fornecida ao acio- II - o nome da instituição emitente e as assinaturas de seus
nista. (Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). representantes;
Parágrafo único. Mediante aver-bação nos termos deste III - a denominação “Certificado de Depósito de Ações”;
artigo, a promessa de venda da ação e o direito de prefe- IV - a especificação das ações depositadas;
rência à sua aquisição são oponíveis a terceiros. V - a declaração de que as ações depositadas, seus rendi-
Seção VIII Custódia de Ações Fungíveis mentos e o valor recebido nos casos de resgate ou amorti-
Art. 41. A instituição autorizada pela Comissão de Valores zação somente serão entregues ao titular do certificado de
Mobiliários a prestar serviços de custódia de ações fungí- depósito, contra apresentação deste;
veis pode contratar custódia em que as ações de cada es- VI - o nome e a qualificação do depositante;
pécie e classe da companhia sejam recebidas em depósito VII - o preço do depósito cobrado pelo banco, se devido na
como valores fungíveis, adquirindo a instituição depositária entrega das ações depositadas;
a propriedade fiduciária das ações. (Redação dada pela Lei VIII - o lugar da entrega do objeto do depósito.
n° 10.303, de 31.10.2001). § 1° A instituição financeira responde pela origem e autenti-
§ 1° A instituição depositária não pode dispor das ações e cidade dos certificados das ações depositadas.
fica obrigada a devolver ao depositante a quantidade de § 2° Emitido o certificado de depósito, as ações deposita-
ações recebidas, com as modificações resultantes de alte- das, seus rendimentos, o valor de resgate ou de amortiza-
rações no capital social ou no número de ações da compa- ção não poderão ser objeto de penhora, arresto, seqüestro,
nhia emissora, independentemente do número de ordem busca ou apreensão, ou qualquer outro embaraço que im-
das ações ou dos certificados recebidos em depósito. (Inclu- peça sua entrega ao titular do certificado, mas este poderá
ído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). ser objeto de penhora ou de qualquer medida cautelar por
§ 2° Aplica-se o disposto neste artigo, no que couber, aos obrigação do seu titular.
demais valores mobiliários. (Incluído pela Lei n° 10.303, de § 3° Os certificados de depósito de ações serão nominati-
31.10.2001). vos, podendo ser mantidos sob o sistema escritural. (Reda-
§ 3° A instituição depositária ficará obrigada a comunicar à ção dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
companhia emissora: (Incluído pela Lei n° 10.303, de § 4° Os certificados de depósito de ações poderão, a pedido
31.10.2001). do seu titular, e por sua conta, ser desdobrados ou grupa-
I - imediatamente, o nome do proprietário efetivo quando dos.
houver qualquer evento societário que exija a sua identifica- § 5° Aplicam-se ao endosso do certificado, no que couber,
ção; e (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). as normas que regulam o endosso de títulos cambiários.
II - no prazo de até 10 (dez) dias, a contratação da custódia Seção X Resgate, Amortização e Reembolso
e a criação de ônus ou gravames sobre as ações.(Incluído
Resgate e Amortização
pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
§ 4° A propriedade das ações em custódia fungível será Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral extraordinária
provada pelo contrato firmado entre o proprietário das ações pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas no resgate
e a instituição depositária. (Incluído pela Lei n° 10.303, de ou na amortização de ações, determinando as condições e
31.10.2001). o modo de proceder-se à operação.
§ 5° A instituição tem as obrigações de depositária e res- § 1° O resgate consiste no pagamento do valor das ações
ponde perante o acionista e terceiros pelo descumprimento para retirá-las definitivamente de circulação, com redução

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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ou não do capital social, mantido o mesmo capital, será § 5° O valor de reembolso poderá ser pago à conta de lu-
atribuído, quando for o caso, novo valor nominal às ações cros ou reservas, exceto a legal, e nesse caso as ações
remanescentes. reembolsadas ficarão em tesouraria. (Redação dada pela
§ 2° A amortização consiste na distribuição aos acionistas, a Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
título de antecipação e sem redução do capital social, de § 6° Se, no prazo de cento e vinte dias, a contar da publica-
quantias que lhes poderiam tocar em caso de liquidação da ção da ata da assembléia, não forem substituídos os acio-
companhia. nistas cujas ações tenham sido reembolsadas à conta do
§ 3° A amortização pode ser integral ou parcial e abranger capital social, este considerar-se-á reduzido no montante
todas as classes de ações ou só uma delas. correspondente, cumprindo aos órgãos da administração
§ 4° O resgate e a amortização que não abrangerem a tota- convocar a assembléia-geral, dentro de cinco dias, para
lidade das ações de uma mesma classe serão feitos medi- tomar conhecimento daquela redução. (Redação dada pela
ante sorteio; sorteadas ações custodiadas nos termos do Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
artigo 41, a instituição financeira especificará, mediante § 7° Se sobrevier a falência da sociedade, os acionistas
rateio, as resgatadas ou amortizadas, se outra forma não dissidentes, credores pelo reembolso de suas ações, serão
estiver prevista no contrato de custódia. classificados como quirografários em quadro separado, e os
§ 5° As ações integralmente amortizadas poderão ser subs- rateios que lhes couberem serão imputados no pagamento
tituídas por ações de fruição, com as restrições fixadas pelo dos créditos constituídos anteriormente à data da publica-
estatuto ou pela assembléia-geral que deliberar a amortiza- ção da ata da assembléia. As quantias assim atribuídas aos
ção; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da companhia, créditos mais antigos não se deduzirão dos créditos dos ex-
as ações amortizadas só concorrerão ao acervo líquido acionistas, que subsistirão integralmente para serem satis-
depois de assegurado às ações não a amortizadas valor feitos pelos bens da massa, depois de pagos os primeiros.
igual ao da amortização, corrigido monetariamente. (Incluído pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
§ 6° Salvo disposição em contrário do estatuto social, o § 8° Se, quando ocorrer a falência, já se houver efetuado, à
resgate de ações de uma ou mais classes só será efetuado conta do capital social, o reembolso dos ex-acionistas, estes
se, em assembléia especial convocada para deliberar essa não tiverem sido substituídos, e a massa não bastar para o
matéria específica, for aprovado por acionistas que repre- pagamento dos créditos mais antigos, caberá ação revoca-
sentem, no mínimo, a metade das ações da(s) classe(s) tória para restituição do reembolso pago com redução do
atingida(s). (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). capital social, até a concorrência do que remanescer dessa
parte do passivo. A restituição será havida, na mesma pro-
Reembolso porção, de todos os acionistas cujas ações tenham sido
Art. 45. O reembolso é a operação pela qual, nos casos reembolsadas. (Incluído pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
previstos em lei, a companhia paga aos acionistas dissiden- CAPÍTULO IV PARTES BENEFICIÁRIAS
tes de deliberação da assembléia-geral o valor de suas
ações. Características
§ 1° O estatuto pode estabelecer normas para a determina- Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos
ção do valor de reembolso, que, entretanto, somente poderá negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital soci-
ser inferior ao valor de patrimônio líquido constante do últi- al, denominados “partes beneficiárias”.
mo balanço aprovado pela assembléia-geral, observado o § 1° As partes beneficiárias conferirão aos seus titulares
disposto no § 2°, se estipulado com base no valor econômi- direito de crédito eventual contra a companhia, consistente
co da companhia, a ser apurado em avaliação (§§ 3° e 4°). na participação nos lucros anuais (artigo 190).
(Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). § 2° A participação atribuída às partes beneficiárias, inclusi-
§ 2° Se a deliberação da assembléia-geral ocorrer mais de ve para formação de reserva para resgate, se houver, não
60 (sessenta) dias depois da data do último balanço apro- ultrapassará 0,1 (um décimo) dos lucros.
vado, será facultado ao acionista dissidente pedir, juntamen- § 3° É vedado conferir às partes beneficiárias qualquer direi-
te com o reembolso, levantamento de balanço especial em to privativo de acionista, salvo o de fiscalizar, nos termos
data que atenda àquele prazo. Nesse caso, a companhia desta Lei, os atos dos administradores.
pagará imediatamente 80% (oitenta por cento) do valor de § 4° É proibida a criação de mais de uma classe ou série de
reembolso calculado com base no último balanço e, levan- partes beneficiárias.
tado o balanço especial, pagará o saldo no prazo de 120
Emissão
(cento e vinte), dias a contar da data da deliberação da
assembléia-geral. Art. 47. As partes beneficiárias poderão ser alienadas pela
§ 3° Se o estatuto determinar a avaliação da ação para companhia, nas condições determinadas pelo estatuto ou
efeito de reembolso, o valor será o determinado por três pela assembléia-geral, ou atribuídas a fundadores, acionis-
peritos ou empresa especializada, mediante laudo que satis- tas ou terceiros, como remuneração de serviços prestados à
faça os requisitos do § 1° do art. 8° e com a responsabilida- companhia.
de prevista no § 6° do mesmo artigo. (Redação dada pela Parágrafo único. É vedado às companhias abertas emitir
Lei n° 9.457, de 5.5.1997). partes beneficiárias.(Redação dada pela Lei n° 10.303, de
§ 4° Os peritos ou empresa especializada serão indicados 31.10.2001).
em lista sêxtupla ou tríplice, respectivamente, pelo Conselho Resgate e Conversão
de Administração ou, se não houver, pela diretoria, e esco- Art. 48. O estatuto fixará o prazo de duração das partes
lhidos pela Assembléia-geral em deliberação tomada por beneficiárias e, sempre que estipular resgate, deverá criar
maioria absoluta de votos, não se computando os votos em reserva especial para esse fim.
branco, cabendo a cada ação, independentemente de sua
§ 1° O prazo de duração das partes beneficiárias atribuídas
espécie ou classe, o direito a um voto. (Redação dada pela
gratuitamente, salvo as destinadas a sociedades ou funda-
Lei n° 9.457, de 5.5.1997).

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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ções beneficentes dos empregados da companhia, não Emissões e Séries
poderá ultrapassar 10 (dez) anos. Art. 53. A companhia poderá efetuar mais de uma emissão
§ 2° O estatuto poderá prever a conversão das partes bene- de debêntures, e cada emissão pode ser dividida em séries.
ficiárias em ações, mediante capitalização de reserva criada Parágrafo único. As debêntures da mesma série terão
para esse fim. igual valor nominal e conferirão a seus titulares os mesmos
§ 3° No caso de liquidação da companhia, solvido o passivo direitos.
exigível, os titulares das partes beneficiárias terão direito de
Valor Nominal
preferência sobre o que restar do ativo até a importância da
reserva para resgate ou conversão. Art. 54. A debênture terá valor nominal expresso em moeda
nacional, salvo nos casos de obrigação que, nos termos da
Certificados
legislação em vigor, possa ter o pagamento estipulado em
Art. 49. Os certificados das partes beneficiárias conterão: moeda estrangeira.
I - a denominação “Parte Beneficiária”; § 1° A debênture poderá conter cláusula de correção mone-
II - a denominação da companhia, sua sede e prazo de tária, com base nos coeficientes fixados para correção de
duração; títulos da dívida pública, na variação da taxa cambial ou em
III - o valor do capital social, a data do ato que o fixou e o outros referenciais não expressamente vedados em
número de ações em que se divide; lei.(Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
IV - o número de partes beneficiárias criadas pela compa- § 2° A escritura de debênture poderá assegurar ao debentu-
nhia e o respectivo número de ordem; rista a opção de escolher receber o pagamento do principal
V - os direitos que lhes são atribuídos pelo estatuto, o prazo e acessórios, quando do vencimento, amortização ou resga-
de duração e as condições de resgate, se houver; te, em moeda ou em bens avaliados nos termos do art.
VI - a data da constituição da companhia e do arquivamento 8º.(Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
e publicação dos seus atos constitutivos; Vencimento, Amortização e Resgate
VII - o nome do beneficiário; (Redação dada pela Lei n° Art. 55. A época do vencimento da debênture deverá cons-
9.457, de 5.5.1997).) tar da escritura de emissão e do certificado, podendo a
VIII - a data da emissão do certificado e as assinaturas de companhia estipular amortizações parciais de cada série,
dois diretores. (Redação dada pela Lei n° 9.457, de criar fundos de amortização e reservar-se o direito de resga-
5.5.1997). te antecipado, parcial ou total, dos títulos da mesma série.
Forma, Propriedade, Circulação e Ônus § 1° A amortização de debêntures da mesma série que não
Art. 50. As partes beneficiárias serão nominativas e a elas tenham vencimentos anuais distintos, assim como o resgate
se aplica, no que couber, o disposto nas seções V a VII do parcial, deverão ser feitos mediante sorteio ou, se as debên-
Capítulo III. (Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). tures estiverem cotadas por preço inferior ao valor nominal,
§ 1° As partes beneficiárias serão registradas em livros por compra em bolsa.
próprios, mantidos pela companhia. (Redação dada pela Lei § 2° É facultado à companhia adquirir debêntures de sua
n° 9.457, de 5.5.1997). emissão, desde que por valor igual ou inferior ao nominal,
§ 2° As partes beneficiárias podem ser objeto de depósito devendo o fato constar do relatório da administração e das
com emissão de certificado, nos termos do artigo 43. demonstrações financeiras.
§ 3° A companhia poderá emitir debêntures cujo vencimento
Modificação dos Direitos somente ocorra nos casos de inadimplemento da obrigação
Art. 51. A reforma do estatuto que modificar ou reduzir as de pagar juros e dissolução da companhia, ou de outras
vantagens conferidas às partes beneficiárias só terá eficácia condições previstas no título.
quando aprovada pela metade, no mínimo, dos seus titula- Juros e Outros Direitos
res, reunidos em assembléia-geral especial.
§ 1° A assembléia será convocada, através da imprensa, de Art. 56. A debênture poderá assegurar ao seu titular juros,
acordo com as exigências para convocação das assembléi- fixos ou variáveis, participação no lucro da companhia e
as de acionistas, com 1 (um) mês de antecedência, no mí- prêmio de reembolso.
nimo. Se, após 2 (duas) convocações, deixar de instalar-se Conversibilidade em Ações
por falta de número, somente 6 (seis) meses depois outra Art. 57. A debênture poderá ser conversível em ações nas
poderá ser convocada. condições constantes da escritura de emissão, que especifi-
§ 2° Cada parte beneficiária dá direito a 1 (um) voto, não cará:
podendo a companhia votar com os títulos que possuir em I - as bases da conversão, seja em número de ações em
tesouraria. que poderá ser convertida cada debênture, seja como rela-
§ 3° A emissão de partes beneficiárias poderá ser feita com ção entre o valor nominal da debênture e o preço de emis-
a nomeação de agente fiduciário dos seus titulares, obser- são das ações;
vado, no que couber, o disposto nos artigos 66 a 71. II - a espécie e a classe das ações em que poderá ser con-
CAPÍTULO V DEBÊNTURES vertida;
Características III - o prazo ou época para o exercício do direito à conver-
Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures que conferi- são;
rão aos seus titulares direito de crédito contra ela, nas con- IV - as demais condições a que a conversão acaso fique
dições constantes da escritura de emissão e, se houver, do sujeita.
certificado.(Redação dada pela Lei n° 10.303, de § 1° Os acionistas terão direito de preferência para subscre-
31.10.2001). ver a emissão de debêntures com cláusula de conversibili-
Seção I Direito dos Debenturistas

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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dade em ações, observado o disposto nos artigos 171 e § 2° A assembléia-geral pode deliberar que a emissão terá
172. valor e número de séries indeterminados, dentro de limites
§ 2° Enquanto puder ser exercido o direito à conversão, por ela fixados com observância do disposto no artigo 60.
dependerá de prévia aprovação dos debenturistas, em as- § 3° A companhia não pode efetuar nova emissão antes de
sembléia especial, ou de seu agente fiduciário, a alteração colocadas todas as debêntures das séries de emissão ante-
do estatuto para: rior ou canceladas as séries não colocadas, nem negociar
a) mudar o objeto da companhia; nova série da mesma emissão antes de colocada a anterior
b) criar ações preferenciais ou modificar as vantagens das ou cancelado o saldo não colocado.
existentes, em prejuízo das ações em que são conversíveis Limite de Emissão
as debêntures.
Art. 60. Excetuados os casos previstos em lei especial, o
Seção II Espécies valor total das emissões de debêntures não poderá ultra-
Art. 58. A debênture poderá, conforme dispuser a escritura passar o capital social da companhia.
de emissão, ter garantia real ou garantia flutuante, não go- § 1° Esse limite pode ser excedido até alcançar:
zar de preferência ou ser subordinada aos demais credores a) 80% (oitenta por cento) do valor dos bens gravados, pró-
da companhia. prios ou de terceiros, no caso de debêntures com garantia
§ 1° A garantia flutuante assegura à debênture privilégio real;
geral sobre o ativo da companhia, mas não impede a nego- b) 70% (setenta por cento) do valor contábil do ativo da
ciação dos bens que compõem esse ativo. companhia, diminuído do montante das suas dívidas garan-
§ 2° As garantias poderão ser constituídas cumulativamen- tidas por direitos reais, no caso de debêntures com garantia
te. flutuante.
§ 3° As debêntures com garantia flutuante de nova emissão § 2° O limite estabelecido na alínea “a” do § 1° poderá ser
são preferidas pelas de emissão ou emissões anteriores, e determinado em relação à situação do patrimônio da com-
a prioridade se estabelece pela data da inscrição da escritu- panhia depois de investido o produto da emissão; neste
ra de emissão; mas dentro da mesma emissão, as séries caso os recursos ficarão sob controle do agente fiduciário
concorrem em igualdade. dos debenturistas e serão entregues à companhia, observa-
§ 4° A debênture que não gozar de garantia poderá conter dos os limites do § 1°, à medida em que for sendo aumen-
cláusula de subordinação aos credores quirografários, pre- tado o valor das garantias.
ferindo apenas aos acionistas no ativo remanescente, se § 3° A Comissão de Valores Mobiliários poderá fixar outros
houver, em caso de liquidação da companhia. limites para emissões de debêntures negociadas em bolsa
§ 5° A obrigação de não alienar ou onerar bem imóvel ou ou no balcão, ou a serem distribuídas no mercado.
outro bem sujeito a registro de propriedade, assumida pela § 4° Os limites previstos neste artigo não se aplicam à e-
companhia na escritura de emissão, é oponível a terceiros, missão de debêntures subordinadas.
desde que averbada no competente registro.
Escritura de Emissão
§ 6° As debêntures emitidas por companhia integrante de
grupo de sociedades (artigo 265) poderão ter garantia flutu- Art. 61. A companhia fará constar da escritura de emissão
ante do ativo de 2 (duas) ou mais sociedades do grupo. os direitos conferidos pelas debêntures, suas garantias e
Seção III Criação e Emissão demais cláusulas ou condições.
§ 1° A escritura de emissão, por instrumento público ou
Competência particular, de debêntures distribuídas ou admitidas à nego-
Art. 59. A deliberação sobre emissão de debêntures é da ciação no mercado, terá obrigatoriamente a intervenção de
competência privativa da assembléia-geral, que deverá agente fiduciário dos debenturistas (artigos 66 a 70).
fixar, observado o que a respeito dispuser o estatuto: § 2° Cada nova série da mesma emissão será objeto de
I - o valor da emissão ou os critérios de determinação do aditamento à respectiva escritura.
seu limite, e a sua divisão em séries, se for o caso; § 3° A Comissão de Valores Mobiliários poderá aprovar
II - o número e o valor nominal das debêntures; padrões de cláusulas e condições que devam ser adotados
III - as garantias reais ou a garantia flutuante, se houver; nas escrituras de emissão de debêntures destinadas à ne-
IV - as condições da correção monetária, se houver; gociação em bolsa ou no mercado de balcão, e recusar a
V - a conversibilidade ou não em ações e as condições a admissão ao mercado da emissão que não satisfaça a es-
serem observadas na conversão; ses padrões.
VI - a época e as condições de vencimento, amortização ou Registro
resgate; Art. 62. Nenhuma emissão de debêntures será feita sem
VII - a época e as condições do pagamento dos juros, da que tenham sido satisfeitos os seguintes requisi-
participação nos lucros e do prêmio de reembolso, se hou- tos:(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
ver; I - arquivamento, no registro do comércio, e publicação da
VIII - o modo de subscrição ou colocação, e o tipo das de- ata da assembléia-geral, ou do conselho de administração,
bêntures. que deliberou sobre a emissão;(Redação dada pela Lei n°
§ 1° Na companhia aberta, o conselho de administração 10.303, de 31.10.2001).
poderá deliberar sobre a emissão de debêntures simples, II - inscrição da escritura de emissão no registro do comér-
não conversíveis em ações e sem garantia real, e a assem- cio;(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
bléia-geral pode delegar ao conselho de administração a III - constituição das garantias reais, se for o caso.
deliberação sobre as condições de que tratam os incisos VI
§ 1° Os administradores da companhia respondem pelas
a VIII deste artigo e sobre a oportunidade da emis-
perdas e danos causados à companhia ou a terceiros por
são.(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
infração deste artigo.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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§ 2° O agente fiduciário e qualquer debenturista poderão § 1° Os títulos múltiplos de debêntures das companhias
promover os registros requeridos neste artigo e sanar as abertas obedecerão à padronização de quantidade fixada
lacunas e irregularidades por-ventura existentes nos regis- pela Comissão de Valores Mobiliários.
tros promovidos pelos administradores da companhia; neste § 2° Nas condições previstas na escritura de emissão com
caso, o oficial do registro notificará a administração da com- nomeação de agente fiduciário, os certificados poderão ser
panhia para que lhe forneça as indicações e documentos substituídos, desdobrados ou grupados.
necessários. Seção VI Agente Fiduciário dos Debenturistas
§ 3° Os aditamentos à escritura de emissão serão averba-
Requisitos e Incompatibilidades
dos nos mesmos registros.
§ 4° Os registros do comércio manterão livro especial para Art. 66. O agente fiduciário será nomeado e deverá aceitar
inscrição das emissões de debêntures, no qual serão ano- a função na escritura de emissão das debêntures.
tadas as condições essenciais de cada emissão.(Redação § 1° Somente podem ser nomeados agentes fiduciários as
dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). pessoas naturais que satisfaçam aos requisitos para o exer-
Seção IV Forma, Propriedade, Circulação e Ônus cício de cargo em órgão de administração da companhia e
as instituições financeiras que, especialmente autorizadas
Art. 63. As debêntures serão nominativas, aplicando-se, no pelo Banco Central do Brasil, tenham por objeto a adminis-
que couber, o disposto nas seções V a VII do Capítulo III. tração ou a custódia de bens de terceiros.
(Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
§ 2° A Comissão de Valores Mobiliários poderá estabelecer
§ 1° As debêntures podem ser objeto de depósito com e- que nas emissões de debêntures negociadas no mercado o
missão de certificado, nos termos do art. 43. (Redação dada agente fiduciário, ou um dos agentes fiduciários, seja institu-
pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). ição financeira.
§ 2° A escritura de emissão pode estabelecer que as debên- § 3° Não pode ser agente fiduciário:
tures sejam mantidas em contas de custódia, em nome de
a) pessoa que já exerça a função em outra emissão da
seus titulares, na instituição que designar, sem emissão de
mesma companhia;
certificados, aplicando-se, no que couber, o disposto no art.
41.(Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). b) instituição financeira coligada à companhia emissora ou à
entidade que subscreva a emissão para distribuí-la no mer-
Seção V Certificados
cado, e qualquer sociedade por elas controlada;
Requisitos c) credor, por qualquer título, da sociedade emissora, ou
Art. 64. Os certificados das debêntures conterão: sociedade por ele controlada;
I - a denominação, sede, prazo de duração e objeto da d) instituição financeira cujos administradores tenham inte-
companhia; resse na companhia emissora;
II - a data da constituição da companhia e do arquivamento e) pessoa que, de qualquer outro modo, se coloque em
e publicação dos seus atos constitutivos; situação de conflito de interesses pelo exercício da função.
III - a data da publicação da ata da assembléia-geral que § 4° O agente fiduciário que, por circunstâncias posteriores
deliberou sobre a emissão; à emissão, ficar impedido de continuar a exercer a função
IV - a data e ofício do registro de imóveis em que foi inscrita deverá comunicar imediatamente o fato aos debenturistas e
a emissão; pedir sua substituição.
V - a denominação “Debênture” e a indicação da sua espé- Substituição, Remuneração e Fiscalização
cie, pelas palavras “com garantia real”, “com garantia flutu- Art. 67. A escritura de emissão estabelecerá as condições
ante”, “sem preferência” ou “subordinada”; de substituição e remuneração do agente fiduciário, obser-
VI - a designação da emissão e da série; vadas as normas expedidas pela Comissão de Valores Mo-
VII - o número de ordem; biliários.
VIII - o valor nominal e a cláusula de correção monetária, se Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários fisca-
houver, as condições de vencimento, amortização, resgate, lizará o exercício da função de agente fiduciário das emis-
juros, participação no lucro ou prêmio de reembolso, e a sões distribuídas no mercado, ou de debêntures negociadas
época em que serão devidos; em bolsa ou no mercado de balcão, podendo:
IX - as condições de conversibilidade em ações, se for o a) nomear substituto provisório, nos casos de vacância;
caso; b) suspender o agente fiduciário de suas funções e dar-lhe
X - o nome do debenturista; (Redação dada pela Lei n° substituto, se deixar de cumprir os seus deveres.
9.457, de 5.5.1997).
Deveres e Atribuições
XI - o nome do agente fiduciário dos debenturistas, se hou-
ver; (Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). Art. 68. O agente fiduciário representa, nos termos desta
XII - a data da emissão do certificado e a assinatura de dois Lei e da escritura de emissão, a comunhão dos debenturis-
diretores da companhia; (Redação dada pela Lei n° 9.457, tas perante a companhia emissora.
de 5.5.1997). § 1° São deveres do agente fiduciário:
XIII - a autenticação do agente fiduciário, se for o caso. a) proteger os direitos e interesses dos debenturistas, em-
(Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). pregando no exercício da função o cuidado e a diligência
que todo homem ativo e probo costuma empregar na admi-
Títulos Múltiplos e Cautelas nistração de seus próprios bens;
Art. 65. A companhia poderá emitir certificados de múltiplos b) elaborar relatório e colocá-lo anualmente a disposição
de debêntures e, provisoriamente, cautelas que as repre- dos debentu-ristas, dentro de 4 (quatro) meses do encerra-
sentem, satisfeitos os requisitos do artigo 64. mento do exercício social da companhia, informando os
fatos relevantes ocorridos durante o exercício, relativos à

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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execução das obrigações assumidas pela companhia, aos dos títulos em circulação, e pela Comissão de Valores Mobi-
bens garantidores das debêntures e à constituição e aplica- liários.
ção do fundo de amortização, se houver, do relatório cons- § 2° Aplica-se à assembléia de debenturistas, no que cou-
tará, ainda, declaração do agente sobre sua aptidão para ber, o disposto nesta Lei sobre a assembléia-geral de acio-
continuar no exercício da função; nistas.
c) notificar os debenturistas, no prazo máximo de 60 (ses- § 3° A assembléia se instalará, em primeira convocação,
senta) dias, de qualquer inadimplemento, pela companhia, com a presença de debenturistas que representem metade,
de obrigações assumidas na escritura da emissão.(Redação no mínimo, das debêntures em circulação, e, em segunda
dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). convocação, com qualquer número.
§ 2° A escritura de emissão disporá sobre o modo de cum- § 4° O agente fiduciário deverá comparecer à assembléia e
primento dos deveres de que tratam as alíneas “b” e “c” do prestar aos debenturistas as informações que lhe forem
parágrafo anterior. solicitadas.
§ 3° O agente fiduciário pode usar de qualquer ação para § 5° A escritura de emissão estabelecerá a maioria neces-
proteger direitos ou defender interesses dos debenturistas, sária, que não será inferior à metade das debêntures em
sendo-lhe especialmente facultado, no caso de inadimple- circulação, para aprovar modificação nas condições das
mento da companhia: debêntures.
a) declarar, observadas as condições da escritura de emis- § 6° Nas deliberações da assembléia, a cada debênture
são, antecipadamente vencidas as debêntures e cobrar o caberá um voto.
seu principal e acessórios; Seção VIII Cédula de debêntures (Redação dada pela Lei
b) executar garantias reais, receber o produto da cobrança e n° 9.457, de 5.5.1997).
aplicá-lo no pagamento, integral ou proporcional, dos de- Art. 72. As instituições financeiras autorizadas pelo Banco
benturistas; Central do Brasil a efetuar esse tipo de operação poderão
c) requerer a falência da companhia emissora, se não existi- emitir cédulas lastreadas em debêntures, com garantia pró-
rem garantias reais; pria, que conferirão a seus titulares direito de crédito contra
d) representar os debenturistas em processos de falência, o emitente, pelo valor nominal e os juros nela estipulados.
concordata, intervenção ou liquidação extrajudicial da com- (Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
panhia emissora, salvo deliberação em contrário da assem- § 1° A cédula será nominativa, escritural ou não. (Redação
bléia dos debenturistas; dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
e) tomar qualquer providência necessária para que os de- § 2° O certificado da cédula conterá as seguintes declara-
benturistas realizem os seus créditos. ções:
§ 4° O agente fiduciário responde perante os debenturistas a) o nome da instituição financeira emitente e as assinaturas
pelos prejuízos que lhes causar por culpa ou dolo no exercí- dos seus representantes;
cio das suas funções. b) o número de ordem, o local e a data da emissão;
§ 5° O crédito do agente fiduciário por despesas que tenha c) a denominação “Cédula de Debêntures”; (Redação dada
feito para proteger direitos e interesses ou realizar créditos pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
dos debenturistas será acrescido à dívida da companhia
d) o valor nominal e a data do vencimento;
emissora, gozará das mesmas garantias das debêntures e
e) os juros, que poderão ser fixos ou variáveis, e as épocas
preferirá a estas na ordem de pagamento.
do seu pagamento;
§ 6° Serão reputadas não-escritas as cláusulas da escritura
f) o lugar do pagamento do principal e dos juros;
de emissão que restringirem os deveres, atribuições e res-
ponsabilidade do agente fiduciário previstos neste artigo. g) a identificação das debêntures-lastro, do seu valor e da
garantia constituída; (Redação dada pela Lei n° 9.457, de
Outras Funções 5.5.1997).
Art. 69. A escritura de emissão poderá ainda atribuir ao h) o nome do agente fiduciário dos debenturistas;
agente fiduciário as funções de autenticar os certificados de i) a cláusula de correção monetária, se houver;
debêntures, administrar o fundo de amortização, manter em j) o nome do titular. (Redação dada pela Lei n° 9.457, de
custódia bens dados em garantia e efetuar os pagamentos 5.5.1997).
de juros, amortização e resgate. Seção IX Emissão de Debêntures no Estrangeiro
Substituição de Garantias e Modificação da Escritura Art. 73. Somente com a prévia aprovação do Banco Central
Art. 70. A substituição de bens dados em garantia, quando do Brasil as companhias brasileiras poderão emitir debêntu-
autorizada na escritura de emissão, dependerá da concor- res no exterior com garantia real ou flutuante de bens situa-
dância do agente fiduciário. dos no País.
Parágrafo único. O agente fiduciário não tem poderes para § 1° Os credores por obrigações contraídas no Brasil terão
acordar na modificação das cláusulas e condições da emis- preferência sobre os créditos por debêntures emitidas no
são. exterior por companhias estrangeiras autorizadas a funcio-
Seção VII Assembléia de Debenturistas nar no País, salvo se a emissão tiver sido previamente auto-
Art. 71. Os titulares de debêntures da mesma emissão ou rizada pelo Banco Central do Brasil e o seu produto aplicado
série podem, a qualquer tempo, reunir-se em assembléia a em estabelecimento situado no território nacional.
fim de deliberar sobre matéria de interesse da comunhão § 2° Em qualquer caso, somente poderão ser remetidos
dos debenturistas. para o exterior o principal e os encargos de debêntures
§ 1° A assembléia de debenturistas pode ser convocada registradas no Banco Central do Brasil.
pelo agente fiduciário, pela companhia emissora, por deben- § 3° A emissão de debêntures no estrangeiro, além de ob-
turistas que representem 10% (dez por cento), no mínimo, servar os requisitos do artigo 62, requer a inscrição, no Re-

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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gistro de Imóveis, do local da sede ou do estabelecimento, V - a época em que o direito de subscrição poderá ser exer-
dos demais documentos exigidos pelas leis do lugar da cido e a data do término do prazo para esse exercício;
emissão, autenticadas de acordo com a lei aplicável, legali- VI - o nome do titular; (Redação dada pela Lei n° 9.457, de
zadas pelo consulado brasileiro no exterior e acompanha- 5.5.1997).
dos de tradução em vernáculo, feita por tradutor público VII - a data da emissão do certificado e as assinaturas de
juramentado; e, no caso de companhia estrangeira, o arqui- dois diretores. (Redação dada pela Lei n° 9.457, de
vamento no registro do comércio e publicação do ato que, 5.5.1997).
de acordo com o estatuto social e a lei do local da sede, CAPÍTULO VII CONSTITUIÇÃO DA COMPANHIA
tenha autorizado a emissão.
Seção I Requisitos Preliminares
§ 4° A negociação, no mercado de capitais do Brasil, de
debêntures emitidas no estrangeiro, depende de prévia Art. 80. A constituição da companhia depende do cumpri-
autorização da Comissão de Valores Mobiliários. mento dos seguintes requisitos preliminares:
Seção X Extinção I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas
as ações em que se divide o capital social fixado no estatu-
Art. 74. A companhia emissora fará, nos livros próprios, as
to;
anotações referentes à extinção das debêntures, e manterá
II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no
arquivados, pelo prazo de 5 (cinco) anos, juntamente com
mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em di-
os documentos relativos à extinção, os certificados cancela-
dos ou os recibos dos titulares das contas das debêntures nheiro;
escriturais. III - depósito, no Banco do Brasil S.A., ou em outro estabe-
lecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores
§ 1° Se a emissão tiver agente fiduciário, caberá a este
fiscalizar o cancelamento dos certificados. Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro.
Parágrafo único. O disposto no n° II não se aplica às com-
§ 2° Os administradores da companhia responderão solida-
panhias para as quais a lei exige realização inicial de parte
riamente pelas perdas e danos decorrentes da infração do
disposto neste artigo. maior do capital social.
CAPÍTULO VI BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO Depósito da Entrada
Características Art. 81. O depósito referido no n° III do art. 80 deverá ser
feito pelo fundador, no prazo de 5 (cinco) dias contados do
Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do limite de au-
recebimento das quantias, em nome do subscritor e a favor
mento de capital autorizado no estatuto (artigo 168), títulos
da sociedade em organização, que só poderá levantá-lo
negociáveis denominados “Bônus de Subscrição”.
após haver adquirido personalidade jurídica.
Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferirão aos
Parágrafo único. Caso a companhia não se constitua den-
seus titulares, nas condições constantes do certificado,
tro de 6 (seis) meses da data do depósito, o banco restituirá
direito de subscrever ações do capital social, que será exer-
as quantias depositadas diretamente aos subscritores.
cido mediante apresentação do título à companhia e paga-
Seção II Constituição por Subscrição Pública
mento do preço de emissão das ações.
Registro da Emissão
Competência
Art. 76. A deliberação sobre emissão de bônus de subscri- Art. 82. A constituição de companhia por subscrição pública
ção compete à assembléia-geral, se o estatuto não a atribuir depende do prévio registro da emissão na Comissão de
Valores Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser
ao Conselho de Administração.
efetuada com a intermediação de instituição financeira.
Emissão § 1° O pedido de registro de emissão obedecerá às normas
Art. 77. Os bônus de subscrição serão alienados pela com- expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e será
panhia ou por ela atribuídos, como vantagem adicional, aos instruído com:
subscritores de emissões de suas ações ou debêntures. a) o estudo de viabilidade econômica e financeira do em-
Parágrafo único. Os acionistas da companhia gozarão, nos preendimento;
termos dos artigos 171 e 172, de preferência para subscre- b) o projeto do estatuto social;
ver a emissão de bônus. c) o prospecto, organizado e assinado pelos fundadores e
Forma, Propriedade e Circulação pela instituição financeira intermediária.
Art. 78. Os bônus de subscrição terão a forma nominativa. § 2° A Comissão de Valores Mobiliários poderá condicionar
(Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). o registro a modificações no estatuto ou no prospecto e
denegá-lo por inviabilidade ou temeridade do empreendi-
Parágrafo único. Aplica-se aos bônus de subscrição, no
mento, ou inidoneidade dos fundadores.
que couber, o disposto nas Seções V a VII do Capítulo III.
Projeto de Estatuto
Certificados
Art. 83. O projeto de estatuto deverá satisfazer a todos os
Art. 79. O certificado de bônus de subscrição conterá as
requisitos exigidos para os contratos das sociedades mer-
seguintes declarações:
cantis em geral e aos peculiares às companhias, e conterá
I - as previstas nos ns. I a IV do art. 24; as normas pelas quais se regerá a companhia.
II - a denominação “Bônus de Subscrição”;
III - o número de ordem; Prospecto
IV - o número, a espécie e a classe das ações que poderão Art. 84. O prospecto deverá mencionar, com precisão e
ser subscritas, o preço de emissão ou os critérios para sua clareza, as bases da companhia e os motivos que justifi-
determinação; quem a expectativa de bom êxito do empreendimento, e em
especial:

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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I - o valor do capital social a ser subscrito, o modo de sua § 1° Na assembléia, presidida por um dos fundadores e
realização e a existência ou não de autorização para au- secretariada por subscritor, será lido o recibo de depósito de
mento futuro; que trata o n° III do art. 80, bem como discutido e votado o
II - a parte do capital a ser formada com bens, a discrimina- projeto de estatuto.
ção desses bens e o valor a eles atribuídos pelos fundado- § 2° Cada ação, independentemente de sua espécie ou
res; classe, dá direito a um voto; a maioria não tem poder para
III - o número, as espécies e classes de ações em que se alterar o projeto de estatuto.
dividirá o capital; o valor nominal das ações, e o preço da § 3° Verificando-se que foram observadas as formalidades
emissão das ações; legais e não havendo oposição de subscritores que repre-
IV - a importância da entrada a ser realizada no ato da sentem mais da metade do capital social, o presidente de-
subscrição; clarará constituída a companhia, procedendo-se, a seguir, à
V - as obrigações assumidas pelos fundadores, os contratos eleição dos administradores e fiscais.
assinados no interesse da futura companhia e as quantias já § 4° A ata da reunião, lavrada em duplicata, depois de lida e
despendidas e por despender; aprovada pela assembléia, será assinada por todos os
VI - as vantagens particulares, a que terão direito os funda- subscritores presentes, ou por quantos bastem à validade
dores ou terceiros, e o dispositivo do projeto do estatuto que das deliberações; um exemplar ficará em poder da compa-
as regula; nhia e o outro será destinado ao registro do comércio.
VII - a autorização governamental para constituir-se a com- Seção III Constituição por Subscrição Particular
panhia, se necessária; Art. 88. A constituição da companhia por subscrição particu-
VIII - as datas de início e término da subscrição e as institui- lar do capital pode fazer-se por deliberação dos subscritores
ções autorizadas a receber as entradas; em assembléia-geral ou por escritura pública, considerando-
IX - a solução prevista para o caso de excesso de subscri- se fundadores todos os subscritores.
ção; § 1° Se a forma escolhida for a de assembléia-geral, obser-
X - o prazo dentro do qual deverá realizar-se a assembléia var-se-á o disposto nos artigos 86 e 87, devendo ser entre-
de constituição da companhia, ou a preliminar para avalia- gues à assembléia o projeto do estatuto, assinado em dupli-
ção dos bens, se for o caso; cata por todos os subscritores do capital, e as listas ou bole-
XI - o nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residên- tins de subscrição de todas as ações.
cia dos fundadores, ou, se pessoa jurídica, a firma ou de- § 2° Preferida a escritura pública, será ela assinada por
nominação, nacionalidade e sede, bem como o número e todos os subs-critores, e conterá:
espécie de ações que cada um houver subscrito; a) a qualificação dos subscritores, nos termos do artigo 85;
XII - a instituição financeira intermediária do lançamento, em b) o estatuto da companhia;
cujo poder ficarão depositados os originais do prospecto e c) a relação das ações tomadas pelos subscritores e a im-
do projeto de estatuto, com os documentos a que fizerem portância das entradas pagas;
menção, para exame de qualquer interessado. d) a transcrição do recibo do depósito referido no n° III do
Lista, Boletim de Entrada art. 80;
Art. 85. No ato da subscrição das ações a serem realizadas e) a transcrição do laudo de avaliação dos peritos, caso
em dinheiro, o subscritor pagará a entrada e assinará a lista tenha havido subscrição do capital social em bens (artigo
ou o boletim individual autenticados pela instituição autori- 8°);
zada a receber as entradas, qualificando-se pelo nome, f) a nomeação dos primeiros administradores e, quando for
nacionalidade, residência, estado civil, profissão e docu- o caso, dos fiscais.
mento de identidade, ou, se pessoa jurídica, pela firma ou Seção IV Disposições Gerais
denominação, nacionalidade e sede, devendo especificar o Art. 89. A incorporação de imóveis para formação do capital
número das ações subscritas, a sua espécie e classe, se social não exige escritura pública.
houver mais de uma, e o total da entrada. Art. 90. O subscritor pode fazer-se representar na assem-
Parágrafo único. A subscrição poderá ser feita, nas condi- bléia-geral ou na escritura pública por procurador com pode-
ções previstas no prospecto, por carta à instituição, com as res especiais.
declarações prescritas neste artigo e o pagamento da en- Art. 91. Nos atos e publicações referentes a companhia em
trada. constituição, sua denominação deverá ser aditada da cláu-
Convocação de Assembléia sula “em organização”.
Art. 92. Os fundadores e as instituições financeiras que
Art. 86. Encerrada a subscrição e havendo sido subscrito
participarem da constituição por subscrição pública respon-
todo o capital social, os fundadores convocarão a assem-
bléia-geral que deverá: derão, no âmbito das respectivas atribuições, pelos prejuí-
zos resultantes da inobservância de preceitos legais.
I - promover a avaliação dos bens, se for o caso (art. 8°);
Parágrafo único. Os fundadores responderão, solidaria-
II - deliberar sobre a constituição da companhia.
mente, pelo prejuízo decorrente de culpa ou dolo em atos
Parágrafo único. Os anúncios de convocação mencionarão ou operações anteriores à constituição.
hora, dia e local da reunião e serão inseridos nos jornais em
Art. 93. Os fundadores entregarão aos primeiros adminis-
que houver sido feita a publicidade da oferta de subscrição.
tradores eleitos todos os documentos, livros ou papéis rela-
Assembléia de Constituição tivos à constituição da companhia ou a esta pertencentes.
Art. 87. A assembléia de constituição instalar-se-á, em pri- CAPÍTULO VIII FORMALIDADES COMPLEMENTARES DA CONSTI-
meira convocação, com a presença de subscritores que TUIÇÃO,
representem, no mínimo, metade do capital social, e, em Arquivamento e Publicação
segunda convocação, com qualquer número.

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Art. 94. Nenhuma companhia poderá funcionar sem que critor tiver contribuído para a formação do capital social
sejam arquivados e publicados seus atos constitutivos. (artigo 8°, § 2°).
Companhia Constituída por Assembléia § 3° A ata da assembléia-geral que aprovar a incorporação
deverá identificar o bem com precisão, mas poderá descre-
Art. 95. Se a companhia houver sido constituída por delibe-
vê-lo sumariamente, desde que seja suplementada por de-
ração em assembléia-geral, deverão ser arquivados no claração, assinada pelo subscritor, contendo todos os ele-
Registro do Comércio do lugar da sede: mentos necessários para a transcrição no registro público.
I - um exemplar do estatuto social, assinado por todos os
subscritores (artigo 88, § 1°) ou, se a subscrição houver Responsabilidade dos Primeiros Administradores
sido pública, os originais do estatuto e do prospecto, assi- Art. 99. Os primeiros administradores são solidariamente
nados pelos fundadores, bem como do jornal em que tive- responsáveis perante a companhia pelos prejuízos causa-
rem sido publicados; dos pela demora no cumprimento das formalidades com-
II - a relação completa, autenticada pelos fundadores ou plementares à sua constituição.
pelo presidente da assembléia, dos subscritores do capital Parágrafo único. A companhia não responde pelos atos ou
social, com a qualificação, número das ações e o total da operações praticados pelos primeiros administradores antes
entrada de cada subscritor (artigo 85); de cumpridas as formalidades de constituição, mas a as-
III - o recibo do depósito a que se refere o n° III do art. 80; sembléia-geral poderá deliberar em contrário.
IV - duplicata das atas das assembléias realizadas para a CAPÍTULO IX LIVROS SOCIAIS
avaliação de bens quando for o caso (artigo 8°); Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros obrigatórios
V - duplicata da ata da assembléia-geral dos subscritores para qualquer comerciante, os seguintes, revestidos das
que houver deliberado a constituição da companhia (artigo mesmas formalidades legais:
87). I - o livro de “Registro de Ações Nominativas”, para inscri-
Companhia Constituída por Escritura Pública ção, anotação ou averbação: (Redação dada pela Lei n°
9.457, de 5.5.1997).
Art. 96. Se a companhia tiver sido constituída por escritura
pública, bastará o arquivamento de certidão do instrumento. a) do nome do acionista e do número das suas ações;
b) das entradas ou prestações de capital realizado;
Registro do Comércio c) das conversões de ações, de uma em outra espécie ou
Art. 97. Cumpre ao Registro do Comércio examinar se as classe; (Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
prescrições legais foram observadas na constituição da d) do resgate, reembolso e amortização das ações, ou de
companhia, bem como se no estatuto existem cláusulas sua aquisição pela companhia;
contrárias à lei, à ordem pública e aos bons costumes. e) das mutações operadas pela alienação ou transferência
§ 1° Se o arquivamento for negado, por inobservância de de ações;
prescrição ou exigência legal ou por irregularidade verifica- f) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação fiduciária
da na constituição da companhia, os primeiros administra- em garantia ou de qualquer ônus que grave as ações ou
dores deverão convocar imediatamente a assembléia-geral obste sua negociação.
para sanar a falta ou irregularidade, ou autorizar as provi- II - o livro de “Transferência de Ações Nominativas”, para
dências que se fizerem necessárias. A instalação e funcio- lançamento dos termos de transferência, que deverão ser
namento da assembléia obedecerão ao disposto no artigo assinados pelo cedente e pelo cessionário ou seus legítimos
87, devendo a deliberação ser tomada por acionistas que representantes;
representem, no mínimo, metade do capital social. Se a falta
III - o livro de “Registro de Partes Beneficiárias Nominativas”
for do estatuto, poderá ser sanada na mesma assembléia, a
e o de “Transferência de Partes Beneficiárias Nominativas”,
qual deliberará, ainda, sobre se a companhia deve promo-
se tiverem sido emitidas, observando-se, em ambos, no que
ver a responsabilidade civil dos fundadores (artigo 92).
couber, o disposto nos ns. I e II deste artigo;
§ 2° Com a 2ª via da ata da assembléia e a prova de ter
IV - o livro de “Atas das Assembléias Gerais”; (Redação
sido sanada a falta ou irregularidade, o Registro do Comér-
dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
cio procederá ao arquivamento dos atos constitutivos da
companhia. V - o livro de “Presença dos Acionistas”; (Redação dada
pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
§ 3° A criação de sucursais, filiais ou agências, observado o
disposto no estatuto, será arquivada no Registro do Comér- VI - os livros de “Atas das Reuniões do Conselho de Admi-
cio. nistração”, se houver, e de Atas das Reuniões de Diretoria;
(Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
Publicação e Transferência de Bens VII - o livro de “Atas e Pareceres do Conselho Fiscal”. (Re-
Art. 98. Arquivados os documentos relativos à constituição dação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
da companhia, os seus administradores providenciarão, nos § 1° A qualquer pessoa, desde que se destinem a defesa de
30 (trinta) dias subseqüentes, a publicação deles, bem co- direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal
mo a de certidão do arquivamento, em órgão oficial do local ou dos acionistas ou do mercado de valores mobiliários,
de sua sede. serão dadas certidões dos assentamentos constantes dos
§ 1° Um exemplar do órgão oficial deverá ser arquivado no livros mencionados nos incisos I a III, e por elas a compa-
Registro do Comércio. nhia poderá cobrar o custo do serviço, cabendo, do indefe-
§ 2° A certidão dos atos constitutivos da companhia, passa- rimento do pedido por parte da companhia, recurso à Co-
da pelo Registro do Comércio em que foram arquivados, missão de Valores Mobiliários. (Redação dada pela Lei n°
será o documento hábil para a transferência, por transcrição 9.457, de 5.5.1997).
no registro público competente, dos bens com que o subs- § 2° Nas companhias abertas, os livros referidos nos incisos
I a III do caput deste artigo poderão ser substituídos, obser-

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vadas as normas expedidas pela Comissão de Valores Mo- por cento) do capital social, sejam apontados atos violado-
biliários, por registros mecanizados ou eletrônicos. (Reda- res da lei ou do estatuto, ou haja fundada suspeita de gra-
ção dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). ves irregularidades praticadas por qualquer dos órgãos da
Escrituração do Agente Emissor companhia.
CAPÍTULO X ACIONISTAS
Art. 101. O agente emissor de certificados (art. 27) poderá
substituir os livros referidos nos incisos I a III do art. 100 Seção I Obrigação de Realizar o Capital
pela sua escrituração e manter, mediante sistemas adequa- Condições e Mora
dos, aprovados pela Comissão de Valores Mobiliários, os Art. 106. O acionista é obrigado a realizar, nas condições
registros de propriedade das ações, partes beneficiárias, previstas no estatuto ou no boletim de subscrição, a presta-
debêntures e bônus de subscrição, devendo uma vez por ção correspondente às ações subscritas ou adquiridas.
ano preparar lista dos seus titulares, com o número dos
§ 1° Se o estatuto e o boletim forem omissos quanto ao
títulos de cada um, a qual será encadernada, autenticada no
montante da prestação e ao prazo ou data do pagamento,
Registro do Comércio e arquivada na companhia.(Redação
caberá aos órgãos da administração efetuar chamada, me-
dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
diante avisos publicados na imprensa, por 3 (três) vezes, no
§ 1° Os termos de transferência de ações nominativas pe- mínimo, fixando prazo, não inferior a 30 (trinta) dias, para o
rante o agente emissor poderão ser lavrados em folhas pagamento.
soltas, à vista do certificado da ação, no qual serão averba-
§ 2° O acionista que não fizer o pagamento nas condições
dos a transferência e o nome e qualificação do adquirente.
previstas no estatuto ou boletim, ou na chamada, ficará de
§ 2° Os termos de transferência em folhas soltas serão en- pleno direito constituído em mora, sujeitando-se ao paga-
cadernados em ordem cronológica, em livros autenticados mento dos juros, da correção monetária e da multa que o
no Registro do Comércio e arquivados no agente emissor. estatuto determinar, esta não superior a 10% (dez por cen-
Ações Escriturais to) do valor da prestação.
Art. 102. A instituição financeira depositária de ações escri- Acionista Remisso
turais deverá fornecer à companhia, ao menos uma vez por Art. 107. Verificada a mora do acionista, a companhia pode,
ano, cópia dos extratos das contas de depósito das ações e à sua escolha:
a lista dos acionistas com a quantidade das respectivas
I - promover contra o acionista, e os que com ele forem
ações, que serão encadernadas em livros autenticados no
solidariamente responsáveis (artigo 108), processo de exe-
registro do comércio e arquivados na instituição financeira.
cução para cobrar as importâncias devidas, servindo o bole-
Fiscalização e Dúvidas no Registro tim de subscrição e o aviso de chamada como título extraju-
Art. 103. Cabe à companhia verificar a regularidade das dicial nos termos do Código de Processo Civil; ou
transferências e da constituição de direitos ou ônus sobre os II - mandar vender as ações em Bolsa de Valores, por conta
valores mobiliários de sua emissão; nos casos dos artigos e risco do acionista.
27 e 34, essa atribuição compete, respectivamente, ao a- § 1° Será havida como não escrita, relativamente à compa-
gente emissor de certificados e à instituição financeira de- nhia, qualquer estipulação do estatuto ou do boletim de
positária das ações escriturais. subscrição que exclua ou limite o exercício da opção previs-
Parágrafo único. As dúvidas suscitadas entre o acionista, ta neste artigo, mas o subscritor de boa-fé terá ação, contra
ou qualquer interessado, e a companhia, o agente emissor os responsáveis pela estipulação, para haver perdas e da-
de certificados ou a instituição financeira depositária das nos sofridos, sem prejuízo da responsabilidade penal que
ações escriturais, a respeito das averbações ordenadas por no caso couber.
esta Lei, ou sobre anotações, lançamentos ou transferên- § 2° A venda será feita em leilão especial na Bolsa de Valo-
cias de ações, partes beneficiárias, debêntures, ou bônus res do lugar da sede social, ou, se não houver, na mais
de subscrição, nos livros de registro ou transferência, serão próxima, depois de publicado aviso, por 3 (três) vezes, com
dirimidas pelo juiz competente para solucionar as dúvidas antecedência mínima de 3 (três) dias. Do produto da venda
levantadas pelos oficiais dos registros públicos, excetuadas serão deduzidos as despesas com a operação e, se previs-
as questões atinentes à substância do direito. tos no estatuto, os juros, correção monetária e multa, fican-
Responsabilidade da Companhia do o saldo à disposição do ex-acionista, na sede da socie-
dade.
Art. 104. A companhia é responsável pelos prejuízos que § 3° É facultado à companhia, mesmo após iniciada a co-
causar aos interessados por vícios ou irregularidades verifi- brança judicial, mandar vender a ação em bolsa de valores;
cadas nos livros de que tratam os incisos I a III do art. 100. a companhia poderá também promover a cobrança judicial
(Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). se as ações oferecidas em bolsa não encontrarem tomador,
Parágrafo único. A companhia deverá diligenciar para que ou se o preço apurado não bastar para pagar os débitos do
os atos de emissão e substituição de certificados, e de acionista.
transferências e averbações nos livros sociais, sejam prati- § 4° Se a companhia não conseguir, por qualquer dos meios
cados no menor prazo possível, não excedente do fixado previstos neste artigo, a integralização das ações, poderá
pela Comissão de Valores Mobiliários, respondendo perante declará-las caducas e fazer suas as entradas realizadas,
acionistas e terceiros pelos prejuízos decorrentes de atrasos integralizando-as com lucros ou reservas, exceto a legal; se
culposos. não tiver lucros e reservas suficientes, terá o prazo de 1
Exibição dos Livros (um) ano para colocar as ações caídas em comisso, findo o
Art. 105. A exibição por inteiro dos livros da companhia qual, não tendo sido encontrado comprador, a assembléia-
pode ser ordenada judicialmente sempre que, a requerimen- geral deliberará sobre a redução do capital em importância
to de acionistas que representem, pelo menos, 5% (cinco correspondente.

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Responsabilidade dos Alienantes Parágrafo único. Os titulares de ações preferenciais ao
Art. 108. Ainda quando negociadas as ações, os alienantes portador que adquirirem direito de voto de acordo com o
continuarão responsáveis, solidariamente com os adquiren- disposto nos §§ 1° e 2° do artigo 111, e enquanto dele go-
tes, pelo pagamento das prestações que faltarem para inte- zarem, poderão converter as ações em nominativas ou en-
gralizar as ações transferidas. dossáveis, independentemente de autorização estatutária.
Parágrafo único. Tal responsabilidade cessará, em relação Voto das Ações Empenhadas e Alienadas Fiduciaria-
a cada alienante, no fim de 2 (dois) anos a contar da data mente
da transferência das ações. Art. 113. O penhor da ação não impede o acionista de exer-
Seção II Direitos Essenciais cer o direito de voto; será lícito, todavia, estabelecer, no
contrato, que o acionista não poderá, sem consentimento do
Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral
credor pignoratício, votar em certas deliberações.
poderão privar o acionista dos direitos de:
Parágrafo único. O credor garantido por alienação fiduciá-
I - participar dos lucros sociais;
ria da ação não poderá exercer o direito de voto; o devedor
II - participar do acervo da companhia, em caso de liquida- somente poderá exercê-lo nos termos do contrato.
ção;
III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos Voto das Ações Gravadas com Usufruto
negócios sociais; Art. 114. O direito de voto da ação gravada com usufruto,
IV - preferência para a subscrição de ações, partes benefi- se não for regulado no ato de constituição do gravame,
ciárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em somente poderá ser exercido mediante prévio acordo entre
ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos o proprietário e o usufrutuário.
artigos 171 e 172; Abuso do Direito de Voto e Conflito de Interesses
V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei. Art. 115. O acionista deve exercer o direito a voto no inte-
§ 1° As ações de cada classe conferirão iguais direitos aos resse da companhia; considerar-se-á abusivo o voto exerci-
seus titulares. do com o fim de causar dano à companhia ou a outros acio-
§ 2° Os meios, processos ou ações que a lei confere ao nistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que
acionista para assegurar os seus direitos não podem ser não faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para
elididos pelo estatuto ou pela assembléia-geral. a companhia ou para outros acionistas.(Redação dada pela
§ 3° O estatuto da sociedade pode estabelecer que as di- Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
vergências entre os acionistas e a companhia, ou entre os § l° o acionista não poderá votar nas deliberações da as-
acionistas controladores e os acionistas minoritários, pode- sembléia-geral relativas ao laudo de avaliação de bens com
rão ser solucionadas mediante arbitragem, nos termos em que concorrer para a formação do capital social e à aprova-
que especificar. (Incluído pela Lei n° 10.303, de ção de suas contas como administrador, nem em quaisquer
31.10.2001). outras que puderem beneficiá-lo de modo particular, ou em
Seção III Direito de Voto que tiver interesse conflitante com o da companhia.
Disposições Gerais § 2° Se todos os subscritores forem condôminos de bem
Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto com que concorreram para a formação do capital social,
poderão aprovar o laudo, sem prejuízo da responsabilidade
nas deliberações da assembléia-geral.
de que trata o § 6° do artigo 8°.
§ 1° O estatuto pode estabelecer limitação ao número de
§ 3° o acionista responde pelos danos causados pelo exer-
votos de cada acionista.
cício abusivo do direito de voto, ainda que seu voto não haja
§ 2° É vedado atribuir voto plural a qualquer classe de a-
prevalecido.
ções.
§ 4° A deliberação tomada em decorrência do voto de acio-
Ações Preferenciais nista que tem interesse conflitante com o da companhia é
Art. 111. O estatuto poderá deixar de conferir às ações anulável; o acionista responderá pelos danos causados e
preferenciais algum ou alguns dos direitos reconhecidos às será obrigado a transferir para a companhia as vantagens
ações ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi-lo com res- que tiver auferido.
trições, observado o disposto no artigo 19. § 5° (VETADO).(Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
§ 1° As ações preferenciais sem direito de voto adquirirão o § 6° (VETADO).(Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
exercício desse direito se a companhia, pelo prazo previsto § 7° (VETADO).(Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
no estatuto, não superior a 3 (três) exercícios consecutivos, § 8° (VETADO).(Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos a que fize- § 9° (VETADO).(Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
rem jus, direito que conservarão até o pagamento, se tais § 10. (VETADO).(Incluído pela Lei n° 10.303, de
dividendos não forem cumulativos, ou até que sejam pagos 31.10.2001).
os cumulativos em atraso. Seção IV Acionista Controlador
§ 2° Na mesma hipótese e sob a mesma condição do § 1°,
as ações preferenciais com direito de voto restrito terão Deveres
suspensas as limitações ao exercício desse direito. Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa,
§ 3° O estatuto poderá estipular que o disposto nos §§ 1° e natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por
2° vigorará a partir do término da implantação do empreen- acordo de voto, ou sob controle comum, que:
dimento inicial da companhia. a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo
Não Exercício de Voto pelas Ações ao Portador permanente, a maioria dos votos nas deliberações da as-
Art. 112. Somente os titulares de ações nominativas endos- sembléia-geral e o poder de eleger a maioria dos adminis-
sáveis e escriturais poderão exercer o direito de voto. tradores da companhia; e

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b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades Seção V Acordo de Acionistas
sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da compa- Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda
nhia. de suas ações, preferência para adquiri-las, exercício do
Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder direito a voto, ou do poder de controle deverão ser observa-
com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e dos pela companhia quando arquivados na sua se-
cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilida- de.(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
des para com os demais acionistas da empresa, os que nela § 1° As obrigações ou ônus decorrentes desses acordos
trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos somente serão oponíveis a terceiros, depois de averbados
direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender. nos livros de registro e nos certificados das ações, se emiti-
Art. 116-A. O acionista controlador da companhia aberta e dos.
os acionistas, ou grupo de acionistas, que elegerem mem- § 2° Esses acordos não poderão ser invocados para eximir
bro do conselho de administração ou membro do conselho o acionista de responsabilidade no exercício do direito de
fiscal, deverão informar imediatamente as modificações em voto (artigo 115) ou do poder de controle (artigos 116 e
sua posição acionária na companhia à Comissão de Valores 117).
Mobiliários e às Bolsas de Valores ou entidades do mercado § 3° Nas condições previstas no acordo, os acionistas po-
de balcão organizado nas quais os valores mobiliários de dem promover a execução específica das obrigações assu-
emissão da companhia estejam admitidos à negociação, midas.
nas condições e na forma determinadas pela Comissão de
§ 4° As ações averbadas nos termos deste artigo não pode-
Valores Mobiliários.(Incluído pela Lei n° 10.303, de
rão ser negociadas em bolsa ou no mercado de balcão.
31.10.2001).
§ 5° No relatório anual, os órgãos da administração da
Responsabilidade companhia aberta informarão à assembléia-geral as dispo-
Art. 117. O acionista controlador responde pelos danos sições sobre política de reinvestimento de lucros e distribui-
causados por atos praticados com abuso de poder. ção de dividendos, constantes de acordos de acionistas
§ l° São modalidades de exercício abusivo de poder: arquivados na companhia.
a) orientar a companhia para fim estranho ao objeto social § 6° O acordo de acionistas cujo prazo for fixado em função
ou lesivo ao interesse nacional, ou levá-la a favorecer outra de termo ou condição resolutiva somente pode ser denunci-
sociedade, brasileira ou estrangeira, em prejuízo da partici- ado segundo suas estipulações. (Incluído pela Lei n°
pação dos acionistas minoritários nos lucros ou no acervo 10.303, de 31.10.2001).
da companhia, ou da economia nacional; § 7° O mandato outorgado nos termos de acordo de acionis-
b) promover a liquidação de companhia próspera, ou a tas para proferir, em assembléia-geral ou especial, voto
transformação, incorporação, fusão ou cisão da companhia, contra ou a favor de determinada deliberação, poderá pre-
com o fim de obter, para si ou para outrem, vantagem inde- ver prazo superior ao constante do § 1º do art. 126 desta
vida, em prejuízo dos demais acionistas, dos que trabalham Lei.(Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
na empresa ou dos investidores em valores mobiliários emi- § 8° O presidente da assembléia ou do órgão colegiado de
tidos pela companhia; deliberação da companhia não computará o voto proferido
c) promover alteração estatutária, emissão de valores mobi- com infração de acordo de acionistas devidamente arquiva-
liários ou adoção de políticas ou decisões que não tenham do. (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
por fim o interesse da companhia e visem a causar prejuízo § 9° O não comparecimento à assembléia ou às reuniões
a acionistas minoritários, aos que trabalham na empresa ou dos órgãos de administração da companhia, bem como as
aos investidores em valores mobiliários emitidos pela com- abstenções de voto de qualquer parte de acordo de acionis-
panhia; tas ou de membros do conselho de administração eleitos
d) eleger administrador ou fiscal que sabe inapto, moral ou nos termos de acordo de acionistas, assegura à parte preju-
tecnicamente; dicada o direito de votar com as ações pertencentes ao
e) induzir, ou tentar induzir, administrador ou fiscal a praticar acionista ausente ou omisso e, no caso de membro do con-
ato ilegal, ou, descumprindo seus deveres definidos nesta selho de administração, pelo conselheiro eleito com os vo-
Lei e no estatuto, promover, contra o interesse da compa- tos da parte prejudicada. (Incluído pela Lei n° 10.303, de
nhia, sua ratificação pela assembléia-geral; 31.10.2001).
f) contratar com a companhia, diretamente ou através de § 10. Os acionistas vinculados a acordo de acionistas deve-
outrem, ou de sociedade na qual tenha interesse, em condi- rão indicar, no ato de arquivamento, representante para
ções de favorecimento ou não equitativas; comunicar-se com a companhia, para prestar ou receber
g) aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de adminis- informações, quando solicitadas.(Incluído pela Lei n°
tradores, por favorecimento pessoal, ou deixar de apurar 10.303, de 31.10.2001).
denúncia que saiba ou devesse saber procedente, ou que § 11. A companhia poderá solicitar aos membros do acordo
justifique fundada suspeita de irregularidade. esclarecimento sobre suas cláusulas.(Incluído pela Lei n°
h) subscrever ações, para os fins do disposto no art. 170, 10.303, de 31.10.2001).
com a realização em bens estranhos ao objeto social da Seção VI Representação de Acionista Residente ou Do-
companhia. (Inlcluída pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). miciliado no Exterior
§ 2° No caso da alínea e do § 1°, o administrador ou fiscal Art. 119. O acionista residente ou domiciliado no Exterior
que praticar o ato ilegal responde solidariamente com o deverá manter, no País, representante com poderes para
acionista controlador. receber citação em ações contra ele, propostas com funda-
§ 3° O acionista controlador que exerce cargo de adminis- mento nos preceitos desta Lei.
trador ou fiscal tem também os deveres e responsabilidades
próprios do cargo.

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Parágrafo único. O exercício, no Brasil, de qualquer dos b) por qualquer acionista, quando os administradores retar-
direitos de acionista, confere ao mandatário ou representan- darem, por mais de 60 (sessenta) dias, a convocação nos
te legal qualidade para receber citação judicial. casos previstos em lei ou no estatuto;
Seção VII Suspensão do Exercício de Direitos c) por acionistas que representem cinco por cento, no míni-
Art. 120. A assembléia-geral poderá suspender o exercício mo, do capital social, quando os administradores não aten-
dos direitos do acionista que deixar de cumprir obrigação derem, no prazo de oito dias, a pedido de convocação que
imposta pela lei ou pelo estatuto, cessando a suspensão apresentarem, devidamente fundamentado, com indicação
logo que cumprida a obrigação. das matérias a serem tratadas; (Redação dada pela Lei n°
CAPÍTULO XI 9.457, de 5.5.1997).
d) por acionistas que representem cinco por cento, no míni-
Assembléia-Geral
mo, do capital votante, ou cinco por cento, no mínimo, dos
Seção I Disposições Gerais acionistas sem direito a voto, quando os administradores
Art. 121. A assembléia-geral, convocada e instalada de não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de convoca-
acordo com a lei e o estatuto, tem poderes para decidir ção de assembléia para instalação do conselho fiscal. (Inl-
todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar cluída pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e de-
Modo de Convocação e Local
senvolvimento.
Art. 124. A convocação far-se-á mediante anúncio publica-
Competência Privativa do por 3 (três) vezes, no mínimo, contendo, além do local,
Art. 122. Compete privativamente à assembléia- data e hora da assembléia, a ordem do dia, e, no caso de
geral:(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). reforma do estatuto, a indicação da matéria.
I - reformar o estatuto social; (Redação dada pela Lei n° § 1° A primeira convocação da assembléia-geral deverá ser
10.303, de 31.10.2001). feita:(Redação da pela Lei n°10.303, de 31.10.2001).
II - eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores I - na companhia fechada, com 8 (oito) dias de antecedên-
e fiscais da companhia, ressalvado o disposto no inciso II do cia, no mínimo, contado o prazo da publicação do primeiro
art. 142; (Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). anúncio; não se realizando a assembléia, será publicado
III - tomar, anualmente, as contas dos administradores e novo anúncio, de segunda convocação, com antecedência
deliberar sobre as demonstrações financeiras por eles apre- mínima de 5 (cinco) dias;(Inlcluída pela Lei n°10.303, de
sentadas;(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
31.10.2001). II - na companhia aberta, o prazo de antecedência da pri-
IV - autorizar a emissão de debêntures, ressalvado o dis- meira convocação será de 15 (quinze) dias e o da segunda
posto no § 1° do art. 59;(Redação dada pela Lei n° 10.303, convocação de 8 (oito) dias.(Inlcluída pela Lei n°10.303, de
de 31.10.2001). 31.10.2001).
V - suspender o exercício dos direitos do acionista (art. § 2° Salvo motivo de força maior, a assembléia-geral reali-
120);(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). zar-se-á no edifício onde a companhia tiver a sede; quando
VI - deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista houver de efetuar-se em outro, os anúncios indicarão, com
concorrer para a formação do capital social;(Redação dada clareza, o lugar da reunião, que em nenhum caso poderá
pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). realizar-se fora da localidade da sede.
VII - autorizar a emissão de partes beneficiárias;(Redação § 3° Nas companhias fechadas, o acionista que representar
dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). 5% (cinco por cento), ou mais, do capital social, será convo-
VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cado por telegrama ou carta registrada, expedidos com a
cisão da companhia, sua dissolução e liquidação, eleger e antecedência prevista no § 1°, desde que o tenha solicitado,
destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; e(Redação dada por escrito, à companhia, com a indicação do endereço
pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). completo e do prazo de vigência do pedido, não superior a 2
IX - autorizar os administradores a confessar falência e (dois) exercícios sociais, e renovável; essa convocação não
pedir concordata.(Redação dada pela Lei n° 10.303, de dispensa a publicação do aviso previsto no § 1°, e sua inob-
31.10.2001). servância dará ao acionista direito de haver, dos adminis-
Parágrafo único. Em caso de urgência, a confissão de tradores da companhia, indenização pelos prejuízos sofri-
falência ou o pedido de concordata poderá ser formulado dos.
pelos administradores, com a concordância do acionista § 4° Independentemente das formalidades previstas neste
controlador, se houver, convocando-se imediatamente a artigo, será considerada regular a assembléia-geral a que
assembléia-geral, para manifestar-se sobre a maté- comparecerem todos os acionistas.
ria.(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). § 5° A Comissão de Valores Mobiliários poderá, a seu ex-
clusivo critério, mediante decisão fundamentada de seu
Competência para Convocação Colegiado, a pedido de qualquer acionista, e ouvida a com-
Art. 123. Compete ao Conselho de Administração, se hou- panhia:(Incluído pela Lei n°10.303, de 31.10.2001).
ver, ou aos diretores, observado o disposto no estatuto, I - aumentar, para até 30 (trinta) dias, a contar da data em
convocar a assembléia-geral. que os documentos relativos às matérias a serem delibera-
Parágrafo único. A assembléia-geral pode também ser das forem colocados à disposição dos acionistas, o prazo
convocada: de antecedência de publicação do primeiro anúncio de con-
a) pelo Conselho Fiscal, nos casos previstos no número V, vocação da assembléia-geral de companhia aberta, quando
do artigo 163; esta tiver por objeto operações que, por sua complexidade,
exijam maior prazo para que possam ser conhecidas e ana-

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lisadas pelos acionistas;(Inlcluída pela Lei n°10.303, de § 3° É facultado a qualquer acionista, detentor de ações,
31.10.2001). com ou sem voto, que represente meio por cento, no míni-
II - interromper, por até 15 (quinze) dias, o curso do prazo mo, do capital social, solicitar relação de endereços dos
de antecedência da convocação de assembléia-geral extra- acionistas, para os fins previstos no § 1°, obedecidos sem-
ordinária de companhia aberta, a fim de conhecer e analisar pre os requisitos do parágrafo anterior. (Redação dada pela
as propostas a serem submetidas à assembléia e, se for o Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
caso, informar à companhia, até o término da interrupção, § 4° Têm a qualidade para comparecer à assembléia os
as razões pelas quais entende que a deliberação proposta à representantes legais dos acionistas.
assembléia viola dispositivos legais ou regulamenta- Livro de Presença
res.(Inlcluída pela Lei n°10.303, de 31.10.2001).
Art. 127. Antes de abrir-se a assembléia, os acionistas as-
§ 6° As companhias abertas com ações admitidas à negoci-
ação em bolsa de valores deverão remeter, na data da pu- sinarão o “Livro de Presença”, indicando o seu nome, na-
blicação do anúncio de convocação da assembléia, à bolsa cionalidade e residência, bem como a quantidade, espécie e
de valores em que suas ações forem mais negociadas, os classe das ações de que forem titulares.
documentos postos à disposição dos acionistas para delibe- Mesa
ração na assembléia-geral.(Incluído pela Lei n°10.303, de Art. 128. Os trabalhos da assembléia serão dirigidos por
31.10.2001). mesa composta, salvo disposição diversa do estatuto, de
“Quorum” de Instalação presidente e secretário, escolhidos pelos acionistas presen-
Art. 125. Ressalvadas as exceções previstas em lei, a as- tes.
sembléia-geral instalar-se-á, em primeira convocação, com “Quorum” das Deliberações
a presença de acionistas que representem, no mínimo, 1/4 Art. 129. As deliberações da assembléia-geral, ressalvadas
(um quarto) do capital social com direito de voto; em segun- as exceções previstas em lei, serão tomadas por maioria
da convocação instalar-se-á com qualquer número. absoluta de votos, não se computando os votos em branco.
Parágrafo único. Os acionistas sem direito de voto podem § 1° O estatuto da companhia fechada pode aumentar o
comparecer à assembléia-geral e discutir a matéria subme- quorum exigido para certas deliberações, desde que especi-
tida à deliberação. fique as matérias.
Legitimação e Representação § 2° No caso de empate, se o estatuto não estabelecer pro-
Art. 126. As pessoas presentes à assembléia deverão pro- cedimento de arbitragem e não contiver norma diversa, a
var a sua qualidade de acionista, observadas as seguintes assembléia será convocada, com intervalo mínimo de 2
normas: (dois) meses, para votar a deliberação; se permanecer o
I - os titulares de ações nominativas exibirão, se exigido, empate e os acionistas não concordarem em cometer a
documento hábil de sua identidade; decisão a um terceiro, caberá ao Poder Judiciário decidir, no
interesse da companhia.
II - os titulares de ações escriturais ou em custódia nos ter-
mos do art. 41, além do documento de identidade, exibirão, Ata da Assembléia
ou depositarão na companhia, se o estatuto o exigir, com- Art. 130. Dos trabalhos e deliberações da assembléia será
provante expedido pela instituição financeira depositá- lavrada, em livro próprio, ata assinada pelos membros da
ria.(Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). mesa e pelos acionistas presentes. Para validade da ata é
III - os titulares de ações ao portador exibirão os respectivos suficiente a assinatura de quantos bastem para constituir a
certificados, ou documento de depósito nos termos do nú- maioria necessária para as deliberações tomadas na as-
mero II; sembléia. Da ata tirar-se-ão certidões ou cópias autênticas
IV - os titulares de ações escriturais ou em custódia nos para os fins legais.
termos do artigo 41, além do documento de identidade, § 1° A ata poderá ser lavrada na forma de sumário dos fatos
exibirão, ou depositarão na companhia, se o estatuto o exi- ocorridos, inclusive dissidências e protestos, e conter a
gir, comprovante expedido pela instituição financeira deposi- transcrição apenas das deliberações tomadas, desde que:
tária. a) os documentos ou propostas submetidos à assembléia,
§ 1° O acionista pode ser representado na assembléia-geral assim como as declarações de voto ou dissidência, referi-
por procurador constituído há menos de 1 (um) ano, que dos na ata, sejam numerados seguidamente, autenticados
seja acionista, administrador da companhia ou advogado; pela mesa e por qualquer acionista que o solicitar, e arqui-
na companhia aberta, o procurador pode, ainda, ser institui- vados na companhia;
ção financeira, cabendo ao administrador de fundos de in- b) a mesa, a pedido de acionista interessado, autentique
vestimento representar os condôminos. exemplar ou cópia de proposta, declaração de voto ou dis-
§ 2° O pedido de procuração, mediante correspondência, ou sidência, ou protesto apresentado.
anúncio publicado, sem prejuízo da regulamentação que, § 2° A assembléia-geral da companhia aberta pode autori-
sobre o assunto vier a baixar a Comissão de Valores Mobili- zar a publicação de ata com omissão das assinaturas dos
ários, deverá satisfazer aos seguintes requisitos: acionistas.
a) conter todos os elementos informativos necessários ao § 3° Se a ata não for lavrada na forma permitida pelo § 1°,
exercício do voto pedido; poderá ser publicado apenas o seu extrato, com o sumário
b) facultar ao acionista o exercício de voto contrário à deci- dos fatos ocorridos e a transcrição das deliberações toma-
são com indicação de outro procurador para o exercício das.
desse voto;
Espécies de Assembléia
c) ser dirigido a todos os titulares de ações cujos endereços
constem da companhia. (Redação dada pela Lei n° 9.457,
de 5.5.1997).

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Art. 131. A assembléia-geral é ordinária quando tem por presentes à assembléia para atender a pedidos de esclare-
objeto as matérias previstas no artigo 132, e extraordinária cimentos de acionistas, mas os administradores não pode-
nos demais casos. rão votar, como acionistas ou procuradores, os documentos
Parágrafo único. A assembléia-geral ordinária e a assem- referidos neste artigo.
bléia-geral extraordinária poderão ser, cumulativamente, § 2° Se a assembléia tiver necessidade de outros esclare-
convocadas e realizadas no mesmo local, data e hora, ins- cimentos, poderá adiar a deliberação e ordenar diligências;
trumentadas em ata única. também será adiada a deliberação, salvo dispensa dos
Seção II Assembléia-Geral Ordinária acionistas presentes, na hipótese de não comparecimento
de administrador, membro do conselho fiscal ou auditor
Objeto
independente.
Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses se- § 3° A aprovação, sem reserva, das demonstrações finan-
guintes ao término do exercício social, deverá haver 1 (uma) ceiras e das contas, exonera de responsabilidade os admi-
assembléia-geral para: nistradores e fiscais, salvo erro, dolo, fraude ou simulação
I - tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e (artigo 286).
votar as demonstrações financeiras; § 4° Se a assembléia aprovar as demonstrações financeiras
II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício com modificação no montante do lucro do exercício ou no
e a distribuição de dividendos; valor das obrigações da companhia, os administradores
III - eleger os administradores e os membros do Conselho promoverão, dentro de 30 (trinta) dias, a republicação das
Fiscal, quando for o caso; demonstrações, com as retificações deliberadas pela as-
IV - aprovar a correção da expressão monetária do capital sembléia; se a destinação dos lucros proposta pelos órgãos
social (artigo 167). de administração não lograr aprovação (artigo 176, § 3°), as
Documentos da Administração modificações introduzidas constarão da ata da assembléia.
§ 5° A ata da assembléia-geral ordinária será arquivada no
Art. 133. Os administradores devem comunicar, até 1 (um)
Registro do Comércio e publicada.
mês antes da data marcada para a realização da assem-
§ 6° As disposições do § 1°, segunda parte, não se aplicam
bléia-geral ordinária, por anúncios publicados na forma pre-
quando, nas sociedades fechadas, os diretores forem os
vista no artigo 124, que se acham à disposição dos acionis-
únicos acionistas.
tas:
Seção III Assembléia-Geral Extraordinária
I - o relatório da administração sobre os negócios sociais e
os principais fatos administrativos do exercício findo; Reforma do Estatuto
II - a cópia das demonstrações financeiras; Art. 135. A assembléia-geral extraordinária que tiver por
III - o parecer dos auditores independentes, se houver. objeto a reforma do estatuto somente se instalará em pri-
IV - o parecer do conselho fiscal, inclusive votos dissidentes, meira convocação com a presença de acionistas que repre-
se houver; e (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). sentem 2/3 (dois terços), no mínimo, do capital com direito a
V - demais documentos pertinentes a assuntos incluídos na voto, mas poderá instalar-se em segunda com qualquer
ordem do dia. (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). número.
§ 1° Os anúncios indicarão o local ou locais onde os acio- § 1° Os atos relativos a reformas do estatuto, para valerem
nistas poderão obter cópias desses documentos. contra terceiros, ficam sujeitos às formalidades de arquiva-
§ 2° A companhia remeterá cópia desses documentos aos mento e publicação, não podendo, todavia, a falta de cum-
acionistas que o pedirem por escrito, nas condições previs- primento dessas formalidades ser oposta, pela companhia
tas no § 3° do artigo 124. ou por seus acionistas, a terceiros de boa-fé.
§ 3° Os documentos referidos neste artigo, à exceção dos § 2° Aplica-se aos atos de reforma do estatuto o disposto no
constantes dos incisos IV e V, serão publicados até 5 (cin- artigo 97 e seus §§ 1° e 2° e no artigo 98 e seu § 1°.
co) dias, pelo menos, antes da data marcada para a realiza- § 3° Os documentos pertinentes à matéria a ser debatida na
ção da assembléia-geral. (Redação dada pela Lei n° assembléia-geral extraordinária deverão ser postos à dispo-
10.303, de 31.10.2001). sição dos acionistas, na sede da companhia, por ocasião da
§ 4° A assembléia-geral que reunir a totalidade dos acionis- publicação do primeiro anúncio de convocação da assem-
tas poderá considerar sanada a falta de publicação dos bléia-geral. (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
anúncios ou a inobservância dos prazos referidos neste “Quorum” Qualificado
artigo; mas é obrigatória a publicação dos documentos an- Art. 136. É necessária a aprovação de acionistas que re-
tes da realização da assembléia. presentem metade, no mínimo, das ações com direito a
§ 5° A publicação dos anúncios é dispensada quando os voto, se maior quorum não for exigido pelo estatuto da com-
documentos a que se refere este artigo são publicados até 1 panhia cujas ações não estejam admitidas à negociação em
(um) mês antes da data marcada para a realização da as- bolsa ou no mercado de balcão, para deliberação sobre:
sembléia-geral ordinária. (Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
Procedimento I - criação de ações preferenciais ou aumento de classe de
Art. 134. Instalada a assembléia-geral, proceder-se-á, se ações preferenciais existentes, sem guardar proporção com
requerida por qualquer acionista, à leitura dos documentos as demais classes de ações preferenciais, salvo se já pre-
referidos no artigo 133 e do parecer do Conselho Fiscal, se vistos ou autorizados pelo estatuto; (Redação dada pela Lei
houver, os quais serão submetidos pela mesa à discussão e n° 10.303, de 31.10.2001).
votação. II - alteração nas preferências, vantagens e condições de
§ 1° Os administradores da companhia, ou ao menos um resgate ou amortização de uma ou mais classes de ações
deles, e o auditor independente, se houver, deverão estar preferenciais, ou criação de nova classe mais favorecida;
(Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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III - redução do dividendo obrigatório; (Redação dada pela rem menos da metade da espécie ou classe de ação; (Re-
Lei n° 9.457, de 5.5.1997). dação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
IV - fusão da companhia, ou sua incorporação em outra; III - no caso do inciso IX do art. 136, somente haverá direito
(Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). de retirada se a cisão implicar: (Redação dada pela Lei n°
V - participação em grupo de sociedades (art. 265); (Reda- 10.303, de 31.10.2001).
ção dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). a) mudança do objeto social, salvo quando o patrimônio
VI - mudança do objeto da companhia; (Redação dada pela cindido for vertido para sociedade cuja atividade preponde-
Lei n° 9.457, de 5.5.1997). rante coincida com a decorrente do objeto social da socie-
VII - cessação do estado de liquidação da companhia; (Re- dade cindida; (Inlcluída pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
dação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). b) redução do dividendo obrigatório; ou (Inlcluída pela Lei n°
VIII - criação de partes beneficiárias; (Redação dada pela 10.303, de 31.10.2001).
Lei n° 9.457, de 5.5.1997). c) participação em grupo de sociedades; (Inlcluída pela Lei
IX - cisão da companhia; (Incluído pela Lei n° 9.457, de n° 10.303, de 31.10.2001).
5.5.1997). IV - o reembolso da ação deve ser reclamado à companhia
X - dissolução da companhia. (Incluído pela Lei n° 9.457, de no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da ata da
5.5.1997). assembléia-geral; (Redação dada pela Lei n° 10.303, de
§ 1° Nos casos dos incisos I e II, a eficácia da deliberação 31.10.2001).
depende de prévia aprovação ou da ratificação, em prazo V - o prazo para o dissidente de deliberação de assembléia
improrrogável de um ano, por titulares de mais da metade especial (art. 136, § 1º) será contado da publicação da res-
de cada classe de ações preferenciais prejudicadas, reuni- pectiva ata; (Redação dada pela Lei n° 10.303, de
dos em assembléia especial convocada pelos administrado- 31.10.2001).
res e instalada com as formalidades desta Lei. (Redação VI - o pagamento do reembolso somente poderá ser exigido
dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). após a observância do disposto no § 3º e, se for o caso, da
§ 2° A Comissão de Valores Mobiliários pode autorizar a ratificação da deliberação pela assembléia-geral. (Incluído
redução do quorum previsto neste artigo no caso de com- pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
panhia aberta com a propriedade das ações dispersa no § 1° O acionista dissidente de deliberação da assembléia,
mercado, e cujas 3 (três) últimas assembléias tenham sido inclusive o titular de ações preferenciais sem direito de voto,
realizadas com a presença de acionistas representando poderá exercer o direito de reembolso das ações de que,
menos da metade das ações com direito a voto. Neste caso, comprovadamente, era titular na data da primeira publica-
a autorização da Comissão de Valores Mobiliários será ção do edital de convocação da assembléia, ou na data da
mencionada nos avisos de convocação e a deliberação com comunicação do fato relevante objeto da deliberação, se
quorum reduzido somente poderá ser adotada em terceira anterior. (Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
convocação. § 2° O direito de reembolso poderá ser exercido no prazo
§ 3° O disposto no § 2° deste artigo aplica-se também às previsto nos incisos IV ou V do caput deste artigo, conforme
assembléias especiais de acionistas preferenciais de que o caso, ainda que o titular das ações tenha se abstido de
trata o § 1º. (Redação dada pela Lei n° 10.303, de votar contra a deliberação ou não tenha comparecido à
31.10.2001). assembléia. (Redação dada pela Lei n° 10.303, de
§ 4° Deverá constar da ata da assembléia-geral que delibe- 31.10.2001).
rar sobre as matérias dos incisos I e II, se não houver prévia § 3° Nos 10 (dez) dias subseqüentes ao término do prazo
aprovação, que a deliberação só terá eficácia após a sua de que tratam os incisos IV e V do caput deste artigo, con-
ratificação pela assembléia especial prevista no § 1º (Reda- forme o caso, contado da publicação da ata da assembléia-
ção dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). geral ou da assembléia especial que ratificar a deliberação,
é facultado aos órgãos da administração convocar a as-
Direito de Retirada
sembléia-geral para ratificar ou reconsiderar a deliberação,
Art. 137. A aprovação das matérias previstas nos incisos I a se entenderem que o pagamento do preço do reembolso
VI e IX do art. 136 dá ao acionista dissidente o direito de das ações aos acionistas dissidentes que exerceram o direi-
retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor das to de retirada porá em risco a estabilidade financeira da
suas ações (art. 45), observadas as seguintes normas: (Re- empresa. (Redação dada pela Lei n° 10.303, de
dação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). 31.10.2001).
I - nos casos dos incisos I e II do art. 136, somente terá § 4° Decairá do direito de retirada o acionista que não o
direito de retirada o titular de ações de espécie ou classe exercer no prazo fixado. (Incluído pela Lei n° 9.457, de
prejudicadas; (Incluído pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). 5.5.1997).
II - nos casos dos incisos IV e V do art. 136, não terá direito CAPÍTULO XII CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E DIRETORIA
de retirada o titular de ação de espécie ou classe que tenha
liquidez e dispersão no mercado, considerando-se haver: Administração da Companhia
(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). Art. 138. A administração da companhia competirá, confor-
a) liquidez, quando a espécie ou classe de ação, ou certifi- me dispuser o estatuto, ao conselho de administração e à
cado que a represente, integre índice geral representativo diretoria, ou somente à diretoria.
de carteira de valores mobiliários admitido à negociação no § 1° O conselho de administração é órgão de deliberação
mercado de valores mobiliários, no Brasil ou no exterior, colegiada, sendo a representação da companhia privativa
definido pela Comissão de Valores Mobiliários; e (Redação dos diretores.
dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). § 2° As companhias abertas e as de capital autorizado te-
b) dispersão, quando o acionista controlador, a sociedade rão, obrigatoriamente, Conselho de Administração.
controladora ou outras sociedades sob seu controle detive-

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Art. 139. As atribuições e poderes conferidos por lei aos houverem exercido o direito previsto no estatuto, em con-
órgãos de administração não podem ser outorgados a outro formidade com o art. 18. (Incluído pela Lei n° 10.303, de
órgão, criado por lei ou pelo estatuto. 31.10.2001).
Seção I Conselho de Administração § 5° Verificando-se que nem os titulares de ações com direi-
Composição to a voto e nem os titulares de ações preferenciais sem
direito a voto ou com voto restrito perfizeram, respectiva-
Art. 140. O Conselho de Administração será composto por, mente, o quorum exigido nos incisos I e II do § 4º, ser-lhes-á
no mínimo, 3 (três) membros, eleitos pela assembléia-geral facultado agregar suas ações para elegerem em conjunto
e por ela destituíveis a qualquer tempo, devendo o estatuto um membro e seu suplente para o conselho de administra-
estabelecer: ção, observando-se, nessa hipótese, o quorum exigido pelo
I - o número de conselheiros, ou o máximo e mínimo permi- inciso II do § 4º. (Incluído pela Lei n° 10.303, de
tidos, e o processo de escolha e substituição do presidente 31.10.2001).
do conselho pela assembléia ou pelo próprio conselho; (Re- § 6° Somente poderão exercer o direito previsto no § 4° os
dação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). acionistas que comprovarem a titularidade ininterrupta da
II - o modo de substituição dos conselheiros; participação acionária ali exigida durante o período de 3
III - o prazo de gestão, que não poderá ser superior a 3 (três) meses, no mínimo, imediatamente anterior à realiza-
(três) anos, permitida a reeleição; ção da assembléia-geral. (Incluído pela Lei n° 10.303, de
IV - as normas sobre convocação, instalação e funciona- 31.10.2001).
mento do conselho, que deliberará por maioria de votos, § 7° Sempre que, cumulativamente, a eleição do conselho
podendo o estatuto estabelecer quorum qualificado para de administração se der pelo sistema do voto múltiplo e os
certas deliberações, desde que especifique as matérias. titulares de ações ordinárias ou preferenciais exercerem a
(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). prerrogativa de eleger conselheiro, será assegurado a acio-
Parágrafo único. O estatuto poderá prever a participação nista ou grupo de acionistas vinculados por acordo de votos
no conselho de representantes dos empregados, escolhidos que detenham mais do que 50% (cinqüenta por cento) das
pelo voto destes, em eleição direta, organizada pela empre- ações com direito de voto o direito de eleger conselheiros
sa, em conjunto com as entidades sindicais que os repre- em número igual ao dos eleitos pelos demais acionistas,
sentem. (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). mais um, independentemente do número de conselheiros
Voto Múltiplo que, segundo o estatuto, componha o órgão. (Incluído pela
Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
Art. 141. Na eleição dos conselheiros, é facultado aos acio-
§ 8° A companhia deverá manter registro com a identifica-
nistas que representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) do ção dos acionistas que exercerem a prerrogativa a que se
capital social com direito a voto, esteja ou não previsto no refere o § 4º. (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
estatuto, requerer a adoção do processo de voto múltiplo,
atribuindo-se a cada ação tantos votos quantos sejam os Competência
membros do conselho, e reconhecido ao acionista o direito Art. 142. Compete ao conselho de administração:
de cumular os votos num só candidato ou distribuí-los entre I - fixar a orientação geral dos negócios da companhia;
vários. II - eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes
§ 1° A faculdade prevista neste artigo deverá ser exercida as atribuições, observado o que a respeito dispuser o esta-
pelos acionistas até 48 (quarenta e oito) horas antes da tuto;
assembléia-geral, cabendo à mesa que dirigir os trabalhos III - fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer
da assembléia informar previamente aos acionistas, à vista tempo, os livros e papéis da companhia, solicitar informa-
do “Livro de Presença”, o número de votos necessários para ções sobre contratos celebrados ou em via de celebração, e
a eleição de cada membro do conselho. quaisquer outros atos;
§ 2° Os cargos que, em virtude de empate, não forem pre- IV - convocar a assembléia-geral quando julgar conveniente,
enchidos, serão objeto de nova votação, pelo mesmo pro- ou no caso do artigo 132;
cesso, observado o disposto no § 1°, in fine. V - manifestar-se sobre o relatório da administração e as
§ 3° Sempre que a eleição tiver sido realizada por esse contas da diretoria;
processo, a destituição de qualquer membro do conselho de VI - manifestar-se previamente sobre atos ou contratos,
administração pela assembléia-geral importará destituição quando o estatuto assim o exigir;
dos demais membros, procedendo-se a nova eleição; nos
VII - deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a
demais casos de vaga, não havendo suplente, a primeira
emissão de ações ou de bônus de subscrição;
assembléia-geral procederá à nova eleição de todo o conse-
lho. VIII - autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a
alienação de bens do ativo permanente, a constituição de
§ 4° Terão direito de eleger e destituir um membro e seu
ônus reais e a prestação de garantias a obrigações de ter-
suplente do conselho de administração, em votação em
ceiros;
separado na assembléia-geral, excluído o acionista contro-
lador, a maioria dos titulares, respectivamente: (Redação IX - escolher e destituir os auditores independentes, se hou-
dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). ver.
I - de ações de emissão de companhia aberta com direito a § 1° Serão arquivadas no registro do comércio e publicadas
voto, que representem, pelo menos, 15% (quinze por cento) as atas das reuniões do conselho de administração que
do total das ações com direito a voto; e (Incluído pela Lei n° contiverem deliberação destinada a produzir efeitos perante
10.303, de 31.10.2001). terceiros. (Parágrafo Renumerado pela Lei n° 10.303, de
31.10.2001).
II - de ações preferenciais sem direito a voto ou com voto
restrito de emissão de companhia aberta, que representem, § 2° A escolha e a destituição do auditor independente fica-
no mínimo, 10% (dez por cento) do capital social, que não rá sujeita a veto, devidamente fundamentado, dos conse-

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lheiros eleitos na forma do art. 141, § 4º, se houver. (Incluí- § 1° São inelegíveis para os cargos de administração da
do pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). companhia as pessoas impedidas por lei especial, ou con-
Seção II Diretoria denadas por crime falimentar, de prevaricação, peita ou
suborno, concussão, peculato, contra a economia popular, a
Composição
fé pública ou a propriedade, ou a pena criminal que vede,
Art. 143. A Diretoria será composta por 2 (dois) ou mais ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos.
diretores, eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo Con- § 2° São ainda inelegíveis para os cargos de administração
selho de Administração, ou, se inexistente, pela assembléia- de companhia aberta as pessoas declaradas inabilitadas por
geral, devendo o estatuto estabelecer: ato da Comissão de Valores Mobiliários.
I - o número de diretores, ou o máximo e o mínimo permiti- § 3° O conselheiro deve ter reputação ilibada, não podendo
dos; ser eleito, salvo dispensa da assembléia-geral, aquele que:
II - o modo de sua substituição; (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
III - o prazo de gestão, que não será superior a 3 (três) a- I - ocupar cargos em sociedades que possam ser conside-
nos, permitida a reeleição; radas concorrentes no mercado, em especial, em conselhos
IV - as atribuições e poderes de cada diretor. consultivos, de administração ou fiscal; e (Incluído pela Lei
§ 1° Os membros do conselho de administração, até o má- n° 10.303, de 31.10.2001).
ximo de 1/3 (um terço), poderão ser eleitos para cargos de II - tiver interesse conflitante com a sociedade. (Incluído pela
diretores. Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
§ 2° O estatuto pode estabelecer que determinadas deci- § 4° A comprovação do cumprimento das condições previs-
sões, de competência dos diretores, sejam tomadas em tas no § 3° será efetuada por meio de declaração firmada
reunião da diretoria. pelo conselheiro eleito nos termos definidos pela Comissão
Representação de Valores Mobiliários, com vistas ao disposto nos arts. 145
e 159, sob as penas da lei. (Incluído pela Lei n° 10.303, de
Art. 144. No silêncio do estatuto e inexistindo deliberação
31.10.2001).
do conselho de administração (artigo 142, n° II e parágrafo
único), competirão a qualquer diretor a representação da Garantia da Gestão
companhia e a prática dos atos necessários ao seu funcio- Art. 148. O estatuto pode estabelecer que o exercício do
namento regular. cargo de administrador deva ser assegurado, pelo titular ou
Parágrafo único. Nos limites de suas atribuições e pode- por terceiro, mediante penhor de ações da companhia ou
res, é lícito aos diretores constituir mandatários da compa- outra garantia.
nhia, devendo ser especificados no instrumento os atos ou Parágrafo único. A garantia só será levantada após apro-
operações que poderão praticar e a duração do mandato, vação das últimas contas apresentadas pelo administrador
que, no caso de mandato judicial, poderá ser por prazo que houver deixado o cargo.
indeterminado.
Investidura
Seção III Administradores
Art. 149. Os conselheiros e diretores serão investidos nos
Normas Comuns seus cargos mediante assinatura de termo de posse no livro
Art. 145. As normas relativas a requisitos, impedimentos, de atas do conselho de administração ou da diretoria, con-
investidura, remuneração, deveres e responsabilidade dos forme o caso.
administradores aplicam-se a conselheiros e diretores. § 1° Se o termo não for assinado nos 30 (trinta) dias seguin-
Requisitos e Impedimentos tes à nomeação, esta tornar-se-á sem efeito, salvo justifica-
ção aceita pelo órgão da administração para o qual tiver
Art. 146. Poderão ser eleitos para membros dos órgãos de
sido eleito. (Parágrafo renumerado pela Lei n° 10.303, de
administração pessoas naturais, devendo os membros do 31.10.2001).
conselho de administração ser acionistas e os diretores
§ 2° O termo de posse deverá conter, sob pena de nulidade,
residentes no País, acionistas ou não. (Redação dada pela
a indicação de pelo menos um domicílio no qual o adminis-
Lei n° 10.194, de 14.2.2001).
trador receberá as citações e intimações em processos
§ 1° A ata da assembléia-geral ou da reunião do conselho administrativos e judiciais relativos a atos de sua gestão, as
de administração que eleger administradores deverá conter
quais reputar-se-ão cumpridas mediante entrega no domicí-
a qualificação e o prazo de gestão de cada um dos eleitos,
lio indicado, o qual somente poderá ser alterado mediante
devendo ser arquivada no registro do comércio e publicada. comunicação por escrito à companhia. (Incluído pela Lei n°
(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). 10.303, de 31.10.2001).
§ 2° A posse do conselheiro residente ou domiciliado no
exterior fica condicionada à constituição de representante Substituição e Término da Gestão
residente no País, com poderes para receber citação em Art. 150. No caso de vacância do cargo de conselheiro,
ações contra ele propostas com base na legislação societá- salvo disposição em contrário do estatuto, o substituto será
ria, mediante procuração com prazo de validade que deverá nomeado pelos conselheiros remanescentes e servirá até a
estender-se por, no mínimo, 3 (três) anos após o término do primeira assembléia-geral. Se ocorrer vacância da maioria
prazo de gestão do conselheiro. (Redação dada pela Lei n° dos cargos, a assembléia-geral será convocada para proce-
10.303, de 31.10.2001). der a nova eleição.
Art. 147. Quando a lei exigir certos requisitos para a investi- § 1° No caso de vacância de todos os cargos do conselho
dura em cargo de administração da companhia, a assem- de administração, compete à diretoria convocar a assem-
bléia-geral somente poderá eleger quem tenha exibido os bléia-geral.
necessários comprovantes, dos quais se arquivará cópia § 2° No caso de vacância de todos os cargos da diretoria,
autêntica na sede social. se a companhia não tiver conselho de administração, com-

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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pete ao conselho fiscal, se em funcionamento, ou a qual- § 3° As importâncias recebidas com infração ao disposto na
quer acionista, convocar a assembléia-geral, devendo o alínea c do § 2° pertencerão à companhia.
representante de maior número de ações praticar, até a § 4° O Conselho de Administração ou a diretoria podem
realização da assembléia, os atos urgentes de administra- autorizar a prática de atos gratuitos razoáveis em benefício
ção da companhia. dos empregados ou da comunidade de que participe a em-
§ 3° O substituto eleito para preencher cargo vago comple- presa, tendo em vista suas responsabilidades sociais.
tará o prazo de gestão do substituído. Dever de Lealdade
§ 4° O prazo de gestão do Conselho de Administração ou
da diretoria se estende até a investidura dos novos adminis- Art. 155. O administrador deve servir com lealdade à com-
tradores eleitos. panhia e manter reserva sobre os seus negócios, sendo-lhe
vedado:
Renúncia I - usar, em benefício próprio ou de outrem, com ou sem
Art. 151. A renúncia do administrador torna-se eficaz, em prejuízo para a companhia, as oportunidades comerciais de
relação à companhia, desde o momento em que lhe for que tenha conhecimento em razão do exercício de seu car-
entregue a comunicação escrita do renunciante, e em rela- go;
ção a terceiros de boa-fé, após arquivamento no registro de II - omitir-se no exercício ou proteção de direitos da compa-
comércio e publicação, que poderão ser promovidos pelo nhia ou, visando à obtenção de vantagens, para si ou para
renunciante. outrem, deixar de aproveitar oportunidades de negócio de
Remuneração interesse da companhia;
III - adquirir, para revender com lucro, bem ou direito que
Art. 152. A assembléia-geral fixará o montante global ou
sabe necessário à companhia, ou que esta tencione adqui-
individual da remuneração dos administradores, inclusive
rir.
benefícios de qualquer natureza e verbas de representação,
tendo em conta suas responsabilidades, o tempo dedicado § 1° Cumpre, ademais, ao administrador de companhia
às suas funções, sua competência e reputação profissional aberta, guardar sigilo sobre qualquer informação que ainda
e o valor dos seus serviços no mercado. (Redação dada não tenha sido divulgada para conhecimento do mercado,
pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). obtida em razão do cargo e capaz de influir de modo ponde-
rável na cotação de valores mobiliários, sendo-lhe vedado
§ 1° O estatuto da companhia que fixar o dividendo obriga-
valer-se da informação para obter, para si ou para outrem,
tório em 25% (vinte e cinco por cento) ou mais do lucro
vantagem mediante compra ou venda de valores mobiliá-
líquido, pode atribuir aos administradores participação no
rios.
lucro da companhia, desde que o seu total não ultrapasse a
remuneração anual dos administradores nem 0,1 (um déci- § 2° O administrador deve zelar para que a violação do
mo) dos lucros (artigo 190), prevalecendo o limite que for disposto no § 1° não possa ocorrer através de subordinados
menor. ou terceiros de sua confiança.
§ 2° Os administradores somente farão jus à participação § 3° A pessoa prejudicada em compra e venda de valores
nos lucros do exercício social em relação ao qual for atribuí- mobiliários, contratada com infração do disposto nos §§ 1° e
do aos acionistas o dividendo obrigatório, de que trata o 2°, tem direito de haver do infrator indenização por perdas e
artigo 22. danos, a menos que ao contratar já conhecesse a informa-
ção.
Seção IV Deveres e Responsabilidades
§ 4° É vedada a utilização de informação relevante ainda
Dever de Diligência não divulgada, por qualquer pessoa que a ela tenha tido
Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no acesso, com a finalidade de auferir vantagem, para si ou
exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo para outrem, no mercado de valores mobiliários. (Incluído
homem ativo e probo costuma empregar na administração pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
dos seus próprios negócios. Conflito de Interesses
Finalidade das Atribuições e Desvio de Poder Art. 156. É vedado ao administrador intervir em qualquer
Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a operação social em que tiver interesse conflitante com o da
lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interes- companhia, bem como na deliberação que a respeito toma-
se da companhia, satisfeitas as exigências do bem público e rem os demais administradores, cumprindo-lhe cientificá-los
da função social da empresa. do seu impedimento e fazer consignar, em ata de reunião
§ 1° O administrador eleito por grupo ou classe de acionis- do conselho de administração ou da diretoria, a natureza e
tas tem, para com a companhia, os mesmos deveres que os extensão do seu interesse.
demais, não podendo, ainda que para defesa do interesse § 1° Ainda que observado o disposto neste artigo, o admi-
dos que o elegeram, faltar a esses deveres. nistrador somente pode contratar com a companhia em
§ 2° É vedado ao administrador: condições razoáveis ou eqüitativas, idênticas às que preva-
a) praticar ato de liberalidade à custa da companhia; lecem no mercado ou em que a companhia contrataria com
b) sem prévia autorização da assembléia-geral ou do Con- terceiros.
selho de Administração, tomar por empréstimo recursos ou § 2° O negócio contratado com infração do disposto no § 1°
bens da companhia, ou usar, em proveito próprio, de socie- é anulável, e o administrador interessado será obrigado a
dade em que tenha interesse, ou de terceiros, os seus bens, transferir para a companhia as vantagens que dele tiver
serviços ou crédito; auferido.
c) receber de terceiros, sem autorização estatutária ou da Dever de Informar
assembléia-geral, qualquer modalidade de vantagem pes- Art. 157. O administrador de companhia aberta deve decla-
soal, direta ou indireta, em razão do exercício de seu cargo. rar, ao firmar o termo de posse, o número de ações, bônus

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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de subscrição, opções de compra de ações e debêntures § 1° O administrador não é responsável por atos ilícitos de
conversíveis em ações, de emissão da companhia e de outros administradores, salvo se com eles for conivente, se
sociedades controladas ou do mesmo grupo, de que seja negligenciar em descobri-los ou se, deles tendo conheci-
titular. mento, deixar de agir para impedir a sua prática. Exime-se
§ 1° O administrador de companhia aberta é obrigado a de responsabilidade o administrador dissidente que faça
revelar à assembléia-geral ordinária, a pedido de acionistas consignar sua divergência em ata de reunião do órgão de
que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital administração ou, não sendo possível, dela dê ciência ime-
social: diata e por escrito ao órgão da administração, no conselho
a) o número dos valores mobiliários de emissão da compa- fiscal, se em funcionamento, ou à assembléia-geral.
nhia ou de sociedades controladas, ou do mesmo grupo, § 2° Os administradores são solidariamente responsáveis
que tiver adquirido ou alienado, diretamente ou através de pelos prejuízos causados em virtude do não cumprimento
outras pessoas, no exercício anterior; dos deveres impostos por lei para assegurar o funcionamen-
b) as opções de compra de ações que tiver contratado ou to normal da companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deve-
exercido no exercício anterior; res não caibam a todos eles.
c) os benefícios ou vantagens, indiretas ou complementa- § 3° Nas companhias abertas, a responsabilidade de que
res, que tenha recebido ou esteja recebendo da companhia trata o § 2° ficará restrita, ressalvado o disposto no § 4°, aos
e de sociedades coligadas, controladas ou do mesmo gru- administradores que, por disposição do estatuto, tenham
po; atribuição específica de dar cumprimento àqueles deveres.
d) as condições dos contratos de trabalho que tenham sido § 4° O administrador que, tendo conhecimento do não cum-
firmados pela companhia com os diretores e empregados de primento desses deveres por seu predecessor, ou pelo ad-
alto nível; ministrador competente nos termos do § 3°, deixar de co-
e) quaisquer atos ou fatos relevantes nas atividades da municar o fato a assembléia-geral, tornar-se-á por ele soli-
companhia. dariamente responsável.
§ 2° Os esclarecimentos prestados pelo administrador pode- § 5° Responderá solidariamente com o administrador quem,
rão, a pedido de qualquer acionista, ser reduzidos a escrito, com o fim de obter vantagem para si ou para outrem, con-
autenticados pela mesa da assembléia, e fornecidos por correr para a prática de ato com violação da lei ou do esta-
cópia aos solicitantes. tuto.
§ 3° A revelação dos atos ou fatos de que trata este artigo Ação de Responsabilidade
só poderá ser utilizada no legítimo interesse da companhia Art. 159. Compete à companhia, mediante prévia delibera-
ou do acionista, respondendo os solicitantes pelos abusos ção da assembléia-geral, a ação de responsa- bilidade civil
que praticarem. contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu
§ 4° Os administradores da companhia aberta são obriga- patrimônio.
dos a comunicar imediatamente à bolsa de valores e a di- § 1° A deliberação poderá ser tomada em assembléia-geral
vulgar pela imprensa qualquer deliberação da assembléia- ordinária e, se prevista na ordem do dia, ou for conseqüên-
geral ou dos órgãos de administração da companhia, ou fato cia direta de assunto nela incluído, em assembléia-geral
relevante ocorrido nos seus negócios, que possa influir, de extraordinária.
modo ponderável, na decisão dos investidores do mercado § 2° O administrador ou administradores contra os quais
de vender ou comprar valores mobiliários emitidos pela deva ser proposta ação ficarão impedidos e deverão ser
companhia. substituídos na mesma assembléia.
§ 5° Os administradores poderão recusar-se a prestar a § 3° Qualquer acionista poderá promover a ação, se não for
informação (§ 1°, alínea “e”), ou deixar de divulgá-la (§ 4°), proposta no prazo de 3 (três) meses da deliberação da as-
se entenderem que sua revelação porá em risco interesse sembléia-geral.
legítimo da companhia, cabendo à Comissão de Valores
§ 4° Se a assembléia deliberar não promover a ação, pode-
Mobiliários, a pedido dos administradores, de qualquer a-
rá ela ser proposta por acionistas que representem 5% (cin-
cionista, ou por iniciativa própria, decidir sobre a prestação
co por cento), pelo menos, do capital social.
de informação e responsabilizar os administradores, se for o
caso. § 5° Os resultados da ação promovida por acionista defe-
rem-se à companhia, mas esta deverá indenizá-lo, até o
§ 6° Os administradores da companhia aberta deverão in-
limite daqueles resultados, de todas as despesas em que
formar imediatamente, nos termos e na forma determinados
tiver incorrido, inclusive correção monetária e juros dos
pela Comissão de Valores Mobiliários, a esta e às bolsas de
dispêndios realizados.
valores ou entidades do mercado de balcão organizado nas
quais os valores mobiliários de emissão da companhia este- § 6° O juiz poderá reconhecer a exclusão da responsabili-
jam admitidos à negociação, as modificações em suas posi- dade do administrador, se convencido de que este agiu de
ções acionárias na companhia. (Incluído pela Lei n° 10.303, boa-fé e visando ao interesse da companhia.
de 31.10.2001). § 7° A ação prevista neste artigo não exclui a que couber ao
acionista ou terceiro diretamente prejudicado por ato de
Responsabilidade dos Administradores administrador.
Art. 158. O administrador não é pessoalmente responsável Órgãos Técnicos e Consultivos
pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em
virtude de ato regular de gestão; responde, porém, civilmen- Art. 160. As normas desta Seção aplicam-se aos membros
te, pelos prejuízos que causar, quando proceder: de quaisquer órgãos, criados pelo estatuto, com funções
I - dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou técnicas ou destinados a aconselhar os administradores.
dolo; CAPÍTULO XIII CONSELHO FISCAL
II - com violação da lei ou do estatuto. Composição e Funcionamento

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Art. 161. A companhia terá um Conselho Fiscal e o estatuto benefícios, verbas de representação e participação nos
disporá sobre seu funcionamento, de modo permanente ou lucros. (Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de Competência
acionistas.
Art. 163. Compete ao Conselho Fiscal:
§ 1° O Conselho Fiscal será composto de, no mínimo, 3
(três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, e suplentes em I - fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos
igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembléia- administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres
geral. legais e estatutários; (Redação dada pela Lei n° 10.303, de
§ 2° O Conselho Fiscal, quando o funcionamento não for 31.10.2001).
permanente, será instalado pela assembléia-geral a pedido II - opinar sobre o relatório anual da administração, fazendo
de acionistas que representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) constar do seu parecer as informações complementares que
das ações com direito a voto, ou 5% (cinco por cento) das julgar necessárias ou úteis à deliberação da assembléia-
ações sem direito a voto, e cada período de seu funciona- geral;
mento terminará na primeira assembléia-geral ordinária III - opinar sobre as propostas dos órgãos da administração,
após a sua instalação. a serem submetidas à assembléia-geral, relativas a modifi-
§ 3° O pedido de funcionamento do Conselho Fiscal, ainda cação do capital social, emissão de debêntures ou bônus de
que a matéria não conste do anúncio de convocação, pode- subscrição, planos de investimento ou orçamentos de capi-
rá ser formulado em qualquer assembléia-geral, que elegerá tal, distribuição de dividendos, transformação, incorporação,
os seus membros. fusão ou cisão;
§ 4° Na constituição do Conselho Fiscal serão observadas IV - denunciar, por qualquer de seus membros, aos órgãos
as seguintes normas: de administração e, se estes não tomarem as providências
a) os titulares de ações preferenciais sem direito a voto, ou necessárias para a proteção dos interesses da companhia,
com voto restrito, terão direito de eleger, em votação em à assembléia-geral, os erros, fraudes ou crimes que desco-
separado, 1 (um) membro e respectivo suplente; igual direi- brirem, e sugerir providências úteis à companhia; (Redação
to terão os acionistas minoritários, desde que representem, dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
em conjunto, 10% (dez por cento) ou mais das ações com V - convocar a assembléia-geral ordinária, se os órgãos da
direito a voto; administração retardarem por mais de 1 (um) mês essa
b) ressalvado o disposto na alínea anterior, os demais acio- convocação, e a extraordinária, sempre que ocorrerem mo-
nistas com direito a voto poderão eleger os membros efeti- tivos graves ou urgentes, incluindo na agenda das assem-
vos e suplentes que, em qualquer caso, serão em número bléias as matérias que considerarem necessárias;
igual ao dos eleitos nos termos da alínea “a”, mais um. VI - analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e de-
§ 5° Os membros do conselho fiscal e seus suplentes exer- mais demonstrações financeiras elaboradas periodicamente
cerão seus cargos até a primeira assembléia-geral ordinária pela companhia;
que se realizar após a sua eleição, e poderão ser reeleitos. VII - examinar as demonstrações financeiras do exercício
§ 6° Os membros do Conselho Fiscal e seus suplentes e- social e sobre elas opinar;
xercerão seus cargos até a primeira assembléia-geral ordi- VIII - exercer essas atribuições, durante a liquidação, tendo
nária que se realizar após a sua eleição, e poderão ser ree- em vista as disposições especiais que a regulam.
leitos. (A Lei 10.303, de 31.10.2001, deu a este parágrafo § 1° Os órgãos de administração são obrigados, através de
idêntica redação a do parágrafo anterior) comunicação por escrito, a colocar à disposição dos mem-
§ 7° A função de membro do Conselho Fiscal é indelegável. bros em exercício do Conselho Fiscal, dentro de 10 (dez)
(Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). dias, cópias das atas de suas reuniões e, dentro de 15
(quinze) dias do seu recebimento, cópias dos balancetes e
Requisitos, Impedimentos e Remuneração demais demonstrações financeiras elaboradas periodica-
Art. 162. Somente podem ser eleitos para o conselho fiscal mente e, quando houver, dos relatórios de execução de
pessoas naturais, residentes no País, diplomadas em curso orçamentos.
de nível universitário, ou que tenham exercido por prazo § 2° O Conselho Fiscal, a pedido de qualquer dos seus
mínimo de 3 (três) anos, cargo de administrador de empresa membros, solicitará aos órgãos de administração esclareci-
ou de conselheiro fiscal. mentos ou informações, desde que relativas à sua função
§ 1° Nas localidades em que não houver pessoas habilita- fiscalizadora, assim como a elaboração de demonstrações
das, em número suficiente, para o exercício da função, ca- financeiras ou contábeis especiais. (Redação dada pela Lei
berá ao juiz dispensar a companhia da satisfação dos requi- n° 10.303, de 31.10.2001).
sitos estabelecidos neste artigo. § 3° Os membros do Conselho Fiscal assistirão às reuniões
§ 2° Não podem ser eleitos para o Conselho Fiscal, além do Conselho de Administração, se houver, ou da diretoria,
das pessoas enumeradas nos parágrafos do artigo 147, em que se deliberar sobre os assuntos em que devam opi-
membros de órgãos de administração e empregados da nar (ns. II, III e VII).
companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo, § 4° Se a companhia tiver auditores independentes, o con-
e o cônjuge ou parente, até terceiro grau, de administrador selho fiscal, a pedido de qualquer de seus membros, poderá
da companhia. solicitar-lhes esclarecimentos ou informações, e a apuração
§ 3° A remuneração dos membros do Conselho Fiscal, além de fatos específicos. (Redação dada pela Lei n° 9.457, de
do reembolso, obrigatório, das despesas de locomoção e 5.5.1997).
estada necessárias ao desempenho da função, será fixada § 5° Se a companhia não tiver auditores independentes, o
pela assembléia-geral que os eleger, e não poderá ser infe- conselho fiscal poderá, para melhor desempenho das suas
rior, para cada membro em exercício, a dez por cento da funções, escolher contador ou firma de auditoria e fixar-lhes
que, em média, for atribuída a cada diretor, não computados os honorários, dentro de níveis razoáveis, vigentes na praça

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e compatíveis com a dimensão econômica da companhia, CAPÍTULO XIV MODIFICAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL
os quais serão pagos por esta. Seção I Aumento
§ 6° O Conselho Fiscal deverá fornecer ao acionista, ou
Competência
grupo de acionistas que representem, no mínimo 5% (cinco
por cento) do capital social, sempre que solicitadas, infor- Art. 166. O capital social pode ser aumentado:
mações sobre matérias de sua competência. I - por deliberação da assembléia-geral ordinária, para cor-
§ 7° As atribuições e poderes conferidos pela lei ao conse- reção da expressão monetária do seu valor (artigo 167);
lho fiscal não podem ser outorgados a outro órgão da com- II - por deliberação da assembléia-geral ou do Conselho de
panhia. Administração, observado o que a respeito dispuser o esta-
§ 8° O Conselho Fiscal poderá, para apurar fato cujo escla- tuto, nos casos de emissão de ações dentro do limite autori-
recimento seja necessário ao desempenho de suas funções, zado no estatuto (artigo 168);
formular, com justificativa, questões a serem respondidas III - por conversão, em ações, de debêntures ou partes be-
por perito e solicitar à diretoria que indique, para esse fim, neficiárias e pelo exercício de direitos conferidos por bônus
no prazo máximo de trinta dias, três peritos, que podem ser de subscrição, ou de opção de compra de ações;
pessoas físicas ou jurídicas, de notório conhecimento na IV - por deliberação da assembléia-geral extraordinária con-
área em questão, entre os quais o Conselho Fiscal escolhe- vocada para decidir sobre reforma do estatuto social, no
rá um, cujos honorários serão pagos pela companhia. (Inclu- caso de inexistir autorização de aumento, ou de estar a
ído pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). mesma esgotada.
Pareceres e Representações § 1° Dentro dos 30 (trinta) dias subseqüentes à efetivação
do aumento, a companhia requererá ao Registro do Comér-
Art. 164. Os membros do Conselho Fiscal, ou ao menos um
cio a sua averbação, nos casos dos números I a III, ou o
deles, deverão comparecer às reuniões da assembléia-geral
arquivamento da ata da assembléia de reforma do estatuto,
e responder aos pedidos de informações formulados pelos
no caso do número IV.
acionistas.
§ 2° O conselho fiscal, se em funcionamento, deverá, salvo
Parágrafo único. Os pareceres e representações do Con-
nos casos do número III, ser obrigatoriamente ouvido antes
selho Fiscal, ou de qualquer um de seus membros, poderão
da deliberação sobre o aumento de capital.
ser apresentados e lidos na assembléia-geral, independen-
temente de publicação e ainda que a matéria não conste da Correção Monetária Anual
ordem do dia. (Redação dada pela Lei n° 10.303, de Art. 167. A reserva de capital constituída por ocasião do
31.10.2001). balanço de encerramento do exercício social e resultante da
Deveres e Responsabilidades correção monetária do capital realizado (artigo 182, § 2°)
será capitalizada por deliberação da assembléia-geral ordi-
Art. 165. Os membros do conselho fiscal têm os mesmos
nária que aprovar o balanço.
deveres dos administradores de que tratam os arts. 153 a
§ 1° Na companhia aberta, a capitalização prevista neste
156 e respondem pelos danos resultantes de omissão no
cumprimento de seus deveres e de atos praticados com artigo será feita sem modificação do número de ações emi-
culpa ou dolo, ou com violação da lei ou do estatu- tidas e com aumento do valor nominal das ações, se for o
caso.
to.(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
§ 1° Os membros do Conselho Fiscal deverão exercer suas § 2° A companhia poderá deixar de capitalizar o saldo da
funções no exclusivo interesse da companhia; considerar- reserva correspondente às frações de centavo do valor
nominal das ações, ou, se não tiverem valor nominal, à
se-á abusivo o exercício da função com o fim de causar
fração inferior a 1% (um por cento) do capital social.
dano à companhia, ou aos seus acionistas ou administrado-
res, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que § 3° Se a companhia tiver ações com e sem valor nominal,
não faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a correção do capital correspondente às ações com valor
a companhia, seus acionistas ou administradores. (Redação nominal será feita separadamente, sendo a reserva resul-
dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). tante capitalizada em benefício dessas ações.
§ 2° O membro do Conselho Fiscal não é responsável pelos Capital Autorizado
atos ilícitos de outros membros, salvo se com eles foi coni- Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento
vente, ou se concorrer para a prática do ato. (Redação dada do capital social independentemente de reforma estatutária.
pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). § 1° A autorização deverá especificar:
§ 3° A responsabilidade dos membros do Conselho Fiscal a) o limite de aumento, em valor do capital ou em número
por omissão no cumprimento de seus deveres é solidária, de ações, e as espécies e classes das ações que poderão
mas dela se exime o membro dissidente que fizer consignar ser emitidas;
sua divergência em ata da reunião do órgão e a comunicar
b) o órgão competente para deliberar sobre as emissões,
aos órgãos da administração e à assembléia-geral.(Incluído
que poderá ser a assembléia-geral ou o Conselho de Admi-
pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
nistração;
Art. 165-A. Os membros do Conselho Fiscal da companhia
c) as condições a que estiverem sujeitas as emissões;
aberta deverão informar imediatamente as modificações em
d) os casos ou as condições em que os acionistas terão
suas posições acionárias na companhia à Comissão de
direito de preferência para subscrição, ou de inexistência
Valores Mobiliários e às Bolsas de Valores ou entidades do
desse direito (artigo 172).
mercado de balcão organizado nas quais os valores mobiliá-
rios de emissão da companhia estejam admitidos à negoci- § 2° O limite de autorização, quando fixado em valor do
ação, nas condições e na forma determinadas pela Comis- capital social, será anualmente corrigido pela assembléia-
são de Valores Mobiliários. (Incluído pela Lei n° 10.303, de geral ordinária, com base nos mesmos índices adotados na
31.10.2001). correção do capital social.

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§ 3° O estatuto pode prever que a companhia, dentro do § 7° A proposta de aumento do capital deverá esclarecer
limite de capital autorizado, e de acordo com plano aprova- qual o critério adotado, nos termos do § 1° deste artigo,
do pela assembléia-geral, outorgue opção de compra de justificando pormenorizada-mente os aspectos econômicos
ações a seus administradores ou empregados, ou a pesso- que determinaram a sua escolha. (Incluído pela Lei n°
as naturais que prestem serviços à companhia ou a socie- 9.457, de 5.5.1997).
dade sob seu controle. Direito de Preferência
Capitalização de Lucros e Reservas Art. 171. Na proporção do número de ações que possuírem,
Art. 169. O aumento mediante capitalização de lucros ou de os acionistas terão preferência para a subscrição do aumen-
reservas importará alteração do valor nominal das ações ou to de capital.
distribuições das ações novas, correspondentes ao aumen- § 1° Se o capital for dividido em ações de diversas espécies
to, entre acionistas, na proporção do número de ações que ou classes e o aumento for feito por emissão de mais de
possuírem. uma espécie ou classe, observar-se-ão as seguintes nor-
§ 1° Na companhia com ações sem valor nominal, a capita- mas:
lização de lucros ou de reservas poderá ser efetivada sem a) no caso de aumento, na mesma proporção, do número
modificação do número de ações. de ações de todas as espécies e classes existentes, cada
§ 2° Às ações distribuídas de acordo com este artigo se acionista exercerá o direito de preferência sobre ações idên-
estenderão, salvo cláusula em contrário dos instrumentos ticas às de que for possuidor;
que os tenham constituído, o usufruto, o fideicomisso, a b) se as ações emitidas forem de espécies e classes exis-
inaliena-bilidade e a incomunicabilidade que porventura tentes, mas importarem alteração das respectivas propor-
gravarem as ações de que elas forem derivadas. ções no capital social, a preferência será exercida sobre
§ 3° As ações que não puderem ser atribuídas por inteiro a ações de espécies e classes idênticas às de que forem
cada acionista serão vendidas em bolsa, dividindo-se o possuidores os acionistas, somente se estendendo às de-
produto da venda, proporcionalmente, pelos titulares das mais se aquelas forem insuficientes para lhes assegurar, no
frações; antes da venda, a companhia fixará prazo não infe- capital aumentado, a mesma proporção que tinham no capi-
rior a 30 (trinta) dias, durante o qual os acionistas poderão tal antes do aumento;
transferir as frações de ação. c) se houver emissão de ações de espécie ou classe diver-
Aumento Mediante Subscrição de Ações sa das existentes, cada acionista exercerá a preferência, na
proporção do número de ações que possuir, sobre ações de
Art. 170. Depois de realizados 3/4 (três quartos), no míni-
todas as espécies e classes do aumento.
mo, do capital social, a companhia pode aumentá-lo medi-
§ 2° No aumento mediante capitalização de créditos ou
ante subscrição pública ou particular de ações.
subscrição em bens, será sempre assegurado aos acionis-
§ 1° O preço de emissão deverá ser fixado, sem diluição tas o direito de preferência e, se for o caso, as importâncias
injustificada da participação dos antigos acionistas, ainda por eles pagas serão entregues ao titular do crédito a ser
que tenham direito de preferência para subscrevê-las, tendo capitalizado ou do bem a ser incorporado.
em vista, alternativa ou conjuntamente: (Redação dada pela
§ 3° Os acionistas terão direito de preferência para subscri-
Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
ção das emissões de debêntures conversíveis em ações,
I - a perspectiva de rentabilidade da companhia; (Incluído bônus de subscrição e partes beneficiárias conversíveis em
pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). ações emitidas para alienação onerosa; mas na conversão
II - o valor do patrimônio líquido da ação; (Incluído pela Lei desses títulos em ações, ou na outorga e no exercício de
n° 9.457, de 5.5.1997). opção de compra de ações, não haverá direito de preferên-
III - a cotação de suas ações em Bolsa de Valores ou no cia.
mercado de balcão organizado, admitido ágio ou deságio § 4° O estatuto ou a assembléia-geral fixará prazo de deca-
em função das condições do mercado. (Incluído pela Lei n° dência, não inferior a 30 (trinta) dias, para o exercício do
9.457, de 5.5.1997). direito de preferência.
§ 2° A assembléia-geral, quando for de sua competência § 5° No usufruto e no fideicomisso, o direito de preferência,
deliberar sobre o aumento, poderá delegar ao Conselho de quando não exercido pelo acionista até 10 (dez) dias antes
Administração a fixação do preço de emissão de ações a do vencimento do prazo, poderá sê-lo pelo usufrutuário ou
serem distribuídas no mercado. fideicomissário.
§ 3° A subscrição de ações para realização em bens será § 6° O acionista poderá ceder seu direito de preferência.
sempre procedida com observância do disposto no artigo § 7° Na companhia aberta, o órgão que deliberar sobre a
8°, e a ela se aplicará o disposto nos §§ 2° e 3° do artigo 98. emissão mediante subscrição particular deverá dispor sobre
§ 4° As entradas e as prestações da realização das ações as sobras de valores mobiliários não subscritos, podendo:
poderão ser recebidas pela companhia independentemente a) mandar vendê-las em Bolsa, em benefício da companhia;
de depósito bancário. ou
§ 5° No aumento de capital observar-se-á, se mediante b) rateá-las, na proporção dos valores subscritos, entre os
subscrição pública, o disposto no artigo 82, e se mediante acionistas que tiverem pedido, no boletim ou lista de subs-
subscrição particular, o que a respeito for deliberado pela crição, reserva de sobras; nesse caso, a condição constará
assembléia-geral ou pelo Conselho de Administração, con- dos boletins e listas de subscrição e o saldo não rateado
forme dispuser o estatuto. será vendido em Bolsa, nos termos da alínea anterior.
§ 6° Ao aumento de capital aplica-se, no que couber, o dis- § 8° Na companhia fechada, será obrigatório o rateio previs-
posto sobre a constituição da companhia, exceto na parte to na alínea “b” do § 7°, podendo o saldo, se houver, ser
final do § 2° do artigo 82. subscrito por terceiros, de acordo com os critérios estabele-

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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cidos pela assembléia-geral ou pelos órgãos da administra- Disposições Gerais
ção. Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará
Exclusão do Direito de Preferência elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia,
Art. 172. O estatuto da companhia aberta que contiver auto- as seguintes demonstrações financeiras, que deverão ex-
rização para o aumento do capital pode prever a emissão, primir com clareza a situação do patrimônio da companhia e
sem direito de preferência para os antigos acionistas, ou as mutações ocorridas no exercício:
com redução do prazo de que trata o § 4º do art. 171, de I - balanço patrimonial;
ações e debêntures conversíveis em ações, ou bônus de II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
subscrição, cuja colocação seja feita mediante: (Redação III - demonstração do resultado do exercício; e
dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). IV - demonstração das origens e aplicações de recursos.
I - venda em Bolsa de Valores ou subscrição pública; ou § 1° As demonstrações de cada exercício serão publicadas
II - permuta por ações, em oferta pública de aquisição de com a indicação dos valores correspondentes das demons-
controle, nos termos dos arts. 257 e 263. (Redação dada trações do exercício anterior.
pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). § 2° Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão
Parágrafo único. O estatuto da companhia, ainda que fe- ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados,
chada, pode excluir o direito de preferência para subscrição desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1
de ações nos termos de lei especial sobre incentivos fiscais. (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é
Seção II Redução vedada a utilização de designações genéricas, como “diver-
sas contas” ou “contas-correntes”.
Art. 173. A assembléia-geral poderá deliberar a redução do
capital social se houver perda, até o montante dos prejuízos § 3° As demonstrações financeiras registrarão a destinação
acumulados, ou se julgá-lo excessivo. dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administra-
ção, no pressuposto de sua aprovação pela assembléia-
§ 1° A proposta de redução do capital social, quando de
geral.
iniciativa dos administradores, não poderá ser submetida à
deliberação da assembléia-geral sem o parecer do conselho § 4° As demonstrações serão complementadas por notas
fiscal, se em funcionamento. explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações
contábeis necessários para esclarecimento da situação
§ 2° A partir da deliberação de redução ficarão suspensos
patrimonial e dos resultados do exercício.
os direitos correspondentes às ações cujos certificados
tenham sido emitidos, até que sejam apresentados à com- § 5° As notas deverão indicar:
panhia para substituição. a) Os principais critérios de avaliação dos elementos patri-
moniais, especialmente estoques, dos cálculos de deprecia-
Oposição dos Credores ção, amortização e exaustão, de constituição de provisões
Art. 174. Ressalvado o disposto nos artigos 45 e 107, a para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a per-
redução do capital social com restituição aos acionistas de das prováveis na realização de elementos do ativo;
parte do valor das ações, ou pela diminuição do valor des- b) os investimentos em outras sociedades, quando relevan-
tas, quando não integralizadas, à importância das entradas, tes (artigo 247, parágrafo único);
só se tornará efetiva 60 (sessenta) dias após a publicação c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de
da ata da assembléia-geral que a tiver deliberado. novas avaliações (artigo 182, § 3°);
§ 1° Durante o prazo previsto neste artigo, os credores qui- d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as
rografários por títulos anteriores à data da publicação da ata garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades
poderão, mediante notificação, de que se dará ciência ao eventuais ou contingentes;
Registro do Comércio da sede da companhia, opor-se à e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias
redução do capital; decairão desse direito os credores que o das obrigações a longo prazo;
não exercerem dentro do prazo. f) o número, espécies e classes das ações do capital social;
§ 2° Findo o prazo, a ata da assembléia-geral que houver g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas
deliberado à redução poderá ser arquivada se não tiver no exercício;
havido oposição ou, se tiver havido oposição de algum cre-
h) os ajustes de exercícios anteriores (artigo 186, § 1°);
dor, desde que feita a prova do pagamento do seu crédito
ou do depósito judicial da importância respectiva. i) os eventos subseqüentes à data de encerramento do
exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante
§ 3° Se houver em circulação debêntures emitidas pela
sobre a situação financeira e os resultados futuros da com-
companhia, a redução do capital, nos casos previstos neste
panhia.
artigo, não poderá ser efetivada sem prévia aprovação pela
maioria dos debenturistas, reunidos em assembléia especi- § 6° A companhia fechada, com patrimônio líquido, na data
al. do balanço, não superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de
reais) não será obrigada à elaboração e publicação da de-
CAPÍTULO XV EXERCÍCIO SOCIAL E DEMONSTRAÇÕES FINAN-
monstração das origens e aplicações de recursos. (Redação
CEIRAS
dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
Seção I Exercício Social
Escrituração
Art. 175. O exercício social terá duração de 1 (um) ano e a
data do término será fixada no estatuto. Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em
registros permanentes, com obediência aos preceitos da
Parágrafo único. Na constituição da companhia e nos ca-
legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabi-
sos de alteração estatutária o exercício social poderá ter
lidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou
duração diversa.
critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as muta-
Seção II Demonstrações Financeiras
ções patrimoniais segundo o regime de competência.

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§ 1° As demonstrações financeiras do exercício em que V - no ativo diferido: as aplicações de recursos em despe-
houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de sas que contribuirão para a formação do resultado de mais
efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e ressaltar de um exercício social, inclusive os juros pagos ou credita-
esses efeitos. dos aos acionistas durante o período que anteceder o início
§ 2° A companhia observará em registros auxiliares, sem das operações sociais.
modificação da escrituração mercantil e das demonstrações Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional
reguladas nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de da empresa tiver duração maior que o exercício social, a
legislação especial sobre a atividade que constitui seu obje- classificação no circulante ou longo prazo terá por base o
to, que prescrevam métodos ou critérios contábeis diferen- prazo desse ciclo.
tes ou determinem a elaboração de outras demonstrações Passivo Exigível
financeiras.
Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financia-
§ 3° As demonstrações financeiras das companhias abertas
observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de mentos para aquisição de direitos do ativo permanente,
Valores Mobiliários, e serão obrigatoriamente auditadas por serão classificadas no passivo circulante, quando se vence-
auditores independentes registrados na mesma Comissão. rem no exercício seguinte, e no passivo exigível a longo
prazo, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o
§ 4° As demonstrações financeiras serão assinadas pelos
disposto no parágrafo único do artigo 179.
administradores e por contabilistas legalmente habilitados.
Seção III Balanço Patrimonial Resultados de Exercícios Futuros
Grupo de Contas Art. 181. Serão classificadas como resultados de exercício
futuro as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segun- custos e despesas a elas correspondentes.
do os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas
de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação Patrimônio Líquido
financeira da companhia. Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante
§ 1° No ativo, as contas serão dispostas em ordem decres- subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada.
cente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, § 1° Serão classificadas como reservas de capital as contas
nos seguintes grupos: que registrarem:
a) ativo circulante; a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o
b) ativo realizável a longo prazo; valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem
c) ativo permanente, dividido em investimentos, ativo imobi- valor nominal que ultrapassar a importância destinada à
lizado e ativo diferido. formação do capital social, inclusive nos casos de conver-
§ 2° No passivo, as contas serão classificadas nos seguin- são em ações de debêntures ou partes beneficiárias;
tes grupos: b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de
a) passivo circulante; subscrição;
b) passivo exigível a longo prazo; c) o prêmio recebido na emissão de debêntures;
c) resultados de exercícios futuros; d) as doações e as subvenções para investimento.
d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de § 2° Será ainda registrado como reserva de capital o resul-
capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e lucros tado da correção monetária do capital realizado, enquanto
ou prejuízos acumulados. não-capitalizado.
§ 3° Os saldos devedores e credores que a companhia não § 3° Serão classificadas como reservas de reavaliação as
tiver direito de compensar serão classificados separada- contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a elementos
mente. do ativo em virtude de novas avaliações com base em laudo
nos termos do artigo 8°, aprovado pela assembléia-geral.
Ativo
§ 4° Serão classificados como reservas de lucros as contas
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: constituídas pela apropriação de lucros da companhia.
I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos reali- § 5° As ações em tesouraria deverão ser destacadas no
záveis no curso do exercício social subseqüente e as apli- balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que
cações de recursos em despesas do exercício seguinte; registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição.
II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis
Critérios de Avaliação do Ativo
após o término do exercício seguinte, assim como os deri-
vados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a socie- Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados
dades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acio- segundo os seguintes critérios:
nistas ou participantes no lucro da companhia, que não I - os direitos e títulos de crédito, e quaisquer valores mobili-
constituírem negócios usuais na exploração do objeto da ários não classificados como investimentos, pelo custo de
companhia; aquisição ou pelo valor do mercado, se este for menor; se-
III - em investimentos: as participações permanentes em rão excluídos os já prescritos e feitas as provisões adequa-
outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não das para ajustá-lo ao valor provável de realização, e será
classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à admitido o aumento do custo de aquisição, até o limite do
manutenção da atividade da companhia ou da empresa; valor do mercado, para registro de correção monetária,
IV - no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto variação cambial ou juros acrescidos;
bens destinados à manutenção das atividades da compa- II - os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produ-
nhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclu- tos do comércio da companhia, assim como matérias-
sive os de propriedade industrial ou comercial; primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado,

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pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão II - as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de
para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior; paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à
III - os investimentos em participação no capital social de taxa de câmbio em vigor na data do balanço;
outras sociedades, ressalvado o disposto nos artigos 248 a III - as obrigações sujeitas à correção monetária serão atua-
250, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para lizadas até a data do balanço.
perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa Correção Monetária
perda estiver comprovada como permanente, e que não
será modificado em razão do recebimento, sem custo para a Art. 185. (Revogado pela Lei n° 7.730, de 31.1.1989).
companhia, de ações ou quotas bonificadas; Seção IV Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumu-
IV - os demais investimentos, pelo custo de aquisição, de- lados
duzido de provisão para atender às perdas prováveis na Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos acumula-
realização do seu valor, ou para redução do custo de aqui- dos discriminará:
sição ao valor de mercado, quando este for inferior; I - o saldo do início do período, os ajustes de exercícios
V - os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de anteriores e a correção monetária do saldo inicial;
aquisição, deduzido do saldo da respectiva conta de depre- II - as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício;
ciação, amortização ou exaustão; III - as transferências para reservas, os dividendos, a parce-
VI - o ativo diferido, pelo valor do capital aplicado, deduzido la dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do
do saldo das contas que registrem a sua amortização. período.
§ 1° Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se § 1° Como ajustes de exercícios anteriores serão conside-
valor de mercado: rados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de
a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o pre- critério contábil, ou da retificação de erro imputável a deter-
ço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no minado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos
mercado; a fatos subseqüentes.
b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido § 2° A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados
de realização mediante venda no mercado, deduzidos os deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital
impostos e demais despesas necessárias para a venda, e a social e poderá ser incluída na demonstração das mutações
margem de lucro; do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela com-
c) dos investimentos, o valor líquido pelo qual possam ser panhia.
alienados a terceiros. Seção V Demonstração do Resultado do Exercício
§ 2° A diminuição de valor dos elementos do ativo imobili- Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discri-
zado será registrada periodicamente nas contas de: minará:
a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das
direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a desgaste vendas, os abatimentos e os impostos;
ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsoles- II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mer-
cência; cadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;
b) amortização, quando corresponder à perda do valor do III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras,
capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrati-
industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou vas, e outras despesas operacionais;
exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas
utilização por prazo legal ou contratualmente limitado; não operacionais; (Redação dada pela Lei n° 9.249, de
c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decor- 26.12.1995).
rente da sua exploração, de direitos cujo objeto sejam re- V - o resultado do exercício antes do Imposto de Renda e a
cursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa ex- provisão para o imposto;
ploração. VI - as participações de debêntures, empregados, adminis-
§ 3° Os recursos aplicados no ativo diferido serão amortiza- tradores e partes beneficiárias, e as contribuições para insti-
dos periodicamente, em prazo não superior a 10 (dez) anos, tuições ou fundos de assistência ou previdência de empre-
a partir do início da operação normal ou do exercício em gados;
que passem a ser usufruídos os benefícios deles decorren- VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montan-
tes, devendo ser registrada a perda do capital aplicado
te por ação do capital social.
quando abandonados os empreendimentos ou atividades a
§ 1° Na determinação do resultado do exercício serão com-
que se destinavam, ou comprovado que essas atividades
putados:
não poderão produzir resultados suficientes para amortizá-
los. a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, inde-
pendentemente da sua realização em moeda; e
§ 4° Os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à
venda poderão ser avaliados pelo valor de mercado, quando b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incor-
esse for o costume mercantil aceito pela técnica contábil. ridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos.
§ 2° O aumento do valor de elementos do ativo em virtude
Critérios de Avaliação do Passivo de novas avaliações, registrados como reserva de reavalia-
Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão avali- ção (artigo 182, § 3°), somente depois de realizado poderá
ados de acordo com os seguintes critérios: ser computado como lucro para efeito de distribuição de
I - as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculá- dividendos ou participações.
veis, inclusive Imposto sobre de Renda a pagar com base Seção VI Demonstração das Origens e Aplicações de
no resultado do exercício, serão computados pelo valor Recursos
atualizado até a data do balanço;

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Art. 188. A demonstração das origens e aplicações de re- § 1° A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal
cursos indicará as modificações na posição financeira da no exercício em que o saldo dessa reserva, acrescido do
companhia, discriminando: montante das reservas de capital de que trata o § 1° do
I - as origens dos recursos, agrupadas em: artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital so-
a) lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortiza- cial.
ção ou exaustão e ajustado pela variação nos resultados de § 2° A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do
exercícios futuros; capital social e somente poderá ser utilizada para compen-
b) realização do capital social e contribuições para reservas sar prejuízos ou aumentar o capital.
de capital; Reservas Estatutárias
c) recursos de terceiros, originários do aumento do passivo Art. 194. O estatuto poderá criar reservas desde que, para
exigível a longo prazo, da redução do ativo realizável a lon- cada uma:
go prazo e da alienação de investimentos e direitos do ativo
I - indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade;
imobilizado.
II - fixe os critérios para determinar a parcela anual dos
II - as aplicações de recursos, agrupadas em:
lucros líquidos que serão destinados à sua constituição; e
a) dividendos distribuídos;
III - estabeleça o limite máximo da reserva.
b) aquisição de direitos do ativo imobilizado;
c) aumento do ativo realizável a longo prazo, dos investi- Reservas para Contingências
mentos e do ativo diferido; Art. 195. A assembléia-geral poderá, por proposta dos ór-
d) redução do passivo exigível a longo prazo. gãos da administração, destinar parte do lucro líquido à
III - o excesso ou insuficiência das origens de recursos em formação de reserva com a finalidade de compensar, em
relação às aplicações, representando aumento ou redução exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda
do capital circulante líquido; julgada provável, cujo valor possa ser estimado.
IV - os saldos, no início e no fim do exercício, do ativo e § 1° A proposta dos órgãos da administração deverá indicar
passivo circulantes, o montante do capital circulante líquido a causa da perda prevista e justificar, com as razões de
e o seu aumento ou redução durante o exercício. prudência que a recomendem, a constituição da reserva.
CAPÍTULO XVI LUCROS, RESERVAS E DIVIDENDOS § 2° A reserva será revertida no exercício em que deixarem
de existir as razões que justificaram a sua constituição ou
Seção I Lucro
em que ocorrer a perda.
Dedução de Prejuízos e Imposto sobre a Renda
Retenção de Lucros
Art. 189. Do resultado do exercício serão deduzidos, antes
Art. 196. A assembléia-geral poderá, por proposta dos ór-
de qualquer participação, os prejuízos acumulados e a pro-
gãos da administração, deliberar reter parcela do lucro líqui-
visão para o Imposto sobre a Renda.
do do exercício prevista em orçamento de capital por ela
Parágrafo único. O prejuízo do exercício será obrigatoria-
previamente aprovado.
mente absorvido pelos lucros acumulados, pelas reservas
§ 1° O orçamento, submetido pelos órgãos da administra-
de lucros e pela reserva legal, nessa ordem.
ção com a justificação da retenção de lucros proposta, de-
Participações verá compreender todas as fontes de recursos e aplicações
Art. 190. As participações estatutárias de empregados, de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a duração de até 5
administradores e partes beneficiárias serão determinadas, (cinco) exercícios, salvo no caso de execução, por prazo
sucessivamente e nessa ordem, com base nos lucros que maior, de projeto de investimento.
remanescerem depois de deduzida a participação anterior- § 2° O orçamento poderá ser aprovado pela assembléia-
mente calculada. geral ordinária que deliberar sobre o balanço do exercício e
Parágrafo único. Aplica-se ao pagamento das participa- revisado anualmente, quando tiver duração superior a um
ções dos administradores e das partes beneficiárias o dis- exercício social. (Redação dada pela Lei n° 10.303, de
posto nos parágrafos do art. 201. 31.10.2001).
Lucro Líquido Reserva de Lucros a Realizar
Art. 191. Lucro líquido do exercício é o resultado do exercí- Art. 197. No exercício em que o montante do dividendo
cio que remanes-cer depois de deduzidas as participações obrigatório, calculado nos termos do estatuto ou do art. 202,
de que trata o artigo 190. ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido do exercício,
a assembléia-geral poderá, por proposta dos órgãos de
Proposta de Destinação do Lucro
administração, destinar o excesso à constituição de reserva
Art. 192. Juntamente com as demonstrações financeiras do de lucros a realizar. (Redação dada pela Lei n° 10.303, de
exercício, os órgãos da administração da companhia apre- 31.10.2001).
sentarão à assembléia-geral ordinária, observado o disposto § 1° Para os efeitos deste artigo, considera-se realizada a
nos artigos 193 a 203 e no estatuto, proposta sobre a desti- parcela do lucro líquido do exercício que exceder da soma
nação a ser dada ao lucro líquido do exercício. dos seguintes valores: (Redação dada pela Lei n° 10.303,
Seção II Reservas e Retenção de Lucros de 31.10.2001).
Reserva Legal I - o resultado líquido positivo da equivalência patrimonial
Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cento) (art. 248); e (Redação dada pela Lei n° 10.303, de
31.10.2001).
serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, na
constituição da reserva legal, que não excederá de 20% II - o lucro, ganho ou rendimento em operações cujo prazo
(vinte por cento) do capital social. de realização financeira ocorra após o término do exercício

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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social seguinte. (Redação dada pela Lei n° 10.303, de b) importância destinada à formação da reserva para con-
31.10.2001). tingências (art. 195) e reversão da mesma reserva formada
§ 2° A reserva de lucros a realizar somente poderá ser utili- em exercícios anteriores; (Inlcluída pela Lei n° 10.303, de
zada para pagamento do dividendo obrigatório e, para efeito 31.10.2001).
do inciso III do art. 202, serão considerados como integran- II - o pagamento do dividendo determinado nos termos do
tes da reserva os lucros a realizar de cada exercício que inciso I poderá ser limitado ao montante do lucro líquido do
forem os primeiros a serem realizados em dinheiro. (Reda- exercício que tiver sido realizado, desde que a diferença
ção dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). seja registrada como reserva de lucros a realizar (art. 197);
Art. 198. A destinação dos lucros para constituição das (Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
reservas de que trata o artigo 194 e a retenção nos termos III - os lucros registrados na reserva de lucros a realizar,
do artigo 196 não poderão ser aprovadas, em cada exercí- quando realizados e se não tiverem sido absorvidos por
cio, em prejuízo da distribuição do dividendo obrigatório prejuízos em exercícios subseqüentes, deverão ser acresci-
(artigo 202). dos ao primeiro dividendo declarado após a realização.
Limite do Saldo das Reservas de Lucros (Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
§ 1° O estatuto poderá estabelecer o dividendo como por-
Art. 199. O saldo das reservas de lucros, exceto as para centagem do lucro ou do capital social, ou fixar outros crité-
contingências e de lucros a realizar, não poderá ultrapassar rios para determiná-lo, desde que sejam regulados com
o capital social; atingido esse limite, a assembléia deliberará precisão e minúcia e não sujeitem os acionistas minoritários
sobre a aplicação do excesso na integralização ou no au- ao arbítrio dos órgãos de administração ou da maioria.
mento do capital social, ou na distribuição de dividendos.
§ 2° Quando o estatuto for omisso e a assembléia-geral
Reserva de Capital deliberar alterá-lo para introduzir norma sobre a matéria, o
Art. 200. As reservas de capital somente poderão ser utili- dividendo obrigatório não poderá ser inferior a 25% (vinte e
zadas para: cinco por cento) do lucro líquido ajustado nos termos do
I - absorção de prejuízos que ultrapassarem os lucros acu- inciso I deste artigo. (Redação dada pela Lei n° 10.303, de
mulados e as reservas de lucros (artigo 189, parágrafo úni- 31.10.2001).
co); § 3° A assembléia-geral pode, desde que não haja oposição
II - resgate, reembolso ou compra de ações; de qualquer acionista presente, deliberar a distribuição de
III - resgate de partes beneficiárias; dividendo inferior ao obrigatório, nos termos deste artigo, ou
a retenção de todo o lucro líquido, nas seguintes socieda-
IV - incorporação ao capital social;
des: (Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
V - pagamento de dividendo a ações preferenciais, quando
I - companhias abertas exclusivamente para a captação de
essa vantagem lhes for assegurada (artigo 17, § 5°).
recursos por debêntures não conversíveis em ações; (Inclu-
Parágrafo único. A reserva constituída com o produto da
ído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
venda de partes beneficiárias poderá ser destinada ao res-
II - companhias fechadas, exceto nas controladas por com-
gate desses títulos.
panhias abertas que não se enquadrem na condição previs-
Seção III Dividendos
ta no inciso I. (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
Origem § 4° O dividendo previsto neste artigo não será obrigatório
Art. 201. A companhia somente pode pagar dividendos à no exercício social em que os órgãos da administração in-
conta de lucro líquido do exercício, de lucros acumulados e formarem à assembléia-geral ordinária ser ele incompatível
de reserva de lucros; e à conta de reserva de capital, no com a situação financeira da companhia. O conselho fiscal,
caso das ações preferenciais de que trata o § 5° do artigo se em funcionamento, deverá dar parecer sobre essa infor-
17. mação e, na companhia aberta, seus administradores en-
§ 1° A distribuição de dividendos com inobservância do caminharão à Comissão de Valores Mobiliários, dentro de 5
disposto neste artigo implica responsabilidade solidária dos (cinco) dias da realização da assembléia-geral, exposição
administradores e fiscais, que deverão repor à caixa social a justificativa da informação transmitida à assembléia.
importância distribuída, sem prejuízo da ação penal que no § 5° Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos termos
caso couber. do § 4° serão registrados como reserva especial e, se não
§ 2° Os acionistas não são obrigados a restituir os dividen- absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes, deve-
dos que em boa-fé tenham recebido. Presume-se a má-fé rão ser pagos como dividendo assim que o permitir a situa-
quando os dividendos forem distribuídos sem o levantamen- ção financeira da companhia.
to do balanço ou em desacordo com os resultados deste. § 6° Os lucros não destinados nos termos dos arts. 193 a
197 deverão ser distribuídos como dividendos. (Incluído
Dividendo Obrigatório
pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como divi-
Dividendos de Ações Preferenciais
dendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros
estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a importân- Art. 203. O disposto nos artigos 194 a 197, e 202, não pre-
cia determinada de acordo com as seguintes normas: (Re- judicará o direito dos acionistas preferenciais de receber os
dação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). dividendos fixos ou mínimos a que tenham prioridade, inclu-
I - metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acres- sive os atrasados, se cumulativos.
cido dos seguintes valores: (Redação dada pela Lei n° Dividendos Intermediários
10.303, de 31.10.2001). Art. 204. A companhia que, por força de lei ou de disposi-
a) importância destinada à constituição da reserva legal (art. ção estatutária, levantar balanço semestral, poderá declarar,
193); e (Inlcluída pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). por deliberação dos órgãos de administração, se autoriza-

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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dos pelo estatuto, dividendo à conta do lucro apurado nesse § 1° A companhia que tiver Conselho de Administração
balanço. poderá mantê-lo, competindo-lhe nomear o liquidante; o
§ 1° A companhia poderá, nos termos de disposição estatu- funcionamento do conselho fiscal será permanente ou a
tária, levantar balanço e distribuir dividendos em períodos pedido de acionistas, conforme dispuser o estatuto.
menores, desde que o total dos dividendos pagos em cada § 2° O liquidante poderá ser destituído, a qualquer tempo,
semestre do exercício social não exceda o montante das pelo órgão que o tiver nomeado.
reservas de capital de que trata o § 1° do artigo 182. Liquidação Judicial
§ 2° O estatuto poderá autorizar os órgãos de administração
a declarar dividendos intermediários, à conta de lucros a- Art. 209. Além dos casos previstos no número II do artigo
cumulados ou de reservas de lucros existentes no último 206, a liquidação será processada judicialmente:
balanço anual ou semestral. I - a pedido de qualquer acionista, se os administradores ou
a maioria de acionistas deixarem de promover a liquidação,
Pagamento de Dividendos ou a ela se opuserem, nos casos do número I do artigo 206;
Art. 205. A companhia pagará o dividendo de ações nomi- II - a requerimento do Ministério Público, à vista de comuni-
nativas à pessoa que, na data do ato de declaração do divi- cação da autoridade competente, se a companhia, nos 30
dendo, estiver inscrita como proprietária ou usufrutuária da (trinta) dias subseqüentes à dissolução, não iniciar a liqui-
ação. dação ou, se após iniciá-la, a interrompê-la por mais de 15
§ 1° Os dividendos poderão ser pagos por cheque nominati- (quinze) dias, no caso da alínea e do número I do artigo
vo remetido por via postal para o endereço comunicado pelo 301.
acionista à companhia, ou mediante crédito em conta- Parágrafo único. Na liquidação judicial será observado o
corrente bancária aberta em nome do acionista. disposto na lei processual, devendo o liquidante ser nomea-
§ 2° Os dividendos das ações em custódia bancária ou em do pelo Juiz.
depósito nos termos dos artigos 41 e 43 serão pagos pela Deveres do Liquidante
companhia à instituição financeira depositária, que será
responsável pela sua entrega aos titulares das ações depo- Art. 210. São deveres do liquidante:
sitadas. I - arquivar e publicar a ata da assembléia-geral, ou certidão
§ 3° O dividendo deverá ser pago, salvo deliberação em de sentença, que tiver deliberado ou decidido a liquidação;
contrário da assembléia-geral, no prazo de 60 (sessenta) II - arrecadar os bens, livros e documentos da companhia,
dias da data em que for declarado e, em qualquer caso, onde quer que estejam;
dentro do exercício social. III - fazer levantar de imediato, em prazo não superior ao
CAPÍTULO XVII DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO fixado pela assembléia-geral ou pelo juiz, o balanço patri-
monial da companhia;
Seção I Dissolução
IV - ultimar os negócios da companhia, realizar o ativo, pa-
Art. 206. Dissolve-se a companhia: gar o passivo, e partilhar o remanescente entre os acionis-
I - de pleno direito: tas;
a) pelo término do prazo de duração; V - exigir dos acionistas, quando o ativo não bastar para a
b) nos casos previstos no estatuto; solução do passivo, a integralização de suas ações;
c) por deliberação da assembléia-geral (art. 136, X); (Reda- VI - convocar a assembléia-geral, nos casos previstos em lei
ção dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). ou quando julgar necessário;
d) pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em VII - confessar a falência da companhia e pedir concordata,
assembléia-geral ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não for nos casos previstos em lei;
reconstituído até à do ano seguinte, ressalvado o disposto VIII - finda a liquidação, submeter à assembléia-geral relató-
no artigo 251; rio dos atos e operações da liquidação e suas contas finais;
e) pela extinção, na forma da lei, da autorização para fun- IX - arquivar e publicar a ata da assembléia-geral que hou-
cionar. ver encerrado a liquidação.
II - por decisão judicial:
Poderes do Liquidante
a) quando anulada a sua constituição, em ação proposta por
qualquer acionista; Art. 211. Compete ao liquidante representar a companhia e
b) quando provado que não pode preencher o seu fim, em praticar todos os atos necessários à liquidação, inclusive
ação proposta por acionistas que representem 5% (cinco alienar bens móveis ou imóveis, transigir, receber e dar
por cento) ou mais do capital social; quitação.
c) em caso de falência, na forma prevista na respectiva lei; Parágrafo único. Sem expressa autorização da assem-
bléia-geral o liquidante não poderá gravar bens e contrair
III - por decisão de autoridade administrativa competente,
empréstimos, salvo quando indispensáveis ao pagamento
nos casos e na forma previstos em lei especial.
de obrigações inadiáveis, nem prosseguir, ainda que para
Efeitos facilitar a liquidação, na atividade social.
Art. 207. A companhia dissolvida conserva a personalidade Denominação da Companhia
jurídica, até a extinção, com o fim de proceder à liquidação.
Art. 212. Em todos os atos ou operações, o liquidante deve-
Seção II Liquidação
rá usar a denominação social seguida das palavras “em
Liquidação pelos Órgãos da Companhia liquidação”.
Art. 208. Silenciando o estatuto, compete à assembléia- Assembléia-Geral
geral, nos casos do número I do artigo 206, determinar o Art. 213. O liquidante convocará a assembléia-geral cada 6
modo de liquidação e nomear o liquidante e o Conselho (seis) meses, para prestar-lhe contas dos atos e operações
Fiscal que devam funcionar durante o período de liquidação.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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praticados no semestre e apresentar-lhe o relatório e o ba- perdas e danos. O acionista executado terá direito de haver
lanço do estado da liquidação; a assembléia-geral pode dos demais a parcela que lhes couber no crédito pago.
fixar, para essas prestações de contas, períodos menores Seção III Extinção
ou maiores que, em qualquer caso, não serão inferiores a 3 Art. 219. Extingue-se a companhia:
(três) nem superiores a 12 (doze) meses.
I - pelo encerramento da liquidação;
§ 1° Nas assembléias-gerais da companhia em liquidação
II - pela incorporação ou fusão, e pela cisão com versão de
todas as ações gozam de igual direito de voto, tornando-se
todo o patrimônio em outras sociedades.
ineficazes as restrições ou limitações porventura existentes
CAPÍTULO XVIII TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO E
em relação às ações ordinárias ou preferenciais; cessando
CISÃO
o estado de liquidação, restaura-se a eficácia das restrições
ou limitações relativas ao direito de voto. Seção I Transformação
§ 2° No curso da liquidação judicial, as assembléias-gerais Conceito e Forma
necessárias para deliberar sobre os interesses da liquidação Art. 220. A transformação é a operação pela qual a socie-
serão convocadas por ordem do juiz, a quem compete pre- dade passa, independentemente de dissolução e liquidação,
sidi-las e resolver, sumariamente, as dúvidas e litígios que de um tipo para outro.
forem suscitados. As atas das assembléias-gerais serão,
Parágrafo único. A transformação obedecerá aos preceitos
por cópias autênticas, apensadas ao processo judicial.
que regulam a constituição e o registro do tipo a ser adotado
Pagamento do Passivo pela sociedade.
Art. 214. Respeitados os direitos dos credores preferenci- Deliberação
ais, o liquidante pagará as dívidas sociais proporcionalmen-
Art. 221. A transformação exige o consentimento unânime
te e sem distinção entre vencidas e vincendas, mas, em
dos sócios ou acionistas, salvo se prevista no estatuto ou no
relação a estas, com desconto às taxas bancárias.
contrato social, caso em que o sócio dissidente terá o direito
Parágrafo único. Se o ativo for superior ao passivo, o liqui-
de retirar-se da sociedade.
dante poderá, sob sua responsabilidade pessoal, pagar
Parágrafo único. Os sócios podem renunciar, no contrato
integralmente as dívidas vencidas.
social, ao direito de retirada no caso de transformação em
Partilha do Ativo companhia.
Art. 215. A assembléia-geral pode deliberar que antes de Direito dos Credores
ultimada a liquidação, e depois de pagos todos os credores,
Art. 222. A transformação não prejudicará, em caso algum,
se façam rateios entre os acionistas, à proporção que se
os direitos dos credores, que continuarão, até o pagamento
forem apurando os haveres sociais.
integral dos seus créditos, com as mesmas garantias que o
§ 1° É facultado à assembléia-geral aprovar, pelo voto de
tipo anterior de sociedade lhes oferecia.
acionistas que representem 90% (noventa por cento), no
Parágrafo único. A falência da sociedade transformada
mínimo, das ações, depois de pagos ou garantidos os cre-
somente produzirá efeitos em relação aos sócios que, no
dores, condições especiais para a partilha do ativo rema-
tipo anterior, a eles estariam sujeitos, se o pedirem os titula-
nescente, com a atribuição de bens aos sócios, pelo valor
res de créditos anteriores à transformação, e somente a
contábil ou outro por ela fixado.
estes beneficiará.
§ 2° Provado pelo acionista dissidente (artigo 216, § 2°) que
Seção II Incorporação, Fusão e Cisão
as condições especiais de partilha visaram a favorecer a
maioria, em detrimento da parcela que lhe tocaria, se inexis- Competência e Processo
tissem tais condições, será a partilha suspensa, se não Art. 223. A incorporação, fusão ou cisão podem ser opera-
consumada, ou, se já consumada, os acionistas majoritários das entre sociedades de tipos iguais ou diferentes e deve-
indenizarão os minoritários pelos prejuízos apurados. rão ser deliberadas na forma prevista para a alteração dos
Prestação de Contas respectivos estatutos ou contratos sociais.
Art. 216. Pago o passivo e rateado o ativo remanescente, o § 1° Nas operações em que houver criação de sociedade
liquidante convocará a assembléia-geral para a prestação serão observadas as normas reguladoras da constituição
final das contas. das sociedades do seu tipo.
§ 1° Aprovadas as contas, encerra-se a liquidação e a com- § 2° Os sócios ou acionistas das sociedades incorporadas,
panhia se extingue. fundidas ou cindidas receberão, diretamente da companhia
emissora, as ações que lhes couberem.
§ 2° O acionista dissidente terá o prazo de 30 (trinta) dias, a
contar da publicação da ata, para promover a ação que lhe § 3° Se a incorporação, fusão ou cisão envolverem compa-
couber. nhia aberta, as sociedades que a sucederem serão também
abertas, devendo obter o respectivo registro e, se for o ca-
Responsabilidade na Liquidação so, promover a admissão de negociação das novas ações
Art. 217. O liquidante terá as mesmas responsabilidades do no mercado secundário, no prazo máximo de cento e vinte
administrador, e os deveres e responsabilidades dos admi- dias, contados da data da assembléia-geral que aprovou a
nistradores, fiscais e acionistas subsistirão até a extinção da operação, observando as normas pertinentes baixadas pela
companhia. Comissão de Valores Mobiliários. (Incluído pela Lei n°
9.457, de 5.5.1997).
Direito de Credor Não-Satisfeito
§ 4° O descumprimento do previsto no parágrafo anterior
Art. 218. Encerrada a liquidação, o credor não-satisfeito só dará ao acionista direito de retirar-se da companhia, medi-
terá direito de exigir dos acionistas, individualmente, o pa- ante reembolso do valor das suas ações (art. 45), nos trinta
gamento de seu crédito, até o limite da soma, por eles rece- dias seguintes ao término do prazo nele referido, observado
bida, e de propor contra o liquidante, se for o caso, ação de

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o disposto nos §§ 1° e 4° do art. 137. (Incluído pela Lei n° Incorporação
9.457, de 5.5.1997). Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou
Protocolo mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede
Art. 224. As condições da incorporação, fusão ou cisão com em todos os direitos e obrigações.
incorporação em sociedade existente constarão de protoco- § 1° A assembléia-geral da companhia incorporadora, se
lo firmado pelos órgãos de administração ou sócios das aprovar o protocolo da operação, deverá autorizar o aumen-
sociedades interessadas, que incluirá: to de capital a ser subscrito e realizado pela incorporada
I - o número, espécie e classe das ações que serão atribuí- mediante versão do seu patrimônio líquido, e nomear os
das em substituição dos direitos de sócios que se extingui- peritos que o avaliarão.
rão e os critérios utilizados para determinar as relações de § 2° A sociedade que houver de ser incorporada, se aprovar
substituição; o protocolo da operação, autorizará seus administradores a
II - os elementos ativos e passivos que formarão cada par- praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a
cela do patrimônio, no caso de cisão; subscrição do aumento de capital da incorporadora.
III - os critérios de avaliação do patrimônio líquido, a data a § 3° Aprovados pela assembléia-geral da incorporadora o
que será referida a avaliação, e o tratamento das variações laudo de avaliação e a incorporação, extingue-se a incorpo-
patrimoniais posteriores; rada, competindo à primeira promover o arquivamento e a
publicação dos atos da incorporação.
IV - a solução a ser adotada quanto às ações ou quotas do
capital de uma das sociedades possuídas por outra; Fusão
V - o valor do capital das sociedades a serem criadas ou do Art. 228. A fusão é a operação pela qual se unem duas ou
aumento ou redução do capital das sociedades que forem mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes
parte na operação; sucederá em todos os direitos e obrigações.
VI - o projeto ou projetos de estatuto, ou de alterações esta- § 1° A assembléia-geral de cada companhia, se aprovar o
tutárias, que deverão ser aprovados para efetivar a opera- protocolo de fusão, deverá nomear os peritos que avaliarão
ção; os patrimônios líquidos das demais sociedades.
VII - todas as demais condições a que estiver sujeita a ope- § 2° Apresentados os laudos, os administradores convoca-
ração. rão os sócios ou acionistas das sociedades para uma as-
Parágrafo único. Os valores sujeitos a determinação serão sembléia-geral, que deles tomará conhecimento e resolverá
indicados por estimativa. sobre a constituição definitiva da nova sociedade, vedado
Justificação aos sócios ou acionistas votar o laudo de avaliação do pa-
trimônio líquido da sociedade de que fazem parte.
Art. 225. As operações de incorporação, fusão e cisão se- § 3° Constituída a nova companhia, incumbirá aos primeiros
rão submetidas à deliberação da assembléia-geral das administradores promover o arquivamento e a publicação
companhias interessadas mediante justificação, na qual dos atos da fusão.
serão expostos:
I - os motivos ou fins da operação, e o interesse da compa- Cisão
nhia na sua realização; Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia trans-
II - as ações que os acionistas preferenciais receberão e as fere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais socieda-
razões para a modificação dos seus direitos, se prevista; des, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguin-
III - a composição, após a operação, segundo espécies e do-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu
classes das ações, do capital das companhias que deverão patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a ver-
emitir ações em substituição às que se deverão extinguir; são.
IV - o valor de reembolso das ações a que terão direito os § 1° Sem prejuízo do disposto no artigo 233, a sociedade
acionistas dissidentes. que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida
sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato
Formação do Capital da cisão; no caso de cisão com extinção, as sociedades que
Art. 226. As operações de incorporação, fusão e cisão so- absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida
mente poderão ser efetivadas nas condições aprovadas se sucederão a esta, na proporção dos patrimônios líquidos
os peritos nomeados determinarem que o valor do patrimô- transferidos, nos direitos e obrigações não relacionados.
nio ou patrimônios líquidos a serem vertidos para a forma- § 2° Na cisão com versão de parcela do patrimônio em so-
ção de capital social é, ao menos, igual ao montante do ciedade nova, a operação será deliberada pela assembléia-
capital a realizar. geral da companhia à vista de justificação que incluirá as
§ 1° As ações ou quotas do capital da sociedade a ser in- informações de que tratam os números do artigo 224; a
corporada que forem de propriedade da companhia incorpo- assembléia, se a aprovar, nomeará os peritos que avaliarão
radora poderão, conforme dispuser o protocolo de incorpo- a parcela do patrimônio a ser transferida, e funcionará como
ração, ser extintas, ou substituídas por ações em tesouraria assembléia de constituição da nova companhia.
da incorporadora, até o limite dos lucros acumulados e re- § 3° A cisão com versão de parcela de patrimônio em soci-
servas, exceto a legal. edade já existente obedecerá às disposições sobre incorpo-
§ 2° O disposto no § 1° aplicar-se-á aos casos de fusão, ração (artigo 227).
quando uma das sociedades fundidas for proprietária de § 4° Efetivada a cisão com extinção da companhia cindida,
ações ou quotas de outra, e de cisão com incorporação, caberá aos administradores das sociedades que tiverem
quando a companhia que incorporar parcela do patrimônio absorvido parcelas do seu patrimônio promover o arquiva-
da cindida for proprietária de ações ou quotas do capital mento e publicação dos atos da operação; na cisão com
desta. versão parcial do patrimônio, esse dever caberá aos admi-

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nistradores da companhia cindida e da que absorver parcela Art. 234. A certidão, passada pelo registro do comércio, da
do seu patrimônio. incorporação, fusão ou cisão, é documento hábil para a
§ 5° As ações integralizadas com parcelas de patrimônio da averbação, nos registros públicos competentes, da suces-
companhia cindida serão atribuídas a seus titulares, em são, decorrente da operação, em bens, direitos e obriga-
substituição às extintas, na proporção das que possuíam; a ções.
atribuição em proporção diferente requer aprovação de CAPÍTULO XIX SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA
todos os titulares, inclusive das ações sem direito a voto. Legislação Aplicável
(Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
Art. 235. As sociedades anônimas de economia mista estão
Direito de Retirada sujeitas a esta Lei, sem prejuízo das disposições especiais
Art. 230. Nos casos de incorporação ou fusão, o prazo para de lei federal.
exercício do direito de retirada, previsto no art. 137, inciso II, § 1° As companhias abertas de economia mista estão tam-
será contado a partir da publicação da ata que aprovar o bém sujeitas às normas expedidas pela Comissão de Valo-
protocolo ou justificação, mas o pagamento do preço de res Mobiliários.
reembolso somente será devido se a operação vier a efeti- § 2° As companhias de que participarem, majoritária ou
var-se. (Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). minoritariamen-te, as sociedades de economia mista, estão
Direitos dos Debenturistas sujeitas ao disposto nesta Lei, sem as exceções previstas
neste Capítulo.
Art. 231. A incorporação, fusão ou cisão da companhia
emissora de debêntures em circulação dependerá da prévia Constituição e Aquisição de Controle
aprovação dos debenturistas, reunidos em assembléia es- Art. 236. A constituição de companhia de economia mista
pecialmente convocada com esse fim. depende de prévia autorização legislativa.
§ 1° Será dispensada a aprovação pela assembléia se for Parágrafo único. Sempre que pessoa jurídica de direito
assegurado aos debenturistas que o desejarem, durante o público adquirir, por desapropriação, o controle de compa-
prazo mínimo de 6 (seis) meses a contar da data da publi- nhia em funcionamento, os acionistas terão direito de pedir,
cação das atas das assembléias relativas à operação, o dentro de 60 (sessenta) dias da publicação da primeira ata
resgate das debêntures de que forem titulares. da assembléia-geral realizada após a aquisição do controle,
§ 2° No caso do § 1°, a sociedade cindida e as sociedades o reembolso das suas ações; salvo se a companhia já se
que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão achava sob o controle, direto ou indireto, de outra pessoa
solidariamente pelo resgate das debêntures. jurídica de direito público, ou no caso de concessionária de
Direitos dos Credores na Incorporação ou Fusão serviço público.
Art. 232. Até 60 (sessenta) dias depois de publicados os Objeto
atos relativos à incorporação ou à fusão, o credor anterior Art. 237. A companhia de economia mista somente poderá
por ela prejudicado poderá pleitear judicialmente a anulação explorar os empreendimentos ou exercer as atividades pre-
da operação; findo o prazo, decairá do direito o credor que vistas na lei que autorizou a sua constituição.
não o tiver exercido. § 1° A companhia de economia mista somente poderá parti-
§ 1° A consignação da importância em pagamento prejudi- cipar de outras sociedades quando autorizada por lei no
cará a anulação pleiteada. exercício de opção legal para aplicar Imposto de Renda ou
§ 2° Sendo ilíquida a dívida, a sociedade poderá garantir-lhe investimentos para o desenvolvimento regional ou setorial.
a execução, suspendendo-se o processo de anulação. § 2° As instituições financeiras de economia mista poderão
§ 3° Ocorrendo, no prazo deste artigo, a falência da socie- participar de outras sociedades, observadas as normas
dade incorporadora ou da sociedade nova, qualquer credor estabelecidas pelo Banco Central do Brasil.
anterior terá o direito de pedir a separação dos patrimônios, Acionista Controlador
para o fim de serem os créditos pagos pelos bens das res-
Art. 238. A pessoa jurídica que controla a companhia de
pectivas massas.
economia mista tem os deveres e responsabilidades do
Direitos dos Credores na Cisão acionista controlador (artigos 116 e 117), mas poderá orien-
Art. 233. Na cisão com extinção da companhia cindida, as tar as atividades da companhia de modo a atender ao inte-
sociedades que absorverem parcelas do seu patrimônio resse público que justificou a sua criação.
responderão solidariamente pelas obrigações da companhia Administração
extinta. A companhia cindida que subsistir e as que absor- Art. 239. As companhias de economia mista terão obrigato-
verem parcelas do seu patrimônio responderão solidaria- riamente Conselho de Administração, assegurado à minoria
mente pelas obrigações da primeira anteriores à cisão. o direito de eleger um dos conselheiros, se maior número
Parágrafo único. O ato de cisão parcial poderá estipular não lhes couber pelo processo de voto múltiplo.
que as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio Parágrafo único. Os deveres e responsabilidades dos ad-
da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas ministradores das companhias de economia mista são os
obrigações que lhes forem transferidas, sem solidariedade mesmos dos administradores das companhias abertas.
entre si ou com a companhia cindida, mas, nesse caso,
qualquer credor anterior poderá se opor à estipulação, em Conselho Fiscal
relação ao seu crédito, desde que notifique a sociedade no Art. 240. O funcionamento do Conselho Fiscal será perma-
prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da publicação nente nas companhias de economia mista; um dos seus
dos atos da cisão. membros, e respectivo suplente, será eleito pelas ações
Averbação da Sucessão ordinárias minoritárias e outro pelas ações preferenciais, se
houver.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Correção Monetária e danos resultantes de atos praticados com infração ao
Art. 241. (Revogado pelo Decreto-lei n° 2.287, de disposto neste artigo.
23.7.1986). Sociedade Controladora
Falência e Responsabilidade Subsidiária Art. 246. A sociedade controladora será obrigada a reparar
Art. 242. (Revogado pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). os danos que causar à companhia por atos praticados com
CAPÍTULO XX SOCIEDADES COLIGADAS, CONTROLADORAS E infração ao disposto nos artigos 116 e 117.
CONTROLADAS § 1° A ação para haver reparação cabe:
Seção I Informações no Relatório da Administração a) a acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou
mais do capital social;
Art. 243. O relatório anual da administração deve relacionar
b) a qualquer acionista, desde que preste caução pelas
os investimentos da companhia em sociedades coligadas e
custas e honorários de advogado devidos no caso de vir a
controladas e mencionar as modificações ocorridas durante
ação ser julgada improcedente.
o exercício.
§ 2° A sociedade controladora, se condenada, além de re-
§ 1° São coligadas as sociedades quando uma participa,
parar o dano e arcar com as custas, pagará honorários de
com 10% (dez por cento) ou mais, do capital da outra, sem
advogado de 20% (vinte por cento) e prêmio de 5% (cinco
controlá-la.
por cento) ao autor da ação, calculados sobre o valor da
§ 2° Considera-se controlada a sociedade na qual a contro- indenização.
ladora, diretamente ou através de outras controladas, é
Seção IV Demonstrações Financeiras
titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo
permanente, preponderância nas deliberações sociais e o Notas Explicativas
poder de eleger a maioria dos administradores. Art. 247. As notas explicativas dos investimentos relevantes
§ 3° A companhia aberta divulgará as informações adicio- devem conter informações precisas sobre as sociedades
nais, sobre coligadas e controladas, que forem exigidas pela coligadas e controladas e suas relações com a companhia,
Comissão de Valores Mobiliários. indicando:
Seção II Participação Recíproca I - a denominação da sociedade, seu capital social e patri-
Art. 244. É vedada a participação recíproca entre a compa- mônio líquido;
nhia e suas coligadas ou controladas. II - o número, espécies e classes das ações ou quotas de
§ 1° O disposto neste artigo não se aplica ao caso em que propriedade da companhia, e o preço de mercado das a-
ao menos uma das sociedades participa de outra com ob- ções, se houver;
servância das condições em que a lei autoriza a aquisição III - o lucro líquido do exercício;
das próprias ações (artigo 30, § 1°, alínea “b”). IV - os créditos e obrigações entre a companhia e as socie-
§ 2° As ações do capital da controladora, de propriedade da dades coligadas e controladas;
controlada, terão suspenso o direito de voto. V - o montante das receitas e despesas em operações entre
§ 3° O disposto no § 2° do artigo 30, aplica-se à aquisição a companhia e as sociedades coligadas e controladas.
de ações da companhia aberta por suas coligadas e contro- Parágrafo único. Considera-se relevante o investimento:
ladas. a) em cada sociedade coligada ou controlada, se o valor
§ 4° No caso do § 1°, a sociedade deverá alienar, dentro de contábil é igual ou superior a 10% (dez por cento) do valor
6 (seis) meses, as ações ou quotas que excederem do valor do patrimônio líquido da companhia;
dos lucros ou reservas, sempre que esses sofrerem redu- b) no conjunto das sociedades coligadas e controladas, se o
ção. valor contábil é igual ou superior a 15% (quinze por cento)
§ 5° A participação recíproca, quando ocorrer em virtude de do valor do patrimônio líquido da companhia.
incorporação, fusão ou cisão, ou da aquisição, pela compa- Avaliação do Investimento em Coligadas e Controladas
nhia, do controle de sociedade, deverá ser mencionada nos
relatórios e demonstrações financeiras de ambas as socie- Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investi-
dades, e será eliminada no prazo máximo de 1 (um) ano; no mentos relevantes (artigo 247, parágrafo único) em socie-
caso de coligadas, salvo acordo em contrário, deverão ser dades coligadas sobre cuja administração tenha influência,
alienadas as ações ou quotas de aquisição mais recente ou, ou de que participe com 20% (vinte por cento) ou mais do
se da mesma data, que representem menor porcentagem capital social, e em sociedades controladas, serão avaliados
do capital social. pelo valor de patrimônio líquido, de acordo com as seguin-
§ 6° A aquisição de ações ou quotas de que resulte partici- tes normas:
pação recíproca com violação ao disposto neste artigo im- I - o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada
porta responsabilidade civil solidária dos administradores da será determinado com base em balanço patrimonial ou ba-
sociedade, equiparando-se, para efeitos penais, à compra lancete de verificação levantado, com observância das nor-
ilegal das próprias ações. mas desta Lei, na mesma data, ou até 60 (sessenta) dias,
Seção III Responsabilidade dos Administradores e das no máximo, antes da data do balanço da companhia; no
Sociedades Controladoras valor de patrimônio líquido não serão computados os resul-
tados não realizados decorrentes de negócios com a com-
Administradores panhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia,
Art. 245. Os administradores não podem, em prejuízo da ou por ela controladas;
companhia, favorecer sociedade coligada, controladora ou II - o valor do investimento será determinado mediante a
controlada, cumprindo-lhes zelar para que as operações aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido referido no
entre as sociedades, se houver, observem condições estri- número anterior, da porcentagem de participação no capital
tamente comutativas, ou com pagamento compensatório da coligada ou controlada;
adequado; e respondem perante a companhia pelas perdas

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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III - a diferença entre o valor do investimento, de acordo Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escri-
com o número II, e o custo de aquisição corrigido monetari- tura pública, tendo como único acionista sociedade brasilei-
amente; somente será registrada como resultado do exercí- ra.
cio: § l° A sociedade que subscrever em bens o capital de sub-
a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou sidiária integral deverá aprovar o laudo de avaliação de que
controlada; trata o artigo 8°, respondendo nos termos do § 6° do artigo
b) se corresponder, comprovada-mente, a ganhos ou per- 8° e do artigo 10 e seu parágrafo único.
das efetivos; § 2° A companhia pode ser convertida em subsidiária inte-
c) no caso de companhia aberta, com observância das nor- gral mediante aquisição, por sociedade brasileira, de todas
mas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários. as suas ações, ou nos termos do artigo 252.
§ 1° Para efeito de determinar a relevância do investimento, Incorporação de Ações
nos casos deste artigo, serão computados como parte do
Art. 252. A incorporação de todas as ações do capital social
custo de aquisição os saldos de créditos da companhia
ao patrimônio de outra companhia brasileira, para convertê-
contra as coligadas e controladas.
la em subsidiária integral, será submetida à deliberação da
§ 2° A sociedade coligada, sempre que solicitada pela com- assembléia-geral das duas companhias mediante protocolo
panhia, deverá elaborar e fornecer o balanço ou balancete e justificação, nos termos dos artigos 224 e 225.
de verificação previsto no número I.
§ 1° A assembléia-geral da companhia incorporadora, se
Demonstrações Consolidadas aprovar a operação, deverá autorizar o aumento do capital,
Art. 249. A companhia aberta que tiver mais de 30% (trinta a ser realizado com as ações a serem incorporadas e no-
por cento) do valor do seu patrimônio líquido representado mear os peritos que as avaliarão; os acionistas não terão
por investimentos em sociedades controladas deverá elabo- direito de preferência para subscrever o aumento de capital,
rar e divulgar, juntamente com suas demonstrações finan- mas os dissidentes poderão retirar-se da companhia, obser-
ceiras, demonstrações consolidadas nos termos do artigo vado o disposto no art. 137, II, mediante o reembolso do
250. valor de suas ações, nos termos do art. 230. (Redação dada
Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários pode- pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
rá expedir normas sobre as sociedades cujas demonstra- § 2° A assembléia-geral da companhia cujas ações houve-
ções devam ser abrangidas na consolidação, e: rem de ser incorporadas somente poderá aprovar a opera-
a) determinar a inclusão de sociedades que, embora não ção pelo voto de metade, no mínimo, das ações com direito
controladas, sejam financeira ou administrativamente de- a voto, e se a aprovar, autorizará a diretoria a subscrever o
pendentes da companhia; aumento do capital da incorporadora, por conta dos seus
b) autorizar, em casos especiais, a exclusão de uma ou acionistas; os dissidentes da deliberação terão direito de
mais sociedades controladas. retirar-se da companhia, observado o disposto no art. 137,
II, mediante o reembolso do valor de suas ações, nos ter-
Normas sobre Consolidação mos do art. 230. (Redação dada pela Lei n° 9.457, de
Art. 250. Das demonstrações financeiras consolidadas se- 5.5.1997).
rão excluídas: § 3° Aprovado o laudo de avaliação pela assembléia-geral
I - as participações de uma sociedade em outra; da incorpora-dora, efetivar-se-á a incorporação e os titulares
II - os saldos de quaisquer contas entre as sociedades; das ações incorporadas receberão diretamente da incorpo-
III - as parcelas dos resultados do exercício, dos lucros ou radora as ações que lhes couberem.
prejuízos acumulados e do custo de estoques ou do ativo Admissão de Acionistas em Subsidiária Integral
permanente que corresponderem a resultados, ainda não Art. 253. Na proporção das ações que possuírem no capital
realizados, de negócios entre as sociedades. da companhia, os acionistas terão direito de preferência
§ 1° A participação dos acionistas não controladores no para:
patrimônio líquido e no lucro do exercício será destacada, I - adquirir ações do capital da subsidiária integral, se a
respectivamente, no balanço patrimonial e na demonstração companhia decidir aliená-las no todo ou em parte; e
do resultado do exercício. (Redação dada pela Lei n° 9.457,
II - subscrever aumento de capital da subsidiária integral, se
de 5.5.1997).
a companhia decidir admitir outros acionistas.
§ 2° A parcela do custo de aquisição do investimento em
Parágrafo único. As ações ou o aumento de capital de
controlada, que não for absorvida na consolidação, deverá
subsidiária integral serão oferecidos aos acionistas da com-
ser mantida no ativo permanente, com dedução da provisão
panhia em assembléia-geral convocada para esse fim, apli-
adequada para perdas já comprovadas, e será objeto de
cando-se à hipótese, no que couber, o disposto no artigo
nota explicativa.
171.
§ 3° O valor da participação que exceder do custo de aqui-
Seção VI Alienação de Controle
sição constituirá parcela destacada dos resultados de exer-
cícios futuros até que fique comprovada a existência de Divulgação
ganho efetivo. Art. 254. (Revogado pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
§ 4° Para fins deste artigo, as sociedades controladas, cujo Art. 254-A. A alienação, direta ou indireta, do controle de
exercício social termine mais de 60 (sessenta) dias antes da companhia aberta somente poderá ser contratada sob a
data do encerramento do exercício da companhia, elabora- condição, suspensiva ou resolutiva, de que o adquirente se
rão, com observância das normas desta Lei, demonstrações obrigue a fazer oferta pública de aquisição das ações com
financeiras extraordinárias em data compreendida nesse direito a voto de propriedade dos demais acionistas da
prazo. companhia, de modo a lhes assegurar o preço no mínimo
Seção V Subsidiária Integral igual a 80% (oitenta por cento) do valor pago por ação com

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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direito a voto, integrante do bloco de controle. (Incluído pela reembolso do valor de suas ações, nos termos do art. 137,
Lei n° 10.303, de 31.10.2001). observado o disposto em seu inciso II. (Redação dada pela
§ 1° Entende-se como alienação de controle a transferência, Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
de forma direta ou indireta, de ações integrantes do bloco Seção VII Aquisição de Controle Mediante Oferta Públi-
de controle, de ações vinculadas a acordos de acionistas e ca
de valores mobiliários conversíveis em ações com direito a Requisitos
voto, cessão de direitos de subscrição de ações e de outros
títulos ou direitos relativos a valores mobiliários conversíveis Art. 257. A oferta pública para aquisição de controle de
em ações que venham a resultar na alienação de controle companhia aberta somente poderá ser feita com a participa-
acionário da sociedade. (Incluído pela Lei n° 10.303, de ção de instituição financeira que garanta o cumprimento das
31.10.2001). obrigações assumidas pelo ofertante.
§ 2° A Comissão de Valores Mobiliários autorizará a aliena- § 1° Se a oferta contiver permuta, total ou parcial, dos valo-
ção de controle de que trata o caput, desde que verificado res mobiliários, somente poderá ser efetuada após prévio
que as condições da oferta pública atendem aos requisitos registro na Comissão de Valores Mobiliários.
legais. (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). § 2° A oferta deverá ter por objeto ações com direito a voto
§ 3° Compete à Comissão de Valores Mobiliários estabele- em número suficiente para assegurar o controle da compa-
cer normas a serem observadas na oferta pública de que nhia e será irrevogável.
trata o caput. (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). § 3° Se o ofertante já for titular de ações votantes do capital
§ 4° O adquirente do controle acionário de companhia aber- da companhia, a oferta poderá ter por objeto o número de
ta poderá oferecer aos acionistas minoritários a opção de ações necessário para completar o controle, mas o ofertante
permanecer na companhia, mediante o pagamento de um deverá fazer prova, perante a Comissão de Valores Mobiliá-
prêmio equivalente à diferença entre o valor de mercado rios, das ações de sua propriedade.
das ações e o valor pago por ação integrante do bloco de § 4° A Comissão de Valores Mobiliários poderá expedir
controle. (Incluído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). normas sobre oferta pública de aquisição de controle.
§ 5° (VETADO). (Incluído pela Lei n° 10.303, de Instrumento da Oferta de Compra
31.10.2001). Art. 258. O instrumento de oferta de compra, firmado pelo
Companhia Aberta Sujeita a Autorização ofertante e pela instituição financeira que garante o paga-
Art. 255. A alienação do controle de companhia aberta que mento, será publicado na imprensa e deverá indicar:
dependa de autorização do governo para funcionar está I - o número mínimo de ações que o ofertante se propõe a
sujeita à prévia autorização do órgão competente para a- adquirir e, se for o caso, o número máximo;
provar a alteração do seu estatuto.(Redação dada pela Lei II - o preço e as condições de pagamento;
n° 9.457, de 5.5.1997). III - a subordinação da oferta ao número mínimo de aceitan-
Aprovação pela Assembléia-Geral da Compradora tes e a forma de rateio entre os aceitantes, se o número
deles ultrapassar o máximo fixado;
Art. 256. A compra, por companhia aberta, do controle de IV - o procedimento que deverá ser adotado pelos acionis-
qualquer sociedade mercantil, dependerá de deliberação da tas aceitantes para manifestar a sua aceitação e efetivar a
assembléia-geral da compradora, especialmente convocada transferência das ações;
para conhecer da operação, sempre que:
V - o prazo de validade da oferta, que não poderá ser inferi-
I - O preço de compra constituir, para a compradora, inves- or a 20 (vinte) dias;
timento relevante (artigo 247, parágrafo único); ou
VI - informações sobre o ofertante.
II - o preço médio de cada ação ou quota ultrapassar uma
Parágrafo único. A oferta será comunicada à Comissão de
vez e meia o maior dos 3 (três) valores a seguir indicados:
Valores Mobiliários dentro de 24 (vinte e quatro) horas da
a) cotação média das ações em bolsa ou no mercado de primeira publicação.
balcão organizado, durante os noventa dias anteriores à
data da contratação; (Redação dada pela Lei n° 9.457, de Instrumento de Oferta de Permuta
5.5.1997). Art. 259. O projeto de instrumento de oferta de permuta
b) valor de patrimônio líquido (artigo 248) da ação ou quota, será submetido à Comissão de Valores Mobiliários com o
avaliado o patrimônio a preços de mercado (artigo 183, § pedido de registro prévio da oferta e deverá conter, além
1°); das referidas no artigo 258, informações sobre os valores
c) valor do lucro líquido da ação ou quota, que não poderá mobiliários oferecidos em permuta e as companhias emisso-
ser superior a 15 (quinze) vezes o lucro líquido anual por ras desses valores.
ação (artigo 187, VII) nos 2 (dois) últimos exercícios sociais, Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários pode-
atualizado monetariamente. rá fixar normas sobre o instrumento de oferta de permuta e
§ 1° A proposta ou o contrato de compra, acompanhado de o seu registro prévio.
laudo de avaliação, observado o disposto no art. 8°, §§ 1° e Sigilo
6°, será submetido à prévia autorização da assembléia-
Art. 260. Até a publicação da oferta, o ofertante, a institui-
geral, ou à sua ratificação, sob pena de responsabilidade
dos administradores, instruído com todos os elementos ção financeira intermediária e a Comissão de Valores Mobi-
necessários à deliberação. (Redação dada pela Lei n° liários devem manter sigilo sobre a oferta projetada, respon-
dendo o infrator pelos danos que causar.
9.457, de 5.5.1997).
§ 2° Se o preço da aquisição ultrapassar uma vez e meia o Processamento da Oferta
maior dos três valores de que trata o inciso II do caput, o Art. 261. A aceitação da oferta deverá ser feita nas institui-
acionista dissidente da deliberação da assembléia que a ções financeiras ou do mercado de valores mobiliários indi-
aprovar terá o direito de retirar-se da companhia mediante

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cadas no instrumento de oferta e os aceitantes deverão panhia controladora com a controlada, à incorporação de
firmar ordens irrevogáveis de venda ou permuta, nas condi- ações de companhia controlada ou controladora, à incorpo-
ções ofertadas, ressalvado o disposto no § 1° do artigo 262. ração, fusão e incorporação de ações de sociedades sob
§ 1° É facultado ao ofertante melhorar, uma vez, as condi- controle comum. (Redação dada pela Lei n° 10.303, de
ções de preço ou forma de pagamento, desde que em por- 31.10.2001).
centagem igual ou superior a 5% (cinco por cento) e até 10 § 5° O disposto neste artigo não se aplica no caso de as
(dez) dias antes do término do prazo da oferta; as novas ações do capital da controlada terem sido adquiridas no
condições se estenderão aos acionistas que já tiverem acei- pregão da Bolsa de Valores ou mediante oferta pública nos
to a oferta. termos dos artigos 257 a 263.
§ 2° Findo o prazo da oferta, a instituição financeira inter- CAPÍTULO XXI GRUPO DE SOCIEDADES
mediária comunicará o resultado à Comissão de Valores Seção I Características e Natureza
Mobiliários e, mediante publicação pela imprensa, aos acei-
tantes. Características
§ 3° Se o número de aceitantes ultrapassar o máximo, será Art. 265. A sociedade controladora e suas controladas po-
obrigatório o rateio, na forma prevista no instrumento da dem constituir, nos termos deste Capítulo, grupo de socie-
oferta. dades, mediante convenção pela qual se obriguem a com-
Oferta Concorrente binar recursos ou esforços para a realização dos respecti-
vos objetos, ou a participar de atividades ou empreendimen-
Art. 262. A existência de oferta pública em curso não impe- tos comuns.
de oferta concorrente, desde que observadas as normas
§ 1° A sociedade controladora, ou de comando do grupo,
desta Seção.
deve ser brasileira, e exercer, direta ou indiretamente, e de
§ 1° A publicação de oferta concorrente torna nulas as or- modo permanente, o controle das sociedades filiadas, como
dens de venda que já tenham sido firmadas em aceitação titular de direitos de sócio ou acionista, ou mediante acordo
de oferta anterior. com outros sócios ou acionistas.
§ 2° É facultado ao primeiro ofertante prorrogar o prazo de § 2° A participação recíproca das sociedades do grupo obe-
sua oferta até fazê-lo coincidir com o da oferta concorrente. decerá ao disposto no artigo 244.
Negociação Durante a Oferta Natureza
Art. 263. A Comissão de Valores Mobiliários poderá expedir Art. 266. As relações entre as sociedades, a estrutura ad-
normas que disciplinem a negociação das ações objeto da ministrativa do grupo e a coordenação ou subordinação dos
oferta durante o seu prazo. administradores das sociedades filiadas serão estabelecidas
Seção VIII Incorporação de Companhia Controlada na convenção do grupo, mas cada sociedade conservará
Art. 264. Na incorporação, pela controladora, de companhia personalidade e patrimônios distintos.
controlada, a justificação, apresentada à assembléia-geral Designação
da controlada, deverá conter, além das informações previs-
tas nos arts. 224 e 225, o cálculo das relações de substitui- Art. 267. O grupo de sociedades terá designação de que
ção das ações dos acionistas não controladores da contro- constarão as palavras “grupo de sociedades” ou “grupo”.
lada com base no valor do patrimônio líquido das ações da Parágrafo único. Somente os grupos organizados de acor-
controladora e da controlada, avaliados os dois patrimônios do com este Capítulo poderão usar designação com as
segundo os mesmos critérios e na mesma data, a preços de palavras “grupo” ou “grupo de sociedades”.
mercado, ou com base em outro critério aceito pela Comis- Companhias Sujeitas a Autorização para Funcionar
são de Valores Mobiliários, no caso de companhias abertas. Art. 268. A companhia que, por seu objeto, depende de
(Redação dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001).
autorização para funcionar, somente poderá participar de
§ 1° A avaliação dos dois patrimônios será feita por 3 (três) grupo de sociedades após a aprovação da convenção do
peritos ou empresa especializada e, no caso de companhias grupo pela autoridade competente para aprovar suas altera-
abertas, por empresa especializada. (Redação dada pela ções estatutárias.
Lei n° 10.303, de 31.10.2001). Seção II Constituição, Registro e Publicidade
§ 2° Para efeito da comparação referida neste artigo, as
ações do capital da controlada de propriedade da controla- Art. 269. O grupo de sociedades será constituído por con-
dora serão avaliadas, no patrimônio desta, em conformidade venção aprovada pelas sociedades que o componham, a
com o disposto no caput. (Redação dada pela Lei n° 10.303, qual deverá conter:
de 31.10.2001). I - a designação do grupo;
§ 3° Se as relações de substituição das ações dos acionis- II - a indicação da sociedade de comando e das filiadas;
tas não controladores, previstas no protocolo da incorpora- III - as condições de participação das diversas sociedades;
ção, forem menos vantajosas que as resultantes da compa- IV - o prazo de duração, se houver, e as condições de extin-
ração prevista neste artigo, os acionistas dissidentes da ção;
deliberação da assembléia-geral da controlada que aprovar V - as condições para admissão de outras sociedades e
a operação, poderão optar, no prazo previsto no art. 230, para a retirada das que o componham;
entre o valor de reembolso fixado nos termos do art. 45 e o VI - os órgãos e cargos da administração do grupo, suas
valor apurado em conformidade com o disposto no caput, atribuições e as relações entre a estrutura administrativa do
observado o disposto no art. 137, inciso II. (Redação dada grupo e as das sociedades que o componham;
pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001 (DOU de 1.11.2001). VII - a declaração da nacionalidade do controle do grupo;
§ 4° Aplicam-se as normas previstas neste artigo à incorpo- VIII - as condições para alteração da convenção.
ração de controladora por sua controlada, à fusão de com-

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Parágrafo único. Para os efeitos do número VII, o grupo de Art. 274. Os administradores do grupo e os investidos em
sociedades considera-se sob controle brasileiro se a sua cargos de mais de uma sociedade poderão ter a sua remu-
sociedade de comando está sob o controle de: neração rateada entre as diversas sociedades, e a gratifica-
a) pessoas naturais residentes ou domiciliadas no Brasil; ção dos administradores, se houver, poderá ser fixada, den-
b) pessoas jurídicas de direito público interno; ou tro dos limites do § 1° do artigo 152 com base nos resulta-
c) sociedade ou sociedades brasileiras que, direta ou indire- dos apurados nas demonstrações financeiras consolidadas
tamente, estejam sob o controle das pessoas referidas nas do grupo.
alíneas “a” e “b”. Seção IV Demonstrações Financeiras
Aprovação pelos Sócios das Sociedades Art. 275. O grupo de sociedades publicará, além das de-
Art. 270. A convenção de grupo deve ser aprovada com monstrações financeiras referentes a cada uma das compa-
observância das normas para alteração do contrato social nhias que o compõem, demonstrações consolidadas, com-
ou do estatuto (art. 136, V). (Redação dada pela Lei n° preendendo todas as sociedades do grupo, elaboradas com
9.457, de 5.5.1997). observância do disposto no artigo 250.
Parágrafo único. Os sócios ou acionistas dissidentes da § 1° As demonstrações consolidadas do grupo serão publi-
deliberação de se associar a grupo têm direito, nos termos cadas juntamente com as da sociedade de comando.
do artigo 137, ao reembolso de suas ações ou quotas. § 2° A sociedade de comando deverá publicar demonstra-
Registro e Publicidade ções financeiras nos termos desta Lei, ainda que não tenha
a forma de companhia.
Art. 271. Considera-se constituído o grupo a partir da data § 3° As companhias filiadas indicarão, em nota às suas
do arquivamento, no Registro do Comércio da sede da soci- demonstrações financeiras publicadas, o órgão que publicou
edade de comando, dos seguintes documentos: a última demonstração consolidada do grupo a que perten-
I - convenção de constituição do grupo; cer.
II - atas das assembléias-gerais, ou instrumentos de altera- § 4° As demonstrações consolidadas de grupo de socieda-
ção contratual, de todas as sociedades que tiverem aprova- des que inclua companhia aberta serão obrigatoriamente
do a constituição do grupo; auditadas por auditores independentes registrados na Co-
III - declaração autenticada do número das ações ou quotas missão de Valores Mobiliários, e observarão as normas
de que a sociedade de comando e as demais sociedades expedidas por essa Comissão.
integrantes do grupo são titulares em cada sociedade filia- Seção V Prejuízos Resultantes de Atos Contrários à
da, ou exemplar de acordo de acionistas que assegura o Convenção
controle de sociedade filiada.
Art. 276. A combinação de recursos e esforços, a subordi-
§ l° Quando as sociedades filiadas tiverem sede em locais
nação dos interesses de uma sociedade aos de outra, ou do
diferentes, deverão ser arquivadas no Registro do Comércio
grupo, e a participação em custos, receitas ou resultados de
das respectivas sedes as atas de assembléia ou alterações
atividades ou empreendimentos somente poderão ser opos-
contratuais que tiverem aprovado a convenção, sem prejuí-
tos aos sócios minoritários das sociedades filiadas nos ter-
zo do registro na sede da sociedade de comando.
mos da convenção do grupo.
§ 2° As certidões de arquivamento no Registro do Comércio
§ 1° Consideram-se minoritários, para os efeitos deste arti-
serão publicadas.
go, todos os sócios da filiada, com exceção da sociedade de
§ 3° A partir da data do arquivamento, a sociedade de co- comando e das demais filiadas do grupo.
mando e as filiadas passarão a usar as respectivas denomi-
§ 2° A distribuição de custos, receitas e resultados e as
nações acrescidas da designação do grupo.
compensações entre sociedades, previstas na convenção
§ 4° As alterações da convenção do grupo serão arquivadas do grupo, deverão ser determinadas e registradas no balan-
e publicadas nos termos deste artigo, observando-se o dis- ço de cada exercício social das sociedades interessadas.
posto no § 1° do artigo 135.
§ 3° Os sócios minoritários da filiada terão ação contra os
Seção III Administração seus administradores e contra a sociedade de comando do
Administradores do Grupo grupo para haver reparação de prejuízos resultantes de atos
Art. 272. A convenção deve definir a estrutura administrati- praticados com infração das normas deste artigo, observado
va do grupo de sociedades, podendo criar órgãos de delibe- o disposto nos parágrafos do artigo 246.
ração colegiada e cargos de direção-geral. Conselho Fiscal das Filiadas
Parágrafo único. A representação das sociedades perante Art. 277. O funcionamento do Conselho Fiscal da compa-
terceiros, salvo disposição expressa na convenção do gru- nhia filiada a grupo, quando não for permanente, poderá ser
po, arquivada no registro do comércio e publicada, caberá pedido por acionistas não controladores que representem,
exclusivamente aos administradores de cada sociedade, de no mínimo, 5% (cinco por cento) das ações ordinárias, ou
acordo com os respectivos estatutos ou contratos sociais. das ações preferenciais sem direito de voto.
Administradores das Sociedades Filiadas § 1° Na constituição do Conselho Fiscal da filiada serão
Art. 273. Aos administradores das sociedades filiadas, sem observadas as seguintes normas:
prejuízo de suas atribuições, poderes e responsabilidades, a) os acionistas não controladores votarão em separado,
de acordo com os respectivos estatutos ou contratos soci- cabendo às ações com direito a voto o direito de eleger 1
ais, compete observar a orientação geral estabelecida e as (um) membro e respectivo suplente e às ações sem direito a
instruções expedidas pelos administradores do grupo que voto, ou com voto restrito, o de eleger outro;
não importem violação da lei ou da convenção do grupo. b) a sociedade de comando e as filiadas poderão eleger
número de membros, e respectivos suplentes, igual ao dos
Remuneração
eleitos nos termos da alínea “a”, mais um.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
Lemos & Cruz – Livraria e Editora
§ 2° O Conselho Fiscal da sociedade filiada poderá solicitar Art. 283. A assembléia-geral não pode, sem o consentimen-
aos órgãos de administração da sociedade de comando, ou to dos diretores ou gerentes, mudar o objeto essencial da
de outras filiadas, os esclarecimentos ou informações que sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou
julgar necessários para fiscalizar a observância da conven- diminuir o capital social, emitir debêntures ou criar partes
ção do grupo. beneficiárias nem aprovar a participação em grupo de soci-
CAPÍTULO XXII CONSÓRCIO edade. (Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997).
Art. 278. As companhias e quaisquer outras sociedades, Art. 284. Não se aplica à sociedade em comandita por a-
sob o mesmo controle ou não, podem constituir consórcio ções o disposto nesta Lei sobre Conselho de Administração,
para executar determinado empreendimento, observado o autorização estatutária de aumento de capital e emissão de
disposto neste Capítulo. bônus de subscrição.
§ 1° O consórcio não tem personalidade jurídica e as con- CAPÍTULO XXIV PRAZOS DE PRESCRIÇÃO
sorciadas somente se obrigam nas condições previstas no Art. 285. A ação para anular a constituição da companhia,
respectivo contrato, respondendo cada uma por suas obri- por vício ou defeito, prescreve em 1 (um) ano, contado da
gações, sem presunção de solidariedade. publicação dos atos constitutivos.
§ 2° A falência de uma consorciada não se estende às de- Parágrafo único. Ainda depois de proposta a ação, é lícito
mais, subsistindo o consórcio com as outras contratantes; à companhia, por deliberação da assembléia-geral, provi-
os créditos que porventura tiver a falida serão apurados e denciar para que seja sanado o vício ou defeito.
pagos na forma prevista no contrato de consórcio. Art. 286. A ação para anular as deliberações tomadas em
Art. 279. O consórcio será constituído mediante contrato assembléia-geral ou especial, irregularmente convocada ou
aprovado pelo órgão da sociedade competente para autori- instalada, violadoras da lei ou do estatuto, ou eivadas de
zar a alienação de bens do ativo permanente, do qual cons- erro, dolo, fraude ou simulação, prescreve em 2 (dois) anos,
tarão: contados da deliberação.
I - a designação do consórcio se houver; Art. 287. Prescreve:
II - o empreendimento que constitua o objeto do consórcio; I - em, 1 (um) ano:
III - a duração, endereço e foro; a) a ação contra peritos e subscritores do capital, para deles
IV - a definição das obrigações e responsabilidade de cada haver reparação civil pela avaliação de bens, contado o
sociedade consorciada, e das prestações específicas; prazo da publicação da ata da assembléia-geral que aprovar
V - normas sobre recebimento de receitas e partilha de re- o laudo;
sultados; b) a ação dos credores não pagos contra os acionistas e os
VI - normas sobre administração do consórcio, contabiliza- liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encer-
ção, representação das sociedades consorciadas e taxa de ramento da liquidação da companhia.
administração, se houver; II - em 3 (três) anos:
VII - forma de deliberação sobre assuntos de interesse co- a) a ação para haver dividendos, contado o prazo da data
mum, com o número de votos que cabe a cada consorciado; em que tenham sido postos à disposição do acionista;
VIII - contribuição de cada consorciado para as despesas b) a ação contra os fundadores, acionistas, administradores,
comuns, se houver. liquidantes, fiscais ou sociedade de comando, para deles
Parágrafo único. O contrato de consórcio e suas alterações haver reparação civil por atos culposos ou dolosos, no caso
serão arquivados no Registro do Comércio do lugar da sua de violação da lei, do estatuto ou da convenção de grupo,
sede, devendo a certidão do arquivamento ser publicada. contado o prazo:
CAPÍTULO XXIII SOCIEDADES EM COMANDITA POR AÇÕES 1 - para os fundadores, da data da publicação dos atos
constitutivos da companhia;
Art. 280. A sociedade em comandita por ações terá o capi-
tal dividido em ações e reger-se-á pelas normas relativas às 2 - para os acionistas, administradores, fiscais e sociedades
companhias ou sociedades anônimas, sem prejuízo das de comando, da data da publicação da ata que aprovar o
modificações constantes deste Capítulo. balanço referente ao exercício em que a violação tenha
ocorrido;
Art. 281. A sociedade poderá comerciar sob firma ou razão
social, da qual só farão parte os nomes dos sócios-diretores 3 - para os liquidantes, da data da publicação da ata da
ou gerentes. Ficam ilimitada e solidariamente responsáveis, primeira assembléia-geral posterior à violação.
nos termos desta Lei, pelas obrigações sociais, os que, por c) a ação contra acionistas para restituição de dividendos
seus nomes, figurarem na firma ou razão social. recebidos de má-fé, contado o prazo da data da publicação
Parágrafo único. A denominação ou a firma deve ser se- da ata da assembléia-geral ordinária do exercício em que os
guida das palavras “Comandita por Ações”, por extenso ou dividendos tenham sido declarados;
abreviadamente. d) a ação contra os administradores ou titulares de partes
Art. 282. Apenas o sócio ou acionista tem qualidade para beneficiárias para restituição das participações no lucro
administrar ou gerir a sociedade, e, como diretor ou gerente, recebidas de má-fé, contado o prazo da data da publicação
responde, subsidiária mas ilimitada e solidariamente, pelas da ata da assembléia-geral ordinária do exercício em que as
obrigações da sociedade. participações tenham sido pagas;
§ 1° Os diretores ou gerentes serão nomeados, sem limita- e) a ação contra o agente fiduciário de debenturistas ou
ção de tempo, no estatuto da sociedade, e somente pode- titulares de partes beneficiárias para dele haver reparação
rão ser destituídos por deliberação de acionistas que repre- civil por atos culposos ou dolosos, no caso de violação da
sentem 2/3 (dois terços), no mínimo, do capital social. lei ou da escritura de emissão, a contar da publicação da
ata da assembléia-geral que tiver tomado conhecimento da
§ 2° O diretor ou gerente que for destituído ou se exonerar
violação;
continuará responsável pelas obrigações sociais contraídas
sob sua administração.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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f) a ação contra o violador do dever de sigilo de que trata o Parágrafo único. As instituições financeiras não poderão
artigo 260 para dele haver reparação civil, a contar da data ser acionistas das companhias a que prestarem os serviços
da publicação da oferta. referidos nos artigos 27; 34, § 2°; 41; 42; 43 e 72.
g) a ação movida pelo acionista contra a companhia, qual- Art. 294. A companhia fechada que tiver menos de vinte
quer que seja o seu fundamento. (Inlcluída pela Lei n° acionistas, com patrimônio líquido inferior a R$ 1.000.000,00
10.303, de 31.10.2001). (um milhão de reais), poderá: (Redação dada pela Lei n°
Art. 288. Quando a ação se originar de fato que deva ser 10.303, de 31.10.2001).
apurado no juízo criminal, não ocorrerá a prescrição antes I - convocar assembléia-geral por anúncio entregue a todos
da respectiva sentença definitiva, ou da prescrição da ação os acionistas, contra-recibo, com a antecedência prevista no
penal. artigo 124; e
CAPÍTULO XXV DISPOSIÇÕES GERAIS II - deixar de publicar os documentos de que trata o artigo
Art. 289. As publicações ordenadas pela presente Lei serão 133, desde que sejam, por cópias autenticadas, arquivados
feitas no órgão oficial da União ou do Estado ou do Distrito no Registro de Comércio juntamente com a ata da assem-
Federal, conforme o lugar em que esteja situada a sede da bléia que sobre eles deliberar.
companhia, e em outro jornal de grande circulação editado § 1° A companhia deverá guardar os recibos de entrega dos
na localidade em que está situada a sede da companhia. anúncios de convocação e arquivar no Registro de Comér-
(Redação dada pela Lei n° 9.457, de 5.5.1997). cio, juntamente com a ata da assembléia, cópia autenticada
§ 1° A Comissão de Valores Mobiliários poderá determinar dos mesmos.
que as publicações ordenadas por esta Lei sejam feitas, § 2° Nas companhias de que trata este artigo, o pagamento
também, em jornal de grande circulação nas localidades em da participação dos administradores poderá ser feito sem
que os valores mobiliários da companhia sejam negociados observância do disposto no § 2° do artigo 152, desde que
em bolsa ou em mercado de balcão, ou disseminadas por aprovada pela unanimidade dos acionistas.
algum outro meio que assegure sua ampla divulgação e § 3° O disposto neste artigo não se aplica à companhia
imediato acesso às informações. (Redação dada pela Lei n° controladora de grupo de sociedade, ou a ela filiadas.
9.457, de 5.5.1997). CAPÍTULO XXVI DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
§ 2° Se no lugar em que estiver situada a sede da compa- Art. 295. A presente Lei entrará em vigor 60 (sessenta) dias
nhia não for editado jornal, a publicação se fará em órgão após a sua publicação, aplicando-se, todavia, a partir da
de grande circulação local. data da publicação, às companhias que se constituírem.
§ 3° A companhia deve fazer as publicações previstas nesta § 1° O disposto neste artigo não se aplica às disposições
Lei sempre no mesmo jornal, e qualquer mudança deverá sobre:
ser precedida de aviso aos acionistas no extrato da ata da a) elaboração das demonstrações financeiras, que serão
assembléia-geral ordinária. observadas pelas companhias existentes a partir do exercí-
§ 4° O disposto no final do § 3° não se aplica à eventual cio social que se iniciar após 1° de janeiro de 1978;
publicação de atas ou balanços em outros jornais. b) a apresentação, nas demonstrações financeiras, de valo-
§ 5° Todas as publicações ordenadas nesta Lei deverão ser res do exercício anterior (artigo 176, § 1°), que será obriga-
arquivadas no Registro do Comércio. tória a partir do balanço do exercício social subseqüente ao
§ 6° As publicações do balanço e da demonstração de lu- referido na alínea anterior;
cros e perdas poderão ser feitas adotando-se como expres- c) elaboração e publicação de demonstrações financeiras
são monetária o “milhar de reais”.(Redação dada pela Lei n° consolidadas, que somente serão obrigatórias para os exer-
9.457, de 5.5.1997). cícios iniciados a partir de 1° de janeiro de 1978.
§ 7° Sem prejuízo do disposto no caput deste artigo, as § 2° A participação dos administradores nos lucros sociais
companhias abertas poderão, ainda, disponibilizar as referi- continuará a regular-se pelas disposições legais e estatutá-
das publicações pela rede mundial de computadores. (Inclu- rias em vigor, aplicando-se o disposto nos §§ 1° e 2° do
ído pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). artigo 152 a partir do exercício social que se iniciar no curso
Art. 290. A indenização por perdas e danos em ações com do ano de 1977.
fundamento nesta Lei será corrigida monetariamente até o § 3° A restrição ao direito de voto das ações ao portador
trimestre civil em que for efetivamente liquidada. (artigo 112) só vigorará a partir de 1 (um) ano a contar da
Art. 291. A Comissão de Valores Mobiliários poderá reduzir, data em que esta Lei entrar em vigor.
mediante fixação de escala em função do valor do capital Art. 296. As companhias existentes deverão proceder à
social, a porcentagem mínima aplicável às companhias adaptação do seu estatuto aos preceitos desta Lei nº prazo
abertas, estabelecida no art. 105; na alínea c do parágrafo de 1 (um) ano a contar da data em que ela entrar em vigor,
único do art. 123; no caput do art. 141; no § 1º do art. 157; devendo para esse fim ser convocada assembléia-geral dos
no § 4º do art. 159; no § 2º do art. 161; no § 6º do art. 163; acionistas.
na alínea a do § 1º do art. 246; e no art. 277. (Redação § 1° Os administradores e membros do Conselho Fiscal
dada pela Lei n° 10.303, de 31.10.2001). respondem pelos prejuízos que causarem pela inobservân-
Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários pode- cia do disposto neste artigo.
rá reduzir a porcentagem de que trata o artigo 249. § 2° O disposto neste artigo não prejudicará os direitos pe-
Art. 292. As sociedades de que trata o artigo 62 da Lei n° cuniários conferidos por partes beneficiárias e debêntures
4.728, de 14 de julho de 1965, podem ter suas ações ao em circulação na data da publicação desta Lei, que somente
portador. poderão ser modificados ou reduzidos com observância do
Art. 293. A Comissão de Valores Mobiliários autorizará as disposto no artigo 51 e no § 5° do artigo 71.
Bolsas de Valores a prestar os serviços previstos nos arti- § 3° As companhias existentes deverão eliminar, no prazo
gos 27; 34, § 2°; 39, § 1°; 40; 41; 42; 43; 44; 72; 102 e 13. de 5 (cinco) anos a contar da data de entrada em vigor des-

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ta Lei, as participações recíprocas vedadas pelo artigo 244 Art. 300. Ficam revogados o Decreto-Lei n° 2.627, de 26 de
e seus parágrafos. setembro de 1940, com exceção dos artigos 59 a 73, e de-
§ 4° As companhias existentes, cujo estatuto for omisso mais disposições em contrário.
quanto à fixação do dividendo, ou que o estabelecer em Brasília, 15 de dezembro de 1976; 155° da Independência e
condições que não satisfaçam aos requisitos do § 1° do 88° da República.
artigo 202 poderão, dentro do prazo previsto neste artigo, ERNESTO GEISEL
fixá-lo em porcentagem inferior à prevista no § 2° do artigo
202, mas os acionistas dissidentes dessa deliberação terão LEI N° 6.515, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1977
direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso do
valor de suas ações, com observância do disposto nos arti-
gos 45 e 137. Regula os casos de dissolução da sociedade conjugal e
do casamento, seus efeitos e respectivos processos, e
§ 5° O disposto no artigo 199 não se aplica às reservas
constituídas e aos lucros acumulados em balanços levanta- dá outras providências
dos antes de 1° de janeiro de 1977. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a se-
§ 6° O disposto nos §§ 1° e 2° do artigo 237 não se aplica
às participações existentes na data da publicação desta Lei. guinte Lei:
Art. 297. As companhias existentes que tiverem ações pre- Art. 1° A separação judicial, a dissolução do casamento, ou
ferenciais com prioridade na distribuição de dividendo fixo a cessação de seus efeitos civis, de que trata a Emenda
ou mínimo ficarão dispensadas do disposto no artigo 167 e Constitucional n° 9, de 28 de junho de 1977, ocorrerão nos
seu § 1°, desde que no prazo de que trata o artigo 296 regu- casos e segundo a forma que esta Lei regula.
lem no estatuto a participação das ações preferenciais na CAPÍTULO I DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL
correção anual do capital social, com observância das se- Art. 2° A sociedade conjugal termina:
guintes normas: I - pela morte de um dos cônjuges;
I - o aumento de capital poderá ficar na dependência de Il - pela nulidade ou anulação do casamento;
deliberação da assembléia-geral, mas será obrigatório III - pela separação judicial;
quando o saldo da conta de que trata o § 3° do artigo 182 IV - pelo divórcio.
ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do capital social; Parágrafo único. O casamento válido somente se dissolve
II - a capitalização da reserva poderá ser procedida median- pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio.
te aumento do valor nominal das ações ou emissões de Seção I Dos Casos e Efeitos da Separação Judicial
novas ações bonificadas, cabendo à assembléia-geral esco-
lher, em cada aumento de capital, o modo a ser adotado; Art. 3° A separação judicial põe termo aos deveres de coa-
bitação, fidelidade recíproca e ao regime matrimonial de
III - em qualquer caso, será observado o disposto no § 4° do
bens, como se o casamento fosse dissolvido.
artigo 17;
§ 1° O procedimento judicial da separação caberá somente
IV - as condições estatutárias de participação serão transcri-
aos cônjuges, e, no caso de incapacidade, serão represen-
tas nos certificados das ações da companhia.
tados por curador, ascendente ou irmão.
Art. 298. As companhias existentes, com capital inferior a
§ 2° O juiz deverá promover todos os meios para que as
Cr$ 5.000.000,00 (cinco milhões de cruzeiros), poderão, no
partes se reconciliem ou transijam, ouvindo pessoal e sepa-
prazo de que trata o artigo 296 deliberar, pelo voto de acio-
radamente cada uma delas e, a seguir, reunindo-as em sua
nistas que representem 2/3 (dois terços) do capital social, a
presença, se assim considerar necessário.
sua transformação em sociedade por quotas, de responsa-
bilidade limitada, observadas as seguintes normas: § 3° Após a fase prevista no parágrafo anterior, se os côn-
juges pedirem, os advogados deverão ser chamados a as-
I - na deliberação da assembléia a cada ação caberá 1 (um)
sistir aos entendimentos e deles participar.
voto, independentemente de espécie ou classe;
Art. 4° Dar-se-á a separação judicial por mútuo consenti-
II - a sociedade por quotas resultante da transformação
mento dos cônjuges, se forem casados há mais de 2 (dois)
deverá ter o seu capital integralizado e o seu contrato social
anos, manifestado perante o juiz e devidamente homologa-
assegurará aos sócios a livre transferência das quotas,
do.
entre si ou para terceiros;
Art. 5° A separação judicial pode ser pedida por um só dos
III - o acionista dissidente da deliberação da assembléia
cônjuges quando imputar ao outro conduta desonrosa ou
poderá pedir o reembolso das ações pelo valor de patrimô-
qualquer ato que importe em grave violação dos deveres do
nio líquido a preços de mercado, observado o disposto nos
casamento e tornem insuportável a vida em comum.
artigos 45 e 137;
§ 1° A separação judicial pode, também, ser pedida se um
IV - o prazo para o pedido de reembolso será de 90 (noven-
dos cônjuges provar a ruptura da vida em comum há mais
ta) dias a partir da data da publicação da ata da assembléia,
de 1 (um) ano consecutivo, e a impossibilidade de sua re-
salvo para os titulares de ações nominativas, que será con-
constituição. (redação dada pela Lei n° 8.408, de 13 de
tado da data do recebimento de aviso por escrito da compa-
fevereiro de 1992).
nhia.
§ 2° O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial quan-
Art. 299. Ficam mantidas as disposições sobre sociedades
do o outro estiver acometido de grave doença mental, mani-
por ações, constantes de legislação especial sobre a aplica-
festada após o casamento, que torne impossível a continua-
ção de incentivos fiscais nas áreas da SUDENE, SUDAM,
ção da vida em comum, desde que, após uma duração de 5
SUDEPE, EMBRATUR e Reflorestamento, bem como todos
(cinco) anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura
os dispositivos das Leis n°s. 4.131, de 3 de setembro de
improvável.
1962, e 4.390, de 29 de agosto de 1964.
§ 3° Nos casos dos parágrafos anteriores, reverterão, ao
cônjuge que não houver pedido a separação judicial, os

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remanescentes dos bens que levou para o casamento, e, se § 2° Nos demais casos, caberá à mulher a opção pela con-
o regime de bens adotado o permitir, também a meação nos servação do nome de casada.
adquiridos na constância da sociedade conjugal. Art. 18. Vencedora na ação de separação judicial (art. 5°,
Art. 6° Nos casos dos §§ 1° e 2° do artigo anterior, a sepa- caput), poderá a mulher renunciar, a qualquer momento, o
ração judicial poderá ser negada, se constituir respectiva- direito de usar o nome do marido.
mente, causa de agravamento das condições pessoais ou Seção IV Dos Alimentos
da doença do outro cônjuge, ou determinar, em qualquer Art. 19. O cônjuge responsável pela separação judicial pres-
caso, conseqüências morais de excepcional gravidade para tará ao outro, se dela necessitar, a pensão que o juiz fixar.
os filhos menores.
Art. 20. Para manutenção dos filhos, os cônjuges, separa-
Art. 7° A separação judicial importará na separação de cor- dos judicialmente, contribuirão na proporção de seus recur-
pos e na partilha de bens. sos.
§ 1° A separação de corpos poderá ser determinada como Art. 21. Para assegurar o pagamento da pensão alimentícia,
medida cautelar (art. 796 do CPC). o juiz poderá determinar a constituição de garantia real ou
§ 2° A partilha de bens poderá ser feita mediante proposta fidejussória.
dos cônjuges e homologada pelo juiz ou por este decidida. § 1° Se o cônjuge credor preferir, o juiz poderá determinar
Art. 8° A sentença que julgar a separação judicial produz que a pensão consista no usufruto de determinados bens do
seus efeitos à data de seu trânsito em julgado, o à da deci- cônjuge devedor.
são que tiver concedido separação cautelar. § 2° Aplica-se, também, o disposto no parágrafo anterior, se
Seção II Da Proteção da Pessoa dos Filhos o cônjuge credor justificar a possibilidade do não recebimen-
Art. 9° No caso de dissolução da sociedade conjugal pela to regular da pensão.
separação judicial consensual (art. 4°), observar-se-á o que Art. 22. Salvo decisão judicial, as prestações alimentícias,
os cônjuges acordarem sobre a guarda dos filhos. de qualquer natureza, serão corrigidas monetariamente na
Art. 10. Na separação judicial fundada no “ caput “ do art. forma dos índices de atualização das Obrigações Reajustá-
5°, os filhos menores ficarão com o cônjuge que a e não veis do Tesouro Nacional - ORTN. (Extinção da OTN: Lei n°
houver dado causa. 7.730, de 31 de janeiro de 1989).
§ 1° Se pela separação judicial forem responsáveis ambos Parágrafo único. No caso do não pagamento das referidas
os cônjuges; os filhos menores ficarão em poder da mãe, prestações no vencimento, o devedor responderá, ainda,
salvo se o juiz verificar que de tal solução possa advir preju- por custas e honorários de advogado apurados simultanea-
ízo de ordem moral para eles. mente.
§ 2° Verificado que não devem os filhos permanecer em Art. 23. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos
poder da mãe nem do pai, deferirá o juiz a sua guarda a herdeiros do devedor, na forma do art. 1.796 do Código
pessoa notoriamente idônea da família de qualquer dos Civil. (arts. 1700 e 1997, do Código vigente).
cônjuges. CAPÍTULO II DO DIVÓRCIO
Art. 11. Quando a separação judicial ocorrer com funda- Art. 24. O divórcio põe termo ao casamento e aos efeitos
mento no § 1° do art. 5°, os filhos ficarão em poder do côn- civis do matrimônio religioso.
juge em cuja companhia estavam durante o tempo de ruptu- Parágrafo único. O pedido somente competirá aos cônju-
ra da vida em comum. ges, podendo, contudo, ser exercido, em caso de incapaci-
Art. 12. Na separação judicial fundada no § 2° do art. 5°, o dade, por curador, ascendente ou irmão.
juiz deferirá a entrega dos filhos ao cônjuge que estiver em Art. 25. A conversão em divórcio da separação judicial dos
condições de assumir, normalmente, a responsabilidade de cônjuges, existente há mais de um ano, contada da data da
sua guarda e educação. decisão ou da que concedeu a medida cautelar correspon-
Art. 13. Se houver motivos graves, poderá o juiz, em qual- dente (art. 8°), será decretada por sentença, da qual não
quer caso, a bem dos filhos, regular por maneira diferente constará referência à causa que a determinou. (Artigo, e
da estabelecida nos artigos anteriores a situação deles com parágrafo com redação dada pela Lei n° 8.408, de 13 de
os pais. fevereiro de 1992).
Art. 14. No caso de anulação do casamento, havendo filhos Parágrafo único. A sentença de conversão determinará
comuns, observar-se-á o disposto nos arts. 10 e 13. que a mulher volte a usar o nome que tinha antes de contra-
Parágrafo único. Ainda que nenhum dos cônjuges esteja ir matrimônio, só conservando o nome de família do ex-
de boa-fé ao contrair o casamento, seus efeitos civis apro- marido se a alteração prevista neste artigo acarretar:
veitarão aos filhos comuns. I - evidente prejuízo para a sua identificação;
Art. 15. Os pais, em cuja guarda não estejam os filhos, II - manifesta distinção entre o seu nome de família e dos
poderão visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo fixar filhos havidos da união dissolvida;
o juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação. III - dano grave reconhecido em decisão judicial.
Art. 16. As disposições relativas à guarda e à prestação de Art. 26. No caso de divórcio resultante da separação previs-
alimentos aos filhos menores estendem-se aos filhos maio- ta nos §§ 1° e 2° do art. 5°, o cônjuge que teve a iniciativa
res inválidos. da separação continuará com o dever de assistência ao
Seção III Do Uso do Nome outro. (Código Civil - art. 231, n° III). (O art. 231, III, do Có-
Art. 17. Vencida na ação de separação judicial (art. 5°, ca- digo Civil de 1916 corresponde ao art. 1.566, III, do Código
put), voltará a mulher a usar o nome de solteira. Civil - Lei n° 10.406, de 10.1.2002).
§ 1° Aplica-se, ainda, o disposto neste artigo, quando é da Art. 27. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos
mulher a iniciativa da separação judicial com fundamento pais em relação aos filhos.
nos §§ 1° e 2° do art. 5º

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Parágrafo único. O novo casamento de qualquer dos pais do tempo da separação. (Redação dada pela Lei n° 7.841,
ou de ambos também não importará restrição a esses direi- de 17 de outubro de 1989).
tos e deveres. § 1° (Revogado pela Lei n° 7.841, de 17.10.1989).
Art. 28. Os alimentos devidos pelos pais e fixados na sen- § 2° No divórcio consensual, o procedimento adotado será
tença de separação poderão ser alterados a qualquer tem- o previsto nos artigos 1.120 a 1.124 do Código de Processo
po. Civil, observadas, ainda, as seguintes normas:
Art. 29. O novo casamento do cônjuge credor da pensão I - a petição conterá a indicação dos meios probatórios da
extingüirá a obrigação do cônjuge devedor. separação de fato, e será instruída com a prova documental
Art. 30. Se o cônjuge devedor da pensão vier a casar-se, o já existente;
novo casamento não alterará sua obrigação. II - a petição fixará o valor da pensão do cônjuge que dela
Art. 31. Não se decretará o divórcio se ainda não houver necessitar para sua manutenção, e indicará as garantias
sentença definitiva de separação judicial, ou se esta não para o cumprimento da obrigação assumida;
tiver decidido sobre a partilha dos bens. III - se houver prova testemunhal, ela será produzida na
Art. 32. A sentença definitiva do divórcio produzirá efeitos audiência de ratificação do pedido de divórcio, a qual será
depois de registrada no Registro Público competente. obrigatoriamente realizada;
Art. 33. Se os cônjuges divorciados quiserem restabelecer a IV - a partilha dos bens deverá ser homologada pela sen-
união conjugal só poderão fazê-lo mediante novo casamen- tença do divórcio.
to. § 3° Nos demais casos, adotar-se-á o procedimento ordiná-
CAPÍTULO III DO PROCESSO rio.
Art. 34. A separação judicial consensual se fará pelo proce- Art. 41. As causas de desquite em curso na data da vigên-
dimento previsto nos arts. 1.120 e 1.124 do Código de Pro- cia desta Lei, tanto as que se processam pelo procedimento
cesso Civil, e as demais pelo procedimento ordinário. especial quanto as de procedimento ordinário, passam au-
§ 1° A petição será também assinada pelos advogados das tomaticamente a visar à separação judicial.
partes ou pelo advogado escolhido de comum acordo. Art. 42. As sentenças já proferidas em causas de desquite
§ 2° O juiz pode recusar a homologação e não decretar a são equiparadas, para os efeitos desta Lei, às de separação
separação judicial, se comprovar que a convenção não judicial.
preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um Art. 43. Se, na sentença do desquite, não tiver sido homo-
dos cônjuges. logada ou decidida a partilha dos bens, ou quando esta não
§ 3° Se os cônjuges não puderem ou não souberem assi- tenha sido feita posteriormente, a decisão de conversão
nar, é lícito que outrem o faça a rogo deles. disporá sobre ela.
§ 4° As assinaturas, quando não lançadas na presença do Art. 44. Contar-se-á o prazo de separação judicial a partir
juiz, serão, obrigatoriamente, reconhecidas por tabelião. da data em que, por decisão judicial proferida em qualquer
Art. 35. A conversão da separação judicial em divórcio será processo, mesmo nos de jurisdição voluntária, for determi-
feita mediante pedido de qualquer dos cônjuges. nada ou presumida a separação dos cônjuges.
Parágrafo único. O pedido será apensado aos autos da Art. 45. Quando o casamento se seguir a uma comunhão
separação judicial. (art. 46). de vida entre os nubentes, existentes antes de 28 de junho
de 1977, que haja perdurado por 10 (dez) anos consecuti-
Art. 36. Do pedido referido no artigo anterior, será citado o
vos ou da qual tenha resultado filhos, o regime matrimonial
outro cônjuge, em cuja resposta não caberá reconvenção.
de bens será estabelecido livremente, não se lhe aplicando
Parágrafo único. A contestação só pode fundar-se em:
o disposto no artigo 258, parágrafo único, n° II, do Código
I - falta de decurso do prazo de 1 (um) ano de separação Civil. (O art. 258, parágrafo único, II, do Código Civil de
judicial; 1916 corresponde ao art. 1.641, II, do Código Civil - Lei n°
II - descumprimento das obrigações assumidas pelo reque- 10.406, de 10.1.2002).
rente na separação. Art. 46. Seja qual for a causa da separação judicial, e o
Art. 37. O juiz conhecerá diretamente do pedido, quando modo como esta se faça, é permitido aos cônjuges restabe-
não houver contestação ou necessidade de produzir prova lecer a todo o tempo a sociedade conjugal, nos termos sem
em audiência, e proferirá sentença dentro em 10 (dez) dias. que fora constituída, contanto que o façam mediante reque-
§ 1° A sentença limitar-se-á à conversão da separação em rimento nos autos da ação de separação.
divórcio, que não poderá ser negada, salvo se provada Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará os
qualquer das hipóteses previstas no parágrafo único do direitos de terceiros, adquiridos antes e durante a separa-
artigo anterior. ção, seja qual for o regime de bens.
§ 2° A improcedência do pedido de conversão não impede Art. 47. Se os autos do desquite ou os da separação judicial
que o mesmo cônjuge o renove, desde que satisfeita a con- tiverem sido extraviados, ou se encontrarem em outra cir-
dição anteriormente descumprida. cunscrição judiciária, o pedido de conversão em divórcio
Art. 38. (Revogado Lei n° 7.841 de 17.10.1989). será instruído com a certidão da sentença, ou da sua aver-
Art. 39. O capítulo III do Título Il do Livro IV do Código de bação no assento de casamento.
Processo Civil, as expressões “desquite por mútuo consen- Art. 48. Aplica-se o disposto no artigo anterior, quando a
timento”, “desquite” e “desquite litigioso” são substituídas mulher desquitada tiver domicílio diverso daquele em que se
por “separação consensual” e “separação judicial”. julgou o desquite.
CAPÍTULO IV DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 49. Os §§ 5° e 6° do art. 7° da Lei de Introdução ao
Art. 40. No caso de separação de fato, e desde que comple- Código Civil passam a vigorar com a seguinte redação:
tados 2 (dois) anos consecutivos, poderá ser promovida (redação já processada).
ação de divórcio, na qual deverá ser comprovado decurso

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Art. 50 - São introduzidas no Código Civil as alterações IV - soluções para o esgotamento sanitário e para a energia
seguintes: (Código Civil de 1916). elétrica domiciliar.(Incluído pela Lei n° 9.785, 29.1.1999).
Art. 51. A Lei n° 883, de 21 de outubro de 1949 passa a Art. 3° Somente será admitido o parcelamento do solo para
vigorar com as seguintes alterações: fins urbanos em zonas urbanas, de expansão urbana ou de
Art. 52. O n° I do art. 100, o n° Il do art. 155 e o § 2° do art. urbanização específica, assim definidas pelo plano diretor
733 do Código de Processo Civil passam a vigorar com a ou aprovadas por lei municipal. (Redação dada pela Lei n°
seguinte redação: 9.785, 29.1.1999).
Art. 53. A presente Lei entrará em vigor na data de sua Parágrafo único. Não será permitido o parcelamento do
publicação. solo:
Art. 54. Revogam-se os arts. 315 a 328 e o § 1° do art. I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de
1605 do Código Civil e as demais disposições em contrário. tomadas as providências para assegurar o escoamento das
(refere-se ao Código Civil de 1916). águas;
Brasília, em 26 de dezembro de 1977; 156° da Independên- II - em terrenos que tenham sido aterrados com material
cia e 89° da República. nocivo à saúde pública, sem que sejam previamente sanea-
ERNESTO GEISEL dos;
III - em terreno com declividade igual ou superior a 30%
(trinta por cento), salvo se atendidas exigências específicas
LEI N° 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979 das autoridades competentes;
IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconse-
lham a edificação;
Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá ou-
V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a
tras providências. poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- correção.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO II DOS REQUISITOS URBANÍSTICOS PARA LOTEA-
Art. 1° O parcelamento do solo para fins urbanos será regi- MENTO
do por esta Lei.
Art. 4° Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
seguintes requisitos:
cípios poderão estabelecer normas complementares relati-
vas ao parcelamento do solo municipal para adequar o pre- I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implan-
visto nesta Lei às peculiaridades regionais e locais. tação de equipamento urbano e comunitário, bem como a
espaços livres de uso público, serão proporcionais à densi-
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
dade de ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada
Art. 2° O parcelamento do solo urbano poderá ser feito por lei municipal para a zona em que se situem. (Redação
mediante loteamento ou desmembramento, observadas as dada pela Lei n° 9.785, 29.1.1999).
disposições desta Lei e as das legislações estaduais e mu- II - os lotes terão área mínima de 125 m2 (cento e vinte e
nicipais pertinentes. cinco metros quadrados) e frente mínima de 5 (cinco) me-
§ 1° Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em tros, salvo quando a legislação estadual ou municipal de-
lotes destinados a edificação, com abertura de novas vias terminar maiores exigências, ou quando o loteamento se
de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, destinar a urbanização específica ou edificação de conjun-
modificação ou ampliação das vias existentes. tos habitacionais de interesse social, previamente aprova-
§ 2° (A Lei n° 9.785, de 29.1.1999, propôs nova redação dos pelos órgãos públicos competentes;
para este § 2°, porém teve seu texto vetado). III - ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas
§ 3° (VETADO pela Lei n° 9.785, 29.1.1999). de domínio público das rodovias e ferrovias, será obrigatória
§ 4° Considera-se lote o terreno servido de infra-estrutura a reserva de uma faixa não edificável de 15 (quinze) metros
básica cujas dimensões atendam aos índices urbanísticos de cada lado, salvo maiores exigências da legislação espe-
definidos pelo plano diretor ou lei municipal para a zona em cífica; (Redação dada pela Lei nº 10.932, 3.8.2004).
que se situe. (Incluído pela Lei n° 9.785, 29.1.1999). IV - as vias de loteamento deverão articular-se com as vias
§ 5° Consideram-se infra-estrutura básica os equipamentos adjacentes oficiais, existentes ou projetadas, e harmonizar-
urbanos de escoamento das águas pluviais, iluminação se com a topografia local.
pública, redes de esgoto sanitário e abastecimento de água § 1° A legislação municipal definirá, para cada zona em que
potável, e de energia elétrica pública e domiciliar e as vias se divida o território do Município, os usos permitidos e os
de circulação pavimentadas ou não.(Incluído pela Lei n° índices urbanísticos de parcelamento e ocupação do solo,
9.785, 29.1.1999). que incluirão, obrigatoriamente, as áreas mínimas e máxi-
§ 6° A infra-estrutura básica dos parcelamentos situados mas de lotes e os coeficientes máximos de aproveitamento.
nas zonas habitacionais declaradas por lei como de interes- (Redação dada pela Lei n° 9.785, 29.1.1999).
se social (ZHIS) consistirá, no mínimo, de: (Incluído pela Lei § 2° Consideram-se comunitários os equipamentos públicos
n° 9.785, 29.1.1999). de educação, cultura, saúde, lazer e similares.
I - vias de circulação; (Incluído pela Lei n° 9.785, § 3º Se necessária, a reserva de faixa não edificável vincu-
29.1.1999). lada a dutovias será exigida no âmbito do respectivo licenci-
II - escoamento das águas pluviais; (Incluído pela Lei n° amento ambiental, observados critérios e parâmetros que
9.785, 29.1.1999). garantam a segurança da população e a proteção do meio
III - rede para o abastecimento de água potável; e (Incluído ambiente, conforme estabelecido nas normas técnicas per-
pela Lei n° 9.785, 29.1.1999). tinentes.(Incluído pela Lei nº 10.932, 3.8.2004).

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Art. 5° O Poder Público competente poderá complementar- § 1° Os desenhos conterão pelo menos:
mente exigir, em cada loteamento, a reserva de faixa non I - a subdivisão das quadras em lotes, com as respectivas
aedificandi destinada a equipamentos urbanos. dimensões e numeração;
Parágrafo único. Consideram-se urbanos os equipamentos II - o sistema de vias com a respectiva hierarquia;
públicos de abastecimento de água, serviços de esgotos, III - as dimensões lineares e angulares do projeto, com rai-
energia elétrica, coletas de águas pluviais, rede telefônica e os, cordas, arcos, ponto de tangência e ângulos centrais
gás canalizado. das vias;
CAPÍTULO III DO PROJETO DE LOTEAMENTO IV - os perfis longitudinais, e transversais de todas as vias
Art. 6° Antes da elaboração do projeto de loteamento, o de circulação e praças;
interessado deverá solicitar à Prefeitura Municipal, ou ao V - a indicação dos marcos de alinhamento e nivelamento
Distrito Federal quando for o caso, que defina as diretrizes localizados nos ângulos de curvas e vias projetadas;
para o uso do solo, traçado dos lotes, do sistema viário, dos VI - a indicação em planta e perfis de todas as linhas de
espaços livres e das áreas reservadas para equipamento escoamento das águas pluviais.
urbano e comunitário, apresentando, para este fim, requeri- § 2° O memorial descritivo deverá conter, obrigatoriamente,
mento e planta do imóvel contendo, pelo menos: pelo menos:
I - as divisas da gleba a ser loteada; I - a descrição sucinta do loteamento, com as suas caracte-
II - as curvas de nível a distância adequada, quando exigi- rísticas e a fixação da zona ou zonas de uso predominante;
das por lei estadual ou municipal; II - as condições urbanísticas do loteamento e as limitações
III - a localização dos cursos d’água, bosques e construções que incidem sobre os lotes e suas construções, além daque-
existentes; las constantes das diretrizes fixadas;
IV - a indicação dos arruamentos contíguos a todo o períme- III - a indicação das áreas públicas que passarão ao domí-
tro, a localização das vias de comunicação, das áreas livres, nio do Município no ato de registro do loteamento;
dos equipamentos urbanos e comunitários, existentes no IV - a enumeração dos equipamentos urbanos, comunitários
local ou em suas adjacências, com as respectivas distâncias e dos serviços públicos ou de utilidade pública, já existentes
da área a ser loteada; no loteamento e adjacências.
V - o tipo de uso predominante a que o loteamento se desti- § 3° Caso se constate, a qualquer tempo, que a certidão da
na; matrícula apresentada como atual não tem mais correspon-
VI - as características, dimensões e localização das zonas dência com os registros e averbações cartorárias do tempo
de uso contíguas. da sua apresentação, além das conseqüências penais cabí-
Art. 7° A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando veis, serão consideradas insubsistentes tanto as diretrizes
for o caso, indicará, nas plantas apresentadas junto com o expedidas anteriormente, quanto as aprovações conseqüen-
requerimento, de acordo com as diretrizes de planejamento tes. (Incluído pela Lei n° 9.785, 29.1.1999).
estadual e municipal: CAPÍTULO IV DO PROJETO DE DESMEMBRAMENTO
I - as ruas ou estradas existentes ou projetadas, que com- Art. 10. Para a aprovação de projeto de desmembramento,
põem o sistema viário da cidade e do Município relaciona- o interessado apresentará requerimento à Prefeitura Muni-
das com o loteamento pretendido e a serem respeitadas; cipal, ou ao Distrito Federal quando for o caso, acompanha-
II - o traçado básico do sistema viário principal; do de certidão atualizada da matrícula da gleba, expedida
III - a localização aproximada dos terrenos destinados a pelo Cartório de Registro de Imóveis competente, ressalva-
equipamento urbano e comunitário e das áreas livres de uso do o disposto no § 4° do art. 18, e de planta do imóvel a ser
público; desmembrado contendo:(Redação dada pela Lei n° 9.785,
IV - as faixas sanitárias do terreno necessárias ao escoa- 29.1.1999).
mento das águas pluviais e as faixas não edificáveis; I - a indicação das vias existentes e dos loteamentos próxi-
V - a zona ou zonas de uso predominante da área, com mos;
indicação dos usos compatíveis. II - a indicação do tipo de uso predominante no local;
Parágrafo único. As diretrizes expedidas vigorarão pelo III - a indicação da divisão de lotes pretendida na área.
prazo máximo de quatro anos. (Redação dada pela Lei n° Art. 11. Aplicam-se ao desmembra-mento, no que couber,
9.785, 29.1.1999). as disposições urbanísticas vigentes para as regiões em
Art. 8° Os Municípios com menos de cinqüenta mil habitan- que se situem ou, na ausência destas, as disposições urba-
tes e aqueles cujo plano diretor contiver diretrizes de urba- nísticas para os loteamentos. (Redação dada pela Lei n°
nização para a zona em que se situe o parcelamento pode- 9.785, 29.1.1999).
rão dispensar, por lei, a fase de fixação de diretrizes previs- Parágrafo único. O Município, ou o Distrito Federal quando
tas nos arts. 6° e 7° desta Lei. (Redação dada pela Lei n° for o caso, fixará os requisitos exigíveis para a aprovação de
9.785, 29.1.1999). desmembramento de lotes decorrentes de loteamento cuja
Art. 9° Orientado pelo traçado e diretrizes oficiais, quando destinação da área pública tenha sido inferior à mínima
houver, o projeto, contendo desenhos, memorial descritivo e prevista no § 1° do art. 4° desta Lei.
cronograma de execução das obras com duração máxima CAPÍTULO V DA APROVAÇÃO DO PROJETO DE LOTEAMENTO E
de quatro anos, será apresentado à Prefeitura Municipal, ou DESMEMBRAMENTO
ao Distrito Federal, quando for o caso, acompanhado de
Art. 12. O projeto de loteamento e desmembramento deverá
certidão atualizada da matrícula da gleba, expedida pelo
ser aprovado pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Fe-
Cartório de Registro de Imóveis competente, de certidão
deral quando for o caso, a quem compete também a fixação
negativa de tributos municipais e do competente instrumen-
das diretrizes a que aludem os artigos 6° e 7° desta Lei,
to de garantia, ressalvado o disposto no § 4° do art. 18.
salvo a exceção prevista no artigo seguinte.
(Redação dada pela Lei n° 9.785, 29.1.1999).

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Parágrafo único. O projeto aprovado deverá ser executado II - histórico dos títulos de propriedade do imóvel, abrangen-
no prazo constante do cronograma de execução, sob pena do os últimos 20 (vinte) anos, acompanhado dos respectivos
de caducidade da aprovação. (Incluído pela Lei n° 9.785, comprovantes;
29.1.1999). III - certidões negativas:
Art. 13. Aos Estados caberá disciplinar a aprovação pelos a) de tributos federais, estaduais e municipais incidentes
Municípios de loteamentos e desmembramentos nas se- sobre o imóvel;
guintes condições: (Redação dada pela Lei n° 9.785, b) de ações reais referentes ao imóvel, pelo período de 10
29.1.1999). (dez) anos;
I - quando localizados em áreas de interesse especial, tais c) de ações penais com respeito ao crime contra o patrimô-
como as de proteção aos mananciais ou ao patrimônio cul- nio e contra a Administração Pública;
tural, histórico, paisagístico e arqueológico, assim definidas IV - certidões:
por legislação estadual ou federal; a) dos Cartórios de Protestos de Títulos, em nome do lotea-
II - quando o loteamento ou desmembramento localizar-se dor, pelo período de 10 (dez) anos;
em área limítrofe do Município, ou que pertença a mais de b) de ações pessoais relativas ao loteador, pelo período de
um Município, nas regiões metropolitanas ou em aglomera- 10 (dez) anos;
ções urbanas, definidas em lei estadual ou federal;
c) de ônus reais relativos ao imóvel;
III - quando o loteamento abranger área superior a
d) de ações penais contra o loteador, pelo período de 10
1.000.000 m2 (um milhão de metros quadrados).
(dez) anos;
Parágrafo único. No caso de loteamento ou desmembra-
V - cópia do ato de aprovação do loteamento e comprovante
mento localizado em área de Município integrante de região
do termo de verificação pela Prefeitura Municipal ou pelo
metropolitana, o exame e a anuência prévia à aprovação do
Distrito Federal, da execução das obras exigidas por legis-
projeto caberão à autoridade metropolitana.
lação municipal, que incluirão, no mínimo, a execução das
Art. 14. Os Estados definirão, por decreto, as áreas de pro- vias de circulação do loteamento, demarcação dos lotes,
teção especial, previstas no inciso I do artigo anterior. quadras e logradouros e das obras de escoamento das
Art. 15. Os Estados estabelecerão, por decreto, as normas águas pluviais ou da aprovação de um cronograma, com a
a que deverão submeter-se os projetos de loteamento e duração máxima de quatro anos, acompanhado de compe-
desmembramento nas áreas previstas no art. 13, observa- tente instrumento de garantia para a execução das obras;
das as disposições desta Lei. (Redação dada pela Lei n° 9.785, 29.1.1999).
Parágrafo único. Na regulamentação das normas previstas VI - exemplar do contrato-padrão de promessa de venda, ou
neste artigo, o Estado procurará atender às exigências ur- de cessão ou de promessa de cessão, do qual constarão
banísticas do planejamento municipal. obrigatoriamente as indicações previstas no art. 26 desta
Art. 16. A lei municipal definirá os prazos para que um pro- Lei;
jeto de parcelamento apresentado seja aprovado ou rejeita- VII - declaração do cônjuge do requerente de que consente
do e para que as obras executadas sejam aceitas ou recu- no registro do loteamento.
sadas.(Redação dada pela Lei n° 9.785, 29.1.1999). § 1° Os períodos referidos nos incisos III, b e IV, a, b e d,
§ 1° Transcorridos os prazos sem a manifestação do Poder tomarão por base a data do pedido de registro do loteamen-
Público, o projeto será considerado rejeitado ou as obras to, devendo todas elas ser extraídas em nome daqueles
recusadas, assegurada a indenização por eventuais danos que, nos mencionados períodos, tenham sido titulares de
derivados da omissão. (Incluído pela Lei n° 9.785, direitos reais sobre o imóvel.
29.1.1999). § 2° A existência de protestos, de ações pessoais ou de
§ 2° Nos Municípios cuja legislação for omissa, os prazos ações penais, exceto as referentes a crime contra o patri-
serão de noventa dias para a aprovação ou rejeição e de mônio e contra a administração, não impedirá o registro do
sessenta dias para a aceitação ou recusa fundamentada loteamento se o requerente comprovar que esses protestos
das obras de urbanização. (Incluído pela Lei n° 9.785, ou ações não poderão prejudicar os adquirentes dos lotes.
29.1.1999). Se o oficial do registro de imóveis julgar insuficiente a com-
Art. 17. Os espaços livres de uso comum, as vias e praças, provação feita, suscitará a dúvida perante o juiz competen-
as áreas destinadas a edifícios públicos e outros equipa- te.
mentos urbanos, constantes do projeto e do memorial des- § 3° A declaração a que se refere o inciso VII deste artigo
critivo, não poderão ter sua destinação alterada pelo lotea- não dispensará o consentimento do declarante para os atos
dor, desde a aprovação do loteamento, salvo as hipóteses de alienação ou promessa de alienação de lotes, ou de
de caducidade da licença ou desistência do loteador, sendo, direitos a eles relativos, que venham a ser praticados pelo
neste caso, observadas as exigências do art. 23 desta Lei. seu cônjuge.
CAPÍTULO VI DO REGISTRO DO LOTEAMENTO E DESMEMBRA- § 4° O título de propriedade será dispensado quando se
MENTO
tratar de parcelamento popular, destinado às classes de
Art. 18. Aprovado o projeto de loteamento ou de desmem- menor renda, em imóvel declarado de utilidade pública, com
bramento, o loteador deverá submetê-lo ao Registro Imobili- processo de desapropriação judicial em curso e imissão
ário dentro de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de cadu- provisória na posse, desde que promovido pela União, Es-
cidade da aprovação, acompanhado dos seguintes docu- tados, Distrito Federal, Municípios ou suas entidades dele-
mentos: gadas, autorizadas por lei a implantar projetos de habitação.
I - título de propriedade do imóvel ou certidão da matrícula, (Incluído pela Lei n° 9.785, 29.1.1999).
ressalvado o disposto nos §§ 4° e 5°; (Redação dada pela § 5° No caso de que trata o § 4°, o pedido de registro do
Lei n° 9.785, 29.1.1999). parcelamento, além dos documentos mencionados nos
incisos V e VI deste artigo, será instruído com cópias autên-

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ticas da decisão que tenha concedido a imissão provisória § 3° Enquanto não procedidos todos os registros de que
na posse, do decreto de desapropriação, do comprovante trata este artigo, considerar-se-á o loteamento como não
de sua publicação na imprensa oficial e, quando formulado registrado para os efeitos desta Lei.
por entidades delegadas, da lei de criação e de seus atos § 4° O indeferimento do registro do loteamento em uma
constitutivos. (Incluído pela Lei n° 9.785, 29.1.1999). circunscrição não determinará o cancelamento do registro
Art. 19. Examinada a documentação e encontrada em or- procedido em outra, se o motivo do indeferimento naquela
dem, o oficial do Registro de Imóveis encaminhará comuni- não se estender à área situada sob a competência desta, e
cação à Prefeitura e fará publicar, em resumo e com peque- desde que o interessado requeira a manutenção do registro
no desenho de localização da área, edital do pedido de obtido, submetido o remanescente do loteamento a uma
registro em 3 (três) dias consecutivos, podendo este ser aprovação prévia perante a Prefeitura Municipal, ou o Distri-
impugnado no prazo de 15 (quinze) dias contados da data to Federal quando for o caso.
da última publicação. Art. 22. Desde a data de registro do loteamento, passam a
§ 1° Findo o prazo sem impugnação, será feito imediata- integrar o domínio do Município as vias e praças, os espa-
mente o registro. Se houver impugnação de terceiros, o ços, livres e as áreas destinadas a edifícios públicos e ou-
oficial do registro de imóveis intimará o requerente e a Pre- tros equipamentos urbanos, constantes do projeto e do
feitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, memorial descritivo.
para que sobre ela se manifestem no prazo de 5 (cinco) Art. 23. O registro do loteamento só poderá ser cancelado:
dias, sob pena de arquivamento do processo. Com tais I - por decisão judicial;
manifestações o processo será enviado ao juiz competente II - a requerimento do loteador, com anuência da Prefeitura,
para decisão. ou do Distrito Federal quando for o caso, enquanto nenhum
§ 2° Ouvido o Ministério Público no prazo de 5 (cinco) dias, lote houver sido objeto de contrato;
o juiz decidirá de plano ou após instrução sumária, devendo III - a requerimento conjunto do loteador e de todos os ad-
remeter ao interessado as vias ordinárias caso a matéria quirentes de lotes, com anuência da Prefeitura, ou do Distri-
exija maior indagação. to Federal quando for o caso, e do Estado.
§ 3° Nas capitais, a publicação do edital se fará no Diário § 1° A Prefeitura e o Estado só poderão se opor ao cance-
Oficial do Estado e num dos jornais de circulação diária. lamento se disto resultar inconveniente comprovado para o
Nos demais Municípios, a publicação se fará apenas num desenvolvimento urbano ou se já se tiver realizado qualquer
dos jornais locais, se houver, ou, não havendo, em jornal da melhoramento na área loteada ou adjacências.
região. § 2° Nas hipóteses dos incisos II e III, o oficial do Registro
§ 4° O oficial do Registro de Imóveis que efetuar o registro de Imóveis fará publicar, em resumo, edital do pedido de
em desacordo com as exigências desta Lei ficará sujeito a cancelamento, podendo este ser impugnado no prazo de 30
multa equivalente a 10 (dez) vezes os emolumentos regi- (trinta) dias contados da data da última publicação. Findo
mentais fixados para o registro, na época em que for aplica- esse prazo, com ou sem impugnação, o processo será re-
da a penalidade pelo juiz corregedor do cartório, sem prejuí- metido ao juiz competente para homologação do pedido de
zo das sanções penais e administrativas cabíveis. cancelamento, ouvido o Ministério Público.
§ 5° Registrado o loteamento, o oficial de registro comunica- § 3° A homologação de que trata o parágrafo anterior será
rá, por certidão, o seu registro à Prefeitura. precedida de vistoria judicial destinada a comprovar a ine-
Art. 20. O registro do loteamento será feito, por extrato, no xistência de adquirentes instalados na área loteada.
livro próprio. Art. 24. O processo de loteamento e os contratos deposita-
Parágrafo único. No Registro de Imóveis far-se-á o registro dos em cartório poderão ser examinados por qualquer pes-
do loteamento, com uma indicação para cada lote, a aver- soa, a qualquer tempo, independentemente do pagamento
bação das alterações, a abertura de ruas e praças e as de custas ou emolumentos, ainda que a título de busca.
áreas destinadas a espaços livres ou a equipamentos urba- CAPÍTULO VII DOS CONTRATOS
nos.
Art. 25. São irretratáveis os compromissos de compra e
Art. 21. Quando a área loteada estiver situada em mais de
venda, cessões e promessas de cessão, os que atribuam
uma circunscrição imobiliária, o registro será requerido pri-
direito a adjudicação compulsória e, estando registrados,
meiramente perante aquela em que estiver localizada a
confiram direito real oponível a terceiros.
maior parte da área loteada. Procedido o registro nessa
Art. 26. Os compromissos de compra e venda, as cessões
circunscrição, o interessado requererá, sucessivamente, o
registro do loteamento em cada uma das demais, compro- ou promessas de cessão poderão ser feitos por escritura
pública ou por instrumento particular, de acordo com o mo-
vando perante cada qual o registro efetuado na anterior, até
delo depositado na forma do inciso VI do art. 18 e conterão,
que o loteamento seja registrado em todas. Denegado o
registro em qualquer das circunscrições, essa decisão será pelo menos, as seguintes indicações:
comunicada, pelo oficial do registro de imóveis, às demais I - nome, registro civil, cadastro fiscal no Ministério da Fa-
para efeito de cancelamento dos registros feitos, salvo se zenda, nacionalidade, estado civil e residência dos contra-
ocorrer a hipótese prevista no § 4° deste artigo. tantes;
§ 1° Nenhum lote poderá situar-se em mais de uma circuns- II - denominação e situação do loteamento, número e data
crição. da inscrição;
§ 2° É defeso ao interessado processar simultaneamente, III - descrição do lote ou dos lotes que forem objeto de com-
perante diferentes circunscrições, pedidos de registro do promissos, confrontações, área e outras características;
mesmo loteamento, sendo nulos os atos praticados com IV - preço, prazo, forma e local de pagamento bem como a
infração a esta norma. importância do sinal;
V - taxa de juros incidentes sobre o débito em aberto e so-
bre as prestações vencidas e não pagas, bem como a cláu-

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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sula penal, nunca excedente a 10% (dez por cento) do débi- como da aprovação pela Prefeitura Municipal, ou do Distrito
to e só exigível nos casos de intervenção judicial ou de mo- Federal quando for o caso, devendo ser depositada no Re-
ra superior a 3 (três) meses; gistro de Imóveis, em complemento ao projeto original, com
VI - indicação sobre a quem incumbe o pagamento dos a devida averbação.
impostos e taxas incidentes sobre o lote compromissado; Art. 29. Aquele que adquirir a propriedade loteada mediante
VII - declaração das restrições urbanísticas convencionais ato inter vivos, ou por sucessão causa mortis, sucederá o
do loteamento, supletivas da legislação pertinente. transmitente em todos os seus direitos e obrigações, ficando
§ 1° O contrato deverá ser firmado em três vias ou extraído obrigado a respeitar os compromissos de compra e venda
em três traslados, sendo um para cada parte e o terceiro ou as promessas de cessão, em todas as suas cláusulas,
para arquivo no Registro Imobiliário, após o registro e ano- sendo nula qualquer disposição em contrário, ressalvado o
tações devidas. direito do herdeiro ou legatário de renunciar à herança ou ao
§ 2° Quando o contrato houver sido firmado por procurador legado.
de qualquer das partes, será obrigatório o arquivamento da Art. 30. A sentença declaratória de falência ou da insolvên-
procuração no Registro Imobiliário. cia de qualquer das partes não rescindirá os contratos de
§ 3° Admite-se, nos parcelamentos populares, a cessão da compromisso de compra e venda ou de promessa de ces-
posse em que estiverem provisoriamente imitidas a União, são que tenham por objeto a área loteada ou lotes da mes-
Estados, Distrito Federal, Municípios e suas entidades dele- ma. Se a falência ou insolvência for do proprietário da área
gadas, o que poderá ocorrer por instrumento particular, ao loteada ou do titular de direito sobre ela, incumbirá ao síndi-
qual se atribui, para todos os fins de direito, caráter de escri- co ou ao administrador dar cumprimento aos referidos con-
tura pública, não se aplicando a disposição do inciso II do tratos; se do adquirente do lote, seus direitos serão levados
art. 134 do Código Civil. (Incluído pela Lei n° 9.785, à praça.
29.1.1999).(Refere-se, atualmente, ao art. 108 do Código Art. 31. O contrato particular pode ser transferido por sim-
Civil de 2002). ples trespasse, lançado no verso das vias em poder das
§ 4° A cessão da posse referida no § 3°, cumpridas as obri- partes, ou por instrumento em separado, declarando-se o
gações do cessionário, constitui crédito contra o exproprian- número do registro do loteamento, o valor da cessão e a
te, de aceitação obrigatória em garantia de contratos de qualificação do cessionário, para o devido registro.
financiamentos habitacionais. (Incluído pela Lei n° 9.785, § 1° A cessão independe da anuência do loteador, mas, em
29.1.1999). relação a este, seus efeitos só se produzem depois de cien-
§ 5° Com o registro da sentença que, em processo de de- tificado, por escrito, pelas partes ou quando registrada a
sapropriação, fixar o valor da indenização, a posse referida cessão.
no § 3° converter-se-á em propriedade e a sua cessão, em § 2° Uma vez registrada a cessão, feita sem anuência do
compromisso de compra e venda ou venda e compra, con- loteador, o oficial do registro dar-lhe-á ciência, por escrito,
forme haja obrigações a cumprir ou estejam elas cumpridas, dentro de 10 (dez) dias.
circunstância que, demonstradas ao Registro de Imóveis, Art. 32. Vencida e não paga a prestação, o contrato será
serão averbadas na matrícula relativa ao lote. (Incluído pela considerado rescindido 30 (trinta) dias depois de constituído
Lei n° 9.785, 29.1.1999). em mora o devedor.
§ 6° Os compromissos de compra e venda, as cessões e as § 1° Para os fins deste artigo o devedor-adquirente será
promessas de cessão valerão como título para o registro da intimado, a requerimento do credor, pelo oficial do Registro
propriedade do lote adquirido, quando acompanhados da de Imóveis, a satisfazer as prestações vencidas e as que se
respectiva prova de quitação. (Incluído pela Lei n° 9.785, vencerem até a data do pagamento, os juros convenciona-
29.1.1999). dos e as custas de intimação.
Art. 27. Se aquele que se obrigou a concluir contrato de § 2° Purgada a mora, convalescerá o contrato.
promessa de venda ou de cessão não cumprir a obrigação, § 3° Com a certidão de não haver sido feito o pagamento
o credor poderá notificar o devedor para outorga do contrato em cartório, o vendedor requererá ao oficial do registro o
ou oferecimento de impugnação no prazo de 15 (quinze) cancelamento da averbação.
dias, sob pena de proceder-se ao registro do pré-contrato, Art. 33. Se o credor das prestações se recusar a recebê-las
passando as relações entre as partes a serem regidas pelo ou furtar-se ao seu recebimento, será constituído em mora
contrato-padrão. mediante notificação do oficial do Registro de Imóveis para
§ 1° Para fins deste artigo, terão o mesmo valor de pré- vir receber as importâncias depositadas pelo devedor no
contrato a promessa de cessão, a proposta de compra, a próprio Registro de Imóveis. Decorridos 15 (quinze) dias
reserva de lote ou qualquer outro instrumento, do qual cons- após o recebimento da intimação, considerar-se-á efetuado
te a manifestação da vontade das partes, a indicação do o pagamento, a menos que o credor impugne o depósito e,
lote, o preço e modo de pagamento, e a promessa de con- alegando inadimplemento do devedor, requeira a intimação
tratar. deste para os fins do disposto no art. 32 desta Lei.
§ 2° O registro de que trata este artigo não será procedido Art. 34. Em qualquer caso de rescisão por inadimplemento
se a parte que o requereu não comprovar haver cumprido a do adquirente, as benfeitorias necessárias ou úteis por ele
sua prestação, nem a oferecer na forma devida, salvo se levadas a efeito no imóvel deverão ser indenizadas, sendo
ainda não exigível. de nenhum efeito qualquer disposição contratual em contrá-
§ 3° Havendo impugnação daquele que se comprometeu a rio.
concluir o contrato, observar-se-á o disposto nos artigos 639 Parágrafo único. Não serão indenizadas as benfeitorias
e 640 do Código de Processo Civil. feitas em desconformidade com o contrato ou com a lei.
Art. 28. Qualquer alteração ou cancelamento parcial do Art. 35. Ocorrendo o cancelamento do registro por inadim-
loteamento registrado dependerá de acordo entre o loteador plemento do contrato e tendo havido o pagamento de mais
e os adquirentes de lotes atingidos pela alteração, bem de um terço do preço ajustado, o oficial do Registro de Imó-

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veis mencionará este fato no ato do cancelamento e a quan- Art. 40. A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando
tia paga; somente será efetuado novo registro relativo ao for o caso, se desatendida pelo loteador a notificação, pode-
mesmo lote, se for comprovada a restituição do valor pago rá regularizar loteamento ou desmembramento não autori-
pelo vendedor ao titular do registro cancelado, ou mediante zado ou executado sem observância das determinações do
depósito em dinheiro à sua disposição junto ao Registro de ato administrativo de licença, para evitar lesão aos seus
Imóveis. padrões de desenvolvimento urbano e na defesa dos direi-
§ 1° Ocorrendo o depósito a que se refere este artigo, o tos dos adquirentes de lotes.
oficial do registro de imóveis intimará o interessado para vir § 1° A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for
recebê-lo no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de ser devol- o caso, que promover a regularização, na forma deste arti-
vido ao depositante. go, obterá judicialmente o levantamento das prestações
§ 2° No caso de não ser encontrado o interessado, o oficial depositadas, com os respectivos acréscimos de correção
do registro de imóveis depositará a quantia em estabeleci- monetária e juros, nos termos do § 1° do art. 38 desta Lei, a
mento de crédito, segundo a ordem prevista no inciso I do título de ressarcimento das importâncias despendidas com
art. 666 do Código de Processo Civil, em conta com inci- equipamentos urbanos ou expropriações necessárias para
dência de juros e correção monetária. regularizar o loteamento ou desmembramento.
Art. 36. O registro do compromisso, cessão ou promessa de § 2° As importâncias despendidas pela Prefeitura Municipal,
cessão só poderá ser cancelado: ou pelo Distrito Federal quando for o caso, para regularizar
I - por decisão judicial; o loteamento ou desmembramento, caso não sejam inte-
II - a requerimento conjunto das partes contratantes; gralmente ressarcidas conforme o disposto no parágrafo
III - quando houver rescisão comprovada do contrato. anterior, serão exigidas na parte faltante do loteador, apli-
cando-se o disposto no art. 47 desta Lei.
CAPÍTULO VIII DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 3° No caso de o loteador não cumprir o estabelecido no
Art. 37. É vedado vender ou prometer vender parcela de parágrafo anterior, a Prefeitura Municipal, ou o Distrito Fe-
loteamento ou desmembramento não registrado. deral quando for o caso, poderá receber as prestações dos
Art. 38. Verificado que o loteamento ou desmembramento adquirentes, até o valor devido.
não se acha registrado ou regularmente executado ou notifi- § 4° A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for
cado pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Federal o caso, para assegurar a regularização do loteamento ou
quando for o caso, deverá o adquirente do lote suspender o desmembramento, bem como o ressarcimento integral de
pagamento das prestações restantes e notificar o loteador importâncias despendidas, ou a despender, poderá promo-
para suprir a falta. ver judicialmente os procedimentos cautelares necessários
§ 1° Ocorrendo a suspensão do pagamento das prestações aos fins colimados.
restantes, na forma do caput deste artigo, o adquirente efe- § 5° A regularização de um parcelamento pela Prefeitura
tuará o depósito das prestações devidas junto ao Registro Municipal, ou Distrito Federal quando for o caso, não poderá
de Imóveis competente, que as depositará em estabeleci- contrariar o disposto nos arts. 3° e 4° desta Lei, ressalvado
mento de crédito, segundo a ordem prevista no inciso I do o disposto no § 1° desse último. (Incluído pela Lei n° 9.785,
art. 666 do Código de Processo Civil, em conta com inci- 29.1.1999).
dência de juros e correção monetária, cuja movimentação Art. 41. Regularizado o loteamento ou desmembramento
dependerá de prévia autorização judicial. pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Federal quando
§ 2° A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for for o caso, o adquirente do lote, comprovando o depósito de
o caso, ou o Ministério Público, poderá promover a notifica- todas as prestações do preço avençado, poderá obter o
ção ao loteador prevista no caput deste artigo. registro de propriedade do lote adquirido, valendo para tanto
§ 3° Regularizado o loteamento pelo loteador, este promo- o compromisso de venda e compra devidamente firmado.
verá judicialmente a autorização para levantar as presta- Art. 42. Nas desapropriações não serão considerados como
ções depositadas, com os acréscimos de correção monetá- loteados ou loteáveis, para fins de indenização, os terrenos
ria e juros, sendo necessária a citação da Prefeitura, ou do ainda não vendidos ou compromissados, objeto de lotea-
Distrito Federal quando for o caso, para integrar o processo mento ou desmembramento não registrado.
judicial aqui previsto, bem como audiência do Ministério Art. 43. Ocorrendo a execução de loteamento não aprova-
Público.
do, a destinação de áreas públicas exigidas no inciso I do
§ 4° Após o reconhecimento judicial de regularidade do art. 4° desta Lei não se poderá alterar sem prejuízo da apli-
loteamento, o loteador notificará os adquirentes dos lotes, cação das sanções administrativas, civis e criminais previs-
por intermédio do Registro de Imóveis competente, para que tas.
passem a pagar diretamente as prestações restantes, a Parágrafo único. Neste caso, o loteador ressarcirá a Prefei-
contar da data da notificação. tura Municipal ou o Distrito Federal quando for o caso, em
§ 5° No caso de o loteador deixar de atender à notificação pecúnia ou em área equivalente, no dobro da diferença
até o vencimento do prazo contratual, ou quando o lotea- entre o total das áreas públicas exigidas e as efetivamente
mento ou desmembramento for regularizado pela Prefeitura destinadas. (Incluído pela Lei n° 9.785, 29.1.1999).
Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, nos Art. 44. O Município, o Distrito Federal e o Estado poderão
termos do art. 40 desta Lei, o loteador não poderá, a qual-
expropriar áreas urbanas ou de expansão urbana para relo-
quer título, exigir o recebimento das prestações deposita-
teamento, demolição, reconstrução e incorporação, ressal-
das. vada a preferência dos expropriados para a aquisição de
Art. 39. Será nula de pleno direito a cláusula de rescisão de novas unidades.
contrato por inadimplemento do adquirente, quando o lote- Art. 45. O loteador, ainda que já tenha vendido todos os
amento não estiver regularmente inscrito. lotes, ou os vizinhos, são partes legítimas para promover

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ação destinada a impedir construção em desacordo com Art. 51. Quem, de qualquer modo, concorra para a prática
restrições legais ou contratuais. dos crimes previstos no artigo anterior desta Lei incide nas
Art. 46. O loteador não poderá fundamentar qualquer ação penas a estes cominadas, considerados em especial os
ou defesa na presente Lei sem apresentação dos registros e atos praticados na qualidade de mandatário de loteador,
contratos a que ela se refere. diretor ou gerente de sociedade.
Art. 47. Se o loteador integrar grupo econômico ou financei- Parágrafo único. (VETADO Incluído pela Lei n° 9.785,
ro, qualquer pessoa física ou jurídica desse grupo, benefici- 29.1.1999).
ária de qualquer forma do loteamento ou desmembramento Art. 52. Registrar loteamento ou desmembramento não
irregular, será solidariamente responsável pelos prejuízos aprovado pelos órgãos competentes, registrar o compromis-
por ele causados aos compradores de lotes e ao Poder so de compra e venda, a cessão ou promessa de cessão de
Público. direitos, ou efetuar registro de contrato de venda de lotea-
Art. 48. O foro competente para os procedimentos judiciais mento ou desmembramento não registrado:
previstos nesta Lei será sempre o da comarca da situação Pena -: Detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa de 5
do lote. (cinco) a 50 (cinqüenta) vezes o maior salário mínimo vigen-
Art. 49. As intimações e notificações previstas nesta Lei te no País, sem prejuízo das sanções administrativas cabí-
deverão ser feitas pessoalmente ao intimado ou notificado, veis.
que assinará o comprovante do recebimento, e poderão CAPÍTULO X DISPOSIÇÕES FINAIS
igualmente ser promovidas por meio dos Cartórios de Re- Art. 53. Todas as alterações de uso do solo rural para fins
gistro de Títulos e Documentos da comarca da situação do urbanos dependerão de prévia audiência do Instituto Nacio-
imóvel ou do domicílio de quem deva recebê-las. nal de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, do Órgão
§ 1° Se o destinatário se recusar a dar recibo ou se furtar ao Metropolitano, se houver, onde se localiza o Município, e da
recebimento, ou se for desconhecido o seu paradeiro, o aprovação da Prefeitura Municipal, ou do Distrito Federal
funcionário incumbido da diligência informará esta circuns- quando for o caso, segundo as exigências da legislação
tância ao oficial competente que a certificará, sob sua res- pertinente.
ponsabilidade. Art. 53-A. São considerados de interesse público os parce-
§ 2° Certificada a ocorrência dos fatos mencionados no lamentos vinculados a planos ou programas habitacionais
parágrafo anterior, a intimação ou notificação será feita por de iniciativa das Prefeituras Municipais e do Distrito Federal,
edital na forma desta Lei, começando o prazo a correr 10 ou entidades autorizadas por lei, em especial as regulariza-
(dez) dias após a última publicação. ções de parcelamentos e de assentamentos. (Incluído pela
CAPÍTULO IX DISPOSIÇÕES PENAIS Lei n° 9.785, 29.1.1999).
Art. 50. Constitui crime contra a Administração Pública: Parágrafo único. Às ações e intervenções de que trata este
I - dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou artigo não será exigível documentação que não seja a mí-
desmem-bramento do solo para fins urbanos sem autoriza- nima necessária e indispensável aos registros no cartório
ção do órgão público competente, ou em desacordo com as competente, inclusive sob a forma de certidões, vedadas as
disposições desta Lei ou das normas pertinentes do Distrito exigências e as sanções pertinentes aos particulares, espe-
Federal, Estados e Municípios; cialmente aquelas que visem garantir a realização de obras
II - dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou e serviços, ou que visem prevenir questões de domínio de
desmem-bramento do solo para fins urbanos sem obser- glebas, que se presumirão asseguradas pelo Poder Público
vância das determinações constantes do ato administrativo respectivo. (Incluído pela Lei n° 9.785, 29.1.1999).
de licença; Art. 54. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publica-
III - fazer, ou veicular em proposta, contrato, prospecto ou ção.
comunicação ao público ou a interessados, afirmação falsa Art. 55. Revogam-se as disposições em contrário.
sobre a legalidade de loteamento ou desmembramento do Brasília, 19 de dezembro de 1979; 158° da Independência e
solo para fins urbanos, ou ocultar fraudulentamente fato a 91° da República.
ele relativo: JOÃO BAPTISTA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO
Pena -: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa de 5
(cinco) a 50 (cinqüenta) vezes o maior salário mínimo vigen- LEI N° 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981
te no País.
Parágrafo único. O crime definido neste artigo é qualifica- Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
do, se cometido: seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá
I - por meio de venda, promessa de venda, reserva de lote outras providências.
ou quaisquer outros instrumentos que manifestem a inten- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
ção de vender lote em loteamento ou desmembramento não gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
registrado no Registro de Imóveis competente;
Art. 1° Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art.
II - com inexistência de título legítimo de propriedade do 23 e no art. 235 da Constituição, estabelece a Política Na-
imóvel loteado ou desmembrado, ressalvado o disposto no cional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formu-
art. 18, §§ 4° e 5°, desta Lei, ou com omissão fraudulenta lação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio
de fato a ele relativo, se o fato não constituir crime mais Ambiente (Sisnama) e institui o Cadastro de Defesa Ambi-
grave. (Redação dada pela Lei n° 9.785, 29.1.1999): ental. (Redação dada pela Lei n° 8.028, de 12.4.1990).
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de 10
(dez) a 100 (cem) vezes o maior salário mínimo vigente no Da Política Nacional Do Meio Ambiente
País. Art. 2° A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objeti-
vo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade

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ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, con- IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologia s
dições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambi-
da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida entais;
humana, atendidos os seguintes princípios: V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecoló- divulgação de dados e informações ambientais e à forma-
gico, considerando o meio ambiente como um patrimônio ção de uma consciência pública sobre a necessidade de
público a ser necessariamente assegurado e protegido, preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológi-
tendo em vista o uso coletivo; co;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais
ar; com vistas á sua utilização racional e disponibilidade per-
III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambi- manente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio
entais; ecológico propício à vida;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de á- VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação
reas representativas; de recuperar e.ou indenizar os danos causados, e ao usuá-
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efeti- rio, da contribuição pela utilização de recursos ambientais
vamente poluidoras; com fins econômicos.
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orien- Art. 5° As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente
tadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambi- serão formuladas em normas e planos, destinados a orien-
entais; tar a ação dos governos da União, dos Estados, do Distrito
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relacio-
VIII - recuperação de áreas degradadas; na com a preservação da qualidade ambiental e manuten-
ção do equilíbrio ecológico, observados os princípios esta-
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
belecidos no art. 2° desta Lei.
X - educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusi-
Parágrafo único. As atividades empresariais públicas ou
ve a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para
privadas serão exercidas em consonância com as diretrizes
participação ativa na defesa do meio ambiente.
da Política Nacional do Meio Ambiente.
Art. 3° Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências Do Sistema Nacional Do Meio Ambiente
e interações de ordem física, química e biológica, que per- Art. 6° Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do
mite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis
das características do meio ambiente; pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constitui-
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultan- rão o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, as-
te de atividades que direta ou indiretamente: sim estruturado:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da po- I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de
pulação; assessorar o Presidente da República na formulação da
b) criem condições adversas às atividades sociais e econô- política nacional e nas diretrizes governamentais para o
micas; meio ambiente e os recursos ambientais; (Redação dada
c) afetem desfavoravelmente a biota; pela Lei n° 8.028, de 12.4.1990).
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio am- II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do
biente; Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar,
estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os pa-
políticas governamentais para o meio ambiente e os recur-
drões ambientais estabelecidos;
sos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência,
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente
ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por ativi- ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade
dade causadora de degradação ambiental; de vida; (Redação dada pela Lei n° 8.028, de 12.4.1990).
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presi-
superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o dência da República, com a finalidade de planejar, coorde-
solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. nar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política
(Redação dada pela Lei n° 7.804, de 18.7.1989). nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
Dos Objetivos Da Política Nacional Do Meio Ambiente ambiente; (Redação dada pela Lei n° 8.028, de 12.4.1990).
Art. 4° A Política Nacional do Meio Ambiente visará: IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
I - à compatibilização do desenvolvimento econômico social e dos Recursos Naturais Renováveis, com a finalidade de
com a preservação da qualidade do meio ambiente e do executar e fazer executar, como órgão federal, a política e
equilíbrio ecológico; diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;
II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental (Redação dada pela Lei n° 8.028, de 12.4.1990).
relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos V - Órgãos Seccionais : os órgãos ou entidades estaduais
interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, do responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo
Territórios e dos Municípios; controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a
III - ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade degradação ambiental; (Redação dada pela Lei n° 7.804, de
ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recur- 18.7.1989).
sos ambientais; VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais,
responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades,

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nas suas respectivas jurisdições; (Incluído pela Lei n° 7.804, II - o zoneamento ambiental;
de 18.7.1989). III - a avaliação de impactos ambientais;
§ 1° Os Estados, na esfera de suas competências e nas IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou
áreas de sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e potencialmente poluidoras;
complementares e padrões relacionados com o meio ambi- V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos
ente, observados os que forem estabelecidos pelo CONA- e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a me-
MA. lhoria da qualidade ambiental;
§ 2° O s Municípios, observadas as normas e os padrões VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegi-
federais e estaduais, também poderão elaborar as normas dos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais
mencionadas no parágrafo anterior. como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse
§ 3° Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais men- ecológico e reservas extrativistas; (Redação dada pela Lei
cionados neste artigo deverão fornecer os resultados das n° 7.804, de 18.7.1989).
análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicita- VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambi-
dos por pessoa legitimamente interessada. ente;
§ 4° De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Execu- VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumen-
tivo autorizado a criar uma Fundação de apoio técnico cien- to de Defesa Ambiental;
tífico às atividades do IBAMA. IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não
Do Conselho Nacional Do Meio Ambiente cumprimento das medidas necessárias à preservação ou
Art. 7° (Revogado pela Lei n° 8.028, de 12.4.1990). correção da degradação ambiental.
Art. 8° Compete ao CONAMA: (Redação dada pela Lei n° X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambien-
8.028, de 12.4.1990). te, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;
I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e
(Incluído pela Lei n° 7.804, de 18.7.1989).
critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou po-
tencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e XI - a garantia da prestação de informações relativas ao
supervisionado pelo IBAMA; Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las,
quando inexistentes; (Incluído pela Lei n° 7.804, de
II - determinar, quando julgar necessário, a realização de
18.7.1989).
estudos das alternativas e das possíveis conseqüências
ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencial-
aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a mente poluidoras e.ou utilizadoras dos recursos ambientais.
entidades privadas, as informações indispensáveis para (Incluído pela Lei n° 7.804, de 18.7.1989).
apreciação dos estudos de impacto ambiental, e respectivos Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamen-
relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa to de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos
degradação ambiental, especialmente nas áreas considera- ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluido-
das patrimônio nacional. (Redação dada pela Lei n° 8.028, res, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar
de 12.4.1990). degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento
III - decidir, como última instância administrativa em grau de de órgão estadual competente, integrante do Sistema Na-
recurso, mediante depósito prévio, sobre as multas e outras cional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasilei-
penalidades impostas pelo IBAMA; ro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis -
IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licen-
IV - homologar acordos visando à transformação de penali-
ças exigíveis. (Redação dada pela Lei n° 7.804, de
dades pecuniárias na obrigação de executar medidas de
18.7.1989).
interesse para a proteção ambiental (VETADO);
§ 1° Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a res-
V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda
pectiva concessão serão publicados no jornal oficial do Es-
ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder
tado, bem como em um periódico regional ou local de gran-
Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou sus-
de circulação.
pensão de participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito; § 2° Nos casos e prazos previstos em resolução do CONA-
MA, o licenciamento de que trata este artigo dependerá de
VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacio-
homologação do IBAMA.
nais de controle da poluição por veículos automotores, ae-
ronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios § 3° O órgão estadual do meio ambiente e o IBAMA, este
competentes; em caráter supletivo, poderão, se necessário e sem prejuízo
das penalidades pecuniárias cabíveis, determinar a redução
VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao
das atividades geradoras de poluição, para manter as emis-
controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente
sões gasosas, os efluentes líquidos e os resíduos sólidos
com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, princi-
dentro das condições e limites estipulados no licenciamento
palmente os hídricos.
concedido.
Parágrafo único. O Secretário do Meio Ambiente é, sem
§ 4° Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
prejuízo de suas funções, o Presidente do CONAMA. (Inclu-
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA o licenciamento
ído pela Lei n° 8.028, de 12.4.1990).
previsto no caput deste artigo, no caso de atividades e o-
Dos Instrumentos Da Política Nacional Do Meio Ambien- bras com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional
te ou regional. (Incluído pela Lei n° 7.804, de 18.7.1989).
Art. 9° São Instrumentos da Política Nacional do Meio Am- Art. 11. Compete ao IBAMA propor ao CONAMA normas e
biente: padrões para implantação, acompanhamento e fiscalização
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; do licenciamento previsto no artigo anterior, além das que
forem oriundas do próprio CONAMA.

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§ 1° A fiscalização e o controle da aplicação de critérios, cedeu os benefícios, incentivos ou financiamento, cumpri-
normas e padrões de qualidade ambiental serão exercidos mento resolução do CONAMA.
pelo IBAMA, em caráter supletivo da atuação do órgão es- § 4° (Revogado pela Lei n° 9.966, de 28.4.2000).
tadual e municipal competentes. Art. 15. O poluidor que expuser a perigo a incolumidade
§ 2° Inclui-se na competência da fiscalização e controle a humana, animal ou vegetal, ou estiver tornando mais grave
análise de projetos de entidades, públicas ou privadas, obje- situação de perigo existente, fica sujeito à pena de reclusão
tivando a preservação ou a recuperação de recursos ambi- de 1 (um) a 3 (três) anos e multa de 100 (cem) a 1.000 (mil)
entais, afetados por processos de exploração predatórios ou MVR. (Redação dada pela Lei n° 7.804, de 18.7.1989).
poluidores. § 1° A pena e aumentada até o dobro se: (Redação dada
Art. 12. As entidades e órgãos de financiamento e incenti- pela Lei n° 7.804, de 18.7.1989).
vos governamentais condicionarão a aprovação de projetos I - resultar:
habilitados a esses benefícios ao licenciamento, na forma a) dano irreversível à fauna, à flora e ao meio ambiente;
desta Lei, e ao cumprimento das normas, dos critérios e dos b) lesão corporal grave;
padrões expedidos pelo CONAMA.
II - a poluição é decorrente de atividade industrial ou de
Parágrafo único. As entidades e órgãos referidos no caput transporte;
deste artigo deverão fazer constar dos projetos a realização
III - o crime é praticado durante a noite, em domingo ou em
de obras e aquisição de equipamentos destinados ao con-
feriado.
trole de degradação ambiental e a melhoria da qualidade do
meio ambiente. § 2° Incorre no mesmo crime a autoridade competente que
deixar de promover as medidas tendentes a impedir a práti-
Art. 13. O Poder Executivo incentivará as atividades volta-
ca das condutas acima descritas. (Redação dada pela Lei
das ao meio ambiente, visando:
n° 7.804, de 18.7.1989).
I - ao desenvolvimento, no País, de pesquisas e processos
Art. 16. (Revogado pela Lei n° 7.804, de 18.7.1989).
tecnológicos destinados a reduzir a degradação da qualida-
Art. 17. Fica instituído, sob a administração do Instituto
de ambiental;
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renová-
II - à fabricação de equipamentos antipoluidores;
veis - IBAMA: (Redação dada pela Lei n° 7.804, de
III - a outras iniciativas que propiciem a racionalização do 18.7.1989).
uso de recursos ambientais.
I - Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos
Parágrafo único. Os órgãos, entidades e programas do de Defesa Ambiental, para registro obrigatório de pessoas
Poder Público, destinados ao incentivo das pesquisas cientí- físicas ou jurídicas que se dedicam a consultoria técnica
ficas e tecnológicas, considerarão, entre as suas metas sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria e
prioritárias, o apoio aos projetos que visem a adquirir e de- comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos desti-
senvolver conhecimentos básicos e aplicáveis na área am- nados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente
biental e ecológica. poluidoras;
Art. 14. Sem prejuízo das penalidades definidas pela legis- II - Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente
lação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, para
medidas necessárias à preservação ou correção dos incon- registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se
venientes e danos causados pela degradação da qualidade dedicam a atividades potencialmente poluidoras e.ou à ex-
ambiental sujeitará os transgressores: tração, produção, transporte e comercialização de produtos
I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de
no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obriga- produtos e subprodutos da fauna e flora.
ções do Tesouro Nacional - OTNs, agravada em casos de Art. 17-A. São estabelecidos os preços dos serviços e pro-
reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, dutos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur-
vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada sos Naturais Renováveis - IBAMA, a serem aplicados em
pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municí- âmbito nacional, conforme Anexo a esta Lei. (Incluído pela
pios; Lei n° 9.960, de 28.1.2000).
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais Art. 17-B. Fica instituída a Taxa de Controle e Fiscalização
concedidos pelo Poder Público; Ambiental - TCFA, cujo fato gerador é o exercício regular do
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de poder de polícia conferido ao Instituto Brasileiro do Meio
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA
IV - à suspensão de sua atividade. para controle e fiscalização das atividades potencialmente
§ 1° Sem obstar a aplicação das penalidades previstas nes- poluidoras e utilizadoras de recursos naturais. (redação
te artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da exis- dada pela Lei n° 10.165, de 27.12.2000).
tência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados Art. 17-C. É sujeito passivo da TCFA todo aquele que exer-
ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. ça as atividades constantes do Anexo VIII desta Lei. (reda-
O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimida- ção dada pela Lei n° 10.165, de 27.12.2000).
de para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por § 1° O sujeito passivo da TCFA é obrigado a entregar até o
danos causados ao meio ambiente. dia 31 de março de cada ano relatório das atividades exer-
§ 2° No caso de omissão da autoridade estadual ou munici- cidas no ano anterior, cujo modelo será definido pelo IBA-
pal, caberá ao Secretário do Meio Ambiente a aplicação das MA, para o fim de colaborar com os procedimentos de con-
penalidades pecuniárias prevista neste artigo. trole e fiscalização.
§ 3° Nos casos previstos nos incisos II e III deste artigo, o § 2° O descumprimento da providência determinada no § 1°
ato declaratório da perda, restrição ou suspensão será atri- sujeita o infrator a multa equivalente a vinte por cento da
buição da autoridade administrativa ou financeira que con- TCFA devida, sem prejuízo da exigência desta.

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Art. 17-D. A TCFA é devida por estabelecimento e os seus ção desta Lei incorrerão em infração punível com multa de:
valores são os fixados no Anexo IX desta Lei. (art. Com (art. com redação dada pela lei n° 10.165.2000).
redação determinada pela Lei n° 10.165, de 27.12.2000). I - R$ 50,00 (cinqüenta reais), se pessoa física;
§ 1° Para os fins desta Lei, consideram-se: II - R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais), se microempresa;
I - microempresa e empresa de pequeno porte, as pessoas III - R$ 900,00 (novecentos reais), se empresa de pequeno
jurídicas que se enquadrem, respectivamente, nas descri- porte;
ções dos incisos I e II do caput do art. 2º da Lei nº 9.841, de IV - R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais), se empresa de
5 de outubro de 1999; (Incluído pela Lei n° 10.165, de médio porte;
27.12.2000). V - R$ 9.000,00 (nove mil reais), se empresa de grande
II - empresa de médio porte, a pessoa jurídica que tiver porte.
receita bruta anual superior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e Parágrafo único. Revogado.
duzentos mil reais) e igual ou inferior a R$ 12.000.000,00 Art. 17-J. (Revogado pela Lei n° 10.165, de 27.12.2000).
(doze milhões de reais);
Art. 17-L. As ações de licenciamento, registro, autorizações,
III - empresa de grande porte, a pessoa jurídica que tiver concessões e permissões relacionadas à fauna, à flora, e ao
receita bruta anual superior a R$ 12.000.000,00 (doze mi- controle ambiental são de competência exclusiva dos ór-
lhões de reais). gãos integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente.
§ 2° O potencial de poluição (PP) e o grau de utilização (Incluído pela Lei n° 9.960, de 28.1.2000).
(GU) de recursos naturais de cada uma das atividades sujei- Art. 17-M. Os preços dos serviços administrativos prestados
tas à fiscalização encontram-se definidos no Anexo VIII pelo IBAMA, inclusive os referentes à venda de impressos e
desta Lei. publicações, assim como os de entrada, permanência e
§ 3° Caso o estabelecimento exerça mais de uma atividade utilização de áreas ou instalações nas unidades de conser-
sujeita à fiscalização, pagará a taxa relativamente a apenas vação, serão definidos em portaria do Ministro de Estado do
uma delas, pelo valor mais elevado. Meio Ambiente, mediante proposta do Presidente daquele
Art. 17-E. É o IBAMA autorizado a cancelar débitos de valo- Instituto. (Incluído pela Lei n° 9.960, de 28.1.2000).
res inferiores a R$ 40,00 (quarenta reais), existentes até 31 Art. 17-N. Os preços dos serviços técnicos do Laboratório
de dezembro de 1999. (Incluído pela Lei n° 9.960, de de Produtos Florestais do IBAMA, assim como os para ven-
28.1.2000). da de produtos da flora, serão, também, definidos em porta-
Art. 17-F. São isentas do pagamento da TCFA as entidades ria do Ministro de Estado do Meio Ambiente, mediante pro-
públicas federais, distritais, estaduais e municipais, as enti- posta do Presidente daquele Instituto. (Incluído pela Lei n°
dades filantrópicas, aqueles que praticam agricultura de 9.960, de 28.1.2000).
subsistência e as populações tradicionais. Art. 17-O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com
Art. 17-G. A TCFA será devida no último dia útil de cada redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial
trimestre do ano civil, nos valores fixados no Anexo IX desta Rural - ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental - ADA,
Lei, e o recolhimento será efetuado em conta bancária vin- deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item
culada ao IBAMA, por intermédio de documento próprio de 3.11 do Anexo VII da Lei nº 9.960, de 29 de janeiro de 2000,
arrecadação, até o quinto dia útil do mês subseqüen- a título de Taxa de Vistoria.(redação dada pela Lei n°
te.(redação dada pela Lei n° 10.165, de 27.12.2000). 10.165, de 27.12.2000).
Parágrafo único. (Revogado). § 1°-A. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste
Art. 17-H. A TCFA não recolhida nos prazos e nas condi- artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redu-
ções estabele-cidas no artigo anterior será cobrada com os ção do imposto proporcionada pelo ADA.(redação dada pela
seguintes acréscimos: (redação dada pela Lei n° 10.165, de Lei n° 10.165, de 27.12.2000).
27.12.2000). § 1° A utilização do ADA para efeito de redução do valor a
I - juros de mora, na via administrativa ou judicial, contados pagar do ITR é obrigatória.(redação dada pela Lei n°
do mês seguinte ao do vencimento, à razão de um por cen- 10.165, de 27.12.2000).
to; § 2° O pagamento de que trata o caput deste artigo poderá
II - multa de mora de vinte por cento, reduzida a dez por ser efetivado em cota única ou em parcelas, nos mesmos
cento se o pagamento for efetuado até o último dia útil do moldes escolhidos pelo contribuinte para o pagamento do
mês subseqüente ao do vencimento; ITR, em documento próprio de arrecadação do IBA-
III - encargo de vinte por cento, substitutivo da condenação MA.(redação dada pela Lei n° 10.165, de 27.12.2000).
do devedor em honorários de advogado, calculado sobre o § 3° Para efeito de pagamento parcelado, nenhuma parcela
total do débito inscrito como Dívida Ativa, reduzido para dez poderá ser inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais). (redação
por cento se o pagamento for efetuado antes do ajuizamen- dada pela Lei n° 10.165, de 27.12.2000).
to da execução. § 4° O inadimplemento de qualquer parcela ensejará a co-
§ 1°-A. Os juros de mora não incidem sobre o valor da multa brança de juros e multa nos termos dos incisos I e II do
de mora. caput e §§ 1º-A e 1º, todos do art. 17-H desta Lei.(redação
§ 1° Os débitos relativos à TCFA poderão ser parcelados de dada pela Lei n° 10.165, de 27.12.2000).
acordo com os critérios fixados na legislação tributária, con- § 5° Após a vistoria, realizada por amostragem, caso os
forme dispuser o regulamento desta Lei. dados constantes do ADA não coincidam com os efetiva-
Art. 17-I. As pessoas físicas e jurídicas que exerçam as mente levantados pelos técnicos do Ibama, estes lavrarão,
atividades mencionadas nos incisos I e II do art. 17 e que de ofício, novo ADA, contendo os dados reais, o qual será
não estiverem inscritas nos respectivos cadastros até o encaminhado à Secretaria da Receita Federal, para as pro-
último dia útil do terceiro mês que se seguir ao da publica- vidências cabíveis. (redação dada pela Lei n° 10.165, de
27.12.2000).

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Art. 17-P. Constitui crédito para compensação com o valor pelo Poder Executivo, assegurada aos atuais ocupantes a
devido a título de TCFA, até o limite de sessenta por cento e preferência para assentamento em outras regiões, pelo
relativamente ao mesmo ano, o montante efetivamente órgão competente.
pago pelo estabelecimento ao Estado, ao Município e ao Parágrafo único. O Poder Executivo, ouvido o Conselho de
Distrito Federal em razão de taxa de fiscalização ambien- Segurança Nacional, especificará, mediante decreto, no
tal.(Incluído pela Lei n° 10.165, de 27.12.2000). prazo de 90 (noventa) dias, contados da publicação desta
§ 1° Valores recolhidos ao Estado, ao Município e ao Distri- Lei, as áreas indispensáveis à segurança nacional, insusce-
tal Federal a qualquer outro título, tais como taxas ou preços tíveis de usucapião.
públicos de licenciamento e venda de produtos, não consti- Art. 4° A ação de usucapião especial será processada e
tuem crédito para compensação com a TCFA. julgada na comarca da situação do imóvel.
§ 2° A restituição, administrativa ou judicial, qualquer que § 1° Observado o disposto no art. 126 da Constituição Fe-
seja a causa que a determine, da taxa de fiscalização ambi- deral, no caso de usucapião especial em terras devolutas
ental estadual ou distrital compensada com a TCFA restaura federais, a ação será promovida na comarca da situação do
o direito de crédito do IBAMA contra o estabelecimento, imóvel, perante a Justiça do Estado, com recurso para o
relativamente ao valor compensado.(Incluído pela Lei n° Tribunal Federal de Recursos, cabendo ao Ministério Públi-
10.165, de 27.12.2000). co local, na primeira instância, a representação judicial da
Art. 17-Q. É o Ibama autorizado a celebrar convênios com União.
os Estados, os Municípios e o Distrito Federal para desem- § 2° No caso de terras devolutas, em geral, a usucapião
penharem atividades de fiscalização ambiental, podendo especial poderá ser reconhecida administrativamente, com
repassar-lhes parcela da receita obtida com a TCFA. (Inclu- a conseqüente expedição do título definitivo de domínio,
ído pela Lei n° 10.165, de 27.12.2000). para transcrição no Registro de Imóveis.
Art. 18. (Revogado pela Lei 9.985.2000). § 3° O Poder Executivo, dentro de 90 (noventa) dias, conta-
Art. 19. Ressalvado o disposto nas Leis n°s 5.357, de dos da publicação desta Lei, estabelecerá, por decreto, a
17.11.1967, e 7.661, de 16.6.1988, a receita proveniente da forma do procedimento administrativo a que se refere o
aplicação desta Lei será recolhida de acordo com o disposto parágrafo anterior.
no art. 4° da Lei n° 7.735, de 22.2.1989. (incluído pela Lei n° § 4° Se, decorridos 90 (noventa) dias do pedido ao órgão
7.804, de 18.7.1989). administrativo, não houver a expedição do título de domínio,
Art. 20. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publica- o interessado poderá ingressar com a ação de usucapião
ção. especial, na forma prevista nesta Lei, vedada a concomitân-
Art. 21. Revogam-se as disposições em contrário. cia dos pedidos administrativo e judicial.
Brasília, 31 de agosto de 1981; 160° da Independência e Art. 5° Adotar-se-á, na ação de usucapião especial, o pro-
93° da República. cedimento sumaríssimo, assegurada a preferência à sua
JOÃO FIGUEIREDO instrução e julgamento.
§ 1° O autor, expondo o fundamento do pedido e individuali-
zando o imóvel, com dispensa da juntada da respectiva
LEI N° 6.969, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1981
planta, poderá requerer, na petição inicial, designação de
audiência preliminar, a fim de justificar a posse, e, se com-
Dispõe sobre a aquisição, por usucapião especial, de provada esta, será nela mantido, liminarmente, até a deci-
imóveis rurais, altera a redação do § 2° do art. 589 do são final da causa.
Código Civil e dá outras providências. (Art. 1276 do § 2° O autor requererá também a citação pessoal daquele
Código Civil de 2002). em cujo nome esteja transcrito o imóvel usucapi-endo, bem
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- como dos confinantes e, por edital, dos réus ausentes, in-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: certos e desconhecidos, na forma do art. 232 do Código de
Art. 1° Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem Processo Civil, valendo a citação para todos os atos do
urbano, possuir como sua, por 5 (cinco) anos ininterruptos, processo.
sem oposição, área rural contínua, não excedente de 25 § 3° Serão cientificados por carta, para que manifestem
(vinte e cinco) hectares, e a houver tornado produtiva com interesse na causa, os representantes da Fazenda Pública
seu trabalho e nela tiver sua morada, adquirir-lhe-á o domí- da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e
nio, independentemente de justo título e boa-fé, podendo dos Municípios, no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias.
requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual § 4° O prazo para contestar a ação correrá da intimação da
servirá de título para transcrição no Registro de Imóveis. decisão que declarar justificada a posse.
Parágrafo único. Prevalecerá a área do módulo rural apli- § 5° Intervirá, obrigatoriamente, em todos os atos do pro-
cável à espécie, na forma da legislação específica, se aque- cesso, o Ministério Público.
le for superior a 25 (vinte e cinco) hectares. Art. 6° O autor da ação de usucapião especial terá, se o
Art. 2° A usucapião especial, a que se refere esta Lei, a- pedir, o benefício da assistência judiciária gratuita, inclusive
brange as terras particulares e as terras devolutas, em ge- para o Registro de Imóveis.
ral, sem prejuízo de outros direitos conferidos ao posseiro, Parágrafo único. Provado que o autor tinha situação eco-
pelo Estatuto da Terra ou pelas leis que dispõem sobre nômica bastante para pagar as custas do processo e os
processo discrimina-tório de terras devolutas. honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio e
Art. 3° A usucapião especial não ocorrerá nas áreas indis- da família, o juiz lhe ordenará que pague, com correção
pensáveis à segurança nacional, nas terras habitadas por monetária, o valor das isenções concedidas, ficando sus-
silvícolas, nem nas áreas de interesse ecológico, considera- pensa a transcrição da sentença até o pagamento devido.
das como tais as reservas biológicas ou florestais e os par-
ques nacionais, estaduais ou municipais, assim declarados

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Art. 7° A usucapião especial poderá ser invocada como Art. 7° A Comissão Técnica de Classificação, existente em
matéria de defesa, valendo a sentença que a reconhecer cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e compos-
como título para transcrição no Registro de Imóveis. ta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psi-
Art. 8° Observar-se-á, quanto ao imóvel usucapido, a imu- quiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando
nidade específica, estabelecida no § 6° do art. 21 da Consti- se tratar de condenado à pena privativa de liberdade.
tuição Federal. Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará
Parágrafo único. Quando prevalecer a área do módulo junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do
rural, de acordo com o previsto no parágrafo único do art. 1° serviço social.
desta Lei, o Imposto Territorial Rural não incidirá sobre o Art. 8° O condenado ao cumprimento de pena privativa de
imóvel usucapido. liberdade, em regime fechado, será submetido a exame
Art. 9° O juiz de causa, a requerimento do autor da ação de criminológico para a obtenção dos elementos necessários a
usucapião especial, determinará que a autoridade policial uma adequada classificação e com vistas à individualização
garanta a permanência no imóvel e a integridade física de da execução.
seus ocupantes, sempre que necessário. Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá
Art. 10. O § 2° do art. 589 do Código Civil passa a vigorar ser submetido o condenado ao cumprimento da pena priva-
com a seguinte redação: (Veja o art. 1276 do Código Civil tiva de liberdade em regime semi-aberto.
de 2002). Art. 9° A Comissão, no exame para a obtenção de dados
Art. 11. Esta Lei entrará em vigor 45 (quarenta e cinco) dias reveladores da personalidade, observando a ética profissio-
após sua publicação. nal e tendo sempre presentes peças ou informações do
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. processo, poderá:
Brasília, em 10 de dezembro de 1981; 160° da Independên- I - entrevistar pessoas;
cia e 93° da República. II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados,
JOÃO BAPTISTA DE FIGUEIREDO dados e informações a respeito do condenado;
III - realizar outras diligências e exames necessários.
LEI N° 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984 CAPÍTULO II DA ASSISTÊNCIA
Seção I Disposições Gerais
Institui a Lei de Execução Penal. Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: convivência em sociedade.
Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
Art. 11. A assistência será:
TÍTULO I DO OBJETO E DA APLICAÇÃO DA LEI DE
EXECUÇÃO PENAL I - material;
Art. 1° A execução penal tem por objetivo efetivar as dispo- II - à saúde;
sições de sentença ou decisão criminal e proporcionar con- III -jurídica;
dições para a harmônica integração social do condenado e IV - educacional;
do internado. V - social;
Art. 2° A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça VI - religiosa.
ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no Seção II Da Assistência Material
processo de execução, na conformidade desta Lei e do Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado con-
Código de Processo Penal. sistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instala-
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso ções higiênicas.
provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e servi-
quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ços que atendam aos presos nas suas necessidades pes-
ordinária. soais, além de locais destinados à venda de produtos e
Art. 3° Ao condenado e ao internado serão assegurados objetos permitidos e não fornecidos pela Administração.
todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. Seção III Da Assistência à Saúde
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de nature- Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de
za racial, social, religiosa ou política. caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento
Art. 4° O Estado deverá recorrer à cooperação da comuni- médico, farmacêutico e odontológico.
dade nas atividades de execução da pena e da medida de § 1° (VETADO).
segurança.
§ 2° Quando o estabelecimento penal não estiver aparelha-
TÍTULO II DO CONDENADO E DO INTERNADO do para prover a assistência médica necessária, esta será
CAPÍTULO I DA CLASSIFICAÇÃO prestada em outro local, mediante autorização da direção do
Art. 5° Os condenados serão classificados, segundo os estabelecimento.
seus antecedentes e personalidade, para orientar a indivi- Seção IV Da Assistência Jurídica
dualização da execução penal. Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e aos
Art. 6° A classificação será feita por Comissão Técnica de internados sem recursos financeiros para constituir advoga-
Classificação que elaborará o programa individualiza-dor da do.
pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter serviços de
preso provisório. ((Redação dada pela Lei 10.792 de 1° de assistência jurídica nos estabelecimentos penais.
dezembro de 2003). Seção V Da Assistência Educacional

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instru- Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e con-
ção escolar e a formação profissional do preso e do interna- dição de dignidade humana, terá finalidade educativa e
do. produtiva.
Art. 18. O ensino de 1° grau será obrigatório, integrando-se § 1° Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho
no sistema escolar da Unidade Federativa. as precauções relativas à segurança e à higiene.
Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de § 2° O trabalho do preso não está sujeito ao regime da
iniciação ou de aperfeiçoamento técnico. Consolidação das Leis do Trabalho.
Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profis- Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante
sional adequado à sua condição. prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos)
Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de do salário mínimo.
convênio com entidades públicas ou particulares, que insta- § 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá aten-
lem escolas ou ofereçam cursos especializados. der:
Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que
cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas determinados judicialmente e não reparados por outros
as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos, re- meios;
creativos e didáticos. b) à assistência à família;
Seção VI Da Assistência Social c) a pequenas despesas pessoais;
Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas
preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade. com a manutenção do condenado, em proporção a ser fixa-
Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social: da e sem prejuízo da destinação prevista nas letras anterio-
I - conhecer os resultados dos diagnósticos e exames; res.
II - relatar, por escrito, ao diretor do estabelecimento, os § 2° Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada
problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido; a parte restante para constituição do pecúlio, em caderneta
III - acompanhar o resultado das permissões de saídas e de poupança, que será entregue ao condenado quando
das saídas temporárias; posto em liberdade.
IV - promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, Art. 30. As tarefas executadas como prestação de serviço à
a recreação; comunidade não serão remuneradas.
V - promover a orientação do assistido, na fase final do Seção II Do Trabalho Interno
cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar o Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está
seu retorno à liberdade; obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capaci-
VI - providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios dade.
da Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho; Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é
VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabe-
preso, do internado e da vítima. lecimento.
Seção VII Da Assistência Religiosa Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em
conta a habilitação, a condição pessoal e as necessidades
Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será
futuras do preso, bem como as oportunidades oferecidas
prestada aos presos e aos internados, permitindo-se-lhes a
pelo mercado.
participação nos serviços organizados no estabelecimento
penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa. § 1° Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato
sem expressão econômica, salvo nas regiões de turismo.
§ 1° No estabelecimento haverá local apropriado para os
cultos religiosos. § 2° Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar
ocupação adequada à sua idade.
§ 2° Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a
participar de atividade religiosa. § 3° Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão
Seção VIII Da Assistência ao Egresso atividades apropriadas ao seu estado.
Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6
Art. 25. A assistência ao egresso consiste: (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos
I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberda- domingos e feriados.
de; Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de
II - na concessão, se necessário, de alojamento e alimenta- trabalho aos presos designados para os serviços de conser-
ção, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) vação e manutenção do estabelecimento penal.
meses. Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou
Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá empresa pública, com autonomia administrativa, e terá por
ser prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração objetivo a formação profissional do condenado.
do assistente social, o empenho na obtenção de emprego. § 1° Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciadora
Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei: promover e supervisionar a produção, com critérios e méto-
I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da dos empresariais, encarregar-se de sua comercialização,
saída do estabelecimento; bem como suportar despesas, inclusive pagamento de re-
II - o liberado condicional, durante o período de prova. muneração adequada.
Art. 27. O serviço de assistência social colaborará com o § 2° Os governos federal, estadual e municipal poderão
egresso para a obtenção de trabalho. celebrar convênio com a iniciativa privada, para implantação
CAPÍTULO III DO TRABALHO de oficinas de trabalho referentes a setores de apoio dos
Seção I Disposições Gerais presídios. (Incluído pela Lei 10.793 de 1° de dezembro de
2003).

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Art. 35. Os órgãos da administração direta ou indireta da III - previdência social;
União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Municí- IV - constituição de pecúlio;
pios adquirirão, com dispensa de concorrência pública, os V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o traba-
bens ou produtos do trabalho prisional, sempre que não for lho, o descanso e a recreação;
possível ou recomendável realizar-se a venda a particula- VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artís-
res. ticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a
Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas com execução da pena;
as vendas reverterão em favor da fundação ou empresa VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional,
pública a que alude o artigo anterior ou, na sua falta, do social e religiosa;
estabelecimento penal.
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
Seção III Do Trabalho Externo
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos
em regime fechado somente em serviço ou obras públicas em dias determinados;
realizadas por órgãos da administração direta ou indireta, ou XI - chamamento nominal;
entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da
a fuga e em favor da disciplina.
individualização da pena;
§ 1° O limite máximo do número de presos será de 10%
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;
(dez por cento) do total de empregados na obra.
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em
§ 2° Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à
defesa de direito;
empresa empreiteira a remuneração desse trabalho.
§ 3° A prestação de trabalho à entidade privada depende do XV - contato com o mundo exterior por meio de correspon-
consentimento expresso do preso. dência escrita, da leitura e de outros meios de informação
que não comprometam a moral e os bons costumes.
Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada
pela direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, XVI - atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob
disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo pena da responsabilidade da autoridade judiciária compe-
de 1/6 (um sexto) da pena. tente. (Incluído pela Lei n° 10.713, de 13.8.2003).
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e
externo ao preso que vier a praticar fato definido como cri- XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato
me, for punido por falta grave, ou tiver comportamento con- motivado do diretor do estabelecimento.
trário aos requisitos estabelecidos neste artigo. Art. 42. Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à
CAPÍTULO IV DOS DEVERES, DOS DIREITOS E DA DISCIPLINA medida de segurança, no que couber, o disposto nesta Se-
ção.
Seção I Dos Deveres
Art. 43. É garantida a liberdade de contratar médico de
Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais confiança pessoal do internado ou do submetido a tratamen-
inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de execu- to ambulatorial, por seus familiares ou dependentes, a fim
ção da pena. de orientar e acompanhar o tratamento.
Art. 39. Constituem deveres do condenado: Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial e o
I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sen- particular serão resolvidas pelo juiz de execução.
tença; Seção III Da Disciplina
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com
Subseção I Disposições Gerais
quem deva relacionar-se;
III - urbanidade e respeito no trato com os demais condena- Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a ordem,
dos; na obediência às determinações das autoridades e seus
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos agentes e no desempenho do trabalho.
de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina; Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condenado à
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebi- pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e o preso
das; provisório.
VI - submissão à sanção disciplinar imposta; Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem ex-
pressa e anterior previsão legal ou regulamentar.
VII - indenização à vítima ou aos seus sucessores;
§ 1° As sanções não poderão colocar em perigo a integrida-
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despe-
de física e moral do condenado.
sas realizadas com a sua manutenção, mediante desconto
proporcional da remuneração do trabalho; § 2° É vedado o emprego de cela escura.
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; § 3° São vedadas as sanções coletivas.
X - conservação dos objetos de uso pessoal. Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da execução
da pena ou da prisão, será cientificado das normas discipli-
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que
nares.
couber, o disposto neste artigo.
Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena privativa
Seção II Dos Direitos
de liberdade, será exercido pela autoridade administrativa
Art. 40. Impõe-se a todas as autoridades o respeito à inte- conforme as disposições regulamentares.
gridade física e moral dos condenados e dos presos provi- Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o
sórios. poder disciplinar será exercido pela autoridade administrati-
Art. 41. Constituem direitos do preso: va a que estiver sujeito o condenado.
I - alimentação suficiente e vestuário;
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade represen- V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. (Incluído
tará ao juiz da execução para os fins dos artigos 118, I, 125, pela Lei 10.792 de 1° de dezembro de 2003).
127, 181, §§ 1°, d, e 2° desta Lei. Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão apli-
Subseção II Das Faltas Disciplinares cadas por ato motivado do diretor do estabelecimento e a do
inciso V, por prévio e fundamentado despacho do juiz com-
Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, mé- petente.
dias e graves. A legislação local especificará as leves e
§ 1° A autorização para a inclusão do preso em regime dis-
médias, bem assim as respectivas sanções.
ciplinar dependerá de requerimento circunstanciado elabo-
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção corres- rado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade
pondente à falta consumada. administrativa.
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de § 2° A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime
liberdade que: disciplinar será precedida de manifestação do Ministério
I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de quinze
ou a disciplina; dias. (Redação dada pela Lei 10.792 de 1° de dezembro de
II - fugir; 2003).
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a Art. 55. As recompensas têm em vista o bom comportamen-
integridade física de outrem; to reconhecido em favor do condenado, de sua colaboração
IV - provocar acidente de trabalho; com a disciplina e de sua dedicação ao trabalho.
V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas; Art. 56. São recompensas:
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do I - o elogio;
artigo 39, desta Lei. II - a concessão de regalias.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos es-
couber, ao preso provisório. tabelecerão a natureza e a forma de concessão de regalias.
Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva
Subseção IV Da Aplicação das Sanções
de direitos que:
I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta; Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as
imposta; conseqüências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu
tempo de prisão. (Artigo e parágrafo alterados pela Lei
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do
10.792 de 1° de dezembro de 2003).
artigo 39, desta Lei.
Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as sanções
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso consti-
previstas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei.
tui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou
disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de direitos
sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferen- não poderão exceder a trinta dias, ressalvada a hipótese do
ciado, com as seguintes características: regime disciplinar diferenciado. (Redação dada pela Lei
10.792 de 1° de dezembro de 2003).
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem preju-
ízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma Parágrafo único. O isolamento será sempre comunicado
espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; ao juiz da execução.
II - recolhimento em cela individual; Subseção V Do Procedimento Disciplinar
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crian- Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o
ças, com duração de duas horas; procedimento para sua apuração, conforme regulamento,
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias assegurado o direito de defesa.
para banho de sol. Parágrafo único. A decisão será motivada.
§ 1° O regime disciplinar diferenciado também poderá abri- Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar o iso-
gar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estran- lamento preventivo do faltoso pelo prazo de até dez dias. A
geiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segu- inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, no
rança do estabelecimento penal ou da sociedade. interesse da disciplina e da averiguação do fato, dependerá
§ 2° Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferen- de despacho do juiz competente. . (Artigo e parágrafo alte-
ciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam rados pela Lei 10.792 de 1° de dezembro de 2003).
fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão pre-
qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou ventiva no regime disciplinar diferenciado será computado
bando. (Redação dada pela Lei 10.792 de 1° de dezembro no período de cumprimento da sanção disciplinar.
de 2003). TÍTULO III DOS ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL
Subseção III Das Sanções e das Recompensas CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 53. Constituem sanções disciplinares: Art. 61. São órgãos da execução penal:
I - advertência verbal; I - o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária;
II - repreensão; II - o Juízo da Execução;
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo III - o Ministério Público;
único); IV - o Conselho Penitenciário;
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos V - os Departamentos Penitenciários;
estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, obser- VI - o Patronato;
vado o disposto no artigo 88 desta Lei. VII - o Conselho da Comunidade.

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CAPÍTULO II DO CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e
PENITENCIÁRIA fiscalizar sua execução;
Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e Peni- b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em
tenciária, com sede na Capital da República, é subordinado privativa de liberdade;
ao Ministério da Justiça. c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva
Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal e Peni- de direitos;
tenciária será integrado por 13 (treze) membros designados d) a aplicação da medida de segurança, bem como a substi-
através de ato do Ministério da Justiça, dentre professores e tuição da pena por medida de segurança;
profissionais da área do Direito Penal, Processual Penal, e) a revogação da medida de segurança;
Penitenciário e ciências correlatas, bem como por represen- f) a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;
tantes da comunidade e dos Ministérios da área social. g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em
Parágrafo único. O mandato dos membros do Conselho outra comarca;
terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um terço) em h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1°, do
cada ano. artigo 86, desta Lei.
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e Peni- VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de
tenciária, no exercício de suas atividades, em âmbito federal segurança;
ou estadual, incumbe: VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos pe-
I - propor diretrizes da política criminal quanto à prevenção nais, tomando providências para o adequado funcionamento
do delito, administração da justiça criminal e execução das e promovendo, quando for o caso, a apuração de responsa-
penas e das medidas de segurança; bilidade;
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de desen- VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal
volvimento, sugerindo as metas e prioridades da política que estiver funcionando em condições inadequadas ou com
criminal e penitenciária; infringência aos dispositivos desta Lei;
III - promover a avaliação periódica do sistema criminal para IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
a sua adequação às necessidades do País; X - emitir anualmente atestado de pena a cumprir. (Incluído
IV - estimular e promover a pesquisa criminológica; pela Lei n° 10.713, de 13.8.2003).
V - elaborar programa nacional penitenciário de formação e CAPÍTULO IV DO MINISTÉRIO PÚBLICO
aperfeiçoamento do servidor;
Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da pena
VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e construção de e da medida de segurança, oficiando no processo executivo
estabelecimentos penais e casas de albergados; e nos incidentes da execução.
VII - estabelecer os critérios para a elaboração da estatística Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público:
criminal;
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento
VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos penais, e de interna-mento;
bem assim informar-se, mediante relatórios do Conselho
II - requerer:
Penitenciário, requisições, visitas ou outros meios, acerca
do desenvolvimento da execução penal nos Estados, Terri- a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento
tórios e Distrito Federal, propondo às autoridades dela in- do processo executivo;
cumbida as medidas necessárias ao seu aprimoramento; b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de
IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade admi- execução;
nistrativa para instauração de sindicância ou procedimento c) a aplicação de medida de segurança, bem como a substi-
administrativo, em caso de violação das normas referentes tuição da pena por medida de segurança;
à execução penal; d) a revogação da medida de segurança;
X - representar à autoridade competente para a interdição, e) a conversão de penas, a progressão ou regressão nos
no todo ou em parte, de estabelecimento penal. regimes e a revogação da suspensão condicional da pena e
CAPÍTULO III DO JUÍZO DA EXECUÇÃO do livramento condicional;
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento da
Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei
situação anterior.
local de organização judiciária e, na sua ausência, ao da
sentença. III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade
judiciária, durante a execução.
Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visitará
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer
mensalmente os estabelecimentos penais, registrando a sua
modo favorecer o condenado;
presença em livro próprio.
II - declarar extinta a punibilidade;
CAPÍTULO V DO CONSELHO PENITENCIÁRIO
III - decidir sobre:
Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo e fisca-
a) soma ou unificação de penas;
lizador da execução da pena.
b) progressão ou regressão nos regimes;
§ 1° O Conselho será integrado por membros nomeados
c) detração e remição da pena;
pelo Governador do Estado, do Distrito Federal e dos Terri-
d) suspensão condicional da pena; tórios, dentre professores e profissionais da área do Direito
e) livramento condicional; Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências correlatas,
f) incidentes da execução. bem como por representantes da comunidade. A legislação
IV - autorizar saídas temporárias; federal e estadual regulará o seu funcionamento.
V - determinar: § 2° O mandato dos membros do Conselho Penitenciário
terá a duração de 4 (quatro) anos.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário: Parágrafo único. O diretor deverá residir no estabelecimen-
I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, exetu- to, ou nas proximidades, e dedicará tempo integral à sua
ada a hipótese de pedido de indulto com base no estado de função.
saúde do preso; (Incluído pela Lei 10.792 de 1° de dezem- Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será organizado
bro de 2003). em diferentes categorias funcionais, segundo as necessida-
II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais; des do serviço, com especificação de atribuições relativas
III - apresentar, no 1° (primeiro) trimestre de cada ano, ao às funções de direção, chefia e assessoramento do estabe-
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, lecimento e às demais funções.
relatório dos trabalhos efetuados no exercício anterior; Art. 77. A escolha do pessoal administrativo, especializado,
IV - supervisionar os patronatos, bem como a assistência de instrução técnica e de vigilância atenderá a vocação,
aos egressos. preparação profissional e antecedentes pessoais do candi-
CAPÍTULO VI DOS DEPARTAMENTOS PENITENCIÁRIOS dato.
§ 1° O ingresso do pessoal penitenciário, bem como a pro-
Seção I Do Departamento Penitenciário Nacional
gressão ou a ascensão funcional dependerão de cursos
Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional, subordina- específicos de formação, procedendo-se à reciclagem peri-
do ao Ministério da Justiça, é órgão executivo da Política ódica dos servidores em exercício.
Penitenciária Nacional e de apoio administrativo e financeiro § 2° No estabelecimento para mulheres somente se permiti-
do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. rá o trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo quando se
Art. 72. São atribuições do Departamento Penitenciário tratar de pessoal técnico especializado.
Nacional: CAPÍTULO VII DO PATRONATO
I - acompanhar a fiel aplicação das normas de execução
Art. 78. O Patronato público ou particular destina-se a pres-
penal em todo o Território Nacional;
tar assistência aos albergados e aos egressos (artigo 26).
II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabeleci-
Art. 79. Incumbe também ao Patronato:
mentos e serviços penais;
I - orientar os condenados à pena restritiva de direitos;
III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas na im-
plementação dos princípios e regras estabelecidos nesta II - fiscalizar o cumprimento das penas de prestação de
Lei; serviço à comunidade e de limitação de fim de semana;
IV - colaborar com as Unidades Federativas mediante con- III - colaborar na fiscalização do cumprimento das condições
vênios, na implantação de estabelecimentos e serviços da suspensão e do livramento condicional.
penais; CAPÍTULO VIII DO CONSELHO DA COMUNIDADE
V - colaborar com as Unidades Federativas para a realiza- Art. 80. Haverá em cada comarca, um Conselho da Comu-
ção de cursos de formação de pessoal penitenciário e de nidade, composto no mínimo, por 1 (um) representante de
ensino profissionalizante do condenado e do internado. associação comercial ou industrial, 1 (um) advogado indica-
VI - estabelecer, mediante convênios com as unidades fede- do pela Seção da Ordem dos Advogados do Brasil e 1 (um)
rativas, o cadastro nacional das vagas existentes em esta- assistente social escolhido pela Delegacia Seccional do
belecimentos locais destinadas ao cumprimento de penas Conselho Nacional de Assistentes Sociais.
privativas de liberdade aplicadas pela justiça de outra uni- Parágrafo único. Na falta da representação prevista neste
dade federativa, em especial para presos sujeitos a regime artigo, ficará a critério do Juiz da execução a escolha dos
disciplinar. (Incluído pela Lei 10.792 de 1° de dezembro de integrantes do Conselho.
2003). Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade:
Parágrafo único. Incumbem também ao Departamento a I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimentos
coordenação e supervisão dos estabelecimentos penais e penais existentes na comarca;
de internamento federais. II - entrevistar presos;
Seção II Do Departamento Penitenciário Local III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução e ao
Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento Peni- Conselho Penitenciário;
tenciário ou órgão similar, com as atribuições que estabele- IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e humanos
cer. para melhor assistência ao preso ou internado, em harmo-
Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou órgão simi- nia com a direção do estabelecimento.
lar, tem por finalidade supervisionar e coordenar os estabe- TÍTULO IV DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS
lecimentos penais da Unidade da Federação a que perten- CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
cer.
Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao conde-
Seção III Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos
nado, ao submetido à medida de segurança, ao preso provi-
Penais
sório e ao egresso.
Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de estabelecimento § 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente,
deverá satisfazer os seguintes requisitos: serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à
I - ser portador de diploma de nível superior de Direito, ou sua condição pessoal. (Redação dada pela Lei n° 9.460, de
Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, ou Serviços 4.6.1997).
Sociais; § 2° O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar estabe-
II - possuir experiência administrativa na área; lecimentos de destinação diversa desde que devidamente
III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para o de- isolados.
sempenho da função. Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza,
deverá contar em suas dependências com áreas e serviços

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou similar destina-se
e prática esportiva. ao cumprimento da pena em regime semi-aberto.
§ 1° Haverá instalação destinada a estágio de estudantes Art. 92. O condenado poderá ser alojado em compartimento
universitários. (Renumerado pela Lei n° 9.046, de coletivo, observados os requisitos da letra a, do parágrafo
18.5.1995). único, do artigo 88, desta Lei.
§ 2° Os estabelecimentos penais destinados a mulheres Parágrafo único. São também requisitos básicos das de-
serão dotados de berçário, onde as condenadas possam pendências coletivas:
amamentar seus filhos. (Incluído pela Lei n° 9.046, de a) a seleção adequada dos presos;
18.5.1995). b) o limite de capacidade máxima que atenda os objetivos
Art. 84. O preso provisório ficará separado do condenado de individuali-zação da pena.
por sentença transitada em julgado. CAPÍTULO IV DA CASA DO ALBERGADO
§ 1° O preso primário cumprirá pena em seção distinta da- Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de
quela reservada para os reincidentes. pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena de
§ 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da ad- limitação de fim de semana.
ministração da justiça criminal ficará em dependência sepa- Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano, sepa-
rada. rado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela
Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação compa- ausência de obstáculos físicos contra a fuga.
tível com a sua estrutura e finalidade. Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do
Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política Criminal Albergado, a qual deverá conter, além dos aposentos para
e Penitenciária determinará o limite máximo de capacidade acomodar os presos, local adequado para cursos e pales-
do estabelecimento, atendendo a sua natureza e peculiari- tras.
dades. Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações para
Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela os serviços de fiscalização e orientação dos condenados.
Justiça de uma Unidade Federativa podem ser executadas CAPÍTULO V DO CENTRO DE OBSERVAÇÃO
em outra unidade, em estabelecimento local ou da União.
Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os exames
§ 1° A União Federal poderá construir estabelecimento pe-
gerais e o criminológico, cujos resultados serão encaminha-
nal em local distante da condenação para recolher os con-
dos à Comissão Técnica de Classificação.
denados, quando a medida se justifique no interesse da
segurança pública ou do próprio condenado (Parágrafo Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas pesqui-
alterado pela Lei 10.792 de 1° de dezembro de 2003). sas criminoló-gicas.
§ 2° Conforme a natureza do estabelecimento, nele poderão Art. 97. O Centro de Observação será instalado em unidade
trabalhar os liberados ou egressos que se dediquem a obras autônoma ou em anexo a estabelecimento penal.
públicas ou ao aproveitamento de terras ociosas. Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Comissão
§ 3° Caberá ao juiz competente, a requerimento da autori- Técnica de Classificação, na falta do Centro de Observação.
dade administrativa definir o estabelecimento prisional ade- CAPÍTULO VI DO HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO PSI-
quado para abrigar o preso provisório ou condenado, em QUIÁTRICO
atenção ao regime e aos requisitos estabelecidos. (Incluído Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
pela Lei 10.792 de 1° de dezembro de 2003). destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos no
CAPÍTULO II DA PENITENCIÁRIA artigo 26 e seu parágrafo único do Código Penal.
Art. 87. A Penitenciária destina-se ao condenado à pena de Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber, o
reclusão, em regime fechado. disposto no parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.
Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distrito Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames neces-
Federal e os Territórios poderão construir Penitenciárias sários ao tratamento são obrigatórios para todos os interna-
destinadas, exclusivamente, aos presos provisórios e con- dos.
denados que estejam em regime fechado, sujeitos ao regi- Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no artigo 97,
me disciplinar diferenciado, nos termos do art. 52 desta Lei. segunda parte, do Código Penal, será realizado no Hospital
(Incluído pela Lei 10.792 de 1° de dezembro de 2003). de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro local
Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que com dependência médica adequada.
conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. CAPÍTULO VII DA CADEIA PÚBLICA
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular: Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento de
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de presos provisórios.
aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) cadeia
existência humana; pública a fim de resguardar o interesse da Administração da
b) área mínima de 6 m2 (seis metros quadrados). Justiça Criminal e a permanência do preso em local próximo
Art. 89. Além dos requisitos referidos no artigo anterior, a ao seu meio social e familiar.
penitenciária de mulheres poderá ser dotada de seção para Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo será
gestante e parturiente e de creche com a finalidade de as- instalado próximo de centro urbano, observando-se na
sistir ao menor desamparado cuja responsável esteja presa. construção as exigências mínimas referidas no artigo 88 e
Art. 90. A penitenciária de homens será construída, em seu parágrafo único desta Lei.
local afastado do centro urbano, à distância que não restrin- TÍTULO V DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE
ja a visitação. CAPÍTULO I DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
CAPÍTULO III DA COLÔNIA AGRÍCOLA, INDUSTRIAL OU SIMILAR Seção I Disposições Gerais

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Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que ve-
pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser dam a progressão. (Artigo e parágrafos acrescentados pela
preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de recolhimento Lei 10.792 de 1° de dezembro de 2003).
para a execução. § 1° A decisão será sempre motivada e precedida de mani-
Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo escrivão, festação do Ministério Público e do defensor.
que a rubricará em todas as folhas e a assinará com o Juiz, § 2° Idêntico procedimento será adotado na concessão de
será remetida à autoridade administrativa incumbida da livramento condicional, indulto e comutação de penas, res-
execução e conterá: peitados os prazos previstos nas normas vigentes.
I - o nome do condenado; Art. 113. O ingresso do condenado em regime aberto supõe
II - a sua qualificação civil e o número do registro geral no a aceitação de seu programa e das condições impostas pelo
órgão oficial de identificação; Juiz.
III - o inteiro teor da denúncia e da sentença condenatória, Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o
bem como certidão do trânsito em julgado; condenado que:
IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de instru- I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-
ção; lo imediatamente;
V - a data da terminação da pena; II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado
VI - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao dos exames a que foi submetido, fundados indícios de que
adequado tratamento penitenciário. irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabili-
§ 1° Ao Ministério Público se dará ciência da guia de reco- dade, ao novo regime.
lhimento. Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho as
§ 2° A guia de recolhimento será retificada sempre que so- pessoas referidas no artigo 117 desta Lei.
brevier modificação quanto ao início da execução ou ao Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais
tempo de duração da pena. para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das se-
§ 3° Se o condenado, ao tempo do fato, era funcionário da guintes condições gerais e obrigatórias:
administração da justiça criminal, far-se-á, na guia, menção I - permanecer no local que for designado, durante o repou-
dessa circunstância, para fins do disposto no § 2°, do artigo so e nos dias de folga;
84, desta Lei. II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados;
Art. 107. Ninguém será recolhido, para cumprimento de III - não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização
pena privativa de liberdade, sem a guia expedida pela auto- judicial;
ridade judiciária. IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas
§ 1° A autoridade administrativa incumbida da execução atividades, quando for determinado.
passará recibo da guia de recolhimento para juntá-la aos Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições estabeleci-
autos do processo, e dará ciência dos seus termos ao con- das, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da au-
denado. toridade administrativa ou do condenado, desde que as
§ 2° As guias de recolhimento serão registradas em livro circunstâncias assim o recomendem.
especial, segundo a ordem cronológica do recebimento, e Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiá-
anexadas ao prontuário do condenado, aditando-se, no rio de regime aberto em residência particular quando se
curso da execução, o cálculo das remições e de outras reti- tratar de:
ficações posteriores. I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença mental II - condenado acometido de doença grave;
será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psi- III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou men-
quiátrico. tal;
Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado será IV - condenada gestante.
posto em liberdade, mediante alvará do Juiz, se por outro Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará
motivo não estiver preso. sujeita à forma regressiva, com a transferência para qual-
Seção II Dos Regimes quer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privativa II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, soma-
de liberdade, observado o disposto no artigo 33 e seus pa- da ao restante da pena em execução, torne incabível o re-
rágrafos do Código Penal. gime (artigo 111).
Art. 111. Quando houver condenação por mais de um cri- § 1° O condenado será transferido do regime aberto se,
me, no mesmo processo ou em processos distintos, a de- além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar
terminação do regime de cumprimento será feita pelo resul- os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumu-
tado da soma ou unificação das penas, observada, quando lativamente imposta.
for o caso, a detração ou remição. § 2° Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deve-
Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da rá ser ouvido previamente o condenado.
execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sen- Art. 119. A legislação local poderá estabelecer normas
do cumprida, para determinação do regime. complementares para o cumprimento da pena privativa de
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em liberdade em regime aberto (artigo 36, § 1°, do Código Pe-
forma progressiva com a transferência para regime menos nal).
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver Seção III Das Autorizações de Saída
cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e
ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo Subseção I Da Permissão de Saída

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Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime Art. 128. O tempo remido será computado para a conces-
fechado ou semi-aberto e os presos provisórios poderão são de livramento condicional e indulto.
obter permissão para sair do estabelecimento, mediante Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará mensal-
escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos: mente ao Juízo da execução cópia do registro de todos os
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, condenados que estejam trabalhando e dos dias de trabalho
ascendente, descendente ou irmão; de cada um deles.
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do Parágrafo único. Ao condenado dar-se-á relação de seus
artigo 14). (deve ter havido engano na publicação oficial ao dias remidos.
mencionar, neste inciso, o parágrafo único do art. 14, quan- Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código Penal
do, a rigor, deveria fazer referência ao § 2°.). declarar ou atestar falsamente prestação de serviço para fim
Parágrafo único. A permissão de saída será concedida de instruir pedido de remição.
pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso. Seção V Do Livramento Condicional
Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedido
terá a duração necessária à finalidade da saída. pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do artigo 83,
Subseção II Da Saída Temporária incisos e parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o Minis-
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime tério Público e Conselho Penitenciário.
semi-aberto poderão obter autorização para saída temporá- Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condi-
ria do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes ções a que fica subordinado o livramento.
casos: § 1° Serão sempre impostas ao liberado condicional as
I - visita à família; obrigações seguintes:
II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem co- a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for
mo de instrução do 2° grau ou superior, na Comarca do apto para o trabalho;
Juízo da Execução; b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
III - participação em atividades que concorram para o retor- c) não mudar do território da comarca do Juízo da execu-
no ao convívio social. ção, sem prévia autorização deste.
Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do § 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional,
Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a adminis- entre outras obrigações, as seguintes:
tração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguin- a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à
tes requisitos: autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção;
I - comportamento adequado; b) recolher-se à habitação em hora fixada;
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o c) não freqüentar determinados lugares.
condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente; Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da comar-
III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. ca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da sentença
Art. 124. A autorização será concedida por prazo não supe- do livramento ao Juízo do lugar para onde ele se houver
rior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 (qua- transferido e à autoridade incumbida da observação cautelar
tro) vezes durante o ano. e de proteção.
Parágrafo único. Quando se tratar de freqüência a curso Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de apre-
profissiona-lizante, de instrução de 2° grau ou superior, o sentar-se imediatamente às autoridades referidas no artigo
tempo de saída será o necessário para o cumprimento das anterior.
atividades discentes. Art. 135. Reformada a sentença denegatória do livramento,
Art. 125. O benefício será automaticamente revogado os autos baixarão ao Juízo da execução, para as providên-
quando o condenado praticar fato definido como crime dolo- cias cabíveis.
so, for punido por falta grave, desatender as condições im- Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta de
postas na autorização ou revelar baixo grau de aproveita- livramento com a cópia integral da sentença em 2 (duas)
mento do curso. vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa incum-
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída temporá- bida da execução e outra ao Conselho Penitenciário.
ria dependerá da absolvição no processo penal, do cance- Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será reali-
lamento da punição disciplinar ou da demonstração do me- zada solenemente no dia marcado pelo Presidente do Con-
recimento do condenado. selho Penitenciário, no estabelecimento onde está sendo
Seção IV Da Remição cumprida a pena, observando-se o seguinte:
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fe- I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos de-
chado ou semi-aberto poderá remir, pelo trabalho, parte do mais condenados, pelo Presidente do Conselho Penitenciá-
tempo de execução da pena. rio ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;
§ 1° A contagem do tempo para o fim deste artigo será feita II - a autoridade administrativa chamará a atenção do libe-
à razão de 1 (um) dia de pena por 3 (três) de trabalho. rando para as condições impostas na sentença de livramen-
to;
§ 2° O preso impossibilitado de prosseguir no trabalho, por
acidente, continuará a beneficiar-se com a remição. III - o liberando declarará se aceita as condições.
§ 3° A remição será declarada pelo Juiz da execução, ouvi- § 1° De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito
do o Ministério Público. por quem presidir a cerimônia e pelo liberando, ou alguém a
seu rogo, se não souber ou não puder escrever.
Art. 127. O condenado que for punido por falta grave perde-
rá o direito ao tempo remido, começando o novo período a § 2° Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da
partir da data da infração disciplinar. execução.

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Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, ser- Seção I Disposições Gerais
lhe-á entregue, além do saldo de seu pecúlio e do que lhe Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou a
pertencer, uma caderneta, que exibirá à autoridade judiciá- pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou a
ria ou administrativa, sempre que lhe for exigida. requerimento do Ministério Público, promoverá a execução,
§ 1° A caderneta conterá: podendo, para tanto, requisitar, quando necessário, a cola-
a) a identificação do liberado; boração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares.
b) o texto impresso do presente Capítulo; Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o juiz,
c) as condições impostas. motivadamente, alterar a forma de cumprimento das penas
§ 2° Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um de prestação de serviços à comunidade e de limitação de
salvo-conduto, em que constem as condições do livramento, fim de semana, ajustando-as às condições pessoais do
podendo substituir-se a ficha de identificação ou o seu retra- condenado e às características do estabelecimento, da
to pela descrição dos sinais que possam identificá-lo. entidade ou do programa comunitário ou estatal.
§ 3° Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver espaço Seção II Da Prestação de Serviços à Comunidade
para consignar-se o cumprimento das condições referidas Art. 149. Caberá ao juiz da execução:
no artigo 132 desta Lei. I - designar a entidade ou programa comunitário ou estatal,
Art. 139. A observação cautelar e a proteção realizadas por devidamente credenciado ou convencionado, junto ao qual
serviço social penitenciário, Patronato ou Conselho da Co- o condenado deverá trabalhar gratuitamente, de acordo com
munidade terão a finalidade de: as suas aptidões;
I - fazer observar o cumprimento das condições especifica- II - determinar a intimação do condenado, cientificando-o da
das na sentença concessiva do benefício; entidade, dias e horário em que deverá cumprir a pena;
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução de III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às modi-
suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de atividade ficações ocorridas na jornada de trabalho.
laborativa. § 1° O trabalho terá a duração de 8 (oito) horas semanais e
Parágrafo único. A entidade encarregada da observação será realizado aos sábados, domingos e feriados, ou em
cautelar e da proteção do liberado apresentará relatório ao dias úteis, de modo a não prejudicar a jornada normal de
Conselho Penitenciário, para efeito da representação previs- trabalho, nos horários estabelecidos pelo Juiz.
ta nos artigos 143 e 144 desta Lei. § 2° A execução terá início a partir da data do primeiro
Art. 140. A revogação do livramento condicional dar-se-á comparecimento.
nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do Código Pe- Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de servi-
nal. ços encaminhará mensalmente, ao juiz da execução, relató-
Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, na hipó- rio circunstanciado das atividades do condenado, bem co-
tese da revogação facultativa, o Juiz deverá advertir o libe- mo, a qualquer tempo, comunicação sobre ausência ou falta
rado ou agravar as condições. disciplinar.
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal Seção III Da Limitação de Fim de Semana
anterior à vigência do livramento, computar-se-á como tem- Art. 151. Caberá ao juiz da execução determinar a intima-
po de cumprimento da pena o período de prova, sendo
ção do condenado, cientificando-o do local, dias e horário
permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do em que deverá cumprir a pena.
tempo das 2 (duas) penas.
Parágrafo único. A execução terá início a partir da data do
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se
primeiro comparecimento.
computará na pena o tempo em que esteve solto o liberado,
Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, durante o
e tampouco se concederá, em relação à mesma pena, novo
tempo de permanência, cursos e palestras, ou atribuídas
livramento.
atividades educativas.
Art. 143. A revogação será decretada a requerimento do
Art. 153. O estabelecimento designado encaminhará, men-
Ministério Público, mediante representação do Conselho
salmente, ao juiz da execução, relatório, bem assim comu-
Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado.
nicará, a qualquer tempo, a ausência ou falta disciplinar do
Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
condenado.
Público, ou mediante representação do Conselho Penitenci-
Seção IV Da Interdição Temporária de Direitos
ário, e ouvido o liberado, poderá modificar as condições
especificadas na sentença, devendo o respectivo ato deci- Art. 154. Caberá ao juiz da execução comunicar à autorida-
sório ser lido ao liberado por uma das autoridades ou fun- de competente a pena aplicada, determinada a intimação do
cionários indicados no inciso I, do artigo 137, desta Lei, condenado.
observado o disposto nos incisos II e III e §§ 1° e 2° do § 1° Na hipótese de pena de interdição do artigo 47, I, do
mesmo artigo. Código Penal, a autoridade deverá, em 24 (vinte e quatro)
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz horas, contadas do recebimento do ofício, baixar ato, a par-
poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenci- tir do qual a execução terá seu início.
ário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livra- § 2° Nas hipóteses do artigo 47, II e III, do Código Penal, o
mento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará de- Juízo da Execução determinará a apreensão dos documen-
pendendo da decisão final. tos, que autorizam o exercício do direito interditado.
Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, Art. 155. A autoridade deverá comunicar imediatamente ao
do Ministério Público ou mediante representação do Conse- juiz da execução o descumprimento da pena.
lho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberda- Parágrafo único. A comunicação prevista neste artigo po-
de, se expirar o prazo do livramento sem revogação. derá ser feita por qualquer prejudicado.
CAPÍTULO II DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS CAPÍTULO III DA SUSPENSÃO CONDICIONAL

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Art. 156. O juiz poderá suspender, pelo período de 2 (dois) § 1° Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o fato
a 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa de liberda- averbado à margem do registro.
de, não superior a 2 (dois) anos, na forma prevista nos arti- § 2° O registro e a averbação serão sigilosos, salvo para
gos 77 a 82 do Código Penal. efeito de informações requisitadas por órgão judiciário ou
Art. 157. O juiz ou tribunal, na sentença que aplicar pena pelo Ministério Público, para instruir processo penal.
privativa de liberdade, na situação determinada no artigo CAPÍTULO IV DA PENA DE MULTA
anterior, deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com
suspensão condicional, quer a conceda, quer a denegue. trânsito em julgado, que valerá como título executivo judici-
Art. 158. Concedida a suspensão, o juiz especificará as al, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a
condições a que fica sujeito o condenado, pelo prazo fixado, citação do condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pa-
começando este a correr da audiência prevista no artigo 160 gar o valor da multa ou nomear bens à penhora.
desta Lei. § 1° Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou o
§ 1° As condições serão adequadas ao fato e à situação depósito da respectiva importância, proceder-se-á à penho-
pessoal do condenado, devendo ser incluída entre as mes- ra de tantos bens quantos bastem para garantir a execução.
mas a de prestar serviços à comunidade, ou limitação de fim § 2° A nomeação de bens à penhora e a posterior execução
de semana, salvo hipótese do artigo 78, § 2°, do Código seguirão o que dispuser a lei processual civil.
Penal.
Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os autos a-
§ 2° O juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a requeri- partados serão remetidos ao juízo cível para prosseguimen-
mento do Ministério Público ou mediante proposta do Con- to.
selho Penitenciário, modificar as condições e regras estabe-
Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, dar-se-á
lecidas na sentença, ouvido o condenado.
prosseguimento nos termos do § 2° do artigo 164, desta Lei.
§ 3° A fiscalização do cumprimento das condições, regula-
Art. 167. A execução da pena de multa será suspensa
das nos Estados, Territórios e Distrito Federal por normas
quando sobrevier ao condenado doença mental (artigo 52
supletivas, será atribuída a serviço social penitenciário,
do Código Penal).
Patronato, Conselho da Comunidade ou instituição benefici-
Art. 168. O juiz poderá determinar que a cobrança da multa
ada com a prestação de serviços, inspecionados pelo Con-
selho Penitenciário, pelo Ministério Público, ou ambos, de- se efetue mediante desconto no vencimento ou salário do
condenado, nas hipóteses do artigo 50, § 1°, do Código
vendo o Juiz da execução suprir, por ato, a falta das normas
Penal, observando-se o seguinte:
supletivas.
I - o limite máximo do desconto mensal será o da quarta
§ 4° O beneficiário, ao comparecer periodicamente à enti-
parte da remuneração e o mínimo o de um décimo;
dade fiscalizadora, para comprovar a observância das con-
dições a que está sujeito, comunicará, também, a sua ocu- II - o desconto será feito mediante ordem do Juiz a quem de
pação e os salários ou proventos de que vive. direito;
§ 5° A entidade fiscalizadora deverá comunicar imediata- III - o responsável pelo desconto será intimado a recolher
mente ao órgão de inspeção, para os fins legais, qualquer mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a importância de-
fato capaz de acarretar a revogação do benefício, a prorro- terminada.
gação do prazo ou a modificação das condições. Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o artigo 164
§ 6° Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será feita desta Lei, poderá o condenado requerer ao Juiz o pagamen-
comunicação ao juiz e à entidade fiscalizadora do local da to da multa em prestações mensais, iguais e sucessivas.
nova residência, aos quais o primeiro deverá apresentar-se § 1° O Juiz, antes de decidir, poderá determinar diligências
imediatamente. para verificar a real situação econômica do condenado e,
Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena for con- ouvido o Ministério Público, fixará o número de prestações.
cedida por Tribunal, a este caberá estabelecer as condições § 2° Se o condenado for impontual ou se melhorar de situa-
do benefício. ção econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do Mi-
§ 1° De igual modo proceder-se-á quando o tribunal modifi- nistério Público, revogará o benefício executando-se a mul-
car as condições estabelecidas na sentença recorrida. ta, na forma prevista neste Capítulo, ou prosseguindo-se na
§ 2° O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional da execução já iniciada.
pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da Execução a Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada cumulativa-
incumbência de estabelecer as condições do benefício, e, mente com pena privativa da liberdade, enquanto esta esti-
em qualquer caso, a de realizar a audiência admonitória. ver sendo executada, poderá aquela ser cobrada mediante
Art. 160. Transitada em julgado a sentença condenatória, o desconto na remuneração do condenado (artigo 168).
juiz a lerá ao condenado, em audiência, advertindo-o das § 1° Se o condenado cumprir a pena privativa de liberdade
conseqüências de nova infração penal e do descumprimen- ou obtiver livramento condicional, sem haver resgatado a
to das condições impostas. multa, far-se-á a cobrança nos termos deste Capítulo.
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com pra- § 2° Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior aos casos
zo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer injustificada- em que for concedida a suspensão condicional da pena.
mente à audiência admonitória, a suspensão ficará sem TÍTULO VI DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGU-
efeito e será executada imediatamente a pena. RANÇA
Art. 162. A revogação da suspensão condicional da pena e CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
a prorrogação do período de prova dar-se-ão na forma do Art. 171. Transitada em julgado a sentença que aplicar
artigo 81 e respectivos parágrafos do Código Penal. medida de segurança, será ordenada a expedição de guia
Art. 163. A sentença condenatória será registrada, com a para a execução.
nota de suspensão em livro especial do juízo a que couber a
execução da pena.

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Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de Custódia e Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior a 2
Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a tratamento ambula- (dois) anos, poderá ser convertida em restritiva de direitos,
torial, para cumprimento de medida de segurança, sem a desde que:
guia expedida pela autoridade judiciária. I - o condenado a esteja cumprindo em regime aberto;
Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento ambula- II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto) da pe-
torial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas as na;
folhas e a subscreverá com o juiz, será remetida à autorida- III - os antecedentes e a personalidade do condenado indi-
de administrativa incumbida da execução e conterá: quem ser a conversão recomendável.
I - a qualificação do agente e o número do registro geral do Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em
órgão oficial de identificação; privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do artigo 45
II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver aplica- e seus incisos do Código Penal.
do a medida de segurança, bem como a certidão do trânsito § 1° A pena de prestação de serviços à comunidade será
em julgado; convertida quando o condenado:
III - a data em que terminará o prazo mínimo de internação, a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabi-
ou do tratamento ambulatorial; do, ou desatender a intimação por edital;
IV - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao b) não comparecer, injustificadamen-te, à entidade ou pro-
adequado tratamento ou internamento. grama em que deva prestar serviço;
§ 1° Ao Ministério Público será dada ciência da guia de c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe
recolhimento e de sujeição a tratamento. foi imposto;
§ 2° A guia será retificada sempre que sobrevier modifica- d) praticar falta grave;
ção quanto ao prazo de execução. e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de
Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medida de seguran- liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa.
ça, naquilo que couber, o disposto nos artigos 8° e 9° desta § 2° A pena de limitação de fim de semana será convertida
Lei. quando o condenado não comparecer ao estabelecimento
CAPÍTULO II DA CESSAÇÃO DA PERICULOSIDADE designado para o cumprimento da pena, recusar-se a exer-
Art. 175. A cessação da periculo-sidade será averiguada no cer a atividade determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer
fim do prazo mínimo de duração da medida de segurança, das hipóteses das letras “a”, “d” e “e” do parágrafo anterior.
pelo exame das condições pessoais do agente, observando- § 3° A pena de interdição temporária de direitos será con-
se o seguinte: vertida quando o condenado exercer, injustificadamen-te, o
I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes de direito interditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses das
expirar o prazo de duração mínima da medida, remeterá ao letras “a” e “e”, do § 1°, deste artigo.
juiz minucioso relatório que o habilite a resolver sobre a Art. 182. (Artigo revogado pela Lei n° 9.268, de 1.4.1996).
revogação ou permanência da medida; Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa
II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico; de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da
III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as diligên- saúde mental, o juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
cias, serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério Público e Público ou da autoridade administrativa, poderá determinar
o curador ou defensor, no prazo de 3 (três) dias para cada a substituição da pena por medida de segurança.
um; Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser convertido
IV - o juiz nomeará curador ou defensor para o agente que em internação se o agente revelar incompatibilidade com a
não o tiver; medida.
V - o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das par- Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de inter-
tes, poderá determinar novas diligências, ainda que expira- nação será de 1 (um) ano.
do o prazo de duração mínima da medida de segurança; CAPÍTULO II DO EXCESSO OU DESVIO
VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução sempre
refere o inciso anterior, o juiz proferirá a sua decisão, no que algum ato for praticado além dos limites fixados na
prazo de 5 (cinco) dias. sentença, em normas legais ou regulamentares.
Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do prazo Art. 186. Podem suscitar o incidente de excesso ou desvio
mínimo de duração da medida de segurança, poderá o Juiz de execução:
da execução, diante de requerimento fundamentado do I - o Ministério Público;
Ministério Público ou do interessado, seu procurador ou II - o Conselho Penitenciário;
defensor, ordenar o exame para que se verifique a cessa-
III - o sentenciado;
ção da periculosidade, procedendo-se nos termos do artigo
anterior. IV - qualquer dos demais órgãos da execução penal.
Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-se a cessa- CAPÍTULO III DA ANISTIA E DO INDULTO
ção da periculosidade, observar-se-á, no que lhes for apli- Art. 187. Concedida a anistia, o juiz, de ofício, a requeri-
cável, o disposto no artigo anterior. mento do interessado ou do Ministério Público, por proposta
Art. 178. Nas hipóteses de desinternação ou de liberação da autoridade administrativa ou do Conselho Penitenciário,
(artigo 97, § 3°, do Código Penal), aplicar-se-á o disposto declarará extinta a punibilidade.
nos artigos 132 e 133 desta Lei. Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado por peti-
Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz expedirá ção do condenado, por iniciativa do Ministério Público, do
ordem para a desinternação ou a liberação. Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrativa.
TÍTULO VII DOS INCIDENTES DE EXECUÇÃO Art. 189. A petição do indulto, acompanhada dos documen-
tos que a instruírem, será entregue ao Conselho Penitenciá-
CAPÍTULO I DAS CONVERSÕES

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rio, para a elaboração de parecer e posterior encaminha- ou regulamentares, necessárias à eficácia dos dispositivos
mento ao Ministério da Justiça. não auto-aplicáveis.
Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos do § 1° Dentro do mesmo prazo deverão as unidades federati-
processo e do prontuário, promoverá as diligências que vas, em convênio com o Ministério da Justiça, projetar a
entender necessárias e fará, em relatório, a narração do adaptação, construção e equipamento de estabelecimentos
ilícito penal e dos fundamentos da sentença condenatória, a e serviços penais previstos nesta Lei.
exposição dos antecedentes do condenado e do procedi- § 2° Também, no mesmo prazo, deverá ser providenciada a
mento deste depois da prisão, emitindo seu parecer sobre o aquisição ou desapropriação de prédios para instalação de
mérito do pedido e esclarecendo qualquer formalidade ou casas de albergados.
circunstâncias omitidas na petição. § 3° O prazo a que se refere o caput deste artigo poderá ser
Art. 191. Processada no Ministério da Justiça com docu- ampliado, por ato do Conselho Nacional de Política Criminal
mentos e o relatório do Conselho Penitenciário, a petição e Penitenciária, mediante justificada solicitação, instruída
será submetida a despacho do Presidente da República, a com os projetos de reforma ou de construção de estabele-
quem serão presentes os autos do processo ou a certidão cimentos.
de qualquer de suas peças, se ele o determinar. § 4° O descumprimento injustificado dos deveres estabele-
Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos cópia do cidos para as Unidades Federativas implicará na suspensão
decreto, o juiz declarará extinta a pena ou ajustará a execu- de qualquer ajuda financeira a elas destinada pela União,
ção aos termos do decreto, no caso de comutação. para atender às despesas de execução das penas e medi-
Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por indulto coleti- das de segurança.
vo, o juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Mi- Art. 204. Esta Lei entra em vigor concomitantemente com a
nistério Público, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário lei de reforma da Parte Geral do Código Penal, revogadas
ou da autoridade administrativa, providenciará de acordo as disposições em contrário, especialmente a Lei n° 3.274,
com o disposto no artigo anterior. de 2 de outubro de 1957.
TÍTULO VIII DO PROCEDIMENTO JUDICIAL Brasília, 11 de julho de 1984; 163° da Independência e
Art. 194. O procedimento correspondente às situações pre- 1996° da República.
vistas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante o JOÃO FIGUEIREDO
Juízo da Execução.
Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de ofício, a LEI N° 7.347, DE 24 DE JULHO DE 1985
requerimento do Ministério Público, do interessado, de
quem o represente, de seu cônjuge, parente ou descenden- Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por
te, mediante proposta do Conselho Penitenciário, ou, ainda, danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a
da autoridade administrativa. bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
Art. 196. A portaria ou petição será autuada ouvindo-se, em turístico e paisagístico (VETADO). e dá outras providên-
3 (três) dias, o condenado e o Ministério Público, quando cias.
não figurem como requerentes da medida. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
§ 1° Sendo desnecessária a produção de prova, o juiz deci- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
dirá de plano, em igual prazo. Art. 1° Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuí-
§ 2° Entendendo indispensável a realização de prova perici- zo da ação popular, as ações de responsabilidade por da-
al ou oral, o juiz a ordenará, decidindo após a produção nos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela
daquela ou na audiência designada. Lei n° 8.884, de 11.6.1994).
Art. 197. Das decisões proferidas pelo juiz caberá recurso l - ao meio-ambiente;
de agravo, sem efeito suspensivo. ll - ao consumidor;
TÍTULO IX DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS III - a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos da execução turístico e paisagístico; (A Lei n° 10.257, de 10.7.2001, em
penal, e ao servidor, a divulgação de ocorrência que pertur- seu artigo 53, acrescentou novo inciso III a este artigo, re-
be a segurança e a disciplina dos estabelecimentos, bem numerando os primitivos incisos III a V. Posteriormente, a
como exponha o preso a inconveniente notoriedade, duran- Medida Provisória n° 2.180-35, de 24.8.2001, revogou tal
te o cumprimento da pena. determinação, prevalecendo sua redação original).
Art. 199. O emprego de algemas será disciplinado por de- IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído
creto federal. pela Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990).
Art. 200. O condenado por crime político não está obrigado V - por infração da ordem econômica e da economia popu-
ao trabalho. lar. (Redação dada pela Medida Provisória n° 2.180-35, de
Art. 201. Na falta de estabelecimento adequado, o cumpri- 24.8.2001).
mento da prisão civil e da prisão administrativa se efetivará VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida Provisória n°
em seção especial da Cadeia Pública. 2.180-35, de 24.8.2001).
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para
folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por autori- veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições
dade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
ou referência à condenação, salvo para instruir processo FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos bene-
pela prática de nova infração penal ou outros casos expres- ficiários podem ser individualmente determinados. (Incluído
sos em lei. pela Medida Provisória n° 2.180-35, de 24.8.2001).
Art. 203. No prazo de 6 (seis) meses, a contar da publica-
ção desta Lei, serão editadas as normas complementares

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Art. 2° As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro § 1° O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presi-
do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência dência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo
funcional para processar e julgar a causa. público ou particular, certidões, informações, exames ou
Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdi- perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser
ção do juízo para todas as ações posteriormente intentadas inferior a 10 (dez) dias úteis.
que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. § 2° Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá
(Redação dada pela Medida Provisória n° 2.180-35, de ser negada certidão ou informação, hipótese em que a ação
24.8.2001). poderá ser proposta desacompanhada daqueles documen-
Art. 3° A ação civil poderá ter por objeto a condenação em tos, cabendo ao juiz requisitá-los.
dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não Art. 9° Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as
fazer. diligências, se convencer da inexistência de fundamento
Art. 4° Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento
Lei, objetivando, inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fa-
ao consumidor, à ordem urbanística ou aos bens e direitos zendo-o fundamenta-damente.
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. § 1° Os autos do inquérito civil ou das peças de informação
(Redação dada pela Lei n° 10.257, de 10.7.2001). arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer em
Art. 5° A ação principal e a cautelar poderão ser propostas falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior
pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municí- do Ministério Público.
pios. Poderão também ser propostas por autarquia, empre- § 2° Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério
sa pública, fundação, sociedade de economia mista ou por Público, seja homologada ou rejeitada a promoção de arqui-
associação que: vamento, poderão as associações legitimadas apresentar
l - esteja constituída há pelo menos um ano, nos termos da razões escritas ou documentos, que serão juntados aos
lei civil; autos do inquérito ou anexados às peças de informação.
II - inclua entre suas finalidades institucionais a proteção ao § 3° A promoção de arquivamento será submetida a exame
meio ambiente ao consumidor, à ordem econômica, à livre e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público,
concorrência, ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, conforme dispuser o seu Regimento.
turístico e paisagístico; (Redação dada pela Lei n° 8.884, de § 4° Deixando o Conselho Superior de homologar a promo-
11.6.1994). ção de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do
§ 1° O Ministério Público, se não intervier no processo como Ministério Público para o ajuizamento da ação.
parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei. Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1
§ 2° Fica facultado ao Poder Público e a outras associações (um) a 3 (três) anos, mais multa de 10 (dez) a 1.000 (mil)
legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litis- Obrigações Tesouro Nacional - OTN, a recusa, o retarda-
consortes de qualquer das partes. mento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à
§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministé-
ação por associação legitimada, o Ministério Público ou rio Público. (Extinção da OTN, Lei n° 7.730 de 31 de janeiro
outro legitimado assumirá a titularidade ativa. (Redação de 1989).
dada pela Lei n° 8.078, de 11.9.1990). Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de
§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cum-
pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidencia- primento da prestação da atividade devida ou a cessação
do pela dimensão ou característica do dano, ou pela rele- da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou
vância do bem jurídico a ser protegido. (Incluído pela Lei nª de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou com-
8.078, de 11.9.1990). patível, independentemente de requerimento do autor.
§ 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Minis- Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou
térios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.
na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta Lei. § 1° A requerimento de pessoa jurídica de direito público
(Incluído pela Lei nª 8.078, de 11.9.1990). interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos segurança e à economia pública, poderá o Presidente do
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo re-
às exigências legais, mediante cominações, que terá eficá- curso suspender a execução da liminar, em decisão funda-
cia de título executivo extrajudicial. (Incluído pela Lei nª mentada, da qual caberá agravo para uma das turmas jul-
8.078, de 11.9.1990). gadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do
Art. 6° Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá ato.
provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe § 2° A multa cominada liminarmente só será exigível do réu
informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor,
e indicando-lhe os elementos de convicção. mas será devida desde o dia em que se houver configurado
Art. 7° Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribu- o descumprimento.
nais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização
propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um
Público para as providências cabíveis. Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que parti-
Art. 8° Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer ciparão necessariamente o Ministério Público e representan-
às autoridades competentes as certidões e informações que tes da comunidade, sendo seus recursos destinados à re-
julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 constituição dos bens lesados.
(quinze) dias.

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Parágrafo único. Enquanto o fundo não for regulamentado, CAPÍTULO I DA EMISSÃO E DA FORMA DO CHEQUE
o dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de Art. 1° O cheque contêm:
crédito, em conta com correção monetária. I - a denominação ‘’cheque” inscrita no contexto do título e
Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recur- expressa na língua em que este é redigido;
sos, para evitar dano irreparável à parte. II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada;
Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve
sentença condenatória, sem que a associação autora lhe pagar (sacado);
promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,
IV - a indicação do lugar de pagamento;
facultada igual iniciativa aos demais legitimados. (Redação
dada pela Lei n° 8.078, de 11.9.1990). V - a indicação da data e do lugar de emissão;
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatá-
limites da competência territorial do órgão prolator, exceto rio com poderes especiais.
se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de Parágrafo único. A assinatura do emitente ou a de seu
provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá inten- mandatário com poderes especiais pode ser constituída, na
tar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova forma de legislação específica, por chancela mecânica ou
prova. (Redação dada pela Lei n° 9.494, de 10.9.1997). processo equivalente.
Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a danos, a associa- Art. 2° O título, a que falte qualquer dos requisitos enume-
ção autora e os diretores responsáveis pela propositura da rados no artigo precedente não vale como cheque, salvo
ação serão solidariamente condenados ao décuplo das nos casos determinados a seguir:
custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e da- I - na falta de indicação especial, é considerado lugar de
nos. (Redação dada pela Lei n° 8.078, de 11.9.1990). (Ob- pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado; se
servação: Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a danos. designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro
O caput do art. 17 foi suprimido passando o parágrafo único deles; não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável
a constituir o caput, de acordo com a Lei n° 8.078, de no lugar de sua emissão;
11.9.1990. Este texto parece truncado. Não saiu, até então, II - não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o
qualquer retificação da lei. Consta do Projeto, acredita-se cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente.
correto, o seguinte texto: “Em caso de litigância de má-fé, a Art. 3° O cheque é emitido contra banco, ou instituição fi-
associação autora e os diretores responsáveis pela proposi- nanceira que lhe seja equiparada, sob pena de não valer
tura da ação serão solidariamente condenados em honorá- como cheque.
rios advocatícios e ao décuplo das custas sem prejuízo da Art. 4° O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do
responsabilidade por perdas e danos”. sacado e estar autorizado a sobre eles emitir cheque, em
Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adian- virtude de contrato expresso ou tácito. A infração desses
tamento de custas, emolumentos, honorários periciais e preceitos não prejudica a validade do título como cheque.
quaisquer outras despesas, nem condenação da associação § 1° A existência de fundos disponíveis é verificada no mo-
autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advoga- mento da apresentação do cheque para pagamento.
do, custas e despesas processuais. (Redação dada pela Lei § 2° Consideram-se fundos disponíveis:
n° 8.078, de 11.9.1990). a) os créditos constantes de conta-corrente bancária não
Art. 19. Aplica-se à ação civil pública, prevista nesta Lei, o subordinados a termo;
Código de Processo Civil, aprovado pela Lei n° 5.869, de 11 b) o saldo exigível de conta-corrente contratual;
de janeiro de 1973, naquilo em que não contrarie suas dis- c) a soma proveniente de abertura de crédito.
posições. Art. 5° (VETADO).
Art. 20. O fundo de que trata o art. 13 desta Lei será regu- Art. 6° O cheque não admite aceite considerando-se não
lamentado pelo Poder Executivo no prazo de 90 (noventa)
escrita qualquer declaração com esse sentido.
dias.
Art. 7° Pode o sacado, a pedido do emitente ou do portador
Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difu-
legitimado, lançar e assinar, no verso do cheque não ao
sos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositi-
portador e ainda não endossado, visto, certificação ou outra
vos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do
declaração equivalente, datada e por quantia igual à indica-
Consumidor. (Redação dada pela Lei n° 8.078, de da no título.
11.9.1990).
§ 1° A aposição de visto, certificação ou outra declaração
Art. 22. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
equivalente obriga o sacado a debitar à conta do emitente a
(Renumerado pela Lei n° 8.078, de 11.9.1990). quantia indicada no cheque e a reservá-la em benefício do
Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário. (Renu- portador legitimado, durante o prazo de apresentação, sem
merado pela Lei n° 8.078, de 11.9.1990). que fiquem exonerados o emitente, endossantes e demais
Brasília, em 24 de julho de 1985; 164° da Independência e coobrigados.
97° da República. § 2° O sacado creditará à conta do emitente a quantia re-
JOSÉ SARNEY servada, uma vez vencido o prazo de apresentação; e, an-
tes disso, se o cheque lhe for entregue para inutilização.
LEI N° 7.357, DE 2 DE SETEMBRO DE 1985 Art. 8° Pode-se estipular no cheque que seu pagamento
seja feito:
Dispõe sobre o cheque e dá outras providências. I - a pessoa nomeada, com ou sem cláusula expressa ‘’à
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- ordem”;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: II - a pessoa nomeada, com a cláusula ‘’não à ordem”, ou
outra equivalente;

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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III - ao portador. § 2° A assinatura do endossante, ou a de seu mandatário
Parágrafo único. Vale como cheque ao portador o que não com poderes especiais, pode ser constituída, na forma de
contém indicação do beneficiário e o emitido em favor de legislação específica, por chancela mecânica, ou processo
pessoa nomeada com a cláusula ‘’ou ao portador”, ou ex- equivalente.
pressão equivalente. Art. 20. O endosso transmite todos os direitos resultantes
Art. 9° O cheque pode ser emitido: do cheque. Se o endosso é em branco, pode o portador:
I - à ordem do próprio sacador; I - completá-lo com o seu nome ou com o de outra pessoa;
II - por conta de terceiro; II - endossar novamente o cheque, em branco ou a outra
Ill - contra o próprio banco sacador, desde que não ao por- pessoa;
tador. III - transferir o cheque a um terceiro, sem completar o en-
Art. 10. Considera-se não escrita a estipulação de juros dosso e sem endossar.
inserida no cheque. Art. 21. Salvo estipulação em contrário, o endossante ga-
Art. 11. O cheque pode ser pagável no domicílio de terceiro, rante o pagamento.
quer na localidade em que o sacado tenha domicílio, quer Parágrafo único. Pode o endossante proibir novo endosso;
em outra, desde que o terceiro seja banco. neste caso, não garante o pagamento a quem seja o che-
Art. 12. Feita a indicação da quantia em algarismos e por que posteriormente endossado.
extenso, prevalece esta no caso de divergência. lndicada a Art. 22. O detentor de cheque “à ordem” é considerado
quantia mais de uma vez, quer por extenso, quer por alga- portador legitimado, se provar seu direito por uma série
rismos, prevalece, no caso de divergência, a indicação da ininterrupta de endossos, mesmo que o último seja em
menor quantia. branco. Para esse efeito, os endossos cancelados são con-
Art. 13. As obrigações contraídas no cheque são autôno- siderados não-escritos.
mas e independentes. Parágrafo único. Quando um endosso em branco for se-
Parágrafo único. A assinatura de pessoa capaz cria obri- guido de outro, entende-se que o signatário deste adquiriu o
gações para o signatário, mesmo que o cheque contenha cheque pelo endosso em branco.
assinatura de pessoas incapazes de se obrigar por cheque, Art. 23. O endosso num cheque passado ao portador torna
ou assinaturas falsas, ou assinaturas de pessoas fictícias, o endossante responsável, nos termos das disposições que
ou assinaturas que, por qualquer outra razão, não poderiam regulam o direito de ação, mas nem por isso converte o
obrigar as pessoas que assinaram o cheque, ou em nome título num cheque ‘’à ordem”.
das quais ele foi assinado. Art. 24. Desapossado alguém de um cheque, em virtude de
Art. 14. Obriga-se pessoalmente quem assina cheque como qualquer evento, novo portador legitimado não está obriga-
mandatário ou representante, sem ter poderes para tal, ou do a restituí-lo, se não o adquiriu de má-fé.
excedendo os que lhe foram conferidos. Pagando o cheque, Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto neste artigo,
tem os mesmos direitos daquele em cujo nome assinou. serão observadas, nos casos de perda, extravio, furto, rou-
Art. 15. O emitente garante o pagamento, considerando-se bo ou apropriação indébita do cheque, as disposições legais
não escrita a declaração pela qual se exima dessa garantia. relativas à anulação e substituição de títulos ao portador, no
Art. 16. Se o cheque, incompleto no ato da emissão, for que for aplicável.
completado com inobservância do convencionado com a Art. 25. Quem for demandado por obrigação resultante de
emitente, tal fato não pode ser oposto ao portador, a não ser cheque não pode opor ao portador exceções fundadas em
que este tenha adquirido o cheque de má-fé. relações pessoais com o emitente, ou com os portadores
CAPÍTULO II DA TRANSMISSÃO anteriores, salvo se o portador o adquiriu conscientemente
em detrimento do devedor.
Art. 17. O cheque pagável a pessoa nomeada, com ou sem
cláusula expressa ‘’ à ordem”, é transmissível por via de Art. 26. Quando o endosso contiver a cláusula ‘’valor em
endosso. cobrança”, ‘’para cobrança”, ‘’por procuração”, ou qualquer
outra que implique apenas mandato, o portador pode exer-
§ 1° O cheque pagável a pessoa nomeada, com a cláusula
cer todos os direitos resultantes do cheque, mas só pode
‘’não à ordem”, ou outra equivalente, só é transmissível pela
lançar no cheque endosso-mandato. Neste caso, os obriga-
forma e com os efeitos de cessão.
dos somente podem invocar contra o portador as exceções
§ 2° O endosso pode ser feito ao emitente, ou a outro obri- oponíveis ao endossante.
gado, que podem novamente endossar o cheque.
Parágrafo único. O mandato contido no endosso não se
Art. 18. O endosso deve ser puro e simples, reputando-se
extingue por morte do endossante ou por superveniê-ncia
não-escrita qualquer condição a que seja subordinado. de sua incapacidade.
§ 1° São nulos o endosso parcial e o do sacado. Art. 27. O endosso posterior ao protesto, ou declaração
§ 2° Vale como em branco o endosso ao portador. O en- equivalente, ou à expiração do prazo de apresentação pro-
dosso ao sacado vale apenas como quitação, salvo no caso duz apenas os efeitos de cessão. Salvo prova em contrário,
de o sacado ter vários estabelecimentos e o endosso ser o endosso sem data presume-se anterior ao protesto, ou
feito em favor de estabelecimento diverso daquele contra o declaração equivalente, ou à expiração do prazo de apre-
qual o cheque foi emitido. sentação.
Art. 19. O endosso deve ser lançado no cheque ou na folha Art. 28. O endosso no cheque nominativo, pago pelo banco
de alongamento e assinado pelo endossante, ou seu man- contra o qual foi sacado, prova o recebimento da respectiva
datário com poderes especiais. importância pela pessoa a favor da qual foi emitido, e pelos
§ 1° O endosso pode não designar o endossatário. Consis- endossantes subseqüentes.
tindo apenas na assinatura do endossante (endosso em Parágrafo único. Se o cheque indica a nota, fatura, conta
branco), só é válido quando lançado no verso do cheque ou cambial, imposto lançado ou declarado a cujo pagamento se
na folha de alongamento.

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destina, ou outra causa da sua emissão, o endosso pela Art. 39. O sacado que paga cheque ‘’à ordem” é obrigado a
pessoa a favor da qual foi emitido, e a sua liquidação pelo verificar a regularidade da série de endossos, mas não a
banco sacado provam a extinção da obrigação indicada. autenticidade das assinaturas dos endossantes. A mesma
CAPÍTULO III DO AVAL obrigação incumbe ao banco apresentante do cheque a
Art. 29. O pagamento do cheque pode ser garantido, no câmara de compensação.
todo ou em parte, por aval prestado por terceiro, exceto o Parágrafo único. Ressalvada a responsabilidade do apre-
sacado, ou mesmo por signatário do título. sentante, no caso da parte final deste artigo, o banco saca-
Art. 30. O aval é lançado no cheque ou na folha de alonga- do responde pelo pagamento do cheque falso, falsificado ou
mento. Exprime-se pelas palavras ‘’por aval”, ou fórmula alterado, salvo dolo ou culpa do correntista, do endossante
equivalente, com a assinatura do avalista. Considera-se ou do beneficiário, dos quais poderá o sacado, no todo ou
como resultante da simples assinatura do avalista, aposta em parte, reaver o que pagou.
no anverso do cheque, salvo quando se tratar da assinatura Art. 40. O pagamento se fará à medida em que forem apre-
do emitente. sentados os cheques e se 2 (dois) ou mais forem apresen-
Parágrafo único. O aval deve indicar o avalizado. Na falta tados simultaneamente, sem que os fundos disponíveis
de indicação, considera-se avalizado o emitente. bastem para o pagamento de todos, terão preferência os de
emissão mais antiga e, se da mesma data, os de número
Art. 31. O avalista se obriga da mesma maneira que o ava-
inferior.
lizado. Subsiste sua obrigação, ainda que nula a por ele
garantida, salvo se a nulidade resultar de vício de forma. Art. 41. O sacado pode pedir explicações ou garantia para
pagar cheque mutilado, rasgado ou partido, ou que conte-
Parágrafo único. O avalista que paga o cheque adquire
nha borrões, emendas e dizeres que não pareçam formal-
todos os direitos dele resultantes contra o avalizado e contra
mente normais.
os obrigados para com este em virtude do cheque.
Art. 42. O cheque em moeda estrangeira é pago, no prazo
CAPÍTULO IV DA APRESENTAÇÃO E DO PAGAMENTO
de apresentação, em moeda nacional ao câmbio do dia do
Art. 32. O cheque é pagável à vista. Considera-se não- pagamento, obedecida a legislação especial.
escrita qualquer menção em contrário. Parágrafo único. Se o cheque não for pago no ato da apre-
Parágrafo único. O cheque apresentado para pagamento sentação, pode o portador optar entre o câmbio do dia da
antes do dia indicado como data de emissão é pagável no apresentação e o do dia do pagamento para efeito de con-
dia da apresentação. versão em moeda nacional.
Art. 33. O cheque deve ser apresentado para pagamento, a Art. 43. (VETADO).
contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, CAPÍTULO V DO CHEQUE CRUZADO
quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60
(sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou Art. 44. O emitente ou o portador podem cruzar o cheque,
no exterior. mediante a aposição de dois traços paralelos no anverso do
título.
Parágrafo único. Quando o cheque é emitido entre lugares
com calendários diferentes, considera-se como de emissão § 1° O cruzamento é geral se entre os dois traços não hou-
o dia correspondente do calendário do lugar de pagamento. ver nenhuma indicação ou existir apenas a indicação ‘’ban-
co”, ou outra equivalente. O cruzamento é especial se entre
Art. 34. A apresentação do cheque à câmara de compensa-
os dois traços existir a indicação do nome do banco.
ção equivale à apresentação a pagamento.
§ 2° O cruzamento geral pode ser convertida em especial,
Art. 35. O emitente do cheque pagável no Brasil pode revo-
mas este não pode converter-se naquele.
gá-lo, mercê de contra-ordem dada por aviso epistolar, ou
por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras § 3° A inutilização do cruzamento ou a do nome do banco é
do ato. reputada como não existente.
Parágrafo único. A revogação ou contra-ordem só produz Art. 45. O cheque com cruzamento geral só pode ser pago
efeito depois de expirado o prazo de apresentação e, não pelo sacado a banco ou a cliente do sacado, mediante cré-
sendo promovida, pode o sacado pagar o cheque até que dito em conta. O cheque com cruzamento especial só pode
decorra o prazo de prescrição, nos termos do art. 59 desta ser pago pelo sacado ao banco indicado, ou, se este for o
Lei. sacado, a cliente seu, mediante crédito em conta. Pode,
entretanto, o banco designado incumbir outro da cobrança.
Art. 36. Mesmo durante o prazo de apresentação, o emiten-
te e o portador legitimado podem fazer sustar o pagamento, § 1° O banco só pode adquirir cheque cruzado de cliente
manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada em seu ou de outro banco. Só pode cobrá-lo por conta de tais
relevante razão de direito. pessoas.
§ 1° A oposição do emitente e a revogação ou contra-ordem § 2° O cheque com vários cruzamentos especiais só pode
se excluem reciprocamente. ser pago pelo sacado no caso de dois cruzamentos, um dos
quais para cobrança por câmara de compensação.
§ 2° Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão in-
vocada pelo oponente. § 3° Responde pelo dano, até a concorrência do montante
do cheque, o sacado ou o banco portador que não observar
Art. 37. A morte do emitente ou sua incapacidade superve-
as disposições precedentes.
niente à emissão não invalidam os efeitos do cheque.
CAPÍTULO VI DO CHEQUE PARA SER CREDITADO EM CONTA
Art. 38. O sacado pode exigir, ao pagar o cheque, que este
lhe seja entregue quitado pelo portador. Art. 46. O emitente ou o portador podem proibir que o che-
Parágrafo único. O portador não pode recusar pagamento que seja pago em dinheiro mediante a inscrição transversal,
parcial, e, nesse caso, o sacado pode exigir que esse pa- no anverso do título, da cláusula ‘’para ser creditado em
gamento conste do cheque e que o portador lhe dê a res- conta”, ou outra equivalente. Nesse caso, o sacado só pode
pectiva quitação. proceder a Iançamento contábil (crédito em conta, transfe-
rência ou compensação), que vale como pagamento. O

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depósito do cheque em conta de seu beneficiário dispensa o § 1° Cada endossante deve, nos 2 (dois) dias úteis seguin-
respectivo endosso. tes ao do recebimento do aviso, comunicar seu teor ao en-
§ 1° A inutilização da cláusula é considerada como não dossante precedente, indicando os nomes e endereços dos
existente. que deram os avisos anteriores, e assim por diante, até o
§ 2° Responde pelo dano, até a concorrência do montante emitente, contando-se os prazos do recebimento do aviso
do cheque, o sacado que não observar as disposições pre- precedente.
cedentes. § 2° O aviso dado a um obrigado deve estender-se, no
CAPÍTULO VII DA AÇÃO POR FALTA DE PAGAMENTO mesmo prazo, a seu avalista.
Art. 47. Pode o portador promover a execução do cheque: § 3° Se o endossante não houver indicado seu endereço ou
o tiver feito de forma ilegível, basta o aviso ao endossante
I - contra o emitente e seu avalista;
que o preceder.
II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque
§ 4° O aviso pode ser dado por qualquer forma, até pela
apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento é
simples devolução do cheque.
comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado,
escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de § 5° Aquele que estiver obrigado a aviso deverá provar que
apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada o deu no prazo estipulado. Considera-se observado o prazo
por câmara de compensação. se, dentro dele, houver sido posta no correio a carta de
aviso.
§ 1° Qualquer das declarações previstas neste artigo dis-
pensa o protesto e produz os efeitos deste. § 6° Não decai do direito de regresso o que deixa de dar o
aviso no prazo estabelecido. Responde, porém, pelo dano
§ 2° Os signatários respondem pelos danos causados por
causado por sua negligência, sem que a indenização exce-
declarações inexatas.
da o valor do cheque.
§ 3° O portador que não apresentar o cheque em tempo
Art. 50. O emitente, o endossante e o avalista podem, pela
hábil, ou não comprovar a recusa de pagamento pela forma
cláusula ‘’sem despesa”, ‘’sem protesto”, ou outra equivalen-
indicada neste artigo, perde o direito de execução contra o
te, lançada no título e assinada, dispensar o portador, para
emitente, se este tinha fundos disponíveis durante o prazo
promover a execução do título, do protesto ou da declara-
de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que
ção equivalente.
não lhe seja imputável.
§ 1° A cláusula não dispensa o portador da apresentação do
§ 4° A execução independe do protesto e das declarações
cheque no prazo estabelecido, nem dos avisos. Incumbe a
previstas neste artigo, se a apresentação ou o pagamento
quem alega a inobservância de prazo a prova respectiva.
do cheque são obstados pelo fato de o sacado ter sido
submetido a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência. § 2° A cláusula lançada pelo emitente produz efeito em
relação a todos os obrigados; a lançada por endossante ou
Art. 48. O protesto ou as declarações do artigo anterior
por avalista produz efeito somente em relação ao que lan-
devem fazer-se no lugar de pagamento ou do domicílio do
çar.
emitente, antes da expiração do prazo de apresentação. Se
esta ocorrer no último dia do prazo, o protesto ou as decla- § 3° Se, apesar de cláusula lançada pelo emitente, o porta-
rações podem fazer-se no primeiro dia útil seguinte. dor promove o protesto, as despesas correm por sua conta.
Por elas respondem todos os obrigados, se a cláusula é
§ 1° A entrega do cheque para protesto deve ser prenotada
lançada por endossante ou avalista.
em livro especial e o protesto tirado no prazo de 3 (três) dias
úteis a contar do recebimento do título. Art. 51. Todos os obrigados respondem solidariamente para
com o portador do cheque.
§ 2° O instrumento do protesto, datado e assinado pelo
oficial público competente, contém: § 1° O portador tem o direito de demandar todos os obriga-
dos, individual ou coletivamente, sem estar sujeito a obser-
a) a transcrição literal do cheque, com todas as declarações
var a ordem em que se obrigaram. O mesmo direito cabe ao
nele inseridas, na ordem em que se acham lançadas;
obrigado que pagar o cheque.
b) a certidão da intimação do emitente, de seu mandatário
§ 2° A ação contra um dos obrigados não impede sejam os
especial ou representante legal, e as demais pessoas obri-
outros demandados, mesmo que se tenham obrigado poste-
gadas no cheque;
riormente àquele.
c) a resposta dada pelos intimados ou a declaração da falta
§ 3° Regem-se pelas normas das obrigações solidárias as
de resposta;
relações entre obrigados do mesmo grau.
d) a certidão de não haverem sido encontrados ou de serem
Art. 52. O portador pode exigir do demandado:
desconhecidos o emitente ou os demais obrigados, realiza-
da a intimação, nesse caso, pela imprensa. I - a importância do cheque não pago;
§ 3° O instrumento de protesto, depois de registrado em II - os juros legais desde o dia da apresentação;
livro próprio, será entregue ao portador legitimado ou àquele III - as despesas que fez;
que houver efetuado o pagamento. IV - a compensação pela perda do valor aquisitivo da moe-
§ 4° Pago o cheque depois do protesto, pode este ser can- da, até o embolso das importâncias mencionadas nos itens
celado, a pedido de qualquer interessado, mediante arqui- antecedentes.
vamento de cópia autenticada da quitação que contenha Art. 53. Quem paga o cheque pode exigir de seus garantes:
perfeita identificação do título. I - a importância integral que pagou;
Art. 49. O portador deve dar aviso da falta de pagamento a II - os juros legais, a contar do dia do pagamento;
seu endossante e ao emitente, nos 4 (quatro) dias úteis III - as despesas que fez;
seguintes ao do protesto ou das declarações previstas no IV - a compensação pela perda do valor aquisitivo da moe-
art. 47 desta Lei ou, havendo cláusula ‘’sem despesa”, ao da, até o embolso das importâncias mencionadas nos itens
da apresentação. antecedentes.

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Art. 54. O obrigado contra o qual se promova execução, ou Art. 61. A ação de enriquecimento contra o emitente ou
que a esta esteja sujeito, pode exigir, contra pagamento, a outros obrigados, que se locupletaram injustamente com o
entrega do cheque, com o instrumento de protesto ou da não-pagamento do cheque, prescreve em 2 (dois) anos,
declaração equivalente e a conta de juros e despesas quita- contados do dia em que se consumar a prescrição prevista
da. no art. 59 e seu parágrafo desta Lei.
Parágrafo único. O endossante que pagou o cheque pode Art. 62. Salvo prova de novação, a emissão ou a transfe-
cancelar seu endosso e os dos endossantes posteriores. rência do cheque não exclui a ação fundada na relação
Art. 55. Quando disposição legal ou caso de força maior causal, feita a prova do não-pagamento.
impedir a apresentação do cheque, o protesto ou a declara- CAPÍTULO XI DOS CONFLITOS DE LEIS EM MATÉRIA DE CHE-
ção equivalente nos prazos estabelecidos, consideram-se QUES
estes prorrogados. Art. 63. Os conflitos de leis em matéria de cheques serão
§ 1° O portador é obrigado a dar aviso imediato da ocorrên- resolvidos de acordo com as normas constantes das Con-
cia de força maior a seu endossante e a fazer menção do venções aprovadas, promulgadas e mandadas aplicar no
aviso dado mediante declaração datada e assinada por ele Brasil, na forma prevista pela Constituição Federal.
no cheque ou folha de alongamento. São aplicáveis, quanto CAPÍTULO XII DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
ao mais, as disposições do art. 49 e seus parágrafos desta
Art. 64. A apresentação do cheque, o protesto ou a declara-
Lei.
ção equivalente só podem ser feitos ou exigidos em dia útil,
§ 2° Cessado o impedimento, deve o portador, imediata-
durante o expediente dos estabelecimentos de crédito, câ-
mente, apresentar o cheque para pagamento e, se couber,
maras de compensação e cartórios de protestos.
promover o protesto ou a declaração equivalente.
Parágrafo único. O cômputo dos prazos estabelecidos
§ 3° Se o impedimento durar por mais de 15 (quinze) dias,
nesta Lei obedece às disposições do direito comum.
contados do dia em que o portador, mesmo antes de findo o
Art. 65. Os efeitos penais da emissão do cheque sem sufi-
prazo de apresentação, comunicou a ocorrência de força
ciente provisão de fundos, da frustração do pagamento do
maior a seu endossante, poderá ser promovida a execução,
cheque, da falsidade, da falsificação e da alteração do che-
sem necessidade da apresentação do protesto ou declara-
que continuam regidos pela legislação criminal.
ção equivalente.
Art. 66. Os vales ou cheques postais, os cheques de pou-
§ 4° Não constituem casos de força maior os fatos pura-
pança ou assemelhados, e os cheques de viagem regem-se
mente pessoais relativos ao portador ou à pessoa por ele
pelas disposições especiais a eles referentes.
incumbida da apresentação do cheque, do protesto ou da
obtenção da declaração equivalente. Art. 67. A palavra ‘’banco”, para os fins desta Lei, designa
CAPÍTULO VIII DA PLURALIDADE DE EXEMPLARES também a instituição financeira contra a qual a lei admita a
emissão de cheque.
Art. 56. Excetuado o cheque ao portador, qualquer cheque Art. 68. Os bancos e casas bancárias poderão fazer prova
emitido em um país e pagável em outro pode ser feito em aos seus depositantes dos cheques por estes sacados me-
vários exemplares idênticos, que devem ser numerados no diante apresentação de cópia fotográfica ou microfotográfi-
próprio texto do título, sob pena de cada exemplar ser con- ca.
siderado cheque distinto.
Art. 69. Fica ressalvada a competência do Conselho Mone-
Art. 57. O pagamento feito contra a apresentação de um tário Nacional, nos termos e nos limites da legislação espe-
exemplar é liberatório, ainda que não estipulado que o pa- cifica, para expedir normas relativas à matéria bancária
gamento torna sem efeito os outros exemplares. relacionada com o cheque.
Parágrafo único. O endossante que transferir os exempla- Parágrafo único. É da competência do Conselho Monetário
res a diferentes pessoas e os endossantes posteriores res- Nacional:
pondem por todos os exemplares que assinarem e que não
a) a determinação das normas a que devem obedecer as
forem restituídos.
contas de depósito para que possam ser fornecidos os ta-
CAPÍTULO IX DAS ALTERAÇÕES lões de cheques aos depositantes;
Art. 58. No caso de alteração do texto do cheque, os signa- b) a determinação das conseqüências do uso indevido do
tários posteriores à alteração respondem nos termos do cheque, relativamente à conta do depositante;
texto alterado e os signatários anteriores, nos do texto origi- c) a disciplina das relações entre o sacado e o opoente, na
nal. hipótese do art. 36 desta Lei.
Parágrafo único. Não sendo possível determinar se a firma Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
foi aposta no título antes ou depois de sua alteração, pre- Art. 71. Revogam-se as disposições em contrário.
sume-se que a tenha sido antes.
Brasília, em 02 de setembro de 1985; 164° da Independên-
CAPÍTULO X DA PRESCRIÇÃO cia e 97° da República.
Art. 59. Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expi- JOSÉ SARNEY
ração do prazo de apresentação, a ação que o art. 47 desta
Lei assegura ao portador. LEI N° 7.492, DE 16 DE JUNHO DE 1986
Parágrafo único. A ação de regresso de um obrigado ao
pagamento do cheque contra outro prescreve em 6 (seis)
meses, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque Define os crimes contra o sistema financeiro nacional, e
ou do dia em que foi demandado. dá outras providências.
Art. 60. A interrupção da prescrição produz efeito somente O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
contra o obrigado em relação ao qual foi promovido o ato gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
interruptivo. Art. 1° Considera-se instituição financeira, para efeito desta
Lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado, que

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tenha como atividade principal ou acessória, cumulativa- mento em títulos ou valores mobiliários, declaração falsa ou
mente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de diversa da que dele deveria constar:
recursos financeiros (VETADO). de terceiros, em moeda Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribui- Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento
ção, negociação, intermediação ou administração de valores exigido pela legislação, em demonstrativos contábeis de
mobiliários. instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira: sistema de distribuição de títulos de valores mobiliários:
I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câm- Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
bio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralela-
ou recursos de terceiros; mente à contabilidade exigida pela legislação:
II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
referidas neste artigo, ainda que de forma eventual. Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição financeira,
Dos Crimes Contra O Sistema Financeiro Nacional de apresentar, ao interventor, liquidante, ou síndico, nos
Art. 2° Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar prazos e condições estabelecidas em lei as informações,
ou pôr em circulação, sem autorização escrita da sociedade declarações ou documentos de sua responsabilidade:
emissora, certificado, cautela ou outro documento represen- Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
tativo de título ou valor mobiliário: Art. 13. Desviar (VETADO). bem alcançado pela indisponi-
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. bilidade legal resultante de intervenção, liquidação extraju-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, dicial ou falência de instituição financeira:
fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir prospecto ou mate- Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
rial de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo. Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interventor, o
Art. 3° Divulgar informação falsa ou prejudicialmente in- liquidante ou o síndico que se apropriar de bem abrangido
completa sobre instituição financeira: pelo caput deste artigo, ou desviá-lo em proveito próprio ou
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. alheio.
Art. 4° Gerir fraudulentamente instituição financeira: Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em fa-
lência de instituição financeira, declaração de crédito ou
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
reclamação falsa, ou juntar a elas título falso ou simulado:
Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-
Art. 5° Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas
administrador ou falido que reconhecer, como verdadeiro,
no art. 25 desta Lei, de dinheiro, título, valor ou qualquer crédito que não o seja.
outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em pro-
Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o liqüidante
veito próprio ou alheio:
ou o síndico, (VETADO). à respeito de assunto relativo a
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de institui-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das ção financeira:
pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, que negociar Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com
tem a posse, sem autorização de quem de direito.
autorização obtida mediante declaração (VETADO). falsa,
Art. 6° Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repar- instituição financeira, inclusive de distribuição de valores
tição pública competente, relativamente a operação ou situ- mobiliários ou de câmbio:
ação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
falsamente:
Art. 17. Tomar ou receber, qualquer das pessoas mencio-
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
nadas no art. 25 desta Lei, direta ou indiretamente, emprés-
Art. 7° Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títu- timo ou adiantamento, ou deferi-lo a controlador, a adminis-
los ou valores mobiliários: trador, a membro de conselho estatutário, aos respectivos
I - falsos ou falsificados; cônjuges, aos ascendentes ou descendentes, a parentes na
II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade com- linha colateral até o 2° grau, consangüíneos ou afins, ou a
petente, em condições divergentes das constantes do regis- sociedade cujo controle seja por ela exercido, direta ou
tro ou irregularmente registrados; indiretamente, ou por qualquer dessas pessoas:
III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legis- Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
lação; Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
IV - sem autorização prévia da autoridade competente, I - em nome próprio, como controlador ou na condição de
quando legalmente exigida: administrador da sociedade, conceder ou receber adianta-
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. mento de honorários, remuneração, salário ou qualquer
Art. 8° Exigir, em desacordo com a legislação (VETADO), outro pagamento, nas condições referidas neste artigo;
juro, comissão ou qualquer tipo de remuneração sobre ope- II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber
ração de crédito ou de seguro, administração de fundo mú- lucros de instituição financeira.
tuo ou fiscal ou de consórcio, serviço de corretagem ou Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por
distribuição de títulos ou valores mobiliários: instituição financeira ou integrante do sistema de distribui-
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. ção de títulos mobiliários de que tenha conhecimento, em
Art. 9° Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou razão de ofício:
fazendo inserir, em documento comprobatório de investi- Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

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Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em institui- disso deverá informar ao Ministério Público Federal, envian-
ção financeira: do-lhe os documentos necessários à comprovação do fato.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. A conduta de que trata este artigo será
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se observada pelo interventor, liquidante ou síndico que, no
o crime é cometido em detrimento de instituição financeira curso de intervenção, liquidação extrajudicial ou falência,
oficial ou por ela credenciada para o repasse de financia- verificar a ocorrência de crime de que trata esta Lei.
mento. Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre que
Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou julgar necessário, poderá requisitar, a qualquer autoridade,
contrato, recursos provenientes de financiamento concedido informação, documento ou diligência, relativa à prova dos
por instituição financeira oficial ou por instituição credencia- crimes previstos nesta lei.
da para repassá-lo: Parágrafo único O sigilo dos serviços e operações financei-
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. ras não pode ser invocado como óbice ao atendimento da
Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, requisição prevista no caput deste artigo.
para realização de operação de câmbio: Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código de
Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei n° 3.689, de 3
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o de outubro de 1941, a prisão preventiva do acusado da
mesmo fim, sonega informação que devia prestar ou presta prática de crime previsto nesta lei poderá ser decretada em
informação falsa. razão da magnitude da lesão causada (VETADO).
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o Art. 31. Nos crimes previstos nesta Lei e punidos com pena
fim de promover evasão de divisas do País: de reclusão, o réu não poderá prestar fiança, nem apelar
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de
bons antecedentes, se estiver configurada situação que
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer
autoriza a prisão preventiva.
título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou
divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não decla- Art. 32. (VETADO).
rados à repartição federal competente. Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos crimes
Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, previstos nesta Lei, o limite a que se refere o § 1° do art. 49
contra disposição expressa de lei, ato de ofício necessário do Código Penal, aprovado pelo Decreto-lei n° 2.848, de 7
ao regular funcionamento do sistema financeiro nacional, de dezembro de.1940, pode ser estendido até o décuplo, se
bem como a preservação dos interesses e valores da ordem verificada a situação nele cogitada.
econômico-financeira: Art. 34. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 35. Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 24. (VETADO). Brasília, 16 de junho de 1986; 165° da Independência 98°
da República.
Da Aplicação e Do Procedimento Criminal JOSÉ SARNEY
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta
Lei, o controlador e os administradores de instituição finan- LEI N° 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989
ceira, assim considerados os diretores, gerentes (VETADO).
§ 1° Equiparam-se aos administradores de instituição finan-
ceira (VETADO). o interventor, o liqüidante ou o síndico. Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou
de cor.
§ 2° Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha
ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confis- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
são espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois Art. 1° Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resul-
terços. (Incluído pela Lei n° 9.080, de 19.7.1995). tantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei n°
promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça 9.459, de 13.5.1 997).
Federal. Art. 2° (VETADO).
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Art. 3° Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente
Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei n° habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou
3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência Indireta, bem como das concessionárias de serviços públi-
da Comissão de Valores Mobiliários - CVM, quando o crime cos:
tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à discipli- Pena - reclusão de dois a cinco anos.
na e à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Art. 4° Negar ou obstar emprego em empresa privada:
Brasil quando, fora daquela hipótese, houver sido cometido Pena - reclusão de dois a cinco anos.
na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização. Art. 5° Recusar ou impedir acesso a estabelecimento co-
Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo le- mercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou
gal, o ofendido poderá representar ao Procurador-Geral da comprador:
República, para que este a ofereça, designe outro órgão do Pena - reclusão de um a três anos.
Ministério Público para oferecê-la ou determine o arquiva- Art. 6° Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso
mento das peças de informação recebidas. de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado
Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuições legais, o de qualquer grau:
Banco Central do Brasil ou a Comissão de Valores Mobiliá- Pena - reclusão de três a cinco anos.
rios - CVM, verificar a ocorrência de crime previsto nesta lei,

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Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas
dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço). ou televisivas.
Art. 7° Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, § 4° Na hipótese do § 2°, constitui efeito da condenação,
pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar: após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do ma-
Pena - reclusão de três a cinco anos. terial apreendido.
Art. 8° Impedir o acesso ou recusar atendimento em restau- Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
rantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário.
ao público: Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168° da Independência e
Pena - reclusão de um a três anos. 101° da República.
Art. 9° Impedir o acesso ou recusar atendimento em esta- José Sarney
belecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes
sociais abertos ao público. LEI N° 7.913, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1989
Pena - reclusão de um a três anos.
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões Dispõe sobre a ação civil pública de responsabilidade
de cabelereiros, barbearias, termas ou casas de massagem por danos causados aos investidores no mercado de
ou estabelecimento com as mesmas finalidades. valores mobiliários.
Pena - reclusão de um a três anos. O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios Art. 1° Sem prejuízo da ação de indenização do prejudica-
públicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso do, o Ministério Público, de ofício ou por solicitação da Co-
aos mesmos: missão de Valores Mobiliários - CVM, adotará as medidas
Pena - reclusão de um a três anos. judiciais necessárias para evitar prejuízos ou obter ressar-
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, cimento de danos causados aos titulares de valores mobiliá-
como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou rios e aos investidores do mercado, especialmente quando
qualquer outro meio de transporte concedido: decorrerem de:
Pena - reclusão de um a três anos. I - operação fraudulenta, prática não eqüitativa, manipulação
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço de preços ou criação de condições artificiais de procura,
em qualquer ramo das Forças Armadas: oferta ou preço de valores mobiliários;
Pena - reclusão de dois a quatro anos. II - compra ou venda de valores mobiliários, por parte dos
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o administradores e acionistas controladores de companhia
casamento ou convivência familiar e social: aberta, utilizando-se de informação relevante, ainda não
Pena - reclusão de dois a quatro anos. divulgada para conhecimento do mercado, ou a mesma
Art. 15. (VETADO). operação realizada por quem a detenha em razão de sua
Art. 16. Constitui efeito da condena-ção a perda do cargo profissão ou função, ou por quem quer que a tenha obtido
ou função pública, para o servidor público, e a suspensão por intermédio dessas pessoas;
do funciona-mento do estabelecimento particular por prazo III - omissão de informação relevante por parte de quem
não superior a três meses. estava obrigado a divulgá-la, bem como sua prestação de
Art. 17. (VETADO). forma incompleta, falsa ou tendenciosa.
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei Art. 2° As importâncias decorrentes da condenação, na
não são automáticos, devendo ser motivadamente declara- ação de que trata esta Lei, reverterão aos investidores lesa-
dos na sentença. dos, na proporção de seu prejuízo.
Art. 19. (VETADO). § 1° As importâncias a que se refere este artigo ficarão de-
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou pre- positadas em conta remunerada, à disposição do juízo, até
conceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacio- que o investidor, convocado mediante edital, habilite-se ao
nal: (Redação dada pela Lei n° 9.459, de 13.5.1997). recebimento da parcela que lhe couber.
Pena - reclusão de um a três anos e multa. § 2° Decairá do direito à habilitação o investidor que não o
exercer no prazo de 2 (dois) anos, contado da data da pu-
§ 1° Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos,
blicação do edital a que alude o parágrafo anterior, devendo
emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utili-
a quantia correspondente ser recolhida ao Fundo a que se
zem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do
refere o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
nazismo: (Redação dada pela Lei n° 9.459, de 13.5.1997).
(redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995).
Pena - reclusão de dois a cinco anos e multa.
Art. 3° À ação de que trata esta lei aplica-se, no que cou-
§ 2° Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido
ber, o disposto na Lei n° 7.347 , de 24 de julho de 1985.
por intermédio dos meios de comunicação social ou publi-
Art. 4° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
cação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei n°
9.459, de 13.5.1997). Art. 5° Revogam-se as disposições em contrário.
Pena -: reclusão de dois a cinco anos e multa. Brasília, 7 de dezembro de 1989; 168° da Independência e
101° da República.
§ 3° No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determi-
nar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda
antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: (Re- LEI N° 7.960, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1989
dação dada pela Lei n° 9.459, de 13.5.1997).
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos Dispõe sobre prisão temporária.
exemplares do material respectivo; O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

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Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de 1965,
Art. 1° Caberá prisão temporária: fica acrescido da alínea i, com a seguinte redação:
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá
policial; um plantão permanente de vinte e quatro horas do Poder
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não forne- Judiciário e do Ministério Público para apreciação dos pedi-
cer elementos necessários ao esclarecimento de sua identi- dos de prisão temporária.
dade; Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qual- Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
quer prova admitida na legislação penal, de autoria ou parti- Brasília, 21 de dezembro de 1989; 168° da Independência e
cipação do indiciado nos seguintes crimes: 101° da República.
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); José Sarney
b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§
1° e 2°); LEI N° 8.009, DE 29 DE MARÇO DE 1990
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); Dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de família.
e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA adotou
1°, 2° e 3°); a Medida Provisória n° 143, de 1990, que o Congresso
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, Nacional aprovou, e eu, NELSON CARNEIRO, Presiden-
caput, e parágrafo único); te do Senado Federal, para os efeitos do disposto no
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combi- parágrafo único do art. 62 da Constituição Federal, pro-
nação com o art. 223, caput, e parágrafo único); mulgo a seguinte lei:
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 Art. 1° O imóvel residencial próprio do casal, ou da entida-
caput, e parágrafo único); de familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°); tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou
ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combi- filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo
nado com art. 285); nas hipóteses previstas nesta Lei.
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; Parágrafo único. A impenhorabili-dade compreende o imó-
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de vel sobre o qual se assentam a construção, as plantações,
outubro de 1956)., em qualquer de sua formas típicas; as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamen-
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outu- tos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarne-
bro de 1976).; cem a casa, desde que quitados.
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de Art. 2° Excluem-se da impenhorabili-dade os veículos de
junho de 1986). transporte, obras de arte e adornos suntuosos.
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabi-
face da representação da autoridade policial ou de requeri- lidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a
mento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, residência e que sejam de propriedade do locatário, obser-
prorrogável por igual período em caso de extrema e com- vado o disposto neste artigo.
provada necessidade. Art. 3° A impenhorabilidade é oponível em qualquer proces-
§ 1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o so de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de
Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. outra natureza, salvo se movido:
§ 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria resi-
ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte dência e das respectivas contribuições previden-ciárias;
e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da repre- II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento desti-
sentação ou do requerimento. nado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministé- créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo
rio Público e do Advogado, determinar que o preso lhe seja contrato;
apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da III - pelo credor de pensão alimentícia;
autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo de delito. IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado contribuições devidas em função do imóvel familiar;
de prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido
indiciado e servirá como nota de culpa. como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
§ 5° A prisão somente poderá ser executada depois da ex- VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para
pedição de mandado judicial. execução de sentença penal condenatória a ressarcimento,
§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o indenização ou perdimento de bens.
preso dos direitos previstos no art. 5° da Constituição Fede- VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em con-
ral. trato de locação. (Incluído pela Lei n° 8.245, de 18.10.1991).
§ 7° Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso Art. 4° Não se beneficiará do disposto nesta Lei aquele que,
deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valio-
tiver sido decretada sua prisão preventiva. so para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou
Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer, obriga- não da moradia antiga.
toriamente, separados dos demais detentos. § 1° Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do cre-
dor, transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar

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anterior, ou anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa § 1° Com a notificação, serão entregues ao acusado cópia
para execução ou concurso, conforme a hipótese. da denúncia ou da queixa, do despacho do relator e dos
§ 2° Quando a residência familiar constituir-se em imóvel documentos por este indicados.
rural, a impenhorabilidade restringir-se-á à sede de moradia, § 2° Se desconhecido o paradeiro do acusado, ou se este
com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5°, criar dificuldades para que o oficial cumpra a diligência,
inciso XXVI, da Constituição, à área limitada como pequena proceder-se-á a sua notificação por edital, contendo o teor
propriedade rural. resumido da acusação, para que compareça ao Tribunal,
Art. 5° Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata em 5 (cinco) dias, onde terá vista dos autos pelo prazo de
esta Lei, considera-se residência um único imóvel utilizado 15 (quinze) dias, a fim de apresentar a resposta prevista
pelo casal ou pela entidade familiar para moradia perma- neste artigo.
nente. Art. 5° Se, com a resposta, forem apresentados novos do-
Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade fami- cumentos, será intimada a parte contrária para sobre eles
liar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como resi- se manifestar, no prazo de 5 (cinco) dias.
dência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, Parágrafo único. Na ação penal de iniciativa privada, será
salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Regis- ouvido, em igual prazo, o Ministério Público.
tro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil. Art. 6° A seguir, o relator pedirá dia para que o Tribunal
Art. 6° São canceladas as execuções suspensas pela Me- delibere sobre o recebimento, a rejeição da denúncia ou da
dida Provisória n° 143, de 8 de março de 1990, que deu queixa, ou a improcedência da acusação, se a decisão não
origem a esta Lei. depender de outras provas.
Art. 7° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. § 1° No julgamento de que trata este artigo, será facultada
Art. 8° Revogam-se as disposições em contrário. sustentação oral pelo prazo de 15 (quinze) minutos, primeiro
Senado Federal, 29 de março de 1990; 169° da Indepen- à acusação, depois à defesa.
dência e 102° da República. § 2° Encerrados os debates, o Tribunal passará a deliberar,
NELSON CARNEIRO determinando o Presidente as pessoas que poderão perma-
necer no recinto, observado o disposto no inciso II do art. 12
LEI N° 8.038, DE 28 DE MAIO DE 1990 desta Lei.
Art. 7° Recebida a denúncia ou a queixa, o relator designa-
rá dia e hora para o interrogatório, mandando citar o acusa-
Institui normas procedimentais para os processos que do ou querelado e intimar o órgão do Ministério Público,
especifica, perante o Superior Tribunal de Justiça e o bem como o querelante ou o assistente, se for o caso.
Supremo Tribunal Federal. Art. 8° O prazo para defesa prévia será de 5 (cinco) dias,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- contado do interrogatório ou da intimação do defensor dati-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: vo.
Art. 9° A instrução obedecerá, no que couber, ao procedi-
TÍTULO I PROCESSOS DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA mento comum do Código de Processo Penal.
CAPÍTULO I AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA § 1° O relator poderá delegar a realização do interrogatório
Art. 1° Nos crimes de ação penal pública, o Ministério Pú- ou de outro ato da instrução ao juiz ou membro de tribunal
blico terá o prazo de 15 (quinze) dias para oferecer denún- com competência territorial no local de cumprimento da
cia ou pedir arquivamento do inquérito ou das peças infor- carta de ordem.
mativas. § 2° Por expressa determinação do relator, as intimações
§ 1° Diligências complementares poderão ser deferidas pelo poderão ser feitas por carta registrada com aviso de rece-
relator, com interrupção do prazo deste artigo. bimento.
§ 2° Se o indiciado estiver preso: Art. 10. Concluída a inquirição de testemunhas, serão inti-
a) o prazo para oferecimento da denúncia será de 5 (cinco) madas a acusação e a defesa, para requerimento de dili-
dias; gências no prazo de 5 (cinco) dias.
b) as diligências complementares não interromperão o pra- Art. 11. Realizadas as diligências, ou não sendo estas re-
zo, salvo se o relator, ao deferi-las, determinar o relaxamen- queridas nem determinadas pelo relator, serão intimadas a
to da prisão. acusação e a defesa para, sucessivamente, apresentarem,
no prazo de 15 (quinze) dias, alegações escritas.
Art. 2° O relator, escolhido na forma regimental, será o juiz
da instrução, que se realizará segundo o disposto neste § 1° Será comum o prazo do acusador e do assistente, bem
capítulo, no Código de Processo Penal, no que for aplicável, como o dos co-réus.
e no Regimento Interno do Tribunal. § 2° Na ação penal de iniciativa privada, o Ministério Público
Parágrafo único. O relator terá as atribuições que a legisla- terá vista, por igual prazo, após as alegações das partes.
ção processual confere aos juízes singulares. § 3° O relator poderá, após as alegações escritas, determi-
Art. 3° Compete ao relator: nar de ofício a realização de provas reputadas imprescindí-
veis para o julgamento da causa.
I - determinar o arquivamento do inquérito ou de peças in-
formativas, quando o requerer o Ministério Público, ou sub- Art. 12. Finda a instrução, o Tribunal procederá ao julga-
meter o requerimento à decisão competente do Tribunal; mento, na forma determinada pelo regimento interno, obser-
vando-se o seguinte:
II - decretar a extinção da punibilidade, nos casos previstos
em lei. I - a acusação e a defesa terão, sucessivamente, nessa
ordem, prazo de 1 (uma) hora para sustentação oral, asse-
Art. 4° Apresentada a denúncia ou a queixa ao Tribunal, far-
gurado ao assistente 1/4 (um quarto) do tempo da acusa-
se-á a notificação do acusado para oferecer resposta no
ção;
prazo de quinze dias.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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II - encerrados os debates, o Tribunal passará a proferir o Art. 23. Aplicam-se ao Habeas Corpus perante o Superior
julgamento, podendo o Presidente limitar a presença no Tribunal de Justiça as normas do Livro III, Título II, Capítulo
recinto às partes e seus advogados, ou somente a estes, se X do Código de Processo Penal.
o interesse público exigir. CAPÍTULO V OUTROS PROCEDIMENTOS
CAPÍTULO II RECLAMAÇÃO Art. 24. Na ação rescisória, nos conflitos de competência,
Art. 13. Para preservar a competência do Tribunal ou garan- de jurisdição e de atribuições, na revisão criminal e no man-
tir a autoridade das suas decisões, caberá reclamação da dado de segurança, será aplicada a legislação processual
parte interessada ou do Ministério Público. em vigor.
Parágrafo único. A reclamação, dirigida ao Presidente do Parágrafo único. No mandado de injunção e no habeas
Tribunal, instruída com prova documental, será autuada e corpus, serão observadas, no que couber, as normas do
distribuída ao relator da causa principal, sempre que possí- mandado de segurança, enquanto não editada legislação
vel. específica.
Art. 14. Ao despachar a reclamação, o relator: Art. 25. Salvo quando a causa tiver por fundamento matéria
I - requisitará informações da autoridade a quem for imputa- constitucional, compete ao Presidente do Superior Tribunal
da a prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de de Justiça, a requerimento do Procurador-Geral da Repúbli-
10 (dez) dias; ca ou da pessoa jurídica de direito público interessada, e
II - ordenará, se necessário, para evitar dano irreparável, a para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à
suspensão do processo ou do ato impugnado. economia pública, suspender, em despacho fundamentado,
Art. 15. Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do a execução de liminar ou de decisão concessiva de manda-
reclamante. do de segurança, proferida, em única ou última instância,
Art. 16. O Ministério Público, nas reclamações que não pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos
houver formulado, terá vista do processo, por 5 (cinco) dias, Estados e do Distrito Federal.
após o decurso do prazo para informações. § 1° O Presidente pode ouvir o impetrante, em cinco dias, e
Art. 17. Julgando procedente a reclamação, o Tribunal cas- o Procurador-Geral quando não for o requerente, em igual
sará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará prazo.
medida adequada à preservação de sua competência. § 2° Do despacho que conceder a suspensão caberá agra-
Art. 18. O Presidente determinará o imediato cumprimento vo regimental.
da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente. § 3° A suspensão de segurança vigorará enquanto pender o
CAPÍTULO III INTERVENÇÃO FEDERAL recurso, ficando sem efeito, se a decisão concessiva for
mantida pelo Superior Tribunal de Justiça ou transitar em
Art. 19. A requisição de intervenção federal prevista nos julgado.
incisos II e IV do art. 36 da Constituição Federal será pro-
movida: TÍTULO II RECURSOS
I - de ofício, ou mediante pedido de Presidente de Tribunal CAPÍTULO I RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL
de Justiça do Estado, ou de Presidente de Tribunal Federal, Art. 26. Os recurso extraordinário e especial, nos casos
quando se tratar de prover a execução de ordem ou decisão previstos na Constituição Federal, serão interpostos no
judicial, com ressalva, conforme a matéria, da competência prazo comum de 15 (quinze) dias, perante o Presidente do
do Supremo Tribunal Federal ou do Tribunal Superior Eleito- Tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:
ral; I - exposição do fato e do direito;
II - de ofício, ou mediante pedido da parte interessada, II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;
quando se tratar de prover a execução de ordem ou decisão III - as razões do pedido de reforma da decisão recorrida.
do Superior Tribunal de Justiça; Parágrafo único. Quando o recurso se fundar em dissídio
III - mediante representação do Procurador-Geral da Repú- entre a interpretação da lei federal adotada pelo julgado
blica, quando se tratar de prover a execução de lei federal. recorrido e a que lhe haja dado outro Tribunal, o recorrente
Art. 20. O Presidente, ao receber o pedido: fará a prova da divergência mediante certidão, ou indicação
I - tomará as providências que lhe parecerem adequadas do número e da página do jornal oficial, ou do repertório
para remover, administrativamente, a causa do pedido; autorizado de jurisprudência, que o houver publicado.
II - mandará arquivá-lo, se for manifestamente infundado, Art. 27. Recebida a petição pela Secretaria do Tribunal e aí
cabendo do seu despacho agravo regimental. protocolada, será intimado o recorrido, abrindo-se-lhe vista
Art. 21. Realizada a gestão prevista no inciso I do artigo pelo prazo de 15 (quinze) dias para apresentar contra-
anterior, solicitadas informações à autoridade estadual e razões.
ouvido o Procurador-Geral, o pedido será distribuído a um § 1° Findo esse prazo, serão os autos conclusos para ad-
relator. missão ou não do recurso, no prazo de cinco dias.
Parágrafo único. Tendo em vista o interesse público, pode- § 2° Os recursos extraordinário e especial serão recebidos
rá ser permitida a presença no recinto às partes e seus no efeito devolutivo.
advogados, ou somente a estes. § 3° Admitidos os recursos, os autos serão imediatamente
Art. 22. Julgado procedente o pedido, o Presidente do Su- remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.
perior Tribunal de Justiça comunicará, imediatamente, a § 4° Concluído o julgamento do recurso especial, serão os
decisão aos órgãos do poder público interessados e requisi- autos remetidos ao Supremo Tribunal Federal para aprecia-
tará a intervenção ao Presidente da República. ção do recurso extraordinário, se este não estiver prejudica-
CAPÍTULO IV Habeas Corpus do.
§ 5° Na hipótese de o relator do recurso especial considerar
que o recurso extraordinário é prejudicial daquele em deci-
são irrecorrível, sobrestará o seu julgamento e remeterá os

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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autos ao Supremo Tribunal Federal, para julgar o extraordi- Art. 35. Distribuído o recurso, a Secretaria, imediatamente,
nário. fará os autos com vista ao Ministério Público, pelo prazo de
§ 6° No caso de parágrafo anterior, se o relator do recurso 5 (cinco) dias.
extraordinário, em despacho irrecorrível, não o considerar Parágrafo único. Conclusos os autos ao relator, este pedirá
prejudicial, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Jus- dia para julgamento.
tiça, para o julgamento do recurso especial. CAPÍTULO IV APELAÇÃO CÍVEL E AGRAVO DE INSTRUMENTO
Art. 28. Denegado o recurso extraordinário ou o recurso Art. 36. Nas causas em que forem partes, de um lado, Es-
especial, caberá agravo de instrumento, no prazo de 5 (cin- tado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro,
co) dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o Supe- município ou pessoa domiciliada ou residente no País, ca-
rior Tribunal de Justiça, conforme o caso. berá:
§ 1° Cada agravo de instrumento será instruído com as I - apelação da sentença;
peças que forem indicadas pelo agravante e pelo agravado, II - agravo de instrumento, das decisões interlocutórias.
dele constando, obrigatoriamente, além das mencionadas
Art. 37. Os recursos mencionados no artigo anterior serão
no parágrafo único do art. 523 do Código de Processo Civil,
interpostos para o Superior Tribunal de Justiça, aplicando-
o acórdão recorrido, a petição de interposição do recurso e
se-lhes, quanto aos requisitos de admissibilidade e ao pro-
as contra-razões, se houver.
cedimento, o disposto no Código de Processo Civil.
§ 2° Distribuído o agravo de instrumento, o relator proferirá
decisão. TÍTULO III DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 3° Na hipótese de provimento, se o instrumento contiver Art. 38. O Relator, no Supremo Tribunal Federal ou no Su-
os elementos necessários ao julgamento do mérito do re- perior Tribunal de Justiça, decidirá o pedido ou o recurso
curso especial, o relator determinará, desde logo, sua inclu- que haja perdido seu objeto, bem como negará seguimento
são em pauta, observando-se, daí por diante, o procedimen- a pedido ou recurso manifestamente intempestivo, incabível
to relativo àqueles recursos, admitida a sustentação oral. ou, improcedente ou ainda, que contrariar, nas questões
§ 4° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também ao predominantemente de direito, Súmula do respectivo Tribu-
agravo de instrumento contra denegação de recurso extra- nal.
ordinário, salvo quando, na mesma causa, houver recurso Art. 39. Da decisão do Presidente do Tribunal, de Seção, de
especial admitido e que deva ser julgado em primeiro lugar. Turma ou de Relator que causar gravame à parte, caberá
§ 5° Da decisão do relator que negar seguimento ou provi- agravo para o órgão especial, Seção ou Turma, conforme o
mento ao agravo de instrumento, caberá agravo para o caso, no prazo de 5 (cinco) dias.
órgão julgador no prazo de 5 (cinco) dias. Art. 40. Haverá revisão, no Superior Tribunal de Justiça,
Art. 29. É embargável, no prazo de 15 (quinze) dias, a deci- nos seguintes processos:
são da turma que, em recurso especial, divergir do julga- I - ação rescisória;
mento de outra turma, da seção ou do órgão especial, ob- II - ação penal originária;
servando-se o procedimento estabelecido no regimento III - revisão criminal.
interno. Art. 41. Em caso de vaga ou afastamento de Ministro do
CAPÍTULO II RECURSO ORDINÁRIO EM Habeas Corpus Superior Tribunal de Justiça, por prazo superior a 30 (trinta)
Art. 30. O recurso ordinário para o Superior Tribunal de dias, poderá ser convocado Juiz de Tribunal Regional Fede-
Justiça, das decisões denegatórias de Habeas Corpus, ral ou Desembargador, para substituição, pelo voto da maio-
proferidas pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos ria absoluta dos seus membro.
Tribunais dos Estados e do Distrito Federal, será interposto Art. 41-A. A decisão de Turma, no Superior Tribunal de
no prazo de 5 (cinco) dias, com as razões do pedido de Justiça, será tomada pelo voto da maioria absoluta de seus
reforma. membros.
Art. 31. Distribuído o recurso, a Secretaria, imediatamente, Parágrafo único. Em habeas corpus originário ou recursal,
fará os autos com vista ao Ministério Público, pelo prazo de havendo empate, prevalecerá a decisão mais favorável ao
2 (dois) dias. paciente.
Parágrafo único. Conclusos os autos ao relator, este sub- Art. 41-B. As despesas do porte de remessa e retorno dos
meterá o feito a julgamento independentemente de pauta. autos serão recolhidas mediante documento de arrecada-
Art. 32. Será aplicado, no que couber, ao processo e julga- ção, de conformidade com instruções e tabela expedidas
mento do recurso, o disposto com relação ao pedido originá- pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de
rio de Habeas Corpus. Justiça. (artigo acrescido pela Lei n° 9.756, de 17.12.1998).
CAPÍTULO III RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGU- Parágrafo único. A secretaria do tribunal local zelará pelo
RANÇA
recolhimento das despesas postais. (artigo acrescido pela
Lei n° 9.756, de 17.12.1998).
Art. 33. O recurso ordinário para o Superior Tribunal de Art. 42. Os arts. 496, 497, 498, inciso II do art. 500, e 508
Justiça, das decisões denegatórias de mandado de segu- da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Pro-
rança, proferidas em única instância pelos Tribunais Regio- cesso Civil, passam a vigorar com a seguinte redação:
nais Federais ou pelos Tribunais de Estados e do Distrito
Art. 43. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Federal, será interposto no prazo de quinze dias, com as
razões do pedido de reforma. Art. 44. Revogam-se as disposições em contrário, especi-
almente os arts. 541 e 546 do Código de Processo Civil e a
Art. 34. Serão aplicadas, quanto aos requisitos de admissi-
Lei n° 3.396, de 2 de junho de 1958.
bilidade e ao procedimento no Tribunal recorrido, as regras
do Código de Processo Civil relativas à apelação. Brasília, 28 de maio de 1990; 169° da Independência e 102°
da República
Fernando Collor

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§ 2° A parturiente será atendida preferencialmente pelo
LEI N° 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 mesmo médico que a acompanhou na fase pré- natal.
Dis põe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e § 3° Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à
dá outras providências. gestante e à nutriz que dele necessitem.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- Art. 9° O Poder Público, as instituições e os empregadores
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno,
inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa
de liberdade.
LIVRO I PARTE GERAL Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção
TÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados
Art. 1° Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e a:
ao adolescente. I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de
Art. 2° Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua
aquela entre doze e dezoito anos de idade. impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe,
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autorida-
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e de administrativa competente;
vinte e um anos de idade. III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica
Art. 3° A criança e o adolescente gozam de todos os direi- de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem
tos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo como prestar orientação aos pais;
da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se- IV - fornecer declaração de nascimento onde constem ne-
lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e cessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvi-
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mento do neonato;
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a
e de dignidade. permanência junto à mãe.
Art. 4° É dever da família, da comunidade, da sociedade em Art. 11. É assegurado atendimento médico à criança e ao
geral e do poder público assegurar, com absoluta priorida- adolescente, através do Sistema Único de Saúde, garantido
de, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à o acesso universal e igualitário às ações e serviços para
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissio- promoção, proteção e recuperação da saúde.
nalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e § 1° A criança e o adolescente portadores de deficiência
à convivência familiar e comunitária. receberão atendimento especializado.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: § 2° Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àque-
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer les que necessitarem os medicamentos, próteses e outros
circunstâncias; recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde deve-
relevância pública; rão proporcionar condições para a permanência em tempo
c) preferência na formulação e na execução das políticas integral de um dos pais ou responsável, nos casos de inter-
sociais públicas; nação de criança ou adolescente.
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-
relacionadas com a proteção à infância e à juventude. tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente
Art. 5° Nenhuma criança ou adolescente será objeto de comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade,
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, sem prejuízo de outras providências legais.
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos de assistência médica e odontológica para a prevenção das
fundamentais. enfermidades que ordinariamente afetam a população infan-
Art. 6° Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os til, e campanhas de educação sanitária para pais, educado-
fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem co- res e alunos.
mum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a con- Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças
dição peculiar da criança e do adolescente como pessoas nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.
em desenvolvimento. CAPÍTULO II DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIG-
TÍTULO II DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NIDADE

CAPÍTULO I DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade,
Art. 7° A criança e o adolescente têm direito a proteção à ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em pro-
vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais cesso de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis,
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes as-
Art. 8° É assegurado à gestante, através do Sistema Único pectos:
de Saúde, o atendimento pré e perinatal. I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comuni-
§ 1° A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de tários, ressalvadas as restrições legais;
atendimento, segundo critérios médicos específicos, obede- II - opinião e expressão;
cendo-se aos princípios de regionalização e hierarquização III - crença e culto religioso;
do Sistema. IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;

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V - participar da vida familiar e comunitária, sem discrimina- Subseção I Disposições Gerais
ção; Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante
VI - participar da vida política, na forma da lei; guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da § 1° Sempre que possível, a criança ou adolescente deverá
integridade física, psíquica e moral da criança e do adoles- ser previamente ouvido e a sua opinião devidamente consi-
cente, abrangendo a preservação da imagem, da identida- derada.
de, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espa- § 2° Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de
ços e objetos pessoais. parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e de evitar ou minorar as conseqüências decorrentes da me-
do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento dida.
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrange- Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a
dor. pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade
CAPÍTULO III DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNI- com a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar
TÁRIA adequado.
Seção I Disposições Gerais Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser cria- transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a
do e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, entidades governamentais ou não-governa-mentais, sem
em família substituta, assegurada a convivência familiar e autorização judicial.
comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira cons-
dependentes de substâncias entorpecentes. titui medida excepcional, somente admissível na modalidade
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, de adoção.
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o
filiação. encargo, mediante termo nos autos.
Art. 21. O pátrio poder será exercido, em igualdade de con- Subseção II Da Guarda
dições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência materi-
legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, al, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo
em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos
competente para a solução da divergência. pais.
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e § 1° A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, po-
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no inte- dendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos proce-
resse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as dimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por es-
determinações judiciais. trangeiros.
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não § 2° Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos ca-
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do sos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares
pátrio poder. ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo
Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só ser deferido o direito de representação para a prática de
autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescen- atos determinados.
te será mantido em sua família de origem, a qual deverá § 3° A guarda confere à criança ou adolescente a condição
obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxí- de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclu-
lio. sive previdenciários.
Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder serão decre- Art. 34. O Poder Público estimulará, através de assistência
tadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a
casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou aban-
de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a donado.
que alude o art. 22. Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo,
Seção II Da Família Natural mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade for- Público.
mada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. Subseção III Da Tutela
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser
reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pes-
próprio termo de nascimento, por testamento, mediante soa de até vinte e um anos incompletos.
escritura ou outro documento público, qualquer que seja a Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a pré-
origem da filiação. via decretação da perda ou suspensão do pátrio poder e
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nas- implica necessariamente o dever de guarda.
cimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar Art. 37. A especialização de hipoteca legal será dispensada,
descendentes. sempre que o tutelado não possuir bens ou rendimentos ou
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito por qualquer outro motivo relevante.
personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser Parágrafo único. A especialização de hipoteca legal será
exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer também dispensada se os bens, porventura existentes em
restrição, observado o segredo de Justiça. nome do tutelado, constarem de instrumento público, devi-
Seção III Da Família Substituta damente registrado no registro de imóveis, ou se os rendi-

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mentos forem suficientes apenas para a mantença do tute- § 2° Em caso de adoção por estrangeiro residente ou domi-
lado, não havendo sobra significativa ou provável. ciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. território nacional, será de no mínimo quinze dias para cri-
24. anças de até dois anos de idade, e de no mínimo trinta dias
quando se tratar de adotando acima de dois anos de idade.
Subseção IV Da Adoção
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judi-
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á cial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do
segundo o disposto nesta Lei. qual não se fornecerá certidão.
Parágrafo único. É vedada a adoção por procuração. § 1° A inscrição consignará o nome dos adotantes como
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito pais, bem como o nome de seus ascendentes.
anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou § 2° O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o
tutela dos adotantes. registro original do adotado.
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, § 3° Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá
com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, constar nas certidões do registro.
desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo § 4° A critério da autoridade judiciária, poderá ser fornecida
os impedimentos matrimoniais. certidão para a salvaguarda de direitos.
§ 1° Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do § 5° A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e,
outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o a pedido deste, poderá determinar a modificação do preno-
cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos paren- me.
tes.
§ 6° A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em
§ 2° É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus julgado da sentença, exceto na hipótese prevista no art. 42,
descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes § 5°, caso em que terá força retroativa à data do óbito.
e colaterais até o 4° grau, observada a ordem de vocação
Art. 48. A adoção é irrevogável.
hereditária.
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio
Art. 42. Podem adotar os maiores de vinte e um anos, inde-
poder dos pais naturais.
pendentemente de estado civil.
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca
§ 1° Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em
adotando.
condições de serem adotados e outro de pessoas interes-
§ 2° A adoção por ambos os cônjuges ou concubinos pode- sadas na adoção.
rá ser formalizada, desde que um deles tenha completado
§ 1° O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia con-
vinte e um anos de idade, comprovada a estabilidade da
sulta aos órgãos técnicos do Juizado, ouvido o Ministério
família.
Público.
§ 3° O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos
§ 2° Não será deferida a inscrição se o interessado não
mais velho do que o adotando.
satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das
§ 4° Os divorciados e os judicialmente separados poderão hipóteses previstas no art. 29.
adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guar-
Art. 51. Cuidando-se de pedido de adoção formulado por
da e o regime de visitas, e desde que o estágio de convi-
estrangeiro residente ou domiciliado fora do País, observar-
vência tenha sido iniciado na constância da sociedade con-
se-á o disposto no art. 31.
jugal.
§ 1° O candidato deverá comprovar, mediante documento
§ 5° A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após
expedido pela autoridade competente do respectivo domicí-
inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso
lio, estar devidamente habilitado à adoção, consoante as
do procedimento, antes de prolatada a sentença.
leis do seu país, bem como apresentar estudo psicossocial
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais elaborado por agência especializada e credenciada no país
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legíti- de origem.
mos.
§ 2° A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento do
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e Ministério Público, poderá determinar a apresentação do
saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o texto pertinente à legislação estrangeira, acompanhado de
pupilo ou o curatelado. prova da respectiva vigência.
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou § 3° Os documentos em língua estrangeira serão juntados
do representante legal do adotando. aos autos, devidamente autenticados pela autoridade con-
§ 1° O consentimento será dispensado em relação à criança sular, observados os tratados e convenções internacionais,
ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor públi-
sido destituídos do pátrio poder. co juramentado.
§ 2° Em se tratando de adotando maior de doze anos de § 4° Antes de consumada a adoção não será permitida a
idade, será também necessário o seu consentimento. saída do adotando do território nacional.
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência Art. 52. A adoção internacional poderá ser condicionada a
com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade estudo prévio e análise de uma comissão estadual judiciária
judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso. de adoção, que fornecerá o respectivo laudo de habilitação
§ 1° O estágio de convivência poderá ser dispensado se o para instruir o processo competente.
adotando não tiver mais de um ano de idade ou se, qual- Parágrafo único. Competirá à comissão manter registro
quer que seja a sua idade, já estiver na companhia do ado- centralizado de interessados estrangeiros em adoção.
tante durante tempo suficiente para se poder avaliar a con- CAPÍTULO IV DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ES-
veniência da constituição do vínculo. PORTE E AO LAZER

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Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, CAPÍTULO V DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTE-
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo ÇÃO NO TRABALHO
para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze
assegurando-se-lhes: anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada
escola; por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
II - direito de ser respeitado por seus educadores; Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recor- profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da
rer às instâncias escolares superiores; legislação de educação em vigor.
IV - direito de organização e participação em entidades Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
estudantis; seguintes princípios:
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua resi- I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino
dência. regular;
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter II - atividade compatível com o desenvolvimento do adoles-
ciência do processo pedagógico, bem como participar da cente;
definição das propostas educacionais. III - horário especial para o exercício das atividades.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adoles- Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é asse-
cente: gurada bolsa de aprendizagem.
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos,
os que a ele não tiveram acesso na idade própria; são assegurados os direitos trabalhistas eprevidenciários.
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegura-
ensino médio; do trabalho protegido.
III - atendimento educacional especializado aos portadores Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de entidade governamental ou não-governamental, é vedado
zero a seis anos de idade; trabalho:
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; e as cinco horas do dia seguinte;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condi- II - perigoso, insalubre ou penoso;
ções do adolescente trabalhador; III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
VII - atendimento no ensino fundamental, através de pro- desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
gramas suplementares de material didático-escolar, trans- IV - realizado em horários e locais que não permitam a fre-
porte, alimentação e assistência à saúde. qüência à escola.
§ 1° O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito pú- Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho
blico subjetivo. educativo, sob responsabilidade de entidade governamental
§ 2° O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da ao adolescente que dele participe condições de capacitação
autoridade competente. para o exercício de atividade regular remunerada.
§ 3° Compete ao poder público recensear os educandos no § 1° Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral
ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvi-
pais ou responsável, pela freqüência à escola. mento pessoal e social do educando prevalecem sobre o
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricu- aspecto produtivo.
lar seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. § 2° A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fun- efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu
damental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: trabalho não desfigura o caráter educativo.
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos,
esgotados os recursos escolares; entre outros:
III - elevados níveis de repetência. I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvi-
Art. 57. O Poder Público estimulará pesquisas, experiências mento;
e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, II - capacitação profissional adequada ao mercado de traba-
metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de lho.
crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental TÍTULO III DA PREVENÇÃO
obrigatório. CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça
culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social
da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liber- ou violação dos direitos da criança e do adolescente.
dade da criação e o acesso às fontes de cultura. Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação,
Art. 59. Os Municípios, com apoio dos Estados e da União, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e
estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em
para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas desenvolvimento.
para a infância e a juventude.

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Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da III - produtos cujos componentes possam causar dependên-
prevenção especial outras decorrentes dos princípios por cia física ou psíquica ainda que por utilização indevida;
ela adotados. IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importa- pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar
rá em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
termos desta Lei. V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
CAPÍTULO II DA PREVENÇÃO ESPECIAL VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
Seção I Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diver- Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescen-
sões e Espetáculos te em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere,
Art. 74. O Poder Público, através do órgão competente, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou respon-
regulará as diversões e espetáculos públicos, informando sável.
sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se re- Seção III Da Autorização para Viajar
comendem, locais e horários em que sua apresentação se Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comar-
mostre inadequada. ca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável,
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espe- sem expressa autorização judicial.
táculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil § 1° A autorização não será exigida quando:
acesso, à entrada do local de exibição, informação destaca- a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança,
da sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especifi- se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma
cada no certificado de classificação. região metropolitana;
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diver- b) a criança estiver acompanhada:
sões e espetáculos públicos classificados como adequados 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,
à sua faixa etária. comprovado documentalmente o parentesco;
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somen- 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai,
te poderão ingressar e permanecer nos locais de apresen- mãe ou responsável.
tação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou res- § 2° A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou
ponsável. responsável, conceder autorização válida por dois anos.
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autoriza-
no horário recomendado para o público infanto juvenil, pro- ção é dispensável, se a criança ou adolescente:
gramas com finalidades educativas, artísticas, culturais e I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
informativas.
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expres-
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou samente pelo outro através de documento com firma reco-
anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua nhecida.
transmissão, apresentação ou exibição.
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhu-
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários ma criança ou adolescente nascido em território nacional
de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente
programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou domiciliado no exterior.
ou locação em desacordo com a classificação atribuída pelo
órgão competente. LIVRO II PARTE ESPECIAL
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão TÍTULO I DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
a faixa etária a que se destinam. Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e
Art. 78. As revistas e publicações contendo material impró- do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado
prio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser de ações governamentais e não-governamentais, da União,
comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
de seu conteúdo. Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas I - políticas sociais básicas;
que contenham mensagens pornográficas ou obscenas II - políticas e programas de assistência social, em caráter
sejam protegidas com embalagem opaca. supletivo, para aqueles que deles necessitem;
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico
infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, explo-
legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, taba- ração, abuso, crueldade e opressão;
co, armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos
IV - serviço de identificação e localização de pais, respon-
e sociais da pessoa e da família.
sável, crianças e adolescentes desaparecidos;
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explo-
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos
rem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por
direitos da criança e do adolescente.
casas de jogos, assim entendidas as que realizem apostas,
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja per-
mitida a entrada e a permanência de crianças e adolescen- I - municipalização do atendimento;
tes no local, afixando aviso para orientação do público. II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional
Seção II Dos Produtos e Serviços dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberati-
vos e controladores das ações em todos os níveis, assegu-
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: rada a participação popular paritária por meio de organiza-
I - armas, munições e explosivos; ções representativas, segundo leis federal, estaduais e mu-
II - bebidas alcoólicas; nicipais;

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III - criação e manutenção de programas específicos, obser- IX - participação de pessoas da comunidade no processo
vada a descentralização político-administrativa; educativo.
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais Parágrafo único. O dirigente de entidade de abrigo e equi-
vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da crian- parado ao guardião, para todos os efeitos de direito.
ça e do adolescente; Art. 93. As entidades que mantenham programas de abrigo
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministé- poderão, em caráter excepcional e de urgência, abrigar
rio Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência crianças e adolescentes sem prévia determinação da auto-
Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito ridade competente, fazendo comunicação do fato até o 2°
de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem dia útil imediato.
se atribua autoria de ato infracional; Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de inter-
VI - mobilização da opinião pública no sentido da indispen- nação têm as seguintes obrigações, entre outras:
sável participação dos diversos segmentos da sociedade. I - observar os direitos e garantias de que são titulares os
Art. 89. A função de membro do Conselho Nacional e dos adolescentes;
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto
do adolescente é considerada de interesse público relevante de restrição na decisão de internação;
e não será remunerada. III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas uni-
CAPÍTULO II DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO dades e grupos reduzidos;
Seção I Disposições Gerais IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela e dignidade ao adolescente;
manutenção das próprias unidades, assim como pelo plane- V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preser-
jamento e execução de programas de proteção e sócio- vação dos vínculos familiares;
educativos destinados a crianças e adolescentes, em regi- VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os
me de: casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamen-
I - orientação e apoio sócio-familiar; to dos vínculos familiares;
II - apoio sócio-educativo em meio aberto; VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas
III - colocação familiar; de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os
objetos necessários à higiene pessoal;
IV - abrigo;
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequa-
V - liberdade assistida;
dos à faixa etária dos adolescentes atendidos;
VI - semi liberdade;
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos
VII - internação.
e farmacêuticos;
Parágrafo único. As entidades governamentais e não-
X - propiciar escolarização e profissionalização;
governamentais deverão proceder à inscrição de seus pro-
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
gramas, especificando os regimes de atendimento, na forma
definida neste artigo, junto ao Conselho Municipal dos Direi- XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem,
tos da Criança e do Adolescente, o qual manterá registro de acordo com suas crenças;
das inscrições e de suas alterações, do que fará comunica- XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
ção ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à
funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos autoridade competente;
Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o XV - informar, periodicamente, o adolescente internado
registro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da sobre sua situação processual;
respectiva localidade. XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos
Parágrafo único. Será negado o registro à entidade que: de adolescentes portadores de moléstias infecto-
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas contagiosas;
de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos
b) não apresente plano de trabalho compatível com os prin- adolescentes;
cípios desta Lei; XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompa-
c) esteja irregularmente constituída; nhamento de egressos;
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de abri- da cidadania àqueles que não os tiverem;
go deverão adotar os seguintes princípios: XX - manter arquivo de anotações onde constem data e
I - preservação dos vínculos familiares; circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus
pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade,
II - integração em família substituta, quando esgotados os
acompanhamento da sua formação, relação de seus per-
recursos de manutenção na família de origem;
tences e demais dados que possibilitem sua identificação e
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
a individualização do atendimento.
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-
§ 1° Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes
educação;
deste artigo às entidades que mantêm programa de abrigo.
V - não desmembramento de grupos de irmãos;
§ 2° No cumprimento das obrigações a que alude este arti-
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras go as entidades utilizarão preferencialmente os recursos da
entidades de crianças e adolescentes abrigados; comunidade.
VII - participação na vida da comunidade local; Seção II Da Fiscalização das Entidades
VIII - preparação gradativa para o desligamento;

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Art. 95. As entidades governamentais e não- Parágrafo único. O abrigo é medida provisória e excepcio-
governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo nal, utilizável como forma de transição para a colocação em
Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutela- família substituta, não implicando privação de liberdade.
res. Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão acompanhadas da regularização do registro civil.
serão apresentados ao estado ou ao município, conforme a § 1° Verificada a inexistência de registro anterior, o assento
origem das dotações orçamentárias. de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimen- dos elementos disponíveis, mediante requisição da autori-
to que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem dade judiciária.
prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigen- § 2° Os registros e certidões necessários à regularização de
tes ou prepostos: que trata este artigo são isentos de multas, custas e emo-
I - às entidades governamentais: lumentos, gozando de absoluta prioridade.
a) advertência; TÍTULO III DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
b) afastamento provisório de seus dirigentes; CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. como crime ou contravenção penal.
II - às entidades não-governamentais: Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de de-
a) advertência; zoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas; Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser consi-
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; derada a idade do adolescente à data do fato.
d) cassação do registro. Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança correspon-
Parágrafo único. Em caso de reiteradas infrações cometi- derão as medidas previstas no art. 101.
das por entidades de atendimento, que coloquem em risco CAPÍTULO II DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
os direitos assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comu- Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberda-
nicado ao Ministério Público ou representado perante auto- de senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escri-
ridade judiciária competente para as providências cabíveis, ta e fundamentada da autoridade judiciária competente.
inclusive suspensão das atividades ou dissolução da enti-
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação
dade.
dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser infor-
TÍTULO II DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO mado acerca de seus direitos.
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados
são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta à autoridade judiciária competente e à família do apreendido
Lei forem ameaçados ou violados: ou à pessoa por ele indicada.
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
III - em razão de sua conduta. Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser deter-
CAPÍTULO II DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO minada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser
basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade,
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituí-
demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
das a qualquer tempo.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta
submetido a identificação compulsória pelos órgãos polici-
as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que
ais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confronta-
visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitá-
ção, havendo dúvida fundada.
rios.
CAPÍTULO III DAS GARANTIAS PROCESSUAIS
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art.
98, a autoridade competente poderá determinar, dentre Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberda-
outras, as seguintes medidas: de sem o devido processo legal.
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as
termo de responsabilidade; seguintes garantias:
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infra-
III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento cional, mediante citação ou meio equivalente;
oficial de ensino fundamental; II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se
IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas ne-
família, à criança e ao adolescente; cessárias à sua defesa;
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiá- III - defesa técnica por advogado;
trico, em regime hospitalar ou ambulatorial; IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessita-
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, dos, na forma da lei;
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade
VII - abrigo em entidade; competente;
VIII - colocação em família substituta. VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou respon-
sável em qualquer fase do procedimento.
CAPÍTULO IV DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS

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Seção I Disposições Gerais Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervi-
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade são da autoridade competente, a realização dos seguintes
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes encargos, entre outros:
medidas: I - promover socialmente o adolescente e sua família, forne-
I - advertência; cendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em
II - obrigação de reparar o dano; programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência
social;
III - prestação de serviços à comunidade;
II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do
IV - liberdade assistida;
adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adoles-
VI - internação em estabelecimento educacional;
cente e de sua inserção no mercado de trabalho;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
IV - apresentar relatório do caso.
§ 1° A medida aplicada ao adolescente levará em conta a Seção VI Do Regime de Semi-liberdade
sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravida-
de da infração. Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado
§ 2° Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admiti- desde o início, ou como forma de transição para o meio
da a prestação de trabalho forçado. aberto, possibilitada a realização de atividades externas,
independentemente de autorização judicial.
§ 3° Os adolescentes portadores de doença ou deficiência
mental receberão tratamento individual e especializado, em § 1° É obrigatória a escolarização e a profissionalização,
local adequado às suas condições. devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos
existentes na comunidade.
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e
100. § 2° A medida não comporta prazo determinado aplicando-
se, no que couber, as disposições relativas à internação.
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a
VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes Seção VII Da Internação
da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipó- Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberda-
tese de remissão, nos termos do art. 127. de, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sem- respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimen-
pre que houver prova da materialidade e indícios suficientes to.
da autoria. § 1° Será permitida a realização de atividades externas, a
Seção II Da Advertência critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa de-
terminação judicial em contrário.
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal,
que será reduzida a termo e assinada. § 2° A medida não comporta prazo determinado, devendo
sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão funda-
Seção III Da Obrigação de Reparar o Dano
mentada, no máximo a cada seis meses.
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos § 3° Em nenhuma hipótese o período máximo de internação
patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, excederá a três anos.
que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimen- § 4° Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o
to do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da
adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de
vítima.
semi-liberdade ou de liberdade assistida.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a
§ 5° A liberação será compulsória aos vinte e um anos de
medida poderá ser substituída por outra adequada.
idade.
Seção IV Da Prestação de Serviços à Comunidade
§ 6° Em qualquer hipótese a desinternação será precedida
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por perío- Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada
do não excedente a seis meses, junto a entidades assisten- quando:
ciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêne- I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave a-
res, bem como em programas comunitários ou governamen- meaça ou violência a pessoa;
tais.
II - por reiteração no cometimento de outras infrações gra-
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as ves;
aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida
jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, do-
anteriormente imposta.
mingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudi-
§ 1° O prazo de internação na hipótese do inciso III deste
car a freqüência à escola ou à jornada normal de trabalho.
artigo não poderá ser superior a três meses.
Seção V Da Liberdade Assistida
§ 2° Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, ha-
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se vendo outra medida adequada.
afigurar a medida mais adequada para o fim de acompa- Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade
nhar, auxiliar e orientar o adolescente. exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele des-
§ 1° A autoridade designará pessoa capacitada para acom- tinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios
panhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade de idade, compleição física e gravidade da infração.
ou programa de atendimento. Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusi-
§ 2° A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de ve provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade,
revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orienta- entre outros, os seguintes:
dor, o Ministério Público e o defensor.

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I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátri-
Ministério Público; co;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que sua freqüência e aproveitamento escolar;
solicitada; VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a
V - ser tratado com respeito e dignidade; tratamento especializado;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela VII - advertência;
mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; VIII - perda da guarda;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; IX - destituição da tutela;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; X - suspensão ou destituição do pátrio poder.
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos
pessoal; incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene arts. 23 e 24.
e salubridade; Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou
XI - receber escolarização e profissionalização; abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autori-
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: dade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; afastamento do agressor da moradia comum.
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e TÍTULO V DO CONSELHO TUTELAR
desde que assim o deseje; CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autô-
local seguro para guardá-los, recebendo comprovante da- nomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de
queles porventura depositados em poder da entidade; zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adoles-
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documen- cente, definidos nesta Lei.
tos pessoais indispensáveis à vida em sociedade. Art. 132. Em cada Município haverá, no mínimo, um Conse-
§ 1° Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. lho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela
§ 2° A autoridade judiciária poderá suspender temporaria- comunidade local para mandato de três anos, permitida uma
mente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existi- recondução. (Redação dada pela Lei n° 8.242, de
rem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos 12.10.1991).
interesses do adolescente. Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tute-
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e lar, serão exigidos os seguintes requisitos:
mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas ade- I - reconhecida idoneidade moral;
quadas de contenção e segurança. II - idade superior a vinte e um anos;
CAPÍTULO V DA REMISSÃO III - residir no município.
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para Art. 134. Lei municipal disporá sobre local, dia e horário de
apuração de ato infracional, o representante do Ministério funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto a e-
Público poderá conceder a remissão, como forma de exclu- ventual remuneração de seus membros.
são do processo, atendendo às circunstâncias e conse- Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal
qüências do fato, ao contexto social, bem como à personali- previsão dos recursos necessários ao funcionamento do
dade do adolescente e sua maior ou menor participação no Conselho Tutelar.
ato infracional. Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro cons-
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da tituirá serviço público relevante, estabelecerá presunção de
remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão idoneidade moral e assegurará prisão especial, em caso de
ou extinção do processo. crime comum, até o julgamento definitivo.
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reco- CAPÍTULO II DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO
nhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir e-
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previs-
ventualmente a aplicação de qualquer das medidas previs-
tas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no
tas em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade
art. 101, I a VII;
e a internação.
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá
as medidas previstas no art. 129, I a VII;
ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedi-
do expresso do adolescente ou de seu representante legal, III - promover a execução de suas decisões, podendo para
ou do Ministério Público. tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educa-
TÍTULO IV DAS MEDIDAS PERTINENTES AO S PAIS OU
ção, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
RESPONSÁVEL
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: descumprimento injustificado de suas deliberações.
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que
proteção à família; constitua infração administrativa ou penal contra os direitos
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, da criança ou adolescente;
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
competência;

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VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. (Pa-
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o rágrafo alterado pela Lei 10.764 de 12 de novembro de
adolescente autor de ato infracional; 2003).
VII - expedir notificações; Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de crian- refere o artigo anterior somente será deferida pela autorida-
ça ou adolescente quando necessário; de judiciária competente, se demonstrado o interesse e
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da justificada a finalidade.
proposta orçamentária para planos e programas de atendi- CAPÍTULO II DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
mento dos direitos da criança e do adolescente; Seção I Disposições Gerais
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas
violação dos direitos previstos no art. 220, § 3°, inciso II, da especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
Constituição Federal; cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionali-
XI - representar ao Ministério Público, para efeito das ações dade por número de habitantes, dotá-las de infra-estrutura e
de perda ou suspensão do pátrio poder. dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente pode- Seção II Do Juiz
rão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da
tenha legítimo interesse.
Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função,
CAPÍTULO III DA COMPETÊNCIA
na forma da lei de organização judiciária local.
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de compe- Art. 147. A competência será determinada:
tência constante do art. 147. I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
CAPÍTULO IV DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Con- falta dos pais ou responsável.
selho Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado § 1° Nos casos de ato infracional, será competente a autori-
sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos dade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de
da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério conexão, continência e prevenção.
Público. (Redação dada pela Lei n° 8.242, de 12.10.1991). § 2° A execução das medidas poderá ser delegada à autori-
CAPÍTULO V DOS IMPEDIMENTOS dade competente da residência dos pais ou responsável, ou
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho ma- do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou
rido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro adolescente.
ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobri- § 3° Em caso de infração cometida através de transmissão
nho, padrasto ou madrasta e enteado. simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselhei- comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a
ro, na forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora
e ao representante do Ministério Público com atuação na ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmis-
Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na Comar- soras ou retransmissoras do respectivo estado.
ca, Foro Regional ou Distrital. Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
TÍTULO VI DO ACESSO À JUSTIÇA para:
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério
Público, para apuração de ato infracional atribuído a adoles-
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adoles-
cente, aplicando as medidas cabíveis;
cente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou
Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
extinção do processo;
§ 1° A assistência judiciária gratuita será prestada aos que
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
dela necessitarem, através de defensor público ou advoga-
do nomeado. IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses indivi-
duais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescen-
§ 2° As ações judiciais da competência da Justiça da Infân-
te, observado o disposto no art. 209;
cia e da Juventude são isentas de custas e emolumentos,
ressalvada a hipótese de litigância de má-fé. V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em
entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representa-
dos e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infra-
anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na ções contra norma de proteção à criança ou adolescente;
forma da legislação civil ou processual. VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tute-
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador es- lar, aplicando as medidas cabíveis.
pecial à criança ou adolescente, sempre que os interesses Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adoles-
destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou cente nas hipóteses do art. 98, é também competente a
quando carecer de representação ou assistência legal ainda Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
que eventual. a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e b) conhecer de ações de destituição do pátrio poder, perda
administrativos que digam respeito a crianças e adolescen- ou modificação da tutela ou guarda;
tes a que se atribua autoria de ato infracional. c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamen-
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não to;
poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna
fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, ou materna, em relação ao exercício do pátrio poder;

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e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
faltarem os pais; II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do
f) designar curador especial em casos de apresentação de requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se
queixa ou representação, ou de outros procedimentos judi- tratando de pedido formulado por representante do Ministé-
ciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou rio Público;
adolescente; III - a exposição sumária do fato e o pedido;
g) conhecer de ações de alimentos; IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento logo, o rol de testemunhas e documentos.
dos registros de nascimento e óbito. Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judici-
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através ária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do
de portaria, ou autorizar, mediante alvará: pátrio poder, liminar ou incidentalmente, até o julgamento
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confi-
desacompanhado dos pais ou responsável, em: ado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade.
a) estádio, ginásio e campo desportivo; Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez
b) bailes ou promoções dançantes; dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem
c) boate ou congêneres; produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; documentos.
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. Parágrafo único. Deverão ser esgotados todos os meios
para a citação pessoal.
II - a participação de criança e adolescente em:
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir
a) espetáculos públicos e seus ensaios;
advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua famí-
b) certames de beleza. lia, poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado
§ 1° Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judi- dativo, ao qual incumbirá a apresentação de resposta, con-
ciária levará em conta, dentre outros fatores: tando-se o prazo a partir da intimação do despacho de no-
a) os princípios desta Lei; meação.
b) as peculiaridades locais; Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisi-
c) a existência de instalações adequadas; tará de qualquer repartição ou órgão público a apresentação
d) o tipo de freqüência habitual ao local; de documento que interesse à causa, de ofício ou a reque-
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou rimento das partes ou do Ministério Público.
freqüência de crianças e adolescentes; Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade
f) a natureza do espetáculo. judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por
§ 2° As medidas adotadas na conformidade deste artigo cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo
deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as de- em igual prazo.
terminações de caráter geral. § 1° Havendo necessidade, a autoridade judiciária poderá
Seção III Dos Serviços Auxiliares determinar a realização de estudo social ou perícia por e-
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua quipe interprofissional, bem como a oitiva de testemunhas.
proposta orçamentária, prever recursos para manutenção § 2° Se o pedido importar em modificação de guarda, será
de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da crian-
da Infância e da Juventude. ça ou adolescente.
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária
atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias,
fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbal- salvo quando este for o requerente, designando, desde
mente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de logo, audiência de instrução e julgamento.
aconselha-mento, orientação, encaminhamento, prevenção § 1° A requerimento de qualquer das partes, do Ministério
e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade Público, ou de ofício, a autoridade judiciária poderá determi-
judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista nar a realização de estudo social ou, se possível, de perícia
técnico. por equipe interprofissional.
CAPÍTULO III DOS PROCEDIMENTOS § 2° Na audiência, presentes as partes e o Ministério Públi-
co, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o
Seção I Disposições Gerais
parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, ma-
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se nifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o
subsidia-riamente as normas gerais previstas na legislação Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um,
processual pertinente. prorrogável por mais dez. A decisão será proferida na audi-
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não correspon- ência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente,
der a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autori- designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco
dade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício dias.
as providências necessárias, ouvido o Ministério Público. Art. 163. A sentença que decretar a perda ou a suspensão
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214. do pátrio poder será averbada à margem do registro de
Seção II Da Perda e da Suspensão do Pátrio Poder nascimento da criança ou adolescente.
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do Seção III Da Destituição da Tutela
pátrio poder terá início por provocação do Ministério Público Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedi-
ou de quem tenha legítimo interesse. mento para a remoção de tutor previsto na lei processual
Art. 156. A petição inicial indicará: civil e, no que couber, o disposto na seção anterior.

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Seção IV Da Colocação em Família Substituta I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de adolescente;
colocação em família substituta: II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual III - requisitar os exames ou perícias necessários à compro-
cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste; vação da materialidade e autoria da infração.
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a
seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescen- lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocor-
te, especificando se tem ou não parente vivo; rência circunstanciada.
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável,
seus pais, se conhecidos; o adolescente será prontamente liberado pela autoridade
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, ane- policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de
xando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; sua apresentação ao representante do Ministério Público,
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou ren- no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil
dimentos relativos à criança ou ao adolescente. imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e
sua repercussão social, deva o adolescente permanecer
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-
sob internação para garantia de sua segurança pessoal ou
ão também os requisitos específicos.
manutenção da ordem pública.
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituí-
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial
dos ou suspensos do pátrio poder, ou houverem aderido
encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante
expressamente ao pedido de colocação em família substitu-
do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de
ta, este poderá ser formulado diretamente em cartório, em
apreensão ou boletim de ocorrência.
petição assinada pelos próprios requerentes.
§ 1° Sendo impossível a apresentação imediata, a autorida-
Parágrafo único. Na hipótese de concordância dos pais,
de policial encaminhará o adolescente à entidade de aten-
eles serão ouvidos pela autoridade judiciária e pelo repre-
dimento, que fará a apresentação ao representante do Mi-
sentante do Ministério Público, tomando-se por termo as
nistério Público no prazo de vinte e quatro horas.
declarações.
§ 2° Nas localidades onde não houver entidade de atendi-
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
mento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À
das partes ou do Ministério Público, determinará a realiza-
falta de repartição policial especializada, o adolescente
ção de estudo social ou, se possível, perícia por equipe
aguardará a apresentação em dependência separada da
interprofissional, decidindo sobre a concessão de guarda
destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese,
provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio
exceder o prazo referido no parágrafo anterior.
de convivência.
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial,
encaminhará imediatamente ao representante do Ministério
e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente,
Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrên-
dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de
cia.
cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indí-
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a
cios de participação de adolescente na prática de ato infra-
perda ou a suspensão do pátrio poder constituir pressuposto
cional, a autoridade policial encaminhará ao representante
lógico da medida principal de colocação em família substitu-
do Ministério Público relatório das investigações e demais
ta, será observado o procedimento contraditório previsto nas
documentos.
Seções II e III deste Capítulo.
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda po-
infracional não poderá ser conduzido ou transportado em
derá ser decretada nos mesmos autos do procedimento,
compartimento fechado de veículo policial, em condições
observado o disposto no art. 35.
atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47.
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do
Seção V Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a
Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apre-
Adolescente
ensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, devida-
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem mente autuados pelo cartório judicial e com informação
judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciá- sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata
ria. e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato pais ou responsável, vítima e testemunhas.
infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o repre-
policial competente. sentante do Ministério Público notificará os pais ou respon-
Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada sável para apresentação do adolescente, podendo requisitar
para atendimento de adolescente e em se tratando de ato o concurso das Polícias Civil e Militar.
infracional praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo
atribuição da repartição especializada, que, após as provi- anterior, o representante do Ministério Público poderá:
dências necessárias e conforme o caso, encaminhará o I - promover o arquivamento dos autos;
adulto à repartição policial própria. II - conceder a remissão;
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido III - representar à autoridade judiciária para aplicação de
mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade medida sócio-educativa.
policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo
único, e 107, deverá:

170
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Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedi- § 2° Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida
da a remissão pelo representante do Ministério Público, de internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a
mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos autoridade judiciária, verificando que o adolescente não
fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para possui advogado constituído, nomeará defensor, designan-
homologação. do, desde logo, audiência em continuação, podendo deter-
§ 1° Homologado o arquivamento ou a remissão, a autori- minar a realização de diligências e estudo do caso.
dade judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimen- § 3° O advogado constituído ou o defensor nomeado, no
to da medida. prazo de três dias contado da audiência de apresentação,
§ 2° Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.
autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho § 4° Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas
fundamentado, e este oferecerá representação, designará arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas
outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou as diligências e juntado o relatório da equipe interprofissio-
ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então esta- nal, será dada a palavra ao representante do Ministério
rá a autoridade judiciária obrigada a homologar. Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Minis- minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério
tério Público não promover o arquivamento ou conceder a da autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão.
remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária, Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não
propondo a instauração de procedimento para aplicação da comparecer, injustificadamente à audiência de apresenta-
medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada. ção, a autoridade judiciária designará nova data, determi-
§ 1° A representação será oferecida por petição, que conte- nando sua condução coercitiva.
rá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato infra- Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspen-
cional e, quando necessário, o rol de testemunhas, podendo são do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do
ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela procedimento, antes da sentença.
autoridade judiciária. Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer me-
§ 2° A representação independe de prova pré-constituída da dida, desde que reconheça na sentença:
autoria e materialidade. I - estar provada a inexistência do fato;
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão II - não haver prova da existência do fato;
do procedimento, estando o adolescente internado proviso- III - não constituir o fato ato infracional;
riamente, será de quarenta e cinco dias. IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária ato infracional.
designará audiência de apresentação do adolescente, deci- Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o ado-
dindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da lescente internado, será imediatamente colocado em liber-
internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo. dade.
§ 1° O adolescente e seus pais ou responsável serão cienti- Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de
ficados do teor da representação, e notificados a compare- internação ou regime de semi-liberdade será feita:
cer à audiência, acompanhados de advogado. I - ao adolescente e ao seu defensor;
§ 2° Se os pais ou responsável não forem localizados, a II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente. ou responsável, sem prejuízo do defensor.
§ 3° Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judi- § 1° Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á
ciária expedirá mandado de busca e apreensão, determi- unicamente na pessoa do defensor.
nando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.
§ 2° Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deve-
§ 4° Estando o adolescente internado, será requisitada a rá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.
sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou
Seção VI Da Apuração de Irregularidades em Entidade
responsável.
de Atendimento
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autorida-
de judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades
prisional. em entidade governamental e não-governamental terá início
§ 1° Inexistindo na comarca entidade com as características mediante portaria da autoridade judiciária ou representação
definidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediata- do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste,
necessariamente, resumo dos fatos.
mente transferido para a localidade mais próxima.
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autori-
§ 2° Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente
dade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar limi-
aguardará sua remoção em repartição policial, desde que
narmente o afastamento provisório do dirigente da entidade,
em seção isolada dos adultos e com instalações apropria-
das, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco mediante decisão fundamentada.
dias, sob pena de responsabilidade. Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou res- de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar do-
ponsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos cumentos e indicar as provas a produzir.
mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualifica- Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessá-
do. rio, a autoridade judiciária designará audiência de instrução
§ 1° Se a autoridade judiciária entender adequada a remis- e julgamento, intimando as partes.
são, ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo § 1° Salvo manifestação em audiência, as partes e o Minis-
decisão. tério Público terão cinco dias para oferecer alegações finais,
decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
Lemos & Cruz – Livraria e Editora
§ 2° Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo V - será de quarenta e oito horas o prazo para a extração, a
de dirigente de entidade governamental, a autoridade judici- conferência e o conserto do traslado;
ária oficiará à autoridade administrativa imediatamente su- VI - a apelação será recebida em seu efeito devolutivo. Será
perior ao afastado, marcando prazo para a substituição. também conferido efeito suspensivo quando interposta con-
§ 3° Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade tra sentença que deferir a adoção por estrangeiro e, a juízo
judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregulari- da autoridade judiciária, sempre que houver perigo de dano
dades verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo irreparável ou de difícil reparação;
será extinto, sem julgamento de mérito. VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior
§ 4° A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso
entidade ou programa de atendimento. de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho fun-
Seção VII Da Apuração de Infração Administrativa às damentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo
Normas de Proteção à Criança e ao Adolescente de cinco dias;
Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão
administrativa por infração às normas de proteção à criança remeterá os autos ou o instrumento à superior instância
e ao adolescente terá início por representação do Ministério dentro de vinte e quatro horas, independentemente de novo
Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elabo- pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos
rado por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assi- dependerá de pedido expresso da parte interessada ou do
nado por duas testemunhas, se possível. Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da inti-
§ 1° No procedimento iniciado com o auto de infração, po- mação.
derão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art.
natureza e as circunstâncias da infração. 149 caberá recurso de apelação.
§ 2° Sempre que possível, à verificação da infração seguir- CAPÍTULO V DO MINISTÉRIO PÚBLICO
se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta
dos motivos do retardamento. Lei serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica.
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresen- Art. 201. Compete ao Ministério Público:
tação de defesa, contado da data da intimação, que será I - conceder a remissão como forma de exclusão do proces-
feita: so;
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às
na presença do requerido; infrações atribuídas a adolescentes;
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado, III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os
que entregará cópia do auto ou da representação ao reque- procedimentos de suspensão e destituição do pátrio poder,
rido, ou a seu representante legal, lavrando certidão; nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães,
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for bem como oficiar em todos os demais procedimentos da
encontrado o requerido ou seu representante legal; competência da Justiça da Infância e da Juventude;
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados,
sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a presta-
legal. ção de contas dos tutores, curadores e quaisquer adminis-
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a tradores de bens de crianças e adolescentes nas hipóteses
autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Pú- do art. 98;
blico, por cinco dias, decidindo em igual prazo. V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária pro- proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos
cederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo ne- relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos
cessário, designará audiência de instrução e julgamento. no art. 220, § 3° inciso II, da Constituição Federal;
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-
sucessivamente o Ministério Público e o procurador do re- los:
querido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorro- a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclare-
gável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que cimentos e, em caso de não comparecimento injustificado,
em seguida proferirá sentença. requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou
CAPÍTULO IV DOS RECURSOS militar;
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e b) requisitar informações, exames, perícias e documentos
da Juventude fica adotado o sistema recursal do Código de de autoridades municipais, estaduais e federais, da adminis-
Processo Civil, aprovado pela Lei n° 5.869, de 11 de janeiro tração direta ou indireta, bem como promover inspeções e
de 1973, e suas alterações posteriores, com as seguintes diligências investigatórias;
adaptações: c) requisitar informações e documentos a particulares e
I - os recursos serão interpostos independentemente de instituições privadas;
preparo; VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigató-
II - em todos os recursos, salvo o de agravo de instrumento rias e determinar a instauração de inquérito policial, para
e de embargos de declaração, o prazo para interpor e para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à
responder será sempre de dez dias; infância e à juventude;
III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensa- VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias le-
rão revisor; gais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo
IV - o agravado será intimado para, no prazo de cinco dias, as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
oferecer resposta e indicar as peças a serem trasladadas;

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IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática
corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será pro-
dos interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à cessado sem defensor.
criança e ao adolescente; § 1° Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomea-
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade do pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir
por infrações cometidas contra as normas de proteção à outro de sua preferência.
infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da res- § 2° A ausência do defensor não determinará o adiamento
ponsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível; de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substi-
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de tuto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato.
atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando § 3° Será dispensada a outorga de mandato, quando se
de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessá- tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido
rias à remoção de irregularidades porventura verificadas; indicado por ocasião de ato formal com a presença da auto-
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos ridade judiciária.
serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistên- CAPÍTULO VII DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES INDI-
cia social, públicos ou privados, para o desempenho de VIDUAIS, DIFUSOS E COLETIVOS
suas atribuições. Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações
§ 1° A legitimação do Ministério Público para as ações cí- de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à
veis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento
mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e ou oferta irregular:
esta Lei. I - do ensino obrigatório;
§ 2° As atribuições constantes deste artigo não excluem II - de atendimento educacional especializado aos portado-
outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministé- res de deficiência;
rio Público.
III - de atendimento em creche e pré-escola às crianças de
§ 3° O representante do Ministério Público, no exercício de zero a seis anos de idade;
suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encon-
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do
tre criança ou adolescente.
educando;
§ 4° O representante do Ministério Público será responsável
V - de programas suplementares de oferta de material didá-
pelo uso indevido das informações e documentos que requi-
tico-escolar, transporte e assistência à saúde do educando
sitar, nas hipóteses legais de sigilo.
do ensino fundamental;
§ 5° Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à
deste artigo, poderá o representante do Ministério Público:
família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instauran- como ao amparo às crianças e adolescentes que dele ne-
do o competente procedimento, sob sua presidência; cessitem;
b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
reclamada, em dia, local e horário previamente notificados
VIII - de escolarização e profissio-nalização dos adolescen-
ou acertados;
tes privados de liberdade.
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não
públicos e de relevância pública afetos à criança e ao ado-
excluem da proteção judicial outros interesses individuais,
lescente, fixando prazo razoável para sua perfeita adequa-
difusos ou coletivos, próprios da infância e da adolescência,
ção.
protegidos pela Constituição e pela lei.
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas
parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defe-
no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou
sa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese
omissão, cujo juízo terá competência absoluta para proces-
em que terá vista dos autos depois das partes, podendo
sar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal
juntar documentos e requerer diligências, usando os recur-
e a competência originária dos Tribunais Superiores.
sos cabíveis.
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses cole-
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer
tivos ou difusos, consideram-se legitimados concorrente-
caso, será feita pessoalmente.
mente:
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarre-
I - o Ministério Público;
ta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz
ou a requerimento de qualquer interessado. II - a União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal e
os Territórios;
Art. 205. As manifestações processuais do representante
do Ministério Público deverão ser fundamentadas. III - as associações legalmente constituídas há pelo menos
um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa
CAPÍTULO VI DO ADVOGADO
dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou respon- a autorização da assembléia, se houver prévia autorização
sável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na estatutária.
solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que § 1° Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministé-
trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado rios Públicos da União e dos estados na defesa dos interes-
para todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, ses e direitos de que cuida esta Lei.
respeitado o segredo de justiça. § 2° Em caso de desistência ou abandono da ação por as-
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária inte- sociação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
gral e gratuita àqueles que dela necessitarem. poderá assumir a titularidade ativa.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais
às exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo e quaisquer outras despesas.
extrajudicial. Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público de-
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos verá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-
por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações lhe informações sobre fatos que constituam objeto de ação
pertinentes. civil, e indicando-lhe os elementos de convicção.
§ 1° Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as nor- Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tri-
mas do Código de Processo Civil. bunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar
§ 2° Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública a propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Público para as providências cabíveis.
Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá
nesta Lei, caberá ação mandamental, que se regerá pelas requerer às autoridades competentes as certidões e infor-
normas da lei do mandado de segurança. mações que julgar necessárias, que serão fornecidas no
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de prazo de quinze dias.
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua
específica da obrigação ou determinará providências que presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pesso-
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimple- a, organismo público ou particular, certidões, informações,
mento. exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não
§ 1° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo poderá ser inferior a dez dias úteis.
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao § 1° Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as
juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação diligências, se convencer da inexistência de fundamento
prévia, citando o réu. para a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento
§ 2° O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fa-
sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de zendo-o fundamenta-damente.
pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obri- § 2° Os autos do inquérito civil ou as peças de informação
gação, fixando prazo razoável para o cumprimento do pre- arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em
ceito. falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do
§ 3° A multa só será exigível do réu após o trânsito em jul- Ministério Público.
gado da sentença favorável ao autor, mas será devida des- § 3° Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de
de o dia em que se houver configurado o descumprimento. arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministé-
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido rio público, poderão as associações legitimadas apresentar
pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do razões escritas ou documentos, que serão juntados aos
respectivo município. autos do inquérito ou anexados às peças de informação.
§ 1° As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito § 4° A promoção de arquivamento será submetida a exame
em julgado da decisão serão exigidas através de execução e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público,
promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facul- conforme dispuser o seu regimento.
tada igual iniciativa aos demais legitimados. § 5° Deixando o Conselho Superior de homologar a promo-
§ 2° Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ção de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do
ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em Ministério Público para o ajuizamento da ação.
conta com correção monetária. Art. 224. Aplicam-se subsidiariamen-te, no que couber, as
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recur- disposições da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985.
sos, para evitar dano irreparável à parte. TÍTULO VII DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINIS-
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser TRATIVAS
condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa CAPÍTULO I DOS CRIMES
de peças à autoridade competente, para apuração da res-
Seção I Disposições Gerais
ponsabilidade civil e administrativa do agente a que se atri-
bua a ação ou omissão. Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados con-
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado tra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem
da sentença condenatória sem que a associação autora lhe prejuízo do disposto na legislação penal.
promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as nor-
facultada igual iniciativa aos demais legitimados. mas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo,
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao as pertinentes ao Código de Processo Penal.
réu os honorários advocatícios arbitrados na conformidade Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública
do § 4° do art. 20 da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973 incondi-cionada
(Código de Processo Civil), quando reconhecer que a pre- Seção II Dos Crimes em Espécie
tensão é manifestamente infundada. Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associ- estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter
ação autora e os diretores responsáveis pela propositura da registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo
ação serão solidariamente condenados ao décuplo das referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à par-
custas, sem prejuízo de responsabilidade por perdas e da- turiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica,
nos. declaração de nascimento, onde constem as intercorrências
do parto e do desenvolvimento do neonato:

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Pena - detenção de seis meses a dois anos. parágrafos, incisos e pena alterados pela Lei 10.764 de 12
Parágrafo único. Se o crime é culposo: de novembro de 2003).
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de esta- § 1° Incorre na mesma pena quem, nas condições referidas
belecimento de atenção à saúde de gestante de identificar neste artigo, contracena com criança ou adolescente.
corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do § 2° A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos:
parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos I - se o agente comete o crime no exercício de cargo ou
no art. 10 desta Lei: função;
Pena - detenção de seis meses a dois anos. II - se o agente comete o crime com o fim de obter para si
Parágrafo único. Se o crime é culposo: ou para outrem vantagem patrimonial.
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. Art. 241. Apresentar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberda- publicar, por qualquer meio de comunicação, inclusive rede
de, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de mundial de computadores ou internet, fotografias ou ima-
ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade gens com pornografia ou cenas de sexo explícito envolven-
judiciária competente: do criança ou adolescente: (Artigo, parágrafos, incisos e
Pena - detenção de seis meses a dois anos. pena alterados pela Lei 10.764 de 12 de novembro de
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que proce- 2003).
de à apreensão sem observância das formalidades legais. Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela a- § 1° Incorre na mesma pena quem:
preensão de criança ou adolescente de fazer imediata co- I - agencia, autoriza, facilita ou, de qualquer modo, interme-
municação à autoridade judiciária competente e à família do deia a participação de criança ou adolescente em produção
apreendido ou à pessoa por ele indicada: referida neste artigo;
Pena - detenção de seis meses a dois anos. II - assegura os meios ou serviços para o armazenamento
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autori- das fotografias, cenas ou imagens produzidas na forma do
dade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: caput deste artigo;
Pena - detenção de seis meses a dois anos. III - assegura, por qualquer meio, o acesso, na rede mundial
Art. 233. (Revogado pela Lei n° 9.455, de 7.4.1997). de computadores ou internet, das fotografias, cenas ou
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, imagens produzidas na forma do caput deste artigo.
de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, § 2° A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos:
tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: I - se o agente comete o crime prevalecendo-se do exercício
Pena - detenção de seis meses a dois anos. de cargo ou função;
Art. 235. Descumprir, injustifica-damente, prazo fixado nes- II - se o agente comete o crime com o fim de obter para si
ta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade: ou para outrem vantagem patrimonial.
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou en-
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judici- tregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma,
ária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Mi- munição ou explosivo:
nistério Público no exercício de função prevista nesta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Pena - alterada
Pena - detenção de seis meses a dois anos. pela Lei 10.764 de 12 de novembro de 2003).
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, minis-
o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, trar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescen-
com o fim de colocação em lar substituto: te, sem justa causa, produtos cujos componentes possam
causar dependência física ou psíquica, ainda que por utili-
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
zação indevida:
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o
terceiro, mediante paga ou recompensa:
fato não constitui crime mais grave. (Pena - alterada pela
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. Lei 10.764 de 12 de novembro de 2003).
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou en-
ou efetiva a paga ou recompensa. tregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu
ao envio de criança ou adolescente para o exterior com reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer
inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter dano físico em caso de utilização indevida:
lucro: Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave amea- definidos no caput do art. 2° desta Lei, à prostituição ou à
ça ou fraude: (Parágrafo e pena alterados pela Lei 10.764 exploração sexual: (artigo acrescentado pela Lei n° 9.975,
de 12 de novembro de 2003). de 23.6.2000).
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa.
correspondente à violência. § 1° Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente
Art. 240. Produzir ou dirigir representação teatral, televisiva, ou o responsável pelo local em que se verifique a submis-
cinematográfica, atividade fotográfica ou de qualquer outro são de criança ou adolescente às práticas referidas no ca-
meio visual, utilizando-se de criança ou adolescente em put deste artigo. (Incluído pela Lei n° 9.975, de 23.6.2000).
cena pornográfica, de sexo explícito ou vexatória: (Artigo,

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§ 2° Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da do local de exibição, informação destacada sobre a natu-
da licença de localização e de funcionamento do estabele- reza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada
cimento. (Incluído pela Lei n° 9.975, de 23.6.2000). no certificado de classificação:
CAPÍTULO II DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican-
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por do-se o dobro em caso de reincidência.
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamen- Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer re-
tal, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade com- presentações ou espetáculos, sem indicar os limites de
petente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo idade a que não se recomendem:
suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada
adolescente: em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican- de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.
do-se o dobro em caso de reincidência. Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetá-
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade culo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua
de atendimento o exercício dos direitos constantes nos inci- classificação:
sos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplica-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican- da em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá
do-se o dobro em caso de reincidência. determinar a suspensão da programação da emissora por
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização até dois dias.
devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere
documento de procedimento policial, administrativo ou judi- classificado pelo órgão competente como inadequado às
cial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
infracional: Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na rein-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican- cidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do
do-se o dobro em caso de reincidência. espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até
§ 1° Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcial- quinze dias.
mente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de
ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito programação em vídeo, em desacordo com a classificação
ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a atribuída pelo órgão competente:
permitir sua identificação, direta ou indiretamente. Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
§ 2° Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emis- de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
sora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreen- Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79
são da publicação ou a suspensão da programação da e- desta Lei:
missora até por dois dias, bem como da publicação do peri- Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplican-
ódico até por dois números. (ADIM nº 869-2/1999). do-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de
Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu apreensão da revista ou publicação.
domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar a Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o
guarda, adolescente trazido de outra comarca para a pres- empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o aces-
tação de serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos so de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou
pais ou responsável: sobre sua participação no espetáculo:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican- Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
do-se o dobro em caso de reincidência, independentemente de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
das despesas de retorno do adolescente, se for o caso. fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
inerentes ao pátrio poder ou decorrente de tutela ou guarda, Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da
bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conse- publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo
lho Tutelar: sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican- da política de atendimento fixadas no art. 88 e ao que esta-
do-se o dobro em caso de reincidência. belece o Título V do Livro II.
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente, desacompa- Parágrafo único. Compete aos estados e municípios pro-
nhado dos pais ou responsável ou sem autorização escrita moverem a adaptação de seus órgãos e programas às dire-
destes, ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel trizes e princípios estabelecidos nesta Lei.
ou congênere: Art. 260. Os contribuintes poderão deduzir do imposto devi-
Pena - multa de dez a cinqüenta salários de referência; em do, na declaração do Imposto sobre a Renda, o total das
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter- doações feitas aos Fundos dos Direitos da Criança e do
minar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. Adolescente - nacional, estaduais ou municipais - devida-
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer mente comprovadas, obedecidos os limites estabelecidos
meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 em Decreto do Presidente da República. (redação dada pela
desta Lei: Lei n° 8.242, de 12.10.1991).
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican- § 1° (revogado pela Lei n° 9.532, de 10.12.1997).
do-se o dobro em caso de reincidência. § 2° Os Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional dos
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo Direitos da Criança e do Adolescente fixarão critérios de
público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entra- utilização, através de planos de aplicação das doações

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subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente posto à disposição das escolas e das entidades de atendi-
percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de mento e de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
guarda, de criança ou adolescente, órfão ou abandonado, Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua
na forma do disposto no art. 227, § 3°, VI, da Constituição publicação.
Federal. Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão
§ 3° O Departamento da Receita Federal, do Ministério da ser promovidas atividades e campanhas de divulgação e
Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a com- esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei.
provação das doações feitas aos fundos, nos termos deste Art. 267. Revogam-se as Leis n° 4.513, de 1964, e 6.697,
artigo. (Incluído pela Lei n° 8.242, de 12.10.1991). de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as de-
§ 4° O Ministério Público determinará em cada comarca a mais disposições em contrário.
forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal Brasília, 13 de julho de 1990; 169° da Independência e 102°
dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos da República.
fiscais referidos neste artigo. (Incluído pela Lei n° 8.242, de FERNANDO COLLOR
12.10.1991).
Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da LEI N° 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990
criança e do adolescente, os registros, inscrições e altera-
ções a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91
desta Lei serão efetuados perante a autoridade judiciária da Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art.
comarca a que pertencer a entidade. 5°, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos outras providências.
estados e municípios, e os estados aos municípios, os re- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
cursos referentes aos programas e atividades previstos gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
nesta Lei, tão logo estejam criados os conselhos dos direi- Art. 1° São considerados hediondos os seguintes crimes,
tos da criança e do adolescente nos seus respectivos níveis. todos tipificados no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Reda-
as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autori- ção dada pela Lei n° 8.930, de 6.9.1994).
dade judiciária. I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica
Art. 263. O Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só a-
1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes gente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV e V);
alterações: (Incluído pela Lei n° 8.930, de 6.9.1994).
1) Art. 121 .................................... II - latrocínio (art. 157, § 3°, in fine); (Incluído pela Lei n°
§ 4° No homicídio culposo, a pena é aumentada de um ter- 8.930, de 6.9.1994).
ço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2°); (Incluído
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar pela Lei n° 8.930, de 6.9.1994).
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conse- IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art.
qüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagran- 159, caput, e §§ lo, 2° e 3°); (Incluído pela Lei n° 8.930, de
te. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um 6.9.1994).
terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de cator- V - estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, ca-
ze anos. put e parágrafo único); (Incluído pela Lei n° 8.930, de
2) Art. 129 .................................... 6.9.1994).
§ 7° Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer VI - atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação
das hipóteses do art. 121, § 4°. com o art. 223, caput e parágrafo único); (Incluído pela Lei
§ 8° Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5° do art. n° 8.930, de 6.9.1994).
121. VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1°). (Incluído
3) Art. 136.................................... pela Lei n° 8.930, de 6.9.1994).
§ 3° Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado VII-A - (VETADO). (Incluído pela Lei n° 9.695, de
contra pessoa menor de catorze anos. 20.8.1998).
4) Art. 213 ..................................... VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos: produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art.
(parágrafo revogado pela Lei n° 9281.1996). 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela
Pena - reclusão de quatro a dez anos. Lei nº 9.677, de 2 de julho de 1998). (Incluído pela Lei n°
9.695, de 20.8.1998).
5) Art. 214 ....................................
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime
Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
de genocídio previsto nos arts. 1°, 2° e 3° da Lei nº 2.889,
(parágrafo revogado pela Lei n° 9281.1996).
de 1° de outubro de 1956, tentado ou consumado. (Incluído
Pena - reclusão de três a nove anos. pela Lei n° 8.930, de 6.9.1994).
Art. 264. O art. 102 da Lei n° 6.015, de 31 de dezembro de Art. 2° Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico
1973, fica acrescido do seguinte item: ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são
Art. 102 ........................................ insuscetíveis de:
6°) a perda e a suspensão do pátrio poder. I - anistia, graça e indulto;
Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, II - fiança e liberdade provisória.
da administração direta ou indireta, inclusive fundações § 1° A pena por crime previsto neste artigo será cumprida
instituídas e mantidas pelo poder público federal promove- integralmente em regime fechado.
rão edição popular do texto integral deste Estatuto, que será

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§ 2° Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fun- II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos
damentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em
§ 3° A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n° 7.960, documento ou livro exigido pela lei fiscal;
de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de
artigo, terá o prazo de trinta dias, prorrogável por igual perí- venda, ou qualquer outro documento relativo à operação
odo em caso de extrema e comprovada necessidade. tributável;
Art. 3° A União manterá estabelecimentos penais, de segu- IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento
rança máxima, destinados ao cumprimento de penas impos- que saiba ou deva saber falso ou inexato;
tas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota
em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolu- fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de merca-
midade pública. doria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou
Art. 4° (VETADO). fornecê-la em desacordo com a legislação.
Art. 5° Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
inciso: Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da
Art. 6° Os arts. 157, § 3°; 159, caput e seus §§ 1°, 2° e 3°; autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser con-
213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e vertido em horas em razão da maior ou menor complexida-
270; caput, todos do Código Penal, passam a vigorar com a de da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da
seguinte redação: exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.
Art. 7° Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o seguin- Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:
te parágrafo: I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas,
Art. 8° Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se,
no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de
e drogas afins ou terrorismo. contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de
Parágrafo único. O participante e o associado que denun- sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos
ciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu cofres públicos;
desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois ter- III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte
ços. beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutí-
Art. 9° As penas fixadas no art. 6° para os crimes capitula- vel ou deduzida de imposto ou de contribuição como incen-
dos nos arts. 157, § 3°, 158, § 2°, 159, caput e seus §§ 1°, tivo fiscal;
2° e 3°, 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o esta-
e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. 223, tuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por
caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acres- órgão ou entidade de desenvolvimento;
cidas de metade, respeitado o limite superior de trinta anos V - utilizar ou divulgar programa de processamento de da-
de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses dos que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária
referidas no art. 224 também do Código Penal. possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei,
Art. 10. O art. 35 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976, fornecida à Fazenda Pública.
passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a seguin- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
te redação: Seção II Dos crimes praticados por funcionários públi-
Art. 11. (VETADO). cos
Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária,
Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário. além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de de-
Brasília, 25 de julho de 1990; 169° da Independência e 102° zembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
da República. I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer docu-
FERNANDO COLLOR mento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-
lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando paga-
LEI N° 8.137, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1990 mento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
Define crimes contra a ordem tributária, econômica e c ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
ontra as relações de consumo, e dá outras providên- iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevi-
cias. da; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e
multa.
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA perante a administração fazendária, valendo-se da qualida-
Seção I Dos crimes praticados por particulares de de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou (quatro) anos, e multa.
reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, CAPÍTULO II DOS CRIMES CONTRA A ECONOMIA E AS RELA-
mediante as seguintes condutas: ÇÕES DE CONSUMO
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autori- Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica:
dades fazendárias; I - abusar do poder econômico, dominando o mercado ou
eliminando, total ou parcialmente, a concorrência mediante:

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a) ajuste ou acordo de empresas; dente sobre qualquer contratação. Pena - detenção, de 1
b) aquisição de acervos de empresas ou cotas, ações, títu- (um) a 4 (quatro) anos, ou multa.
los ou direitos; Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo:
c) coalizão, incorporação, fusão ou integração de empresas; I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou
d) concentração de ações, títulos, cotas, ou direitos em freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo
poder de empresa, empresas coligadas ou controladas, ou por intermédio de distribuidores ou revendedores;
pessoas físicas; II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem,
e) cessação parcial ou total das atividades da empresa; tipo, espe-cificação, peso ou composição esteja em desa-
f) impedimento à constituição, funcionamento ou desenvol- cordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à
vimento de empresa concorrente. respectiva classificação oficial;
II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertan- III - misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes,
tes, visando: para vendê-los ou expô-los à venda como puros; misturar
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-
produzidas; los ou expô-los à venda por preço estabelecido para os
b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou demais mais alto custo;
grupo de empresas; IV - fraudar preços por meio de:
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de
distribuição ou de fornecedores. elementos tais como denominação, sinal externo, marca,
III - discriminar preços de bens ou de prestação de serviços embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso,
por ajustes ou acordo de grupo econômico, com o fim de pintura ou acabamento de bem ou serviço;
estabelecer monopólio, ou de eliminar, total ou parcialmen- b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente ofe-
te, a concorrência; recido à venda em conjunto;
IV - açambarcar, sonegar, destruir ou inutilizar bens de pro- c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à
dução ou de consumo, com o fim de estabelecer monopólio venda em separado;
ou de eliminar, total ou parcialmente, a concorrência; d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção
V - provocar oscilação de preços em detrimento de empresa do bem ou na prestação dos serviços;
concorrente ou vendedor de matéria-prima, mediante ajuste V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou
ou acordo, ou por outro meio fraudulento; serviços, mediante a exigência de comissão ou de taxa de
VI - vender mercadorias abaixo do preço de custo, com o juros ilegais;
fim de impedir a concorrência; VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a
VII - elevar sem justa causa o preço de bem ou serviço, quem pretenda comprá-los nas condições publicamente
valendo-se de posição dominante no mercado. (redação ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação;
dada pela Lei n° 8.884, de 11.6.1994). VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indi-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. cação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza,
Art. 5° Constitui crime da mesma natureza: qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer
meio, inclusive a veiculação ou divulgação publicitária;
I - exigir exclusividade de propaganda, transmissão ou difu-
são de publicidade, em detrimento de concorrência; VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou merca-
doria, com o fim de provocar alta de preço, em proveito
II - subordinar a venda de bem ou a utilização de serviço à
próprio ou de terceiros;
aquisição de outro bem, ou ao uso de determinado serviço;
IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à venda
III - sujeitar a venda de bem ou a utilização de serviço à
ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercado-
aquisição de quantidade arbitrariamente determinada;
ria, em condições impróprias ao consumo;
IV - recusar-se, sem justa causa, o diretor, administrador, ou
Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
gerente de empresa a prestar à autoridade competente ou
prestá-la de modo inexato, informando sobre o custo de Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-
produção ou preço de venda. se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a detenção
de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
CAPÍTULO III DAS MULTAS
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da
autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser con- Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta lei, a
vertido em horas em razão da maior ou menor complexida- pena de multa será fixada entre 10 (dez) e 360 (trezentos e
de da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da sessenta) dias-multa, conforme seja necessário e suficiente
exigência, caracteriza a infração prevista no inciso IV. para reprovação e prevenção do crime.
Art. 6° Constitui crime da mesma natureza: Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em valor
I - vender ou oferecer à venda mercadoria, ou contratar ou não inferior a 14 (quatorze) nem superior a 200 (duzentos)
oferecer serviço, por preço superior ao oficialmente tabela- Bônus do Tesouro Nacional BTN.
do, ao regime legal de controle; Art. 9° A pena de detenção ou reclusão poderá ser conver-
II - aplicar fórmula de reajustamento de preços ou indexação tida em multa de valor equivalente a:
de contrato proibida, ou diversa daquela que for legalmente I - 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 (cinco milhões) de
estabelecida, ou fixada por autoridade competente; BTN, nos crimes definidos no art. 4°;
III - exigir, cobrar ou receber qualquer vantagem ou impor- II - 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos mil) BTN, nos
tância adicional de preço tabelado, congelado, administrado, crimes definidos nos arts. 5° e 6°;
fixado ou controlado pelo Poder Público, inclusive por meio III - 50.000 (cinqüenta mil) até 1.000.000 (um milhão de
da adoção ou de aumento de taxa ou outro percentual, inci- BTN), nos crimes definidos no art. 7°.

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Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação Define crimes contra a ordem econômica e cria o Siste-
econômica do réu, verifique a insuficiência ou excessiva ma de Estoques de Combustíveis.
onerosidade das penas pecuniárias previstas nesta lei, po- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
derá diminuí-las até a décima parte ou elevá-las ao décuplo. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
CAPÍTULO IV DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1° Constitui crime contra a ordem econômica:
Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de I - adquirir, distribuir e revender derivados de petróleo, gás
pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos nesta lei, natural e suas frações recuperáveis, álcool etílico, hidratado
incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua carburante e demais combustíveis líquidos carburantes, em
culpabilidade. desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei;
Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for efetu- II - usar gás liqüefeito de petróleo em motores de qualquer
ada por sistema de entrega ao consumo ou por intermédio espécie, saunas, caldeiras e aquecimento de piscinas, ou
de outro em que o preço ao consumidor é estabelecido ou para fins automotivos, em desacordo com as normas esta-
sugerido pelo fabricante ou concedente, o ato por este prati- belecidas na forma da lei:
cado não alcança o distribuidor ou revendedor. Pena - detenção de um a cinco anos.
Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um Art. 2° Constitui crime contra o patrimônio, na modalidade
terço) até a metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° e 4° de usurpacão, produzir bens ou explorar matéria-prima per-
a 7°: tencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo
I - ocasionar grave dano à coletividade; com as obrigações impostas pelo título autorizativo:
II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de Pena - detenção, de um a cinco anos e multa.
suas funções; § 1° Incorre na mesma pena aquele que, sem autorização
III - ser o crime praticado em relação à prestação de servi- legal, adquirir, transportar, industrializar, tiver consigo, con-
ços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde. sumir ou comercializar produtos ou matéria-prima, obtidos
Art. 13. (VETADO). na forma prevista no caput deste artigo.
Art. 14. (artigo revogado pela Lei n° 8.383, de 20.12.1991). § 2° No crime definido neste artigo, a pena de multa será
Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação penal fixada entre dez e trezentos e sessenta dias-multa, confor-
pública, aplicando-se-lhes o disposto no art. 100 do Decre- me seja necessário e suficiente para a reprovação e a pre-
to-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal. venção do crime.
Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do § 3° O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a
Ministério Público nos crimes descritos nesta lei, fornecen- quatorze nem superior a duzentos Bônus do Tesouro Na-
do-lhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem cional (BTN).
como indicando o tempo, o lugar e os elementos de convic- Art. 3° (VETADO).
ção. Art. 4° Fica instituído o Sistema Nacional de Estoques de
Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos Combustíveis.
em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que atra- § 1° O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacio-
vés de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou nal, dentro de cada exercício financeiro, o Plano Anual de
judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de Estoques Estratégicos de Combustíveis para o exercício
um a dois terços. (Incluído pela Lei n° 9.080, de 19.7.1995). seguinte, do qual constarão as fontes de recursos financei-
Art. 17. Compete ao Departamento Nacional de Abasteci- ros necessários a sua manutenção.
mento e Preços, quando e se necessário, providenciar a § 2° O Poder Executivo estabelecerá, no prazo de sessenta
desapropriação de estoques, a fim de evitar crise no merca- dias as normas que regulamentarão o Sistema Nacional de
do ou colapso no abastecimento. Estoques de Combustíveis e o Plano Anual de Estoques
Art. 18. (artigo revogado pela Lei n° 8.176, de 8.2.1991). Estratégicos de Combustíveis.
Art. 19. O caput do art. 172 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 Art. 5° Esta lei entra em vigor cinco dias após a sua publi-
de dezembro de 1940 - Código Penal, passa a ter a seguin- cação.
te redação: Art. 6° Revogam-se as disposições em contrário, em espe-
Art. 20. O § 1° do art. 316 do Decreto-Lei n° 2 848, de 7 de cial o art. 18 da Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1990,
dezembro de 1940 Código Penal, passa a ter a seguinte restaurando-se a numeração dos artigos do Decreto-Lei n°
redação: 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal Brasileiro,
Art. 21. O art. 318 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezem- alterado por aquele dispositivo.
bro de 1940 Código Penal, quanto à fixação da pena, passa Brasília, 8 de fevereiro de 1991; 170° da Independência e
a ter a seguinte redação: 103° da República.
Art. 22. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. FERNANDO COLLOR
Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário e, em
especial, o art. 279 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de de- LEI N° 8.245, DE 18 DE OUTUBRO DE 1991
zembro de 1940 - Código Penal.
Brasília, 27 de dezembro de 1990; 169° da Independência e Dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os
102° da República. procedimentos a elas pertinentes.
FERNANDO COLLOR O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
LEI N° 8.176, DE 8 DE FEVEREIRO DE 1991
TÍTULO I DA LOCAÇÃO
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Seção I Da Locação em Geral determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em
Art. 1° A locação de imóvel urbano regula- se pelo disposto caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do
nesta Lei: imóvel.
Parágrafo único. Continuam regulados pelo Código Civil e § 1° Idêntico direito terá o promissário comprador e o pro-
pelas leis especiais: missário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão
a) as locações: na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do
mesmo.
1. de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos
Municípios, de suas autarquias e fundações públicas; § 2° A denúncia deverá ser exercitada no prazo de noventa
dias contados do registro da venda ou do compromisso,
2. de vagas autônomas de garagem ou de espaços para
presumindo - se, após esse prazo, a concordância na manu-
estacionamento de veículos;
tenção da locação.
3. de espaços destinados à publicidade;
Art. 9° A locação também poderá ser desfeita:
4. em apart - hotéis, hotéis - residência ou equiparados,
I - por mútuo acordo;
assim considerados aqueles que prestam serviços regulares
a seus usuários e como tais sejam autorizados a funcionar; II - em decorrência da prática de infração legal ou contratu-
al;
b) o arrendamento mercantil, em qualquer de suas modali-
dades. III - em decorrência da falta de pagamento do aluguel e
demais encargos;
Art. 2° Havendo mais de um locador ou mais de um locatá-
rio, entende-se que são solidários se o contrário não se IV - para a realização de reparações urgentes determinadas
estipulou. pelo Poder Público, que não possam ser normalmente exe-
cutadas com a permanência do locatário no imóvel ou, po-
Parágrafo único. Os ocupantes de habitações coletivas
dendo, ele se recuse a consenti - las.
multifamiliares presumem - se locatários ou sublocatários.
Art. 10. Morrendo o locador, a locação transmite - se aos
Art. 3° O contrato de locação pode ser ajustado por qual-
herdeiros.
quer prazo, dependendo de vênia conjugal, se igual ou su-
perior a dez anos. Art. 11. Morrendo o locatário, ficarão sub - rogados nos
seus direitos e obrigações:
Parágrafo único. Ausente a vênia conjugal, o cônjuge não
estará obrigado a observar o prazo excedente. I - nas locações com finalidade residencial, o cônjuge so-
brevivente ou o companheiro e, sucessivamente, os herdei-
Art. 4° Durante o prazo estipulado para a duração do con-
ros necessários e as pessoas que viviam na dependência
trato, não poderá o locador reaver o imóvel alugado. O loca-
econômica do de cujus , desde que residentes no imóvel;
tário, todavia, poderá devolvê-lo, pagando a multa pactuada,
segundo a proporção prevista no art. 924 do Código Civil e, II - nas locações com finalidade não residencial, o espólio e,
na sua falta, a que for judicialmente estipulada. (referente ao se for o caso, seu sucessor no negócio.
art. 413 do Código Civil de 2002). Art. 12. Em casos de separação de fato, separação judicial,
Parágrafo único. O locatário ficará dispensado da multa se divórcio ou dissolução da sociedade concubi-nária, a loca-
a devolução do imóvel decorrer de transferência, pelo seu ção prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou com-
empregador, privado ou público, para prestar serviços em panheiro que permanecer no imóvel.
localidades diversas daquela do início do contrato, e se Parágrafo único. Nas hipóteses previstas neste artigo, a
notificar, por escrito, o locador com prazo de, no mínimo, sub - rogação será comunicada por escrito ao locador, o
trinta dias de antecedência. qual terá o direito de exigir, no prazo de trinta dias, a substi-
Art. 5° Seja qual for o fundamento do término da locação, a tuição do fiador ou o oferecimento de qualquer das garanti-
ação do locador para reaver o imóvel é a de despejo. as previstas nesta lei.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica se a Art. 13. A cessão da locação, a sublocação e o empréstimo
locação termina em decorrência de desapropriação, com a do imóvel, total ou parcialmente, dependem do consenti-
missão do expropriante na posse do imóvel. mento prévio e escrito do locador.
Art. 6° O locatário poderá denunciar a locação por prazo 1° Não se presume o consentimento pela simples demora
indeterminado mediante aviso por escrito ao locador, com do locador em manifestar formalmente a sua oposição.
antecedência mínima de trinta dias. 2° Desde que notificado por escrito pelo locatário, de ocor-
Parágrafo único. Na ausência do aviso, o locador poderá rência de uma das hipóteses deste artigo, o locador terá o
exigir quantia correspondente a um mês de aluguel e encar- prazo de trinta dias para manifestar formalmente a sua opo-
gos, vigentes quando da resilição. sição.
Art. 7° Nos casos de extinção de usufruto ou de fideicomis- Seção II Das Sublocações
so, a locação celebrada pelo usufrutuário ou fiduciário pode- Art. 14. Aplicam - se às sublocações, no que couber, as
rá ser denunciada, com o prazo de trinta dias para a deso- disposições relativas às locações.
cupação, salvo se tiver havido aquiescência escrita do nu Art. 15. Rescindida ou finda a locação, qualquer que seja
proprietário ou do fideicomissário, ou se a propriedade esti- sua causa, resolvem - se as sublocações, assegurado o
ver consolidada em mãos do usufrutuário ou do fiduciário. direito de indenização do sublocatário contra o sublocador.
Parágrafo único. A denúncia deverá ser exercitada no Art. 16. O sublocatário responde subsidiariamente ao loca-
prazo de noventa dias contados da extinção do fideicomisso dor pela importância que dever ao sublocador, quando este
ou da averbação da extinção do usufruto, presumindo - se, for demandado e, ainda, pelos aluguéis que se vencerem
após esse prazo, a concordância na manutenção da loca- durante a lide.
ção. Seção III Do Aluguel
Art. 8° Se o imóvel for alienado durante a locação, o adqui- Art. 17. É livre a convenção do aluguel, vedada a sua esti-
rente poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa pulação em moeda estrangeira e a sua vinculação à varia-
dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo ção cambial ou ao salário mínimo.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Parágrafo único. Nas locações residenciais serão observa- Art. 23. O locatário é obrigado a:
das os critérios de reajustes previstos na legislação especí- I - pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação,
fica. legal ou contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou,
Art. 18. É lícito às partes fixar, de comum acordo, novo em sua falta, até o sexto dia útil do mês seguinte ao venci-
valor para o aluguel, bem como inserir ou modificar cláusula do, no imóvel locado, quando outro local não tiver sido indi-
de reajuste. cado no contrato;
Art. 19. Não havendo acordo, o locador ou locatário, após II - servir - se do imóvel para o uso convencionado ou pre-
três anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormen- sumido, compatível com a natureza deste e com o fim a que
te realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim se destina, devendo tratá-lo com o mesmo cuidado como se
de ajustá-lo ao preço de mercado. fosse seu;
Art. 20. Salvo as hipóteses do art. 42 e da locação para III - restituir o imóvel, finda a locação, no estado em que o
temporada, o locador não poderá exigir o pagamento ante- recebeu, salvo as deteriorações decorrentes do seu uso
cipado do aluguel. normal;
Art. 21. O aluguel da sublocação não poderá exceder o da IV - levar imediatamente ao conhecimento do locador o
locação; nas habitações coletivas multifamiliares, a soma surgimento de qualquer dano ou defeito cuja reparação a
dos aluguéis não poderá ser superior ao dobro do valor da este incumba, bem como as eventuais turbações de tercei-
locação. ros;
Parágrafo único. O descumpri-mento deste artigo autoriza V - realizar a imediata reparação dos danos verificados no
o sublocatário a reduzir o aluguel até os limites nele estabe- imóvel, ou nas suas instalações, provocadas por si, seus
lecidos. dependentes, familiares, visitantes ou prepostos;
Seção IV Dos Deveres do Locador e do Locatário VI - não modificar a forma interna ou externa do imóvel sem
Art. 22. O locador é obrigado a: o consentimento prévio e por escrito do locador;
I - entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de VII - entregar imediatamente ao locador os documentos de
servir ao uso a que se destina; cobrança de tributos e encargos condominiais, bem como
II - garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do qualquer intimação, multa ou exigência de autoridade públi-
imóvel locado; ca, ainda que dirigida a ele, locatário;
III - manter, durante a locação, a forma e o destino do imó- VIII - pagar as despesas de telefone e de consumo de força,
vel; luz e gás, água e esgoto;
IV - responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação; IX - permitir a vistoria do imóvel pelo locador ou por seu
mandatário, mediante combinação prévia de dia e hora,
V - fornecer ao locatário, caso este solicite, descrição minu-
bem como admitir que seja o mesmo visitado e examinado
ciosa do estado do imóvel, quando de sua entrega, com
por terceiros, na hipótese prevista no art. 27;
expressa referência aos eventuais defeitos existentes;
X - cumprir integralmente a convenção de condomínio e os
VI - fornecer ao locatário recibo discriminado das importân-
regulamentos internos;
cias por este pagas, vedada a quitação genérica;
XI - pagar o prêmio do seguro de fiança;
VII - pagar as taxas de administração imobiliária, se houver,
e de intermediações, nestas compreendidas as despesas XII - pagar as despesas ordinárias de condomínio.
necessárias à aferição da idoneidade do pretendente ou de 1° Por despesas ordinárias de condomínio se entendem as
seu fiador; necessárias à administração respectiva, especialmente:
VIII - pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro a) salários, encargos trabalhistas, contribuições previdenciá-
complementar contra fogo, que incidam ou venham a incidir rias e sociais dos empregados do condomínio;
sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no b) consumo de água e esgoto, gás, luz e força das áreas de
contrato; uso comum;
IX - exibir ao locatário, quando solicitado, os comprovantes c) limpeza, conservação e pintura das instalações e depen-
relativos às parcelas que estejam sendo exigidas; dências de uso comum;
X - pagar as despesas extraordinárias de condomínio. d) manutenção e conservação das instalações e equipa-
Parágrafo único. Por despesas extraordinárias de condo- mentos hidráulicos, elétricos, mecânicos e de segurança, de
mínio se entendem aquelas que não se refiram aos gastos uso comum;
rotineiros de manutenção do edifício, especialmente: e) manutenção e conservação das instalações e equipa-
a) obras de reformas ou acréscimos que interessem à estru- mentos de uso comum destinados à prática de esportes e
tura integral do imóvel; lazer;
b) pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e f) manutenção e conservação de elevadores, porteiro ele-
iluminação, bem como das esquadrias externas; trônico e antenas coletivas;
c) obras destinadas a repor as condições de habitabilidade g) pequenos reparos nas dependências e instalações elétri-
do edifício; cas e hidráulicas de uso comum;
d) indenizações trabalhistas e previdenciárias pela dispensa h) rateios de saldo devedor, salvo se referentes a período
de empregados, ocorridas em data anterior ao início da anterior ao início da locação;
locação; i) reposição do fundo de reserva, total ou parcialmente utili-
e) instalação de equipamento de segurança e de incêndio, zado no custeio ou complementação das despesas referidas
de telefonia, de intercomunicação, de esporte e de lazer; nas alíneas anteriores, salvo se referentes a período anteri-
f) despesas de decoração e paisagismo nas partes de uso or ao início da locação.
comum; 2° O locatário fica obrigado ao pagamento das despesas
g) constituição de fundo de reserva. referidas no parágrafo anterior, desde que comprovadas a

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previsão orçamentária e o rateio mensal, podendo exigir a Art. 31. Em se tratando de alienação de mais de uma uni-
qualquer tempo a comprovação das mesmas. dade imobiliária, o direito de preferência incidirá sobre a
3° No edifício constituído por unidades imobiliárias autôno- totalidade dos bens objeto da alienação.
mas, de propriedade da mesma pessoa, os locatários ficam Art. 32. O direito de preferência não alcança os casos de
obrigados ao pagamento das despesas referidas no § 1° perda da propriedade ou venda por decisão judicial, permu-
deste artigo, desde que comprovadas. ta, doação, integralização de capital, cisão, fusão e incorpo-
Art. 24. Nos imóveis utilizados como habitação coletiva ração.
multifamiliar, os locatários ou sublocatários poderão deposi- Parágrafo único. Nos contratos firmados a partir de 1° de
tar judicialmente o aluguel e encargos se a construção for outubro de 2001, o direito de preferência de que trata este
considerada em condições precárias pelo Poder Público. artigo não alcançará também os casos de constituição da
1° O levantamento dos depósitos somente será deferido propriedade fiduciária e de perda da propriedade ou venda
com a comunicação, pela autoridade pública, da regulariza- por quaisquer formas de realização de garantia, inclusive
ção do imóvel. mediante leilão extrajudicial, devendo essa condição constar
2° Os locatários ou sublocatários que deixarem o imóvel expressamente em cláusula contratual específica, desta-
estarão desobrigados do aluguel durante a execução das cando-se das demais por sua apresentação gráfica. (Incluí-
obras necessárias à regularização. do pela Lei n° 10.931, de 2.8.2004).
3° Os depósitos efetuados em juízo pelos locatários e sub- Art. 33. O locatário preterido no seu direito de preferência
locatários poderão ser levantados, mediante ordem judicial, poderá reclamar do alienante as perdas e danos ou, deposi-
para realização das obras ou serviços necessários à regula- tando o preço e demais despesas do ato de transferência,
rização do imóvel. haver para si o imóvel locado, se o requerer no prazo de
Art. 25. Atribuída ao locatário a responsabilidade pelo pa- seis meses, a contar do registro do ato no cartório de imó-
gamento dos tributos, encargos e despesas ordinárias de veis, desde que o contrato de locação esteja averbado pelo
condomínio, o locador poderá cobrar tais verbas juntamente menos trinta dias antes da alienação junto à matrícula do
com o aluguel do mês a que se refiram. imóvel.
Parágrafo único. Se o locador antecipar os pagamentos, a Parágrafo único. A averbação far-se-á à vista de qualquer
ele pertencerão as vantagens daí advindas, salvo se o loca- das vias do contrato de locação desde que subscrito tam-
tário reembolsá-lo integralmente. bém por duas testemunhas.
Art. 26. Necessitando o imóvel de reparos urgentes, cuja Art. 34. Havendo condomínio no imóvel, a preferência do
realização incumba ao locador, o locatário é obrigado a condômino terá prioridade sobre a do locatário.
consenti-los. Seção VI Das Benfeitorias
Parágrafo único. Se os reparos durarem mais de dez dias, Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário,
o locatário terá direito ao abatimento do aluguel, proporcio- as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ain-
nal ao período excedente; se mais de trinta dias, poderá da que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis,
resilir o contrato. desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o
Seção V Do Direito de Preferência exercício do direito de retenção.
Art. 27. No caso de venda, promessa de venda, cessão ou Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis,
promessa de cessão de direitos ou dação em pagamento, o podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação,
locatário tem preferência para adquirir o imóvel locado, em desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância
igualdade de condições com terceiros, devendo o locador do imóvel.
dar - lhe conhecimento do negócio mediante notificação Seção VII Das Garantias Locatícias
judicial, extrajudicial ou outro meio de ciência inequívoca. Art. 37. No contrato de locação, pode o locador exigir do
Parágrafo único. A comunicação deverá conter todas as locatário as seguintes modalidades de garantia:
condições do negócio e, em especial, o preço, a forma de I - caução;
pagamento, a existência de ônus reais, bem como o local e II - fiança;
horário em que pode ser examinada a documentação perti- III - seguro de fiança locatícia.
nente. Parágrafo único. É vedada, sob pena de nulidade, mais de
Art. 28. O direito de preferência do locatário caducará se uma das modalidades de garantia num mesmo contrato de
não manifestada, de maneira inequívoca, sua aceitação locação.
integral à proposta, no prazo de trinta dias. Art. 38. A caução poderá ser em bens móveis ou imóveis.
Art. 29. Ocorrendo aceitação da proposta, pelo locatário, a § 1° A caução em bens móveis deverá ser registrada em
posterior desistência do negócio pelo locador acarreta, a Cartório de Títulos e Documentos; a em bens imóveis deve-
este, responsabilidade pelos prejuízos ocasionados, inclusi- rá ser averbada à margem da respectiva matrícula.
ve lucros cessantes.
§ 2° A caução em dinheiro, que não poderá exceder o equi-
Art. 30. Estando o imóvel sublocado em sua totalidade, valente a três meses de aluguel, será depositada em cader-
caberá a preferência ao sublocatário e, em seguida, ao neta de poupança, autorizada, pelo Poder Público e por ele
locatário. Se forem vários os sublocatários, a preferência regulamentada, revertendo em benefício do locatário todas
caberá a todos, em comum, ou a qualquer deles, se um só as vantagens dela decorrentes por ocasião do levantamento
for o interessado. da soma respectiva.
Parágrafo único. Havendo pluralidade de pretendentes, § 3° A caução em títulos e ações deverá ser substituída, no
caberá a preferência ao locatário mais antigo, e, se da prazo de trinta dias, em caso de concordata, falência ou
mesma data, ao mais idoso. liquidação das sociedades emissoras.
Art. 39. (VETADO).

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Art. 40. O locador poderá exigir novo fiador ou a substitui- Seção I Da Locação Residencial
ção da modalidade de garantia, nos seguintes casos: Art. 46. Nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual
I - morte do fiador; ou superior a trinta meses, a resolução do contrato ocorrerá
II - ausência, interdição, falência ou insolvência do fiador, findo o prazo estipulado, independentemente de notificação
declaradas judicialmente; ou aviso.
III - alienação ou gravação de todos os bens imóveis do § 1° Findo o prazo ajustado, se o locatário continuar na
fiador ou sua mudança de residência sem comunicação ao posse do imóvel alugado por mais de trinta dias sem oposi-
locador; ção do locador, presumir - se - á prorrogada a locação por
IV - exoneração do fiador; prazo indeterminado, mantidas as demais cláusulas e con-
V - prorrogação da locação por prazo indeterminado, sendo dições do contrato.
a fiança ajustada por prazo certo; § 2° Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá denunciar o
VI - desaparecimento dos bens móveis; contrato a qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias
VII - desapropriação ou alienação do imóvel. para desocupação.
Art. 41. O seguro de fiança locatícia abrangerá a totalidade Art. 47. Quando ajustada verbalmente ou por escrito e co-
das obrigações do locatário. mo prazo inferior a trinta meses, findo o prazo estabelecido,
Art. 42. Não estando a locação garantida por qualquer das a locação prorroga - se automaticamente, por prazo inde-
modalidades, o locador poderá exigir do locatário o paga- termina-do, somente podendo ser retomado o imóvel:
mento do aluguel e encargos até o sexto dia útil do mês I - Nos casos do art. 9°;
vincendo. II - em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a
Seção VIII Das Penalidades Criminais e Civis ocupação do imóvel pelo locatário relacionada com o seu
emprego;
Art. 43. Constitui contravenção penal, punível com prisão
simples de cinco dias a seis meses ou multa de três a doze III - se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou com-
meses do valor do último aluguel atualizado, revertida em panheiro, ou para uso residencial de ascendente ou des-
favor do locatário: cendente que não disponha, assim como seu cônjuge ou
companheiro, de imóvel residencial próprio;
I - exigir, por motivo de locação ou sublocação, quantia ou
valor além do aluguel e encargos permitidos; IV - se for pedido para demolição e edificação licenciada ou
para a realização de obras aprovadas pelo Poder Público,
II - exigir, por motivo de locação ou sublocação, mais de
que aumentem a área construída, em, no mínimo, vinte por
uma modalidade de garantia num mesmo contrato de loca-
cento ou, se o imóvel for destinado a exploração de hotel ou
ção;
pensão, em cinqüenta por cento;
III - cobrar antecipadamente o aluguel, salvo a hipótese do
V - se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco
art. 42 e da locação para temporada.
anos.
Art. 44. Constitui crime de ação pública, punível com deten-
§ 1° Na hipótese do inciso III, a necessidade deverá ser
ção de três meses a um ano, que poderá ser substituída
judicialmente demonstrada, se:
pela prestação de serviços à comunidade:
a) O retomante, alegando necessidade de usar o imóvel,
I - recusar - se o locador ou sublocador, nas habitações
estiver ocupando, com a mesma finalidade, outro de sua
coletivas multifamiliares, a fornecer recibo discriminado do
propriedade situado nas mesma localidade ou, residindo ou
aluguel e encargos;
utilizando imóvel alheio, já tiver retomado o imóvel anterior-
II - deixar o retomante, dentro de cento e oitenta dias após a mente;
entrega do imóvel, no caso do inciso III do art. 47, de usá-lo
b) o ascendente ou descendente, beneficiário da retomada,
para o fim declarado ou, usando - o , não o fizer pelo prazo
residir em imóvel próprio.
mínimo de um ano;
§ 2° Nas hipóteses dos incisos III e IV, o retomante deverá
III - não iniciar o proprietário, promissário comprador ou
comprovar ser proprietário, promissário comprador ou pro-
promissário cessionário, nos casos do inciso IV do art. 9°,
missário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão
inciso IV do art. 47, inciso I do art. 52 e inciso II do art. 53, a
na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do
demolição ou a reparação do imóvel, dentro de sessenta
mesmo.
dias contados de sua entrega;
Seção II Das Locação para Temporada
IV - executar o despejo com inobser-vância do disposto no §
2° do art. 65. Art. 48. Considera - se locação para temporada aquela
Parágrafo único. Ocorrendo qualquer das hipóteses previs- destinada à residência temporária do locatário, para prática
tas neste artigo, poderá o prejudicado reclamar, em proces- de lazer, realização de cursos, tratamento de saúde, feitura
so próprio, multa equivalente a um mínimo de doze e um de obras em seu imóvel, e outros fatos que decorrem tão-
máximo de vinte e quatro meses do valor do último aluguel somente de determinado tempo, e contratada por prazo não
atualizado ou do que esteja sendo cobrado do novo locatá- superior a noventa dias, esteja ou não mobiliado o imóvel.
rio, se re-alugado o imóvel. Parágrafo único. No caso de a locação envolver imóvel
Seção IX Das Nulidades mobiliado, constará do contrato, obrigatoriamente, a descri-
ção dos móveis e utensílios que o guarnecem, bem como o
Art. 45. São nulas de pleno direito as cláusulas do contrato
estado em que se encontram.
de locação que visem a elidir os objetivos da presente Lei,
Art. 49. O locador poderá receber de uma só vez e anteci-
notadamente as que proíbam a prorrogação prevista no art.
padamente os aluguéis e encargos, bem como exigir qual-
47, ou que afastem o direito à renovação, na hipótese do
quer das modalidades de garantia previstas no art. 37 para
art. 51, ou que imponham obrigações pecuniárias para tan-
atender as demais obrigações do contrato.
to.
Art. 50. Findo o prazo ajustado, se o locatário permanecer
CAPÍTULO II DAS DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
no imóvel sem oposição do locador por mais de trinta dias,

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presumir - se - á prorrogada a locação por tempo indetermi- Art. 53. Nas locações de imóveis utilizados por hospitais,
nado, não mais sendo exigível o pagamento antecipado do unidades sanitárias oficiais, asilos, bem como de estabele-
aluguel e dos encargos. cimento de saúde e de ensino autorizados e fiscalizados
Parágrafo único. Ocorrendo a prorrogação, o locador so- pelo Poder Público, o contrato somente poderá ser rescindi-
mente poderá denunciar o contrato após trinta meses de do:
seu início ou nas hipóteses do art. 47. I - nas hipóteses do art. 9°;
Seção III Da Locação não Residencial II - se o proprietário, promissário comprador ou promissário
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o cessionário, em caráter irrevogável e imitido na posse, com
locatário terá direito a renovação do contrato, por igual pra- título registrado, que haja quitado o preço da promessa ou
zo, desde que, cumulativamente: que, não o tendo feito, seja autorizado pelo proprietário,
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e pedir o imóvel para demolição, edificação, licenciada ou
com prazo determinado; reforma que venha a resultar em aumento mínimo de cin-
qüenta por cento da área útil.
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos
prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco Art. 54. Nas relações entre lojistas e empreendedores de
anos; shopping center , prevalecerão as condições livremente
pactuadas nos contratos de locação respectivos e as dispo-
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo
sições procedimentais previstas nesta lei.
ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos.
1° O empreendedor não poderá cobrar do locatário em
1° O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido
shopping center:
pelos cessioná-rios ou sucessores da locação; no caso de
sublocação total do imóvel, o direito a renovação somente a) as despesas referidas nas alíneas a , b e d do parágrafo
poderá ser exercido pelo sublocatário. único do art. 22; e
2° Quando o contrato autorizar que o locatário utilize o imó- b) as despesas com obras ou substituições de equipamen-
vel para as atividades de sociedade de que faça parte e que tos, que impliquem modificar o projeto ou o memorial descri-
a esta passe a pertencer o fundo de comércio, o direito a tivo da data do habite - se e obras de paisagismo nas partes
renovação poderá ser exercido pelo locatário ou pela socie- de uso comum.
dade. 2° As despesas cobradas do locatário devem ser previstas
3° Dissolvida a sociedade comercial por morte de um dos em orçamento, salvo casos de urgência ou força maior,
sócios, o sócio sobrevivente fica sub - rogado no direito a devidamente demonstradas, podendo o locatário, a cada
renovação, desde que continue no mesmo ramo. sessenta dias, por si ou entidade de classe exigir a compro-
vação das mesmas.
4° O direito a renovação do contrato estende - se às loca-
ções celebradas por indústrias e sociedades civis com fim Art. 55. Considera - se locação não residencial quando o
lucrativo, regularmente constituídas, desde que ocorrentes locatário for pessoa jurídica e o imóvel, destinar - se ao uso
os pressupostos previstos neste artigo. de seus titulares, diretores, sócios, gerentes, executivos ou
empregados.
5° Do direito a renovação decai aquele que não propuser a
ação no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, Art. 56. Nos demais casos de locação não residencial, o
no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato por prazo determinado cessa, de pleno direito,
contrato em vigor. findo o prazo estipulado, independentemente de notificação
ou aviso.
Art. 52. O locador não estará obrigado a renovar o contrato
se: Parágrafo único. Findo o prazo estipulado, se o locatário
permanecer no imóvel por mais de trinta dias sem oposição
I - por determinação do Poder Público, tiver que realizar no
do locador, presumir - se - á prorrogada a locação nas con-
imóvel obras que importarem na sua radical transformação;
dições ajustadas, mas sem prazo determinado.
ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o
valor do negócio ou da propriedade; Art. 57. O contrato de locação por prazo indeterminado
pode ser denunciado por escrito, pelo locador, concedidos
II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para trans-
ao locatário trinta dias para a desocupação.
ferência de fundo de comércio existente há mais de um ano,
sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, TÍTULO II DOS PROCEDIMENTOS
ascendente ou descendente. CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
1° Na hipótese do inciso II, o imóvel não poderá ser desti- Art. 58. Ressalvados os casos previstos no parágrafo único
nado ao uso do mesmo ramo do locatário, salvo se a loca- do art. 1°, nas ações de despejo, consignação em paga-
ção também envolvia o fundo de comércio, com as instala- mento de aluguel e acessório da locação, revisionais de
ções e pertences. aluguel e renovatórias de locação, observar - se - á o se-
2° Nas locações de espaço em shopping centers , o locador guinte:
não poderá recusar a renovação do contrato com funda- I - os processos tramitam durante as férias forenses e não
mento no inciso II deste artigo. se suspendem pela superveniência delas;
3° O locatário terá direito a indenização para ressarcimento II - é competente para conhecer e julgar tais ações o foro do
dos prejuízos e dos lucros cessantes que tiver que arcar lugar da situação do imóvel, salvo se outro houver sido elei-
com mudança, perda do lugar e desvalorização do fundo de to no contrato;
comércio, se a renovação não ocorrer em razão de proposta III - o valor da causa corresponderá a doze meses de alu-
de terceiro, em melhores condições, ou se o locador, no guel, ou, na hipótese do inciso II do art. 47, a três salários
prazo de três meses da entrega do imóvel, não der o desti- vigentes por ocasião do ajuizamento;
no alegado ou não iniciar as obras determinadas pelo Poder IV - desde que autorizado no contrato, a citação, intimação
Público ou que declarou pretender realizar. ou notificação far - se - á mediante correspondência com
aviso de recebimento, ou, tratando - se de pessoa jurídica

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ou firma individual, também mediante telex ou fac-símile , d) as custas e os honorários do advogado do locador, fixa-
ou, ainda, sendo necessário, pelas demais formas previstas dos em dez por cento sobre o montante devido, se do con-
no Código de Processo Civil; trato não constar disposição diversa;
V - os recursos interpostos contra as sentenças terão efeito III - autorizada a emenda da mora e efetuado o depósito
somente devolutivo. judicial até quinze dias após a intimação do deferimento, se
CAPÍTULO II DAS AÇÕES DE DESPEJO o locador alegar que a oferta não é integral, justificando a
Art. 59. Com as modificações constantes deste capítulo, as diferença, o locatário poderá complementar o depósito no
ações de despejo terão o rito ordinário. prazo de dez dias, contados da ciência dessa manifestação;
§ 1° Conceder - se - á liminar para desocupação em quinze IV - não sendo complementado o depósito, pedido de resci-
dias, independentemente da audiência da parte contrária e são prosseguirá pela diferença, podendo o locador levantar
desde que prestada a caução no valor equivalente a três a quantia depositada;
meses de aluguel, nas ações que tiverem por fundamento V - os aluguéis que forem vencendo até a sentença deverão
exclusivo: ser depositados à disposição do juízo, nos respectivos ven-
I - o descumprimento do mútuo acordo (art. 9°, inciso I), cimentos, podendo o locador levantá-los desde que incon-
celebrado por escrito e assinado pelas partes e por duas troversos;
testemunhas, no qual tenha sido ajustado o prazo mínimo VI - havendo cumulação dos pedidos de rescisão da loca-
de seis meses para desocupação, contado da assinatura do ção e cobrança dos aluguéis, a execução desta pode ter
instrumento; início antes da desocupação do imóvel, caso ambos tenham
II - o disposto no inciso II do art. 47, havendo prova escrita sido acolhidos.
da rescisão do contrato de trabalho ou sendo ela demons- Parágrafo único. Não se admitirá a emenda da mora se o
trada em audiência prévia; locatário já houver utilizado essa faculdade por duas vezes
III - o término do prazo da locação para temporada, tendo nos doze meses imediatamente anteriores à propositura da
sido proposta a ação de despejo em até trinta dias após o ação.
vencimento do contrato; Art. 63. Julgada procedente a ação de despejo, o juiz fixará
IV - a morte do locatário sem deixar sucessor legítimo na prazo de trinta dias para a desocupação voluntária, ressal-
locação, de acordo com o referido no inciso I do art. 11, vado o disposto nos parágrafos seguintes:
permanecendo no imóvel pessoas não autorizadas por lei; 1° O prazo será de quinze dias se:
V - a permanência do sublocatário no imóvel, extinta a loca- a) entre a citação e a sentença de primeira instância houve-
ção, celebrada com o locatário. rem decorrido mais de quatro meses; ou
2° Qualquer que seja o fundamento da ação dar - se - á b) o despejo houver sido decretado com fundamento nos
ciência do pedido aos sublocatários, que poderão intervir no incisos II e III do art. 9° ou no § 2° do art. 46.
processo como assistentes. § 2° Tratando-se de estabelecimento de ensino autorizado e
Art. 60. Nas ações de despejo fundadas no inciso IV do art. fiscalizado pelo Poder Público, respeitado o prazo mínimo
9°, inciso IV do art. 47 e inciso II do art. 53, a petição inicial de seis meses e o máximo de um ano, o juiz disporá de
deverá ser instruída com prova da propriedade do imóvel ou modo que a desocupação coincida com o período de férias
do compromisso registrado. escolares.
Art. 61. Nas ações fundadas no § 2° do art. 46 e nos incisos § 3° Tratando-se de hospitais, repartições públicas, unida-
III e IV do art. 47, se o locatário, no prazo da contestação, des sanitárias oficiais, asilos e estabelecimentos de saúde e
manifestar sua concordância com a desocupação do imóvel, de ensino autorizados e fiscalizados pelo Poder Público, e o
o juiz acolherá o pedido fixando prazo de seis meses para a despejo for decretado com fundamento no inciso IV do art.
desocupação, contados da citação, impondo ao vencido a 9° ou no inciso II do art. 53, o prazo será de um ano, exceto
responsabilidade pelas custas e honorários advocatícios de nos casos em que entre a citação e a sentença de primeira
vinte por cento sobre o valor dado à causa. Se a desocupa- instância houver decorrido mais de um ano, hipótese em
ção ocorrer dentro do prazo fixado, o réu ficará isento dessa que o prazo será de seis meses.
responsabilidade; caso contrário, será expedido mandado § 4° A sentença que decretar o despejo fixará o valor da
de despejo. caução para o caso de ser executada provisoriamente.
Art. 62. Nas ações de despejo fundadas na falta de paga- Art. 64. Salvo nas hipóteses das ações fundadas nos inci-
mento de aluguel e acessórios da locação, observar-se- á o sos I, II e IV do art. 9°, a execução provisória do despejo
seguinte: dependerá de caução não inferior a doze meses e nem
I - o pedido de rescisão da locação poderá ser cumulado superior a dezoito meses do aluguel, atualizado até a data
com o de cobrança dos aluguéis e acessórios da locação, do depósito da caução.
devendo ser apresentado, com a inicial, cálculo discrimina- § 1° A caução poderá ser real ou fidejussória e será presta-
do do valor do débito; da nos autos da execução provisória.
II - o locatário poderá evitar a rescisão da locação reque- § 2° Ocorrendo a reforma da sentença ou da decisão que
rendo, no prazo da contestação, autorização para o paga- concedeu liminarmente o despejo, o valor da caução rever-
mento do débito atualizado, independentemente de cálculo terá em favor do réu, como indenização mínima das perdas
e mediante depósito judicial, incluídos: e danos, podendo este reclamar, em ação própria, a dife-
a) os aluguéis e acessórios da locação que vencerem até a rença pelo que a exceder.
sua efetivação; Art. 65. Findo o prazo assinado para a desocupação, con-
b) as multas ou penalidades contratuais, quando exigíveis; tado da data da notificação, será efetuado o despejo, se
c) os juros de mora; necessário com emprego de força, inclusive arrombamento.
1° Os móveis e utensílios serão entregues à guarda de de-
positário, se não os quiser retirar o despejado.

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2° O despejo não poderá ser executado até o trigésimo dia pelo autor ou nos que indicar, fixará aluguel provisório, não
seguinte ao do falecimento do cônjuge, ascendente, des- excedente a oitenta por cento do pedido, que será devido
cendente ou irmão de qualquer das pessoas que habitem o desde a citação;
imóvel. III - sem prejuízo da contestação e até a audiência, o réu
Art. 66. Quando o imóvel for abandonado após ajuizada a poderá pedir seja revisto o aluguel provisório, fornecendo os
ação, o locador poderá imitir-se na posse do imóvel. elementos para tanto;
CAPÍTULO III DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO DE ALUGUEL E A- IV - na audiência de instrução e julgamento, apresentada a
CESSÓRIOS DA LOCAÇÃO contestação, que deverá conter contrapro-posta se houver
Art. 67. Na ação que objetivar o pagamento dos aluguéis e discordância quanto ao valor pretendido, o juiz tentará a
acessórios da locação mediante consignação, será obser- conciliação e, não sendo esta possível, suspenderá o ato
vado o seguinte: para a realização de perícia, se necessária, designando,
I - a petição inicial, além dos requisitos exigidos pelo art. desde logo, audiência em continuação.
282 do Código de Processo Civil, deverá especificar os 1° Não caberá ação revisional na pendência de prazo para
aluguéis e acessórios da locação com indicação dos respec- desocupação do imóvel (arts. 46, parágrafo 2° e 57), ou
tivos valores; quando tenha sido este estipulado amigável ou judicialmen-
II - determinada a citação do réu, o autor será intimado a, no te.
prazo de vinte e quatro horas, efetuar o depósito judicial da 2° No curso da ação de revisão, o aluguel provisório será
importância indicada na petição inicial, sob pena de ser reajustado na periodicidade pactuada ou na fixada em lei.
extinto o processo; Art. 69. O aluguel fixado na sentença retroage à citação, e
III - o pedido envolverá a quitação das obrigações que ven- as diferenças devidas durante a ação de revisão, desconta-
cerem durante a tramitação do feito e até ser prolatada a dos os alugueres provisórios satisfeitos, serão pagas corri-
sentença de primeira instância, devendo o autor promover gidas, exigíveis a partir do trânsito em julgado da decisão
os depósitos nos respectivos vencimentos; que fixar o novo aluguel.
IV - não sendo oferecida a contestação, ou se o locador 1° Se pedido pelo locador, ou sublocador, a sentença pode-
receber os valores depositados, o juiz acolherá o pedido, rá estabelecer periodicidade de reajustamento do aluguel
declarando quitadas as obrigações, condenando o réu ao diversa daquela prevista no contrato revisando, bem como
pagamento das custas e honorários de vinte por cento do adotar outro indexador para reajustamento do aluguel.
valor dos depósitos; 2° A execução das diferenças será feita nos autos da ação
V - a contestação do locador, além da defesa de direito que de revisão.
possa caber, ficará adstrita, quanto à matéria de fato, a: Art. 70. Na ação de revisão do aluguel, o juiz poderá homo-
a) não ter havido recusa ou mora em receber a quantia logar acordo de desocupação, que será executado mediante
devida; expedição de mandado de despejo.
b) ter sido justa a recusa; CAPÍTULO V DA AÇÃO RENOVATÓRIA
c) não ter sido efetuado o depósito no prazo ou no lugar do Art. 71. Além dos demais requisitos exigidos no art. 282 do
pagamento; Código de Processo Civil, a petição inicial da ação renovató-
d} não ter sido o depósito integral; ria deverá ser instruída com:
VI - além de contestar, o réu poderá, em reconvenção, pedir I - prova do preenchimento dos requisitos dos incisos I, II e
o despejo e a cobrança dos valores objeto da consignatória III do art. 51;
ou da diferença do depósito inicial, na hipótese de ter sido II - prova do exato cumprimento do contrato em curso;
alegado não ser o mesmo integral; III - prova da quitação dos impostos e taxas que incidiram
VII - o autor poderá complementar o depósito inicial, no sobre o imóvel e cujo pagamento lhe incumbia;
prazo de cinco dias contados da ciência do oferecimento da IV - indicação clara e precisa das condições oferecidas para
resposta, com acréscimo de dez por cento sobre o valor da a renovação da locação;
diferença. Se tal ocorrer, o juiz declarará quitadas as obri- V - indicação de fiador quando houver no contrato a renovar
gações, elidindo a rescisão da locação, mas imporá ao au- e, quando não for o mesmo, com indicação do nome ou
tor-reconvindo a responsabilidade pelas custas e honorários denominação completa, número de sua inscrição no Minis-
advocatícios de vinte por cento sobre o valor dos depósitos; tério da Economia, Fazenda e Planejamento, endereço e,
VIII - havendo, na reconvenção, cumulação dos pedidos de tratando-se de pessoa natural, a nacionalidade, o estado
rescisão da locação e cobrança dos valores objeto da con- civil, a profissão e o número da carteira de identidade, com-
signatória, a execução desta somente poderá ter início após provando, em qualquer caso e desde logo, a idoneidade
obtida a desocupação do imóvel, caso ambos tenham sido financeira;
acolhidos. VI - prova de que o fiador do contrato ou o que o substituir
Parágrafo único. O réu poderá levantar a qualquer momen- na renovação aceita os encargos da fiança, autorizado por
to as importâncias depositadas sobre as quais não penda seu cônjuge, se casado for;
controvérsia. VII - prova, quando for o caso, de ser cessionário ou suces-
CAPÍTULO IV DA AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUEL sor, em virtude de título oponível ao proprietário.
Art. 68. Na ação revisional de aluguel, que terá o rito suma- Parágrafo único. Proposta a ação pelo sublocatário do
ríssimo, observar-se-á o seguinte: imóvel ou de parte dele, serão citados o sublocador e o
I - além dos requisitos exigidos pelos arts. 276 e 282 do locador, como litisconsortes, salvo se, em virtude de locação
Código de Processo Civil, a petição inicial deverá indicar o originária ou renovada, o sublocador dispuser de prazo que
valor do aluguel cuja fixação é pretendida; admita renovar a sublocação; na primeira hipótese, proce-
II - ao designar a audiência de instrução e julgamento, o dente a ação, o proprietário ficará diretamente obrigado à
juiz, se houver pedido e com base nos elementos fornecidos renovação.

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Art. 72. A contestação do locador, além da defesa de direito Art. 79. No que for omissa esta lei aplicam-se as normas do
que possa caber, ficará adstrita, quanto à matéria de fato, Código Civil e do Código de Processo Civil.
ao seguinte: Art. 80. Para os fins do inciso I do art. 98 da Constituição
I - não preencher o autor os requisitos estabelecidos nesta Federal, as ações de despejo poderão ser consideradas
Lei; como causas cíveis de menor complexidade.
II - não atender, a proposta do locatário, o valor locativo real Art. 81. O inciso II do art. 167 e o art. 169 da Lei n° 6.015,
do imóvel na época da renovação, excluída a valorização de 31 de dezembro de 1973, passam a vigorar com as se-
trazida por aquele ao ponto ou lugar; guintes alterações:
III - ter proposta de terceiro para a locação, em condições Art. 167. ......................................
melhores; II - ................................................
IV - não estar obrigado a renovar a locação (incisos I e II do 16) do contrato de locação, para os fins de exercício de
art. 52). direito de preferência.”
1° No caso do inciso II, o locador deverá apresentar, em Art. 169. .......................................
contrapropos-ta, as condições de locação que repute com- III - o registro previsto no n° 3 do inciso I do art. 167, e a
patíveis com o valor locativo real e atual do imóvel. averbação prevista no n° 16 do inciso II do art. 167 serão
2° No caso do inciso III, o locador deverá juntar prova do- efetuados no cartório onde o imóvel esteja matriculado me-
cumental da proposta do terceiro, subscrita por este e por diante apresentação de qualquer das vias do contrato, assi-
duas testemunhas, com clara indicação do ramo a ser ex- nado pelas partes e subscrito por duas testemunhas, bas-
plorado, que não poderá ser o mesmo do locatário. Nessa tando a coincidência entre o nome de um dos proprietários e
hipótese, o locatário poderá, em réplica, aceitar tais condi- o locador.”
ções para obter a renovação pretendida. Art. 82. O art. 3° da Lei n° 8.009, de 29 de março de 1990,
3° No caso do inciso I do art. 52, a contestação deverá tra- passa a vigorar acrescido do seguinte inciso VII:
zer prova da determinação do Poder Público ou relatório Art. 3° .........................................
pormenorizado das obras a serem realizadas e da estimati- VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em con-
va de valorização que sofrerá o imóvel, assinado por enge- trato de locação.
nheiro devidamente habilitado. Art. 83. Ao art. 24 da Lei n° 4.591, de 16 de dezembro de
4° Na contestação, o locador, ou sublocador, poderá pedir, 1964 fica acrescido o seguinte § 4°:
ainda, a fixação de aluguel provisório, para vigorar a partir Art. 24. .........................................
do primeiro mês do prazo do contrato a ser renovado, não
4° Nas decisões da assembléia que envolvam despesas
excedente a oitenta por cento do pedido, desde que apre-
ordinárias do condomínio, o locatário poderá votar, caso o
sentados elementos hábeis para aferição do justo valor do
condômino locador a ela não compareça.
aluguel.
Art. 84. Reputam-se válidos os registros dos contratos de
5° Se pedido pelo locador, ou sublocador, a sentença pode-
locação de imóveis, realizados até a data da vigência desta
rá estabelecer periodicidade de reajustamento do aluguel
lei.
diversa daquela prevista no contrato renovando, bem como
Art. 85. Nas locações residenciais, é livre a convenção do
adotar outro indexador para reajustamento do aluguel.
aluguel quanto a preço, periodicidade e indexador de reajus-
Art. 73. Renovada a locação, as diferenças dos aluguéis
tamento, vedada a vinculação à variação do salário mínimo,
vencidos serão executadas nos próprios autos da ação e
variação cambial e moeda estrangeira:
pagas de uma só vez.
I dos imóveis novos, com habite-se concedido a partir da
Art. 74. Não sendo renovada a locação, o juiz fixará o prazo
entrada em vigor desta lei;
de até seis meses após o trânsito em julgado da sentença
para desocupação, se houver pedido na contestação. II - dos demais imóveis não enquadrados no inciso anterior,
em relação aos contratos celebrados, após cinco anos de
Art. 75. Na hipótese do inciso III do art. 72, a sentença fixa-
entrada em vigor desta lei.
rá desde logo a indenização devida ao locatário em conse-
Art. 86. O art. 8° da Lei n° 4.380, de 21 de agosto de 1964
qüência da não prorrogação da locação, solidariamente
devida pelo locador e o proponente. passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 8° O sistema financeiro da habitação, destinado a facili-
TÍTULO III DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS tar e promover a construção e a aquisição da casa própria
Art. 76. Não se aplicam as disposições desta lei aos pro- ou moradia, especialmente pelas classes de menor renda
cessos em curso. da população, será integrado.
Art. 77. Todas as locações residenciais que tenham sido Art. 87. (VETADO).
celebradas anteriormente à vigência desta lei serão automa- Art. 88. (VETADO).
ticamente prorrogadas por tempo indeterminado, ao término Art. 89. Esta lei entrará em vigor sessenta dias após a sua
do prazo ajustado no contrato.
publicação.
Art. 78. As locações residenciais que tenham sido celebra-
Art. 90. Revogam-se as disposições em contrário, especi-
das anteriormente à vigência desta lei e que já vigorem ou
almente:
venham a vigorar por prazo indeterminado, poderão ser
I - o Decreto n° 24.150, de 20 de abril de 1934;
denunciadas pelo locador, concedido o prazo de doze me-
ses para a desocupação. II - a Lei n° 6.239, de 19 de setembro de 1975;
Parágrafo único. Na hipótese de ter havido revisão judicial III - a Lei n° 6.649, de 16 de maio de 1979;
ou amigável do aluguel, atingindo o preço do mercado, a IV - a Lei n° 6.698, de 15 de outubro de 1979;
denúncia somente poderá ser exercitada após vinte e quatro V - a Lei n° 7.355, de 31 de agosto de 1985;
meses da data da revisão, se esta ocorreu nos doze meses VI - a Lei n° 7.538, de 24 de setembro de 1986;
anteriores à data da vigência desta lei. VII - a Lei n° 7.612, de 9 de julho de 1987; e

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VIII - a Lei n° 8.157, de 3 de janeiro de 1991. Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
Brasília, 18 de outubro de 1991; 170° da Independência e público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às comina-
103° da República. ções desta lei até o limite do valor da herança.
FERNANDO COLLOR CAPÍTULO II DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Seção I Dos Atos de Improbidade Administrativa que
LEI N° 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 Importam Enriquecimento Ilícito
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa impor-
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públi- tando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vanta-
cos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de gem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
mandato, cargo, emprego ou função na administração mandato, função, emprego ou atividade nas entidades men-
pública direta, indireta ou fundacional e dá outras pro- cionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
vidências. I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou
presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que
possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão de-
CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
corrente das atribuições do agente público;
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
agente público, servidor ou não, contra a administração facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou
direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referi-
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de das no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja con- facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou
corrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior
patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma ao valor de mercado;
desta Lei.
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máqui-
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades nas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de
desta lei os atos de improbidade praticados contra o patri- propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mônio de entidade que receba subvenção, benefício ou mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como servidores públicos, empregados ou terceiros contratados
daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concor- por essas entidades;
rido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a
direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de
sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribu-
jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando,
ição dos cofres públicos.
de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, promessa de tal vantagem;
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contrata-
direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição
ção ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço,
mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencio-
ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou caracte-
nadas no artigo anterior.
rística de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das
Art. 3° As disposições desta Lei são aplicáveis, no que cou- entidades mencionadas no art. 1° desta Lei;
ber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de man-
ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se
dato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer
beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia
patrimônio ou à renda do agente público;
são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídi-
trato dos assuntos que lhe são afetos.
ca que tenha interesse suscetível de ser atingido ou ampa-
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou
rado por ação ou omissão decorrente das atribuições do
omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar- agente público, durante a atividade;
se-á o integral ressarcimento do dano.
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libe-
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente ração ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acresci-
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
dos ao seu patrimônio.
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patri- ou declaração a que esteja obrigado;
mônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
autoridade administrativa responsável pelo inquérito repre-
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial
sentar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
bens do indiciado.
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o ca-
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
put deste artigo recairá sobre bens que assegurem o inte-
mencionadas no art. 1° desta lei.
gral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimo-
nial resultante do enriquecimento ilícito.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
Lemos & Cruz – Livraria e Editora
Seção II Dos Atos de Improbidade Administrativa que III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
Causam Prejuízo ao Erário razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que IV - negar publicidade aos atos oficiais;
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou V - frustrar a licitude de concurso público;
culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das lo;
entidades referidas no art. 1° desta lei, e notada-mente: VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorpo- terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de me-
ração ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, dida política ou econômica capaz de afetar o preço de mer-
de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo cadoria, bem ou serviço.
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei; CAPÍTULO III DAS PENAS
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes administrativas, previstas na legislação específica, está o
do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
desta lei, sem a observância das formalidades legais ou cominações:
regulamentares aplicáveis à espécie; I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acres-
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente des- cidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do
personalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, dano, quando houver, perda da função pública, suspensão
bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de
das entidades mencionadas no art. 1° desta Lei, sem obser- multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimoni-
vância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis al e proibição de contratar com o Poder Público ou receber
à espécie; benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indi-
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de retamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
referidas no art. 1° desta lei, ou ainda a prestação de servi- II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano,
ço por parte delas, por preço inferior ao de mercado; perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patri-
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de mônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
bem ou serviço por preço superior ao de mercado; pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito
VI - realizar operação financeira sem observância das nor- anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do
mas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente dano e proibição de contratar com o Poder Público ou rece-
ou inidônea; ber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a ob- indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica
servância das formalidades legais ou regulamentares apli- da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
cáveis à espécie; III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano,
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos
indevida-mente; políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não auto- até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo a-
rizadas em lei ou regulamento; gente e proibição de contratar com o Poder Público ou re-
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou ren- ceber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
da, bem como no que diz respeito à conservação do patri- ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídi-
mônio público; ca da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim
aplicação irregular; como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri- CAPÍTULO IV DA DECLARAÇÃO DE BENS
queça ilicitamente; Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam con-
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, dicionados à apresentação de declaração dos bens e valo-
veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer res que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser
natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das arquivada no serviço de pessoal competente.
entidades mencionadas no art. 1° desta Lei, bem como o § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semo-
trabalho de servidor público, empregados ou terceiros con- ventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de
tratados por essas entidades. bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exteri-
Seção III Dos Atos de Improbidade Administrativa que or, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores patri-
Atentam Contra os Princípios da Administração Pública moniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que pessoas que vivam sob a dependência econômica do decla-
atenta contra os princípios da administração pública qual- rante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso do-
quer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, méstico.
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e no- § 2° A declaração de bens será anualmente atualizada e na
tadamente: data em que o agente público deixar o exercício do manda-
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou to, cargo, emprego ou função.
diverso daquele previsto, na regra de competência; § 3° Será punido com a pena de demissão, a bem do servi-
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o a-
ofício;

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
Lemos & Cruz – Livraria e Editora
gente público que se recusar a prestar declaração dos bens, § 5° A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo
dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa. para todas as ações posteriormente intentadas que possu-
§ 4° O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da am a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.(Incluído
declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Re- pela Medida Provisória n° 2.180-34, de 24.8.2001).
ceita Federal na conformidade da legislação do Imposto § 6° A ação será instruída com documentos ou justificação
sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as que contenham indícios suficientes da existência do ato de
necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no improbidade ou com razões fundamentadas da impossibili-
caput e no § 2° deste artigo. dade de apresentação de qualquer dessas provas, observa-
CAPÍTULO V DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PRO- da a legislação vigente, inclusive as disposições inscritas
CESSO JUDICIAL nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil. (redação da
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade pela Medida Provisória n° 2.225-45, de 4.9.2001).
administrativa competente para que seja instaurada investi- § 7° Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará au-
gação destinada a apurar a prática de ato de improbidade. tuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer
§ 1° A representação, que será escrita ou reduzida a termo manifestação por escrito, que poderá ser instruída com
e assinada, conterá a qualificação do representante, as documentos e justificações, dentro do prazo de quinze di-
informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das as.(redação da pela Medida Provisória n° 2.225-45, de
provas de que tenha conhecimento. 4.9.2001).
§ 2° A autoridade administrativa rejeitará a representação, § 8° Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta
em despacho fundamentado, se esta não contiver as forma- dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se con-
lidades estabelecidas no § 1° deste artigo. A rejeição não vencido da inexistência do ato de improbidade, da improce-
impede a representação ao Ministério Público, nos termos dência da ação ou da inadequação da via eleita.(redação da
do art. 22 desta lei. pela Medida Provisória n° 2.225-45, de 4.9.2001).
§ 3° Atendidos os requisitos da representação, a autoridade § 9° Recebida a petição inicial, será o réu citado para apre-
determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tra- sentar contestação.(redação da pela Medida Provisória n°
tando de servidores federais, será processada na forma 2.225-45, de 4.9.2001).
prevista nos arts. 148 a 182 da Lei n° 8.112, de 11 de de- § 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agra-
zembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de vo de instrumento.(redação da pela Medida Provisória n°
acordo com os respectivos regulamentos disciplinares. 2.225-45, de 4.9.2001).
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao § 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inade-
Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da quação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o proces-
existência de procedimento administrativo para apurar a so sem julgamento do mérito.(redação da pela Medida Pro-
prática de ato de improbidade. visória n° 2.225-45, de 4.9.2001).
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Con- § 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas
selho de Contas poderá, a requerimento, designar represen- nos processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221,
tante para acompanhar o procedimento administrativo. caput e § 1º, do Código de Processo Penal.(redação da pela
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a Medida Provisória n° 2.225-45, de 4.9.2001).
comissão representará ao Ministério Público ou à procura- Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de re-
doria do órgão para que requeira ao juízo competente a paração de dano ou decretar a perda dos bens havidos
decretação do seqüestro dos bens do agente ou terceiro ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos
que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudi-
patrimônio público. cada pelo ilícito.
§ 1° O pedido de seqüestro será processado de acordo com CAPÍTULO VI DAS DISPOSIÇÕES PENAIS
o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil. Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbi-
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o dade contra agente público ou terceiro beneficiá-rio, quando
exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações o autor da denúncia o sabe inocente.
financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos Pena -: detenção de seis a dez meses e multa.
da lei e dos tratados internacionais. Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será pro- está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais,
posta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica inte- morais ou à imagem que houver provocado.
ressada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cau- Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direi-
telar. tos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
§ 1° É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações sentença condenatória.
de que trata o caput. Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa
§ 2° A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as competente poderá determinar o afastamento do agente
ações necessárias à complementação do ressarcimento do público do exercício do cargo, emprego ou função, sem
patrimônio público. prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer neces-
§ 3° No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Mi- sária à instrução processual.
nistério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3º Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei inde-
do art. 6º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965.(redação pende:
dada pela Lei n° 9.366, de 16.12.1996). I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público;
§ 4° O Ministério Público, se não intervir no processo como II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de con-
parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena trole interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
de nulidade.

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Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o
Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade conhecimento do respectivo recurso, suspender, em despa-
administrativa ou mediante representação formulada de cho fundamentado, a execução da liminar nas ações movi-
acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar a instau- das contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento
ração de inquérito policial ou procedimento administrativo. do Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito público
CAPÍTULO VII DA PRESCRIÇÃO interessada, em caso de manifesto interesse público ou de
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à
previstas nesta lei podem ser propostas: saúde, à segurança e à economia públicas.
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, § 1° Aplica-se o disposto neste artigo à sentença proferida
de cargo em comissão ou de função de confiança; em processo de ação cautelar inominada, no processo de
ação popular e na ação civil pública, enquanto não transita-
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica
da em julgado.
para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do
serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou § 2° O presidente do tribunal poderá ouvir o autor e o Minis-
emprego. tério Público, em 72 horas. (Medida Provisória n° 2,180-35,
CAPÍTULO VIII DAS DISPOSIÇÕES FINAIS de 24.8.2001).
§ 3° Do despacho que conceder ou negar a suspensão,
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. caberá agravo, no prazo de cinco dias e será levado a jul-
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho gamento na sessão seguinte a sua interposição. (redação
de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais dada pela Medida Provisória n° 2.180-35, de 24.8.2001).
disposições em contrário. § 4° Se do julgamento do agravo de que trata o § 3° resultar
Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência a manutenção ou o restabelecimento da decisão que se
e 104° da República. pretende suspender, caberá novo pedido de suspensão ao
FERNANDO COLLOR Presidente do Tribunal competente para conhecer de even-
tual recurso especial ou extraordinário.
LEI N° 8.437, DE 30 DE JUNHO DE 1992 § 5° É cabível também o pedido de suspensão a que se
refere o § 4°, quando negado provimento a agravo de ins-
Dispõe sobre a concessão de medidas cautelares con- trumento interposto contra a liminar a que se refere este
tra atos do Poder Público e dá outras providências. artigo.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- § 6° A interposição do agravo de instrumento contra liminar
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: concedida nas ações movidas contra o Poder Público e
Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do Po- seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do
der Público, no procedimento cautelar ou em quaisquer pedido de suspensão a que se refere este artigo.
outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez § 7° O Presidente do Tribunal poderá conferir ao pedido
que providência semelhante não puder ser concedida em efeito suspensivo liminar, se constatar, em juízo prévio, a
ações de mandado de segurança, em virtude de vedação plausibilidade do direito invocado e a urgência na conces-
legal. são da medida.
§ 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida § 8° As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser sus-
cautelar inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato pensas em uma única decisão, podendo o Presidente do
de autoridade sujeita, na via de mandado segurança, à Tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares su-
competência originária de tribunal. pervenientes, mediante simples aditamento do pedido origi-
§ 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos nal.
processos de ação popular e de ação civil pública. § 9° A suspensão deferida pelo Presidente do Tribunal vigo-
§ 3° Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou rará até o trânsito em julgado da decisão de mérito na ação
em qualquer parte, o objeto da ação. principal.
Art. 5° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
§ 4° Nos casos em que cabível medida liminar, sem prejuízo
da comunicação ao dirigente do órgão ou entidade, o res- Art. 6° Revogam-se as disposições em contrário.
pectivo representante judicial dela será imediatamente inti- Brasília, 30 de junho de 1992; 171° da Independência e
mado. (acrescido pela Medida Provisória n° 2.180-35, de 104° da República
24.8.2001). FERNANDO COLLOR
§ 5° Não será cabível medida liminar que defira compensa-
ção de créditos tributários ou previdenciários. (acrescido LEI N° 8.560, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1992
pela Medida Provisória n° 2.180-35, de 24.8.2001).
Art. 2° No mandado de segurança coletivo e na ação civil Regula a investigação de paternidade dos filhos havi-
pública, a liminar será concedida, quando cabível, após a dos fora do casamento e dá outras providências.
audiência do representante judicial da pessoa jurídica de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
direito público, que deverá se pronunciar no prazo de seten- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
ta e duas horas . Art. 1° O reconhecimento dos filhos havidos fora do casa-
Art. 3° O recurso voluntário ou ex officio, interposto contra mento é irrevogável e será feito:
sentença em processo cautelar, proferida contra pessoa
I - no registro de nascimento;
jurídica de direito público ou seus agentes, que importe em
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado
outorga ou adição de vencimentos ou de reclassificação
em cartório;
funcional, terá efeito suspensivo.
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;

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IV - por manifestação expressa e direta perante o juiz, ainda Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Fede-
que o reconhecimento não haja sido o objeto único e princi- ral, institui normas para licitações e contratos da Admi-
pal do ato que o contém. nistração Pública e dá outras providências.
Art. 2° Em registro de nascimento de menor apenas com a O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
maternidade estabelecida, o oficial remeterá ao juiz certidão gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
integral do registro e o nome e prenome, profissão, identi-
dade e residência do suposto pai, a fim de ser averiguada CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
oficiosamente a procedência da alegação.
Seção I Dos Princípios
§ 1° O juiz, sempre que possível, ouvirá a mãe sobre a pa-
ternidade alegada e mandará, em qualquer caso, notificar o Art. 1° Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e
suposto pai, independente de seu estado civil, para que se contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, in-
manifeste sobre a paternidade que lhe é atribuída. clusive de publicidade, compras, alienações e locações no
§ 2° O juiz, quando entender necessário, determinará que a âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
diligência seja realizada em segredo de justiça. deral e dos Municípios.
§ 3° No caso do suposto pai confirmar expressamente a Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além
paternidade, será lavrado termo de reconhecimento e reme- dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as
tida certidão ao oficial do registro, para a devida averbação. autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas,
§ 4° Se o suposto pai não atender no prazo de trinta dias a as sociedades de economia mista e demais entidades con-
notificação judicial, ou negar a alegada paternidade, o juiz troladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distri-
remeterá os autos ao representante do Ministério Público to Federal e Municípios.
para que intente, havendo elementos suficientes, a ação de Art. 2° As obras, serviços, inclusive de publicidade, com-
investigação de paternidade. pras, alienações, concessões, permissões e locações da
§ 5° A iniciativa conferida ao Ministério Público não impede Administração Pública, quando contratadas com terceiros,
a quem tenha legítimo interesse de intentar investigação, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas
visando a obter o pretendido reconhecimento da paternida- as hipóteses previstas nesta Lei.
de. Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se con-
Art. 3° É vedado legitimar e reconhecer filho na ata do ca- trato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da
samento. Administração Pública e particulares, em que haja um acor-
do de vontades para a formação de vínculo e a estipulação
Parágrafo único. É ressalvado o direito de averbar altera-
de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utili-
ção do patronímico materno, em decorrência do casamento,
zada.
no termo de nascimento do filho.
Art. 3° A licitação destina-se a garantir a observância do
Art. 4° O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu
princípio constitucional da isonomia e a selecionar a propos-
consentimento.
ta mais vantajosa para a Administração e será processada e
Art. 5° No registro de nascimento não se fará qualquer refe-
julgada em estrita conformidade com os princípios básicos
rência à natureza da filiação, à sua ordem em relação a
da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igual-
outros irmãos do mesmo prenome, exceto gêmeos, ao lugar
dade, da publicidade, da probidade administrativa, da vincu-
e cartório do casamento dos pais e ao estado civil destes. lação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e
Art. 6° Das certidões de nascimento não constarão indícios dos que lhes são correlatos.
de a concepção haver sido decorrente de relação extracon-
§ 1° É vedado aos agentes públicos:
jugal.
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação,
§ 1° Não deverá constar, em qualquer caso, o estado civil
cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou
dos pais e a natureza da filiação, bem como o lugar e cartó-
frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferên-
rio do casamento, proibida referência à presente lei.
cias ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou
§ 2° São ressalvadas autorizações ou requisições judiciais domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância
de certidões de inteiro teor, mediante decisão fundamenta- impertinente ou irrelevante para o específico objeto do con-
da, assegurados os direitos, as garantias e interesses rele- trato;
vantes do registrado.
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comer-
Art. 7° Sempre que na sentença de primeiro grau se reco- cial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra,
nhecer a paternidade, nela se fixarão os alimentos provisio- entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que
nais ou definitivos do reconhecido que deles necessite. se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos,
Art. 8° Os registros de nascimento, anteriores à data da mesmo quando envolvidos financiamentos de agências
presente Lei, poderão ser retificados por decisão judicial, internacionais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte
ouvido o Ministério Público. e no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991.
Art. 9° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. § 2° Em igualdade de condições, como critério de desempa-
Art. 10. São revogados os arts. 332, 337 e 347 do Código te, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens
Civil e demais disposições em contrário. (refere-se ao Códi- e serviços:
go Civil de 1916). I - produzidos ou prestados por empresas brasileiras de
Brasília, 29 de dezembro de 1992; 171° da Independência e capital nacional;
104° da República. II - produzidos no País;
Itamar Franco III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
§ 3° A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessí-
LEI N° 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993 veis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto
ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.

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Art. 4° Todos quantos participem de licitação promovida b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a
pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1° têm execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades
direito público subjetivo à fiel observância do pertinente determinadas;
procedimento estabelecido nesta Lei, podendo qualquer c) (VETADO).
cidadão acompanhar o seu desenvolvimento, desde que d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para pequenos
não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de
dos trabalhos. materiais;
Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nesta e) empreitada integral - quando se contrata um empreendi-
Lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado mento em sua integralidade, compreendendo todas as eta-
em qualquer esfera da Administração Pública. pas das obras, serviços e instalações necessárias, sob intei-
Art. 5° Todos os valores, preços e custos utilizados nas ra responsabilidade da contratada até a sua entrega ao
licitações terão como expressão monetária a moeda corren- contratante em condições de entrada em operação, atendi-
te nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta Lei, de- dos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em
vendo cada unidade da Administração, no pagamento das condições de segurança estrutural e operacional e com as
obrigações relativas ao fornecimento de bens, locações, características adequadas às finalidades para que foi con-
realização de obras e prestação de serviços, obedecer, para tratada;
cada fonte diferenciada de recursos, a estrita ordem crono- IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e
lógica das datas de suas exigibilidades, salvo quando pre- suficientes, com nível de precisão adequado, para caracteri-
sentes relevantes razões de interesse público e mediante zar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços
prévia justificativa da autoridade competente, devidamente objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos
publicada. estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade
§ 1° Os créditos a que se refere este artigo terão seus valo- técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
res corrigidos por critérios previstos no ato convocatório e empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da
que lhes preservem o valor. obra e a definição dos métodos e do prazo de execução,
§ 2° A correção de que trata o parágrafo anterior cujo pa- devendo conter os seguintes elementos:
gamento será feito junto com o principal, correrá à conta das a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a forne-
mesmas dotações orçamentárias que atenderam aos crédi- cer visão global da obra e identificar todos os seus elemen-
tos a que se referem. (Redação dada pela Lei n° 8.883, de tos constitutivos com clareza;
8.6.1994). b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente
§ 3° Observados o disposto no caput, os pagamentos de- detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de refor-
correntes de despesas cujos valores não ultrapassem o mulação ou de variantes durante as fases de elaboração do
limite de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do que projeto executivo e de realização das obras e montagem;
dispõe seu parágrafo único, deverão ser efetuados no prazo c) identificação dos tipos de serviços a executar e de mate-
de até 5 (cinco) dias úteis, contados da apresentação da riais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas
fatura. (Incluído pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998). especificações que assegurem os melhores resultados para
Seção II Das Definições o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a
Art. 6° Para os fins desta Lei, considera-se: sua execução;
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de
ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta; métodos construtivos, instalações provisórias e condições
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competi-
utilidade de interesse para a Administração, tais como: de- tivo para a sua execução;
molição, conserto, instalação, montagem, operação, con- e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão
servação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia
locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico- de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados
profissionais; necessários em cada caso;
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para for- f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamen-
necimento de uma só vez ou parceladamente; tado em quantitativos de serviços e fornecimentos propria-
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens a mente avaliados;
terceiros; X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos necessá-
V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas rios e suficientes à execução completa da obra, de acordo
cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes com as normas pertinentes da Associação Brasileira de
o limite estabelecido na alínea “c” do inciso I do art. 23 desta Normas Técnicas - ABNT;
Lei; XI - Administração Pública - a administração direta e indireta
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cumpri- da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
mento das obrigações assumidas por empresas em licita- abrangendo inclusive as entidades com personalidade jurí-
ções e contratos; dica de direito privado sob controle do poder público e das
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e entida- fundações por ele instituídas ou mantidas;
des da Administração, pelos próprios meios; XII - Administração - órgão, entidade ou unidade administra-
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade contrata tiva pela qual a Administração Pública opera e atua concre-
com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes: (Reda- tamente;
ção dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação da Ad-
a) empreitada por preço global - quando se contrata a exe- ministração Pública, sendo para a União o Diário Oficial da
cução da obra ou do serviço por preço certo e total; União, e, para os Estados, o Distrito Federal e os Municí-

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pios, o que for definido nas respectivas leis; (Redação dada § 8° Qualquer cidadão poderá requerer à Administração
pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). Pública os quantitativos das obras e preços unitários de
XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do ins- determinada obra executada.
trumento contratual; § 9° O disposto neste artigo aplica-se também, no que cou-
XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária de ber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de licitação.
contrato com a Administração Pública; Art. 8° A execução das obras e dos serviços deve progra-
XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial, criada mar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus custos
pela Administração com a função de receber, examinar e atual e final e considerados os prazos de sua execução.
julgar todos os documentos e procedimentos relativos às Parágrafo único. É proibido o retardamento imotivado da
licitações e ao cadastramento de licitantes. execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, se exis-
Seção III Das Obras e Serviços tente previsão orçamentária para sua execução total, salvo
Art. 7° As licitações para a execução de obras e para a insuficiência financeira ou comprovado motivo de ordem
prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo técnica, justificados em despacho circunstanciado da autori-
e, em particular, à seguinte seqüência: dade a que se refere o art. 26 desta Lei. (Incluído pela Lei
n° 8.883, de 8.6.1994).
I - projeto básico;
Art. 9° Não poderá participar, direta ou indiretamente, da
II - projeto executivo;
licitação ou da execução de obra ou serviço e do forneci-
III - execução das obras e serviços.
mento de bens a eles necessários:
§ 1° A execução de cada etapa será obrigatoriamente pre-
I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou
cedida da conclusão e aprovação, pela autoridade compe-
jurídica;
tente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, à exce-
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável
ção do projeto executivo, o qual poderá ser desenvolvido
pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o
concomitantemente com a execução das obras e serviços,
autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou deten-
desde que também autorizado pela Administração.
tor de mais de 5% (cinco por cento) do capital com direito a
§ 2° As obras e os serviços somente poderão ser licitados voto ou controlador, responsável técnico ou subcontratado;
quando:
III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante
I - houver projeto básico aprovado pela autoridade compe- ou responsável pela licitação.
tente e disponível para exame dos interessados em partici-
§ 1° É permitida a participação do autor do projeto ou da
par do processo licitatório;
empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na licitação
II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem de obra ou serviço, ou na execução, como consultor ou
a composição de todos os seus custos unitários; técnico, nas funções de fiscalização, supervisão ou gerenci-
III - houver previsão de recursos orçamentários que assegu- amento, exclusivamente a serviço da Administração interes-
rem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou sada.
serviços a serem executadas no exercício financeiro em
§ 2° O disposto neste artigo não impede a licitação ou con-
curso, de acordo com o respectivo cronograma;
tratação de obra ou serviço que inclua a elaboração de pro-
IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas jeto executivo como encargo do contratado ou pelo preço
estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da previamente fixado pela Administração.
Constituição Federal, quando for o caso.
§ 3° Considera-se participação indireta, para fins do dispos-
§ 3° É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção de to neste artigo, a existência de qualquer vínculo de natureza
recursos financeiros para sua execução, qualquer que seja técnica, comercial, econômica, financeira ou trabalhista
a sua origem, exceto nos casos de empreendimentos exe- entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica, e o licitan-
cutados e explorados sob o regime de concessão, nos ter- te ou responsável pelos serviços, fornecimentos e obras,
mos da legislação específica. incluindo-se os fornecimentos de bens e serviços a estes
§ 4° É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação, de necessários.
fornecimento de materiais e serviços sem previsão de quan- § 4° O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos mem-
tidades ou cujos quantitativos não correspondam às previ- bros da comissão de licitação.
sões reais do projeto básico ou executivo. Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas
§ 5° É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua seguintes formas:
bens e serviços sem similaridade ou de marcas, caracterís- I - execução direta;
ticas e especificações exclusivas, salvo nos casos em que
II - execução indireta, nos seguintes regimes: (Redação
for tecnicamente justificável, ou ainda quando o fornecimen-
dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
to de tais materiais e serviços for feito sob o regime de ad-
ministração contratada, previsto e discriminado no ato con- a) empreitada por preço global;
vocatório. b) empreitada por preço unitário;
§ 6° A infringência do disposto neste artigo implica a nulida- c) (VETADO).
de dos atos ou contratos realizados e a responsabilidade de d) tarefa;
quem lhes tenha dado causa. e) empreitada integral.
§ 7° Não será ainda computado como valor da obra ou ser- Parágrafo único. (VETADO).
viço, para fins de julgamento das propostas de preços, a Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos fins
atualização monetária das obrigações de pagamento, desde terão projetos padronizados por tipos, categorias ou clas-
a data final de cada período de aferição até a do respectivo ses, exceto quando o projeto-padrão não atender às condi-
pagamento, que será calculada pelos mesmos critérios ções peculiares do local ou às exigências específicas do
estabelecidos obrigatoriamente no ato convocatório. empreendimento.

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Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de obras V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos
e serviços serão considerados principalmente os seguintes e entidades da Administração Pública.
requisitos: § 1° O registro de preços será precedido de ampla pesquisa
I - segurança; de mercado.
II - funcionalidade e adequação ao interesse público; § 2° Os preços registrados serão publicados trimestralmente
III - economia na execução, conservação e operação; para orientação da Administração, na imprensa oficial.
IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, materiais, § 3° O sistema de registro de preços será regulamentado
tecnologia e matérias-primas existentes no local para exe- por decreto, atendidas as peculiaridades regionais, obser-
cução, conservação e operação; vadas as seguintes condições:
V - facilidade na execução, conservação e operação, sem I - seleção feita mediante concorrência;
prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço; II - estipulação prévia do sistema de controle e atualização
VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de segurança dos preços registrados;
do trabalho adequadas; (Redação dada pela Lei n° 8.883, III - validade do registro não superior a um ano.
de 8.6.1994). § 4° A existência de preços registrados não obriga a Admi-
VII - impacto ambiental. nistração a firmar as contratações que deles poderão advir,
Seção IV Dos Serviços Técnicos Profissionais Especia- ficando-lhe facultada a utilização de outros meios, respeita-
lizados da a legislação relativa às licitações, sendo assegurado ao
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços téc- beneficiário do registro preferência em igualdade de condi-
nicos profissionais especializados os trabalhos relativos a: ções.
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou § 5° O sistema de controle originado no quadro geral de
executivos; preços, quando possível, deverá ser informatizado.
II - pareceres, perícias e avaliações em geral; § 6° Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar preço
constante do quadro geral em razão de incompatibilidade
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias finan-
desse com o preço vigente no mercado.
ceiras ou tributárias; (Redação dada pela Lei n° 8.883, de
8.6.1994). § 7° Nas compras deverão ser observadas, ainda:
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem
serviços; indicação de marca;
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrati- II - a definição das unidades e das quantidades a serem
vas; adquiridas em função do consumo e utilização prováveis,
cuja estimativa será obtida, sempre que possível, mediante
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
adequadas técnicas quantitativas de estimação;
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
III - as condições de guarda e armazenamento que não
§ 1° Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os
permitam a deterioração do material.
contratos para a prestação de serviços técnicos profissio-
§ 8° O recebimento de material de valor superior ao limite
nais especializados deverão, preferencialmente, ser cele-
estabelecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade de
brados mediante a realização de concurso, com estipulação
convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no míni-
prévia de prêmio ou remuneração.
mo, 3 (três) membros.
§ 2° Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica-se,
Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em órgão de
no que couber, o disposto no art. 111 desta Lei.
divulgação oficial ou em quadro de avisos de amplo acesso
§ 3° A empresa de prestação de serviços técnicos especia-
público, à relação de todas as compras feitas pela Adminis-
lizados que apresente relação de integrantes de seu corpo tração Direta ou Indireta, de maneira a clarificar a identifica-
técnico em procedimento licitatório ou como elemento de ção do bem comprado, seu preço unitário, a quantidade
justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação, ficará
adquirida, o nome do vendedor e o valor total da operação,
obrigada a garantir que os referidos integrantes realizem
podendo ser aglutinadas por itens as compras feitas com
pessoal e diretamente os serviços objeto do contrato. dispensa e inexigibilidade de licitação. (Redação dada pela
Seção V Das Compras Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada carac- Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos
terização de seu objeto e indicação dos recursos orçamen- casos de dispensa de licitação previstos no inciso IX do art.
tários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e 24. (Incluído pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
responsabilidade de quem lhe tiver dado causa. Seção VI Das Alienações
Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública,
I - atender ao princípio da padronização, que imponha com- subordinada à existência de interesse público devidamente
patibilidade de especificações técnicas e de desempenho, justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
observadas, quando for o caso, as condições de manuten- seguintes normas:
ção, assistência técnica e garantia oferecidas; I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa
II - ser processadas através de sistema de registro de pre- para órgãos da administração direta e entidades autárquicas
ços; e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraes-
III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento tatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na mo-
semelhantes às do setor privado; dalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessá- casos:
rias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando a) dação em pagamento;
economicidade;

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b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou por hipoteca em segundo grau em favor do doador. (Incluído
entidade da Administração Pública, de qualquer esfera do pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
governo; § 6° Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no
constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; art. 23, inciso II, alínea “b” desta Lei, a Administração pode-
d) investidura; rá permitir o leilão. (Incluído pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
e) venda a outro órgão ou entidade da administração públi- Art. 18. Na concorrência para a venda de bens imóveis, a
ca, de qualquer esfera do governo; (Inlcluída pela Lei n° fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do recolhi-
8.883, de 8.6.1994). mento de quantia correspondente a 5% (cinco por cento) da
f) alienação, concessão de direito real de uso, locação ou avaliação.
permissão de uso de bens imóveis construídos e destinados Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja
ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habita- aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de
cionais de interesse social, por órgãos ou entidades da ad- dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da
ministração pública especificamente criados para esse fim; autoridade competente, observadas as seguintes regras:
(Inlcluída pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). I - avaliação dos bens alienáveis;
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;
licitação, dispensada esta nos seguintes casos: III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de concorrência ou leilão. (Redação dada pela Lei n° 8.883, de
interesse social, após avaliação de sua oportunidade e con- 8.6.1994).
veniência sócio-econômica, relativamente à escolha de CAPÍTULO II DA LICITAÇÃO
outra forma de alienação; Seção I Das Modalidades, Limites e Dispensa
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou enti-
Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se situ-
dades da Administração Pública;
ar a repartição interessada, salvo por motivo de interesse
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa,
público, devidamente justificado.
observada a legislação específica;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá a
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
habilitação de interessados residentes ou sediados em ou-
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos tros locais.
ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das
finalidades;
concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou leilões, embora realizados no local da repartição interessa-
entidades da Administração Pública, sem utilização previsí- da, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo,
vel por quem deles dispõe. por uma vez: (Redação dada pela Lei n° 8.883, de
§ 1° Os imóveis doados com base na alínea “b” do inciso I 8.6.1994).
deste artigo, cessadas as razões que justificaram a sua I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação
doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doado- feita por órgão ou entidade da Administração Pública Fede-
ra, vedada a sua alienação pelo beneficiário. ral e, ainda, quando se tratar de obras financiadas parcial ou
§ 2° A Administração poderá conceder direito real de uso de totalmente com recursos federais ou garantidas por institui-
bens imóveis, dispensada licitação, quando o uso se destina ções federais; (Redação dada pela Lei n° 8.883, de
a outro órgão ou entidade da Administração Pública. 8.6.1994).
§ 3° Entende-se por investidura, para os fins desta Lei: II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quan-
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área do se tratar, respectivamente, de licitação feita por órgão ou
remanescente ou resultante de obra pública, área esta que entidade da Administração Pública Estadual ou Municipal,
se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca infe- ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Lei n° 8.883, de
rior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% 8.6.1994).
(cinqüenta por cento) do valor constante da alínea “a” do III - em jornal diário de grande circulação no Estado e tam-
inciso II do art. 23 desta Lei; (Incluído pela Lei n° 9.648, de bém, se houver, em jornal de circulação no Município ou na
27.5.1998). região onde será realizada a obra, prestado o serviço, for-
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na necido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Admi-
falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residen- nistração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros
ciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas hi- meios de divulgação para ampliar a área de competição.
drelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase (Redação dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
de operação dessas unidades e não integrem a categoria de § 1° O aviso publicado conterá a indicação do local em que
bens reversíveis ao final da concessão. (Incluído pela Lei n° os interessados poderão ler e obter o texto integral do edital
9.648, de 27.5.1998). e todas as informações sobre a licitação.
§ 4° A doação com encargo será licitada e de seu instru- § 2° O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da
mento constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo de realização do evento será:
seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de nuli- I - quarenta e cinco dias para: (Redação dada pela Lei n°
dade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de inte- 8.883, de 8.6.1994).
resse público devidamente justificado; (Redação dada pela
a) concurso;
Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contem-
§ 5° Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário
plar o regime de empreitada integral ou quando a licitação
necessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a
for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”;
cláusula de reversão e demais obrigações serão garantidas

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II - trinta dias para: (Redação dada pela Lei n° 8.883, de existirem cadastrados não convidados nas últimas licita-
8.6.1994). ções. (Redação dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea “b” § 7° Quando, por limitações do mercado ou manifesto de-
do inciso anterior; sinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo “melhor número mínimo de licitantes exigidos no § 3º deste artigo,
técnica” ou “técnica e preço”; essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas
III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não no processo, sob pena de repetição do convite.
especificados na alínea “b” do inciso anterior, ou leilão; (Re- § 8° É vedada a criação de outras modalidades de licitação
dação dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). ou a combinação das referidas neste artigo.
IV - cinco dias úteis para convite. (Redação dada pela Lei n° § 9° Na hipótese do parágrafo 2° deste artigo, a administra-
8.883, de 8.6.1994). ção somente poderá exigir do licitante não cadastrado os
§ 3° Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão documentos previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem
contados a partir da última publicação do edital resumido ou habilitação compatível com o objeto da licitação, nos termos
da expedição do convite, ou ainda da efetiva disponibilidade do edital. (Incluído pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
do edital ou do convite e respectivos anexos, prevalecendo Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os
a data que ocorrer mais tarde. (Redação dada pela Lei n° incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em fun-
8.883, de 8.6.1994). ção dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado
§ 4° Qualquer modificação no edital exige divulgação pela da contratação:
mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o I - para obras e serviços de engenharia:
prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestio- a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais);
na-velmente, a alteração não afetar a formulação das pro- (Redação dada pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998).
postas. b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e
Art. 22. São modalidades de licitação: quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei n° 9.648, de
I - concorrência; 27.5.1998).
II - tomada de preços; c) concorrência - acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e
III - convite; quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei n° 9.648, de
IV - concurso; 27.5.1998).
V - leilão. II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:
§ 1° Concorrência é a modalidade de licitação entre quais- a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); (Redação
quer interessados que, na fase inicial de habilitação prelimi- dada pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998).
nar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualifica- b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e
ção exigidos no edital para execução de seu objeto. cinqüenta mil reais); (Redação dada pela Lei n° 9.648, de
§ 2° Tomada de preços é a modalidade de licitação entre 27.5.1998).
interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e
todas as condições exigidas para cadastramento até o ter- cinqüenta mil reais). (Redação dada pela Lei n° 9.648, de
ceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, 27.5.1998).
observada a necessária qualificação. § 1° As obras, serviços e compras efetuadas pela adminis-
§ 3° Convite é a modalidade de licitação entre interessados tração serão divididas em tantas parcelas quantas se com-
do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, es- provarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-
colhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos
unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competi-
cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos de- tividade, sem perda da economia de escala. (Redação dada
mais cadastrados na correspondente especialidade que pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 § 2° Na execução de obras e serviços e nas compras de
(vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada
§ 4° Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou compra, há
interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou de corresponder licitação distinta, preservada a modalidade
artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração pertinente para a execução do objeto em licitação. (Reda-
aos vencedores, conforme critérios constantes de edital ção dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de § 3° A concorrência é a modalidade de licitação cabível,
45 (quarenta e cinco) dias. qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou
§ 5° Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer inte- alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19,
ressados para a venda de bens móveis inservíveis para a como nas concessões de direito real de uso e nas licitações
administração ou de produtos legalmente apreendidos ou internacionais, admitindo-se neste último caso, observados
penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista os limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão
no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ou entidade dispuser de cadastro internacional de fornece-
ao valor da avaliação. (Redação dada pela Lei n° 8.883, de dores ou o convite, quando não houver fornecedor do bem
8.6.1994). ou serviço no País. (Redação dada pela Lei n° 8.883, de
§ 6° Na hipótese do § 3° deste artigo, existindo na praça 8.6.1994).
mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convi- § 4° Nos casos em que couber convite, a Administração
te, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obriga- poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a
tório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto concorrência.

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§ 5° É vedada a utilização da modalidade “convite” ou “to- valor não superior ao constante do registro de preços, ou
mada de preços”, conforme o caso, para parcelas de uma dos serviços;
mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público
mesma natureza e no mesmo local que possam ser realiza- interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão
das conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório ou entidade que integre a Administração Pública e que te-
de seus valores caracterizar o caso de “tomada de preços” nha sido criado para esse fim específico em data anterior à
ou “concorrência”, respectivamente, nos termos deste arti- vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja com-
go, exceto para as parcelas de natureza específica que patível com o praticado no mercado; (Redação dada pela
possam ser executadas por pessoas ou empresas de espe- Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
cialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço. IX - quando houver possibilidade de comprometimento da
(Redação dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do
§ 6° As organizações industriais da Administração Federal Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão aos Nacional;
limites estabelecidos no inciso I deste artigo também para X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao aten-
suas compras e serviços em geral, desde que para a aquisi- dimento das finalidades precípuas da administração, cujas
ção de materiais aplicados exclusivamente na manutenção, necessidades de instalação e localização condicionem a
reparo ou fabricação de meios operacionais bélicos perten- sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor
centes à União. (Redação dada pela Lei n° 8.883, de de mercado, segundo avaliação prévia;(Redação dada pela
8.6.1994). Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
§ 7° Na compra de bens de natureza divisível e desde que XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou
não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual,
a cotação de quantidade inferior à demandada na licitação, desde que atendida a ordem de classificação da licitação
com vistas a ampliação da competitividade, podendo o edi- anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo
tal fixar quantitativo mínimo para preservar a economia de licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente
escala. (Incluído pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998). corrigido;
Art. 24. É dispensável a licitação: XII - nas compras de hortifrutigran-jeiros, pão e outros gêne-
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% ros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos
(dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do processos licitatórios correspondentes, realizadas direta-
artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mente com base no preço do dia; (Redação dada pela Lei
mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da n° 8.883, de 8.6.1994).
mesma natureza e no mesmo local que possam ser realiza- XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida re-
das conjunta e concomitante-mente; (Redação dada pela gimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do
Lei n° 9.648, de 27.5.1998). desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez recuperação social do preso, desde que a contratada dete-
por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso II do nha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha
artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta fins lucrativos;(Redação dada pela Lei n° 8.883, de
Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo 8.6.1994).
serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de
realizada de uma só vez; (Redação dada pela Lei n° 9.648, acordo internacional específico aprovado pelo Congresso
de 27.5.1998). Nacional, quando as condições ofertadas forem manifesta-
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; mente vantajosas para o Poder Público; (Redação dada
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
quando caracterizada urgência de atendimento de situação XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e
que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que
de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entida-
públicos ou particulares, e somente para os bens necessá- de.
rios ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários
e para as parcelas de obras e serviços que possam ser padronizados de uso da administração, e de edições técni-
concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias cas oficiais, bem como para prestação de serviços de infor-
consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da mática a pessoa jurídica de direito público interno, por ór-
emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos res- gãos ou entidades que integrem a Administração Pública,
pectivos contratos; criados para esse fim específico; (Incluído pela Lei n° 8.883,
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e de 8.6.1994).
esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem
para a Administração, mantidas, neste caso, todas as con- nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de e-
dições preestabelecidas; quipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico fornecedor original desses equipamentos, quando tal condi-
para regular preços ou normalizar o abastecimento; ção de exclusividade for indispensável para a vigência da
VII - quando as propostas apresentadas consignarem pre- garantia; (Incluído pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
ços manifestamente superiores aos praticados no mercado XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o
nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos ór- abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas
gãos oficiais competentes, casos em que, observado o pa- ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada
rágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, eventual de curta duração em portos, aeroportos ou locali-
será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por dades diferentes de suas sedes, por motivo de movimenta-

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ção operacional ou de adestramento, quando a exigüidade III - para contratação de profissional de qualquer setor artís-
dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os tico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde
propósitos das operações e desde que seu valor não exce- que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião
da ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 des- pública.
ta Lei: (Incluído pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). § 1° Considera-se de notória especialização o profissional
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade,
Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e ad- decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências,
ministrativo, quando houver necessidade de manter a pa- publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica,
dronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos ou de outros requisitos relacionados com suas atividades,
meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivel-
comissão instituída por decreto; (Incluído pela Lei n° 8.883, mente o mais adequado à plena satisfação do objeto do
de 8.6.1994). contrato.
XX - na contratação de associação de portadores de defici- § 2° Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de
ência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneida- dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem
de, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o
a prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público
desde que o preço contratado seja compatível com o prati- responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabí-
cado no mercado. (Incluído pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). veis.
XXI - Para a aquisição de bens destinados exclusivamente a Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2° e 4° do art. 17 e
pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos nos incisos III a XXIV do art. 24, as situações de inexigibili-
pela CAPES, FINEP, CNPq ou outras instituições de fomen- dade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o
to a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim espe- retardamento previsto no final do parágrafo único do art. 8º,
cífico. (Incluído pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998). deverão ser comunicados dentro de três dias a autoridade
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial,
energia elétrica e gás natural com concessionário, permis- no prazo de cinco dias, como condição para eficácia dos
sionário ou autorizado, segundo as normas da legislação atos. (Redação dada pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998).
específica; (Redação dada pela Lei n° 10.438, de Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilida-
26.4.2002). de ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído,
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou no que couber, com os seguintes elementos:
sociedade de economia mista com suas subsidiárias e con- I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa
troladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação que justifique a dispensa, quando for o caso;
ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
compatível com o praticado no mercado. (Incluído pela Lei III - justificativa do preço.
n° 9.648, de 27.5.1998). IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de ser- quais os bens serão alocados. (Incluído pela Lei n° 9.648,
viços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito de 27.5.1998).
das respectivas esferas de governo, para atividades con- Seção II Da Habilitação
templadas no contrato de gestão. (Incluído pela Lei n°
Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos
9.648, de 27.5.1998).
interessados, exclusivamente, documentação relativa a:
XXV - na contratação realizada por instituição científica e
I - habilitação jurídica;
tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transfe-
rência de tecnologia e para o licenciamento de direito de II - qualificação técnica;
uso ou de exploração de criação protegida. (Incluído pela lei III - qualificação econômico-financeira;
nº 10.973, de 2.12.2004). IV - regularidade fiscal.
Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II V - cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7° da
deste artigo, serão 20% (vinte por cento) para compras, Constituição Federal. (Incluído pela lei n° 9.854, de
obras e serviços contratados por sociedade de economia 27.10.1999).
mista e empresa pública, bem assim por autarquia e funda- Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica, con-
ção qualificadas, na forma da lei, como Agências Executi- forme o caso, consistirá em:
vas. (Redação dada pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998). I - cédula de identidade;
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade II - registro comercial, no caso de empresa individual;
de competição, em especial: III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor,
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros devidamente registrado, em se tratando de sociedades co-
que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou merciais, e, no caso de sociedades por ações, acompanha-
representante comercial exclusivo, vedada a preferência de do de documentos de eleição de seus administradores;
marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades
através de atestado fornecido pelo órgão de registro do civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício;
comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou
ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato de
Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; registro ou autorização para funcionamento expedido pelo
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no órgão competente, quando a atividade assim o exigir.
art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal, con-
empresas de notória especialização, vedada a inexigibili- forme o caso, consistirá em:
dade para serviços de publicidade e divulgação;

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I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) § 5° É vedada a exigência de comprovação de atividade ou
ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC); de aptidão com limitações de tempo ou de época ou ainda
II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual em locais específicos, ou quaisquer outras não previstas
ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do nesta Lei, que inibam a participação na licitação.
licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível § 6° As exigências mínimas relativas a instalações de can-
com o objeto contratual; teiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico especiali-
III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, zado, considerados essenciais para o cumprimento do obje-
Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou to da licitação, serão atendidas mediante a apresentação de
outra equivalente, na forma da lei; relação explícita e da declaração formal da sua disponibili-
IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao dade, sob as penas cabíveis, vedada as exigências de pro-
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demons- priedade e de localização prévia.
trando situação regular no cumprimento dos encargos soci- § 7° (VETADO).
ais instituídos por lei. (Redação dada pela Lei n° 8.883, de § 8° No caso de obras, serviços e compras de grande vulto,
8.6.1994). de alta complexidade técnica, poderá a Administração exigir
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica dos licitantes a metodologia de execução, cuja avaliação,
limitar-se-á a: para efeito de sua aceitação ou não, antecederá sempre à
I - registro ou inscrição na entidade profissional competente; análise dos preços e será efetuada exclusivamente por
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade critérios objetivos.
pertinente e compatível em características, quantidades e § 9° Entende-se por licitação de alta complexidade técnica
prazos com o objeto da licitação, e indicação das instala- aquela que envolva alta especialização, como fator de ex-
ções e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e trema relevância para garantir a execução do objeto a ser
disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem contratado, ou que possa comprometer a continuidade da
como da qualificação de cada um dos membros da equipe prestação de serviços públicos essenciais.
técnica que se responsabilizará pelos trabalhos; § 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins de
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que comprovação da capacitação técnico-profissional de que
recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou trata o inciso I do § 1º deste artigo deverão participar da
conhecimento de todas as informações e das condições obra ou serviço objeto da licitação, admitindo-se a substitui-
locais para o cumprimento das obrigações objeto da licita- ção por profissionais de experiência equivalente ou superior,
ção; desde que aprovada pela administração.
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-
especial, quando for o caso. financeira limitar-se-á a:
§ 1° A comprovação de aptidão referida no inciso II do caput I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último
deste artigo, no caso das licitações pertinentes a obras e exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei,
serviços, será feita por atestados fornecidos por pessoas que comprovem a boa situação financeira da empresa, ve-
jurídicas de direito público ou privado, devidamente regis- dada a sua substituição por balancetes ou balanços provisó-
trados nas entidades profissionais competentes, limitadas rios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando
as exigências a: (Redação dada pela Lei n° 8.883, de encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresenta-
8.6.1994). ção da proposta;
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do licitan- II - certidão negativa de falência ou concordata expedida
te de possuir em seu quadro permanente, na data prevista pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução
para entrega da proposta, profissional de nível superior ou patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física;
outro devidamente reconhecido pela entidade competente, III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos
detentor de atestado de responsabilidade técnica por exe- no caput e § 1° do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por
cução de obra ou serviço de características semelhantes, cento) do valor estimado do objeto da contratação.
limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior rele- § 1° A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da
vância e valor significativo do objeto da licitação, vedadas capacidade financeira do licitante com vistas aos compro-
as exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos; missos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o
(Redação dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). contrato, vedada a exigência de valores mínimos de fatura-
II - (VETADO). (Redação dada pela Lei n° 8.883, de mento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade.
8.6.1994). (Redação dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
a) (VETADO). § 2° A Administração, nas compras para entrega futura e na
b) (VETADO). execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no ins-
§ 2° As parcelas de maior relevância técnica e de valor sig- trumento convocatório da licitação, a exigência de capital
nificativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão defini- mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda as garan-
das no instrumento convocatório. tias previstas no § 1º do art. 56 desta Lei, como dado objeti-
§ 3° Será sempre admitida a comprovação de aptidão atra- vo de comprovação da qualificação econômico-financeira
vés de certidões ou atestados de obras ou serviços simila- dos licitantes e para efeito de garantia ao adimplemento do
res de complexidade tecnológica e operacional equivalente contrato a ser ulteriormente celebrado.
ou superior. § 3° O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que
§ 4° Nas licitações para fornecimento de bens, a comprova- se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a 10%
ção de aptidão, quando for o caso, será feita através de (dez por cento) do valor estimado da contratação, devendo
atestados fornecidos por pessoa jurídica de direito público a comprovação ser feita relativamente à data da apresenta-
ou privado. ção da proposta, na forma da lei, admitida a atualização
para esta data através de índices oficiais.

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§ 4° Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos I - comprovação do compromisso público ou particular de
assumidos pelo licitante que importem diminuição da capa- constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;
cidade operativa ou absorção de disponibilidade financeira, II - indicação da empresa responsável pelo consórcio que
calculada esta em função do patrimônio líquido atualizado e deverá atender às condições de liderança, obrigatoriamente
sua capacidade de rotação. fixadas no edital;
§ 5° A comprovação de boa situação financeira da empresa III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a
será feita de forma objetiva, através do cálculo de índices 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-se,
contábeis previstos no edital e devidamente justificados no para efeito de qualificação técnica, o somatório dos quanti-
processo administrativo da licitação que tenha dado início tativos de cada consorciado, e, para efeito de qualificação
ao certame licitatório, vedada a exigência de índices e valo- econômico-financeira, o somatório dos valores de cada
res não usualmente adotados para correta avaliação de consorciado, na proporção de sua respectiva participação,
situação financeira suficiente ao cumprimento das obriga- podendo a Administração estabelecer, para o consórcio, um
ções decorrentes da licitação. acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos
§ 6° (VETADO). para licitante individual, inexigível este acréscimo para os
Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e pe-
ser apresentados em original, por qualquer processo de quenas empresas assim definidas em lei;
cópia autenticada por cartório competente ou por servidor IV - impedimento de participação de empresa consorciada,
da administração ou publicação em órgão da imprensa ofi- na mesma licitação, através de mais de um consórcio ou
cial. (Redação dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). isoladamente;
§ 1° A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 desta V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos
Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos praticados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto
de convite, concurso, fornecimento de bens para pronta na de execução do contrato.
entrega e leilão. § 1° No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras a
§ 2° O certificado de registro cadastral a que se refere o § liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira,
1° do art. 36 substitui os documentos enumerados nos arts. observado o disposto no inciso II deste artigo.
28 a 31, quanto às informações disponibilizadas em sistema § 2° O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da
informatizado de consulta direta indicado no edital, obrigan- celebração do contrato, a constituição e o registro do con-
do-se a parte a declarar, sob as penalidades legais, a su- sórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I des-
perveniência de fato impeditivo da habilitação. (Redação te artigo.
dada pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998). Seção III Dos Registros Cadastrais
§ 3° A documentação referida neste artigo poderá ser subs- Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da
tituída por registro cadastral emitido por órgão ou entidade Administração Pública que realizem freqüentemente licita-
pública, desde que previsto no edital e o registro tenha sido ções manterão registros cadastrais para efeito de habilita-
feito em obediência ao disposto nesta Lei. ção, na forma regulamentar, válidos por, no máximo, um
§ 4° As empresas estrangeiras que não funcionem no País, ano.
tanto quanto possível, atenderão, nas licitações internacio- § 1° O registro cadastral deverá ser amplamente divulgado
nais, às exigências dos parágrafos anteriores mediante e deverá estar permanentemente aberto aos interessados,
documentos equivalentes, autenticados pelos respectivos obrigando-se a unidade por ele responsável a proceder, no
consulados e traduzidos por tradutor juramentado, devendo mínimo anualmente, através da imprensa oficial e de jornal
ter representação legal no Brasil com poderes expressos diário, a chamamento público para a atualização dos regis-
para receber citação e responder administrativa ou judicial- tros existentes e para o ingresso de novos interessados.
mente.
§ 2° É facultado às unidades administrativas utilizarem-se
§ 5° Não se exigirá, para a habilitação de que trata este de registros cadastrais de outros órgãos ou entidades da
artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, salvo Administração Pública.
os referentes a fornecimento do edital, quando solicitado,
Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou atualização
com os seus elementos constitutivos, limitados ao valor do
deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá os ele-
custo efetivo de reprodução gráfica da documentação forne-
mentos necessários à satisfação das exigências do art. 27
cida.
desta Lei.
§ 6° O disposto no § 4° deste artigo, no § 1° do art. 33 e no
Art. 36. Os inscritos serão classificados por categorias,
§ 2° do art. 55, não se aplica às licitações internacionais
tendo-se em vista sua especialização, subdivididas em gru-
para a aquisição de bens e serviços cujo pagamento seja
pos, segundo a qualificação técnica e econômica avaliada
feito com o produto de financiamento concedido por orga-
pelos elementos constantes da documentação relacionada
nismo financeiro internacional de que o Brasil faça parte, ou
nos arts. 30 e 31 desta Lei.
por agência estrangeira de cooperação, nem nos casos de
§ 1° Aos inscritos será fornecido certificado, renovável sem-
contratação com empresa estrangeira, para a compra de
pre que atualizarem o registro.
equipamentos fabricados e entregues no exterior, desde
que para este caso tenha havido prévia autorização do Che- § 2° A atuação do licitante no cumprimento de obrigações
fe do Poder Executivo, nem nos casos de aquisição de bens assumidas será anotada no respectivo registro cadastral.
e serviços realizada por unidades administrativas com sede Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou
no exterior. cancelado o registro do inscrito que deixar de satisfazer as
Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de exigências do art. 27 desta Lei, ou as estabelecidas para
empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes nor- classificação cadastral.
mas: Seção IV Do Procedimento e Julgamento

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Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto
abertura de processo administrativo, devidamente autuado, básico;
protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, V - se há projeto executivo disponível na data da publicação
a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para do edital de licitação e o local onde possa ser examinado e
a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente: adquirido;
I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso; VI - condições para participação na licitação, em conformi-
II - comprovante das publicações do edital resumido, na dade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de apresenta-
forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite; ção das propostas;
III - ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro VII - critério para julgamento, com disposições claras e pa-
administrativo ou oficial, ou do responsável pelo convite; râmetros objetivos;
IV - original das propostas e dos documentos que as instruí- VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de
rem; comunicação à distância em que serão fornecidos elemen-
V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora; tos, informações e esclarecimentos relativos à licitação e às
VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licita- condições para atendimento das obrigações necessárias ao
ção, dispensa ou inexigibilidade; cumprimento de seu objeto;
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua IX - condições equivalentes de pagamento entre empresas
homologação; brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações internacio-
VIII - recursos eventualmente apresentados pelos licitantes nais;
e respectivas manifestações e decisões; X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global,
IX - despacho de anulação ou de revogação da licitação, conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos e
quando for o caso, fundamentado circunstanciadamente; vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos
X - termo de contrato ou instrumento equivalente, conforme ou faixas de variação em relação a preços de referência,
o caso; ressalvado o disposto nos parágrafos 1° e 2° do art. 48;
(Redação dada pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998).
XI - outros comprovantes de publicações;
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efeti-
XII - demais documentos relativos à licitação.
va do custo de produção, admitida a adoção de índices
Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem
específicos ou setoriais, desde a data prevista para apre-
como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes de- sentação da proposta, ou do orçamento a que essa propos-
vem ser previamente examinadas e aprovadas por assesso- ta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela;
ria jurídica da Administração. (Redação dada pela Lei n° (Redação dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
8.883, de 8.6.1994).
XII - (VETADO).
Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação ou
XIII - limites para pagamento de instalação e mobilização
para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas
para execução de obras ou serviços que serão obrigatoria-
for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23,
mente previstos em separado das demais parcelas, etapas
inciso I, alínea “c” desta Lei, o processo licitatório será inici-
ou tarefas;
ado, obrigatoriamente, com uma audiência pública concedi-
da pela autoridade responsável com antecedência mínima XIV - condições de pagamento, prevendo:
de 15 (quinze) dias úteis da data prevista para a publicação a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, contado a
do edital, e divulgada, com a antecedência mínima de 10 partir da data final do período de adimplemento de cada
(dez) dias úteis de sua realização, pelos mesmos meios parcela; (Redação dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
previstos para a publicidade da licitação, à qual terão aces- b) cronograma de desembolso máximo por período, em
so e direito a todas as informações pertinentes e a se mani- conformidade com a disponibilidade de recursos financeiros;
festar todos os interessados. c) critério de atualização financeira dos valores a serem
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram-se pagos, desde a data final do período de adimplemento de
licitações simultâneas aquelas com objetos similares e com cada parcela até a data do efetivo pagamento; (Redação
realização prevista para intervalos não superiores a trinta dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
dias e licitações sucessivas aquelas em que, também com d) compensações financeiras e penalizações, por eventuais
objetos similares, o edital subseqüente tenha uma data atrasos, e descontos, por eventuais antecipações de paga-
anterior a cento e vinte dias após o término do contrato mentos;
resultante da licitação antecedente. (Redação dada pela Lei e) exigência de seguros, quando for o caso;
n° 8.883, de 8.6.1994). XV - instruções e normas para os recursos previstos nesta
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem Lei;
em série anual, o nome da repartição interessada e de seu XVI - condições de recebimento do objeto da licitação;
setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licita- XVII - outras indicações específicas ou peculiares da licita-
ção, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e ção.
hora para recebimento da documentação e proposta, bem § 1° O original do edital deverá ser datado, rubricado em
como para início da abertura dos envelopes, e indicará, todas as folhas e assinado pela autoridade que o expedir,
obrigatoriamente, o seguinte: permanecendo no processo de licitação, e dele extraindo-se
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara; cópias integrais ou resumidas, para sua divulgação e forne-
II - prazo e condições para assinatura do contrato ou retira- cimento aos interessados.
da dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta Lei, § 2° Constituem anexos do edital, dele fazendo parte inte-
para execução do contrato e para entrega do objeto da lici- grante:
tação; I - o projeto básico e.ou executivo, com todas as suas par-
III - sanções para o caso de inadimplemento; tes, desenhos, especificações e outros complementos;

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II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos e exclusivamente os licitantes brasileiros quanto à operação
preços unitários; (Redação dada pela Lei n° 8.883, de final de venda.
8.6.1994). § 5° Para a realização de obras, prestação de serviços ou
III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Administra- aquisição de bens com recursos provenientes de financia-
ção e o licitante vencedor; mento ou doação oriundos de agência oficial de cooperação
IV - as especificações complementares e as normas de estrangeira ou organismo financeiro multilateral de que o
execução pertinentes à licitação. Brasil seja parte, poderão ser admitidas, na respectiva licita-
§ 3° Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se como ção, as condições decorrentes de acordos, protocolos, con-
adimplemento da obrigação contratual a prestação do servi- venções ou tratados internacionais aprovados pelo Con-
ço, a realização da obra, a entrega do bem ou de parcela gresso Nacional, bem como as normas e procedimentos
destes, bem como qualquer outro evento contratual a cuja daquelas entidades, inclusive quanto ao critério de seleção
ocorrência esteja vinculada a emissão de documento de da proposta mais vantajosa para a administração, o qual
cobrança. poderá contemplar, além do preço, outros fatores de avalia-
§ 4° Nas compras para entrega imediata, assim entendidas ção, desde que por elas exigidos para a obtenção do finan-
aquelas com prazo de entrega até trinta dias da data previs- ciamento ou da doação, e que também não conflitem com o
ta para apresentação da proposta, poderão ser dispensa- princípio do julgamento objetivo e sejam objeto de despacho
das: (Incluído pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). motivado do órgão executor do contrato, despacho esse
I - o disposto no inciso XI deste artigo; ratificado pela autoridade imediatamente superior. (Redação
dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
II - a atualização financeira a que se refere a alínea “c” do
inciso XIV deste artigo, correspondente ao período compre- § 6° As cotações de todos os licitantes serão para entrega
endido entre as datas do adimplemento e a prevista para o no mesmo local de destino.
pagamento, desde que não superior a quinze dias. Art. 43. A licitação será processada e julgada com obser-
Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e vância dos seguintes procedimentos:
condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada. I - abertura dos envelopes contendo a documentação relati-
§ 1° Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital va à habilitação dos concorrentes, e sua apreciação;
de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei, de- II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes
vendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da inabilitados, contendo as respectivas propostas, desde que
data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação, não tenha havido recurso ou após sua denegação;
devendo a Administração julgar e responder à impugnação III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos
em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade previs- concorrentes habilitados, desde que transcorrido o prazo
ta no § 1º do art. 113. sem interposição de recurso, ou tenha havido desistência
§ 2° Decairá do direito de impugnar os termos do edital de expressa, ou após o julgamento dos recursos interpostos;
licitação perante a administração o licitante que não o fizer IV - verificação da conformidade de cada proposta com os
até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos envelo- requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços cor-
pes de habilitação em concorrência, a abertura dos envelo- rentes no mercado ou fixados por órgão oficial competente,
pes com as propostas em convite, tomada de preços ou ou ainda com os constantes do sistema de registro de pre-
concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou irregulari- ços, os quais deverão ser devidamente registrados na ata
dades que viciariam esse edital, hipótese em que tal comu- de julgamento, promovendo-se a desclassificação das pro-
nicação não terá efeito de recurso. (Redação dada pela Lei postas desconformes ou incompatíveis;
n° 8.883, de 8.6.1994). V - julgamento e classificação das propostas de acordo com
§ 3° A impugnação feita tempestiva-mente pelo licitante não os critérios de avaliação constantes do edital;
o impedirá de participar do processo licitatório até o trânsito VI - deliberação da autoridade competente quanto à homo-
em julgado da decisão a ela pertinente. logação e adjudicação do objeto da licitação.
§ 4° A inabilitação do licitante importa preclusão do seu § 1° A abertura dos envelopes contendo a documentação
direito de participar das fases subseqüentes. para habilitação e as propostas será realizada sempre em
Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o edital ato público previamente designado, do qual se lavrará ata
deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária e do circunstanciada, assinada pelos licitantes presentes e pela
comércio exterior e atender às exigências dos órgãos com- Comissão.
petentes. § 2° Todos os documentos e propostas serão rubricados
§ 1° Quando for permitido ao licitante estrangeiro cotar pre- pelos licitantes presentes e pela Comissão.
ço em moeda estrangeira, igualmente o poderá fazer o lici- § 3° É facultada à Comissão ou autoridade superior, em
tante brasileiro. qualquer fase da licitação, a promoção de diligência desti-
§ 2° O pagamento feito ao licitante brasileiro eventualmente nada a esclarecer ou a complementar a instrução do pro-
contratado em virtude da licitação de que trata o parágrafo cesso, vedada a inclusão posterior de documento ou infor-
anterior será efetuado em moeda brasileira, à taxa de câm- mação que deveria constar originariamente da proposta.
bio vigente no dia útil imediatamente anterior à data do efe- § 4° O disposto neste artigo aplica-se à concorrência e, no
tivo pagamento. (Redação dada pela Lei n° 8.883, de que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de preços e ao
8.6.1994). convite. (Redação dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
§ 3° As garantias de pagamento ao licitante brasileiro serão § 5° Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes
equivalentes àquelas oferecidas ao licitante estrangeiro. (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III), não cabe
§ 4° Para fins de julgamento da licitação, as propostas a- desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação,
presentadas por licitantes estrangeiros serão acrescidas dos salvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos
gravames conseqüentes dos mesmos tributos que oneram após o julgamento.

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§ 6° Após a fase de habilitação, não cabe desistência de § 5° É vedada a utilização de outros tipos de licitação não
proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato superve- previstos neste artigo.
niente e aceito pela Comissão. § 6° Na hipótese prevista no art. 23, § 7°, serão seleciona-
Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará das tantas propostas quantas necessárias até que se atinja
em consideração os critérios objetivos definidos no edital ou a quantidade demandada na licitação. (Incluído pela Lei n°
convite, os quais não devem contrariar as normas e princí- 9.648, de 27.5.1998).
pios estabelecidos por esta Lei. Art. 46. Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “técnica e
§ 1° É vedada a utilização de qualquer elemento, critério ou preço” serão utilizados exclusivamente para serviços de
fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que possa natureza predominantemente intelectual, em especial na
ainda que indiretamente elidir o princípio da igualdade entre elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e
os licitantes. gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em
§ 2° Não se considerará qualquer oferta de vantagem não particular, para a elaboração de estudos técnicos prelimina-
prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos res e projetos básicos e executivos, ressalvado o disposto
subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem no § 4º do artigo anterior. (Redação dada pela Lei n° 8.883,
baseada nas ofertas dos demais licitantes. de 8.6.1994).
§ 3° Não se admitirá proposta que apresente preços global § 1° Nas licitações do tipo “melhor técnica” será adotado o
ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero, incompa- seguinte procedimento claramente explicitado no instrumen-
tíveis com os preços dos insumos e salários de mercado, to convocatório, o qual fixará o preço máximo que a Admi-
acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o ato con- nistração se propõe a pagar:
vocatório da licitação não tenha estabelecido limites míni- I - serão abertos os envelopes contendo as propostas técni-
mos, exceto quando se referirem a materiais e instalações cas exclusivamente dos licitantes previamente qualificados
de propriedade do próprio licitante, para os quais ele renun- e feita então a avaliação e classificação destas propostas de
cie a parcela ou à totalidade da remuneração. (Redação acordo com os critérios pertinentes e adequados ao objeto
dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). licitado, definidos com clareza e objetividade no instrumento
§ 4° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também às convocatório e que considerem a capacitação e a experiên-
propostas que incluam mão-de-obra estrangeira ou importa- cia do proponente, a qualidade técnica da proposta, com-
ções de qualquer natureza.(Redação dada pela Lei n° preendendo metodologia, organização, tecnologias e recur-
8.883, de 8.6.1994). sos materiais a serem utilizados nos trabalhos, e a qualifica-
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo ção das equipes técnicas a serem mobilizadas para a sua
a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite reali- execução;
zá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proceder-
previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo se-á à abertura das propostas de preço dos licitantes que
com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a tenham atingido a valorização mínima estabelecida no ins-
possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de trumento convocatório e à negociação das condições pro-
controle. postas, com a proponente melhor classificada, com base
§ 1° Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licita- nos orçamentos detalhados apresentados e respectivos
ção, exceto na modalidade concurso. preços unitários e tendo como referência o limite represen-
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da pro- tado pela proposta de menor preço entre os licitantes que
posta mais vantajosa para a Administração determinar que obtiveram a valorização mínima;
será vencedor o licitante que apresentar a proposta de a- III - no caso de impasse na negociação anterior, procedi-
cordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o mento idêntico será adotado, sucessivamente, com os de-
menor preço; mais proponentes, pela ordem de classificação, até a con-
II - a de melhor técnica; secução de acordo para a contratação;
III - a de técnica e preço. IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas aos
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de licitantes que não forem preliminarmente habilitados ou que
bens ou concessão de direito real de uso. não obtiverem a valorização mínima estabelecida para a
proposta técnica.
§ 2° No caso de empate entre duas ou mais propostas, e
após obedecido o disposto no § 2º do art. 3º desta Lei, a § 2° Nas licitações do tipo “técnica e preço” será adotado,
classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior, o seguinte
público, para o qual todos os licitantes serão convocados, procedimento claramente explicitado no instrumento convo-
vedado qualquer outro processo. catório:
§ 3° No caso da licitação do tipo “menor preço”, entre os I - será feita a avaliação e a valorização das propostas de
licitantes considerados qualificados a classificação se dará preços, de acordo com critérios objetivos preestabelecidos
pela ordem crescente dos preços propostos, prevalecendo, no instrumento convocatório;
no caso de empate, exclusivamente o critério previsto no II - a classificação dos proponentes far-se-á de acordo com
parágrafo anterior. a média ponderada das valorizações das propostas técnicas
§ 4° Para contratação de bens e serviços de informática, a e de preço, de acordo com os pesos preestabelecidos no
administração observará o disposto no art. 3º da Lei nº instrumento convocatório.
8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta os fato- § 3° Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos neste
res especificados em seu parágrafo 2º e adotando obrigato- artigo poderão ser adotados, por autorização expressa e
riamente o tipo de licitação “técnica e preço”, permitido o mediante justificativa circunstanciada da maior autoridade
emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados em da Administração promotora constante do ato convocatório,
Decreto do Poder Executivo. para fornecimento de bens e execução de obras ou presta-
ção de serviços de grande vulto majoritariamente dependen-

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tes de tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restri- § 2° A nulidade do procedimento licitatório induz à do con-
to, atestado por autoridades técnicas de reconhecida qualifi- trato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59
cação, nos casos em que o objeto pretendido admitir solu- desta Lei.
ções alternativas e variações de execução, com repercus- § 3° No caso de desfazimento do processo licitatório, fica
sões significativas sobre sua qualidade, produtividade, ren- assegurado o contraditório e a ampla defesa.
dimento e durabilidade concretamente mensuráveis, e estas § 4° O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos
puderem ser adotadas à livre escolha dos licitantes, na con- atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade de
formidade dos critérios objetivamente fixados no ato convo- licitação.
catório. Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contrato
§ 4° (VETADO). (Incluído pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). com preterição da ordem de classificação das propostas ou
Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e serviços, com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob
quando for adotada a modalidade de execução de emprei- pena de nulidade.
tada por preço global, a Administração deverá fornecer obri- Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro
gatoriamente, junto com o edital, todos os elementos e in- cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as propostas
formações necessários para que os licitantes possam elabo- serão processadas e julgadas por comissão permanente ou
rar suas propostas de preços com total e completo conhe- especial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo me-
cimento do objeto da licitação. nos 2 (dois) deles servidores qualificados pertencentes aos
Art. 48. Serão desclassificadas: quadros permanentes dos órgãos da Administração respon-
I - as propostas que não atendam às exigências do ato con- sáveis pela licitação.
vocatório da licitação; § 1° No caso de convite, a Comissão de licitação, excepcio-
II - propostas com valor global superior ao limite estabeleci- nalmente, nas pequenas unidades administrativas e em face
do ou com preços manifestamente inexeqüíveis, assim con- da exigüidade de pessoal disponível, poderá ser substituída
siderados aqueles que não venham a ter demonstrada sua por servidor formalmente designado pela autoridade compe-
viabilidade através de documentação que comprove que os tente.
custos dos insumos são coerentes com os de mercado e § 2° A Comissão para julgamento dos pedidos de inscrição
que os coeficientes de produtividade são compatíveis com a em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento, será
execução do objeto do contrato, condições estas necessari- integrada por profissionais legalmente habilitados no caso
amente especificadas no ato convocatório da licitação. (Re- de obras, serviços ou aquisição de equipamentos.
dação dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). § 3° Os membros das Comissões de licitação responderão
§ 1° Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo solidariamente por todos os atos praticados pela Comissão,
consideram-se manifestamente inexeqüíveis, no caso de salvo se posição individual divergente estiver devidamente
licitações de menor preço para obras e serviços de enge- fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em
nharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% que tiver sido tomada a decisão.
(setenta por cento) do menor dos seguintes valores: (Incluí- § 4° A investidura dos membros das Comissões permanen-
do pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998). tes não excederá a 1 (um) ano, vedada a recondução da
a) média aritmética dos valores das propostas superiores a totalidade de seus membros para a mesma comissão no
50% (cinqüenta por cento) do valor orçado pela administra- período subseqüente.
ção, ou § 5° No caso de concurso, o julgamento será feito por uma
b) valor orçado pela administração. comissão especial integrada por pessoas de reputação
§ 2° Dos licitantes classificados na forma do parágrafo ante- ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame,
rior cujo valor global da proposta for inferior a 80% (oitenta servidores públicos ou não.
por cento) do menor valor a que se referem as alíneas “a” e Art. 52. O concurso a que se refere o § 4° do art. 22 desta
“b”, será exigida, para a assinatura do contrato, prestação Lei deve ser precedido de regulamento próprio, a ser obtido
de garantia adicional, dentre as modalidades previstas no § pelos interessados no local indicado no edital.
1° do art. 56, igual a diferença entre o valor resultante do § 1° O regulamento deverá indicar:
parágrafo anterior e o valor da correspondente proposta. I - a qualificação exigida dos participantes;
(Incluído pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998). II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;
§ 3° Quando todos os licitantes forem inabilitados ou todas III - as condições de realização do concurso e os prêmios a
as propostas forem desclassificadas, a administração pode- serem concedidos.
rá fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis para a apre-
§ 2° Em se tratando de projeto, o vencedor deverá autorizar
sentação de nova documentação ou de outras propostas
a Administração a executá-lo quando julgar conveniente.
escoimadas das causas referidas neste artigo, facultada, no
Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou a
caso de convite, a redução deste prazo para três dias úteis.
(Incluído pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998). servidor designado pela Administração, procedendo-se na
forma da legislação pertinente.
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do pro-
cedimento somente poderá revogar a licitação por razões de § 1° Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado
interesse público decorrente de fato superveniente devida- pela Administração para fixação do preço mínimo de arre-
mente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal matação.
conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por § 2° Os bens arrematados serão pagos à vista ou no per-
provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devi- centual estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco por
damente fundamentado. cento) e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no
§ 1° A anulação do procedimento licitatório por motivo de local do leilão, imediatamente entregues ao arrematante, o
ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o qual se obrigará ao pagamento do restante no prazo estipu-
disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.

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lado no edital de convocação, sob pena de perder em favor § 3° No ato da liquidação da despesa, os serviços de conta-
da Administração o valor já recolhido. bilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da arrecada-
§ 3° Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela à ção e fiscalização de tributos da União, Estado ou Municí-
vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas. (Redação pio, as características e os valores pagos, segundo o dis-
dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). posto no art. 63 da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964.
§ 4° O edital de leilão deve ser amplamente divulgado, prin- Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso,
cipalmente no município em que se realizará. (Incluído pela e desde que prevista no instrumento convocatório, poderá
Lei n° 8.883, de 8.6.1994). ser exigida prestação de garantia nas contratações de o-
CAPÍTULO III DOS CONTRATOS bras, serviços e compras.
Seção I Disposições Preliminares § 1° Caberá ao contratado optar por uma das seguintes
modalidades de garantia: (Redação dada pela Lei n° 8.883,
Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei de 8.6.1994).
regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito
I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, de-
público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da
vendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, medi-
teoria geral dos contratos e as disposições de direito priva-
ante registro em sistema centralizado de liquidação e de
do.
custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e avalia-
§ 1° Os contratos devem estabelecer com clareza e preci- dos pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo
são as condições para sua execução, expressas em cláusu- Ministério da Fazenda; (Redação dada pela lei n. 11.079 de
las que definam os direitos, obrigações e responsabilidades 30/12/2004).
das partes, em conformidade com os termos da licitação e
II - seguro-garantia;
da proposta a que se vinculam.
III - fiança bancária.
§ 2° Os contratos decorrentes de dispensa ou de inexigibili-
§ 2° A garantia a que se refere o caput deste artigo não
dade de licitação devem atender aos termos do ato que os
excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu
autorizou e da respectiva proposta.
valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalva-
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que
do o previsto no parágrafo 3º deste artigo. (Redação dada
estabeleçam:
pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
I - o objeto e seus elementos característicos;
§ 3° Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento; envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data- consideráveis, demonstrados através de parecer tecnica-
base e periodicidade do reajustamento de preços, os crité- mente aprovado pela autoridade competente, o limite de
rios de atualização monetária entre a data do adimplemento garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado
das obrigações e a do efetivo pagamento; para até dez por cento do valor do contrato. (Redação dada
IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclu- pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
são, de entrega, de observação e de recebimento definitivo, § 4° A garantia prestada pelo contratado será liberada ou
conforme o caso; restituída após a execução do contrato e, quando em dinhei-
V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação ro, atualizada monetariamente.
da classificação funcional programática e da categoria eco- § 5° Nos casos de contratos que importem na entrega de
nômica; bens pela Administração, dos quais o contratado ficará de-
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena exe- positário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor
cução, quando exigidas; desses bens.
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as pena- Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará
lidades cabíveis e os valores das multas; adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários,
VIII - os casos de rescisão; exceto quanto aos relativos:
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas
caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta Lei; metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão
X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio ser prorrogados se houver interesse da Administração e
para conversão, quando for o caso; desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório;
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a II - à prestação de serviços a serem executados de forma
dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por
vencedor; iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de pre-
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e especi- ços e condições mais vantajosas para a Administração,
almente aos casos omissos; limitada a sessenta meses; (Redação dada pela Lei n°
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a 9.648, de 27.5.1998).
execução do contrato, em compatibilidade com as obriga- III - (VETADO).
ções por ele assumidas, todas as condições de habilitação e IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de progra-
qualificação exigidas na licitação. mas de informática, podendo a duração estender-se pelo
§ 1° (VETADO). prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da
§ 2° Nos contratos celebrados pela Administração Pública vigência do contrato.
com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas domicili- § 1° Os prazos de início de etapas de execução, de conclu-
adas no estrangeiro, deverá constar necessariamente cláu- são e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais
sula que declare competente o foro da sede da Administra- cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu
ção para dirimir qualquer questão contratual, salvo o dispos- equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra algum
to no § 6º do art. 32 desta Lei. dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo:

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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I - alteração do projeto ou especificações, pela Administra- Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados
ção; nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, es- cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do
tranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis,
as condições de execução do contrato; que se formalizam por instrumento lavrado em cartório de
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do notas, de tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu
ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administra- origem.
ção; Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras
contrato, nos limites permitidos por esta Lei; de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido
terceiro reconhecido pela Administração em documento no art. 23, inciso II, alínea “a” desta Lei, feitas em regime de
contemporâneo à sua ocorrência; adiantamento.
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Adminis- Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das partes
tração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que e os de seus representantes, a finalidade, o ato que autori-
resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na exe- zou a sua lavratura, o número do processo da licitação, da
cução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicá- dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes
veis aos responsáveis. às normas desta Lei e às cláusulas contratuais.
§ 2° Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de
escrito e previamente autorizada pela autoridade competen- contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é
te para celebrar o contrato. condição indispensável para sua eficácia, será providencia-
§ 3° É vedado o contrato com prazo de vigência indetermi- da pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte
nado. ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias
daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem
§ 4° Em caráter excepcional, devidamente justificado e me-
ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei. (Incluído
diante autorização da autoridade superior, o prazo de que
pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser prorrogado
por até doze meses. (Incluído pela Lei n° 9.648, de Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos
27.5.1998). de concorrência e de tomada de preços, bem como nas
dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compre-
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos
endidos nos limites destas duas modalidades de licitação, e
instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a
facultativo nos demais em que a Administração puder subs-
eles, a prerrogativa de:
tituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às contrato, nota de empenho de despesa, autorização de
finalidades de interesse público, respeitados os direitos do compra ou ordem de execução de serviço.
contratado;
§ 1° A minuta do futuro contrato integrará sempre o edital ou
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no ato convocatório da licitação.
inciso I do art. 79 desta Lei;
§ 2° Em “carta contrato”, “nota de empenho de despesa”,
III - fiscalizar-lhes a execução; “autorização de compra”, “ordem de execução de serviço”
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou ou outros instrumentos hábeis aplica-se, no que couber, o
parcial do ajuste; disposto no art. 55 desta Lei. (Redação dada pela Lei n°
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamen- 8.883, de 8.6.1994).
te bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao § 3° Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei e
objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar demais normas gerais, no que couber:
apuração administrativa de faltas contratuais pelo contrata- I - aos contratos de seguro, de financiamento, de locação
do, bem como na hipótese de rescisão do contrato adminis- em que o Poder Público seja locatário, e aos demais cujo
trativo. conteúdo seja regido, predominantemente, por norma de
§ 1° As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos direito privado;
contratos administrativos não poderão ser alteradas sem II - aos contratos em que a Administração for parte como
prévia concordância do contratado. usuária de serviço público.
§ 2° Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas eco- § 4° É dispensável o “termo de contrato” e facultada a subs-
nômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para tituição prevista neste artigo, a critério da Administração e
que se mantenha o equilíbrio contratual. independentemente de seu valor, nos casos de compra com
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo entrega imediata e integral dos bens adquiridos, dos quais
opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que não resultem obrigações futuras, inclusive assistência técni-
ele, ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir ca.
os já produzidos. Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimento dos
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração termos do contrato e do respectivo processo licitatório e, a
do dever de indenizar o contratado pelo que este houver qualquer interessado, a obtenção de cópia autenticada,
executado até a data em que ela for declarada e por outros mediante o pagamento dos emolumentos devidos.
prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe Art. 64. A Administração convocará regularmente o interes-
seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem sado para assinar o termo de contrato, aceitar ou retirar o
lhe deu causa. instrumento equivalente, dentro do prazo e condições esta-
Seção II Da Formalização dos Contratos belecidos, sob pena de decair o direito à contratação, sem
prejuízo das sanções previstas no art. 81 desta Lei.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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§ 1° O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma § 3° Se no contrato não houverem sido contemplados pre-
vez, por igual período, quando solicitado pela parte durante ços unitários para obras ou serviços, esses serão fixados
o seu transcurso e desde que ocorra motivo justificado acei- mediante acordo entre as partes, respeitados os limites
to pela Administração. estabelecidos no § 1º deste artigo.
§ 2° É facultado à Administração, quando o convocado não § 4° No caso de supressão de obras, bens ou serviços, se o
assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o ins- contratado já houver adquirido os materiais e posto no local
trumento equivalente no prazo e condições estabelecidos, dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela Administração
convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classifi- pelos custos de aquisição regularmente comprovados e
cação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições monetariamente corrigidos, podendo caber indenização por
propostas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos outros danos eventualmente decorrentes da supressão,
preços atualizados de conformidade com o ato convocató- desde que regularmente comprovados.
rio, ou revogar a licitação independentemente da cominação § 5° Quaisquer tributos ou encargos legais criados, altera-
prevista no art. 81 desta Lei. dos ou extintos, bem como a superveniência de disposições
§ 3° Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega das legais, quando ocorridas após a data da apresentação da
propostas, sem convocação para a contratação, ficam os proposta, de comprovada repercussão nos preços contrata-
licitantes liberados dos compromissos assumidos. dos, implicarão a revisão destes para mais ou para menos,
Seção III Da Alteração dos Contratos conforme o caso.
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alte- § 6° Em havendo alteração unilateral do contrato que au-
rados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: mente os encargos do contratado, a Administração deverá
I - unilateralmente pela Administração: restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-
financeiro inicial.
a) quando houver modificação do projeto ou das especifica-
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; § 7° (VETADO).
b) quando necessária a modificação do valor contratual em § 8° A variação do valor contratual para fazer face ao rea-
decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu juste de preços previsto no próprio contrato, as atualiza-
objeto, nos limites permitidos por esta Lei; ções, compensações ou penalizações financeiras decorren-
tes das condições de pagamento nele previstas, bem como
II - por acordo das partes:
o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o
a) quando conveniente a substituição da garantia de execu-
limite do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do
ção;
mesmo, podendo ser registrados por simples apostila, dis-
b) quando necessária a modificação do regime de execução pensando a celebração de aditamento.
da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, Seção IV Da Execução dos Contratos
em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos ter-
mos contratuais originários; Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas
c) quando necessária a modificação da forma de pagamen- partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas
to, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido desta Lei, respondendo cada uma pelas conseqüências de
o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do paga- sua inexecução total ou parcial.
mento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e
correspondente contraprestação de fornecimento de bens fiscalizada por um representante da Administração especi-
ou execução de obra ou serviço; almente designado, permitida a contratação de terceiros
d) para restabelecer a relação que as parte pactuaram inici- para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a
almente entre os encargos do contrato e a retribuição da essa atribuição.
Administração para a justa remuneração da obra, serviço ou § 1° O representante da Administração anotará em registro
fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio eco- próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução
nômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobre- do contrato, determinando o que for necessário à regulari-
vierem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de conse- zação das faltas ou defeitos observados.
qüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da exe- § 2° As decisões e providências que ultrapassarem a com-
cução do ajustado, ou ainda, em caso de força maior, caso petência do representante deverão ser solicitadas a seus
fortuito ou fato do príncipe, configurando área econômica superiores em tempo hábil para a adoção das medidas con-
extraordinária e extracontratual. (Redação dada pela Lei n° venientes.
8.883, de 8.6.1994). Art. 68. O contratado deverá manter preposto, aceito pela
§ 1° O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas con- Administração, no local da obra ou serviço, para representá-
dições contratuais, os acréscimos ou supressões que se lo na execução do contrato.
fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover,
cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em
caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios,
até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus a- defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de ma-
créscimos. teriais empregados.
§ 2° Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados
limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo: (Redação diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de
dada pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998). sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo
I - (VETADO). ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o
II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre os acompanhamento pelo órgão interessado.
contratantes. Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos traba-
lhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da
execução do contrato.

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§ 1° A inadimplência do contratado, com referência aos Art. 75. Salvo disposições em contrário constantes do edi-
encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à tal, do convite ou de ato normativo, os ensaios, testes e
Administração Pública a responsabilidade por seu paga- demais provas exigidos por normas técnicas oficiais para a
mento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir boa execução do objeto do contrato correm por conta do
a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive contratado.
perante o Registro de Imóveis. (Redação dada pela Lei n° Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em parte,
9.032, de 28.4.1995). obra, serviço ou fornecimento executado em desacordo com
§ 2° A Administração Pública responde solidariamente com o contrato.
o contratado pelos encargos previdenciários resultantes da Seção V Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos
execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei n° 8.212, Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato enseja a
de 24 de julho de 1991. (Redação dada pela Lei n° 9.032, sua rescisão, com as conseqüências contratuais e as pre-
de 28.4.1995). vistas em lei ou regulamento.
§ 3° (VETADO). Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem prejuí- I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especifica-
zo das responsabilidades contratuais e legais, poderá sub- ções, projetos ou prazos;
contratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especi-
limite admitido, em cada caso, pela Administração.
ficações, projetos e prazos;
Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido:
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração
I - em se tratando de obras e serviços: a comprovar a impossibilidade da conclusão da obra, do
a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanha- serviço ou do fornecimento, nos prazos estipulados;
mento e fiscalização, mediante termo circunstanciado, assi- IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou forne-
nado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comunicação cimento;
escrita do contratado;
V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento,
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela sem justa causa e prévia comunicação à Administração;
autoridade competente, mediante termo circunstanciado,
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a asso-
assinado pelas partes, após o decurso do prazo de obser-
ciação do contratado com outrem, a cessão ou transferên-
vação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos
cia, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorpora-
termos contratuais, observado o disposto no art. 69 desta
ção, não admitidas no edital e no contrato;
Lei;
VII - o desatendimento das determinações regulares da
II - em se tratando de compras ou de locação de equipa-
autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua
mentos:
execução, assim como as de seus superiores;
a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução,
conformidade do material com a especificação;
anotadas na forma do § 1° do art. 67 desta Lei;
b) definitivamente, após a verificação da qualidade e quanti-
IX - a decretação de falência ou a instauração de insolvên-
dade do material e conseqüente aceitação.
cia civil;
§ 1° Nos casos de aquisição de equipamentos de grande
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do contrata-
vulto, o recebimento far-se-á mediante termo circunstancia-
do;
do e, nos demais, mediante recibo.
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade ou da
§ 2° O recebimento provisório ou definitivo não exclui a
estrutura da empresa, que prejudique a execução do contra-
responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou
to;
do serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução do
contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo
conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima
contrato.
autoridade da esfera administrativa a que está subordinado
§ 3° O prazo a que se refere a alínea “b” do inciso I deste
o contratante e exaradas no processo administrativo a que
artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias, salvo em
se refere o contrato;
casos excepcionais, devidamente justificados e previstos no
edital. XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras,
serviços ou compras, acarretando modificação do valor
§ 4° Na h ipótese de o termo circunstanciado ou a verifica-
inicial do contrato além do limite permitido no § 1º do art. 65
ção a que se refere este artigo não serem, respectivamente,
desta Lei;
lavrado ou procedida dentro dos prazos fixados, reputar-se-
ão como realizados, desde que comunicados à Administra- XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da
Administração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias,
ção nos 15 (quinze) dias anteriores à exaustão dos mes-
salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da
mos.
ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões
Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento provisório
que totalizem o mesmo prazo, independentemente do pa-
nos seguintes casos:
gamento obrigatório de indenizações pelas sucessivas e
I - gêneros perecíveis e alimentação preparada; contratualmente imprevistas desmobilizações e mobiliza-
II - serviços profissionais; ções e outras previstas, assegurado ao contratado, nesses
III - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, inciso casos, o direito de optar pela suspensão do cumprimento
II, alínea “a”, desta Lei, desde que não se componham de das obrigações assumidas até que seja normalizada a situ-
aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à verificação ação;
de funcionamento e produtividade. XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o recebimento devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços
será feito mediante recibo. ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou execu-

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tados, salvo em caso de calamidade pública, grave pertur- § 3° Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato deverá ser
bação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contrata- precedido de autorização expressa do Ministro de Estado
do o direito de optar pela suspensão do cumprimento de competente, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme
suas obrigações até que seja normalizada a situação; o caso.
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de área, § 4° A rescisão de que trata o inciso IV do artigo anterior
local ou objeto para execução de obra, serviço ou forneci- permite à Administração, a seu critério, aplicar a medida
mento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de prevista no inciso I deste artigo.
materiais naturais especificadas no projeto; CAPÍTULO IV DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regu- JUDICIAL
larmente comprovada, impeditiva da execução do contrato. Seção I Disposições Gerais
XVIII - descumprimento do disposto no inciso V do art. 27, Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o
sem prejuízo das sanções penais cabíveis. (Incluído pela
contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro
Lei n° 9.854 de 27.10.1999).
do prazo estabelecido pela Administração, caracteriza o
Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão descumprimento total da obrigação assumida, sujeitando-o
formalmente motivados nos autos do processo, assegurado às penalidades legalmente estabelecidas.
o contraditório e a ampla defesa.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser: licitantes convocados nos termos do art. 64, § 2º desta Lei,
I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, que não aceitarem a contratação, nas mesmas condições
nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo propostas pelo primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao
anterior; prazo e preço.
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem atos em
no processo da licitação, desde que haja conveniência para desacordo com os preceitos desta Lei ou visando a frustrar
a Administração; os objetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas
III - judicial, nos termos da legislação; nesta Lei e nos regulamentos próprios, sem prejuízo das
IV - (VETADO). responsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar.
§ 1° A rescisão administrativa ou amigável deverá ser pre- Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que simples-
cedida de autorização escrita e fundamentada da autoridade mente tentados, sujeitam os seus autores, quando servido-
competente. res públicos, além das sanções penais, à perda do cargo,
§ 2° Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII a emprego, função ou mandato eletivo.
XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do contratado, Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins desta
será este ressarcido dos prejuízos regularmente comprova- Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou sem
dos que houver sofrido, tendo ainda direito a: remuneração, cargo, função ou emprego público.
I - devolução de garantia; § 1° Equipara-se a servidor público, para os fins desta Lei,
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a quem exerce cargo, emprego ou função em entidade para-
data da rescisão; estatal, assim consideradas, além das fundações, empresas
III - pagamento do custo da desmobilização. públicas e sociedades de economia mista, as demais enti-
§ 3° (VETADO). dades sob controle, direto ou indireto, do Poder Público.
§ 4° (VETADO). § 2° A pena imposta será acrescida da terça parte, quando
§ 5° Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação do os autores dos crimes previstos nesta Lei forem ocupantes
contrato, o cronograma de execução será prorrogado auto- de cargo em comissão ou de função de confiança em órgão
maticamente por igual tempo. da Administração direta, autarquia, empresa pública, socie-
Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo anterior dade de economia mista, fundação pública, ou outra entida-
acarreta as seguintes conseqüências, sem prejuízo das de controlada direta ou indiretamente pelo Poder Público.
sanções previstas nesta Lei: Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei pertinem às
I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e licitações e aos contratos celebrados pela União, Estados,
local em que se encontrar, por ato próprio da Administração; Distrito Federal, Municípios, e respectivas autarquias, em-
presas públicas, sociedades de economia mista, fundações
II - ocupação e utilização do local, instalações, equipamen-
públicas, e quaisquer outras entidades sob seu controle
tos, material e pessoal empregados na execução do contra-
direto ou indireto.
to, necessários à sua continuidade, na forma do inciso V do
Seção II Das Sanções Administrativas
art. 58 desta Lei;
III - execução da garantia contratual, para ressarcimento da Art. 86. O atraso injustificado na execução do contrato sujei-
Administração, e dos valores das multas e indenizações a tará o contratado à multa de mora, na forma prevista no
ela devidos; instrumento convocatório ou no contrato.
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o § 1° A multa a que alude este artigo não impede que a Ad-
limite dos prejuízos causados à Administração. ministração rescinda unilateralmente o contrato e aplique as
§ 1° A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II outras sanções previstas nesta Lei.
deste artigo fica a critério da Administração, que poderá dar § 2° A multa, aplicada após regular processo administrativo,
continuidade à obra ou ao serviço por execução direta ou será descontada da garantia do respectivo contratado.
indireta. § 3° Se a multa for de valor superior ao valor da garantia
§ 2° É permitido à Administração, no caso de concordata do prestada, além da perda desta, responderá o contratado
contratado, manter o contrato, podendo assumir o controle pela sua diferença, a qual será descontada dos pagamentos
de determinadas atividades de serviços essenciais. eventualmente devidos pela Administração ou ainda, quan-
do for o caso, cobrada judicialmente.

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Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Ad- Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modifi-
ministração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao cação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em
contratado as seguintes sanções: favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos
I - advertência; celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no
II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumen-
no contrato; tos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da
III - suspensão temporária de participação em licitação e ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o dispos-
impedimento de contratar com a Administração, por prazo to no art. 121 desta Lei: (Redação dada pela Lei n° 8.883,
não superior a 2 (dois) anos; de 8.6.1994).
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa. (Redação
a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
determinantes da punição ou até que seja promovida a rea- Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que,
bilitação perante a própria autoridade que aplicou a penali- tendo comprovadamente concorrido para a consumação da
dade, que será concedida sempre que o contratado ressar- ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se beneficia, injus-
cir a Administração pelos prejuízos resultantes e após de- tamente, das modificações ou prorrogações contratuais.
corrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso an- Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qual-
terior. quer ato de procedimento licitatório:
§ 1° Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
prestada, além da perda desta, responderá o contratado Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em pro-
pela sua diferença, que será descontada dos pagamentos cedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de
eventualmente devidos pela Administração ou cobrada judi- devassá-lo:
cialmente. Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
§ 2° As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo Art. 95. Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de
poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, facul- violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vanta-
tada a defesa prévia do interessado, no respectivo proces- gem de qualquer tipo:
so, no prazo de 5 (cinco) dias úteis. Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
§ 3° A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é de além da pena correspondente à violência.
competência exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém
Estadual ou Municipal, conforme o caso, facultada a defesa ou desiste de licitar, em razão da vantagem oferecida.
do interessado no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação
dias da abertura de vista, podendo a reabilitação ser reque- instaurada para aquisição ou venda de bens ou mercadori-
rida após 2 (dois) anos de sua aplicação. as, ou contrato dela decorrente:
Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do artigo I - elevando arbitrariamente os preços;
anterior poderão também ser aplicadas às empresas ou aos II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsi-
profissionais que, em razão dos contratos regidos por esta ficada ou deteriorada;
Lei:
III - entregando uma mercadoria por outra;
I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem, por
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da mer-
meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quaisquer
cadoria fornecida;
tributos;
V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onero-
II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os objeti-
sa a proposta ou a execução do contrato:
vos da licitação;
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar com
Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com empre-
a Administração em virtude de atos ilícitos praticados.
sa ou profissional declarado inidôneo:
Seção III Dos Crimes e das Penas
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que, decla-
previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades rado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Adminis-
pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: tração.
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscri-
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, ten- ção de qualquer interessado nos registros cadastrais ou
do comprovadamente concorrido para a consumação da promover indevidamente a alteração, suspensão ou cance-
ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade lamento de registro do inscrito:
ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta
ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do pro- Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sentença e
cedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá
outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da ao valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmen-
licitação: te auferível pelo agente.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1° Os índices a que se refere este artigo não poderão ser
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse priva- inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5% (cinco
do perante a Administração, dando causa à instauração de por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com
licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a dispensa ou inexigibilidade de licitação.
ser decretada pelo Poder Judiciário: § 2° O produto da arrecadação da multa reverterá, conforme
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou Municipal.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
Lemos & Cruz – Livraria e Editora
Seção IV Do Processo e do Procedimento Judicial § 1° A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas “a”,
Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal “b”, “c” e “e”, deste artigo, excluídos os relativos a advertên-
pública incondicionada, cabendo ao Ministério Público pro- cia e multa de mora, e no inciso III, será feita mediante pu-
movê-la. blicação na imprensa oficial, salvo para os casos previstos
Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os efeitos nas alíneas “a” e “b”, se presentes os prepostos dos licitan-
desta Lei, a iniciativa do Ministério Público, fornecendo-lhe, tes no ato em que foi adotada a decisão, quando poderá ser
por escrito, informações sobre o fato e sua autoria, bem feita por comunicação direta aos interessados e lavrada em
como as circunstâncias em que se deu a ocorrência. ata.
Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal, man- § 2° O recurso previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso I des-
dará a autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo apresen- te artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade com-
tante e por duas testemunhas. petente, motivadamente e presentes razões de interesse
público, atribuir ao recurso interposto eficácia suspensiva
Art. 102. Quando em autos ou documentos de que conhe-
aos demais recursos.
cerem, os magistrados, os membros dos Tribunais ou Con-
selhos de Contas ou os titulares dos órgãos integrantes do § 3° Interposto, o recurso será comunicado aos demais
sistema de controle interno de qualquer dos Poderes verifi- licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cinco)
carem a existência dos crimes definidos nesta Lei, remete- dias úteis.
rão ao Ministério Público as cópias e os documentos neces- § 4° O recurso será dirigido à autoridade superior, por in-
sários ao oferecimento da denúncia. termédio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá
Art. 103. Será admitida ação penal privada subsidiária da reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis,
pública, se esta não for ajuizada no prazo legal, aplicando- ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente infor-
se, no que couber, o disposto nos arts. 29 e 30 do Código mado, devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro
de Processo Penal. do prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado do recebimento do
recurso, sob pena de responsabilidade.
Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este o
prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa escrita, § 5° Nenhum prazo de recurso, representação ou pedido de
contado da data do seu interrogatório, podendo juntar do- reconsideração se inicia ou corre sem que os autos do pro-
cumentos, arrolar as testemunhas que tiver, em número não cesso estejam com vista franqueada ao interessado.
superior a 5 (cinco), e indicar as demais provas que preten- § 6° Em se tratando de licitações efetuadas na modalidade
da produzir. de “carta convite” os prazos estabelecidos nos incisos I e II
Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da defesa e no parágrafo 3º deste artigo serão de dois dias úteis. (Re-
e praticadas as diligências instrutórias deferidas ou ordena- dação dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994).
das pelo juiz, abrir-se-á, sucessivamente, o prazo de 5 (cin- CAPÍTULO VI DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
co) dias a cada parte para alegações finais. Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos nesta Lei,
Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos dentro excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimento, e
de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10 (dez) dias para considerar-se-ão os dias consecutivos, exceto quando for
proferir a sentença. explicitamente disposto em contrário.
Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no prazo Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os prazos referi-
de 5 (cinco) dias. dos neste artigo em dia de expediente no órgão ou na enti-
Art. 108. No processamento e julgamento das infrações dade.
penais definidas nesta Lei, assim como nos recursos e nas Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar, pre-
execuções que lhes digam respeito, aplicar-se-ão, subsidia- miar ou receber projeto ou serviço técnico especializado
riamente, o Código de Processo Penal e a Lei de Execução desde que o autor ceda os direitos patrimoniais a ele relati-
Penal. vos e a Administração possa utilizá-lo de acordo com o
CAPÍTULO V DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS previsto no regulamento de concurso ou no ajuste para sua
elaboração.
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da aplica-
ção desta Lei cabem: Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra imate-
rial de caráter tecnológico, insuscetível de privilégio, a ces-
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da inti-
são dos direitos incluirá o fornecimento de todos os dados,
mação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:
documentos e elementos de informação pertinentes à tecno-
a) habilitação ou inabilitação do licitante;
logia de concepção, desenvolvimento, fixação em suporte
b) julgamento das propostas; físico de qualquer natureza e aplicação da obra.
c) anulação ou revogação da licitação; Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a mais de
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro cadas- uma entidade pública, caberá ao órgão contratante, perante
tral, sua alteração ou cancelamento; a entidade interessada, responder pela sua boa execução,
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. 79 fiscalização e pagamento.
desta Lei; (Redação dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). Parágrafo único. Fica facultado à entidade interessada o
f) aplicação das penas de advertência, suspensão temporá- acompanhamento da execução do contrato.
ria ou de multa; Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contra-
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da inti- tos e demais instrumentos regidos por esta Lei será feito
mação da decisão relacionada com o objeto da licitação ou pelo Tribunal de Contas competente, na forma da legislação
do contrato, de que não caiba recurso hierárquico; pertinente, ficando os órgãos interessados da Administração
III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro de responsáveis pela demonstração da legalidade e regulari-
Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o dade da despesa e execução, nos termos da Constituição e
caso, na hipótese do § 4º do art. 87 desta Lei, no prazo de sem prejuízo do sistema de controle interno nela previsto.
10 (dez) dias úteis da intimação do ato.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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§ 1° Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurí- petente do sistema de controle interno da Administração
dica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos ór- Pública;
gãos integrantes do sistema de controle interno contra irre- II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos
gularidades na aplicação desta Lei, para os fins do disposto recursos, atrasos não justificados no cumprimento das eta-
neste artigo. pas ou fases programadas, práticas atentatórias aos princí-
§ 2° Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do pios fundamentais de Administração Pública nas contrata-
sistema de controle interno poderão solicitar para exame, ções e demais atos praticados na execução do convênio, ou
até o dia útil imediatamente anterior à data de recebimento o inadimplemento do executor com relação a outras cláusu-
das propostas, cópia de edital de licitação já publicado, las conveniais básicas;
obrigando-se os órgãos ou entidades da Administração III - quando o executor deixar de adotar as medidas sanea-
interessada à adoção de medidas corretivas pertinentes doras apontadas pelo partícipe repassador dos recursos ou
que, em função desse exame, lhes forem determinadas. por integrantes do respectivo sistema de controle interno.
(Redação dada pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). § 4° Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, serão
Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a pré- obrigatoriamente aplicados em cadernetas de poupança de
qualificação de licitantes nas concorrências, a ser procedida instituição financeira oficial se a previsão de seu uso for
sempre que o objeto da licitação recomende análise mais igual ou superior a um mês, ou em fundo de aplicação fi-
detida da qualificação técnica dos interessados. nanceira de curto prazo ou operação de mercado aberto
§ 1° A adoção do procedimento de pré-qualificação será lastreada em títulos da dívida pública, quando a utilização
feita mediante proposta da autoridade competente, aprova- dos mesmos verificar-se em prazos menores que um mês.
da pela imediatamente superior. § 5° As receitas financeiras auferidas na forma do parágrafo
§ 2° Na pré-qualificação serão observadas as exigências anterior serão obrigatoriamente computadas a crédito do
desta Lei relativas à concorrência, à convocação dos inte- convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto de sua
ressados, ao procedimento e à analise da documentação. finalidade, devendo constar de demonstrativo específico que
Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir nor- integrará as prestações de contas do ajuste.
mas relativas aos procedimentos operacionais a serem § 6° Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou extinção
observados na execução das licitações, no âmbito de sua do convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros rema-
competência, observadas as disposições desta Lei. nescentes, inclusive os provenientes das receitas obtidas
Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo, das aplicações financeiras realizadas, serão devolvidos à
após aprovação da autoridade competente, deverão ser entidade ou órgão repassador dos recursos, no prazo im-
publicadas na imprensa oficial. prorrogável de 30 (trinta) dias do evento, sob pena da ime-
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que cou- diata instauração de tomada de contas especial do respon-
ber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos sável, providenciada pela autoridade competente do órgão
congêneres celebrados por órgãos e entidades da Adminis- ou entidade titular dos recursos.
tração. Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações realiza-
§ 1° A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos ór- dos pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do
gãos ou entidades da Administração Pública depende de Tribunal de Contas regem-se pelas normas desta Lei, no
prévia aprovação de competente plano de trabalho proposto que couber, nas três esferas administrativas.
pela organização interessada, o qual deverá conter, no mí- Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as
nimo, as seguintes informações: entidades da administração indireta deverão adaptar suas
I - identificação do objeto a ser executado; normas sobre licitações e contratos ao disposto nesta Lei.
II - metas a serem atingidas; Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas e
III - etapas ou fases de execução; fundações públicas e demais entidades controladas direta
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros; ou indiretamente pela União e pelas entidades referidas no
artigo anterior editarão regulamentos próprios devidamente
V - cronograma de desembolso;
publicados, ficando sujeitas às disposições desta Lei.
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem
Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este
assim da conclusão das etapas ou fases programadas;
artigo, no âmbito da Administração Pública, após aprovados
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de engenhari- pela autoridade de nível superior a que estiverem vincula-
a, comprovação de que os recursos próprios para comple- dos os respectivos órgãos, sociedades e entidades, deverão
mentar a execução do objeto estão devidamente assegura- ser publicados na imprensa oficial.
dos, salvo se o custo total do empreendimento recair sobre
Art. 120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser anu-
a entidade ou órgão descentralizador.
almente revistos pelo Poder Executivo Federal, que os fará
§ 2° Assinado o convênio, a entidade ou órgão repassador publicar no Diário Oficial da União, observando como limite
dará ciência do mesmo à Assembléia Legislativa ou à Câ- superior a variação geral dos preços do mercado, no perío-
mara Municipal respectiva. do. (Redação dada pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998).
§ 3° As parcelas do convênio serão liberadas em estrita Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às licitações
conformidade com o plano de aplicação aprovado, exceto instauradas e aos contratos assinados anteriormente à sua
nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o vigência, ressalvado o disposto no art. 57, nos parágrafos
saneamento das impropriedades ocorrentes: 1º, 2º e 8º do art. 65, no inciso XV do art. 78, bem assim o
I - quando não tiver havido comprovação da boa e regular disposto no caput do art. 5º, com relação ao pagamento das
aplicação da parcela anteriormente recebida, na forma da obrigações na ordem cronológica, podendo esta ser obser-
legislação aplicável, inclusive mediante procedimentos de vada, no prazo de noventa dias contados da vigência desta
fiscalização local, realizados periodicamente pela entidade Lei, separadamente para as obrigações relativas aos contra-
ou órgão descentralizador dos recursos ou pelo órgão com- tos regidos por legislação anterior à Lei nº 8.666, de 21 de

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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junho de 1993. (Redação dada pela Lei n° 8.883, de a) especiais nas organizações das Forças Armadas para
8.6.1994). atender à área industrial ou a encargos temporários de o-
Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis do patri- bras e serviços de engenharia;
mônio da União continuam a reger-se pelas disposições do b) de identificação e demarcação desenvolvidas pela FU-
Decreto-lei no 9.760, de 5 de setembro de 1946, com suas NAI;
alterações, e os relativos a operações de crédito interno ou c) (Revogado pela Lei n° 10.667, de 14.5.2003).
externo celebrados pela União ou a concessão de garantia d) finalísticas do Hospital das Forças Armadas;
do Tesouro Nacional continuam regidos pela legislação e) de pesquisa e desenvolvimento de produtos destinados à
pertinente, aplicando-se esta Lei, no que couber. segurança de sistemas de informações, sob responsabilida-
Art. 122. Nas concessões de linhas aéreas, observar-se-á de do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segu-
procedimento licitatório específico, a ser estabelecido no rança das Comunicações - CEPESC;
Código Brasileiro de Aeronáutica. f) de vigilância e inspeção, relacionadas à defesa agropecu-
Art. 123. Em suas licitações e contratações administrativas, ária, no âmbito do Ministério da Agricultura e do Abasteci-
as repartições sediadas no exterior observarão as peculiari- mento, para atendimento de situações emergenciais ligadas
dades locais e os princípios básicos desta Lei, na forma de ao comércio internacional de produtos de origem animal ou
regulamentação específica. vegetal ou de iminente risco à saúde animal, vegetal ou
Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para per- humana;
missão ou concessão de serviços públicos os dispositivos g) desenvolvidas no âmbito dos projetos do Sistema de
desta Lei que não conflitem com a legislação específica Vigilância da Amazônia - SIVAM e do Sistema de Proteção
sobre o assunto. (Incluído pela Lei n° 8.883, de 8.6.1994). da Amazônia - SIPAM.
Parágrafo único. As exigências contidas nos incisos II a IV h) técnicas especializadas, no âmbito de projetos de coope-
do § 2° do art. 7° serão dispensadas nas licitações para ração com prazo determinado, implementados mediante
concessão de serviços com execução prévia de obras em acordos internacionais, desde que haja, em seu desempe-
que não foram previstos desembolso por parte da Adminis- nho, subordinação do contratado ao órgão ou entidade pú-
tração Pública concedente. (Incluído pela Lei n° 8.883, de blica.(Incluído pela Lei n° 10.667, de 14.5.2003).
8.6.1994). VII - admissão de professor, pesquisador e tecnólogo substi-
Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. tutos para suprir a falta de professor, pesquisador ou tecnó-
Art. 126. Revogam-se as disposições em contrário, especi- logo ocupante de cargo efetivo, decorrente de licença para
almente os Decretos-leis nos 2.300, de 21 de novembro de exercer atividade empresarial relativa à inovação. (Incluído
1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360, de 16 de se- pela Lei nº 10.973, 2.12.2004).
tembro de 1987, a Lei nº 8.220, de 4 de setembro de 1991, § 1° A contratação de professor substituto a que se refere o
e o art. 83 da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966. inciso IV far-se-á exclusivamente para suprir a falta de do-
Brasília, 21 de junho de 1993, 172° da Independência e cente da carreira, decorrente de exoneração ou demissão,
105° da República. falecimento, aposentadoria, afastamento para capacitação e
ITAMAR FRANCO afastamento ou licença de concessão obrigatória. (Incluído
Rubens Ricupero pela Lei n° 9.849, de 26 de outubro de 1999).
§ 2° As contratações para substituir professores afastados
LEI N° 8.745, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1993 para capacitação ficam limitadas a dez por cento do total de
cargos de docentes da carreira constante do quadro de
lotação da instituição. (Incluído pela Lei n° 9.849, de 26 de
Dispõe sobre a contratação por tempo determinado
outubro de 1999).
para atender a necessidade temporária de excepcional
§ 3° As contratações a que se refere a alínea h do inciso VI
interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da
serão feitas exclusivamente por projeto, vedado o aprovei-
Constituição Federal, e dá outras providências.
tamento dos contratados em qualquer área da administra-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
ção pública.(Incluído pela Lei n° 10.667, de 14.5.2003).
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 3° O recrutamento do pessoal a ser contratado, nos
Art. 1° Para atender a necessidade temporária de excep-
termos desta Lei, será feito mediante processo seletivo
cional interesse público, os órgãos da Administração Fede- simplificado sujeito a ampla divulgação, inclusive através do
ral direta, as autarquias e as fundações públicas poderão Diário Oficial da União, prescindindo de concurso público.
efetuar contratação de pessoal por tempo determinado, nas
§ 1° A contratação para atender às necessidades decorren-
condições e prazos previstos nesta Lei.
tes de calamidade pública prescindirá de processo seletivo.
Art. 2° Considera-se necessidade temporária de excepcio-
§ 2° A contratação de pessoal, nos casos do professor visi-
nal interesse público:
tante referido no inciso IV e dos incisos V e VI, alíneas “a”,
I - assistência a situações de calamidade pública; “c”, “d”, “e” e “g”, do art. 2º, poderá ser efetivada à vista de
II - combate a surtos endêmicos; notória capacidade técnica ou científica do profissional,
III - realização de recenseamentos e outras pesquisas de mediante análise do curriculum vitae. (Redação dada pela
natureza estatística efetuadas pela Fundação Instituto Brasi- Lei n° 9.849, de 26 de outubro de 1999).
leiro de Geografia e Estatística - IBGE; (Redação dada pela § 3° As contratações de pessoal no caso do inciso VI, alínea
Lei n° 9.849, de 26 de outubro de 1999). h, do art. 2° serão feitas mediante processo seletivo simplifi-
IV - admissão de professor substituto e professor visitante; cado, observados os critérios e condições estabelecidos
V - admissão de professor e pesquisador visitante estrangei- pelo Poder Executivo.(Incluído pela Lei n° 10.667, de
ro; 14.5.2003).
VI - atividades: (Redação dada pela Lei n° 9.849, de 26 de
outubro de 1999).

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Art. 4° As contratações serão feitas por tempo determinado, I - nos casos do inciso IV do art. 2°, em importância não
observados os seguintes prazos máximos: (Redação dada superior ao valor da remuneração fixada para os servidores
pela Lei n° 10.667, de 14.5.2003). de final de carreira das mesmas categorias, nos planos de
I - seis meses, nos casos dos incisos I e II do art. retribuição ou nos quadros de cargos e salários do órgão ou
2°;(Redação dada pela Lei n° 10.667, de 14.5.2003). entidade contratante;
II - um ano, nos casos dos incisos III, IV e VI, alíneas d e f, II - nos casos dos incisos I a III, V e VI do art. 2°, em impor-
do art. 2°;(Redação dada pela Lei n° 10.667, de 14.5.2003). tância não superior ao valor da remuneração constante dos
III - dois anos, nos casos do inciso VI, alíneas b e e, do art. planos de retribuição ou nos quadros de cargos e salários
2°;(Redação dada pela Lei n° 10.667, de 14.5.2003). do serviço público, para servidores que desempenhem fun-
IV - três anos, nos casos do inciso VI, alínea h e VII, do art. ção semelhante, ou, não existindo a semelhança, às condi-
2°;(Redação dada pela Lei n° 10.973, de 2.12.2004). ções do mercado de trabalho.
V - quatro anos, nos casos dos incisos V e VI, alíneas a e g, III - no caso do inciso III do art. 2°, quando se tratar de cole-
do art. 2°.(Incluído pela Lei n° 10.667, de 14.5.2003). ta de dados, o valor da remuneração poderá ser formado
Parágrafo único. É admitida a prorrogação dos contratos: por unidade produzida, desde que obedecido ao disposto no
(Redação dada pela Lei n° 10.667, de 14.5.2003). inciso II deste artigo. (Incluído pela Lei n° 9.849, de 26 de
outubro de 1999).
I - nos casos dos incisos III, IV e VI, alíneas b, d e f, do art.
2°, desde que o prazo total não exceda dois anos; (Redação § 1° Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, não se
dada pela Lei n° 10.667, de 14.5.2003). consideram as vantagens de natureza individual dos servi-
dores ocupantes de cargos tomados como paradigma. (Re-
II - no caso do inciso VI, alínea e, do art. 2°, desde que o
numerado pela Lei n° 10.667, de 14.5.2003).
prazo total não exceda três anos; (Redação dada pela Lei
n° 10.667, de 14.5.2003). § 2° Caberá ao Poder Executivo fixar as tabelas de remune-
ração para as hipóteses de contratações previstas na alínea
III - nos casos dos incisos V e VI, alíneas a e h, do art. 2°,
h do inciso VI do art. 2º.(Incluído pela Lei n° 10.667, de
desde que o prazo total não exceda quatro anos; (Redação
14.5.2003).
dada pela Lei n° 10.667, de 14.5.2003).
Art. 8° Ao pessoal contratado nos termos desta Lei aplica-
IV - no caso do inciso VI, alínea g, do art. 2°, desde que o
se o disposto na Lei n° 8.647, de 13 de abril de 1993.
prazo total não exceda cinco anos. (Redação dada pela Lei
n° 10.667, de 14.5.2003). Art. 9° O pessoal contratado nos termos desta Lei não po-
derá:
V - no caso do inciso VII do art. 2º, desde que o prazo total
não exceda 6 (seis) anos. (Incluído pela Lei nº 10.973, I - receber atribuições, funções ou encargos não previstos
2.12,2004). no respectivo contrato;
Art. 5° As contratações somente poderão ser feitas com II - ser nomeado ou designado, ainda que a título precário
observância da dotação orçamentária específica e mediante ou em substituição, para o exercício de cargo em comissão
prévia autorização do Ministro de Estado do Planejamento, ou função de confiança;
Orçamento e Gestão e do Ministro de Estado sob cuja su- III - ser novamente contratado, com fundamento nesta Lei,
pervisão se encontrar o órgão ou entidade contratante, con- antes de decorridos vinte e quatro meses do encerramento
forme estabelecido em regulamento. (Redação dada pela de seu contrato anterior, salvo na hipótese prevista no inciso
Lei n° 9.849, de 26 de outubro de 1999). I do art. 2º, mediante prévia autorização, conforme determi-
Art. 5°-A Os órgãos e entidades contratantes encaminharão na o art. 5º. (Redação dada pela Lei n° 9.849, de 26 de
à Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Plane- outubro de 1999).
jamento, Orçamento e Gestão, para controle do disposto Parágrafo único. A inobservância do disposto neste artigo
nesta Lei, síntese dos contratos efetivados.(Incluído pela Lei importará na rescisão do contrato nos casos dos incisos I e
n° 10.667, de 14.5.2003). II, ou na declaração da sua insubsistência, no caso do inciso
Art. 6° É proibida a contratação, nos termos desta Lei, de III, sem prejuízo da responsabilidade administrativa das
servidores da Administração direta ou indireta da União, dos autoridades envolvidas na transgressão.
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como de Art. 10. As infrações disciplinares atribuídas ao pessoal
empregados ou servidores de suas subsidiárias e controla- contratado nos termos desta Lei serão apuradas mediante
das. sindicância, concluída no prazo de trinta dias e assegurada
§ 1° Excetua-se do disposto no caput deste artigo a contra- ampla defesa.
tação de professor substituto nas instituições federais de Art. 11. Aplica-se ao pessoal contratado nos termos desta
ensino, desde que o contratado não ocupe cargo efetivo, Lei o disposto nos arts. 53 e 54; 57 a 59; 63 a 80; 97; 104 a
integrante das carreiras de magistério de que trata a Lei n° 109; 110, incisos, I, in fine, e II, parágrafo único, a 115; 116,
7.596, de 10 de abril de 1987, e condicionada à formal com- incisos I a V, alíneas a e c, VI a XII e parágrafo único; 117,
provação da compatibilidade de horários. (Incluído pela Lei incisos I a VI e IX a XVIII; 118 a 126; 127, incisos I, II e III, a
n° 9.849, de 26 de outubro de 1999). 132, incisos I a VII, e IX a XIII; 136 a 142, incisos I, primeira
§ 2° Sem prejuízo da nulidade do contrato, a infração do parte, a III, e §§ 1° a 4°; 236; 238 a 242, da Lei n° 8.112, de
disposto neste artigo importará responsabilidade administra- 11 de dezembro de 1990.
tiva da autoridade contratante e do contratado, inclusive, se Art. 12. O contrato firmado de acordo com esta Lei extin-
for o caso, solidariedade quanto à devolução dos valores guir-se-á, sem direito a indenizações:
pagos ao contratado. (Incluído pela Lei n° 9.849, de 26 de I - pelo término do prazo contratual;
outubro de 1999). II - por iniciativa do contratado.
Art. 7° A remuneração do pessoal contratado nos termos III - pela extinção ou conclusão do projeto, definidos pelo
desta Lei será fixada: contratante, nos casos da alínea h do inciso VI do art. 2°.
(Incluído pela Lei n° 10.667, de 14.5.2003).

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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§ 1° A extinção do contrato, nos casos dos incisos II e III, II - o processo administrativo findo mediante o qual se tenha
será comunicada com a antecedência mínima de trinta dias. constituído crédito tributário ou previdenciário, decorrente de
(Redação dada pela Lei n° 10.667, de 14.5.2003). valor descontado ou recebido de terceiro e não recolhido
§ 2° A extinção do contrato, por iniciativa do órgão ou enti- aos cofres públicos;
dade contratante, decorrente de conveniência administrati- III - a certidão do crédito tributário ou previdenciário decor-
va, importará no pagamento ao contratado de indenização rente dos valores descontados ou recebidos, inscritos na
correspondente à metade do que lhe caberia referente ao dívida ativa.
restante do contrato. Art. 3° Caracterizada a situação de depositário infiel, o Se-
Art. 13. O art. 67 da Lei n° 7.501, de 27 de julho de 1986, cretário da Receita Federal comunicará ao representante
alterado pelo art. 40 da Lei n° 8.028, de 12 de abril de 1990, judicial da Fazenda Nacional para que ajuíze ação civil a fim
passa a vigorar com a seguinte redação: (alteração já pro- de exigir o recolhimento do valor do imposto, taxa ou contri-
cessada). buição descontado, com os correspondentes acréscimos
Art. 14. Aplica-se o disposto no art. 67 da Lei n° 7.501, de legais.
27 de julho de 1986, com a redação dada pelo art. 13 desta Parágrafo único. A comunicação de que trata este artigo,
Lei, aos Auxiliares civis que prestam serviços aos órgãos de no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, caberá às au-
representação das Forças Armadas Brasileiras no exterior. toridades definidas na legislação específica dessas unida-
Art. 15. Aos atuais contratados referidos nos arts. 13 e 14 des federadas, feita aos respectivos representantes judiciais
desta Lei é assegurado o direito de opção, no prazo de competentes; no caso do Instituto Nacional de Seguridade
noventa dias, para permanecer na situação vigente na data Social (INSS), a iniciativa caberá ao seu presidente, compe-
da publicação desta Lei. tindo ao representante judicial da autarquia processual de
Art. 16. O tempo de serviço prestado em virtude de contra- que trata este artigo.
tação nos termos desta Lei será contado para todos os efei- Art. 4° Na petição inicial, instruída com a cópia autenticada,
tos. pela repartição, da prova literal do depósito de que trata o
Art. 17. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. art. 2°., o representante judicial da Fazenda Nacional ou,
Art. 18. Revogam-se as disposições em contrário, especi- conforme o caso, o representante judicial dos Estados, Dis-
almente os arts. 232 a 235 da Lei n° 8.112, de 11 de de- trito Federal ou do INSS requererá ao juízo a citação do
zembro de 1990. depositário para, em dez dias:
Brasília, 9 de dezembro de 1993, 172° da Independência e I - recolher ou depositar a importância correspondente ao
105° da República. valor do imposto, taxa ou contribuição descontado ou rece-
ITAMAR FRANCO bido de terceiro, com os respectivos acréscimos legais;
II - contestar a ação.
LEI N° 8.866, DE 11 DE ABRIL DE 1994 § 1° Do pedido constará, ainda, a cominação da pena de
prisão.
§ 2° Não recolhida nem depositada a importância, nos ter-
Dispõe sobre o depositário infiel de valor pertencente à mos deste artigo, o juiz, nos quinze dias seguintes à citação,
Fazenda Pública e dá outras providências. decretará a prisão do depositário infiel, por período não
Faço saber que o Presidente da República adotou a superior a noventa dias.
Medida Provisória n° 449, de 1994, que o Congresso § 3° A contestação deverá ser acompanhada do compro-
Nacional aprovou, e eu Humberto Lucena, Presidente do vante de depósito judicial do valor integral devido à Fazenda
Senado Federal, para os efeitos do disposto no parágra- Pública, sob pena de o réu sofrer os efeitos da revelia.
fo único do art. 62 da Constituição Federal, promulga a
§ 4° Contestada a ação, observar-se-á o procedimento ordi-
seguinte lei:
nário.
Art. 5° O juiz poderá julgar antecipadamente a ação, se
Art. 1° É depositário da Fazenda Pública, observado o dis- verificados os efeitos da revelia.
posto nos arts. 1.282, I, e 1.283 do Código Civil, a pessoa a Art. 6° Julgada procedente a ação, ordenará o juiz a con-
que a legislação tributária ou previdenciária imponha a obri- versão do depósito judicial em renda ou, na sua falta, a
gação de reter ou receber de terceiro, e recolher aos cofres expedição de mandado para entrega, em 24 horas, do valor
públicos, impostos, taxas e contribuições, inclusive à Segu- exigido.
ridade Social. (refere-se aos arts. 647 e 648 do Código Civil
Art. 7° Quando o depositário infiel for pessoa jurídica, a
- 2002).
prisão referida no § 2° do art. 4° será decretada contra seus
§ 1° Aperfeiçoa-se o depósito na data da retenção ou rece- diretores, administradores, gerentes ou empregados que
bimento do valor a que esteja obrigada a pessoa física ou movimentem recursos financeiros isolada ou conjuntamente.
jurídica.
Parágrafo único. Tratando-se de empresa estrangeira, a
§ 2° É depositário infiel aquele que não entrega à Fazenda prisão recairá sobre seus representantes, dirigentes e em-
Pública o valor referido neste artigo, no termo e forma fixa- pregados no Brasil que revistam a condição mencionada
dos na legislação tributária ou previdenciária. neste artigo.
Art. 2° Constituem prova literal para se caracterizar a situa- Art. 8° Cessará a prisão com o recolhimento do valor exigi-
ção de depositário infiel, dentre outras: do.
I - a declaração feita pela pessoa física ou jurídica, do valor Art. 9° Não se aplica ao depósito referido nesta Lei o art.
descontado ou recebido de terceiro, constante em folha de 1.280 do Código Civil. (refere-se ao art. 645 do Código Civil
pagamento ou em qualquer outro documento fixado na le- - 2002).
gislação tributária ou previdenciária, e não recolhido aos
Art. 10. Ficam convalidados os atos praticados com base na
cofres públicos;
Medida Provisória n° 427, de 11 de fevereiro de 1994.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. § 3° No caso de renúncia, morte ou perda de mandato do
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. Presidente do CADE, assumirá o Conselheiro mais antigo
Senado Federal, 11 de abril de 1994; 173° da Independên- ou o mais idoso, nessa ordem, até nova nomeação, sem
cia e 106° da República. prejuízo de suas atribuições.
Humberto Lucena § 4° No caso de renúncia, morte ou perda de mandato de
Conselheiro, proceder-se-á a nova nomeação, para comple-
LEI N° 8.884, DE 11 DE JUNHO DE 1994 tar o mandato do substituído.
§ 5° Se, nas hipóteses previstas no parágrafo anterior, ou
no caso de encerramento de mandato dos Conselheiros, a
Transforma o Conselho Administrativo de Defesa Eco- composição do Conselho ficar refuzida a número inferior ao
nômica (CADE) em Autarquia, dispõe sobre a prevenção estabelecido no art. 49, considerar-se-ão automaticamente
e a repressão às infrações contra a ordem econômica e interrompidos os prazos previstos nos arts. 28, 31, 32, 33,
dá outras providências. 35, 37, 39, 42, 45, 46.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- Parágrafo único, 52, § 2°, 54, §§ 4°, 6°, 7° e 10, desta Lei, e
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: suspensa a tramitação de processos, iniciando-se a nova
contagem imediatamente após a recomposição do quorum.
TÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS (Incluído pela Lei n° 9.470, de 10.7.1997).
CAPÍTULO I DA FINALIDADE Art. 5° A perda de mandato do Presidente ou dos Conse-
lheiros do CADE só poderá ocorrer em virtude de decisão
Art. 1° Esta Lei dispõe sobre a prevenção e a repressão às
do Senado Federal, por provocação do Presidente da Re-
infrações contra a ordem econômica, orientada pelos dita-
pública, ou em razão de condenação penal irrecorrível por
mes constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concor-
crime doloso, ou de processo disciplinar de conformidade
rência, função social da propriedade, defesa dos consumi-
com o que prevê a Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de
dores e repressão ao abuso do poder econômico.
1990 e a Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992, e por infrin-
Parágrafo único. A coletividade é a titular dos bens jurídi- gência de quaisquer das vedações previstas no art. 6°.
cos protegidos por esta Lei. Parágrafo único. Também perderá o mandato, automati-
CAPÍTULO II DA TERRITORIALIDADE camente, o membro do CADE que faltar a três reuniões
Art. 2° Aplica-se esta Lei, sem prejuízo de convenções e ordinárias consecutivas, ou vinte intercaladas, ressalvados
tratados de que seja signatário o Brasil, às práticas cometi- os afastamentos temporários autorizados pelo Colegiado.
das no todo ou em parte no território nacional ou que nele Art. 6° Ao Presidente e aos Conselheiros é vedado:
produzam ou possam produzir efeitos. I - receber, a qualquer título, e sob qualquer pretexto, hono-
§ 1° Reputa-se domiciliada no Território Nacional a empresa rários, percentagens ou custas;
estrangeira que opere ou tenha no Brasil filial, agência, II - exercer profissão liberal;
sucursal, escritório, estabelecimento, agente ou represen- III - participar, na forma de controlador, diretor, administra-
tante. (Redação dada pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000). dor, gerente, preposto ou mandatário, de sociedade civil,
§ 2° A empresa estrangeira será notificada e intimada de comercial ou empresas de qualquer espécie;
todos os atos processuais, independentemente de procura- IV - emitir parecer sobre matéria de sua especialização,
ção ou de disposição contratual ou estatutária, na pessoa ainda que em tese, ou funcionar como consultor de qualquer
do responsável por sua filial, agência, sucursal, estabeleci- tipo de empresa;
mento ou escritório instalado no Brasil. (Redação dada pela
V - manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião
Lei n° 10.149, de 21.12.2000).
sobre processo pendente de julgamento, ou juízo deprecia-
TÍTULO II DO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFE- tivo sobre despachos, votos ou sentenças de órgãos judici-
SA ECONÔMICA (CADE) ais, ressalvada a crítica nos autos, em obras técnicas ou no
CAPÍTULO I DA AUTARQUIA exercício do magistério;
Art. 3° O Conselho Administrativo de Defesa Econômica VI - exercer atividade político-partidária.
(CADE), órgão judicante com jurisdição em todo o território CAPÍTULO III DA COMPETÊNCIA DO PLENÁRIO DO CADE
nacional, criado pela Lei n° 4.137, de 10 de setembro de Art. 7° Compete ao Plenário do CADE:
1962, passa a se constituir em Autarquia federal, vinculada I - zelar pela observância desta Lei e seu regulamento e do
ao Ministério da Justiça, com sede e foro no Distrito Federal, Regimento Interno do Conselho;
e atribuições previstas nesta Lei.
II - decidir sobre a existência de infração à ordem econômi-
CAPÍTULO II Da Composição do Conselho ca e aplicar as penalidades previstas em Lei;
Art. 4° O Plenário do CADE é composto por um Presidente III - decidir os processos instaurados pela Secretaria de
e seis Conselheiros escolhidos dentre cidadãos com mais Direito Econômico do Ministério da Justiça;
de trinta anos de idade, de notório saber jurídico ou econô-
IV - decidir os recursos de ofício do Secretário da SDE;
mico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da
V - ordenar providências que conduzam à cessação de
República, depois de aprovados pelo Senado Federal. (Re-
infração à ordem econômica, dentro do prazo que determi-
dação dada pela Lei n° 9.021, de 30.3.1995).
nar;
§ 1° O mandato do Presidente e dos Conselheiros é de dois
VI - aprovar os termos do compromisso de cessação de
anos, permitida uma recondução.
prática e do compromisso de desempenho, bem como de-
§ 2° Os cargos de Presidente e de Conselheiro são de dedi-
terminar à SDE que fiscalize seu cumprimento;
cação exclusiva, não se admitindo qualquer acumulação,
VII - apreciar em grau de recurso as medidas preventivas
salvo as constitucionalmente permitidas.
adotadas pela SDE ou pelo Conselheiro-Relator;
VIII - intimar os interessados de suas decisões;

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IX - requisitar informações de quaisquer pessoas, órgãos, IX - orientar, coordenar e supervisionar as atividades admi-
autoridades e entidades públicas ou privadas, respeitando e nistrativas da entidade.
mantendo o sigilo legal quando for o caso, bem como de- CAPÍTULO V DA COMPETÊNCIA DOS CONSELHEIROS DO CADE
terminar as diligências que se fizerem necessárias ao exer- Art. 9° Compete aos Conselheiros do CADE:
cício das suas funções;
I - emitir voto nos processos e questões submetidas ao
X - requisitar dos órgãos do Poder Executivo Federal e soli- Plenário;
citar das autoridades dos Estados, Municípios, Distrito Fe-
II - proferir despachos e lavrar as decisões nos processos
deral e Territórios as medidas necessárias ao cumprimento
em que forem relatores;
desta Lei;
III - submeter ao Plenário a requisição de informações e
XI - contratar a realização de exames, vistorias e estudos,
documentos de quaisquer pessoas, órgãos, autoridades e
aprovando, em cada caso, os respectivos honorários profis-
entidades públicas ou privadas, a serem mantidas sob sigilo
sionais e demais despesas de processo, que deverão ser
legal, quando for o caso, bem como determinar as diligên-
pagas pela empresa, se vier a ser punida nos termos desta
cias que se fizerem necessárias ao exercício das suas fun-
Lei;
ções;
XII - apreciar os atos ou condutas, sob qualquer forma mani-
IV - adotar medidas preventivas fixando o valor da multa
festados, sujeitos à aprovação nos termos do art. 54, fixan-
diária pelo seu descumprimento;
do compromisso de desempenho, quando for o caso;
V - desincumbir-se das demais tarefas que lhes forem co-
XIII - requerer ao Poder Judiciário a execução de suas deci-
metidas pelo regimento.
sões, nos termos desta Lei;
CAPÍTULO VI DA PROCURADORIA DO CADE
XIV - requisitar serviços e pessoal de quaisquer órgãos e
entidades do Poder Público Federal; Art. 10. Junto ao CADE funcionará uma Procuradoria, com
XV - determinar à Procuradoria do CADE a adoção de pro- as seguintes atribuições:
vidências administrativas e judiciais; I - prestar assessoria jurídica à Autarquia e defendê-la em
XVI - firmar contratos e convênios com órgãos ou entidades juízo;
nacionais e submeter, previamente, ao Ministro de Estado II - promover a execução judicial das decisões e julgados da
da Justiça os que devam ser celebrados com organismos Autarquia;
estrangeiros ou internacionais; III - requerer, com autorização do Plenário, medidas judiciais
XVII - responder a consultas sobre matéria de sua compe- visando à cessação de infrações da ordem econômica;
tência; IV - promover acordos judiciais nos processos relativos a
XVIII - instruir o público sobre as formas de infração da or- infrações contra a ordem econômica, mediante autorização
dem econômica; do Plenário do CADE, e ouvido o representante do Ministé-
XIX - elaborar e aprovar seu regimento interno dispondo rio Público Federal;
sobre seu funcionamento, na forma das deliberações, nor- V - emitir parecer nos processos de competência do CADE;
mas de procedimento e organização de seus serviços inter- VI - zelar pelo cumprimento desta Lei;
nos, inclusive estabelecendo férias coletivas do Colegiado e VII - desincumbir-se das demais tarefas que lhe sejam atri-
do Procurador-Geral, durante o qual não correrão os prazos buídas pelo Regimento Interno.
processuais nem aquele referido no § 6° do art. 54 desta Art. 11. O Procurador-Geral será indicado pelo Ministro de
Lei. (Redação dada pela Lei n° 9.069, de 29.6.1995). Estado da Justiça e nomeado pelo Presidente da República,
XX - propor a estrutura do quadro de pessoal da Autarquia, dentre brasiLeiros de ilibada reputação e notório conheci-
observado o disposto no inciso II do art. 37 da Constituição mento jurídico, depois de aprovado pelo Senado Federal.
Federal; § 1° O Procurador-Geral participará das reuniões do CADE,
XXI - elaborar proposta orçamentária nos termos desta Lei. sem direito a voto.
XXII - indicar o substituto eventual do Procurador-Geral nos § 2° Aplicam-se ao Procurador-Geral as mesmas normas de
casos de faltas, afastamento ou impedimento. (Incluído pela tempo de mandato, recondução, impedimentos, perda de
Lei n° 9.069, de 29.6.1995). mandato e substituição aplicáveis aos Conselheiros do CA-
CAPÍTULO IV DA COMPETÊNCIA DO PRESIDENTE DO CADE DE.
Art. 8° Compete ao Presidente do CADE: § 3° Nos casos de faltas, afastamento temporário ou impe-
dimento do Procurador-Geral, o Plenário indicará e o Presi-
I - representar legalmente a Autarquia, em juízo e fora dele;
dente do CADE nomeará o substituto eventual, para atuar
II - presidir, com direito a voto, inclusive o de qualidade, as
por prazo não superior a 90 (noventa) dias, dispensada a
reuniões do Plenário;
aprovação pelo Senado Federal, fazendo ele jus à remune-
III - distribuir os processos, por sorteio, nas reuniões do ração do cargo enquanto durar a substituição. (Redação
Plenário; dada pela Lei n° 9.069, de 29.6.1995).
IV - convocar as sessões e determinar a organização da
TÍTULO III DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PERAN-
respectiva pauta;
TE O CADE
V - cumprir e fazer cumprir as decisões do CADE;
Art. 12. O Procurador-Geral da República, ouvido o Conse-
VI - determinar à Procuradoria as providências judiciais para
lho Superior, designará membro do Ministério Público Fede-
execução das decisões e julgados da Autarquia;
ral para, nesta qualidade, oficiar nos processos sujeitos à
VII - assinar os compromissos de cessação de infração da apreciação do CADE.
ordem econômica e os compromissos de desempenho;
Parágrafo único. O CADE poderá requerer ao Ministério
VIII - submeter à aprovação do Plenário a proposta orça- Público Federal que promova a execução de seus julgados
mentária, e a lotação ideal do pessoal que prestará serviço ou do compromisso de cessação, bem como a adoção de
à entidade; medidas judiciais, no exercício da atribuição estabelecida

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pela alínea b do inciso XIV do art. 6° da Lei Complementar dade jurídica, mesmo que exerçam atividade sob regime de
n° 75, de 20 de maio de 1993. monopólio legal.
TÍTULO IV DA SECRETARIA DE DIREITO ECONÔMICO Art. 16. As diversas formas de infração da ordem econômi-
Art. 13. A Secretaria de Direito Econômico do Ministério da ca implicam a responsabilidade da empresa e a responsabi-
Justiça (SDE), com a estrutura que lhe confere a Lei, será lidade individual de seus dirigentes ou administradores,
dirigida por um Secretário, indicado pelo Ministro de Estado solidariamente.
de Justiça, dentre brasiLeiros de notório saber jurídico ou Art. 17. Serão solidariamente responsáveis as empresas ou
econômico e ilibada reputação, nomeado pelo Presidente da entidades integrantes de grupo econômico, de fato ou de
República. direito, que praticarem infração da ordem econômica.
Art. 14. Compete à SDE: Art. 18. A personalidade jurídica do responsável por infra-
I - zelar pelo cumprimento desta Lei, monitorando e acom- ção da ordem econômica poderá ser desconsi-derada
panhando as práticas de mercado; quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de
II - acompanhar, permanentemente, as atividades e práticas poder, infração da Lei, fato ou ato ilícito ou violação dos
comerciais de pessoas físicas ou jurídicas que detiverem estatutos ou contrato social. A desconsideração também
posição dominante em mercado relevante de bens ou servi- será efetivada quando houver falência, estado de insolvên-
ços, para prevenir infrações da ordem econômica, podendo, cia, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provo-
para tanto, requisitar as informações e documentos neces- cados por má administração.
sários, mantendo o sigilo legal, quando for o caso; Art. 19. A repressão das infrações da ordem econômica não
III - proceder, em face de indícios de infração da ordem exclui a punição de outros ilícitos previstos em Lei.
econômica, a averiguações preliminares para instauração CAPÍTULO II DAS INFRAÇÕES
de processo administrativo; Art. 20. Constituem infração da ordem econômica, indepen-
IV - decidir pela insubsistência dos indícios, arquivando os dentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifes-
autos das averiguações preliminares; tados, que tenham por objeto ou possam produzir os se-
V - requisitar informações de quaisquer pessoas, órgãos, guintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:
autoridades e entidades públicas ou privadas, mantendo o I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre
sigilo legal quando for o caso, bem como determinar as concorrência ou a livre iniciativa;
diligências que se fizerem necessárias ao exercício das II - dominar mercado relevante de bens ou serviços;
suas funções; III - aumentar arbitrariamente os lucros;
VI - instaurar processo administrativo para apuração e re- IV - exercer de forma abusiva posição dominante.
pressão de infrações da ordem econômica; § 1° A conquista de mercado resultante de processo natural
VII - recorrer de ofício ao CADE, quando decidir pelo arqui- fundado na maior eficiência de agente econômico em rela-
vamento das averiguações preliminares ou do processo ção a seus competidores não caracteriza o ilícito previsto no
administrativo; inciso II.
VIII - remeter ao CADE, para julgamento, os processos que § 2° Ocorre posição dominante quando uma empresa ou
instaurar, quando entender configurada infração da ordem grupo de empresas controla parcela substancial de mercado
econômica; relevante, como fornecedor, intermediário, adquirente ou
IX - celebrar, nas condições que estabelecer, compromisso financiador de um produto, serviço ou tecnologia a ele rela-
de cessação, submetendo-o ao CADE, e fiscalizar o seu tiva.
cumprimento; § 3° A posição dominante a que se refere o parágrafo ante-
X - sugerir ao CADE condições para a celebração de com- rior é presumida quando a empresa ou grupo de empresas
promisso de desempenho, e fiscalizar o seu cumprimento; controla 20% (vinte por cento) de mercado relevante, po-
XI - adotar medidas preventivas que conduzam à cessação dendo este percentual ser alterado pelo CADE para setores
de prática que constitua infração da ordem econômica, fi- específicos da economia.(Redação dada pela Lei n° 9.069,
xando prazo para seu cumprimento e o valor da multa diária de 29.6.1995).
a ser aplicada, no caso de descum-primento; Art. 21. As seguintes condutas, além de outras, na medida
XII - receber e instruir os processos a serem julgados pelo em que configurem hipótese prevista no art. 20 e seus inci-
CADE, inclusive consultas, e fiscalizar o cumprimento das sos, caracterizam infração da ordem econômica;
decisões do CADE; I - fixar ou praticar, em acordo com concorrente, sob qual-
XIII - orientar os órgãos da administração pública quanto à quer forma, preços e condições de venda de bens ou de
adoção de medidas necessárias ao cumprimento desta Lei; prestação de serviços;
XIV - desenvolver estudos e pesquisas objetivando orientar II - obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uni-
a política de prevenção de infrações da ordem econômica; forme ou concertada entre concorrentes;
XV - instruir o público sobre as diversas formas de infração III - dividir os mercados de serviços ou produtos, acabados
da ordem econômica, e os modos de sua prevenção e re- ou semi-acabados, ou as fontes de abastecimento de maté-
pressão; rias-primas ou produtos intermediários;
XVI - exercer outras atribuições previstas em Lei. IV - limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mer-
TÍTULO V DAS INFRAÇÕES DA ORDEM ECONÔMICA cado;
CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS V - criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao
desenvolvimento de empresa concorrente ou de fornecedor,
Art. 15. Esta Lei aplica-se às pessoas físicas ou jurídicas de adquirente ou financiador de bens ou serviços;
direito público ou privado, bem como a quaisquer associa- VI - impedir o acesso de concorrente às fontes de insumo,
ções de entidades ou pessoas, constituídas de fato ou de matérias-primas, equipamentos ou tecnologia, bem como
direito, ainda que temporariamente, com ou sem personali- aos canais de distribuição;

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VII - exigir ou conceder exclusividade para divulgação de IV - a existência de ajuste ou acordo, sob qualquer forma,
publicidade nos meios de comunicação de massa; que resulte em majoração do preço de bem ou serviço ou
VIII - combinar previamente preços ou ajustar vantagens na dos respectivos custos.
concorrência pública ou administrativa; Art. 22. (VETADO).
IX - utilizar meios enganosos para provocar a oscilação de CAPÍTULO III DAS PENAS
preços de terceiros; Art. 23. A prática de infração da ordem econômica sujeita
X - regular mercados de bens ou serviços, estabelecendo os responsáveis às seguintes penas:
acordos para limitar ou controlar a pesquisa e o desenvol- I - no caso de empresa, multa de um a trinta por cento do
vimento tecnológico, a produção de bens ou prestação de valor do faturamento bruto no seu último exercício, excluí-
serviços, ou para dificultar investimentos destinados à pro- dos os impostos, a qual nunca será inferior à vantagem
dução de bens ou serviços ou à sua distribuição; auferida, quando quantificável;
XI - impor, no comércio de bens ou serviços, a distribuido- II - no caso de administrador, direta ou indiretamente res-
res, varejistas e representantes, preços de revenda, descon- ponsável pela infração cometida por empresa, multa de dez
tos, condições de pagamento, quantidades mínimas ou a cinqüenta por cento do valor daquela aplicável à empresa,
máximas, margem de lucro ou quaisquer outras condições de responsabilidade pessoal e exclusiva ao administrador.
de comercialização relativos a negócios destes com tercei- III - No caso das demais pessoas físicas ou jurídicas de
ros; direito público ou privado, bem como quaisquer associações
XII - discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou de entidades ou pessoas constituídas de fato ou de direito,
serviços por meio da fixação diferenciada de preços, ou de ainda que temporariamente, com ou sem personalidade
condições operacionais de venda ou prestação de serviços; jurídica, que não exerçam atividade empresarial, não sendo
XIII - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, possível utilizar-se o critério do valor do faturamento bruto, a
dentro das condições de pagamento normais aos usos e multa será de 6.000 (seis mil) a 6.000.000 (seis milhões) de
costumes comerciais; Unidades Fiscais de Referência (Ufir), ou padrão superveni-
XIV - dificultar ou romper a continuidade ou desenvolvimen- ente.(Incluído pela Lei n° 9.069, de 29.6.1995).
to de relações comerciais de prazo indeterminado em razão Parágrafo único. Em caso de reincidência, as multas comi-
de recusa da outra parte em submeter-se a cláusulas e nadas serão aplicadas em dobro.
condições comerciais injustificáveis ou anticoncorrenciais; Art. 24. Sem prejuízo das penas cominadas no artigo ante-
XV - destruir, inutilizar ou açambarcar matérias-primas, rior, quando assim o exigir a gravidade dos fatos ou o inte-
produtos intermediários ou acabados, assim como destruir, resse público geral, poderão ser impostas as seguintes
inutilizar ou dificultar a operação de equipamentos destina- penas, isolada ou cumulativamente:
dos a produzi-los, distribuí-los ou transportá-los; I - a publicação, em meia página e às expensas do infrator,
XVI - açambarcar ou impedir a exploração de direitos de em jornal indicado na decisão, de extrato da decisão conde-
propriedade industrial ou intelectual ou de tecnologia; natória, por dois dias seguidos, de uma a três semanas
XVII - abandonar, fazer abandonar ou destruir lavouras ou consecutivas;
plantações, sem justa causa comprovada; II - a proibição de contratar com instituições financeiras
XVIII - vender injustificadamente mercadoria abaixo do pre- oficiais e participar de licitação tendo por objeto aquisições,
ço de custo; alienações, realização de obras e serviços, concessão de
XIX - importar quaisquer bens abaixo do custo no país ex- serviços públicos, junto à Administração Pública Federal,
portador, que não seja signatário dos códigos Antidumping e Estadual, Municipal e do Distrito Federal, bem como entida-
de subsídios do GATT; des da administração indireta, por prazo não inferior a cinco
XX - interromper ou reduzir em grande escala a produção, anos;
sem justa causa comprovada; III - a inscrição do infrator no Cadastro Nacional de Defesa
XXI - cessar parcial ou totalmente as atividades da empresa do Consumidor;
sem justa causa comprovada; IV - a recomendação aos órgãos públicos competentes para
XXII - reter bens de produção ou de consumo, exceto para que:
garantir a cobertura dos custos de produção; a) seja concedida licença compulsória de patentes de titula-
XXIII - subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ridade do infrator;
ou à utilização de um serviço, ou subordinar a prestação de b) não seja concedido ao infrator parcelamento de tributos
um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem; federais por ele devidos ou para que sejam cancelados, no
XXIV - impor preços excessivos, ou aumentar sem justa todo ou em parte, incentivos fiscais ou subsídios públicos;
causa o preço de bem ou serviço. V - a cisão de sociedade, transferência de controle societá-
Parágrafo único. Na caracterização da imposição de pre- rio, venda de ativos, cessação parcial de atividade, ou qual-
ços excessivos ou do aumento injustificado de preços, além quer outro ato ou providência necessários para a eliminação
de outras circunstâncias econômicas e mercadológicas dos efeitos nocivos à ordem econômica.
relevantes, considerar-se-á: Art. 25. Pela continuidade de atos ou situações que configu-
I - o preço do produto ou serviço, ou sua elevação, não rem infração da ordem econômica, após decisão do Plená-
justificados pelo comportamento do custo dos respectivos rio do CADE determinando sua cessação, ou pelo descum-
insumos, ou pela introdução de melhorias de qualidade; primento de medida preventiva ou compromisso de cessa-
II - o preço de produto anteriormente produzido, quando se ção previstos nesta Lei, o responsável fica sujeito a multa
tratar de sucedâneo resultante de alterações não substanci- diária de valor não inferior a 5.000 (cinco mil) Unidades
ais; Fiscais de Referência (Ufir), ou padrão superveniente, po-
III - o preço de produtos e serviços similares, ou sua evolu- dendo ser aumentada em até vinte vezes se assim o reco-
ção, em mercados competitivos comparáveis; mendar sua situação econômica e a gravidade da infração.

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Art. 26. A recusa, omissão, enganosidade, ou retardamento sofridos, independentemente do processo administrativo,
injustificado de informação ou documentos solicitados pelo que não será suspenso em virtude do ajuizamento de ação.
CADE, SDE, Seae, ou qualquer entidade pública atuando TÍTULO VI DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
na aplicação desta Lei, constitui infração punível com multa CAPÍTULO I DAS AVERIGUAÇÕES PRELIMINARES
diária de 5.000 Ufirs, podendo ser aumentada em até vinte
vezes se necessário para garantir sua eficácia em razão da Art. 30. A SDE promoverá averiguações preliminares, de
situação econômica do infrator. (Redação dada pela Lei n° ofício ou à vista de representação escrita e fundamentada
9.021, de 30.3.1995). de qualquer interessado, quando os indícios de infração à
§ 1° O montante fixado para a multa diária de que trata o ordem econômica não forem suficientes para a instauração
caput deste artigo constará do documento que contiver a de processo administrativo. (Redação dada Pela Lei 10.149,
requisição da autoridade competente. (Incluído pela Lei n° de 21.12.2000).
10.149, de 21.12.2000). § 1° Nas averiguações preliminares, o Secretário da SDE
§ 2° A multa prevista neste artigo será computada diaria- poderá adotar quaisquer das providências previstas nos
mente até o limite de noventa dias contados a partir da data arts. 35, 35-A e 35-B, inclusive requerer esclarecimentos do
fixada no documento a que se refere o parágrafo anterior. representado ou de terceiros, por escrito ou pessoalmente.
(Incluído pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000). (Redação dada Pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000).
§ 3° Compete à autoridade requisitante a aplicação da multa § 2° A representação de Comissão do Congresso Nacional,
prevista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei n° 10.149, ou de qualquer de suas Casas, independe de averiguações
de 21.12.2000). preliminares, instaurando-se desde logo o processo admi-
nistrativo.
§ 4° Responde solidariamente pelo pagamento da multa de
que trata este artigo, a filial, sucursal, escritório ou estabele- § 3° As averiguações preliminares poderão correr sob sigilo,
cimento, no País, de empresa estrangeira. (Incluído pela Lei no interesse das investigações, a critério do Secretário da
n° 10.149, de 21.12.2000). SDE. (Incluído pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000).
Art. 31. Concluídas, dentro de sessenta dias, as averigua-
§ 5° A falta injustificada do representado ou de terceiros,
quando intimados para prestar esclarecimentos orais, no ções preliminares, o Secretário da SDE determinará a ins-
curso de procedimento, de averiguações preliminares ou de tauração do processo administrativo ou o seu arquivamento,
processo administrativo, sujeitará o faltante à multa de R$ recorrendo de ofício ao CADE neste último caso.
500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.700,00 (dez mil e sete- CAPÍTULO II DA INSTAURAÇÃO E INSTRUÇÃO DO PROCESSO
centos reais), conforme sua situação econômica, que será ADMINISTRATIVO
aplicada mediante auto de infração pela autoridade requisi- Art. 32. O processo administrativo será instaurado em prazo
tante. (Incluído pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000). não superior a oito dias, contado do conhecimento do fato,
Art. 26-A. Impedir, obstruir ou de qualquer outra forma difi- da representação, ou do encerramento das averiguações
cultar a realização de inspeção autorizada pela SDE ou preliminares, por despacho fundamentado do Secretário da
SEAE no âmbito de averiguação preliminar, procedimento SDE, que especificará os fatos a serem apurados.
ou processo administrativo sujeitará o inspecionado ao pa- Art. 33. O representado será notificado para apresentar
gamento de multa de R$ 21.200,00 (vinte e um mil e duzen- defesa no prazo de quinze dias.
tos reais) a R$ 425.700,00 (quatrocentos e vinte e cinco mil § 1° A notificação inicial conterá inteiro teor do despacho de
e setecentos reais), conforme a situação econômica do instauração do processo administrativo e da representação,
infrator, mediante a lavratura de auto de infração pela Se- se for o caso.
cretaria competente. (Artigo incluído pela Lei n° 10.149, de § 2° A notificação inicial do representado será feita pelo
21.12.2000). correio, com aviso de recebimento em nome próprio, ou,
Art. 27. Na aplicação das penas estabelecidas nesta Lei não tendo êxito a notificação postal, por edital publicado no
serão levados em consideração: Diário Oficial da União e em jornal de grande circulação no
I - a gravidade da infração; Estado em que resida ou tenha sede, contando-se os pra-
II - a boa-fé do infrator; zos da juntada do Aviso de Recebimento, ou da publicação,
III - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; conforme o caso.
IV - a consumação ou não da infração; § 3° A intimação dos demais atos processuais será feita
V - o grau de lesão, ou perigo de lesão, à livre concorrência, mediante publicação no Diário Oficial da União, da qual
à economia nacional, aos consumidores, ou a terceiros; deverão constar o nome do representado e de seu advoga-
VI - os efeitos econômicos negativos produzidos no merca- do.
do; § 4° O representado poderá acompanhar o processo admi-
VII - a situação econômica do infrator; nistrativo por seu titular e seus diretores ou gerentes, ou por
advogado legalmente habilitado, assegurando-se-lhes am-
VIII - a reincidência.
plo acesso ao processo na SDE e no CADE.
CAPÍTULO IV DA PRESCRIÇÃO
Art. 34. Considerar-se-á revel o representado que, notifica-
Art. 28. (Artigo revogado pela Lei n° 9.873, de 23.11.1999). do, não apresentar defesa no prazo legal, incorrendo em
CAPÍTULO V DO DIREITO DE AÇÃO confissão quanto à matéria de fato, contra ele correndo os
Art. 29. Os prejudicados, por si ou pelos legitimados do art. demais prazos, independentemente de notificação. Qual-
82 da Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990, poderão quer que seja a fase em que se encontre o processo, nele
ingressar em juízo para, em defesa de seus interesses indi- poderá intervir o revel, sem direito à repetição de qualquer
viduais ou individuais homogêneos, obter a cessação de ato já praticado.
práticas que constituam infração da ordem econômica, bem Art. 35. Decorrido o prazo de apresentação da defesa, a
como o recebimento de indenização por perdas e danos SDE determinará a realização de diligências e a produção
de provas de interesse da Secretaria, a serem apresentadas

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no prazo de quinze dias, sendo-lhe facultado exercer os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei n° 10.149, de
poderes de instrução previstos nesta Lei, mantendo-se o 21.12.2000).
sigilo legal quando for o caso. (Redação dada pela Lei n° I - a empresa ou pessoa física seja a primeira a se qualificar
10.149, de 21.12.2000). com respeito à infração noticiada ou sob investigação; (In-
§ 1° As diligências e provas determinadas pelo Secretário cluído pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000).
da SDE, inclusive inquirição de testemunhas, serão concluí- II - a empresa ou pessoa física cesse completamente seu
das no prazo de quarenta e cinco dias, prorrogável por igual envolvimento na infração noticiada ou sob investigação a
período em caso de justificada necessidade. (Redação dada partir da data de propositura do acordo; (Incluído pela Lei n°
pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000). 10.149, de 21.12.2000).
§ 2° Respeitado o objeto de averiguação preliminar, de pro- III - a SDE não disponha de provas suficientes para assegu-
cedimento ou de processo administrativo, compete ao Se- rar a condenação da empresa ou pessoa física quando da
cretário da SDE autorizar, mediante despacho fundamenta- propositura do acordo; e (Incluído pela Lei n° 10.149, de
do, a realização de inspeção na sede social, estabelecimen- 21.12.2000).
to, escritório, filial ou sucursal de empresa investigada, noti- IV - a empresa ou pessoa física confesse sua participação
ficando-se a inspecionada com pelo menos vinte e quatro no ilícito e coopere plena e permanentemente com as inves-
horas de antecedência, não podendo a diligência ter início tigações e o processo administrativo, comparecendo, sob
antes das seis ou após às dezoito horas. (Redação dada suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos pro-
pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000). cessuais, até seu encerramento. (Incluído pela Lei n°
§ 3° Na hipótese do parágrafo anterior, poderão ser inspe- 10.149, de 21.12.2000).
cionados estoques, objetos, papéis de qualquer natureza, § 3° O acordo de leniência firmado com a União, por inter-
assim como livros comerciais, computadores e arquivos médio da SDE, estipulará as condições necessárias para
magnéticos, podendo-se extrair ou requisitar cópias de assegurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do
quaisquer documentos ou dados eletrônicos .(Redação processo. (Incluído pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000).
dada pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000). § 4° A celebração de acordo de leniência não se sujeita à
Art. 35-A. A Advocacia-Geral da União, por solicitação da aprovação do CADE, competindo-lhe, no entanto, quando
SDE, poderá requerer ao Poder Judiciário mandado de do julgamento do processo administrativo, verificado o cum-
busca e apreensão de objetos, papéis de qualquer natureza, primento do acordo: (Parágrafo incluído pela Lei n° 10.149,
assim como de livros comerciais, computadores e arquivos de 21.12.2000).
magnéticos de empresa ou pessoa física, no interesse da I - decretar a extinção da ação punitiva da administração
instrução do procedimento, das averiguações preliminares pública em favor do infrator, nas hipóteses em que a pro-
ou do processo administrativo, aplicando-se, no que couber, posta de acordo tiver sido apresentada à SDE sem que
o disposto no art. 839 e seguintes do Código de Processo essa tivesse conhecimento prévio da infração noticiada; ou
Civil, sendo inexigível a propositura de ação principal. (Inclu- (Incluído pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000).
ído pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000). II - nas demais hipóteses, reduzir de um a dois terços as
§ 1° No curso de procedimento administrativo destinado a penas aplicáveis, observado o disposto no art. 27 desta Lei,
instruir representação a ser encaminhada à SDE, poderá a devendo ainda considerar na gradação da pena a efetivida-
SEAE exercer, no que couber, as competências previstas de da colaboração prestada e a boa-fé do infrator no cum-
no caput deste artigo e no art. 35 desta Lei. (Incluído pela primento do acordo de leniência. (Incluído pela Lei n°
Lei n° 10.149, de 21.12.2000). 10.149, de 21.12.2000).
§ 2° O procedimento administrativo de que trata o parágrafo § 5° Na hipótese do inciso II do parágrafo anterior, a pena
anterior poderá correr sob sigilo, no interesse das investiga- sobre a qual incidirá o fator redutor não será superior à me-
ções, a critério da SEAE. (Incluído pela Lei n° 10.149, de nor das penas aplicadas aos demais co-autores da infração,
21.12.2000). relativamente aos percentuais fixados para a aplicação das
Art. 35-B. A União, por intermédio da SDE, poderá celebrar multas de que trata o art. 23 desta Lei. (Incluído pela Lei n°
acordo de leniência, com a extinção da ação punitiva da 10.149, de 21.12.2000).
administração pública ou a redução de um a dois terços da § 6° Serão estendidos os efeitos do acordo de leniência aos
penalidade aplicável, nos termos deste artigo, com pessoas dirigentes e administradores da empresa habilitada, envolvi-
físicas e jurídicas que forem autoras de infração à ordem dos na infração, desde que firmem o respectivo instrumento
econômica, desde que colaborem efetivamente com as em conjunto com a empresa, respeitadas as condições
investigações e o processo administrativo e que dessa cola- impostas nos incisos II a IV do § 2º deste artigo. (Incluído
boração resulte: (Incluído pela Lei n° 10.149, de pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000).
21.12.2000). § 7° A empresa ou pessoa física que não obtiver, no curso
I - a identificação dos demais co-autores da infração; e (In- de investigação ou processo administrativo, habilitação para
cluído pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000). a celebração do acordo de que trata este artigo, poderá
II - a obtenção de informações e documentos que compro- celebrar com a SDE, até a remessa do processo para jul-
vem a infração noticiada ou sob investigação. (Incluído pela gamento, acordo de leniência relacionado a uma outra infra-
Lei n° 10.149, de 21.12.2000). ção, da qual não tenha qualquer conhecimento prévio a
§ 1° O disposto neste artigo não se aplica às empresas ou Secretaria. (Incluído pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000).
pessoas físicas que tenham estado à frente da conduta tida § 8° Na hipótese do parágrafo anterior, o infrator se benefi-
como infracionária. (Incluído pela Lei n° 10.149, de ciará da redução de um terço da pena que lhe for aplicável
21.12.2000). naquele processo, sem prejuízo da obtenção dos benefícios
§ 2° O acordo de que trata o caput deste artigo somente de que trata o inciso I do § 4º deste artigo em relação à
poderá ser celebrado se preenchidos, cumulativamente, os nova infração denunciada. (Incluído pela Lei n° 10.149, de
21.12.2000).

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§ 9° Considera-se sigilosa a proposta de acordo de que Art. 43. O Conselheiro-Relator poderá determinar a realiza-
trata este artigo, salvo no interesse das investigações e do ção de diligências complementares ou requerer novas in-
processo administrativo. (Incluído pela Lei n° 10.149, de formações, na forma do art. 35, bem como facultar à parte a
21.12.2000). produção de novas provas, quando entender insuficientes
§ 10. Não importará em confissão quanto à matéria de fato, para a formação de sua convicção os elementos existentes
nem reconhecimento de ilicitude da conduta analisada, a nos autos.
proposta de acordo de leniência rejeitada pelo Secretário da Art. 44. A convite do Presidente, por indicação do Relator,
SDE, da qual não se fará qualquer divulgação. (Incluído qualquer pessoa poderá apresentar esclarecimento ao CA-
pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000). DE, a propósito de assuntos que estejam em pauta.
§ 11. A aplicação do disposto neste artigo observará a regu- Art. 45. No ato do julgamento em plenário, de cuja data
lamentação a ser editada pelo Ministro de Estado da Justi- serão intimadas as partes com antecedência mínima de
ça. (Incluído pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000). cinco dias, o Procurador-Geral e o representado ou seu
Art. 35-C. Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados advogado terão, respectivamente, direito à palavra por quin-
na Lei nº 8.137, de 27 de novembro de 1990, a celebração ze minutos cada um.
de acordo de leniência, nos termos desta Lei, determina a Art. 46. A decisão do CADE, que em qualquer hipótese será
suspensão do curso do prazo prescricional e impede o ofe- fundamentada, quando for pela existência de infração da
recimento da denúncia. (Incluído pela Lei n° 10.149, de 21. ordem econômica, conterá:
12.2000). I - especificação dos fatos que constituam a infração apura-
Parágrafo único. Cumprido o acordo de leniência pelo da e a indicação das providências a serem tomadas pelos
agente, extingue-se automaticamente a punibilidade dos responsáveis para fazê-la cessar;
crimes a que se refere o caput deste artigo. (Incluído pela II - prazo dentro do qual devam ser iniciadas e concluídas
Lei n° 10.149, de 21.12.2000). as providências referidas no inciso anterior;
Art. 36. As autoridades federais, os diretores de Autarquia, III - multa estipulada;
fundação, empresa pública e sociedade de economia mista IV - multa diária em caso de continuidade da infração.
e federais são obrigados a prestar, sob pena de responsabi- Parágrafo único. A decisão do CADE será publicada dentro
lidade, toda a assistência e colaboração que lhes for solici- de cinco dias no Diário Oficial da União.
tada pelo CADE ou SDE, inclusive elaborando pareceres Art. 47. O CADE fiscalizará o cumprimento de suas deci-
técnicos sobre as matérias de sua competência. sões. (Redação dada pela Lei n° 9.069, de 29.6.1995).
Art. 37. O representado apresentará as provas de seu inte- Art. 48. Descumprida a decisão, no todo ou em parte, será
resse no prazo máximo de quarenta e cinco dias contado da o fato comunicado ao Presidente do CADE, que determinará
apresentação da defesa, podendo apresentar novos docu- ao Procurador-Geral que providencie sua execução judicial.
mentos a qualquer momento, antes de encerrada a instru-
Art. 49. As decisões do CADE serão tomadas por maioria
ção processual.
absoluta, com a presença mínima de cinco membros.
Parágrafo único. O representado poderá requerer ao Se-
Art. 50. As decisões do CADE não comportam revisão no
cretário da SDE que designe dia, hora e local para oitiva de
âmbito do Poder Executivo, promovendo-se, de imediato,
testemunhas, em número não superior a três.
sua execução e comunicando-se, em seguida, ao Ministério
Art. 38. A Secretaria de Acompanhamento Econômico do Público, para as demais medidas legais cabíveis no âmbito
Ministério da Fazenda será informada por ofício da instaura- de suas atribuições.
ção do processo administrativo para, querendo, emitir pare-
Art. 51. O Regulamento e o Regimento Interno do CADE
cer sobre as matérias de sua especialização, o qual deverá
disporão de forma complementar sobre o processo adminis-
ser apresentado antes do encerramento da instrução pro-
trativo.
cessual. (Redação dada pela Lei n° 9.021, de 30.3.1995).
CAPÍTULO IV DA MEDIDA PREVENTIVA E DA ORDEM DE CESSA-
Art. 39. Concluída a instrução processual, o representado
ÇÃO
será notificado para apresentar alegações finais, no prazo
de cinco dias, após o que o Secretário de Direito Econômi- Art. 52. Em qualquer fase do processo administrativo pode-
co, em relatório circunstanciado, decidirá pela remessa dos rá o Secretário da SDE ou o Conselheiro-Relator, por inicia-
autos ao CADE para julgamento, ou pelo seu arquivamento, tiva própria ou mediante provocação do Procurador-Geral
recorrendo de ofício ao CADE nesta última hipótese. do CADE, adotar medida preventiva, quando houver indício
Art. 40. As averiguações preliminares e o processo adminis- ou fundado receio de que o representado, direta ou indire-
trativo devem ser conduzidos e concluídos com a maior tamente, cause ou possa causar ao mercado lesão irrepará-
brevidade compatível com o esclarecimento dos fatos, nisso vel ou de difícil reparação, ou torne ineficaz o resultado final
se esmerando o Secretário da SDE, e os membros do CA- do processo.
DE, assim como os servidores e funcionários desses ór- § 1° Na medida preventiva, o Secretário da SDE ou o Con-
gãos, sob pena de promoção da respectiva responsabilida- selheiro-Relator determinará a imediata cessação da prática
de. e ordenará, quando materialmente possível, a reversão à
Art. 41. Das decisões do Secretário da SDE não caberá situação anterior, fixando multa diária nos termos do art. 25.
recurso ao superior hierárquico. § 2° Da decisão do Secretário da SDE ou do Conselheiro-
CAPÍTULO III DO JULGAMENTO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO Relator do CADE que adotar medida preventiva caberá
PELO CADE recurso voluntário, no prazo de cinco dias, ao Plenário do
CADE, sem efeito suspensivo.
Art. 42. Recebido o processo, o Presidente do CADE o
CAPÍTULO V DO COMPROMISSO DE CESSAÇÃO
distribuirá, mediante sorteio, ao Conselheiro-Relator, que
abrirá vistas à Procuradoria para manifestar-se no prazo de Art. 53. Em qualquer fase do processo administrativo pode-
vinte dias. (Redação dada pela Lei n° 9.069, de 29.6.1995). rá ser celebrado, pelo CADE ou pela SDE ad referendum do
CADE, compromisso de cessação de prática sob investiga-

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ção, que não importará confissão quanto à matéria de fato, quer dos participantes tenha registrado faturamento bruto
nem reconhecimento de ilicitude da conduta analisada. anual no último balanço equivalente a R$ 400.000.000,00
§ 1° O termo de compromisso conterá, necessariamente, as (quatrocentos milhões de reais). (Redação dada pela Lei n°
seguintes cláusulas: 10.149, de 21.12.2000).
a) obrigações do representado, no sentido de fazer cessar a § 4° Os atos de que trata o caput deverão ser apresentados
prática investigada no prazo estabelecido; para exame, previamente ou no prazo máximo de quinze
b) valor da multa diária a ser imposta no caso de descum- dias úteis de sua realização, mediante encaminhamento da
primento, nos termos do art. 25; respectiva documentação em três vias à SDE, que imedia-
c) obrigação de apresentar relatórios periódicos sobre a sua tamente enviará uma via ao CADE e outra à Seae. (Reda-
atuação no mercado, mantendo as autoridades informadas ção dada pela Lei n° 9.021, de 30.3.1995).
sobre eventuais mudanças em sua estrutura societária, § 5° A inobservância dos prazos de apresentação previstos
controle, atividades e localização. no parágrafo anterior será punida com multa pecuniária, de
§ 2° O processo ficará suspenso enquanto estiver sendo valor não inferior a 60.000 (sessenta mil) Ufir nem superior a
cumprido o compromisso de cessação e será arquivado ao 6.000.000 (seis milhões) de UFIR a ser aplicada pelo CADE,
término do prazo fixado, se atendidas todas as condições sem prejuízo da abertura de processo administrativo, nos
estabelecidas no termo respectivo. termos do art. 32.
§ 3° As condições do termo de compromisso poderão ser § 6° Após receber o parecer técnico da SEAE, que será
alteradas pelo CADE, se comprovada sua excessiva onero- emitido em até trinta dias, a SDE manifestar-se-á em igual
sidade para o representado e desde que não acarrete preju- prazo, e em seguida encaminhará o processo devidamente
ízo para terceiros ou para a coletividade, e a nova situação instruído ao Plenário do CADE, que deliberará no prazo de
não configure infração da ordem econômica. sessenta dias. (Redação dada pela Lei n° 9.021, de
§ 4° O compromisso de cessação constitui título executivo 30.3.1995).
extrajudicial, ajuizando-se imediatamente sua execução em § 7° A eficácia dos atos de que trata este artigo condiciona-
caso de descumprimento ou colocação de obstáculos à sua se à sua aprovação, caso em que retroagirá à data de sua
fiscalização, na forma prescrita no art. 60 e seguintes. realização; não tendo sido apreciados pelo CADE no prazo
§ 5° O disposto neste artigo não se aplica às infrações à estabelecido no parágrafo anterior, serão automaticamente
ordem econômica relacionadas ou decorrentes das condu- considerados aprovados. (Redação dada pela Lei n° 9.021,
tas previstas nos incisos I, II, III e VIII do art. 21 desta Lei. de 30.3.1995).
(Incluído pela Lei n° 10.149, de 21.12.2000). § 8° Os prazos estabelecidos nos §§ 6° e 7° ficarão suspen-
sos enquanto não forem apresentados esclarecimentos e
TÍTULO VII DAS FORMAS DE CONTROLE
documentos imprescindíveis à análise do processo, solicita-
CAPÍTULO I DO CONTROLE DE ATOS E CONTRATOS dos pelo CADE, SDE ou SEAE.
Art. 54. Os atos, sob qualquer forma manifestados, que § 9° Se os atos especificados neste artigo não forem reali-
possam limitar ou de qualquer forma prejudicar a livre con- zados sob condição suspensiva ou deles já tiverem decorri-
corrência, ou resultar na dominação de mercados relevantes do efeitos perante terceiros, inclusive de natureza fiscal, o
de bens ou serviços, deverão ser submetidos à apreciação Plenário do CADE, se concluir pela sua não aprovação,
do CADE. determinará as providências cabíveis no sentido de que
§ 1° O CADE poderá autorizar os atos a que se refere o sejam desconstituídos, total ou parcialmente, seja através
caput, desde que atendam as seguintes condições: de distrato, cisão de sociedade, venda de ativos, cessação
I - tenham por objetivo, cumulada ou alternativamente: parcial de atividades ou qualquer outro ato ou providência
a) aumentar a produtividade; que elimine os efeitos nocivos à ordem econômica, inde-
b) melhorar a qualidade de bens ou serviço; ou pendentemente da responsabilidade civil por perdas e da-
c) propiciar a eficiência e o desenvolvimento tecnológico ou nos eventualmente causados a terceiros.
econômico; § 10. As mudanças de controle acionário de companhias
II - os benefícios decorrentes sejam distribuídos eqüitativa- abertas e os registros de fusão, sem prejuízo da obrigação
mente entre os seus participantes, de um lado, e os consu- das partes envolvidas, devem ser comunicados à SDE, pela
midores ou usuários finais, de outro; Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Departamen-
to Nacional de Registro Comercial do Ministério da Indústria,
III - não impliquem eliminação da concorrência de parte
Comércio e Turismo (DNRC.MICT), respectivamente, no
substancial de mercado relevante de bens e serviços;
prazo de cinco dias úteis para, se for o caso, serem exami-
IV - sejam observados os limites estritamente necessários
nados.
para atingir os objetivos visados.
Art. 55. A aprovação de que trata o artigo anterior poderá
§ 2° Também poderão ser considerados legítimos os atos
ser revista pelo CADE, de ofício ou mediante provocação da
previstos neste artigo, desde que atendidas pelo menos três
SDE, se a decisão for baseada em informações falsas ou
das condições previstas nos incisos do parágrafo anterior,
enganosas prestadas pelo interessado, se ocorrer o des-
quando necessários por motivo preponderantes da econo-
cumprimento de quaisquer das obrigações assumidas ou
mia nacional e do bem comum, e desde que não impliquem
não forem alcançados os benefícios visados.
prejuízo ao consumidor ou usuário final.
Art. 56. As Juntas Comerciais ou órgãos correspondentes
§ 3° Incluem-se nos atos de que trata o caput aqueles que
nos Estados não poderão arquivar quaisquer atos relativos
visem a qualquer forma de concentração econômica, seja
à constituição, transformação, fusão, incorporação ou agru-
através de fusão ou incorporação de empresas, constituição
pamento de empresas, bem como quaisquer alterações, nos
de sociedade para exercer o controle de empresas ou qual-
respectivos atos constitutivos, sem que dos mesmos conste:
quer forma de agrupamento societário, que implique partici-
I - a declaração precisa e detalhada do seu objeto;
pação de empresa ou grupo de empresas resultante em
vinte por cento de um mercado relevante, ou em que qual-

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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II - o capital de cada sócio e a forma e prazo de sua realiza- tação de caução, a ser fixada pelo juízo, que garanta o
ção; cumprimento da decisão final proferida nos autos, inclusive
III - o nome por extenso e qualificação de cada um dos só- no que tange a multas diárias.
cios acionistas; Art. 66. Em razão da gravidade da infração da ordem eco-
IV - o local da sede e respectivo endereço, inclusive das nômica, e havendo fundado receio de dano irreparável ou
filiais declaradas; de difícil reparação, ainda que tenha havido o depósito das
V - os nomes dos diretores por extenso e respectiva qualifi- multas e prestação de caução, poderá o Juiz determinar a
cação; adoção imediata, no todo ou em parte, das providências
VI - o prazo de duração da sociedade; contidas no título executivo.
VII - o número, espécie e valor das ações. Art. 67. No cálculo do valor da multa diária pela continuida-
Art. 57. Nos instrumentos de distrato, além da declaração de da infração, tomar-se-á como termo inicial a data final
da importância repartida entre os sócios e a referência à fixada pelo CADE para a adoção voluntária das providên-
pessoa ou pessoas que assumirem o ativo e passivo da cias contidas em sua decisão, e como termo final o dia do
empresa, deverão ser indicados os motivos da dissolução. seu efetivo cumprimento.
CAPÍTULO II DO COMPROMISSO DE DESEMPENHO Art. 68. O processo de execução das decisões do CADE
terá preferência sobre as demais espécies de ação, exceto
Art. 58. O Plenário do CADE definirá compromissos de habeas corpus e mandado de segurança.
desempenho para os interessados que submetam atos a CAPÍTULO II DA INTERVENÇÃO JUDICIAL
exame na forma do art. 54, de modo a assegurar o cumpri-
mento das condições estabelecidas no § 1° do referido arti- Art. 69. O Juiz decretará a intervenção na empresa quando
go. necessária para permitir a execução específica, nomeando
§ 1° Na definição dos compromissos de desempenho será o interventor.
levado em consideração o grau de exposição do setor à Parágrafo único. A decisão que determinar a intervenção
competição internacional e as alterações no nível de em- deverá ser fundamentada e indicará, clara e precisamente,
prego, dentre outras circunstâncias relevantes. as providências a serem tomadas pelo interventor nomeado.
§ 2° Deverão constar dos compromissos de desempenho Art. 70. Se, dentro de quarenta e oito horas, o executado
metas qualitativas ou quantitativas em prazos pré-definidos, impugnar o interventor por motivo de inaptidão ou inidonei-
cujo cumprimento será acompanhado pela SDE. dade, feita a prova da alegação em três dias, o Juiz decidirá
§ 3° O descumprimento injustificado do compromisso de em igual prazo.
desempenho implicará a revogação da aprovação do CADE, Art. 71. Sendo a impugnação julgada procedente, o Juiz
na forma do art. 55, e a abertura de processo administrativo nomeará novo interventor no prazo de cinco dias.
para adoção das medidas cabíveis. Art. 72. A intervenção poderá ser revogada antes do prazo
CAPÍTULO III DA CONSULTA estabelecido, desde que comprovado o cumprimento inte-
gral da obrigação que a determinou.
Art. 59. (Revogado pela Lei n° 9.069, de 29.6.1995).
Art. 73. A intervenção judicial deverá restringir-se aos atos
TÍTULO VIII DA EXECUÇÃO JUDICIAL DAS DECISÕES necessários ao cumprimento da decisão judicial que a de-
DO CADE terminar, e terá duração máxima de cento e oitenta dias,
CAPÍTULO I DO PROCESSO ficando o interventor responsável por suas ações e omis-
Art. 60. A decisão do Plenário do CADE, cominando multa sões, especialmente em caso de abuso de poder e desvio
ou impondo obrigação de fazer ou não fazer, constitui título de finalidade.
executivo extrajudicial. § 1° Aplica-se ao interventor, no que couber, o disposto nos
Art. 61. A execução que tenha por objeto exclusivamente a arts. 153 a 159 da Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de
cobrança de multa pecuniária será feita de acordo com o 1976.
disposto na Lei n° 6.830, de 22 de setembro de 1980. § 2° A remuneração do interventor será arbitrada pelo Juiz,
Art. 62. Na execução que tenha por objeto, além da cobran- que poderá substituí-lo a qualquer tempo, sendo obrigatória
ça de multa, o cumprimento de obrigação de fazer ou não a substituição quando incorrer em insolvência civil, quando
fazer, o Juiz concederá a tutela específica da obrigação, ou for sujeito passivo ou ativo de qualquer forma de corrupção
determinará providências que assegurem o resultado prático ou prevaricação, ou infringir quaisquer de seus deveres.
equivalente ao do adimplemento. Art. 74. O Juiz poderá afastar de suas funções os respon-
§ 1° A conversão da obrigação de fazer ou não fazer em sáveis pela administração da empresa que, comprovada-
perdas e danos somente será admissível se impossível a mente, obstarem o cumprimento de atos de competência do
tutela específica ou a obtenção do resultado prático corres- interventor. A substituição dar-se-á na forma estabelecida
pondente. no contrato social da empresa.
§ 2° A indenização por perdas e danos far-se-á sem prejuí- § 1° Se, apesar das providências previstas no caput, um ou
zo das multas. mais responsáveis pela administração da empresa persisti-
Art. 63. A execução será feita por todos os meios, inclusive rem em obstar a ação do interventor, o Juiz procederá na
mediante intervenção na empresa, quando necessária. forma do disposto no § 2°.
Art. 64. A execução das decisões do CADE será promovida § 2° Se a maioria dos responsáveis pela administração da
na Justiça Federal do Distrito Federal ou da sede ou domicí- empresa recusar colaboração ao interventor, o Juiz deter-
lio do executado, à escolha do CADE. minará que este assuma a administração total da empresa.
Art. 65. O oferecimento de embargos ou o ajuizamento de Art. 75. Compete ao interventor:
qualquer outra ação que vise a desconstituição do título I - praticar ou ordenar que sejam praticados os atos neces-
executivo não suspenderá a execução, se não for garantido sários à execução;
o juízo no valor das multas aplicadas, assim como de pres-

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II - denunciar ao Juiz quaisquer irregularidades praticadas Art. 84. O valor das multas previstas nesta Lei será conver-
pelos responsáveis pela empresa e das quais venha a ter tido em moeda corrente na data do efetivo pagamento e
conhecimento; recolhido ao Fundo de que trata a Lei n° 7.347, de 24 de
III - apresentar ao Juiz relatório mensal de suas atividades. julho de 1985.
Art. 76. As despesas resultantes da intervenção correrão Art. 85. O inciso VII do art. 4° da Lei n° 8.137, de 27 de
por conta do executado contra quem ela tiver sido decreta- dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte reda-
da. ção:
Art. 77. Decorrido o prazo da intervenção, o interventor “Art. 4° ........................................
apresentará ao Juiz Federal relatório circunstanciado de sua VII - elevar sem justa causa o preço de bem ou serviço,
gestão, propondo a extinção e o arquivamento do processo valendo-se de posição dominante no mercado.
ou pedindo a prorrogação do prazo na hipótese de não ter .......................................................................”
sido possível cumprir integralmente a decisão exeqüenda. Art. 86. O art. 312 do Código de Processo Penal passa a
Art. 78. Todo aquele que se opuser ou obstaculizar a inter- vigorar com a seguinte redação:
venção ou, cessada esta, praticar quaisquer atos que direta “Art. 312 - A prisão preventiva poderá ser decretada como
ou indiretamente anulem seus efeitos, no todo ou em parte, garantia da ordem pública, da ordem econômica, por con-
ou desobedecer a ordens legais do interventor será, con- veniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplica-
forme o caso, responsabilizado criminalmente por resistên- ção da Lei penal, quando houver prova da existência do
cia, desobediência ou coação no curso do processo, na crime e indício suficiente de autoria.”
forma dos arts. 329, 330 e 344 do Código Penal. Art. 87. O art. 39 da Lei n° 8.078, de 11 de setembro de
TÍTULO IX DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS 1990, passa a vigorar com a seguinte redação, acrescendo-
Art. 79. (VETADO). se-lhe os seguintes incisos: (alteração acrescentada à refe-
Art. 80. O cargo de Procurador do CADE é transformado rida Lei).
em cargo de Procurador-Geral e transferido para a Autar- Art. 88. O art. 1° da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985,
quia ora criada juntamente com os cargos de Presidente e passa a vigorar com a seguinte redação e a inclusão de
Conselheiro. novo inciso:
Art. 81. O Poder Executivo, no prazo de sessenta dias, Art. 1° Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo
enviará ao Congresso Nacional projeto de Lei dispondo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos
sobre o quadro de pessoal permanente da nova Autarquia, morais e patrimoniais causados:
bem como sobre a natureza e a remuneração dos cargos de ........................................................................
Presidente, Conselheiro e Procurador-Geral do CADE. V - por infração da ordem econômica.”
§ 1° Enquanto o CADE não contar com quadro próprio de Parágrafo único. O inciso II do art. 5° da Lei n° 7.347, de
pessoal, as cessões temporárias de servidores para a Au- 24 de julho de 1985 passa a ter a seguinte redação:
tarquia serão feitas independentemente de cargos ou fun- “Art.5° .................... ....................
ções comissionados, e sem prejuízo dos vencimentos e II - inclua entre suas finalidades institucionais a proteção ao
demais vantagens asseguradas aos que se encontram na meio ambiente ao consumidor, à ordem econômica, à livre
origem, inclusive para representar judicialmente a Autarquia. concorrência, ou ao patrimônio artístico, estético, histórico,
§ 2° O Presidente do CADE elaborará e submeterá ao Ple- turístico e paisagístico;
nário, para aprovação, a relação dos servidores a serem ......................................................................”.
requisitados para servir à Autarquia, os quais poderão ser Art. 89. Nos processos judiciais em que se discuta a aplica-
colocados à disposição da SDE. ção desta Lei, o CADE deverá ser intimado para, querendo,
Art. 81-A. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica intervir no feito na qualidade de assistente.
– CADE poderá efetuar, nos termos do art. 37, inciso IX, da Art. 90. Ficam interrompidos os prazos relativos aos pro-
Constituição Federal, e observado o disposto na Lei no cessos de consulta formulados com base no art. 74 da Lei
8.745, de 9 de dezembro de 1993, contratação por tempo n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, com a redação dada
determinado, pelo prazo de 12 (doze) meses, do pessoal pelo art. 13 da Lei n° 8.158, de 8 de janeiro de 1991, apli-
técnico imprescindível ao exercício de suas competências cando-se aos mesmos o disposto no Título VII, Capítulo I,
institucionais, limitando-se ao número de 30 (trinta). (Incluí- desta Lei.
do pela Lei nº 10.843, 27.2.2004). Art. 91. O disposto nesta Lei não se aplica aos casos de
Parágrafo único. A contratação referida no caput poderá dumping e subsídios de que tratam os Acordos Relativos à
ser prorrogada, desde que sua duração total não ultrapasse Implementação do Artigo VI do Acordo Geral sobre Tarifas
o prazo de 24 (vinte e quatro) meses, ficando limitada sua Aduaneiras e Comércio, promulgados pelos Decretos n°
vigência, em qualquer caso, a 31 de dezembro de 2005, e 93.941 e n° 93.962, de 16 e 22 de janeiro de 1987, respecti-
dar-se-á mediante processo seletivo simplificado, compre- vamente.
endendo, obrigatoriamente, prova escrita e, facultativamen- Art. 92. Revogam-se as disposições em contrário, assim
te, análise de curriculum vitae, sem prejuízo de outras mo- como as Leis n°s 4.137, de 10 de setembro de 1962, 8.158,
dalidades que, a critério do CADE, venham a ser exigidas. de 8 de janeiro de 1991, e 8.002, de 14 de março de 1990,
(Incluído pela Lei nº 10.843, 27.2.2004). mantido o disposto no art. 36 da Lei n° 8.880, de 27 de maio
Art. 82. (VETADO). de 1994.
Art. 83. Aplicam-se subsidiariamente aos processos admi- Art. 93. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
nistrativo e judicial previstos nesta Lei as disposições do Brasília, 11 de junho de 1994; 173° da Independência e
Código de Processo Civil e das Leis n° 7.347, de 24 de julho 106° da República.
de 1985 e n° 8.078, de 11 de setembro de 1990. ITAMAR FRANCO

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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LEI N° 8.906, DE 4 DE JULHO DE 1994 representar o mandante, salvo se for substituído antes do
término desse prazo.
Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos CAPÍTULO II DOS DIREITOS DO ADVOGADO
Advogados do Brasil (OAB). Art. 6° Não há hierarquia nem subordinação entre advoga-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- dos, magistrados e membros do Ministério Público, devendo
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos.
Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e
os serventuários da justiça devem dispensar ao advogado,
TÍTULO I DA ADVOCACIA
no exercício da profissão, tratamento compatível com a
CAPÍTULO I DA ATIVIDADE DE ADVOCACIA dignidade da advocacia e condições adequadas a seu de-
Art. 1° São atividades privativas de advocacia: sempenho.
I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos Art. 7° São direitos do advogado:
juizados especiais; I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território
II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídi- nacional;
cas. II - ter respeitada, em nome da liberdade de defesa e do
§ 1° Não se inclui na atividade privativa de advocacia a sigilo profissional, a inviolabilidade de seu escritório ou local
impetração de habeas corpus em qualquer instância ou de trabalho, de seus arquivos e dados, de sua correspon-
tribunal. dência e de suas comunicações, inclusive telefônicas ou
§ 2° Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, afins, salvo caso de busca ou apreensão determinada por
sob pena de nulidade, só podem ser admitidos a registro, magistrado e acompanhada de representante da OAB;
nos órgãos competentes, quando visados por advogados. III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservada-
§ 3° É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com mente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem
outra atividade. presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou
Art. 2° O advogado é indispensável à administração da militares, ainda que considerados incomunicáveis;
justiça. IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso
§ 1° No seu ministério privado, o advogado presta serviço em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia,
público e exerce função social. para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e,
§ 2° No processo judicial, o advogado contribui, na postula- nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da
ção de decisão favorável ao seu constituinte, ao convenci- OAB;
mento do julgador, e seus atos constituem múnus público. V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada
§ 3° No exercício da profissão, o advogado é inviolável por em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instala-
seus atos e manifestações, nos limites desta Lei. ções e comodidades condignas, assim reconhecidas pela
Art. 3° O exercício da atividade de advocacia no território OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar;
brasileiro e a denominação de advogado são privativos dos VI - ingressar livremente:
inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos
§ 1° Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao re- cancelos que separam a parte reservada aos magistrados;
gime desta lei, além do regime próprio a que se subordinem, b) nas salas e dependências de audiências, secretarias,
os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Procurado- cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro,
ria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Pro- e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de
curadorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito expediente e independentemente da presença de seus titu-
Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de lares;
administração indireta e fundacional. c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione reparti-
§ 2° O estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode ção judicial ou outro serviço público onde o advogado deva
praticar os atos previstos no art. 1°, na forma do Regula- praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício
mento Geral, em conjunto com advogado e sob responsabi- da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele,
lidade deste. e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servi-
Art. 4° São nulos os atos privativos de advogado praticados dor ou empregado;
por pessoa não inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções d) em qualquer assembléia ou reunião de que participe ou
civis, penais e administrativas. possa participar o seu cliente, ou perante a qual este deva
Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por comparecer, desde que munido de poderes especiais;
advogado impedido - no âmbito do impedimento - suspenso, VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer
licenciado ou que passar a exercer atividade incompatível locais indicados no inciso anterior, independentemente de
com a advocacia. licença;
Art. 5° O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e
prova do mandato. gabinetes de trabalho, independentemente de horário previ-
§ 1° O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem pro- amente marcado ou outra condição, observando-se a ordem
curação, obrigando-se a apresentá-la no prazo de quinze de chegada;
dias, prorrogável por igual período. IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou
§ 2° A procuração para o foro em geral habilita o advogado processo, nas sessões de julgamento, após o voto do rela-
a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou ins- tor, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de
tância, salvo os que exijam poderes especiais. quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido;
§ 3° O advogado que renunciar ao mandato continuará, X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribu-
durante os dez dias seguintes à notificação da renúncia, a nal, mediante intervenção sumária, para esclarecer equívo-

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co ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou fendido, sem prejuízo da responsabilidade criminal em que
afirmações que influam no julgamento, bem como para re- incorrer o infrator.
plicar acusação ou censura que lhe forem feitas; CAPÍTULO III DA INSCRIÇÃO
XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer Art. 8° Para inscrição como advogado é necessário:
juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de pre- I - capacidade civil;
ceito de lei, regulamento ou regimento;
II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em
XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada;
deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder
III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasilei-
Legislativo;
ro;
XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e
IV - aprovação em Exame de Ordem;
Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de
processos findos ou em andamento, mesmo sem procura- V - não exercer atividade incompatível com a advocacia;
ção, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a VI - idoneidade moral;
obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos; VII - prestar compromisso perante o Conselho.
XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem § 1° O Exame da Ordem é regulamentado em provimento
procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em do Conselho Federal da OAB.
andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo § 2° O estrangeiro ou brasileiro, quando não graduado em
copiar peças e tomar apontamentos; direito no Brasil, deve fazer prova do título de graduação,
XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de obtido em instituição estrangeira, devidamente revalidado,
qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, além de atender aos demais requisitos previstos neste arti-
ou retirá-los pelos prazos legais; go.
XVI - retirar autos de processos findos, mesmo sem procu- § 3° A inidoneidade moral, suscitada por qualquer pessoa,
ração, pelo prazo de dez dias; deve ser declarada mediante decisão que obtenha no míni-
XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no mo dois terços dos votos de todos os membros do conselho
exercício da profissão ou em razão dela; competente, em procedimento que observe os termos do
XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de advoga- processo disciplinar.
do; § 4° Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no que tiver sido condenado por crime infamante, salvo reabili-
qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado tação judicial.
com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando Art. 9° Para inscrição como estagiário é necessário:
autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre I - preencher os requisitos mencionados nos incisos I, III, V,
fato que constitua sigilo profissional; VI e VII do art. 8°;
XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando II - ter sido admitido em estágio profissional de advocacia.
pregão para ato judicial, após trinta minutos do horário de- § 1° O estágio profissional de advocacia, com duração de
signado e ao qual ainda não tenha comparecido a autorida- dois anos, realizado nos últimos anos do curso jurídico,
de que deva presidir a ele, mediante comunicação protocoli- pode ser mantido pelas respectivas instituições de ensino
zada em juízo. superior pelos Conselhos da OAB, ou por setores, órgãos
§ 1° Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI: jurídicos e escritórios de advocacia credenciados pela OAB,
1) aos processos sob regime de segredo de justiça; sendo obrigatório o estudo deste Estatuto e do Código de
2) quando existirem nos autos documentos originais de Ética e Disciplina.
difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante que § 2° A inscrição do estagiário é feita no Conselho Seccional
justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou em cujo território se localize seu curso jurídico.
repartição, reconhecida pela autoridade em despacho moti- § 3° O aluno de curso jurídico que exerça atividade incom-
vado, proferido de ofício, mediante representação ou a re- patível com a advocacia pode freqüentar o estágio ministra-
querimento da parte interessada; do pela respectiva instituição de ensino superior, para fins
3) até o encerramento do processo, ao advogado que hou- de aprendizagem, vedada a inscrição na OAB.
ver deixado de devolver os respectivos autos no prazo legal, § 4° O estágio profissional poderá ser cumprido por bacha-
e só o fizer depois de intimado. rel em Direito que queira se inscrever na Ordem.
§ 2° O advogado tem imunidade profissional, não constitu- Art. 10. A inscrição principal do advogado deve ser feita no
indo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer mani- Conselho Seccional em cujo território pretende estabelecer
festação de sua parte, no exercício de sua atividade, em o seu domicílio profissional, na forma do Regulamento Ge-
juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares ral.
perante a OAB, pelos excessos que cometer. § 1° Considera-se domicílio profissional a sede principal da
§ 3° O advogado somente poderá ser preso em flagrante, atividade de advocacia, prevalecendo, na dúvida, o domicí-
por motivo de exercício da profissão, em caso de crime lio da pessoa física do advogado.
inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo. § 2° Além da principal, o advogado deve promover a inscri-
§ 4° O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, ção suplementar nos Conselhos Seccionais em cujos territó-
em todos os juizados, fóruns, tribunais, delegacias de polí- rios passar a exercer habitualmente a profissão, conside-
cia e presídios, salas especiais permanentes para os advo- rando-se habitualidade a intervenção judicial que exceder
gados, com uso e controle assegurados à OAB. de cinco causas por ano.
§ 5° No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da § 3° No caso de mudança efetiva de domicílio profissional
profissão ou de cargo ou função de órgão da OAB, o conse- para outra unidade federativa, deve o advogado requerer a
lho competente deve promover o desagravo público do o- transferência de sua inscrição para o Conselho Seccional
correspondente.

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§ 4° O Conselho Seccional deve suspender o pedido de Art. 16. Não são admitidas a registro, nem podem funcionar,
transferência ou de inscrição suplementar, ao verificar a as sociedades de advogados que apresentem forma ou
existência de vício ou ilegalidade na inscrição principal, características mercantis, que adotem denominação de
contra ela representando ao Conselho Federal. fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia,
Art. 11. Cancela-se a inscrição do profissional que: que incluam sócio não inscrito como advogado ou totalmen-
I - assim o requerer; te proibido de advogar.
II - sofrer penalidade de exclusão; § 1° A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de,
III - falecer; pelo menos, um advogado responsável pela sociedade,
IV - passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incom- podendo permanecer o de sócio falecido, desde que previs-
patível com a advocacia; ta tal possibilidade no ato constitutivo.
V - perder qualquer um dos requisitos necessários para § 2° O licenciamento do sócio para exercer atividade in-
inscrição. compatível com a advocacia em caráter temporário deve ser
averbado no registro da sociedade, não alterando sua cons-
§ 1° Ocorrendo uma das hipóteses dos incisos II, III e IV, o
tituição.
cancelamento deve ser promovido, de ofício, pelo Conselho
competente ou em virtude de comunicação por qualquer § 3° É proibido o registro, nos cartórios de registro civil de
pessoa. pessoas jurídicas e nas juntas comerciais, de sociedade que
inclua, entre outras finalidades, a atividade de advocacia.
§ 2° Na hipótese de novo pedido de inscrição - que não
restaura o número de inscrição anterior - deve o interessado Art. 17. Além da sociedade, o sócio responde subsidiária e
fazer prova dos requisitos dos incisos I, V, VI e VII do art. ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por ação
8°. ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da
responsabilidade disciplinar em que possa incorrer.
§ 3° Na hipótese do inciso II deste artigo, o novo pedido de
inscrição também deve ser acompanhado de provas de CAPÍTULO V DO ADVOGADO EMPREGADO
reabilitação. Art. 18. A relação de emprego, na qualidade de advogado,
Art. 12. Licencia-se o profissional que: não retira a isenção técnica nem reduz a independência
I - assim o requerer, por motivo justificado; profissional inerentes à advocacia.
II - passar a exercer, em caráter temporário, atividade in- Parágrafo único. O advogado empregado não está obriga-
compatível com o exercício da advocacia; do à prestação de serviços profissionais de interesse pes-
III - sofrer doença mental considerada curável. soal dos empregadores, fora da relação de emprego.
Art. 13. O documento de identidade profissional, na forma Art. 19. O salário mínimo profissional do advogado será
prevista no Regulamento Geral, é de uso obrigatório no fixado em sentença normativa, salvo se ajustado em acordo
exercício da atividade de advogado ou de estagiário e cons- ou convenção coletiva de trabalho.
titui prova de identidade civil para todos os fins legais. Art. 20. A jornada de trabalho do advogado empregado, no
Art. 14. É obrigatória a indicação do nome e do número de exercício da profissão, não poderá exceder a duração diária
inscrição em todos os documentos assinados pelo advoga- de quatro horas contínuas e a de vinte horas semanais,
do, no exercício de sua atividade. salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedica-
ção exclusiva.
Parágrafo único. É vedado anunciar ou divulgar qualquer
atividade relacionada com o exercício da advocacia ou o § 1° Para efeitos deste artigo, considera-se como período
uso da expressão “escritório de advocacia”, sem indicação de trabalho o tempo em que o advogado estiver à disposi-
expressa do nome e do número de inscrição dos advogados ção do empregador, aguardando ou executando ordens, no
que o integrem ou o número de registro da sociedade de seu escritório ou em atividades externas, sendo-lhe reem-
advogados na OAB. bolsadas as despesas feitas com transporte, hospedagem e
alimentação.
CAPÍTULO IV DA SOCIEDADE DE ADVOGADOS
§ 2° As horas trabalhadas que excederem a jornada normal
Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade civil são remuneradas por um adicional não inferior a cem por
de prestação de serviço de advocacia, na forma disciplinada cento sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contra-
nesta Lei e no Regulamento Geral. to escrito.
§ 1° A sociedade de advogados adquire personalidade jurí- § 3° As horas trabalhadas no período das vinte horas de um
dica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no dia até as cinco horas do dia seguinte são remuneradas
Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver como noturnas, acrescidas do adicional de vinte e cinco por
sede. cento.
§ 2° Aplica-se à sociedade de advogados o Código de Ética Art. 21. Nas causas em que for parte o empregador, ou
e Disciplina, no que couber. pessoa por este representada, os honorários de sucumbên-
§ 3° As procurações devem ser outorgadas individualmente cia são devidos aos advogados empregados.
aos advogados e indicar a sociedade de que façam parte. Parágrafo único. Os honorários de sucumbência, percebi-
§ 4° Nenhum advogado pode integrar mais de uma socie- dos por advogado empregado de sociedade de advogados
dade de advogados, com sede ou filial na mesma área terri- são partilhados entre ele e a empregadora, na forma esta-
torial do respectivo Conselho Seccional. belecida em acordo.
§ 5° O ato de constituição de filial deve ser averbado no CAPÍTULO VI DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
registro da sociedade e arquivado junto ao Conselho Sec-
Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos
cional onde se instalar, ficando os sócios obrigados à inscri-
inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados,
ção suplementar.
aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência.
§ 6° Os advogados sócios de uma mesma sociedade profis-
§ 1° O advogado, quando indicado para patrocinar causa de
sional não podem representar em juízo clientes de interes-
juridicamente necessitado, no caso de impossibilidade da
ses opostos.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Defensoria Pública no local da prestação de serviço, tem especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como de
direito aos honorários fixados pelo juiz, segundo tabela or- todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de
ganizada pelo Conselho Seccional da OAB, e pagos pelo deliberação coletiva da administração pública direta e indire-
Estado. ta;
§ 2° Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são III - ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos
fixados por arbitramento judicial, em remuneração compatí- da Administração Pública direta ou indireta, em suas funda-
vel com o trabalho e o valor econômico da questão, não ções e em suas empresas controladas ou concessionárias
podendo ser inferiores aos estabelecidos na tabela organi- de serviço público;
zada pelo Conselho Seccional da OAB. IV - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou
§ 3° Salvo estipulação em contrário, um terço dos honorá- indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário e os que
rios é devido no início do serviço, outro terço até a decisão exercem serviços notariais e de registro;
de primeira instância e o restante no final. V - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou
§ 4° Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de indiretamente a atividade policial de qualquer natureza;
honorários antes de expedir-se o mandado de levantamento VI - militares de qualquer natureza, na ativa;
ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos VII - ocupantes de cargos ou funções que tenham compe-
diretamente, por dedução da quantia a ser recebida pelo tência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tribu-
constituinte, salvo se este provar que já os pagou. tos e contribuições parafiscais;
§ 5° O disposto neste artigo não se aplica quando se tratar VIII - ocupantes de funções de direção e gerência em insti-
de mandato outorgado por advogado para defesa em pro- tuições financeiras, inclusive privadas.
cesso oriundo de ato ou omissão praticada no exercício da § 1° A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante
profissão. do cargo ou função deixe de exercê-lo temporariamente.
Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbi- § 2° Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que não
tramento ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo detenham poder de decisão relevante sobre interesses de
este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, terceiro, a juízo do conselho competente da OAB, bem co-
podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja mo a administração acadêmica diretamente relacionada ao
expedido em seu favor. magistério jurídico.
Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e Art. 29. Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais, De-
o contrato escrito que os estipular são títulos executivos e fensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da Adminis-
constituem crédito privilegiado na falência, concordata, con- tração Pública direta, indireta e fundacional são exclusiva-
curso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial. mente legitimados para o exercício da advocacia vinculada
§ 1° A execução dos honorários pode ser promovida nos à função que exerçam, durante o período da investidura.
mesmos autos da ação em que tenha atuado o advogado, Art. 30. São impedidos de exercer a advocacia:
se assim lhe convier. I - os servidores da administração direta, indireta e funda-
§ 2° Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do cional, contra a Fazenda Pública que os remunere ou à qual
advogado, os honorários de sucumbência, proporcionais ao seja vinculada a entidade empregadora;
trabalho realizado, são recebidos por seus sucessores ou II - os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes
representantes legais. níveis, contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito
§ 3° É nula qualquer disposição, cláusula, regulamento ou público, empresas públicas, sociedades de economia mista,
convenção individual ou coletiva que retire do advogado o fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas
direito ao recebimento dos honorários de sucumbência. concessionárias ou permissionárias de serviço público.
§ 4° O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte con- Parágrafo único. Não se incluem nas hipóteses do inciso I
trária, salvo aquiescência do profissional, não lhe prejudica os docentes dos cursos jurídicos.
os honorários, quer os convencionados, quer os concedidos CAPÍTULO VIII DA ÉTICA DO ADVOGADO
por sentença.
Art. 31. O advogado deve proceder de forma que o torne
Art. 25. Prescreve em cinco anos a ação de cobrança de
honorários de advogado, contado o prazo: merecedor de respeito e que contribua para o prestígio da
classe e da advocacia.
I - do vencimento do contrato, se houver;
§ 1° O advogado, no exercício da profissão, deve manter
II - do trânsito em julgado da decisão que os fixar;
independência em qualquer circunstância.
III - da ultimação do serviço extrajudicial;
§ 2° Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qual-
IV - da desistência ou transação; quer autoridade, nem de incorrer em impopularidade, deve
V - da renúncia ou revogação do mandato. deter o advogado no exercício da profissão.
Art. 26. O advogado substabelecido, com reserva de pode- Art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exer-
res, não pode cobrar honorários sem a intervenção daquele cício profissional, praticar com dolo ou culpa.
que lhe conferiu o substabelecimento. Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado
CAPÍTULO VII DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS será solidariamente responsável com seu cliente, desde que
Art. 27. A incompatibilidade determina a proibição total, e o coligado com este para lesar a parte contrária, o que será
impedimento, a proibição parcial do exercício da advocacia. apurado em ação própria.
Art. 28. A advocacia é incompatível, mesmo em causa pró- Art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os
pria, com as seguintes atividades: deveres consignados no Código de Ética e Disciplina.
I - chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os
Legislativo e seus substitutos legais; deveres do advogado para com a comunidade, o cliente, o
II - membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério outro profissional e, ainda, a publicidade, a recusa do patro-
Público, dos tribunais e conselhos de contas, dos juizados

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cínio, o dever de assistência jurídica, o dever geral de urba- XXV - manter conduta incompatível com a advocacia;
nidade e os respectivos procedimentos disciplinares. XXVI - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para
CAPÍTULO IX DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES DISCIPLINARES inscrição na OAB;
Art. 34. Constitui infração disciplinar: XXVII - tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da
I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facili- advocacia;
tar, por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos, XXVIII - praticar crime infamante;
proibidos ou impedidos; XXIX - praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilita-
II - manter sociedade profissional fora das normas e precei- ção.
tos estabelecidos nesta Lei; Parágrafo único. Inclui-se na conduta incompatível:
III - valer-se de agenciador de causas, mediante participa- a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;
ção nos honorários a receber; b) incontinência pública e escandalosa;
IV - angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção c) embriaguez ou toxicomania habituais.
de terceiros; Art. 35. As sanções disciplinares consistem em:
V - assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou I - censura;
para fim extrajudicial que não tenha feito, ou em que não II - suspensão;
tenha colaborado; III - exclusão;
VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a IV - multa.
boa-fé quando fundamentado na inconstitu-cionalidade, na Parágrafo único. As sanções devem constar dos assenta-
injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior; mentos do inscrito, após o trânsito em julgado da decisão,
VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional; não podendo ser objeto de publicidade a de censura.
VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem Art. 36. A censura é aplicável nos casos de:
autorização do cliente ou ciência do advogado contrário; I - infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art. 34;
IX - prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu II - violação a preceito do Código de Ética e Disciplina;
patrocínio;
III - violação a preceito desta lei, quando para a infração não
X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação se tenha estabelecido sanção mais grave.
ou a nulidade do processo em que funcione;
Parágrafo único. A censura pode ser convertida em adver-
XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decor- tência, em ofício reservado, sem registro nos assentamen-
ridos dez dias da comunicação da renúncia; tos do inscrito, quando presente circunstância atenuante.
XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência Art. 37. A suspensão é aplicável nos casos de:
jurídica, quando nomeado em virtude de impossibilidade da
I - infrações definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34;
Defensoria Pública;
II - reincidência em infração disciplinar.
XIII - fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitual-
mente, alegações forenses ou relativas a causas pendentes; § 1° A suspensão acarreta ao infrator a interdição do exer-
cício profissional, em todo o território nacional, pelo prazo
XIV - deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutri-
de trinta dias a doze meses, de acordo com os critérios de
nária ou de julgado, bem como de depoimentos, documen-
individualização previstos neste capítulo.
tos e alegações da parte contrária, para confundir o adver-
sário ou iludir o juiz da causa; § 2° Nas hipóteses dos incisos XXI e XXIII do art. 34, a sus-
pensão perdura até que satisfaça integralmente a dívida,
XV - fazer, em nome do constituinte, sem autorização escri-
inclusive com correção monetária.
ta deste, imputação a terceiro de fato definido como crime;
§ 3° Na hipótese do inciso XXIV do art. 34, a suspensão
XVI - deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determina-
perdura até que preste novas provas de habilitação.
ção emanada do órgão ou de autoridade da Ordem, em
matéria da competência desta, depois de regularmente Art. 38. A exclusão é aplicável nos casos de:
notificado; I - aplicação, por três vezes, de suspensão;
XVII - prestar concurso a clientes ou a terceiros para reali- II - infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34.
zação de ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la; Parágrafo único. Para a aplicação da sanção disciplinar de
XVIII - solicitar ou receber de constituinte qualquer impor- exclusão, é necessária a manifestação favorável de dois
tância para aplicação ilícita ou desonesta; terços dos membros do Conselho Seccional competente.
XIX - receber valores, da parte contrária ou de terceiro, Art. 39. A multa, variável entre o mínimo correspondente ao
relacionados com o objeto do mandato, sem expressa auto- valor de uma anuidade e o máximo de seu décuplo, é apli-
rização do constituinte; cável cumulativamente com a censura ou suspensão, em
XX - locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou havendo circunstâncias agravantes.
da parte adversa, por si ou interposta pessoa; Art. 40. Na aplicação das sanções disciplinares, são consi-
XXI - recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao deradas, para fins de atenuação, as seguintes circunstân-
cliente de quantias recebidas dele ou de terceiros por conta cias, entre outras:
dele; I - falta cometida na defesa de prerrogativa profissional;
XXII - reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com II - ausência de punição disciplinar anterior;
vista ou em confiança; III - exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em
XXIII - deixar de pagar as contribuições, multas e preços de qualquer órgão da OAB;
serviços devidos à OAB, depois de regularmente notificado IV - prestação de relevantes serviços à advocacia ou à cau-
a fazê-lo; sa pública.
XXIV - incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia Parágrafo único. Os antecedentes profissionais do inscrito,
profissional; as atenuantes, o grau de culpa por ele revelada, as circuns-

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tâncias e as conseqüências da infração são considerados Seccionais, quando estes contarem com mais de mil e qui-
para o fim de decidir: nhentos inscritos.
a) sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e § 5° A OAB, por constituir serviço público, goza de imunida-
de outra sanção disciplinar; de tributária total em relação a seus bens, rendas e servi-
b) sobre o tempo de suspensão e o valor da multa aplicá- ços.
veis. § 6° Os atos conclusivos dos órgãos da OAB, salvo quando
Art. 41. É permitido ao que tenha sofrido qualquer sanção reservados ou de administração interna, devem ser publica-
disciplinar requerer, um ano após seu cumprimento, a reabi- dos na imprensa oficial ou afixados no fórum, na íntegra ou
litação, em face de provas efetivas de bom comportamento. em resumo.
Parágrafo único. Quando a sanção disciplinar resultar da Art. 46. Compete à OAB fixar e cobrar, de seus inscritos,
prática de crime, o pedido de reabilitação depende também contribuições, preços de serviços e multas.
da correspondente reabilitação criminal. Parágrafo único. Constitui título executivo extrajudicial a
Art. 42. Fica impedido de exercer o mandato o profissional a certidão passada pela diretoria do Conselho competente,
quem forem aplicadas as sanções disciplinares de suspen- relativa a crédito previsto neste artigo.
são ou exclusão. Art. 47. O pagamento da contribuição anual à OAB isenta
Art. 43. A pretensão à punibilidade das infrações disciplina- os inscritos nos seus quadros do pagamento obrigatório da
res prescreve em cinco anos, contados da data da consta- contribuição sindical.
tação oficial do fato. Art. 48. O cargo de conselheiro ou de membro de diretoria
§ 1° Aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar para- de órgão da OAB é de exercício gratuito e obrigatório, con-
lisado por mais de três anos, pendente de despacho ou siderado serviço público relevante, inclusive para fins de
julgamento, devendo ser arquivado de ofício, ou a requeri- disponibilidade e aposentadoria.
mento da parte interessada, sem prejuízo de serem apura- Art. 49. Os Presidentes dos Conselhos e das Subseções da
das as responsabilidades pela paralisação. OAB têm legitimidade para agir, judicial e extrajudicialmen-
§ 2° A prescrição interrompe-se: te, contra qualquer pessoa que infringir as disposições ou os
I - pela instauração de processo disciplinar ou pela notifica- fins desta lei.
ção válida feita diretamente ao representado; Parágrafo único. As autoridades mencionadas no caput
II - pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão deste artigo têm, ainda, legitimidade para intervir, inclusive
julgador da OAB. como assistentes, nos inquéritos e processos em que sejam
indiciados, acusados ou ofendidos os inscritos na OAB.
TÍTULO II DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
Art. 50. Para os fins desta lei, os Presidentes dos Conse-
CAPÍTULO I DOS FINS E DA ORGANIZAÇÃO
lhos da OAB e das Subseções podem requisitar cópias de
Art. 44. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), serviço peças de autos e documentos a qualquer tribunal, magistra-
público, dotada de personalidade jurídica e forma federativa, do, cartório e órgão da Administração Pública direta, indireta
tem por finalidade: e fundacional.
I - defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado de- CAPÍTULO II DO CONSELHO FEDERAL
mocrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e
Art. 51. O Conselho Federal compõe-se:
pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administra-
ção da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das insti- I - dos conselheiros federais, integrantes das delegações de
tuições jurídicas; cada unidade federativa;
II - promover, com exclusividade, a representação, a defesa, II - dos seus ex-presidentes, na qualidade de membros ho-
a seleção e a disciplina dos advogados em toda a República norários vitalícios.
Federativa do Brasil. § 1° Cada delegação é formada por três conselheiros fede-
§ 1° A OAB não mantém com órgãos da Administração rais.
Pública qualquer vínculo funcional ou hierárquico. § 2° Os ex-presidentes têm direito apenas a voz nas ses-
§ 2° O uso da sigla “OAB” é privativo da Ordem dos Advo- sões.
gados do Brasil. Art. 52. Os presidentes dos Conselhos Seccionais, nas
Art. 45. São órgãos da OAB: sessões do Conselho Federal, têm lugar reservado junto à
delegação respectiva e direito somente a voz.
I - o Conselho Federal;
Art. 53. O Conselho Federal tem sua estrutura e funciona-
II - os Conselhos Seccionais;
mento definidos no Regulamento Geral da OAB.
III - as Subseções;
§ 1° O Presidente, nas deliberações do Conselho, tem ape-
IV - as Caixas de Assistência dos Advogados. nas o voto de qualidade.
§ 1° O Conselho Federal, dotado de personalidade jurídica § 2° O voto é tomado por delegação, e não pode ser exerci-
própria, com sede na capital da República, é o órgão su- do nas matérias de interesse da unidade que represente.
premo da OAB.
Art. 54. Compete ao Conselho Federal:
§ 2° Os Conselhos Seccionais, dotados de personalidade
I - dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;
jurídica própria, têm jurisdição sobre os respectivos territó-
rios dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Territó- II - representar, em juízo ou fora dele, os interesses coleti-
rios. vos ou individuais dos advogados;
§ 3° As Subseções são partes autônomas do Conselho III - velar pela dignidade, independência, prerrogativas e
Seccional, na forma desta lei e de seu ato constitutivo. valorização da advocacia;
§ 4° As Caixas de Assistência dos Advogados, dotadas de IV - representar, com exclusividade, os advogados brasilei-
personalidade jurídica própria, são criadas pelos Conselhos ros nos órgãos e eventos internacionais da advocacia;

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V - editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética § 1° São membros honorários vitalícios os seus ex-
e Disciplina, e os Provimentos que julgar necessários; presidentes, somente com direito a voz em suas sessões.
VI - adotar medidas para assegurar o regular funcionamento § 2° O Presidente do Instituto dos Advogados local é mem-
dos Conselhos Seccionais; bro honorário, somente com direito a voz nas sessões do
VII - intervir nos Conselhos Seccionais, onde e quando Conselho.
constatar grave violação desta lei ou do regulamento geral; § 3° Quando presentes às sessões do Conselho Seccional,
VIII - cassar ou modificar, de ofício ou mediante representa- o Presidente do Conselho Federal, os Conselheiros Fede-
ção, qualquer ato, de órgão ou autoridade da OAB, contrário rais integrantes da respectiva delegação, o Presidente da
a esta lei, ao regulamento geral, ao Código de Ética e Disci- Caixa de Assistência dos Advogados e os Presidentes das
plina, e aos Provimentos, ouvida a autoridade ou o órgão Subseções, têm direito a voz.
em causa; Art. 57. O Conselho Seccional exerce e observa, no respec-
IX - julgar, em grau de recurso, as questões decididas pelos tivo território, as competências, vedações e funções atribuí-
Conselhos Seccionais, nos casos previstos neste estatuto e das ao Conselho Federal, no que couber e no âmbito de sua
no Regulamento Geral; competência material e territorial, e as normas gerais esta-
X - dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e so- belecidas nesta lei, no regulamento geral, no Código de
bre os respectivos símbolos privativos; Ética e Disciplina, e nos Provimentos.
XI - apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e Art. 58. Compete privativamente ao Conselho Seccional:
as contas de sua diretoria; I - editar seu Regimento Interno e Resoluções;
XII - homologar ou mandar suprir relatório anual, o balanço II - criar as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advo-
e as contas dos Conselhos Seccionais; gados;
XIII - elaborar as listas constitucionalmente previstas, para o III - julgar, em grau de recurso, as questões decididas por
preenchimento dos cargos nos tribunais judiciários de âmbi- seu Presidente, por sua diretoria, pelo Tribunal de Ética e
to nacional ou interestadual, com advogados que estejam Disciplina, pelas diretorias das Subseções e da Caixa de
em pleno exercício da profissão, vedada a inclusão de nome Assistência dos Advogados;
de membro do próprio Conselho ou de outro órgão da OAB; IV - fiscalizar a aplicação da receita, apreciar o relatório
XIV - ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas anual e deliberar sobre o balanço e as contas de sua direto-
legais e atos normativos, ação civil pública, mandado de ria, das diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência
segurança coletivo, mandado de injunção e demais ações dos Advogados;
cuja legitimação lhe seja outorgada por lei; V - fixar a tabela de honorários, válida para todo o território
XV - colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, estadual;
e opinar, previamente, nos pedidos apresentados aos ór- VI - realizar o Exame de Ordem;
gãos competentes para criação, reconhecimento ou creden- VII - decidir os pedidos de inscrição nos quadros de advo-
ciamento desses cursos; gados e estagiários;
XVI - autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a VIII - manter cadastro de seus inscritos;
oneração ou alienação de seus bens imóveis; IX - fixar, alterar e receber contribuições obrigatórias, preços
XVII - participar de concursos públicos, nos casos previstos de serviços e multas;
na Constituição e na lei, em todas as suas fases, quando X - participar da elaboração dos concursos públicos, em
tiverem abrangência nacional ou interestadual; todas as suas fases, nos casos previstos na Constituição e
XVIII - resolver os casos omissos neste Estatuto. nas leis, no âmbito do seu território;
Parágrafo único. A intervenção referida no inciso VII deste XI - determinar, com exclusividade, critérios para o traje dos
artigo depende de prévia aprovação por dois terços das advogados, no exercício profissional;
delegações, garantido o amplo direito de defesa do Conse- XII - aprovar e modificar seu orçamento anual;
lho Seccional respectivo, nomeando-se diretoria provisória XIII - definir a composição e o funcionamento do Tribunal de
para o prazo que se fixar. Ética e Disciplina, e escolher seus membros;
Art. 55. A diretoria do Conselho Federal é composta de um XIV - eleger as listas, constitucionalmente previstas, para
Presidente, de um Vice-Presidente, de um Secretário-Geral, preenchimento dos cargos nos tribunais judiciários, no âmbi-
de um Secretário-Geral Adjunto e de um Tesoureiro. to de sua competência e na forma do Provimento do Conse-
§ 1° O Presidente exerce a representação nacional e inter- lho Federal, vedada a inclusão de membros do próprio Con-
nacional da OAB, competindo-lhe convocar o Conselho selho e de qualquer órgão da OAB;
Federal, presidi-lo, representá-lo ativa e passivamente, em XV - intervir nas Subseções e na Caixa de Assistência dos
juízo ou fora dele, promover-lhe a administração patrimonial Advogados;
e dar execução às suas decisões. XVI - desempenhar outras atribuições previstas no Regula-
§ 2° O regulamento geral define as atribuições dos mem- mento Geral.
bros da diretoria e a ordem de substituição em caso de va- Art. 59. A diretoria do Conselho Seccional tem composição
cância, licença, falta ou impedimento. idêntica e atribuições equivalentes às do Conselho Federal,
§ 3° Nas deliberações do Conselho Federal, os membros da na forma do regimento interno daquele.
diretoria votam como membros de suas delegações, caben- CAPÍTULO IV DA SUBSEÇÃO
do ao Presidente, apenas, o voto de qualidade e o direito de
embargar a decisão, se esta não for unânime. Art. 60. A Subseção pode ser criada pelo Conselho Seccio-
CAPÍTULO III DO CONSELHO SECCIONAL nal, que fixa sua área territorial e seus limites de competên-
cia e autonomia.
Art. 56. O Conselho Seccional compõe-se de conselheiros § 1° A área territorial da Subseção pode abranger um ou
em número proporcional ao de seus inscritos, segundo crité- mais municípios, ou parte de município, inclusive da capital
rios estabelecidos no Regulamento Geral.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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do Estado, contando com um mínimo de quinze advogados, CAPÍTULO VI DAS ELEIÇÕES E DOS MANDATOS
nela profissionalmente domiciliados. Art. 63. A eleição dos membros de todos os órgãos da OAB
§ 2° A Subseção é administrada por uma diretoria, com será realizada na segunda quinzena do mês de novembro,
atribuições e composição equivalentes às da diretoria do do último ano do mandato, mediante cédula única e votação
Conselho Seccional. direta dos advogados regularmente inscritos.
§ 3° Havendo mais de cem advogados, a Subseção pode § 1° A eleição, na forma e segundo os critérios e procedi-
ser integrada, também, por um conselho em número de mentos estabelecidos no Regulamento Geral, é de compa-
membros fixado pelo Conselho Seccional. recimento obrigatório para todos os advogados inscritos na
§ 4° Os quantitativos referidos nos §§ 1° e 3° deste artigo OAB.
podem ser ampliados, na forma do regimento interno do § 2° O candidato deve comprovar situação regular junto à
Conselho Seccional. OAB, não ocupar cargo exonerável ad nutum, não ter sido
§ 5° Cabe ao Conselho Seccional fixar, em seu orçamento, condenado por infração disciplinar, salvo reabilitação, e
dotações específicas destinadas à manutenção das Subse- exercer efetivamente a profissão há mais de cinco anos.
ções. Art. 64. Consideram-se eleitos os candidatos integrantes da
§ 6° O Conselho Seccional, mediante o voto de dois terços chapa que obtiver a maioria dos votos válidos.
de seus membros, pode intervir nas Subseções, onde cons- § 1° A chapa para o Conselho Seccional deve ser composta
tatar grave violação desta lei ou do regimento interno da- dos candidatos ao conselho e à sua Diretoria e, ainda, à
quele. delegação ao Conselho Federal e à Diretoria da Caixa de
Art. 61. Compete à Subseção, no âmbito de seu território: Assistência dos Advogados para eleição conjunta.
I - dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB; § 2° A chapa para a Subseção deve ser composta com os
II - velar pela dignidade, independência e valorização da candidatos à diretoria, e de seu Conselho quando houver.
advocacia, e fazer valer as prerrogativas do advogado; Art. 65. O mandato em qualquer órgão da OAB é de três
III - representar a OAB perante os poderes constituídos; anos, iniciando-se em primeiro de janeiro do ano seguinte
IV - desempenhar as atribuições previstas no regulamento ao da eleição, salvo o Conselho Federal.
geral ou por delegação de competência do Conselho Sec- Parágrafo único. Os conselheiros federais eleitos iniciam
cional. seus mandatos em primeiro de fevereiro do ano seguinte ao
Parágrafo único. Ao Conselho da Subseção, quando hou- da eleição.
ver, compete exercer as funções e atribuições do Conselho Art. 66. Extingue-se o mandato automaticamente, antes do
Seccional, na forma do regimento interno deste, e ainda: seu término, quando:
a) editar seu regimento interno, a ser referendado pelo Con- I - ocorrer qualquer hipótese de cancelamento de inscrição
selho Seccional; ou de licenciamento do profissional;
b) editar resoluções, no âmbito de sua competência; II - o titular sofrer condenação disciplinar;
c) instaurar e instruir processos disciplinares, para julga- III - o titular faltar, sem motivo justificado, a três reuniões
mento pelo Tribunal de Ética e Disciplina; ordinárias consecutivas de cada órgão deliberativo do Con-
d) receber pedido de inscrição nos quadros de advogado e selho ou da Diretoria da Subseção ou da Caixa de Assistên-
estagiário, instruindo e emitindo parecer prévio, para deci- cia dos Advogados, não podendo ser reconduzido no mes-
são do Conselho Seccional. mo período de mandato.
CAPÍTULO V DA CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS Parágrafo único. Extinto qualquer mandato, nas hipóteses
Art. 62. A Caixa de Assistência dos Advogados, com perso- deste artigo, cabe ao Conselho Seccional escolher o substi-
nalidade jurídica própria, destina-se a prestar assistência tuto, caso não haja suplente.
aos inscritos no Conselho Seccional a que se vincule. Art. 67. A eleição da Diretoria do Conselho Federal, que
§ 1° A Caixa é criada e adquire personalidade jurídica com tomará posse no dia 1° de fevereiro, obedecerá às seguin-
a aprovação e registro de seu Estatuto pelo respectivo Con- tes regras:
selho Seccional da OAB, na forma do Regulamento Geral. I - será admitido registro, junto ao Conselho Federal, de
§ 2° A Caixa pode, em benefício dos advogados, promover candidatura à presidência, desde seis meses até um mês
a seguridade complementar. antes da eleição;
§ 3° Compete ao Conselho Seccional fixar contribuição II - o requerimento de registro deverá vir acompanhado do
obrigatória devida por seus inscritos, destinada à manuten- apoiamento de, no mínimo, seis Conselhos Seccionais;
ção do disposto no parágrafo anterior, incidente sobre atos III - até um mês antes das eleições, deverá ser requerido o
decorrentes do efetivo exercício da advocacia. registro da chapa completa, sob pena de cancelamento da
§ 4° A diretoria da Caixa é composta de cinco membros, candidatura respectiva;
com atribuições definidas no seu Regimento Interno. IV - no dia 25 de janeiro, proceder-se-á, em todos os Conse-
§ 5° Cabe à Caixa a metade da receita das anuidades rece- lhos Seccionais, à eleição da Diretoria do Conselho Federal,
bidas pelo Conselho Seccional, considerado o valor resul- devendo o Presidente do Conselho Seccional comunicar,
tante após as deduções regulamentares obrigatórias. em três dias, à Diretoria do Conselho Federal, o resultado
do pleito;
§ 6° Em caso de extinção ou desativação da Caixa, seu
patrimônio se incorpora ao do Conselho Seccional respecti- V - de posse dos resultados das Seccionais, a Diretoria do
vo. Conselho Federal procederá à contagem dos votos, corres-
pondendo a cada Conselho Seccional um voto, e proclama-
§ 7° O Conselho Seccional, mediante voto de dois terços de
rá o resultado.
seus membros, pode intervir na Caixa de Assistência dos
Advogados, no caso de descumprimento de suas finalida- Parágrafo único. Com exceção do candidato a Presidente,
des, designando diretoria provisória, enquanto durar a inter- os demais integrantes da chapa deverão ser conselheiros
venção. federais eleitos.

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TÍTULO III DO PROCESSO NA OAB § 3° O prazo para defesa prévia pode ser prorrogado por
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS motivo relevante, a juízo do relator.
Art. 68. Salvo disposição em contrário, aplicam-se subsidia- § 4° Se o representado não for encontrado, ou for revel, o
riamente ao processo disciplinar as regras da legislação Presidente do Conselho ou da Subseção deve designar-lhe
processual penal comum e, aos demais processos, as re- defensor dativo;
gras gerais do procedimento administrativo comum e da § 5° É também permitida a revisão do processo disciplinar,
legislação processual civil, nessa ordem. por erro de julgamento ou por condenação baseada em
Art. 69. Todos os prazos necessários à manifestação de falsa prova.
advogados, estagiários e terceiros, nos processos em geral Art. 74. O Conselho Seccional pode adotar as medidas
da OAB, são de quinze dias, inclusive para interposição de administrativas e judiciais pertinentes, objetivando a que o
recursos. profissional suspenso ou excluído devolva os documentos
§ 1° Nos casos de comunicação por ofício reservado, ou de de identificação.
notificação pessoal, o prazo se conta a partir do dia útil ime- CAPÍTULO III DOS RECURSOS
diato ao da notificação do recebimento. Art. 75. Cabe recurso ao Conselho Federal de todas as
§ 2° Nos casos de publicação na imprensa oficial do ato ou decisões definitivas proferidas pelo Conselho Seccional,
da decisão, o prazo inicia-se no primeiro dia útil seguinte. quando não tenham sido unânimes ou, sendo unânimes,
CAPÍTULO II DO PROCESSO DISCIPLINAR contrariem esta Lei, decisão do Conselho Federal ou de
Art. 70. O poder de punir disciplinarmente os inscritos na outro Conselho Seccional e, ainda, o Regulamento Geral, o
OAB compete exclusivamente ao Conselho Seccional em Código de Ética e Disciplina e os Provimentos.
cuja base territorial tenha ocorrido a infração, salvo se a Parágrafo único. Além dos interessados, o Presidente do
falta for cometida perante o Conselho Federal. Conselho Seccional é legitimado a interpor o recurso referi-
§ 1° Cabe ao Tribunal de Ética e Disciplina, do Conselho do neste artigo.
Seccional competente, julgar os processos disciplinares, Art. 76. Cabe recurso ao Conselho Seccional de todas as
instruídos pelas Subseções ou por relatores do próprio Con- decisões proferidas por seu Presidente, pelo Tribunal de
selho. Ética e Disciplina, ou pela diretoria da Subseção ou da Cai-
§ 2° A decisão condenatória irrecorrível deve ser imediata- xa de Assistência dos Advogados.
mente comunicada ao Conselho Seccional onde o represen- Art. 77. Todos os recursos têm efeito suspensivo, exceto
tado tenha inscrição principal, para constar dos respectivos quando tratarem de eleições (arts. 63 e seguintes), de sus-
assentamentos. pensão preventiva decidida pelo Tribunal de Ética e Disci-
§ 3° O Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho onde o plina, e de cancelamento da inscrição obtida com falsa pro-
acusado tenha inscrição principal pode suspendê-lo preven- va.
tivamente, em caso de repercussão prejudicial à dignidade Parágrafo único. O Regulamento Geral disciplina o cabi-
da advocacia, depois de ouvi-lo em sessão especial para a mento de recursos específicos, no âmbito de cada órgão
qual deve ser notificado a comparecer, salvo se não atender julgador.
à notificação. Neste caso, o processo disciplinar deve ser TÍTULO IV DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓ-
concluído no prazo máximo de noventa dias. RIAS
Art. 71. A jurisdição disciplinar não exclui a comum e, quan- Art. 78. Cabe ao Conselho Federal da OAB, por deliberação
do o fato constituir crime ou contravenção, deve ser comu- de dois terços, pelo menos, das delegações, editar o Regu-
nicado às autoridades competentes. lamento Geral deste Estatuto, no prazo de seis meses, con-
Art. 72. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou me- tados da publicação desta lei.
diante representação de qualquer autoridade ou pessoa Art. 79. Aos servidores da OAB, aplica-se o regime traba-
interessada. lhista.
§ 1° O Código de Ética e Disciplina estabelece os critérios § 1° Aos servidores da OAB, sujeitos ao regime da Lei n°
de admissibilidade da representação e os procedimentos 8.112, de 11 de dezembro de 1990, é concedido o direito de
disciplinares. opção pelo regime trabalhista, no prazo de noventa dias a
§ 2° O processo disciplinar tramita em sigilo, até o seu tér- partir da vigência desta Lei, sendo assegurado aos optantes
mino, só tendo acesso às suas informações as partes, seus o pagamento de indenização, quando da aposentadoria,
defensores e a autoridade judiciária competente. correspondente a cinco vezes o valor da última remunera-
Art. 73. Recebida a representação, o Presidente deve de- ção.
signar relator, a quem compete a instrução do processo e o § 2° Os servidores que não optarem pelo regime trabalhista
oferecimento de parecer preliminar a ser submetido ao Tri- serão posicionados no quadro em extinção, assegurado o
bunal de Ética e Disciplina. direito adquirido ao regime legal anterior.
§ 1° Ao representado deve ser assegurado amplo direito de Art. 80. Os Conselhos Federal e Seccionais devem promo-
defesa, podendo acompanhar o processo em todos os ter- ver trienalmente as respectivas Conferências, em data não
mos, pessoalmente ou por intermédio de procurador, ofere- coincidente com o ano eleitoral, e, periodicamente, reunião
cendo defesa prévia após ser notificado, razões finais após do colégio de presidentes a eles vinculados, com finalidade
a instrução e defesa oral perante o Tribunal de Ética e Dis- consultiva.
ciplina, por ocasião do julgamento. Art. 81. Não se aplicam aos que tenham assumido origina-
§ 2° Se, após a defesa prévia, o relator se manifestar pelo riamente o cargo de Presidente do Conselho Federal ou dos
indeferimento liminar da representação, este deve ser deci- Conselhos Seccionais, até a data da publicação desta Lei,
dido pelo Presidente do Conselho Seccional, para determi- as normas contidas no Título II, acerca da composição des-
nar seu arquivamento. ses Conselhos, ficando assegurado o pleno direito de voz e
voto em suas sessões.

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Art. 82. Aplicam-se as alterações previstas nesta lei, quanto cidos pelo juízo competente, atendidas as peculiaridades
a mandatos, eleições, composição e atribuições dos órgãos locais, em local de fácil acesso ao público e que ofereça
da OAB, a partir do término do mandato dos atuais mem- segurança para o arquivamento de livros e documentos.
bros, devendo os Conselhos Federal e Seccionais discipli- § 1° O serviço de registro civil das pessoas naturais será
narem os respectivos procedimentos de adaptação. prestado, também, nos sábados, domingos e feriados pelo
Parágrafo único. Os mandatos dos membros dos órgãos sistema de plantão.
da OAB, eleitos na primeira eleição sob a vigência desta lei, § 2° O atendimento ao público será, no mínimo, de seis
e na forma do Capítulo VI do Título II, terão início no dia horas diárias.
seguinte ao término dos atuais mandatos, encerrando-se CAPÍTULO II DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES
em 31 de dezembro do terceiro ano do mandato e em 31 de Seção I Dos Titulares
janeiro do terceiro ano do mandato, neste caso com relação
ao Conselho Federal. Art. 5° Os titulares de serviços notariais e de registro são
Art. 83. Não se aplica o disposto no art. 28, inciso II, desta os:
Lei, aos membros do Ministério Público que, na data de I - tabeliães de notas;
promulgação da Constituição, se incluam na previsão do art. II - tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos;
29, § 3°, do seu Ato das Disposições Constitucionais Transi- III - tabeliães de protesto de títulos;
tórias. IV - oficiais de registro de imóveis;
Art. 84. O estagiário, inscrito no respectivo quadro, fica V - oficiais de registro de títulos e documentos e civis das
dispensado do Exame de Ordem, desde que comprove, em pessoas jurídicas;
até dois anos da promulgação desta Lei, o exercício e resul- VI - oficiais de registro civis das pessoas naturais e de inter-
tado do estágio profissional ou a conclusão, com aproveita- dições e tutelas;
mento, do estágio de Prática Forense e Organização Judici- VII - oficiais de registro de distribuição.
ária, realizado junto à respectiva faculdade, na forma da Seção II Das Atribuições e Competências dos Notários
legislação em vigor.
Art. 6° Aos notários compete:
Art. 85. O Instituto dos Advogados Brasileiros e as institui-
ções a ele filiadas têm qualidade para promover perante a I - formalizar juridicamente a vontade das partes;
OAB o que julgarem do interesse dos advogados em geral II - intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes
ou de qualquer dos seus membros. devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autori-
Art. 86. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. zando a redação ou redigindo os instrumentos adequados,
conservando os originais e expedindo cópias fidedignas de
Art. 87. Revogam-se as disposições em contrário, especi-
seu conteúdo;
almente a Lei n° 4.215, de 27 de abril de 1963, a Lei n°
5.390, de 23 de fevereiro de 1968, o Decreto-Lei n° 505, de III - autenticar fatos.
18 de março de 1969, a Lei n° 5.681, de 20 de julho de Art. 7° Aos tabeliães de notas compete com exclusividade:
1971, a Lei n° 5.842, de 6 de dezembro de 1972, a Lei n° I - lavrar escrituras e procurações, públicas;
5.960, de 10 de dezembro de 1973, a Lei n° 6.743, de 5 de II - lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;
dezembro de 1979, a Lei n° 6.884, de 9 de dezembro de III - lavrar atas notariais;
1980, a Lei n° 6.994, de 26 de maio de 1982, mantidos os IV - reconhecer firmas;
efeitos da Lei n° 7.346, de 22 de julho de 1985. V - autenticar cópias.
Brasília, 4 de julho de 1994; 173° da Independência e 106° Parágrafo único. É facultado aos tabeliães de notas reali-
da República. zar todas as gestões e diligências necessárias ou conveni-
ITAMAR FRANCO entes ao preparo dos atos notariais, requerendo o que cou-
ber, sem ônus maiores que os emolumentos devidos pelo
LEI N° 8.935, DE 18 DE NOVEMBRO DE 1994 ato.
Art. 8° É livre a escolha do tabelião de notas, qualquer que
Regulamenta o art. 236 da Constituição Federal, dis- seja o domicílio das partes ou o lugar de situação dos bens
pondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos objeto do ato ou negócio.
cartórios) Art. 9° O tabelião de notas não poderá praticar atos de seu
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- ofício fora do Município para o qual recebeu delegação.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 10. Aos tabeliães e oficiais de registro de contratos
marítimos compete:
I - lavrar os atos, contratos e instrumentos relativos a tran-
TÍTULO I DOS SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTROS sações de embarcações a que as partes devam ou queiram
CAPÍTULO I NATUREZA E FINS dar forma legal de escritura pública;
Art. 1° Serviços notariais e de registro são os de organiza- II - registrar os documentos da mesma natureza;
ção técnica e administrativa destinados a garantir a publici- III - reconhecer firmas em documentos destinados a fins de
dade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos. direito marítimo;
Art. 2° (VETADO). IV - expedir traslados e certidões.
Art. 3° Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registra- Art. 11. Aos tabeliães de protesto de título compete privati-
dor, são profissionais do direito, dotados de fé pública, a vamente:
quem é delegado o exercício da atividade notarial e de re- I - protocolar de imediato os documentos de dívida, para
gistro. prova do descumprimento da obrigação;
Art. 4° Os serviços notariais e de registro serão prestados, II - intimar os devedores dos títulos para aceitá-los, devolvê-
de modo eficiente e adequado, em dias e horários estabele- los ou pagá-los, sob pena de protesto;

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III - receber o pagamento dos títulos protocolizados, dando mento inicial ou de remoção, por mais de seis meses. (Re-
quitação; dação dada pela Lei n° 10.506, de 9.7.2002).
IV - lavrar o protesto, registrando o ato em livro próprio, em Parágrafo único. Para estabelecer o critério do preenchi-
microfilme ou sob outra forma de documentação; mento, tomar-se-á por base a data de vacância da titulari-
V - acatar o pedido de desistência do protesto formulado dade ou, quando vagas na mesma data, aquela da criação
pelo apresentante; do serviço.
VI - averbar: Art. 17. Ao concurso de remoção somente serão admitidos
a) o cancelamento do protesto; titulares que exerçam a atividade por mais de dois anos.
b) as alterações necessárias para atualização dos registros Art. 18. A legislação estadual disporá sobre as normas e os
efetuados; critérios para o concurso de remoção.
VII - expedir certidões de atos e documentos que constem Art. 19. Os candidatos serão declarados habilitados na
de seus registros e papéis. rigorosa ordem de classificação no concurso.
Parágrafo único. Havendo mais de um tabelião de protes- CAPÍTULO II DOS PREPOSTOS
tos na mesma localidade, será obrigatória a prévia distribui- Art. 20. Os notários e os oficiais de registro poderão, para o
ção dos títulos. desempenho de suas funções, contratar escreventes, dentre
Seção III Das Atribuições e Competências dos Oficiais eles escolhendo os substitutos, e auxiliares como emprega-
de Registros dos, com remuneração livremente ajustada e sob o regime
Art. 12. Aos oficiais de registro de imóveis, de títulos e do- da legislação do trabalho.
cumentos e civis das pessoas jurídicas, civis das pessoas § 1° Em cada serviço notarial ou de registro haverá tantos
naturais e de interdições e tutelas compete a prática dos substitutos, escreventes e auxiliares quantos forem neces-
atos relacionados na legislação pertinente aos registros sários, a critério de cada notário ou oficial de registro.
públicos, de que são incumbidos, independentemente de § 2° Os notários e os oficiais de registro encaminharão ao
prévia distribuição, mas sujeitos os oficiais de registro de juízo competente os nomes dos substitutos.
imóveis e civis das pessoas naturais às normas que defini- § 3° Os escreventes poderão praticar somente os atos que
rem as circunscrições geográficas. o notário ou o oficial de registro autorizar.
Art. 13. Aos oficiais de registro de distribuição compete § 4° Os substitutos poderão, simultaneamente com o notário
privativamente: ou o oficial de registro, praticar todos os atos que lhe sejam
I - quando previamente exigida, proceder à distribuição eqüi- próprios exceto, nos tabelionatos de notas, lavrar testamen-
tativa pelos serviços da mesma natureza, registrando os tos.
atos praticados; em caso contrário, registrar as comunica- § 5° Dentre os substitutos, um deles será designado pelo
ções recebidas dos órgãos e serviços competentes; notário ou oficial de registro para responder pelo respectivo
II - efetuar as averbações e os cancelamentos de sua com- serviço nas ausências e nos impedimentos do titular.
petência; Art. 21. O gerenciamento administrativo e financeiro dos
III - expedir certidões de atos e documentos que constem de serviços notariais e de registro é da responsabilidade exclu-
seus registros e papéis. siva do respectivo titular, inclusive no que diz respeito às
TÍTULO II DAS NORMAS COMUNS despesas de custeio, investimento e pessoal, cabendo-lhe
estabelecer normas, condições e obrigações relativas à
CAPÍTULO I DO INGRESSO NA ATIVIDADE NOTARIAL E DE RE-
atribuição de funções e de remuneração de seus prepostos
GISTRO
de modo a obter a melhor qualidade na prestação dos servi-
Art. 14. A delegação para o exercício da atividade notarial e ços.
de registro depende dos seguintes requisitos: CAPÍTULO III DA RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL
I - habilitação em concurso público de provas e títulos;
Art. 22. Os notários e oficiais de registro responderão pelos
II - nacionalidade brasileira; danos que eles e seus prepostos causem a terceiros, na
III - capacidade civil; prática de atos próprios da serventia, assegurado aos pri-
IV - quitação com as obrigações eleitorais e militares; meiros direito de regresso no caso de dolo ou culpa dos
V - diploma de bacharel em direito; prepostos.
VI - verificação de conduta condigna para o exercício da Art. 23. A responsabilidade civil independe da criminal.
profissão. Art. 24. A responsabilidade criminal será individualizada,
Art. 15. Os concursos serão realizados pelo Poder Judiciá- aplicando-se, no que couber, a legislação relativa aos cri-
rio, com a participação, em todas as suas fases, da Ordem mes contra a administração pública.
dos Advogados do Brasil, do Ministério Público, de um notá- Parágrafo único. A individualização prevista no caput não
rio e de um registrador. exime os notários e os oficiais de registro de sua responsa-
§ 1° O concurso será aberto com a publicação de edital, bilidade civil.
dele constando os critérios de desempate. CAPÍTULO IV DAS INCOMPATIBILIDADES E DOS IMPEDIMENTOS
§ 2° Ao concurso público poderão concorrer candidatos não Art. 25. O exercício da atividade notarial e de registro é
bacharéis em direito que tenham completado, até a data da incompatível com o da advocacia, o da intermediação de
primeira publicação do edital do concurso de provas e títu- seus serviços ou o de qualquer cargo, emprego ou função
los, dez anos de exercício em serviço notarial ou de registro. públicos, ainda que em comissão.
Art. 16. As vagas serão preenchidas alternadamente, duas § 1° (VETADO).
terças partes por concurso público de provas e títulos e uma
§ 2° A diplomação, na hipótese de mandato eletivo, e a
terça parte por meio de remoção, mediante concurso de
posse, nos demais casos, implicará no afastamento da ati-
títulos, não se permitindo que qualquer serventia notarial ou
vidade.
de registro fique vaga, sem abertura de concurso de provi-

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Art. 26. Não são acumuláveis os serviços enumerados no III - a cobrança indevida ou excessiva de emolumentos,
art. 5°. ainda que sob a alegação de urgência;
Parágrafo único. Poderão, contudo, ser acumulados nos IV - a violação do sigilo profissional;
Municípios que não comportarem, em razão do volume dos V - o descumprimento de quaisquer dos deveres descritos
serviços ou da receita, a instalação de mais de um dos ser- no art. 30.
viços. Art. 32. Os notários e os oficiais de registro estão sujeitos,
Art. 27. No serviço de que é titular, o notário e o registrador pelas infrações que praticarem, assegurado amplo direito de
não poderão praticar, pessoalmente, qualquer ato de seu defesa, às seguintes penas:
interesse, ou de interesse de seu cônjuge ou de parentes, I - repreensão;
na linha reta, ou na colateral, consangüíneos ou afins, até o II - multa;
terceiro grau. III - suspensão por noventa dias, prorrogável por mais trinta;
CAPÍTULO V DOS DIREITOS E DEVERES IV - perda da delegação.
Art. 28. Os notários e oficiais de registro gozam de inde- Art. 33. As penas serão aplicadas:
pendência no exercício de suas atribuições, têm direito à I - a de repreensão, no caso de falta leve;
percepção dos emolumentos integrais pelos atos praticados II - a de multa, em caso de reincidência ou de infração que
na serventia e só perderão a delegação nas hipóteses pre- não configure falta mais grave;
vistas em lei.
III - a de suspensão, em caso de reiterado descumprimento
Art. 29. São direitos do notário e do registrador: dos deveres ou de falta grave.
I - exercer opção, nos casos de desmembramento ou des- Art. 34. As penas serão impostas pelo juízo competente,
dobramento de sua serventia; independentemente da ordem de gradação, conforme a
II - organizar associações ou sindicatos de classe e deles gravidade do fato.
participar. Art. 35. A perda da delegação dependerá:
Art. 30. São deveres dos notários e dos oficiais de registro: I - de sentença judicial transitada em julgado; ou
I - manter em ordem os livros, papéis e documentos de sua II - de decisão decorrente de processo administrativo instau-
serventia, guardando-os em locais seguros; rado pelo juízo competente, assegurado amplo direito de
II - atender as partes com eficiência, urbanidade e presteza; defesa.
III - atender prioritariamente as requisições de papéis, do- § 1° Quando o caso configurar a perda da delegação, o
cumentos, informações ou providências que lhes forem juízo competente suspenderá o notário ou oficial de registro,
solicitadas pelas autoridades judiciárias ou administrativas até a decisão final, e designará interventor, observando-se o
para a defesa das pessoas jurídicas de direito público em disposto no art. 36.
juízo; § 2° (VETADO).
IV - manter em arquivo as leis, regulamentos, resoluções, Art. 36. Quando, para a apuração de faltas imputadas a
provimentos, regimentos, ordens de serviço e quaisquer notários ou a oficiais de registro, for necessário o afasta-
outros atos que digam respeito à sua atividade; mento do titular do serviço, poderá ele ser suspenso, pre-
V - proceder de forma a dignificar a função exercida, tanto ventivamente, pelo prazo de noventa dias, prorrogável por
nas atividades profissionais como na vida privada; mais trinta.
VI - guardar sigilo sobre a documentação e os assuntos de § 1° Na hipótese do caput, o juízo competente designará
natureza reservada de que tenham conhecimento em razão interventor para responder pela serventia, quando o substi-
do exercício de sua profissão; tuto também for acusado das faltas ou quando a medida se
VII - afixar em local visível, de fácil leitura e acesso ao públi- revelar conveniente para os serviços.
co, as tabelas de emolumentos em vigor; § 2° Durante o período de afastamento, o titular perceberá
VIII - observar os emolumentos fixados para a prática dos metade da renda líquida da serventia; outra metade será
atos do seu ofício; depositada em conta bancária especial, com correção mo-
IX - dar recibo dos emolumentos percebidos; netária.
X - observar os prazos legais fixados para a prática dos atos § 3° Absolvido o titular, receberá ele o montante dessa con-
do seu ofício; ta; condenado, caberá esse montante ao interventor.
XI - fiscalizar o recolhimento dos impostos incidentes sobre CAPÍTULO VII DA FISCALIZAÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO
os atos que devem praticar; Art. 37. A fiscalização judiciária dos atos notariais e de re-
XII - facilitar, por todos os meios, o acesso à documentação gistro, mencionados nos artes. 6° a 13, será exercida pelo
existente às pessoas legalmente habilitadas; juízo competente, assim definido na órbita estadual e do
XIII - encaminhar ao juízo competente as dúvidas levanta- Distrito Federal, sempre que necessário, ou mediante repre-
das pelos interessados, obedecida a sistemática processual sentação de qualquer interessado, quando da inobservância
fixada pela legislação respectiva; de obrigação legal por parte de notário ou de oficial de re-
XIV - observar as normas técnicas estabelecidas pelo juízo gistro, ou de seus prepostos.
competente. Parágrafo único. Quando, em autos ou papéis de que co-
CAPÍTULO VI DAS INFRAÇÕES DISCIPLINARES E DAS PENALI- nhecer, o Juiz verificar a existência de crime de ação públi-
DADES ca, remeterá ao Ministério Público as cópias e os documen-
Art. 31. São infrações disciplinares que sujeitam os notários tos necessários ao oferecimento da denúncia.
e os oficiais de registro às penalidades previstas nesta lei: Art. 38. O juízo competente zelará para que os serviços
I - a inobservância das prescrições legais ou normativas; notariais e de registro sejam prestados com rapidez, quali-
II - a conduta atentatória às instituições notariais e de regis- dade satisfatória e de modo eficiente, podendo sugerir à
tro; autoridade competente a elaboração de planos de adequa-

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da e melhor prestação desses serviços, observados, tam- Art. 46. Os livros, fichas, documentos, papéis, microfilmes e
bém, critérios populacionais e sócio-econômicos, publicados sistemas de computação deverão permanecer sempre sob a
regularmente pela Fundação Instituto Brasileiro de Geogra- guarda e responsabilidade do titular de serviço notarial ou
fia e Estatística. de registro, que zelará por sua ordem, segurança e conser-
CAPÍTULO VIII DA EXTINÇÃO DA DELEGAÇÃO vação.
Art. 39. Extinguir-se-á a delegação a notário ou a oficial de Parágrafo único. Se houver necessidade de serem pericia-
registro por: dos, o exame deverá ocorrer na própria sede do serviço, em
I - morte; dia e hora adrede designados, com ciência do titular e auto-
rização do juízo competente.
II - aposentadoria facultativa;
III - invalidez; TÍTULO IV DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
IV - renúncia; Art. 47. O notário e o oficial de registro, legalmente nomea-
V - perda, nos termos do art. 35. dos até 5 de outubro de 1988, detêm a delegação constitu-
cional de que trata o art. 2°.
VI - descumprimento, comprovado, da gratuidade estabele-
cida na Lei nº 9.534, de 10 de dezembro de 1997. (Incluído Art. 48. Os notários e os oficiais de registro poderão contra-
pela Lei n° 9.812, de 10.8.1999). tar, segundo a legislação trabalhista, seus atuais escreven-
tes e auxiliares de investidura estatutária ou em regime
§ 1° Dar-se-á aposentadoria facultativa ou por invalidez nos
especial desde que estes aceitem a transformação de seu
termos da legislação previdenciária federal.
regime jurídico, em opção expressa, no prazo improrrogável
§ 2° Extinta a delegação a notário ou a oficial de registro, a
de trinta dias, contados da publicação desta Lei.
autoridade competente declarará vago o respectivo serviço,
§ 1° Ocorrendo opção, o tempo de serviço prestado será
designará o substituto mais antigo para responder pelo ex-
integralmente considerado, para todos os efeitos de direito.
pediente e abrirá concurso.
CAPÍTULO IX DA SEGURIDADE SOCIAL § 2° Não ocorrendo opção, os escreventes e auxiliares de
investidura estatutária ou em regime especial continuarão
Art. 40. Os notários, oficiais de registro, escreventes e auxi- regidos pelas normas aplicáveis aos funcionários públicos
liares são vinculados à previdência social, de âmbito federal, ou pelas editadas pelo Tribunal de Justiça respectivo, veda-
e têm assegurada a contagem recíproca de tempo de servi- das novas admissões por qualquer desses regimes, a partir
ço em sistemas diversos. da publicação desta Lei.
Parágrafo único. Ficam assegurados, aos notários, oficiais Art. 49. Quando da primeira vacância da titularidade de
de registro, escreventes e auxiliares os direitos e vantagens serviço notarial ou de registro, será procedida a desacumu-
previdenciários adquiridos até a data da publicação desta lação, nos termos do art. 26.
lei. Art. 50. Em caso de vacância, os serviços notariais e de
TÍTULO III DAS DISPOSIÇÕES GERAIS registro estatizados passarão automaticamente ao regime
Art. 41. Incumbe aos notários e aos oficiais de registro pra- desta Lei.
ticar, independentemente de autorização, todos os atos Art. 51. Aos atuais notários e oficiais de registro, quando da
previstos em lei necessários à organização e execução dos aposentadoria, fica assegurado o direito de percepção de
serviços, podendo, ainda, adotar sistemas de computação, proventos de acordo com a legislação que anteriormente os
microfilmagem, disco ótico e outros meios de reprodução. regia, desde que tenham mantido as contribuições nela
Art. 42. Os papéis referentes aos serviços dos notários e estipuladas até a data do deferimento do pedido ou de sua
dos oficiais de registro serão arquivados mediante utilização concessão.
de processos que facilitem as buscas. § 1° O disposto neste artigo aplica-se aos escreventes e
Art. 43. Cada serviço notarial ou de registro funcionará em auxiliares de investidura estatutária ou em regime especial
um só local, vedada a instalação de sucursal. que vierem a ser contratados em virtude da opção de que
Art. 44. Verificada a absoluta impossibilidade de se prover, trata o art. 48.
através de concurso público, a titularidade de serviço notari- § 2° Os proventos de que trata este artigo serão os fixados
al ou de registro, por desinteresse ou inexistência de candi- pela legislação previdenciária aludida no caput.
datos, o juízo competente proporá à autoridade competente § 3° O disposto neste artigo aplica-se também às pensões
a extinção do serviço e a anexação de suas atribuições ao deixadas, por morte, pelos notários, oficiais de registro,
serviço da mesma natureza mais próximo ou àquele locali- escreventes e auxiliares.
zado na sede do respectivo Município ou de Município con- Art. 52. Nas unidades federativas onde já existia lei estadu-
tíguo. al específica, em vigor na data de publicação desta lei, são
§ 1° (VETADO). competentes para a lavratura de instrumentos traslatícios de
§ 2° Em cada sede municipal haverá no mínimo um regis- direitos reais, procurações, reconhecimento de firmas e
trador civil das pessoas naturais. autenticação de cópia reprográfica os serviços de Registro
§ 3° Nos municípios de significativa extensão territorial, a Civil das Pessoas Naturais.
juízo do respectivo Estado, cada sede distrital disporá no Art. 53. Nos Estados cujas organizações judiciárias, vigen-
mínimo de um registrador civil das pessoas naturais. tes à época da publicação desta lei, assim previrem, conti-
Art. 45. São gratuitos os assentos do registro civil de nas- nuam em vigor as determinações relativas à fixação da área
cimento e o de óbito, bem como a primeira certidão respec- territorial de atuação dos tabeliães de protesto de títulos, a
tiva. (Redação dada pela Lei n° 9.534, de 10.12.1997). quem os títulos serão distribuídos em obediência às respec-
Parágrafo único. Para os reconhecidamente pobres não tivas zonas.
serão cobrados emolumentos pelas certidões a que se refe- Parágrafo único. Quando da primeira vacância, aplicar-se-
re este artigo. (Incluído pela Lei n° 9.534, de 10.12.1997). á à espécie o disposto no parágrafo único do art. 11.
Art. 54. Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.

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Art. 55. Revogam-se as disposições em contrário. a) remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca ou
Brasília, 18 de novembro de 1994; 173° da Independência e em troca dos serviços efetivamente prestados pelo franque-
106° da República. ador ao franqueado (royalties);
ITAMAR FRANCO b) aluguel de equipamentos ou ponto comercial;
Alexandre de Paula Dupeyrat Martins c) taxa de publicidade ou semelhante;
d) seguro mínimo; e
LEI N° 8.955, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1994 e) outros valores devidos ao franqueador ou a terceiros que
a ele sejam ligados;
Dispõe sobre o contrato de franquia empresarial (fran- IX - relação completa de todos os franqueados, subfranque-
chising) e dá outras providências. ados e subfranqueadores da rede, bem como dos que se
desligaram nos últimos doze meses, com nome, endereço e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
telefone;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
X - em relação ao território, deve ser especificado o seguin-
Art. 1° Os contratos de franquia empresarial são disciplina-
te:
dos por esta lei.
a) se é garantida ao franqueado exclusividade ou preferên-
Art. 2° Franquia empresarial é o sistema pelo qual um fran-
cia sobre determinado território de atuação e, caso positivo,
queador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou
em que condições o faz; e
patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou
semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, b) possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar
também ao direito de uso de tecnologia de implantação e serviços fora de seu território ou realizar exportações;
administração de negócio ou sistema operacional desenvol- XI - informações claras e detalhadas quanto à obrigação do
vidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração franqueado de adquirir quaisquer bens, serviços ou insumos
direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado necessários à implantação, operação ou administração de
vínculo empregatício. sua franquia, apenas de fornecedores indicados e aprova-
Art. 3° Sempre que o franqueador tiver interesse na implan- dos pelo franqueador, oferecendo ao franqueado relação
tação de sistema de franquia empresarial, deverá fornecer completa desses fornecedores;
ao interessado em tornar-se franqueado uma Circular de XII - indicação do que é efetivamente oferecido ao franque-
Oferta de Franquia, por escrito e em linguagem clara e a- ado pelo franqueador, no que se refere a:
cessível, contendo obrigatoriamente as seguintes informa- a) supervisão de rede;
ções: b) serviços de orientação e outros prestados ao franqueado;
I - histórico resumido, forma societária e nome completo ou c) treinamento do franqueado, especificando duração, con-
razão social do franqueador e de todas as empresas a que teúdo e custos;
esteja diretamente ligado, bem como os respectivos nomes d) treinamento dos funcionários do franqueado;
de fantasia e endereços; e) manuais de franquia;
II - balanços e demonstrações financeiras da empresa fran- f) auxílio na análise e escolha do ponto onde será instalada
queadora relativos aos dois últimos exercícios; a franquia; e
III - indicação precisa de todas as pendências judiciais em g) layout e padrões arquitetônicos nas instalações do fran-
que estejam envolvidos o franqueador, as empresas contro- queado;
ladoras e titulares de marcas, patentes e direitos autorais XIII - situação perante o Instituto Nacional de Propriedade
relativos à operação, e seus subfranqueadores, questionan- Industrial - (INPI) das marcas ou patentes cujo uso estará
do especificamente o sistema da franquia ou que possam sendo autorizado pelo franqueador;
diretamente vir a impossibilitar o funcionamento da franquia; XIV - situação do franqueado, após a expiração do contrato
IV - descrição detalhada da franquia, descrição geral do de franquia, em relação a:
negócio e das atividades que serão desempenhadas pelo a) know how ou segredo de indústria a que venha a ter a-
franqueado; cesso em função da franquia; e
V - perfil do “franqueado ideal” no que se refere a experiên- b) implantação de atividade concorrente da atividade do
cia anterior, nível de escolaridade e outras características franqueador;
que deve ter, obrigatória ou preferencialmente; XV - modelo do contrato-padrão e, se for o caso, também do
VI - requisitos quanto ao envolvimento direto do franqueado pré-contrato-padrão de franquia adotado pelo franqueador,
na operação e na administração do negócio; com texto completo, inclusive dos respectivos anexos e
VII - especificações quanto ao: prazo de validade.
a) total estimado do investimento inicial necessário à aquisi- Art. 4° A Circular de Oferta de Franquia deverá ser entre-
ção, implantação e entrada em operação da franquia; gue ao candidato a franqueado no mínimo 10 (dez) dias
b) valor da taxa inicial de filiação ou taxa de franquia e de antes da assinatura do contrato ou pré-contrato de franquia
caução; e ou ainda do pagamento de qualquer tipo de taxa pelo fran-
c) valor estimado das instalações, equipamentos e do esto- queado ao franqueador ou à empresa ou pessoa ligada a
que inicial e suas condições de pagamento; este.
VIII - informações claras quanto a taxas periódicas e outros Parágrafo único. Na hipótese do não cumprimento do dis-
valores a serem pagos pelo franqueado ao franqueador ou a posto no caput deste artigo, o franqueado poderá argüir a
terceiros por este indicados, detalhando as respectivas ba- anulabilidade do contrato e exigir devolução de todas as
ses de cálculo e o que as mesmas remuneram ou o fim a quantias que já houver pago ao franqueador ou a terceiros
que se destinam, indicando, especificamente, o seguinte: por ele indicados, a título de taxa de filiação e royalties,
devidamente corrigidas, pela variação da remuneração bá-
sica dos depósitos de poupança mais perdas e danos.

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Art. 5° (VETADO). investimento da concessionária seja remunerado e amorti-
Art. 6° O contrato de franquia deve ser sempre escrito e zado mediante a exploração do serviço ou da obra por pra-
assinado na presença de 2 (duas) testemunhas e terá vali- zo determinado;
dade independentemente de ser levado a registro perante IV - permissão de serviço público: a delegação, a título pre-
cartório ou órgão público. cário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos,
Art. 7° A sanção prevista no parágrafo único do art. 4° desta feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que
Lei aplica-se, também, ao franqueador que veicular informa- demonstre capacidade para seu desempenho, por sua con-
ções falsas na sua Circular de Oferta de Franquia, sem ta e risco.
prejuízo das sanções penais cabíveis. Art. 3° As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fiscali-
Art. 8° O disposto nesta Lei aplica-se aos sistemas de fran- zação pelo poder concedente responsável pela delegação,
quia instalados e operados no território nacional. com a cooperação dos usuários.
Art. 9° Para os fins desta Lei, o termo franqueador, quando Art. 4° A concessão de serviço público, precedida ou não
utilizado em qualquer de seus dispositivos, serve também da execução de obra pública, será formalizada mediante
para designar o subfranqueador, da mesma forma que as contrato, que deverá observar os termos desta Lei, das
disposições que se refiram ao franqueado aplicam-se ao normas pertinentes e do edital de licitação.
subfranqueado. Art. 5° O poder concedente publicará, previamente ao edital
Art. 10. Esta lei entra em vigor 60 (sessenta) dias após sua de licitação, ato justificando a conveniência da outorga de
publicação. concessão ou permissão, caracterizando seu objeto, área e
Art. 11. Revogam-se as disposições em contrário. prazo.
Brasília, 15 de dezembro de 1994; 173° da Independência e CAPÍTULO II DO SERVIÇO ADEQUADO
106° da República. Art. 6° Toda concessão ou permissão pressupõe a presta-
ITAMAR FRANCO ção de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuá-
rios, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinen-
LEI N° 8.987, DE 13 DE FEVEREIRO DE 1995 tes e no respectivo contrato.
§ 1° Serviço adequado é o que satisfaz as condições de
regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualida-
Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da
de, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade
prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da
das tarifas.
Constituição Federal, e dá outras providências.
§ 2° A atualidade compreende a modernidade das técnicas,
REPUBLICAÇÃO ATUALIZADA DA LEI No 8.987, DE 13
do equipamento e das instalações e a sua conservação,
DE FEVEREIRO DE 1995, DETERMINADA PELO ART. 22
bem como a melhoria e expansão do serviço.
DA LEI N° 9.648, DE 27 DE MAIO DE 1998
§ 3° Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
sua interrupção em situação de emergência ou após prévio
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança
CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES das instalações; e,
Art. 1° As concessões de serviços públicos e de obras pú- II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse
blicas e as permissões de serviços públicos reger-se-ão da coletividade.
pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, por esta CAPÍTULO III DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS USUÁRIOS
Lei, pelas normas legais pertinentes e pelas cláusulas dos Art. 7° Sem prejuízo do disposto na Lei nº 8.078, de 11 de
indispensáveis contratos. setembro de 1990, são direitos e obrigações dos usuários:
Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Federal e I - receber serviço adequado;
os Municípios promoverão a revisão e as adaptações ne-
II - receber do poder concedente e da concessionária infor-
cessárias de sua legislação às prescrições desta Lei, bus-
mações para a defesa de interesses individuais ou coletivos;
cando atender as peculiaridades das diversas modalidades
dos seus serviços. III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre
vários prestadores de serviços, quando for o caso, observa-
Art. 2° Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
das as normas do poder concedente. (Redação dada pela
I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal Lei n° 9.648, de 27.5.1998).
ou o Município, em cuja competência se encontre o serviço
IV - levar ao conhecimento do poder público e da conces-
público, precedido ou não da execução de obra pública,
sionária as irregularidades de que tenham conhecimento,
objeto de concessão ou permissão;
referentes ao serviço prestado;
II - concessão de serviço público: a delegação de sua pres-
V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos
tação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na
praticados pela concessionária na prestação do serviço;
modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio
de empresas que demonstre capacidade para seu desem- VI - contribuir para a permanência das boas condições dos
penho, por sua conta e risco e por prazo determinado; bens públicos através dos quais lhes são prestados os ser-
viços.
III - concessão de serviço público precedida da execução de
obra pública: a construção, total ou parcial, conservação, Art. 7°-A. As concessionárias de serviços públicos, de direi-
reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de to público e privado, nos Estados e no Distrito Federal, são
interesse público, delegada pelo poder concedente, median- obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário, dentro do
te licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídi- mês de vencimento, o mínimo de seis datas opcionais para
ca ou consórcio de empresas que demonstre capacidade escolherem os dias de vencimento de seus débitos. (Incluí-
para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o do pela Lei n° 9.791, de 24.3.1999).

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Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei n° 9.791, de com o de melhor técnica; (Incluído pela Lei n° 9.648, de
24.3.1999). 27.5.1998).
CAPÍTULO IV DA POLÍTICA TARIFÁRIA VI - melhor proposta em razão da combinação dos critérios
Art. 8° (VETADO). de maior oferta pela outorga da concessão com o de melhor
Art. 9° A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo técnica; ou (Incluído pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998).
preço da proposta vencedora da licitação e preservada pe- VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após qualifi-
las regras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no cação de propostas técnicas. (Incluído pela Lei n° 9.648, de
contrato. 27.5.1998).
§ 1° A tarifa não será subordinada à legislação específica § 1° A aplicação do critério previsto no inciso III só será
anterior e somente nos casos expressamente previstos em admitida quando previamente estabelecida no edital de
lei, sua cobrança poderá ser condicionada à existência de licitação, inclusive com regras e fórmulas precisas para
serviço público alternativo e gratuito para o usuário. (Reda- avaliação econômico-financeira. (Redação dada pela Lei n°
ção dada pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998). 9.648, de 27.5.1998).
§ 2° Os contratos poderão prever mecanismos de revisão § 2° Para fins de aplicação do disposto nos incisos IV, V, VI
das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio econômico- e VII, o edital de licitação conterá parâmetros e exigências
financeiro. para formulação de propostas técnicas. (Redação dada pela
§ 3° Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, Lei n° 9.648, de 27.5.1998).
alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos § 3° O poder concedente recusará propostas manifestamen-
legais, após a apresentação da proposta, quando compro- te inexequíveis ou financeiramente incompatíveis com os
vado seu impacto, implicará a revisão da tarifa, para mais objetivos da licitação. (Redação dada pela Lei n° 9.648, de
ou para menos, conforme o caso. 27.5.1998).
§ 4° Em havendo alteração unilateral do contrato que afete § 4° Em igualdade de condições, será dada preferência à
o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o poder conce- proposta apresentada por empresa brasileira. (Incluído pela
dente deverá restabelecê-lo, concomitantemente à altera- Lei n° 9.648, de 27.5.1998).
ção. Art. 16. A outorga de concessão ou permissão não terá
Art. 10. Sempre que forem atendidas as condições do con- caráter de exclusividade, salvo no caso de inviabilidade
trato, considera-se mantido seu equilíbrio econômico- técnica ou econômica justificada no ato a que se refere o
financeiro. art. 5º desta Lei.
Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço Art. 17. Considerar-se-á desclas-sificada a proposta que,
público, poderá o poder concedente prever, em favor da para sua viabilização, necessite de vantagens ou subsídios
concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de que não estejam previamente autorizados em lei e à dispo-
outras fontes provenientes de receitas alternativas, com- sição de todos os concorrentes.
plementares, acessórias ou de projetos associados, com ou § 1° Considerar-se-á, também, desclassificada a proposta
sem exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das de entidade estatal alheia à esfera político-administrativa do
tarifas, observado o disposto no art. 17 desta Lei. poder concedente que, para sua viabilização, necessite de
Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste artigo vantagens ou subsídios do poder público controlador da
serão obrigatoriamente consideradas para a aferição do referida entidade.
inicial equilíbrio econômico-financeiro do contrato. § 2° Inclui-se nas vantagens ou subsídios de que trata este
Art. 12. (VETADO). artigo, qualquer tipo de tratamento tributário diferenciado,
Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função das ainda que em conseqüência da natureza jurídica do licitante,
características técnicas e dos custos específicos provenien- que comprometa a isonomia fiscal que deve prevalecer
tes do atendimento aos distintos segmentos de usuários. entre todos os concorrentes. (Incluído pela Lei n° 9.648, de
CAPÍTULO V DA LICITAÇÃO 27.5.1998).
Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo poder con-
Art. 14. Toda concessão de serviço público, precedida ou cedente, observados, no que couber, os critérios e as nor-
não da execução de obra pública, será objeto de prévia mas gerais da legislação própria sobre licitações e contratos
licitação, nos termos da legislação própria e com observân- e conterá, especialmente:
cia dos princípios da legalidade, moralidade, publicidade,
I - o objeto, metas e prazo da concessão;
igualdade, do julgamento por critérios objetivos e da vincu-
II - a descrição das condições necessárias à prestação ade-
lação ao instrumento convocatório.
quada do serviço;
Art. 15. No julgamento da licitação será considerado um dos
III - os prazos para recebimento das propostas, julgamento
seguintes critérios:
da licitação e assinatura do contrato;
I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;
IV - prazo, local e horário em que serão fornecidos, aos
(Redação dada pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998).
interessados, os dados, estudos e projetos necessários à
II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder con-
elaboração dos orçamentos e apresentação das propostas;
cedente pela outorga da concessão; (Redação dada pela
V - os critérios e a relação dos documentos exigidos para a
Lei n° 9.648, de 27.5.1998).
aferição da capacidade técnica, da idoneidade financeira e
III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos nos
da regularidade jurídica e fiscal;
incisos I, II e VII; (Redação dada pela Lei n° 9.648, de
VI - as possíveis fontes de receitas alternativas, comple-
27.5.1998).
mentares ou acessórias, bem como as provenientes de
IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no edital;
projetos associados;
(Incluído pela Lei n° 9.648, de 27.5.1998).
VII - os direitos e obrigações do poder concedente e da
V - melhor proposta em razão da combinação dos critérios
concessionária em relação a alterações e expansões a se-
de menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado

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rem realizadas no futuro, para garantir a continuidade da Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão
prestação do serviço; as relativas:
VIII - os critérios de reajuste e revisão da tarifa; I - ao objeto, à área e ao prazo da concessão;
IX - os critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros a serem II - ao modo, forma e condições de prestação do serviço;
utilizados no julgamento técnico e econômico-financeiro da III - aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros defini-
proposta; dores da qualidade do serviço;
X - a indicação dos bens reversíveis; IV - ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos
XI - as características dos bens reversíveis e as condições para o reajuste e a revisão das tarifas;
em que estes serão postos à disposição, nos casos em que V - aos direitos, garantias e obrigações do poder conceden-
houver sido extinta a concessão anterior; te e da concessionária, inclusive os relacionados às previsí-
XII - a expressa indicação do responsável pelo ônus das veis necessidades de futura alteração e expansão do servi-
desapropriações necessárias à execução do serviço ou da ço e conseqüente modernização, aperfeiçoamento e ampli-
obra pública, ou para a instituição de servidão administrati- ação dos equipamentos e das instalações;
va; VI - aos direitos e deveres dos usuários para obtenção e
XIII - as condições de liderança da empresa responsável, na utilização do serviço;
hipótese em que for permitida a participação de empresas VII - à forma de fiscalização das instalações, dos equipa-
em consórcio; mentos, dos métodos e práticas de execução do serviço,
XIV - nos casos de concessão, a minuta do respectivo con- bem como a indicação dos órgãos competentes para exer-
trato, que conterá as cláusulas essenciais referidas no art. cê-la;
23 desta Lei, quando aplicáveis; VIII - às penalidades contratuais e administrativas a que se
XV - nos casos de concessão de serviços públicos precedi- sujeita a concessionária e sua forma de aplicação;
da da execução de obra pública, os dados relativos à obra, IX - aos casos de extinção da concessão;
dentre os quais os elementos do projeto básico que permi- X - aos bens reversíveis;
tam sua plena caracterização, bem assim as garantias exi- XI - aos critérios para o cálculo e a forma de pagamento das
gidas para essa parte específica do contrato, adequadas a indenizações devidas à concessionária, quando for o caso;
cada caso e limitadas ao valor da obra; (Redação dada pela XII - às condições para prorrogação do contrato;
Lei n° 9.648, de 27.5.1998).
XIII - à obrigatoriedade, forma e periodicidade da prestação
XVI - nos casos de permissão, os termos do contrato de de contas da concessionária ao poder concedente;
adesão a ser firmado.
XIV - à exigência da publicação de demonstrações financei-
Art. 19. Quando permitida, na licitação, a participação de ras periódicas da concessionária; e
empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes nor-
XV - ao foro e ao modo amigável de solução das divergên-
mas:
cias contratuais.
I - comprovação de compromisso, público ou particular, de
Parágrafo único. Os contratos relativos à concessão de
constituição de consórcio, subscrito pelas consorciadas;
serviço público precedido da execução de obra pública de-
II - indicação da empresa responsável pelo consórcio; verão, adicionalmente:
III - apresentação dos documentos exigidos nos incisos V e I - estipular os cronogramas físico-financeiros de execução
XIII do artigo anterior, por parte de cada consorciada; das obras vinculadas à concessão; e
IV - impedimento de participação de empresas consorciadas II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária,
na mesma licitação, por intermédio de mais de um consórcio das obrigações relativas às obras vinculadas à concessão.
ou isoladamente.
Art. 24. (VETADO).
§ 1° O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da
Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do serviço
celebração do contrato, a constituição e registro do consór-
concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos
cio, nos termos do compromisso referido no inciso I deste
causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros,
artigo.
sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente
§ 2° A empresa líder do consórcio é a responsável perante exclua ou atenue essa respon-sabilidade.
o poder concedente pelo cumprimento do contrato de con-
§ 1° Sem prejuízo da responsabilidade a que se refere este
cessão, sem prejuízo da responsabilidade solidária das
artigo, a concessionária poderá contratar com terceiros o
demais consorciadas.
desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou
Art. 20. É facultado ao poder concedente, desde que previs- complementares ao serviço concedido, bem como a imple-
to no edital, no interesse do serviço a ser concedido, deter- mentação de projetos associados.
minar que o licitante vencedor, no caso de consórcio, se
§ 2° Os contratos celebrados entre a concessionária e os
constitua em empresa antes da celebração do contrato.
terceiros a que se refere o parágrafo anterior reger-se-ão
Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos, projetos, pelo direito privado, não se estabelecendo qualquer relação
obras e despesas ou investimentos já efetuados, vinculados jurídica entre os terceiros e o poder concedente.
à concessão, de utilidade para a licitação, realizados pelo
§ 3° A execução das atividades contratadas com terceiros
poder concedente ou com a sua autorização, estarão à
pressupõe o cumprimento das normas regulamentares da
disposição dos interessados, devendo o vencedor da licita-
modalidade do serviço concedido.
ção ressarcir os dispêndios correspondentes, especificados
Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos previstos
no edital.
no contrato de concessão, desde que expressamente auto-
Art. 22. É assegurada a qualquer pessoa a obtenção de
rizada pelo poder concedente.
certidão sobre atos, contratos, decisões ou pareceres relati-
vos à licitação ou às próprias concessões. § 1° A outorga de subconcessão será sempre precedida de
concorrência.
CAPÍTULO VI DO CONTRATO DE CONCESSÃO

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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§ 2° O subconcessionário se sub-rogará todos os direitos e Art. 31. Incumbe à concessionária:
obrigações da subconcedente dentro dos limites da subcon- I - prestar serviço adequado, na forma prevista nesta Lei,
cessão. nas normas técnicas aplicáveis e no contrato;
Art. 27. A transferência de concessão ou do controle socie- II - manter em dia o inventário e o registro dos bens vincula-
tário da concessionária sem prévia anuência do poder con- dos à concessão;
cedente implicará a caducidade da concessão. III - prestar contas da gestão do serviço ao poder conceden-
Parágrafo único. Para fins de obtenção da anuência de te e aos usuários, nos termos definidos no contrato;
que trata o caput deste artigo o pretendente deverá: IV - cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as cláu-
I - atender às exigências de capacidade técnica, idoneidade sulas contratuais da concessão;
financeira e regularidade jurídica e fiscal necessárias à as- V - permitir aos encarregados da fiscalização livre acesso,
sunção do serviço; e em qualquer época, às obras, aos equipamentos e às insta-
II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contra- lações integrantes do serviço, bem como a seus registros
to em vigor. contábeis;
Art. 28. Nos contratos de financiamento, as concessionárias VI - promover as desapropriações e constituir servidões
poderão oferecer em garantia os direitos emergentes da autorizadas pelo poder concedente, conforme previsto no
concessão, até o limite que não comprometa a operacionali- edital e no contrato;
zação e a continuidade da prestação do serviço. VII - zelar pela integridade dos bens vinculados à prestação
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.074, de do serviço, bem como segurá-los adequadamente; e
7.7.1995). VIII - captar, aplicar e gerir os recursos financeiros necessá-
CAPÍTULO VII DOS ENCARGOS DO PODER CONCEDENTE rios à prestação do serviço.
Art. 29. Incumbe ao poder concedente: Parágrafo único. As contratações, inclusive de mão-de-
I - regulamentar o serviço concedido e fiscalizar permanen- obra, feitas pela concessionária serão regidas pelas dispo-
temente a sua prestação; sições de direito privado e pela legislação trabalhista, não
II - aplicar as penalidades regulamentares e contratuais; se estabelecendo qualquer relação entre os terceiros con-
III - intervir na prestação do serviço, nos casos e condições tratados pela concessionária e o poder concedente.
previstos em lei; CAPÍTULO IX DA INTERVENÇÃO
IV - extinguir a concessão, nos casos previstos nesta Lei e Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão,
na forma prevista no contrato; com o fim de assegurar a adequação na prestação do servi-
V - homologar reajustes e proceder à revisão das tarifas na ço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais,
forma desta Lei, das normas pertinentes e do contrato; regulamentares e legais pertinentes.
VI - cumprir e fazer cumprir as disposições regulamentares Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do
do serviço e as cláusulas contratuais da concessão; poder concedente, que conterá a designação do interventor,
VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apurar e o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.
solucionar queixas e reclamações dos usuários, que serão Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente deve-
cientificados, em até trinta dias, das providências tomadas; rá, no prazo de trinta dias, instaurar procedimento adminis-
VIII - declarar de utilidade pública os bens necessários à trativo para comprovar as causas determinantes da medida
execução do serviço ou obra pública, promovendo as desa- e apurar responsabilidades, assegurado o direito de ampla
propriações, diretamente ou mediante outorga de poderes à defesa.
concessionária, caso em que será desta a responsabilidade § 1° Se ficar comprovado que a intervenção não observou
pelas indenizações cabíveis; os pressupostos legais e regulamentares será declarada
IX - declarar de necessidade ou utilidade pública, para fins sua nulidade, devendo o serviço ser imediatamente devolvi-
de instituição de servidão administrativa, os bens necessá- do à concessionária, sem prejuízo de seu direito à indeniza-
rios à execução de serviço ou obra pública, promovendo-a ção.
diretamente ou mediante outorga de poderes à concessio- § 2° O procedimento administrativo a que se refere o caput
nária, caso em que será desta a responsabilidade pelas deste artigo deverá ser concluído no prazo de até cento e
indenizações cabíveis; oitenta dias, sob pena de considerar-se inválida a interven-
X - estimular o aumento da qualidade, produtividade, pre- ção.
servação do meio-ambiente e conservação; Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a conces-
XI - incentivar a competitividade; e são, a administração do serviço será devolvida à concessio-
XII - estimular a formação de associações de usuários para nária, precedida de prestação de contas pelo interventor,
defesa de interesses relativos ao serviço. que responderá pelos atos praticados durante a sua gestão.
Art. 30. No exercício da fiscalização, o poder concedente CAPÍTULO X DA EXTINÇÃO DA CONCESSÃO
terá acesso aos dados relativos à administração, contabili- Art. 35. Extingue-se a concessão por:
dade, recursos técnicos, econômicos e financeiros da con- I - advento do termo contratual;
cessionária. II - encampação;
Parágrafo único. A fiscalização do serviço será feita por III - caducidade;
intermédio de órgão técnico do poder concedente ou por IV - rescisão;
entidade com ele conveniada, e, periodicamente, conforme V - anulação; e
previsto em norma regulamentar, por comissão composta VI - falência ou extinção da empresa concessionária e fale-
de representantes do poder concedente, da concessionária cimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa
e dos usuários. individual.
CAPÍTULO VIII DOS ENCARGOS DA CONCESSIONÁRIA

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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§ 1° Extinta a concessão, retornam ao poder concedente § 4° Instaurado o processo administrativo e comprovada a
todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos inadimplência, a caducidade será declarada por decreto do
ao concessionário conforme previsto no edital e estabeleci- poder concedente, independentemente de indenização pré-
do no contrato. via, calculada no decurso do processo.
§ 2° Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do § 5° A indenização de que trata o parágrafo anterior, será
serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos levan- devida na forma do art. 36 desta Lei e do contrato, descon-
tamentos, avaliações e liquidações necessários. tado o valor das multas contratuais e dos danos causados
§ 3° A assunção do serviço autoriza a ocupação das insta- pela concessionária.
lações e a utilização, pelo poder concedente, de todos os § 6° Declarada a caducidade, não resultará para o poder
bens reversíveis. concedente qualquer espécie de responsabilidade em rela-
§ 4° Nos casos previstos nos incisos I e II deste artigo, o ção aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com
poder concedente, antecipando-se à extinção da conces- terceiros ou com empregados da concessionária.
são, procederá aos levantamentos e avaliações necessários Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido por
à determinação dos montantes da indenização que será iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento
devida à concessionária, na forma dos arts. 36 e 37 desta das normas contratuais pelo poder concedente, mediante
Lei. ação judicial especialmente intentada para esse fim.
Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste arti-
com a indenização das parcelas dos investimentos vincula- go, os serviços prestados pela concessionária não poderão
dos a bens reversíveis, ainda não amortizados ou deprecia- ser interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial tran-
dos, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir sitada em julgado.
a continuidade e atualidade do serviço concedido. CAPÍTULO XI DAS PERMISSÕES
Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada
pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por mediante contrato de adesão, que observará os termos
motivo de interesse público, mediante lei autorizativa espe- desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de
cífica e após prévio pagamento da indenização, na forma do licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade
artigo anterior. unilateral do contrato pelo poder concedente.
Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto nesta
a critério do poder concedente, a declaração de caducidade Lei.
da concessão ou a aplicação das sanções contratuais, res- CAPÍTULO XII DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
peitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as nor-
mas convencionadas entre as partes. Art. 41. O disposto nesta Lei não se aplica à concessão,
permissão e autorização para o serviço de radiodifusão
§ 1° A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo
sonora e de sons e imagens.
poder concedente quando:
Art. 42. As concessões de serviço público outorgadas ante-
I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou
riormente à entrada em vigor desta Lei consideram-se váli-
deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores
das pelo prazo fixado no contrato ou no ato de outorga,
e parâmetros definidores da qualidade do serviço;
observado o disposto no art. 43 desta Lei.
II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou
§ 1° Vencido o prazo da concessão, o poder concedente
disposições legais ou regulamentares concernentes à con-
procederá a sua licitação, nos termos desta Lei.
cessão;
§ 2° As concessões em caráter precário, as que estiverem
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para
com prazo vencido e as que estiverem em vigor por prazo
tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito
indeterminado, inclusive por força de legislação anterior,
ou força maior;
permanecerão válidas pelo prazo necessário à realização
IV - a concessionária perder as condições econômicas,
dos levantamentos e avaliações indispensáveis à organiza-
técnicas ou operacionais para manter a adequada prestação
ção das licitações que precederão a outorga das conces-
do serviço concedido;
sões que as substituirão, prazo esse que não será inferior a
V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas 24 (vinte e quatro) meses.
por infrações, nos devidos prazos; Art. 43. Ficam extintas todas as concessões de serviços
VI - a concessionária não atender a intimação do poder públicos outorgadas sem licitação na vigência da Constitui-
concedente no sentido de regularizar a prestação do servi- ção de 1988.
ço; e Parágrafo único. Ficam também extintas todas as conces-
VII - a concessionária for condenada em sentença transita- sões outorgadas sem licitação anteriormente à Constituição
da em julgado por sonegação de tributos, inclusive contribu- de 1988, cujas obras ou serviços não tenham sido iniciados
ições sociais. ou que se encontrem paralisados quando da entrada em
§ 2° A declaração da caducidade da concessão deverá ser vigor desta Lei.
precedida da verificação da inadimplência da concessioná- Art. 44. As concessionárias que tiverem obras que se en-
ria em processo administrativo, assegurado o direito de contrem atrasadas, na data da publicação desta Lei, apre-
ampla defesa. sentarão ao poder concedente, dentro de cento e oitenta
§ 3° Não será instaurado processo administrativo de ina- dias, plano efetivo de conclusão das obras.
dimplência antes de comunicados à concessionária, deta- Parágrafo único. Caso a concessionária não apresente o
lhadamente, os descumprimentos contratuais referidos no § plano a que se refere este artigo ou se este plano não ofe-
1° deste artigo, dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e recer condições efetivas para o término da obra, o poder
transgressões apontadas e para o enquadramento, nos concedente poderá declarar extinta a concessão, relativa a
termos contratuais. essa obra.

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Art. 45. Nas hipóteses de que tratam os arts. 43 e 44 desta de do art. 3º no que se refere as expressões “fiscais e elei-
Lei, o poder concedente indenizará as obras e serviços torais”).
realizados somente no caso e com os recursos da nova § 1° Para realizar a diligência, o juiz poderá requisitar o
licitação. auxílio de pessoas que, pela natureza da função ou profis-
Parágrafo único. A licitação de que trata o caput deste são, tenham ou possam ter acesso aos objetos do sigilo.
artigo deverá, obrigatoriamente, levar em conta, para fins de § 2° O juiz, pessoalmente, fará lavrar auto circunstanciado
avaliação, o estágio das obras paralisadas ou atrasadas, de da diligência, relatando as informações colhidas oralmente e
modo a permitir a utilização do critério de julgamento esta- anexando cópias autênticas dos documentos que tiverem
belecido no inciso III do art. 15 desta Lei. relevância probatória, podendo para esse efeito, designar
Art. 46. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. uma das pessoas referidas no parágrafo anterior como es-
Art. 47. Revogam-se as disposições em contrário. crivão ad hoc.
Brasília, 13 de fevereiro de 1995; 174° da Independência e § 3° O auto de diligência será conservado fora dos autos do
107° da República. processo, em lugar seguro, sem intervenção de cartório ou
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO servidor, somente podendo a ele ter acesso, na presença do
juiz, as partes legítimas na causa, que não poderão dele
LEI N° 9.034, DE 3 DE MAIO DE 1995 servir-se para fins estranhos à mesma, e estão sujeitas às
sanções previstas pelo Código Penal em caso de divulga-
ção.
Dispõe sobre a utilização de meios operacionais para a § 4° Os argumentos de acusação e defesa que versarem
prevenção e repressão de ações praticadas por organi- sobre a diligência serão apresentados em separado para
zações criminosas. serem anexados ao auto da diligência, que poderá servir
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- como elemento na formação da convicção final do juiz.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: § 5° Em caso de recurso, o auto da diligência será fechado,
lacrado e endereçado em separado ao juízo competente
CAPÍTULO I DA DEFINIÇÃO DE AÇÃO PRATICADA POR ORGANI- para revisão, que dele tomará conhecimento sem interven-
ZAÇÕES CRIMINOSAS E DOS MEIOS OPERACIONAIS DE INVESTIGA- ção das secretarias e gabinetes, devendo o relator dar vis-
ÇÃO E PROVA tas ao Ministério Público e ao Defensor em recinto isolado,
Art. 1° Esta Lei define e regula meios de prova e procedi- para o efeito de que a discussão e o julgamento sejam man-
mentos investigatórios que versem sobre ilícitos decorrentes tidos em absoluto segredo de justiça.
de ações praticadas por quadrilha ou bando ou organiza- CAPÍTULO III DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
ções ou associações criminosas de qualquer tipo.(Redação Art. 4° Os órgãos da polícia judiciária estruturarão setores e
dada pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001). equipes de policiais especializados no combate à ação pra-
Art. 2° Em qualquer fase de persecução criminal são permi- ticada por organizações criminosas.
tidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes Art. 5° A identificação criminal de pessoas envolvidas com a
procedimentos de investigação e formação de provas: (Re- ação praticada por organizações criminosas será realizada
dação dada pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001). independentemente da identificação civil.
I - (VETADO). Art. 6° Nos crimes praticados em organização criminosa, a
II - a ação controlada, que consiste em retardar a interdição pena será reduzida de um a dois terços, quando a colabora-
policial do que se supõe ação praticada por organizações ção espontânea do agente levar ao esclarecimento de infra-
criminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob ob- ções penais e sua autoria.
servação e acompanhamento para que a medida legal se Art. 7° Não será concedida liberdade provisória, com ou
concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da sem fiança, aos agentes que tenham tido intensa e efetiva
formação de provas e fornecimento de informações; participação na organização criminosa.
III - o acesso a dados, documentos e informações fiscais, Art. 8° O prazo para encerramento da instrução criminal,
bancárias, financeiras e eleitorais; nos processos por crime de que trata esta Lei, será de 81
IV - a captação e a interceptação ambiental de sinais ele- (oitenta e um) dias, quando o réu estiver preso, e de 120
tromagnéticos, óticos ou acústicos, e o seu registro e análi- (cento e vinte) dias, quando solto. (Redação dada pela Lei
se, mediante circunstanciada autorização judicial; (Incluído nº 9.303, de 5.9.1996).
pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001). Art. 9° O réu não poderá apelar em liberdade, nos crimes
V - infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em previstos nesta Lei.
tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especiali- Art. 10. Os condenados por crime decorrentes de organiza-
zados pertinentes, mediante circunstanciada autorização ção criminosa iniciarão o cumprimento da pena em regime
judicial. (Incluído pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001). fechado.
Parágrafo único. A autorização judicial será estritamente Art. 11. Aplicam-se, no que não forem incompatíveis, subsi-
sigilosa e permanecerá nesta condição enquanto perdurar a diariamente, as disposições do Código de Processo Penal.
infiltração. (Incluído pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001). Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
CAPÍTULO II DA PRESERVAÇÃO DO SIGILO CONSTITUCIONAL Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 3° Nas hipóteses do inciso III do art. 2° desta Lei, ocor- Brasília, 3 de maio de 1995; 174° da Independência e 107°
rendo possibilidade de violação de sigilo preservado pela da República.
Constituição ou por lei, a diligência será realizada pessoal- FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
mente pelo juiz, adotado o mais rigoroso segredo de justiça.
(ADIM nº 1.570-2, 12.2.2004, declara a inconstitucionalida- LEI N° 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com
e dá outras providências. mais de cinco anos de experiência.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- Parágrafo único. Os juízes leigos ficarão impedidos de
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, en-
quanto no desempenho de suas funções.
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Seção III Das Partes
Art. 1° Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Art. 8° Não poderão ser partes, no processo instituído por
Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Fe- esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito
deral e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, público, as empresas públicas da União, a massa falida e o
processo, julgamento e execução, nas causas de sua com- insolvente civil.
petência. § 1° Somente as pessoas físicas capazes serão admitidas a
Art. 2° O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, propor ação perante o Juizado Especial, excluídos os ces-
simplicidade, informalidade, economia processual e celeri- sionários de direito de pessoas jurídicas.
dade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a § 2° O maior de dezoito anos poderá ser autor, independen-
transação. temente de assistência, inclusive para fins de conciliação.
CAPÍTULO II DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS Art. 9° Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as
Seção I Da Competência partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas
por advogado; nas de valor superior, a assistência é obriga-
Art. 3° O Juizado Especial Cível tem competência para tória.
conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de § 1° Sendo facultativa a assistência, se uma das partes
menor complexidade, assim consideradas: comparecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser,
salário mínimo; assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Pro- Juizado Especial, na forma da lei local.
cesso Civil; § 2° O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio
III - a ação de despejo para uso próprio; por advogado, quando a causa o recomendar.
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não § 3° O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quan-
excedente ao fixado no inciso I deste artigo. to aos poderes especiais.
§ 1° Compete ao Juizado Especial promover a execução: § 4° O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma indivi-
I - dos seus julgados; dual, poderá ser representado por preposto credenciado.
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até qua- Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de
renta vezes o salário mínimo, observado o disposto no § 1º intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o
do art. 8º desta Lei. litisconsórcio.
§ 2° Ficam excluídas da competência do Juizado Especial Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos
as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de em lei.
interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a aci- Seção IV Dos Atos Processuais
dentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão reali-
das pessoas, ainda que de cunho patrimonial.
zar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas
§ 3° A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará de organização judiciária.
em renúncia ao crédito excedente ao limite estabelecido Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que
neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação.
preencherem as finalidades para as quais forem realizados,
Art. 4° É competente, para as causas previstas nesta Lei, o atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei.
Juizado do foro:
§ 1° Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde havido prejuízo.
aquele exerça atividades profissionais ou econômicas ou
§ 2° A prática de atos processuais em outras comarcas
mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escri-
poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de comuni-
tório;
cação.
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
§ 3° Apenas os atos considerados essenciais serão regis-
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas trados resumidamente, em notas manuscritas, datilografa-
ações para reparação de dano de qualquer natureza. das, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos pode-
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser rão ser gravados em fita magnética ou equivalente, que será
proposta no foro previsto no inciso I deste artigo. inutilizada após o trânsito em julgado da decisão.
Seção II Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos § 4° As normas locais disporão sobre a conservação das
Art. 5° O Juiz dirigirá o processo com liberdade para deter- peças do processo e demais documentos que o instruem.
minar as provas a serem produzidas, para apreciá-las e Seção V Do Pedido
para dar especial valor às regras de experiência comum ou Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do
técnica. pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.
Art. 6° O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar § 1° Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem
mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e acessível:
às exigências do bem comum.
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;
Art. 7° Os conciliadores e juízes leigos são auxiliares da
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os
III - o objeto e seu valor.

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§ 2° É lícito formular pedido genérico quando não for possí- Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão optar,
vel determinar, desde logo, a extensão da obrigação. de comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma prevista
§ 3° O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do nesta Lei.
Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formu- § 1° O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, independen-
lários impressos. temente de termo de compromisso, com a escolha do árbi-
Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3° desta Lei pode- tro pelas partes. Se este não estiver presente, o Juiz convo-
rão ser alternativos ou cumulados; nesta última hipótese, cá-lo-á e designará, de imediato, a data para a audiência de
desde que conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado instrução.
naquele dispositivo. § 2° O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos.
Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de distri- Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mesmos
buição e autuação, a Secretaria do Juizado designará a critérios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta Lei, po-
sessão de conciliação, a realizar-se no prazo de quinze dendo decidir por eqüidade.
dias. Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias subse-
Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, ins- qüentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado para
taurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensa- homologação por sentença irrecorrível.
dos o registro prévio de pedido e a citação. Seção IX Da Instrução e Julgamento
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á imedia-
ser dispensada a contestação formal e ambos serão apreci- tamente à audiência de instrução e julgamento, desde que
ados na mesma sentença. não resulte prejuízo para a defesa.
Seção VI Das Citações e Intimações Parágrafo único. Não sendo possível a sua realização
Art. 18. A citação far-se-á: imediata, será a audiência designada para um dos quinze
I - por correspondência, com aviso de recebimento em mão dias subseqüentes, cientes, desde logo, as partes e teste-
própria; munhas eventualmente presentes.
II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, medi- Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão ouvi-
ante entrega ao encarregado da recepção, que será obriga- das as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida a
toriamente identificado; sentença.
III - sendo necessário, por oficial de justiça, independente- Art. 29. Serão decididos de plano todos os incidentes que
mente de mandado ou carta precatória. possam interferir no regular prosseguimento da audiência.
§ 1° A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora As demais questões serão decididas na sentença.
para comparecimento do citando e advertência de que, não Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados por
comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alega- uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a parte
ções iniciais, e será proferido julgamento, de plano. contrária, sem interrupção da audiência.
§ 2° Não se fará citação por edital.
§ 3° O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nuli- Seção X Da Resposta do Réu
dade da citação. Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá
Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para toda matéria de defesa, exceto argüição de suspeição ou
citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação. impedimento do Juiz, que se processará na forma da legis-
§ 1° Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão lação em vigor.
desde logo cientes as partes. Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na
§ 2° As partes comunicarão ao juízo as mudanças de ende- contestação, formular pedido em seu favor, nos limites do
reço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que
as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na constituem objeto da controvérsia.
ausência da comunicação. Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do
Seção VII Da Revelia réu na própria audiência ou requerer a designação da nova
Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão de data, que será desde logo fixada, cientes todos os presen-
conciliação ou à audiência de instrução e julgamento, repu- tes.
tar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial, Seção XI Das Provas
salvo se o contrário resultar da convicção do Juiz. Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legítimos,
Seção VIII Da Conciliação e do Juízo Arbitral ainda que não especificados em lei, são hábeis para provar
Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclarecerá a veracidade dos fatos alegados pelas partes.
as partes presentes sobre as vantagens da conciliação, Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência de
mostrando-lhes os riscos e as conseqüências do litígio, instrução e julgamento, ainda que não requeridas previa-
especialmente quanto ao disposto no § 3º do art. 3º desta mente, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar
Lei. excessivas, impertinentes ou protelatórias.
Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para cada
leigo ou por conciliador sob sua orientação. parte, comparecerão à audiência de instrução e julgamento
Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será reduzida a levadas pela parte que as tenha arrolado, independente-
escrito e homologada pelo Juiz togado, mediante sentença mente de intimação, ou mediante esta, se assim for requeri-
com eficácia de título executivo. do.
Art. 23. Não comparecendo o demandado, o Juiz togado § 1° O requerimento para intimação das testemunhas será
proferirá sentença. apresentado à Secretaria no mínimo cinco dias antes da
audiência de instrução e julgamento.

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§ 2° Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz po- Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigidos
derá determinar sua imediata condução, valendo-se, se de ofício.
necessário, do concurso da força pública. Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por
Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da
técnicos de sua confiança, permitida às partes a apresenta- ciência da decisão.
ção de parecer técnico. Art. 50. Quando interpostos contra sentença, os embargos
Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, de de declaração suspenderão o prazo para recurso.
ofício ou a requerimento das partes, realizar inspeção em Seção XIV Da Extinção do Processo Sem Julgamento do
pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua Mérito
confiança, que lhe relatará informalmente o verificado. Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos
Art. 36. A prova oral não será reduzida a escrito, devendo a em lei:
sentença referir, no essencial, os informes trazidos nos I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer das
depoimentos. audiências do processo;
Art. 37. A instrução poderá ser dirigida por Juiz leigo, sob a II - quando inadmissível o procedimento instituído por esta
supervisão de Juiz togado. Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;
Seção XII Da Sentença III - quando for reconhecida a incompetência territorial;
Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos
do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos no art. 8° desta Lei;
em audiência, dispensado o relatório. V - quando, falecido o autor, a habilitação depender de sen-
Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória tença ou não se der no prazo de trinta dias;
por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido. VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a citação
Art. 39. É ineficaz a sentença condenatória na parte que dos sucessores no prazo de trinta dias da ciência do fato.
exceder a alçada estabelecida nesta Lei. § 1° A extinção do processo independerá, em qualquer hi-
Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução proferirá pótese, de prévia intimação pessoal das partes.
sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz togado, § 2° No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar que
que poderá homologá-la, proferir outra em substituição ou, a ausência decorre de força maior, a parte poderá ser isen-
antes de se manifestar, determinar a realização de atos tada, pelo Juiz, do pagamento das custas.
probatórios indispensáveis. Seção XV Da Execução
Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de concili-
Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no próprio
ação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juiza-
Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no Código
do.
de Processo Civil, com as seguintes alterações:
§ 1° O recurso será julgado por uma turma composta por
três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de juris- I - as sentenças serão necessariamente líquidas, contendo
a conversão em Bônus do Tesouro Nacional - BTN ou índi-
dição, reunidos na sede do Juizado.
ce equivalente;
§ 2° No recurso, as partes serão obrigatoriamente represen-
tadas por advogado. II - os cálculos de conversão de índices, de honorários, de
juros e de outras parcelas serão efetuados por servidor
Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias,
judicial;
contados da ciência da sentença, por petição escrita, da
qual constarão as razões e o pedido do recorrente. III - a intimação da sentença será feita, sempre que possí-
vel, na própria audiência em que for proferida. Nessa inti-
§ 1° O preparo será feito, independentemente de intimação,
mação, o vencido será instado a cumprir a sentença tão
nas quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob
logo ocorra seu trânsito em julgado, e advertido dos efeitos
pena de deserção.
do seu descumprimento (inciso V);
§ 2° Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para
IV - não cumprida voluntariamente a sentença transitada em
oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.
julgado, e tendo havido solicitação do interessado, que po-
Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo derá ser verbal, proceder-se-á desde logo à execução, dis-
o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável pensada nova citação;
para a parte.
V - nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de não
Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da grava- fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execução, comina-
ção da fita magnética a que alude o § 3º do art. 13 desta rá multa diária, arbitrada de acordo com as condições eco-
Lei, correndo por conta do requerente as despesas respec- nômicas do devedor, para a hipótese de inadimplemento.
tivas. Não cumprida a obrigação, o credor poderá requerer a ele-
Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão de vação da multa ou a transformação da condenação em
julgamento. perdas e danos, que o Juiz de imediato arbitrará, seguindo-
Art. 46. O julgamento em segunda instância constará ape- se a execução por quantia certa, incluída a multa vencida de
nas da ata, com a indicação suficiente do processo, funda- obrigação de dar, quando evidenciada a malícia do devedor
mentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for na execução do julgado;
confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julga- VI - na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o cum-
mento servirá de acórdão. primento por outrem, fixado o valor que o devedor deve
Art. 47. (VETADO). depositar para as despesas, sob pena de multa diária;
Seção XIII Dos Embargos de Declaração VII - na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá autorizar
Art. 48. Caberão embargos de declaração quando, na sen- o devedor, o credor ou terceira pessoa idônea a tratar da
tença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omis- alienação do bem penhorado, a qual se aperfeiçoará em
são ou dúvida. juízo até a data fixada para a praça ou leilão. Sendo o preço

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inferior ao da avaliação, as partes serão ouvidas. Se o pa- Parágrafo único. Valerá como título extrajudicial o acordo
gamento não for à vista, será oferecida caução idônea, nos celebrado pelas partes, por instrumento escrito, referendado
casos de alienação de bem móvel, ou hipotecado o imóvel; pelo órgão competente do Ministério Público.
VIII - é dispensada a publicação de editais em jornais, Art. 58. As normas de organização judiciária local poderão
quando se tratar de alienação de bens de pequeno valor; estender a conciliação prevista nos arts. 22 e 23 a causas
IX - o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da não abrangidas por esta Lei.
execução, versando sobre: Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas
a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele correu à ao procedimento instituído por esta Lei.
revelia; CAPÍTULO III DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS DISPOSI-
b) manifesto excesso de execução; ÇÕES GERAIS
c) erro de cálculo; Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por Juízes
d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, togados ou togados e leigos, tem competência para a conci-
superveniente à sentença. liação, o julgamento e a execução das infrações penais de
Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial, no valor menor potencial ofensivo.
de até quarenta salários mínimos, obedecerá ao disposto no Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial
Código de Processo Civil, com as modificações introduzidas ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais
por esta Lei. e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a
§ 1° Efetuada a penhora, o devedor será intimado a compa- um ano, excetuados os casos em que a lei preveja procedi-
recer à audiência de conciliação, quando poderá oferecer mento especial.
embargos (art. 52, IX), por escrito ou verbalmente. Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-
§ 2° Na audiência, será buscado o meio mais rápido e efi- á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia pro-
caz para a solução do litígio, se possível com dispensa da cessual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a
alienação judicial, devendo o conciliador propor, entre ou- reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de
tras medidas cabíveis, o pagamento do débito a prazo ou a pena não privativa de liberdade.
prestação, a dação em pagamento ou a imediata adjudica- Seção I Da Competência e dos Atos Processuais
ção do bem penhorado. Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo
§ 3° Não apresentados os embargos em audiência, ou jul- lugar em que foi praticada a infração penal.
gados improcedentes, qualquer das partes poderá requerer Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão reali-
ao Juiz a adoção de uma das alternativas do parágrafo an- zar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana,
terior. conforme dispuserem as normas de organização judiciária.
§ 4° Não encontrado o devedor ou inexistindo bens penho- Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que
ráveis, o processo será imediatamente extinto, devolvendo- preencherem as finalidades para as quais foram realizados,
se os documentos ao autor. atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei.
Seção XVI Das Despesas § 1° Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha
Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em havido prejuízo.
primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas § 2° A prática de atos processuais em outras comarcas
ou despesas. poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de comunica-
Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1° ção.
do art. 42 desta Lei, compreenderá todas as despesas pro- § 3° Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos
cessuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau havidos por essenciais. Os atos realizados em audiência de
de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária instrução e julgamento poderão ser gravados em fita mag-
gratuita. nética ou equivalente.
Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o ven- Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juiza-
cido em custas e honorários de advogado, ressalvados os do, sempre que possível, ou por mandado.
casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorren- Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser cita-
te, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, do, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo co-
que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do mum para adoção do procedimento previsto em lei.
valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com
corrigido da causa. aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa
Parágrafo único. Na execução não serão contadas custas, jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarrega-
salvo quando: do da recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou,
I - reconhecida a litigância de má-fé; sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente
II - improcedentes os embargos do devedor; de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio
III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido obje- idôneo de comunicação.
to de recurso improvido do devedor. Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência consi-
Seção XVII Disposições Finais derar-se-ão desde logo cientes as partes, os interessados e
Art. 56. Instituído o Juizado Especial, serão implantadas as defensores.
curadorias necessárias e o serviço de assistência judiciária. Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado
Art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou de citação do acusado, constará a necessidade de seu
valor, poderá ser homologado, no juízo competente, inde- comparecimento acompanhado de advogado, com a adver-
pendentemente de termo, valendo a sentença como título tência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado defensor
executivo judicial. público.
Seção II Da Fase Preliminar

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Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da cunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medi-
ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará da.
imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, § 3° Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defen-
providenciando-se as requisições dos exames periciais sor, será submetida à apreciação do Juiz.
necessários. § 4° Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos
termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assu- ou multa, que não importará em reincidência, sendo regis-
mir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá trada apenas para impedir novamente o mesmo benefício
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de vio- no prazo de cinco anos.
lência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de § 5° Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a
cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convi- apelação referida no art. 82 desta Lei.
vência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº 10.455, de § 6° A imposição da sanção de que trata o § 4° deste artigo
13.5.2002).) não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efei-
sendo possível a realização imediata da audiência prelimi- tos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no
nar, será designada data próxima, da qual ambos sairão juízo cível.
cientes. Seção III Do Procedimento Sumaríssimo
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envol-
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não
vidos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se for o
houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato,
caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68
ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta
desta Lei.
Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato,
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante denúncia oral, se não houver necessidade de diligências
do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possí- imprescindíveis.
vel, o responsável civil, acompanhados por seus advoga-
§ 1° Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada
dos, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição
com base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta
dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata
Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do
de pena não privativa de liberdade.
exame do corpo de delito quando a materialidade do crime
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conci- estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
liador sob sua orientação.
§ 2° Se a complexidade ou circunstâncias do caso não per-
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justi- mitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público po-
ça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre derá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existen-
bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na tes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.
administração da Justiça Criminal.
§ 3° Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a es- oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a com-
crito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrí- plexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção
vel, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil com- das providências previstas no parágrafo único do art. 66
petente. desta Lei.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a
privada ou de ação penal pública condicionada à represen- termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará
tação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito citado e imediatamente cientificado da designação de dia e
de queixa ou representação. hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o
dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer responsável civil e seus advogados.
o direito de representação verbal, que será reduzida a ter- § 1° Se o acusado não estiver presente, será citado na for-
mo. ma dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da
Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer
audiência preliminar não implica decadência do direito, que suas testemunhas ou apresentar requerimento para intima-
poderá ser exercido no prazo previsto em lei. ção, no mínimo cinco dias antes de sua realização.
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de § 2° Não estando presentes o ofendido e o responsável
ação penal pública incondicionada, não sendo caso de ar- civil, serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei para
quivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação comparecerem à audiência de instrução e julgamento.
imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser es- § 3° As testemunhas arroladas serão intimadas na forma
pecificada na proposta. prevista no art. 67 desta Lei.
§ 1° Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de ins-
o Juiz poderá reduzi-la até a metade. trução e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido
§ 2° Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: possibilidade de tentativa de conciliação e de oferecimento
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á nos ter-
crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; mos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei.
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz,
cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos quando imprescindível, a condução coercitiva de quem deva
termos deste artigo; comparecer.
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defen-
personalidade do agente, bem como os motivos e as cir- sor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá,

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ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for
ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o
interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando- Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a
se imediatamente aos debates orais e à prolação da sen- suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que
tença. o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
§ 1° Todas as provas serão produzidas na audiência de condenado por outro crime, presentes os demais requisitos
instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77
que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias. do Código Penal).
§ 2° De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, § 1° Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na
assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá sus-
dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença. pender o processo, submetendo o acusado a período de
§ 3° A sentença, dispensado o relatório, mencionará os prova, sob as seguintes condições:
elementos de convicção do Juiz. I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da II - proibição de freqüentar determinados lugares;
sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por tur- III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem
ma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau autorização do Juiz;
de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensal-
§ 1° A apelação será interposta no prazo de dez dias, con- mente, para informar e justificar suas atividades.
tados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo § 2° O Juiz poderá especificar outras condições a que fica
réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à
razões e o pedido do recorrente. situação pessoal do acusado.
§ 2° O recorrido será intimado para oferecer resposta escri- § 3° A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o
ta no prazo de dez dias. beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não
§ 3° As partes poderão requerer a transcrição da gravação efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
da fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei. § 4° A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a
§ 4° As partes serão intimadas da data da sessão de julga- ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou
mento pela imprensa. descumprir qualquer outra condição imposta.
§ 5° Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamen- § 5° Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará ex-
tos, a súmula do julgamento servirá de acórdão. tinta a punibilidade.
Art. 83. Caberão embargos de declaração quando, em sen- § 6° Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão
tença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omis- do processo.
são ou dúvida. § 7° Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste
§ 1° Os embargos de declaração serão opostos por escrito artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.
ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos pro-
da decisão. cessos penais cuja instrução já estiver iniciada.
§ 2° Quando opostos contra sentença, os embargos de Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbi-
declaração suspenderão o prazo para o recurso. to da Justiça Militar. (Incluído pela Lei nº 9.839, de
§ 3° Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. 27.9.1999).
Seção IV Da Execução Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir represen-
Art. 84. Aplicada exclusivamente pena de multa, seu cum- tação para a propositura da ação penal pública, o ofendido
primento far-se-á mediante pagamento na Secretaria do ou seu representante legal será intimado para oferecê-la no
Juizado. prazo de trinta dias, sob pena de decadência.
Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz declarará Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos
extinta a punibilidade, determinando que a condenação não Códigos Penal e de Processo Penal, no que não forem in-
fique constando dos registros criminais, exceto para fins de compatíveis com esta Lei.
requisição judicial. CAPÍTULO IV DISPOSIÇÕES FINAIS COMUNS
Art. 85. Não efetuado o pagamento de multa, será feita a Art. 93. Lei Estadual disporá sobre o Sistema de Juizados
conversão em pena privativa da liberdade, ou restritiva de Especiais Cíveis e Criminais, sua organização, composição
direitos, nos termos previstos em lei. e competência.
Art. 86. A execução das penas privativas de liberdade e Art. 94. Os serviços de cartório poderão ser prestados, e as
restritivas de direitos, ou de multa cumulada com estas, será audiências realizadas fora da sede da Comarca, em bairros
processada perante o órgão competente, nos termos da lei. ou cidades a ela pertencentes, ocupando instalações de
Seção V Das Despesas Processuais prédios públicos, de acordo com audiências previamente
Art. 87. Nos casos de homologação do acordo civil e aplica- anunciadas.
ção de pena restritiva de direitos ou multa (arts. 74 e 76, § Art. 95. Os Estados, Distrito Federal e Territórios criarão e
4º), as despesas processuais serão reduzidas, conforme instalarão os Juizados Especiais no prazo de seis meses, a
dispuser lei estadual. contar da vigência desta Lei.
Seção VI Disposições Finais Art. 96. Esta Lei entra em vigor no prazo de sessenta dias
após a sua publicação.
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legisla-
Art. 97. Ficam revogadas a Lei n° 4.611, de 2 de abril de
ção especial, dependerá de representação a ação penal
1965 e a Lei n° 7.244, de 7 de novembro de 1984.
relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões cul-
posas. Brasília, 26 de setembro de 1995; 174° da Independência e
107° da República.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
Lemos & Cruz – Livraria e Editora
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Parágrafo único. Dissolvida a união estável por morte de
um dos conviventes, o sobrevivente terá direito real de habi-
LEI N° 9.265, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1996 tação, enquanto viver ou não constituir nova união ou ca-
samento, relativamente ao imóvel destinado à residência da
família.
Regulamenta o inciso LXXVII do art. 5° da Constituição,
Art. 8° Os conviventes poderão, de comum acordo e a
dispondo sobre a gratuidade dos atos necessários ao
qualquer tempo, requerer a conversão da união estável em
exercício da cidadania.
casamento, por requerimento ao Oficial do Registro Civil da
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
Circunscrição de seu domicílio.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 9° Toda a matéria relativa à união estável é de compe-
Art. 1° São gratuitos os atos necessários ao exercício da
tência do juízo da Vara de Família, assegurado o segredo
cidadania, assim considerados: de justiça.
I - os que capacitam o cidadão ao exercício da soberania Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
popular, a que se reporta o art. 14 da Constituição;
Art. 11. Revogam-se as disposições em contrário.
II - aqueles referentes ao alistamento militar;
Brasília, 10 de maio de 1996; 175° da Independência e 108°
III - os pedidos de informações ao Poder Público, em todos da República.
os seus âmbitos, objetivando a instrução de defesa ou a
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
denúncia de irregularidades administrativas na órbita públi-
ca;
IV - as ações de impugnação de mandato eletivo por abuso LEI N° 9.307, DE 23 DE SETEMBRO DE 1996
do poder econômico, corrupção ou fraude;
V - quaisquer requerimentos ou petições que visem as ga- Dispõe sobre a arbitragem.
rantias individuais e a defesa do interesse público. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
VI - o registro civil de nascimento e o assento de óbito, bem gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
como a primeira certidão respectiva. (Incluído pela Lei n°
9.534, de 10.12.1997). CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 2° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 1° As pessoas capazes de contratar poderão valer-se
Art. 3° Revogam-se as disposições em contrário. da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patri-
Brasília, 12 de fevereiro de 1996; 175° da Independência e moniais disponíveis.
108° da República. Art. 2° A arbitragem poderá ser de direito ou de eqüidade, a
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO critério das partes.
§ 1° Poderão as partes escolher, livremente, as regras de
LEI N° 9.278, DE 10 DE MAIO DE 1996 direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não
haja violação aos bons costumes e à ordem pública.
Regula o § 3° do art. 226 da Constituição Federal. § 2° Poderão, também, as partes convencionar que a arbi-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- tragem se realize com base nos princípios gerais de direito,
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: nos usos e costumes e nas regras internacionais de comér-
Art. 1° É reconhecida como entidade familiar a convivência cio.
duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, CAPÍTULO II DA CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM E SEUS EFEITOS
estabelecida com objetivo de constituição de família. Art. 3° As partes interessadas podem submeter a solução
Art. 2° São direitos e deveres iguais dos conviventes: de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de
I - respeito e consideração mútuos; arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o
II - assistência moral e material recíproca; compromisso arbitral.
III - guarda, sustento e educação dos filhos comuns. Art. 4° A cláusula compromissória é a convenção através
Art. 3° (VETADO). da qual as partes em um contrato comprometem-se a sub-
Art. 4° (VETADO). meter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relati-
vamente a tal contrato.
Art. 5° Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por
§ 1° A cláusula compromissória deve ser estipulada por
ambos os conviventes, na constância da união estável e a
escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em
título oneroso, são considerados fruto do trabalho e da cola-
documento apartado que a ele se refira.
boração comum, passando a pertencer a ambos, em con-
domínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em § 2° Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória
contrato escrito. só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a
§ 1° Cessa a presunção do caput deste artigo se a aquisi- arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua institu-
ição, desde que por escrito em documento anexo ou em
ção patrimonial ocorrer com o produto de bens adquiridos
negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa
anteriormente ao início da união.
cláusula.
§ 2° A administração do patrimônio comum dos conviventes
Art. 5° Reportando-se as partes, na cláusula compromissó-
compete a ambos, salvo estipulação contrária em contrato
escrito. ria, às regras de algum órgão arbitral institucional ou entida-
de especializada, a arbitragem será instituída e processada
Art. 6° (VETADO).
de acordo com tais regras, podendo, igualmente, as partes
Art. 7° Dissolvida a união estável por rescisão, a assistência estabelecer na própria cláusula, ou em outro documento, a
material prevista nesta Lei será prestada por um dos convi- forma convencionada para a instituição da arbitragem.
ventes ao que dela necessitar, a título de alimentos.

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Art. 6° Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir III - a matéria que será objeto da arbitragem; e
a arbitragem, a parte interessada manifestará à outra parte IV - o lugar em que será proferida a sentença arbitral.
sua intenção de dar início à arbitragem, por via postal ou por Art. 11. Poderá, ainda, o compromisso arbitral conter:
outro meio qualquer de comunicação, mediante comprova- I - local, ou locais, onde se desenvolverá a arbitragem;
ção de recebimento, convocando-a para, em dia, hora e II - a autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem
local certos, firmar o compromisso arbitral. por eqüidade, se assim for convencionado pelas partes;
Parágrafo único. Não comparecendo a parte convocada III - o prazo para apresentação da sentença arbitral;
ou, comparecendo, recusar-se a firmar o compromisso arbi-
IV - a indicação da lei nacional ou das regras corporativas
tral, poderá a outra parte propor a demanda de que trata o
aplicáveis à arbitragem, quando assim convencionarem as
art. 7º desta Lei, perante o órgão do Poder Judiciário a que,
partes;
originariamente, tocaria o julgamento da causa.
V - a declaração da responsabilidade pelo pagamento dos
Art. 7° Existindo cláusula compro-missória e havendo resis-
honorários e das despesas com a arbitragem; e
tência quanto à instituição da arbitragem, poderá a parte
interessada requerer a citação da outra parte para compa- VI - a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros.
recer em juízo a fim de lavrar-se o compromisso, designan- Parágrafo único. Fixando as partes os honorários do árbi-
do o juiz audiência especial para tal fim. tro, ou dos árbitros, no compromisso arbitral, este constituirá
§ 1° O autor indicará, com precisão, o objeto da arbitragem, título executivo extrajudicial; não havendo tal estipulação, o
instruindo o pedido com o documento que contiver a cláusu- árbitro requererá ao órgão do Poder Judiciário que seria
la compromissória. competente para julgar, originariamente, a causa que os fixe
por sentença.
§ 2° Comparecendo as partes à audiência, o juiz tentará,
Art. 12. Extingue-se o compromisso arbitral:
previamente, a conciliação acerca do litígio. Não obtendo
sucesso, tentará o juiz conduzir as partes à celebração, de I - escusando-se qualquer dos árbitros, antes de aceitar a
comum acordo, do compromisso arbitral. nomeação, desde que as partes tenham declarado, expres-
§ 3° Não concordando as partes sobre os termos do com- samente, não aceitar substituto;
promisso, decidirá o juiz, após ouvir o réu, sobre seu conte- II - falecendo ou ficando impossibilitado de dar seu voto
údo, na própria audiência ou no prazo de dez dias, respeita- algum dos árbitros, desde que as partes declarem, expres-
das as disposições da cláusula compromissória e atenden- samente, não aceitar substituto; e
do ao disposto nos arts. 10 e 21, § 2º, desta Lei. III - tendo expirado o prazo a que se refere o art. 11, inciso
§ 4° Se a cláusula compromissória nada dispuser sobre a III, desde que a parte interessada tenha notificado o árbitro,
nomeação de árbitros, caberá ao juiz, ouvidas as partes, ou o presidente do tribunal arbitral, concedendo-lhe o prazo
estatuir a respeito, podendo nomear árbitro único para a de dez dias para a prolação e apresentação da sentença
solução do litígio. arbitral.
§ 5° A ausência do autor, sem justo motivo, à audiência CAPÍTULO III DOS ÁRBITROS
designada para a lavratura do compromisso arbitral, impor- Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que te-
tará a extinção do processo sem julgamento de mérito. nha a confiança das partes.
§ 6° Não comparecendo o réu à audiência, caberá ao juiz, § 1° As partes nomearão um ou mais árbitros, sempre em
ouvido o autor, estatuir a respeito do conteúdo do compro- número ímpar, podendo nomear, também, os respectivos
misso, nomeando árbitro único. suplentes.
§ 7° A sentença que julgar procedente o pedido valerá como § 2° Quando as partes nomearem árbitros em número par,
compromisso arbitral. estes estão autorizados, desde logo, a nomear mais um
Art. 8° A cláusula compromissória é autônoma em relação árbitro. Não havendo acordo, requererão as partes ao órgão
ao contrato em que estiver inserta, de tal sorte que a nulida- do Poder Judiciário a que tocaria, originariamente, o julga-
de deste não implica, necessariamente, a nulidade da cláu- mento da causa a nomeação do árbitro, aplicável, no que
sula compromissória. couber, o procedimento previsto no art. 7º desta Lei.
Parágrafo único. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por § 3° As partes poderão, de comum acordo, estabelecer o
provocação das partes, as questões acerca da existência, processo de escolha dos árbitros, ou adotar as regras de
validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contra- um órgão arbitral institucional ou entidade especializada.
to que contenha a cláusula compromissória. § 4° Sendo nomeados vários árbitros, estes, por maioria,
Art. 9° O compromisso arbitral é a convenção através da elegerão o presidente do tribunal arbitral. Não havendo
qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou consenso, será designado presidente o mais idoso.
mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial. § 5° O árbitro ou o presidente do tribunal designará, se jul-
§ 1° O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo gar conveniente, um secretário, que poderá ser um dos
nos autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a árbitros.
demanda. § 6° No desempenho de sua função, o árbitro deverá proce-
§ 2° O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por der com imparcialidade, independência, competência, dili-
escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por gência e discrição.
instrumento público. § 7° Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral determinar às
Art. 10. Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbi- partes o adiantamento de verbas para despesas e diligên-
tral: cias que julgar necessárias.
I - o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes; Art. 14. Estão impedidos de funcionar como árbitros as
II - o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, pessoas que tenham, com as partes ou com o litígio que
ou, se for o caso, a identificação da entidade à qual as par- lhes for submetido, algumas das relações que caracterizam
tes delegaram a indicação de árbitros; os casos de impedimento ou suspeição de juízes, aplican-

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do-se-lhes, no que couber, os mesmos deveres e responsa- § 2° Não sendo acolhida a argüição, terá normal prosse-
bilidades, conforme previsto no Código de Processo Civil. guimento a arbitragem, sem prejuízo de vir a ser examinada
§ 1° As pessoas indicadas para funcionar como árbitro têm a decisão pelo órgão do Poder Judiciário competente,
o dever de revelar, antes da aceitação da função, qualquer quando da eventual propositura da demanda de que trata o
fato que denote dúvida justificada quanto à sua imparciali- art. 33 desta Lei.
dade e independência. Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabele-
§ 2° O árbitro somente poderá ser recusado por motivo cido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá
ocorrido após sua nomeação. Poderá, entretanto, ser recu- reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou
sado por motivo anterior à sua nomeação, quando: entidade especializada, facultando-se, ainda, às partes de-
a) não for nomeado, diretamente, pela parte; ou legar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o
b) o motivo para a recusa do árbitro for conhecido posteri- procedimento.
ormente à sua nomeação. § 1° Não havendo estipulação acerca do procedimento,
Art. 15. A parte interessada em argüir a recusa do árbitro caberá ao árbitro ou ao tribunal arbitral discipliná-lo.
apresentará, nos termos do art. 20, a respectiva exceção, § 2° Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os
diretamente ao árbitro ou ao presidente do tribunal arbitral, princípios do contraditório, da igualdade das partes, da im-
deduzindo suas razões e apresentando as provas pertinen- parcialidade do árbitro e de seu livre convencimento.
tes. § 3° As partes poderão postular por intermédio de advoga-
Parágrafo único. Acolhida a exceção, será afastado o árbi- do, respeitada, sempre, a faculdade de designar quem as
tro suspeito ou impedido, que será substituído, na forma do represente ou assista no procedimento arbitral.
art. 16 desta Lei. § 4° Competirá ao árbitro ou ao tribunal arbitral, no início do
Art. 16. Se o árbitro escusar-se antes da aceitação da no- procedimento, tentar a conciliação das partes, aplicando-se,
meação, ou, após a aceitação, vier a falecer, tornar-se im- no que couber, o art. 28 desta Lei.
possibilitado para o exercício da função, ou for recusado, Art. 22. Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar o depo-
assumirá seu lugar o substituto indicado no compromisso, imento das partes, ouvir testemunhas e determinar a reali-
se houver. zação de perícias ou outras provas que julgar necessárias,
§ 1° Não havendo substituto indicado para o árbitro, aplicar- mediante requerimento das partes ou de ofício.
se-ão as regras do órgão arbitral institucional ou entidade § 1° O depoimento das partes e das testemunhas será to-
especializada, se as partes as tiverem invocado na conven- mado em local, dia e hora previamente comunicados, por
ção de arbitragem. escrito, e reduzido a termo, assinado pelo depoente, ou a
§ 2° Nada dispondo a convenção de arbitragem e não che- seu rogo, e pelos árbitros.
gando as partes a um acordo sobre a nomeação do árbitro a § 2° Em caso de desatendimento, sem justa causa, da con-
ser substituído, procederá a parte interessada da forma vocação para prestar depoimento pessoal, o árbitro ou o
prevista no art. 7º desta Lei, a menos que as partes tenham tribunal arbitral levará em consideração o comportamento
declarado, expressamente, na convenção de arbitragem, da parte faltosa, ao proferir sua sentença; se a ausência for
não aceitar substituto. de testemunha, nas mesmas circunstâncias, poderá o árbi-
Art. 17. Os árbitros, quando no exercício de suas funções tro ou o presidente do tribunal arbitral requerer à autoridade
ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários judiciária que conduza a testemunha renitente, comprovan-
públicos, para os efeitos da legislação penal. do a existência da convenção de arbitragem.
Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença § 3° A revelia da parte não impedirá que seja proferida a
que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação sentença arbitral.
pelo Poder Judiciário. § 4° Ressalvado o disposto no § 2°, havendo necessidade
CAPÍTULO IV DO PROCEDIMENTO ARBITRAL de medidas coercitivas ou cautelares, os árbitros poderão
solicitá-las ao órgão do Poder Judiciário que seria, originari-
Art. 19. Considera-se instituída a arbitragem quando aceita
amente, competente para julgar a causa.
a nomeação pelo árbitro, se for único, ou por todos, se fo-
rem vários. § 5° Se, durante o procedimento arbitral, um árbitro vier a
ser substituído fica a critério do substituto repetir as provas
Parágrafo único. Instituída a arbitragem e entendendo o
já produzidas.
árbitro ou o tribunal arbitral que há necessidade de explicitar
alguma questão disposta na convenção de arbitragem, será CAPÍTULO V DA SENTENÇA ARBITRAL
elaborado, juntamente com as partes, um adendo, firmado Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipula-
por todos, que passará a fazer parte integrante da conven- do pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo
ção de arbitragem. para a apresentação da sentença é de seis meses, contado
Art. 20. A parte que pretender argüir questões relativas à da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro.
competência, suspeição ou impedimento do árbitro ou dos Parágrafo único. As partes e os árbitros, de comum acor-
árbitros, bem como nulidade, invalidade ou ineficácia da do, poderão prorrogar o prazo estipulado.
convenção de arbitragem, deverá fazê-lo na primeira opor- Art. 24. A decisão do árbitro ou dos árbitros será expressa
tunidade que tiver de se manifestar, após a instituição da em documento escrito.
arbitragem. § 1° Quando forem vários os árbitros, a decisão será toma-
§ 1° Acolhida a argüição de suspeição ou impedimento, da por maioria. Se não houver acordo majoritário, prevale-
será o árbitro substituído nos termos do art. 16 desta Lei, cerá o voto do presidente do tribunal arbitral.
reconhecida a incompetência do árbitro ou do tribunal arbi- § 2° O árbitro que divergir da maioria poderá, querendo,
tral, bem como a nulidade, invalidade ou ineficácia da con- declarar seu voto em separado.
venção de arbitragem, serão as partes remetidas ao órgão Art. 25. Sobrevindo no curso da arbitragem controvérsia
do Poder Judiciário competente para julgar a causa. acerca de direitos indisponíveis e verificando-se que de sua

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existência, ou não, dependerá o julgamento, o árbitro ou o VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art.
tribunal arbitral remeterá as partes à autoridade competente 21, § 2°, desta Lei.
do Poder Judiciário, suspendendo o procedimento arbitral. Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do
Parágrafo único. Resolvida a questão prejudicial e juntada Poder Judiciário competente a decretação da nulidade da
aos autos a sentença ou acórdão transitados em julgado, sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei.
terá normal seguimento a arbitragem. § 1° A demanda para a decretação de nulidade da sentença
Art. 26. São requisitos obrigatórios da sentença arbitral: arbitral seguirá o procedimento comum, previsto no Código
I - o relatório, que conterá os nomes das partes e um resu- de Processo Civil, e deverá ser proposta no prazo de até
mo do litígio; noventa dias após o recebimento da notificação da sentença
II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as arbitral ou de seu aditamento.
questões de fato e de direito, mencionando-se, expressa- § 2° A sentença que julgar procedente o pedido:
mente, se os árbitros julgaram por eqüidade; I - decretará a nulidade da sentença arbitral, nos casos do
III - o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões art. 32, incisos I, II, VI, VII e VIII;
que lhes forem submetidas e estabelecerão o prazo para o II - determinará que o árbitro ou o tribunal arbitral profira
cumprimento da decisão, se for o caso; e novo laudo, nas demais hipóteses.
IV - a data e o lugar em que foi proferida. § 3° A decretação da nulidade da sentença arbitral também
Parágrafo único. A sentença arbitral será assinada pelo poderá ser argüida mediante ação de embargos do devedor,
árbitro ou por todos os árbitros. Caberá ao presidente do conforme o art. 741 e seguintes do Código de Processo
tribunal arbitral, na hipótese de um ou alguns dos árbitros Civil, se houver execução judicial.
não poder ou não querer assinar a sentença, certificar tal CAPÍTULO VI DO RECONHECIMENTO E EXECUÇÃO DE SENTEN-
fato. ÇAS ARBITRAIS ESTRANGEIRAS
Art. 27. A sentença arbitral decidirá sobre a responsabilida- Art. 34. A sentença arbitral estrangeira será reconhecida ou
de das partes acerca das custas e despesas com a arbitra- executada no Brasil de conformidade com os tratados inter-
gem, bem como sobre verba decorrente de litigância de má- nacionais com eficácia no ordenamento interno e, na sua
fé, se for o caso, respeitadas as disposições da convenção ausência, estritamente de acordo com os termos desta Lei.
de arbitragem, se houver. Parágrafo único. Considera-se sentença arbitral estrangei-
Art. 28. Se, no decurso da arbitragem, as partes chegarem ra a que tenha sido proferida fora do território nacional.
a acordo quanto ao litígio, o árbitro ou o tribunal arbitral Art. 35. Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a
poderá, a pedido das partes, declarar tal fato mediante sen- sentença arbitral estrangeira está sujeita, unicamente, à
tença arbitral, que conterá os requisitos do art. 26 desta Lei. homologação do Supremo Tribunal Federal.
Art. 29. Proferida a sentença arbitral, dá-se por finda a arbi- Art. 36. Aplica-se à homologação para reconhecimento ou
tragem, devendo o árbitro, ou o presidente do tribunal arbi- execução de sentença arbitral estrangeira, no que couber, o
tral, enviar cópia da decisão às partes, por via postal ou por disposto nos arts. 483 e 484 do Código de Processo Civil.
outro meio qualquer de comunicação, mediante comprova- Art. 37. A homologação de sentença arbitral estrangeira
ção de recebimento, ou, ainda, entregando-a diretamente às será requerida pela parte interessada, devendo a petição
partes, mediante recibo. inicial conter as indicações da lei processual, conforme o
Art. 30. No prazo de cinco dias, a contar do recebimento da art. 282 do Código de Processo Civil, e ser instruída, neces-
notificação ou da ciência pessoal da sentença arbitral, a sariamente, com:
parte interessada, mediante comunicação à outra parte, I - o original da sentença arbitral ou uma cópia devidamente
poderá solicitar ao árbitro ou ao tribunal arbitral que: certificada, autenticada pelo consulado brasileiro e acompa-
I - corrija qualquer erro material da sentença arbitral; nhada de tradução oficial;
II - esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da II - o original da convenção de arbitragem ou cópia devida-
sentença arbitral, ou se pronuncie sobre ponto omitido a mente certificada, acompanhada de tradução oficial.
respeito do qual devia manifestar-se a decisão. Art. 38. Somente poderá ser negada a homologação para o
Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá, no reconhecimento ou execução de sentença arbitral estrangei-
prazo de dez dias, aditando a sentença arbitral e notificando ra, quando o réu demonstrar que:
as partes na forma do art. 29. I - as partes na convenção de arbitragem eram incapazes;
Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus II - a convenção de arbitragem não era válida segundo a lei
sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos à qual as partes a submeteram, ou, na falta de indicação,
órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui em virtude da lei do país onde a sentença arbitral foi proferi-
título executivo. da;
Art. 32. É nula a sentença arbitral se: III - não foi notificado da designação do árbitro ou do proce-
I - for nulo o compromisso; dimento de arbitragem, ou tenha sido violado o princípio do
II - emanou de quem não podia ser árbitro; contraditório, impossibilitando a ampla defesa;
III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei; IV - a sentença arbitral foi proferida fora dos limites da con-
IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitra- venção de arbitragem, e não foi possível separar a parte
gem; excedente daquela submetida à arbitragem;
V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; V - a instituição da arbitragem não está de acordo com o
VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concus- compromisso arbitral ou cláusula compromissória;
são ou corrupção passiva; VI - a sentença arbitral não se tenha, ainda, tornado obriga-
VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. tória para as partes, tenha sido anulada, ou, ainda, tenha
12, inciso III, desta Lei; e sido suspensa por órgão judicial do país onde a sentença
arbitral for prolatada.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Art. 39. Também será denegada a homologação para o CAPÍTULO II DA MICROEMPRESA E DA EMPRESA DE PEQUENO
reconhecimento ou execução da sentença arbitral estrangei- PORTE
ra, se o Supremo Tribunal Federal constatar que: Seção Única Da Definição
I - segundo a lei brasileira, o objeto do litígio não é suscetí- Art. 2° Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
vel de ser resolvido por arbitragem;
I - microempresa, a pessoa jurídica que tenha auferido, no
II - a decisão ofende a ordem pública nacional.
ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$
Parágrafo único. Não será considerada ofensa à ordem 120.000,00 (cento e vinte mil reais);
pública nacional a efetivação da citação da parte residente
II - empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica que tenha
ou domiciliada no Brasil, nos moldes da convenção de arbi-
auferido, no ano-calendário, receita bruta superior a R$
tragem ou da lei processual do país onde se realizou a arbi-
120.000,00 (cento e vinte mil reais) e igual ou inferior a R$
tragem, admitindo-se, inclusive, a citação postal com prova
1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais). (Redação
inequívoca de recebimento, desde que assegure à parte
dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.1998).
brasileira tempo hábil para o exercício do direito de defesa.
§ 1° No caso de início de atividade no próprio ano-
Art. 40. A denegação da homologação para reconhecimento
calendário, os limites de que tratam os incisos I e II serão
ou execução de sentença arbitral estrangeira por vícios
proporcionais ao número de meses em que a pessoa jurídi-
formais, não obsta que a parte interessada renove o pedido,
ca houver exercido atividade, desconsideradas as frações
uma vez sanados os vícios apresentados.
de meses.
CAPÍTULO VII DISPOSIÇÕES FINAIS
§ 2° Para os fins do disposto neste artigo, considera-se
Art. 41. Os arts. 267, inciso VII; 301, inciso IX; e 584, inciso receita bruta o produto da venda de bens e serviços nas
III, do Código de Processo Civil passam a ter a seguinte operações de conta própria, o preço dos serviços prestados
redação:(disposições já integradas ao Código de Processo e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas
Civil. O art. 584, III, sofreu alteração posterior determinada as vendas canceladas e os descontos incondicionais con-
pela Lei nº 10.358, de 27 de dezembro de 2001. cedidos.
Art. 267......................................... CAPÍTULO III DO SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IM-
VII - pela convenção de arbitragem;” POSTOS E CONTRIBUIÇÕES - SIMPLES
Art. 301......................................... Seção I Da Definição e da Abrangência
IX - convenção de arbitragem;” Art. 3° A pessoa jurídica enquadrada na condição de micro-
Art. 584......................................... empresa e de empresa de pequeno porte, na forma do art.
III - a sentença arbitral e a sentença homologatória de tran- 2° , poderá optar pela inscrição no Sistema Integrado de
sação ou de conciliação;” Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempre-
Art. 42. O art. 520 do Código de Processo Civil passa a ter sas e Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES.
mais um inciso, com a seguinte redação: § 1° A inscrição no SIMPLES implica pagamento mensal
Art. 520......................................... unificado dos seguintes impostos e contribuições:
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem.” a) Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas - IRPJ;
Art. 43. Esta Lei entrará em vigor sessenta dias após a data b) Contribuição para os Programas de Integração Social e
de sua publicação. de Formação do Patrimônio do Servidor Público -
Art. 44. Ficam revogados os arts. 1.037 a 1.048 da Lei n° PIS.PASEP;
3.071, de 1° de janeiro de 1916, Código Civil Brasileiro; os c) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL;
arts. 101 e 1.072 a 1.102 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro d) Contribuição para Financiamento da Seguridade Social -
de 1973, Código de Processo Civil; e demais disposições COFINS;
em contrário. e) Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI;
Brasília, 23 de setembro de 1996; 175° da Independência e f) Contribuições para a Seguridade Social, a cargo da pes-
108° da República. soa jurídica, de que tratam a Lei Complementar no 84, de
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 18 de janeiro de 1996, os arts. 22 e 22A da Lei nº 8.212, de
24 de julho de 1991 e o art. 25 da Lei nº 8.870, de 15 de
LEI N° 9.317, DE 5 DE DEZEMBRO DE 1996 abril de 1994. (Redação dada pela Lei nº 10.256, de
9.10.2001). (Vide Lei 10.034, de 24.10.2000).
Dispõe sobre o regime tributário das microempresas e § 2° O pagamento na forma do parágrafo anterior não exclui
das empresas de pequeno porte, institui o Sistema Inte- a incidência dos seguintes impostos ou contribuições, devi-
grado de Pagamento de Impostos e Contribuições das dos na qualidade de contribuinte ou responsável, em rela-
Microem-presas e das Empresas de Pequeno Porte - ção aos quais será observada a legislação aplicável às de-
SIMPLES e dá outras providências. mais pessoas jurídicas:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- a) Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro,
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF;
b) Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros - II;
CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES c) Imposto sobre Exportação, para o Exterior, de Produtos
Nacionais ou Nacionalizados - IE;
Art. 1° Esta Lei regula, em conformidade com o disposto no d) Imposto de Renda-IR, relativo aos pagamentos ou crédi-
art. 179 da Constituição, o tratamento diferenciado, simplifi- tos efetuados pela pessoa jurídica e aos rendimentos ou
cado e favorecido, aplicável às microempresas e as empre- ganhos líquidos auferidos em aplicações de renda fixa ou
sas de pequeno porte, relativo aos impostos e às contribui- variável, bem assim relativo aos ganhos de capital obtidos
ções que menciona. na alienação de ativos;

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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e) Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR; a) até R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais): 5,4%
f) Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (cinco inteiros e quatro décimos por cento);
- CPMF; b) de R$ 240.000,1 (duzentos e quarenta mil reais e um
g) Contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de centavo) a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais):
Serviço - FGTS; 5,8% (cinco inteiros e oito décimos por cento);
h) Contribuição para a Seguridade Social, relativa ao em- c) de R$ 360.000,1 (trezentos e sessenta mil reais e um
pregado. centavo) a R$ 480.000,00 (quatrocentos e oitenta mil reais):
§ 3° A incidência do imposto de renda na fonte relativa aos 6,2% (seis inteiros e dois décimos por cento);
rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações de d) de R$ 480.000,1 (quatrocentos e oitenta mil reais e um
renda fixa ou variável, na hipótese da alínea “d” do parágra- centavo) a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais): 6,6% (seis
fo anterior, será definitiva. inteiros e seis décimos por cento);
§ 4° A inscrição no SIMPLES dispensa a pessoa jurídica do e) de R$ 600.000,1 (seiscentos mil reais e um centavo) a R$
pagamento das demais contribuições instituídas pela União. 720.000,00 (setecentos e vinte mil reais): 7% (sete por cen-
Art. 4° O SIMPLES poderá incluir o Imposto sobre Opera- to).
ções Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Servi- f) de R$ 720.000,1 (setecentos e vinte mil reais e um centa-
ços de Transporte Interestadual e Intermunicipal - ICMS ou vo) a R$ 840.000,00 (oitocentos e quarenta mil reais): 7,4%
o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS devi- (sete inteiros e quatro décimos por cento); (Incluído pela Lei
do por microempresa e empresa de pequeno porte, desde nº 9.732, de 11.12.1998).
que a Unidade Federada ou o município em que esteja es- g) de R$ 840.000,1 (oitocentos e quarenta mil reais e um
tabelecida venha a ele aderir mediante convênio. centavo) a R$ 960.000,00 (novecentos e sessenta mil re-
§ 1° Os convênios serão bilaterais e terão como partes a ais): 7,8% (sete inteiros e oito décimos por cento); (Incluído
União, representada pela Secretaria da Receita Federal, e a pela Lei nº 9.732, de 11.12.1998).
Unidade Federada ou o município, podendo limitar-se à h) de R$ 960.000,1 (novecentos e sessenta mil reais e um
hipótese de microempresa ou de empresa de pequeno por- centavo) a R$ 1.080.000,00 (um milhão e oitenta mil reais):
te. 8,2% (oito inteiros e dois décimos por cento); (Incluído pela
§ 2° As pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo Lei nº 9.732, de 11.12.1998).
que tenham sido excluídas do SIMPLES exclusivamente em i) de R$ 1.080.000,1 (um milhão, oitenta mil reais e um cen-
decorrência do disposto no inciso XIII do art. 9o da Lei no tavo) a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais):
9.317, de 5 de dezembro de 1996, poderão solicitar o retor- 8,6% (oito inteiros e seis décimos por cento); (Incluído pela
no ao sistema, com efeitos a partir de 1o de janeiro de 2004, Lei nº 9.732, de 11.12.1998).
nos termos, prazos e condições estabelecidos pela Secreta- § 1° O percentual a ser aplicado em cada mês, na forma
ria da Receita Federal - SRF, desde que não se enquadrem deste artigo, será o correspondente à receita bruta acumu-
nas demais hipóteses de vedação previstas na legislação. lada até o próprio mês.
(Redação dada pela Lei nº 10.964, de 28.10.2004). § 2° No caso de pessoa jurídica contribuinte do IPI, os per-
§ 3° Na hipótese de a exclusão de que trata o § 2o deste centuais referidos neste artigo serão acrescidos de 0,5
artigo ter ocorrido durante o ano-calendário de 2004 e antes (meio) ponto percentual.
da publicação desta Lei, a Secretaria da Receita Federal - § 3° Caso a Unidade Federada em que esteja estabelecida
SRF promoverá a reinclusão de ofício dessas pessoas jurí- a microempresa ou a empresa de pequeno porte tenha
dicas retroativamente a 1o de janeiro de 2004. (Redação celebrado convênio com a União, nos termos do art. 4° , os
dada pela Lei nº 10.964, de 28.10.2004). percentuais referidos neste artigo serão acrescidos, a título
§ 4° Para fins do disposto neste artigo, os convênios de de pagamento do ICMS, observado o disposto no respectivo
adesão ao SIMPLES poderão considerar como empresas convênio:
de pequeno porte tão-somente aquelas cuja receita bruta, I - em relação a microempresa contribuinte exclusivamente
no ano - calendário, seja superior a R$ 120.000,00 (cento e do ICMS: de até 1(um) ponto percentual;
vinte mil reais) e igual ou inferior a R$ 720.000,00 (setecen- II - em relação a microempresa contribuinte do ICMS e do
tos e vinte mil reais). (Incluído pela Lei nº 9.732, de ISS: de até 0,5 (meio) ponto percentual;
11.12.1998). III - em relação a empresa de pequeno porte contribuinte
Seção II Do Recolhimento e dos Percentuais exclusivamente do ICMS: de até 2,5 (dois e meio) pontos
Art. 5° O valor devido mensalmente pela microempresa e percentuais;
empresa de pequeno porte, inscritas no SIMPLES, será IV - em relação a empresa de pequeno porte contribuinte do
determinado mediante a aplicação, sobre a receita bruta ICMS e do ISS: de até 2 (dois) pontos percentuais.
mensal auferida, dos seguintes percentuais: § 4° Caso o município em que esteja estabelecida a micro-
I - para a microempresa, em relação à receita bruta acumu- empresa ou a empresa de pequeno porte tenha celebrado
lada dentro do ano-calendário: convênio com a União, nos termos do art. 4° , os percentu-
a) até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais): 3% (três por cen- ais referidos neste artigo serão acrescidos, a título de pa-
to); gamento do ISS, observado o disposto no respectivo con-
b) de R$ 60.000,1 (sessenta mil reais e um centavo) a R$ vênio:
90.000,00 (noventa mil reais): 4% (quatro por cento); I - em relação a microempresa contribuinte exclusivamente
c) de R$ 90.000,1 (noventa mil reais e um centavo) a R$ do ISS: de até 1 (um) ponto percentual;
120.000,00 (cento e vinte mil reais): 5% (cinco por cento); II - em relação a microempresa contribuinte do ISS e do
II - para a empresa de pequeno porte, em relação à receita ICMS: de até 0,5 (meio) ponto percentual;
bruta acumulada dentro do ano-calendário:

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III - em relação a empresa de pequeno porte contribuinte empresa ou empresa de pequeno porte no Cadastro Geral
exclusivamente do ISS: de até 2,5 (dois e meio) pontos de Contribuintes do Ministério da Fazenda - CGC.MF,
percentuais; quando o contribuinte prestará todas as informações neces-
IV - em relação a empresa de pequeno porte contribuinte do sárias, inclusive quanto: (A Partir de 1º de julho de 1998, foi
ISS e do ICMS: de até 0,5 (meio) ponto percentual. instituído o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ,
§ 5° A inscrição no SIMPLES veda, para a microempresa ou em substituição ao antigo CGC.MF).
empresa de pequeno porte, a utilização ou destinação de I - especificação dos impostos, dos quais é contribuinte (IPI,
qualquer valor a título de incentivo fiscal, bem assim a apro- ICMS ou ISS);
priação ou a transferência de créditos relativos ao IPI e ao II - ao porte da pessoa jurídica (microempresa ou empresa
ICMS. de pequeno porte).
§ 6° O disposto no parágrafo anterior não se aplica relati- § 1° As pessoas jurídicas já devidamente cadastradas no
vamente ao ICMS, caso a Unidade Federada em que esteja CGC.MF exercerão sua opção pelo SIMPLES mediante
localizada a microempresa ou a empresa de pequeno porte alteração cadastral.
não tenha aderido ao SIMPLES, nos termos do art. 4° . § 2° A opção exercida de conformidade com este artigo
§ 7° No caso de convênio com Unidade Federada ou muni- submeterá a pessoa jurídica à sistemática do SIMPLES a
cípio, em que seja considerada como empresa de pequeno partir do primeiro dia do ano-calendário subseqüente, sendo
porte pessoa jurídica com receita bruta superior a R$ definitiva para todo o período.
720.000,00 (setecentos e vinte mil reais), os percentuais a § 3° Excepcionalmente, no ano-calendário de 1997, a opção
que se referem: (Incluído pela Lei nº 9.732, de 11.12.1998). poderá ser efetuada até 31 de março, com efeitos a partir de
I - o inciso III dos §§ 3° e 4° fica acrescido de um ponto 1° de janeiro daquele ano.
percentual; § 4° O prazo para a opção a que se refere o parágrafo ante-
II - o inciso IV dos §§ 3° e 4° fica acrescido de meio ponto rior poderá ser prorrogado por ato da Secretaria da Receita
percentual. Federal.
Seção III Da Data e Forma de Pagamento § 5° As pessoas jurídicas inscritas no SIMPLES deverão
Art. 6° O pagamento unificado de impostos e contribuições, manter em seus estabelecimentos, em local visível ao públi-
devidos pela microempresa e pela empresa de pequeno co, placa indicativa que esclareça tratar-se de microempre-
porte, inscritas no SIMPLES, será feito de forma centraliza- sa ou empresa de pequeno porte inscrita no SIMPLES.
da, até o décimo dia do mês subseqüente àquele em que CAPÍTULO V DAS VEDAÇÕES À OPÇÃO
houver sido auferida a receita bruta. Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica:
§ 1° Para fins do disposto neste artigo, a Secretaria da Re- I - na condição de microempresa, que tenha auferido, no
ceita Federal instituirá documento de arrecadação único e ano-calendário imediatamente anterior, receita bruta superi-
específico (DARF-SIMPLES). or a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais); (Redação dada
§ 2° Os impostos e contribuições devidos pelas pessoas pela MP nº 2.189-49, de 23.8.2001).
jurídicas inscritas no SIMPLES não poderão ser objeto de II - na condição de empresa de pequeno porte, que tenha
parcelamento. auferido, no ano-calendário imediatamente anterior, receita
Seção IV Da Declaração Anual Simplificada, da Escritu- bruta superior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil
ração e dos Documentos reais); (Redação dada pela MPV nº 2.189-49, de
Art. 7° A microempresa e a empresa de pequeno porte, 23.8.2001).
inscritas no SIMPLES apresentarão, anualmente, declara- III - constituída sob a forma de sociedade por ações;
ção simplificada que será entregue até o último dia útil do IV - cuja atividade seja banco comercial, banco de investi-
mês de maio do ano-calendário subseqüente ao da ocor- mentos, banco de desenvolvimento, caixa econômica, soci-
rência dos fatos geradores dos impostos e contribuições de edade de crédito, financiamento e investimento, sociedade
que tratam os arts. 3° e 4° . de crédito imobiliário, sociedade corretora de títulos, valores
§ 1° A microempresa e a empresa de pequeno porte ficam mobiliários e câmbio, distribuidora de títulos e valores mobi-
dispensadas de escrituração comercial desde que mante- liários, empresa de arrendamento mercantil, cooperativa de
nham, em boa ordem e guarda e enquanto não decorrido o crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e
prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que entidade de previdência privada aberta;
lhes sejam pertinentes: V - que se dedique à compra e à venda, ao loteamento, à
a) Livro Caixa, no qual deverá estar escriturada toda a sua incorporação ou à construção de imóveis;
movimentação financeira, inclusive bancária; VI - que tenha sócio estrangeiro, residente no exterior;
b) Livro de Registro de Inventário, no qual deverão constar VII - constituída sob qualquer forma, de cujo capital participe
registrados os estoques existentes no término de cada ano- entidade da administração pública, direta ou indireta, fede-
calendário; ral, estadual ou municipal;
c) todos os documentos e demais papéis que serviram de VIII - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no
base para a escrituração dos livros referidos nas alíneas país, de pessoa jurídica com sede no exterior;
anteriores. IX - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por
§ 2° O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento, cento) do capital de outra empresa, desde que a receita
por parte da microempresa e empresa de pequeno porte, bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do art.
das obrigações acessórias previstas na legislação previden- 2° ;
ciária e trabalhista. X - de cujo capital participe, como sócio, outra pessoa jurídi-
CAPÍTULO IV DA OPÇÃO PELO SIMPLES ca;
Art. 8° A opção pelo SIMPLES dar-se-á mediante a inscri- XI - (Revogado pela MP n° 2.158-35, de 24.8.2001).
ção da pessoa jurídica enquadrada na condição de micro- XII - que realize operações relativas a:

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a) (Revogado pela MP n° 2.158-35, de 24.8.2001). desde que estas não exerçam as atividades referidas no
b) locação ou administração de imóveis; inciso XII.
c) armazenamento e depósito de produtos de terceiros; § 3° O disposto no inciso XI e na alínea “a” do inciso XII não
d) propaganda e publicidade, excluídos os veículos de co- se aplica à pessoa jurídica situada exclusivamente em área
municação; da Zona Franca de Manaus e da Amazônia Ocidental, a que
e) factoring; se referem os Decretos-leis n°s 288, de 28 de fevereiro de
f) prestação de serviço de vigilância, limpeza, conservação 1967, e 356, de 15 de agosto de 1968.
e locação de mão-de-obra; § 4° Compreende-se na atividade de construção de imóveis,
XIII - que preste serviços profissionais de corretor, represen- de que trata o inciso V deste artigo, a execução de obra de
tante comercial, despachante, ator, empresário, diretor ou construção civil, própria ou de terceiros, como a construção,
produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, médico, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras ben-
dentista, enfermeiro, veterinário, engenheiro, arquiteto, físi- feitorias agregadas ao solo ou subsolo. (Incluído pela Lei nº
co, químico, economista, contador, auditor, consultor, esta- 9.528, de 10.12.1997).
tístico, administrador, programador, analista de sistema, Art. 10. Não poderá pagar o ICMS, na forma do SIMPLES,
advogado, psicólogo, professor, jornalista, publicitário, fisi- ainda que a Unidade Federada onde esteja estabelecida
cultor, ou assemelhados, e de qualquer outra profissão cujo seja conveniada, a pessoa jurídica:
exercício dependa de habilitação profissional legalmente I - que possua estabelecimento em mais de uma Unidade
exigida; (A partir de 1.1.2004, ficam exetuadas da restrição Federada;
de que trata este inciso, observado o disposto no art. 2º da II - que exerça, ainda que parcialmente, atividade de trans-
Lei nº 10.034, de 24.10.2000, as pessoas jurídicas que se porte interestadual ou intermunicipal.
dediquem às atividades elencadas na lei, conforme dispões Art. 11. Não poderá pagar o ISS, na forma do SIMPLES,
a Lei nº 10.964, de 28.10.2004). ainda que o Município onde esteja estabelecida seja conve-
XIV - que participe do capital de outra pessoa jurídica, res- niado, a pessoa jurídica que possua estabelecimento em
salvados os investimentos provenientes de incentivos fiscais mais de um município.
efetuados antes da vigência da Lei n° 7.256, de 27 de no- CAPÍTULO VI DA EXCLUSÃO DO SIMPLES
vembro de 1984, quando se tratar de microempresa, ou Art. 12. A exclusão do SIMPLES será feita mediante comu-
antes da vigência desta Lei, quando se tratar de empresa de nicação pela pessoa jurídica ou de ofício.
pequeno porte; Art. 13. A exclusão mediante comunicação da pessoa jurí-
XV - que tenha débito inscrito em Dívida Ativa da União ou dica dar-se-á:
do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, cuja exigibili- I - por opção;
dade não esteja suspensa;
II - obrigatoriamente, quando:
XVI - cujo titular, ou sócio que participe de seu capital com
a) incorrer em qualquer das situações excludentes constan-
mais de 10% (dez por cento), esteja inscrito em Dívida Ativa
tes do art. 9°;
da União ou do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS,
b) ultrapassado, no ano-calendário de início de atividades, o
cuja exigibilidade não esteja suspensa;
limite de receita bruta correspondente a R$ 60.000,00 (ses-
XVII - que seja resultante de cisão ou qualquer outra forma
senta mil reais) multiplicados pelo número de meses de
de desmem-bramento da pessoa jurídica, salvo em relação
funcionamento nesse período.
aos eventos ocorridos antes da vigência desta Lei;
§ 1° A exclusão na forma deste artigo será formalizada me-
XVIII - cujo titular, ou sócio com participação em seu capital
diante alteração cadastral.
superior a 10% (dez por cento), adquira bens ou realize
§ 2° A microempresa que ultrapassar, no ano-calendário
gastos em valor incompatível com os rendimentos por ele
declarados. imediatamente anterior, o limite de receita bruta correspon-
dente a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), estará ex-
XIX - que exerça a atividade de industrialização, por conta
cluída do SIMPLES nessa condição, podendo mediante
própria ou por encomenda, dos produtos classificados nos
alteração cadastral, inscrever-se na condição de empresa
Capítulos 22 e 24 da Tabela de Incidência do IPI - TIPI,
de pequeno porte.
sujeitos ao regime de tributação de que trata a Lei nº 7.798,
§ 3° No caso do inciso II e do parágrafo anterior, a comuni-
de 10 de julho de 1989, mantidas, até 31 de dezembro de
cação deverá ser efetuada:
2000, as opções já exercidas. (Incluído pela MP nº 2.189-
49, de 23.8.2001). a) até o último dia útil do mês de janeiro do ano-calendário
subseqüente àquele em que se deu o excesso de receita
§ 1° Na hipótese de início de atividade no ano-calendário
bruta, nas hipóteses dos incisos I e II do art. 9°;
imediatamente anterior ao da opção, os valores a que se
referem os incisos I e II serão, respectivamente, de R$ b) até o último dia útil do mês subseqüente àquele em que
10.000,00 (dez mil reais) e R$ 100.000,00 (cem mil reais) houver ocorrido o fato que deu ensejo à exclusão, nas hipó-
multiplicados pelo número de meses de funcionamento teses dos demais incisos do art. 9° e da alínea “b” do inciso
naquele período, desconsideradas as frações de meses. II deste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 9.779, de 19.1.1999). Art. 14. A exclusão dar-se-á de ofício quando a pessoa
§ 2° O disposto nos incisos IX e XIV não se aplica à partici- jurídica incorrer em quaisquer das seguintes hipóteses:
pação em centrais de compras, bolsas de subcontratação, I - exclusão obrigatória, nas formas do inciso II e § 2° do
consórcio de exportação e associações assemelhadas, artigo anterior, quando não realizada por comunicação da
sociedades de interesse econômico, sociedades de garantia pessoa jurídica;
solidária e outros tipos de sociedades, que tenham como II - embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não
objetivo social a defesa exclusiva dos interesses econômi- justificada de exibição de livros e documentos a que estiver
cos das microempresas e empresas de pequeno porte, obrigada, bem assim pelo não fornecimento de informações
sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade,

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próprios ou de terceiros, quando intimado, e demais hipóte- CAPÍTULO VII DAS ATIVIDADES DE ARRECADAÇÃO, COBRAN-
ses que autorizam a requisição de auxílio da força pública, ÇA, FISCALIZAÇÃO E TRIBUTAÇÃO
nos termos do art. 200 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de Art. 17. Competem à Secretaria da Receita Federal as ativi-
1966 (Sistema Tributário Nacional); dades de arrecadação, cobrança, fiscalização e tributação
III - resistência à fiscalização, caracterizada pela negativa dos impostos e contribuições pagos de conformidade com o
de acesso ao estabelecimento, ao domícilio fiscal ou a qual- SIMPLES.
quer outro local onde se desenvolvam as atividades da pes- § 1° Aos processos de determinação e exigência dos crédi-
soa jurídica ou se encontrem bens de sua posse ou proprie- tos tributários e de consulta, relativos aos impostos e contri-
dade; buições devidos de conformidade com o SIMPLES, aplicam-
IV - constituição da pessoa jurídica por interpostas pessoas se as normas relativas ao imposto de renda.
que não sejam os verdadeiros sócios ou acionista, ou o § 2° A celebração de convênio, na forma do art. 4°, implica
titular, no caso de firma individual; delegar competência à Secretaria da Receita Federal, para
V - prática reiterada de infração à legislação tributária; o exercício das atividades de que trata este artigo, nos ter-
VI - comercialização de mercadorias objeto de contrabando mos do art. 7° da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966
ou descaminho; (Código Tributário Nacional).
VII - incidência em crimes contra a ordem tributária, com § 3° O convênio a que se refere o parágrafo anterior poderá,
decisão definitiva. também, disciplinar a forma de participação das Unidades
Art. 15. A exclusão do SIMPLES nas condições de que Federadas nas atividades de fiscalização.
tratam os arts. 13 e 14 surtirá efeito: Seção I Da Omissão de Receita
I - a partir do ano-calendário subseqüente, na hipótese de Art. 18. Aplicam-se à microempresa e à empresa de peque-
que trata o inciso I do art. 13; no porte todas as presunções de omissão de receita exis-
II - a partir do mês subseqüente ao que incorrida a situação tentes nas legislações de regência dos impostos e contribui-
excludente, nas hipóteses de que tratam os incisos III a XIX ções de que trata esta Lei, desde que apuráveis com base
do art. 9º; (Redação dada pela MPV nº 2.158-35, de nos livros e documentos a que estiverem obrigadas aquelas
24.8.2001). pessoas jurídicas.
III - a partir do início de atividade da pessoa jurídica, sujei- Seção II Dos Acréscimos Legais
tando-a ao pagamento da totalidade ou diferença dos res- Art. 19. Aplicam-se aos impostos e contribuições devidos
pectivos impostos e contribuições, devidos de conformidade
pela microem-presa e pela empresa de pequeno porte, ins-
com as normas gerais de incidência, acrescidos, apenas, de
critas no SIMPLES, as normas relativas aos juros e multa de
juros de mora quando efetuado antes do início de procedi- mora e de ofício previstas para o imposto de renda, inclusi-
mento de ofício, na hipótese do inciso II, “b”, do art. 13;
ve, quando for o caso, em relação ao ICMS e ao ISS.
IV - a partir do ano-calendário subseqüente àquele em que Art. 20. A inobservância da exigência de que trata o § 5° do
for ultrapassado o limite estabelecido, nas hipóteses dos
art. 8° sujeitará a pessoa jurídica à multa correspondente a
incisos I e II do art. 9°;
2% (dois por cento) do total dos impostos e contribuições
V - a partir, inclusive, do mês de ocorrência de qualquer dos devidos de conformidade com o SIMPLES no próprio mês
fatos mencionados nos incisos II a VII do artigo anterior. em que constatada a irregularidade.
§ 1° A pessoa jurídica que, por qualquer razão, for excluída Parágrafo único. A multa a que se refere este artigo será
do SIMPLES deverá apurar o estoque de produtos, maté- aplicada, mensalmente, enquanto perdurar o descumpri-
rias-primas, produtos intermediários e materiais de embala- mento da obrigação a que se refere.
gem existente no último dia do último mês em que houver Art. 21. A falta de comunicação, quando obrigatória, da
apurado o IPI ou o ICMS de conformidade com aquele sis-
exclusão da pessoa jurídica do SIMPLES, nos prazos de-
tema e determinar, a partir da respectiva documentação de
terminados no § 3º do art. 13, sujeitará a pessoa jurídica a
aquisição, o montante dos créditos que serão passíveis de
multa correspondente a 10% (dez por cento) do total dos
aproveitamento nos períodos de apuração subseqüentes.
impostos e contribuições devidos de conformidade com o
§ 2° O convênio poderá estabelecer outra forma de deter- SIMPLES no mês que anteceder o início dos efeitos da
minação dos créditos relativos ao ICMS, passíveis de apro- exclusão, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), insusceptível
veitamento, na hipótese de que trata o parágrafo anterior. de redução.
§ 3° A exclusão de ofício dar-se-á mediante ato declaratório Art. 22. A imposição das multas de que trata esta Lei não
da autoridade fiscal da Secretaria da Receita Federal que exclui a aplicação das sanções previstas na legislação pe-
jurisdicione o contribuinte, assegurado o contraditório e a nal, inclusive em relação a declaração falsa, adulteração de
ampla defesa, observada a legislação relativa ao processo documentos e emissão de nota fiscal em desacordo com a
tributário administrativo. (Incluído pela Lei nº 9.732, de operação efetivamente praticada, a que estão sujeitos o
11.12.1998). titular ou sócio da pessoa jurídica.
§ 4° Os órgãos de fiscalização do Instituto Nacional do Se- Seção III Da Partilha dos Valores Pagos
guro Social ou de qualquer entidade convenente deverão
representar à Secretaria da Receita Federal se, no exercício Art. 23. Os valores pagos pelas pessoas jurídicas inscritas
de suas atividades fiscalizadoras, constatarem hipótese de no SIMPLES corresponderão a:
exclusão obrigatória do SIMPLES, em conformidade com o I - no caso de microempresas:
disposto no inciso II do art. 13. (Incluído pela Lei nº 9.732, a) em relação à faixa de receita bruta de que trata a alínea
de 11.12.1998). “a” do inciso I do art. 5°:
Art. 16. A pessoa jurídica excluída do SIMPLES sujeitar-se- 1 - 0% (zero por cento), relativo ao IRPJ;
á, a partir do período em que se processarem os efeitos da 2 - 0% (zero por cento), relativo ao PIS.PASEP;
exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais 3 - 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), relativos às
pessoas jurídicas. contribuições de que trata a alínea “f” do § 1º do art. 3º;

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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4 - 1,8% (um inteiro e oito décimos por cento) relativos à 5 - 2,56% (dois inteiros e cinqüenta e seis centésimos por
COFINS; cento), relativos às contribuições de que trata a alínea “f” do
b) em relação à faixa de receita bruta de que trata a alínea § 1º do art. 3º.
“b” do inciso I do art. 5°: e) em relação à faixa de receita bruta de que trata a alínea
1 - 0% (zero por cento), relativo ao IRPJ; “e” do inciso II do art. 5°:
2 - 0% (zero por cento), relativo ao PIS.PASEP; 1 - 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento), relativo
3 - 0,4% (quatro décimos por cento), relativos à CSLL; ao IRPJ;
4 - 1,6% (um inteiro e seis décimos por cento), relativos às 2 - 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento), relativo
contribuições de que trata a alínea “f” do § 1º do art. 3º; ao PIS.PASEP;
5 - 2% (dois por cento), relativos à COFINS; 3 - 1% (um por cento), relativo à CSLL;
c) em relação à faixa de receita bruta de que trata a alínea 4 - 2% (dois por cento), relativos à COFINS;
“c” do inciso I do art. 5°: 5 - 2,7% (dois inteiros e sete décimos por cento), relativos
1 - 0% (zero por cento), relativo ao IRPJ; às contribuições de que trata a alínea “f” do § 1º do art. 3º.
2 - 0% (zero por cento), relativo ao PIS.PASEP; f) em relação à faixa de receita bruta de que trata a alínea
3 - 1% (um por cento), relativo à CSLL; “f” do inciso II do art. 5°: (Incluído pela Lei nº 9.732, de
4 - 2% (dois por cento), relativos à COFINS; 11.12.1998).
5 - 2% (dois por cento), relativos às contribuições de que 1 - sessenta e cinco centésimos por cento, relativos ao
trata a alínea “f” do § 1° do art. 3°; IRPJ;
II - no caso de empresa de pequeno porte: 2 - sessenta e cinco centésimos por cento, relativos ao
PIS.PASEP;
a) em relação à faixa de receita bruta de que trata a alínea
“a” do inciso II do art. 5°: 3 - um por cento, relativo à CSLL;
1 - 0,13% (treze centésimos por cento), relativo ao IRPJ; 4 - dois por cento, relativos à COFINS;
2 - 0,13% (treze centésimos por cento), relativo ao 5 - três inteiros e um décimo por cento, relativos às contribu-
PIS.PASEP; ições de que trata a alínea “f” do § 1º do art. 3º;
3 - 1% (um por cento), relativo à CSLL; g) em relação à faixa de receita bruta de que trata a alínea
“g” do inciso II do art. 5°: (Incluído pela Lei nº 9.732, de
4 - 2% (dois por cento), relativos à COFINS;
11.12.1998).
5 - 2,14% (dois inteiros e quatorze centésimos por cento),
1 - sessenta e cinco centésimos por cento, relativos ao
relativos às contribuições de que trata a alínea “f” do § 1º do
IRPJ;
art. 3º.
2 - sessenta e cinco centésimos por cento, relativos ao
b) em relação à faixa de receita bruta de que trata a alínea
PIS.PASEP;
“b” do inciso II do art. 5°:
3 - um por cento, relativo à CSLL;
1 - 0,26% (vinte e seis centésimos por cento), relativo ao
IRPJ; 4 - dois por cento, relativos à COFINS;
2 - 0,26% (vinte e seis centésimos por cento), relativo ao 5 - três inteiros e cinco décimos por cento, relativos às con-
PIS.PASEP; tribuições de que trata a alínea “f” do § 1º do art. 3º;
3 - 1% (um por cento), relativo à CSLL; h) em relação à faixa de receita bruta de que trata a alínea
“h” do inciso II do art. 5°: (Incluído pela Lei nº 9.732, de
4 - 2% (dois por cento), relativos à COFINS;
11.12.1998).
5 - 2,28% (dois inteiros e vinte e oito centésimos por cento),
1 - sessenta e cinco centésimos por cento, relativos ao
relativos às contribuições de que trata a alínea “f” do § 1º do
IRPJ;
art. 3º.
2 - sessenta e cinco centésimos por cento, relativos ao
c) em relação à faixa de receita bruta de que trata a alínea
PIS.PASEP;
“c” do inciso II do art. 5°:
3 - um por cento, relativo à CSLL;
1 - 0,39% (trinta e nove centésimos por cento), relativo ao
IRPJ; 4 - dois por cento, relativos à COFINS;
2 - 0,39% (trinta e nove centésimos por cento), relativo ao 5 - três inteiros e nove décimos por cento, relativos às con-
PIS.PASEP; tribuições de que trata a alínea “f” do § 1º do art. 3º;
3 - 1% (um por cento), relativo à CSLL; i) em relação à faixa de receita bruta de que trata a alínea “i”
do inciso II do art. 5°: (Incluído pela Lei nº 9.732, de
4 - 2% (dois por cento), relativos à COFINS;
11.12.1998).
5 - 2,42% (dois inteiros e quarenta e dois centésimos por
1 - sessenta e cinco centésimos por cento, relativos ao
cento), relativos às contribuições de que trata a alínea “f” do
IRPJ;
§ 1º do art. 3º.
2 - sessenta e cinco centésimos por cento, relativos ao
d) em relação à faixa de receita bruta de que trata a alínea
PIS.PASEP;
“d” do inciso II do art. 5°:
3 - um por cento, relativo à CSLL;
1 - 0,52% (cinqüenta e dois centésimos por cento), relativo
ao IRPJ; 4 - dois por cento, relativos à COFINS;
2 - 0,52% (cinqüenta e dois centésimos por cento), relativo 5 - quatro inteiros e três décimos por cento, relativos às
ao PIS.PASEP; contribuições de que trata a alínea “f” do § 1º do art. 3º.
3 - 1% (um por cento), relativo à CSLL; § 1° Os percentuais relativos ao IPI, ao ICMS e ao ISS se-
rão acrescidos de conformidade com o disposto nos §§ 2º a
4 - 2% (dois por cento), relativos à COFINS;
4º do art. 5º, respectivamente.
§ 2° A pessoa jurídica, inscrita no SIMPLES na condição de
microempresa, que ultrapassar, no decurso do ano-

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calendário, o limite a que se refere o inciso I do art. 2º, sujei-
tar-se-á, em relação aos valores excedentes, dentro daque- LEI N° 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997
le ano, aos percentuais e normas aplicáveis às empresas de
pequeno porte, observado o disposto no parágrafo seguinte.
Define os crimes de tortura e dá outras providências.
§ 3° A pessoa jurídica cuja receita bruta, no decurso do ano-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
calendário, exceder ao limite a que se refere o inciso II do
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
art. 2º, adotará, em relação aos valores excedentes, dentro
Art. 1° Constitui crime de tortura:
daquele ano, os percentuais previstos na alínea “e” do inci-
so II e nos §§ 2º, 3º, inciso III ou IV, e § 4º, inciso III ou IV, I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
todos do art. 5º, acrescidos de 20% (vinte por cento), obser- ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
vado o disposto em seu § 1º. a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão
Art. 24. Os valores arrecadados pelo SIMPLES, na forma da vítima ou de terceira pessoa;
do art. 6°, serão creditados a cada imposto e contribuição a b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
que corresponder. c) em razão de discriminação racial ou religiosa.
§ 1° Serão repassados diretamente, pela União, às Unida- II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
des Federadas e aos Municípios conveniados, até o último com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso so-
dia útil do mês da arrecadação, os valores correspondentes, frimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
respectivamente, ao ICMS e ao ISS, vedada qualquer re- pessoal ou medida de caráter preventivo.
tenção. Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 2° A Secretaria do Tesouro Nacional celebrará convênio § 1° Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa
com o Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS, vi- ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou
sando a transferência dos recursos relativos às contribui- mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei
ções de que trata a alínea “f” do § 1º do art. 3º, vedada ou não resultante de medida legal.
qualquer retenção, observado que, em nenhuma hipótese, o § 2° Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
repasse poderá ultrapassar o prazo a que se refere o pará- tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
grafo anterior. detenção de um a quatro anos.
CAPÍTULO VIII DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS § 3° Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravís-
Seção I Da Isenção dos Rendimentos Distribuídos aos sima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta
Sócios e ao Titular morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Art. 25. Consideram-se isentos do imposto de renda, na § 4° Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
fonte e na declaração de ajuste do beneficiário, os valores I - se o crime é cometido por agente público;
efetivamente pagos ao titular ou sócio da microempresa ou II - se o crime é cometido contra criança, gestante, portador
da empresa de pequeno porte, salvo os que corresponde- de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
rem a pro labore, aluguéis ou serviços prestados. (Redação dada pela Lei n° 10.741, de 1º.10.2003).
Seção II Do Parcelamento III - se o crime é cometido mediante seqüestro.
Art. 26. Poderá ser autorizado o parcelamento, em até se- § 5° A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
tenta e duas parcelas mensais e sucessivas, dos débitos emprego público e a interdição para seu exercício pelo do-
para com a Fazenda Nacional e para com a Seguridade bro do prazo da pena aplicada.
Social, de responsabilidade da microempresa ou empresa § 6° O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de gra-
de pequeno porte e de seu titular ou sócio, relativos a fatos ça ou anistia.
geradores ocorridos até 31 de outubro de 1996. § 7° O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipó-
§ 1° O valor mínimo da parcela mensal será de R$ 50,00 tese do § 2°, iniciará o cumprimento da pena em regime
(cinqüenta reais), considerados isoladamente os débitos fechado.
para com a Fazenda Nacional e para com a Seguridade Art. 2° O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime
Social. não tenha sido cometido em território nacional, sendo a
§ 2° Aplicam-se ao disposto neste artigo as demais regras vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob
vigentes para parcelamento de tributos e contribuições fede- jurisdição brasileira.
rais. Art. 3° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Seção III Do Conselho Deliberativo do SEBRAE Art. 4° Revoga-se o art. 233 da Lei n° 8.069, de 13 de julho
Art. 27. (VETADO). de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
Art. 28. A Lei n° 8.989, de 24 de fevereiro de 1995, com Brasília, 7 de abril de 1997; 176° da Independência e 109°
da República.
vigência prorrogada pela Lei n° 9.144, de 8 de dezembro de
1995, passa a vigorar até 31 de dezembro de 1997. Fernando Henrique Cardoso
Art. 29. (VETADO).
Art. 30. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, LEI N° 9.494, DE 10 DE SETEMBRO DE 1997
produzindo efeitos a partir de 1° de janeiro de 1997.
Art. 31. Revogam-se os artigos 2°, 3°, 11 a 16, 19, incisos II Disciplina a aplicação da tutela antecipada contra a
e III, e 25 a 27 da Lei n° 7.256, de 27 de novembro de 1984, Fazenda Pública, altera a Lei n° 7.347, de 24 de julho de
o art. 42 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991 e os 1985, e dá outras providências.
arts. 12 a 14 da Lei nº 8.864, de 28 de março de 1994. Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA adotou
Brasília, 5 de dezembro de 1996; 175° da Independência e a Medida Provisória n° 1.570-5, de 1997, que o Congres-
108° da República. so Nacional aprovou, e eu, Antonio Carlos Magalhães,
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Presidente, para os efeitos do disposto no parágrafo

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único do art. 62 da Constituição Federal, promulgo a julgado. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de
seguinte Lei: 24.8.2001).
Art. 1° Aplica-se à tutela antecipada prevista nos arts. 273 Art. 3° Ficam convalidados os atos praticados com base, na
e 461 do Código de Processo Civil o disposto nos arts. 5° e Medida Provisória n° 1.570-4, de 22 de julho de 1997.
seu parágrafo único e 7º da Lei nº 4.348, de 26 de junho de Art. 4° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
1964, no art. 1º e seu § 4º da Lei nº 5.021, de 9 de junho de Congresso Nacional, 10 de setembro, de 1997;176° da In-
1966, e nos arts. 1º, 3º e 4º da Lei nº 8.437, de 30 de junho dependência e 109° da República.
de 1992. Senador ANTONIO CARLOS MAGALHÃES
Art. 1°-A. Estão dispensadas de depósito prévio, para inter- Presidente do Congresso Nacional
posição de recurso, as pessoas jurídicas de direito público
federais, estaduais, distritais e municipais. (Incluído pela
LEI N° 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997
Medida provisória nº 2.180-35, de 24.8.2001).
Art. 1°-B. O prazo a que se refere o caput dos arts. 730 do
Código de Processo Civil, e 884 da Consolidação das Leis Institui o Código de Trânsito Brasileiro.
do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
maio de 1943, passa a ser de trinta dias. (Incluído pela Me- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
dida provisória nº 2.180-35, de 24.8.2001).
Art. 1°-C. Prescreverá em cinco anos o direito de obter CAPÍTULO XIX DOS CRIMES DE TRÂNSITO
indenização dos danos causados por agentes de pessoas Seção I Disposições Gerais
jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviços públicos. (Incluído pela Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos au-
Medida provisória nº 2.180-35, de 24.8.2001). tomotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas
Art. 1°-D. Não serão devidos honorários advocatícios pela gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se
Fazenda Pública nas execuções não embargadas. (Incluído este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a
pela Medida provisória nº 2.180-35, de 24.8.2001). Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
Art. 1°-E. São passíveis de revisão, pelo Presidente do Parágrafo único. Aplicam-se aos crimes de trânsito de
Tribunal, de ofício ou a requerimento das partes, as contas lesão corporal culposa, de embriaguez ao volante, e de
elaboradas para aferir o valor dos precatórios antes de seu participação em competição não autorizada o disposto nos
pagamento ao credor. (Incluído pela Medida provisória nº arts. 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de
2.180-35, de 24.8.2001). 1995.
Art. 1°-F. Os juros de mora, nas condenações impostas à Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permis-
Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias são ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser
devidas a servidores e empregados públicos, não poderão imposta como penalidade principal, isolada ou cumulativa-
ultrapassar o percentual de seis por cento ao ano. (Incluído mente com outras penalidades.
pela Medida provisória nº 2.180-35, de 24.8.2001). Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se
Art. 2° O art. 16 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo au-
passa a vigorar com a seguinte redação: tomotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos § 1° Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu
limites da competência territorial do órgão prolator, exceto será intimado a entregar à autoridade judiciária, em quaren-
se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de ta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de
provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá inten- Habilitação.
tar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova § 2° A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter
prova. a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
Art. 2°-A. A sentença civil prolatada em ação de caráter não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de conde-
coletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos nação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional.
interesses e direitos dos seus associados, abrangerá ape- Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação
nas os substituídos que tenham, na data da propositura da penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pú-
ação, domicílio no âmbito da competência territorial do ór- blica, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a
gão prolator. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, requerimento do Ministério Público ou ainda mediante re-
de 24.8.2001). presentação da autoridade policial, decretar, em decisão
Parágrafo único. Nas ações coletivas propostas contra a motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para
União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.
autarquias e fundações, a petição inicial deverá obrigatori- Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou
amente estar instruída com a ata da assembléia da entidade a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do
associativa que a autorizou, acompanhada da relação no- Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem
minal dos seus associados e indicação dos respectivos efeito suspensivo.
endereços. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a
24.8.2001). proibição de se obter a permissão ou a habilitação será
Art. 2°-B. A sentença que tenha por objeto a liberação de sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho
recurso, inclusão em folha de pagamento, reclassificação, Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito do
equiparação, concessão de aumento ou extensão de vanta- Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residen-
gens a servidores da União, dos Estados, do Distrito Fede- te.
ral e dos Municípios, inclusive de suas autarquias e funda- Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previs-
ções, somente poderá ser executada após seu trânsito em to neste Código, o juiz poderá aplicar a penalidade de sus-

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pensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um terço à meta-
automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabí- de, se ocorrer qualquer das hipóteses do parágrafo único do
veis. artigo anterior.
Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do aci-
pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima, dente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não poden-
ou seus sucessores, de quantia calculada com base no do fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar
disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que auxílio da autoridade pública:
houver prejuízo material resultante do crime. Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o
§ 1° A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do fato não constituir elemento de crime mais grave.
prejuízo demonstrado no processo. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o
§ 2° Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida
52 do Código Penal. por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantâ-
§ 3° Na indenização civil do dano, o valor da multa reparató- nea ou com ferimentos leves.
ria será descontado. Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do aci-
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as pena- dente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe
lidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo possa ser atribuída:
cometido a infração: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, sob a
grande risco de grave dano patrimonial a terceiros; influência de álcool ou substância de efeitos análogos, ex-
II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou pondo a dano potencial a incolumidade de outrem:
adulteradas; Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e sus-
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habi- pensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilita-
litação; ção para dirigir veículo automotor.
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a
de categoria diferente da do veículo; permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados imposta com fundamento neste Código:
especiais com o transporte de passageiros ou de carga; Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados e- nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão
quipamentos ou características que afetem a sua segurança ou de proibição.
ou o seu funcionamento de acordo com os limites de veloci- Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado
dade prescritos nas especificações do fabricante; que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art.
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
destinada a pedestres. Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via
Art. 299. (VETADO). pública, de corrida, disputa ou competição automobilística
Art. 300. (VETADO). não autorizada pela autoridade competente, desde que
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de resulte dano potencial à incolumidade pública ou privada:
trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em Penas - detenção, de seis meses a dois anos, multa e sus-
flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral pensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilita-
socorro àquela. ção para dirigir veículo automotor.
Seção II Dos Crimes em Espécie Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a
devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo
cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
automotor:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada
dirigir veículo automotor.
ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por
Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na dire-
seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez,
ção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço
não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:
à metade, se o agente:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habili-
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segu-
tação;
rança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
embarque e desembarque de passageiros, logradouros
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentra-
risco pessoal, à vítima do acidente; ção de pessoas, gerando perigo de dano:
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver con- Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
duzindo veículo de transporte de passageiros. Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente au-
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veí- tomobilístico com vítima, na pendência do respectivo proce-
culo automotor: dimento policial preparatório, inquérito policial ou processo
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:
dirigir veículo automotor. Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

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Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de
que não iniciados, quando da inovação, o procedimento mais de quinze dias, sem decisão; ou
preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere. III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2°
............ do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem deci-
Art. 340. Este Código entra em vigor cento e vinte dias após são.
a data de sua publicação. Art. 9° Ao despachar a inicial, o juiz ordenará que se notifi-
Art. 341. Ficam revogadas as Leis (...). que o coator do conteúdo da petição, entregando-lhe a se-
Brasília, 23 de setembro de 1997; 176º da Independência e gunda via apresentada pelo impetrante, com as cópias dos
109º da República. documentos, a fim de que, no prazo de dez dias, preste as
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO informações que julgar necessárias.
Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, quando não for
LEI N° 9.507, DE 12 DE NOVEMBRO DE 1997 o caso de habeas data, ou se lhe faltar algum dos requisitos
previstos nesta Lei.
Parágrafo único. Do despacho de indeferimento caberá
Regula o direito de acesso a informações e disciplina o recurso previsto no art. 15.
rito processual do habeas data. Art. 11. Feita a notificação, o serventuário em cujo cartório
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- corra o feito, juntará aos autos cópia autêntica do ofício
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: endereçado ao coator, bem como a prova da sua entrega a
Art. 1° (VETADO). este ou da recusa, seja de recebê-lo, seja de dar recibo.
Parágrafo único. Considera-se de caráter público todo Art. 12. Findo o prazo a que se refere o art. 9°, e ouvido o
registro ou banco de dados contendo informações que se- representante do Ministério Público dentro de cinco dias, os
jam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não autos serão conclusos ao juiz para decisão a ser proferida
sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou em cinco dias.
depositária das informações. Art. 13. Na decisão, se julgar procedente o pedido, o juiz
Art. 2° O requerimento será apresentado ao órgão ou enti- marcará data e horário para que o coator:
dade depositária do registro ou banco de dados e será defe- I - apresente ao impetrante as informações a seu respeito,
rido ou indeferido no prazo de quarenta e oito horas. constantes de registros ou bancos de dados; ou
Parágrafo único. A decisão será comunicada ao requeren- II - apresente em juízo a prova da retificação ou da anota-
te em vinte e quatro horas. ção feita nos assentamentos do impetrante.
Art. 3° Ao deferir o pedido, o depositário do registro ou do Art. 14. A decisão será comunicada ao coator, por correio,
banco de dados marcará dia e hora para que o requerente com aviso de recebimento, ou por telegrama, radiograma ou
tome conhecimento das informações. telefonema, conforme o requerer o impetrante.
Parágrafo único. (VETADO). Parágrafo único. Os originais, no caso de transmissão
Art. 4° Constatada a inexatidão de qualquer dado a seu telegráfica, radiofônica ou telefônica deverão ser apresenta-
respeito, o interessado, em petição acompanhada de docu- dos à agência expedidora, com a firma do juiz devidamente
mentos comprobatórios, poderá requerer sua retificação. reconhecida.
§ 1° Feita a retificação em, no máximo, dez dias após a Art. 15. Da sentença que conceder ou negar o habeas data
entrada do requerimento, a entidade ou órgão depositário cabe apelação.
do registro ou da informação dará ciência ao interessado. Parágrafo único. Quando a sentença conceder o habeas
§ 2° Ainda que não se constate a inexatidão do dado, se o data, o recurso terá efeito meramente devolutivo.
interessado apresentar explicação ou contestação sobre o Art. 16. Quando o habeas data for concedido e o Presidente
mesmo, justificando possível pendência sobre o fato objeto do Tribunal ao qual competir o conhecimento do recurso
do dado, tal explicação será anotada no cadastro do inte- ordenar ao juiz a suspensão da execução da sentença,
ressado. desse seu ato caberá agravo para o Tribunal a que presida.
Art. 5° (VETADO). Art. 17. Nos casos de competência do Supremo Tribunal
Art. 6° (VETADO). Federal e dos demais Tribunais caberá ao relator a instru-
Art. 7° Conceder-se-á habeas data: ção do processo.
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas Art. 18. O pedido de habeas data poderá ser renovado se a
à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.
dados de entidades governamentais ou de caráter público; Art. 19. Os processos de habeas data terão prioridade so-
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê- bre todos os atos judiciais, exceto habeas-corpus e manda-
lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; do de segurança. Na instância superior, deverão ser leva-
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de dos a julgamento na primeira sessão que se seguir à data
contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas justi- em que, feita a distribuição, forem conclusos ao relator.
ficável e que esteja sob pendência judicial ou amigável. Parágrafo único. O prazo para a conclusão não poderá
Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos exceder de vinte e quatro horas, a contar da distribuição.
dos arts. 282 a 285 do Código de Processo Civil, será apre- Art. 20. O julgamento do habeas data compete:
sentada em duas vias, e os documentos que instruírem a I - originariamente:
primeira serão reproduzidos por cópia na segunda. a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente
Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do
prova: Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procu-
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de rador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal
mais de dez dias sem decisão; Federal;

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b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro CAPÍTULO II DA APLICAÇÃO DA PENA
de Estado ou do próprio Tribunal; Art. 6° Para imposição e gradação da penalidade, a autori-
c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio dade competente observará:
Tribunal ou de juiz federal; I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infra-
d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetua- ção e suas conseqüências para a saúde pública e para o
dos os casos de competência dos tribunais federais; meio ambiente;
e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da
do Estado; legislação de interesse ambiental;
f) a juiz estadual, nos demais casos; III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
II - em grau de recurso: Art. 7° As penas restritivas de direitos são autônomas e
a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denega- substituem as privativas de liberdade quando:
tória for proferida em única instância pelos Tribunais Supe- I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa
riores; de liberdade inferior a quatro anos;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
proferida em única instância pelos Tribunais Regionais Fe- personalidade do condenado, bem como os motivos e as
derais; circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja
c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.
proferida por juiz federal; Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se
d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territó- refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa
rios, conforme dispuserem a respectiva Constituição e a lei de liberdade substituída.
que organizar a Justiça do Distrito Federal; Art. 8° As penas restritivas de direito são:
III - mediante recurso extraordinário ao Supremo Tribunal I - prestação de serviços à comunidade;
Federal, nos casos previstos na Constituição. II - interdição temporária de direitos;
Art. 21. São gratuitos o procedimento administrativo para III - suspensão parcial ou total de atividades;
acesso a informações e retificação de dados e para anota- IV - prestação pecuniária;
ção de justificação, bem como a ação de habeas data.
V - recolhimento domiciliar.
Art. 22. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 9° A prestação de serviços à comunidade consiste na
Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário. atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a par-
Brasília, 12 de novembro de 1997; 176° da Independência e ques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no
109° da República. caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO restauração desta, se possível.
Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a
LEI N° 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998 proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de
receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios,
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas deri- bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco
vadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambien- anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de
te, e dá outras providências. crimes culposos.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.
Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em
dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um
Art. 1° (VETADO). salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários
Art. 2° Quem, de qualquer forma, concorre para a prática mínimos. O valor pago será deduzido do montante de even-
dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes tual reparação civil a que for condenado o infrator.
cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodiscipli-
diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão na e senso de responsabilidade do condenado, que deverá,
técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer ativi-
pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de dade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horá-
outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir rios de folga em residência ou em qualquer local destinado
para evitá-la. a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença
Art. 3° As pessoas jurídicas serão responsabilizadas admi- condenatória.
nistrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
nos casos em que a infração seja cometida por decisão de I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão co- II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea
legiado, no interesse ou benefício da sua entidade. reparação do dano, ou limitação significativa da degradação
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas ambiental causada;
não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de
partícipes do mesmo fato. degradação ambiental;
Art. 4° Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sem- IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância
pre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento e do controle ambiental.
de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.
Art. 5° (VETADO).

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Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica
não constituem ou qualificam o crime: são:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; I - suspensão parcial ou total de atividades;
II - ter o agente cometido a infração: II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou ativi-
a) para obter vantagem pecuniária; dade;
b) coagindo outrem para a execução material da infração; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde dele obter subsídios, subvenções ou doações.
pública ou o meio ambiente; § 1° A suspensão de atividades será aplicada quando estas
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; não estiverem obedecendo às disposições legais ou regu-
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas lamentares, relativas à proteção do meio ambiente.
sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; § 2° A interdição será aplicada quando o estabelecimento,
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autori-
humanos; zação, ou em desacordo com a concedida, ou com violação
g) em período de defeso à fauna; de disposição legal ou regulamentar.
h) em domingos ou feriados; § 3° A proibição de contratar com o Poder Público e dele
obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exce-
i) à noite;
der o prazo de dez anos.
j) em épocas de seca ou inundações;
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; jurídica consistirá em:
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura I - custeio de programas e de projetos ambientais;
de animais;
II - execução de obras de recuperação de áreas degrada-
n) mediante fraude ou abuso de confiança; das;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou auto- III - manutenção de espaços públicos;
rização ambiental;
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públi-
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcial- cas.
mente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos
Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponde-
fiscais;
rantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a práti-
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios ca de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação
oficiais das autoridades competentes; forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário
funções. Nacional.
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condi- CAPÍTULO III DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO
cional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA OU DE CRIME
a pena privativa de liberdade não superior a três anos.
Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus pro-
Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2° do
dutos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.
art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de repa-
ração do dano ambiental, e as condições a serem impostas § 1° Os animais serão libertados em seu habitat ou entre-
pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio gues a jardins zoológicos, fundações ou entidades asseme-
ambiente. lhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técni-
cos habilitados.
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Có-
digo Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no § 2° Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão
valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo estes avaliados e doados a instituições científicas, hospita-
em vista o valor da vantagem econômica auferida. lares, penais e outras com fins beneficentes.
Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sem- § 3° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis
pre que possível, fixará o montante do prejuízo causado serão destruídos ou doados a instituições científicas, cultu-
para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. rais ou educacionais.
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou § 4° Os instrumentos utilizados na prática da infração serão
no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da
instaurando-se o contraditório. reciclagem.
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possí- CAPÍTULO IV DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL
vel, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causa- Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação
dos pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo penal é pública incondicionada.
ofendido ou pelo meio ambiente. Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo,
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença conde- a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direi-
natória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos tos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de
termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde
do dano efetivamente sofrido. que tenha havido a prévia composição do dano ambiental,
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alterna- de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de com-
tivamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto provada impossibilidade.
no art. 3º, são: Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei n° 9.099, de 26 de
I - multa; setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor poten-
II - restritivas de direitos; cial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modifi-
III - prestação de serviços à comunidade. cações:

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I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios
5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de cons- e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambi-
tatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a im- ental competente:
possibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo; Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer
ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade
processo será prorrogado, até o período máximo previsto no competente:
artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
suspensão do prazo da prescrição; Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condi- animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou
ções dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no exóticos:
caput; Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura § 1° Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência
de novo laudo de constatação de reparação do dano ambi- dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáti-
ental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente cos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto § 2° A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um ter-
no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III; ço), se ocorre morte do animal.
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamen-
de extinção de punibilidade dependerá de laudo de consta- to de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquá-
tação que comprove ter o acusado tomado as providências tica existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou
necessárias à reparação integral do dano. águas jurisdicionais brasileiras:
CAPÍTULO V DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas
Seção I Dos Crimes contra a Fauna cumulativamente.
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou esta-
devida permissão, licença ou autorização da autoridade ções de aqüicultura de domínio público;
competente, ou em desacordo com a obtida: II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáti-
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. cos e algas, sem licença, permissão ou autorização da auto-
§ 1° Incorre nas mesmas penas: ridade competente;
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autori- III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qual-
zação ou em desacordo com a obtida; quer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devi-
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou cria- damente demarcados em carta náutica.
douro natural; Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guar- em lugares interditados por órgão competente:
da, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas
larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota as penas cumulativamente.
migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devi- I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espéci-
da permissão, licença ou autorização da autoridade compe- mes com tamanhos inferiores aos permitidos;
tente. II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou median-
§ 2° No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não te a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos
considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, conside- não permitidos;
rando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espé-
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles per- cimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.
tencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer ou- Art. 35. Pescar mediante a utilização de:
tras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água,
seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território produzam efeito semelhante;
brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autori-
§ 4° A pena é aumentada de metade, se o crime é pratica- dade competente:
do: Pena - reclusão de um ano a cinco anos.
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extin- Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo
ção, ainda que somente no local da infração; ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou
II - em período proibido à caça; capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos,
III - durante a noite; moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de apro-
IV - com abuso de licença; veitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas
V - em unidade de conservação; de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da
VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de flora.
provocar destruição em massa. Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:
§ 5° A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente
exercício de caça profissional. ou de sua família;
§ 6° As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de
pesca.

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II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou conside-
predatória ou destruidora de animais, desde que legal e radas de preservação permanente, sem prévia autorização,
expressamente autorizado pela autoridade competente; pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:
III - (VETADO). Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei,
pelo órgão competente. assim classificada por ato do Poder Público, para fins indus-
Seção II Dos Crimes contra a Flora triais, energéticos ou para qualquer outra exploração, eco-
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preser- nômica ou não, em desacordo com as determinações le-
vação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la gais:
com infringência das normas de proteção: Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou indus-
penas cumulativamente. triais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será redu- vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, ou-
zida à metade. torgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via
que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento:
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preser-
vação permanente, sem permissão da autoridade compe- Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
tente: Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende,
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda ma-
penas cumulativamente. deira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal,
sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do ar-
Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de
mazenamento, outorgada pela autoridade competente.
Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº
99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua Art. 47. (VETADO).
localização: Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de flores-
Pena - reclusão, de um a cinco anos. tas e demais formas de vegetação:
§ 1° Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer
Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros
de Vida Silvestre. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de públicos ou em propriedade privada alheia:
18.7.2000). Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou
§ 2° A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de ambas as penas cumulativamente.
extinção no interior das Unidades de Conservação de Pro- Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis
teção Integral será considerada circunstância agravante meses, ou multa.
para a fixação da pena. (Redação dada pela Lei nº 9.985, Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas
de 18.7.2000). ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues,
§ 3° Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. objeto de especial preservação:
Art. 40-A. (VETADO). (Incluído pela Lei n° 9.985, de Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
18.7.2000). Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas
§ 1° Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sus- e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro
tentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de Rele- da autoridade competente:
vante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Re- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
servas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo
Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para
Patrimônio Natural. (Incluído pela Lei nº 9.985, de exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem li-
18.7.2000). cença da autoridade competente:
§ 2° A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
extinção no interior das Unidades de Conservação de Uso Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumen-
Sustentável será considerada circunstância agravante para tada de um sexto a um terço se:
a fixação da pena. (Parágrafo inluído pela Lei nº 9.985, de I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão
18.7.2000). do solo ou a modificação do regime climático;
§ 3° Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. II - o crime é cometido:
(Parágrafo inluído pela Lei n° 9.985, de 18.7.2000). a) no período de queda das sementes;
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: b) no período de formação de vegetações;
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de deten- que a ameaça ocorra somente no local da infração;
ção de seis meses a um ano, e multa. d) em época de seca ou inundação;
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que e) durante a noite, em domingo ou feriado.
possam provocar incêndios nas florestas e demais formas Seção III Da Poluição e outros Crimes Ambientais
de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assen-
tamento humano: Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde
penas cumulativamente. humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a
destruição significativa da flora:
Art. 43. (VETADO).
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

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§ 1° Se o crime é culposo: Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que pos-
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. sam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora
§ 2° Se o crime: ou aos ecossistemas:
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocu- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
pação humana; Seção IV Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, Patrimônio Cultural
ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
ou que cause danos diretos à saúde da população; I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrup- ou decisão judicial;
ção do abastecimento público de água de uma comunidade; II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instala-
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; ção científica ou similar protegido por lei, ato administrativo
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou ou decisão judicial:
gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou re- Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis
gulamentos: meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local
§ 3° Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo an- especialmente protegido por lei, ato administrativo ou deci-
terior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a auto- são judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico,
ridade competente, medidas de precaução em caso de risco turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,
de dano ambiental grave ou irreversível. etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos competente ou em desacordo com a concedida:
minerais sem a competente autorização, permissão, con- Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
cessão ou licença, ou em desacordo com a obtida: Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. seu entorno, assim considerado em razão de seu valor pai-
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa sagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural,
de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem
da autorização, permissão, licença, concessão ou determi- autorização da autoridade competente ou em desacordo
nação do órgão competente. com a concedida:
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter Art. 65. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edifi-
em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa cação ou monumento urbano:
ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desa- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
cordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou
regulamentos: coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológi-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. co ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de deten-
§ 1° Nas mesmas penas incorre quem abandona os produ- ção, e multa.
tos ou substâncias referidos no caput, ou os utiliza em de- Seção V Dos Crimes contra a Administração Ambiental
sacordo com as normas de segurança.
Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou en-
§ 2° Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, ganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados
a pena é aumentada de um sexto a um terço. técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de
§ 3° Se o crime é culposo: licenciamento ambiental:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 57. (VETADO). Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização
Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as pe- ou permissão em desacordo com as normas ambientais,
nas serão aumentadas: para as atividades, obras ou serviços cuja realização de-
I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à pende de ato autorizativo do Poder Público:
flora ou ao meio ambiente em geral; Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
natureza grave em outrem; meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
III - até o dobro, se resultar a morte de outrem. Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual
Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse
somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais ambiental:
grave. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 59. (VETADO). Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer fun- meses a um ano, sem prejuízo da multa.
cionar, em qualquer parte do território nacional, estabeleci- Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder
mentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem Público no trato de questões ambientais:
licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
ou contrariando as normas legais e regulamentares perti- CAPÍTULO VI DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
nentes:
Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas
ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo,
as penas cumulativamente.
promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.

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§ 1° São autoridades competentes para lavrar auto de infra- § 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de
ção ambiental e instaurar processo administrativo os funcio- preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio
nários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacio- ambiente.
nal de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as ati- § 5° A multa diária será aplicada sempre que o cometimento
vidades de fiscalização, bem como os agentes das Capita- da infração se prolongar no tempo.
nias dos Portos, do Ministério da Marinha. § 6° A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V
§ 2° Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, po- do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei.
derá dirigir representação às autoridades relacionadas no § 7° As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput se-
parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de rão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o
polícia. estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições
§ 3° A autoridade ambiental que tiver conhecimento de in- legais ou regulamentares.
fração ambiental é obrigada a promover a sua apuração § 8° As sanções restritivas de direito são:
imediata, mediante processo administrativo próprio, sob I - suspensão de registro, licença ou autorização;
pena de co-responsabilidade. II - cancelamento de registro, licença ou autorização;
§ 4° As infrações ambientais são apuradas em processo III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
administrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de finan-
e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.
ciamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
Art. 71. O processo administrativo para apuração de infra-
V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo
ção ambiental deve observar os seguintes prazos máximos:
período de até três anos.
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação
Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas
contra o auto de infração, contados da data da ciência da
por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional
autuação;
do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho
II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8
infração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio
não a defesa ou impugnação; ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arreca-
III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenató- dador.
ria à instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambi- Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro
ente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Mi- cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo
nistério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação; com o objeto jurídico lesado.
IV - cinco dias para o pagamento de multa, contados da Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será
data do recebimento da notificação. fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente,
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as com base nos índices estabelecidos na legislação pertinen-
seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º: te, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máxi-
I - advertência; mo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).
II - multa simples; Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados,
III - multa diária; Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da federal na mesma hipótese de incidência.
fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou CAPÍTULO VII DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRE-
veículos de qualquer natureza utilizados na infração; SERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
V - destruição ou inutilização do produto; Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem públi-
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; ca e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no
VII - embargo de obra ou atividade; que concerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a
VIII - demolição de obra; outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado para:
IX - suspensão parcial ou total de atividades; I - produção de prova;
X - (VETADO). II - exame de objetos e lugares;
XI - restritiva de direitos. III - informações sobre pessoas e coisas;
§ 1° Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declara-
infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as san- ções tenham relevância para a decisão de uma causa;
ções a elas cominadas. V - outras formas de assistência permitidas pela legislação
§ 2° A advertência será aplicada pela inobservância das em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.
disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de pre- § 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao
ceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções Ministério da Justiça, que a remeterá, quando necessário,
previstas neste artigo. ao órgão judiciário competente para decidir a seu respeito,
§ 3° A multa simples será aplicada sempre que o agente, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la.
por negligência ou dolo: § 2° A solicitação deverá conter:
I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;
deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão compe- II - o objeto e o motivo de sua formulação;
tente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Minis- III - a descrição sumária do procedimento em curso no país
tério da Marinha; solicitante;
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA IV - a especificação da assistência solicitada;
ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha. V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento,
quando for o caso.

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Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e fatos que deram causa à celebração do instrumento, a apli-
especialmente para a reciprocidade da cooperação interna- cação de sanções administrativas contra a pessoa física ou
cional, deve ser mantido sistema de comunicações apto a jurídica que o houver firmado. (§ 3º acrescido pela Medida
facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações com Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001).
órgãos de outros países. § 4° A celebração do termo de compromisso de que trata
CAPÍTULO VIII DISPOSIÇÕES FINAIS este artigo não impede a execução de eventuais multas
Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposi- aplicadas antes da protocolização do requerimento. (§ 4º
ções do Código Penal e do Código de Processo Penal. acrescido pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001
Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os (DOU de 24.8.2001).
órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis § 5° Considera-se rescindido de pleno direito o termo de
pela execução de programas e projetos e pelo controle e compromisso, quando descumprida qualquer de suas cláu-
fiscalização dos estabelecimentos e das atividades suscetí- sulas, ressalvado o caso fortuito ou de força maior. (§ 5º
veis de degradarem a qualidade ambiental, ficam autoriza- acrescido pela Medida Provisória nº 2.163-41, de
dos a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, 23.8.2001).
termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas § 6° O termo de compromisso deverá ser firmado em até
responsáveis pela construção, instalação, ampliação e fun- noventa dias, contados da protocolização do requerimento.
cionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores (§ 6º acrescido pela Medida Provisória nº 2.163-41, de
de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencial- 23.8.2001 (DOU de 24.8.2001).
mente poluidores. (artigo, acrescido pela Medida Provisória § 7° O requerimento de celebração do termo de compro-
nº 2.163-41, de 23.8.2001 - em vigor desde a publicação). misso deverá conter as informações necessárias à verifica-
§ 1° O termo de compromisso a que se refere este artigo ção da sua viabilidade técnica e jurídica, sob pena de inde-
destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as pessoas ferimento do plano. (§ 7º acrescido pela Medida Provisória
físicas e jurídicas mencionadas no caput possam promover nº 2.163-41, de 23.8.2001).
as necessárias correções de suas atividades, para o aten- § 8° Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso
dimento das exigências impostas pelas autoridades ambien- deverão ser publicados no órgão oficial competente, medi-
tais competentes, sendo obrigatório que o respectivo ins- ante extrato. (§ 8º acrescido pela Medida Provisória nº
trumento disponha sobre: (§ 1º, acrescido pela Medida Pro- 2.163-41, de 23.8.2001).
visória nº 2.163-41). Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei nº prazo
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes com- de noventa dias a contar de sua publicação.
promissadas e dos respectivos representantes legais; (Inclu- Art. 81. (VETADO).
ído pela Medida Provisória nº 2.163-41). Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário.
II - o prazo de vigência do compromisso, que, em função da Brasília, 12 de fevereiro de 1998; 177° da Independência e
complexidade das obrigações nele fixadas, poderá variar 110° da República.
entre o mínimo de noventa dias e o máximo de três anos, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
com possibilidade de prorrogação por igual período; (Incluí-
do pela Medida Provisória nº 2.163-41).
III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do inves- LEI N° 9.609 , DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998
timento previsto e o cronograma físico de execução e de
implantação das obras e serviços exigidos, com metas tri-
mestrais a serem atingidas; (Incluído pela Medida Provisória Dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de
nº 2.163-41, de 23.8.2001). programa de computador, sua comerciali-zação no País,
IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou e dá outras providências.
jurídica compromissada e os casos de rescisão, em decor- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
rência do não-cumprimento das obrigações nele pactuadas; gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001).
V - o valor da multa de que trata o inciso IV não poderá ser CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
superior ao valor do investimento previsto; (Incluído pela Art. 1° Programa de computador é a expressão de um con-
Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001). junto organizado de instruções em linguagem natural ou
VI - o foro competente para dirimir litígios entre as partes. codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza,
(Incluído pela Medida Provisória n° 2.163-41, de 23.8.2001). de emprego necessário em máquinas automáticas de trata-
§ 2° No tocante aos empreendimentos em curso até o dia mento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipa-
30 de março de 1998, envolvendo construção, instalação, mentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga,
ampliação e funcionamento de estabelecimentos e ativida- para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados.
des utilizadores de recursos ambientais, considerados efeti- CAPÍTULO II DA PROTEÇÃO AO S DIREITOS DE AUTOR E DO
va ou potencialmente poluidores, a assinatura do termo de REGISTRO
compromisso deverá ser requerida pelas pessoas físicas e
Art. 2° O regime de proteção à propriedade intelectual de
jurídicas interessadas, até o dia 31 de dezembro de 1998,
programa de computador é o conferido às obras literárias
mediante requerimento escrito protocolizado junto aos ór-
pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no
gãos competentes do SISNAMA, devendo ser firmado pelo
País, observado o disposto nesta Lei.
dirigente máximo do estabelecimento. (§ 2º acrescido pela
Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001). § 1° Não se aplicam ao programa de computador as dispo-
sições relativas aos direitos morais, ressalvado, a qualquer
§ 3° Da data da protocolização do requerimento previsto no
tempo, o direito do autor de reivindicar a paternidade do
§ 2° e enquanto perdurar a vigência do correspondente
programa de computador e o direito do autor de opor-se a
termo de compromisso, ficarão suspensas, em relação aos

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alterações não-autorizadas, quando estas impliquem defor- § 3° O tratamento previsto neste artigo será aplicado nos
mação, mutilação ou outra modificação do programa de casos em que o programa de computador for desenvolvido
computador, que prejudiquem a sua honra ou a sua reputa- por bolsistas, estagiários e assemelhados.
ção. Art. 5° Os direitos sobre as derivações autorizadas pelo
§ 2° Fica assegurada a tutela dos direitos relativos a pro- titular dos direitos de programa de computador, inclusive
grama de computador pelo prazo de cinqüenta anos, conta- sua exploração econômica, pertencerão à pessoa autoriza-
dos a partir de 1º de janeiro do ano subseqüente ao da sua da que as fizer, salvo estipulação contratual em contrário.
publicação ou, na ausência desta, da sua criação. Art. 6° Não constituem ofensa aos direitos do titular de pro-
§ 3° A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe grama de computador:
de registro. I - a reprodução, em um só exemplar, de cópia legitimamen-
§ 4° Os direitos atribuídos por esta Lei ficam assegurados te adquirida, desde que se destine à cópia de salvaguarda
aos estrangeiros domiciliados no exterior, desde que o país ou armazenamento eletrônico, hipótese em que o exemplar
de origem do programa conceda, aos brasileiros e estran- original servirá de salvaguarda;
geiros domiciliados no Brasil, direitos equivalentes. II - a citação parcial do programa, para fins didáticos, desde
§ 5° Inclui-se dentre os direitos assegurados por esta Lei e que identificados o programa e o titular dos direitos respec-
pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no tivos;
País aquele direito exclusivo de autorizar ou proibir o alu- III - a ocorrência de semelhança de programa a outro, pree-
guel comercial, não sendo esse direito exaurível pela venda, xistente, quando se der por força das características funcio-
licença ou outra forma de transferência da cópia do progra- nais de sua aplicação, da observância de preceitos normati-
ma. vos e técnicos, ou de limitação de forma alternativa para a
§ 6° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos sua expressão;
casos em que o programa em si não seja objeto essencial IV - a integração de um programa, mantendo-se suas carac-
do aluguel. terísticas essenciais, a um sistema aplicativo ou operacio-
Art. 3° Os programas de computador poderão, a critério do nal, tecnicamente indispensável às necessidades do usuá-
titular, ser registrados em órgão ou entidade a ser designa- rio, desde que para o uso exclusivo de quem a promoveu.
do por ato do Poder Executivo, por iniciativa do Ministério CAPÍTULO III DAS GARANTIAS AO S USUÁRIOS DE PROGRAMA
responsável pela política de ciência e tecnologia. DE COMPUTADOR
§ 1° O pedido de registro estabelecido neste artigo deverá Art. 7° O contrato de licença de uso de programa de com-
conter, pelo menos, as seguintes informações: putador, o documento fiscal correspondente, os suportes
I - os dados referentes ao autor do programa de computador físicos do programa ou as respectivas embalagens deverão
e ao titular, se distinto do autor, sejam pessoas físicas ou consignar, de forma facilmente legível pelo usuário, o prazo
jurídicas; de validade técnica da versão comercializada.
II - a identificação e descrição funcional do programa de Art. 8° Aquele que comercializar programa de computador,
computador; e quer seja titular dos direitos do programa, quer seja titular
III - os trechos do programa e outros dados que se conside- dos direitos de comercialização, fica obrigado, no território
rar suficientes para identificá-lo e caracterizar sua originali- nacional, durante o prazo de validade técnica da respectiva
dade, ressalvando-se os direitos de terceiros e a responsa- versão, a assegurar aos respectivos usuários a prestação
bilidade do Governo. de serviços técnicos complementares relativos ao adequado
§ 2° As informações referidas no inciso III do parágrafo an- funcionamento do programa, consideradas as suas especifi-
terior são de caráter sigiloso, não podendo ser reveladas, cações.
salvo por ordem judicial ou a requerimento do próprio titular. Parágrafo único. A obrigação persistirá no caso de retirada
Art. 4° Salvo estipulação em contrário, pertencerão exclusi- de circulação comercial do programa de computador duran-
vamente ao empregador, contratante de serviços ou órgão te o prazo de validade, salvo justa indenização de eventuais
público, os direitos relativos ao programa de computador, prejuízos causados a terceiros.
desenvolvido e elaborado durante a vigência de contrato ou CAPÍTULO IV DOS CONTRATOS DE LICENÇA DE USO, DE CO-
de vínculo estatutário, expressamente destinado à pesquisa MERCIALIZAÇÃO E DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
e desenvolvimento, ou em que a atividade do empregado, Art. 9° O uso de programa de computador no País será
contratado de serviço ou servidor seja prevista, ou ainda, objeto de contrato de licença.
que decorra da própria natureza dos encargos concernentes Parágrafo único. Na hipótese de eventual inexistência do
a esses vínculos.
contrato referido no caput deste artigo, o documento fiscal
§ 1° Ressalvado ajuste em contrário, a compensação do relativo à aquisição ou licenciamento de cópia servirá para
trabalho ou serviço prestado limitar-se-á à remuneração ou comprovação da regularidade do seu uso.
ao salário convencionado.
Art. 10. Os atos e contratos de licença de direitos de co-
§ 2° Pertencerão, com exclusividade, ao empregado, con- mercialização referentes a programas de computador de
tratado de serviço ou servidor os direitos concernentes a origem externa deverão fixar, quanto aos tributos e encar-
programa de computador gerado sem relação com o contra- gos exigíveis, a responsabilidade pelos respectivos paga-
to de trabalho, prestação de serviços ou vínculo estatutário, mentos e estabelecerão a remuneração do titular dos direi-
e sem a utilização de recursos, informações tecnológicas, tos de programa de computador residente ou domiciliado no
segredos industriais e de negócios, materiais, instalações exterior.
ou equipamentos do empregador, da empresa ou entidade
§ 1° Serão nulas as cláusulas que:
com a qual o empregador mantenha contrato de prestação
I - limitem a produção, a distribuição ou a comercialização,
de serviços ou assemelhados, do contratante de serviços ou
em violação às disposições normativas em vigor;
órgão público.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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II - eximam qualquer dos contratantes das responsabilida- § 3° Nos procedimentos cíveis, as medidas cautelares de
des por eventuais ações de terceiros, decorrentes de vícios, busca e apreensão observarão o disposto no artigo anterior.
defeitos ou violação de direitos de autor. § 4° Na hipótese de serem apresentadas, em juízo, para a
§ 2° O remetente do correspondente valor em moeda es- defesa dos interesses de qualquer das partes, informações
trangeira, em pagamento da remuneração de que se trata, que se caracterizem como confidenciais, deverá o juiz de-
conservará em seu poder, pelo prazo de cinco anos, todos terminar que o processo prossiga em segredo de justiça,
os documentos necessários à comprovação da licitude das vedado o uso de tais informações também à outra parte
remessas e da sua conformidade ao caput deste artigo. para outras finalidades.
Art. 11. Nos casos de transferência de tecnologia de pro- § 5° Será responsabilizado por perdas e danos aquele que
grama de computador, o Instituto Nacional da Propriedade requerer e promover as medidas previstas neste e nos arts.
Industrial fará o registro dos respectivos contratos, para que 12 e 13, agindo de má-fé ou por espírito de emulação, ca-
produzam efeitos em relação a terceiros. pricho ou erro grosseiro, nos termos dos arts. 16, 17 e 18 do
Parágrafo único. Para o registro de que trata este artigo, é Código de Processo Civil.
obrigatória a entrega, por parte do fornecedor ao receptor CAPÍTULO VI DISPOSIÇÕES FINAIS
de tecnologia, da documentação completa, em especial do Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
código-fonte comentado, memorial descritivo, especifica- Art. 16. Fica revogada a Lei n° 7.646, de 18 de dezembro
ções funcionais internas, diagramas, fluxogramas e outros de 1987.
dados técnicos necessários à absorção da tecnologia.
Brasília, 19 de fevereiro de 1998; 177° da Independência e
CAPÍTULO V DAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES 110° da República.
Art. 12. Violar direitos de autor de programa de computa- FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
dor:
Pena - Detenção de seis meses a dois anos ou multa.
§ 1° Se a violação consistir na reprodução, por qualquer LEI N° 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998
meio, de programa de computador, no todo ou em parte,
para fins de comércio, sem autorização expressa do autor
ou de quem o represente: Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos
autorais e dá outras providências.
Pena - Reclusão de um a quatro anos e multa.
§ 2° Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
vende, expõe à venda, introduz no País, adquire, oculta ou
tem em depósito, para fins de comércio, original ou cópia de
programa de computador, produzido com violação de direito TÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
autoral. Art. 1° Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se
§ 3° Nos crimes previstos neste artigo, somente se procede sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes
mediante queixa, salvo: são conexos.
I - quando praticados em prejuízo de entidade de direito Art. 2° Os estrangeiros domiciliados no exterior gozarão da
público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia proteção assegurada nos acordos, convenções e tratados
mista ou fundação instituída pelo poder público; em vigor no Brasil.
II - quando, em decorrência de ato delituoso, resultar sone- Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei aos nacio-
gação fiscal, perda de arrecadação tributária ou prática de nais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos
quaisquer dos crimes contra a ordem tributária ou contra as brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocida-
relações de consumo. de na proteção aos direitos autorais ou equivalentes.
§ 4° No caso do inciso II do parágrafo anterior, a exigibilida- Art. 3° Os direitos autorais reputam-se, para os efeitos le-
de do tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, gais, bens móveis.
processar-se-á independentemente de representação. Art. 4° Interpretam-se restritivamente os negócios jurídicos
Art. 13. A ação penal e as diligências preliminares de busca sobre os direitos autorais.
e apreensão, nos casos de violação de direito de autor de Art. 5° Para os efeitos desta Lei, considera-se:
programa de computador, serão precedidas de vistoria, I - publicação - o oferecimento de obra literária, artística ou
podendo o juiz ordenar a apreensão das cópias produzidas científica ao conhecimento do público, com o consentimento
ou comercializadas com violação de direito de autor, suas do autor, ou de qualquer outro titular de direito de autor, por
versões e derivações, em poder do infrator ou de quem as qualquer forma ou processo;
esteja expondo, mantendo em depósito, reproduzindo ou
II - transmissão ou emissão - a difusão de sons ou de sons
comercializando.
e imagens, por meio de ondas radioelétricas; sinais de saté-
Art. 14. Independentemente da ação penal, o prejudicado lite; fio, cabo ou outro condutor; meios óticos ou qualquer
poderá intentar ação para proibir ao infrator a prática do ato outro processo eletromagnético;
incriminado, com cominação de pena pecuniária para o
III - retransmissão - a emissão simultânea da transmissão
caso de transgressão do preceito.
de uma empresa por outra;
§ 1° A ação de abstenção de prática de ato poderá ser cu-
IV - distribuição - a colocação à disposição do público do
mulada com a de perdas e danos pelos prejuízos decorren-
original ou cópia de obras literárias, artísticas ou científicas,
tes da infração.
interpretações ou execuções fixadas e fonogramas, median-
§ 2° Independentemente de ação cautelar preparatória, o te a venda, locação ou qualquer outra forma de transferên-
juiz poderá conceder medida liminar proibindo ao infrator a cia de propriedade ou posse;
prática do ato incriminado, nos termos deste artigo.
V - comunicação ao público - ato mediante o qual a obra é
colocada ao alcance do público, por qualquer meio ou pro-

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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cedimento e que não consista na distribuição de exempla- I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;
res; II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da
VI - reprodução - a cópia de um ou vários exemplares de mesma natureza;
uma obra literária, artística ou científica ou de um fonogra- III - as obras dramáticas e dramático-musicais;
ma, de qualquer forma tangível, incluindo qualquer armaze- IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução
namento permanente ou temporário por meios eletrônicos cênica se fixe por escrito ou por outra qualquer forma;
ou qualquer outro meio de fixação que venha a ser desen- V - as composições musicais, tenham ou não letra;
volvido; VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as
VII - contrafação - a reprodução não autorizada; cinematográficas;
VIII - obra: VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer
a) em co-autoria - quando é criada em comum, por dois ou processo análogo ao da fotografia;
mais autores; VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, lito-
b) anônima - quando não se indica o nome do autor, por sua grafia e arte cinética;
vontade ou por ser desconhecido; IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da
c) pseudônima - quando o autor se oculta sob nome supos- mesma natureza;
to; X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à
d) inédita - a que não haja sido objeto de publicação; geografia, engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo,
e) póstuma - a que se publique após a morte do autor; cenografia e ciência;
f) originária - a criação primígena; XI - as adaptações, traduções e outras transformações de
g) derivada - a que, constituindo criação intelectual nova, obras originais, apresentadas como criação intelectual nova;
resulta da transformação de obra originária; XII - os programas de computador;
h) coletiva - a criada por iniciativa, organização e responsa- XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopé-
bilidade de uma pessoa física ou jurídica, que a publica sob dias, dicionários, bases de dados e outras obras, que, por
seu nome ou marca e que é constituída pela participação de sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo,
diferentes autores, cujas contribuições se fundem numa constituam uma criação intelectual.
criação autônoma; § 1° Os programas de computador são objeto de legislação
i) audiovisual - a que resulta da fixação de imagens com ou específica, observadas as disposições desta Lei que lhes
sem som, que tenha a finalidade de criar, por meio de sua sejam aplicáveis.
reprodução, a impressão de movimento, independentemen- § 2° A proteção concedida no inciso XIII não abarca os da-
te dos processos de sua captação, do suporte usado inicial dos ou materiais em si mesmos e se entende sem prejuízo
ou posteriormente para fixá-lo, bem como dos meios utiliza- de quaisquer direitos autorais que subsistam a respeito dos
dos para sua veiculação; dados ou materiais contidos nas obras.
IX - fonograma - toda fixação de sons de uma execução ou § 3° No domínio das ciências, a proteção recairá sobre a
interpretação ou de outros sons, ou de uma representação forma literária ou artística, não abrangendo o seu conteúdo
de sons que não seja uma fixação incluída em uma obra científico ou técnico, sem prejuízo dos direitos que protegem
audiovisual; os demais campos da propriedade imaterial.
X - editor - a pessoa física ou jurídica à qual se atribui o Art. 8° Não são objeto de proteção como direitos autorais
direito exclusivo de reprodução da obra e o dever de divul- de que trata esta Lei:
gá-la, nos limites previstos no contrato de edição; I - as idéias, procedimentos normativos, sistemas, métodos,
XI - produtor - a pessoa física ou jurídica que toma a iniciati- projetos ou conceitos matemáticos como tais;
va e tem a responsabilidade econômica da primeira fixação II - os esquemas, planos ou regras para realizar atos men-
do fonograma ou da obra audiovisual, qualquer que seja a tais, jogos ou negócios;
natureza do suporte utilizado; III - os formulários em branco para serem preenchidos por
XII - radiodifusão - a transmissão sem fio, inclusive por saté- qualquer tipo de informação, científica ou não, e suas ins-
lites, de sons ou imagens e sons ou das representações truções;
desses, para recepção ao público e a transmissão de sinais IV - os textos de tratados ou convenções, leis, decretos,
codificados, quando os meios de decodificação sejam ofe- regulamentos, decisões judiciais e demais atos oficiais;
recidos ao público pelo organismo de radiodifusão ou com
V - as informações de uso comum tais como calendários,
seu consentimento;
agendas, cadastros ou legendas;
XIII - artistas intérpretes ou executantes - todos os atores,
VI - os nomes e títulos isolados;
cantores, músicos, bailarinos ou outras pessoas que repre-
sentem um papel, cantem, recitem, declamem, interpretem VII - o aproveitamento industrial ou comercial das idéias
ou executem em qualquer forma obras literárias ou artísticas contidas nas obras.
ou expressões do folclore. Art. 9° À cópia de obra de arte plástica feita pelo próprio
Art. 6° Não serão de domínio da União, dos Estados, do autor é assegurada a mesma proteção de que goza o origi-
Distrito Federal ou dos Municípios as obras por eles sim- nal.
plesmente subvencionadas. Art. 10. A proteção à obra intelectual abrange o seu título,
se original e inconfundível com o de obra do mesmo gênero,
TÍTULO II DAS OBRAS INTELECTUAIS divulgada anteriormente por outro autor.
CAPÍTULO I DAS OBRAS PROTEGIDAS Parágrafo único. O título de publicações periódicas, inclu-
Art. 7° São obras intelectuais protegidas as criações do sive jornais, é protegido até um ano após a saída do seu
espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qual- último número, salvo se forem anuais, caso em que esse
quer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se prazo se elevará a dois anos.
invente no futuro, tais como:

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CAPÍTULO II DA AUTORIA DAS OBRAS INTELECTUAIS CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 11. Autor é a pessoa física criadora de obra literária, Art. 22. Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoni-
artística ou científica. ais sobre a obra que criou.
Parágrafo único. A proteção concedida ao autor poderá Art. 23. Os co-autores da obra intelectual exercerão, de
aplicar-se às pessoas jurídicas nos casos previstos nesta comum acordo, os seus direitos, salvo convenção em con-
Lei. trário.
Art. 12. Para se identificar como autor, poderá o criador da CAPÍTULO II DOS DIREITOS MORAIS DO AUTOR
obra literária, artística ou científica usar de seu nome civil, Art. 24. São direitos morais do autor:
completo ou abreviado até por suas iniciais, de pseudônimo I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;
ou qualquer outro sinal convencional.
II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional
Art. 13. Considera-se autor da obra intelectual, não haven- indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização
do prova em contrário, aquele que, por uma das modalida- de sua obra;
des de identificação referidas no artigo anterior, tiver, em
III - o de conservar a obra inédita;
conformidade com o uso, indicada ou anunciada essa quali-
IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a
dade na sua utilização.
quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qual-
Art. 14. É titular de direitos de autor quem adapta, traduz,
quer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor,
arranja ou orquestra obra caída no domínio público, não
em sua reputação ou honra;
podendo opor-se a outra adaptação, arranjo, orquestração
V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada;
ou tradução, salvo se for cópia da sua.
Art. 15. A co-autoria da obra é atribuída àqueles em cujo VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qual-
quer forma de utilização já autorizada, quando a circulação
nome, pseudônimo ou sinal convencional for utilizada.
ou utilização implicarem afronta à sua reputação e imagem;
§ 1° Não se considera co-autor quem simplesmente auxiliou
VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quan-
o autor na produção da obra literária, artística ou científica,
do se encontre legitimamente em poder de outrem, para o
revendo-a, atualizando-a, bem como fiscalizando ou dirigin-
do sua edição ou apresentação por qualquer meio. fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado,
ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause
§ 2° Ao co-autor, cuja contribuição possa ser utilizada sepa-
o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em
radamente, são asseguradas todas as faculdades inerentes
todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo
à sua criação como obra individual, vedada, porém, a utili-
que lhe seja causado.
zação que possa acarretar prejuízo à exploração da obra
§ 1° Por morte do autor, transmitem-se a seus sucessores
comum.
os direitos a que se referem os incisos I a IV.
Art. 16. São co-autores da obra audiovisual o autor do as-
sunto ou argumento literário, musical ou lítero-musical e o § 2° Compete ao Estado a defesa da integridade e autoria
da obra caída em domínio público.
diretor.
Parágrafo único. Consideram-se co-autores de desenhos § 3° Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as prévias
indenizações a terceiros, quando couberem.
animados os que criam os desenhos utilizados na obra au-
diovisual. Art. 25. Cabe exclusivamente ao diretor o exercício dos
Art. 17. É assegurada a proteção às participações individu- direitos morais sobre a obra audiovisual.
ais em obras coletivas. Art. 26. O autor poderá repudiar a autoria de projeto arquite-
§ 1° Qualquer dos participantes, no exercício de seus direi- tônico alterado sem o seu consentimento durante a execu-
tos morais, poderá proibir que se indique ou anuncie seu ção ou após a conclusão da construção.
nome na obra coletiva, sem prejuízo do direito de haver a Parágrafo único. O proprietário da construção responde
remuneração contratada. pelos danos que causar ao autor sempre que, após o repú-
§ 2° Cabe ao organizador a titularidade dos direitos patri- dio, der como sendo daquele a autoria do projeto repudiado.
moniais sobre o conjunto da obra coletiva. Art. 27. Os direitos morais do autor são inalienáveis e irre-
§ 3° O contrato com o organizador especificará a contribui- nunciáveis.
ção do participante, o prazo para entrega ou realização, a CAPÍTULO III DOS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR E DE SUA
remuneração e demais condições para sua execução. DURAÇÃO
CAPÍTULO III DO REGISTRO DAS OBRAS INTELECTUAIS Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e
Art. 18. A proteção aos direitos de que trata esta Lei inde- dispor da obra literária, artística ou científica.
pende de registro. Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor
Art. 19. É facultado ao autor registrar a sua obra no órgão a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como:
público definido no caput e no § 1° do art. 17 da Lei nº I - a reprodução parcial ou integral;
5.988, de 14 de dezembro de 1973. II - a edição;
Art. 20. Para os serviços de registro previstos nesta Lei será III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras trans-
cobrada retribuição, cujo valor e processo de recolhimento formações;
serão estabelecidos por ato do titular do órgão da adminis- IV - a tradução para qualquer idioma;
tração pública federal a que estiver vinculado o registro das V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual;
obras intelectuais. VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firma-
Art. 21. Os serviços de registro de que trata esta Lei serão do pelo autor com terceiros para uso ou exploração da obra;
organizados conforme preceitua o § 2° do art. 17 da Lei nº VII - a distribuição para oferta de obras ou produções medi-
5.988, de 14 de dezembro de 1973. ante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sis-
TÍTULO III DOS DIREITOS DO AUTOR tema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou
produção para percebê-la em um tempo e lugar previamen-

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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te determinados por quem formula a demanda, e nos casos Art. 34. As cartas missivas, cuja publicação está condicio-
em que o acesso às obras ou produções se faça por qual- nada à permissão do autor, poderão ser juntadas como
quer sistema que importe em pagamento pelo usuário; documento de prova em processos administrativos e judici-
VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artísti- ais.
ca ou científica, mediante: Art. 35. Quando o autor, em virtude de revisão, tiver dado à
a) representação, recitação ou declamação; obra versão definitiva, não poderão seus sucessores repro-
b) execução musical; duzir versões anteriores.
c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos; Art. 36. O direito de utilização econômica dos escritos publi-
d) radiodifusão sonora ou televisiva; cados pela imprensa, diária ou periódica, com exceção dos
e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de assinados ou que apresentem sinal de reserva, pertence ao
freqüência coletiva; editor, salvo convenção em contrário.
f) sonorização ambiental; Parágrafo único. A autorização para utilização econômica
de artigos assinados, para publicação em diários e periódi-
g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo
cos, não produz efeito além do prazo da periodicidade a-
assemelhado;
crescido de vinte dias, a contar de sua publicação, findo o
h) emprego de satélites artificiais; qual recobra o autor o seu direito.
i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, ca- Art. 37. A aquisição do original de uma obra, ou de exem-
bos de qualquer tipo e meios de comunicação similares que plar, não confere ao adquirente qualquer dos direitos patri-
venham a ser adotados; moniais do autor, salvo convenção em contrário entre as
j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas; partes e os casos previstos nesta Lei.
IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em Art. 38. O autor tem o direito, irrenunciável e inalienável, de
computador, a microfilmagem e as demais formas de arqui- perceber, no mínimo, cinco por cento sobre o aumento do
vamento do gênero; preço eventualmente verificável em cada revenda de obra
X - quaisquer outras modalidades de utilização existentes de arte ou manuscrito, sendo originais, que houver alienado.
ou que venham a ser inventadas. Parágrafo único. Caso o autor não perceba o seu direito de
Art. 30. No exercício do direito de reprodução, o titular dos seqüência no ato da revenda, o vendedor é considerado
direitos autorais poderá colocar à disposição do público a depositário da quantia a ele devida, salvo se a operação for
obra, na forma, local e pelo tempo que desejar, a título one- realizada por leiloeiro, quando será este o depositário.
roso ou gratuito. Art. 39. Os direitos patrimoniais do autor, excetuados os
§ 1° O direito de exclusividade de reprodução não será apli- rendimentos resultantes de sua exploração, não se comuni-
cável quando ela for temporária e apenas tiver o propósito cam, salvo pacto antenupcial em contrário.
de tornar a obra, fonograma ou interpretação perceptível em Art. 40. Tratando-se de obra anônima ou pseudônima, ca-
meio eletrônico ou quando for de natureza transitória e inci- berá a quem publicá-la o exercício dos direitos patrimoniais
dental, desde que ocorra no curso do uso devidamente do autor.
autorizado da obra, pelo titular. Parágrafo único. O autor que se der a conhecer assumirá o
§ 2° Em qualquer modalidade de reprodução, a quantidade exercício dos direitos patrimoniais, ressalvados os direitos
de exemplares será informada e controlada, cabendo a adquiridos por terceiros.
quem reproduzir a obra a responsabilidade de manter os Art. 41. Os direitos patrimoniais do autor perduram por se-
registros que permitam, ao autor, a fiscalização do aprovei- tenta anos contados de 1° de janeiro do ano subseqüente
tamento econômico da exploração. ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei
Art. 31. As diversas modalidades de utilização de obras civil.
literárias, artísticas ou científicas ou de fonogramas são Parágrafo único. Aplica-se às obras póstumas o prazo de
independentes entre si, e a autorização concedida pelo proteção a que alude o caput deste artigo.
autor, ou pelo produtor, respectivamente, não se estende a
Art. 42. Quando a obra literária, artística ou científica reali-
quaisquer das demais.
zada em co-autoria for indivisível, o prazo previsto no artigo
Art. 32. Quando uma obra feita em regime de co-autoria
anterior será contado da morte do último dos co-autores
não for divisível, nenhum dos co-autores, sob pena de res- sobreviventes.
ponder por perdas e danos, poderá, sem consentimento dos
Parágrafo único. Acrescer-se-ão aos dos sobreviventes os
demais, publicá-la ou autorizar-lhe a publicação, salvo na
direitos do co-autor que falecer sem sucessores.
coleção de suas obras completas.
Art. 43. Será de setenta anos o prazo de proteção aos direi-
§ 1° Havendo divergência, os co-autores decidirão por mai-
tos patrimoniais sobre as obras anônimas ou pseudônimas,
oria.
contado de 1° de janeiro do ano imediatamente posterior ao
§ 2° Ao co-autor dissidente é assegurado o direito de não da primeira publicação.
contribuir para as despesas de publicação, renunciando a
Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto no art. 41 e seu
sua parte nos lucros, e o de vedar que se inscreva seu no-
parágrafo único, sempre que o autor se der a conhecer
me na obra.
antes do termo do prazo previsto no caput deste artigo.
§ 3° Cada co-autor pode, individualmente, sem aquiescên-
Art. 44. O prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre
cia dos outros, registrar a obra e defender os próprios direi-
obras audiovisuais e fotográficas será de setenta anos, a
tos contra terceiros.
contar de 1° de janeiro do ano subseqüente ao de sua di-
Art. 33. Ninguém pode reproduzir obra que não pertença ao
vulgação.
domínio público, a pretexto de anotá-la, comentá-la ou me-
Art. 45. Além das obras em relação às quais decorreu o
lhorá-la, sem permissão do autor.
prazo de proteção aos direitos patrimoniais, pertencem ao
Parágrafo único. Os comentários ou anotações poderão
domínio público:
ser publicados separadamente.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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I - as de autores falecidos que não tenham deixado suces- res, a título universal ou singular, pessoalmente ou por meio
sores; de representantes com poderes especiais, por meio de li-
II - as de autor desconhecido, ressalvada a proteção legal cenciamento, concessão, cessão ou por outros meios admi-
aos conhecimentos étnicos e tradicionais. tidos em Direito, obedecidas as seguintes limitações:
CAPÍTULO IV DAS LIMITAÇÕES AO S DIREITOS AUTORAIS I - a transmissão total compreende todos os direitos de au-
Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: tor, salvo os de natureza moral e os expressamente excluí-
dos por lei;
I - a reprodução:
II - somente se admitirá transmissão total e definitiva dos
a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo
direitos mediante estipulação contratual escrita;
informativo, publicado em diários ou periódicos, com a men-
ção do nome do autor, se assinados, e da publicação de III - na hipótese de não haver estipulação contratual escrita,
onde foram transcritos; o prazo máximo será de cinco anos;
b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em IV - a cessão será válida unicamente para o país em que se
reuniões públicas de qualquer natureza; firmou o contrato, salvo estipulação em contrário;
c) de retratos, ou de outra forma de representação da ima- V - a cessão só se operará para modalidades de utilização
gem, feitos sob encomenda, quando realizada pelo proprie- já existentes à data do contrato;
tário do objeto encomendado, não havendo a oposição da VI - não havendo especificações quanto à modalidade de
pessoa neles representada ou de seus herdeiros; utilização, o contrato será interpretado restritivamente, en-
d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso ex- tendendo-se como limitada apenas a uma que seja aquela
clusivo de deficientes visuais, sempre que a reprodução, indispensável ao cumprimento da finalidade do contrato.
sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema Braille ou Art. 50. A cessão total ou parcial dos direitos de autor, que
outro procedimento em qualquer suporte para esses desti- se fará sempre por escrito, presume-se onerosa.
natários; § 1° Poderá a cessão ser averbada à margem do registro a
II - a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, que se refere o art. 19 desta Lei, ou, não estando a obra
para uso privado do copista, desde que feita por este, sem registrada, poderá o instrumento ser registrado em Cartório
intuito de lucro; de Títulos e Documentos.
III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro § 2° Constarão do instrumento de cessão como elementos
meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para essenciais seu objeto e as condições de exercício do direito
fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada quanto a tempo, lugar e preço.
para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a ori- Art. 51. A cessão dos direitos de autor sobre obras futuras
gem da obra; abrangerá, no máximo, o período de cinco anos.
IV - o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino Parágrafo único. O prazo será reduzido a cinco anos sem-
por aqueles a quem elas se dirigem, vedada sua publicação, pre que indeterminado ou superior, diminuindo-se, na devi-
integral ou parcial, sem autorização prévia e expressa de da proporção, o preço estipulado.
quem as ministrou; Art. 52. A omissão do nome do autor, ou de co-autor, na
V - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas, divulgação da obra não presume o anonimato ou a cessão
fonogramas e transmissão de rádio e televisão em estabe- de seus direitos.
lecimentos comerciais, exclusivamente para demonstração TÍTULO IV DA UTILIZAÇÃO DE OBRAS INTELECTUAIS
à clientela, desde que esses estabelecimentos comerciali- E DOS FONOGRAMAS
zem os suportes ou equipamentos que permitam a sua utili- CAPÍTULO I DA EDIÇÃO
zação;
Art. 53. Mediante contrato de edição, o editor, obrigando-se
VI - a representação teatral e a execução musical, quando a reproduzir e a divulgar a obra literária, artística ou científi-
realizadas no recesso familiar ou, para fins exclusivamente ca, fica autorizado, em caráter de exclusividade, a publicá-la
didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não havendo em e a explorá-la pelo prazo e nas condições pactuadas com o
qualquer caso intuito de lucro; autor.
VII - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas Parágrafo único. Em cada exemplar da obra o editor men-
para produzir prova judiciária ou administrativa; cionará:
VIII - a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos tre- I - o título da obra e seu autor;
chos de obras preexistentes, de qualquer natureza, ou de
II - no caso de tradução, o título original e o nome do tradu-
obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a re-
tor;
produção em si não seja o objetivo principal da obra nova e
que não prejudique a exploração normal da obra reproduzi- III - o ano de publicação;
da nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos inte- IV - o seu nome ou marca que o identifique.
resses dos autores. Art. 54. Pelo mesmo contrato pode o autor obrigar-se à
Art. 47. São livres as paráfrases e paródias que não forem feitura de obra literária, artística ou científica em cuja publi-
verdadeiras reproduções da obra originária nem lhe implica- cação e divulgação se empenha o editor.
rem descrédito. Art. 55. Em caso de falecimento ou de impedimento do
Art. 48. As obras situadas permanentemente em logradou- autor para concluir a obra, o editor poderá:
ros públicos podem ser representadas livremente, por meio I - considerar resolvido o contrato, mesmo que tenha sido
de pinturas, desenhos, fotografias e procedimentos audiovi- entregue parte considerável da obra;
suais. II - editar a obra, sendo autônoma, mediante pagamento
CAPÍTULO V DA TRANSFERÊNCIA DOS DIREITOS DE AUTOR proporcional do preço;
Art. 49. Os direitos de autor poderão ser total ou parcial- III - mandar que outro a termine, desde que consintam os
mente transferidos a terceiros, por ele ou por seus sucesso- sucessores e seja o fato indicado na edição.

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Lemos & Cruz – Livraria e Editora
Parágrafo único. É vedada a publicação parcial, se o autor ções musicais ou lítero-musicais e fonogramas, em repre-
manifestou a vontade de só publicá-la por inteiro ou se as- sentações e execuções públicas.
sim o decidirem seus sucessores. § 1° Considera-se representação pública a utilização de
Art. 56. Entende-se que o contrato versa apenas sobre uma obras teatrais no gênero drama, tragédia, comédia, ópera,
edição, se não houver cláusula expressa em contrário. opereta, balé, pantomimas e assemelhadas, musicadas ou
Parágrafo único. No silêncio do contrato, considera-se que não, mediante a participação de artistas, remunerados ou
cada edição se constitui de três mil exemplares. não, em locais de freqüência coletiva ou pela radiodifusão,
Art. 57. O preço da retribuição será arbitrado, com base nos transmissão e exibição cinematográfica.
usos e costumes, sempre que no contrato não a tiver estipu- § 2° Considera-se execução pública a utilização de compo-
lado expressamente o autor. sições musicais ou lítero-musicais, mediante a participação
Art. 58. Se os originais forem entregues em desacordo com de artistas, remunerados ou não, ou a utilização de fono-
o ajustado e o editor não os recusar nos trinta dias seguin- gramas e obras audiovisuais, em locais de freqüência cole-
tes ao do recebimento, ter-se-ão por aceitas as alterações tiva, por quaisquer processos, inclusive a radiodifusão ou
introduzidas pelo autor. transmissão por qualquer modalidade, e a exibição cinema-
Art. 59. Quaisquer que sejam as condições do contrato, o tográfica.
editor é obrigado a facultar ao autor o exame da escritura- § 3° Consideram-se locais de freqüência coletiva os teatros,
ção na parte que lhe corresponde, bem como a informá-lo cinemas, salões de baile ou concertos, boates, bares, clu-
sobre o estado da edição. bes ou associações de qualquer natureza, lojas, estabele-
Art. 60. Ao editor compete fixar o preço da venda, sem, cimentos comerciais e industriais, estádios, circos, feiras,
todavia, poder elevá-lo a ponto de embaraçar a circulação restaurantes, hotéis, motéis, clínicas, hospitais, órgãos pú-
da obra. blicos da administração direta ou indireta, fundacionais e
Art. 61. O editor será obrigado a prestar contas mensais ao estatais, meios de transporte de passageiros terrestre, marí-
autor sempre que a retribuição deste estiver condicionada à timo, fluvial ou aéreo, ou onde quer que se representem,
venda da obra, salvo se prazo diferente houver sido con- executem ou transmitam obras literárias, artísticas ou cientí-
vencionado. ficas.
Art. 62. A obra deverá ser editada em dois anos da celebra- § 4° Previamente à realização da execução pública, o em-
ção do contrato, salvo prazo diverso estipulado em conven- presário deverá apresentar ao escritório central, previsto no
ção. art. 99, a comprovação dos recolhimentos relativos aos
direitos autorais.
Parágrafo único. Não havendo edição da obra no prazo
legal ou contratual, poderá ser rescindido o contrato, res- § 5° Quando a remuneração depender da freqüência do
pondendo o editor por danos causados. público, poderá o empresário, por convênio com o escritório
central, pagar o preço após a realização da execução públi-
Art. 63. Enquanto não se esgotarem as edições a que tiver
ca.
direito o editor, não poderá o autor dispor de sua obra, ca-
bendo ao editor o ônus da prova. § 6° O empresário entregará ao escritório central, imediata-
mente após a execução pública ou transmissão, relação
§ 1° Na vigência do contrato de edição, assiste ao editor o
completa das obras e fonogramas utilizados, indicando os
direito de exigir que se retire de circulação edição da mes-
nomes dos respectivos autores, artistas e produtores.
ma obra feita por outrem.
§ 7° As empresas cinematográficas e de radiodifusão man-
§ 2° Considera-se esgotada a edição quando restarem em
terão à imediata disposição dos interessados, cópia autênti-
estoque, em poder do editor, exemplares em número inferior
ca dos contratos, ajustes ou acordos, individuais ou coleti-
a dez por cento do total da edição.
vos, autorizando e disciplinando a remuneração por execu-
Art. 64. Somente decorrido um ano de lançamento da edi-
ção pública das obras musicais e fonogramas contidas em
ção, o editor poderá vender, como saldo, os exemplares seus programas ou obras audiovisuais.
restantes, desde que o autor seja notificado de que, no pra-
Art. 69. O autor, observados os usos locais, notificará o
zo de trinta dias, terá prioridade na aquisição dos referidos
empresário do prazo para a representação ou execução,
exemplares pelo preço de saldo.
salvo prévia estipulação convencional.
Art. 65. Esgotada a edição, e o editor, com direito a outra,
Art. 70. Ao autor assiste o direito de opor-se à representa-
não a publicar, poderá o autor notificá-lo a que o faça em
ção ou execução que não seja suficientemente ensaiada,
certo prazo, sob pena de perder aquele direito, além de
bem como fiscalizá-la, tendo, para isso, livre acesso durante
responder por danos.
as representações ou execuções, no local onde se realizam.
Art. 66. O autor tem o direito de fazer, nas edições sucessi-
Art. 71. O autor da obra não pode alterar-lhe a substância,
vas de suas obras, as emendas e alterações que bem lhe
sem acordo com o empresário que a faz representar.
aprouver.
Art. 72. O empresário, sem licença do autor, não pode en-
Parágrafo único. O editor poderá opor-se às alterações
tregar a obra a pessoa estranha à representação ou à exe-
que lhe prejudiquem os interesses, ofendam sua reputação
cução.
ou aumentem sua responsabilidade.
Art. 73. Os principais intérpretes e os diretores de orques-
Art. 67. Se, em virtude de sua natureza, for imprescindível a
tras ou coro, escolhidos de comum acordo pelo autor e pelo
atualização da obra em novas edições, o editor, negando-se
produtor, não podem ser substituídos por ordem deste, sem
o autor a fazê-la, dela poderá encarregar outrem, mencio-
que aquele consinta.
nando o fato na edição.
Art. 74. O autor de obra teatral, ao autorizar a sua tradução
CAPÍTULO II DA COMUNICAÇÃO AO PÚBLICO
ou adaptação, poderá fixar prazo para utilização dela em
Art. 68. Sem prévia e expressa autorização do autor ou representações públicas.
titular, não poderão ser utilizadas obras teatrais, composi- Parágrafo único. Após o decurso do prazo a que se refere
este artigo, não poderá opor-se o tradutor ou adaptador à

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
Lemos & Cruz – Livraria e Editora
utilização de outra tradução ou adaptação autorizada, salvo que terceiro o substitua, resguardados os direitos que adqui-
se for cópia da sua. riu quanto à parte já executada.
Art. 75. Autorizada a representação de obra teatral feita em Art. 84. Caso a remuneração dos co-autores da obra audio-
co-autoria, não poderá qualquer dos co-autores revogar a visual dependa dos rendimentos de sua utilização econômi-
autorização dada, provocando a suspensão da temporada ca, o produtor lhes prestará contas semestralmente, se
contratualmente ajustada. outro prazo não houver sido pactuado.
Art. 76. É impenhorável a parte do produto dos espetáculos Art. 85. Não havendo disposição em contrário, poderão os
reservada ao autor e aos artistas. co-autores da obra audiovisual utilizar-se, em gênero diver-
CAPÍTULO III DA UTILIZAÇÃO DA OBRA DE ARTE PLÁSTICA so, da parte que constitua sua contribuição pessoal.
Art. 77. Salvo convenção em contrário, o autor de obra de Parágrafo único. Se o produtor não concluir a obra audio-
arte plástica, ao alienar o objeto em que ela se materializa, visual no prazo ajustado ou não iniciar sua exploração den-
transmite o direito de expô-la, mas não transmite ao adqui- tro de dois anos, a contar de sua conclusão, a utilização a
rente o direito de reproduzi-la. que se refere este artigo será livre.
Art. 78. A autorização para reproduzir obra de arte plástica, Art. 86. Os direitos autorais de execução musical relativos a
por qualquer processo, deve se fazer por escrito e se pre- obras musicais, lítero-musicais e fonogramas incluídos em
sume onerosa. obras audiovisuais serão devidos aos seus titulares pelos
CAPÍTULO IV DA UTILIZAÇÃO DA OBRA FOTOGRÁFICA responsáveis dos locais ou estabelecimentos a que alude o
§ 3º do art. 68 desta Lei, que as exibirem, ou pelas emisso-
Art. 79. O autor de obra fotográfica tem direito a reproduzi- ras de televisão que as transmitirem.
la e colocá-la à venda, observadas as restrições à exposi- CAPÍTULO VII DA UTILIZAÇÃO DE BASES DE DADOS
ção, reprodução e venda de retratos, e sem prejuízo dos
direitos de autor sobre a obra fotografada, se de artes plás- Art. 87. O titular do direito patrimonial sobre uma base de
ticas protegidas. dados terá o direito exclusivo, a respeito da forma de ex-
§ 1° A fotografia, quando utilizada por terceiros, indicará de pressão da estrutura da referida base, de autorizar ou proi-
forma legível o nome do seu autor. bir:
§ 2° É vedada a reprodução de obra fotográfica que não I - sua reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou
esteja em absoluta consonância com o original, salvo prévia processo;
autorização do autor. II - sua tradução, adaptação, reordenação ou qualquer outra
CAPÍTULO V DA UTILIZAÇÃO DE FONOGRAMA modificação;
III - a distribuição do original ou cópias da base de dados ou
Art. 80. Ao publicar o fonograma, o produtor mencionará em
a sua comunicação ao público;
cada exemplar:
IV - a reprodução, distribuição ou comunicação ao público
I - o título da obra incluída e seu autor;
dos resultados das operações mencionadas no inciso II
II - o nome ou pseudônimo do intérprete; deste artigo.
III - o ano de publicação; CAPÍTULO VIII DA UTILIZAÇÃO DA OBRA COLETIVA
IV - o seu nome ou marca que o identifique.
Art. 88. Ao publicar a obra coletiva, o organizador mencio-
CAPÍTULO VI DA UTILIZAÇÃO DA OBRA AUDIOVISUAL
nará em cada exemplar:
Art. 81. A autorização do autor e do intérprete de obra literá- I - o título da obra;
ria, artística ou científica para produção audiovisual implica, II - a relação de todos os participantes, em ordem alfabética,
salvo disposição em contrário, consentimento para sua utili- se outra não houver sido convencionada;
zação econômica.
III - o ano de publicação;
§ 1° A exclusividade da autorização depende de cláusula
IV - o seu nome ou marca que o identifique.
expressa e cessa dez anos após a celebração do contrato.
Parágrafo único. Para valer-se do disposto no § 1° do art.
§ 2° Em cada cópia da obra audiovisual, mencionará o pro-
17, deverá o participante notificar o organizador, por escrito,
dutor:
até a entrega de sua participação.
I - o título da obra audiovisual;
TÍTULO V DOS DIREITOS CONEXOS
II - os nomes ou pseudônimos do diretor e dos demais co-
autores; CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
III - o título da obra adaptada e seu autor, se for o caso; Art. 89. As normas relativas aos direitos de autor aplicam-
IV - os artistas intérpretes; se, no que couber, aos direitos dos artistas intérpretes ou
V - o ano de publicação; executantes, dos produtores fonográficos e das empresas
de radiodifusão.
VI - o seu nome ou marca que o identifique.
Parágrafo único. A proteção desta Lei aos direitos previs-
Art. 82. O contrato de produção audiovisual deve estabele-
tos neste artigo deixa intactas e não afeta as garantias as-
cer:
seguradas aos autores das obras literárias, artísticas ou
I - a remuneração devida pelo produtor aos co-autores da
científicas.
obra e aos artistas intérpretes e executantes, bem como o
CAPÍTULO II DOS DIREITOS DOS ARTISTAS INTÉRPRETES OU
tempo, lugar e forma de pagamento;
EXECUTANTES
II - o prazo de conclusão da obra;
III - a responsabilidade do produtor para com os co-autores, Art. 90. Tem o artista intérprete ou executante o direito ex-
artistas intérpretes ou executantes, no caso de co-produção. clusivo de, a título oneroso ou gratuito, autorizar ou proibir:
Art. 83. O participante da produção da obra audiovisual que I - a fixação de suas interpretações ou execuções;
interromper, temporária ou definitivamente, sua atuação, II - a reprodução, a execução pública e a locação das suas
não poderá opor-se a que esta seja utilizada na obra nem a interpretações ou execuções fixadas;

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Lemos & Cruz – Livraria e Editora
III - a radiodifusão das suas interpretações ou execuções, as emissões das empresas de radiodifusão; e à execução e
fixadas ou não; representação pública, para os demais casos.
IV - a colocação à disposição do público de suas interpreta- TÍTULO VI DAS ASSOCIAÇÕES DE TITULARES DE DI-
ções ou execuções, de maneira que qualquer pessoa a elas REITOS DE AUTOR E DOS QUE LHES SÃO CONEXOS
possa ter acesso, no tempo e no lugar que individualmente Art. 97. Para o exercício e defesa de seus direitos, podem
escolherem; os autores e os titulares de direitos conexos associar-se
V - qualquer outra modalidade de utilização de suas inter- sem intuito de lucro.
pretações ou execuções. § 1° É vedado pertencer a mais de uma associação para a
§ 1° Quando na interpretação ou na execução participarem gestão coletiva de direitos da mesma natureza.
vários artistas, seus direitos serão exercidos pelo diretor do § 2° Pode o titular transferir-se, a qualquer momento, para
conjunto. outra associação, devendo comunicar o fato, por escrito, à
§ 2° A proteção aos artistas intérpretes ou executantes es- associação de origem.
tende-se à reprodução da voz e imagem, quando associa- § 3° As associações com sede no exterior far-se-ão repre-
das às suas atuações. sentar, no País, por associações nacionais constituídas na
Art. 91. As empresas de radiodifusão poderão realizar fixa- forma prevista nesta Lei.
ções de interpretação ou execução de artistas que as te- Art. 98. Com o ato de filiação, as associações tornam-se
nham permitido para utilização em determinado número de mandatárias de seus associados para a prática de todos os
emissões, facultada sua conservação em arquivo público. atos necessários à defesa judicial ou extrajudicial de seus
Parágrafo único. A reutilização subseqüente da fixação, no direitos autorais, bem como para sua cobrança.
País ou no exterior, somente será lícita mediante autoriza- Parágrafo único. Os titulares de direitos autorais poderão
ção escrita dos titulares de bens intelectuais incluídos no praticar, pessoalmente, os atos referidos neste artigo, medi-
programa, devida uma remuneração adicional aos titulares ante comunicação prévia à associação a que estiverem
para cada nova utilização. filiados.
Art. 92. Aos intérpretes cabem os direitos morais de integri- Art. 99. As associações manterão um único escritório cen-
dade e paternidade de suas interpretações, inclusive depois tral para a arrecadação e distribuição, em comum, dos direi-
da cessão dos direitos patrimoniais, sem prejuízo da redu- tos relativos à execução pública das obras musicais e lítero-
ção, compactação, edição ou dublagem da obra de que musicais e de fonogramas, inclusive por meio da radiodifu-
tenham participado, sob a responsabilidade do produtor, são e transmissão por qualquer modalidade, e da exibição
que não poderá desfigurar a interpretação do artista. de obras audiovisuais.
Parágrafo único. O falecimento de qualquer participante de § 1° O escritório central organizado na forma prevista neste
obra audiovisual, concluída ou não, não obsta sua exibição artigo não terá finalidade de lucro e será dirigido e adminis-
e aproveitamento econômico, nem exige autorização adicio- trado pelas associações que o integrem.
nal, sendo a remuneração prevista para o falecido, nos ter- § 2° O escritório central e as associações a que se refere
mos do contrato e da lei, efetuada a favor do espólio ou dos este Título atuarão em juízo e fora dele em seus próprios
sucessores. nomes como substitutos processuais dos titulares a eles
CAPÍTULO III DOS DIREITOS DOS PRODUTORES FONOGRÁFICOS vinculados.
Art. 93. O produtor de fonogramas tem o direito exclusivo § 3° O recolhimento de quaisquer valores pelo escritório
de, a título oneroso ou gratuito, autorizar-lhes ou proibir- central somente se fará por depósito bancário.
lhes: § 4° O escritório central poderá manter fiscais, aos quais é
I - a reprodução direta ou indireta, total ou parcial; vedado receber do empresário numerário a qualquer título.
II - a distribuição por meio da venda ou locação de exempla- § 5° A inobservância da norma do parágrafo anterior tornará
res da reprodução; o faltoso inabilitado à função de fiscal, sem prejuízo das
III - a comunicação ao público por meio da execução públi- sanções civis e penais cabíveis.
ca, inclusive pela radiodifusão; Art. 100. O sindicato ou associação profissional que con-
IV - (VETADO). gregue não menos de um terço dos filiados de uma associ-
V - quaisquer outras modalidades de utilização, existentes ação autoral poderá, uma vez por ano, após notificação,
ou que venham a ser inventadas. com oito dias de antecedência, fiscalizar, por intermédio de
Art. 94. Cabe ao produtor fonográfico perceber dos usuários auditor, a exatidão das contas prestadas a seus representa-
a que se refere o art. 68, e parágrafos, desta Lei os proven- dos.
tos pecuniários resultantes da execução pública dos fono- TÍTULO VII DAS SANÇÕES ÀS VIOLAÇÕES DOS DIREI-
gramas e reparti-los com os artistas, na forma convenciona- TOS AUTORAIS
da entre eles ou suas associações. CAPÍTULO I DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
CAPÍTULO IV DOS DIREITOS DAS EMPRESAS DE RADIODIFUSÃO
Art. 101. As sanções civis de que trata este Capítulo apli-
Art. 95. Cabe às empresas de radiodifusão o direito exclusi- cam-se sem prejuízo das penas cabíveis.
vo de autorizar ou proibir a retransmissão, fixação e repro- CAPÍTULO II DAS SANÇÕES CIVIS
dução de suas emissões, bem como a comunicação ao
Art. 102. O titular cuja obra seja fraudulentamente reprodu-
público, pela televisão, em locais de freqüência coletiva,
zida, divulgada ou de qualquer forma utilizada, poderá re-
sem prejuízo dos direitos dos titulares de bens intelectuais
querer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a sus-
incluídos na programação.
pensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível.
CAPÍTULO V DA DURAÇÃO DOS DIREITOS CONEXOS
Art. 103. Quem editar obra literária, artística ou científica,
Art. 96. É de setenta anos o prazo de proteção aos direitos sem autorização do titular, perderá para este os exemplares
conexos, contados a partir de 1° de janeiro do ano subse-
qüente à fixação, para os fonogramas; à transmissão, para

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que se apreenderem e pagar-lhe-á o preço dos que tiver vezes consecutivas em jornal de grande circulação, dos
vendido. domicílios do autor, do intérprete e do editor ou produtor;
Parágrafo único. Não se conhecendo o número de exem- III - tratando-se de outra forma de utilização, por intermédio
plares que constituem a edição fraudulenta, pagará o trans- da imprensa, na forma a que se refere o inciso anterior.
gressor o valor de três mil exemplares, além dos apreendi- Art. 109. A execução pública feita em desacordo com os
dos. arts. 68, 97, 98 e 99 desta Lei sujeitará os responsáveis a
Art. 104. Quem vender, expuser a venda, ocultar, adquirir, multa de vinte vezes o valor que deveria ser originariamente
distribuir, tiver em depósito ou utilizar obra ou fonograma pago.
reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter Art. 110. Pela violação de direitos autorais nos espetáculos
ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si e audições públicas, realizados nos locais ou estabeleci-
ou para outrem, será solidariamente responsável com o mentos a que alude o art. 68, seus proprietários, diretores,
contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respon- gerentes, empresários e arrendatários respondem solidari-
dendo como contrafatores o importador e o distribuidor em amente com os organizadores dos espetáculos.
caso de reprodução no exterior. CAPÍTULO III DA PRESCRIÇÃO DA AÇÃO
Art. 105. A transmissão e a retransmissão, por qualquer Art. 111. (VETADO).
meio ou processo, e a comunicação ao público de obras
artísticas, literárias e científicas, de interpretações e de fo- TÍTULO VIII DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
nogramas, realizadas mediante violação aos direitos de Art. 112. Se uma obra, em conseqüência de ter expirado o
seus titulares, deverão ser imediatamente suspensas ou prazo de proteção que lhe era anteriormente reconhecido
interrompidas pela autoridade judicial competente, sem pelo § 2º do art. 42 da Lei nº. 5.988, de 14 de dezembro de
prejuízo da multa diária pelo descumprimento e das demais 1973, caiu no domínio público, não terá o prazo de proteção
indenizações cabíveis, independentemente das sanções dos direitos patrimoniais ampliado por força do art. 41 desta
penais aplicáveis; caso se comprove que o infrator é reinci- Lei.
dente na violação aos direitos dos titulares de direitos de Art. 113. Os fonogramas, os livros e as obras audiovisuais
autor e conexos, o valor da multa poderá ser aumentado até sujeitar-se-ão a selos ou sinais de identificação sob a res-
o dobro. ponsabilidade do produtor, distribuidor ou importador, sem
Art. 106. A sentença condenatória poderá determinar a ônus para o consumidor, com o fim de atestar o cumprimen-
destruição de todos os exemplares ilícitos, bem como as to das normas legais vigentes, conforme dispuser o regula-
matrizes, moldes, negativos e demais elementos utilizados mento. (Regulamento)
para praticar o ilícito civil, assim como a perda de máquinas, Art. 114. Esta Lei entra em vigor cento e vinte dias após sua
equipamentos e insumos destinados a tal fim ou, servindo publicação.
eles unicamente para o fim ilícito, sua destruição. Art. 115. Ficam revogados os arts. 649 a 673 e 1346 a 1362
Art. 107. Independentemente da perda dos equipamentos do Código Civil e as Leis n°s 4.944, de 6 de abril de 1966;
utilizados, responderá por perdas e danos, nunca inferiores 5.988, de 14 de dezembro de 1973, excetuando-se o art. 17
ao valor que resultaria da aplicação do disposto no art. 103 e seus §§ 1º e 2º; 6.800, de 25 de junho de 1980; 7.123, de
e seu parágrafo único, quem: 12 de setembro de 1983; 9.045, de 18 de maio de 1995, e
I - alterar, suprimir, modificar ou inutilizar, de qualquer ma- demais disposições em contrário, mantidos em vigor as Leis
neira, dispositivos técnicos introduzidos nos exemplares das nºs 6.533, de 24 de maio de 1978 e 6.615, de 16 de dezem-
obras e produções protegidas para evitar ou restringir sua bro de 1978. (Legislação sobre direitos autorais).
cópia; Brasília, 19 de fevereiro de 1998; 177° da Independência e
II - alterar, suprimir ou inutilizar, de qualquer maneira, os 110° da República.
sinais codificados destinados a restringir a comunicação ao FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
público de obras, produções ou emissões protegidas ou a
evitar a sua cópia;
LEI N° 9.613, DE 3 DE MARÇO DE 1998
III - suprimir ou alterar, sem autorização, qualquer informa-
ção sobre a gestão de direitos;
IV - distribuir, importar para distribuição, emitir, comunicar Dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação de
ou puser à disposição do público, sem autorização, obras, bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do
interpretações ou execuções, exemplares de interpretações sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei;
fixadas em fonogramas e emissões, sabendo que a infor- cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras -
mação sobre a gestão de direitos, sinais codificados e dis- COAF, e dá outras providências.
positivos técnicos foram suprimidos ou alterados sem auto- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
rização. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 108. Quem, na utilização, por qualquer modalidade, de
obra intelectual, deixar de indicar ou de anunciar, como tal, CAPÍTULO I DOS CRIMES DE “LAVAGEM” OU OCULTAÇÃO DE
o nome, pseudônimo ou sinal convencional do autor e do BENS, DIREITOS E VALORES
intérprete, além de responder por danos morais, está obri- Art. 1° Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localiza-
gado a divulgar-lhes a identidade da seguinte forma: ção, disposição, movimentação ou propriedade de bens,
I - tratando-se de empresa de radiodifusão, no mesmo horá- direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de
rio em que tiver ocorrido a infração, por três dias consecuti- crime:
vos; I - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas
II - tratando-se de publicação gráfica ou fonográfica, medi- afins;
ante inclusão de errata nos exemplares ainda não distribuí- II - de terrorismo e seu financiamento; (Redação dada pela
dos, sem prejuízo de comunicação, com destaque, por três Lei n° 10.701, de 9.7.2003).

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III - de contrabando ou tráfico de armas, munições ou mate- § 2° No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica
rial destinado à sua produção; o disposto no art. 366 do Código de Processo Penal.
IV - de extorsão mediante seqüestro; Art. 3° Os crimes disciplinados nesta Lei são insuscetíveis
V - contra a Administração Pública, inclusive a exigência, de fiança e liberdade provisória e, em caso de sentença
para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu
vantagem, como condição ou preço para a prática ou omis- poderá apelar em liberdade.
são de atos administrativos; Art. 4° O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Públi-
VI - contra o sistema financeiro nacional; co, ou representação da autoridade policial, ouvido o Minis-
VII - praticado por organização criminosa. tério Público em vinte e quatro horas, havendo indícios sufi-
VIII - praticado por particular contra a administração pública cientes, poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação
estrangeira (arts. 337-B, 337-C e 337-D do Decreto-Lei nº penal, a apreensão ou o seqüestro de bens, direitos ou
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal). (Incluído valores do acusado, ou existentes em seu nome, objeto dos
pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002). crimes previstos nesta Lei, procedendo-se na forma dos
Pena - reclusão de três a dez anos e multa. arts. 125 a 144 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
1941 - Código de Processo Penal.
§ 1° Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimu-
lar a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de § 1° As medidas assecuratórias previstas neste artigo serão
qualquer dos crimes antecedentes referidos neste artigo: levantadas se a ação penal não for iniciada no prazo de
cento e vinte dias, contados da data em que ficar concluída
I - os converte em ativos lícitos;
a diligência.
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em
§ 2° O juiz determinará a liberação dos bens, direitos e valo-
garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere;
res apreendidos ou seqüestrados quando comprovada a
III - importa ou exporta bens com valores não corresponden- licitude de sua origem.
tes aos verdadeiros.
§ 3° Nenhum pedido de restituição será conhecido sem o
§ 2° Incorre, ainda, na mesma pena quem: comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz de-
I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direi- terminar a prática de atos necessários à conservação de
tos ou valores que sabe serem provenientes de qualquer bens, direitos ou valores, nos casos do art. 366 do Código
dos crimes antecedentes referidos neste artigo; de Processo Penal.
II - participa de grupo, associação ou escritório tendo co- § 4° A ordem de prisão de pessoas ou da apreensão ou
nhecimento de que sua atividade principal ou secundária é seqüestro de bens, direitos ou valores, poderá ser suspensa
dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei. pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua execu-
§ 3° A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do ção imediata possa comprometer as investigações.
art. 14 do Código Penal. Art. 5° Quando as circunstâncias o aconselharem, o juiz,
§ 4° A pena será aumentada de 1 (um) a 2/3 (dois terços), ouvido o Ministério Público, nomeará pessoa qualificada
nos casos previstos nos incisos I a VI do caput deste artigo, para a administração dos bens, direitos ou valores apreen-
se o crime for cometido de forma habitual ou por intermédio didos ou seqüestrados, mediante termo de compromisso.
de organização criminosa. Art. 6° O administrador dos bens:
§ 5° A pena será reduzida de um a dois terços e começará I - fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que será
a ser cumprida em regime aberto, podendo o juiz deixar de satisfeita com o produto dos bens objeto da administração;
aplicá-la ou substituí-la por pena restritiva de direitos, se o II - prestará, por determinação judicial, informações periódi-
autor, co-autor ou partícipe colaborar espontaneamente com cas da situação dos bens sob sua administração, bem como
as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à explicações e detalhamentos sobre investimentos e reinves-
apuração das infrações penais e de sua autoria ou à locali- timentos realizados.
zação dos bens, direitos ou valores objeto do crime.
Parágrafo único. Os atos relativos à administração dos
CAPÍTULO II DISPOSIÇÕES PROCESSUAIS ESPECIAIS
bens apreendidos ou seqüestrados serão levados ao co-
Art. 2° O processo e julgamento dos crimes previstos nesta nhecimento do Ministério Público, que requererá o que en-
Lei: tender cabível.
I - obedecem às disposições relativas ao procedimento co- CAPÍTULO III DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
mum dos crimes punidos com reclusão, da competência do Art. 7° São efeitos da condenação, além dos previstos no
juiz singular; Código Penal:
II - independem do processo e julgamento dos crimes ante- I - a perda, em favor da União, dos bens, direitos e valores
cedentes referidos no artigo anterior, ainda que praticados objeto de crime previsto nesta Lei, ressalvado o direito do
em outro país; lesado ou de terceiro de boa-fé;
III - são da competência da Justiça Federal: II - a interdição do exercício de cargo ou função pública de
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem qualquer natureza e de diretor, de membro de conselho de
econômico-financeira, ou em detrimento de bens, serviços administração ou de gerência das pessoas jurídicas referi-
ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas das no art. 9º, pelo dobro do tempo da pena privativa de
ou empresas públicas; liberdade aplicada.
b) quando o crime antecedente for de competência da Justi- CAPÍTULO IV DOS BENS, DIREITOS OU VALORES ORIUNDOS DE
ça Federal. CRIMES PRATICADOS NO ESTRANGEIRO
§ 1° A denúncia será instruída com indícios suficientes da
Art. 8° O juiz determinará, na hipótese de existência de
existência do crime antecedente, sendo puníveis os fatos
tratado ou convenção internacional e por solicitação de
previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de
autoridade estrangeira competente, a apreensão ou o se-
pena o autor daquele crime.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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qüestro de bens, direitos ou valores oriundos de crimes I - identificarão seus clientes e manterão cadastro atualiza-
descritos no art. 1º, praticados no estrangeiro. do, nos termos de instruções emanadas das autoridades
§ 1° Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente competentes;
de tratado ou convenção internacional, quando o governo II - manterão registro de toda transação em moeda nacional
do país da autoridade solicitante prometer reciprocidade ao ou estrangeira, títulos e valores mobiliários, títulos de crédi-
Brasil. to, metais, ou qualquer ativo passível de ser convertido em
§ 2° Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou dinheiro, que ultrapassar limite fixado pela autoridade com-
valores apreendidos ou seqüestrados por solicitação de petente e nos termos de instruções por esta expedidas;
autoridade estrangeira competente ou os recursos proveni- III - deverão atender, no prazo fixado pelo órgão judicial
entes da sua alienação serão repartidos entre o Estado competente, as requisições formuladas pelo Conselho cria-
requerente e o Brasil, na proporção de metade, ressalvado do pelo art. 14, que se processarão em segredo de justiça.
o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé. § 1° Na hipótese de o cliente constituir-se em pessoa jurídi-
CAPÍTULO V DAS PESSOAS SUJEITAS À LEI ca, a identificação referida no inciso I deste artigo deverá
Art. 9° Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e abranger as pessoas físicas autorizadas a representá-la,
11 as pessoas jurídicas que tenham, em caráter permanen- bem como seus proprietários.
te ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumu- § 2° Os cadastros e registros referidos nos incisos I e II
lativamente ou não: deste artigo deverão ser conservados durante o período
I - a captação, intermediação e aplicação de recursos finan- mínimo de cinco anos a partir do encerramento da conta ou
ceiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira; da conclusão da transação, prazo este que poderá ser am-
II - a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como pliado pela autoridade competente.
ativo financeiro ou instrumento cambial; § 3° O registro referido no inciso II deste artigo será efetua-
III - a custódia, emissão, distribuição, liqüidação, negocia- do também quando a pessoa física ou jurídica, seus entes
ção, intermediação ou administração de títulos ou valores ligados, houver realizado, em um mesmo mês-calendário,
mobiliários. operações com uma mesma pessoa, conglomerado ou gru-
po que, em seu conjunto, ultrapassem o limite fixado pela
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:
autoridade competente.
I - as bolsas de valores e bolsas de mercadorias ou futuros;
Art. 10-A. O Banco Central manterá registro centralizado
II - as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades formando o cadastro geral de correntistas e clientes de insti-
de previdência complementar ou de capitalização; tuições financeiras, bem como de seus procuradores. (artigo
III - as administradoras de cartões de credenciamento ou acrescido pela Lei n° 10.701, de 9.7.2003).
cartões de crédito, bem como as administradoras de con- CAPÍTULO VII DA COMUNICAÇÃO DE OPERAÇÕES FINANCEIRAS
sórcios para aquisição de bens ou serviços;
IV - as administradoras ou empresas que se utilizem de Art. 11. As pessoas referidas no art. 9°:
cartão ou qualquer outro meio eletrônico, magnético ou I - dispensarão especial atenção às operações que, nos
equivalente, que permita a transferência de fundos; termos de instruções emanadas das autoridades competen-
V - as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as tes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes
de fomento comercial (factoring); previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se;
VI - as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou II - deverão comunicar, abstendo-se de dar aos clientes
quaisquer bens móveis, imóveis, mercadorias, serviços, ou, ciência de tal ato, no prazo de vinte e quatro horas, às auto-
ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante ridades competentes:
sorteio ou método assemelhado; a) todas as transações constantes do inciso II do art. 10 que
VII - as filiais ou representações de entes estrangeiros que ultrapassarem limite fixado, para esse fim, pela mesma
exerçam no Brasil qualquer das atividades listadas neste autoridade e na forma e condições por ela estabelecidas,
artigo, ainda que de forma eventual; devendo ser juntada a identificação a que se refere o inciso
I do mesmo artigo. (Redação dada pela Lei n° 10.701, de
VIII - as demais entidades cujo funcionamento dependa de
9.7.2003).
autorização de órgão regulador dos mercados financeiro, de
câmbio, de capitais e de seguros; b) a proposta ou a realização de transação prevista no inci-
so I deste artigo.
IX - as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangei-
ras, que operem no Brasil como agentes, dirigentes, procu- § 1° As autoridades competentes, nas instruções referidas
radoras, comissionárias ou por qualquer forma representem no inciso I deste artigo, elaborarão relação de operações
interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das que, por suas características, no que se refere às partes
atividades referidas neste artigo; envolvidas, valores, forma de realização, instrumentos utili-
zados, ou pela falta de fundamento econômico ou legal,
X - as pessoas jurídicas que exerçam atividades de promo-
possam configurar a hipótese nele prevista.
ção imobiliária ou compra e venda de imóveis;
§ 2° As comunicações de boa-fé, feitas na forma prevista
XI - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias,
neste artigo, não acarretarão responsabilidade civil ou ad-
pedras e metais preciosos, objetos de arte e antigüidades.
ministrativa.
XII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem
§ 3° As pessoas para as quais não exista órgão próprio
bens de luxo ou de alto valor ou exerçam atividades que
fiscalizador ou regulador farão as comunicações menciona-
envolvam grande volume de recursos em espécie. (Incluído
das neste artigo ao Conselho de Controle das Atividades
pela Lei n° 10.701, de 9.7.2003).
Financeiras - COAF e na forma por ele estabelecida.
CAPÍTULO VI DA IDENTIFICAÇÃO DOS CLIENTES E MANUTEN-
CAPÍTULO VIII DA RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
ÇÃO DE REGISTROS
Art. 12. Às pessoas referidas no art. 9°, bem como aos
Art. 10. As pessoas referidas no art. 9°:
administradores das pessoas jurídicas, que deixem de cum-

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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prir as obrigações previstas nos arts. 10 e 11 serão aplica- fundados indícios de sua prática, ou de qualquer outro ilíci-
das, cumulativamente ou não, pelas autoridades competen- to.
tes, as seguintes sanções: Art. 16. O COAF será composto por servidores públicos de
I - advertência; reputação ilibada e reconhecida competência, designados
II - multa pecuniária variável, de um por cento até o dobro em ato do Ministro de Estado da Fazenda, dentre os inte-
do valor da operação, ou até duzentos por cento do lucro grantes do quadro de pessoal efetivo do Banco Central do
obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização Brasil, da Comissão de Valores Mobiliários, da Superinten-
da operação, ou, ainda, multa de até R$ 200.000,00 (duzen- dência de Seguros Privados, da Procuradoria-Geral da Fa-
tos mil reais); zenda Nacional, da Secretaria da Receita Federal, de órgão
III - inabilitação temporária, pelo prazo de até dez anos, de inteligência do Poder Executivo, do Departamento de
para o exercício do cargo de administrador das pessoas Polícia Federal e do Ministério das Relações Exteriores,
jurídicas referidas no art. 9º; atendendo, nesses três últimos casos, à indicação dos res-
IV - cassação da autorização para operação ou funciona- pectivos Ministros de Estado.
mento. § 1° O Presidente do Conselho será nomeado pelo Presi-
§ 1° A pena de advertência será aplicada por irregularidade dente da República, por indicação do Ministro de Estado da
no cumprimento das instruções referidas nos incisos I e II do Fazenda.
art. 10. § 2° Das decisões do COAF relativas às aplicações de pe-
§ 2° A multa será aplicada sempre que as pessoas referidas nas administrativas caberá recurso ao Ministro de Estado da
no art. 9°, por negligência ou dolo: Fazenda.
I - deixarem de sanar as irregularidades objeto de advertên- Art. 17. O COAF terá organização e funcionamento defini-
cia, no prazo assinalado pela autoridade competente; dos em estatuto aprovado por decreto do Poder Executivo.
II - não realizarem a identificação ou o registro previstos nos Art. 18. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
incisos I e II do art. 10; Brasília, 3 de março de 1998; 177° da Independência e 110°
III - deixarem de atender, no prazo, a requisição formulada da República.
nos termos do inciso III do art. 10; FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
IV - descumprirem a vedação ou deixarem de fazer a comu-
nicação a que se refere o art. 11. LEI N° 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999
§ 3° A inabilitação temporária será aplicada quando forem
verificadas infrações graves quanto ao cumprimento das Regula o processo administrativo no âmbito da Admi-
obrigações constantes desta Lei ou quando ocorrer reinci- nistração Pública Federal.
dência específica, devidamente caracterizada em transgres- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
sões anteriormente punidas com multa. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
§ 4° A cassação da autorização será aplicada nos casos de
reincidência específica de infrações anteriormente punidas
CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
com a pena prevista no inciso III do caput deste artigo.
Art. 13. O procedimento para a aplicação das sanções pre- Art. 1° Esta Lei estabelece normas básicas sobre o proces-
vistas neste Capítulo será regulado por decreto, assegura- so administrativo no âmbito da Administração Federal direta
dos o contraditório e a ampla defesa. e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
CAPÍTULO IX DO CONSELHO DE CONTROLE DE ATIVIDADES administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Admi-
FINANCEIRAS nistração.
§ 1° Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos
Art. 14. É criado, no âmbito do Ministério da Fazenda, o
dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no
Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF,
desempenho de função administrativa.
com a finalidade de disciplinar, aplicar penas administrati-
vas, receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas § 2° Para os fins desta Lei, consideram-se:
de atividades ilícitas previstas nesta Lei, sem prejuízo da I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da
competência de outros órgãos e entidades. Administração direta e da estrutura da Administração indire-
§ 1° As instruções referidas no art. 10 destinadas às pesso- ta;
as mencionadas no art. 9°, para as quais não exista órgão II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalida-
próprio fiscalizador ou regulador, serão expedidas pelo CO- de jurídica;
AF, competindo-lhe, para esses casos, a definição das pes- III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de
soas abrangidas e a aplicação das sanções enumeradas no poder de decisão.
art. 12. Art. 2° A Administração Pública obedecerá, dentre outros,
§ 2° O COAF deverá, ainda, coordenar e propor mecanis- aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabi-
mos de cooperação e de troca de informações que viabili- lidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, con-
zem ações rápidas e eficientes no combate à ocultação ou traditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
dissimulação de bens, direitos e valores. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão
§ 3°. O COAF poderá requerer aos órgãos da Administração observados, entre outros, os critérios de:
Pública as informações cadastrais bancárias e financeiras I - atuação conforme a lei e o Direito;
de pessoas envolvidas em atividades suspeitas. (parágrafo II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia
acrescido pela Lei n° 10.701, de 9.7.2003). total ou parcial de poderes ou competências, salvo autoriza-
Art. 15. O COAF comunicará às autoridades competentes ção em lei;
para a instauração dos procedimentos cabíveis, quando III - objetividade no atendimento do interesse público, veda-
concluir pela existência de crimes previstos nesta Lei, de da a promoção pessoal de agentes ou autoridades;

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e V - data e assinatura do requerente ou de seu representan-
boa-fé; te.
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imoti-
as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; vada de recebimento de documentos, devendo o servidor
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais
obrigações, restrições e sanções em medida superior àque- falhas.
las estritamente necessárias ao atendimento do interesse Art. 7° Os órgãos e entidades administrativas deverão ela-
público; borar modelos ou formulários padronizados para assuntos
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que que importem pretensões equivalentes.
determinarem a decisão; Art. 8° Quando os pedidos de uma pluralidade de interes-
VIII - observância das formalidades essenciais à garantia sados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão
dos direitos dos administrados; ser formulados em um único requerimento, salvo preceito
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar legal em contrário.
adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direi- CAPÍTULO V DOS INTERESSADOS
tos dos administrados; Art. 9° São legitimados como interessados no processo
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de administrativo:
alegações finais, à produção de provas e à interposição de I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares
recursos, nos processos de que possam resultar sanções e de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direi-
nas situações de litígio; to de representação;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, res- II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos
salvadas as previstas em lei; ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem adotada;
prejuízo da atuação dos interessados; III - as organizações e associações representativas, no to-
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que cante a direitos e interesses coletivos;
melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas
vedada aplicação retroativa de nova interpretação. quanto a direitos ou interesses difusos.
CAPÍTULO II DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo,
Art. 3° O administrado tem os seguintes direitos perante a os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial
Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam asse- em ato normativo próprio.
gurados: CAPÍTULO VI DA COMPETÊNCIA
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos
que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cum- órgãos administrativos a que foi atribuída como própria,
primento de suas obrigações; salvo os casos de delegação e avocação legalmente admiti-
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos dos.
em que tenha a condição de interessado, ter vista dos au- Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se
tos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer não houver impedimento legal, delegar parte da sua compe-
as decisões proferidas; tência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe
III - formular alegações e apresentar documentos antes da sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveni-
decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão ente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social,
competente; econômica, jurídica ou territorial.
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se
quando obrigatória a representação, por força de lei. à delegação de competência dos órgãos colegiados aos
CAPÍTULO III DOS DEVERES DO ADMINISTRADO respectivos presidentes.
Art. 4° São deveres do administrado perante a Administra- Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
ção, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: I - a edição de atos de caráter normativo;
I - expor os fatos conforme a verdade; II - a decisão de recursos administrativos;
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou auto-
III - não agir de modo temerário; ridade.
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e cola- Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser
borar para o esclarecimento dos fatos. publicados no meio oficial.
CAPÍTULO IV DO INÍCIO DO PROCESSO § 1° O ato de delegação especificará as matérias e poderes
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e
Art. 5° O processo administrativo pode iniciar-se de ofício
os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo
ou a pedido de interessado.
conter ressalva de exercício da atribuição delegada.
Art. 6° O requerimento inicial do interessado, salvo casos
§ 2° O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela
em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por
autoridade delegante.
escrito e conter os seguintes dados:
§ 3° As decisões adotadas por delegação devem mencionar
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas
II - identificação do interessado ou de quem o represente;
pelo delegado.
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por moti-
comunicações;
vos relevantes devidamente justificados, a avocação tempo-
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de
seus fundamentos;

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rária de competência atribuída a órgão hierarquicamente Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o pro-
inferior. cesso administrativo determinará a intimação do interessado
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão para ciência de decisão ou a efetivação de diligências.
publicamente os locais das respectivas sedes e, quando § 1° A intimação deverá conter:
conveniente, a unidade fundacional competente em matéria I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade
de interesse especial. administrativa;
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o proces- II - finalidade da intimação;
so administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade III - data, hora e local em que deve comparecer;
de menor grau hierárquico para decidir. IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-
CAPÍTULO VII DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO se representar;
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o V - informação da continuidade do processo independente-
servidor ou autoridade que: mente do seu comparecimento;
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
II - tenha participado ou venha a participar como perito, § 2° A intimação observará a antecedência mínima de três
testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem dias úteis quanto à data de comparecimento.
quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o § 3° A intimação pode ser efetuada por ciência no processo,
terceiro grau; por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o outro meio que assegure a certeza da ciência do interessa-
interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. do.
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedi- § 4° No caso de interessados indeterminados, desconheci-
mento deve comunicar o fato à autoridade competente, dos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetu-
abstendo-se de atuar. ada por meio de publicação oficial.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o im- § 5° As intimações serão nulas quando feitas sem obser-
pedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. vância das prescrições legais, mas o comparecimento do
Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou administrado supre sua falta ou irregularidade.
servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o re-
algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, conhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direi-
companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. to pelo administrado.
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será
ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo. garantido direito de ampla defesa ao interessado.
CAPÍTULO VIII DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo
PROCESSO que resultem para o interessado em imposição de deveres,
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e ativi-
de forma determinada senão quando a lei expressamente a dades e os atos de outra natureza, de seu interesse.
exigir. CAPÍTULO X DA INSTRUÇÃO
§ 1° Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e
em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a comprovar os dados necessários à tomada de decisão reali-
assinatura da autoridade responsável. zam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsá-
§ 2° Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma so- vel pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados
mente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. de propor atuações probatórias.
§ 3° A autenticação de documentos exigidos em cópia po- § 1° O órgão competente para a instrução fará constar dos
derá ser feita pelo órgão administrativo. autos os dados necessários à decisão do processo.
§ 4° O processo deverá ter suas páginas numeradas se- § 2° Os atos de instrução que exijam a atuação dos interes-
qüencialmente e rubricadas. sados devem realizar-se do modo menos oneroso para
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias estes.
úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as
qual tramitar o processo. provas obtidas por meios ilícitos.
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário nor- Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de
mal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso interesse geral, o órgão competente poderá, mediante des-
regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou à pacho motivado, abrir período de consulta pública para ma-
Administração. nifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não
Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão houver prejuízo para a parte interessada.
ou autoridade responsável pelo processo e dos administra- § 1° A abertura da consulta pública será objeto de divulga-
dos que dele participem devem ser praticados no prazo de ção pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou
cinco dias, salvo motivo de força maior. jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser oferecimento de alegações escritas.
dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação. § 2° O comparecimento à consulta pública não confere, por
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferenci- si, a condição de interessado do processo, mas confere o
almente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se direito de obter da Administração resposta fundamentada,
outro for o local de realização. que poderá ser comum a todas as alegações substancial-
CAPÍTULO IX DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS mente iguais.

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Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, o órgão responsável pela instrução deverá solicitar laudo
diante da relevância da questão, poderá ser realizada audi- técnico de outro órgão dotado de qualificação e capacidade
ência pública para debates sobre a matéria do processo. técnica equivalentes.
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito
relevante, poderão estabelecer outros meios de participação de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se
de administrados, diretamente ou por meio de organizações outro prazo for legalmente fixado.
e associações legalmente reconhecidas. Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de poderá motivadamente adotar providências acauteladoras
outros meios de participação de administrados deverão ser sem a prévia manifestação do interessado.
apresentados com a indicação do procedimento adotado. Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a au- obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e docu-
diência de outros órgãos ou entidades administrativas pode- mentos que o integram, ressalvados os dados e documen-
rá ser realizada em reunião conjunta, com a participação de tos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à priva-
titulares ou representantes dos órgãos competentes, lavran- cidade, à honra e à imagem.
do-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos. Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha emitir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido
alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão compe- inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará
tente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. proposta de decisão, objetivamente justificada, encami-
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados nhando o processo à autoridade competente.
estão registrados em documentos existentes na própria CAPÍTULO XI DO DEVER DE DECIDIR
Administração responsável pelo processo ou em outro ór- Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente
gão administrativo, o órgão competente para a instrução emitir decisão nos processos administrativos e sobre solici-
proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das res- tações ou reclamações, em matéria de sua competência.
pectivas cópias. Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir,
tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, reque- salvo prorrogação por igual período expressamente motiva-
rer diligências e perícias, bem como aduzir alegações refe- da.
rentes à matéria objeto do processo. CAPÍTULO XII DA MOTIVAÇÃO
§ 1° Os elementos probatórios deverão ser considerados na
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
motivação do relatório e da decisão.
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
§ 2° Somente poderão ser recusadas, mediante decisão
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
fundamentada, as provas propostas pelos interessados
quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
protelatórias. III - decidam processos administrativos de concurso ou se-
Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações leção pública;
ou a apresentação de provas pelos interessados ou tercei- IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo
ros, serão expedidas intimações para esse fim, mencionan- licitatório;
do-se data, prazo, forma e condições de atendimento. V - decidam recursos administrativos;
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá VI - decorram de reexame de ofício;
o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a ques-
de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. tão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relató-
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados rios oficiais;
ao interessado forem necessários à apreciação de pedido VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convali-
formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Adminis- dação de ato administrativo.
tração para a respectiva apresentação implicará arquiva- § 1° A motivação deve ser explícita, clara e congruente,
mento do processo. podendo consistir em declaração de concordância com
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou dili- fundamentos de anteriores pareceres, informações, deci-
gência ordenada, com antecedência mínima de três dias sões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante
úteis, mencionando-se data, hora e local de realização. do ato.
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão § 2° Na solução de vários assuntos da mesma natureza,
consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os funda-
de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada ne- mentos das decisões, desde que não prejudique direito ou
cessidade de maior prazo. garantia dos interessados.
§ 1° Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser § 3° A motivação das decisões de órgãos colegiados e co-
emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até missões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou
a respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der de termo escrito.
causa ao atraso. CAPÍTULO XIII DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTIN-
§ 2° Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ÇÃO DO PROCESSO
ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosse- Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escri-
guimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da ta, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou,
responsabilidade de quem se omitiu no atendimento. ainda, renunciar a direitos disponíveis.
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser § 1° Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia
previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrati- atinge somente quem a tenha formulado.
vos e estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado,

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
Lemos & Cruz – Livraria e Editora
§ 2° A desistência ou renúncia do interessado, conforme o Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil
caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridade
Administração considerar que o interesse público assim o recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a
exige. pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o pro- Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele
cesso quando exaurida sua finalidade ou o objeto da deci- conhecer deverá intimar os demais interessados para que,
são se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato su- no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.
perveniente. Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
CAPÍTULO XIV DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO I - fora do prazo;
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, II - perante órgão incompetente;
quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los III - por quem não seja legitimado;
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os IV - após exaurida a esfera administrativa.
direitos adquiridos. § 1° Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos admi- autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para
nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para os des- recurso.
tinatários decai em cinco anos, contados da data em que § 2° O não conhecimento do recurso não impede a Adminis-
foram praticados, salvo comprovada má-fé. tração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorri-
§ 1° No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de da preclusão administrativa.
decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamen- Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá
to. confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmen-
§ 2° Considera-se exercício do direito de anular qualquer te, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência.
medida de autoridade administrativa que importe impugna- Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo
ção à validade do ato. puder decorrer gravame à situação do recorrente, este de-
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem verá ser cientificado para que formule suas alegações antes
lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos da decisão.
que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalida- Art. 65. Os processos administrativos de que resultem san-
dos pela própria Administração. ções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou
CAPÍTULO XV DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção
de razões de legalidade e de mérito. aplicada.
§ 1° O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resul-
decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco tar agravamento da sanção.
dias, o encaminhará à autoridade superior. CAPÍTULO XVI DOS PRAZOS
§ 2° Salvo exigência legal, a interposição de recurso admi- Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da
nistrativo independe de caução. cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do co-
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por meço e incluindo-se o do vencimento.
três instâncias administrativas, salvo disposição legal diver- § 1° Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil
sa. seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrati- expediente ou este for encerrado antes da hora normal.
vo: § 2° Os prazos expressos em dias contam-se de modo con-
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no tínuo.
processo; § 3° Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia
afetados pela decisão recorrida; equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o
III - as organizações e associações representativas, no to- último dia do mês.
cante a direitos e interesses coletivos; Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente compro-
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou inte- vado, os prazos processuais não se suspendem.
resses difusos. CAPÍTULO XVII DAS SANÇÕES
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade
prazo para interposição de recurso administrativo, contado a competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em
partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida. obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o
§ 1° Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso admi- direito de defesa.
nistrativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta CAPÍTULO XVIII DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão compe-
Art. 69. Os processos administrativos específicos continua-
tente.
rão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas
§ 2° O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser subsidiariamente os preceitos desta Lei.
prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no
Brasília 29 de janeiro de 1999; 178° da Independência e
qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido
111° da República.
de reexame, podendo juntar os documentos que julgar con-
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
venientes.
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não
tem efeito suspensivo.

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Lemos & Cruz – Livraria e Editora
§ 2° A supervisão e a fiscalização dos convênios, acordos,
LEI N° 9.800, DE 26 DE MAIO DE 1999 ajustes e termos de parceria de interesse da União ficarão a
cargo do órgão do Ministério da Justiça com atribuições
para a execução da política de direitos humanos.
Permite às partes a utilização de sistema de transmis-
são de dados para a prática de atos processuais. Art. 2° A proteção concedida pelos programas e as medidas
dela decorrentes levarão em conta a gravidade da coação
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
ou da ameaça à integridade física ou psicológica, a dificul-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
dade de preveni-las ou reprimi-las pelos meios convencio-
Art. 1° É permitida às partes a utilização de sistema de
nais e a sua importância para a produção da prova.
transmissão de dados e imagens tipo fac-símile ou outro
§ 1° A proteção poderá ser dirigida ou estendida ao cônjuge
similar, para a prática de atos processuais que dependam
ou companheiro, ascendentes, descendentes e dependen-
de petição escrita.
tes que tenham convivência habitual com a vítima ou teste-
Art. 2° A utilização de sistema de transmissão de dados e munha, conforme o especificamente necessário em cada
imagens não prejudica o cumprimento dos prazos, devendo caso.
os originais ser entregues em juízo, necessariamente, até
§ 2° Estão excluídos da proteção os indivíduos cuja perso-
cinco dias da data de seu término.
nalidade ou conduta seja incompatível com as restrições de
Parágrafo único. Nos atos não sujeitos a prazo, os origi- comportamento exigidas pelo programa, os condenados que
nais deverão ser entregues, necessariamente, até cinco estejam cumprindo pena e os indiciados ou acusados sob
dias da data da recepção do material. prisão cautelar em qualquer de suas modalidades. Tal ex-
Art. 3° Os juízes poderão praticar atos de sua competência clusão não trará prejuízo a eventual prestação de medidas
à vista de transmissões efetuadas na forma desta Lei, sem de preservação da integridade física desses indivíduos por
prejuízo do disposto no artigo anterior. parte dos órgãos de segurança pública.
Art. 4° Quem fizer uso de sistema de transmissão torna-se § 3° O ingresso no programa, as restrições de segurança e
responsável pela qualidade e fidelidade do material transmi- demais medidas por ele adotadas terão sempre a anuência
tido, e por sua entrega ao órgão judiciário. da pessoa protegida, ou de seu representante legal.
Parágrafo único. Sem prejuízo de outras sanções, o usuá- § 4° Após ingressar no programa, o protegido ficará obriga-
rio do sistema será considerado litigante de má-fé se não do ao cumprimento das normas por ele prescritas.
houver perfeita concordância entre o original remetido pelo § 5° As medidas e providências relacionadas com os pro-
fac-símile e o original entregue em juízo. gramas serão adotadas, executadas e mantidas em sigilo
Art. 5° O disposto nesta Lei não obriga a que os órgãos pelos protegidos e pelos agentes envolvidos em sua execu-
judiciários disponham de equipamentos para recepção. ção.
Art. 6° Esta Lei entra em vigor trinta dias após a data de Art. 3° Toda admissão no programa ou exclusão dele será
sua publicação. precedida de consulta ao Ministério Público sobre o disposto
Brasília, 26 de maio de 1999; 178° da Independência e 111° no art. 2º e deverá ser subseqüentemente comunicada à
da República. autoridade policial ou ao juiz competente.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Art. 4° Cada programa será dirigido por um conselho delibe-
rativo em cuja composição haverá representantes do Minis-
LEI N° 9.807, DE 13 DE JULHO DE 1999 tério Público, do Poder Judiciário e de órgãos públicos e
privados relacionados com a segurança pública e a defesa
Estabelece normas para a organização e a manutenção dos direitos humanos.
de programas especiais de proteção a vítimas e a tes- § 1° A execução das atividades necessárias ao programa
temunhas ameaçadas, institui o Programa Federal de ficará a cargo de um dos órgãos representados no conselho
Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas e deliberativo, devendo os agentes dela incumbidos ter for-
dispõe sobre a proteção de acusados ou condenados mação e capacitação profissional compatíveis com suas
que tenham voluntariamente prestado efetiva colabora- tarefas.
ção à investigação policial e ao processo criminal. § 2° Os órgãos policiais prestarão a colaboração e o apoio
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- necessários à execução de cada programa.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 5° A solicitação objetivando ingresso no programa po-
derá ser encaminhada ao órgão executor:
I - pelo interessado;
CAPÍTULO I DA PROTEÇÃO ESPECIAL A VÍTIMAS E A TESTEMU-
NHAS II - por representante do Ministério Público;
III - pela autoridade policial que conduz a investigação cri-
Art. 1° As medidas de proteção requeridas por vítimas ou
minal;
por testemunhas de crimes que estejam coagidas ou expos-
IV - pelo juiz competente para a instrução do processo cri-
tas a grave ameaça em razão de colaborarem com a inves-
minal;
tigação ou processo criminal serão prestadas pela União,
pelos Estados e pelo Distrito Federal, no âmbito das respec- V - por órgãos públicos e entidades com atribuições de de-
tivas competências, na forma de programas especiais orga- fesa dos direitos humanos.
nizados com base nas disposições desta Lei. § 1° A solicitação será instruída com a qualificação da pes-
§ 1° A União, os Estados e o Distrito Federal poderão cele- soa a ser protegida e com informações sobre a sua vida
brar convênios, acordos, ajustes ou termos de parceria en- pregressa, o fato delituoso e a coação ou ameaça que a
tre si ou com entidades não-governamentais objetivando a motiva.
realização dos programas. § 2° Para fins de instrução do pedido, o órgão executor
poderá solicitar, com a aquiescência do interessado:

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I - documentos ou informações comprobatórios de sua iden- seguida, que o procedimento tenha rito sumaríssimo e corra
tidade, estado civil, situação profissional, patrimônio e grau em segredo de justiça.
de instrução, e da pendência de obrigações civis, adminis- § 3° Concedida a alteração pretendida, o juiz determinará
trativas, fiscais, financeiras ou penais; na sentença, observando o sigilo indispensável à proteção
II - exames ou pareceres técnicos sobre a sua personalida- do interessado:
de, estado físico ou psicológico. I - a averbação no registro original de nascimento da men-
§ 3° Em caso de urgência e levando em consideração a ção de que houve alteração de nome completo em confor-
procedência, gravidade e a iminência da coação ou amea- midade com o estabelecido nesta Lei, com expressa refe-
ça, a vítima ou testemunha poderá ser colocada provisoria- rência à sentença autorizatória e ao juiz que a exarou e sem
mente sob a custódia de órgão policial, pelo órgão executor, a aposição do nome alterado;
no aguardo de decisão do conselho deliberativo, com co- II - a determinação aos órgãos competentes para o forneci-
municação imediata a seus membros e ao Ministério Públi- mento dos documentos decorrentes da alteração;
co. III - a remessa da sentença ao órgão nacional competente
Art. 6° O conselho deliberativo decidirá sobre: para o registro único de identificação civil, cujo procedimen-
I - o ingresso do protegido no programa ou a sua exclusão; to obedecerá às necessárias restrições de sigilo.
II - as providências necessárias ao cumprimento do progra- § 4° O conselho deliberativo, resguardado o sigilo das in-
ma. formações, manterá controle sobre a localização do protegi-
Parágrafo único. As deliberações do conselho serão toma- do cujo nome tenha sido alterado.
das por maioria absoluta de seus membros e sua execução § 5° Cessada a coação ou ameaça que deu causa à altera-
ficará sujeita à disponibilidade orçamentária. ção, ficará facultado ao protegido solicitar ao juiz competen-
Art. 7° Os programas compreendem, dentre outras, as se- te o retorno à situação anterior, com a alteração para o no-
guintes medidas, aplicáveis isolada ou cumulativamente em me original, em petição que será encaminhada pelo conse-
benefício da pessoa protegida, segundo a gravidade e as lho deliberativo e terá manifestação prévia do Ministério
circunstâncias de cada caso: Público.
I - segurança na residência, incluindo o controle de teleco- Art. 10. A exclusão da pessoa protegida de programa de
municações; proteção a vítimas e a testemunhas poderá ocorrer a qual-
II - escolta e segurança nos deslocamentos da residência, quer tempo:
inclusive para fins de trabalho ou para a prestação de depo- I - por solicitação do próprio interessado;
imentos; II - por decisão do conselho deliberativo, em conseqüência
III - transferência de residência ou acomodação provisória de:
em local compatível com a proteção; a) cessação dos motivos que ensejaram a proteção;
IV - preservação da identidade, imagem e dados pessoais; b) conduta incompatível do protegido.
V - ajuda financeira mensal para prover as despesas neces- Art. 11. A proteção oferecida pelo programa terá a duração
sárias à subsistência individual ou familiar, no caso de a máxima de dois anos.
pessoa protegida estar impossibilitada de desenvolver tra- Parágrafo único. Em circunstâncias excepcionais, perdu-
balho regular ou de inexistência de qualquer fonte de renda; rando os motivos que autorizam a admissão, a permanência
VI - suspensão temporária das atividades funcionais, sem poderá ser prorrogada.
prejuízo dos respectivos vencimentos ou vantagens, quando Art. 12. Fica instituído, no âmbito do órgão do Ministério da
servidor público ou militar; Justiça com atribuições para a execução da política de direi-
VII - apoio e assistência social, médica e psicológica; tos humanos, o Programa Federal de Assistência a Vítimas
VIII - sigilo em relação aos atos praticados em virtude da e a Testemunhas Ameaçadas, a ser regulamentado por
proteção concedida; decreto do Poder Executivo. (Regulamento Dec. nº 3.518,
IX - apoio do órgão executor do programa para o cumpri- de 20.6.2000).
mento de obrigações civis e administrativas que exijam o CAPÍTULO II DA PROTEÇÃO AO S RÉUS COLABORADORES
comparecimento pessoal. Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das par-
Parágrafo único. A ajuda financeira mensal terá um teto tes, conceder o perdão judicial e a conseqüente extinção da
fixado pelo conselho deliberativo no início de cada exercício punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colabo-
financeiro. rado efetiva e voluntariamente com a investigação e o pro-
Art. 8° Quando entender necessário, poderá o conselho cesso criminal, desde que dessa colaboração tenha resulta-
deliberativo solicitar ao Ministério Público que requeira ao do:
juiz a concessão de medidas cautelares direta ou indireta- I - a identificação dos demais co-autores ou partícipes da
mente relacionadas com a eficácia da proteção. ação criminosa;
Art. 9° Em casos excepcionais e considerando as caracte- II - a localização da vítima com a sua integridade física pre-
rísticas e gravidade da coação ou ameaça, poderá o conse- servada;
lho deliberativo encaminhar requerimento da pessoa prote- III - a recuperação total ou parcial do produto do crime.
gida ao juiz competente para registros públicos objetivando Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em
a alteração de nome completo. conta a personalidade do beneficiado e a natureza, circuns-
§ 1° A alteração de nome completo poderá estender-se às tâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso.
pessoas mencionadas no § 1° do art. 2° desta Lei, inclusive Art. 14. O indiciado ou acusado que colaborar voluntaria-
aos filhos menores, e será precedida das providências ne- mente com a investigação policial e o processo criminal na
cessárias ao resguardo de direitos de terceiros. identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime,
§ 2° O requerimento será sempre fundamentado e o juiz na localização da vítima com vida e na recuperação total ou
ouvirá previamente o Ministério Público, determinando, em

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parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá
pena reduzida de um a dois terços. CAPÍTULO I DO TRATAMENTO JURÍDICO DIFERENCIADO
Art. 15. Serão aplicadas em benefício do colaborador, na
Art. 1° Nos termos dos arts. 170 e 179 da Constituição Fe-
prisão ou fora dela, medidas especiais de segurança e pro-
deral, é assegurado às microempresas e às empresas de
teção a sua integridade física, considerando ameaça ou
pequeno porte tratamento jurídico diferenciado e simplifica-
coação eventual ou efetiva.
do nos campos administrativo, tributário, previdenciário,
§ 1° Estando sob prisão temporária, preventiva ou em de- trabalhista, creditício e de desenvolvimento empresarial, em
corrência de flagrante delito, o colaborador será custodiado conformidade com o que dispõe esta Lei e a Lei nº 9.317,
em dependência separada dos demais presos. de 5 de dezembro de 1996, e alterações posteriores.
§ 2° Durante a instrução criminal, poderá o juiz competente Parágrafo único. O tratamento jurídico simplificado e favo-
determinar em favor do colaborador qualquer das medidas recido, estabelecido nesta Lei, visa facilitar a constituição e
previstas no art. 8º desta Lei. o funcionamento da microempresa e empresa de pequeno
§ 3° No caso de cumprimento da pena em regime fechado, porte, de modo a assegurar o fortalecimento de sua partici-
poderá o juiz criminal determinar medidas especiais que pação no processo de desenvolvimento econômico e social.
proporcionem a segurança do colaborador em relação aos CAPÍTULO II DA DEFINIÇÃO DE MICROEMPRESA E DE EMPRESA
demais apenados. DE PEQUENO PORTE
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 2° Para os efeitos desta Lei, ressalvado o disposto no
Art. 16. O art. 57 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de art. 3°, considera-se:
1973, fica acrescido do seguinte § 7°: I - - microempresa, a pessoa jurídica e a firma mercantil
“§ 7° Quando a alteração de nome for concedida em razão individual que tiver receita bruta anual igual ou inferior a R$
de fundada coação ou ameaça decorrente de colaboração 433.755,14 (quatrocentos e trinta e três mil, setecentos e
com a apuração de crime, o juiz competente determinará cinqüenta e cinco reais e quatorze centavos); (Valores alte-
que haja a averbação no registro de origem de menção da rados pelo Decreto nº 5.028, 31.3.2004).
existência de sentença concessiva da alteração, sem a II - empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica e a firma
averbação do nome alterado, que somente poderá ser pro- mercantil individual que, não enquadrada como microem-
cedida mediante determinação posterior, que levará em presa, tiver receita bruta anual superior a R$ 433.755,14
consideração a cessação da coação ou ameaça que deu (quatrocentos e trinta e três mil, setecentos e cinqüenta e
causa à alteração.” cinco reais e quatorze centavos) e igual ou inferior a R$
Art. 17. O parágrafo único do art. 58 da Lei nº 6.015, de 31 2.133.222,00 (dois milhões, cento e trinta e três mil, duzen-
de dezembro de 1973, com a redação dada pela Lei nº tos e vinte e dois reais). (Valores alterados pelo Decreto nº
9.708, de 18 de novembro de 1998, passa a ter a seguinte 5.028, 31.3.2004).
redação: § 1° No primeiro ano de atividade, os limites da receita bruta
“Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda de que tratam os incisos I e II serão proporcionais ao núme-
admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorren- ro de meses em que a pessoa jurídica ou firma mercantil
te da colaboração com a apuração de crime, por determina- individual tiver exercido atividade, desconsideradas as fra-
ção, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério ções de mês.
Público.” § 2° O enquadramento de firma mercantil individual ou de
Art. 18. O art. 18 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de pessoa jurídica em microempresa ou empresa de pequeno
1973, passa a ter a seguinte redação: (alteração já proces- porte, bem como o seu desenquadramento, não implicarão
sada). alteração, denúncia ou qualquer restrição em relação a
Art. 19. A União poderá utilizar estabelecimentos especial- contratos por elas anteriormente firmados.
mente destinados ao cumprimento de pena de condenados § 3° O Poder Executivo atualizará os valores constantes dos
que tenham prévia e voluntariamente prestado a colabora- incisos I e II com base na variação acumulada pelo IGP-DI,
ção de que trata esta Lei. ou por índice oficial que venha a substituí-lo.
Parágrafo único. Para fins de utilização desses estabele- Art. 3° Não se inclui no regime desta Lei a pessoa jurídica
cimentos, poderá a União celebrar convênios com os Esta- em que haja participação:
dos e o Distrito Federal. I - de pessoa física domiciliada no exterior ou de outra pes-
Art. 20. As despesas decorrentes da aplicação desta Lei, soa jurídica;
pela União, correrão à conta de dotação consignada no II - de pessoa física que seja titular de firma mercantil indivi-
orçamento. dual ou sócia de outra empresa que receba tratamento jurí-
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. dico diferenciado na forma desta Lei, salvo se a participação
Brasília, 13 de julho de 1999; 178° da Independência e 111° não for superior a dez por cento do capital social de outra
da República. empresa, desde que a receita bruta global anual ultrapasse
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO os limites de que tratam os incisos I e II do art. 2º.
Parágrafo único. O disposto no inciso II deste artigo não se
LEI N° 9.841, DE 5 DE OUTUBRO DE 1999 aplica à participação de microempresas ou empresas de
pequeno porte em centrais de compras, bolsas de subcon-
Institui o Estatuto da Microem-presa e da Empresa de tratação, consórcios de exportação e outras formas de as-
Pequeno Porte, dispondo sobre o tratamento jurídico sociação assemelhadas, inclusive as de que trata o art. 18
diferenciado, simplificado e favorecido previsto nos desta Lei. (o art. 18 foi vetado pelo Presidente da Repúbli-
arts. 170 e 179 da Constituição Federal. ca).
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- CAPÍTULO III DO ENQUADRAMENTO
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

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Art. 4° A pessoa jurídica ou firma mercantil individual que, anos consecutivos ou três anos alternados, em um período
antes da promulgação desta Lei, preenchia os seus requisi- de cinco anos.
tos de enquadramento como microempresa ou empresa de Art. 9° A empresa de pequeno porte reenquadrada como
pequeno porte, excetuadas as já enquadradas no regime empresa, a microempresa reenquadrada na condição de
jurídico anterior, comunicará esta situação, conforme o ca- empresa de pequeno porte e a empresa de pequeno porte
so, à Junta Comercial ou ao Registro Civil das Pessoas reenquadrada como microempresa comunicarão este fato
Jurídicas, para fim de registro, mediante simples comunica- ao órgão de registro, no prazo de trinta dias, a contar da
ção, da qual constarão: data da ocorrência.
I - a situação de microempresa ou de empresa de pequeno Parágrafo único. Os requerimentos e comunicações previs-
porte; tos neste Capítulo e no Capítulo III poderão ser feitos por
II - o nome e demais dados de identificação da empresa; via postal, com aviso de recebimento.
III - a indicação do registro de firma mercantil individual ou CAPÍTULO V DO REGIME PREVIDENCIÁRIO E TRABALHISTA
do arquivamento dos atos constitutivos da sociedade; Art. 10. O Poder Executivo estabelecerá procedimentos
IV - a declaração do titular ou de todos os sócios de que o simplificados, além dos previstos neste Capítulo, para o
valor da receita bruta anual da empresa não excedeu, no cumprimento da legislação previdenciária e trabalhista por
ano anterior, o limite fixado no inciso I ou II do art. 2º, con- parte das microempresas e das empresas de pequeno por-
forme o caso, e de que a empresa não se enquadra em te, bem como para eliminar exigências burocráticas e obri-
qualquer das hipóteses de exclusão relacionadas no art. 3º. gações acessórias que sejam incompatíveis com o trata-
Art. 5° Tratando-se de empresa em constituição, deverá o mento simplificado e favorecido previsto nesta Lei.
titular ou sócios, conforme o caso, declarar a situação de Art. 11. A microempresa e a empresa de pequeno porte são
microempresa ou de empresa de pequeno porte, que a dispensadas do cumprimento das obrigações acessórias a
receita bruta anual não excederá, no ano da constituição, o que se referem os arts. 74; 135, § 2º; 360; 429 e 628, § 1º,
limite fixado no inciso I ou II do art. 2º, conforme o caso, e da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.
que a empresa não se enquadra em qualquer das hipóteses Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não
de exclusão relacionadas no art. 3º desta Lei. dispensa a microempresa e a empresa de pequeno porte
Art. 6° O arquivamento, nos órgãos de registro, dos atos dos seguintes procedimentos:
constitutivos de firmas mercantis individuais e de socieda- I - anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social -
des que se enquadrarem como microempresa ou empresa CTPS;
de pequeno porte, bem como o arquivamento de suas alte- II - apresentação da Relação Anual de Informações Sociais
rações, é dispensado das seguintes exigências: - RAIS e do Cadastro Geral de Empregados e Desempre-
I - certidão de inexistência de condenação criminal, exigida gados - CAGED;
pelo inciso II do art. 37 da Lei nº 8.934, de 18 de novembro III - arquivamento dos documentos comprobatórios de cum-
de 1994, que será substituída por declaração do titular ou primento das obrigações trabalhistas e previdenciárias,
administrador, firmada sob as penas da lei, de não estar enquanto não prescreverem essas obrigações;
impedido de exercer atividade mercantil ou a administração
IV - apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de
de sociedade mercantil, em virtude de condenação criminal;
Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência
II - prova de quitação, regularidade ou inexistência de débito Social - GFIP.
referente a tributo ou contribuição de qualquer natureza,
Art. 12. Sem prejuízo de sua ação específica, as fiscaliza-
salvo no caso de extinção de firma mercantil individual ou
ções trabalhista e previdenciária prestarão, prioritariamente,
de sociedade.
orientação à microempresa e à empresa de pequeno porte.
Parágrafo único. Não se aplica às microempresas e às
Parágrafo único. No que se refere à fiscalização trabalhis-
empresas de pequeno porte o disposto no § 2º do art. 1º da
ta, será observado o critério da dupla visita para lavratura de
Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994.
autos de infração, salvo quando for constatada infração por
Art. 7° Feita a comunicação, e independentemente de alte- falta de registro de empregado, ou anotação da Carteira de
ração do ato constitutivo, a microempresa adotará, em se- Trabalho e Previdência Social - CTPS, ou ainda na ocorrên-
guida ao seu nome, a expressão “microempresa” ou, abre- cia de reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fisca-
viadamente, “ME”, e a empresa de pequeno porte, a ex- lização.
pressão “empresa de pequeno porte” ou “EPP”.
Art. 13. Na homologação de rescisão de contrato de traba-
Parágrafo único. É privativo de microempresa e de empre- lho, o extrato de conta vinculada ao trabalhador relativa ao
sa de pequeno porte o uso das expressões de que trata Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS poderá ser
este artigo. substituído pela Guia de Recolhimento do Fundo de Garan-
CAPÍTULO IV DO DESENQUADRAMENTO E REENQUADRAMENTO tia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social
Art. 8° O desenquadramento da microempresa e da empre- - GFIP pré-impressa no mês anterior, desde que sua quita-
sa de pequeno porte dar-se-á quando excedidos ou não ção venha a ocorrer em data anterior ao dia dez do mês
alcançados os respectivos limites de receita bruta anual subseqüente a sua emissão.
fixados no art. 2º. CAPÍTULO VI DO APOIO CREDITÍCIO
§ 1° Desenquadrada a microempresa, passa automatica- Art. 14. O Poder Executivo estabelecerá mecanismos fis-
mente à condição de empresa de pequeno porte, e esta cais e financeiros de estímulo às instituições financeiras
passa à condição de empresa excluída do regime desta Lei privadas no sentido de que mantenham linhas de crédito
ou retorna à condição de microempresa. específicas para as microempresas e para as empresas de
§ 2° A perda da condição de microempresa ou de empresa pequeno porte.
de pequeno porte, em decorrência do excesso de receita Art. 15. As instituições financeiras oficiais que operam com
bruta, somente ocorrerá se o fato se verificar durante dois crédito para o setor privado manterão linhas de crédito es-

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pecíficas para as microempresas e para as empresas de microempresas e as empresas de pequeno porte, otimizan-
pequeno porte, devendo o montante disponível e suas con- do prazos e reduzindo custos.
dições de acesso ser expressas, nos respectivos documen- Art. 24. A política de compras governamentais dará priori-
tos de planejamento, e amplamente divulgados. dade à microempresa e à empresa de pequeno porte, indi-
Parágrafo único. As instituições de que trata este artigo vidualmente ou de forma associada, com processo especial
farão publicar, semestralmente, relatório detalhado dos e simplificado nos termos da regulamentação desta Lei.
recursos planejados e aqueles efetivamente utilizados na CAPÍTULO VIII DA SOCIEDADE DE GARANTIA SOLIDÁRIA
linha de crédito mencionada neste artigo, analisando as Art. 25. É autorizada a constituição de Sociedade de Garan-
justificativas do desempenho alcançado. tia Solidária, constituída sob a forma de sociedade anônima,
Art. 16. As instituições de que trata o art. 15, nas suas ope- para a concessão de garantia a seus sócios participantes,
rações com as microempresas e com as empresas de pe- mediante a celebração de contratos.
queno porte, atuarão, em articulação com as entidades de Parágrafo único. A sociedade de garantia solidária será
apoio e representação daquelas empresas, no sentido de constituída de sócios participantes e sócios investidores:
propiciar mecanismos de treinamento, desenvolvimento
I - os sócios participantes serão, exclusivamente, microem-
gerencial e capacitação tecnológica articulados com as
presas e empresas de pequeno porte com, no mínimo, dez
operações de financiamento.
participantes e participação máxima individual de dez por
Art. 17. Para fins de apoio creditício à exportação, serão cento do capital social;
utilizados os parâmetros de enquadramento de empresas,
II - os sócios investidores serão pessoas físicas ou jurídicas,
segundo o porte, aprovados pelo Mercado Comum do Sul -
que efetuarão aporte de capital na sociedade, com o objeti-
MERCOSUL para as microempresas e para as empresas de
vo exclusivo de auferir rendimentos, não podendo sua parti-
pequeno porte.
cipação, em conjunto, exceder a quarenta e nove por cento
Art. 18. (VETADO). do capital social.
CAPÍTULO VII DO DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL Art. 26. O estatuto social da sociedade de garantia solidária
Art. 19. O Poder Executivo estabelecerá mecanismos de deve estabelecer:
incentivos fiscais e financeiros, de forma simplificada e des- I - finalidade social, condições e critérios para admissão de
centralizada, às microempresas e às empresas de pequeno novos sócios participantes e para sua saída e exclusão;
porte, levando em consideração a sua capacidade de gera- II - privilégio sobre as ações detidas pelo sócio excluído por
ção e manutenção de ocupação e emprego, potencial de inadimplência;
competitividade e de capacitação tecnológica, que lhes III - proibição de que as ações dos sócios participantes se-
garantirão o crescimento e o desenvolvimento. jam oferecidas como garantia de qualquer espécie; e
Art. 20. Dos recursos federais aplicados em pesquisa, de- IV - estrutura, compreendendo a Assembléia-Geral, órgão
senvolvimento e capacitação tecnológica na área empresa- máximo da sociedade, que elegerá o Conselho Fiscal e o
rial, no mínimo vinte por cento serão destinados, prioritaria- Conselho de Administração, que, por sua vez, indicará a
mente, para o segmento da microempresa e da empresa de Diretoria Executiva.
pequeno porte.
Art. 27. A sociedade de garantia solidária é sujeita ainda às
Parágrafo único. As organizações federais atuantes em seguintes condições:
pesquisa, desenvolvimento e capacitação tecnológica deve-
I - proibição de concessão a um mesmo sócio participante
rão destacar suas aplicações voltadas ao apoio às micro-
de garantia superior a dez por cento do capital social ou do
empresas e às empresas de pequeno porte.
total garantido pela sociedade, o que for maior;
Art. 21. As microempresas e as empresas de pequeno porte
II - proibição de concessão de crédito a seus sócios ou a
terão tratamento diferenciado e favorecido no que diz res-
terceiros; e
peito ao acesso a serviços de metrologia e certificação de
conformidade prestados por entidades tecnológicas públi- III - dos resultados líquidos, alocação de cinco por cento,
cas. para reserva legal, até o limite de vinte por cento do capital
social; e de cinqüenta por cento da parte correspondente
Parágrafo único. As entidades de apoio e de representa-
aos sócios participantes para o fundo de risco, que será
ção das microempresas e das empresas de pequeno porte
constituído também por aporte dos sócios investidores e de
criarão condições que facilitem o acesso aos serviços de
outras receitas aprovadas pela Assembléia-Geral da socie-
que trata o art. 20.
dade.
Art. 22. O Poder Executivo diligenciará para que se garan-
Art. 28. O contrato de garantia solidária tem por finalidade
tam às entidades de apoio e de representação das micro-
regular a concessão da garantia pela sociedade ao sócio
empresas e das empresas de pequeno porte condições
participante, mediante o recebimento da taxa de remunera-
para capacitarem essas empresas para que atuem de forma
ção pelo serviço prestado, devendo fixar as cláusulas ne-
competitiva no mercado interno e externo, inclusive median-
cessárias ao cumprimento das obrigações do sócio benefi-
te o associativismo de interesse econômico.
ciário perante a sociedade.
Art. 23. As microempresas e as empresas de pequeno porte
Parágrafo único. Para a concessão da garantia, a socieda-
terão tratamento diferenciado e favorecido quando atuarem
de de garantia solidária poderá exigir a contragarantia por
no mercado internacional, seja importando ou exportando
parte do sócio participante beneficiário.
produtos e serviços, para o que o Poder Executivo estabe-
Art. 29. As microempresas e as empresas de pequeno porte
lecerá mecanismos de facilitação, desburocratização e ca-
pacitação. podem oferecer as suas contas e valores a receber como
lastro para a emissão de valores mobiliários a serem colo-
Parágrafo único. Os órgãos e entidades da Administração
cados junto aos investidores no mercado de capitais.
Federal Direta e Indireta, intervenientes nas atividades de
Art. 30. A sociedade de garantia solidária pode conceder
controle da exportação e da importação, deverão adotar
procedimentos que facilitem as operações que envolvam as garantia sobre o montante de recebíveis de seus sócios

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participantes, objeto de securitização, podendo também Art. 39. O protesto de título, quando o devedor for microem-
prestar o serviço de colocação de recebíveis junto a empre- presário ou empresa de pequeno porte, é sujeito às seguin-
sa de securitização especializada na emissão dos títulos e tes normas:
valores mobiliários transacionáveis no mercado de capitais. I - os emolumentos devidos ao tabelião de protesto não
Parágrafo único. O agente fiduciário de que trata o caput excederão um por cento do valor do título, observado o
não tem direito de regresso contra as empresas titulares dos limite máximo de R$ 20,00 (vinte reais), incluídos neste
valores e contas a receber, objeto de securitização. limite as despesas de apresentação, protesto, intimação,
Art. 31. A função de registro, acompanhamento e fiscaliza- certidão e quaisquer outras relativas à execução dos servi-
ção das sociedades de garantia solidária, sem prejuízo das ços;
autoridades governamentais competentes, poderá ser exer- II - para o pagamento do título em cartório, não poderá ser
cida pelas entidades vinculadas às microempresas e às exigido cheque de emissão de estabelecimento bancário,
empresas de pequeno porte, em especial o Serviço Brasilei- mas, feito o pagamento por meio de cheque, de emissão de
ro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, estabelecimento bancário ou não, a quitação dada pelo
mediante convênio a ser firmado com o Executivo. tabelionato de protesto será condicionada à efetiva liquida-
CAPÍTULO IX DAS PENALIDADES ção do cheque;
Art. 32. A pessoa jurídica e a firma mercantil individual que, III - o cancelamento do registro de protesto, fundado no
sem observância dos requisitos desta Lei, pleitear seu en- pagamento do título, será feito independentemente de de-
quadramento ou se mantiver enquadrada como microem- claração de anuência do credor, salvo no caso de impossibi-
presa ou empresa de pequeno porte estará sujeita às se- lidade de apresentação do original protestado;
guintes conseqüências e penalidades: IV - para os fins do disposto no caput e nos incisos I, II e III,
I - cancelamento de ofício de seu registro como microem- caberá ao devedor provar sua qualidade de microempresa
presa ou como empresa de pequeno porte; ou de empresa de pequeno porte perante o tabelionato de
II - aplicação automática, em favor da instituição financeira, protestos de títulos, mediante documento expedido pela
de multa de vinte por cento sobre o valor monetariamente Junta Comercial ou pelo Registro Civil das Pessoas Jurídi-
corrigido dos empréstimos obtidos com base nesta Lei, cas, conforme o caso.
independentemente do cancelamento do incentivo de que Art. 40. Os arts. 29 e 31 da Lei nº 9.492, de 10 de setembro
tenha sido beneficiada. de 1997, passam a vigorar com a seguinte redação: (altera-
Art. 33. A falsidade de declaração prestada objetivando os ção processada).
benefícios desta Lei caracteriza o crime de que trata o art. Art. 41. Ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-
299 do Código Penal, sem prejuízo de enquadramento em mércio Exterior compete acompanhar e avaliar a implanta-
outras figuras penais. ção efetiva das normas desta Lei, visando seu cumprimento
CAPÍTULO X DISPOSIÇÕES FINAIS e aperfeiçoamento.
Parágrafo único. Para o cumprimento do disposto neste
Art. 34. Os órgãos fiscalizadores de registro de produtos
artigo, o Poder Executivo é autorizado a criar o Fórum Per-
procederão a análise para inscrição e licenciamento a que
manente da Microempresa e da Empresa de Pequeno Por-
estiverem sujeitas as microempresas e as empresas de
te, com participação dos órgãos federais competentes e das
pequeno porte, no prazo máximo de trinta dias, a contar da
entidades vinculadas ao setor.
data de entrega da documentação ao órgão.
Art. 42. O Poder Executivo regulamentará esta Lei nº prazo
Art. 35. As firmas mercantis individuais e as sociedades
de noventa dias, a contar da data de sua publicação.
mercantis e civis enquadráveis como microempresa ou em-
Art. 43. Revogam-se as Leis nº 7.256, de 27 de novembro
presa de pequeno porte que, durante cinco anos, não te-
de 1984, e nº 8.864, de 28 de março de 1994.
nham exercido atividade econômica de qualquer espécie,
poderão requerer e obter a baixa no registro competente, Brasília, 5 de outubro de 1999; 178° da Independência e
independentemente de prova de quitação de tributos e con- 111° da República.
tribuições para com a Fazenda Nacional, bem como para FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e para
com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS.
Art. 36. A inscrição e alterações da microempresa e da LEI N° 9.868, DE 10 DE NOVEMBRO DE 1999
empresa de pequeno porte em órgãos da Administração
Federal ocorrerão independentemente da situação fiscal do Dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de
titular, sócios, administradores ou de empresas de que es- inconstitucionalidade e da ação declaratória de consti-
tes participem. tuciona-lidade perante o Supremo Tribunal Federal.
Art. 37. As microempresas e as empresas de pequeno porte O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
são isentas de pagamento de preços, taxas e emolumentos gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
remuneratórios de registro das declarações referidas nos
arts. 4º, 5º e 9º desta Lei.
Art. 38. Aplica-se às microempresas o disposto no § 1° do CAPÍTULO I DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE E DA
art. 8° da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, passan- AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
do essas empresas, assim como as pessoas físicas capa- Art. 1° Esta Lei dispõe sobre o processo e julgamento da
zes, a serem admitidas a proporem ação perante o Juizado ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória
Especial, excluídos os cessionários de direito de pessoas de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal.
jurídicas. CAPÍTULO II DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Seção I Da Admissibilidade e do Procedimento da Ação
Direta de Inconstitucionalidade

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Art. 2° Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade: § 3° As informações, perícias e audiências a que se referem
I - o Presidente da República; os parágrafos anteriores serão realizadas no prazo de trinta
II - a Mesa do Senado Federal; dias, contado da solicitação do relator.
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; Seção II Da Medida Cautelar em Ação Direta de Inconsti-
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou a Mesa da Câma- tucionalidade
ra Legislativa do Distrito Federal; Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na
V - o Governador de Estado ou o Governador do Distrito ação direta será concedida por decisão da maioria absoluta
Federal; dos membros do Tribunal, observado o disposto no art. 22,
VI - o Procurador-Geral da República; após a audiência dos órgãos ou autoridades dos quais e-
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Bra- manou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pro-
sil; nunciar-se no prazo de cinco dias.
VIII - partido político com representação no Congresso Na- § 1° O relator, julgando indispensável, ouvirá o Advogado-
cional; Geral da União e o Procurador-Geral da República, no pra-
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito zo de três dias.
nacional. § 2° No julgamento do pedido de medida cautelar, será
Parágrafo único. (VETADO). facultada sustentação oral aos representantes judiciais do
requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela
Art. 3° A petição indicará:
expedição do ato, na forma estabelecida no Regimento do
I - o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os Tribunal.
fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma
§ 3° Em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá
das impugnações;
deferir a medida cautelar sem a audiência dos órgãos ou
II - o pedido, com suas especificações. das autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo
Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de ins- impugnado.
trumento de procuração, quando subscrita por advogado, Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal
será apresentada em duas vias, devendo conter cópias da Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da
lei ou do ato normativo impugnado e dos documentos ne- União e do Diário da Justiça da União a parte dispositiva da
cessários para comprovar a impugnação. decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as informa-
Art. 4° A petição inicial inepta, não fundamentada e a mani- ções à autoridade da qual tiver emanado o ato, observando-
festamente improcedente serão liminarmente indeferidas se, no que couber, o procedimento estabelecido na Seção I
pelo relator. deste Capítulo.
Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a § 1° A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos,
petição inicial. será concedida com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal en-
Art. 5° Proposta a ação direta, não se admitirá desistência. tender que deva conceder-lhe eficácia retroativa.
Art. 6° O relator pedirá informações aos órgãos ou às auto- § 2° A concessão da medida cautelar torna aplicável a legis-
ridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impug- lação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação
nado. em sentido contrário.
Parágrafo único. As informações serão prestadas no prazo Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em
de trinta dias contado do recebimento do pedido. face da relevância da matéria e de seu especial significado
Art. 7° Não se admitirá intervenção de terceiros no proces- para a ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a
so de ação direta de inconstitucionalidade. prestação das informações, no prazo de dez dias, e a mani-
§ 1° (VETADO). festação do Advogado-Geral da União e do Procurador-
§ 2° O relator, considerando a relevância da matéria e a Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco
representatividade dos postulantes, poderá, por despacho dias, submeter o processo diretamente ao Tribunal, que terá
irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo a faculdade de julgar definitivamente a ação.
anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades. CAPÍTULO III DA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALI-
Art. 8° Decorrido o prazo das informações, serão ouvidos, DADE
sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o Procura- Seção I Da Admissibilidade e do Procedimento da Ação
dor-Geral da República, que deverão manifestar-se, cada Declaratória de Constitucionalidade
qual, no prazo de quinze dias.
Art. 13. Podem propor a ação declaratória de constituciona-
Art. 9° Vencidos os prazos do artigo anterior, o relator lan- lidade de lei ou ato normativo federal:
çará o relatório, com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia
I - o Presidente da República;
para julgamento.
II - a Mesa da Câmara dos Deputados;
§ 1° Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria
ou circunstância de fato ou de notória insuficiência das in- III - a Mesa do Senado Federal;
formações existentes nos autos, poderá o relator requisitar IV - o Procurador-Geral da República.
informações adicionais, designar perito ou comissão de Art. 14. A petição inicial indicará:
peritos para que emita parecer sobre a questão, ou fixar I - o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os
data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pes- fundamentos jurídicos do pedido;
soas com experiência e autoridade na matéria. II - o pedido, com suas especifi-cações;
§ 2° O relator poderá, ainda, solicitar informações aos Tri- III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a
bunais Superiores, aos Tribunais federais e aos Tribunais aplicação da disposição objeto da ação declara-tória.
estaduais acerca da aplicação da norma impugnada no Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de ins-
âmbito de sua jurisdição. trumento de procuração, quando subscrita por advogado,
será apresentada em duas vias, devendo conter cópias do

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ato normativo questionado e dos documentos necessários influir no julgamento, este será suspenso a fim de aguardar-
para comprovar a procedência do pedido de declaração de se o comparecimento dos Ministros ausentes, até que se
constitucionalidade. atinja o número necessário para prolação da decisão num
Art. 15. A petição inicial inepta, não fundamentada e a ma- ou noutro sentido.
nifestamente improcedente serão liminarmente indeferidas Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á im-
pelo relator. procedente a ação direta ou procedente eventual ação de-
Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a claratória; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á
petição inicial. procedente a ação direta ou improcedente eventual ação
Art. 16. Proposta a ação declaratória, não se admitirá desis- declaratória.
tência. Art. 25. Julgada a ação, far-se-á a comunicação à autorida-
Art. 17. (VETADO). de ou ao órgão responsável pela expedição do ato.
Art. 18. Não se admitirá intervenção de terceiros no proces- Art. 26. A decisão que declara a constitucionalidade ou a
so de ação declaratória de constitucionalidade. incons-titucionalidade da lei ou do ato normativo em ação
Art. 19. Decorrido o prazo do artigo anterior, será aberta direta ou em ação declaratória é irrecorrível, ressalvada a
vista ao Procurador-Geral da República, que deverá pro- interposição de embargos declaratórios, não podendo, i-
nunciar-se no prazo de quinze dias. gualmente, ser objeto de ação rescisória.
Art. 20. Vencido o prazo do artigo anterior, o relator lançará Art. 27. Ao declarar a incons-titucionalidade de lei ou ato
o relatório, com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou
julgamento. de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal
§ 1° Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria Federal, por maioria de dois terços de seus membros, res-
ou circunstância de fato ou de notória insuficiência das in- tringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só
formações existentes nos autos, poderá o relator requisitar tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro
informações adicionais, designar perito ou comissão de momento que venha a ser fixado.
peritos para que emita parecer sobre a questão ou fixar data Art. 28. Dentro do prazo de dez dias após o trânsito em
para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas julgado da decisão, o Supremo Tribunal Federal fará publi-
com experiência e autoridade na matéria. car em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Ofi-
§ 2° O relator poderá solicitar, ainda, informações aos Tri- cial da União a parte dispositiva do acórdão.
bunais Superiores, aos Tribunais federais e aos Tribunais Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou
estaduais acerca da aplicação da norma questionada no de incons-titucionalidade, inclusive a interpretação conforme
âmbito de sua jurisdição. a Constituição e a declaração parcial de incons-
§ 3° As informações, perícias e audiências a que se referem titucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra
os parágrafos anteriores serão realizadas no prazo de trinta todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder
dias, contado da solicitação do relator. Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e
municipal.
Seção II Da Medida Cautelar em Ação Declaratória de
Constitucionalidade CAPÍTULO V DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS
Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maio- Art. 29. O art. 482 do Código de Processo Civil fica acresci-
ria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de do dos seguintes parágrafos: (alteração já processada).
medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, Art. 30. O art. 8° da Lei nº 8.185, de 14 de maio de 1991,
consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais passa a vigorar acrescido dos seguintes dispositivos:
suspendam o julgamento dos processos que envolvam a “Art.8° ..........................................
aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu I - ..............................................
julgamento definitivo. n) a ação direta de inconsti-tucionalidade de lei ou ato nor-
Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo mativo do Distrito Federal em face da sua Lei Orgânica;
Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário .......................................................................................
Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de § 3° São partes legítimas para propor a ação direta de in-
dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da constitucio-nalidade:
ação no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda I- o Governador do Distrito Federal;
de sua eficácia. II - a Mesa da Câmara Legislativa;
CAPÍTULO IV DA DECISÃO NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITU- III - o Procurador-Geral de Justiça;
CIONALIDADE E NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALI-
IV - a Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Distrito
DADE
Federal;
Art. 22. A decisão sobre a constitucio-nalidade ou a incons- V - as entidades sindicais ou de classe, de atuação no Dis-
titucio-nalidade da lei ou do ato normativo somente será trito Federal, demonstrando que a pretensão por elas dedu-
tomada se presentes na sessão pelo menos oito Ministros. zida guarda relação de pertinência direta com os seus obje-
Art. 23. Efetuado o julgamento, proclamar-se-á a constitu- tivos institucionais;
cionalidade ou a inconstitucionalidade da disposição ou da VI - os partidos políticos com representação na Câmara
norma impugnada se num ou noutro sentido se tiverem Legislativa.
manifestado pelo menos seis Ministros, quer se trate de
§ 4° Aplicam-se ao processo e julgamento da ação direta de
ação direta de in-constitu-cionalidade ou de ação declarató-
incons-titucionalidade perante o Tribunal de Justiça do Dis-
ria de constitucionalidade.
trito Federal e Territórios as seguintes disposições:
Parágrafo único. Se não for alcan-çada a maioria necessá-
I - o Procurador-Geral de Justiça será sempre ouvido nas
ria à declaração de constitucionalidade ou de inconstitucio-
ações diretas de constitucionalidade ou de incons-
nalidade, estando ausentes Ministros em número que possa
titucionalidade;

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II - declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida mento de preceito fundamental, faltar algum dos requisitos
para tornar efetiva norma da Lei Orgânica do Distrito Fede- prescritos nesta Lei ou for inepta.
ral, a decisão será comunicada ao Poder competente para § 1° Não será admitida argüição de descumprimento de
adoção das providências necessárias, e, tratando-se de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio
órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias; eficaz de sanar a lesividade.
III - somente pelo voto da maioria absoluta de seus mem- § 2° Da decisão de indeferimento da petição inicial caberá
bros ou de seu órgão especial, poderá o Tribunal de Justiça agravo, no prazo de cinco dias.
declarar a inconstitu-cionalidade de lei ou de ato normativo Art. 5° O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria
do Distrito Federal ou suspender a sua vigência em decisão absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medi-
de medida cautelar. da liminar na argüição de descumprimento de preceito fun-
§ 5° Aplicam-se, no que couber, ao processo de julgamento damental.
da ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato norma- § 1° Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão gra-
tivo do Distrito Federal em face da sua Lei Orgânica as ve, ou ainda, em período de recesso, poderá o relator con-
normas sobre o processo e o julgamento da ação direta de ceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno.
inconstitucio-nalidade perante o Supremo Tribunal Federal. § 2° O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades res-
Art. 31. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. ponsáveis pelo ato questionado, bem como o Advogado-
Brasília, 10 de novembro de 1999; 178° da Independência e Geral da União ou o Procurador-Geral da República, no
111° da República. prazo comum de cinco dias.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO § 3° A liminar poderá consistir na determinação de que juí-
zes e tribunais suspendam o andamento de processo ou os
LEI N° 9.882, DE 3 DE DEZEMBRO DE 1999 efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida
que apresente relação com a matéria objeto da argüição de
descumprimento de preceito fundamental, salvo se decor-
Dispõe sobre o processo e julgamento da argüição de
rentes da coisa julgada.
descumpri-mento de preceito fundamental, nos termos
do § 1° do art. 102 da Constituição Federal. Art. 6° Apreciado o pedido de liminar, o relator solicitará as
informações às autoridades responsáveis pela prática do
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
ato questionado, no prazo de dez dias.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
§ 1° Se entender necessário, poderá o relator ouvir as par-
Art. 1° A argüição prevista no § 1° do art. 102 da Constitui-
tes nos processos que ensejaram a argüição, requisitar
ção Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Fe-
informações adicionais, designar perito ou comissão de
deral, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito
peritos para que emita parecer sobre a questão, ou ainda,
fundamental, resultante de ato do Poder Público.
fixar data para declarações, em audiência pública, de pes-
Parágrafo único. Caberá também argüição de descumpri- soas com experiência e autoridade na matéria.
mento de preceito fundamental:
§ 2° Poderão ser autorizadas, a critério do relator, sustenta-
I - quando for relevante o fundamento da controvérsia cons- ção oral e juntada de memoriais, por requerimento dos inte-
titucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou ressados no processo.
municipal, incluídos os anteriores à Constituição;
Art. 7° Decorrido o prazo das informações, o relator lançará
II - (VETADO). o relatório, com cópia a todos os ministros, e pedirá dia para
Art. 2° Podem propor argüição de descumprimento de pre- julgamento.
ceito fundamental: Parágrafo único. O Ministério Público, nas argüições que
I - os legitimados para a ação direta de inconstitucionalida- não houver formulado, terá vista do processo, por cinco
de; dias, após o decurso do prazo para informações.
§ 1° Na hipótese do inciso II, faculta-se ao interessado, Art. 8° A decisão sobre a argüição de descumprimento de
mediante representação, solicitar a propositura de argüição preceito fundamental somente será tomada se presentes na
de descumprimento de preceito fundamental ao Procurador- sessão pelo menos dois terços dos Ministros.
Geral da República, que, examinando os fundamentos jurí- Art. 9° (VETADO).
dicos do pedido, decidirá do cabimento do seu ingresso em
Art. 10. Julgada a ação, far-se-á comunicação às autorida-
juízo.
des ou órgãos responsáveis pela prática dos atos questio-
Art. 3° A petição inicial deverá conter:
nados, fixando-se as condições e o modo de interpretação e
I - a indicação do preceito fundamental que se considera aplicação do preceito fundamental.
violado; § 1° O presidente do Tribunal determinará o imediato cum-
II - a indicação do ato questionado; primento da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente.
III - a prova da violação do preceito fundamental; § 2° Dentro do prazo de dez dias contado a partir do trânsito
IV - o pedido, com suas espe-cificações; em julgado da decisão, sua parte dispositiva será publicada
V - se for o caso, a comprovação da existência de contro- em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da
vérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito fun- União.
damental que se considera violado. § 3° A decisão terá eficácia contra todos e efeito vinculante
Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de ins- relativamente aos demais órgãos do Poder Público.
trumento de mandato, se for o caso, será apresentada em Art. 11. Ao declarar a inconstitu-cionalidade de lei ou ato
duas vias, devendo conter cópias do ato questionado e dos normativo, no processo de argüição de descumprimento de
documentos necessários para comprovar a impugnação. preceito fundamental, e tendo em vista razões de segurança
Art. 4° A petição inicial será indeferida liminarmente, pelo jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Su-
relator, quando não for o caso de argüição de descumpri- premo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus

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membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir Parágrafo único. Sendo identificado criminalmente, a auto-
que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ridade policial providenciará a juntada dos materiais datilos-
ou de outro momento que venha a ser fixado. cópico e fotográfico nos autos da comunicação da prisão em
Art. 12. A decisão que julgar procedente ou improcedente o flagrante ou nos do inquérito policial.
pedido em argüição de descumprimento de preceito funda- Art. 2° A prova de identificação civil far-se-á mediante apre-
mental é irrecorrível, não podendo ser objeto de ação resci- sentação de documento de identidade reconhecido pela
sória. legislação.
Art. 13. Caberá reclamação contra o descumprimento da Art. 3° O civilmente identificado por documento original não
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, na forma será submetido à identificação criminal, exceto quando:
do seu Regimento Interno. I - estiver indiciado ou acusado pela prática de homicídio
Art. 14. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. doloso, crimes contra o patrimônio praticados mediante
Brasília, 3 de dezembro de 1999; 178° da Independência e violência ou grave ameaça, crime de receptação qualificada,
111° da República. crimes contra a liberdade sexual ou crime de falsificação de
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO documento público;
II - houver fundada suspeita de falsificação ou adulteração
LEI N° 10.034, DE 24 DE OUTUBRO DE 2000 do documento de identidade;
III - o estado de conservação ou a distância temporal da
expedição de documento apresentado impossibilite a com-
Altera a Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, que
pleta identificação dos caracteres essenciais;
institui o Sistema Integrado de Imposto e Contribuições
IV - constar de registros policiais o uso de outros nomes ou
das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte -
diferentes qualificações;
SIMPLES.
V - houver registro de extravio do documento de identidade;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: VI - o indiciado ou acusado não comprovar, em quarenta e
oito horas, sua identificação civil.
Art. 1° Ficam excetuadas da restrição de que trata o inciso
XIII do art. 9° da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, Art. 4° Cópia do documento de identificação civil apresen-
as pessoas jurídicas que se dediquem às seguintes ativida- tada deverá ser mantida nos autos de prisão em flagrante,
des: (artigo e incisos com redação determinada pela Lei n° quando houver, e no inquérito policial, em quantidade de
10.684, de 30.5.2003). vias necessárias.
I- creches e pré-escolas; Art. 5° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
II- estabelecimentos de ensino fundamental; Brasília, 7 de dezembro de 2000; 179° da Independência e
112° da República.
III - centros de formação de condutores de veículos automo-
tores de transporte terrestre de passageiros e de carga; FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
IV - agências lotéricas;
V- agências terceirizadas de correios;
Art. 2° Ficam acrescidos de cinqüenta por cento os percen- LEI N° 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001
tuais referidos no art. 5° da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro
de 1996, alterado pela Lei nº 9.732, de 11 de dezembro de Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal,
1998, em relação às atividades relacionadas nos incisos II a estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá ou-
V do art. 1º. desta Lei e às pessoas jurídicas que aufiram tras providências.
receita bruta decorrente da prestação de serviços em mon- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
tante igual ou superior a trinta por cento da receita bruta gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
total. (artigo com redação pela Lei n° 10.684, de 30.5.2003).
Art. 3° (VETADO). CAPÍTULO I DIRETRIZES GERAIS
Art. 4° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 1° Na execução da política urbana, de que tratam os
Brasília, 24 de outubro de 2000; 179° da Independência e
arts. 182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o
112° da República.
previsto nesta Lei.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denomi-
nada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem
LEI N° 10.054, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2000 pública e interesse social que regulam o uso da propriedade
urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-
Dispõe sobre a identificação criminal e dá outras provi- estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.
dências. Art. 2° A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propri-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: edade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:
Art. 1° O preso em flagrante delito, o indiciado em inquérito I - garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido
policial, aquele que pratica infração penal de menor gravi- como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento
dade (art. 61, caput e parágrafo único do art. 69 da Lei nº ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos
9.099, de 26 de setembro de 1995), assim como aqueles serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes
contra os quais tenha sido expedido mandado de prisão e futuras gerações;
judicial, desde que não identificados civilmente, serão sub- II - gestão democrática por meio da participação da popula-
metidos à identificação criminal, inclusive pelo processo ção e de associações representativas dos vários segmentos
datiloscópico e fotográfico. da comunidade na formulação, execução e acompanhamen-

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to de planos, programas e projetos de desenvolvimento Art. 3° Compete à União, entre outras atribuições de inte-
urbano; resse da política urbana:
III - cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os I - legislar sobre normas gerais de direito urbanístico;
demais setores da sociedade no processo de urbanização, II - legislar sobre normas para a cooperação entre a União,
em atendimento ao interesse social; os Estados, o Distrito Federal e os Municípios em relação à
IV - planejamento do desenvolvimento das cidades, da dis- política urbana, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvi-
tribuição espacial da população e das atividades econômi- mento e do bem-estar em âmbito nacional;
cas do Município e do território sob sua área de influência, III - promover, por iniciativa própria e em conjunto com os
de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento Estados, o Distrito Federal e os Municípios, programas de
urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; construção de moradias e a melhoria das condições habita-
V - oferta de equipamentos urbanos e comunitários, trans- cionais e de saneamento básico;
porte e serviços públicos adequados aos interesses e ne- IV - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclu-
cessidades da população e às características locais; sive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
VI - ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: V - elaborar e executar planos nacionais e regionais de
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; ordenação do território e de desenvolvimento econômico e
b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; social.
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos CAPÍTULO II DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA
ou inadequados em relação à infra-estrutura urbana; Seção I Dos instrumentos em geral
d) a instalação de empreendimentos ou atividades que pos- Art. 4° Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros
sam funcionar como pólos geradores de tráfego, sem a instrumentos:
previsão da infra-estrutura correspondente;
I - planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do
e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na território e de desenvolvimento econômico e social;
sua subuti-lização ou não utilização;
II - planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações
f) a deterioração das áreas urbani-zadas; urbanas e microrregiões;
g) a poluição e a degradação am-biental; III - planejamento municipal, em especial:
VII - integração e complementaridade entre as atividades a) plano diretor;
urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioe-
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do
conômico do Município e do território sob sua área de influ-
solo;
ência;
c) zoneamento ambiental;
VIII - adoção de padrões de produção e consumo de bens e
d) plano plurianual;
serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites
da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Muni- e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
cípio e do território sob sua área de influência; f) gestão orçamentária participativa;
IX - justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do g) planos, programas e projetos setoriais;
processo de urbanização; h) planos de desenvolvimento econômico e social;
X - adequação dos instrumentos de política econômica, IV - institutos tributários e financeiros:
tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana -
desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investi- IPTU;
mentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens b) contribuição de melhoria;
pelos diferentes segmentos sociais; c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros;
XI - recuperação dos investimentos do Poder Público de que V - institutos jurídicos e políticos:
tenha resultado a valorização de imóveis urbanos; a) desapropriação;
XII - proteção, preservação e recuperação do meio ambien- b) servidão administrativa;
te natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, c) limitações administrativas;
artístico, paisagístico e arqueológico; d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;
XIII - audiência do Poder Público municipal e da população e) instituição de unidades de conservação;
interessada nos processos de implantação de empreendi-
f) instituição de zonas especiais de interesse social;
mentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos
sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou g) concessão de direito real de uso;
a segurança da população; h) concessão de uso especial para fins de moradia;
XIV - regularização fundiária e urbanização de áreas ocupa- i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;
das por população de baixa renda mediante o estabeleci- j) usucapião especial de imóvel urbano;
mento de normas especiais de urbanização, uso e ocupa- l) direito de superfície;
ção do solo e edificação, consideradas a situação socioeco- m) direito de preempção;
nômica da população e as normas ambientais; n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de
XV - simplificação da legislação de parcelamento, uso e uso;
ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas a per- o) transferência do direito de construir;
mitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e p) operações urbanas consorciadas;
unidades habitacionais; q) regularização fundiária;
XVI - isonomia de condições para os agentes públicos e r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunida-
privados na promoção de empreendimentos e atividades des e grupos sociais menos favorecidos;
relativos ao processo de urbanização, atendido o interesse s) referendo popular e plebiscito.
social.

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VI - estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo pré- § 2° Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não
vio de impacto de vizinhança (EIV). esteja atendida em cinco anos, o Município manterá a co-
§ 1° Os instrumentos mencionados neste artigo regem-se brança pela alíquota máxima, até que se cumpra a referida
pela legislação que lhes é própria, observado o disposto obrigação, garantida a prerrogativa prevista no art. 8º.
nesta Lei. § 3° É vedada a concessão de isenções ou de anistia relati-
§ 2° Nos casos de programas e projetos habitacionais de vas à tributação progressiva de que trata este artigo.
interesse social, desenvolvidos por órgãos ou entidades da Seção IV Da desapropriação com pagamento em títulos
Administração Pública com atuação específica nessa área, Art. 8° Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU pro-
a concessão de direito real de uso de imóveis públicos po- gressivo sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação
derá ser contratada coletivamente. de parcelamento, edificação ou utilização, o Município pode-
§ 3° Os instrumentos previstos neste artigo que demandam rá proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento
dispêndio de recursos por parte do Poder Público municipal em títulos da dívida pública.
devem ser objeto de controle social, garantida a participa- § 1° Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo
ção de comunidades, movimentos e entidades da sociedade Senado Federal e serão resgatados no prazo de até dez
civil. anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, assegura-
Seção II Do parcelamento, edificação ou utilização com- dos o valor real da indenização e os juros legais de seis por
pulsórios cento ao ano.
Art. 5° Lei municipal específica para área incluída no plano § 2° O valor real da indenização:
diretor poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a I - refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado o
utilização compulsórios do solo urbano não edificado, subu- montante incorporado em função de obras realizadas pelo
tilizado ou não utilizado, devendo fixar as condições e os Poder Público na área onde o mesmo se localiza após a
prazos para implementação da referida obrigação. notificação de que trata o § 2º do art. 5º desta Lei;
§ 1° Considera-se subutilizado o imóvel: II - não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes
I - cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no e juros compensatórios.
plano diretor ou em legislação dele decorrente; § 3° Os títulos de que trata este artigo não terão poder libe-
§ 2° O proprietário será notificado pelo Poder Executivo ratório para pagamento de tributos.
municipal para o cumprimento da obrigação, devendo a § 4° O Município procederá ao adequado aproveitamento do
notificação ser averbada no cartório de registro de imóveis. imóvel no prazo máximo de cinco anos, contado a partir da
§ 3° A notificação far-se-á: sua incorporação ao patrimônio público.
I - por funcionário do órgão competente do Poder Público § 5° O aproveitamento do imóvel poderá ser efetivado dire-
municipal, ao proprietário do imóvel ou, no caso de este ser tamente pelo Poder Público ou por meio de alienação ou
pessoa jurídica, a quem tenha poderes de gerência geral ou concessão a terceiros, observando-se, nesses casos, o
administração; devido procedimento licitatório.
II - por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa de § 6° Ficam mantidas para o adquirente de imóvel nos ter-
notificação na forma prevista pelo inciso I. mos do § 5° as mesmas obrigações de parcelamento, edifi-
§ 4° Os prazos a que se refere o caput não poderão ser cação ou utilização previstas no art. 5º desta Lei.
inferiores a: Seção V Da usucapião especial de imóvel urbano
I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado Art. 9° Aquele que possuir como sua área ou edificação
o projeto no órgão municipal competente; urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por
II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a
as obras do empreendimento. para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domí-
§ 5° Em empreendimentos de grande porte, em caráter nio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
excepcional, a lei municipal específica a que se refere o ou rural.
caput poderá prever a conclusão em etapas, assegurando- § 1° O título de domínio será conferido ao homem ou à mu-
se que o projeto aprovado compreenda o empreendimento lher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
como um todo. § 2° O direito de que trata este artigo não será reconhecido
Art. 6° A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou cau- ao mesmo possuidor mais de uma vez.
sa mortis, posterior à data da notificação, transfere as obri- § 3° Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo conti-
gações de parcelamento, edificação ou utilização previstas nua, de pleno direito, a posse de seu antecessor, desde que
no art. 5º desta Lei, sem interrupção de quaisquer prazos. já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão.
Seção III Do IPTU progressivo no tempo Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüen-
Art. 7° Em caso de descumprimento das condições e dos ta metros quadrados, ocupadas por população de baixa
prazos previstos na forma do caput do art. 5º desta Lei, ou renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e
não sendo cumpridas as etapas previstas no § 5º do art. 5º sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos
desta Lei, o Município procederá à aplicação do imposto ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem
sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) pro- usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não
gressivo no tempo, mediante a majoração da alíquota pelo sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
prazo de cinco anos consecutivos. § 1° O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido
§ 1° O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor,
fixado na lei específica a que se refere o caput do art. 5º contanto que ambas sejam contínuas.
desta Lei e não excederá a duas vezes o valor referente ao § 2° A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será
ano anterior, respeitada a alíquota máxima de quinze por declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de
cento. título para registro no cartório de registro de imóveis.

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§ 3° Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terre- objeto da concessão do direito de superfície, salvo disposi-
no a cada possuidor, independentemente da dimensão do ção em contrário do contrato respectivo.
terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escri- § 4° O direito de superfície pode ser transferido a terceiros,
to entre os condôminos, estabelecendo frações ideais dife- obedecidos os termos do contrato respectivo.
renciadas. § 5° Por morte do superficiário, os seus direitos transmitem-
§ 4° O condomínio especial constituído é indivisível, não se a seus herdeiros.
sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável Art. 22. Em caso de alienação do terreno, ou do direito de
tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no superfície, o superficiário e o proprietário, respectivamente,
caso de execução de urbanização posterior à constituição terão direito de preferência, em igualdade de condições à
do condomínio. oferta de terceiros.
§ 5° As deliberações relativas à administração do condomí- Art. 23. Extingue-se o direito de superfície:
nio especial serão tomadas por maioria de votos dos con- I - pelo advento do termo;
dôminos presentes, obrigando também os demais, discor- II - pelo descumprimento das obrigações contratuais assu-
dantes ou ausentes. midas pelo superficiário.
Art. 11. Na pendência da ação de usucapião especial urba- Art. 24. Extinto o direito de superfície, o proprietário recupe-
na, ficarão sobrestadas quaisquer outras ações, petitórias rará o pleno domínio do terreno, bem como das acessões e
ou possessórias, que venham a ser propostas relativamente benfeitorias introduzidas no imóvel, independentemente de
ao imóvel usucapiendo. indenização, se as partes não houverem estipulado o con-
Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de trário no respectivo contrato.
usucapião especial urbana: § 1° Antes do termo final do contrato, extinguir-se-á o direito
I - o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário de superfície se o superficiário der ao terreno destinação
ou superveniente; diversa daquela para a qual for concedida.
II - os possuidores, em estado de composse; § 2° A extinção do direito de superfície será averbada no
III - como substituto processual, a associação de moradores cartório de registro de imóveis.
da comunidade, regularmente constituída, com personalida- Seção VIII Do direito de preempção
de jurídica, desde que explicitamente autorizada pelos re-
Art. 25. O direito de preempção confere ao Poder Público
presentados.
municipal preferência para aquisição de imóvel urbano obje-
§ 1° Na ação de usucapião especial urbana é obrigatória a
to de alienação onerosa entre particulares.
intervenção do Ministério Público.
§ 1° Lei municipal, baseada no plano diretor, delimitará as
§ 2° O autor terá os benefícios da justiça e da assistência
áreas em que incidirá o direito de preempção e fixará prazo
judiciária gratuita, inclusive perante o cartório de registro de
de vigência, não superior a cinco anos, renovável a partir de
imóveis.
um ano após o decurso do prazo inicial de vigência.
Art. 13. A usucapião especial de imóvel urbano poderá ser
§ 2° O direito de preempção fica assegurado durante o pra-
invocada como matéria de defesa, valendo a sentença que
zo de vigência fixado na forma do § 1º, independentemente
a reconhecer como título para registro no cartório de registro
do número de alienações referentes ao mesmo imóvel.
de imóveis.
Art. 26. O direito de preempção será exercido sempre que o
Art. 14. Na ação judicial de usucapião especial de imóvel
Poder Público necessitar de áreas para:
urbano, o rito processual a ser observado é o sumário.
I - regularização fundiária;
Seção VI Da concessão de uso especial para fins de
moradia II - execução de programas e projetos habitacionais de inte-
resse social;
Art. 15. (VETADO). III - constituição de reserva fundiária;
Art. 16. (VETADO). IV - ordenamento e direcionamento da expansão urbana;
Art. 17. (VETADO). V - implantação de equipamentos urbanos e comunitários;
Art. 18. (VETADO). VI - criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes;
Art. 19. (VETADO). VII - criação de unidades de conservação ou proteção de
Art. 20. (VETADO). outras áreas de interesse ambiental;
Seção VII Do direito de superfície VIII - proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou
Art. 21. O proprietário urbano poderá conceder a outrem o paisagístico;
direito de superfície do seu terreno, por tempo determinado Parágrafo único. A lei municipal prevista no § 1° do art. 25
ou indeterminado, mediante escritura pública registrada no desta Lei deverá enquadrar cada área em que incidirá o
cartório de registro de imóveis. direito de preempção em uma ou mais das finalidades enu-
§ 1° O direito de superfície abrange o direito de utilizar o meradas por este artigo.
solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, na Art. 27. O proprietário deverá notificar sua intenção de alie-
forma estabelecida no contrato respectivo, atendida a legis- nar o imóvel, para que o Município, no prazo máximo de
lação urbanística. trinta dias, manifeste por escrito seu interesse em comprá-
§ 2° A concessão do direito de superfície poderá ser gratuita lo.
ou onerosa. § 1° À notificação mencionada no caput será anexada pro-
§ 3° O superficiário responderá integralmente pelos encar- posta de compra assinada por terceiro interessado na aqui-
gos e tributos que incidirem sobre a propriedade superficiá- sição do imóvel, da qual constarão preço, condições de
ria, arcando, ainda, proporcionalmente à sua parcela de pagamento e prazo de validade.
ocupação efetiva, com os encargos e tributos sobre a área § 2° O Município fará publicar, em órgão oficial e em pelo
menos um jornal local ou regional de grande circulação,

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edital de aviso da notificação recebida nos termos do caput Art. 33. Da lei específica que aprovar a operação urbana
e da intenção de aquisição do imóvel nas condições da consorciada constará o plano de operação urbana consorci-
proposta apresentada. ada, contendo, no mínimo:
§ 3° Transcorrido o prazo mencionado no caput sem mani- I - definição da área a ser atingida;
festação, fica o proprietário autorizado a realizar a alienação II - programa básico de ocupação da área;
para terceiros, nas condições da proposta apresentada. III - programa de atendimento econômico e social para a
§ 4° Concretizada a venda a terceiro, o proprietário fica população diretamente afetada pela operação;
obrigado a apresentar ao Município, no prazo de trinta dias, IV - finalidades da operação;
cópia do instrumento público de alienação do imóvel. V - estudo prévio de impacto de vizinhança;
§ 5° A alienação processada em condições diversas da VI - contrapartida a ser exigida dos proprietários, usuários
proposta apresentada é nula de pleno direito. permanentes e investidores privados em função da utiliza-
§ 6° Ocorrida a hipótese prevista no § 5° o Município poderá ção dos benefícios previstos nos incisos I e II do § 2º do art.
adquirir o imóvel pelo valor da base de cálculo do IPTU ou 32 desta Lei;
pelo valor indicado na proposta apresentada, se este for VII - forma de controle da operação, obrigatoriamente com-
inferior àquele. partilhado com representação da sociedade civil.
Seção IX Da outorga onerosa do direito de construir § 1° Os recursos obtidos pelo Poder Público municipal na
Art. 28. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o direi- forma do inciso VI deste artigo serão aplicados exclusiva-
to de construir poderá ser exercido acima do coeficiente de mente na própria operação urbana consorciada.
aproveitamento básico adotado, mediante contrapartida a § 2° A partir da aprovação da lei específica de que trata o
ser prestada pelo beneficiário. caput, são nulas as licenças e autorizações a cargo do Po-
§ 1° Para os efeitos desta Lei, coeficiente de aproveitamen- der Público municipal expedidas em desacordo com o plano
to é a relação entre a área edificável e a área do terreno. de operação urbana consorciada.
§ 2° O plano diretor poderá fixar coeficiente de aproveita- Art. 34. A lei específica que aprovar a operação urbana
mento básico único para toda a zona urbana ou diferenciado consorciada poderá prever a emissão pelo Município de
para áreas específicas dentro da zona urbana. quantidade determinada de certificados de potencial adicio-
§ 3° O plano diretor definirá os limites máximos a serem nal de construção, que serão alienados em leilão ou utiliza-
atingidos pelos coeficientes de aproveitamento, consideran- dos diretamente no pagamento das obras necessárias à
do a proporcionalidade entre a infra-estrutura existente e o própria operação.
aumento de densidade esperado em cada área. § 1° Os certificados de potencial adicional de construção
Art. 29. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais poderá serão livremente negociados, mas conversíveis em direito
ser permitida alteração de uso do solo, mediante contrapar- de construir unicamente na área objeto da operação.
tida a ser prestada pelo beneficiário. § 2° Apresentado pedido de licença para construir, o certifi-
Art. 30. Lei municipal específica estabelecerá as condições cado de potencial adicional será utilizado no pagamento da
a serem observadas para a outorga onerosa do direito de área de construção que supere os padrões estabelecidos
construir e de alteração de uso, determinando: pela legislação de uso e ocupação do solo, até o limite fixa-
I - a fórmula de cálculo para a cobrança; do pela lei específica que aprovar a operação urbana con-
II - os casos passíveis de isenção do pagamento da outor- sorciada.
ga; Seção XI Da transferência do direito de construir
III - a contrapartida do beneficiário. Art. 35. Lei municipal, baseada no plano diretor, poderá
Art. 31. Os recursos auferidos com a adoção da outorga autorizar o proprietário de imóvel urbano, privado ou públi-
onerosa do direito de construir e de alteração de uso serão co, a exercer em outro local, ou alienar, mediante escritura
aplicados com as finalidades previstas nos incisos I a IX do pública, o direito de construir previsto no plano diretor ou em
art. 26 desta Lei. legislação urbanística dele decorrente, quando o referido
Seção X Das operações urbanas consorciadas imóvel for considerado necessário para fins de:
Art. 32. Lei municipal específica, baseada no plano diretor, I - implantação de equipamentos urbanos e comunitários;
poderá delimitar área para aplicação de operações consor- II - preservação, quando o imóvel for considerado de inte-
ciadas. resse histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural;
§ 1° Considera-se operação urbana consorciada o conjunto III - servir a programas de regularização fundiária, urbaniza-
de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder Público ção de áreas ocupadas por população de baixa renda e
municipal, com a participação dos proprietários, moradores, habitação de interesse social.
usuários permanentes e investidores privados, com o objeti- § 1° A mesma faculdade poderá ser concedida ao proprietá-
vo de alcançar em uma área transformações urbanísticas rio que doar ao Poder Público seu imóvel, ou parte dele,
estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental. para os fins previstos nos incisos I a III do caput.
§ 2° Poderão ser previstas nas operações urbanas consor- § 2° A lei municipal referida no caput estabelecerá as condi-
ciadas, entre outras medidas: ções relativas à aplicação da transferência do direito de
I - a modificação de índices e características de parcela- construir.
mento, uso e ocupação do solo e subsolo, bem como alte- Seção XII Do estudo de impacto de vizinhança
rações das normas edilícias, considerado o impacto ambien- Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e ativi-
tal delas decorrente; dades privados ou públicos em área urbana que depende-
II - a regularização de construções, reformas ou ampliações rão de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhan-
executadas em desacordo com a legislação vigente. ça (EIV) para obter as licenças ou autorizações de constru-
ção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público
municipal.

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Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os e financeiros para a elaboração do plano diretor estarão
efeitos positivos e negativos do empreendimento ou ativida- inseridos entre as medidas de compensação adotadas.
de quanto à qualidade de vida da população residente na § 2° No caso de cidades com mais de quinhentos mil habi-
área e suas proximidades, incluindo a análise, no mínimo, tantes, deverá ser elaborado um plano de transporte urbano
das seguintes questões: integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido.
I - adensamento populacional; Art. 42. O plano diretor deverá conter no mínimo:
II - equipamentos urbanos e comunitários; I - a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplica-
III - uso e ocupação do solo; do o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios,
IV - valorização imobiliária; considerando a existência de infra-estrutura e de demanda
V - geração de tráfego e demanda por transporte público; para utilização, na forma do art. 5º desta Lei;
VI - ventilação e iluminação; II - disposições requeridas pelos arts. 25, 28, 29, 32 e 35
VII - paisagem urbana e patrimônio natural e cultural. desta Lei;
Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos III - sistema de acompanhamento e controle.
integrantes do EIV, que ficarão disponíveis para consulta, CAPÍTULO IV DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DA CIDADE
no órgão competente do Poder Público municipal, por qual- Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, de-
quer interessado. verão ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumen-
Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a tos:
aprovação de estudo prévio de impacto ambiental (EIA), I - órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional,
requeridas nos termos da legislação ambiental. estadual e municipal;
CAPÍTULO III DO PLANO DIRETOR II - debates, audiências e consultas públicas;
Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social III - conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos
quando atende às exigências fundamentais de ordenação níveis nacional, estadual e municipal;
da cidade expressas no plano diretor, assegurando o aten- IV - iniciativa popular de projeto de lei e de planos, progra-
dimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade mas e projetos de desenvolvimento urbano;
de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das ativida- Art. 44. No âmbito municipal, a gestão orçamentária partici-
des econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. pativa de que trata a alínea “f” do inciso III do art. 4º desta
2º desta Lei. Lei incluirá a realização de debates, audiências e consultas
Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de
instrumento básico da política de desenvolvimento e expan- diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como condi-
são urbana. ção obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal.
§ 1° O plano diretor é parte integrante do processo de pla- Art. 45. Os organismos gestores das regiões metropolitanas
nejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretri- e aglomerações urbanas incluirão obrigatória e significativa
zes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as dire- participação da população e de associações representativas
trizes e as prioridades nele contidas. dos vários segmentos da comunidade, de modo a garantir o
§ 2° O plano diretor deverá englobar o território do Municí- controle direto de suas atividades e o pleno exercício da
pio como um todo. cidadania.
§ 3° A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo CAPÍTULO V DISPOSIÇÕES GERAIS
menos, a cada dez anos. Art. 46. O Poder Público municipal poderá facultar ao pro-
§ 4° No processo de elaboração do plano diretor e na fisca- prietário de área atingida pela obrigação de que trata o ca-
lização de sua implementação, os Poderes Legislativo e put do art. 5º desta Lei, a requerimento deste, o estabeleci-
Executivo municipais garantirão: mento de consórcio imobiliário como forma de viabilização
I - a promoção de audiências públicas e debates com a financeira do aproveitamento do imóvel.
participação da população e de associações representativas § 1° Considera-se consórcio imobiliário a forma de viabiliza-
dos vários segmentos da comunidade; ção de planos de urbanização ou edificação por meio da
II - a publicidade quanto aos documentos e informações qual o proprietário transfere ao Poder Público municipal seu
produzidos; imóvel e, após a realização das obras, recebe, como paga-
III - o acesso de qualquer interessado aos documentos e mento, unidades imobiliárias devidamente urbanizadas ou
informações produzidos. edificadas.
Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades: § 2° O valor das unidades imobiliárias a serem entregues ao
I - com mais de vinte mil habitantes; proprietário será correspondente ao valor do imóvel antes
II - integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações da execução das obras, observado o disposto no § 2º do
urbanas; art. 8º desta Lei.
III - onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os Art. 47. Os tributos sobre imóveis urbanos, assim como as
instrumentos previstos no § 4° do art. 182 da Constituição tarifas relativas a serviços públicos urbanos, serão diferen-
Federal; ciados em função do interesse social.
IV - integrantes de áreas de especial interesse turístico; Art. 48. Nos casos de programas e projetos habitacionais
V - inseridas na área de influência de empreendimentos ou de interesse social, desenvolvidos por órgãos ou entidades
atividades com significativo impacto ambiental de âmbito da Administração Pública com atuação específica nessa
regional ou nacional. área, os contratos de concessão de direito real de uso de
imóveis públicos:
§ 1° No caso da realização de empreendimentos ou ativida-
des enquadrados no inciso V do caput, os recursos técnicos I - terão, para todos os fins de direito, caráter de escritura
pública, não se aplicando o disposto no inciso II do art. 134

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do Código Civil; (refere-se ao art. 108 do Código Civil de Art. 167. .......................................
2002). Art. 56. O art. 167, inciso I, da Lei nº 6.015, de 1973, passa
II - constituirão título de aceitação obrigatória em garantia de a vigorar acrescido dos seguintes itens 37, 38 e 39:
contratos de financiamentos habitacionais. Art. 167. .......................................
Art. 49. Os Estados e Municípios terão o prazo de noventa 37) dos termos administrativos ou das sentenças declarató-
dias, a partir da entrada em vigor desta Lei, para fixar pra- rias da concessão de uso especial para fins de moradia,
zos, por lei, para a expedição de diretrizes de empreendi- independente da regularidade do parcelamento do solo ou
mentos urbanísticos, aprovação de projetos de parcelamen- da edificação;
to e de edificação, realização de vistorias e expedição de 38) (VETADO).
termo de verificação e conclusão de obras. 39) da constituição do direito de superfície de imóvel urba-
Parágrafo único. Não sendo cumprida a determinação do no;
caput, fica estabelecido o prazo de sessenta dias para a Art. 57. O art. 167, inciso II, da Lei nº 6.015, de 1973, passa
realização de cada um dos referidos atos administrativos, a vigorar acrescido dos seguintes itens 18, 19 e 20:
que valerá até que os Estados e Municípios disponham em Art. 167. .......................................
lei de forma diversa.
18) da notificação para parcelamento, edificação ou utiliza-
Art. 50. Os Municípios que estejam enquadrados na obriga- ção compulsórios de imóvel urbano;
ção prevista nos incisos I e II do art. 41 desta Lei que não
19) da extinção da concessão de uso especial para fins de
tenham plano diretor aprovado na data de entrada em vigor
moradia;
desta Lei, deverão aprová-lo no prazo de cinco anos.
20) da extinção do direito de superfície do imóvel urbano.
Art. 51. Para os efeitos desta Lei, aplicam-se ao Distrito
Art. 58. Esta Lei entra em vigor após decorridos noventa
Federal e ao Governador do Distrito Federal as disposições
relativas, respectivamente, a Município e a Prefeito. dias de sua publicação.
Art. 52. Sem prejuízo da punição de outros agentes públi- Brasília, 10 de julho de 2001; 180° da Independência e 113°
cos envolvidos e da aplicação de outras sanções cabíveis, o da República.
Prefeito incorre em improbidade administrativa, nos termos FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, quando:
I - (VETADO). LEI N° 10.259, DE 12 DE JULHO DE 2001
II - deixar de proceder, no prazo de cinco anos, o adequado
aproveitamento do imóvel incorporado ao patrimônio públi- Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cí-
co, conforme o disposto no § 4º do art. 8º desta Lei; veis e Criminais no âmbito da Justiça Federal.
III - utilizar áreas obtidas por meio do direito de preempção O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
em desacordo com o disposto no art. 26 desta Lei; gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
IV - aplicar os recursos auferidos com a outorga onerosa do Art. 1° São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e Cri-
direito de construir e de alteração de uso em desacordo com minais da Justiça Federal, aos quais se aplica, no que não
o previsto no art. 31 desta Lei; conflitar com esta Lei, o disposto na Lei nº 9.099, de 26 de
V - aplicar os recursos auferidos com operações consorcia- setembro de 1995.
das em desacordo com o previsto no § 1° do art. 33 desta Art. 2° Compete ao Juizado Especial Federal Criminal pro-
Lei; cessar e julgar os feitos de competência da Justiça Federal
VI - impedir ou deixar de garantir os requisitos contidos nos relativos às infrações de menor potencial ofensivo.
incisos I a III do § 4° do art. 40 desta Lei; Parágrafo único. Consideram-se infrações de menor po-
VII - deixar de tomar as providências necessárias para ga- tencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes a que a
rantir a observância do disposto no § 3° do art. 40 e no art. lei comine pena máxima não superior a dois anos, ou multa.
50 desta Lei; Art. 3° Compete ao Juizado Especial Federal Cível proces-
VIII - adquirir imóvel objeto de direito de preempção, nos sar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça
termos dos arts. 25 a 27 desta Lei, pelo valor da proposta Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem co-
apresentada, se este for, comprovadamente, superior ao de mo executar as suas sentenças.
mercado. § 1° Não se incluem na competência do Juizado Especial
Art. 53. O art. 1° da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, Cível as causas:
passa a vigorar acrescido de novo inciso III, renumerando o I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição
atual inciso III e os subseqüentes: .(Vide Medida Provisória Federal, as ações de mandado de segurança, de desapro-
nº 2.180-35, de 24.8.2001). priação, de divisão e demarcação, populares, execuções
Art. 1° ......................................... fiscais e por improbidade administrativa e as demandas
III - à ordem urbanística; sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais
Art. 54. O art. 4° da Lei nº 7.347, de 1985, passa a vigorar homogêneos;
com a seguinte redação: II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações
Art. 4°. Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta públicas federais;
Lei, objetivando, inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo
ao consumidor, à ordem urbanística ou aos bens e direitos federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamen-
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico to fiscal;
(VETADO).. IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de
Art. 55. O art. 167, inciso I, item 28, da Lei nº 6.015, de 31 demissão imposta a servidores públicos civis ou de sanções
de dezembro de 1973, alterado pela Lei nº 6.216, de 30 de disciplinares aplicadas a militares.
junho de 1975, passa a vigorar com a seguinte redação:

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§ 2° Quando a pretensão versar sobre obrigações vincen- § 2° Nas ações previdenciárias e relativas à assistência
das, para fins de competência do Juizado Especial, a soma social, havendo designação de exame, serão as partes
de doze parcelas não poderá exceder o valor referido no art. intimadas para, em dez dias, apresentar quesitos e indicar
3º, caput. assistentes.
§ 3° No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especi- Art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá ree-
al, a sua competência é absoluta. xame necessário.
Art. 4° O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das par- Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpretação
tes, deferir medidas cautelares no curso do processo, para de lei federal quando houver divergência entre decisões
evitar dano de difícil reparação. sobre questões de direito material proferidas por Turmas
Art. 5° Exceto nos casos do art. 4°, somente será admitido Recursais na interpretação da lei.
recurso de sentença definitiva. § 1° O pedido fundado em divergência entre Turmas da
Art. 6° Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível: mesma Região será julgado em reunião conjunta das Tur-
I - como autores, as pessoas físicas e as microempresas e mas em conflito, sob a presidência do Juiz Coordenador.
empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei nº § 2° O pedido fundado em divergência entre decisões de
9.317, de 5 de dezembro de 1996; turmas de diferentes regiões ou da proferida em contrarie-
II - como rés, a União, autarquias, fundações e empresas dade a súmula ou jurisprudência dominante do STJ será
públicas federais. julgado por Turma de Uniformização, integrada por juízes de
Art. 7° As citações e intimações da União serão feitas na Turmas Recursais, sob a presidência do Coordenador da
forma prevista nos arts. 35 a 38 da Lei Complementar no Justiça Federal.
73, de 10 de fevereiro de 1993. § 3° A reunião de juízes domiciliados em cidades diversas
Parágrafo único. A citação das autarquias, fundações e será feita pela via eletrônica.
empresas públicas será feita na pessoa do representante § 4° Quando a orientação acolhida pela Turma de Uniformi-
máximo da entidade, no local onde proposta a causa, quan- zação, em questões de direito material, contrariar súmula ou
do ali instalado seu escritório ou representação; se não, na jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça -
sede da entidade. STJ, a parte interessada poderá provocar a manifestação
Art. 8° As partes serão intimadas da sentença, quando não deste, que dirimirá a divergência.
proferida esta na audiência em que estiver presente seu § 5° No caso do § 4°, presente a plausibilidade do direito
representante, por ARMP (aviso de recebimento em mão invocado e havendo fundado receio de dano de difícil repa-
própria). ração, poderá o relator conceder, de ofício ou a requerimen-
§ 1° As demais intimações das partes serão feitas na pes- to do interessado, medida liminar determinando a suspen-
soa dos advogados ou dos Procuradores que oficiem nos são dos processos nos quais a controvérsia esteja estabe-
respectivos autos, pessoalmente ou por via postal. lecida.
§ 2° Os tribunais poderão organizar serviço de intimação § 6° Eventuais pedidos de uniformização idênticos, recebi-
das partes e de recepção de petições por meio eletrônico. dos subseqüentemente em quaisquer Turmas Recursais,
Art. 9° Não haverá prazo diferenciado para a prática de ficarão retidos nos autos, aguardando-se pronunciamento
qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito do Superior Tribunal de Justiça.
público, inclusive a interposição de recursos, devendo a § 7° Se necessário, o relator pedirá informações ao Presi-
citação para audiência de conciliação ser efetuada com dente da Turma Recursal ou Coordenador da Turma de
antecedência mínima de trinta dias. Uniformização e ouvirá o Ministério Público, no prazo de
Art. 10. As partes poderão designar, por escrito, represen- cinco dias. Eventuais interessados, ainda que não sejam
tantes para a causa, advogado ou não. partes no processo, poderão se manifestar, no prazo de
trinta dias.
Parágrafo único. Os representantes judiciais da União,
autarquias, fundações e empresas públicas federais, bem § 8° Decorridos os prazos referidos no § 7°, o relator incluirá
como os indicados na forma do caput, ficam autorizados a o pedido em pauta na Seção, com preferência sobre todos
conciliar, transigir ou desistir, nos processos da competên- os demais feitos, ressalvados os processos com réus pre-
cia dos Juizados Especiais Federais. sos, os habeas corpus e os mandados de segurança.
Art. 11. A entidade pública ré deverá fornecer ao Juizado a § 9° Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos
documentação de que disponha para o esclarecimento da referidos no § 6° serão apreciados pelas Turmas Recursais,
causa, apresentando-a até a instalação da audiência de que poderão exercer juízo de retratação ou declará-los pre-
conciliação. judicados, se veicularem tese não acolhida pelo Superior
Tribunal de Justiça.
Parágrafo único. Para a audiência de composição dos
danos resultantes de ilícito criminal (arts. 71, 72 e 74 da Lei § 10. Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de Justiça
nº 9.099, de 26 de setembro de 1995)., o representante da e o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de suas compe-
entidade que comparecer terá poderes para acordar, desistir tências, expedirão normas regulamentando a composição
ou transigir, na forma do art. 10. dos órgãos e os procedimentos a serem adotados para o
processamento e o julgamento do pedido de uniformização
Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à concilia-
e do recurso extraordinário.
ção ou ao julgamento da causa, o Juiz nomeará pessoa
habilitada, que apresentará o laudo até cinco dias antes da Art. 15. O recurso extraordinário, para os efeitos desta Lei,
audiência, independentemente de intimação das partes. será processado e julgado segundo o estabelecido nos §§
4° a 9° do art. 14, além da observância das normas do Re-
§ 1° Os honorários do técnico serão antecipados à conta de
gimento.
verba orçamentária do respectivo Tribunal e, quando venci-
da na causa a entidade pública, seu valor será incluído na Art. 16. O cumprimento do acordo ou da sentença, com
ordem de pagamento a ser feita em favor do Tribunal. trânsito em julgado, que imponham obrigação de fazer, não
fazer ou entrega de coisa certa, será efetuado mediante

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ofício do Juiz à autoridade citada para a causa, com cópia prévia do Tribunal Regional Federal, com antecedência de
da sentença ou do acordo. dez dias.
Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, Art. 23. O Conselho da Justiça Federal poderá limitar, por
após o trânsito em julgado da decisão, o pagamento será até três anos, contados a partir da publicação desta Lei, a
efetuado no prazo de sessenta dias, contados da entrega da competência dos Juizados Especiais Cíveis, atendendo à
requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada para a necessidade da organização dos serviços judiciários ou
causa, na agência mais próxima da Caixa Econômica Fede- administrativos.
ral ou do Banco do Brasil, independentemente de precató- Art. 24. O Centro de Estudos Judiciários do Conselho da
rio. Justiça Federal e as Escolas de Magistratura dos Tribunais
§ 1° Para os efeitos do § 3° do art. 100 da Constituição Fe- Regionais Federais criarão programas de informática ne-
deral, as obrigações ali definidas como de pequeno valor, a cessários para subsidiar a instrução das causas submetidas
serem pagas independentemente de precatório, terão como aos Juizados e promoverão cursos de aperfeiçoamento
limite o mesmo valor estabelecido nesta Lei para a compe- destinados aos seus magistrados e servidores.
tência do Juizado Especial Federal Cível (art. 3º, caput). Art. 25. Não serão remetidas aos Juizados Especiais as
§ 2° Desatendida a requisição judicial, o Juiz determinará o demandas ajuizadas até a data de sua instalação.
seqüestro do numerário suficiente ao cumprimento da deci- Art. 26. Competirá aos Tribunais Regionais Federais prestar
são. o suporte administrativo necessário ao funcionamento dos
§ 3° São vedados o fracionamento, repartição ou quebra do Juizados Especiais.
valor da execução, de modo que o pagamento se faça, em Art. 27. Esta Lei entra em vigor seis meses após a data de
parte, na forma estabelecida no § 1º deste artigo, e, em sua publicação.
parte, mediante expedição do precatório, e a expedição de Brasília, 12 de julho de 2001; 180° da Independência e 113°
precatório complementar ou suplementar do valor pago. da República.
§ 4° Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido no § FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
1°, o pagamento far-se-á, sempre, por meio do precatório,
sendo facultado à parte exeqüente a renúncia ao crédito do LEI N° 10.409, DE 11 DE JANEIRO DE 2002
valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do
saldo sem o precatório, da forma lá prevista.
Art. 18. Os Juizados Especiais serão instalados por decisão Dispõe sobre a prevenção, o tratamento, a fiscalização,
do Tribunal Regional Federal. O Juiz presidente do Juizado o controle e a repressão à produção, ao uso e ao tráfico
designará os conciliadores pelo período de dois anos, admi- ilícitos de produtos, substâncias ou drogas ilícitas que
tida a recondução. O exercício dessas funções será gratuito, causem dependência física ou psíquica, assim elenca-
assegurados os direitos e prerrogativas do jurado (art. 437 dos pelo Ministério da Saúde, e dá outras providências.
do Código de Processo Penal). O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
Parágrafo único. Serão instalados Juizados Especiais Ad- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
juntos nas localidades cujo movimento forense não justifique
a existência de Juizado Especial, cabendo ao Tribunal de- CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
signar a Vara onde funcionará. Art. 1° (VETADO).
Art. 19. No prazo de seis meses, a contar da publicação Art. 2° É dever de todas as pessoas, físicas ou jurídicas,
desta Lei, deverão ser instalados os Juizados Especiais nas nacionais ou estrangeiras com domicílio ou sede no País,
capitais dos Estados e no Distrito Federal. colaborar na prevenção da produção, do tráfico ou uso in-
Parágrafo único. Na capital dos Estados, no Distrito Fede- devidos de produtos, substâncias ou drogas ilícitas que
ral e em outras cidades onde for necessário, neste último causem dependência física ou psíquica.
caso, por decisão do Tribunal Regional Federal, serão insta- § 1° A pessoa jurídica que, injustificadamente, negar-se a
lados Juizados com competência exclusiva para ações pre- colaborar com os preceitos desta Lei terá imediatamente
videnciárias. suspensos ou indeferidos auxílios ou subvenções, ou auto-
Art. 20. Onde não houver Vara Federal, a causa poderá ser rização de funcionamento, pela União, pelos Estados, pelo
proposta no Juizado Especial Federal mais próximo do foro Distrito Federal e pelos Municípios, e suas autarquias, em-
definido no art. 4º da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de presas públicas, sociedades de economia mista e funda-
1995, vedada a aplicação desta Lei nº juízo estadual. ções, sob pena de responsabilidade da autoridade conce-
Art. 21. As Turmas Recursais serão instituídas por decisão dente.
do Tribunal Regional Federal, que definirá sua composição § 2° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
e área de competência, podendo abranger mais de uma criarão estímulos fiscais e outros, destinados às pessoas
seção. físicas e jurídicas que colaborarem na prevenção da produ-
§ 1° Não será permitida a recondução, salvo quando não ção, do tráfico e do uso de produtos, substâncias ou drogas
houver outro juiz na sede da Turma Recursal ou na Região. ilícitas que causem dependência física ou psíquica.
§ 2° A designação dos juízes das Turmas Recursais obede- Art. 3° (VETADO).
cerá aos critérios de antigüidade e merecimento. Art. 4° É facultado à União celebrar convênios com os Es-
Art. 22. Os Juizados Especiais serão coordenados por Juiz tados, com o Distrito Federal e com os Municípios, e com
do respectivo Tribunal Regional, escolhido por seus pares, entidades públicas e privadas, além de organismos estran-
com mandato de dois anos. geiros, visando à prevenção, ao tratamento, à fiscalização,
Parágrafo único. O Juiz Federal, quando o exigirem as ao controle, à repressão ao tráfico e ao uso indevido de
circunstâncias, poderá determinar o funcionamento do Jui- produtos, substâncias ou drogas ilícitas, observado, quanto
zado Especial em caráter itinerante, mediante autorização aos recursos financeiros e orçamentários, o disposto no art.
47.

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Parágrafo único. Entre as medidas de prevenção inclui-se substratos, alterados na condição original, dos quais pos-
a orientação escolar nos três níveis de ensino. sam ser extraídos produtos, substâncias ou drogas ilícitas
Art. 5° As autoridades sanitárias, judiciárias, policiais e al- que causem dependência física ou psíquica, especificados
fandegárias organizarão e manterão estatísticas, registros e pelo órgão competente do Ministério da Saúde.
demais informes das respectivas atividades relacionadas § 1° O Ministério da Saúde pode autorizar o plantio, a cultu-
com a prevenção, a fiscalização, o controle e a repressão ra e a colheita dos vegetais referidos no caput, em local
de que trata esta Lei, e remeterão, mensalmente, à Secreta- predeterminado, exclusivamente para fins medicinais ou
ria Nacional Antidrogas - SENAD e aos Conselhos Estadu- científicos, sujeitos à fiscalização e à cassação da autoriza-
ais e Municipais de Entorpecentes, os dados, observações e ção, a qualquer tempo, pelo mesmo órgão daquele Ministé-
sugestões pertinentes. rio que a tenha concedido, ou por outro de maior hierarquia.
Parágrafo único. Cabe ao Conselho Nacional Antidrogas - § 2° As plantações ilícitas serão destruídas pelas autorida-
Conad elaborar relatórios global e anuais e, anualmente, des policiais mediante prévia autorização judicial, ouvido o
remetê-los ao órgão internacional de controle de entorpe- Ministério Público e cientificada a Secretaria Nacional Anti-
centes. drogas - SENAD.
Art. 6° É facultado à Secretaria Nacional Antidrogas - SE- § 3° (VETADO).
NAD, ao Ministério Público, aos órgãos de defesa do con- § 4° A destruição de produtos, substâncias ou drogas ilícitas
sumidor e às autoridades policiais requisitar às autoridades que causem dependência física ou psíquica será feita por
sanitárias a realização de inspeção em empresas industriais incineração e somente pode ser realizada após lavratura do
e comerciais, estabelecimentos hospitalares, de pesquisa, auto de levantamento das condições encontradas, com a
de ensino, ou congêneres, assim como nos serviços médi- delimitação do local e a apreensão de substâncias necessá-
cos e farmacêuticos que produzirem, venderem, compra- rias ao exame de corpo de delito.
rem, consumirem, prescreverem ou fornecerem produtos, § 5° Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a
substâncias ou drogas ilícitas que causem dependência plantação, observar-se-á, no que couber, o disposto no
física ou psíquica. Decreto no 2.661, de 8 de julho de 1998, dispensada a auto-
§ 1° A autoridade requisitante pode designar técnico espe- rização prévia do órgão próprio do Sistema Nacional do
cializado para assistir à inspeção ou comparecer pessoal- Meio Ambiente - SISNAMA.
mente à sua realização. § 6° A erradicação dos vegetais de que trata este artigo far-
§ 2° No caso de falência ou liquidação extrajudicial das se-á com cautela, para não causar ao meio ambiente dano
empresas ou estabelecimentos referidos neste artigo, ou de além do necessário.
qualquer outro em que existam produtos, substâncias ou Art. 9° É indispensável a licença prévia da autoridade sani-
drogas ilícitas que causem dependência física ou psíquica, tária para produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar,
ou especialidades farmacêuticas que as contenham, incum- possuir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar,
be ao juízo perante o qual tramite o feito: remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, tro-
I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou liqui- car, ceder ou adquirir, para qualquer fim, produto, substân-
dação, sejam lacradas suas instalações; cia ou droga ilícita que cause dependência física ou psíqui-
II - ordenar à autoridade sanitária designada em lei a urgen- ca, ou produto químico destinado à sua preparação, obser-
te adoção das medidas necessárias ao recebimento e guar- vadas as demais exigências legais.
da, em depósito, das substâncias ilícitas, drogas ou espe- Parágrafo único. É dispensada a exigência prevista neste
cialidades farmacêuticas arrecadadas; artigo para:
III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para acom- I - a aquisição de medicamentos, mediante prescrição médi-
panhar o feito. ca, de acordo com os preceitos legais e regulamentares;
§ 3° A alienação, em hasta pública, de drogas, especialida- Art. 10. Os dirigentes de estabelecimentos ou entidades das
des farmacêuticas ou substâncias ilícitas será realizada na áreas de ensino, saúde, justiça, militar e policial, ou de enti-
presença de representantes da Secretaria Nacional Antidro- dade social, religiosa, cultural, recreativa, desportiva, bene-
gas - SENAD, dos Conselhos Estaduais de Entorpecentes e ficente e representativas da mídia, das comunidades tera-
do Ministério Público. pêuticas, dos serviços nacionais profissionalizantes, das
§ 4° O restante do produto não arrematado será, ato contí- associações assistenciais, das instituições financeiras, dos
nuo à hasta pública, destruído pela autoridade sanitária, na clubes de serviço e dos movimentos comunitários organiza-
presença das autoridades referidas no § 3º. dos adotarão, no âmbito de suas responsabilidades, todas
Art. 7° Da licitação para alienação de drogas, especialida- as medidas necessárias à prevenção ao tráfico, e ao uso de
des farmacêuticas ou substâncias ilícitas, só podem partici- produtos, substâncias ou drogas ilícitas, que causem de-
par pessoas jurídicas regularmente habilitadas na área de pendência física ou psíquica.
saúde ou de pesquisa científica que comprovem a destina- § 1° As pessoas jurídicas e as instituições e entidades, pú-
ção lícita a ser dada ao produto a ser arrematado. blicas ou privadas, implementarão programas que assegu-
Parágrafo único. Os que arrematem drogas, especialida- rem a prevenção ao tráfico e uso de produtos, substâncias
des farmacêuticas ou substâncias ilícitas, para comprovar a ou drogas ilícitas que causem dependência física ou psíqui-
destinação declarada, estão sujeitos à inspeção da Secreta- ca em seus respectivos locais de trabalho, incluindo campa-
ria Nacional Antidrogas - SENAD e do Ministério Público. nhas e ações preventivas dirigidas a funcionários e seus
CAPÍTULO II DA PREVENÇÃO, DA ERRADICAÇÃO E DO TRATA- familiares.
MENTO § 2° São medidas de prevenção referidas no caput as que
Seção I Da Prevenção e da Erradicação visem, entre outros objetivos, os seguintes:
I - (VETADO).
Art. 8° São proibidos, em todo o território nacional, o planti-
II - incentivar atividades esportivas, artísticas e culturais;
o, a cultura, a colheita e a exploração de todos os vegetais e

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III - promover debates de questões ligadas à saúde, cidada- Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo
nia e ética; podem ser duplicados pelo juiz, mediante pedido justificado
IV - manter nos estabelecimentos de ensino serviços de da autoridade policial.
apoio, orientação e supervisão de professores e alunos; Art. 30. A autoridade policial relatará sumariamente as cir-
V - manter nos hospitais atividades de recuperação de de- cunstâncias do fato e justificará as razões que a levaram à
pendentes e de orientação de seus familiares. classificação do delito, com indicação da quantidade e natu-
Seção II Do Tratamento reza do produto, da substância ou da droga ilícita apreendi-
dos, o local ou as condições em que se desenvolveu a ação
Art. 11. O dependente ou o usuário de produtos, substân-
criminosa e as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualifi-
cias ou drogas ilícitas, que causem dependência física ou
cação e os antecedentes do agente.
psíquica, relacionados pelo Ministério da Saúde, fica sujeito
às medidas previstas neste Capítulo e Seção. Art. 31. Findos os prazos previstos no art. 29, os autos do
inquérito policial serão remetidos ao juízo competente, sem
Art. 12. (VETADO).
prejuízo da realização de diligências complementares desti-
§ 1° O tratamento do dependente ou do usuário será feito nadas a esclarecer o fato.
de forma multiprofissional e, sempre que possível, com a
Parágrafo único. As conclusões das diligências e os laudos
assistência de sua família.
serão juntados aos autos até o dia anterior ao designado
§ 2° Cabe ao Ministério da Saúde regulamentar as ações para a audiência de instrução e julgamento.
que visem à redução dos danos sociais e à saúde.
Art. 32. (VETADO).
§ 3° As empresas privadas que desenvolverem programas
§ 1° (VETADO).
de reinserção no mercado de trabalho, do dependente ou
usuário de produtos, substâncias ou drogas ilícitas, ou que § 2° O sobrestamento do processo ou a redução da pena
causem dependência física ou psíquica, encaminhados por podem ainda decorrer de acordo entre o Ministério Público e
órgão oficial, poderão receber benefícios a serem criados o indiciado que, espontaneamente, revelar a existência de
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. organização criminosa, permitindo a prisão de um ou mais
dos seus integrantes, ou a apreensão do produto, da subs-
§ 4° Os estabelecimentos hospitalares ou psiquiátricos,
tância ou da droga ilícita, ou que, de qualquer modo, justifi-
públicos ou particulares, que receberem dependentes ou
cado no acordo, contribuir para os interesses da Justiça.
usuários para tratamento, encaminharão ao Conselho Na-
cional Antidrogas - CONAD, até o dia 10 (dez) de cada mês, § 3° Se o oferecimento da denúncia tiver sido anterior à
mapa estatístico dos casos atendidos no mês anterior, com revelação, eficaz, dos demais integrantes da quadrilha,
a indicação do código da doença, segundo a classificação grupo, organização ou bando, ou da localização do produto,
aprovada pela Organização Mundial de Saúde, vedada a substância ou droga ilícita, o juiz, por proposta do represen-
menção do nome do paciente. tante do Ministério Público, ao proferir a sentença, poderá
deixar de aplicar a pena, ou reduzi-la, de 1/6 (um sexto) a
§ 5° No caso de internação ou de tratamento ambulatorial
2/3 (dois terços), justificando a sua decisão.
por ordem judicial, será feita comunicação mensal do estado
de saúde e recuperação do paciente ao juízo competente, Art. 33. Em qualquer fase da persecução criminal relativa
se esse o determinar. aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos
previstos na Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995, mediante
Art. 13. As instituições hospitalares e ambulatoriais comuni-
autorização judicial, e ouvido o representante do Ministério
carão à Secretaria Nacional Antidrogas - SENAD os óbitos
Público, os seguintes procedimentos investigatórios:
decorrentes do uso de produto, substância ou droga ilícita.
CAPÍTULO III ARTS. 14 AO 26. (VETADO). I - infiltração de policiais em quadrilhas, grupos, organiza-
ções ou bandos, com o objetivo de colher informações so-
CAPÍTULO IV DO PROCEDIMENTO PENAL bre operações ilícitas desenvolvidas no âmbito dessas as-
Seção Única Do procedimento comum sociações;
Art. 27. O procedimento relativo aos processos por crimes II - a não-atuação policial sobre os portadores de produtos,
definidos nesta Lei rege-se pelo disposto neste Capítulo, substâncias ou drogas ilícitas que entrem no território brasi-
aplicando-se, subsidiaria-mente, as disposições do Código leiro, dele saiam ou nele transitem, com a finalidade de, em
Penal, do Código de Processo Penal e da Lei de Execução colaboração ou não com outros países, identificar e respon-
Penal. sabilizar maior número de integrantes de operações de
Art. 28. (VETADO). tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 1° Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante Parágrafo único. Na hipótese do inciso II, a autorização
e estabelecimento da autoria e materialidade do delito, é será concedida, desde que:
suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade I - sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação
do produto, da substância ou da droga ilícita, firmado por dos agentes do delito ou de colaboradores;
perito oficial ou, na falta desse, por pessoa idônea, escolhi- II - as autoridades competentes dos países de origem ou de
da, preferencialmente, entre as que tenham habilitação trânsito ofereçam garantia contra a fuga dos suspeitos ou de
técnica. extravio dos produtos, substâncias ou drogas ilícitas trans-
§ 2° O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1° portadas.
não ficará impedido de participar da elabor ação do laudo Art. 34. Para a persecução criminal e a adoção dos proce-
definitivo. dimentos investigatórios previstos no art. 33, o Ministério
Art. 29. O inquérito policial será concluído no prazo máximo Público e a autoridade policial poderão requerer à autorida-
de 15 (quinze) dias, se o indiciado estiver preso, e de 30 de judicial, havendo indícios suficientes da prática crimino-
(trinta) dias, quando solto. sa:
I - o acesso a dados, documentos e informações fiscais,
bancárias, patrimoniais e financeiras;

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II - a colocação, sob vigilância, por período determinado, de II - não houver justa causa para a acusação.
contas bancárias; Art. 40. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora
III - o acesso, por período determinado, aos sistemas infor- para a audiência de instrução e julgamento, e ordenará a
matizados das instituições financeiras; intimação do acusado, do Ministério Público e, se for o caso,
IV - a interceptação e a gravação das comunicações telefô- do assistente.
nicas, por período determinado, observado o disposto na Art. 41. Na audiência de instrução e julgamento, após o
legislação pertinente e no Capítulo II da Lei nº 9.034, de interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas,
1995. será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do
Art. 35. (VETADO). Ministério Público e ao defensor do acusado, pelo prazo de
Art. 36. (VETADO). 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por mais 10
CAPÍTULO V DA INSTRUÇÃO CRIMINAL (dez), a critério do juiz, que, em seguida, proferirá a senten-
ça.
Art. 37. Recebidos os autos do inquérito policial em juízo,
Parágrafo único. Se não se sentir habilitado a julgar de
dar-se-á vista ao Ministério Público para, no prazo de 10
imediato a causa, o juiz ordenará que os autos lhe sejam
(dez) dias, adotar uma das seguintes providências:
conclusos para, no prazo de 10 (dez) dias, proferir a sen-
I - requerer o arquivamento; tença.
II - requisitar as diligências que entender necessárias; Art. 42. (VETADO).
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e Art. 43. (VETADO).
requerer as demais provas que entender pertinentes;
Art. 44. (VETADO).
IV - deixar, justificadamente, de propor ação penal contra os
Parágrafo único. Incumbe ao acusado, durante a instrução
agentes ou partícipes de delitos.
criminal, ou ao interessado, em incidente específico, provar
§ 1° Requerido o arquivamento do inquérito pelo represen-
a origem lícita dos bens, produtos, direitos e valores referi-
tante do Ministério Público, mediante fundamentação, os dos neste artigo.
autos serão conclusos à autoridade judiciária.
Art. 45. As medidas de seqüestro e de indisponibilidade de
§ 2° A autoridade judiciária que discordar das razões do
bens ou valores serão suspensas, se a ação penal não for
representante do Ministério Público para o arquivamento do iniciada no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da
inquérito fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de data do oferecimento da denúncia.
Justiça, mediante decisão fundamentada.
§ 1° O pedido de restituição de bem ou valor não será co-
§ 3° O Procurador-Geral de Justiça oferecerá denúncia ou nhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ao
designará outro membro do Ministério Público para apresen-
juízo do feito.
tá-la ou, se entender incabível a denúncia, ratificará a pro-
§ 2° O juiz pode determinar a prática de atos necessários à
posta de arquivamento, que, nesse caso, não poderá ser
conservação do produto ou bens e a guarda de valores.
recusada pela autoridade judiciária.
CAPÍTULO VI DOS EFEITOS DA SENTENÇA
Art. 38. Oferecida a denúncia, o juiz, em 24 (vinte e quatro)
horas, ordenará a citação do acusado para responder à Seção I Da Apreensão e da Destinação de Bens
acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias, contado da Art. 46. Os veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer
data da juntada do mandato aos autos ou da primeira publi- outros meios de transporte, os maquinismos, utensílios,
cação do edital de citação, e designará dia e hora para o instrumentos e objetos de qualquer natureza, utilizados para
interrogatório, que se realizará dentro dos 30 (trinta) dias a prática dos crimes definidos nesta Lei, após a sua regular
seguintes, se o réu estiver solto, ou em 5 (cinco) dias, se apreensão, ficarão sob custódia da autoridade de polícia
preso. judiciária, excetuadas as armas, que serão recolhidas na
§ 1° Na resposta, consistente de defesa prévia e exceções, forma de legislação específica.
o acusado poderá argüir preliminares e invocar todas as § 1° Havendo possibilidade ou necessidade da utilização de
razões de defesa, oferecer documentos e justificações, qualquer dos bens mencionados neste artigo, a autoridade
especificar as provas que pretende produzir e arrolar teste- de polícia judiciária poderá deles fazer uso, sob sua respon-
munhas. sabilidade e com o objetivo de sua conservação, mediante
§ 2° As exceções serão processadas em apartado, nos autorização judicial, logo após a instauração da competente
termos dos arts. 95 a 113 do Código de Processo Penal. ação penal, observado o disposto no § 4º deste artigo.
§ 3° Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz § 2° Feita a apreensão a que se refere o caput, e tendo
nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, conce- recaído sobre dinheiro ou cheques emitidos como ordem de
dendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação. pagamento, a autoridade policial que presidir o inquérito
§ 4° Apresentada a defesa, o juiz concederá prazo de 5 deverá, de imediato, requerer ao juízo competente a intima-
(cinco) dias para manifestar-se o representante do Ministé- ção do Ministério Público.
rio Público e em igual prazo proferirá decisão. § 3° Intimado, o Ministério Público deverá requerer ao juízo
§ 5° Se entender imprescindível, o juiz determinará a reali- a conversão do numerário apreendido em moeda nacional,
zação de diligências, com prazo máximo de 10 (dez) dias. se for o caso, a compensação dos cheques emitidos após a
§ 6° Aplica-se o disposto na Lei nº 9.271, de 17 de abril de instrução do inquérito, com cópias autênticas dos respecti-
1996, ao processo em que o acusado, citado pessoalmente vos títulos, e o depósito das correspondentes quantias em
ou por edital, ou intimado para qualquer ato processual, conta judicial, juntando-se aos autos o recibo.
deixar de comparecer sem motivo justificado. § 4° O Ministério Público, mediante petição autônoma, re-
Art. 39. Observado o disposto no art. 43 do Código de Pro- quererá ao juízo competente que, em caráter cautelar, pro-
cesso Penal, a denúncia também será rejeitada quando: ceda à alienação dos bens apreendidos, excetuados aque-
I - for manifestamente inepta, ou faltar-lhe pressuposto pro- les que a União, por intermédio da Secretaria Nacional Anti-
cessual ou condição para o exercício da ação penal; drogas - SENAD, indicar para serem colocados sob uso e

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custódia da autoridade policial, de órgãos de inteligência ou Nacional providenciará o cancelamento dos certificados
militares, envolvidos nas operações de prevenção e repres- emitidos para caucioná-los.
são ao tráfico e uso indevidos de produtos, substâncias ou § 4° Os valores apreendidos em decorrência dos crimes
drogas ilícitas que causem dependência física ou psíquica. tipificados nesta Lei e que não foram objeto de tutela caute-
§ 5° Excluídos os bens que se houver indicado para os fins lar, após decretado o seu perdimento em favor da União,
previstos nos §§ 1° e 4°, o requerimento de alienação deve- serão apropriados diretamente ao Fundo Nacional Antidro-
rá conter a relação de todos os demais bens apreendidos, gas.
com a descrição e a especificação de cada um deles, e § 5° Compete à Secretaria Nacional Antidrogas - SENAD a
informações sobre quem os tem sob custódia e o local onde alienação dos bens apreendidos e não leiloados em caráter
se encontram. cautelar, cujo perdimento já tenha sido decretado em favor
§ 6° Requerida a alienação dos bens, a respectiva petição da União.
será autuada em apartado, cujos autos terão tramitação § 6° A Secretaria Nacional Antidrogas - SENAD poderá
autônoma em relação aos da ação penal principal. firmar convênios de cooperação, a fim de dar imediato cum-
§ 7° Autuado o requerimento de alienação, os autos serão primento ao estabelecido no § 5º.
conclusos ao juiz que, verificada a presença de nexo de Seção II Da Perda da Nacionalidade
instrumentalidade entre o delito e os objetos utilizados para Art. 49. (VETADO).
a sua prática e risco de perda de valor econômico pelo de-
Art. 50. É passível de expulsão, na forma da legislação
curso do tempo, determinará a avaliação dos bens relacio-
específica, o estrangeiro que comete qualquer dos crimes
nados, intimará a União, o Ministério Público, a Secretaria
definidos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, tão logo cumprida a
Nacional Antidrogas - Senad e o interessado, este, se for o
condenação imposta, salvo se o interesse nacional reco-
caso, por edital com prazo de 5 (cinco) dias.
mendar a expulsão imediata.
§ 8° Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências CAPÍTULO VII ARTS. 51 E 52. (VETADOS).
sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará o
valor atribuído aos bens e determinará sejam alienados em CAPÍTULO VIII DISPOSIÇÕES FINAIS
leilão. Art. 53. As medidas educativas aplicadas poderão ser revis-
§ 9° Realizado o leilão, e depositada em conta judicial a tas judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido ex-
quantia apurada, a União será intimada a oferecer, na forma presso do agente, do seu defensor ou do representante do
prevista em regulamento, caução equivalente àquele mon- Ministério Público.
tante e os valores depositados nos termos do § 2º, em certi- Art. 54. (VETADO).
ficados de emissão do Tesouro Nacional, com característi- Art. 55. Havendo a necessidade de reconhecimento do
cas a serem definidas em ato do Ministro de Estado da Fa- acusado, as testemunhas dos crimes de que trata esta Lei
zenda. ocuparão sala onde não possam ser identificadas.
§ 10. Compete à Secretaria Nacional Antidrogas - SENAD Art. 56. (VETADO).
solicitar à Secretaria do Tesouro Nacional a emissão dos Art. 57. (VETADO).
certificados a que se refere o § 9º. Art. 58. (VETADO).
§ 11. Feita a caução, os valores da conta judicial serão
Art. 59. (VETADO).
transferidos para a União, por depósito na conta do Fundo
Nacional Antidrogas - Funad, apensando-se os autos da Brasília, 11 de janeiro de 2002; 181° da Independência e
alienação aos do processo principal. 114° da República.
§ 12. Terão apenas efeito devolutivo os recursos interpostos
contra as decisões proferidas no curso do procedimento FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
previsto neste artigo.
Art. 47. A União, por intermédio da Secretaria Nacional LEI N° 10.446, DE 8 DE MAIO DE 2002
Antidrogas - SENAD, poderá firmar convênio com os Esta-
dos, com o Distrito Federal e com organismos orientados Dispõe sobre infrações penais de repercussão interes-
para a prevenção, repressão e o tratamento de usuários ou tadual ou internacional que exigem repressão uniforme,
dependentes, com vistas à liberação de equipamentos e de para os fins do disposto no inciso I do § 1º do art. 144
recursos por ela arrecadados, para a implantação e execu- da Constituição.
ção de programas de combate ao tráfico ilícito e prevenção O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
ao tráfico e uso indevidos de produtos, substâncias ou dro- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
gas ilícitas ou que causem dependência física ou psíquica.
Art. 1° Na forma do inciso I do § 1° do art. 144 da Constitu-
Art. 48. Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá ição, quando houver repercussão interestadual ou interna-
sobre o perdimento do produto, bem ou valor apreendido, cional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento
seqüestrado ou declarado indisponível e sobre o levanta- de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da
mento da caução. responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrola-
§ 1° No caso de levantamento da caução, os certificados a dos no art. 144 da Constituição Federal, em especial das
que se refere o § 9° do art. 46 serão resgatados pelo seu Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder à investiga-
valor de face, e os recursos para o respectivo pagamento ção, dentre outras, das seguintes infrações penais:
providos pelo Fundo Nacional Antidrogas - FUNAD.
I - seqüestro, cárcere privado e extorsão mediante seqües-
§ 2° A Secretaria do Tesouro Nacional fará constar dotação tro (arts. 148 e 159 do Código Penal), se o agente foi impe-
orçamentária para o pagamento dos certificados referidos lido por motivação política ou quando praticado em razão da
no § 9º do art. 46. função pública exercida pela vítima;
§ 3° No caso de perdimento, em favor da União, dos bens e
valores mencionados no art. 46, a Secretaria do Tesouro

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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II - formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4° da promotora da licitação, dos bens ou serviços a serem licita-
Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990).; e dos; e
III - relativas à violação a direitos humanos, que a República IV - a autoridade competente designará, dentre os servido-
Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir em decor- res do órgão ou entidade promotora da licitação, o pregoeiro
rência de tratados internacionais de que seja parte; e e respectiva equipe de apoio, cuja atribuição inclui, dentre
IV - furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e outras, o recebimento das propostas e lances, a análise de
valores, transportadas em operação interestadual ou inter- sua aceitabilidade e sua classificação, bem como a habilita-
nacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ção e a adjudicação do objeto do certame ao licitante ven-
ou bando em mais de um Estado da Federação. cedor.
Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o § 1° A equipe de apoio deverá ser integrada em sua maioria
Departamento de Polícia Federal procederá à apuração de por servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego da
outros casos, desde que tal providência seja autorizada ou administração, preferencialmente pertencentes ao quadro
determinada pelo Ministro de Estado da Justiça. permanente do órgão ou entidade promotora do evento.
Art. 2° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. § 2° No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de pre-
Brasília, 8 de maio de 2002; 181° da Independência e 114° goeiro e de membro da equipe de apoio poderão ser de-
da República. sempenhadas por militares.
Art. 4° A fase externa do pregão será iniciada com a convo-
cação dos interessados e observará as seguintes regras:
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
I - a convocação dos interessados será efetuada por meio
de publicação de aviso em diário oficial do respectivo ente
LEI N° 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002 federado ou, não existindo, em jornal de circulação local, e
facultativamente, por meios eletrônicos e conforme o vulto
Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e da licitação, em jornal de grande circulação, nos termos do
Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Consti- regulamento de que trata o art. 2º;
tuição Federal, modalidade de licitação denominada II - do aviso constarão a definição do objeto da licitação, a
pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá indicação do local, dias e horários em que poderá ser lida
outras providências. ou obtida a íntegra do edital;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- III - do edital constarão todos os elementos definidos na
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: forma do inciso I do art. 3°, as normas que disciplinarem o
Art. 1° Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá procedimento e a minuta do contrato, quando for o caso;
ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será IV - cópias do edital e do respectivo aviso serão colocadas à
regida por esta Lei. disposição de qualquer pessoa para consulta e divulgadas
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, na forma da Lei nº 9.755, de 16 de dezembro de 1998;
para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de V - o prazo fixado para a apresentação das propostas, con-
desempenho e qualidade possam ser objetivamente defini- tado a partir da publicação do aviso, não será inferior a 8
dos pelo edital, por meio de especificações usuais no mer- (oito) dias úteis;
cado. VI - no dia, hora e local designados, será realizada sessão
Art. 2° (VETADO). pública para recebimento das propostas, devendo o interes-
§ 1° Poderá ser realizado o pregão por meio da utilização sado, ou seu representante, identificar-se e, se for o caso,
de recursos de tecnologia da informação, nos termos de comprovar a existência dos necessários poderes para for-
regulamentação específica. mulação de propostas e para a prática de todos os demais
§ 2° Será facultado, nos termos de regulamentos próprios atos inerentes ao certame;
da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a partici- VII - aberta a sessão, os interessados ou seus representan-
pação de bolsas de mercadorias no apoio técnico e opera- tes, apresentarão declaração dando ciência de que cum-
cional aos órgãos e entidades promotores da modalidade de prem plenamente os requisitos de habilitação e entregarão
pregão, utilizando-se de recursos de tecnologia da informa- os envelopes contendo a indicação do objeto e do preço
ção. oferecidos, procedendo-se à sua imediata abertura e à veri-
§ 3° As bolsas a que se referem o § 2° deverão estar orga- ficação da conformidade das propostas com os requisitos
nizadas sob a forma de sociedades civis sem fins lucrativos estabelecidos no instrumento convocatório;
e com a participação plural de corretoras que operem siste- VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor mais
mas eletrônicos unificados de pregões. baixo e os das ofertas com preços até 10% (dez por cento)
Art. 3° A fase preparatória do pregão observará o seguinte: superiores àquela poderão fazer novos lances verbais e
I - a autoridade competente justificará a necessidade de sucessivos, até a proclamação do vencedor;
contratação e definirá o objeto do certame, as exigências de IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas condições
habilitação, os critérios de aceitação das propostas, as san- definidas no inciso anterior, poderão os autores das melho-
ções por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusi- res propostas, até o máximo de 3 (três), oferecer novos
ve com fixação dos prazos para fornecimento; lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os preços
II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e oferecidos;
clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrele- X - para julgamento e classificação das propostas, será
vantes ou desnecessárias, limitem a competição; adotado o critério de menor preço, observados os prazos
III - dos autos do procedimento constarão a justificativa das máximos para fornecimento, as especificações técnicas e
definições referidas no inciso I deste artigo e os indispensá- parâmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos
veis elementos técnicos sobre os quais estiverem apoiados, no edital;
bem como o orçamento, elaborado pelo órgão ou entidade

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XI - examinada a proposta classificada em primeiro lugar, Art. 7° Quem, convocado dentro do prazo de validade da
quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro decidir moti- sua proposta, não celebrar o contrato, deixar de entregar ou
vadamente a respeito da sua aceitabilidade; apresentar documentação falsa exigida para o certame,
XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofertas, ensejar o retardamento da execução de seu objeto, não
o pregoeiro procederá à abertura do invólucro contendo os mantiver a proposta, falhar ou fraudar na execução do con-
documentos de habilitação do licitante que apresentou a trato, comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude
melhor proposta, para verificação do atendimento das con- fiscal, ficará impedido de licitar e contratar com a União,
dições fixadas no edital; Estados, Distrito Federal ou Municípios e, será descreden-
XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que o lici- ciado no Sicaf, ou nos sistemas de cadastramento de forne-
tante está em situação regular perante a Fazenda Nacional, cedores a que se refere o inciso XIV do art. 4º desta Lei,
a Seguridade Social e o Fundo de Garantia do Tempo de pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas
Serviço - FGTS, e as Fazendas Estaduais e Municipais, previstas em edital e no contrato e das demais cominações
quando for o caso, com a comprovação de que atende às legais.
exigências do edital quanto à habilitação jurídica e qualifica- Art. 8° Os atos essenciais do pregão, inclusive os decorren-
ções técnica e econômico-financeira; tes de meios eletrônicos, serão documentados no processo
XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os docu- respectivo, com vistas à aferição de sua regularidade pelos
mentos de habilitação que já constem do Sistema de Ca- agentes de controle, nos termos do regulamento previsto no
dastramento Unificado de Fornecedores - Sicaf e sistemas art. 2º.
semelhantes mantidos por Estados, Distrito Federal ou Mu- Art. 9° Aplicam-se subsidiariamente, para a modalidade de
nicípios, assegurado aos demais licitantes o direito de aces- pregão, as normas da Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993.
so aos dados nele constantes; Art. 10. Ficam convalidados os atos praticados com base na
XV - verificado o atendimento das exigências fixadas no Medida Provisória n° 2.182-18, de 23 de agosto de 2001.
edital, o licitante será declarado vencedor; Art. 11. As compras e contratações de bens e serviços co-
XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante desaten- muns, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal
der às exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará as e dos Municípios, quando efetuadas pelo sistema de regis-
ofertas subseqüentes e a qualificação dos licitantes, na tro de preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de
ordem de classificação, e assim sucessivamente, até a apu- junho de 1993, poderão adotar a modalidade de pregão,
ração de uma que atenda ao edital, sendo o respectivo lici- conforme regulamento específico.
tante declarado vencedor; Art. 12. A Lei n° 10.191, de 14 de fevereiro de 2001, passa
XVII - nas situações previstas nos incisos XI e XVI, o prego- a vigorar acrescida do seguinte artigo: (alteração já proces-
eiro poderá negociar diretamente com o proponente para sada)
que seja obtido preço melhor; Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá ma- Brasília, 17 de julho de 2002; 181° da Independência e 114°
nifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, da República.
quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
apresentação das razões do recurso, ficando os demais
licitantes desde logo intimados para apresentar contra- LEI N° 10.636, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2002
razões em igual número de dias, que começarão a correr do
término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada
vista imediata dos autos; Dispõe sobre a aplicação dos recursos originários da
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico -
XIX - o acolhimento de recurso importará a invalidação ape-
nas dos atos insuscetíveis de aproveitamento; Cide incidente sobre a importação e a comerciali-zação
de petróleo e seus derivados, gás natural e seus deriva-
XX - a falta de manifestação imediata e motivada do licitante
dos, e álcool etílico combustível, atendendo o disposto
importará a decadência do direito de recurso e a adjudica-
no § 2º do art. 1º da Lei nº 10.336, de 19 de dezembro de
ção do objeto da licitação pelo pregoeiro ao vencedor;
2001, cria o Fundo Nacional de Infra-Estrutura de
XXI - decididos os recursos, a autoridade competente fará a Transportes - FNIT e dá outras providências.
adjudicação do objeto da licitação ao licitante vencedor;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
XXII - homologada a licitação pela autoridade competente, o gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
adjudicatário será convocado para assinar o contrato no
Art. 1° Esta Lei estabelece os critérios e diretrizes para
prazo definido em edital; e
aplicação dos recursos arrecadados por meio da Contribui-
XXIII - se o licitante vencedor, convocado dentro do prazo ção de Intervenção no Domínio Econômico - Cide incidente
de validade da sua proposta, não celebrar o contrato, apli- sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus
car-se-á o disposto no inciso XVI. derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico
Art. 5° É vedada a exigência de: combustível, instituída pela Lei nº 10.336, de 19 de dezem-
I - garantia de proposta; bro de 2001, nos termos da Emenda Constitucional no 33,
II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição para de 2001, que alterou a redação dos arts. 149 e 177 da
participação no certame; e Constituição, e cria o Fundo Nacional de Infra-Estrutura de
III - pagamento de taxas e emolu-mentos, salvo os referen- Transportes - FNIT.
tes a fornecimento do edital, que não serão superiores ao Art. 2° A aplicação do produto da arrecadação da Cide inci-
custo de sua reprodução gráfica, e aos custos de utilização dente sobre a importação e a comercialização de petróleo e
de recursos de tecnologia da informação, quando for o caso. seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etíli-
Art. 6° O prazo de validade das propostas será de 60 (ses- co combustível atenderá às destinações determinadas pelo
senta) dias, se outro não estiver fixado no edital.

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inciso II do § 4º do art. 177 da Constituição e obedecerá aos Art. 10. Fica criado o Fundo Nacional de Infra-Estrutura de
critérios e diretrizes estabelecidos nesta Lei. Transportes - FNIT, vinculado ao Ministério dos Transpor-
Art. 3° (VETADO). tes, destinado a financiar programas de investimento em
Parágrafo único. A partir do exercício de 2003, os recursos infra-estrutura de transportes.
provenientes de arrecadação da Cide não poderão ser des- § 1° O FNIT é um fundo contábil, de natureza financeira, ao
tinados a pagamentos de quaisquer saldos devedores refe- qual se aplica a norma contida no art. 73 da Lei nº 4.320, de
rentes à Conta Petróleo, instituída pela Lei nº 4.452, de 5 de 17 de março de 1964, e que observará, em suas programa-
novembro de 1964, e extinta nos termos do art. 74 da Lei nº ções orçamentárias, diretrizes aprovadas pelo Conselho
9.478, de 6 de agosto de 1997. Nacional de Integração das Políticas de Transportes - Conit,
Art. 4° Os projetos ambientais relacionados com a indústria instituído pela Lei nº 10.233, de 6 de junho de 2001.
do petróleo e do gás a serem contemplados com recursos § 2° Decreto do Presidente da República adaptará a com-
da Cide, conforme estabelece a alínea “b” do inciso II do § posição e a estrutura do Conit às atribuições estabelecidas
4º do art. 177 da Constituição Federal, serão administrados no § 1° e estabelecerá os regulamentos necessários à ad-
pelo Ministério do Meio Ambiente e abrangerão: ministração e ao funcionamento do FNIT.
I - o monitoramento, controle e fiscalização de atividades Art. 11. Constituem recursos do FNIT:
efetiva ou potencialmente poluidoras; I - (VETADO).
II - o desenvolvimento de planos de contingência locais e II - contribuições e doações originárias de instituições na-
regionais para situações de emergência; cionais, estrangeiras ou internacionais;
III - o desenvolvimento de estudos de avaliação e diagnósti- III - financiamentos de instituições nacionais, estrangeiras e
co e de ações de educação ambiental em áreas ecologica- internacionais de crédito;
mente sensíveis ou passíveis de impacto ambiental; IV - os saldos de exercícios anteriores;
IV - o apoio ao desenvolvimento de instrumentos de plane- V - outros recursos destinados ao financiamento de investi-
jamento e proteção de unidades de conservação costeiras, mentos no âmbito da sua programação, nas leis orçamentá-
marinhas e de águas interiores; rias anuais.
V - o fomento a projetos voltados para a preservação, revita- § 1° Os recursos do FNIT terão aplicação multimodal, na
lização e recuperação ambiental em áreas degradadas pe- forma da Lei Orçamentária Anual, atendendo aos objetivos
las atividades relacionadas à indústria de petróleo e de seus estabelecidos no art. 6º.
derivados e do gás e seus derivados; § 2° (VETADO).
VI - o fomento a projetos voltados à gestão, preservação e § 3° Os recursos dos financiamentos referidos no inciso III
recuperação das florestas e dos recursos genéticos em deste artigo serão aplicados exclusivamente nos programas
áreas de influência de atividades relacionadas à indústria de ou projetos a que forem destinados, nos termos dos respec-
petróleo e de seus derivados e do gás e seus derivados. tivos contratos.
§ 1° Os recursos da Cide não poderão ser aplicados em Art. 12. A administração da infra-estrutura viária federal e a
projetos e ações definidos como de responsabilidade dos operação dos transportes sob controle da União serão exer-
concessionários nos respectivos contratos de concessão, cidas preferencialmente de forma descentralizada, promo-
firmados com a Agência Nacional de Petróleo. vendo-se sua transferência, sempre que possível, a entida-
§ 2° Os projetos ambientais referidos no caput poderão des públicas e de outros entes da federação, mediante de-
receber complementarmente recursos de que trata o inciso legação, ou à iniciativa privada, mediante regime de con-
II do § 2° do art. 50 da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997. cessão, permissão ou autorização, respeitada a legislação
Art. 5° (VETADO). pertinente.
Art. 6° A aplicação dos recursos da Cide nos programas de Art. 13. (VETADO).
infra-estrutura de transportes terá como objetivos essenciais Art. 14. Os arts. 5° e 8° da Lei nº 10.336, de 19 de dezem-
a redução do consumo de combustíveis automotivos, o bro de 2001, passam a vigorar com a seguinte redação:
atendimento mais econômico da demanda de transporte de (alterações já processadas).
pessoas e bens, a segurança e o conforto dos usuários, a Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
diminuição do tempo de deslocamento dos usuários do Brasília, 30 de dezembro de 2002; 181° da Independência e
transporte público coletivo, a melhoria da qualidade de vida 114° da República.
da população, a redução das dês economias dos centros FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
urbanos e a menor participação dos fretes e dos custos
portuários e de outros terminais na composição final dos
LEI N° 10.650, DE 16 DE ABRIL DE 2003
preços dos produtos de consumo interno e de exportação.
Art. 7° (VETADO).
Art. 8° É vedada a aplicação de recursos da Cide em inves- Dispõe sobre o acesso público aos dados e informa-
timentos definidos como de responsabilidade dos conces- ções existentes nos órgãos e entidades integrantes do
sionários nos contratos de concessão e de arrendamento de Sisnama.
ativos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
nicípios. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos Art. 1° Esta Lei dispõe sobre o acesso público aos dados e
investimentos públicos destinados a complementar obriga- informações ambientais existentes nos órgãos e entidades
ções de concessionários, desde que previstos nos respecti- integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sis-
vos contratos de concessão. nama, instituído pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.
Art. 9° (VETADO). Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública,
direta, indireta e fundacional, integrantes do Sisnama, ficam
obrigados a permitir o acesso público aos documentos,

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expedientes e processos administrativos que tratem de VI - recursos interpostos em processo administrativo ambi-
matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambi- ental e respectivas decisões;
entais que estejam sob sua guarda, em meio escrito, visual, VII - registro de apresentação de estudos de impacto ambi-
sonoro ou eletrônico, especialmente as relativas a: ental e sua aprovação ou rejeição.
I - qualidade do meio ambiente; Parágrafo único. As relações contendo os dados referidos
II - políticas, planos e programas potencialmente causado- neste artigo deverão estar disponíveis para o público trinta
res de impacto ambiental; dias após a publicação dos atos a que se referem.
III - resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas Art. 5° O indeferimento de pedido de informações ou con-
de controle de poluição e de atividades potencialmente polu- sulta a processos administrativos deverá ser motivado, su-
idoras, bem como de planos e ações de recuperação de jeitando-se a recurso hierárquico, no prazo de quinze dias,
áreas degradadas; contado da ciência da decisão, dada diretamente nos autos
IV - acidentes, situações de risco ou de emergência ambien- ou por meio de carta com aviso de recebimento, ou em caso
tais; de devolução pelo Correio, por publicação em Diário Oficial.
V - emissões de efluentes líquidos e gasosos, e produção Art. 6° (VETADO).
de resíduos sólidos; Art. 7° (VETADO).
VI - substâncias tóxicas e perigosas; Art. 8° Os órgãos ambientais competentes integrantes do
VII - diversidade biológica; Sisnama deverão elaborar e divulgar relatórios anuais relati-
VIII - organismos geneticamente modificados. vos à qualidade do ar e da água e, na forma da regulamen-
§ 1° Qualquer indivíduo, independentemente da comprova- tação, outros elementos ambientais.
ção de interesse específico, terá acesso às informações de Art. 9° As informações de que trata esta Lei serão presta-
que trata esta Lei, mediante requerimento escrito, no qual das mediante o recolhimento de valor correspondente ao
assumirá a obrigação de não utilizar as informações colhi- ressarcimento dos recursos despendidos para o seu forne-
das para fins comerciais, sob as penas da lei civil, penal, de cimento, observadas as normas e tabelas específicas, fixa-
direito autoral e de propriedade industrial, assim como de das pelo órgão competente em nível federal, estadual ou
citar as fontes, caso, por qualquer meio, venha a divulgar os municipal.
aludidos dados. Art. 10. Esta Lei entra em vigor quarenta e cinco dias após
§ 2° É assegurado o sigilo comercial, industrial, financeiro a data de sua publicação.
ou qualquer outro sigilo protegido por lei, bem como o relati- Brasília, 16 de abril de 2003; 182° da Independência e 115°
vo às comunicações internas dos órgãos e entidades gover- da República.
namentais. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
§ 3° A fim de que seja resguardado o sigilo a que se refere
o § 2°, as pessoas físicas ou jurídicas que fornecerem in-
formações de caráter sigiloso à Administração Pública deve- LEI N° 10.684, DE 30 MAIO DE 2003
rão indicar essa circunstância, de forma expressa e funda-
mentada.
Altera a legislação tributária, dispõe sobre parcelamen-
§ 4° Em caso de pedido de vista de processo administrativo,
to de débitos junto à Secretaria da Receita Federal, à
a consulta será feita, no horário de expediente, no próprio
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e ao Instituto
órgão ou entidade e na presença do servidor público res-
Nacional do Seguro Social e dá outras providências.
ponsável pela guarda dos autos.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
§ 5° No prazo de trinta dias, contado da data do pedido,
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
deverá ser prestada a informação ou facultada a consulta,
Art. 1° Os débitos junto à Secretaria da Receita Federal ou
nos termos deste artigo.
à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, com vencimento
Art. 3° Para o atendimento do disposto nesta Lei, as autori-
até 28 de fevereiro de 2003, poderão ser parcelados em até
dades públicas poderão exigir a prestação periódica de
cento e oitenta prestações mensais e sucessivas.
qualquer tipo de informação por parte das entidades priva-
das, mediante sistema específico a ser implementado por § 1° O disposto neste artigo aplica-se aos débitos constituí-
todos os órgãos do Sisnama, sobre os impactos ambientais dos ou não, inscritos ou não como Dívida Ativa, mesmo em
potenciais e efetivos de suas atividades, independentemen- fase de execução fiscal já ajuizada, ou que tenham sido
te da existência ou necessidade de instauração de qualquer objeto de parcelamento anterior, não integralmente quitado,
processo administrativo. ainda que cancelado por falta de pagamento.
Art. 4° Deverão ser publicados em Diário Oficial e ficar dis- § 2° Os débitos ainda não constituídos deverão ser confes-
poníveis, no respectivo órgão, em local de fácil acesso ao sados, de forma irretratável e irrevogável.
público, listagens e relações contendo os dados referentes § 3° O débito objeto do parcelamento será consolidado no
aos seguintes assuntos: mês do pedido e será dividido pelo número de prestações,
I - pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva sendo que o montante de cada parcela mensal não poderá
concessão; ser inferior a:
II - pedidos e licenças para supressão de vegetação; I - um inteiro e cinco décimos por cento da receita bruta
auferida, pela pessoa jurídica, no mês imediatamente ante-
III - autos de infrações e respectivas penalidades impostas
rior ao do vencimento da parcela, exceto em relação às
pelos órgãos ambientais;
optantes pelo Sistema Simplificado de Pagamento de Im-
IV - lavratura de termos de compromisso de ajustamento de postos e Contribuições das Microempresas e das Empresas
conduta; de Pequeno Porte - SIMPLES, instituído pela Lei nº 9.317,
V - reincidências em infrações ambientais; de 5 de dezembro de 1996, e às microempresas e empre-
sas de pequeno porte enquadradas no disposto no art. 2º da

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Lei nº 9.841, de 5 de outubro de 1999, observado o disposto II - as contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do
no art. 8º desta Lei, salvo na hipótese do inciso II deste Seguro Social - INSS retornarão à administração daquele
parágrafo, o prazo mínimo de cento e vinte meses; órgão, sujeitando-se à legislação específica a elas aplicável;
II - dois mil reais, considerado cumulativamente com o limite III - será objeto do parcelamento nos termos do art. 1° o
estabelecido no inciso I, no caso das pessoas jurídicas ali saldo devedor dos débitos relativos aos tributos administra-
referidas; dos pela Secretaria da Receita Federal.
III - cinqüenta reais, no caso de pessoas físicas. Art. 3° Ressalvado o disposto no art. 2°, não será concedi-
§ 4° Relativamente às pessoas jurídicas optantes pelo SIM- do o parcelamento de que trata o art. 1° na hipótese de
PLES e às microempresas e empresas de pequeno porte, existência de parcelamentos concedidos sob outras modali-
enquadradas no disposto no art. 2º da Lei nº 9.841, de 5 de dades, admitida a transferência dos saldos remanescentes
outubro de 1999, o valor da parcela mínima mensal corres- para a modalidade prevista nesta Lei, mediante requerimen-
ponderá a um cento e oitenta avos do total do débito ou a to do sujeito passivo.
três décimos por cento da receita bruta auferida no mês Art. 4° O parcelamento a que se refere o art. 1°:
imediatamente anterior ao do vencimento da parcela, o que I - deverá ser requerido, inclusive na hipótese de transferên-
for menor, não podendo ser inferior a: cia de que tratam os arts. 2° e 3°, até o último dia útil do
I - cem reais, se enquadrada na condição de microempresa; segundo mês subseqüente ao da publicação desta Lei,
II - duzentos reais, se enquadrada na condição de empresa perante a unidade da Secretaria da Receita Federal ou da
de pequeno porte. Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, responsável pela
§ 5° Aplica-se o disposto no § 4° às pessoas jurídicas que cobrança do respectivo débito;
foram excluídas ou impedidas de ingressar no SIMPLES II - somente alcançará débitos que se encontrarem com
exclusivamente em decorrência do disposto no inciso XV do exigibilidade suspensa por força dos incisos III a V do art.
art. 9º da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, desde 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, no caso de
que a pessoa jurídica exerça a opção pelo SIMPLES até o o sujeito passivo desistir expressamente e de forma irrevo-
último dia útil de 2003, com efeitos a partir de 1º de janeiro gável da impugnação ou do recurso interposto, ou da ação
de 2004, nos termos e condições definidos pela Secretaria judicial proposta, e renunciar a quaisquer alegações de
da Receita Federal. direito sobre as quais se fundam os referidos processos
§ 6° O valor de cada uma das parcelas, determinado na administrativos e ações judiciais, relativamente à matéria
forma dos §§ 3° e 4°, será acrescido de juros corresponden- cujo respectivo débito queira parcelar;
tes à variação mensal da Taxa de Juros de Longo Prazo - III - reger-se-á pelas disposições da Lei nº 10.522, de 19 de
TJLP, a partir do mês subseqüente ao da consolidação, até julho de 2002, ressalvado o disposto no seu art. 14;
o mês do pagamento. IV - aplica-se, inclusive, à totalidade dos débitos apurados
§ 7° Para os fins da consolidação referida no § 3°, os valo- segundo o SIMPLES;
res correspondentes à multa, de mora ou de ofício, serão V - independerá de apresentação de garantia ou de arrola-
reduzidos em cinqüenta por cento. mento de bens, mantidas aquelas decorrentes de débitos
§ 8° A redução prevista no § 7° nã o será cumulativa com transferidos de outras modalidades de parcelamento ou de
qualquer outra redução admitida em lei, ressalvado o dis- execução fiscal.
posto no § 11. Parágrafo único. Na hipótese do inciso II, o valor da verba
§ 9° Na hipótese de anterior concessão de redução de mul- de sucumbência será de um por cento do valor do débito
ta em percentual diverso de cinqüenta por cento, prevalece- consolidado decorrente da desistência da respectiva ação
rá o percentual referido no § 7º, determinado sobre o valor judicial.
original da multa. Art. 5° Os débitos junto ao Instituto Nacional do Seguro
§ 10. A opção pelo parcelamento de que trata este artigo Social - INSS, oriundos de contribuições patronais, com
exclui a concessão de qualquer outro, extinguindo os parce- vencimento até 28 de fevereiro de 2003, serão objeto de
lamentos anteriormente concedidos, admitida a transferên- acordo para pagamento parcelado em até cento e oitenta
cia de seus saldos para a modalidade desta Lei. prestações mensais, observadas as condições fixadas neste
§ 11. O sujeito passivo fará jus a redução adicional da mul- artigo, desde que requerido até o último dia útil do segundo
ta, após a redução referida no § 7°, à razão de vinte e cinco mês subseqüente ao da publicação desta Lei.
centésimos por cento sobre o valor remanescente para cada § 1° Aplica-se ao parcelamento de que trata este artigo o
ponto percentual do saldo do débito que for liquidado até a disposto nos §§ 1° a 11 do art. 1°, observado o disposto no
data prevista para o requerimento do parcelamento referido art. 8°.
neste artigo, após deduzida a primeira parcela determinada § 2° (VETADO).
nos termos do § 3º ou 4º. § 3° A concessão do parcelamento independerá de apre-
Art. 2° Os débitos incluídos no Programa de Recuperação sentação de garantias ou de arrolamento de bens, mantidas
Fiscal - REFIS, de que trata a Lei nº 9.964, de 10 de abril de aquelas decorrentes de débitos transferidos de outras mo-
2000, ou no parcelamento a ele alternativo, poderão, a crité- dalidades de parcelamento ou de execução fiscal.
rio da pessoa jurídica, ser parcelados nas condições previs- Art. 6° Os depósitos existentes, vinculados aos débitos a
tas no art. 1º, nos termos a serem estabelecidos pelo Comi- serem parcelados nos termos dos arts. 1° e 5°, serão auto-
tê Gestor do mencionado Programa. maticamente convertidos em renda da União ou da Seguri-
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo: dade Social ou do Instituto Nacional do Seguro Social -
I - a opção pelo parcelamento na forma deste artigo implica INSS, conforme o caso, concedendo-se o parcelamento
desistência compulsória e definitiva do REFIS ou do parce- sobre o saldo remanescente.
lamento a ele alternativo; Art. 7° O sujeito passivo será excluído dos parcelamentos a
que se refere esta Lei na hipótese de inadimplência, por três
meses consecutivos ou seis meses alternados, o que pri-

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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meiro ocorrer, relativamente a qualquer dos tributos e das mediante regime especial de parcelamento, por opção da
contribuições referidos nos arts. 1º e 5º, inclusive os com pessoa jurídica de direito público interno devedora.
vencimento após 28 de fevereiro de 203. Parágrafo único. A opção referida no caput deverá ser
Art. 8° Na hipótese de a pessoa jurídica manter parcela- formalizada até o último dia útil do segundo mês subse-
mentos de débitos com base no art. 1° e no art. 5°, simulta- qüente ao da publicação desta Lei, nos termos e condições
neamente, o percentual a que se refere o inciso I do § 3º do estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal.
art. 1º será reduzido para setenta e cinco centésimos por Art. 14. O regime especial de parcelamento referido no art.
cento. 13 implica a consolidação dos débitos na data da opção e
§ 1° Caberá à pessoa jurídica requerer a redução referida abrangerá a totalidade dos débitos existentes em nome do
no caput até o prazo fixado no inciso I do art. 4° e no caput optante, constituídos ou não, inclusive os juros de mora
do art. 5º. incidentes até a data de opção.
§ 2° Ocorrendo liquidação, rescisão ou extinção de um dos Parágrafo único. O débito consolidado na forma deste
parcelamentos, inclusive por exclusão do sujeito passivo, artigo:
nos termos do art. 7º, aplica-se o percentual fixado no inciso I - sujeitar-se-á, a partir da data da consolidação, a juros
I do § 3º do art. 1º ao parcelamento remanescente, a partir equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Li-
do mês subseqüente ao da ocorrência da liquidação, extin- quidação e de Custódia - SELIC para títulos federais, acu-
ção ou rescisão do parcelamento obtido junto ao outro ór- mulada mensalmente, calculados a partir da data de deferi-
gão. mento do pedido até o mês anterior ao do pagamento, e
§ 3° A pessoa jurídica deverá informar a liquidação, resci- adicionados de um por cento relativamente ao mês em que
são ou extinção do parcelamento ao órgão responsável pelo o pagamento estiver sendo feito;
parcelamento remanescente, até o último dia útil do mês II - será pago mensalmente, até o último dia útil da primeira
subseqüente ao da ocorrência do evento, bem como efetuar quinzena de cada mês, no valor equivalente a, no mínimo,
o recolhimento da parcela referente àquele mês observando um cento e vinte avos do total do débito consolidado;
o percentual fixado no inciso I do § 3º do art. 1º. III - o valor de cada parcela não poderá ser inferior a dois
§ 4° O desatendimento do disposto nos parágrafos anterio- mil reais.
res implicará a exclusão do sujeito passivo do parcelamento Art. 15. A opção pelo regime especial de parcelamento
remanescente e a aplicação do disposto no art. 11. referido no art. 13 sujeita a pessoa jurídica optante:
Art. 9° É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referen- I - à confissão irrevogável e irretratável dos débitos referidos
te aos crimes previstos nos arts. 1° e 2° da Lei nº 8.137, de no art. 14;
27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do De- II - ao pagamento regular das parcelas do débito consolida-
creto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código do, bem como dos valores devidos relativos ao PASEP com
Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacio- vencimento após dezembro de 202.
nada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no Parágrafo único. A opção pelo regime especial exclui qual-
regime de parcelamento. quer outra forma de parcelamento de débitos relativos ao
§ 1° A prescrição criminal não corre durante o período de PASEP.
suspensão da pretensão punitiva. Art. 16. A pessoa jurídica optante pelo regime especial de
§ 2° Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste parcelamento referido no art. 13 será dele excluída nas
artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente seguintes hipóteses:
efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tribu- I - inobservância da exigência estabelecida no art. 15;
tos e contribuições sociais, inclusive acessórios.
II - inadimplência, por dois meses consecutivos ou seis al-
Art. 10. A Secretaria da Receita Federal, a Procuradoria- ternados, relativamente ao PASEP, inclusive aqueles com
Geral da Fazenda Nacional e o Instituto Nacional do Seguro vencimento após dezembro de 2002.
Social - INSS expedirão, no âmbito de suas respectivas
§ 1° A exclusão da pessoa jurídica do regime especial impli-
competências, os atos necessários à execução desta Lei.
cará exigibilidade imediata da totalidade do crédito confes-
Parágrafo único. Serão consolidados, por sujeito passivo, sado e ainda não pago.
os débitos perante a Secretaria da Receita Federal e a Pro-
§ 2° A exclusão será formalizada por meio de ato da Secre-
curadoria-Geral da Fazenda Nacional.
taria da Receita Federal e produzirá efeitos a partir do mês
Art. 11. Ao sujeito passivo que, optando por parcelamento a subseqüente àquele em que a pessoa jurídica optante for
que se referem os arts. 1° e 5°, dele for excluído, será ve- cientificada.
dada a concessão de qualquer outra modalidade de parce-
Art. 17. Sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Pro-
lamento até 31 de dezembro de 206.
visria no 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, e no art. 1° da
Art. 12. A exclusão do sujeito passivo do parcelamento a Medida Provisória no 101, de 30 de dezembro de 2002, as
que se refere esta Lei, inclusive a prevista no § 4° do art. 8°, sociedades cooperativas de produção agropecuária e de
independerá de notificação prévia e implicará exigibilidade eletrificação rural poderão excluir da base de cálculo da
imediata da totalidade do crédito confessado e ainda não contribuição para o Programa de Integração Social e de
pago e automática execução da garantia prestada, quando Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS.PASEP e
existente, restabelecendo-se, em relação ao montante não da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade
pago, os acréscimos legais na forma da legislação aplicável Social - COFINS os custos agregados ao produto agrope-
à época da ocorrência dos respectivos fatos geradores. cuário dos associados, quando da sua comercialização e os
Art. 13. Os débitos relativos à contribuição para o Programa valores dos serviços prestados pelas cooperativas de eletri-
de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) ficação rural a seus associados.
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem
como de suas autarquias e fundações públicas, com venci-
mento até 31 de dezembro de 2002, poderão ser pagos

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Parágrafo único. O disposto neste artigo alcança os fatos
geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisó- TÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
ria no 1.858-10, de 26 de outubro de 1999. Art. 1° É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular
Art. 18. Fica elevada para quatro por cento a alíquota da os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - superior a 60 (sessenta) anos.
COFINS devida pelas pessoas jurídicas referidas nos 6º e Art. 2° O idoso goza de todos os direitos fundamentais ine-
8º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998. rentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral
Art. 19. O art. 22A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por
introduzido pela Lei nº 10.256, de 9 de julho de 2001, passa outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para
a vigorar com a seguinte redação: (alteração já processa- preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiço-
da). amento moral, intelectual, espiritual e social, em condições
Art. 20. O 1° do art. 126 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de de liberdade e dignidade.
1991, passa a vigorar com a seguinte redação: (alteração já Art. 3° É obrigação da família, da comunidade, da socieda-
processada). de e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta
Art. 21. O art. 18 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimen-
1993, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo úni- tação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao traba-
co: (alteração já processada). lho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à
Art. 22. O art. 20 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de convivência familiar e comunitária.
1995, passa a vigorar com a seguinte redação: (alteração já Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
processada). I - atendimento preferencial imediato e individualizado junto
Art. 23. O art. 9° da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à
1996, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo: população;
(alteração já processada). II - preferência na formulação e na execução de políticas
Art. 24. Os arts. 1° e 2° da Lei nº 10.034, de 24 de outubro sociais públicas específicas;
de 2000, passam a vigorar com a seguinte redação: (altera- III - destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
ção já processada). relacionadas com a proteção ao idoso;
Art. 25. Os arts. 1°, 3°, 5°, 8°, 11 e 29 da Lei nº 10.637, de IV - viabilização de formas alternativas de participação,
30 de dezembro de 2002, passam a vigorar com a seguinte ocupação e convívio do idoso com as demais gerações;
redação: (alteração já processada). V - priorização do atendimento do idoso por sua própria
Art. 26. O art. 1° da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995, família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos
passa a vigorar acrescido dos seguintes parágrafos, renu- que não a possuam ou careçam de condições de manuten-
merando-se o parágrafo único para § 1º: (alteração já pro- ção da própria sobrevivência;
cessada). VI - capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas
Art. 27. (VETADO). áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços
Art. 28. Fica o Poder Executivo autorizado a emitir títulos da aos idosos;
dívida pública atualizados de acordo com as disposições do VII - estabelecimento de mecanismos que favoreçam a di-
inciso I do 4º do art. 2º da Lei nº 9.964, de 10 de abril de vulgação de informações de caráter educativo sobre os
2000, com prazo de vencimento determinado em função do aspectos biopsicossociais de envelhecimento;
prazo médio estimado da carteira de recebíveis do Progra- VIII - garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de
ma de Recuperação Fiscal - REFIS, instituído pela referida assistência social locais.
Lei, os quais terão poder liberatório perante a Secretaria da
Art. 4° Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negli-
Receita Federal e o Instituto Nacional do Seguro Social
gência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e
quanto as dívidas inscritas no referido programa, diferindo-
todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será
se os efeitos tributários de sua utilização, em função do
punido na forma da lei.
prazo médio da dívida do contribuinte.
§ 1° É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos
Art. 29. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação,
direitos do idoso.
produzindo efeitos:
§ 2° As obrigações previstas nesta Lei não excluem da pre-
I - em relação ao art. 17, a partir de 1° de janeiro de 2003;
venção outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
II - em relação ao art. 25, a partir de 1° de fevereiro de
Art. 5° A inobservância das normas de prevenção importará
2003;
em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos
III - em relação aos arts. 18, 19, 20 e 22, a partir do mês da lei.
subseqüente ao do termo final do prazo nonagesimal, a que
Art. 6° Todo cidadão tem o dever de comunicar à autorida-
refere o 6º. do art. 195 da Constituição Federal. Brasília, 30
de competente qualquer forma de violação a esta Lei que
de maio de 2003;
tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento.
182° da Independência e 115° da República.
Art. 7° Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Fede-
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA ral e Municipais do Idoso, previstos na Lei nº 8.842, de 4 de
janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do
LEI N° 10.741, DE 1° DE OUTUBRO DE 2003 idoso, definidos nesta Lei.
TÍTULO II DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providên- CAPÍTULO I DO DIREITO À VIDA
cias.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Art. 8° O envelhecimento é um direito personalíssimo e a eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos mei-
sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e da os urbano e rural;
legislação vigente. V - reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para
Art. 9° É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a redução das seqüelas decorrentes do agravo da saúde.
proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas § 2° Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratui-
sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável tamente, medicamentos, especialmente os de uso continua-
e em condições de dignidade. do, assim como próteses, órteses e outros recursos relati-
CAPÍTULO II DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIG- vos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
NIDADE § 3° É vedada a discriminação do idoso nos planos de saú-
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à de pela cobrança de valores diferenciados em razão da
pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como idade.
pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, indivi- § 4° Os idosos portadores de deficiência ou com limitação
duais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis. incapacitante terão atendimento especializado, nos termos
§ 1° O direito à liberdade compreende, entre outros, os se- da lei.
guintes aspectos: Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado
I - faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde pro-
espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; porcionar as condições adequadas para a sua permanência
II - opinião e expressão; em tempo integral, segundo o critério médico.
III - crença e culto religioso; Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde respon-
IV - prática de esportes e de diversões; sável pelo tratamento conceder autorização para o acompa-
nhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-
V - participação na vida familiar e comunitária;
la por escrito.
VI - participação na vida política, na forma da lei;
Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades
VII - faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação. mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de
§ 2° O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte- saúde que lhe for reputado mais favorável.
gridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de
da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, idéias proceder à opção, esta será feita:
e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais.
I - pelo curador, quando o idoso for interditado;
§ 3° É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colo-
II - pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou
cando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
este não puder ser contactado em tempo hábil;
aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
III - pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e
CAPÍTULO III DOS ALIMENTOS
não houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar;
Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da IV - pelo próprio médico, quando não houver curador ou
lei civil. familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso Ministério Público.
optar entre os prestadores. Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos crité-
Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser rios mínimos para o atendimento às necessidades do idoso,
celebradas perante o Promotor de Justiça, que as referen- promovendo o treinamento e a capacitação dos profissio-
dará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial nais, assim como orientação a cuidadores familiares e gru-
nos termos da lei processual civil. pos de auto-ajuda.
Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condi- Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-
ções econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao tratos contra idoso serão obrigatoriamente comunicados
Poder Público esse provimento, no âmbito da assistência pelos profissionais de saúde a quaisquer dos seguintes
social. órgãos:
CAPÍTULO IV DO DIREITO À SAÚDE I - autoridade policial;
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, II - Ministério Público;
por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS, garantin- III - Conselho Municipal do Idoso;
do-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articula- IV - Conselho Estadual do Idoso;
do e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, pro- V - Conselho Nacional do Idoso.
moção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a aten- CAPÍTULO V DA EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER
ção especial às doenças que afetam preferencialmente os
idosos. Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte,
§ 1° A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que res-
efetivadas por meio de: peitem sua peculiar condição de idade.
I - cadastramento da população idosa em base territorial; Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do
idoso à educação, adequando currículos, metodologias e
II - atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;
material didático aos programas educacionais a ele destina-
III - unidades geriátricas de referência, com pessoal espe-
dos.
cializado nas áreas de geriatria e gerontologia social;
§ 1° Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo
IV - atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a
relativo às técnicas de comunicação, computação e demais
população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se
avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna.
locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por
§ 2° Os idosos participarão das comemorações de caráter
instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e
cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos e

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vivências às demais gerações, no sentido da preservação de julho de 1994, o disposto no art. 35 da Lei nº 8.213, de
da memória e da identidade culturais. 1991.
Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de en- Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios,
sino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo efetuado com atraso por responsabilidade da Previdência
de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de Social, será atualizado pelo mesmo índice utilizado para os
forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos reajustamentos dos benefícios do Regime Geral de Previ-
sobre a matéria. dência Social, verificado no período compreendido entre o
Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e mês que deveria ter sido pago e o mês do efetivo pagamen-
de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo to.
menos 50% (cinqüenta por cento) nos ingressos para even- Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1° de Maio, é a data-
tos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o base dos aposentados e pensionistas.
acesso preferencial aos respectivos locais. CAPÍTULO VIII DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, de
horários especiais voltados aos idosos, com finalidade in- forma articulada, conforme os princípios e diretrizes previs-
formativa, educativa, artística e cultural, e ao público sobre o tos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Política Na-
processo de envelhecimento. cional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais nor-
Art. 25. O Poder Público apoiará a criação de universidade mas pertinentes.
aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos,
livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequa- que não possuam meios para prover sua subsistência, nem
dos ao idoso, que facilitem a leitura, considerada a natural de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício
redução da capacidade visual. mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgâni-
CAPÍTULO VI DA PROFISSIONALIZAÇÃO E DO TRABALHO ca da Assistência Social - Loas.
Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade profis- Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer
sional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e membro da família nos termos do caput não será computa-
psíquicas. do para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que
Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou se refere a Loas.
emprego, é vedada a discriminação e a fixação de limite Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou ca-
máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os sa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação de ser-
casos em que a natureza do cargo o exigir. viços com a pessoa idosa abrigada.
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em con- § 1° No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facul-
curso público será a idade, dando-se preferência ao de tada a cobrança de participação do idoso no custeio da
idade mais elevada. entidade.
Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de: § 2° O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Munici-
I - profissionalização especializada para os idosos, aprovei- pal da Assistência Social estabelecerá a forma de participa-
tando seus potenciais e habilidades para atividades regula- ção prevista no § 1º, que não poderá exceder a 70% (seten-
res e remuneradas; ta por cento) de qualquer benefício previdenciário ou de
II - preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, assistência social percebido pelo idoso.
com antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estí- § 3° Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu represen-
mulo a novos projetos sociais, conforme seus interesses, e tante legal firmar o contrato a que se refere o caput deste
de esclarecimento sobre os direitos sociais e de cidadania; artigo.
III - estímulo às empresas privadas para admissão de ido- Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco soci-
sos ao trabalho. al, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência
CAPÍTULO VII DA PREVIDÊNCIA SOCIAL econômica, para os efeitos legais.
Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regi- CAPÍTULO IX DA HABITAÇÃO
me Geral da Previdência Social observarão, na sua conces- Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da
são, critérios de cálculo que preservem o valor real dos família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus
salários sobre os quais incidiram contribuição, nos termos familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição
da legislação vigente. pública ou privada.
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manuten- § 1° A assistência integral na modalidade de entidade de
ção serão reajustados na mesma data de reajuste do salá- longa permanência será prestada quando verificada inexis-
rio-mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas tência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência de
de início ou do seu último reajustamento, com base em recursos financeiros próprios ou da família.
percentual definido em regulamento, observados os critérios § 2° Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica
estabelecidos pela Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. obrigada a manter identificação externa visível, sob pena de
Art. 30. A perda da condição de segurado não será conside- interdição, além de atender toda a legislação pertinente.
rada para a concessão da aposentadoria por idade, desde § 3° As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a
que a pessoa conte com, no mínimo, o tempo de contribui- manter padrões de habitação compatíveis com as necessi-
ção correspondente ao exigido para efeito de carência na dades deles, bem como provê-los com alimentação regular
data de requerimento do benefício. e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto condizentes, sob as penas da lei.
no caput observará o disposto no caput e § 2º do art. 3º da Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidia-
Lei nº 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo dos com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na
salários-de-contribuição recolhidos a partir da competência

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aquisição de imóvel para moradia própria, observado o se- Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art.
guinte: 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimen-
I - reserva de 3% (três por cento) das unidades residenciais to daquele, poderá determinar, dentre outras, as seguintes
para atendimento aos idosos; medidas:
II - implantação de equipamentos urbanos comunitários I - encaminhamento à família ou curador, mediante termo de
voltados ao idoso; responsabilidade;
III - eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
para garantia de acessibilidade ao idoso; III - requisição para tratamento de sua saúde, em regime
IV - critérios de financiamento compatíveis com os rendi- ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;
mentos de aposentadoria e pensão. IV - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
CAPÍTULO X DO TRANSPORTE orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas
Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convi-
assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos vência que lhe cause perturbação;
urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e V - abrigo em entidade;
especiais, quando prestados paralelamente aos serviços VI - abrigo temporário.
regulares. TÍTULO IV DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO AO IDOSO
§ 1° Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apre- CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
sente qualquer documento pessoal que faça prova de sua Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por meio
idade. do conjunto articulado de ações governamentais e não-
§ 2° Nos veículos de transporte coletivo de que trata este governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal
artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos e dos Municípios.
para os idosos, devidamente identificados com a placa de Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:
reservado preferencialmente para idosos.
I - políticas sociais básicas, previstas na Lei nº 8.842, de 4
§ 3° No caso das pessoas compreendidas na faixa etária de janeiro de 1994;
entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a
II - políticas e programas de assistência social, em caráter
critério da legislação local dispor sobre as condições para
supletivo, para aqueles que necessitarem;
exercício da gratuidade nos meios de transporte previstos
no caput deste artigo. III - serviços especiais de prevenção e atendimento às víti-
mas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, cruel-
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual
dade e opressão;
observar-se-á, nos termos da legislação específica: (Decre-
to nº 5.130/2004). IV - serviço de identificação e localização de parentes ou
responsáveis por idosos abandonados em hospitais e insti-
I - a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para
tuições de longa permanência;
idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-
mínimos; V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos
direitos dos idosos;
II - desconto de 50% (cinqüenta por cento), no mínimo, no
valor das passagens, para os idosos que excederem as VI - mobilização da opinião pública no sentido da participa-
vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salá- ção dos diversos segmentos da sociedade no atendimento
rios-mínimos. do idoso.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir CAPÍTULO II DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO AO IDOSO
os mecanismos e os critérios para o exercício dos direitos Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela
previstos nos incisos I e II. manutenção das próprias unidades, observadas as normas
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos de planejamento e execução emanadas do órgão compe-
da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacio- tente da Política Nacional do Idoso, conforme a Lei nº 8.842,
namentos públicos e privados, as quais deverão ser posi- de 1994.
cionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao ido- Parágrafo único. As entidades governamentais e não-
so. governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à
Art. 42. É assegurada a prioridade do idoso no embarque inscrição de seus programas, junto ao órgão competente da
no sistema de transporte coletivo. Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa,
e em sua falta, junto ao Conselho Estadual ou Nacional da
TÍTULO III DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
Pessoa Idosa, especificando os regimes de atendimento,
CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS observados os seguintes requisitos:
Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis I - oferecer instalações físicas em condições adequadas de
sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem amea- habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
çados ou violados: II - apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; compatíveis com os princípios desta Lei;
II - por falta, omissão ou abuso da família, curador ou enti- III - estar regularmente constituída;
dade de atendimento; IV - demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.
III - em razão de sua condição pessoal. Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de insti-
CAPÍTULO II DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO tucionalização de longa permanência adotarão os seguintes
Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nesta princípios:
Lei poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, e I - preservação dos vínculos familiares;
levarão em conta os fins sociais a que se destinam e o forta- II - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
lecimento dos vínculos familiares e comunitários.

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III - manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em pelos Conselhos do Idoso, Ministério Público, Vigilância
caso de força maior; Sanitária e outros previstos em lei.
IV - participação do idoso nas atividades comunitárias, de Art. 53. O art. 7° da Lei nº 8.842, de 1994, passa a vigorar
caráter interno e externo; com a seguinte redação:
V - observância dos direitos e garantias dos idosos; “Art. 7° Compete aos Conselhos de que trata o art. 6° desta
VI - preservação da identidade do idoso e oferecimento de Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização e a
ambiente de respeito e dignidade. avaliação da política nacional do idoso, no âmbito das res-
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de pectivas instâncias político-administrativas.”
atendimento ao idoso responderá civil e criminalmente pelos Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas
atos que praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo das dos recursos públicos e privados recebidos pelas entidades
sanções administrativas. de atendimento.
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendi- Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as
mento: determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da
I - celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou pre-
idoso, especificando o tipo de atendimento, as obrigações postos, às seguintes penalidades, observado o devido pro-
da entidade e prestações decorrentes do contrato, com os cesso legal:
respectivos preços, se for o caso; I - as entidades governamentais:
II - observar os direitos e as garantias de que são titulares a) advertência;
os idosos; b) afastamento provisório de seus dirigentes;
III - fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimenta- c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
ção suficiente; d) fechamento de unidade ou interdição de programa;
IV - oferecer instalações físicas em condições adequadas II - as entidades não-governamentais:
de habitabilidade; a) advertência;
V - oferecer atendimento personalizado; b) multa;
VI - diligenciar no sentido da preservação dos vínculos fami- c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;
liares; d) interdição de unidade ou suspensão de programa;
VII - oferecer acomodações apropriadas para recebimento e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse
de visitas; público.
VIII - proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessi- § 1° Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo
dade do idoso; de fraude em relação ao programa, caberá o afastamento
IX - promover atividades educacionais, esportivas, culturais provisório dos dirigentes ou a interdição da unidade e a
e de lazer; suspensão do programa.
X - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, § 2° A suspensão parcial ou total do repasse de verbas
de acordo com suas crenças; públicas ocorrerá quando verificada a má aplicação ou des-
XI - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; vio de finalidade dos recursos.
XII - comunicar à autoridade competente de saúde toda § 3° Na ocorrência de infração por entidade de atendimento,
ocorrência de idoso portador de doenças infecto- que coloque em risco os direitos assegurados nesta Lei,
contagiosas; será o fato comunicado ao Ministério Público, para as provi-
XIII - providenciar ou solicitar que o Ministério Público requi- dências cabíveis, inclusive para promover a suspensão das
site os documentos necessários ao exercício da cidadania atividades ou dissolução da entidade, com a proibição de
àqueles que não os tiverem, na forma da lei; atendimento a idosos a bem do interesse público, sem pre-
XIV - fornecer comprovante de depósito dos bens móveis juízo das providências a serem tomadas pela Vigilância
que receberem dos idosos; Sanitária.
XV - manter arquivo de anotações onde constem data e § 4° Na aplicação das penalidades, serão consideradas a
circunstâncias do atendimento, nome do idoso, responsável, natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que
parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, dela provierem para o idoso, as circunstâncias agravantes
bem como o valor de contribuições, e suas alterações, se ou atenuantes e os antecedentes da entidade.
houver, e demais dados que possibilitem sua identificação e CAPÍTULO IV DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
a individualização do atendimento; Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as
XVI - comunicar ao Ministério Público, para as providências determinações do art. 50 desta Lei:
cabíveis, a situação de abandono moral ou material por Pena - multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00
parte dos familiares; (três mil reais), se o fato não for caracterizado como crime,
XVII - manter no quadro de pessoal profissionais com for- podendo haver a interdição do estabelecimento até que
mação específica. sejam cumpridas as exigências legais.
Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento
prestadoras de serviço ao idoso terão direito à assistência de longa permanência, os idosos abrigados serão transferi-
judiciária gratuita. dos para outra instituição, a expensas do estabelecimento
CAPÍTULO III DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES DE ATENDI- interditado, enquanto durar a interdição.
MENTO Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por
Art. 52. As entidades governamentais e não- estabelecimento de saúde ou instituição de longa perma-
governamentais de atendimento ao idoso serão fiscalizadas nência de comunicar à autoridade competente os casos de
crimes contra idoso de que tiver conhecimento:

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Pena - multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 § 1° Salvo manifestação em audiência, as partes e o Minis-
(três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência. tério Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações
Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
a prioridade no atendimento ao idoso: § 2° Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo
Pena - multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 de dirigente de entidade governamental, a autoridade judici-
(um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, con- ária oficiará a autoridade administrativa imediatamente su-
forme o dano sofrido pelo idoso. perior ao afastado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro)
CAPÍTULO V DA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA DE INFRAÇÃO ÀS horas para proceder à substituição.
Normas de Proteção ao Idoso § 3° Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade
judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregulari-
Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV
dades verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo
serão atualizados anualmente, na forma da lei.
será extinto, sem julgamento do mérito.
Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade
§ 4° A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da
administrativa por infração às normas de proteção ao idoso
entidade ou ao responsável pelo programa de atendimento.
terá início com requisição do Ministério Público ou auto de
infração elaborado por servidor efetivo e assinado, se pos- TÍTULO V DO ACESSO À JUSTIÇA
sível, por duas testemunhas. CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 1° No procedimento iniciado com o auto de infração pode- Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste
rão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a Capítulo, o procedimento sumário previsto no Código de
natureza e as circunstâncias da infração. Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos previs-
§ 2° Sempre que possível, à verificação da infração seguir- tos nesta Lei.
se-á a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro de 24 Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializadas
(vinte e quatro) horas, por motivo justificado. e exclusivas do idoso.
Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a apre- Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos proces-
sentação da defesa, contado da data da intimação, que será sos e procedimentos e na execução dos atos e diligências
feita: judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa
I - pelo autuante, no instrumento de autuação, quando for com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qual-
lavrado na presença do infrator; quer instância.
II - por via postal, com aviso de recebimento. § 1° O interessado na obtenção da prioridade a que alude
Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do idoso, a este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefí-
autoridade competente aplicará à entidade de atendimento cio à autoridade judiciária competente para decidir o feito,
as sanções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das que determinará as providências a serem cumpridas, ano-
providências que vierem a ser adotadas pelo Ministério tando-se essa circunstância em local visível nos autos do
Público ou pelas demais instituições legitimadas para a processo.
fiscalização. § 2° A prioridade não cessará com a morte do beneficiado,
Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro
a saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade competente ou companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta)
aplicará à entidade de atendimento as sanções regulamen- anos.
tares, sem prejuízo da iniciativa e das providências que § 3° A prioridade se estende aos processos e procedimen-
vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas de- tos na Administração Pública, empresas prestadoras de
mais instituições legitimadas para a fiscalização. serviços públicos e instituições financeiras, ao atendimento
CAPÍTULO VI DA APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES preferencial junto à Defensoria Publica da União, dos Esta-
EM ENTIDADE DE ATENDIMENTO dos e do Distrito Federal em relação aos Serviços de Assis-
Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamen-te, ao procedimento tência Judiciária.
administrativo de que trata este Capítulo as disposições das § 4° Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o
Leis nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a
janeiro de 1999. destinação a idosos em local visível e caracteres legíveis.
Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em CAPÍTULO II DO MINISTÉRIO PÚBLICO
entidade governamental e não-governamental de atendi- Art. 72. (VETADO).
mento ao idoso terá início mediante petição fundamentada Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta
de pessoa interessada ou iniciativa do Ministério Público. Lei, serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica.
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciá- Art. 74. Compete ao Ministério Público:
ria, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o I - instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a
afastamento provisório do dirigente da entidade ou outras proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, indi-
medidas que julgar adequadas, para evitar lesão aos direi- viduais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso;
tos do idoso, mediante decisão fundamentada. II - promover e acompanhar as ações de alimentos, de in-
Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo terdição total ou parcial, de designação de curador especial,
de 10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar em circunstâncias que justifiquem a medida e oficiar em
documentos e indicar as provas a produzir. todos os feitos em que se discutam os direitos de idosos em
Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na confor- condições de risco;
midade do art. 69 ou, se necessário, designará audiência de III - atuar como substituto processual do idoso em situação
instrução e julgamento, deliberando sobre a necessidade de de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei;
produção de outras provas.

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IV - promover a revogação de instrumento procuratório do IV - serviço de assistência social visando ao amparo do
idoso, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, quando idoso.
necessário ou o interesse público justificar; Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não
V - instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo: excluem da proteção judicial outros interesses difusos, cole-
a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclareci- tivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, próprios do
mentos e, em caso de não comparecimento injustificado da idoso, protegidos em lei.
pessoa notificada, requisitar condução coercitiva, inclusive Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas
pela Polícia Civil ou Militar; no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos absoluta para processar a causa, ressalvadas as competên-
de autoridades municipais, estaduais e federais, da adminis- cias da Justiça Federal e a competência originária dos Tri-
tração direta e indireta, bem como promover inspeções e bunais Superiores.
diligências investigatórias; Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difu-
c) requisitar informações e documentos particulares de insti- sos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos,
tuições privadas; consideram-se legitimados, concorrentemente:
VI - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigató- I - o Ministério Público;
rias e a instauração de inquérito policial, para a apuração de II - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
ilícitos ou infrações às normas de proteção ao idoso; III - a Ordem dos Advogados do Brasil;
VII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias le- IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos
gais assegurados ao idoso, promovendo as medidas judici- 1 (um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defe-
ais e extrajudiciais cabíveis; sa dos interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a
VIII - inspecionar as entidades públicas e particulares de autorização da assembléia, se houver prévia autorização
atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando estatutária.
de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessá- § 1° Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministé-
rias à remoção de irregularidades porventura verificadas; rios Públicos da União e dos Estados na defesa dos interes-
IX - requisitar força policial, bem como a colaboração dos ses e direitos de que cuida esta Lei.
serviços de saúde, educacionais e de assistência social, § 2° Em caso de desistência ou abandono da ação por as-
públicos, para o desempenho de suas atribuições; sociação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
X - referendar transações envolvendo interesses e direitos deverá assumir a titularidade ativa.
dos idosos previstos nesta Lei. Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por
§ 1° A legitimação do Ministério Público para as ações cí- esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação perti-
veis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas nentes.
mesmas hipóteses, segundo dispuser a lei. Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autori-
§ 2° As atribuições constantes deste artigo não excluem dade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
outras, desde que compatíveis com a finalidade e atribui- atribuições de Poder Público, que lesem direito líquido e
ções do Ministério Público. certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se
§ 3° O representante do Ministério Público, no exercício de regerá pelas normas da lei do mandado de segurança.
suas funções, terá livre acesso a toda entidade de atendi- Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de
mento ao idoso. obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela
Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for específica da obrigação ou determinará providências que
parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defe- assegurem o resultado prático equivalente ao adimplemen-
sa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses to.
em que terá vista dos autos depois das partes, podendo § 1° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
juntar documentos, requerer diligências e produção de ou- justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao
tras provas, usando os recursos cabíveis. juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação
Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer prévia, na forma do art. 273 do Código de Processo Civil.
caso, será feita pessoalmente. § 2° O juiz poderá, na hipótese do § 1° ou na sentença,
Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta impor multa diária ao réu, independentemente do pedido do
a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fi-
a requerimento de qualquer interessado. xando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
CAPÍTULO III DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES DIFU- § 3° A multa só será exigível do réu após o trânsito em jul-
SOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS OU HOMOGÊNEOS gado da sentença favorável ao autor, mas será devida des-
Art. 78. As manifestações processuais do representante do de o dia em que se houver configurado.
Ministério Público deverão ser fundamentadas. Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverte-
Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de rão ao Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta deste, ao
responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados ao Fundo Municipal de Assistência Social, ficando vinculados
idoso, referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfató- ao atendimento ao idoso.
rio de: Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta)
I - acesso às ações e serviços de saúde; dias após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas
por meio de execução promovida pelo Ministério Público,
II - atendimento especializado ao idoso portador de defici-
nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais
ência ou com limitação incapacitante;
legitimados em caso de inércia daquele.
III - atendimento especializado ao idoso portador de doença
Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recur-
infecto-contagiosa;
sos, para evitar dano irreparável à parte.

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Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser disposições do Código Penal e do Código de Processo Pe-
condenação ao Poder Público, o juiz determinará a remessa nal.
de peças à autoridade competente, para apuração da res- CAPÍTULO II DOS CRIMES EM ESPÉCIE
ponsabilidade civil e administrativa do agente a que se atri- Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal
bua a ação ou omissão. pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e
Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julga- 182 do Código Penal.
do da sentença condenatória favorável ao idoso sem que o Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando
autor lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério seu acesso a operações bancárias, aos meios de transpor-
Público, facultada, igual iniciativa aos demais legitimados, te, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou
como assistentes ou assumindo o pólo ativo, em caso de instrumento necessário ao exercício da cidadania, por moti-
inércia desse órgão. vo de idade:
Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá Pena - reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais
§ 1° Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar,
e quaisquer outras despesas.
menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer
Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Ministério motivo.
Público.
§ 2° A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima
Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, pro- se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agen-
vocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe infor- te.
mações sobre os fatos que constituam objeto de ação civil e
Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando
indicando-lhe os elementos de convicção.
possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente
Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à
no exercício de suas funções, quando tiverem conhecimento saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o so-
de fatos que possam configurar crime de ação pública con- corro de autoridade pública:
tra idoso ou ensejar a propositura de ação para sua defesa,
Pena - detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
devem encaminhar as peças pertinentes ao Ministério Pú-
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da
blico, para as providências cabíveis.
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplica-
Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá
da, se resulta a morte.
requerer às autoridades competentes as certidões e infor-
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde,
mações que julgar necessárias, que serão fornecidas no
entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não
prazo de 10 (dez) dias.
prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei
Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua presi-
ou mandado:
dência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
Pena - detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
organismo público ou particular, certidões, informações,
exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou
poderá ser inferior a 10 (dez) dias. psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas
ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados in-
§ 1° Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as
dispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a
diligências, se convencer da inexistência de fundamento
para a propositura da ação civil ou de peças informativas, trabalho excessivo ou inadequado:
determinará o seu arquivamento, fazendo-o fundamentada- Pena - detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
mente. § 1° Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
§ 2° Os autos do inquérito civil ou as peças de informação Pena - reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em § 2° Se resulta a morte:
falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior Pena - reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
do Ministério Público ou à Câmara de Coordenação e Revi- Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis)
são do Ministério Público. meses a 1 (um) ano e multa:
§ 3° Até que seja homologado ou rejeitado o arquivamento, I - obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por
pelo Conselho Superior do Ministério Público ou por Câmara motivo de idade;
de Coordenação e Revisão do Ministério Público, as associ- II - negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou traba-
ações legitimadas poderão apresentar razões escritas ou lho;
documentos, que serão juntados ou anexados às peças de III - recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de
informação. prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa
§ 4° Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de Coor- idosa;
denação e Revisão do Ministério Público de homologar a IV - deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo,
promoção de arquivamento, será designado outro membro a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que
do Ministério Público para o ajuizamento da ação. alude esta Lei;
TÍTULO VI DOS CRIMES V - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisi-
Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as tados pelo Ministério Público.
disposições da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima motivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações
privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica- em que for parte ou interveniente o idoso:
se o procedimento previsto na Lei nº 9.099, de 26 de se- Pena - detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
tembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
Lemos & Cruz – Livraria e Editora
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pen- Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa)
são ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes dias da sua publicação, ressalvado o disposto no caput do
aplicação diversa da de sua finalidade: art. 36, que vigorará a partir de 1º de janeiro de 204.
Pena - reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. Brasília, 1° de outubro de 2003; 182° da Independência e
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, 115° da República.
como abrigado, por recusa deste em outorgar procuração à LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
entidade de atendimento:
Pena - detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. LEI N° 10.778, DE 24 DE NOVEMBRO DE 2003
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relati-
va a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como Estabelece a notificação compulsória, no território na-
qualquer outro documento com objetivo de assegurar rece- cional, do caso de violência contra a mulher que for
bimento ou ressarcimento de dívida: atendida em serviços de saúde públicos ou privados.
Pena - detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunica- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
ção, informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à Art. 1° Constitui objeto de notificação compulsória, em todo
pessoa do idoso: o território nacional, a violência contra a mulher atendida em
Pena - detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. serviços de saúde públicos e privados.
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus § 1° Para os efeitos desta Lei, deve-se entender por violên-
atos a outorgar procuração para fins de administração de cia contra a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no
bens ou deles dispor livremente: gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contra- privado.
tar, testar ou outorgar procuração: § 2° Entender-se-á que violência contra a mulher inclui vio-
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. lência física, sexual e psicológica e que:
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem I - tenha ocorrido dentro da família ou unidade doméstica ou
discernimento de seus atos, sem a devida representação em qualquer outra relação interpessoal, em que o agressor
legal: conviva ou haja convivido no mesmo domicílio que a mulher
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. e que compreende, entre outros, estupro, violação, maus-
TÍTULO VII DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS tratos e abuso sexual;
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do II - tenha ocorrido na comunidade e seja perpetrada por
Ministério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador: qualquer pessoa e que compreende, entre outros, violação,
Pena - reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. abuso sexual, tortura, maus-tratos de pessoas, tráfico de
mulheres, prostituição forçada, seqüestro e assédio sexual
Art. 110. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
no lugar de trabalho, bem como em instituições educacio-
1940, Código Penal, passa a vigorar com as seguintes alte-
nais, estabelecimentos de saúde ou qualquer outro lugar; e
rações: (alteração já processada).
III - seja perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agen-
Art. 111. O art. 21 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro
tes, onde quer que ocorra.
de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a vigorar
acrescido do seguinte parágrafo único: (alteração já proces- § 3° Para efeito da definição serão observados também as
sada). convenções e acordos internacionais assinados pelo Brasil,
que disponham sobre prevenção, punição e erradicação da
Art. 112. O inciso II do § 4° do art. 1° da Lei nº 9.455, de 7
violência contra a mulher.
de abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:
(alteração já processada). Art. 2° A autoridade sanitária proporcionará as facilidades
ao processo de notificação compulsória, para o fiel cumpri-
Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei nº 6.368, de 21 de
mento desta Lei.
outubro de 1976, passa a vigorar com a seguinte redação:
(alteração já processada). Art. 3° A notificação compulsória dos casos de violência de
que trata esta Lei tem caráter sigiloso, obrigando nesse
Art. 114. O art. 1° da Lei nº 10.048, de 8 de novembro de
sentido as autoridades sanitárias que a tenham recebido.
2000, passa a vigorar com a seguinte redação: (alteração já
processada). Parágrafo único. A identificação da vítima de violência
referida nesta Lei, fora do âmbito dos serviços de saúde,
Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao
somente poderá efetivar-se, em caráter excepcional, em
Fundo Nacional de Assistência Social, até que o Fundo
caso de risco à comunidade ou à vítima, a juízo da autori-
Nacional do Idoso seja criado, os recursos necessários, em
dade sanitária e com conhecimento prévio da vítima ou do
cada exercício financeiro, para aplicação em programas e
seu responsável.
ações relativos ao idoso.
Art. 4° As pessoas físicas e as entidades, públicas ou pri-
Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos dados
vadas, abrangidas ficam sujeitas às obrigações previstas
relativos à população idosa do País.
nesta Lei.
Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso
Art. 5° A inobservância das obrigações estabelecidas nesta
Nacional projeto de lei revendo os critérios de concessão do
Lei constitui infração da legislação referente à saúde públi-
Benefício de Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica
ca, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
da Assistência Social, de forma a garantir que o acesso ao
direito seja condizente com o estágio de desenvolvimento Art. 6° Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória
sócio-econômico alcançado pelo País. prevista nesta Lei, o disposto na Lei nº 6.259, de 30 de ou-
tubro de 1975.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Art. 7° O Poder Executivo, por iniciativa do Ministério da gar presos provisórios ou condenados sujeitos a regime
Saúde, expedirá a regulamentação desta Lei. disciplinar diferenciado.
Art. 8° Esta Lei entrará em vigor 120 (cento e vinte) dias Art. 9° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
após a sua publicação. Art. 10. Revoga-se o art. 194 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3
Brasília, 24 de novembro de 2003; 182° da Independência e de outubro de 1941.
115° da República. Brasília, 1° de dezembro de 2003; 182° da Independência e
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 115° da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
LEI N° 10.792, DE 1° DE DEZEMBRO DE 2003
LEI N° 10.819, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2003
Altera a Lei nº 7.210, de 11 de junho de 1984 - Lei de
Execução Penal e o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outu- Dispõe sobre os depósitos judiciais de tributos, no âm-
bro de 1941 - Código de Processo Penal e dá outras bito dos Municípios, e dá outras providências.
providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1° Os depósitos judiciais, em dinheiro, referentes a
Art. 1° A Lei nº 7.210, de 11 de junho de 1984 - Lei de tributos e seus acessórios, de competência dos Municípios,
Execução Penal, passa a vigorar com as seguintes altera- inclusive os inscritos em dívida ativa, serão efetuados, a
ções: (Alterações acrescidas na Lei de Execução Penal) partir da data da publicação desta Lei, em instituição finan-
Art. 2° O Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - ceira oficial da União ou do Estado a que pertença o Muni-
Código de Processo Penal, passa a vigorar com as seguin- cípio, mediante a utilização de instrumento que identifique
tes alterações: (Alterações acrescidas no Código de Pro- sua natureza tributária.
cesso Penal) § 1° Os municípios poderão instituir fundo de reserva, desti-
Art. 3° Os estabelecimentos penitenciários disporão de nado a garantir a restituição da parcela dos depósitos referi-
aparelho detector de metais, aos quais devem se submeter dos no caput que lhes seja repassada nos termos desta Lei.
todos que queiram ter acesso ao referido estabelecimento, § 2° Ao município que instituir o fundo de reserva de que
ainda que exerçam qualquer cargo ou função pública. trata o § 1°, será repassada pela instituição financeira refe-
Art. 4° Os estabelecimentos penitenciários, especialmente rida no caput a parcela correspondente a setenta por cento
os destinados ao regime disciplinar diferenciado, disporão, do valor dos depósitos de natureza tributária nela realizados
dentre outros equipamentos de segurança, de bloqueadores a partir da vigência desta Lei.
de telecomunicação para telefones celulares, rádio- § 3° A parcela dos depósitos não repassada nos termos do
transmissores e outros meios, definidos no art. 60, § 1º, da § 2° será mantida na instituição financeira recebedora, que
Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997. a remunerará segundo os critérios originalmente atribuídos
Art. 5° Nos termos do disposto no inciso I do art. 24 da aos depósitos.
Constituição da República, observados os arts. 44 a 60 da Art. 2° A habilitação do município ao recebimento das trans-
Lei nº 7.210, de 11 de junho de 1984, os Estados e o Distri- ferências referidas no § 2° do art. 1° fica condicionada à
to Federal poderão regulamentar o regime disciplinar dife- apresentação, perante o órgão jurisdicional responsável
renciado, em especial para: pelo julgamento dos litígios aos quais se refiram os depósi-
I - estabelecer o sistema de rodízio entre os agentes peni- tos, de termo de compromisso firmado pelo Chefe do Poder
tenciários que entrem em contato direto com os presos pro- Executivo Municipal, que preveja:
visórios e condenados; I - a manutenção do fundo de reserva na instituição financei-
II - assegurar o sigilo sobre a identidade e demais dados ra responsável pelo repasse das parcelas referidas no § 2°
pessoais dos agentes penitenciários lotados nos estabele- do art. 1º e seus incisos;
cimentos penais de segurança máxima; II - a destinação automática ao fundo de reserva do valor
III - restringir o acesso dos presos provisórios e condenados correspondente à parcela dos depósitos judiciais mantida na
aos meios de comunicação de informação; instituição financeira nos termos do § 3º do art. 1º, condição
IV - disciplinar o cadastramento e agendamento prévio das esta a ser observada a cada transferência recebida na for-
entrevistas dos presos provisórios ou condenados com seus ma do § 2º do art. 1º;
advogados, regularmente constituídos nos autos da ação III - a manutenção no fundo de reserva de saldo jamais
penal ou processo de execução criminal, conforme o caso; inferior ao maior dos seguintes valores:
V - elaborar programa de atendimento diferenciado aos a) o montante equivalente à parcela dos depósitos judiciais
presos provisórios e condenados, visando a sua reintegra- mantida na instituição financeira nos termos do § 3° do art.
ção ao regime comum e recompensando-lhes o bom com- 1°, acrescida da remuneração que lhe foi originalmente
portamento durante o período de sanção disciplinar. atribuída;
Art. 6° No caso de motim, o Diretor do Estabelecimento b) a diferença entre a soma dos cinqüenta maiores depósi-
Prisional poderá determinar a transferência do preso, comu- tos efetuados nos termos do art. 1° e a soma das parcelas
nicando-a ao juiz competente no prazo de até vinte e quatro desses depósitos mantidas na instituição financeira na for-
horas. ma do § 3º do mesmo art. 1º, ambas acrescidas da remune-
Art. 7° A União definirá os padrões mínimos do presídio ração que lhes foi originalmente atribuída;
destinado ao cumprimento de regime disciplinar. IV - a autorização para a movimentação do fundo de reserva
Art. 8° A União priorizará, quando da construção de presí- para os fins do disposto nos arts. 4° e 6° desta Lei; e
dios federais, os estabelecimentos que se destinem a abri- V - a recomposição do fundo de reserva pelo Município, em
até quarenta e oito horas, após comunicação da instituição

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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financeira, sempre que o seu saldo estiver abaixo dos limi- Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no caput, na
tes estabelecidos no inciso III deste artigo. hipótese de descumprimento por três vezes da obrigação
§ 1° Os fundos de reserva, de que trata o § 1° do art. 1°, referida no inciso V do art. 2º, ficará o município excluído da
terão remuneração de juros equivalente à taxa referencial sistemática de que trata o § 2º do art. 1º.
do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic para Art. 6° Encerrado o processo litigioso com ganho de causa
títulos federais. para o Município, ser-lhe-á transferida a parcela do depósito
§ 2° Compete à instituição financeira gestora do fundo de mantida na instituição financeira nos termos do § 3º do art.
reserva de que trata este artigo manter escrituração indivi- 1º, acrescida da remuneração que lhe foi originalmente
dualizada para cada depósito efetuado na forma do art. 1º, atribuída.
discriminando: § 1° Na situação prevista no caput, é facultado ao Município
I - o valor total do depósito, acrescido da remuneração que sacar no fundo de reserva a parcela do depósito nele depo-
lhe foi originalmente atribuída; sitada nos termos do inciso II do art. 2º, acrescida da remu-
II - o valor da parcela do depósito mantido na instituição neração que lhe foi originalmente atribuída.
financeira, nos termos do § 3° do art. 1°, acrescida da re- § 2° O saque da parcela de que trata o § 1° somente poderá
muneração que lhe foi originalmente atribuída; e ser realizado até o limite máximo do qual não resulte saldo
III - o montante do depósito transferido ao fundo de reserva inferior ao mínimo exigido no inciso III do art. 2º.
nos termos do § 1° do art. 2°, acrescido da remuneração § 3° Na situação prevista no caput, serão transformados em
que lhe foi originalmente atribuída. pagamento definitivo, total ou parcial, proporcionalmente à
Art. 3° Os recursos repassados na forma desta Lei aos exigência do correspondente tributo, inclusive seus acessó-
Municípios, ressalvados os destinados ao fundo de reserva rios, os valores depositados na forma do caput do art. 1º,
de que trata o § 1º do art. 1º, serão aplicados, exclusiva- acrescidos da remuneração que lhes foi originalmente atri-
mente, no pagamento: buída.
I - de precatórios judiciais de qualquer natureza; Art. 7° O disposto nesta Lei aplica-se, igualmente, aos de-
II - da dívida fundada do Município. pósitos judiciais, em dinheiro, referentes a tributos de com-
Parágrafo único. Na hipótese de previsão na lei orçamen- petência dos Municípios, efetuados entre 1º de janeiro de
tária municipal de dotações suficientes para o pagamento 1999 e a véspera da data de publicação desta Lei.
da totalidade das despesas referidas nos incisos I e II exigí- Art. 8° Os municípios estabelecerão regras de procedimen-
veis no exercício, o valor excedente dos repasses de que tos, inclusive orçamentários, para a execução do disposto
trata o caput poderá ser utilizado para a realização de des- nesta Lei.
pesas de capital. Art. 9° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4° Encerrado o processo litigioso com ganho de causa Brasília, 16 de dezembro de 2003; 182° da Independência e
para o depositante, mediante ordem judicial, o valor do de- 115° da República.
pósito efetuado nos termos desta Lei, acrescido da remune- LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
ração que lhe foi originalmente atribuída, será colocado à
disposição do depositante pela instituição financeira respon- LEI N° 10.820, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2003
sável, no prazo de três dias úteis, observada a seguinte
composição:
Dispõe sobre a autorização para desconto de presta-
I - a parcela que foi mantida na instituição financeira nos ções em folha de pagamento, e dá outras providências.
termos do § 3° do art. 1°, acrescida da remuneração que lhe
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
foi originalmente atribuída será de responsabilidade direta e
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
imediata da instituição depositária;
Art. 1° Os empregados regidos pela Consolidação das Leis
II - a diferença entre o valor referido no inciso I e o total
do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de
devido ao depositante nos termos do caput será debitada no
1° de maio de 1943, poderão autorizar, de forma irrevogável
fundo de reserva de que trata o art. 2º.
e irretratável, o desconto em folha de pagamento dos valo-
§ 1° Na hipótese de o saldo do fundo de reserva, após o res referentes ao pagamento de empréstimos, financiamen-
débito referido no inciso I, ser inferior ao valor mínimo esta- tos e operações de arrendamento mercantil concedidos por
belecido no inciso III do art. 2º, o Município será notificado instituições financeiras e sociedades de arrendamento mer-
para recompô-lo na forma do inciso V do mesmo art. 2º. cantil, quando previsto nos respectivos contratos.
§ 2° Na hipótese de insuficiência de saldo no fundo de re- § 1° O desconto mencionado neste artigo também poderá
serva para o débito do montante devido nos termos do inci- incidir sobre verbas rescisórias devidas pelo empregador, se
so II, a instituição financeira restituirá ao depositante o valor assim previsto no respectivo contrato de empréstimo, finan-
disponível no fundo, acrescido do valor referido no inciso I. ciamento ou arrendamento mercantil, até o limite de trinta
§ 3° Na hipótese referida no § 2°, a instituição financeira por cento.
notificará a autoridade expedidora da ordem de liberação do § 2° O regulamento disporá sobre os limites de valor do
depósito, informando a composição detalhada dos valores empréstimo, da prestação consignável para os fins do caput
liberados, sua atualização monetária, a parcela efetivamen- e do comprometimento das verbas rescisórias para os fins
te disponibilizada em favor do depositante, e o saldo a ser do § 1º deste artigo.
pago na recomposição prevista no § 1º deste artigo.
Art. 2° Para os fins desta Lei, considera-se:
Art. 5° Nos casos em que o Município não recompuser o
I - empregador, a pessoa jurídica assim definida pela legis-
fundo de reserva até o saldo mínimo referido no inciso III do
lação trabalhista;
art. 2°, ficará suspenso o repasse das parcelas referentes a
novos depósitos até a regularização do saldo. II - empregado, aquele assim definido pela legislação traba-
lhista;

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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III - instituição consignatária, a instituição autorizada a con- § 2° Poderão as entidades e centrais sindicais, sem ônus
ceder empréstimo ou financiamento ou realizar operação de para os empregados, firmar, com instituições consignatá-
arrendamento mercantil mencionada no caput do art. 1º; rias, acordo que defina condições gerais e demais critérios a
IV - mutuário, empregado que firma com instituição consig- serem observados nos empréstimos, financiamentos ou
natária contrato de empréstimo, financiamento ou arrenda- arrendamentos que venham a ser realizados com seus re-
mento mercantil regulado por esta Lei; e presentados.
V - verbas rescisórias, as importâncias devidas em dinheiro § 3° Uma vez observados pelo empregado todos os requisi-
pelo empregador ao empregado em razão de rescisão do tos e condições definidos no acordo firmado segundo o
seu contrato de trabalho. disposto no § 1º ou no § 2º deste artigo, não poderá a insti-
§ 1° Para os fins desta Lei, são consideradas consignações tuição consignatária negar-se a celebrar o empréstimo,
voluntárias as autorizadas pelo empregado. financiamento ou arrendamento mercantil.
§ 2° No momento da contratação da operação, a autoriza- § 4° Para a realização das operações referidas nesta Lei, é
ção para a efetivação dos descontos permitidos nesta Lei assegurado ao empregado o direito de optar por instituição
observará, para cada mutuário, os seguintes limites: consignatária que tenha firmado acordo com o empregador,
I - a soma dos descontos referidos no art. 1° desta Lei não com sua entidade sindical, ou qualquer outra instituição
poderá exceder a trinta por cento da remuneração disponí- consignatá-ria de sua livre escolha, ficando o empregador
vel, conforme definida em regulamento; e obrigado a proceder aos descontos e repasses por ele con-
II - o total das consignações voluntárias, incluindo as referi- tratados e autorizados.
das no art. 1°, não poderá exceder a quarenta por cento da § 5° No caso dos acordos celebrados nos termos do § 2°
remuneração disponível, conforme definida em regulamen- deste artigo, os custos de que trata o § 2° do art. 3° deverão
to. ser negociados entre o empregador e a entidade sindical,
Art. 3° Para os fins desta Lei, são obrigações do emprega- sendo vedada a fixação de custos superiores aos previstos
dor: pelo mesmo empregador nos acordos referidos no § 1º
deste artigo.
I - prestar ao empregado e à instituição consignatária, medi-
ante solicitação formal do primeiro, as informações necessá- § 6° Poderá ser prevista nos acordos referidos nos §§ 1° e
rias para a contratação da operação de crédito ou arrenda- 2° deste artigo, ou em acordo específico entre a instituição
mento mercantil; consignatária e o empregador, a absorção dos custos refe-
ridos no § 2º do art. 3º pela instituição consignatária.
II - tornar disponíveis aos empregados, bem como às res-
pectivas entidades sindicais, as informações referentes aos § 7° É vedada aos empregadores, entidades e centrais sin-
custos referidos no § 2º deste artigo; e dicais a cobrança de qualquer taxa ou exigência de contra-
partida pela celebração ou pela anuência nos acordos refe-
III - efetuar os descontos autorizados pelo empregado em
ridos nos §§ 1º e 2º, bem como a inclusão neles de cláusu-
folha de pagamento e repassar o valor à instituição consig-
las que impliquem pagamento em seu favor, a qualquer
natária na forma e no prazo previstos em regulamento.
título, pela realização das operações de que trata esta Lei,
§ 1° É vedado ao empregador impor ao mutuário e à institu- ressalvado o disposto no § 2º do art. 3º.
ição consignatária escolhida pelo empregado qualquer con-
Art. 5° O empregador será o responsável pelas informações
dição que não esteja prevista nesta Lei ou em seu regula-
prestadas, pela retenção dos valores devidos e pelo repas-
mento para a efetivação do contrato e a implementação dos
se às instituições consignatárias, o qual deverá ser realiza-
descontos autorizados.
do até o quinto dia útil após a data de pagamento, ao mutu-
§ 2° Observado o disposto em regulamento e nos casos ário, de sua remuneração mensal.
nele admitidos, é facultado ao empregador descontar na
§ 1° O empregador, salvo disposição contratual em sentido
folha de pagamento do mutuário os custos operacionais
contrário, não será co-responsável pelo pagamento dos
decorrentes da realização da operação objeto desta Lei.
empréstimos, financiamentos e arrendamentos concedidos
§ 3° Cabe ao empregador informar, no demonstrativo de aos mutuários, mas responderá sempre, como devedor
rendimentos do empregado, de forma discriminada, o valor principal e solidário, perante a instituição consignatária, por
do desconto mensal decorrente de cada operação de em- valores a ela devidos, em razão de contratações por ele
préstimo, financiamento ou arrendamento, bem como os confirmadas na forma desta Lei e seu regulamento, que
custos operacionais referidos no § 2º deste artigo. deixarem, por sua falha ou culpa, de serem retidos ou re-
§ 4° Os descontos autorizados na forma desta Lei e seu passados.
regulamento terão preferência sobre outros descontos da § 2° Na hipótese de comprovação de que o pagamento
mesma natureza que venham a ser autorizados posterior- mensal do empréstimo, financiamento ou arrendamento foi
mente. descontado do mutuário e não foi repassado pelo emprega-
Art. 4° A concessão de empréstimo, financiamento ou ar- dor à instituição consignatária, fica ela proibida de incluir o
rendamento mercantil será feita a critério da instituição con- nome do mutuário em qualquer cadastro de inadimplentes.
signatária, sendo os valores e demais condições objeto de § 3° Caracterizada a situação do § 2° deste artigo, o empre-
livre negociação entre ela e o mutuário, observadas as de- gador e os seus representantes legais ficarão sujeitos à
mais disposições desta Lei e seu regulamento. ação de depósito, na forma prevista no Capítulo II do Título I
§ 1° Poderá o empregador, com a anuência da entidade do Livro IV do Código de Processo Civil.
sindical representativa da maioria dos empregados, sem § 4° No caso de falência do empregador, antes do repasse
ônus para estes, firmar, com instituições consignatárias, das importâncias descontadas dos mutuários, fica assegu-
acordo que defina condições gerais e demais critérios a rado à instituição consignatária o direito de pedir, na forma
serem observados nos empréstimos, financiamentos ou prevista em lei, a restituição das importâncias retidas.
arrendamentos que venham a ser realizados com seus em-
Art. 6° Os titulares de benefícios de aposentadoria e pen-
pregados.
são do Regime Geral de Previdência Social poderão autori-

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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zar o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a proceder VI - pagamento de empréstimos, financiamentos e opera-
aos descontos referidos no art. 1o desta Lei, bem como ções de arrendamento mercantil concedidos por instituições
autorizar, de forma irrevogável e irretratável, que a institui- financeiras e sociedades de arrendamento mercantil, públi-
ção financeira na qual recebam seus benefícios retenha, cas e privadas, quando expressamente autorizado pelo
para fins de amortização, valores referentes ao pagamento beneficiário, até o limite de trinta por cento do valor do bene-
mensal de empréstimos, financiamentos e operações de fício.
arrendamento mercantil por ela concedidos, quando previs- § 1° Na hipótese do inciso II, o desconto será feito em par-
tos em contrato, nas condições estabelecidas em regula- celas, conforme dispuser o regulamento, salvo má-fé.
mento, observadas as normas editadas pelo INSS. (Reda- § 2° Na hipótese dos incisos II e VI, haverá prevalência do
ção dada pela Lei nº 10.953, 27.9.2004). desconto do inciso II.”
§ 1° Para os fins do caput, fica o INSS autorizado a dispor, Art. 8° O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta
em ato próprio, sobre: Lei.
I - as formalidades para habilitação das instituições e socie- Art. 9° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
dades referidas no art. 1°; Brasília, 17 de dezembro de 2003; 182° da Independência e
II - os benefícios elegíveis, em função de sua natureza e 115° da República.
forma de pagamento; LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
III - as rotinas a serem observadas para a prestação aos
titulares de benefícios em manutenção e às instituições LEI N° 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003
consignatárias das informações necessárias à consecução
do disposto nesta Lei;
IV - os prazos para o início dos descontos autorizados e Dispõe sobre registro, posse e comercialização de ar-
para o repasse das prestações às instituições consignatá- mas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de
rias; Armas - Sinarm, define crimes e dá outras providências.
V - o valor dos encargos a serem cobrados para ressarci- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
mento dos custos operacionais a ele acarretados pelas gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
operações; e
VI - as demais normas que se fizerem necessárias. CAPÍTULO I DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
§ 2° Em qualquer circunstância, a responsabilidade do INSS Art. 1° O Sistema Nacional de Armas - Sinarm, instituído no
em relação às operações referidas no caput deste artigo Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem
restringe-se à: (Redação dada pela Lei nº 10.953, circunscrição em todo o território nacional.
27.9.2004). Art. 2° Ao Sinarm compete:
I - retenção dos valores autorizados pelo beneficiário e re- I - identificar as características e a propriedade de armas de
passe à instituição consignatária nas operações de descon- fogo, mediante cadastro;
to, não cabendo à autarquia responsabilidade solidária pe- II - cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e
los débitos contratados pelo segurado; e (Incluído pela Lei vendidas no País;
nº 10.953, 27.9.2004). III - cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as
II - manutenção dos pagamentos do titular do benefício na renovações expedidas pela Polícia Federal;
mesma instituição financeira enquanto houver saldo deve- IV - cadastrar as transferências de propriedade, extravio,
dor nas operações em que for autorizada a retenção, não furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os
cabendo à autarquia responsabilidade solidária pelos débi- dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento
tos contratados pelo segurado. (Incluído pela Lei nº 10.953, de empresas de segurança privada e de transporte de valo-
27.9.2004). res;
§ 3° É vedado ao titular de benefício que realizar qualquer V - identificar as modificações que alterem as características
das operações referidas nesta Lei solicitar a alteração da ou o funcionamento de arma de fogo;
instituição financeira pagadora, enquanto houver saldo de-
VI - integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;
vedor em amortização.(Redação dada pela Lei nº 10.953,
27.9.2004). VII - cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as
vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
§ 4° É facultada a transferência da consignação do emprés-
timo, financiamento ou arrendamento firmado pelo empre- VIII - cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como
gado na vigência do seu contrato de trabalho quando de sua conceder licença para exercer a atividade;
aposentadoria, observadas as condições estabelecidas IX - cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas,
nesta Lei. varejistas, exportadores e importadores autorizados de ar-
§ 5o Os descontos e as retenções mencionados no caput mas de fogo, acessórios e munições;
deste artigo não poderão ultrapassar o limite de 30% (trinta X - cadastrar a identificação do cano da arma, as caracterís-
por cento) do valor dos benefícios.(Incluído pela Lei nº ticas das impressões de raiamento e de microestriamento
10.953, 27.9.2004). de projétil disparado, conforme marcação e testes obrigato-
§ 6O A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE PROCEDER À riamente realizados pelo fabricante;
RETENÇÃO DE VALOR SUPERIOR AO LIMITE ESTABE- XI - informar às Secretarias de Segurança Pública dos Es-
LECIDO NO § 5O DESTE ARTIGO PERDERÁ TODAS AS tados e do Distrito Federal os registros e autorizações de
GARANTIAS QUE LHE SÃO CONFERIDAS POR ESTA porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem
LEI. (Incluído pela Lei nº 10.953, 27.9.2004). como manter o cadastro atualizado para consulta.
Art. 7° O art. 115 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam
passa a vigorar com as seguintes alterações: as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem
“Art. 115. ..................................... como as demais que constem dos seus registros próprios.

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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CAPÍTULO II DO REGISTRO Art. 6° É proibido o porte de arma de fogo em todo o territó-
Art. 3° É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão rio nacional, salvo para os casos previstos em legislação
competente. própria e para:
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão I - os integrantes das Forças Armadas;
registradas no Comando do Exército, na forma do regula- II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput
mento desta Lei. do art. 144 da Constituição Federal;
Art. 4° Para adquirir arma de fogo de uso permitido o inte- III - os integrantes das guardas municipais das capitais dos
ressado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos
atender aos seguintes requisitos: mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamen-
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de to desta Lei;
certidões de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios
Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respon- com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000
dendo a inquérito policial ou a processo criminal; (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; (Redação
II - apresentação de documento comprobatório de ocupação dada pela Lei nº 10.867, de 12.5.2004)
lícita e de residência certa; V - os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteli-
III - comprovação de capacidade técnica e de aptidão psico- gência e os agentes do Departamento de Segurança do
lógica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na for- Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da Re-
ma disposta no regulamento desta Lei. pública;
§ 1° O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de VI - os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51,
fogo após atendidos os requisitos anteriormente estabeleci- IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
dos, em nome do requerente e para a arma indicada, sendo VII - os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas
intransferível esta autorização. prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guar-
§ 2° A aquisição de munição somente poderá ser feita no das portuárias;
calibre correspondente à arma adquirida e na quantidade VIII - as empresas de segurança privada e de transporte de
estabelecida no regulamento desta Lei. valores constituídas, nos termos desta Lei;
§ 3° A empresa que comercializar arma de fogo em território IX - para os integrantes das entidades de desporto legal-
nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade com- mente constituídas, cujas atividades esportivas demandem
petente, como também a manter banco de dados com todas o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei,
as características da arma e cópia dos documentos previs- observando-se, no que couber, a legislação ambiental.
tos neste artigo. § 1° As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI deste
§ 4° A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios artigo terão direito de portar arma de fogo fornecida pela
e munições responde legalmente por essas mercadorias, respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço,
ficando registradas como de sua propriedade enquanto não na forma do regulamento, aplicando-se nos casos de armas
forem vendidas. de fogo de propriedade particular os dispositivos do regula-
§ 5° A comercialização de armas de fogo, acessórios e mu- mento desta Lei.
nições entre pessoas físicas somente será efetivada medi- § 2° A autorização para o porte de arma de fogo dos inte-
ante autorização do Sinarm. grantes das instituições descritas nos incisos V, VI e VII está
§ 6° A expedição da autorização a que se refere o § 1° será condicionada à comprovação do requisito a que se refere o
concedida, ou recusada com a devida fundamentação, no inciso III do art. 4º, nas condições estabelecidas no regula-
prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do requeri- mento desta Lei.
mento do interessado. § 3° A autorização para o porte de arma de fogo das guar-
§ 7° O registro precário a que se refere o § 4° prescinde do das municipais está condicionada à formação funcional de
cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo. seus integrantes em estabelecimentos de ensino de ativida-
Art. 5° O certificado de Registro de Arma de Fogo, com de policial, à existência de mecanismos de fiscalização e de
validade em todo o território nacional, autoriza o seu pro- controle interno, nas condições estabelecidas no regula-
prietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior mento desta Lei, observada a supervisão do Ministério da
de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, Justiça. (Redação dada pela Lei nº 10.884, 17.6.2004)
ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular § 4° Os integrantes das Forças Armadas, das polícias fede-
ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. rais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares
(Redação dada pela Lei nº 10.884, 17.6.2004) dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o direito
§ 1° O certificado de registro de arma de fogo será expedido descrito no art. 4º, ficam dispensados do cumprimento do
pela Polícia Federal e será precedido de autorização do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do
Sinarm. regulamento desta Lei.
§ 2° Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. § 5° Aos residentes em áreas rurais, que comprovem de-
4° deverão ser comprovados periodicamente, em período pender do emprego de arma de fogo para prover sua sub-
não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do estabeleci- sistência alimentar familiar, será autorizado, na forma pre-
do no regulamento desta Lei, para a renovação do Certifica- vista no regulamento desta Lei, o porte de arma de fogo na
do de Registro de Arma de Fogo. categoria “caçador”.
§ 3° Os registros de propriedade, expedidos pelos órgãos § 6º AOS INTEGRANTES DAS GUARDAS MUNICIPAIS
estaduais, realizados até a data da publicação desta Lei, DOS MUNICÍPIOS QUE INTEGRAM REGIÕES METRO-
deverão ser renovados mediante o pertinente registro fede- POLITANAS SERÁ AUTORIZADO PORTE DE ARMA DE
ral no prazo máximo de 3 (três) anos. FOGO, QUANDO EM SERVIÇO. (Incluído pela Lei nº
CAPÍTULO III DO PORTE 10.867, de 12.5.2004).

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Art. 7° As armas de fogo utilizadas pelos empregados das V - à renovação de porte de arma de fogo;
empresas de segurança privada e de transporte de valores, VI - à expedição de segunda via de porte federal de arma de
constituídas na forma da lei, serão de propriedade, respon- fogo.
sabilidade e guarda das respectivas empresas, somente § 1° Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à
podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo essas manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal e
observar as condições de uso e de armazenagem estabele- do Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas
cidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro responsabilidades.
e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em § 2° As taxas previstas neste artigo serão isentas para os
nome da empresa. proprietários de que trata o § 5° do art. 6° e para os inte-
§ 1° O proprietário ou diretor responsável de empresa de grantes dos incisos I, II, III, IV, V, VI e VII do art. 6º, nos
segurança privada e de transporte de valores responderá limites do regulamento desta Lei.
pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, CAPÍTULO IV DOS CRIMES E DAS PENAS
sem prejuízo das demais sanções administrativas e civis, se
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polí-
cia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo,
de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com
sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois determinação legal ou regulamentar, no interior de sua resi-
de ocorrido o fato. dência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
§ 2° A empresa de segurança e de transporte de valores
estabelecimento ou empresa:
deverá apresentar documentação comprobatória do preen-
chimento dos requisitos constantes do art. 4º desta Lei Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
quanto aos empregados que portarão arma de fogo. Omissão de cautela
§ 3° A listagem dos empregados das empresas referidas Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para
neste artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portado-
Sinarm. ra de deficiência mental se apodere de arma de fogo que
Art. 8° As armas de fogo utilizadas em entidades desporti- esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
vas legalmente constituídas devem obedecer às condições Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão compe- Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietá-
tente, respondendo o possuidor ou o autorizado a portar a rio ou diretor responsável de empresa de segurança e
arma pela sua guarda na forma do regulamento desta Lei. transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência
Art. 9° Compete ao Ministério da Justiça a autorização do policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo
porte de arma para os responsáveis pela segurança de ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou
cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24
Comando do Exército, nos termos do regulamento desta (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em
representantes estrangeiros em competição internacional depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, em-
oficial de tiro realizada no território nacional. prestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem
permitido, em todo o território nacional, é de competência da autorização e em desacordo com determinação legal ou
Polícia Federal e somente será concedida após autorização regulamentar:
do Sinarm. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1° A autorização prevista neste artigo poderá ser concedi- Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançá-
da com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos vel, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em no-
de atos regulamentares, e dependerá de o requerente: me do agente.
I - demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de Disparo de arma de fogo
atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integri- Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar
dade física; habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em
II - atender às exigências previstas no art. 4° desta Lei; direção a ela, desde que essa conduta não tenha como
III - apresentar documentação de propriedade de arma de finalidade a prática de outro crime:
fogo, bem como o seu devido registro no órgão competente. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2° A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançá-
artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o porta- vel.
dor dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
ou sob efeito de substâncias químicas ou alucinógenas. Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou
relativos: ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido
I - ao registro de arma de fogo; ou restrito, sem autorização e em desacordo com determi-
II - à renovação de registro de arma de fogo; nação legal ou regulamentar:
III - à expedição de segunda via de registro de arma de Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
fogo; Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
IV - à expedição de porte federal de arma de fogo; I - suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal
de identificação de arma de fogo ou artefato;

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II - modificar as características de arma de fogo, de forma a de segurança e de identificação, gravado no corpo da arma,
torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou res- definido pelo regulamento desta Lei, exclusive para os ór-
trito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a gãos previstos no art. 6º.
erro autoridade policial, perito ou juiz; Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2°
III - possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo desta Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e
ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com de- fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço
terminação legal ou regulamentar; alfandegário e o comércio de armas de fogo e demais pro-
IV - portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de dutos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito
fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de de arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.
identificação raspado, suprimido ou adulterado; Art. 25. Armas de fogo, acessórios ou munições apreendi-
V - vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, dos serão, após elaboração do laudo pericial e sua juntada
arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou aos autos, encaminhados pelo juiz competente, quando não
adolescente; e mais interessarem à persecução penal, ao Comando do
VI - produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, Exército, para destruição, no prazo máximo de 48 (quarenta
ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. e oito) horas.
Comércio ilegal de arma de fogo Parágrafo único. As armas de fogo apreendidas ou encon-
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocul- tradas e que não constituam prova em inquérito policial ou
tar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, criminal deverão ser encaminhadas, no mesmo prazo, sob
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em pena de responsabilidade, pela autoridade competente para
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comer- destruição, vedada a cessão para qualquer pessoa ou insti-
cial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem tuição.
autorização ou em desacordo com determinação legal ou Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercializa-
regulamentar: ção e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. armas de fogo, que com estas se possam confundir.
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e
industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de pres- os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou
tação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clan- à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo
destino, inclusive o exercido em residência. Comando do Exército.
Tráfico internacional de arma de fogo Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excep-
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do cionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito.
território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, aces- Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às
sório ou munição, sem autorização da autoridade competen- aquisições dos Comandos Militares.
te: Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos ad-
Pena - reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. quirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das entida-
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é des constantes dos incisos I, II e III do art. 6º desta Lei.
aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já con-
munição forem de uso proibido ou restrito. cedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publicação
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a desta Lei. (O termo inicial do prazo previsto neste artigo,
pena é aumentada da metade se forem praticados por inte- passa a fluir a partir da publicação do decreto que o regula-
grante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º mentar, não ultrapassando, para ter efeito, a data limite de
desta Lei. 23.6.2004, conforme Lei nº 10.884, de 17.6.2004).
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insus- Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de
cetíveis de liberdade provisória. validade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la,
perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4º, 6º e
CAPÍTULO V DISPOSIÇÕES GERAIS
10 desta Lei, no prazo de 90 (noventa) dias após sua publi-
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios cação, sem ônus para o requerente.
com os Estados e o Distrito Federal para o cumprimento do Art. 30. Os possuidores e proprietários de armas de fogo
disposto nesta Lei. não registradas deverão, sob pena de responsabilidade
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral, bem como a penal, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias após a publi-
definição das armas de fogo e demais produtos controlados, cação desta Lei, solicitar o seu registro apresentando nota
de usos proibidos, restritos ou permitidos será disciplinada fiscal de compra ou a comprovação da origem lícita da pos-
em ato do Chefe do Poder Executivo Federal, mediante se, pelos meios de prova em direito admitidos. (O termo
proposta do Comando do Exército. inicial do prazo previsto neste artigo, passa a fluir a partir da
§ 1° Todas as munições comerciali-zadas no País deverão publicação do decreto que o regulamentar, não ultrapas-
estar acondicionadas em embalagens com sistema de códi- sando, para ter efeito, a data limite de 23.6.2004, conforme
go de barras, gravado na caixa, visando possibilitar a identi- Lei nº 10.884, de 17.6.2004).
ficação do fabricante e do adquirente, entre outras informa- Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo
ções definidas pelo regulamento desta Lei. adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, entre-
§ 2° Para os órgãos referidos no art. 6°, somente serão gá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos
expedidas autorizações de compra de munição com identifi- termos do regulamento desta Lei.
cação do lote e do adquirente no culote dos projéteis, na Art. 32. Os possuidores e proprietários de armas de fogo
forma do regulamento desta Lei. não registradas poderão, no prazo de 180 (cento e oitenta)
§ 3° As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano da dias após a publicação desta Lei, entregá-las à Polícia Fe-
data de publicação desta Lei conterão dispositivo intrínseco deral, mediante recibo e, presumindo-se a boa-fé, poderão

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ser indenizados, nos termos do regulamento desta Lei. (O da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
termo inicial do prazo previsto neste artigo, passa a fluir a incluídas suas autarquias e fundações, previsto no § 3º do
partir da publicação do decreto que o regulamentar, não art. 40 da Constituição Federal e no art. 2º da Emenda
ultrapassando, para ter efeito, a data limite de 23.6.2004, Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, será
conforme Lei nº 10.884, de 17.6.2004). considerada a média aritmética simples das maiores remu-
Parágrafo único. Na hipótese prevista neste artigo e no art. nerações, utilizadas como base para as contribuições do
31, as armas recebidas constarão de cadastro específico e, servidor aos regimes de previdência a que esteve vinculado,
após a elaboração de laudo pericial, serão encaminhadas, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o perío-
no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Comando do do contributivo desde a competência julho de 1994 ou des-
Exército para destruição, sendo vedada sua utilização ou de a do início da contribuição, se posterior àquela compe-
reaproveitamento para qualquer fim. tência.
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil § 1º As remunerações consideradas no cálculo do valor
reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme espe- inicial dos proventos terão os seus valores atualizados mês
cificar o regulamento desta Lei: a mês de acordo com a variação integral do índice fixado
I - à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, para a atualização dos salários-de-contribuição considera-
marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por qual- dos no cálculo dos benefícios do regime geral de previdên-
quer meio, faça, promova, facilite ou permita o transporte de cia social.
arma ou munição sem a devida autorização ou com inob- § 2º A base de cálculo dos proventos será a remuneração
servância das normas de segurança; do servidor no cargo efetivo nas competências a partir de
II - à empresa de produção ou comércio de armamentos que julho de 1994 em que não tenha havido contribuição para
realize publicidade para venda, estimulando o uso indiscri- regime próprio.
minado de armas de fogo, exceto nas publicações especia- § 3º Os valores das remunerações a serem utilizadas no
lizadas. cálculo de que trata este artigo serão comprovados median-
Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com te documento fornecido pelos órgãos e entidades gestoras
aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, adotarão, dos regimes de previdência aos quais o servidor esteve
sob pena de responsabilidade, as providências necessárias vinculado ou por outro documento público, na forma do
para evitar o ingresso de pessoas armadas, ressalvados os regulamento.
eventos garantidos pelo inciso VI do art. 5º da Constituição § 4º Para os fins deste artigo, as remunerações considera-
Federal. das no cálculo da aposentadoria, atualizadas na forma do §
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela presta- 1º deste artigo, não poderão ser:
ção dos serviços de transporte internacional e interestadual I - inferiores ao valor do salário-mínimo;
de passageiros adotarão as providências necessárias para II - superiores ao limite máximo do salário-de-contribuição,
evitar o embarque de passageiros armados. quanto aos meses em que o servidor esteve vinculado ao
CAPÍTULO VI DISPOSIÇÕES FINAIS regime geral de previdência social.
Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e § 5º Os proventos, calculados de acordo com o caput deste
munição em todo o território nacional, salvo para as entida- artigo, por ocasião de sua concessão, não poderão ser infe-
des previstas no art. 6º desta Lei. riores ao valor do salário-mínimo nem exceder a remunera-
§ 1° Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de ção do respectivo servidor no cargo efetivo em que se deu a
aprovação mediante referendo popular, a ser realizado em aposentadoria.
outubro de 205. Art. 2º Aos dependentes dos servidores titulares de cargo
§ 2° Em caso de aprovação do referendo popular, o dispos- efetivo e dos aposentados de qualquer dos Poderes da
to neste artigo entrará em vigor na data de publicação de União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral. incluídas suas autarquias e fundações, falecidos a partir da
data de publicação desta Lei, será concedido o benefício de
Art. 36. É revogada a Lei nº 9.437, de 20 de fevereiro de
pensão por morte, que será igual:
1997.
I - à totalidade dos proventos percebidos pelo aposentado
Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
na data anterior à do óbito, até o limite máximo estabelecido
Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182° da Independência e
para os benefícios do regime geral de previdência social,
115° da República. acrescida de 70% (setenta por cento) da parcela excedente
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA a este limite; ou
II - à totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo
LEI NO 10.887, DE 18 DE JUNHO DE 2004. na data anterior à do óbito, até o limite máximo estabelecido
para os benefícios do regime geral de previdência social,
Dispõe sobre a aplicação de disposições da Emenda acrescida de 70% (setenta por cento) da parcela excedente
Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, altera a este limite, se o falecimento ocorrer quando o servidor
ainda estiver em atividade.
dispositivos das Leis nºs 9.717, de 27 de novembro de
Parágrafo único. Aplica-se ao valor das pensões o limite
1998, 8.213, de 24 de julho de 1991, 9.532, de 10 de de-
previsto no art. 40, § 2º, da Constituição Federal.
zembro de 1997, e dá outras providências
Art. 3º Para os fins do disposto no inciso XI do art. 37 da
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
Constituição Federal, a União, os Estados, o Distrito Federal
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
e os Municípios instituirão sistema integrado de dados rela-
tivos às remunerações, proventos e pensões pagos aos
Art. 1º No cálculo dos proventos de aposentadoria dos ser- respectivos servidores e militares, ativos e inativos, e pensi-
vidores titulares de cargo efetivo de qualquer dos Poderes onistas, na forma do regulamento.

336
LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
Lemos & Cruz – Livraria e Editora
Art. 4º A contribuição social do servidor público ativo de sentadoria compulsória contidas no inciso II do § 1º do art.
qualquer dos Poderes da União, incluídas suas autarquias e 40 da Constituição Federal.
fundações, para a manutenção do respectivo regime próprio Art. 8º A contribuição da União, de suas autarquias e fun-
de previdência social, será de 11% (onze por cento), inci- dações para o custeio do regime de previdência, de que
dente sobre a totalidade da base de contribuição. trata o art. 40 da Constituição Federal, será o dobro da con-
§ 1º Entende-se como base de contribuição o vencimento tribuição do servidor ativo, devendo o produto de sua arre-
do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias per- cadação ser contabilizado em conta específica.
manentes estabelecidas em lei, os adicionais de caráter Parágrafo único. A União é responsável pela cobertura de
individual ou quaisquer outras vantagens, excluídas: eventuais insuficiências financeiras do regime decorrentes
I - as diárias para viagens; do pagamento de benefícios previdenciários.
II - a ajuda de custo em razão de mudança de sede; Art. 9º A unidade gestora do regime próprio de previdência
III - a indenização de transporte; dos servidores, prevista no art. 40, § 20, da Constituição
IV - o salário-família; Federal:
V - o auxílio-alimentação; I - contará com colegiado, com participação paritária de
VI - o auxílio-creche; representantes e de servidores dos Poderes da União, ca-
VII - as parcelas remuneratórias pagas em decorrência de bendo-lhes acompanhar e fiscalizar sua administração, na
local de trabalho; forma do regulamento;
VIII - a parcela percebida em decorrência do exercício de II - procederá, no mínimo a cada 5 (cinco) anos, a recense-
cargo em comissão ou de função de confiança; e amento previdenciário, abrangendo todos os aposentados e
pensionistas do respectivo regime;
IX - o abono de permanência de que tratam o § 19 do art. 40
da Constituição Federal, o § 5º do art. 2º e o § 1º do art. 3º III - disponibilizará ao público, inclusive por meio de rede
da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de pública de transmissão de dados, informações atualizadas
2003. sobre as receitas e despesas do respectivo regime, bem
como os critérios e parâmetros adotados para garantir o seu
§ 2º O servidor ocupante de cargo efetivo poderá optar pela
equilíbrio financeiro e atuarial.
inclusão na base de contribuição de parcelas remunerató-
rias percebidas em decorrência de local de trabalho, do Art. 10. A Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998, com a
exercício de cargo em comissão ou de função de confiança, redação dada pela Medida Provisória nº 2.187-13, de 24 de
para efeito de cálculo do benefício a ser concedido com agosto de 2001, passa a vigorar com as seguintes altera-
fundamento no art. 40 da Constituição Federal e art. 2º da ções:
Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, “Art. 1º .........................................
respeitada, em qualquer hipótese, a limitação estabelecida X - vedação de inclusão nos benefícios, para efeito de per-
no § 2º do art. 40 da Constituição Federal. cepção destes, de parcelas remuneratórias pagas em de-
Art. 5º Os aposentados e os pensionistas de qualquer dos corrência de local de trabalho, de função de confiança ou de
Poderes da União, incluídas suas autarquias e fundações, cargo em comissão, exceto quando tais parcelas integrarem
contribuirão com 11% (onze por cento), incidentes sobre o a remuneração de contribuição do servidor que se aposen-
valor da parcela dos proventos de aposentadorias e pen- tar com fundamento no art. 40 da Constituição Federal,
sões concedidas de acordo com os critérios estabelecidos respeitado, em qualquer hipótese, o limite previsto no § 2º
no art. 40 da Constituição Federal e nos arts. 2º e 6º da do citado artigo;
Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, XI - vedação de inclusão nos benefícios, para efeito de per-
que supere o limite máximo estabelecido para os benefícios cepção destes, do abono de permanência de que tratam o §
do regime geral de previdência social. 19 do art. 40 da Constituição Federal, o § 5º do art. 2º e o §
Art. 6º Os aposentados e os pensionistas de qualquer dos 1º do art. 3º da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de de-
Poderes da União, incluídas suas autarquias e fundações, zembro de 2003.
em gozo desses benefícios na data de publicação da E- ......................................................................”
menda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, “Art. 2º A contribuição da União, dos Estados, do Distrito
contribuirão com 11% (onze por cento), incidentes sobre a Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fun-
parcela dos proventos de aposentadorias e pensões que dações, aos regimes próprios de previdência social a que
supere 60% (sessenta por cento) do limite máximo estabe- estejam vinculados seus servidores não poderá ser inferior
lecido para os benefícios do regime geral de previdência ao valor da contribuição do servidor ativo, nem superior ao
social. dobro desta contribuição.
Parágrafo único. A contribuição de que trata o caput deste § 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
artigo incidirá sobre os proventos de aposentadorias e pen- são responsáveis pela cobertura de eventuais insuficiências
sões concedidas aos servidores e seus dependentes que financeiras do respectivo regime próprio, decorrentes do
tenham cumprido todos os requisitos para obtenção desses pagamento de benefícios previdenciários.
benefícios com base nos critérios da legislação vigente até § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
31 de dezembro de 2003. publicarão, até 30 (trinta) dias após o encerramento de cada
Art. 7º O servidor ocupante de cargo efetivo que tenha bimestre, demonstrativo financeiro e orçamentário da receita
completado as exigências para aposentadoria voluntária e despesa previdenciárias acumuladas no exercício finan-
estabelecidas na alínea a do inciso III do § 1º do art. 40 da ceiro em curso.
Constituição Federal, no § 5º do art. 2º ou no § 1º do art. 3º § 3º (revogado)
da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de § 4º (revogado)
2003, e que opte por permanecer em atividade fará jus a § 5º (revogado)
abono de permanência equivalente ao valor da sua contribu- § 6º (revogado)
ição previdenciária até completar as exigências para apo-

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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§ 7º (revogado)” que trata o art. 33 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de
“Art. 3º As alíquotas de contribuição dos servidores ativos 1995.
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para os § 2º Na determinação do lucro real e da base de cálculo da
respectivos regimes próprios de previdência social não se- contribuição social sobre o lucro líquido, o valor das despe-
rão inferiores às dos servidores titulares de cargos efetivos sas com contribuições para a previdência privada, a que se
da União, devendo ainda ser observadas, no caso das con- refere o inciso V do art. 13 da Lei nº 9.249, de 26 de de-
tribuições sobre os proventos dos inativos e sobre as pen- zembro de 1995, e para os Fundos de Aposentadoria Pro-
sões, as mesmas alíquotas aplicadas às remunerações dos gramada Individual - Fapi, a que se refere a Lei nº 9.477, de
servidores em atividade do respectivo ente estatal.” 24 de julho de 1997, cujo ônus seja da pessoa jurídica, não
Art. 11. A Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, passa a poderá exceder, em cada período de apuração, a 20% (vin-
vigorar com as seguintes alterações: te por cento) do total dos salários dos empregados e da
“Art. 12. ...................................... remuneração dos dirigentes da empresa, vinculados ao
I - ............................................... referido plano.
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou muni- § 3º O somatório das contribuições que exceder o valor a
cipal, desde que não vinculado a regime próprio de previ- que se refere o § 2º deste artigo deverá ser adicionado ao
dência social; lucro líquido para efeito de determinação do lucro real e da
......................................................................” base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido.
“Art. 69. ....................................... § 4º O disposto neste artigo não elide a observância das
normas do art. 7º da Lei nº 9.477, de 24 de julho de 1997.
§ 4º Para efeito do disposto no caput deste artigo, o Ministé-
rio da Previdência Social e o Instituto Nacional do Seguro § 5º Excetuam-se da condição de que trata o caput deste
Social - INSS procederão, no mínimo a cada 5 (cinco) anos, artigo os beneficiários de aposentadoria ou pensão conce-
ao recenseamento previdenciário, abrangendo todos os didas por regime próprio de previdência ou pelo regime
aposentados e pensionistas do regime geral de previdência geral de previdência social.”
social.” Art. 14. O art. 12 da Lei nº 10.666, de 8 de maio de 2003,
“Art. 80. ....................................... passa a vigorar com a seguinte redação:
VII - disponibilizará ao público, inclusive por meio de rede “Art. 12. Para fins de compensação financeira entre o regi-
pública de transmissão de dados, informações atualizadas me geral de previdência social e os regimes próprios de
sobre as receitas e despesas do regime geral de previdên- previdência social dos servidores da União, dos Estados, do
cia social, bem como os critérios e parâmetros adotados Distrito Federal e dos Municípios, os regimes instituidores
para garantir o equilíbrio financeiro e atuarial do regime.” apresentarão aos regimes de origem até o mês de maio de
2007 os dados relativos aos benefícios em manutenção em
Art. 12. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a
5 de maio de 1999 concedidos a partir da promulgação da
vigorar com as seguintes alterações:
Constituição Federal.”
“Art. 11. ......................................................................
Art. 15. Os proventos de aposentadoria e as pensões de
I - ................................................ que tratam os arts. 1º e 2º desta Lei serão reajustados na
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou muni- mesma data em que se der o reajuste dos benefícios do
cipal, desde que não vinculado a regime próprio de previ- regime geral de previdência social.
dência social; Art. 16. As contribuições a que se referem os arts. 4º, 5º e
......................................................................” 6º desta Lei serão exigíveis a partir de 20 de maio de 2004.
“Art. 29-B. Os salários-de-contribuição considerados no § 1º Decorrido o prazo estabelecido nº caput deste artigo,
cálculo do valor do benefício serão corrigidos mês a mês de os servidores abrangidos pela isenção de contribuição refe-
acordo com a variação integral do Índice Nacional de Pre- rida nº § 1º do art. 3º e no § 5º do art. 8º da Emenda Consti-
ços ao Consumidor - INPC, calculado pela Fundação Institu- tucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, passarão a
to Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.” recolher contribuição previdenciária correspondente, fazen-
Art. 13. O art. 11 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de do jus ao abono a que se refere o art. 7º desta Lei.
1997, passa a vigorar com a seguinte redação: § 2º A contribuição de que trata o art. 1º da Lei nº 9.783, de
“Art. 11. As deduções relativas às contribuições para enti- 28 de janeiro de 1999, fica mantida até o início do recolhi-
dades de previdência privada, a que se refere a alínea e do mento da contribuição a que se refere o caput deste artigo,
inciso II do art. 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de para os servidores ativos.
1995, e às contribuições para o Fundo de Aposentadoria Art. 17. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Programada Individual - Fapi, a que se refere a Lei nº 9.477, Art. 18. Ficam revogados os §§ 3º, 4º, 5º, 6º e 7º do art. 2º,
de 24 de julho de 1997, cujo ônus seja da própria pessoa o art. 2º-A e o art. 4º da Lei nº 9.717, de 27 de novembro de
física, ficam condicionadas ao recolhimento, também, de 1998, o art. 8º da Medida Provisória nº 2.187-13, de 24 de
contribuições para o regime geral de previdência social ou, agosto de 2001, na parte em que dá nova redação ao inciso
quando for o caso, para regime próprio de previdência social X do art. 1º, ao art. 2º e ao art. 2º-A da Lei nº 9.717, de 27
dos servidores titulares de cargo efetivo da União, dos Es- de novembro de 1998, e a Lei nº 9.783, de 28 de janeiro de
tados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observada a 1999.
contribuição mínima, e limitadas a 12% (doze por cento) do
Brasília, 18 de junho de 2004; 183o da Independência e
total dos rendimentos computados na determinação da base
116o da República.
de cálculo do imposto devido na declaração de rendimentos.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
§ 1º Aos resgates efetuados pelos quotistas de Fundo de
Aposentadoria Programada Individual - Fapi aplicam-se,
também, as normas de incidência do imposto de renda de LEI Nº 10.962, DE 11 DE OUTUBRO DE 2004.

338
LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Dispõe sobre a oferta e as formas de afixação de preços Art. 1º Esta Lei institui normas gerais para licitação e con-
de produtos e serviços para o consumidor. tratação de parceria público-privada no âmbito dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- Parágrafo único. Esta Lei se aplica aos órgãos da Adminis-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: tração Pública direta, aos fundos especiais, às autarquias,
às fundações públicas, às empresas públicas, às socieda-
Art. 1º Esta Lei regula as condições de oferta e afixação de des de economia mista e às demais entidades controladas
preços de bens e serviços para o consumidor. direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal
Art. 2º São admitidas as seguintes formas de afixação de e Municípios.
preços em vendas a varejo para o consumidor: Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo
I – no comércio em geral, por meio de etiquetas ou similares de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa.
afixados diretamente nos bens expostos à venda, e em § 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços
vitrines, mediante divulgação do preço à vista em caracteres públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de
legíveis; 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à
II – em auto-serviços, supermercados, hipermercados, mer- tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do
cearias ou estabelecimentos comerciais onde o consumidor parceiro público ao parceiro privado.
tenha acesso direto ao produto, sem intervenção do comer- § 2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de
ciante, mediante a impressão ou afixação do preço do pro- serviços de que a Administração Pública seja a usuária
duto na embalagem, ou a afixação de código referencial, ou direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou
ainda, com a afixação de código de barras. fornecimento e instalação de bens.
Parágrafo único. Nos casos de utilização de código refe- § 3º Não constitui parceria público-privada a concessão
rencial ou de barras, o comerciante deverá expor, de forma comum, assim entendida a concessão de serviços públicos
clara e legível, junto aos itens expostos, informação relativa ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de
ao preço à vista do produto, suas características e código. fevereiro de 1995, quando não envolver contraprestação
Art. 3º Na impossibilidade de afixação de preços conforme pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
disposto no art. 2º, é permitido o uso de relações de preços § 4º É vedada a celebração de contrato de parceria público-
dos produtos expostos, bem como dos serviços oferecidos, privada:
de forma escrita, clara e acessível ao consumidor. I – cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00
Art. 4º Nos estabelecimentos que utilizem código de barras (vinte milhões de reais);
para apreçamento, deverão ser oferecidos equipamentos de II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5
leitura ótica para consulta de preço pelo consumidor, locali- (cinco) anos; ou
zados na área de vendas e em outras de fácil acesso. III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-
§ 1º O regulamento desta Lei definirá, observados, dentre de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a
outros critérios ou fatores, o tipo e o tamanho do estabele- execução de obra pública.
cimento e a quantidade e a diversidade dos itens de bens e Art. 3º As concessões administrativas regem-se por esta
serviços, a área máxima que deverá ser atendida por cada Lei, aplicando-se-lhes adicionalmente o disposto nos arts.
leitora ótica. 21, 23, 25 e 27 a 39 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de
§ 2º Para os fins desta Lei, considera-se área de vendas 1995, e no art. 31 da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995.
aquela na qual os consumidores têm acesso às mercadorias § 1º As concessões patrocinadas regem-se por esta Lei,
e serviços oferecidos para consumo no varejo, dentro do aplicando-se-lhes subsidiariamente o disposto na Lei nº
estabelecimento. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e nas leis que lhe são
Art. 5º No caso de divergência de preços para o mesmo correlatas.
produto entre os sistemas de informação de preços utiliza- § 2º As concessões comuns continuam regidas pela Lei nº
dos pelo estabelecimento, o consumidor pagará o menor 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e pelas leis que lhe são
dentre eles. correlatas, não se lhes aplicando o disposto nesta Lei.
Art. 6º (VETADO) § 3º Continuam regidos exclusivamente pela Lei nº 8.666,
Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. de 21 de junho de 1993, e pelas leis que lhe são correlatas
Brasília, 11 de outubro de 2004; 183o da Independência e os contratos administrativos que não caracterizem conces-
116o da República. são comum, patrocinada ou administrativa.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Art. 4º Na contratação de parceria público-privada serão
observadas as seguintes diretrizes:
I – eficiência no cumprimento das missões de Estado e no
emprego dos recursos da sociedade;
LEI Nº 11.079, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2004
II – respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos
serviços e dos entes privados incumbidos da sua execução;
Institui normas gerais para licitação e contratação de III – indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicio-
parceria público-privada no âmbito da administração nal, do exercício do poder de polícia e de outras atividades
pública. exclusivas do Estado;
IV – responsabilidade fiscal na celebração e execução das
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- parcerias;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: V – transparência dos procedimentos e das decisões;
CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES VI – repartição objetiva de riscos entre as partes;

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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VII – sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômi- como pagamentos efetuados pelos fundos e empresas esta-
cas dos projetos de parceria. tais garantidores de parcerias público-privadas.
CAPÍTULO II DOS CONTRATOS DE PARCERIA PÚBLICO- Art. 6º A contraprestação da Administração Pública nos
PRIVADA contratos de parceria público-privada poderá ser feita por:
Art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria público- I – ordem bancária;
privada atenderão ao disposto no art. 23 da Lei nº 8.987, de II – cessão de créditos não tributários;
13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo também III – outorga de direitos em face da Administração Pública;
prever: IV – outorga de direitos sobre bens públicos dominicais;
I – o prazo de vigência do contrato, compatível com a amor- V – outros meios admitidos em lei.
tização dos investimentos realizados, não inferior a 5 (cin- Parágrafo único. O contrato poderá prever o pagamento ao
co), nem superior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo even- parceiro privado de remuneração variável vinculada ao seu
tual prorrogação; desempenho, conforme metas e padrões de qualidade e
II – as penalidades aplicáveis à Administração Pública e ao disponibilidade definidos no contrato.
parceiro privado em caso de inadimplemento contratual, Art. 7º A contraprestação da Administração Pública será
fixadas sempre de forma proporcional à gravidade da falta obrigatoriamente precedida da disponibilização do serviço
cometida, e às obrigações assumidas; objeto do contrato de parceria público-privada.
III – a repartição de riscos entre as partes, inclusive os refe- Parágrafo único. É facultado à Administração Pública, nos
rentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea termos do contrato, efetuar o pagamento da contrapresta-
econômica extraordinária; ção relativa a parcela fruível de serviço objeto do contrato
IV – as formas de remuneração e de atualização dos valo- de parceria público-privada.
res contratuais; CAPÍTULO III DAS GARANTIAS
V – os mecanismos para a preservação da atualidade da Art. 8º As obrigações pecuniárias contraídas pela Adminis-
prestação dos serviços; tração Pública em contrato de parceria público-privada po-
VI – os fatos que caracterizem a inadimplência pecuniária derão ser garantidas mediante:
do parceiro público, os modos e o prazo de regularização e, I – vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV
quando houver, a forma de acionamento da garantia; do art. 167 da Constituição Federal;
VII – os critérios objetivos de avaliação do desempenho do II – instituição ou utilização de fundos especiais previstos
parceiro privado; em lei;
VIII – a prestação, pelo parceiro privado, de garantias de III – contratação de seguro-garantia com as companhias
execução suficientes e compatíveis com os ônus e riscos seguradoras que não sejam controladas pelo Poder Público;
envolvidos, observados os limites dos §§ 3º e 5º do art. 56
IV – garantia prestada por organismos internacionais ou
da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e, no que se refere
instituições financeiras que não sejam controladas pelo
às concessões patrocinadas, o disposto no inciso XV do art.
Poder Público;
18 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995;
V – garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa
IX – o compartilhamento com a Administração Pública de
estatal criada para essa finalidade;
ganhos econômicos efetivos do parceiro privado decorren-
tes da redução do risco de crédito dos financiamentos utili- VI – outros mecanismos admitidos em lei.
zados pelo parceiro privado; CAPÍTULO IV DA SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFI-
CO
X – a realização de vistoria dos bens reversíveis, podendo o
parceiro público reter os pagamentos ao parceiro privado, Art. 9º Antes da celebração do contrato, deverá ser consti-
no valor necessário para reparar as irregularidades eventu- tuída sociedade de propósito específico, incumbida de im-
almente detectadas. plantar e gerir o objeto da parceria.
§ 1º As cláusulas contratuais de atualização automática de § 1º A transferência do controle da sociedade de propósito
valores baseadas em índices e fórmulas matemáticas, específico estará condicionada à autorização expressa da
quando houver, serão aplicadas sem necessidade de homo- Administração Pública, nos termos do edital e do contrato,
logação pela Administração Pública, exceto se esta publicar, observado o disposto no parágrafo único do art. 27 da Lei nº
na imprensa oficial, onde houver, até o prazo de 15 (quinze) 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.
dias após apresentação da fatura, razões fundamentadas § 2º A sociedade de propósito específico poderá assumir a
nesta Lei ou no contrato para a rejeição da atualização. forma de companhia aberta, com valores mobiliários admiti-
§ 2º Os contratos poderão prever adicionalmente: dos a negociação no mercado.
I – os requisitos e condições em que o parceiro público au- § 3º A sociedade de propósito específico deverá obedecer a
torizará a transferência do controle da sociedade de propó- padrões de governança corporativa e adotar contabilidade e
sito específico para os seus financiadores, com o objetivo demonstrações financeiras padronizadas, conforme regula-
de promover a sua reestruturação financeira e assegurar a mento.
continuidade da prestação dos serviços, não se aplicando § 4º Fica vedado à Administração Pública ser titular da mai-
para este efeito o previsto no inciso I do parágrafo único do oria do capital votante das sociedades de que trata este
art. 27 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; Capítulo.
II – a possibilidade de emissão de empenho em nome dos § 5º A vedação prevista no § 4º deste artigo não se aplica à
financiadores do projeto em relação às obrigações pecuniá- eventual aquisição da maioria do capital votante da socie-
rias da Administração Pública; dade de propósito específico por instituição financeira con-
III – a legitimidade dos financiadores do projeto para receber trolada pelo Poder Público em caso de inadimplemento de
indenizações por extinção antecipada do contrato, bem contratos de financiamento.
CAPÍTULO V DA LICITAÇÃO

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Art. 10. A contratação de parceria público-privada será pre- I – exigência de garantia de proposta do licitante, observado
cedida de licitação na modalidade de concorrência, estando o limite do inciso III do art. 31 da Lei nº 8.666 , de 21 de
a abertura do processo licitatório condicionada a: junho de 1993;
I – autorização da autoridade competente, fundamentada II – (VETADO)
em estudo técnico que demonstre: III – o emprego dos mecanismos privados de resolução de
a) a conveniência e a oportunidade da contratação, median- disputas, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e
te identificação das razões que justifiquem a opção pela em língua portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de
forma de parceria público-privada; setembro de 1996, para dirimir conflitos decorrentes ou
b) que as despesas criadas ou aumentadas não afetarão as relacionados ao contrato.
metas de resultados fiscais previstas no Anexo referido no § Parágrafo único. O edital deverá especificar, quando hou-
1º do art. 4º da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de ver, as garantias da contraprestação do parceiro público a
2000, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos se- serem concedidas ao parceiro privado.
guintes, ser compensados pelo aumento permanente de Art. 12. O certame para a contratação de parcerias público-
receita ou pela redução permanente de despesa; e privadas obedecerá ao procedimento previsto na legislação
c) quando for o caso, conforme as normas editadas na for- vigente sobre licitações e contratos administrativos e tam-
ma do art. 25 desta Lei, a observância dos limites e condi- bém ao seguinte:
ções decorrentes da aplicação dos arts. 29, 30 e 32 da Lei I – o julgamento poderá ser precedido de etapa de qualifica-
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, pelas obriga- ção de propostas técnicas, desclassificando-se os licitantes
ções contraídas pela Administração Pública relativas ao que não alcançarem a pontuação mínima, os quais não
objeto do contrato; participarão das etapas seguintes;
II – elaboração de estimativa do impacto orçamentário- II – o julgamento poderá adotar como critérios, além dos
financeiro nos exercícios em que deva vigorar o contrato de previstos nos incisos I e V do art. 15 da Lei nº 8.987, de 13
parceria público-privada; de fevereiro de 1995, os seguintes:
III – declaração do ordenador da despesa de que as obriga- a) menor valor da contraprestação a ser paga pela Adminis-
ções contraídas pela Administração Pública no decorrer do tração Pública;
contrato são compatíveis com a lei de diretrizes orçamentá- b) melhor proposta em razão da combinação do critério da
rias e estão previstas na lei orçamentária anual; alínea a com o de melhor técnica, de acordo com os pesos
IV – estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes estabelecidos no edital;
para o cumprimento, durante a vigência do contrato e por III – o edital definirá a forma de apresentação das propostas
exercício financeiro, das obrigações contraídas pela Admi- econômicas, admitindo-se:
nistração Pública; a) propostas escritas em envelopes lacrados; ou
V – seu objeto estar previsto no plano plurianual em vigor no b) propostas escritas, seguidas de lances em viva voz;
âmbito onde o contrato será celebrado; IV – o edital poderá prever a possibilidade de saneamento
VI – submissão da minuta de edital e de contrato à consulta de falhas, de complementação de insuficiências ou ainda de
pública, mediante publicação na imprensa oficial, em jornais correções de caráter formal no curso do procedimento, des-
de grande circulação e por meio eletrônico, que deverá de que o licitante possa satisfazer as exigências dentro do
informar a justificativa para a contratação, a identificação do prazo fixado no instrumento convocatório.
objeto, o prazo de duração do contrato, seu valor estimado, § 1º Na hipótese da alínea b do inciso III do caput deste
fixando-se prazo mínimo de 30 (trinta) dias para recebimen- artigo:
to de sugestões, cujo termo dar-se-á pelo menos 7 (sete)
I - os lances em viva voz serão sempre oferecidos na ordem
dias antes da data prevista para a publicação do edital; e
inversa da classificação das propostas escritas, sendo ve-
VII – licença ambiental prévia ou expedição das diretrizes dado ao edital limitar a quantidade de lances;
para o licenciamento ambiental do empreendimento, na
II – o edital poderá restringir a apresentação de lances em
forma do regulamento, sempre que o objeto do contrato
viva voz aos licitantes cuja proposta escrita for no máximo
exigir.
20% (vinte por cento) maior que o valor da melhor proposta.
§ 1º A comprovação referida nas alíneas b e c do inciso I do
§ 2º O exame de propostas técnicas, para fins de qualifica-
caput deste artigo conterá as premissas e metodologia de
ção ou julgamento, será feito por ato motivado, com base
cálculo utilizadas, observadas as normas gerais para conso-
em exigências, parâmetros e indicadores de resultado perti-
lidação das contas públicas, sem prejuízo do exame de
nentes ao objeto, definidos com clareza e objetividade no
compatibilidade das despesas com as demais normas do
edital.
plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias.
Art. 13. O edital poderá prever a inversão da ordem das
§ 2º Sempre que a assinatura do contrato ocorrer em exer-
fases de habilitação e julgamento, hipótese em que:
cício diverso daquele em que for publicado o edital, deverá
ser precedida da atualização dos estudos e demonstrações I – encerrada a fase de classificação das propostas ou o
a que se referem os incisos I a IV do caput deste artigo. oferecimento de lances, será aberto o invólucro com os
documentos de habilitação do licitante mais bem classifica-
§ 3º As concessões patrocinadas em que mais de 70%
do, para verificação do atendimento das condições fixadas
(setenta por cento) da remuneração do parceiro privado for
no edital;
paga pela Administração Pública dependerão de autoriza-
ção legislativa específica. II – verificado o atendimento das exigências do edital, o
licitante será declarado vencedor;
Art. 11. O instrumento convocatório conterá minuta do con-
trato, indicará expressamente a submissão da licitação às III – inabilitado o licitante melhor classificado, serão analisa-
normas desta Lei e observará, no que couber, os §§ 3º e 4º dos os documentos habilitatórios do licitante com a proposta
do art. 15, os arts. 18, 19 e 21 da Lei nº 8.987, de 13 de classificada em 2º (segundo) lugar, e assim, sucessivamen-
fevereiro de 1995, podendo ainda prever:

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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te, até que um licitante classificado atenda às condições pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos federais em
fixadas no edital; virtude das parcerias de que trata esta Lei.
IV – proclamado o resultado final do certame, o objeto será § 1º O FGP terá natureza privada e patrimônio próprio sepa-
adjudicado ao vencedor nas condições técnicas e econômi- rado do patrimônio dos cotistas, e será sujeito a direitos e
cas por ele ofertadas. obrigações próprios.
CAPÍTULO VI DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS À UNIÃO § 2º O patrimônio do Fundo será formado pelo aporte de
Art. 14. Será instituído, por decreto, órgão gestor de parce- bens e direitos realizado pelos cotistas, por meio da integra-
rias público-privadas federais, com competência para: lização de cotas e pelos rendimentos obtidos com sua ad-
I – definir os serviços prioritários para execução no regime ministração.
de parceria público-privada; § 3º Os bens e direitos transferidos ao Fundo serão avalia-
II – disciplinar os procedimentos para celebração desses dos por empresa especializada, que deverá apresentar
contratos; laudo fundamentado, com indicação dos critérios de avalia-
ção adotados e instruído com os documentos relativos aos
III – autorizar a abertura da licitação e aprovar seu edital;
bens avaliados.
IV – apreciar os relatórios de execução dos contratos.
§ 4º A integralização das cotas poderá ser realizada em
§ 1º O órgão mencionado no caput deste artigo será com- dinheiro, títulos da dívida pública, bens imóveis dominicais,
posto por indicação nominal de um representante titular e
bens móveis, inclusive ações de sociedade de economia
respectivo suplente de cada um dos seguintes órgãos:
mista federal excedentes ao necessário para manutenção
I – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, ao de seu controle pela União, ou outros direitos com valor
qual cumprirá a tarefa de coordenação das respectivas ati- patrimonial.
vidades; § 5º O FGP responderá por suas obrigações com os bens e
II – Ministério da Fazenda; direitos integrantes de seu patrimônio, não respondendo os
III – Casa Civil da Presidência da República. cotistas por qualquer obrigação do Fundo, salvo pela inte-
§ 2º Das reuniões do órgão a que se refere o caput deste gralização das cotas que subscreverem.
artigo para examinar projetos de parceria público-privada § 6º A integralização com bens a que se refere o § 4º deste
participará um representante do órgão da Administração artigo será feita independentemente de licitação, mediante
Pública direta cuja área de competência seja pertinente ao prévia avaliação e autorização específica do Presidente da
objeto do contrato em análise. República, por proposta do Ministro da Fazenda.
§ 3º Para deliberação do órgão gestor sobre a contratação § 7º O aporte de bens de uso especial ou de uso comum no
de parceria público-privada, o expediente deverá estar ins- FGP será condicionado a sua desafetação de forma indivi-
truído com pronunciamento prévio e fundamentado: dualizada.
I – do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Art. 17. O FGP será criado, administrado, gerido e repre-
sobre o mérito do projeto; sentado judicial e extrajudicialmente por instituição financei-
II – do Ministério da Fazenda, quanto à viabilidade da con- ra controlada, direta ou indiretamente, pela União, com ob-
cessão da garantia e à sua forma, relativamente aos riscos servância das normas a que se refere o inciso XXII do art.
para o Tesouro Nacional e ao cumprimento do limite de que 4º da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.
trata o art. 22 desta Lei. § 1º O estatuto e o regulamento do FGP serão aprovados
§ 4º Para o desempenho de suas funções, o órgão citado no em assembléia dos cotistas.
caput deste artigo poderá criar estrutura de apoio técnico § 2º A representação da União na assembléia dos cotistas
com a presença de representantes de instituições públicas. dar-se-á na forma do inciso V do art. 10 do Decreto-Lei nº
§ 5º O órgão de que trata o caput deste artigo remeterá ao 147, de 3 de fevereiro de 1967.
Congresso Nacional e ao Tribunal de Contas da União, com § 3º Caberá à instituição financeira deliberar sobre a gestão
periodicidade anual, relatórios de desempenho dos contra- e alienação dos bens e direitos do FGP, zelando pela manu-
tos de parceria público-privada. tenção de sua rentabilidade e liquidez.
§ 6º Para fins do atendimento do disposto no inciso V do art. Art. 18. As garantias do FGP serão prestadas proporcio-
4º desta Lei, ressalvadas as informações classificadas como nalmente ao valor da participação de cada cotista, sendo
sigilosas, os relatórios de que trata o § 5º deste artigo serão vedada a concessão de garantia cujo valor presente líquido,
disponibilizados ao público, por meio de rede pública de somado ao das garantias anteriormente prestadas e demais
transmissão de dados. obrigações, supere o ativo total do FGP.
Art. 15. Compete aos Ministérios e às Agências Regulado- § 1º A garantia será prestada na forma aprovada pela as-
ras, nas suas respectivas áreas de competência, submeter sembléia dos cotistas, nas seguintes modalidades:
o edital de licitação ao órgão gestor, proceder à licitação, I – fiança, sem benefício de ordem para o fiador;
acompanhar e fiscalizar os contratos de parceria público- II – penhor de bens móveis ou de direitos integrantes do
privada. patrimônio do FGP, sem transferência da posse da coisa
Parágrafo único. Os Ministérios e Agências Reguladoras empenhada antes da execução da garantia;
encaminharão ao órgão a que se refere o caput do art. 14 III – hipoteca de bens imóveis do patrimônio do FGP;
desta Lei, com periodicidade semestral, relatórios circuns-
IV – alienação fiduciária, permanecendo a posse direta dos
tanciados acerca da execução dos contratos de parceria
bens com o FGP ou com agente fiduciário por ele contrata-
público-privada, na forma definida em regulamento.
do antes da execução da garantia;
Art. 16. Ficam a União, suas autarquias e fundações públi-
V – outros contratos que produzam efeito de garantia, desde
cas autorizadas a participar, no limite global de R$
que não transfiram a titularidade ou posse direta dos bens
6.000.000.000,00 (seis bilhões de reais), em Fundo Garan-
ao parceiro privado antes da execução da garantia;
tidor de Parcerias Público-Privadas – FGP, que terá por
finalidade prestar garantia de pagamento de obrigações

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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VI – garantia, real ou pessoal, vinculada a um patrimônio de Art. 24. O Conselho Monetário Nacional estabelecerá, na
afetação constituído em decorrência da separação de bens forma da legislação pertinente, as diretrizes para a conces-
e direitos pertencentes ao FGP. são de crédito destinado ao financiamento de contratos de
§ 2º O FGP poderá prestar contra-garantias a seguradoras, parcerias público-privadas, bem como para participação de
instituições financeiras e organismos internacionais que entidades fechadas de previdência complementar.
garantirem o cumprimento das obrigações pecuniárias dos Art. 25. A Secretaria do Tesouro Nacional editará, na forma
cotistas em contratos de parceria público-privadas. da legislação pertinente, normas gerais relativas à consoli-
§ 3º A quitação pelo parceiro público de cada parcela de dação das contas públicas aplicáveis aos contratos de par-
débito garantido pelo FGP importará exoneração proporcio- ceria público-privada.
nal da garantia. Art. 26. O inciso I do § 1º do art. 56 da Lei nº 8.666, de 21
§ 4º No caso de crédito líquido e certo, constante de título de junho de 1993, passa a vigorar com a seguinte redação:
exigível aceito e não pago pelo parceiro público, a garantia “Art. 56 ........................................
poderá ser acionada pelo parceiro privado a partir do 45º § 1º .............................................
(quadragésimo quinto) dia do seu vencimento. I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, de-
§ 5º O parceiro privado poderá acionar a garantia relativa a vendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, medi-
débitos constantes de faturas emitidas e ainda não aceitas ante registro em sistema centralizado de liquidação e de
pelo parceiro público, desde que, transcorridos mais de 90 custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e avalia-
(noventa) dias de seu vencimento, não tenha havido sua dos pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo
rejeição expressa por ato motivado. Ministério da Fazenda;
§ 6º A quitação de débito pelo FGP importará sua subroga- .........................................................................................”
ção nos direitos do parceiro privado. Art. 27. As operações de crédito efetuadas por empresas
§ 7º Em caso de inadimplemento, os bens e direitos do públicas ou sociedades de economia mista controladas pela
Fundo poderão ser objeto de constrição judicial e alienação União não poderão exceder a 70% (setenta por cento) do
para satisfazer as obrigações garantidas. total das fontes de recursos financeiros da sociedade de
Art. 19 O FGP não pagará rendimentos a seus cotistas, propósito específico, sendo que para as áreas das regiões
assegurando-se a qualquer deles o direito de requerer o Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde o Índice de Desen-
resgate total ou parcial de suas cotas, correspondente ao volvimento Humano – IDH seja inferior à média nacional,
patrimônio ainda não utilizado para a concessão de garanti- essa participação não poderá exceder a 80% (oitenta por
as, fazendo-se a liquidação com base na situação patrimo- cento).
nial do Fundo. § 1º Não poderão exceder a 80% (oitenta por cento) do total
Art. 20. A dissolução do FGP, deliberada pela assembléia das fontes de recursos financeiros da sociedade de propósi-
dos cotistas, ficará condicionada à prévia quitação da totali- to específico ou 90% (noventa por cento) nas áreas das
dade dos débitos garantidos ou liberação das garantias regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde o Índice de
pelos credores. Desenvolvimento Humano – IDH seja inferior à média na-
Parágrafo único. Dissolvido o FGP, o seu patrimônio será cional, as operações de crédito ou contribuições de capital
rateado entre os cotistas, com base na situação patrimonial realizadas cumulativamente por:
à data da dissolução. I – entidades fechadas de previdência complementar;
Art. 21. É facultada a constituição de patrimônio de afetação II – empresas públicas ou sociedades de economia mista
que não se comunicará com o restante do patrimônio do controladas pela União.
FGP, ficando vinculado exclusivamente à garantia em virtu- § 2º Para fins do disposto neste artigo, entende-se por fonte
de da qual tiver sido constituído, não podendo ser objeto de de recursos financeiros as operações de crédito e contribui-
penhora, arresto, seqüestro, busca e apreensão ou qualquer ções de capital à sociedade de propósito específico.
ato de constrição judicial decorrente de outras obrigações Art. 28. A União não poderá conceder garantia e realizar
do FGP. transferência voluntária aos Estados, Distrito Federal e Mu-
Parágrafo único. A constituição do patrimônio de afetação nicípios se a soma das despesas de caráter continuado
será feita por registro em Cartório de Registro de Títulos e derivadas do conjunto das parcerias já contratadas por es-
Documentos ou, no caso de bem imóvel, no Cartório de ses entes tiver excedido, no ano anterior, a 1% (um por
Registro Imobiliário correspondente. cento) da receita corrente líquida do exercício ou se as des-
Art. 22. A União somente poderá contratar parceria público- pesas anuais dos contratos vigentes nos 10 (dez) anos
privada quando a soma das despesas de caráter continuado subseqüentes excederem a 1% (um por cento) da receita
derivadas do conjunto das parcerias já contratadas não tiver corrente líquida projetada para os respectivos exercícios.
excedido, no ano anterior, a 1% (um por cento) da receita § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que
corrente líquida do exercício, e as despesas anuais dos contratarem empreendimentos por intermédio de parcerias
contratos vigentes, nos 10 (dez) anos subseqüentes, não público-privadas deverão encaminhar ao Senado Federal e
excedam a 1% (um por cento) da receita corrente líquida à Secretaria do Tesouro Nacional, previamente à contrata-
projetada para os respectivos exercícios. ção, as informações necessárias para cumprimento do pre-
CAPÍTULO VII DISPOSIÇÕES FINAIS visto no caput deste artigo.
Art. 23. Fica a União autorizada a conceder incentivo, nos § 2º Na aplicação do limite previsto no caput deste artigo,
termos do Programa de Incentivo à Implementação de Pro- serão computadas as despesas derivadas de contratos de
jetos de Interesse Social – PIPS, instituído pela Lei nº parceria celebrados pela Administração Pública direta, au-
10.735, de 11 de setembro de 2003, às aplicações em fun- tarquias, fundações públicas, empresas públicas, socieda-
dos de investimento, criados por instituições financeiras, em des de economia mista e demais entidades controladas,
direitos creditórios provenientes dos contratos de parcerias direta ou indiretamente, pelo respectivo ente.
público-privadas. § 3º (VETADO)

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Art. 29. Serão aplicáveis, no que couber, as penalidades nifestação da Comissão de Averiguação e Análise de Infor-
previstas no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de mações Sigilosas para que reveja a decisão de ressalva a
1940 - Código Penal, na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 acesso de documento público classificado no mais alto grau
– Lei de Improbidade Administrativa, na Lei nº 10.028, de 19 de sigilo, por aplicação do disposto na parte final do inciso
de outubro de 2000 - Lei dos Crimes Fiscais, no Decreto-Lei XXXIII do art. 5º da Constituição.
nº 201, de 27 de fevereiro de 1967, e na Lei nº 1.079, de 10 § 3º Nas hipóteses a que se referem os §§ 1º e 2º, a Comis-
de abril de 1950, sem prejuízo das penalidades financeiras são de Averiguação e Análise de Informações Sigilosas
previstas contratualmente. decidirá pela:
Art. 30. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. I - autorização de acesso livre ou condicionado ao docu-
Brasília, 30 de dezembro de 2004; 183º da Independência e mento; ou
116º da República. II - permanência da ressalva ao seu acesso, enquanto for
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
§ 4º Os documentos públicos que deixarem de ser classifi-
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 228, DE 9 DE DEZEMBRO DE cados no mais alto grau de sigilo, mas que contenham in-
2004. formações relacionadas à intimidade, vida privada, honra e
imagem de pessoas, terão, em face do disposto no inciso X
do art. 5º da Constituição, o acesso a essas informações
Regulamenta a parte final do disposto no inciso XXXIII
restrito, no prazo de que trata o § 3º do art. 23 da Lei no
do art. 5o da Constituição e dá outras providências.
8.159, de 1991, à pessoa diretamente interessada ou, em
se tratando de morto ou ausente, ao seu cônjuge, ascen-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que dentes ou descendentes.
lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Me- Art. 6º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de
dida Provisória, com força de lei: sua publicação.
Art. 1º Esta Medida Provisória regulamenta a parte final do Brasília, 9 de dezembro de 2004; 183º da Independência e
disposto no inciso XXXIII do art. 5º da Constituição. 116º da República.
Art. 2º Exclusivamente nas hipóteses em que o sigilo dos
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
documentos públicos de interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, seja ou permaneça imprescindível à segu-
rança da sociedade e do Estado, o seu acesso será ressal- DECRETO-LEI N° 201, DE 27 DE FEVEREIRO DE 1967
vado, nos termos do disposto na parte final do inciso XXXIII
do art. 5º da Constituição. Dispõe sobre a responsabilidade dos Prefeitos e Verea-
Art. 3º Os documentos públicos que contenham informa- dores, e dá outras providências.
ções cujo sigilo seja imprescindível à segurança da socie- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição
dade e do Estado poderão ser classificados no mais alto que lhe confere o parágrafo 2°, do artigo 9°, do Ato Insti-
grau de sigilo, conforme regulamento. tucional n° 4, de 7 de dezembro de 1966, decreta:
Art. 4º O Poder Executivo instituirá, no âmbito da Casa Civil Art. 1° São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Muni-
da Presidência da República, Comissão de Averiguação e cipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, indepen-
Análise de Informações Sigilosas, com a finalidade de deci- dentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereado-
dir pela aplicação da ressalva prevista na parte final do inci- res:
so XXXIII do art. 5º da Constituição. I - apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los
Parágrafo único. Os Poderes Legislativo e Judiciário, o em proveito próprio ou alheio;
Ministério Público da União e o Tribunal de Contas da União Il - utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio,
estabelecerão normas próprias para a proteção das infor- de bens, rendas ou serviços públicos;
mações por eles produzidas, cujo sigilo seja imprescindível Ill - desviar, ou aplicar indevidamente, rendas ou verbas
à segurança da sociedade e do Estado, bem assim a possi- públicas;
bilidade de seu acesso quando cessar a necessidade de IV - empregar subvenções, auxílios, empréstimos ou recur-
manutenção desse sigilo, nos termos da parte final do inciso sos de qualquer natureza, em desacordo com os planos ou
XXXIII do art. 5º da Constituição. programas a que se destinam;
Art. 5º O acesso aos documentos públicos classificados no V - ordenar ou efetuar despesas não autorizadas por lei, ou
mais alto grau de sigilo poderá ser restringido pelo prazo e realizá-las em desacordo com as normas financeiras perti-
prorrogação previstos no § 2º do art. 23 da Lei nº 8.159, de nentes;
8 de janeiro de 1991. VI - deixar de prestar contas anuais da administração finan-
§ 1º Vencido o prazo ou sua prorrogação de que trata o ceira do Município a Câmara de Vereadores, ou ao órgão
caput, os documentos classificados no mais alto grau de que a Constituição do Estado indicar, nos prazos e condi-
sigilo tornar-se-ão de acesso público, podendo, todavia, a ções estabelecidos;
autoridade competente para dispor sobre a matéria provo- VII - Deixar de prestar contas, no devido tempo, ao órgão
car, de modo justificado, a manifestação da Comissão de competente, da aplicação de recursos, empréstimos sub-
Averiguação e Análise de Informações Sigilosas para que venções ou auxílios internos ou externos, recebidos a qual-
avalie, antes de ser autorizado qualquer acesso ao docu- quer titulo;
mento, se ele, uma vez acessado, não afrontará a seguran-
VIII - Contrair empréstimo, emitir apólices, ou obrigar o Mu-
ça da sociedade e do Estado, na forma da ressalva prevista
nicípio por títulos de crédito, sem autorização da Câmara,
na parte final do inciso XXXIII do art. 5º da Constituição.
ou em desacordo com a lei;
§ 2º Qualquer pessoa que demonstre possuir efetivo inte-
IX - Conceder empréstimo, auxílios ou subvenções sem
resse poderá provocar, no momento que lhe convier, a ma-
autorização da Câmara, ou em desacordo com a lei;

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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X - Alienar ou onerar bens imóveis, ou rendas municipais, I - Antes de receber a denúncia, o Juiz ordenará a notifica-
sem autorização da Câmara, ou em desacordo com a lei; ção do acusado para apresentar defesa prévia, no prazo de
XI - Adquirir bens, ou realizar serviços e obras, sem concor- cinco dias. Se o acusado não for encontrado para a notifica-
rência ou coleta de preços, nos casos exigidos em lei; ção, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresen-
XII - Antecipar ou inverter a ordem de pagamento a credo- tar a defesa, dentro no mesmo prazo.
res do Município, sem vantagem para o erário; II - Ao receber a denúncia, o Juiz manifestar-se-á, obrigató-
XIII - Nomear, admitir ou designar servidor, contra expressa ria e motivadamente, sobre a prisão preventiva do acusado,
disposição de lei; nos casos dos itens I e II do artigo anterior, e sobre o seu
XIV - Negar execução a lei federal, estadual ou municipal, afastamento do exercício do cargo durante a instrução cri-
ou deixar de cumprir ordem judicial, sem dar o motivo da minal, em todos os casos.
recusa ou da impossibilidade, por escrito, à autoridade III - Do despacho, concessivo ou denegatório, de prisão
competente; preventiva, ou de afastamento do cargo do acusado, caberá
XV - Deixar de fornecer certidões de atos ou contratos mu- recurso, em sentido estrito, para o Tribunal competente, no
nicipais, dentro do prazo estabelecido em lei. prazo de cinco dias, em autos apartados. O recurso do des-
XVI - deixar de ordenar a redução do montante da dívida pacho que decreta a prisão preventiva ou o afastamento do
consolidada, nos prazos estabelecidos em lei, quando o cargo terá efeito suspensivo.
montante ultrapassar o valor resultante da aplicação do § 1° Os órgãos federais, estaduais ou municipais, interes-
limite máximo fixado pelo Senado Federal; (Incluído pela Lei sados na apuração da responsabilidade do Prefeito, podem
10.028, de 19.10.2000). requerer a abertura do inquérito policial ou a instauração da
XVII - ordenar ou autorizar a abertura de crédito em desa- ação penal pelo Ministério Público, bem como intervir, em
cordo com os limites estabelecidos pelo Senado Federal, qualquer fase do processo, como assistente da acusação.
sem fundamento na lei orçamentária ou na de crédito adi- § 2° Se as previdências para a abertura do inquérito policial
cional ou com inobservância de prescrição legal; (Incluído ou instauração da ação penal não forem atendidas pela
pela Lei 10.028, de 19.10.2000). autoridade policial ou pelo Ministério Público estadual, pode-
XVIII - deixar de promover ou de ordenar, na forma da lei, o rão ser requeridas ao Procurador-Geral da República.
cancelamento, a amortização ou a constituição de reserva Art. 3° O Vice-Prefeito, ou quem vier a substituir o Prefeito,
para anular os efeitos de operação de crédito realizada com fica sujeito ao mesmo processo do substituído, ainda que
inobservância de limite, condição ou montante estabelecido tenha cessado a substituição.
em lei; (Incluído pela Lei 10.028, de 19.10.2000). Art. 4° São infrações político-administrativas dos Prefeitos
XIX - deixar de promover ou de ordenar a liquidação integral Municipais sujeitas ao julgamento pela Câmara dos Verea-
de operação de crédito por antecipação de receita orçamen- dores e sancionadas com a cassação do mandato:
tária, inclusive os respectivos juros e demais encargos, até I - Impedir o funcionamento regular da Câmara;
o encerramento do exercício financeiro; (Incluído pela Lei II - Impedir o exame de livros, folhas de pagamento e de-
10.028, de 19.10.2000). mais documentos que devam constar dos arquivos da Pre-
XX - ordenar ou autorizar, em desacordo com a lei, a reali- feitura, bem como a verificação de obras e serviços munici-
zação de operação de crédito com qualquer um dos demais pais, por comissão de investigação da Câmara ou auditoria,
entes da Federação, inclusive suas entidades da adminis- regularmente instituída;
tração indireta, ainda que na forma de novação, refinancia- III - Desatender, sem motivo justo, as convocações ou os
mento ou postergação de dívida contraída anteriormente; pedidos de informações da Câmara, quando feitos a tempo
(Incluído pela Lei 10.028, de 19.10.2000). e em forma regular;
XXI - captar recursos a título de antecipação de receita de IV - Retardar a publicação ou deixar de publicar as leis e
tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha atos sujeitos a essa formalidade;
ocorrido; (Incluído pela Lei 10.028, de 19.10.2000). V - Deixar de apresentar à Câmara, no devido tempo, e em
XXII - ordenar ou autorizar a destinação de recursos prove- forma regular, a proposta orçamentária;
nientes da emissão de títulos para finalidade diversa da VI - Descumprir o orçamento aprovado para o exercício
prevista na lei que a autorizou; (Incluído pela Lei 10.028, de financeiro,
19.10.2000). VII - Praticar, contra expressa disposição de lei, ato de sua
XXIII - realizar ou receber transferência voluntária em desa- competência ou emitir-se na sua prática;
cordo com limite ou condição estabelecida em lei. (Incluído VIII - Omitir-se ou negligenciar na defesa de bens, rendas,
pela Lei 10.028, de 19.10.2000). direitos ou interesses do Município sujeito à administração
§ 1° Os crimes definidos neste artigo são de ação pública, da Prefeitura;
punidos os dos itens I e II, com a pena de reclusão, de dois IX - Ausentar-se do Município, por tempo superior ao permi-
a doze anos, e os demais, com a pena de detenção, de três tido em lei, ou afastar-se da Prefeitura, sem autorização da
meses a três anos. Câmara dos Vereadores;
§ 2° A condenação definitiva em qualquer dos crimes defini- X - Proceder de modo incompatível com a dignidade e o
dos neste artigo, acarreta a perda de cargo e a inabilitação, decoro do cargo.
pelo prazo de cinco anos, para o exercício de cargo ou fun- Art. 5° O processo de cassação do mandato do Prefeito
ção pública, eletivo ou de nomeação, sem prejuízo da repa- pela Câmara, por infrações definidas no artigo anterior,
ração civil do dano causado ao patrimônio público ou parti- obedecerá ao seguinte rito, se outro não for estabelecido
cular. pela legislação do Estado respectivo:
Art. 2° O processo dos crimes definidos no artigo anterior é I - A denúncia escrita da infração poderá ser feita por qual-
o comum do juízo singular, estabelecido pelo Código de quer eleitor, com a exposição dos fatos e a indicação das
Processo Penal, com as seguintes modificações: provas. Se o denunciante for Vereador, ficará impedido de

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voltar sobre a denúncia e de integrar a Comissão proces- VII - O processo, a que se refere este artigo, deverá estar
sante, podendo, todavia, praticar todos os atos de acusa- concluído dentro em noventa dias, contados da data em que
ção. Se o denunciante for o Presidente da Câmara, passará se efetivar a notificação do acusado. Transcorrido o prazo
a Presidência ao substituto legal, para os atos do processo, sem o julgamento, o processo será arquivado, sem prejuízo
e só votará se necessário para completar o quorum de jul- de nova denúncia ainda que sobre os mesmos fatos.
gamento. Será convocado o suplente do Vereador impedido Art. 6° Extingue-se o mandato de Prefeito, e, assim, deve
de votar, o qual não poderá integrar a Comissão processan- ser declarado pelo Presidente da Câmara de Vereadores,
te. quando:
II - De posse da denúncia, o Presidente da Câmara, na I - Ocorrer falecimento, renúncia por escrito, cassação dos
primeira sessão, determinará sua leitura e consultará a Câ- direitos políticos, ou condenação por crime funcional ou
mara sobre o seu recebimento. Decidido o recebimento, eleitoral.
pelo voto da maioria dos presentes, na mesma sessão será II - Deixar de tomar posse, sem motivo justo aceito pela
constituída a Comissão processante, com três Vereadores Câmara, dentro do prazo estabelecido em lei.
sorteados entre os desimpedidos, os quais elegerão, desde III - Incidir nos impedimentos para o exercício do cargo,
logo, o Presidente e o Relator. estabelecidos em lei, e não se desincompatibilizar até a
III - Recebendo o processo, o Presidente da Comissão inici- posse, e, nos casos superve-nientes, no prazo que a lei ou
ará os trabalhos, dentro em cinco dias, notificando o denun- a Câmara fixar.
ciado, com a remessa de cópia da denúncia e documentos Parágrafo único. A extinção do mandato independe de
que a instruírem, para que, no prazo de dez dias, apresente deliberação do plenário e se tornará efetiva desde a decla-
defesa prévia, por escrito, indique as provas que pretender ração do fato ou ato extintivo pelo Presidente e sua inserção
produzir e arrole testemunhas, até o máximo de dez. Se em ata.
estiver ausente do Município, a notificação far-se-á por edi- Art. 7° A Câmara poderá cassar o mandato de Vereador,
tal, publicado duas vezes, no órgão oficial, com intervalo de quando:
três dias, pelo menos, contado o prazo da primeira publica-
I - Utilizar-se do mandato para a prática de atos de corrup-
ção. Decorrido o prazo de defesa, a Comissão processante
ção ou de improbidade administrativa;
emitirá parecer dentro em cinco dias, opinando pelo prosse-
guimento ou arquivamento da denúncia, o qual, neste caso, II - Fixar residência fora do Município;
será submetido ao Plenário. Se a Comissão opinar pelo III - Proceder de modo incompatível com a dignidade, da
prosseguimento, o Presidente designará desde logo, o início Câmara ou faltar com o decoro na sua conduta pública.
da instrução, e determinará os atos, diligências e audiências § 1° O processo de cassação de mandato de Vereador é,
que se fizerem necessários, para o depoimento do denunci- no que couber, o estabelecido no art. 5° deste decreto-lei.
ado e inquirição das testemunhas. Art. 8° Extingue-se o mandato do Vereador e assim será
IV - O denunciado deverá ser intimado de todos os atos do declarado pelo Presidente da Câmara, quando:
processo, pessoalmente, ou na pessoa de seu procurador, I - Ocorrer falecimento, renúncia por escrito, cassação dos
com a antecedência, pelo menos, de vinte e quatro horas, direitos políticos ou condenação por crime funcional ou elei-
sendo lhe permitido assistir as diligências e audiências, bem toral;
como formular perguntas e reperguntas às testemunhas e II - Deixar de tomar posse, sem motivo justo aceito pela
requerer o que for de interesse da defesa. Câmara, dentro do prazo estabelecido em lei;
V - Concluída a instrução, será aberta vista do processo ao III - deixar de comparecer, em cada sessão legislativa anual,
denunciado, para razões escritas, no prazo de cinco dias, e à terça parte das sessões ordinárias da Câmara Municipal,
após, a Comissão processante emitirá parecer final, pela salvo por motivo de doença comprovada, licença ou missão
procedência ou improcedência da acusação, e solicitará ao autorizada pela edilidade; ou, ainda, deixar de comparecer a
Presidente da Câmara, a convocação de sessão para jul- cinco sessões extraordinárias convocadas pelo prefeito, por
gamento. Na sessão de julgamento, o processo será lido, escrito e mediante recibo de recebimento, para apreciação
integralmente, e, a seguir, os Vereadores que o desejarem de matéria urgente, assegurada ampla defesa, em ambos
poderão manifestar-se verbalmente, pelo tempo máximo de os casos. (Redação dada pela Lei º 6.793, de 13.6.1980).
quinze minutos cada um, e, ao final, o denunciado, ou seu IV - Incidir nos impedimentos para o exercício do mandato,
procurador, terá o prazo máximo de duas horas, para pro- estabelecidos em lei e não se desincompatibilizar até a
duzir sua defesa oral. posse, e, nos casos superve-nientes, no prazo fixado em lei
VI - Concluída a defesa, proceder-se-á a tantas votações ou pela Câmara.
nominais, quantas forem as infrações articuladas na denún- § 1° Ocorrido e comprovado o ato ou fato extintivo, o Presi-
cia. Considerar-se-á afastado, definitivamente, do cargo, o dente da Câmara, na primeira sessão, comunicará ao plená-
denunciado que for declarado pelo voto de dois terços, pelo rio e fará constar da ata a declaração da extinção do man-
menos, dos membros da Câmara, em curso de qualquer dato e convocará imediatamente o respectivo suplente.
das infrações especificadas na denúncia. Concluído o jul- § 2° Se o Presidente da Câmara omitir-se nas providências
gamento, o Presidente da Câmara proclamará imediatamen- no parágrafo anterior, o suplente do Vereador ou o Prefeito
te o resultado e fará lavrar ata que consigne a votação no- Municipal poderá requerer a declaração de extinção do
minal sobre cada infração, e, se houver condenação, expe- mandato, por via judicial, e se procedente, o juiz condenará
dirá o competente decreto legislativo de cassação do man- o Presidente omisso nas custas do processo e honorários
dato de Prefeito. Se o resultado da votação for absolutório, de advogado que fixará de plano, importando a decisão
o Presidente determinará o arquivamento do processo. Em judicial na destituição automática do cargo da Mesa e no
qualquer dos casos, o Presidente da Câmara comunicará à impedimento para nova investidura durante toda a legislatu-
Justiça Eleitoral o resultado. ra.

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§ 3° O disposto no item III não se aplicará às sessões ex- Art. 8° No caso de ignorância ou de errada compreensão da
traordinárias que forem convocadas pelo Prefeito, durante lei, quando escusaveis, a pena pode deixar de ser aplicada.
os períodos de recesso das Câmaras Municipais. (Incluído Conversão da multa em prisão simples
pela Lei nº 5.659, de 8.6.1971).
Art. 9° O presente decreto-lei entrará em vigor na data de Art. 9° A multa converte-se em prisão simples, de acordo
sua publicação, revogadas as Leis números 211, de 7 de com o que dispõe o Código Penal sobre a conversão de
janeiro de 1948, e 3.528, de 3 de janeiro de 1959, e demais multa em detenção.
disposições em contrário. Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada, a
Brasília, 24 de fevereiro de 1967; 146° da Independência e conversão em prisão simples se faz entre os limites de
79° da República. quinze dias e três meses.
H. CASTELLO BRANCO Limites das penas
Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode, em
caso algum, ser superior a cinco anos, nem a importância
DECRETO-LEI N° 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941 das multas ultrapassar cinqüenta contos.
Suspensão condicional da pena de prisão simples
Lei das Contravenções Penais Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz
O Presidente da República, usando das atribuições que pode suspender por tempo não inferior a um ano nem supe-
lhe confere o artigo 180 da Constituição, rior a três, a execução da pena de prisão simples, bem co-
mo conceder livramento condicional. (Redação dada pela
Decreta:
Lei nº 6.416, de 24.5.1977).
Penas acessórias
LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS PARTE GERAL
Art. 12. As penas acessórias são a publicação da sentença
e as seguintes interdições de direitos:
Aplicação das regras gerais do Código Penal I - a incapacidade temporária para profissão ou atividade,
Art. 1° Aplicam-se as contravenções às regras gerais do cujo exercício dependa de habilitação especial, licença ou
Código Penal, sempre que a presente lei não disponha de autorização do poder público;
modo diverso. lI - a suspensão dos direitos políticos.
Territorialidade Parágrafo único. Incorrem:
Art. 2° A lei brasileira só é aplicável à contravenção pratica- a) na interdição sob n° I, por um mês a dois anos, o conde-
da no território nacional. nado por motivo de contravenção cometida com abuso de
profissão ou atividade ou com infração de dever a ela ine-
Voluntariedade. Dolo e culpa rente;
Art. 3° Para a existência da contravenção, basta a ação ou b) na interdição sob n° II, o condenado a pena privativa de
omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou liberdade, enquanto dure a execução do pena ou a aplica-
a culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer ção da medida de segurança detentiva.
efeito jurídico.
Medidas de segurança
Tentativa Art. 13. Aplicam-se, por motivo de contravenção, os medi-
Art. 4° Não é punível a tentativa de contravenção. das de segurança estabelecidas no Código Penal, à exce-
Penas principais ção do exílio local.
Art. 5° As penas principais são: Presunção de periculosidade
I - prisão simples. Art. 14. Presumem-se perigosos, alem dos indivíduos a que
II - multa. se referem os ns. I e II do art. 78 do Código Penal:
Penas simples I - o condenado por motivo de contravenção cometido, em
estado de embriaguez pelo álcool ou substância de efeitos
Art. 6° A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem análogos, quando habitual a embriaguez;
rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção II - o condenado por vadiagem ou mendicância;
especial de prisão comum, em regime semi-aberto ou aber-
to. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977). Internação em colônia agrícola ou instituto de trabalho,
§ 1° O condenado a pena de prisão simples fica sempre de reeducação ou de ensino profissional
separado dos condenados a pena de reclusão ou de deten- Art. 15. São internados em colônia agrícola ou em instituto
ção. de trabalho, de reeducação ou de ensino profissional, pelo
§ 2° O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não exce- prazo mínimo de um ano:
de a quinze dias. I - o condenado por vadiagem (art. 59);
Reincidência II - o condenado por mendicância (art. 60 e seu parágrafo);
Art. 7° Verifica-se a reincidência quando o agente pratica Internação em manicômio judiciário ou em casa de cus-
uma contravenção depois de passar em julgado a sentença tódia e tratamento
que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por Art. 16. O prazo mínimo de duração da internação em ma-
qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção. nicômio judiciário ou em casa de custódia e tratamento é de
Erro de direito seis meses.

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Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de de- Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora do
cretar a internação, submeter o indivíduo a liberdade vigia- caso previsto no artigo anterior, sem autorização de quem
da. de direito:
Ação penal Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou mul-
ta.
Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade pro-
CAPÍLULO II DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔ-
ceder de ofício.
NIO
PARTE ESPECIAL
CAPÍTULO I DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA Instrumento de emprego usual na prática de furto
Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento
Fabrico, comércio, ou detenção de armas ou munição
empregado usualmente na prática de crime de furto:
Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou Pena - prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa.
vender, sem permissão da autoridade, arma ou munição:
Pena - prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, Posse não justificada de instrumento de emprego usual
de um a cinco contos de réis, ou ambas cumulativamente, na prática de furto
se o fato não constitui crime contra a ordem política ou soci- Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado,
al. por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade
vigiada ou quando conhecido como vadio ou mendigo, ga-
Porte de arma
zuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos emprega-
Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependên- dos usualmente na prática de crime de furto, desde que não
cia desta, sem licença da autoridade: prove destinação legítima:
Pena - prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou mul- Pena - prisão simples, de dois meses a um ano, e multa.
ta.
Violação de lugar ou objeto
§ 1° A pena é aumentada de um terço até metade, se o
agente já foi condenado, em sentença irrecorrível, por vio- Art. 26. Abrir alguém, no exercício de profissão de serralhei-
lência contra pessoa. ro ou oficio análogo, a pedido ou por incumbência de pes-
§ 2° Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a soa de cuja legitimidade não se tenha certificado previamen-
três meses, ou multa, de duzentos mil réis a um conto de te, fechadura ou qualquer outro aparelho destinado à defesa
réis, quem, possuindo arma ou munição: de lugar nu objeto:
a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade, Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou mul-
quando a lei o determina; ta.
b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa inex- Exploração de credulidade pública
periente no manejo de arma a tenha consigo; Art. 27. (Revogado pela Lei n° 9.521, de 27.11.1997).
c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela se CAPÍTULO III DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À INCOLUMI-
apodere facilmente alienado, menor de 18 anos ou pessoa DADE PÚBLICA
inexperiente em manejá-la.
Desparo de arma de fogo
Anúncio de meio abortivo
Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em
Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto destinado suas adjacências, em via pública ou em direção a ela:
a provocar aborto ou evitar a gravidez; Pena - prisão simples, de um a seis meses, ou multa.
Pena - multa. Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de
Vias de fato quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém: dois contos de réis, quem, em lugar habitado ou em suas
Parágrafo único: Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a adjacências, em via pública ou em direção a ela, sem licen-
metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. (parágra- ça da autoridade, causa deflagração perigosa, queima fogo
fo acrescido pela Lei 10.741, de 1º.10.2003). de artifício ou solta balão aceso.
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou mul- Desabamento de construção
ta. Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por erro
Internação irregular em estabelecimento psiquiátrico no projeto ou na execução, dar-lhe causa:
Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e nele Pena - multa, se o fato não constitui crime contra a incolu-
internar, sem as formalidades legais, pessoa apresentada midade pública..
como doente mental: Perigo de desabamento
Pena - multa. Art. 30. Omitir alguém a providência reclamada pelo Estado
§ 1° Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comunicar a ruinoso de construção que lhe pertence ou cuja conserva-
autoridade competente, no prazo legal, internação que te- ção lhe incumbe:
nha admitido, por motivo de urgência, sem as formalidades Pena - multa.
legais.
Omissão de cautela na guarda ou condução de animais
§ 2° Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a
três meses, ou multa de quinhentos mil réis a cinco contos Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa
de réis, aquele que, sem observar as prescrições legais, inexperiente, ou não guardar com a devida cautela animal
deixa retirar-se ou despede de estabelecimento psiquiátrico perigoso:
pessoa nele, internada. Pena - prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa.
Indevida custódia de doente mental Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:

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a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, § 2° O juiz pode, tendo em vista as circunstâncias, deixar de
ou o confia à pessoa inexperiente; aplicar a pena, quando lícito o objeto da associação.
b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança Provocação de tumulto. Conduta inconveniente
alheia; Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo inconveni-
c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segu- ente ou desrespeitoso, em solenidade ou ato oficial, em
rança alheia. assembléia ou espetáculo público, se o fato não constitue
Falta de habilitação para dirigir veículo infração penal mais grave;
Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via Pena - prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou mul-
pública, ou embarcação a motor em águas públicas: ta.
Pena - multa. Falso alarma
Direção não licenciada de aeronave Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou perigo
inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pâni-
Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente licenciado:
co ou tumulto:
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, e multa.
Pena - prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou mul-
Direção perigosa de veículo em via pública ta.
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em Pertubação do trabalho o do sossego alheios
águas públicas, pondo em perigo a segurança alheia: Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheios:
Pena - prisão simples, de quinze das a três meses, ou mul- I - com gritaria ou algazarra;
ta. II - exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo
Abuso na prática de aviação com as prescrições legais;
Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a acrobacias ou III - abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;
a vôos baixos, fora da zona em que a lei o permite, ou fazer IV - provocando ou não procurando impedir barulho produ-
descer a aeronave fora dos lugares destinados a esse fim: zido por animal de que tem a guarda:
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou mul- Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou mul-
ta. ta.
CAPÍTULO V DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À FÉ PÚBLI-
Sinais de perigo
CA
Art. 36. Deixar do colocar na via pública, sinal ou obstáculo,
determinado em lei ou pela autoridade e destinado a evitar Recusa de moeda de curso legal
perigo a transeuntes: Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda de
Pena - prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa. curso legal no país:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: Pena - multa.
a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal de outra Imitação de moeda para propaganda
natureza ou obstáculo destinado a evitar perigo a transeun-
Art. 44. Usar, como propaganda, de impresso ou objeto que
tes;
pessoa inexperiente ou rústica possa confundir com moeda:
b) remove qualquer outro sinal de serviço público.
Pena - multa.
Arremesso ou colocação perigosa
Simulação da qualidade de funcionário
Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública, ou em
Art. 45. Fingir-se funcionário público:
lugar de uso comum, ou do uso alheio, coisa que possa
Pena - prisão simples, de um a três meses, ou multa.
ofender, sujar ou molestar alguém:
Pena - multa. Uso ilegítimo de uniforme ou destintivo
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, sem Art. 46. Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo de
as devidas cautelas, coloca ou deixa suspensa coisa que, função pública que não exerce; usar, indevida-mente, de
caindo em via pública ou em lugar de uso comum ou de uso sinal, distintivo ou denominação cujo emprego seja regulado
alheio, possa ofender, sujar ou molestar alguém. por lei. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 6.916, de
Emissão de fumaça, vapor ou gás 2.10.1944).
Pena - multa, se o fato não constitui infração penal mais
Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, vapor
grave. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 6.916, de
ou gás, que possa ofender ou molestar alguém:
2.10.1944).
Pena - multa.
CAPÍTULO VI DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À ORGANIZA-
CAPÍTULO IV DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PAZ PÚ- ÇÃO DO TRABALHO
BLICA
Exercício ilegal de profissão ou atividade
Associação secreta
Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou anun-
Art. 39. Participar de associação de mais de cinco pessoas,
ciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei
que se reúnam periodicamente, sob compromisso de ocultar
está subordinado o seu exercício:
à autoridade a existência, objetivo, organização ou adminis-
tração da associação: Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou mul-
ta.
Pena - prisão simples, de um a seis meses, ou multa.
§ 1° Na mesma pena incorre o proprietário ou ocupante de Exercício ilegal do comércio de coisas antigas e obras
prédio que o cede, no todo ou em parte, para reunião de de arte
associação que saiba ser de caráter secreto.

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Art. 48. Exercer, sem observância das prescrições legais, Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de comércio, bilhete
comércio de antiguidades, de obras de arte, ou de manus- de loteria, rifa ou tômbola estrangeiras:
critos e livros antigos ou raros: Pena - prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa.
Pena - prisão simples de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende,
Matrícula ou escrituração de indústria e profissão expõe à venda, tem sob sua guarda. para o fim de venda,
introduz ou tenta introduzir na circulação, bilhete de loteria
Art. 49. Infringir determinação legal relativa à matrícula ou à
estrangeira.
escrituração de indústria, de comércio, ou de outra ativida-
de: Loteria estadual
Pena - multa. Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de loteria
CAPÍTULO VII DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À POLÍCIA DE estadual em território onde não possa legalmente circular:
COSTUMES Pena - prisão simples, de dois a seis meses, e multa.
Jogo de azar Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende,
expõe à venda, tem sob sua guarda, para o fim de venda,
Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar pú- introduz ou tonta introduzir na circulação, bilhete de loteria
blico ou acessível ao público, mediante o pagamento de estadual, em território onde não possa legalmente circular.
entrada ou sem ele: (Vide Decreto-Lei nº 4.866, de
23.10.1942). Exibição ou guarda de lista de sorteio
Pena - prisão simples, de três meses a um ano, e multa, Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de lote-
estendendo-se os efeitos da condenação à perda dos mo- ria estrangeira:
veis e objetos de decoração do local. Pena - prisão simples, de um a três meses, e multa.
§ 1° A pena é aumentada de um terço, se existe entre os Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem exibe ou
empregados ou participa do jogo pessoa menor de dezoito tem sob sua guarda lista de sorteio de loteria estadual, em
anos. território onde esta não possa legalmente circular.
§ 2° Incorre na pena de multa, de duzentos mil réis a dois Impressão de bilhetes, lista ou anúncios
contos de réis, quem é encontrado a participar do jogo,
como ponteiro ou apostador. Art. 55. Imprimir ou executar qualquer serviço de feitura de
§ 3° Consideram-se, jogos de azar: bilhetes, lista de sorteio, avisos ou cartazes relativos a lote-
ria, em lugar onde ela não possa legalmente circular:
c) o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou
principalmente da sorte; Pena - prisão simples, de um a seis meses, e multa.
b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de hipódromo Distribuição ou transporte de listas ou avisos
ou de local onde sejam autorizadas; Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, listas de sorteio
c) as apostas sobre qualque r outra competição esportiva. ou avisos de loteria, onde ela não possa legalmente circular:
§ 4° Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar acessível Pena - prisão simples, de um a três meses, e multa.
ao público: Publicidade de sorteios
a) a casa particular em que se realizam jogos de azar, Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou outro impresso, de
quando deles habitualmente participam pessoas que não rádio, cinema, ou qualquer outra forma, ainda que disfarça-
sejam da família de quem a ocupa; damente, anúncio, aviso ou resultado de extração de loteria,
b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos hóspedes e onde a circulação dos seus bilhetes não seria legal:
moradores se proporciona jogo de azar; Pena - multa.
c) a sede ou dependência de sociedade ou associação, em
Jogo do bicho
que se realiza jogo de azar;
d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo de Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo do
azar, ainda que se dissimule esse destino. bicho, ou praticar qualquer ato relativo à sua realização ou
exploração:
Loteria não autorizada
Pena - prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa.
Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, sem autorização Parágrafo único. Incorre na pena de multa, aquele que
legal: participa da loteria, visando a obtenção de prêmio, para si
Pena - prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa, ou para terceiro.
estendendo-se os efeitos da condenação à perda dos mo- Vadiagem
veis existentes no local.
§ 1° Incorre na mesma pena quem guarda, vende ou expõe Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade,
à venda, tem sob sua guarda para o fim de venda, introduz sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegu-
ou tenta introduzir na circulação bilhete de loteria não auto- re meios bastantes de subsistência, ou prover à própria
rizada. subsistência mediante ocupação ilícita:
§ 2° Considera-se loteria toda operação que, mediante a Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses.
distribuição de bilhete, listas, cupões, vales, sinais, símbolos Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda, que
ou meios análogos, faz depender de sorteio a obtenção de assegure ao condenado meios bastantes de subsistência,
prêmio em dinheiro ou bens de outra natureza. extingue a pena.
§ 3° Não se compreendem na definição do parágrafo anteri- Mendicância
or os sorteios autorizados na legislação especial. Art. 60. Mendigar, por ociosidade ou cupidez:
Loteria estrangeira Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um sexto a um
terço, se a contravenção é praticada:

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a) de modo vexatório, ameaçador ou fraudulento. Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justificada-
b) mediante simulação de moléstia ou deformidade; mente solicitados ou exigidos, dados ou indicações concer-
c) em companhia de alienado ou de menor de dezoito anos. nentes à própria identidade, estado, profissão, domicílio e
residência:
Importunação ofensiva ao pudor
Pena - multa.
Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou acessível
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de um
ao público, de modo ofensivo ao pudor:
a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a dois contos de
Pena - multa. réis, se o fato não constitui infração penal mais grave,
Embriaguez quem, nas mesmas circunstâncias, f’az declarações inverí-
Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de embria- dicas a respeito de sua identidade pessoal, estado, profis-
guez, de modo que cause escândalo ou ponha em perigo a são, domicílio e residência.
segurança própria ou alheia: Proibição de atividade enumerada a estrangeiro
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou mul- Art. 69. (Revogado pela Lei n° 6.815, de 19.8.1980).
ta, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o contraventor Violação do privilégio postal da União
é internado em casa de custódia e tratamento. Art. 70. Praticar qualquer ato que importe violação do mo-
nopólio postal da União:
Bebidas alcoólicas
Pena - prisão simples, de três meses a um ano, ou multa,
Art. 63. Servir bebidas alcoólicas: ou ambas cumulativamente.
I - a menor de dezoito anos; DISPOSIÇÕES FINAIS
II - a quem se acha em estado de embriaguez;
Art. 71. Ressalvada a legislação especial sobre florestas,
III - a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades men- caça e pesca, revogam-se as disposições em contrário.
tais;
Art. 72. Esta lei entrará em vigor no dia 1° de janeiro de
IV - a pessoa que o agente sabe estar judicialmente proibida 1942.
de freqüentar lugares onde se consome bebida de tal natu-
Rio de Janeiro, 3 de outubro de 1941; 120° da Independên-
reza:
cia e 58° da República.
Pena - prisão simples, de dois meses a um ano, ou multa.
GETULIO VARGAS.
Crueldade contra animais
Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a traba-
lho excessivo: DECRETO-LEI N° 7.661, DE 21 DE JUNHO DE 1945
Pena - prisão simples, de dez dias a um mês, ou multa. LEI DE FALÊNCIAS
§ 1° Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins
didáticos ou científicos, realiza em lugar público ou exposto
O Presidente da República , usando da atribuição que
ao publico, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo.
lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta:
§ 2° Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal
é submetido a trabalho excessivo ou tratado com crueldade,
em exibição ou espetáculo público. TÍTULO I DA CARACTERIZAÇÃO E DECLARAÇÃO DA
Perturbação da tranqüilidade FALÊNCIA
Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranqüilidade, Seção Primeira Da caracterização da falência
por acinte ou por motivo reprovável: Art. 1° Considera-se falido o comerciante que, sem relevan-
Pena - prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou te razão de direito, não paga no vencimento obrigação líqui-
multa. da, constante de título que legitime a ação executiva.
CAPÍTULO VIII DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À ADMINIS- § 1.° Torna-se líquida, legitimando a falência, a obrigação
TRAÇÃO PÚBLICA provada por conta extraída dos livros comerciais e verifica-
da, judicialmente, nas seguintes condições:
Omissão de comunicação de crime
I - a verificação será requerida pelo credor ao juiz compe-
Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente: tente para decretar falência do devedor (art. 7º) e far-se-á
I - crime de ação pública, de que teve conhecimento no nos livros de um ou de outro, por dois peritos nomeados
exercício de função pública, desde que a ação penal não pelo juiz, expedindo-se precatória quando os livros forem de
dependa de representação; credor domiciliado em comarca diversa;
II - crime de ação pública, de que teve conhecimento no II - se o credor requer a verificação da conta nos próprios
exercício da medicina ou de outra profissão sanitária, desde livros, estes deverão achar-se revestidos das formalidades
que a ação penal não dependa de representação e a comu- legais intrínsecas e extrínsecas e a conta comprovada nos
nicação não exponha o cliente a procedimento criminal: termos do art. 23, nº 2, do Código Comercial; se nos livros
Pena - multa. do devedor, será este citado para, em dia e hora marcados,
Inumação ou exumação de cadáver exibi-los em juízo, na forma do disposto no art. 19, primeira
alínea, do Código Comercial; (A Parte Primeira do Código
Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com infração das dis-
Comercial (arts. 1º a 456) foi revogada pela Lei nº 10.406,
posições legais:
de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil).
Pena - prisão simples, de um mês a um ano, ou multa. III - a recusa de exibição ou a irregularidade dos livros pro-
Recusa de dados sobre própria identidade ou qualifica- vam contra o devedor, salvo a sua destruição ou perda em
ção virtude de força maior;

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IV - os peritos apresentarão os laudos dentro de três dias e, VIII - qualquer motivo que extinga ou suspenda o cumpri-
julgado por sentença o exame, os respectivos autos serão mento da obrigação, ou exclua o devedor do processo da
entregues ao requerente, independentemente de traslado, falência.
não cabendo dessa sentença recurso algum; 1° Se requerida com fundamento em protesto levado a efei-
V - as contas assim verificadas consideram-se vencidas to por terceiro, a falência não será declarada, desde que o
desde a data da sentença que julgou o exame. devedor prove que podia ser oposta ao requerimento do
§ 2° Ainda que líquidos, não legitimam o pedido de falência autor do protesto qualquer das defesas deste artigo.
os créditos que não se possam na mesma reclamar. 2° Não será declarada a falência da sociedade anônima
§ 3° Para os efeitos desta Lei, considera-se obrigação líqui- depois de liquidado e partilhado o seu ativo, e do espólio
da, legitimando o pedido de falência, a constante dos títulos depois de um ano da morte do devedor.
executivos extrajudiciais mencionados no art. 15 da Lei nº Art. 5° Os sócios solidária e ilimitadamente responsáveis
5.474, de 18 de julho de 1968. (Incluído pela Lei nº 6.458, pelas obrigações sociais não são atingidos pela falência da
de 1º de novembro de 1977). sociedade, mas ficam sujeitos aos demais efeitos jurídicos
Art. 2° Caracteriza-se, também, a falência, se o comercian- que a sentença declaratória produza em relação à socieda-
te: de falida. Aos mesmos sócios, na falta de disposição espe-
I - executado, não paga, não deposita a importância, ou não cial desta Lei, são extensivos todos os direitos e, sob as
nomeia bens à penhora, dentro do prazo legal; mesmas penas, todas as obrigações que cabem ao devedor
II - procede a liquidação precipitada, ou lança mão de meios ou falido.
ruinosos ou fraudulentos para realizar pagamentos; Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se ao sócio
III - convoca credores e lhes propõe dilação, remissão de de responsabilidade solidária que há menos de dois anos se
créditos ou cessão de bens; tenha despedido da sociedade, no caso de não terem sido
IV - realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o solvidas, até a data da declaração da falência, as obriga-
fito de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio ções sociais existentes ao tempo da retirada. Não prevale-
simulado, ou alienação de parte ou da totalidade do seu cerá o preceito, se os credores tiverem consentido expres-
ativo a terceiro, credor ou não; samente na retirada, feito novação, ou continuado a negoci-
ar com a sociedade, sob a mesma ou nova firma.
V - transfere a terceiro o seu estabelecimento sem o con-
sentimento de todos os credores, salvo se ficar com bens Art. 6° A responsabilidade solidária dos diretores das socie-
suficientes para solver o seu passivo; dades anônimas e dos gerentes das sociedades por cotas
de responsabilidade limitada, estabelecida nas respectivas
VI - dá garantia real a algum credor sem ficar com bens
Leis; a dos sócios comanditários (Código Comercial, art.
livres e desembaraçados equivalentes às suas dívidas, ou
314), e a do sócio oculto (Código Comercial, art. 305), serão
tenta essa prática, revelada a intenção por atos inequívo-
apuradas, e tornar-se-ão efetivas, mediante processo ordi-
cos;
nário, no juízo da falência, aplicando-se ao caso o disposto
VII - ausenta-se sem deixar representante para administrar no art. 50, § 1º (arts. 1º. ao 406 revogado).
o negócio, habilitado com recursos suficientes para pagar os
Parágrafo único. O juiz, a requerimento do síndico, pode
credores; abandona o estabelecimento; oculta-se ou tenta
ordenar o seqüestro de bens que bastem para efetivar a
ocultar-se, deixando furtivamente o seu domicílio.
responsabilidade.
Parágrafo único. Consideram-se praticados pelas socieda-
Seção Segunda Da declaração judicial da falência
des os atos dessa natureza provenientes de seus diretores,
gerentes ou liquidantes. Art. 7° É competente para declarar a falência o juiz em cuja
Art. 3° Pode ser declarada a falência: jurisdição o devedor tem o seu principal estabelecimento ou
I - do espólio do devedor comerciante; casa filial de outra situada fora do Brasil.
II - do menor, com mais de dezoito anos, que mantém esta- 1° A falência dos comerciantes ambulantes e empresários
belecimento comercial, com economia própria; de espetáculos públicos pode ser declarada pelo juiz do
lugar onde sejam encontrados.
III - da mulher casada que, sem autorização do marido,
exerce o comércio, por mais de seis meses, fora do lar con- 2° O juízo da falência é indivisível e competente para todas
jugal; as ações e reclamações sobre bens, interesses e negócios
da massa falida, as quais serão processadas na forma de-
IV - dos que, embora expressamente proibidos, exercem o
terminada nesta Lei.
comércio.
3° Não prevalecerá o disposto no parágrafo anterior para as
Art. 4° A falência não será declarada, se a pessoa contra
ações, não reguladas nesta Lei, em que a massa falida seja
quem for requerida, provar:
autora ou litisconsorte.
I - falsidade do título da obrigação;
Art. 8° O comerciante que, sem relevante razão de direito,
II - prescrição; não pagar no vencimento obrigação líquida, deve, dentro de
III - nulidade da obrigação ou do título respectivo; trinta dias, requerer ao juiz a declaração da falência, expon-
IV - pagamento da dívida, embora depois do protesto do do as causas desta e o estado dos seus negócios, e juntan-
título, mas antes de requerida a falência; do ao requerimento:
V - requerimento de concordata preventiva anterior à cita- I - o balanço do ativo e passivo com a indicação e a avalia-
ção; ção aproximada de todos os bens, excluídas as dívidas
VI - depósito judicial oportunamente feito; ativas prescritas;
VII - cessação do exercício do comércio há mais de dois II - a relação nominal dos credores comerciais e civis, com a
anos, por documento hábil do Registro de Comércio o qual indicação do domicílio de cada um, importância e natureza
não prevalecerá contra a prova de exercício posterior ao ato dos respectivos créditos;
registrado;

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III - o contrato social, ou, não havendo, a indicação de todos certidão do protesto que caracteriza a impontualidade do
os sócios, suas qualidades e domicílios, ou os estatutos em devedor.
vigor, mesmo impressos, da sociedade anônima. 1° Deferindo a petição, o juiz mandará citar o devedor para,
1° Tratando-se de sociedade em nome coletivo, de capital e dentro de vinte e quatro horas, apresentar defesa. Feita a
indústria, em comandita simples, ou por cotas de responsa- citação, será o requerimento apresentado ao escrivão, que
bilidade limitada, o requerimento pode ser assinado por certificará, imediatamente, a hora da sua entrada, de que se
todos os sócios, pelos que gerem a sociedade ou têm o conta o referido prazo. Se o devedor não for encontrado,
direito de usar a firma, ou pelo liquidante. Os sócios que não far-se-á a citação por edital, com o prazo de três dias para a
assinem o requerimento, podem opor-se à declaração da defesa. Findo o prazo, ainda que à revelia do devedor, o
falência e usar dos recursos admitidos nesta Lei. escrivão o certificará e fará os autos conclusos ao juiz para
2° Tratando-se de sociedade por ações, o requerimento a sentença.
deve ser assinado pelos seus representantes legais. 2° Citado, poderá o devedor, dentro do prazo para defesa,
3° O devedor apresentará, com o requerimento, os seus depositar a quantia correspondente ao crédito reclamado,
livros obrigatórios, os quais permanecerão em cartório para para discussão da sua legitimidade ou importância, elidindo
serem entregues ao síndico, logo após o compromisso des- a falência. Feito o depósito, a falência não pode ser decla-
te. rada, e se for verificada a improcedência das alegações do
4° No seu despacho, o juiz mencionará a hora em que re- devedor, o juiz ordenará, em favor do requerente da falên-
cebeu o requerimento e, no mesmo ato, assinará os termos cia, o levantamento da quantia depositada, ou da que tiver
de encerramento dos livros obrigatórios, lavrados pelo es- reconhecido como legitimamente devida. Da sentença cabe
crivão. apelação.
Art. 9° A falência pode também ser requerida: 3° Ao devedor que alegue matéria relevante (art. 4°), o juiz
I - pelo cônjuge sobrevivente, pelos herdeiros do devedor ou pode conceder, a seu pedido, o prazo de cinco dias para
pelo inventariante, nos casos dos arts. 1º e 2º, nº I; provar a sua defesa, com intimação do requerente. Findo
II - pelo sócio, ainda que comanditário, exibindo o contrato esse prazo, serão os autos conclusos, imediatamente, para
social, e pelo acionista da sociedade por ações, apresen- sentença.
tando as suas ações; 4° Tratando-se de sociedade em nome coletivo, de capital e
III - pelo credor, exibindo título do seu crédito, ainda que não indústria, em comandita simples, ou por cotas de responsa-
vencido, observadas, conforme o caso, as seguintes condi- bilidade limitada, pode qualquer sócio opor-se à declaração
ções: de falência, nos termos do parágrafo anterior, se a socieda-
de, por seu representante, não comparecer para se defen-
a) credor comerciante, com domicílio no Brasil, se provar ter
der ou se a falência tiver sido requerida por outro sócio.
firma inscrita, ou contrato ou estatutos arquivados no Regis-
tro de Comércio; Art. 12. Para a falência ser declarada nos casos do art. 2°,
o requerente especificará na petição os fatos que a caracte-
b) o credor com garantia real se a renunciar ou, querendo
rizam, juntando as provas que tiver e indicando as que pre-
mantê-la, se provar que os bens não chegam para a solu-
tenda aduzir.
ção do seu crédito; esta prova será feita por exame pericial,
na forma da Lei processual, em processo preparatório ante- 1° O devedor será citado para defender-se devendo apre-
rior ao pedido de falência se este se fundar no artigo 1º, ou sentar em cartório, no prazo de vinte e quatro horas, os
no prazo do artigo 12 se o pedido tiver por fundamento o art. seus embargos, instruindo-os com as provas que tiver e
2º; indicando outras que entenda necessárias à defesa.
c) o credor que não tiver domicílio no Brasil, se prestar cau- 2° Se o devedor citado não comparecer, correrá o processo
ção às custas e ao pagamento da indenização de que trata à revelia; se não for encontrado, o juiz nomeará curador que
o art. 20. o defenda.
Art. 10. Os títulos não sujeitos a protesto obrigatório devem 3° Não havendo provas a realizar, o juiz proferirá a senten-
ser protestados, para o fim da presente Lei, nos cartórios de ça; se as houver o juiz, recebendo os embargos, determina-
protesto de letras e títulos, onde haverá um livro especial rá as provas que devam ser realizadas, e procederá a uma
para o seu registro. instrução sumária, dentro do prazo de cinco dias, decidindo
em seguida.
1° O protesto pode ser interposto em qualquer tempo depois
do vencimento da obrigação, e o respectivo instrumento, 4° Durante o processo, o juiz, de ofício ou a requerimento
que será tirado dentro de três dias úteis, deve conter: a do credor, poderá ordenar o seqüestro dos livros, corres-
data, a transcrição, por extrato, do título com as principais pondência e bens do devedor, e proibir qualquer alienação
declarações nele inseridas, pela ordem respectiva; a certi- destes, publicando-se o despacho, em edital, no órgão ofici-
dão da intimação do devedor para pagar, a resposta dada al. Os bens e livros ficarão sob a guarda de depositário
ou a declaração da falta de resposta; a certidão de não nomeado pelo juiz, podendo a nomeação recair no próprio
haver sido encontrado, ou de ser desconhecido ou estar credor requerente.
ausente o devedor, casos em que a intimação será feita por 5° As medidas previstas no parágrafo anterior cessarão por
edital, afixado à porta do cartório e, quando possível, publi- força da própria sentença que denegar a falência.
cado pela imprensa; assinatura do oficial do protesto e, se Art. 13. Para os fins dos artigos 11 e 12, a citação das soci-
possível, a do portador. edades far-se-á na pessoa dos seus representantes legais.
2° O livro de registro, de que cogita este artigo, pode ser Art. 14. Praticadas as diligências ordenadas pela presente
examinado gratuitamente por qualquer pessoa, e dos seus Lei, o juiz, no prazo de vinte e quatro horas, proferirá a sen-
assentos se darão as certidões que forem pedidas. tença, declarando ou não a falência.
Art. 11. Para requerer a falência do devedor com fundamen- Parágrafo único. A sentença que declarar a falência:
to no art. 1°, as pessoas mencionadas no art. 9º devem I - conterá o nome do devedor, o lugar do seu principal es-
instruir o pedido com a prova da sua qualidade e com a tabelecimento e o gênero de comércio; os nomes dos sócios

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solidários e os seus domicílios; os nomes dos que forem, a 2° Decorrido o prazo para contestação, os autos serão con-
esse tempo, diretores, gerentes ou liquidantes das socieda- clusos ao juiz que determinará as provas a serem produzi-
des por ações ou por cotas de responsabilidade limitada; das e designará dia e hora para a audiência de instrução e
II - indicará a hora da declaração da falência, entendendo- julgamento, a qual se realizará com observância do disposto
se, em caso de omissão, que se deu ao meio dia; no art. 95 e seus parágrafos.
III - fixará, se possível, o termo legal da falência, designando 3° Da sentença cabe apelação. (redação modificada pela lei
a data em que se tenha caracterizado esse estado, sem n° 6.014.1973).
poder retrotraí-lo por mais de sessenta dias, contados do 4° Os embargos não suspendem os efeitos da sentença
primeiro protesto por falta de pagamento, ou do despacho declaratória da falência, nem interrompem as diligências e
ao requerimento inicial da falência (arts. 8° e 12), ou da atos do processo.
distribuição do pedido de concordata preventiva; Art. 19. Cabe apelação da sentença que não declarar a
IV - nomeará o síndico, conforme o disposto no art. 60 e falência.
seus parágrafos; Parágrafo único. A sentença que não declarar a falência,
V - marcará o prazo (art. 80) para os credores apresentarem não terá autoridade de coisa julgada.
as declarações e documentos justificativos dos seus crédi- Art. 20. Quem por dolo requerer a falência de outrem, será
tos; condenado, na sentença que denegar a falência, em primei-
VI - providenciará as diligências convenientes ao interesse ra ou segunda instância, a indenizar ao devedor, liquidando-
da massa, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou se na execução da sentença as perdas e danos. Sendo a
dos representantes da sociedade falida, quando requerida falência requerida por mais de uma pessoa, serão solidari-
com fundamento em provas que demonstrem a prática de amente responsáveis os requerentes.
crime definido nesta Lei. Parágrafo único. Por ação própria, pode o prejudicado
Art. 15. O resumo da sentença declaratória da falência será, reclamar a indenização, no caso de culpa ou abuso do re-
dentro de vinte e quatro horas, depois do recebimento dos querente da falência denegada.
autos em cartório: Art. 21. Reformada a sentença declaratória, será tudo resti-
I - afixado à porta do estabelecimento do falido; tuído ao antigo estado, ressalvados, porém, os direitos dos
II - remetido, pelo escrivão, por protocolo ou sob registro credores legitimamente pagos e dos terceiros de boa-fé.
postal, com recibo de volta, ao representante do Ministério Parágrafo único. O resumo da sentença revocatória da
Público, ao Registro do Comércio e à Câmara Sindical dos falência será remetido às entidades e autoridades mencio-
Corretores. nadas no art. 15, n° 2 e parágrafo 2°, e publicado na forma
1° Esse resumo referirá os elementos da sentença determi- do art. 16.
nados no parágrafo único do art. 14, podendo o escrivão Art. 22. Não sendo possível fixar na sentença declaratória o
usar, para esse fim, de fórmulas impressas. termo legal da falência, ou devendo ser ele retificado em
2° Dentro do prazo de três horas, o escrivão comunicará às face de elementos obtidos posteriormente, o juiz deve fixá-lo
estações telegráficas e postais que existirem no lugar, a ou fazer a retificação até o oferecimento da exposição do
falência do devedor e o nome do síndico, a quem deverá ser síndico (art. 103).
entregue a correspondência do falido. Parágrafo único. Do provimento que fixar ou retificar o
3° No Registro do Comércio, em livro especial, serão lança- termo legal da falência, na sentença declaratória ou interlo-
dos o nome do falido, o lugar do seu domicílio, o juízo e o cutória, podem os interessados agravar de instrumento.
cartório em que a falência se processa. TÍTULO II DOS EFEITOS JURÍDICOS DA SENTENÇA
Art. 16. A sentença declaratória da falência será, imediata- DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA
mente, publicada por edital, providenciando o escrivão para Seção Primeira Dos efeitos quanto aos direitos dos
que o seja no órgão oficial, e o síndico, se a massa compor- credores
tar, em outro jornal de grande circulação.
Art. 23. Ao juízo da falência devem concorrer todos os cre-
Parágrafo único. O escrivão certificará o cumprimento das dores do devedor comum, comerciais ou civis, alegando e
diligências determinadas neste artigo e das do art. 15, incor- provando os seus direitos.
rendo, no caso de falta ou negligência, na pena de suspen-
Parágrafo único. Não podem ser reclamados na falência:
são por seis meses e de perda de todas as custas, além de
responder pelos prejuízos que ocasionar. I - as obrigações a título gratuito e as prestações alimentí-
cias;
Art. 17. Da sentença que declarar a falência, pode o deve-
dor, o credor ou o terceiro prejudicado, agravar de instru- II - as despesas que os credores individualmente fizerem
mento. para tomar parte na falência, salvo custas judiciais em litígio
com a massa;
Parágrafo único. Pendente o recurso, o síndico não pode
vender os bens da massa, salvo no caso previsto pelo art. III - as penas pecuniárias por infração das Leis penais e
73. administrativas.
Art. 18. A sentença que decretar a falência com fundamento Art. 24. As ações ou execuções individuais dos credores,
no art. 1° pode ser embargada pelo devedor, processando- sobre direitos e interesses relativos à massa falida, inclusive
se os embargos em autos separados, com citação de quem as dos credores particulares de sócio solidário da sociedade
requereu a falência, admitindo-se à assistência o síndico e falida, ficam suspensas, desde que seja declarada a falên-
qualquer credor. cia até o seu encerramento.
1° O embargante apresentará os embargos deduzidos em § 1° Achando-se os bens já em praça, com dia definitivo
requerimento articulado, no prazo de dois dias contados para arrematação, fixado por editais, far-se-á esta, entrando
daquele em que for publicado no órgão oficial o edital do art. o produto para a massa. Se, porem, os bens já tiverem sido
16, podendo o embargado contestá-los, em igual prazo. arrematados ao tempo da declaração da falência, somente
entrará para a massa a sobra, depois de pago o exeqüente.

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§ 2° Não se compreendem nas disposições deste artigo, e I - intervir, como assistentes, em quaisquer ações ou inci-
terão prosseguimento com o síndico, as ações e execuções dentes em que a massa seja parte ou interessada;
que, antes da falência, hajam iniciado: II - fiscalizar a administração da massa, requerer e promo-
I - os credores por títulos não sujeitos a rateio; ver no processo da falência o que for a bem dos interesses
II - os que demandarem quantia ilíquida, coisa certa, presta- dos credores e da execução da presente Lei, sendo as des-
ção ou abstenção de fato. pesas que fizerem indenizadas pela massa, se esta auferir
§ 3° Aos credores referidos no n° II fica assegurado o direito vantagem;
de pedir a reserva de que trata o art. 130, e, uma vez torna- III - examinar, em qualquer tempo, os livros e papéis do
do líquido o seu direito, serão, se for o caso, incluídos na falido e da administração da massa, independentemente de
falência, na classe que lhes for própria. autorização do juiz.
Art. 25. A falência produz o vencimento antecipado de todas Art. 31. Os credores podem constituir procurador para re-
as dívidas do falido e do sócio solidário da sociedade falida, presentá-los na falência, sendo lícito a uma só pessoa ser
com o abatimento dos juros legais, se outra taxa não tiver procurador de diversos credores.
sido estipulada. 1° A procuração pode ser transmitida por telegrama, telefo-
1° As debêntures são admitidas na falência pelo valor do nema ou radiograma, mediante minuta autêntica exibida à
tipo de emissão. estação expedidora, que mencionará essa circunstância na
2° Não têm vencimento antecipado as obrigações sujeitas a transmissão.
condição suspensiva, as quais, não obstante, entram na 2° O procurador fica habilitado a tomar parte em qualquer
falência, sendo o pagamento diferido até que se verifique a ato ou deliberação da massa, fazer declarações de crédito e
condição. receber intimações independentemente de poderes especi-
3° As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão ais. A procuração com cláusula ad judicia confere ao procu-
atendidas, se as obrigações neles estipuladas se venceram rador os poderes previstos na Lei processual civil.
em virtude da falência. Art. 32. São considerados representantes dos credores na
Art. 26. Contra a massa não correm juros, ainda que estipu- falência:
lados forem, se o ativo apurado não bastar para o pagamen- I - os administradores, gerentes ou liquidantes das socieda-
to do principal. des e prepostos com poderes de administração geral;
Parágrafo único. Excetuam-se desta disposição os juros II - os procuradores ad negotia , embora sem poderes espe-
das debêntures e dos créditos com garantia real, mas por cificados para falência;
eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que III - o eLeito pela assembléia geral dos debenturistas;
constituem a garantia. IV - os representantes de incapazes e o inventariante.
Art. 27. O credor de obrigação solidária concorrerá pela Art. 33. Se não forem integralmente pagos pelos bens do
totalidade do seu crédito às massas dos respectivos coobri- falido e dos sócios de responsabilidade solidária os credo-
gados falidos, até ser integralmente pago. res terão, encerrada a falência, o direito de executar os
1° Os rateios distribuídos serão anotados no respectivo devedores pelos saldos de seus créditos observado o dis-
título pelos síndicos das massas, e o credor comunicará às posto no art. 133.
outras o que de alguma recebeu. Seção Segunda Dos efeitos quanto à pessoa do falido
2° O credor que, indevida e maliciosamente, receber algu- Art. 34. A declaração da falência impõe ao falido as seguin-
ma quantia dos coobrigados solventes ou das massas dos tes obrigações:
coobrigados falidos, fica obrigado a restituir em dobro, além I - assinar nos autos, desde que tenha notícia da sentença
de pagar perdas e danos. declaratória, termo de comparecimento, com a indicação do
Art. 28. As massas dos coobrigados falidos não têm ação nome, nacionalidade, estado civil, rua e número da residên-
regressiva umas contra as outras. Se, porém, o credor ficar cia, devendo ainda declarar, para constar do dito termo:
integralmente pago por uma ou por diversas massas coobri- a) as causas determinantes da falência, quando pelos cre-
gadas, as que houverem pago terão direito regressivo con- dores requerida;
tra as demais, em proporção à parte que pagaram e àquela
b) se tem firma inscrita, quando a inscreveu, exibindo a
que cada uma tinha a seu cargo.
prova;
Parágrafo único. Se os dividendos que couberem ao cre-
c) tratando-se de sociedade, os nomes e residências de
dor em todas as massas coobrigadas, excederem da impor-
todos os sócios, apresentando o contrato, se houver, bem
tância total do crédito, o excesso entrará para as massas na
como a declaração relativa à inscrição da firma, se for caso;
proporção acima referida. Se os coobrigados eram garantias
uns dos outros, aquele excesso pertencerá, conforme a d) o nome do contador ou guarda-livros encarregado da
escrituração dos seus livros comerciais;
ordem das obrigações, às massas dos coobrigados que
tiverem o direito de ser garantidas. e) os mandatos que porventura tenha outorgado, indicando
Art. 29. Os co-devedores solventes e os fiadores do falido e o seu objeto e o nome e endereço do mandatário;
do sócio solidário da sociedade falida, podem apresentar-se f) quais os seus bens imóveis, e quais os móveis, que não
na falência por tudo quanto houverem pago e também pelo se encontram no estabelecimento;
que mais tarde devam pagar, se o credor não pedir a sua g) se faz parte de outras sociedades, exibindo, no caso
inclusão na falência, observados, em qualquer caso, os afirmativo, o respectivo contrato;
preceitos legais que regem as obrigações solidárias. II - depositar em cartório, no ato de assinar o termo de com-
Art. 30. Aos credores que tenham apresentado a declara- parecimento, os seus livros obrigatórios, a fim de serem
ção de crédito de que trata o art. 82, ficam garantidos os entregues ao síndico, depois de encerrados por termos
direitos seguintes, desde o momento da declaração da fa- lavrados pelo escrivão e assinados pelo juiz;
lência: III - não se ausentar do lugar da falência, sem motivo justo e
autorização expressa do juiz, e sem deixar procurador bas-

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tante, sob as penas cominadas na Lei; quando a permissão Art. 40. Desde o momento da abertura da falência, ou da
para ausentar-se for pedida sob alegação de moléstia, o juiz decretação do seqüestro, o devedor perde o direito de ad-
designará o médico para o respectivo exame; ministrar os seus bens e deles dispor.
IV - comparecer a todos os atos da falência, podendo ser 1° Não pode o devedor, desde aquele momento, praticar
representado por procurador, quando ocorrerem motivos qualquer ato que se refira direta ou indiretamente, aos bens,
justos e obtiver licença do juiz; interesses, direitos e obrigações compreendidos na falência,
V - entregar sem demora todos os bens, livros, papéis e sob pena de nulidade, que o juiz pronunciará de ofício, in-
documentos ao síndico, indicando-lhe, para serem arreca- dependentemente de prova de prejuízo.
dados, os bens que porventura tenha em poder de terceiros; 2° Se, entretanto, antes da publicação da sentença declara-
VI - prestar, verbalmente ou por escrito, as informações tória da falência ou do despacho de seqüestro, o devedor
reclamadas pelo juiz, síndico, representante do Ministério tiver pago no vencimento título à ordem por ele aceito ou
Público e credores, sobre circunstâncias e fatos que inte- contra ele sacado, será válido o pagamento, se o portador
ressem à falência; não conhecia a falência ou o seqüestro, e se, conforme a
VII - auxiliar o síndico com zelo e lealdade; Lei cambial, não puder mais exercer utilmente os seus direi-
VIII - examinar as declarações de crédito apresentadas; tos contra os coobrigados.
IX - assistir ao levantamento e à verificação do balanço e Art. 41. Não se compreendem na falência os bens absolu-
exame dos livros; tamente impenhoráveis.
X - examinar e dar parecer sobre as contas do síndico. Parágrafo único. Serão arrecadados os livros, máquinas,
Art. 35. Faltando ao cumprimento de qualquer dos deveres utensílios e instrumentos necessários ou úteis ao exercício
que a presente Lei lhe impõe, poderá o falido ser preso por da profissão do falido, que não forem de módico valor.
ordem do juiz, de ofício ou a requerimento do representante Art. 42. A falência não atinge a administração dos bens
do Ministério Público, do síndico ou de qualquer credor. dotais e dos particulares da mulher e dos filhos do devedor.
Parágrafo único. A prisão não pode exceder de sessenta Seção Quarta Dos efeitos quanto aos contratos do fali-
dias, e do despacho que a decretar cabe agravo de instru- do
mento, que não suspende a execução da ordem. Art. 43. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falên-
Art. 36. Além dos direitos que esta Lei especialmente lhe cia e podem ser executados pelo síndico, se achar de con-
confere, tem o falido os de fiscalizar a administração da veniência para a massa.
massa, de requerer providências conservatórias dos bens Parágrafo único. O contraente pode interpelar o síndico,
arrecadados e o que for a bem dos seus direitos e interes- para que, dentro de cinco dias, declare se cumpre ou não o
ses, podendo intervir, como assistente, nos processos em contrato. A declaração negativa ou o silêncio do síndico,
que a massa seja parte ou interessada, e interpor os recur- findo esse prazo, dá ao contraente o direito à indenização,
sos cabíveis. cujo valor, apurado em processo ordinário, constituirá crédi-
Parágrafo único. Se, intimado ou avisado pela imprensa, to quirografário.
não comparecer ou deixar de intervir em qualquer ato da Art. 44. Nas relações contratuais abaixo mencionadas, pre-
falência, os atos ou diligências correrão à revelia, não po- valecerão as seguintes regras:
dendo em tempo algum sobre eles reclamar. I - o vendedor não pode obstar à entrega das coisas expe-
Art. 37. Ressalvados os direitos reconhecidos aos sócios didas ao falido e ainda em trânsito, se o comprador, antes
solidariamente responsáveis pelas obrigações sociais, as do requerimento da falência, as tiver revendido, sem fraude,
sociedades falidas serão representadas na falência pelos à vista das faturas e conhecimentos de transporte, entre-
seus diretores, administradores, gerentes ou liquidantes, os gues ou remetidos pelo vendedor;
quais ficarão sujeitos a todas as obrigações que a presente II - se o falido vendeu coisas compostas e o síndico resolver
Lei impõe ao devedor ou falido, serão ouvidos nos casos em não continuar a execução do contrato, poderá o comprador
que a Lei prescreve a audiência do falido, e incorrerão na pôr à disposição da massa as coisas já recebidas, pedindo
pena de prisão nos termos do art. 35. perdas e danos;
Parágrafo único. Cabe ao inventariante, nos termos deste III - não havendo o falido entregue coisa móvel que vendera
artigo, a representação do espólio falido. a prestações, e resolvendo o síndico não executar o contra-
Art. 38. O falido que for diligente no cumprimento dos seus to, a massa restituirá ao comprador as prestações recebidas
deveres, pode requerer ao juiz, se a massa comportar, que pelo falido;
lhe arbitre módica remuneração, ouvidos o síndico e o re- IV - a restituição de coisa móvel comprada pelo falido, com
presentante do Ministério Público. reserva de domínio do vendedor, dar-se-á, se o síndico
Parágrafo único. A requerimento do síndico ou de qualquer resolver não continuar a execução do contrato, de acordo
credor que alegue causa justa, ou de ofício, o juiz pode com o disposto no art. 344 e seus parágrafos do Código do
suprimir a remuneração arbitrada, que, de qualquer modo, Processo Civil; (refere-se ao CPC de 1939).
cessa com o início da liquidação. V - tratando-se de coisas vendidas a termo, que tenham
Seção Terceira Dos efeitos quanto aos bens do falido cotação em Bolsa ou mercado, e não se executando o con-
Art. 39. A falência compreende todos os bens do devedor trato pela efetiva entrega daquelas e pagamento do preço,
inclusive direitos e ações, tanto os existentes na época de prestar-se-á a diferença entre a cotação do dia do contrato e
sua declaração como os que forem adquiridos no curso do a da época da liquidação;
processo. VI - na promessa de compra e venda de imóveis, aplicar-se-
Parágrafo único. Declarada a falência do espólio será sus- á a legislação respectiva;
penso o processo do inventário, observando-se o disposto VII - se a locação do imóvel ocupado pelo estabelecimento
no parágrafo único do art. 37. do falido estiver sob o amparo do Decreto n° 24.150, de 20
de abril de 1934, somente poderá ser decretado o despejo

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se o atraso no pagamento dos alugueres e ceder de dois Seção Quinta Da revogação de atos praticados pelo
meses e o síndico, intimado, não purgar a mora dentro de devedor antes da falência
dez dias. Art. 52. Não produzem efeitos relativamente à massa, tenha
Art. 45. As contas correntes com o falido consideram-se ou não o contratante conhecimento do estado econômico do
encerradas no momento da declaração de falência, verifi- devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores:
cando-se o respectivo saldo. I - o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo
Art. 46. Compensam-se as dívidas do falido vencidas até o devedor dentro do termo legal da falência, por qualquer
dia da declaração da falência, provenha o vencimento da meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto
própria sentença declaratória ou da expiração do prazo do próprio título;
estipulado. II - o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado
Parágrafo único. Não se compensam: dentro do termo legal da falência, por qualquer forma que
I - os créditos constantes de título ao portador; não seja a prevista pelo contrato;
II - os créditos transferidos depois de decretada a falência, III - a constituição de direito real de garantia, inclusive a
salvo o caso de sucessão por morte; retenção, dentro do termo legal da falência, tratando-se de
III - os créditos, ainda que vencidos antes da falência, trans- dívida contraída antes desse termo; se os bens dados em
feridos ao devedor do falido, em prejuízo da massa, quando hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa rece-
já era conhecido o estado de falência, embora não judicial- berá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revoga-
mente declarado. da;
Art. 47. Durante o processo de falência fica suspenso o IV - a prática de atos a título gratuito, salvo os referentes a
curso de prescrição relativa a obrigações de responsabilida- objetos de valor inferior a Cr$1.000,00 desde dois anos
de do falido. antes da declaração da falência;
Art. 48. Se o falido fizer parte de alguma sociedade, como V - a renúncia a herança ou a legado, até dois anos antes
sócio solidário, comanditário ou cotista, para a massa falida da declaração da falência;
entrarão somente os haveres que na sociedade ele possuir VI - a restituição antecipada do dote ou a sua entrega antes
e forem apurados na forma estabelecida no contrato. Se do prazo estipulado no contrato antenupcial;
este nada dispuser a respeito, a apuração far-se-á judicial- VII - as inscrições de direitos reais, as transcrições de trans-
mente, salvo se, por Lei ou pelo contrato, a sociedade tiver ferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou
de liquidar-se, caso em que os haveres do falido, somente gratuito, ou a averbação relativa a imóveis, realizadas após
após o pagamento de todo o passivo da sociedade, entrarão a decretação do seqüestro ou a declaração da falência, a
para a massa. menos que tenha havido prenotação anterior; a falta de
Parágrafo único. Nos casos de condomínio de que partici- inscrição do ônus real dá ao credor o direito de concorrer à
pe o falido, deduzir-se-á do quinhão a este pertencente o massa como quirografário, e a falta da transcrição dá ao
que for devido aos outros condôminos em virtude daquele adquirente ação para haver o preço até onde bastar o que
estado. se apurar na venda do imóvel;
Art. 49. O mandato conferido pelo devedor, antes da falên- VIII - a venda, ou transferência de estabelecimento comer-
cia, acerca dos negócios que interessam à massa falida, cial ou industrial, feita sem o consentimento expresso ou o
continua em vigor até que seja revogado expressamente pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes,
pelo síndico, a quem o mandatário deve prestar contas. não tendo restado ao falido bens suficientes para solver o
Parágrafo único. Para o falido cessa o mandato ou comis- seu passivo, salvo se, dentro de trinta dias, nenhuma oposi-
são que houver recebido antes da falência, salvo os que ção fizeram os credores à venda ou transferência que lhes
versem sobre a matéria estranha a comércio. foi notificada; essa notificação será feita judicialmente ou
Art. 50. Os adicionais e os sócios de responsabilidade limi- pelo oficial do registro de títulos e documentos.
tada são obrigados a integralizar as ações ou cotas que Art. 53. São também revogáveis, relativamente à massa os
subscreveram para o capital, não obstante quaisquer restri- atos praticados com a intenção de prejudicar credores, pro-
ções, limitações ou condições estabele-cidas, nos estatutos, vando-se a fraude do devedor e do terceiro que com ele
ou no contrato da sociedade. contratar.
1° A ação para integralização pode ser proposta antes de Art. 54. Os bens devem ser restituídos à massa em espé-
vendidos os bens da sociedade e apurado o ativo, sem cie, com todos os acessórios, e, não sendo possível, dar-se-
necessidade de aprovar-se a insuficiência deste para o á a indenização.
pagamento do passivo da falência. § 1° A massa restituirá o que tiver sido prestado pelo con-
2° A ação pode compreender todos os devedores ou ser traente, salvo se do contrato ou ato não auferiu vantagem,
especial para cada devedor solvente. caso em que o contraente será admitido como credor quiro-
Art. 51. Nas sociedades comerciais que não revestirem a grafário.
forma anônima, nem a de comandita por ações, o sócio de § 2° No caso de restituição, o credor reassumirá o seu ante-
responsabilidade limitada que dela se despedir, retirando os rior estado de direito e participará dos rateios, se quirografá-
fundos que conferira para o capital, fica responsável, até o rio.
valor desses fundos, pelas obrigações contraídas e perdas § 3° Fica salva aos terceiros de boa fé a ação de perdas e
havidas até o momento da despedida, que será o arquiva- danos, a todo tempo contra o falido.
mento do respectivo instrumento no Registro do Comércio. Art. 55. A ação revocatória deve ser proposta pelo síndico,
Parágrafo único. A responsabilidade estabelecida neste mas se o não for dentro dos trinta dias seguintes à data da
artigo cessa nos termos do parágrafo único do art. 5º, será publicação do aviso a que se refere o art. 114 e seu pará-
apurado na forma do disposto no art. 6º. grafo, também poderá ser proposta por qualquer credor.
Parágrafo único. A ação pode ser proposta:

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I - contra todos os que figuraram no ato, ou que, por efeito 4° Até quarenta e oito horas após a publicação do aviso
dele, foram pagos, garantidos ou beneficiados; referido no art. 63, n° 1, qualquer interessado pode reclamar
II - contra os herdeiros ou legatários das pessoas acima contra a nomeação do síndico em desobediência a esta Lei.
indicadas; O juiz, atendendo às alegações e provas, decidirá dentro de
III - contra os terceiros adquirentes: vinte e quatro horas, e do despacho cabe agravo de instru-
a) se tiveram conhecimento, ao se criar o direito, da inten- mento.
ção do falido de prejudicar os credores; 5° Se o síndico nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á
b) se o direito se originou de ato mencionado no art. 52; no termo de que trata o art. 62 o nome de seu representan-
IV - contra os herdeiros ou legatários das pessoas indicadas te, que não poderá ser substituído sem licença do juiz.
no número anterior. Art. 61. A função de síndico é indelegável, podendo ele,
Art. 56. A ação revocatória correrá perante o juiz da falência entretanto, constituir advogado quando exigida a interven-
e terá curso ordinário. ção deste em juízo.
§ 1° A ação somente poderá ser proposta até um ano, a Parágrafo único. A massa não responde por quaisquer
contar da data da publicação do aviso a que se refere o art. honorários de advogados que funcionarem no processo da
114 e seu parágrafo. falência como procuradores do síndico.
§ 2° A apelação será recebida no efeito devolutivo, no caso Seção SEGUNDA Dos deveres e atribuições do síndico
do art. 52, e em ambos os efeitos, no caso do art. 53. Art. 62. O síndico, logo que nomeado, será intimado pesso-
§ 3° O juiz pode, a requerimento do síndico, ordenar, como almente, pelo escrivão, a assinar em cartório dentro de vinte
medida preventiva, na forma processual civil, o seqüestro e quatro horas, termo de compromisso de bem e fielmente
dos bens retirados do patrimônio do falido e em poder de desempenhar o cargo e de assumir todas as responsabili-
terceiros. dades inerentes à qualidade de administrador.
§ 4° Da decisão que ordenar ou indeferir liminarmente o Parágrafo único. No ato da assinatura desse termo, entre-
seqüestro, cabe agravo de instrumento. gará, em cartório, a declaração de seu crédito, em uma só
Art. 57. A ineficácia do ato pode também ser oposta como via, com os requisitos prescritos no art. 82. Se os títulos
defesa em ação ou execução, perdendo a massa o direito comprobatórios do crédito não estiverem em seu poder, dirá
de propor a ação de que trata o artigo anterior. onde se encontram, e junta-los-á à declaração no prazo a
Art. 58. A revogação do ato pode ser decretada, embora que alude o art. 14, parágrafo único, n° V.
para celebração dele houvesse precedido sentença execu- Art. 63. Cumpre ao síndico, além de outros deveres que a
tória, ou fosse conseqüência de transação ou de medida presente Lei lhe impõe:
assecuratória para garantia da dívida ou seu pagamento. I - dar a maior publicidade à sentença declaratória da falên-
Revogado o ato, ficará rescindida a sentença que o motivou. cia e avisar, imediatamente, pelo órgão oficial, o lugar e
hora em que, diariamente, os credores terão à sua disposi-
TÍTULO III DA ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA
ção os livros e papéis do falido e em que os interessados
Seção PRIMEIRA Do síndico serão atendidos;
Art. 59. A administração da falência é exercida por um sín- II - receber a correspondência dirigida ao falido, abri-la em
dico, sob a imediata direção e superintendência do juiz. presença deste ou de pessoa por ele designada, fazendo
Art. 60. O síndico será escolhido entre os maiores credores entrega daquela que se não referir a assunto de interesse
do falido, residentes ou domiciliados no foro da falência, de da massa;
reconhecida idoneidade moral e financeira. III - arrecadar os bens e livros do falido e tê-los sob a sua
§ 1° Não constando dos autos a relação dos credores, o juiz guarda, conforme se dispõe no título IV, fazendo as neces-
mandará intimar pessoalmente o devedor, se estiver pre- sárias averiguações, inclusive quanto aos contratos de loca-
sente, para apresentá-la em cartório dentro de duas horas, ção do falido, para os efeitos do art. 44, n° VII, e dos pará-
sob pena de prisão até trinta dias. grafos do art. 116;
§ 2° Se credores, sucessivamente nomeados, não aceita- IV - recolher, em vinte e quatro horas, ao estabelecimento
rem o cargo, o juiz, após a terceira recusa, poderá nomear que for designado nos termos do art. 209, as quantias per-
pessoa estranha, idônea e de boa fama, de preferência tencentes à massa, e movimentá-las na forma do parágrafo
comerciante. único do mesmo artigo;
§ 3° Não pode servir de síndico: V - designar, comunicando ao juiz, perito contador, para
I - o que tiver parentesco ou afinidade até o terceiro grau proceder ao exame da escrituração do falido, e ao qual
com o falido ou com os representantes da sociedade falida, caberá fornecer os extratos necessários à verificação dos
ou deles for amigo, inimigo ou dependente; créditos, bem como apresentar, em duas vias, o laudo do
II - o cessionário de créditos, que o for desde três meses exame procedido na contabilidade;
antes de requerida a falência; VI - chamar avaliadores, oficiais onde houver, para avalia-
III - o que, tenha exercido cargo de síndico em outra falên- ção dos bens, quando desta o síndico não possa desempe-
cia, ou de comissário em concordata preventiva, foi destituí- nhar-se;
do, ou deixou de prestar contas dentro dos prazos legais, ou VII - escolher para os serviços de administração os auxilia-
havendo-as prestado, as teve julgadas más; res necessários, cujos salários serão previamente ajusta-
IV - o que já houver sido nomeado pelo mesmo juiz síndico dos, mediante aprovação do juiz, atendendo-se aos traba-
de outra falência há menos de um ano, sendo, em ambos os lhos e à importância da massa;
casos, pessoa estranha à falência; VIII - fornecer, com presteza, todas as informações pedidas
V - o que, há menos de seis meses, recusou igual cargo em pelos interessados sobre a falência e administração da
falência de que era credor; massa, e dar extratos dos livros do falido, para prova, nas
verificações ou impugnações de crédito; os extratos mere-

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cerão fé, ficando salvo à parte prejudicada provar-lhes a Art. 65. Se o síndico não assinar o termo de compromisso
inexatidão; dentro de vinte e quatro horas após a sua intimação, não
IX - exigir dos credores, e dos prepostos que serviram com aceitar o cargo, renunciar, falecer, for declarado interdito,
o falido, quaisquer informações verbais ou por escrito; em incorrer em falência ou pedir concordata preventiva, o juiz
caso de recusa, o juiz, a requerimento do síndico, mandará designará substituto.
vir à sua presença essas pessoas, sob pena de desobedi- Art. 66. O síndico será destituído pelo juiz, de ofício, ou a
ência, e as interrogará, tomando-se os depoimentos por requerimento do representante do Ministério Público ou de
escrito; qualquer credor, no caso de exceder qualquer dos prazos
X - preparar a verificação e classificação dos créditos, pela que lhe são marcados nesta Lei, de infringir quaisquer ou-
forma regulada no título VI; tros deveres que lhe incumbem ou de ter interesses contrá-
XI - comunicar ao juiz, para os fins do art. 200, por petição rios aos da massa.
levada a despacho nas vinte e quatro horas seguintes ao § 1° O síndico e o representante do Ministério Público serão
vencimento do prazo do artigo 14, parágrafo único, n° V, o ouvidos antes do despacho do juiz, salvo quando a destitui-
montante total dos créditos declarados; ção tenha por fundamento excesso de prazo pelo síndico,
XII - apresentar em cartório, no prazo marcado no art. 103, caso em que será decretada em face da simples verificação
a exposição alí referida; do fato.
XIII - representar ao juiz sobre a necessidade da venda de § 2° Destituindo o síndico, o juiz nomeará o seu substituto, e
bens sujeitos a fácil deterioração ou de guarda dispendiosa; do despacho que decretar a destituição, ou deixar de fazê-
XIV - praticar todos os atos conservatórios de direitos e lo, cabe agravo de instrumento.
ações, diligenciar a cobrança de dívidas ativas e passar a Art. 67. O síndico tem direito a uma remuneração, que o juiz
respectiva quitação; deve arbitrar, atendendo à sua diligência, ao trabalho e à
XV - remir penhores e objetos legalmente retidos, com auto- responsabilidade da função e à importância da massa, mas
rização do juiz e em benefício da massa; sem ultrapassar de 6% até Cr$100.000,00; de 5% sobre o
XVI - representar a massa em juízo como autora, mesmo excedente até Cr$200.000,00; de 4% sobre o excedente até
em processos penais, como ré ou como assistente, contra- Cr$500.000,00; de 3% sobre o excedente até
tando, se necessário, advogado cujos honorários serão Cr$1.000.000,00; de 2% sobre o que exceder de
previamente ajustados e submetidos à aprovação do juiz; Cr$1.000.000,00.
XVII - requerer todas as medidas e diligências que forem § 1° A remuneração é calculada sobre o produto dos bens
necessárias para completar e indenizar a massa ou em ou valores da massa, vendidos ou liquidados pelo síndico.
benefício da sua administração, dos interesses dos credores Em relação aos bens que constituir em objeto de garantia
e do cumprimento das disposições desta Lei; real, o síndico perceberá comissão igual a que, em confor-
midade com a Lei, for devida ao depositário nas execuções
XVIII - transigir sobre dívidas e negócios da massa, ouvindo
judiciais.
o falido, se presente, e com licença do juiz;
§ 2° No caso de concordata, a percentagem não pode ex-
XIX - apresentar, depois da publicação do quadro geral de
ceder a metade das taxas estabelecidas neste artigo, e é
credores (art. 1996, § 2°) e do despacho que decidir o in-
calculada somente sobre a quantia a ser paga aos credores
quérito judicial (art. 109 e § 2°), e no prazo de cinco dias
quirografários.
contados da ocorrência que entre aquelas se verificar por
último, relatório em que: § 3° A remuneração será paga ao síndico depois de julga-
das suas contas.
a) exporá os atos da administração da massa, justificando
as medidas postas em prática; 4° Não cabe remuneração alguma ao síndico nomeado
contra as disposições desta Lei, ou que haja renunciado ou
b) dará o valor do passivo e o do ativo, analisando a nature-
sido destituído, ou cujas contas não tenham sido julgadas
za deste;
boas.
c) informará sobre as ações em que a massa seja interes-
5° Do despacho que arbitrar a remuneração cabe agravo de
sada, inclusive pedidos de restituição e embargos de tercei-
instrumento, interposto pelo síndico, credores ou falido.
ro;
Art. 68. O síndico responde pelos prejuízos que causar à
d) especificará os atos suscetíveis de revogação, indicando
massa, por sua má administração ou por infringir qualquer
os fundamentos legais respectivos;
disposição da presente Lei.
XX - promover a efetivação da garantia oferecida, no caso
Parágrafo único. A autorização do juiz, ou o julgamento
do parágrafo único do art. 181;
das suas contas, não isentam o síndico de responsabilidade
XXI - apresentar, até o dia dez de cada mês seguinte ao civil e penal, quando não ignorar o prejuízo que do seu ato
vencido, sempre que haja recebimento ou pagamento, conta possa resultar para a massa ou quando infringir disposição
demonstrativa da administração que especifique com clare- da Lei.
za a receita e a despesa; a conta, rubricada pelo juiz, será
Art. 69. O síndico prestará contas da sua administração,
junta aos autos;
quando renunciar o cargo, for substituído ou destituído,
XXII - entregar ao seu substituto, ou ao devedor concordatá- terminar a liquidação, ou tiver o devedor obtido concordata.
rio, todos os bens da massa em seu poder, livros e assentos
1° As contas, acompanhadas de documentos probatórios,
da sua administração, sob pena de prisão até sessenta dias.
serão prestadas em processo apartado, que se apensará,
Art. 64. Iniciada a liquidação (art. 114 e seu parágrafo úni-
afinal, aos autos da falência.
co), o síndico fica investido de plenos poderes para todos os
2° O escrivão fará publicar aviso de que as contas se a-
atos e operações necessárias à realização do ativo e ao
cham em cartório, durante dez dias, à disposição do falido e
pagamento do passivo da falência, conforme o disposto no
dos interessados, que poderão impugná-las.
título VIII.

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3° Decorrido o prazo do aviso, e realizadas as necessárias § 7° Os bens referidos no parágrafo anterior serão individu-
diligências, serão julgadas pelo juiz, ouvido o representante ados quanto possível. Em relação aos imóveis, o síndico, no
do Ministério Público, e, se houver impugnação, o síndico. prazo de quinze dias após a sua arrecadação, exibirá as
4° Da sentença cabe apelação. certidões do registro de imóveis, extraídas posteriormente à
5° O síndico será intimado a entrar, dentro de quarenta e declaração da falência, com todas as indicações que nele
oito horas, com qualquer alcance, sob pena de prisão até constarem.
sessenta dias. Art. 71. A arrecadação dos bens particulares do sócio soli-
6° Na sentença que reconhecer o alcance, o juiz pode orde- dário será feita ao mesmo tempo que a dos bens da socie-
nar o seqüestro de bens do síndico, para assegurar indeni- dade, levantando-se inventário especial de cada uma das
zação da massa, prosseguindo a execução, na forma da massas.
Lei. Art. 72. Os bens arrecadados ficarão sob a guarda do síndi-
7° Se o síndico não prestar contas dentro de dez dias após co ou de pessoa por este escolhida, sob a responsabilidade
a sua destituição ou substituição, ou após a homologação dele, podendo o falido ser incumbido da guarda de imóveis
da concordata, e de trinta dias após o término da liquidação, e mercadorias.
o juiz, a requerimento de qualquer interessado, determinará Art. 73. Havendo entre os bens arrecadados alguns de fácil
a sua intimação pessoal para que as preste no prazo de deterioração ou que se não possam guardar sem risco ou
cinco dias; decorrido o prazo sem serem prestadas, o juiz grande despesa, o síndico, mediante petição fundamentada,
expedirá contra o revel mandato de prisão até sessenta representará ao juiz sobre a necessidade da sua venda,
dias, ordenando que o seu substituto organize as contas, individuando os bens a serem vendidos.
tendo em vista o que aquele recebeu e o que, devidamente § 1° Ouvidos o falido e o representante do Ministério Públi-
autorizado, despendeu. co, o juiz, se deferir, nomeará Leiloeiro e mandará que
TÍTULO IV DA ARRECADAÇÃO E GUARDA DOS BENS, conste do alvará a discriminação dos bens.
LIVROS E DOCUMENTOS DO FALIDO § 2° O produto da venda será, pelo Leiloeiro, recolhido ao
Art. 70. O síndico promoverá, imediatamente após o seu estabelecimento designado para receber o dinheiro da mas-
compromisso, a arrecadação dos livros, documentos e bens sa (art. 209), juntando-se aos autos a nota do Leilão e a
do falido, onde quer que estejam, requerendo para esse fim segunda via do recibo do banco.
as providências judiciais necessárias. Art. 74. O falido pode requerer a continuação do seu negó-
§ 1° A arrecadação far-se-á com assistência do represen- cio; ouvidos o síndico e o representante do Ministério Públi-
tante do Ministério Público, convidado pelo síndico. Opondo- co sobre a conveniência do pedido, o juiz, se deferir, nome-
se o falido à diligência ou dificultando-a, o síndico pedirá ao ará, para geri-lo, pessoa idônea, proposta pelo síndico.
juiz o auxílio de oficiais de justiça. § 1° A continuação do negócio, salvo caso excepcional e a
§ 2° O síndico levantará o inventário e estimará cada um critério do juiz, somente pode ser deferida após término da
dos objetos nele contemplados, ouvindo o falido, consultan- arrecadação e juntada dos inventários aos autos da falên-
do faturas e documentos, ou louvando-se no parecer de cia.
avaliadores, se houver necessidade. § 2° O gerente, cujo salário, como os dos demais prepostos,
§ 3° O inventário será datado e assinado pelo síndico, pelo será contratado pelo síndico mediante aprovação do juiz,
representante do Ministério Público e pelo falido, se presen- ficará sob a imediata fiscalização do síndico e lançará os
te, podendo este apresentar, em separado, as observações assentos das operações em livros especiais, por este aber-
e declarações que julgar a bem dos seus interesses; se o tos, numerados e rubricados.
falido recusar a sua assinatura, far-se-á constar do auto a § 3° O gerente assinará, nos autos, termo de depositário
recusa. O auto será entregue em cartório até três dias após dos bens da massa que lhe forem entregues, e de bem e
a arrecadação. fielmente cumprir os seus deveres, prestando contas ao
§ 4° Os bens penhorados ou por outra forma apreendidos, síndico.
salvo tratando-se de ação ou execução que a falência não § 4° As compras e vendas serão a dinheiro de contado; em
suspenda, entrarão para a massa, cumprindo o juiz depre- casos especiais, concordando o síndico e o representante
car, a requerimento do síndico, às autoridades competentes, do Ministério Público, o juiz poderá autorizar compras para
a entrega deles. pagamento no prazo de trinta dias. As vendas, salvo autori-
§ 5° No mesmo dia em que iniciar a arrecadação, o síndico zação do juiz, não poderão ser efetuadas por preço inferior
apresentará os livros obrigatórios do falido ao juiz, para o ao constante da avaliação.
seu encerramento, caso este já não tenha sido feito nos § 5° O gerente recolherá, diariamente, ao estabelecimento
termos dos artigos 8º, parágrafo 3º, e 34º nº II. designado para receber o dinheiro da massa (art. 209), as
§ 6° Serão referidos no inventário: importâncias recebidas no dia anterior, e, no fim de cada
I - os livros obrigatórios e os auxiliares ou facultativos do semana, apresentará, para serem juntas aos autos, que se
falido, designando-se o estado em que se acham, número e formarão em separado:
denominação de cada um, páginas escrituradas, data do I - as relações das mercadorias adquiridas e vendidas e
início da escrituração e do último lançamento, e se os livros respectivos preços, caracterizando os negócios que, na
obrigatórios estão revestidos das formalidades legais; conformidade do parágrafo anterior, tiverem sido feitos a
II - dinheiro, papéis, documentos e demais bens do falido; prazo;
III - os bens do falido em poder de terceiro, a título de guar- II - a demonstração das despesas gerais correspondentes à
da, depósito, penhor ou retenção; semana, inclusive aluguel e salário de propostos.
IV - os bens indicados como propriedade de terceiros ou § 6° O juiz, a requerimento do síndico ou dos credores,
reclamados por estes, mencionando-se esta circunstância. ouvido o representante do Ministério Público, pode cassar a
autorização para continuar o negócio do falido.

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§ 7° Cessará a autorização se o falido não pedir concordata § 2° Se nem a própria coisa nem a subrogada existirem ao
no prazo do art. 178, ou, se o tiver feito, quando julgado, em tempo da restituição, haverá o reclamante o valor estimado,
primeira instância, o seu pedido. ou, no caso de venda de uma ou outra, o respectivo preço.
Art. 75. Se não forem encontrados bens para serem arreca- O pedido de restituição não autoriza, em caso algum, a
dados, ou se os arrecadados forem insuficientes para as repetição de rateios distribuídos aos credores.
despesas do processo, o síndico levará, imediatamente, o § 3° Quando diversos reclamantes houverem de ser satisfei-
fato ao conhecimento do juiz, que, ouvido o representante tos em dinheiro e não existir saldo bastante para o paga-
do Ministério Público, marcará por editais o prazo de dez mento integral, far-se-á rateio entre eles.
dias para os interessados requererem o que for a bem dos § 4° O reclamante pagará à massa as despesas que a coisa
seus direitos. reclamada ou o seu produto tiverem ocasionado.
§ 1° Um ou mais credores podem requerer o prosseguimen- Art. 79. Aquele que sofrer turbação ou esbulho na sua pos-
to da falência, obrigando-se a entrar com a quantia neces- se ou direito, por efeito da arrecadação ou do seqüestro,
sária às despesas, a qual será considerada encargo da poderá, se não preferir usar do pedido de restituição (art.
massa. 76), defender os seus bens por via de embargos de terceiro.
§ 2° Se os credores nada requererem, o síndico, dentro do § 1° Os embargos obedecerão à forma estabelecida na Lei
prazo de oito dias, promoverá a venda dos bens porventura processual civil.
arrecadados e apresentará o seu relatório, nos termos e § 2° Da sentença que julgar os embargos, cabe agravo
para os efeitos dos parágrafos 3º, 4º e 5º do art. 200. apelação, que pode ser interposta pelo embargante, pelo
§ 3° Proferida a decisão (art. 200, § 5°), será a falência en- falido, pelo síndico ou por qualquer credor, ainda que não
cerrada pelo juiz nos respectivos autos. contestante.
TÍTULO V DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DOS EM- TÍTULO VI DA VERIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS
BARGOS DE TERCEIRO CRÉDITOS
Art. 76. Pode ser pedida a restituição de coisa a arrecadada Seção PRIMEIRA Da verificação dos créditos
em poder do falido quando seja devida em virtude de direito Art. 80. Na sentença declaratória da falência, o juiz marcará
real ou de contrato. o prazo de dez dias, no mínimo, e de vinte, no máximo,
§ 1° A restituição pode ser pedida, ainda que a coisa já conforme a importância da falência e os interesses nela
tenha sido alienada pela massa. envolvidos, para os credores apresentarem as declarações
§ 2° Também pode ser reclamada a restituição das coisas e documentos justificativos dos seus créditos.
vendidas a crédito e entregues ao falido nos quinze dias Art. 81. O síndico, logo que entrar no exercício do cargo,
anteriores ao requerimento da falência, se ainda não aliena- expedirá circulares aos credores que constarem da escritu-
dos pela massa. ração do falido, convidando-os a fazer a declaração de que
Art. 77. O pedido de restituição deve ser cumpridamente trata o art. 82, no prazo determinado pelo juiz.
fundamentado e individuará a coisa reclamada. 1° As circulares, que podem ser impressas, conterão o texto
§ 1° O juiz mandará autuar em separado o requerimento e do art. 82 e serão remetidas pelo correio, sob registro, com
documentos que o instruírem, e ouvirá o falido e o síndico, recibo de volta. Os credores, conforme a distância em que
no prazo de três dias para cada um, valendo como contes- se acharem, podem ser convidados por telegrama.
tação a informação ou parecer contrário do falido ou do 2° O síndico é responsável por quaisquer prejuízos causa-
síndico. dos aos credores pela demora ou negligência no cumpri-
§ 2° O escrivão avisará aos interessados, pelo órgão oficial, mento desta obrigação, e somente se justificará exibindo o
que se acha em cartório o pedido, sendo-lhes concedido o certificado do registro do correio, ou o recibo da estação
prazo de cinco dias para apresentarem contestação. telegráfica, que provem ter feito, oportunamente, o convite.
§ 3° Havendo contestação e deferidas ou não as provas Art. 82. Dentro do prazo marcado pelo juiz, os credores
porventura requeridas, o juiz designará, dentro dos vinte comerciais e civis do falido e, em se tratando de sociedade,
dias seguintes, audiência de instrução e julgamento, que se os particulares dos sócios solidariamente responsáveis, são
realizará com observância do disposto no art. 95 e seus obrigados a apresentar, em cartório, declarações por escri-
parágrafos. to, em duas vias, com a firma reconhecida na primeira, que
§ 4° Da sentença do juiz podem apelar o reclamante, o fali- mencionem as suas residências ou as dos seus represen-
do, o síndico e qualquer credor, ainda que não contestante, tantes ou procuradores no lugar da falência, a importância
contando-se o prazo da data da mesma sentença. exata do crédito, a sua origem, a classificação que, por
§ 5° A sentença que negar a restituição, pode mandar incluir direito, lhes cabe, as garantias que lhes tiverem sido dadas,
o reclamante na classificação que, como credor, por direito e as respectivas datas, e que especifique, minuciosamente,
lhe caiba. os bens e títulos do falido em seu poder, os pagamentos
§ 6° Não havendo contestação, o juiz, ouvido o representan- recebidos por conta e o saldo definitivo na data da declara-
te do Ministério Público, e se nenhuma dúvida houver sobre ção da falência, observando-se o disposto no art. 25.
o direito do reclamante, determinará, em quarenta e oito 1° À primeira via da declaração, o credor juntará o título ou
horas, a expedição de mandado para a entrega da coisa títulos do crédito, em original, ou quaisquer documentos. Se
reclamada. os títulos comprobató-rios do crédito estiverem juntos a
§ 7° As despesas da reclamação, quando não contestada, outro processo, poderão ser substituídos por certidões de
são pagas pelo reclamante e, se contestada, pelo vencido. inteiro teor, extraídas dos respectivos autos.
Art. 78. O pedido de restituição suspende a disponibilidade 2° Diversos créditos do mesmo titular podem ser compreen-
da coisa, que será restituída em espécie. didos numa só declaração, especificando-se, porém, cada
§ 1° Se ela tiver sido subrogada por outra, será esta entre- um deles.
gue pela massa.

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3° O representante dos debenturistas será dispensado da 1° Cada impugnação será autuada em separado, com as
exibição de todos os títulos originais, quando fizer declara- duas vias da declaração e os documentos a ela relativos,
ção coletiva do crédito. para esse fim desentranhados dos autos das declarações
4° O escrivão dará sempre recibo das declarações de crédi- de crédito.
to e documentos recebidos. 2° Terão uma só autuação as diversas impugnações ao
Art. 83. À medida que for recebendo as declarações de mesmo crédito.
crédito, o escrivão entregará as segundas vias ao síndico e Art. 89. Para desistir da impugnação, o impugnante deverá
organizará, com as primeiras e documentos respectivos, os pagar as custas e despesas devidas. Não havendo outros
autos das declarações de crédito. impugnantes, o escrivão fará publicar, por conta do desis-
Art. 84. Ao receber a segunda via das declarações de crédi- tente, aviso aos interessados, de que, no prazo de cinco
to, o síndico exigirá do falido, ou, no caso do art. 34, III, de dias, poderão prosseguir na impugnação.
seu representante, informação por escrito sobre cada uma. Art. 90. Decorridos os cinco dias marcados no art. 87 os
À vista dessa informação, e dos livros, papéis e assentos do credores impugnados terão o prazo de três dias para con-
falido, e de outras diligências que se efetuarem, o síndico testar a impugnação, juntando os documentos que tiverem e
consignará por escrito o seu parecer, fazendo-o acompa- indicando outros meios de prova que reputem necessários.
nhar do estrato da conta do credor. Art. 91. Findo o prazo do artigo anterior, será imediatamen-
1° A informação do falido e é parecer do síndico serão da- te aberta vista ao representante do Ministério Público, dos
dos na segunda via de cada declaração, à qual serão juntos autos das declarações do crédito e das impugnações para
os extratos de contas e os documentos oferecidos pelo que, no prazo de cinco dias, dê o seu parecer.
falido e pelo síndico. Art. 92. Voltando os autos, o escrivão os fará imediatamen-
2° Quando a informação ou o parecer forem contrários à te conclusos ao juiz, que, no prazo de cinco dias:
legitimidade importância ou classificação do crédito, serão I - julgará os créditos não impugnados, e as impugnações
havidos como impugna-ção, para os efeitos dos parágrafos que entender suficientemente esclarecidas pelas alegações
1° e 2° do art. 88, podendo o falido ou o síndico indicar ou- e provas apresentadas pelas partes, mencionando, de cada
tras provas que julgarem necessárias, para demonstrar a crédito, o valor e a classificação;
verdade do alegado. II - proferirá, em cada uma das restantes impugnações,
Art. 85. Na declaração de crédito do síndico, o falido dará a despacho em que:
sua informação, por escrito, nos cinco dias seguintes ao da a) designará audiência de verificação de crédito, a ser reali-
entrega em cartório. zada dentro dos vinte dias seguintes, que não poderão ser
1° O síndico apresentará, dentro do prazo do art. 14, pará- ultrapassados, determinando, se houver necessidade, ex-
grafo único, V, para serem juntos aos autos das declarações pediente extraordinário para a sua realização;
de crédito, o extrato da sua conta nos livros do falido e os b) deferirá, ou não, as provas indicadas, determinando, de
títulos comprobatórios do seu crédito que, porventura, não ofício, as que entender convenientes e nomeando perito, se
tenha exibido (art. 62, parágrafo único). for o caso.
2° Nas vinte e quatro horas seguintes ao vencimento do Art. 93. Nomeado perito, os interessados, no prazo de três
prazo do artigo 14, parágrafo único, V, o síndico, em peti- dias, poderão apresentar em cartório, seus quesitos.
ções que contenha a relação dos credores que declararam Parágrafo único. O perito deverá apresentar o laudo, em
os seus créditos, requererá a nomeação de dois deles para cartório, até cinco dias antes da data marcada para a audi-
que, até o fim do prazo do art. 87, examinem o seu crédito, ência.
dando parecer na única via da respectiva declaração. Art. 94. Quarenta e oito horas antes de cada audiência de
Art. 86. Nos cinco dias seguintes ao decurso do prazo do verificação de crédito, o escrivão fará conclusos ao juiz os
art. 14, parágrafo único, V, o síndico entregará em cartório, autos da impugnação de crédito respectiva.
para serem juntos aos autos das declarações de crédito, as Art 95. A audiência de verificação de crédito será iniciada
segundas vias, pareceres e documentos respectivos, acom- pela realização das provas determinadas, que obedecerão à
panhados das seguintes relações: seguinte ordem: depoimentos do impugnante e do impug-
I - dos credores que declararam os seus créditos, dispostos nado, declarações do falido e inquirição de testemunhas.
na ordem determinada no art. 102 e seu parágrafo 1°, men- 1° Terminadas as provas, o juiz, dará a palavra, sucessiva-
cionando os seus domicílios, bem como o valor e a natureza mente, ao impugnante, ao impugnado e ao representante do
dos créditos; Ministério Público, se presente, pelo prazo de dez minutos
II - dos credores que não fizeram a declaração do art. 82, improrrogáveis para cada um, e em seguida proferirá sen-
mas constantes dos livros do falido, documentos atendíveis tença.
e outras provas, mencionados na mesma ordem e com as 2° A ausência de qualquer das partes ou dos seus procura-
mesmas indicações do n° I. dores, do falido, de testemunhas ou do representante do
Art. 87. Findo o prazo do artigo anterior, as declarações de Ministério Público, não impedirá o juiz de proferir a senten-
crédito poderão ser impugnadas, dentro dos cinco dias se- ça.
guintes, quanto à sua legitimidade, importância ou classifi- 3° o escrivão lavrará, sob ditado do juiz, ata que contenha o
cação. resumo do ocorrido na audiência e a sentença, sendo os
Parágrafo único. Têm qualidade para impugnar, todos os depoimentos tomados em apartado.
credores que declararam seu crédito e os sócios ou acionis- 4° A ata, assinada pelo juiz e pelo escrivão e, se presentes,
tas da sociedade falida. pelos procuradores e pelo representante do Ministério Pú-
Art. 88. A impugnação será dirigida ao juiz por meio de blico, será junta aos autos da impugnação, acompanhada
petição, instruída com os documentos que tenha o impug- dos depoimentos, assinados pelo juiz, escrivão e depoen-
nante, o qual indicará as outras provas consideradas neces- tes.
sárias.

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Art. 96. Na conformidade das decisões do juiz, o síndico mandará, na mesma sentença, que o escrivão tire cópia das
imediatamente organizará o quadro geral dos credores ad- peças principais dos autos e da sua sentença ou acórdão, a
mitidos à falência, mencionando as importâncias dos crédi- fim de ser, no prazo de dez dias, encaminhada ao represen-
tos e a sua classificação, na ordem estabelecida na art. 102 tante do Ministério Público, para os fins penais.
e seu parágrafo 1º. Seção SEGUNDA Da classificação dos créditos
1° Os credores particulares de cada um dos sócios solidá- Art. 102. Ressalvada, a preferência dos créditos dos em-
rios serão incluídos no quadro, em seguida aos credores pregados, por salários e indenizações trabalhistas, sobre
sociais, na mesma ordem. cuja legitimidade não haja dúvida, ou quando houver, em
2° O quadro, assinado pelo juiz e pelo síndico, será junto conformidade com a decisão que for proferida na Justiça do
aos autos da falência e publicado no órgão oficial dentro do Trabalho, e, depois deles, a preferência dos credores por
prazo de cinco dias, contados da data da sentença que haja encargos ou dívidas da massa (art. 124), a classificação dos
ultimado a verificação dos créditos. créditos, na falência, obedece à seguinte ordem:
Art. 97. Da sentença do juiz, na verificação do crédito, cabe I - créditos com direitos reais de garantia;
apelação ao prejudicado, ao síndico, ao falido e a qualquer II - créditos com privilégio especial sobre determinados
credor, ainda que não tenha sido impugnante. (Redação bens;
dada pela Lei nº 6.014, de 27 de dezembro de 1973). III - créditos com privilégio geral;
§ 1° A apelação, que não terá efeito suspensivo, pode ser IV - créditos quirografários.
interposta até 15 (quinze) dias depois daquele em que for
§ 1° Preferem a todos os créditos admitidos à falência, a
publicado o quadro geral dos credores, e será processada
indenização por acidente do trabalho e os outros créditos
nos autos da impugnação.
que, por Lei especial, gozarem essa prioridade.
§ 2° Se não for interposto recurso da decisão do juiz na
§ 2° Têm privilégio especial:
impugnação de crédito, os respectivos autos serão apensa-
I - os créditos a que o atribuírem as Leis civis e comerciais,
dos aos das declarações de crédito.
salvo disposição contrária desta Lei;
Art. 98. O credor que se não habilitar no prazo determinado
pelo juiz, pode declarar o seu crédito por petição em que II - os créditos por aluguer do prédio locado ao falido para
seu estabelecimento comercial ou industrial, sobre o mobili-
atenderá às exigências do artigo 82, instruindo-a com os
ário respectivo;
documentos referidos no parágrafo 1º do mesmo artigo.
§1° O juiz determinará a intimação pessoal do falido e do III - os créditos a cujos titulares a Lei confere o direito de
retenção, sobre a coisa retida; o credor goza, ainda, do
síndico, os quais, com observância do disposto no art. 84 e
direito de retenção sobre os bens móveis que se acharem
no prazo de três dias para cada um, se manifestarão sobre
o pedido, em seguida ao que o escrivão fará publicar aviso em seu poder por consentimento do devedor, embora não
para que os interessados apresentem, dentro do prazo de esteja vencida a dívida, sempre que haja conexidade entre
esta e a coisa retida, presumindo-se que tal conexidade,
dez dias, as impugnações que entenderem.
entre comerciantes, resulta de suas relações de negócios.
§2° Decorrido o prazo para impugnação dos interessados, o
escrivão fará vista dos autos ao representante do Ministério 3° Têm privilégio geral:
Público, que, no prazo de três dias, dará o seu parecer. I - os créditos a que o atribuírem as Leis civis e comerciais,
§3° Com parecer do representante do Ministério Público, os salvo disposição contrárias desta Lei;
autos serão conclusos ao juiz para os fins previstos no art. II - os créditos dos Institutos ou Caixas de Aposentadoria e
92, cabendo, da sentença que julgar o crédito, recurso de Pensões, pelas contribuições que o falido dever;
apelação, que não terá efeito suspensivo. 4° São quirografários os créditos que, por esta Lei, ou por
§4° Os credores retardatários não têm direitos aos rateios Lei especial não entram nas classes I, II e III deste artigo, os
anteriormente distribuídos. saldos dos créditos não cobertos pelo produto dos bens
Art. 99. O síndico ou qualquer credor admitido podem, até o vinculados ao seu pagamento.
encerramento da falência, pedir a exclusão, outra classifica- TÍTULO VII DO INQUÉRITO JUDICIAL
ção, ou simples retificação de quaisquer créditos nos casos Art. 103. Nas vinte o quatro horas seguintes ao vencimento
de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro do dobro do prazo marcado pelo juiz para os credores de-
essencial ou de documentos ignorados na época do julga- clararem os seus créditos (artigo 14, parágrafo único, n° V)
mento do crédito. o síndico apresentará em cartório, em duas vias, exposição
Parágrafo único. Esse pedido obedecerá ao processo ordi- circunstanciada, na qual, considerando as causas da falên-
nário, cabendo da sentença o recurso de apelação. cia, o procedimento do devedor, antes e depois da sentença
Art. 100. Os credores admitidos à falência, por sentença declaratória, e outros elementos ponderáveis, especificará,
passada em julgado, podem requerer a restituição dos do- se houver, os atos que constituem crime falimentar, indican-
cumentos que instruíram a sua declaração de crédito, nos do os responsáveis e, em relação a cada um, os dispositi-
quais o escrivão certificará o desentranhamento, mencio- vos penais aplicáveis.
nando a classificação e o valor com que o crédito foi admiti- § 1° Essa exposição, instruída com o laudo do perito encar-
do. regado do exame da escrituração do falido (art. 63, V), e
Parágrafo único. Os documentos que houverem instruído quaisquer documentos, concluirá, se for caso, pelo requeri-
declarações de crédito impugnadas, serão restituídos na mento de inquérito, exames e diligência destinados à apura-
forma prevista neste artigo, mas deles ficará traslado; se a ção de fatos ou circunstâncias que possam servir de funda-
impugnação tiver versado matéria de falsidade julgada pro- mento à ação penal (Código de Processo Penal, art. 509).
cedente, a restituição dos documentos somente se dará § 2° As primeiras vias da exposição e do laudo e os docu-
depois de julgada ou prescrita a ação penal. mentos formarão os autos do inquérito judicial e as segun-
Art. 101. O juiz ou tribunal que, por fundamento de fraude, das vias serão juntas aos autos da falência.
simulação ou falsidade, excluir ou reduzir qualquer crédito,

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Art. 104. Nos autos do inquérito judicial, os credores po- de que feito antes de seu provimento; e a concordata, uma
dem, dentro dos cinco dias seguintes ao da entrega da ex- vez concedida na pendência do recurso, prevalecerá até
posição do síndico, não só requerer o inquérito, caso o sín- sentença condenatória definitiva.
dico o não tenha feito, mas ainda alegar e requerer o que Art. 113. A rejeição da denúncia ou da queixa, observado o
entenderem conveniente à finalidade do inquérito pedido. disposto no art. 43, e seu parágrafo único, do Código de
Art. 105. Findo o prazo do artigo anterior, os autos serão Processo Penal, não impede o exercício da ação penal (art.
feitos, imediatamente, com vista ao representante do Minis- 194), quer esta se refira aos mesmos fatos nela argüidos,
tério Público, para que, dentro de três dias, opinando sobre quer a fatos destes distintos.
a exposição do síndico, as alegações dos credores e os Parágrafo único. O recebimento da denúncia ou da queixa,
requerimentos que hajam apresentado, alegue e requeira o nesses casos, não obstará à concordata.
que for conveniente à finalidade do inquérito, ainda que este TÍTULO VIII DA LIQUIDAÇÃO
não tenha sido requerido pelo síndico ou por credor.
Seção PRIMEIRA Da realização do ativo
Art. 106. Nos cinco dias seguintes, poderá o falido contestar
as argüições contidas nos autos do inquérito e requerer o Art. 114. Apresentado o relatório do síndico (art. 63, XIX),
que entender conveniente. se o falido não pedir concordata, dentro do prazo a que se
Art. 107. Decorrido o prazo do artigo anterior, os autos se- refere o art. 178, ou se a que tiver pedido lhe for negado, o
rão imediatamente conclusos ao juiz, que, em quarenta e síndico, nas quarenta e oito horas seguintes, comunicará
oito horas, deferirá ou não as provas requeridas, designan- aos interessados, por aviso publicado no órgão oficial, que
do dia e hora para se realizarem as deferidas, dentro dos iniciará a realização do ativo e o pagamento do passivo.
quinze dias seguintes, que não poderão ser ultrapassados, Parágrafo único. Se tiver recebida a denúncia ou queixa
determinando expediente extraordinário, se necessário. (art. 109, § 2°), o síndico, nas quarenta e oito horas seguin-
Art. 108. Se não houver provas a realizar ou realizadas as tes à apresentação do relatório, providenciará a mesma
deferidas, os autos serão imediatamente feitos com vista ao publicação.
representante do Ministério Público, que, no prazo de cinco Art. 115. Publicado o aviso referido no artigo anterior e seu
dias, pedirá a sua apensação ao processo da falência ou parágrafo, os autos serão conclusos ao juiz para marcar o
oferecerá denúncia contra o falido e outros responsáveis. prazo da liquidação, iniciando imediatamente o síndico a
Parágrafo único. Se o representante do Ministério Público realização do ativo, com observância do que nesta Lei se
não oferecer denúncia, os autos permanecerão em cartório determina.
pelo prazo de três dias, durante os quais o síndico ou qual- Art. 116. A venda dos bens pode ser feita englobada ou
quer credor poderão oferecer queixa. separadamente.
Art. 109. Com a denúncia, ou, se esta não tiver sido ofere- § 1° Se o contrato de locação estiver protegido pelo Decreto
cida, decorrido o prazo do parágrafo único do artigo anterior, n° 24.150, de 20 de abril de 1934, o estabelecimento co-
haja ou não queixa, o escrivão fará, imediatamente, conclu- mercial ou industrial do falido será vencido na sua integrida-
são dos autos. O juiz, no prazo de cinco dias, se não tiver de, incluindo-se na alienação a transferência do mesmo
havido oferecimento de denúncia ou de queixa ou se não contrato.
receber a que tiver sido oferecida, determinará que os autos § 2° Verificada, entretanto, a inconveniência dessa forma de
sejam apensados ao processo da falência. venda, o síndico pode optar pela resolução do contrato e
§ 1° Não tendo sido oferecida queixa, o juiz, se considerar mandar vender separadamente os bens.
improcedentes as razões invocadas pelo representante do Art. 117. Os bens da massa serão vendidos em Leilão pú-
Ministério Público para não oferecer denúncia, fará remessa blico, anunciado com dez dias de antecedência, pelo me-
dos autos do inquérito judicial ao procurador geral, nos ter- nos, se se tratar de móveis, e com vinte dias, se de imóveis,
mos e para os fins do art. 28 do Código de Processo Penal. devendo estar a ele presente, sob pena de nulidade, o re-
A remessa será feita pelo escrivão, no prazo de quarenta e presentante do Ministério Público.
oito horas, e o procurador geral se manifestará no prazo de § 1° O Leiloeiro é da livre escolha do síndico, servindo, nos
cinco dias, contados do recebimento dos autos. lugares onde não houver Leiloeiro, o porteiro dos auditórios
§ 2° Se receber a denúncia ou a queixa, o juiz, em despa- ou quem suas vezes fizer. Quanto ao produto da venda,
cho fundamentado, determinará a remessa imediata dos observar-se-á o disposto no parágrafo 2º do art. 73.
autos ao juízo criminal competente para prosseguimento da § 2° O arrematante dará um sinal nunca inferior a vinte por
ação nos termos da Lei processual penal. cento; se não completar o preço, dentro em três dias, será a
§ 3° Antes da remessa dos autos ao juízo criminal, o escri- coisa levada a novo Leilão, ficando obrigado a prestar a
vão extrairá do despacho cópia que juntará aos autos da diferença porventura verificada e a pagar as despesas, além
falência. de perder o sinal que houver dado. O síndico terá, para
Art. 110. Recebida a denúncia ou queixa por fato verificável cobrança, ação executiva, devendo instruir a petição inicial
mediante simples inspeção nos livros do falido, ou nos au- com a certidão do Leiloeiro.
tos, e omitido na exposição do síndico, o juiz o destituirá por § 3° A venda dos imóveis independe de outorga uxória.
despacho proferido nos autos da falência. § 4° A venda de valores negociáveis na Bolsa será feita por
Art. 111. O recebimento da denúncia ou da queixa obstará, corretor oficial.
até sentença penal definitiva, a concordata suspensiva da Art. 118. Pode também o síndico preferir a venda por meio
falência (art. 177). de propostas, desde que a anuncie no órgão oficial e em
Parágrafo único. Na falência das sociedades, produzirá o outro jornal de grande circulação, durante trinta dias, inter-
mesmo efeito o recebimento da denúncia ou da queixa con- valadamente, chamando concorrentes.
tra seus diretores, administradores, gerentes ou liquidantes. 1° As propostas, encerradas em envelopes lacrados, devem
Art. 112. O recurso do despacho que não receber a denún- ser entregues ao escrivão, mediante recibo, e abertas pelo
cia ou a queixa, não obstará ao pedido de concordata, des- juiz, no dia e hora designados nos anúncios, perante o sín-

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dico e os interessados que comparecerem, lavrando o es- 2° Na assembléia, a que deve estar presente o síndico, o
crivão o auto respectivo, por todos assinado, e juntando as juiz presidirá os trabalhos, cabendo-lhe vetar as delibera-
propostas aos autos da falência. ções dos credores contrários às disposições desta Lei.
2° O síndico, em vinte e quatro horas, apresentará ao juiz a 3° As deliberações serão tomadas por maioria calculada
sua informação sobre as propostas, indicando qual a me- sobre a importância dos créditos dos credores presentes.
lhor. O juiz, ouvindo, em três dias, o falido e o representante No caso de empate, prevalecerá a decisão do grupo que
do Ministério Público, decidirá, ordenando, se autorizar a reunir maior número de credores.
venda, a expedição do respectivo alvará. 4° Nas deliberações relativas ao patrimônio social, somente
3° Os credores podem fazer as reclamações que entende- tomarão parte os credores sociais; nas que se relacionarem
rem, até o momento de subirem os autos à conclusão do com o patrimônio individual de cada sócio, concorrerão os
juiz. respectivos credores particulares e os credores sociais.
Art. 119. Os bens gravados com hipoteca serão levados a 5° Do ocorrido na assembléia, o escrivão lavrará ata que
Leilão na conformidade da Lei processual civil, notificado o conterá o nome dos presentes e será assinada pelo juiz. Os
credor, por despacho do juiz, sem prejuízo do disposto nos credores assinarão lista de presença que, com a ata, será
art. 821 e 822 do Código Civil. (corresponde, atualmente, ao junta aos autos da falência.
1.483, caput e parágrafo único do novo Código Civil). Art. 123. Qualquer outra forma de liquidação do ativo pode
1° Se o síndico, dentro de trinta dias, após a publicação do ser autorizada por credores que representem dois terços
aviso a que se refere o art. 114 e seu parágrafo, não notifi- dos créditos.
car o credor hipotecário do dia e hora em que se realizará a 1° Podem ditos credores organizar sociedade para continu-
venda do imóvel hipotecado, poderá o credor propor a ação ação do negócio do falido, ou autorizar o síndico a ceder o
competente e terá o direito de cobrar as multas que no con- ativo a terceiro.
trato tiverem sido estipuladas, para o caso de cobrança 2° O ativo somente pode ser alienado, seja qual for a forma
judicial. de liquidação aceita, por preços nunca inferiores aos da
2° Se a venda do imóvel for urgente, como nos caso do art. avaliação, feita nos termos do parágrafo 2º do artigo 70.
762, n° I, do Código Civil, o credor, justificando os fatos 3° A deliberação dos credores pode ser tomada em assem-
alegados, poderá pedir ao juiz a venda imediata do imóvel bléia, que se realizará com observância das disposições do
hipotecado. (refere-se ao 1.425, I do novo Código Civil). artigo anterior, exceto a do parágrafo 3º; pode ainda ser
3° Serão também levados a Leilão os bens dados em anti- reduzida a instrumento, público ou particular, caso em que
crese. será publicado aviso para ciência dos credores que não
Art. 120. Os bens que constituírem objeto de direito de re- assinaram o instrumento, os quais, no prazo de cinco dias,
tenção serão vendidos também em Leilão, sendo intimados podem impugnar a deliberação da maioria.
os possuidores para entregá-los ao síndico. 4° A deliberação dos credores dependem de homologação
1° Fica salvo ao síndico o direito de remir aqueles bens em do juiz e da decisão cabe agravo de instrumento, aplicando-
benefício da massa, se achar da conveniência desta. se ao caso o disposto no parágrafo único do artigo 17.
2° Os credores pignoratícios conservam o direito de mandar 5° Se a forma de liquidação adotada for de sociedade orga-
vender a coisa apenhada, se tal faculdade lhes foi conferida, nizada pelos credores, os dissidentes serão pagos, pela
expressamente, no contrato, prestando contas ao síndico. maioria, em dinheiro, na base do preço da avaliação dos
Se, porém, não tiverem ficado com tal faculdade, poderão bens, deduzidas as importâncias correspondentes aos en-
notificar o síndico para, dentro de oito dias, remir a coisa cargos e dívidas da massa.
dada em penhor; se o síndico não achar de conveniência Seção SEGUNDA Do pagamento aos credores da massa
para a massa a remissão da coisa, deverá notificar o credor Art. 124. Os encargos e dívidas da massa são pagos com
para que dela lhe faça entrega, na forma deste artigo. preferência sobre todos os créditos admitidos à falência
3° Se o síndico, dentro de dez dias, a contar da data do ressalvado o disposto no art. 125.
recebimento da coisa, não notificar o credor do dia e hora § 1° São encargos da massa:
do Leilão, poderá este propor contra a massa a ação com-
I - as custas judiciais do processo da falência, dos seus
petente, e terá o direito de cobrar as multas que, no contra-
incidentes e das ações em que a massa for vencida;
to, tiverem sido estipuladas para o caso de cobrança judici-
al. II - as quantias fornecidas à massa pelo síndico ou pelos
credores;
Art. 121. O síndico não pode, sem ordem judicial, cobrar
dívidas com abatimento, ainda que as considere de difícil III - as despesas com a arrecadação, administração, reali-
liquidação. zação do ativo e distribuição do seu produto, inclusive a
comissão de síndico;
Art. 122. Credores que representem mais de um quarto do
passivo habilitado, podem requerer ao juiz a convocação de IV - as despesas com a moléstia e o enterro do falido que
assembléia que delibere em termos precisos sobre o modo morrer na indigência, no curso do processo;
de realização do ativo, desde que não contrários ao dispos- V - os impostos e contribuições públicas a cargo da massa e
to na presente Lei, e sem prejuízo dos atos já praticados exigíveis durante a falência;
pelo síndico na forma dos artigos anteriores, sustando-se o VI - as indenizações por acidente do trabalho que, no caso
prosseguimento da liquidação ou o decurso de prazos até a de continuação de negócio do falido, se tenha verificado
deliberação final. nesse período.
1° A convocação dos credores será feita por edital, manda- § 2° São dívidas da massa:
do publicar pelo síndico, com a antecedência de oito dias, e I - as custas pagas pelo credor que requereu a falência;
do qual constarão lugar, dia e hora designados. II - as obrigações resultantes de atos jurídicos válidos, prati-
cados pelo síndico;

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III - as obrigações provenientes de enriquecimento indevido dos seus créditos, em cada uma as massas particulares dos
da massa. sócios, nas quais entrarão em rateio com os respectivos
§ 3° Não bastando os bens da massa para o pagamento de credores particulares.
todos os seus credores, serão pagos os encargos antes das Parágrafo único. Pelos bens apurados nos termos dos
dívidas, fazendo-se rateio, em cada classe, se necessário, artigos 5°, parágrafo único, e 51, serão pagos apenas os
sem prejuízo porém dos créditos de natureza trabalhista. créditos anteriores à retirada dos sócios.
Seção TERCEIRA Do pagamento aos credores da falên- Art. 129. Se a massa comportar o pagamento do principal e
cia dos juros, será restituída ao falido a sobra que houver.
Art. 125. Vendidos os bens que constituam objeto de garan- Art. 130. O juiz, a requerimento dos interessados, ordenará
tia real ou de privilégio especial, e descontadas as custas e a reserva, em favor destes, até que sejam decididas as suas
despesas da arrecadação, administração, venda, depósito reclamações ou ações, das importâncias dos créditos por
ou comissão do síndico, relativas aos mesmos bens, os cuja preferência pugnarem, ou dos rateios que lhes possam
respectivos credores receberão imediatamente a importân- caber.
cia dos seus créditos, até onde chegar o produto dos bens Parágrafo único. Se o interessado a favor do qual foi orde-
que asseguram o seu pagamento. nada a reserva, deixar correr os prazos processuais da
§ 1° O credor anticrético haverá, do produto da venda, o reclamação ou ação, sem exercer o seu direito, se não pre-
valor atual, à taxa de seis por cento ao ano, dos rendimen- parar os autos dentro de três dias depois de esgotado o
tos que pudesse receber em compensação da dívida. último prazo, se protelar ou criar qualquer embaraço ao
§ 2° Se não ficarem pagos do seu capital, e juros, esses processo, o juiz, a requerimento do síndico, considerará
credores serão incluídos, pelo saldo do capital, entre os sem efeito a reserva.
quirografários, independentemente de qualquer formalidade. Art. 131. Terminada a liquidação e julgadas as contas do
§ 3° A dívida proveniente de salários do trabalhador agrícola síndico (artigo 69), este, dentro de vinte dias, apre-sentará
será paga, antes dos créditos hipotecários, ou pignoratícios, relatório final da falência, indicando o valor do ativo e o do
pelo produto da colheita para a qual houver aquele concor- produto da sua realização, o valor do passivo dos pagamen-
rido com o seu trabalho. tos feitos aos credores, e demonstrará as responsabilidades
4° O produto da venda dos bens que constituam objeto de com que continuará o falido, declarando cada uma delas de
hipoteca de penhor industrial, agrícola ou pecuário, a favor per si.
de credores que ainda o tenham declarado os seus créditos, Parágrafo único. Findo o prazo sem a apresentação do
será retido pela massa até regular habilitação do crédito. A relatório, o juiz, a requerimento de qualquer interessado,
quantia retida distribuir-se-á como rateio final da liquidação, determinará a intimação pessoal do síndico para que o a-
se o credor, intimado pelo síndico, não declarar o seu crédi- presente no prazo de cinco dias; decorrido este sem apre-
to de dentro de dez dias. sentação o juiz destituirá o síndico e atribuirá ao represen-
Art. 126. Os credores com privilégio geral serão pagos logo tante do Ministério Público a incumbência de organizar o
que haja dinheiro em caixa. relatório no prazo marcado neste artigo.
Parágrafo único. Concorrendo credores privilegiados em Art. 132. Apresentado o relatório final, deverá o juiz encer-
igualdade de condições, serão pagos em rateio se o produto rar, por sentenças, o processo da falência.
dos bens não chegar para todos. 1° Salvo caso de força maior, devidamente provado, o pro-
Art. 127. Pagos os credores privilegiados, o síndico passará cesso da falência deverá estar encerrado dois anos depois
a satisfazer credores quirografários, distribuindo rateio todas do dia da declaração.
as vezes que o saldo em caixa bastar para um dividendo de 2° A sentença de encerramento será publicada por edital e
cinco por cento. dela caberá apelação.
1° A distribuição será comunicada por aviso publicado no 3° Encerrada a falência, os livros do falido serão entregues
órgão oficial e, se a massa comportar, em outro jornal de a este, subsistindo, quanto à sua conservação e guarda, as
grande circulação. obrigações decorrente das Leis em vigor. Pendente, porém,
2° Os pagamentos serão anotados nos respectivos títulos ação penal por crime falimentar, os livros ficarão em cartório
originais ou naqueles que houverem servido para a verifica- até que passe em julgado a respectiva sentença.
ção dos créditos e dele os credores passarão recibo. Art. 133. É título hábil, para execução do saldo (art. 33),
3° Os rateios não reclamados dentro de sessenta dias de- certidão de que conste a quantia por que foi admitido o cre-
pois da publicação do aviso serão depositados em nome e dor e por que causa, quanto pagou a massa em rateio e
por conta do credor, no estabelecimento designado para quanto ficou o falido a dever-lhe na data do encerramento
receber os dinheiros da massa (art. 209). da falência.
Art. 128. Concorrendo na falência credores sociais e credo- TÍTULO IX A EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
res particulares dos sócios solidários, observar-se-á o se- Art. 134. A prescrição relativa às obrigações do falido reco-
guinte: meça a correr no dia em que passar em julgado a sentença
I - os credores da sociedade serão pagos pelo produto dos de encerramento da falência.
bens sociais; Art. 135. Extingue as obrigações do falido:
II - havendo sobra, será rateada pelas diferentes massas I - o pagamento, sendo permitida a novação dos créditos
particulares dos sócios de responsabilidade solidária, na com garantia real;
razão proporcional dos seus respectivos quinhões no capital II - o rateio de mais de quarenta por cento, depois de reali-
social, se outra coisa não tiver sido estipulada no contrato zado todo o ativo, sendo facultado o depósito da quantia
da sociedade; necessária para atingir essa porcentagem, se para tanto
III - não chegando o produto dos bens sociais para paga- não bastou a integral liquidação da massa;
mento dos credores sociais, estes concorrerão, pelos saldos

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III - o decurso do prazo de cinco anos, contado a partir do parágrafo único, V, e, no caso de concordata suspensiva, o
encerramento da falência, se o falido, ou o sócio gerente da valor apurado no quadro geral dos credores.
sociedade falida, não tiver sido condenado por crime fali- Art. 142. No prazo do aviso do II do artigo 174, ou do edital
mentar; do art. 181, os credores podem opor embargos ao pedido
IV - o decurso do prazo de dez anos, contado a partir do de concordata, por petição fundamentada, em que indicarão
encerramento da falência, se o falido, ou o sócio gerente da as provas que entendam necessárias.
sociedade falida, tiver sido condenado a pena de detenção Art. 143. São fundamentos de embargos à concordata:
por crime falimentar; I - sacrifício dos credores maior do que a liquidação na fa-
Art. 136. Verificada a prescrição ou extintas as obrigações, lência ou impossibilidade evidente de ser cumprida a con-
nos termos dos artigos 134 e 135, o falido ou o sócio solidá- cordata, atendendo-se, em qualquer dos casos, entre outros
rio da sociedade falida pode requerer que seja declarada elementos, à proporção entre o valor do ativo e a percenta-
por sentença a extinção de todas as suas obrigações. gem oferecida;
Art. 137. O requerimento será autuado em separado, com II - inexatidão do relatório, laudo e informações do síndico,
os respectivos documentos, e publicado, por edital com o ou do comissário, que facilite a concessão da concordata;
prazo de trinta dias, no órgão oficial e em outro jornal de III - qualquer ato de fraude ou de má fé que influa na forma-
grande circulação. ção da concordata.
1° Dentro do prazo do edital, qualquer credor ou prejudicado Parágrafo único. Tratando-se de concordata preventiva,
pode opor-se ao pedido do falido. constituirá fundamento para os embargos a ocorrência de
2° Findo o prazo, o juiz, com audiência do falido, se tiver fato que caracterize crime falimentar.
havido oposição, e com a do representante do Ministério Art. 144. Decorrido o prazo sem apresentação de embar-
Público, tendo, cada um, cinco dias para falar, proferirá, em gos, será ouvido o representante do Ministério Público, no
igual prazo, a sentença. prazo de 5 (cinco) dias, e, a seguir, os autos serão imedia-
3° Se o requerimento for anterior ao encerramento da falên- tamente conclusos ao juiz, que proferirá sentença, conce-
cia (artigo 135, n° I), o juiz, ao declarar extintas as obriga- dendo ou negando a concordata pedida. (Redação dada
ções, encerrará a falência. pela Lei nº 8.131, de 24 de dezembro de 1990).
4° Da sentença cabe apelação. Parágrafo único. Havendo embargos, o devedor, nas 48
5° Passada em julgado a decisão, os autos serão apensa- (quarenta e oito) horas seguintes ao vencimento do prazo
dos aos da falência. dos mesmos, poderá apresentar contestação, indicando as
6° A sentença que declarar extintas as obrigações, será provas do alegado.
publicada por edital e comunicada aos mesmos funcionários Art. 145. Findo o prazo do parágrafo único do artigo anteri-
e entidades avisados da falência. or, os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que, em
Art. 138. Com a sentença declaratória da extinção de suas quarenta e oito horas, proferirá despacho, deferindo as pro-
obrigações, fica autorizado o falido a exercer o comércio, vas que entender e designando, para julgamento dos em-
salvo se tiver sido condenado ou estiver respondendo a bargos, audiência a ser realizada dentro dos dez dias se-
processo por crime falimentar, caso em que se observará o guintes, que não poderão ser ultrapassados, determinando,
disposto no art. 197. se houver necessidade, expediente extraordinário para a
TÍTULO X DAS CONCORDATAS sua realização.
Seção PRIMEIRA Disposições Gerais 1° A audiência de julgamento dos embargos será realizada
com observação do disposto no art. 95 e seus parágrafos,
Art. 139. A concordata é preventiva ou suspensiva, confor- devendo a sentença observar o disposto no parágrafo único
me for pedida em juízo antes ou depois da declaração da do art. 180, quando o julgamento versar concordatas pro-
falência. cessada conjuntamente.
Art. 140. Não pode impetrar concor-data: 2.° Havendo um só embargante, a desistência dos embar-
I - o devedor que deixou de arquivar, registrar, ou inscrever gos fica sujeita ao disposto no art. 89.
no Registro do Comércio os documentos e livros indispen- Art. 146. Da sentença que conceder ou não a concordata,
sáveis ao exercício legal do comércio; os embargantes ou o devedor podem interpor agravo de
II - o devedor que deixou de requerer a falência no prazo do instrumento, contando-se o prazo da data da sentença.
art. 8°; Art. 147. A concordata concedida obriga a todos os credo-
III - o devedor condenado por crime falimentar, furto, roubo, res quirografários, comerciais ou civis, admitidos ou não ao
apropriação indébita, estelionato e outras fraudes, concor- passivo, residentes no país ou fora dele, ausentes ou em-
rência desleal, falsidade, peculato, contrabando, crime con- bargantes.
tra o privilégio de invenção ou marcas de indústria e comér- 1° Se o concordatário recusar o cumprimento da concordata
cio e crime contra a economia popular; a credor quirografário que se não habilitou, pode este acio-
IV - o devedor que há menos de cinco anos houver impetra- nar o devedor, pela ação que couber ao seu título, para
do igual favor ou não tiver cumprido concordata há mais haver a importância total da percentagem da concordata.
tempo requerida. 2° O credor quirografário excluído, mas cujo crédito tenha
Art. 141. O devedor que exerce individualmente o comércio sido reconhecido pelo concordatário, pode exigir deste o
é dispensado dos requisitos de ns. I e II do artigo antece- pagamento da percentagem da concordata, depois de terem
dente, se o seu passivo quirografário for inferior a cem ve- sido pagos todos os credores habilitados.
zes o maior salário mínimo vigente no país. Art. 148. A concordata não produz novação, não desonera
Parágrafo único. Para o efeito do disposto neste artigo, os coobrigados com o devedor, nem os fiadores deste e os
considerar-se-á, no caso de concordata preventiva, o valor responsáveis por via de regresso.
declarado pelo devedor na lista a que se refere o art. 159,

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Art. 149. Enquanto a concordata não for por sentença jul- importância total dos créditos admitidos, deduzidas as quan-
gada cumprida (art. 155), o devedor não pode, sem prévia tias que tiverem recebido na concordata. (Redação dada
autorização do juiz, ouvido o representante do Ministério pela Lei nº 7.274, de 10 de dezembro de 1984).
Público, alienar ou onerar seus bens imóveis ou outros su- 1° Se o concordatário houver pago a uns mais do que a
jeitos a cláusulas da concordata; outrossim, sem o consen- outros, aqueles terão de restituir o excesso à massa, se
timento expresso de todos os credores admitidos e sujeitos esta não preferir completar o pagamento aos outros, igua-
aos efeitos da concordata, não lhe é permitido vender ou lando todos.
transferir o seu estabelecimento. 2° É lícito aos credores posteriores à concordata por à dis-
Parágrafo único. Os atos praticados pelo concordatário posição dos credores anteriores a quantia necessária ao
com violação deste artigo, são ineficazes relativamente à pagamento da percentagem oferecida pelo devedor, para os
massa, no caso de rescisão da concordata. excluir da falência.
Art. 150. A concordata pode ser rescindida: 3° A rescisão não libera as garantias, pessoais ou reais, que
I - pelo não pagamento das prestações nas épocas devidas porventura, assegurem o cumprimento da concordata, mas
ou inadimplemento de qualquer outra obrigação assumida por estas somente se pagarão os credores anteriores.
pelo concordatário; Art. 154. Os credores posteriores à concordata, enquanto
II - pelo pagamento antecipado feito a uns credores, com esta não for julgada cumprida, estão sujeitos, para requerer
prejuízo de outros; a falência do concordatário, ao juízo da concordata, onde o
III - pelo abandono do estabelecimento; pedido será processado em apartado.
IV - pela venda de bens do ativo a preço vil; Parágrafo único. Na decretação da falência, o juiz observa-
V - pela negligência ou inação do concordatário na continu- rá o disposto no parágrafo 3° do art. 151, e a sentença pro-
ação do seu negócio; duzirá os mesmos efeitos da sentença de rescisão da con-
VI - pela incontinência de vida ou despesas evidentemente cordata, apensando-se os autos ao processo desta.
supérfluas ou desordenadas do concordatário; Art. 155. Pagos os credores, e cumpridas as outras obriga-
VII - pela condenação, por crime falimentar, do concordatá- ções assumidas pelo concordatário, deve este requerer ao
rio ou dos diretores, administradores, gerentes ou liquidan- juiz seja julgada cumprida a concordata, instruindo o seu
tes da sociedade em concordata. requerimento com as respectivas provas.
1° A falência ou a rescisão da concordata de sociedade em 1° O juiz mandará tornar público o requerimento, por edital,
que houver sócio solidário, importa a rescisão da concorda- no órgão oficial e em outro jornal de grande circulação, mar-
ta deste com os seus credores e particulares. cando o prazo de dez dias, para a reclamação dos interes-
2° A falência do sócio solidário ou a rescisão da sua con- sados.
cordata importa a rescisão da concordata da sociedade. 2° Findo o prazo, o juiz julgará cumprida ou não a concorda-
Art. 151. Pode requerer a rescisão da concordata qualquer ta, depois de ouvir o devedor se alguma reclamação tiver
credor admitido e sujeito aos seus efeitos. sido formulada, e o representante do Ministério Público.
1° Intimado o devedor e, no prazo de vinte e quatro horas, 3° Da sentença que julgar cumprida a concordata podem
contestado ou não o pedido, o juiz, procedendo, se neces- apelar os interessados que hajam reclamado. Da sentença
sário, a instrução sumária no prazo de três dias, proferirá a que a julgar não cumprida pode o concordatário agravar de
sentença. instrumento. (§ com redação determinada pela Lei n° 6.014,
de 27 de dezembro de 1973).
2° Se o pedido se fundar no n° I do artigo anterior, o con-
cordatário pode iludi-lo efetuando o pagamento ou cumprin- 4° A sentença que julgar cumprida a concordata declarará
do a obrigação; nos casos dos ns. II a VI e do parágrafo 2º, a extinção das responsabilidades do devedor e será publi-
pode evitar a rescisão depositando em juízo todas as pres- cada por edital.
tações, vencidas e vincendas, e cumprindo as outras obri- 5° A sentença que der por cumprida concordata suspensiva,
gações assumidas. encerrará a falência e será comunicada aos mesmos fun-
3° Na sentença que rescindir concordata preventiva, o juiz cionários e entidades dela avisados.
declarará a falência, observando o disposto no parágrafo 1º Seção SEGUNDA Da concordata preventiva
art. 162; na que rescindir concordata suspensiva, reabrirá Art. 156. O devedor pode evitar a declaração da falência,
falência, observando o disposto nos ns. V e VI do parágrafo requerendo ao juiz que seria competente para decretá-la,
único do art. 14 e ordenando que o síndico reassuma suas lhe seja concedida concordata preventiva.
funções. § 1° O devedor, no seu pedido, deve oferecer aos credores
Art. 152. Rescindida a concordata, a falência prosseguirá quirografários, por saldo de seus créditos, o pagamento
nos termos desta Lei, mas a realização do ativo será inicia- mínimo de:
da logo após a avaliação dos bens, para o que o síndico I - 50% (cinqüenta por cento), se for à vista;
providenciará a publicação do aviso referido no artigo 114. II - 60% (sessenta por cento), 75% (setenta e cinco por
Parágrafo único. Se a rescisão tiver sido de concordata cento), 90% (noventa por cento) ou 100% (cem por cento),
suspensiva: se a prazo, respectivamente, de 6 (seis), 12 (doze), 18 (de-
I - o síndico promoverá novo processo de inquérito judicial, zoito), ou 24 (vinte e quatro) meses, devendo ser pagos,
em conformidade com o disposto no título VII; pelo menos, dois quintos no primeiro ano, nas duas últimas
II - na aplicação da Seção V do Título II, a ineficácia dos hipóteses.
atos a que se referem os ns. I e II do art. 52 será declarada § 2° O pedido de concordata preventiva da sociedade não
quando praticados dentro dos três meses anteriores à sen- produz quaisquer alterações nas relações dos sócios, ainda
tença de rescisão. que solidários, com os seus credores particulares.
Art. 153. Os credores anteriores à concordata, independen- Art. 157. São representados no processo da concordata
temente de nova declaração, concorrerão à falência pela preventiva:

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I - O espólio do devedor, pelo inventariante, devidamente e despesas até a publicação do edital a que se refere o nº I
autorizado pelos herdeiros; do parágrafo 1° do artigo seguinte.
II - o devedor interdito, pelo seu curador; Art. 161. Cumpridas as formalidades do artigo anterior, o
III - a sociedade anônima, pelos seus diretores, de acordo escrivão fará, imediatamente, os autos conclusos ao juiz,
com a deliberação da assembléia dos acionistas; que, se o pedido não estiver formulado nos termos da lei,
IV - as demais sociedades, pelo sócio que tiver qualidade não vier devidamente instruído, ou quando estiver inequivo-
para obrigar a sociedade; camente caracterizada a fraude, declarará, dentro de 24
V - as sociedades em liquidação, pelo liquidante, devida- (vinte e quatro) horas, aberta a falência, observado o dis-
mente autorizado. posto no parágrafo único do art. 14 desta Lei. (Redação
Art. 158. Não ocorrendo os impedimentos enumerados no dada pela Lei nº 7.274, de 10 de dezembro de 1984).
art. 140, cumpre ao devedor satisfazer as seguintes condi- § 1° Estando em termos o pedido, o juiz determinará seja
ções: processado, proferindo despacho em que:
I - exercer regularmente o comércio há mais de dois anos; I - mandará expedir edital de que constem o pedido do de-
II - possuir ativo cujo valor corresponda a mais de cinqüenta vedor, a íntegra do despacho e a lista dos credores a que se
por cento do seu passivo quirografário; na apuração desse referem os incisos V e VI do parágrafo único do art. 159
ativo, o valor dos bens que constituam objeto de garantia, desta Lei, para que seja publicado no órgão oficial, nos
será computado tão somente pelo que exceder da impor- termos do § 2º do art. 206, e mantido no Cartório à disposi-
tância dos créditos garantidos; ção dos interessados;
III - não ser falido ou, se o foi, estarem declaradas extintas II - ordenará a suspensão de ações e execuções contra o
as suas responsabilidades; devedor, por créditos sujeitos aos efeitos da concordata;
IV - não ter título protestado por falta de pagamento. III - marcará, observado o disposto no art. 80 desta Lei,
prazo para os credores sujeitos aos efeitos da concordata
Art. 159. O devedor fundamentará a petição inicial expli-
que não constarem, por qualquer motivo, na lista a que se
cando, minuciosamente, o seu estado econômico e as ra-
referem os incisos V e VI do parágrafo único do art. 159,
zões que justificam o pedido.
apresentarem as declarações e documentos justificativos de
§ 1° A petição será instruída com os seguintes documentos: seus créditos;
I - prova de que não ocorre o impedimento do n° I do art. IV - nomeará comissário, com observância do disposto no
140; art. 60 e seus parágrafos;
II - prova do requisito exigido no n° I do artigo anterior; V - marcará prazo para que o devedor torne efetiva a garan-
III - contrato social, ou documento equivalente, em vigor; tia porventura oferecida.
IV - demonstrações financeiras referentes ao último exercí- § 2° Excluem-se da disposição do n° II do parágrafo anterior
cio social e as levantadas especialmente para instruir o as ações e execuções que não tiverem por objeto o cum-
pedido, confeccionadas com estrita observância da legisla- primento de obrigação liquida, cujos credores serão incluí-
ção societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: dos, se for o caso, na classe que lhes for própria, uma vez
a) balanço patrimonial; tornado líquido o seu direito.
b) demonstração de lucros ou prejuízos acumulados; Art. 162. O juiz decretará a falência, dentro de vinte e qua-
c) demonstração do resultado desde o último exercício soci- tro horas se, em qualquer momento do processo, houver
al; pedido do devedor ou ficar provado:
V - inventário de todos os bens e a relação das dívidas ati- I - existência de qualquer dos impedimentos enumerados no
vas; art. 140;
VI - lista nominativa de todos os credores, com domicílio e II - falta de qualquer das condições exigidas no art. 158;
residência de cada um, a natureza e o valor dos respectivos III - inexatidão de qualquer dos documentos mencionados
créditos; no parágrafo único do art. 159;
VII - outros elementos de informação, a critério do órgão do 1° Decretando a falência, o juiz proferirá a sentença em
Ministério Público. que:
§ 2° Às demonstrações financeiras especialmente levanta- I - observará o disposto no art. 14, parágrafo único, n°, I, II,
das para instruir o pedido aplicam-se, ainda, os preceitos III e VI;
dos §§ 2º, 4º e 5º do art. 176 e os dos artigos 189 a 200 da II - nomeará o síndico o comissário, salvo se houver motivos
Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, independente- para afastá-lo do cargo;
mente da forma societária do devedor. III - marcará prazo (art. 80) para que apresentem as decla-
§ 3° Às demonstrações financeiras referidas no inciso IV do rações e documentos justificativos dos seus créditos os
§ 1° deste artigo aplica-se a sistemática de correção mone- credores anteriores ao pedido da concordata não sujeitos
tária prevista na Lei nº 7.799, de 10 de julho de 1989, e, no aos seus efeitos, os posteriores ao mesmo pedido e, em se
caso das companhias abertas, a decorrente das normas tratando de sociedade, os credores particulares dos sócios
baixadas pela Comissão de Valores Mobiliários. solidários;
Art. 160. Com a petição inicial, o devedor apresentará os IV - ordenará as diligências previstas nos artigos 15 e 16.
livros obrigatórios, que serão encerrados pelo escrivão, por 2° Da decisão do juiz cabe agravo de instrumento.
termos assinados pelo juiz.
Art. 163. O despacho que manda processar a concordata
§ 1° O escrivão certificará nos autos a formalidade de en- preventiva determina o vencimento antecipado de todos os
cerramento dos livros, os quais ficarão depositados em créditos sujeitos aos seus efeitos. (Redação dada pela Lei
cartório para serem entregues ao devedor, se deferida a nº 8.131, de 24 de dezembro de 1990).
concordata.
Art. 164. Compensar-se-ão as dívidas vencidas nos termos
§ 2° No mesmo ato, o devedor depositará em mãos do es- prescritos no artigo 46 e seu parágrafo.
crivão, mediante recibo, a quantia necessária para as custas

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Art. 165. O pedido de concordata preventiva não resolve os passivo para os efeitos da exigência contida no n° II do art.
contratos bilaterais, que continuam sujeitos às normas do 158, as garantias porventura oferecidas e as probabilidades
direito comum. que tem o devedor de cumprir a concordata;
Parágrafo único. As contas correntes consideram-se en- b) o procedimento do devedor, antes e depois do pedido da
cerradas na data do despacho que manda processar a con- concordata, e, se houver, os atos revogáveis em caso de
cordata, verificando-se o saldo; entretanto, tendo em vista a falência e os que constituam crime falimentar, indicando os
natureza do contrato, o juiz poderá autorizar o movimento responsáveis bem como, em relação a cada um, os disposi-
da conta nos termos do artigo 167. tivos penais aplicáveis.
Art. 166. Ressalvadas as relações jurídicas decorrentes de Art. 170. O comissário tem direito a uma remuneração, que
contrato com o devedor, cabe na concordata preventiva o juiz deve arbitrar atendendo à sua diligência, ao trabalho,
pedido de restituição, com fundamento no art. 76, prevale- à responsabilidade da função e à importância da concorda-
cendo, para o caso do parágrafo 2º, a data do requerimento ta, calculando-a sobre o valor do pagamento prometido aos
da concordata. credores quirografários e sendo ela limitada à terça parte
Art. 167. Durante o processo da concordata preventiva, o das porcentagens previstas no artigo 67.
devedor conservará a administração dos seus bens e conti- 1° Não cabe remuneração alguma ao comissário nomeado
nuará, com o seu negócio, sob fiscalização do comissário. contra as disposições desta Lei, ou que haja renunciado ou
Não poderá, entretanto, alienar imóveis ou constituir garan- sido destituído.
tias reais, salvo evidente utilidade, reconhecida pelo juiz, 2° Do despacho que arbitrar a remuneração, cabe agravo
depois de ouvido o comissário. de instrumento, que poderá ser interposto pelo concordatá-
Art. 168. O comissário, logo que nomeado, será intimado rio e pelo comissário.
pessoalmente, pelo escrivão, para assinar em cartório, den- 3° Nos casos em que o comissário passe a exercer o cargo
tro de vinte e quatro horas, termo de bem e fielmente de- de síndico, perderá a remuneração regulada neste artigo,
sempenhar os deveres que a presente Lei lhe impõe. Ao cabendo-lhe a que é atribuída ao novo cargo.
assinar o termo, entregará em cartório a declaração do seu Art. 171. O comissário será substituído ou destituído nos
crédito, com observância do disposto no parágrafo único do mesmos casos em que o síndico, observando-se, respecti-
art. 62. vamente, o disposto nos arts. 65 e 66 e seus parágrafos.
Art. 169. Ao comissário incumbe: Art. 172. O devedor que requerer concordata preventiva
I - avisar, pelo órgão oficial, que se acha à disposição dos deve consentir, sob pena de seqüestro, que seus credores,
interessados, declarando o lugar e a hora em que será en- por si ou por seus contadores legalmente habilitados, lhe
contrado; examinem os livros e papéis, os apontamentos e as cópias
II - comunicar aos credores constantes da lista mencionada que entenderem, nos prazos e pela forma que forem esta-
nos incisos V e VI do parágrafo único do art. 159 desta Lei a belecidos pelo juiz.
data do ajuizamento da concordata, a natureza e o valor do Parágrafo único. Os credores, por sua vez, são obrigados
crédito, e proceder, quanto aos demais, pela forma regulada a fornecer ao juiz e ao comissário, ou a qualquer credor que
no art. 173; (redação determinada pela Lei nº 7.274, de 10 o requeira, informações precisas e a exibir os documentos
de dezembro de 1984). necessários e os seus livros, na parte relativa aos negócios
III - verificar a ocorrência dos fatos mencionados nos ns. I, II que tiverem com o devedor.
e III do art. 162, requerendo a falência se for o caso; Art. 173. Os créditos arrolados na lista a que se referem os
IV - fiscalizar o procedimento do devedor na administração incisos V e VI do parágrafo único do art. 159 desta Lei, não
dos seus haveres, enquanto se processa a concordata, sendo impugnados, consideram-se incluídos no quadro
visando, até o dia 10 de cada mês, seguinte ao vencido, geral de credores, independentemente de declaração e
conta demonstrativa, apresentada pelo concordatário, que verificação, no valor indicado pelo devedor. (Redação dada
especifique com clareza a receita e a despesa; a conta, pela Lei nº 7.274, de 10 de dezembro de 1984).
rubricada pelo juiz, será junta aos autos; § 1° Dentro do prazo de 20 (vinte) dias, contados da publi-
V - examinar os livros e papéis do devedor, verificar o ativo cação do edital a que se refere o inciso I do § 1º do art. 161
e o passivo e solicitar dos interessados as informações que desta Lei, o comissário, o Ministério Público, os credores, os
entender úteis; sócios ou os acionistas da concordatária podem impugnar
VI - designar perito contador, para os trabalhos referidos no crédito constante da lista mencionada no inciso VI do pará-
art. 63, V e, se necessário, chamar avaliadores que o auxili- grafo único do art. 159.
em, mediante salários contratados de acordo com o deve- § 2° Autuada em separado, a impugnação de que trata o
dor, ou, se não houver acordo, arbitrados pelo juiz; parágrafo anterior será processada, no que couber, nos
VII - averiguar e estudar quaisquer reclamações dos inte- termos dos artigos 88 e seguintes desta Lei, devendo o
ressados e emitir parecer sobre as mesmas; comissário oferecer parecer, instruído com o extrato da
VIII - verificar se o devedor praticou atos suscetíveis de conta do devedor.
revogação em caso de falência; § 3° A verificação dos créditos omitidos pelo concordatário
IX - promover a efetivação da garantia porventura oferecida será feita com observância do disposto na Seção I do Título
pelo devedor, recebendo-a, quando necessário, em nome VI desta Lei.
dos credores e com a assistência do representante do Mi- § 4° O quadro geral será elaborado pelo comissário e homo-
nistério Público; logado pelo juiz, com base na lista nominativa prevista no
X - apresentar em cartório, até cinco dias após a publicação inciso VI do parágrafo único do art. 159 desta Lei e nas
do quadro de credores, acompanhado do laudo do perito, sentenças proferidas em impugnações de créditos ou em
relatório circunstanciado em que examinará: declarações tempestivamente oferecidas.
a) o estado econômico do devedor, as razões com que tiver § 5° Não havendo declaração tempestiva ou impugnação, o
justificado o pedido, a correspondência entre o ativo e o juiz homologará a lista mencionada no inciso VI do parágra-

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fo único do art. 159 desta Lei e determinará a sua publica- conclusos ao juiz que decretará a falência, decisão de que
ção, como quadro geral, no prazo de 90 (noventa) dias, cabe agravo de instrumento sem efeito suspensivo.
contados da publicação do edital referido no inciso I do § 1º § 9° O depósito só poderá ser considerado, para efeito da
do art. 161. reforma da decisão, se, mesmo efetuado tardiamente, com-
Art. 174. Entregue o relatório do comissário (art. 169, n° X), preender correção monetária e os juros previstos no pará-
o escrivão, dentro de vinte e quatro horas: grafo único do art. 163 desta Lei.
I - se o devedor não tiver exibido, até então, prova do pa- Art. 176. Negando a concordata preventiva, o juiz declarará
gamento dos impostos relativos à profissão, federais, esta- a falência do devedor, proferindo sentença em que observa-
duais e municipais, e das contribuições devidas ao Instituto rá o disposto no art. 162, parágrafo 1º
ou Caixa de Aposentadoria e Pensões do ramo de indústria Parágrafo único. O síndico, logo após a arrecadação e
ou comércio a que pertencer, fará os autos conclusos ao avaliação dos bens, promoverá a publicação do aviso a que
juiz para que este, com observância do parágrafo 1° do art. alude o art. 114, e, em seguida, procederá à realização do
162 decrete a falência; ativo e pagamento do passivo, na conformidade do Título
II - se o devedor tiver cumprido aquela exigência, fará publi- VIII, ressalvada em benefício do devedor a disposição do
car no órgão oficial, aviso aos credores de que durante cin- parágrafo único do artigo 182.
co dias poderão opor embargos à concordata (arts. 142 a Seção TERCEIRA Da concordata suspensiva
146). Art. 177. O falido pode obter, observadas as disposições
Art. 175. O prazo para o cumprimento da concordata inicia- dos artigos 111 a 113, a suspensão da falência, requerendo
se na data do ingresso do pedido em juízo. (Redação dada ao juiz lhe seja concedida concordata suspensiva.
pela Lei nº 7.274, de 10 de dezembro de 1984). Parágrafo único. O devedor, no seu pedido, deve oferecer
§ 1° O devedor, sob pena de decretação da falência, deve- aos credores quirografários, por saldo de seus créditos, o
rá: pagamento mínimo de:
I - efetuar depósito, em dinheiro, das quantias que se vence- I - 35%, se for a vista;
rem antes da sentença que conceder a concordata, até o II - 50%, se for a prazo, o qual não poderá exceder de dois
dia imediato ao dos respectivos vencimentos, se a concor- anos, devendo ser pagos pelo menos dois quintos no pri-
data for a prazo; se à vista, efetuar igual depósito das quan- meiro ano.
tias correspondentes à percentagem devida aos credores
Art. 178. O pedido de concordata suspensiva será feito
quirografários, dentro dos 30 (trinta) dias seguintes à data
dentro dos cinco dias seguintes ao do vencimento do prazo
do ingresso do pedido em juízo;
para a entrega, em cartório, do relatório do síndico (art. 63,
II - pagar as custas e despesas do processo e a remunera- n° XIX).
ção devida ao comissário, dentro dos 30 (trinta) dias seguin-
Art. 179. O pedido de concordata de sociedade depende do
tes à data em que for proferida a sentença de concessão da
consentimento:
concordata;
I - de todos os sócios de responsabilidade solidária, nas
§ 2° O depósito realizado nos termos do parágrafo anterior
sociedades em nome coletivo, e em comandita simples ou
independe do quadro geral de credores e de cálculo do
por ações;
contador do juízo, cabendo ao concordatário efetuá-lo, a-
II - da unanimidade dos sócios, nas sociedades de capital e
tendendo à soma das seguintes parcelas:
indústria e por cotas de responsabilidade limitada;
I - créditos constantes da lista nominativa prevista nos inci-
III - da assembléia dos acionistas da sociedade anônima,
sos V e VI do parágrafo único do art. 159, desta Lei, ainda
pela forma regulada na Lei especial.
que pendente procedimento de impugnação;
Art. 180. O pedido de concordata de sociedade em que haja
II - créditos admitidos por sentença, mesmo sujeita a recur-
sócio solidário que exerça individualmente o comércio, deve
so.
ser acompanhado do pedido de concordata do sócio com os
§ 3° Na hipótese do § 1° deste artigo, a correção monetária
seus credores particulares, o qual está sujeito às mesmas
não incidirá sobre período anterior às datas dos depósitos.
condições estabelecidas no parágrafo único do art. 177.
§ 4° O juiz determinará que o valor referido no parágrafo
Parágrafo único. As concordatas serão processadas e
anterior seja depositado, no prazo de 24 (vinte e quatro)
julgadas conjuntamente, e nenhuma será concedida se
horas, em instituição financeira, à ordem judicial e em conta
qualquer delas tiver de ser negada.
que credite juros e correção monetária, cujo resultado rever-
Art. 181. Verificando que o pedido está formulado nos ter-
terá em favor dos credores, na proporção dos respectivos
créditos. mos desta Lei, o juiz mandará publicá-lo por edital que o
transcreva, intimando os credores de que durante cinco dias
§ 5° As parcelas depositadas, referentes a créditos posteri-
poderão opor embargos à concordata (arts. 142 a 146).
ormente excluídos, reverterão, com os respectivos juros e
Parágrafo único. Se o devedor tiver oferecido garantia para
correção monetária, a favor do concordatário.
assegurar o cumprimento da concordata, o juiz, no despa-
§ 6° Não efetuado o depósito no prazo e na forma prevista
cho, marcará prazo para que a mesma se efetive.
no inciso I do § 1°, sem prejuízo do disposto no § 7º, ambos
Art. 182. Negada a concordata, o síndico providenciará a
deste artigo, incidirá correção monetária, que será contada
publicação do aviso a que se refere o art. 114, para iniciar a
a partir do dia imediato ao do vencimento da prestação, se
for a prazo; se for à vista, a partir do trigésimo primeiro dia realização do ativo e pagamento do passivo.
subseqüente ao do ingresso do pedido em juízo. Parágrafo único. O juiz, mediante requerimento fundamen-
tado do devedor, ouvidos o síndico e o representante do
§ 7° A correção monetária incidirá nos créditos que, por
qualquer motivo, não forem incluídos no depósito, observa- Ministério Público, pode permitir que, para a venda de de-
do o parágrafo anterior. terminados bens, se aguarde o julgamento do recurso a que
se refere o art. 146.
§ 8° Vencido o prazo a que se refere o inciso I do § 1° deste
artigo, sem que haja o depósito, o escrivão fará os autos

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Art. 183. Passada em julgado a sentença que conceder a Art. 188. Será punido o devedor com a mesma pena do
concordata, os bens arrecadados serão entregues ao con- artigo antecedente, quando com a falência concorrer algum
cordatário, que readquirirá direito à sua livre disposição, dos seguintes fatos:
com as restrições estabelecidas no artigo 149; se a concor- I - simulação de capital para obtenção de maior crédito;
data for de sociedade em que haja sócio solidário não co- II - pagamento antecipado de uns credores em prejuízo de
merciante, este receberá, ao mesmo tempo, os bens que outros;
lhe pertençam, readquirindo idêntico direito, sem outras III - desvio de bens, inclusive pela compra em nome de
restrições que as das cláusulas da concordata. terceira pessoa, ainda que cônjuge ou parente;
Parágrafo único. O prazo para o cumprimento da concor- IV - simulação de despesas, de dívidas ativas ou passivas e
data inicia-se na data em que passar em julgado a mesma de perdas;
sentença, devendo o concordatário, dentro dos trinta dias V - perdas avultadas em operações de puro acaso, como
seguintes a essa data e sob pena de reabertura da falência: jogos de qualquer espécie:
I - pagar os encargos e dívidas da massa e os créditos com VI - falsificação material, no todo ou em parte, da escritura-
privilégio geral; ção obrigatória ou não, ou alteração da escrituração verda-
II - exibir a prova das quitações referidas no n° I do art. 174; deira;
III - pagar a porcentagem devida aos credores quirografá- VII - omissão, na escrituração obrigatória ou não, de lança-
rios, se a concordata for a vista. mento que dela devia constar, ou lançamento falso ou di-
Art. 184. Aos credores particulares de sócio solidário não verso do que nela devia ser feito;
comerciante de sociedade em concordata, será passada, VIII - destruição, inutilização ou supressão, total ou parcial,
para executarem o seu devedor, carta de sentença que dos livros obrigatórios;
contenha, além da íntegra da sentença declaratória da fa- IX - ser o falido Leiloeiro ou corretor.
lência ou do despacho que reconheceu o devedor como
Art. 189. Será punido com reclusão de um a três anos:
sócio solidário, indicação da quantia pela qual o credor foi
admitido e por que causa e o teor da sentença que conce- I - qualquer pessoa, inclusive o falido, que ocultar ou desviar
deu a concordata da sociedade. bens da massa;
Art. 185. O falido que não tenha pedido concordata na opor- II - quem quer que, por si ou interposta pessoa, ou por pro-
tunidade referida no art. 178, pode fazê-lo a qualquer tem- curador, apresentar, na falência ou na concordata preventi-
po, mas o seu pedido e respectivo processo não interrom- va, declarações ou reclamações falsas, ou juntar a elas
pem, de modo algum, a realização do ativo e o pagamento títulos falsos ou simulados;
do passivo. III - o devedor que reconhecer como verdadeiros créditos
falsos ou simulados;
TÍTULO XI DOS CRIMES FALIMENTARES
IV - o síndico que der informações, pareceres ou extratos
Art. 186. Será punido o devedor com detenção, de seis dos livros do falido inexatos ou falsos, ou que apresentar
meses a três anos, quando concorrer com a falência algum exposição ou relatórios contrários à verdade.
dos seguintes fatos:
Art. 190. Será punido com detenção, de um a dois anos, o
I - gastos pessoais, ou de família, manifestamente excessi- juiz, o representante do Ministério Público, o síndico, o peri-
vos em relação ao seu cabedal; to, o avaliador, o escrivão, o oficial de justiça ou o Leiloeiro
II - despesas gerais do negócio ou da empresa injustificá- que, direta ou indiretamente, adquirir bens da massa, ou,
veis, por sua natureza ou vulto, em relação ao capital, ao em relação a eles, entrar em alguma especulação de lucro.
gênero do negócio, ao movimento das operações e a outras Art. 191. Na falência das sociedades, os seus diretores,
circunstâncias análogas; administradores, gerentes ou liquidantes são equiparados
III - emprego de meios ruinosos para obter recursos e retar- ao devedor ou falido, para todos os efeitos penais previstos
dar a declaração da falência, como vendas, nos seis meses nesta Lei.
a ela anteriores, por menos do preço corrente, ou a sucessi- Art. 192. Se o ato previsto nesta Lei constituir crime por si
va reforma de títulos de crédito; mesmo, independentemente da declaração da falência,
IV - abuso de responsabilidade de mero favor; aplica-se a regra do art. 51, § 1º, do Código Penal. (O art.
V - prejuízos vultosos em operações arriscadas, inclusive 51, § 1º, foi modificado pela Lei nº 7.209, de 11 de julho de
jogos de Bolsa; 1984).
VI - inexistência dos livros obrigatórios ou sua escrituração Art. 193. O juiz, de ofício ou a requerimento do representan-
atrasada, lacunosa, defeituosa ou confusa; te do Ministério Público, do síndico ou de qualquer credor,
VII - falta de apresentação do balanço, dentro de sessenta pode decretar a prisão preventiva do falido e de outras pes-
dias após à data fixada para o seu encerramento, à rubrica soas sujeitas a penalidade estabelecida na presente Lei.
do juiz sob cuja jurisdição estiver o seu estabelecimento Art. 194. A inobservância dos prazos estabelecidos no art.
principal. 108 e seu parágrafo único não acarreta decadência do direi-
Parágrafo único. Fica isento da pena nos casos dos ns. VI to de denúncia ou de queixa. O representante do Ministério
e VII deste artigo, o devedor que, a critério do juiz da falên- Público, o síndico ou qualquer credor podem, após o despa-
cia, tiver instrução insuficiente e explorar comércio exíguo. cho de que tratam o art. 109 e seu parágrafo 2°, e na con-
Art. 187. Será punido com reclusão por um a quatro anos, o formidade do que dispõem os artigos 24 e 62 do Código de
devedor que, com o fim de criar ou assegurar injusta vanta- Processo Penal, intentar ação penal por crime falimentar
gem para si ou para outrem, praticar, antes ou depois da perante o juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decla-
falência, algum ato fraudulento de que resulte ou possa rada a falência.
resultar prejuízo aos credores. Art. 195. Constitui efeito da condenação por crime falimen-
tar a interdição do exercício do comércio.

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Art. 196. A interdição torna-se efetiva logo que passe em § 7° Não pedida ou negada a concordata, ou recebida a
julgado a sentença, mas o seu prazo começa a correr do dia denúncia, o síndico iniciará, imediatamente, a realização do
em que termine a execução da pena privativa de liberdade. ativo e pagamento do passivo, na forma do título VIII.
Art. 197. A reabilitação extingue a interdição do exercício do Art. 201. A falência das empresas concessionárias de servi-
comércio, mas somente pode ser concedida após o decurso ços públicos federais, estaduais e municipais, não interrom-
de três ou de cinco anos, contados do dia em que termine a pe esses serviços, nem a construção das obras necessárias
execução, respectivamente, das penas de detenção ou de constantes dos respectivos contratos.
reclusão, desde que o condenado prove estarem extintas 1° Se, entretanto, a parte das obras em construção não
por sentença as suas obrigações. prejudicar o serviço regular na parte já construída e em
Art. 198. O requerimento de reabilitação será dirigido ao juiz funcionamento, o juiz, ouvida a autoridade administrativa
da condenação acompanhado de certidão de sentença de- competente, o síndico e os representantes da empresa
claratória da extinção das obrigações (art. 136). falida e atendendo aos contratos, aos recursos e vantagens
Parágrafo único. O juiz ouvirá o representante do Ministé- da massa e ao benefício público, pode ordenar a suspensão
rio Público e proferirá sentença, da qual, se negar a reabili- de tais obras.
tação, caberá recurso em sentido estrito. 2° Declarada a falência de tais empresas, a entidade admi-
Art. 199. A prescrição extintiva da punibilidade de crime nistrativa concedente será notificada para se fazer represen-
falimentar opera-se em dois anos. tar no processo e nomear o fiscal de que trata o parágrafo
Parágrafo único. O prazo prescricio-nal começa a correr da seguinte. A falta ou demora da nomeação do fiscal não
data em que transitar em julgado a sentença que encerrar a prejudica o andamento do processo da falência.
falência ou que julgar cumprida a concordata. 3° Os serviços públicos e as obras prosseguirão sob a dire-
TÍTULO XII DAS DISPOSIÇÕES ESPECIAIS ção do síndico, junto ao qual haverá um fiscal nomeado pela
entidade administrativa concedente. Esse fiscal será ouvido
Art. 200. A falência cujo passivo for inferior a cem vezes o
sobre todos os atos do síndico relativos àqueles serviços e
maior salário mínimo vigente no país será processada su-
obras, inclusive sobre a sua organização provisória e nome-
mariamente, na forma do disposto nos parágrafos seguin-
ação do pessoal técnico, e poderá examinar todos os livros,
tes.
papéis, escrituração e contas da empresa falida e do síndico
§ 1° Verificando, pela comunicação do síndico a que se e requerer o que for a bem dos interesses a seu cargo. A
refere o artigo 63, n° XI, que o montante do passivo decla- autoridade administrativa concedente dará ao seu fiscal as
rado pelos credores é inferior à quantia referida neste artigo, devidas instruções para a observância dos contratos, e as
o juiz mandará que os autos lhe sejam conclusos e neles divergências dele com o síndico serão decididas pelo juiz.
proferirá despacho em que:
4° Depende de autorização da autoridade administrativa
I - determinará que a falência seja processada sumariamen- concedente a transferência da concessão e direitos que
te, designando, dentro dos dez dias seguintes, dia e hora dela decorram.
para a audiência de verificação e julgamento dos créditos;
TÍTULO XIII DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
II - mandará que o síndico publique, imediatamente, no
órgão oficial, aviso aos credores que lhes dê ciência da sua Art. 202. Os pedidos de falência e os de concordata preven-
determinação e designação. tiva estão sujeitos a distribuição obrigatória, segundo a or-
§ 2° Na audiência, o síndico apresentará as segundas vias dem rigorosa da apresentação. Esses pedidos serão entre-
das declarações de crédito, com o seu parecer e informação gues, imediatamente, pelo distribuidor ao escrivão a quem
do falido, e o juiz, ouvindo os credores que tenham impug- houverem sido distribuídos.
nações a fazer e os impugnados, proferirá sentença de § 1° A distribuição do pedido previne a jurisdição para qual-
julgamento dos créditos, da qual, nos cinco dias seguintes, quer outro da mesma natureza, relativo ao mesmo devedor.
poderá ser interposto agravo de instrumento. A verificação de conta (artigo 1°, § 1°) e a execução (art. 2°,
§ 3° Nas quarenta e oito horas seguintes à audiência, o n° 1) não previnem a jurisdição para conhecimento do pedi-
síndico apresentará em cartório, em duas vias, relatório no do de falência contra o devedor.
qual exporá sucintamente a matéria contida nos artigos 103 § 2° As ações que devam ser propostas no juízo da falên-
e 63, n° XIX. cia, estão sujeitas à distribuição por dependência, para o
§ 4° A segunda via da relatório será junta aos autos da fa- efeito do registro.
lência, e com a primeira via e peças que o acompanhem, Art. 203. Os processos de falência e de concordata preven-
serão formados os autos do inquérito judicial, nos quais o tiva e dos seus incidentes preferem a todos os outros na
falido, nas quarenta e oito horas seguintes, poderá apresen- ordem dos feitos, em qualquer instância.
tar a contestação que tiver; decorrido esse prazo, os autos Art. 204. Todos os prazos marcados nesta Lei são peremp-
serão, imediatamente, feitos com vista ao representante do tórios e contínuos, não se suspendendo em dias feriados e
Ministério Público, que, no prazo de três dias, pedirá sejam nas férias, e correm em cartório, salvo disposição em con-
apensados ao processo da falência ou oferecerá denúncia trário, independentemente de publicação ou intimação.
contra o falido e demais responsáveis. Parágrafo único. Os prazos que devam ser contados das
§ 5° Com a promoção do representante do Ministério Públi- publicações referidas no artigo seguinte, correrão da data
co, os autos serão conclusos ao juiz, que, dentro de três da sua primeira inserção no órgão oficial.
dias, decidirá, observadas, no que forem aplicáveis, as dis- Art. 205. A publicação dos editais, avisos, anúncios e qua-
posições dos arts. 109 e 111. dro geral dos credores será feita por duas vezes, no órgão
§ 6° Não tendo havido denúncia ou rejeitada a que tiver sido oficial, da União ou dos Estados, e, quando for o caso, nos
oferecida, o devedor, nas quarenta e oito horas seguintes à órgãos oficiais dos Estados em que o devedor tenha filiais
sentença, pode pedir concordata, à qual os credores podem ou representantes, indicará o juízo e o cartório, e será pre-
opor-se, em igual prazo, decidindo o juiz, em seguida. cedida das epígrafes “Falência de...” ou “Concordata Pre-
ventiva de...”.

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§1° O escrivão certificará sempre, nos autos, a data da pri- qualquer tempo de examinar todos os livros, papéis e atos
meira publicação no órgão oficial. relativos à falência ou a concordata.
§2° Nas comarcas que não sejam as das capitais dos Esta- Art. 211. Os exames e verificações periciais de que trata
dos, ou Territórios, além da publicação determinada neste esta Lei, devem ser feitos por contadores habilitados na
artigo, os editais, avisos, anúncios, e quadro geral dos cre- forma da legislação em vigor. Onde não os houver, serão
dores serão afixados na sede do juízo; se na comarca hou- nomeadas pessoas de notória idoneidade, versadas na
ver jornal diário, essas publicações nele serão reproduzidas. matéria.
§3° Tratando-se de publicações que exijam larga divulga- Art. 212. Para a remuneração das pessoas referidas neste
ção, como a de venda dos bens da massa, o síndico pode, artigo observar-se-á o seguinte:
se a massa comportar, mandar reproduzi-las em outros I - o perito designado pelo síndico (art. 63, V), perceberá,
jornais do lugar e de fora. por todos os serviços que prestar, o salário que for arbitrado
Art. 206. As intimações serão feitas pessoalmente às partes pelo juiz, até o máximo de duas vezes o salário mínimo
ou ao seu representante legal ou procurador, por oficial de vigente no país; tratando-se de trabalho excepcional, o sín-
justiça ou pelo escrivão. dico poderá, se a massa comportar e o juiz autorizar, ajustar
§1° No Distrito Federal e nas capitais dos Estados, ou Terri- o salário do perito além daquele máximo;
tórios, as intimações serão feitas pela só publicação dos II - os peritos nomeados para a verificação de contas de que
atos no órgão oficial, salvo aquelas que, por preceito desta trata o art. 1°, parágrafo 1°, perceberão o salário máximo de
Lei, devam ser feitas pessoalmente. valor igual à metade do salário mínimo vigente na região
§2° Os Governos da União e dos Estados mandarão publi- para cada um;
car, gratuitamente, nos respectivos órgãos oficiais, no dia III - o depositário de que trata o § 4° do art. 12, perceberá a
seguinte ao da entrega dos originais, os despachos, intima- quarta parte das taxas estipuladas no regimento de custas
ções e notas de expediente dos cartórios. para os depositários judiciais, e nada perceberá se tiver sido
Art. 207. O processo e os prazos da apelação e do agravo o requerente da falência ou a pessoa sobre a qual tenha
de instrumento são os do Código de Processo Civil. recaído a nomeação de síndico;
§1° Em segunda instância, o relator terá o prazo de dez dias IV - o avaliador, oficial ou não, perceberá as custas na con-
para o exame dos autos, e, na sessão do julgamento, a formidade do estabelecido no respectivo regimento;
cada uma das partes será concedida a palavra pelo prazo V - o Leiloeiro não perceberá da massa, na venda dos bens
do dez minutos. desta, nenhuma comissão, cabendo-lhe, apenas, a comis-
§2° O acórdão proferido em recurso de agravo de instru- são que, na forma da Lei, for devida pelo comprador.
mento pode ser executado mediante certidão do julgado. Art. 213. Os créditos em moeda estrangeira serão converti-
Art. 208. Os processos de falência e de concordata preven- dos em moeda do País, pelo câmbio do dia em que for de-
tiva não podem parar por falta de preparo, o qual será feito clarada a falência ou mandada processar a concordata pre-
oportunamente incorrendo os escrivães que os tiverem pa- ventiva, e só pelo valor assim estabelecido serão conside-
rados por mais de vinte e quatro horas, em pena de sus- rados para todos os efeitos desta Lei.
pensão, imposta mediante requerimento de qualquer inte- TÍTULO XIV DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
ressado. Art. 214. Esta Lei entrará em vigor no dia 1 de novembro de
§1° Somente as custas devidas pela massa, e depois de 1945.
regularmente contadas nos autos pelo contador do juízo, Art. 215. Na sua aplicação será observado o disposto no
podem ser pagas pelo síndico. Entre aquelas custas se art. 2° e seu parágrafo do Código Penal e no art. 6° da Lei
incluem as relativas às contestações e impugnações do de Introdução ao Código Civil. (refere-se ao título primitivo
síndico e do falido. do Código Penal, alterado pela lei n° 7.29.1984).
§2° A massa não pagará custas a advogados dos credores Art. 216. A falência já declarada e a concordata preventiva
e do falido. já requerida, ao entrar em vigor esta Lei, obedecerão, quan-
§3° O escrivão que exceder qualquer dos prazos marcados to ao seu processo, à Lei anterior.
nesta Lei, perderá metade das custas vencidas até o prazo Art. 217. Revogam-se as disposições em contrário.
excedido, penalidade que, sem prejuízo de outras previstas Rio de Janeiro, 21 de junho do 1945, 124° da Independên-
em Lei, será imposta pelo juiz, a requerimento de qualquer cia e 57° da República.
interessado.
GETULIO VARGAS
Art. 209. As quantias pertencentes à massa devem ser
recolhidas ao Banco do Brasil ou à Caixa Econômica Fede-
ral, suas agências ou filiais. Se no lugar não houver essas DECRETO Nº 5.301 DE 9 DE DEZEMBRO DE 2004.
agências ou filiais, o juiz designará estabelecimento bancá-
rio de notória idoneidade. Onde não existir nenhum desses Regulamenta o disposto na Medida Provisória nº 228, de
estabelecimentos, os depósitos serão feitos em mãos do 9 de dezembro de 2004, que dispõe sobre a ressalva
síndico. prevista na parte final do disposto no inciso XXXIII do
Parágrafo único. As quantias depositadas não podem ser art. 5º da Constituição, e dá outras providências.
retiradas senão por meio de cheques nominativos, em que
será mencionado o fim a que se destina a retirada, assina- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que
dos pelo síndico e rubricados pelo juiz. lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em
Art. 210. O representante do Ministério Público, além das vista o disposto na Medida Provisória nº 228, de 9 dezem-
atribuições expressas na presente Lei, será ouvido em toda bro de 2004, DECRETA:
ação proposta pela massa ou contra esta. Caber-lhe-á o Art. 1º Este Decreto regulamenta a Medida Provisória nº
dever, em qualquer fase do processo, de requerer o que for 228, de 9 de dezembro de 2004, e institui a Comissão de
necessário aos interesses da justiça, tendo o direito em Averiguação e Análise de Informações Sigilosas.

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Art. 2º Nos termos da parte final do inciso XXXIII do art. 5º § 2º O interessado deverá especificar, de modo claro e obje-
da Constituição, o direito de receber dos órgãos públicos tivo, que informação pretende conhecer e qual forma de
informações de interesse particular, ou de interesse coletivo acesso requer, dentre as seguintes:
ou geral, só pode ser ressalvado no caso em que a atribui- I - vista de documentos;
ção de sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade II - reprodução de documentos por qualquer meio para tanto
e do Estado. adequado; ou
Art. 3º Os documentos públicos que contenham informa- III - pedido de certidão, a ser expedida pelo órgão consulta-
ções imprescindíveis à segurança da sociedade e do Estado do.
poderão ser classificados no mais alto grau de sigilo. § 3º O interessado não é obrigado a aduzir razões no reque-
Parágrafo único. Para os fins deste Decreto, entende-se rimento de informações, salvo a comprovação de seu efeti-
por documentos públicos qualquer base de conhecimento, vo interesse na obtenção da informação.
pertencente à administração pública e às entidades privadas Art. 6º Provocada na forma do art. 5º, a Comissão de Averi-
prestadoras de serviços públicos, fixada materialmente e guação e Análise de Informações Sigilosas decidirá pela:
disposta de modo que se possa utilizar para informação, I - autorização de acesso livre ou condicionado ao docu-
consulta, estudo ou prova, incluindo áreas, bens e dados. mento; ou
Art. 4º Fica instituída, no âmbito da Casa Civil da Presidên- II - permanência da ressalva ao seu acesso, enquanto for
cia da República, a Comissão de Averiguação e Análise de imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
Informações Sigilosas, com a finalidade de decidir pela apli-
Art. 7º O art. 7º do Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro de
cação da ressalva prevista na parte final do inciso XXXIII do
2002, em conformidade com o disposto no § 2º do art. 23 da
art. 5º da Constituição.
Lei nº 8.159, de 1991, passa a vigorar com a seguinte reda-
§ 1º A Comissão de Averiguação e Análise de Informações ção:
Sigilosas é composta pelos seguintes membros:
“Art. 7º Os prazos de duração da classificação a que se
I - Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da refere este Decreto vigoram a partir da data de produção do
República, que a coordenará; dado ou informação e são os seguintes:
II - Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança I - ultra-secreto: máximo de trinta anos;
Institucional da Presidência da República;
II - secreto: máximo de vinte anos;
III - Ministro de Estado da Justiça;
III - confidencial: máximo de dez anos; e
IV - Ministro de Estado da Defesa;
IV - reservado: máximo de cinco anos.
V - Ministro de Estado das Relações Exteriores;
Parágrafo único. Os prazos de classificação poderão ser
VI - Advogado-Geral da União; e prorrogados uma vez, por igual período, pela autoridade
VII - Secretário Especial dos Direitos Humanos da Presi- responsável pela classificação ou autoridade hierarquica-
dência da República. mente superior competente para dispor sobre a matéria.”
§ 2º Para o exercício de suas atribuições, a Comissão de Art. 8º O art. 6º, o parágrafo único do art. 9º e o art. 10 do
Averiguação e Análise de Informações Sigilosas poderá Decreto nº 4.553, de 2002, passam a vigorar com a seguin-
convocar técnicos e especialistas de áreas relacionadas te redação:
com a informação contida em documento público classifica- “Art. 6º ......................................
do no mais alto grau de sigilo, para sobre ele prestarem
I - Presidente da República;
esclarecimentos, desde que assinem termo de manutenção
de sigilo. II - Vice-Presidente da República;
§ 3º As decisões da Comissão de Averiguação e Análise de III - Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prer-
Informações Sigilosas serão aprovadas pela maioria absolu- rogativas;
ta de seus membros. IV - Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáuti-
§ 4º A Casa Civil da Presidência da República expedirá ca; e
normas complementares necessárias ao funcionamento da V - Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares perma-
Comissão de Averiguação e Análise de Informações Sigilo- nentes no exterior.
sas e assegurará o apoio técnico e administrativo indispen- § 1º Excepcionalmente, a competência prevista no caput
sável ao seu funcionamento. pode ser delegada pela autoridade responsável a agente
Art. 5º A autoridade competente para classificar o documen- público em missão no exterior.
to público no mais alto grau de sigilo poderá, após vencido o § 2º Além das autoridades estabelecidas no caput, podem
prazo ou sua prorrogação, previstos no § 2º do art. 23 da atribuir grau de sigilo:
Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, provocar, de modo I - secreto: as autoridades que exerçam funções de direção,
justificado, a manifestação da Comissão de Averiguação e comando, chefia ou assessoramento, de acordo com regu-
Análise de Informações Sigilosas para que avalie, previa- lamentação específica de cada órgão ou entidade da Admi-
mente a qualquer divulgação, se o acesso ao documento nistração Pública Federal; e
acarretará dano à segurança da sociedade e do Estado. II - confidencial e reservado: os servidores civis e militares,
§ 1º A decisão de ressalva de acesso a documento público de acordo com regulamentação específica de cada órgão ou
classificado no mais alto grau de sigilo poderá ser revista, a entidade da Administração Pública Federal.”
qualquer tempo, pela Comissão de Averiguação e Análise “Art. 9º .........................................
de Informações Sigilosas, após provocação de pessoa que Parágrafo único. Na reclassifi-cação, o novo prazo de du-
demonstre possuir efetivo interesse no acesso à informação ração conta-se a partir da data de produção do dado ou
nele contida. informação.”
“Art. 10. A desclassificação de dados ou informações nos
graus ultra-secreto, confidencial e reservado será automáti-

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ca após transcorridos os prazos previstos nos incisos I, II, III § 1º Considera-se, para os efeitos deste Decreto:
e IV do art. 7º, salvo no caso de sua prorrogação, quando I - pessoa portadora de deficiência, além daquelas previstas
então a desclassificação ocorrerá ao final de seu termo.” na Lei nº 10.690, de 16 de junho de 2003, a que possui
Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publica- limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade
ção. e se enquadra nas seguintes categorias:
Brasília, 9 de dezembro de 2004; 183º da Independência e a) deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou
116º da República. mais segmentos do corpo humano, acarretando o compro-
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA metimento da função física, apresentando-se sob a forma
de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, te-
DECRETO Nº 5.296 DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004. traplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, he-
miparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro,
paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade
Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e
2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que as que não produzam dificuldades para o desempenho de
especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que funções;
estabelece normas gerais e critérios básicos para a b) deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de
promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiogra-
deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras
ma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e
providências.
3.000Hz;
c) deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor cor-
que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e reção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual
tendo em vista o disposto nas Leis nos 10.048, de 8 de entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção
novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo
2000, Decreta: visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a
ocorrência simultânea de quaisquer das condições anterio-
CAPÍTULO I Disposições Preliminares res;
Art. 1º Este Decreto regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 d) deficiência mental: funcionamento intelectual significati-
de novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de vamente inferior à média, com manifestação antes dos de-
2000. zoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de
Art. 2º Ficam sujeitos ao cumprimento das disposições habilidades adaptativas, tais como:
deste Decreto, sempre que houver interação com a matéria 1. comunicação;
nele regulamentada: 2. cuidado pessoal;
I - a aprovação de projeto de natureza arquitetônica e urba- 3. habilidades sociais;
nística, de comunicação e informação, de transporte coleti- 4. utilização dos recursos da comunidade;
vo, bem como a execução de qualquer tipo de obra, quando 5. saúde e segurança;
tenham destinação pública ou coletiva; 6. habilidades acadêmicas;
II - a outorga de concessão, permissão, autorização ou habi- 7. lazer; e
litação de qualquer natureza; 8. trabalho;
III - a aprovação de financiamento de projetos com a utiliza- e) deficiência múltipla - associação de duas ou mais defici-
ção de recursos públicos, dentre eles os projetos de nature- ências; e
za arquitetônica e urbanística, os tocantes à comunicação e
II - pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se
informação e os referentes ao transporte coletivo, por meio
enquadrando no conceito de pessoa portadora de deficiên-
de qualquer instrumento, tais como convênio, acordo, ajus-
cia, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-
te, contrato ou similar; e
se, permanente ou temporariamente, gerando redução efe-
IV - a concessão de aval da União na obtenção de emprés- tiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e per-
timos e financiamentos internacionais por entes públicos ou cepção.
privados.
§ 2º O disposto no caput aplica-se, ainda, às pessoas com
Art. 3º Serão aplicadas sanções administrativas, cíveis e
idade igual ou superior a sessenta anos, gestantes, lactan-
penais cabíveis, previstas em lei, quando não forem obser- tes e pessoas com criança de colo.
vadas as normas deste Decreto.
§ 3º O acesso prioritário às edificações e serviços das insti-
Art. 4º O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Porta-
tuições financeiras deve seguir os preceitos estabelecidos
dora de Deficiência, os Conselhos Estaduais, Municipais e neste Decreto e nas normas técnicas de acessibilidade da
do Distrito Federal, e as organizações representativas de Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, no que
pessoas portadoras de deficiência terão legitimidade para não conflitarem com a Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983,
acompanhar e sugerir medidas para o cumprimento dos observando, ainda, a Resolução do Conselho Monetário
requisitos estabelecidos neste Decreto. Nacional nº 2.878, de 26 de julho de 2001.
CAPÍTULO II Do Atendimento Prioritário Art. 6º O atendimento prioritário compreende tratamento
Art. 5º Os órgãos da administração pública direta, indireta e diferenciado e atendimento imediato às pessoas de que
fundacional, as empresas prestadoras de serviços públicos trata o art. 5º.
e as instituições financeiras deverão dispensar atendimento § 1º O tratamento diferenciado inclui, dentre outros:
prioritário às pessoas portadoras de deficiência ou com I - assentos de uso preferencial sinalizados, espaços e ins-
mobilidade reduzida. talações acessíveis;

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II - mobiliário de recepção e atendimento obrigatoriamente com segurança e a possibilidade de as pessoas se comuni-
adaptado à altura e à condição física de pessoas em cadei- carem ou terem acesso à informação, classificadas em:
ra de rodas, conforme estabelecido nas normas técnicas de a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e
acessibilidade da ABNT; nos espaços de uso público;
III - serviços de atendimento para pessoas com deficiência b) barreiras nas edificações: as existentes no entorno e
auditiva, prestado por intérpretes ou pessoas capacitadas interior das edificações de uso público e coletivo e no entor-
em Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS e no trato com no e nas áreas internas de uso comum nas edificações de
aquelas que não se comuniquem em LIBRAS, e para pes- uso privado multifamiliar;
soas surdocegas, prestado por guias-intérpretes ou pessoas c) barreiras nos transportes: as existentes nos serviços de
capacitadas neste tipo de atendimento; transportes; e
IV - pessoal capacitado para prestar atendimento às pesso- d) barreiras nas comunicações e informações: qualquer
as com deficiência visual, mental e múltipla, bem como às entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expres-
pessoas idosas; são ou o recebimento de mensagens por intermédio dos
V - disponibilidade de área especial para embarque e de- dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam ou
sembarque de pessoa portadora de deficiência ou com mo- não de massa, bem como aqueles que dificultem ou impos-
bilidade reduzida; sibilitem o acesso à informação;
VI - sinalização ambiental para orientação das pessoas III - elemento da urbanização: qualquer componente das
referidas no art. 5º; obras de urbanização, tais como os referentes à pavimenta-
VII - divulgação, em lugar visível, do direito de atendimento ção, saneamento, distribuição de energia elétrica, ilumina-
prioritário das pessoas portadoras de deficiência ou com ção pública, abastecimento e distribuição de água, paisa-
mobilidade reduzida; gismo e os que materializam as indicações do planejamento
VIII - admissão de entrada e permanência de cão-guia ou urbanístico;
cão-guia de acompanhamento junto de pessoa portadora de IV - mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas
deficiência ou de treinador nos locais dispostos no caput do vias e espaços públicos, superpostos ou adicionados aos
art. 5º, bem como nas demais edificações de uso público e elementos da urbanização ou da edificação, de forma que
naquelas de uso coletivo, mediante apresentação da cartei- sua modificação ou traslado não provoque alterações subs-
ra de vacina atualizada do animal; e tanciais nestes elementos, tais como semáforos, postes de
IX - a existência de local de atendimento específico para as sinalização e similares, telefones e cabines telefônicas,
pessoas referidas no art. 5º. fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises, quiosques e
§ 2º Entende-se por imediato o atendimento prestado às quaisquer outros de natureza análoga;
pessoas referidas no art. 5º, antes de qualquer outra, depois V - ajuda técnica: os produtos, instrumentos, equipamentos
de concluído o atendimento que estiver em andamento, ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para
observado o disposto no inciso I do parágrafo único do art. melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de deficiên-
3º da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do cia ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia
Idoso). pessoal, total ou assistida;
§ 3º Nos serviços de emergência dos estabelecimentos VI - edificações de uso público: aquelas administradas por
públicos e privados de atendimento à saúde, a prioridade entidades da administração pública, direta e indireta, ou por
conferida por este Decreto fica condicionada à avaliação empresas prestadoras de serviços públicos e destinadas ao
médica em face da gravidade dos casos a atender. público em geral;
§ 4º Os órgãos, empresas e instituições referidos no caput VII - edificações de uso coletivo: aquelas destinadas às
do art. 5º devem possuir, pelo menos, um telefone de aten- atividades de natureza comercial, hoteleira, cultural, esporti-
dimento adaptado para comunicação com e por pessoas va, financeira, turística, recreativa, social, religiosa, educa-
portadoras de deficiência auditiva. cional, industrial e de saúde, inclusive as edificações de
Art. 7º O atendimento prioritário no âmbito da administração prestação de serviços de atividades da mesma natureza;
pública federal direta e indireta, bem como das empresas VIII - edificações de uso privado: aquelas destinadas à habi-
prestadoras de serviços públicos, obedecerá às disposições tação, que podem ser classificadas como unifamiliar ou
deste Decreto, além do que estabelece o Decreto nº 3.507, multifamiliar; e
de 13 de junho de 2000. IX - desenho universal: concepção de espaços, artefatos e
Parágrafo único. Cabe aos Estados, Municípios e ao Distrito produtos que visam atender simultaneamente todas as pes-
Federal, no âmbito de suas competências, criar instrumen- soas, com diferentes características antropométricas e sen-
tos para a efetiva implantação e o controle do atendimento soriais, de forma autônoma, segura e confortável, constitu-
prioritário referido neste Decreto. indo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessi-
CAPÍTULO III Das Condições Gerais Da Acessibilidade bilidade.
Art. 8º Para os fins de acessibilidade, considera-se: Art. 9º A formulação, implementação e manutenção das
ações de acessibilidade atenderão às seguintes premissas
I - acessibilidade: condição para utilização, com segurança
básicas:
e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e
equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de I - a priorização das necessidades, a programação em cro-
transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comuni- nograma e a reserva de recursos para a implantação das
cação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou ações; e
com mobilidade reduzida; II - o planejamento, de forma continuada e articulada, entre
II - barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou os setores envolvidos.
impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação CAPÍTULO IV Da Implementação Da Acessibilidade Ar-
quitetônica E Urbanística

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LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR . 8 EM 1 – ACADÊMICO
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Seção I Das Condições Gerais certificadas as regras de acessibilidade previstas neste
Art. 10. A concepção e a implantação dos projetos arquite- Decreto e nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
tônicos e urbanísticos devem atender aos princípios do § 2º Para emissão de carta de “habite-se” ou habilitação
desenho universal, tendo como referências básicas as nor- equivalente e para sua renovação, quando esta tiver sido
mas técnicas de acessibilidade da ABNT, a legislação espe- emitida anteriormente às exigências de acessibilidade conti-
cífica e as regras contidas neste Decreto. das na legislação específica, devem ser observadas e certi-
§ 1º Caberá ao Poder Público promover a inclusão de con- ficadas as regras de acessibilidade previstas neste Decreto
teúdos temáticos referentes ao desenho universal nas dire- e nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
trizes curriculares da educação profissional e tecnológica e Seção II Das Condições Específicas
do ensino superior dos cursos de Engenharia, Arquitetura e Art. 14. Na promoção da acessibilidade, serão observadas
correlatos. as regras gerais previstas neste Decreto, complementadas
§ 2º Os programas e as linhas de pesquisa a serem desen- pelas normas técnicas de acessibilidade da ABNT e pelas
volvidos com o apoio de organismos públicos de auxílio à disposições contidas na legislação dos Estados, Municípios
pesquisa e de agências de fomento deverão incluir temas e do Distrito Federal.
voltados para o desenho universal. Art. 15. No planejamento e na urbanização das vias, pra-
Art. 11. A construção, reforma ou ampliação de edificações ças, dos logradouros, parques e demais espaços de uso
de uso público ou coletivo, ou a mudança de destinação público, deverão ser cumpridas as exigências dispostas nas
para estes tipos de edificação, deverão ser executadas de normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
modo que sejam ou se tornem acessíveis à pessoa portado- § 1º Incluem-se na condição estabelecida no caput:
ra de deficiência ou com mobilidade reduzida. I - a construção de calçadas para circulação de pedestres
§ 1º As entidades de fiscalização profissional das atividades ou a adaptação de situações consolidadas;
de Engenharia, Arquitetura e correlatas, ao anotarem a II - o rebaixamento de calçadas com rampa acessível ou
responsabilidade técnica dos projetos, exigirão a responsa- elevação da via para travessia de pedestre em nível; e
bilidade profissional declarada do atendimento às regras de III - a instalação de piso tátil dire-cional e de alerta.
acessibilidade previstas nas normas técnicas de acessibili- § 2º Nos casos de adaptação de bens culturais imóveis e de
dade da ABNT, na legislação específica e neste Decreto. intervenção para regularização urbanística em áreas de
§ 2º Para a aprovação ou licencia-mento ou emissão de assentamentos subnormais, será admitida, em caráter ex-
certificado de conclusão de projeto arquitetônico ou urbanís- cepcional, faixa de largura menor que o estabelecido nas
tico deverá ser atestado o atendimento às regras de acessi- normas técnicas citadas no caput, desde que haja justificati-
bilidade previstas nas normas técnicas de acessibilidade da va baseada em estudo técnico e que o acesso seja viabili-
ABNT, na legislação específica e neste Decreto. zado de outra forma, garantida a melhor técnica possível.
§ 3º O Poder Público, após certificar a acessibilidade de Art. 16. As características do desenho e a instalação do
edificação ou serviço, determinará a colocação, em espaços mobiliário urbano devem garantir a aproximação segura e o
ou locais de ampla visibilidade, do “Símbolo Internacional de uso por pessoa portadora de deficiência visual, mental ou
Acesso”, na forma prevista nas normas técnicas de acessi- auditiva, a aproximação e o alcance visual e manual para as
bilidade da ABNT e na Lei nº 7.405, de 12 de novembro de pessoas portadoras de deficiência física, em especial aque-
1985. las em cadeira de rodas, e a circulação livre de barreiras,
Art. 12. Em qualquer intervenção nas vias e logradouros atendendo às condições estabelecidas nas normas técnicas
públicos, o Poder Público e as empresas concessionárias de acessibilidade da ABNT.
responsáveis pela execução das obras e dos serviços ga- § 1º Incluem-se nas condições estabelecida no caput:
rantirão o livre trânsito e a circulação de forma segura das I - as marquises, os toldos, elementos de sinalização, lumi-
pessoas em geral, especialmente das pessoas portadoras nosos e outros elementos que tenham sua projeção sobre a
de deficiência ou com mobilidade reduzida, durante e após faixa de circulação de pedestres;
a sua execução, de acordo com o previsto em normas téc-
II - as cabines telefônicas e os terminais de auto-
nicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e
atendimento de produtos e serviços;
neste Decreto.
III - os telefones públicos sem cabine;
Art. 13. Orientam-se, no que couber, pelas regras previstas
nas normas técnicas brasileiras de acessibilidade, na legis- IV - a instalação das aberturas, das botoeiras, dos coman-
lação específica, observado o disposto na Lei nº 10.257, de dos e outros sistemas de acionamento do mobiliário urbano;
10 de julho de 2001, e neste Decreto: V - os demais elementos do mobiliário urbano;
I - os Planos Diretores Municipais e Planos Diretores de VI - o uso do solo urbano para posteamento; e
Transporte e Trânsito elaborados ou atualizados a partir da VII - as espécies vegetais que tenham sua projeção sobre a
publicação deste Decreto; faixa de circulação de pedestres.
II - o Código de Obras, Código de Postura, a Lei de Uso e § 2º A concessionária do Serviço Telefônico Fixo Comutado
Ocupação do Solo e a Lei do Sistema Viário; - STFC, na modalidade Local, deverá assegurar que, no
III - os estudos prévios de impacto de vizinhança; mínimo, dois por cento do total de Telefones de Uso Público
IV - as atividades de fiscalização e a imposição de sanções, - TUPs, sem cabine, com capacidade para originar e rece-
incluindo a vigilância sanitária e ambiental; e ber chamadas locais e de longa distância nacional, bem
como, pelo menos, dois por cento do total de TUPs, com
V - a previsão orçamentária e os mecanismos tributários e
capacidade para originar e receber chamadas de longa
financeiros utilizados em caráter compensatório ou de in-
distância, nacional e internacional, estejam adaptados para
centivo.
o uso de pessoas portadoras de deficiência auditiva e para
§ 1º Para concessão de alvará de funcionamento ou sua usuários de cadeiras de rodas, ou conforme estabelecer os
renovação para qualquer atividade, devem ser observadas e Planos Gerais de Metas de Universalização.

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§ 3º As botoeiras e demais sistemas de acionamento dos § 1º Nas edificações de uso público a serem construídas, os
terminais de auto-atendimento de produtos e serviços e sanitários destinados ao uso por pessoa portadora de defi-
outros equipamentos em que haja interação com o público ciência ou com mobilidade reduzida serão distribuídos na
devem estar localizados em altura que possibilite o manu- razão de, no mínimo, uma cabine para cada sexo em cada
seio por pessoas em cadeira de rodas e possuir mecanis- pavimento da edificação, com entrada independente dos
mos para utilização autônoma por pessoas portadoras de sanitários coletivos, obedecendo às normas técnicas de
deficiência visual e auditiva, conforme padrões estabeleci- acessibilidade da ABNT.
dos nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT. § 2º Nas edificações de uso público já existentes, terão elas
Art. 17. Os semáforos para pedestres instalados nas vias prazo de trinta meses a contar da data de publicação deste
públicas deverão estar equipados com mecanismo que sirva Decreto para garantir pelo menos um banheiro acessível por
de guia ou orientação para a travessia de pessoa portadora pavimento, com entrada independente, distribuindo-se seus
de deficiência visual ou com mobilidade reduzida em todos equipamentos e acessórios de modo que possam ser utili-
os locais onde a intensidade do fluxo de veículos, de pesso- zados por pessoa portadora de deficiência ou com mobili-
as ou a periculosidade na via assim determinarem, bem dade reduzida.
como mediante solicitação dos interessados. § 3º Nas edificações de uso coletivo a serem construídas,
Art. 18. A construção de edificações de uso privado multi- ampliadas ou reformadas, onde devem existir banheiros de
familiar e a construção, ampliação ou reforma de edifica- uso público, os sanitários destinados ao uso por pessoa
ções de uso coletivo devem atender aos preceitos da aces- portadora de deficiência deverão ter entrada independente
sibilidade na interligação de todas as partes de uso comum dos demais e obedecer às normas técnicas de acessibilida-
ou abertas ao público, conforme os padrões das normas de da ABNT.
técnicas de acessibilidade da ABNT. § 4º Nas edificações de uso coletivo já existentes, onde haja
Parágrafo único. Também estão sujeitos ao disposto no banheiros destinados ao uso público, os sanitários prepara-
caput os acessos, piscinas, andares de recreação, salão de dos para o uso por pessoa portadora de deficiência ou com
festas e reuniões, saunas e banheiros, quadras esportivas, mobilidade reduzida deverão estar localizados nos pavimen-
portarias, estacionamentos e garagens, entre outras partes tos acessíveis, ter entrada independente dos demais sanitá-
das áreas internas ou externas de uso comum das edifica- rios, se houver, e obedecer as normas técnicas de acessibi-
ções de uso privado multifamiliar e das de uso coletivo. lidade da ABNT.
Art. 19. A construção, ampliação ou reforma de edificações Art. 23. Os teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios
de uso público deve garantir, pelo menos, um dos acessos de esporte, casas de espetáculos, salas de conferências e
ao seu interior, com comunicação com todas as suas de- similares reservarão, pelo menos, dois por cento da lotação
pendências e serviços, livre de barreiras e de obstáculos do estabelecimento para pessoas em cadeira de rodas,
que impeçam ou dificultem a sua acessibilidade. distribuídos pelo recinto em locais diversos, de boa visibili-
§ 1º No caso das edificações de uso público já existentes, dade, próximos aos corredores, devidamente sinalizados,
terão elas prazo de trinta meses a contar da data de publi- evitando-se áreas segregadas de público e a obstrução das
cação deste Decreto para garantir acessibilidade às pesso- saídas, em conformidade com as normas técnicas de aces-
as portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. sibilidade da ABNT.
§ 2º Sempre que houver viabilidade arquitetônica, o Poder § 1º Nas edificações previstas no caput, é obrigatória, ainda,
Público buscará garantir dotação orçamentária para ampliar a destinação de dois por cento dos assentos para acomo-
o número de acessos nas edificações de uso público a se- dação de pessoas portadoras de deficiência visual e de
rem construídas, ampliadas ou reformadas. pessoas com mobilidade reduzida, incluindo obesos, em
Art. 20. Na ampliação ou reforma das edificações de uso locais de boa recepção de mensagens sonoras, devendo
púbico ou de uso coletivo, os desníveis das áreas de circu- todos ser devidamente sinalizados e estar de acordo com os
lação internas ou externas serão transpostos por meio de padrões das normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
rampa ou equipamento eletromecânico de deslocamento § 2º No caso de não haver comprovada procura pelos as-
vertical, quando não for possível outro acesso mais cômodo sentos reservados, estes poderão excepcionalmente ser
para pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade ocupados por pessoas que não sejam portadoras de defici-
reduzida, conforme estabelecido nas normas técnicas de ência ou que não tenham mobilidade reduzida.
acessibilidade da ABNT. § 3º Os espaços e assentos a que se refere este artigo de-
Art. 21. Os balcões de atendimento e as bilheterias em verão situar-se em locais que garantam a acomodação de,
edificação de uso público ou de uso coletivo devem dispor no mínimo, um acompanhante da pessoa portadora de defi-
de, pelo menos, uma parte da superfície acessível para ciência ou com mobilidade reduzida.
atendimento às pessoas portadoras de deficiência ou com § 4º Nos locais referidos no caput, haverá, obrigatoriamente,
mobilidade reduzida, conforme os padrões das normas téc- rotas de fuga e saídas de emergência acessíveis, conforme
nicas de acessibilidade da ABNT. padrões das normas técnicas de acessibilidade da ABNT, a
Parágrafo único. No caso do exercício do direito de voto, as fim de permitir a saída segura de pessoas portadoras de
urnas das seções eleitorais devem ser adequadas ao uso deficiência ou com mobilidade reduzida, em caso de emer-
com autonomia pelas pessoas portadoras de deficiência ou gência.
com mobilidade reduzida e estarem instaladas em local de § 5º As áreas de acesso aos artistas, tais como coxias e
votação plenamente acessível e com estacionamento pró- camarins, também devem ser acessíveis a pessoas porta-
ximo. doras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Art. 22. A construção, ampliação ou reforma de edificações § 6º Para obtenção do financiamento de que trata o inciso III
de uso público ou de uso coletivo devem dispor de sanitá- do art. 2º, as salas de espetáculo deverão dispor de sistema
rios acessíveis destinados ao uso por pessoa portadora de de sonorização assistida para pessoas portadoras de defici-
deficiência ou com mobilidade reduzida. ência auditiva, de meios eletrônicos que permitam o acom-

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panhamento por meio de legendas em tempo real ou de § 3º Aplica-se o disposto no caput aos estacionamentos
disposições especiais para a presença física de intérprete localizados em áreas públicas e de uso coletivo.
de LIBRAS e de guias-intérpretes, com a projeção em tela § 4º A utilização das vagas reservadas por veículos que não
da imagem do intérprete de LIBRAS sempre que a distância estejam transportando as pessoas citadas no caput constitui
não permitir sua visualização direta. infração ao art. 181, inciso XVII, da Lei nº 9.503, de 23 de
§ 7º O sistema de sonorização assistida a que se refere o § setembro de 1997.
6º será sinalizado por meio do pictograma aprovado pela Lei Art. 26. Nas edificações de uso público ou de uso coletivo, é
nº 8.160, de 8 de janeiro de 1991. obrigatória a existência de sinalização visual e tátil para
§ 8º As edificações de uso público e de uso coletivo referi- orientação de pessoas portadoras de deficiência auditiva e
das no caput, já existentes, têm, respectivamente, prazo de visual, em conformidade com as normas técnicas de aces-
trinta e quarenta e oito meses, a contar da data de publica- sibilidade da ABNT.
ção deste Decreto, para garantir a acessibilidade de que Art. 27. A instalação de novos elevadores ou sua adaptação
trata o caput e os §§ 1º a 5º. em edificações de uso público ou de uso coletivo, bem as-
Art. 24. Os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, sim a instalação em edificação de uso privado multifamiliar a
etapa ou modalidade, públicos ou privados, proporcionarão ser construída, na qual haja obrigatoriedade da presença de
condições de acesso e utilização de todos os seus ambien- elevadores, deve atender aos padrões das normas técnicas
tes ou compartimentos para pessoas portadoras de defici- de acessibilidade da ABNT.
ência ou com mobilidade reduzida, inclusive salas de aula, § 1º No caso da instalação de elevadores novos ou da troca
bibliotecas, auditórios, ginásios e instalações desportivas, dos já existentes, qualquer que seja o número de elevado-
laboratórios, áreas de lazer e sanitários. res da edificação de uso público ou de uso coletivo, pelo
§ 1º Para a concessão de autorização de funcionamento, de menos um deles terá cabine que permita acesso e movi-
abertura ou renovação de curso pelo Poder Público, o esta- mentação cômoda de pessoa portadora de deficiência ou
belecimento de ensino deverá comprovar que: com mobilidade reduzida, de acordo com o que especifica
I - está cumprindo as regras de acessibilidade arquitetônica, as normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
urbanística e na comunicação e informação previstas nas § 2º Junto às botoeiras externas do elevador, deverá estar
normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação sinalizado em braile em qual andar da edificação a pessoa
específica ou neste Decreto; se encontra.
II - coloca à disposição de professores, alunos, servidores e § 3º Os edifícios a serem construídos com mais de um pa-
empregados portadores de deficiência ou com mobilidade vimento além do pavimento de acesso, à exceção das habi-
reduzida ajudas técnicas que permitam o acesso às ativida- tações unifamiliares e daquelas que estejam obrigadas à
des escolares e administrativas em igualdade de condições instalação de elevadores por legislação municipal, deverão
com as demais pessoas; e dispor de especificações técnicas e de projeto que facilitem
III - seu ordenamento interno contém normas sobre o trata- a instalação de equipamento eletromecânico de desloca-
mento a ser dispensado a professores, alunos, servidores e mento vertical para uso das pessoas portadoras de defici-
empregados portadores de deficiência, com o objetivo de ência ou com mobilidade reduzida.
coibir e reprimir qualquer tipo de discriminação, bem como § 4º As especificações técnicas a que se refere o § 3º de-
as respectivas sanções pelo descumprimento dessas nor- vem atender:
mas. I - a indicação em planta aprovada pelo poder municipal do
§ 2º As edificações de uso público e de uso coletivo referi- local reservado para a instalação do equipamento eletrome-
das no caput, já existentes, têm, respectivamente, prazo de cânico, devidamente assinada pelo autor do projeto;
trinta e quarenta e oito meses, a contar da data de publica- II - a indicação da opção pelo tipo de equipamento (eleva-
ção deste Decreto, para garantir a acessibilidade de que dor, esteira, plataforma ou similar);
trata este artigo. III - a indicação das dimensões internas e demais aspectos
Art. 25. Nos estacionamentos externos ou internos das da cabine do equipamento a ser instalado; e
edificações de uso público ou de uso coletivo, ou naqueles IV - demais especificações em nota na própria planta, tais
localizados nas vias públicas, serão reservados, pelo me- como a existência e as medidas de botoeira, espelho, infor-
nos, dois por cento do total de vagas para veículos que mação de voz, bem como a garantia de responsabilidade
transportem pessoa portadora de deficiência física ou visual técnica de que a estrutura da edificação suporta a implanta-
definidas neste Decreto, sendo assegurada, no mínimo, ção do equipamento escolhido.
uma vaga, em locais próximos à entrada principal ou ao Seção III Da Acessibilidade na Habitação de Interesse
elevador, de fácil acesso à circulação de pedestres, com Social
especificações técnicas de desenho e traçado conforme o
Art. 28. Na habitação de interesse social, deverão ser pro-
estabelecido nas normas técnicas de acessibilidade da
ABNT. movidas as seguintes ações para assegurar as condições
de acessibilidade dos empreendimentos:
§ 1º Os veículos estacionados nas vagas reservadas deve-
rão portar identificação a ser colocada em local de ampla I - definição de projetos e adoção de tipologias construtivas
visibilidade, confeccionado e fornecido pelos órgãos de livres de barreiras arquitetônicas e urbanísticas;
trânsito, que disciplinarão sobre suas características e con- II - no caso de edificação multifamiliar, execução das unida-
dições de uso, observando o disposto na Lei nº 7.405, de des habitacionais acessíveis no piso térreo e acessíveis ou
1985. adaptáveis quando nos demais pisos;
§ 2º Os casos de inobservância do disposto no § 1º estarão III - execução das partes de uso comum, quando se tratar
sujeitos às sanções estabelecidas pelos órgãos competen- de edificação multifamiliar, conforme as normas técnicas de
tes. acessibilidade da ABNT; e

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IV - elaboração de especificações técnicas de projeto que das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
facilite a instalação de elevador adaptado para uso das reduzida.
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade redu- Art. 36. As empresas concessionárias e permissionárias e
zida. as instâncias públicas responsáveis pela gestão dos servi-
Parágrafo único. Os agentes executores dos programas e ços de transportes coletivos, no âmbito de suas competên-
projetos destinados à habitação de interesse social, financi- cias, deverão garantir a implantação das providências ne-
ados com recursos próprios da União ou por ela geridos, cessárias na operação, nos terminais, nas estações, nos
devem observar os requisitos estabelecidos neste artigo. pontos de parada e nas vias de acesso, de forma a assegu-
Art. 29. Ao Ministério das Cidades, no âmbito da coordena- rar as condições previstas no art. 34 deste Decreto.
ção da política habitacional, compete: Parágrafo único. As empresas concessionárias e permissio-
I - adotar as providências necessárias para o cumprimento nárias e as instâncias públicas responsáveis pela gestão
do disposto no art. 28; e dos serviços de transportes coletivos, no âmbito de suas
II - divulgar junto aos agentes interessados e orientar a cli- competências, deverão autorizar a colocação do “Símbolo
entela alvo da política habitacional sobre as iniciativas que Internacional de Acesso” após certificar a acessibilidade do
promover em razão das legislações federal, estaduais, dis- sistema de transporte.
trital e municipais relativas à acessibilidade. Art. 37. Cabe às empresas concessionárias e permissioná-
Seção IV Da Acessibilidade aos Bens Culturais Imóveis rias e as instâncias públicas responsáveis pela gestão dos
serviços de transportes coletivos assegurar a qualificação
Art. 30. As soluções destinadas à eliminação, redução ou
dos profissionais que trabalham nesses serviços, para que
superação de barreiras na promoção da acessibilidade a
prestem atendimento prioritário às pessoas portadoras de
todos os bens culturais imóveis devem estar de acordo com
deficiência ou com mobilidade reduzida.
o que estabelece a Instrução Normativa nº 1 do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, de 25 de Seção II Da Acessibilidade no Transporte Coletivo Ro-
novembro de 2003. doviário
CAPÍTULO V Da Acessibilidade Aos Serviços De Trans- Art. 38. No prazo de até vinte e quatro meses a contar da
portes Coletivos data de edição das normas técnicas referidas no § 1º, todos
Seção I Das Condições Gerais os modelos e marcas de veículos de transporte coletivo
rodoviário para utilização no País serão fabricados acessí-
Art. 31. Para os fins de acessibilidade aos serviços de veis e estarão disponíveis para integrar a frota operante, de
transporte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, considera- forma a garantir o seu uso por pessoas portadoras de defi-
se como integrantes desses serviços os veículos, terminais, ciência ou com mobilidade reduzida.
estações, pontos de parada, vias principais, acessos e ope- § 1º As normas técnicas para fabricação dos veículos e dos
ração. equipamentos de transporte coletivo rodoviário, de forma a
Art. 32. Os serviços de transporte coletivo terrestre são: torná-los acessíveis, serão elaboradas pelas instituições e
I - transporte rodoviário, classificado em urbano, metropoli- entidades que compõem o Sistema Nacional de Metrologia,
tano, intermunicipal e interestadual; Normalização e Qualidade Industrial, e estarão disponíveis
II - transporte metroferroviário, classificado em urbano e no prazo de até doze meses a contar da data da publicação
metropolitano; e deste Decreto.
III - transporte ferroviário, classificado em intermunicipal e § 2º A substituição da frota operante atual por veículos a-
interestadual. cessíveis, a ser feita pelas empresas concessionárias e
Art. 33. As instâncias públicas responsáveis pela concessão permissionárias de transporte coletivo rodoviário, dar-se-á
e permissão dos serviços de transporte coletivo são: de forma gradativa, conforme o prazo previsto nos contratos
I - governo municipal, responsável pelo transporte coletivo de concessão e permissão deste serviço.
municipal; § 3º A frota de veículos de transporte coletivo rodoviário e a
II - governo estadual, responsável pelo transporte coletivo infra-estrutura dos serviços deste transporte deverão estar
metropolitano e intermunicipal; totalmente acessíveis no prazo máximo de cento e vinte
III - governo do Distrito Federal, responsável pelo transporte meses a contar da data de publicação deste Decreto.
coletivo do Distrito Federal; e § 4º Os serviços de transporte coletivo rodoviário urbano
IV - governo federal, responsável pelo transporte coletivo devem priorizar o embarque e desembarque dos usuários
interestadual e internacional. em nível em, pelo menos, um dos acessos do veículo.
Art. 34. Os sistemas de transporte coletivo são considera- Art. 39. No prazo de até vinte e quatro meses a contar da
dos acessíveis quando todos os seus elementos são conce- data de implementação dos programas de avaliação de
bidos, organizados, implantados e adaptados segundo o conformidade descritos no § 3º, as empresas concessioná-
conceito de desenho universal, garantindo o uso pleno com rias e permissionárias dos serviços de transporte coletivo
segurança e autonomia por todas as pessoas. rodoviário deverão garantir a acessibilidade da frota de veí-
Parágrafo único. A infra-estrutura de transporte coletivo a culos em circulação, inclusive de seus equipamentos.
ser implantada a partir da publicação deste Decreto deverá § 1º As normas técnicas para adaptação dos veículos e dos
ser acessível e estar disponível para ser operada de forma a equipamentos de transporte coletivo rodoviário em circula-
garantir o seu uso por pessoas portadoras de deficiência ou ção, de forma a torná-los acessíveis, serão elaboradas pe-
com mobilidade reduzida. las instituições e entidades que compõem o Sistema Nacio-
Art. 35. Os responsáveis pelos terminais, estações, pontos nal de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, e
de parada e os veículos, no âmbito de suas competências, estarão disponíveis no prazo de até doze meses a contar da
assegurarão espaços para atendimento, assentos preferen- data da publicação deste Decreto.
ciais e meios de acesso devidamente sinalizados para o uso § 2º Caberá ao Instituto Nacional de Metrologia, Normaliza-
ção e Qualidade Industrial - INMETRO, quando da elabora-

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ção das normas técnicas para a adaptação dos veículos, serão fabricados acessíveis e estarão disponíveis para inte-
especificar dentre esses veículos que estão em operação grar a frota operante, de forma a garantir o seu uso por
quais serão adaptados, em função das restrições previstas pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade redu-
no art. 98 da Lei nº 9.503, de 1997. zida.
§ 3º As adaptações dos veículos em operação nos serviços Art. 43. Os serviços de transporte coletivo metroferroviário e
de transporte coletivo rodoviário, bem como os procedimen- ferroviário existentes deverão estar totalmente acessíveis no
tos e equipamentos a serem utilizados nestas adaptações, prazo máximo de cento e vinte meses a contar da data de
estarão sujeitas a programas de avaliação de conformidade publicação deste Decreto.
desenvolvidos e implementados pelo Instituto Nacional de § 1º As empresas concessionárias e permissionárias dos
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - INME- serviços de transporte coletivo metroferroviário e ferroviário
TRO, a partir de orientações normativas elaboradas no âm- deverão apresentar plano de adaptação dos sistemas exis-
bito da ABNT. tentes, prevendo ações saneadoras de, no mínimo, oito por
Seção III Da Acessibilidade no Transporte Coletivo A- cento ao ano, sobre os elementos não acessíveis que com-
quaviário põem o sistema.
Art. 40. No prazo de até trinta e seis meses a contar da data § 2º O plano de que trata o § 1º deve ser apresentado em
de edição das normas técnicas referidas no § 1º, todos os até seis meses a contar da data de publicação deste Decre-
modelos e marcas de veículos de transporte coletivo aqua- to.
viário serão fabricados acessíveis e estarão disponíveis Seção V Da Acessibilidade no Transporte Coletivo Aé-
para integrar a frota operante, de forma a garantir o seu uso reo
por pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade Art. 44. No prazo de até trinta e seis meses, a contar da
reduzida. data da publicação deste Decreto, os serviços de transporte
§ 1º As normas técnicas para fabricação dos veículos e dos coletivo aéreo e os equipamentos de acesso às aeronaves
equipamentos de transporte coletivo aquaviário acessíveis, estarão acessíveis e disponíveis para serem operados de
a serem elaboradas pelas instituições e entidades que com- forma a garantir o seu uso por pessoas portadoras de defi-
põem o Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e ciência ou com mobilidade reduzida.
Qualidade Industrial, estarão disponíveis no prazo de até Parágrafo único. A acessibilidade nos serviços de transporte
vinte e quatro meses a contar da data da publicação deste coletivo aéreo obedecerá ao disposto na Norma de Serviço
Decreto. da Instrução da Aviação Civil NOSER/IAC - 2508-0796, de
§ 2º As adequações na infra-estrutura dos serviços desta 1º de novembro de 1995, expedida pelo Departamento de
modalidade de transporte deverão atender a critérios ne- Aviação Civil do Comando da Aeronáutica, e nas normas
cessários para proporcionar as condições de acessibilidade técnicas de acessibilidade da ABNT.
do sistema de transporte aquaviário. Seção VI Das Disposições Finais
Art. 41. No prazo de até cinqüenta e quatro meses a contar Art. 45. Caberá ao Poder Executivo, com base em estudos
da data de implementação dos programas de avaliação de e pesquisas, verificar a viabilidade de redução ou isenção
conformidade descritos no § 2º, as empresas concessioná- de tributo:
rias e permissionárias dos serviços de transporte coletivo
I - para importação de equipamentos que não sejam produ-
aquaviário, deverão garantir a acessibilidade da frota de
zidos no País, necessários no processo de adequação do
veículos em circulação, inclusive de seus equipamentos.
sistema de transporte coletivo, desde que não existam simi-
§ 1º As normas técnicas para adaptação dos veículos e dos lares nacionais; e
equipamentos de transporte coletivo aquaviário em circula-
II - para fabricação ou aquisição de veículos ou equipamen-
ção, de forma a torná-los acessíveis, serão elaboradas pe-
tos destinados aos sistemas de transporte coletivo.
las instituições e entidades que compõem o Sistema Nacio-
nal de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, e Parágrafo único. Na elaboração dos estudos e pesquisas a
que se referem o caput, deve-se observar o disposto no art.
estarão disponíveis no prazo de até trinta e seis meses a
14 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000,
contar da data da publicação deste Decreto.
sinalizando impacto orçamentário e financeiro da medida
§ 2º As adaptações dos veículos em operação nos serviços
estudada.
de transporte coletivo aquaviário, bem como os procedimen-
Art. 46. A fiscalização e a aplicação de multas aos sistemas
tos e equipamentos a serem utilizados nestas adaptações,
estarão sujeitas a programas de avaliação de conformidade de transportes coletivos, segundo disposto no art. 6º, inciso
desenvolvidos e implementados pelo INMETRO, a partir de II, da Lei nº 10.048, de 2000, cabe à União, aos Estados,
Municípios e ao Distrito Federal, de acordo com suas com-
orientações normativas elaboradas no âmbito da ABNT.
petências.
Seção IV Da Acessibilidade no Transporte Coletivo Me-
troferroviário e Ferroviário CAPÍTULO VI Do Acesso À Informação E À Comunica-
ção
Art. 42. A frota de veículos de transporte coletivo metrofer-
Art. 47. No prazo de até doze meses a contar da data de
roviário e ferroviário, assim como a infra-estrutura dos servi-
ços deste transporte deverão estar totalmente acessíveis no publicação deste Decreto, será obrigatória a acessibilidade
prazo máximo de cento e vinte meses a contar da data de nos portais e sítios eletrônicos da administração pública na
rede mundial de computadores (internet), para o uso das
publicação deste Decreto.
pessoas portadoras de deficiência visual, garantindo-lhes o
§ 1º A acessibilidade nos serviços de transporte coletivo
pleno acesso às informações disponíveis.
metroferroviário e ferroviário obedecerá ao disposto nas
§ 1º Nos portais e sítios de grande porte, desde que seja
normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
demonstrada a inviabilidade técnica de se concluir os pro-
§ 2º No prazo de até trinta e seis meses a contar da data da
cedimentos para alcançar integralmente a acessibilidade, o
publicação deste Decreto, todos os modelos e marcas de
prazo definido no caput será estendido por igual período.
veículos de transporte coletivo metroferroviário e ferroviário

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§ 2º Os sítios eletrônicos acessíveis às pessoas portadoras Art. 52. Caberá ao Poder Público incentivar a oferta de
de deficiência conterão símbolo que represente a acessibili- aparelhos de televisão equipados com recursos tecnológi-
dade na rede mundial de computadores (internet), a ser cos que permitam sua utilização de modo a garantir o direito
adotado nas respectivas páginas de entrada. de acesso à informação às pessoas portadoras de deficiên-
§ 3º Os telecentros comunitários instalados ou custeados cia auditiva ou visual.
pelos Governos Federal, Estadual, Municipal ou do Distrito Parágrafo único. Incluem-se entre os recursos referidos no
Federal devem possuir instalações plenamente acessíveis caput:
e, pelo menos, um computador com sistema de som insta- I - circuito de decodificação de legenda oculta;
lado, para uso preferencial por pessoas portadoras de defi- II - recurso para Programa Secundário de Áudio (SAP); e
ciência visual. III - entradas para fones de ouvido com ou sem fio.
Art. 48. Após doze meses da edição deste Decreto, a aces- Art. 53. A ANATEL regulamentará, no prazo de doze meses
sibilidade nos portais e sítios eletrônicos de interesse públi- a contar da data de publicação deste Decreto, os procedi-
co na rede mundial de computadores (internet), deverá ser mentos a serem observados para implementação do plano
observada para obtenção do financiamento de que trata o de medidas técnicas previsto no art. 19 da Lei nº 10.098, de
inciso III do art. 2º. 2000.
Art. 49. As empresas prestadoras de serviços de telecomu- § 1º O processo de regulamentação de que trata o caput
nicações deverão garantir o pleno acesso às pessoas por- deverá atender ao disposto no art. 31 da Lei nº 9.784, de 29
tadoras de deficiência auditiva, por meio das seguintes a- de janeiro de 1999.
ções: § 2º A regulamentação de que trata o caput deverá prever a
I - no Serviço Telefônico Fixo Comutado - STFC, disponível utilização, entre outros, dos seguintes sistemas de reprodu-
para uso do público em geral: ção das mensagens veiculadas para as pessoas portadoras
a) instalar, mediante solicitação, em âmbito nacional e em de deficiência auditiva e visual:
locais públicos, telefones de uso público adaptados para I - a subtitulação por meio de legenda oculta;
uso por pessoas portadoras de deficiência; II - a janela com intérprete de LIBRAS; e
b) garantir a disponibilidade de instalação de telefones para III - a descrição e narração em voz de cenas e imagens.
uso por pessoas portadoras de deficiência auditiva para
§ 3º A Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa
acessos individuais;
Portadora de Deficiência - CORDE da Secretaria Especial
c) garantir a existência de centrais de intermediação de dos Direitos Humanos da Presidência da República assistirá
comunicação telefônica a serem utilizadas por pessoas a ANATEL no procedimento de que trata o § 1º.
portadoras de deficiência auditiva, que funcionem em tempo
Art. 54. Autorizatárias e consignatárias do serviço de radio-
integral e atendam a todo o território nacional, inclusive com
difusão de sons e imagens operadas pelo Poder Público
integração com o mesmo serviço oferecido pelas prestado-
poderão adotar plano de medidas técnicas próprio, como
ras de Serviço Móvel Pessoal; e
metas antecipadas e mais amplas do que aquelas as serem
d) garantir que os telefones de uso público contenham dis- definidas no âmbito do procedimento estabelecido no art.
positivos sonoros para a identificação das unidades existen- 53.
tes e consumidas dos cartões telefônicos, bem como de-
Art. 55. Caberá aos órgãos e entidades da administração
mais informações exibidas no painel destes equipamentos;
pública, diretamente ou em parceria com organizações so-
II - no Serviço Móvel Celular ou Serviço Móvel Pessoal: ciais civis de interesse público, sob a orientação do Ministé-
a) garantir a interoperabilidade nos serviços de telefonia rio da Educação e da Secretaria Especial dos Direitos Hu-
móvel, para possibilitar o envio de mensagens de texto en- manos, por meio da CORDE, promover a capacitação de
tre celulares de diferentes empresas; e profissionais em LIBRAS.
b) garantir a existência de centrais de intermediação de Art. 56. O projeto de desenvolvimento e implementação da
comunicação telefônica a serem utilizadas por pessoas televisão digital no País deverá contemplar obrigatoriamente
portadoras de deficiência auditiva, que funcionem em tempo os três tipos de sistema de acesso à informação de que
integral e atendam a todo o território nacional, inclusive com trata o art. 52.
integração com o mesmo serviço oferecido pelas prestado- Art. 57. A Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão
ras de Serviço Telefônico Fixo Comutado. Estratégica da Presidência da República editará, no prazo
§ 1º Além das ações citadas no caput, deve-se considerar o de doze meses a contar da data da publicação deste Decre-
estabelecido nos Planos Gerais de Metas de Universaliza- to, normas complementares disciplinando a utilização dos
ção aprovados pelos Decretos nos 2.592, de 15 de maio de sistemas de acesso à informação referidos no § 2º do art.
1998, e 4.769, de 27 de junho de 2003, bem como o estabe- 53, na publicidade governamental e nos pronunciamentos
lecido pela Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997. oficiais transmitidos por meio dos serviços de radiodifusão
§ 2º O termo pessoa portadora de deficiência auditiva e da de sons e imagens.
fala utilizado nos Planos Gerais de Metas de Universaliza- Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no caput e ob-
ção é entendido neste Decreto como pessoa portadora de servadas as condições técnicas, os pronunciamentos ofici-
deficiência auditiva, no que se refere aos recursos tecnoló- ais do Presidente da República serão acompanhados, obri-
gicos de telefonia. gatoriamente, no prazo de seis meses a partir da publicação
Art. 50. A Agência Nacional de Telecomunicações - ANA- deste Decreto, de sistema de acessibilidade mediante janela
TEL regulamentará, no prazo de seis meses a contar da com intérprete de LIBRAS.
data de publicação deste Decreto, os procedimentos a se- Art. 58. O Poder Público adotará mecanismos de incentivo
rem observados para implementação do disposto no art. 49. para tornar disponíveis em meio magnético, em formato de
Art. 51. Caberá ao Poder Público incentivar a oferta de texto, as obras publicadas no País.
aparelhos de telefonia celular que indiquem, de forma sono-
ra, todas as operações e funções neles disponíveis no visor.

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§ 1º A partir de seis meses da edição deste Decreto, a in- III - inclusão de todos os equipamentos de ajudas técnicas
dústria de medicamentos deve disponibilizar, mediante soli- para pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
citação, exemplares das bulas dos medicamentos em meio reduzida na categoria de equipamentos sujeitos a dedução
magnético, braile ou em fonte ampliada. de imposto de renda.
§ 2º A partir de seis meses da edição deste Decreto, os Parágrafo único. Na elaboração dos estudos e pesquisas a
fabricantes de equipamentos eletroeletrônicos e mecânicos que se referem o caput, deve-se observar o disposto no art.
de uso doméstico devem disponibilizar, mediante solicita- 14 da Lei Complementar nº 101, de 2000, sinalizando im-
ção, exemplares dos manuais de instrução em meio magné- pacto orçamentário e financeiro da medida estudada.
tico, braile ou em fonte ampliada. Art. 65. Caberá ao Poder Público viabilizar as seguintes
Art. 59. O Poder Público apoiará preferencialmente os con- diretrizes:
gressos, seminários, oficinas e demais eventos científico- I - reconhecimento da área de ajudas técnicas como área de
culturais que ofereçam, mediante solicitação, apoios huma- conhecimento;
nos às pessoas com deficiência auditiva e visual, tais como II - promoção da inclusão de conteúdos temáticos referentes
tradutores e intérpretes de LIBRAS, ledores, guias- a ajudas técnicas na educação profissional, no ensino mé-
intérpretes, ou tecnologias de informação e comunicação, dio, na graduação e na pós-graduação;
tais como a transcrição eletrônica simultânea. III - apoio e divulgação de trabalhos técnicos e científicos
Art. 60. Os programas e as linhas de pesquisa a serem referentes a ajudas técnicas;
desenvolvidos com o apoio de organismos públicos de auxí- IV - estabelecimento de parcerias com escolas e centros de
lio à pesquisa e de agências de financiamento deverão con- educação profissional, centros de ensino universitários e de
templar temas voltados para tecnologia da informação a- pesquisa, no sentido de incrementar a formação de profis-
cessível para pessoas portadoras de deficiência. sionais na área de ajudas técnicas; e
Parágrafo único. Será estimulada a criação de linhas de V - incentivo à formação e treinamento de ortesistas e pro-
crédito para a indústria que produza componentes e equi- tesistas.
pamentos relacionados à tecnologia da informação acessí- Art. 66. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos institui-
vel para pessoas portadoras de deficiência. rá Comitê de Ajudas Técnicas, constituído por profissionais
CAPÍTULO VII Das Ajudas Técnicas que atuam nesta área, e que será responsável por:
Art. 61. Para os fins deste Decreto, consideram-se ajudas I - estruturação das diretrizes da área de conhecimento;
técnicas os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecno- II - estabelecimento das competências desta área;
logia adaptados ou especialmente projetados para melhorar III - realização de estudos no intuito de subsidiar a elabora-
a funcionalidade da pessoa portadora de deficiência ou com ção de normas a respeito de ajudas técnicas;
mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, IV - levantamento dos recursos humanos que atualmente
total ou assistida. trabalham com o tema; e
§ 1º Os elementos ou equipamentos definidos como ajudas V - detecção dos centros regionais de referência em ajudas
técnicas serão certificados pelos órgãos competentes, ouvi- técnicas, objetivando a formação de rede nacional integra-
das as entidades representativas das pessoas portadoras da.
de deficiência.
§ 1º O Comitê de Ajudas Técnicas será supervisionado pela
§ 2º Para os fins deste Decreto, os cães-guia e os cães-guia CORDE e participará do Programa Nacional de Acessibili-
de acompanhamento são considerados ajudas técnicas. dade, com vistas a garantir o disposto no art. 62.
Art. 62. Os programas e as linhas de pesquisa a serem § 2º Os serviços a serem prestados pelos membros do Co-
desenvolvidos com o apoio de organismos públicos de auxí- mitê de Ajudas Técnicas são considerados relevantes e não
lio à pesquisa e de agências de financiamento deverão con- serão remunerados.
templar temas voltados para ajudas técnicas, cura, trata-
CAPÍTULO VIII Do Programa Nacional De Acessibilidade
mento e prevenção de deficiências ou que contribuam para
impedir ou minimizar o seu agravamento. Art. 67. O Programa Nacional de Acessibilidade, sob a co-
Parágrafo único. Será estimulada a criação de linhas de ordenação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos,
crédito para a indústria que produza componentes e equi- por intermédio da CORDE, integrará os planos plurianuais,
pamentos de ajudas técnicas. as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais.
Art. 63. O desenvolvimento científico e tecnológico voltado Art. 68. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos, na
para a produção de ajudas técnicas dar-se-á a partir da condição de coordenadora do Programa Nacional de Aces-
instituição de parcerias com universidades e centros de sibilidade, desenvolverá, dentre outras, as seguintes ações:
pesquisa para a produção nacional de componentes e equi- I - apoio e promoção de capacitação e especialização de
pamentos. recursos humanos em acessibilidade e ajudas técnicas;
Parágrafo único. Os bancos oficiais, com base em estudos e II - acompanhamento e aperfeiçoamento da legislação sobre
pesquisas elaborados pelo Poder Público, serão estimula- acessibilidade;
dos a conceder financiamento às pessoas portadoras de III - edição, publicação e distribuição de títulos referentes à
deficiência para aquisição de ajudas técnicas. temática da acessibilidade;
Art. 64. Caberá ao Poder Executivo, com base em estudos IV - cooperação com Estados, Distrito Federal e Municípios
e pesquisas, verificar a viabilidade de: para a elaboração de estudos e diagnósticos sobre a situa-
I - redução ou isenção de tributos para a importação de ção da acessibilidade arquitetônica, urbanística, de trans-
equipamentos de ajudas técnicas que não sejam produzidos porte, comunicação e informação;
no País ou que não possuam similares nacionais; V - apoio e realização de campanhas informativas e educa-
II - redução ou isenção do imposto sobre produtos industria- tivas sobre acessibilidade;
lizados incidente sobre as ajudas técnicas; e VI - promoção de concursos nacionais sobre a temática da
acessibilidade; e

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VII - estudos e proposição da criação e normatização do
Selo Nacional de Acessibilidade.
CAPÍTULO IX Das Disposições Finais
Art. 69. Os programas nacionais de desenvolvimento urba-
no, os projetos de revitalização, recuperação ou reabilitação
urbana incluirão ações destinadas à eliminação de barreiras
arquitetônicas e urbanísticas, nos transportes e na comuni-
cação e informação devidamente adequadas às exigências
deste Decreto.
Art. 70. O art. 4º do Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro
de 1999, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 4º ........................................
I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou
mais segmentos do corpo humano, acarretando o compro-
metimento da função física, apresentando-se sob a forma
de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, te-
traplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, he-
miparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro,
paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade
congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e
as que não produzam dificuldades para o desempenho de
funções;
II - deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de
quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiogra-
ma nas freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e
3.000Hz;
III - deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é
igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor cor-
reção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual
entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção
óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo
visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a
ocorrência simultânea de quaisquer das condições anterio-
res;
IV - ...............................................
d) utilização dos recursos da comunidade;
............................................................”
Art. 71. Ficam revogados os arts. 50 a 54 do Decreto nº
3.298, de 20 de dezembro de 1999.
Art. 72. Este Decreto entra em vigor na data da sua publi-
cação.
Brasília, 2 de dezembro de 2004; 183º da Independência e
116º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

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