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CEBRAP / CCR / Fundação MacArthur

PROSARE – PROGRAMA DE APOIO A PROJETOS EM


SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

RELATÓRIO TÉCNICO NARRATIVO FINAL

AVALIAÇÃO DA REPERCUSSÃO DE PROJETOS DE


EDUCAÇÃO SEXUAL E DE INTERVENÇÃO COM
PROFISSIONAIS DO SEXO, TRAVESTIS E
CAMINHONEIROS NO RIO GRANDE DO SUL

CENTRO DE ESTUDOS DA AIDS DO RIO GRANDE DO SUL (CEARGS)


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)

PORTO ALEGRE, SETEMBRO DE 2006


CEBRAP / CCR / Fundação Macarthur
PROSARE – Programa de Apoio a Projetos em
Sexualidade e Saúde Reprodutiva

Relatório Técnico Final

Avaliação da Repercussão de Projetos de Educação Sexual e


de Intervenção com Profissionais do Sexo, Travestis e
Caminhoneiros no Rio Grande do Sul

Centro de Estudos da Aids do Rio Grande do Sul (CEARGS)


Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Porto Alegre, Setembro de 2006


ÍNDICE

1. Resumo Executivo .................................................................................................... 3


Síntese da política avaliada ....................................................................................... 3
Objetivo da proposta de avaliação originalmente aprovada........................................ 3
Alterações substantivas efetuadas no plano original................................................... 3
Metodologia empregada ............................................................................................ 4
Resumo dos resultados obtidos frente aos objetivos e metas do programa ou da
política avaliada ........................................................................................................ 4
2. Descrição do Estudo.................................................................................................. 6
Objetivo e Justificativa Iniciais do Projeto Aprovado ................................................ 6
Metodologia detalhada .............................................................................................. 8
Apresentação de resultados ....................................................................................... 9
Relação com serviços de saúde............................................................................ 11
Sexualidade e Uso do preservativo ...................................................................... 12
Informação sobre Aids e Projetos de Intervenção ................................................ 14
Discussão de resultados da avaliação, seus limites e significados frente aos objetivos
e metas do programa ou da política avaliada............................................................ 25
Conclusões da avaliação.......................................................................................... 26
Recomendações para aprimoramento do referido programa ou política.................... 28
Recomendações para futuras avaliações .................................................................. 29
3. Avaliação................................................................................................................ 35
4. Referências Bibliográficas....................................................................................... 37
5.1 Anexos – Roteiros de entrevista semi-estruturada.................................................. 38
5.2 Anexo – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.......................................... 46
5.3 Anexo – Instrumento do Piloto.............................................................................. 47
5.4 Anexo – Instrumento Final para Aplicação do Survey ........................................... 59

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Características socioeconômicas e demográficas, N = 854................ 17


Tabela 2 Informações sobre a profissão de caminhoneiro, N = 854 .................. 18
Tabela 3 Informações sobre a utilização de serviços de saúde, N = 854......... 19
Tabela 4 Informações sobre parcerias sexuais, práticas sexuais e prevenção, N
= 854.................................................................................................................. 20
Tabela 5 Motivos para uso de preservativo nas relações sexuais...................... 21
Tabela 6 Informações sobre onde ou através de quem, ouviu falar de
DST/HIV/aids .................................................................................................... 21
Tabela 7 Caracterização das abordagens dos caminhoneiros pelas ONG/aids,
N = 854 .............................................................................................................. 22
Tabela 8 Conhecimento e utilização dos “containers” das ONG nos Postos de
Combustíveis da Cidade de Rio Grande, pelos caminhoneiros
entrevistados, N = 854 ..................................................................................... 23
Tabela 9 Conhecimento sobre aids, N = 854........................................................ 23
Tabela 10 Informações sobre uso de substâncias lícitas ou ilícitas, N = 854.... 24
Tabela 11 Sugestões dos caminhoneiros de atividades e locais para melhorar a
forma de abordagem sobre prevenção a HIV/aids ....................................... 24

ÍNDICE DE QUADROS

1
Quadro 1 Quadro resumo da amostra calculada e do número de questionários
aplicados em cada localidade ........................................................................... 9
Quadro 2 Custo dos projetos executados em 2004 junto a caminhoneiros e/ou
profissionais do sexo no Rio Grande do Sul e produto final descrito.......... 32

2
1. RESUMO EXECUTIVO

Síntese da política avaliada

O projeto pretendeu avaliar uma modalidade de atuação de


Organizações Não Governamentais do movimento da aids (ONG/aids) que,
atendendo estritamente a diretrizes de políticas públicas através do uso
continuado da metodologia de financiamentos de projetos, tem como público
alvo de suas ações profissionais do sexo e caminhoneiros, no Rio Grande do
Sul (RS).

Objetivo da proposta de avaliação originalmente aprovada

Trata-se de uma avaliação de acesso das ONG/aids à população de


caminhoneiros e/ou profissionais do sexo no Rio Grande do Sul que
desenvolveram projetos com financiamento do Programa Nacional de AIDS do
Ministério da Saúde (PN/aids).
Originalmente, o objetivo geral da proposta foi o de observar como as
intervenções das ONG/aids executadas no Rio Grande do Sul com o apoio do
PN/aids promoveram a adoção de um comportamento sexual mais seguro por
parte de caminhoneiros e profissionais do sexo; entre os objetivos específicos,
citamos o de se compreender a percepção da população de motoristas sobre
as intervenções das quais foi alvo, e o de se analisar como, e se, a população
estudada foi acessada pelas ONG/aids.

Alterações substantivas efetuadas no plano original

• Ampliação e modificação da coleta de dados na etapa qualitativa:


o Realização de maior número de entrevistas qualitativas do que o
originalmente previsto, com um conjunto ampliado de atores sociais
presentes nos postos (motoristas, funcionários, gerentes) e com
profissionais do sexo.
o Modificação dos grupos focais previstos para a realização de um
conjunto de entrevistas em grupo.
• Ampliação e modificação do trabalho de campo na etapa quantitativa:
o Inclusão de uma etapa de trabalho de campo com a realização de
um estudo piloto, antecedendo o survey, para além do estudo
qualitativo inicial;
o Aplicação do survey de modo a contemplar todos os municípios em
que houve atuação de ONG/aids junto a caminhoneiros (oito locais
em cinco cidades), e não mais apenas nos três locais de maior
concentração de motoristas;
o Aplicação do survey apenas para motoristas de caminhão, não se
incluindo profissionais do sexo.
• Modificação no cronograma original, devido à ampliação e modificação do
trabalho de campo.
• Modificação no título do projeto, da palavra “impacto” para “repercussão”,
seguindo sugestão do Comitê de Ética em Pesquisa que analisou e aprovou o
projeto.

3
Metodologia empregada

A pesquisa foi desenvolvida a partir de duas grandes etapas: uma


primeira de cunho qualitativo e uma segunda de caráter quantitativo. A etapa
qualitativa consistiu em realização de entrevistas semi-estruturadas com um
conjunto de atores sociais, incluindo desde as equipes de ONG/aids até
aqueles atores diversos presentes nos postos de combustível e na aduana,
buscando embasar a etapa seguinte do estudo. A etapa quantitativa da
pesquisa, que se seguiu à qualitativa, envolveu a realização de um estudo
piloto com 58 motoristas de caminhão a partir de roteiro de entrevistas
estruturado e, posteriormente, na realização de um survey com 854 motoristas
em 8 locais de concentração de caminhoneiros em 5 municípios do Rio Grande
do Sul.

Resumo dos resultados obtidos frente aos objetivos e metas


do programa ou da política avaliada

Os objetivos e metas da política aqui avaliada, de financiamento


continuado de ONG/aids para atuarem junto a motoristas de caminhão, devem
ser compreendidos no contexto das diretrizes do PN/aids de promoção de
saúde, em que tanto as ações de organizações da sociedade civil são
valorizadas quanto o grupo populacional de caminhoneiros é eleito como
prioritário. Segundo o PN/aids (www.aids.gov.br), as ações de intervenção que
visam reduzir o impacto da epidemia de aids sobre segmentos mais
vulneráveis da população priorizam aquelas medidas dirigidas para
“populações de risco acrescido e populações mais vulneráveis”. O
financiamento de ações de organizações da sociedade civil é considerado
importante porque estas têm “eficiência na abordagem de populações
vulneráveis, agilidade institucional na execução de projetos, criatividade
metodológica e temática, custos operacionais reduzidos e significativa melhora
de vida dos que vivem com HIV/aids” (www.aids.gov.br, grifos nossos). Na
“Matriz de Risco e Vulnerabilidade”1 do PN/aids, os motoristas de caminhão
são classificados como tendo “ocorrência freqüente de comportamento de risco
e de alta vulnerabilidade” (www.aids.gov.br), e assim são priorizadas ações de
ONG/aids voltadas para este público, através da publicação de sucessivos
editais de financiamento.
Frente a estes objetivos e metas explícitos pelo PN/aids, os resultados
da presente avaliação revelam a necessidade de repensar mecanismos de
financiamento a ONG/aids. Como se verá a seguir e detalhadamente nos
resultados da nossa avaliação, a abordagem da população de caminhoneiros
por parte de ONG/aids no Rio Grande do Sul se mostra pouco criativa e talvez
não tenha conseguido atingir os resultados almejados pelas ONG nos projetos
submetidos.
Dentre os entrevistados, a parcela que foi efetivamente alvo de uma
intervenção é muito baixa, e as abordagens revelam-se pouco marcantes ou

1
Estão listados na matriz de risco e vulnerabilidade como tendo ocorrência freqüente de
comportamento de risco e alta vulnerabilidade as seguintes populações: pessoas presas,
usuários de drogas injetáveis, profissionais do sexo, caminhoneiros e garimpeiros
(www.aids.gov.br).

4
mesmo nada significativas para os entrevistados. Deve-se dizer que a presente
avaliação foi focada no acesso da população por parte da ONG, não tendo
pretendido fazer uma avaliação de custo nem de implantação, ou da agilidade
institucional para execução, de cada um dos projetos das ONG/aids.

  

Observa-se por fim que o presente relatório é apresentado em dois


volumes. No presente volume, constam as informações técnicas referentes ao
relatório final, incluindo-se como anexos tão somente os instrumentos de coleta
de dados empregados na pesquisa (roteiros de entrevistas). Optamos por
reunir em um segundo volume todos os demais documentos relevantes que
gostaríamos de anexar ao presente relatório, incluindo-se os detalhamentos
acerca da metodologia de pesquisa, como o cálculo da amostra e um relato do
trabalho de campo, uma descrição sumária da equipe de pesquisa envolvida e
treinada, registros fotográficos do trabalho de pesquisa, além de artigos
apresentados em congressos acadêmicos com base na presente pesquisa
avaliativa.

5
2. DESCRIÇÃO DO ESTUDO

Objetivo e Justificativa Iniciais do Projeto Aprovado

O objetivo desta pesquisa foi avaliar projetos executados por


Organizações Não Governamentais (ONG) no combate à epidemia de aids que
atuaram junto a caminhoneiros e profissionais do sexo em seis municípios do
Rio Grande do Sul com o apoio do Programa Nacional de DST, HIV e AIDS do
Ministério da Saúde (PN/aids), no período de 2003 a 2005. Busca-se analisar a
repercussão das ações desenvolvidas pelas ONG, na forma de projetos,
elaborados a partir de diretrizes estabelecidas pelo PN/aids, e
operacionalizadas pela Seção de Controle de DST, HIV e Aids da Secretaria
Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, visando à educação para a
sexualidade com o objetivo de promover comportamentos e práticas sexuais
mais seguras. Este é um tipo particular de prevenção construído a partir de
uma metodologia específica desenvolvido por ONG que constitui uma política
pública no campo da saúde.
A avaliação buscou compreender o contexto em que estão inseridos os
sujeitos envolvidos nessas ações e os significados para estes sujeitos desta
política de saúde; a avaliação lançou mão de um instrumental da
epidemiologia, permitindo gerar um conhecimento generalizável para a
população de caminhoneiros que freqüenta aqueles postos de gasolina. A
análise dos dados permitiu que se relacionassem questões importantes
relativas à aids, à sexualidade, às relações de gênero (em particular, às
masculinidades), e à fase de vida no universo estudado.
A pesquisa avaliativa relativa a políticas públicas no Brasil ainda é
escassa; este campo é, além disso, incipiente e organizado de maneira
fragmentada, tendo fronteiras temáticas pouco claras. A própria
institucionalização do campo da avaliação de políticas públicas é precária
(Faria 2005, Nemes 2000). No caso de políticas públicas de saúde, a literatura
no Brasil é centrada em estudos de Epidemiologia e de Saúde Coletiva,
especialmente na avaliação de programas governamentais específicos de
saúde, em que se destacam artigos sobre programas de saúde voltados para
mulheres, crianças e adolescentes.
O estudo que estamos desenvolvendo pode auxiliar na formação de um
novo campo de pesquisa e de ação nas Ciências Sociais; pode também
oferecer novas perspectivas de planejamento, monitoramento e avaliação de
programas por parte de instituições (governamentais ou não governamentais)
que os fomentam e mantêm. Pode-se dizer que nestas três décadas de
epidemia, não houve ainda uma avaliação sistemática e em profundidade dos
programas e ações relativos à aids no Brasil. Segundo Parker, o Programa
Nacional de DST e Aids

é um resultado e um reflexo de uma mobilização muito mais ampla da sociedade


brasileira na resposta à epidemia. Dessa forma, talvez nenhum conjunto de atores
tenha sido mais importante do que o setor de organizações não-governamentais
(Parker, 2005: 19).

Para alguns autores, a expansão das ONG nas últimas duas décadas
teve como um de seus propulsores a implementação de um novo
assistencialismo social (Biagini, 2005; Fowler, 1997). Análise histórica das

6
organizações da sociedade civil latino-americanas permite uma tipologia: há
aquelas organizações de promoção e defesa de direitos e há as que buscam
serem concessionárias para a operação de programas e serviços públicos e
para executar ações de bem-estar e desenvolvimento, como prestadoras de
serviços do Estado (Biagini, 2005).
A provisão de serviços se justifica na medida em que, numa visão
positiva das ONG, estas são percebidas como pioneiras e como capazes de
fornecer serviços a comunidades de outra forma excluídas do Estado e do
mercado; suas ações geram capital social, i.e. trabalho democrático, redes
formais e informais de cooperação, de decisões e de metas compartilhadas.
Parte-se da idéia de que uma série de atividades será culturalmente adequada
quando executada por organizações pertencentes a movimentos de base;
também se entende que a participação da sociedade civil na elaboração de
políticas públicas contribui para o exercício da cidadania e para o controle
social. Entretanto, destacam-se por vezes, numa visão menos otimista das
ONG, a capacitação insuficiente dos integrantes das ONG ou uma capacidade
institucional limitada (Rabotnikof, 2001), a execução de ações em pequena
escala, a existência de mecanismos frágeis de monitoramento e avaliação
internos à instituição, a instabilidade de seus recursos e a sua dependência
com relação às agências de financiamento.
Atualmente, no Brasil, observa-se que as ONG/aids respondem a editais
periódicos elaborados pelo PN-MS ou, mais recentemente, àqueles formulados
pelas Coordenações Estaduais de HIV-Aids. As ONG assim credenciadas
elaboram intervenções que atendem a políticas, e satisfazem formatos
predefinidos, do governo brasileiro. A sustentabilidade das ações de ONG
desenvolvidas através de projetos que respondem a editais fica deste modo
inteiramente dependente da obtenção de recursos estatais (Horochovski,
2003). Mais especificamente, depende de uma única agência governamental, o
PN-MS – cujos recursos foram disponibilizados através de empréstimos feitos
pelo Banco Mundial (AIDS I, em 1993; AIDS II, em 1997; e AIDS III, em 2003,
vigente até 2006). Como o Terceiro Setor é reconhecido pelo Estado brasileiro
como um componente crucial e complementar no campo da saúde, e pelas
especificidades do campo da aids no Brasil acima mencionadas, a avaliação de
um programa de ações de uma ONG/aids se traduz, necessariamente, numa
pesquisa avaliativa de uma política pública de saúde (Armani, 2003;
Horochovski, 2003; Faria, 2005).
Conforme Parker (2005), não há documentos registrando os
componentes e o processo de elaboração das respostas dadas no Brasil à
epidemia da aids, acarretando a impossibilidade de reproduzir o programa e
também a dificuldade de compreender, a partir de uma perspectiva mais ampla,
estas respostas2. Ainda Parker (2002) enfatiza que o Programa de Aids
brasileiro tem como um dos mais difíceis dilemas o desafio da avaliação, sendo
necessário determinar em que nível a avaliação deve ser operacionalizada e

2
Os fatores apontados por Davies (2001) para a dificuldade de se tirar conclusões acerca dos
resultados do trabalho das ONG são diversos: expectativas ambiciosas da parte dos
avaliadores que podem não ter contrapartida na elaboração dos projetos das ONG; alta
complexidade de ONG de grande escala; diversidade de atividades desenvolvidas por uma
mesma ONG; objetivos mencionados pelas ONG que são vagos ou difíceis de mensurar;
limitações quanto aos instrumentos utilizados para monitorar, avaliar e revisar atividades;
ausência tanto de uma baseline para os dados, quanto de sistemas de monitoramento.

7
como colocar em prática um conjunto de avaliações que não recaiam num
“gerenciamento tecnocrático”. Ele sugere que se busquem avaliações ditas
democráticas (Spink, 2001), onde se “incorpora a auto-avaliação como parte do
processo de transformação social” (Parker, 2002:2).

Metodologia detalhada

A etapa qualitativa consistiu, primeiro, na realização de entrevistas semi-


estruturadas com as equipes das ONG que desenvolveram intervenções junto
a caminhoneiros e/ou profissionais do sexo, mapeando os principais locais e
estratégias de atuação das ONG. Em segundo lugar, a etapa qualitativa
envolveu a realização de entrevistas semi-estruturadas com motoristas de
caminhão e profissionais do sexo (mulheres e travestis), bem como gerentes
de postos de gasolina, funcionários, prestadores de serviços diversos, e
delegado da receita federal, nos locais de concentração de motoristas nos
quais houve atuação de ONG; ao todo foram realizadas 40 entrevistas em
profundidade e observações de cunho etnográfico, com elaboração de diário de
campo e registro fotográfico do cotidiano dos motoristas, em todos os sítios, em
6 municípios.
As entrevistas semi-estruturadas foram em sua maioria gravadas e
transcritas. O conteúdo das entrevistas transcritas foi analisado quanto aos
principais eixos temáticos; dados de diários de campo foram reunidos e
parcialmente sistematizados permitindo a contextualização das falas nas
entrevistas. Esta etapa permitiu a constatação de que não houve atuação do
Grupo Vale a Vida em Pelotas, fazendo com que este município fosse excluído
do estudo na etapa seguinte, a quantitativa. Permitiu, também, a identificação
do Posto Buffon em Canoas como uma referência importante para os
motoristas que circulam pelo estado, fazendo com que o local fosse incluído no
estudo. A observação da concentração de caminhões, aliada às entrevistas
qualitativas com motoristas, gerentes e funcionários dos postos, permitiu uma
estimativa do número de caminhões que circulavam em cada localidade; estas
observações foram depois empregadas pelo estatístico contratado para realizar
o cálculo da amostra para o survey.
O estágio quantitativo da pesquisa envolveu, primeiramente, a aplicação
de questionário piloto nos postos da Região Metropolitana (Porto Alegre,
Canoas, Gravataí) e em Rio Grande, tendo sido entrevistados 58 motoristas
(foram abordados 62 motoristas, mas houve 4 recusas). Os dados quantitativos
do piloto foram organizados na forma de um banco de dados com auxílio do
programa Sphinx Léxica; sua análise permitiu o aprimoramento do instrumento
de coleta de dados para a aplicação do survey. A etapa de estudo piloto
também foi de suma importância para a discussão não só do cálculo da
amostra, que foi revisto, mas para se testar as formas de sortear e abordar os
entrevistados.
O segundo momento do estágio quantitativo consistiu na aplicação de
questionários estruturados nos 8 locais identificados como sendo de
concentração de motoristas: Posto Garoupa (Porto Alegre), Posto Buffon
(Canoas), Postos Radar e Perdigão (Gravataí), Postos Buffon, Marinha e
Ongaratto (Rio Grande) e pátio da Receita Federal (Aduana) no Chuí. O survey
foi aplicado junto a 854 motoristas, conforme descrito no quadro a seguir

8
(Quadro 1). A forma com que foi feito o cálculo da amostra encontra-se
descrito no volume 2, de anexos, do relatório técnico final.

Quadro 1 Quadro resumo da amostra calculada e do número de questionários aplicados


em cada localidade

questionários
necessários
Quantidade Tamanho Erro Nº
Locais de (a serem
média da relativo questionários
Cidade concentração aplicados,
diária de amostra máximo aplicados
de caminhões incluindo
caminhões (n) (er) efetivamente
possíveis
perdas,
n+10%)
Posto Buffon
Rio Posto
Grande 3100 384 5,00% 423 429
Ongaratto
Posto Marinha
Porto
Posto Garoupa 100 78 86 86
Alegre
Canoas Posto Buffon 120 94 104 105
5,00%
Posto Radar
Gravataí 120 94 104 107
Posto Perdigão
Chui Aduana 150 118 130 127
TOTAL 3590 768 3,54% 847 854
* Efetivamente, 100% dos questionários necessários e 98% do que planejado foi aplicado no Chuí, tendo
sido encerrado o campo nesta localidade.

Os dados do survey foram sistematizados na forma de banco de dados


com auxílio do programa Sphinx Léxica; a entrada de dados foi realizada com
dupla digitação, para posterior comparação e limpeza de bancos. O banco de
dados final, revisado, foi analisado inicialmente com o programa Sphinx Léxica
e exportado para SPSS e STATA.
Foram treinadas duas equipes de pesquisadores assistentes – uma com
base em Porto Alegre e outra, em Pelotas – para a realização das entrevistas,
bem como três supervisores de campo, que atuaram em diferentes momentos
da presente pesquisa avaliativa. O treinamento incluiu discussões teóricas,
com leitura e discussão de textos, bem como uma parte prática de aplicação de
entrevista e de questionário. Todas as idas a campo foram feitas com pelo
menos um supervisor em campo presente durante todo o tempo. Todos os
questionários aplicados no survey foram revisados previamente à sua digitação
e a equipe de digitadores recebeu um treinamento antes de dar início ao
trabalho. A descrição detalhada do treinamento das equipes de pesquisadores
assistentes e da entrada em campo encontra-se em anexo, no volume 2 do
presente relatório, bem como um quadro resumo dos integrantes das equipes.

Apresentação de resultados

Os resultados aqui apresentados são descritivos e referem-se à análise


preliminar dos dados. Não serão mostradas, neste momento, outras análises
mais aprofundadas do material, que estão em fase de execução. Buscamos
conjugar com a apresentação dos dados quantitativos, o material qualitativo de
forma a complementar e aprofundar alguns aspectos evidenciados.

9
Foram entrevistados 854 caminhoneiros, nas cidades de Porto Alegre
(Posto Garoupa), Canoas (Posto Buffon), Gravataí (Posto Radar e Posto
Perdigão), Rio Grande (Postos Buffon, Ongaratto e Marinha) e Chui (Aduana).
Os dados qualitativos referem-se aqui a entrevistas realizadas com cerca de 30
caminhoneiros.
As características socioeconômicas e demográficas da amostra estão
descritas na tabela 1. A quase totalidade dos caminhoneiros (as) entrevistados
são homens (99,8%) e somente duas eram mulheres. A idade dos mesmos
variou de 20 a 74 anos, sendo a idade média 40,5 anos e a mediana de 40
anos. O desvio padrão foi de 10,9 anos. Quanto à cor, 83% declarou-se
branco; 14% preto, negro ou mulato e 3% amarelo, asiático ou indígena.
A renda mensal referida foi em média de R$ 2.115,00, mediana de R$
1.500,00 e desvio padrão de R$ 1.756,00, tendo variado de R$ 250,00 a R$
20.000,00. Somente vinte pessoas declararam renda mensal até R$ 600,00 e
sessenta e uma pessoas renda de R$ 5.000,00 ou mais.
A escolaridade concentra-se no primeiro grau, 68,78% (586) e no
segundo grau, 30,16% (257), sendo que somente 1,06% (9) freqüentou o
terceiro grau. Nesta classificação foram incluídos os graus completos e
incompletos.
Quanto ao estado civil 84% declarou-se casado ou em união. Dentre
esses, 83,7% informou estar no primeiro casamento. Quanto ao número de
vezes em que esteve casado ou em união, dentre aqueles que já foram
casados mais de uma vez ou que estavam solteiros, namorando, separados,
divorciados ou viúvos, no momento da entrevista, 25,47% (41) foi casado uma
vez; 59,63% (96) duas vezes; 11,18% (18) três vezes e 3,73% (6) quatro ou
mais vezes.
Os dados qualitativos indicam que uma parcela importante dos
caminhoneiros encontra-se engajada há vários anos em um mesmo
relacionamento conjugal. Vários entrevistados estavam “casados” há mais de
20 anos com a mesma esposa. A família é mencionada nas entrevistas como
um valor.
Um total de 84,76% (723) dos caminhoneiros disse ter filhos e a maioria,
85,8% (458), teve filhos com somente uma mulher 85,77% (458). Dos que
tiveram filhos com mais de uma mulher, 81,33% (61) teve com duas mulheres;
17,33% (13) com três mulheres e somente 1,33% (1) com quatro mulheres.
Quanto a freqüentar alguma religião, 81% (688) respondeu
afirmativamente, sendo que a maioria declarou-se católico 66,9% (572), e
19,3% (165) disse não praticar ou ter alguma religião.
Em relação a informações sobre a trajetória profissional, tabela 2, o
tempo de trabalho como caminhoneiro variou de 1 a 52 anos, com média de
16,9 anos e mediana de 15 anos. O desvio padrão foi de 10,74 anos. A maioria
já teve outra profissão além de caminhoneiro. As mais freqüentes foram a de
agricultor, pedreiro, vendedor / comerciante, operador de máquinas agrícolas,
frentista e serviços gerais. Nas entrevistas semi-estruturadas, o relato da
trajetória profissional envolve a saída do campo, onde quando jovem o sujeito
dirigia grandes máquinas agrícolas e levava a colheita para uma cooperativa,
até um centro urbano, onde ele se torna motorista profissional de caminhões.
Para a maioria dos entrevistados, 86,35% (734), o que ganham como
caminhoneiros é a principal fonte de renda da família. Da mesma forma, a

10
maioria 86,35% (734) referiu ter algum familiar caminhoneiro, sendo pai, irmão,
tio e primo os graus de parentescos mais freqüentes.
Ser caminhoneiro é percebido pelos entrevistados como uma verdadeira
profissão, visto que é dela que resulta a renda familiar e o tempo que atuam na
área é bastante alto. Além do tempo, trata-se de uma profissão que em grande
parte dos casos é passada de pai para filho. É neste sentido que um dos
entrevistados comenta:

- (...) nós somos uma família de caminhoneiros. Era o pai, né. Mas tem mais
caminhões, só que tá com os meus irmãos.
- O teu pai já era caminhoneiro?
- Já. Depois eu fiquei com o caminhão. Foi ele quem me deu o caminhão para
trabalhar. [...]
- E me diz uma coisa: os teus irmão também têm caminhão ou vocês são donos juntos
de um caminhão?
- Não, nós somos donos juntos de mais de um caminhão. São cinco caminhões.

Ser caminhoneiro é, assim, uma profissão transmitida no interior da


família, tanto em termos do ofício propriamente dito, como também, em alguns
casos, do próprio instrumento de trabalho, o caminhão.
Um total de 55% (474) trabalha como empregado e, dentre esses,
66,86% referiram ter carteira assinada. Quanto à segurança durante a viagem,
a grande maioria não possui o caminhão rastreado por satélite. É provável que
se tivéssemos desenvolvido esta pesquisa em outro local de concentração de
motoristas, como pátios de grandes empresas ou num porto, as características
relativas ao vínculo empregatício e ao monitoramento ou rastreamento do
veículo seriam diferentes.
No que se refere ao número de viagens realizadas por mês, a média é
de 6 viagens, mediana de 4, com desvio padrão de 5, tendo variado o número
de viagens de 1 a 50. Em relação à duração, as viagens duram em média 6,7
dias, mediana de 4 dias com desvio padrão de 7 dias.
A maioria viaja sozinha, 88,3% (754). Dentre aqueles que viajam
acompanhados, a companhia mais freqüente foi da esposa, 53,3% (65).
Quanto aos locais de parada durante a viagem, o Posto de Combustível
é o local mais citado por 86,8% (830). Reconhece-se que este dado tem o viés
da metodologia empregada na pesquisa, pois só foram entrevistados
motoristas em pátios de postos de gasolina. Entretanto, o dado é significativo
na medida em que aponta para a existência de um contingente de profissionais
que se concentra preferencialmente nestes locais.
Foram investigadas, mas não serão apresentadas neste momento, as
rotas de viagens mais freqüentes nos últimos dois anos, bem como de quanto
em quanto tempo o caminhoneiro costuma retornar ao Posto de Combustível
em que foi entrevistado, assim como em que locais costuma parar por mais
tempo durante as suas viagens.

Relação com serviços de saúde


Os problemas de saúde e utilização de serviços de saúde estão
descritos na tabela 3. Metade dos caminhoneiros entrevistados, 50,6% (431)
consultou nos últimos seis meses, sendo o médico clínico geral o mais
procurado, seguido de dentista, cardiologista e traumatologista.

11
A grande maioria procurou, nos últimos seis meses, por serviços de
médico particular ou de plano de saúde, totalizando 66,3% (297); o SUS,
através dos postos de saúde ou hospitais foi procurado por 25,1% (213) e os
demais referiram outras tipos de atendimento 8,1% (69).
Quando indagados sobre a ocorrência de algum problema de saúde
durante as viagens, 25,6% (218) responderam afirmativamente. Mas desses,
menos da metade, 41,28% (90) procurou atendimento na ocasião; 20% (44)
tomaram medicamento por conta própria e 13% (28) procuraram serviço de
saúde no retorno da viagem.
Durante as viagens, o atendimento particular foi a opção de grande
parte, 47,06% (72), através de médico particular, ou de convênio da empresa
ou de plano de saúde. O atendimento pelo SUS, 43,13% (66), se deu
principalmente pela procura de pronto socorro ou de serviço hospitalar e, em
raros casos, pela ida a um posto de saúde. A procura por farmácias foi a opção
de 9,8% (15) dos caminhoneiros, nesta ocasião.
Um dos fatores apontados pelos entrevistados como sendo uma
dificuldade no que diz respeito ao atendimento de saúde e seguimento das
prescrições médicas é o pouco tempo disponível em função do ritmo exigido
pela profissão. Isto faz com que muitas vezes recorram à auto-medicação e
utilizem recursos que se encontram mais acessíveis, tais como chás e
remédios que já “conhecem”. O relato de um entrevistado que diz ter “pressão
alta” é ilustrativo desta dificuldade:

- [...] E esse médico do coração que nós vamos lá para pressão alta, que ela [esposa]
tem também. Ele marca a cada 3 meses para a gente consultar lá. E agora até acabei
não indo por causa da viagem, vou ter que marcar uma nova data.
- E quando está viajando, se acontece alguma coisa?
- Eu tenho um aparelhinho de pressão, eu mesmo meço. Até os remédios que eu
tomo, quem achou a dose certinha para mim fui eu. Eu achei... Porque a gente
acostumou, né. E eu sinto alguma coisa na cabeça, alguma coisa assim, aí eu vou e
meço a pressão. Quando eu vejo que não tá bom, eu vou no médico.

Assim, em função das longas ausências e da dificuldade em prever as


viagens, os caminhoneiros acabam por aprender a gerir seus próprios sintomas
e problemas de saúde.

Sexualidade e Uso do preservativo


Quanto às parcerias sexuais, práticas sexuais e prevenção de
DST/HIV/aids/gravidez, descritos na tabela 4, 36,4% (310) dos caminhoneiros
referiram utilizar camisinha “sempre” nas relações sexuais, enquanto 31,8%
(271) respondeu que “sim, mas às vezes”. O uso de preservativo é referido
como sendo mais freqüente com prostituta e parceira eventual. Quando
indagados sobre a freqüência do uso de preservativo com esposa e/ou
namorada, 54,7% (314) disseram nunca ter utilizado e o uso “sempre” foi
referido por 26% (149) e “às vezes” por 19,3% (111). Mas esta informação não
se mantém consistente quando é indagado sobre a última relação sexual.
Nesta ocasião, a maioria teve como parceira a esposa atual 76,1% (649) e
74,6% (633) declarou não ter usado preservativo na ocasião. A última relação
sexual ocorreu em média há 8 dias, mediana de 4 e desvio padrão de 21,
variando de 1 a 300 dias.

12
Pouco mais da metade, 57,4% (486) declarou ter utilizado os serviços de
profissional do sexo alguma vez na vida e, destes, 57,6% (284) utilizou no
último ano. A ampla maioria dos entrevistados, 83% (405), já usou estes
serviços durante as viagens.
Todos os entrevistados reconhecem que é bastante comum entre os
caminhoneiros o uso dos serviços de prostitutas nas paradas noturnas. Alguns
sabem mesmo informar o valor cobrado pelas prostitutas, referido como algo
em torno de quinze a vinte reais por meia hora. Dois entrevistados referiram
ainda mais de uma modalidade de prostituição, explicando que aquela menina
que “acompanha” eles faz um preço fixo pelos serviços que irá prestar durante
o percurso; o motorista paga as demais despesas (alimentação e banho)
durante a viagem. No caso de uma viagem de Rio Grande a Porto Alegre, o
serviço custa em torno de oitenta reais; numa viagem maior, de Foz do Iguaçu
a Porto Alegre, o serviço de acompanhante custaria quatrocentos reais.
Uma outra modalidade de “serviços sexuais” que aparece nos
depoimentos dos entrevistados e que é desvinculado por eles da prostituição, é
a figura da conhecida ou namorada. Esta é tida como mais confiável,
especialmente no que diz respeito à transmissão de DSTs/aids, dispensando
muitas vezes o uso do preservativo na medida em que “se sabe quem é”.
O uso de preservativo com profissionais do sexo é declarado pela
maioria 96% (457), sendo que o mesmo foi classificado como “quase
sempre/sempre” por 91,2% (437) dos entrevistados. Este dado se confirma nas
entrevistas qualitativas, onde aqueles entrevistados que referiram já terem tido
relações sexuais com prostitutas são unânimes em afirmar que fizeram uso do
preservativo.
Quando indagados sobre qual o principal motivo para usarem camisinha,
a prevenção das DST/HIV/aids foi o motivo mais freqüentemente citado por
62,4%, seguido de contracepção, por 15,8%, e os cuidados em decorrência de
relações extraconjugais, por 6,4% (Tabela 5).
O preservativo aparece relacionado exclusivamente às parcerias
eventuais, visto que a com a esposa prevalece a confiança, como afirma um
entrevistado ao referir que o preservativo é usado apenas nas relações
extraconjugais:

É aí [em casa], a gente tem aquela confiança que pode ser sem camisinha, no caso
né. Se é aqui [no posto] a gente fica mais na dúvida, aí tem que botar. Tem que ter
certeza, se não tem, pode fazer um teste do HIV.

Ainda em relação ao uso do preservativo há alguns entrevistados que


afirmam nunca terem utilizado, justificando que só mantêm relações sexuais
com a esposa. Com a esposa, a preocupação é apenas com a contracepção,
que é, em geral, realizada através do anticoncepcional oral. Chama a atenção
que naquelas entrevistas em que foi aprofundada a questão da contracepção,
houve várias menções a esterilização cirúrgica, tanto feminina quanto
masculina (sendo a laqueadura mencionada com maior freqüência do que a
vasectomia).
As formas mais freqüentes de obtenção de preservativo são através de
compra na farmácia (51,5%) ou no posto de combustível (14,8%) e através da
própria profissional do sexo (11,9%). Um total de 54% (455) dos caminhoneiros
entrevistados possuía camisinha consigo no caminhão no momento da
entrevista.

13
Informação sobre Aids e Projetos de Intervenção
A obtenção de informações sobre DST/HIV/aids e o contato com
projetos de ONG/aids estão descritos, respectivamente, nas tabelas 6 e 7.
A televisão (33%) e o rádio (17,4%) são as principais fontes de
informação, seguidas pelos amigos e colegas (12,1%), e através de jornais
(8,7%) (Tabela 6).
Quanto a campanhas e abordagens sobre DST/aids, 62% (533) dos
entrevistados viram caminhoneiros sendo abordados em campanhas nas
estradas e 53,1% (450) já foi contatado por alguém sobre prevenção de
DST/aids. Somente 12,6% (68) referiram abordagem no local onde estava
sendo realizada a entrevista e, 11,5% (86), declararam que alguém veio
conversar sobre aids ou DST no posto onde está sendo entrevistado, nos
últimos dois anos3. A maioria, contudo, não lembrava o nome do grupo,
instituição ou projeto que conversou sobre aids nos últimos dois anos e 85,4%
(311) considera que aprendeu mais sobre DST/aids com essas abordagens
(Tabela 7).
Para a maior parte daqueles entrevistados na fase qualitativa, as
intervenções que presenciaram foram consideradas bastante pontuais – em
datas como carnaval e ano novo – e raras, tendo ocorrido uma ou duas vezes
durante estes longos anos de trabalho, como demonstra o trecho abaixo:

- E nessas paradas noturnas pra dormir nos postos, tu já foi abordado por algum
projeto ou instituição de prevenção de AIDS, de doenças sexualmente transmissíveis,
alguém que tenha te...
- Mais na época de carnaval...
- E com que freqüência então?
- Ah, é raro...
- Nesses postos que tu vais é...
- No meu ponto de vista eu acho raro..

Especificamente no caso dos entrevistados na cidade de Rio Grande,


tabela 8, onde existe um “container” dentro de cada um dos três postos de
combustível em que a ONG atua, 40,9% (333) dos entrevistados já foi ao
posto, mas não viu o “container” e 34,6% (282) referiram tê-lo visto. Daqueles
que viram o “container”, 37,5% (106) motoristas declararam que o procuraram.
Os demais não se interessaram ou já haviam sido abordados pelo pessoal
dessa ONG (GAPA-RG) em outra ocasião. Os principais motivos para a
procura do “container” foram querer fazer algum tipo de exame, pegar
camisinha e obter mais informações sobre o assunto. Dentre as atividades
realizadas pelas ONG junto aos caminhoneiros, a realização de exames foi
uma delas. Os mais comuns foram os testes sanguíneos para detecção de
diabete, colesterol e HIV, além de medida de pressão arterial.
É também significativo o número de caminhoneiros entrevistados que
apesar de vários anos na estrada nunca foi alvo de qualquer intervenção.

3
Foram excluídas aqui as entrevistas realizadas em Canoas, portanto, estão sendo
consideradas 749 observações.

14
- O senhor nunca esteve em algum posto em que distribuíram algum preservativo,
alguma informação...?
- Não.
- Nunca, nunca?
- Nunca, nunquinha. Em 23 anos que eu viajo, nunca vi isso aí.
- Sério? Nunca?
- Sério.
- Nenhuma época?
- Nenhuma época.

Todos os entrevistados ressaltam a escassez de intervenções e, ao


mesmo tempo, a importância de campanhas informativas direcionadas a este
segmento profissional. Esta carência deve-se, segundo os entrevistados, a
uma certa desvalorização da profissão pelas diferentes instituições, como
aponta o relato abaixo:

- Eu acho que é muito escasso, o caminhoneiro não vale nada pra eles. Pra
caminhoneiro não tem nada, a gente mexe com tudo aí né. Tudo que come, que veste,
tudo é com o caminhão, e não tem nada pra nós? Tem muito posto aí, um posto desse
aqui é bom, mas aí você vai pagar o estacionamento, ele é bom por isso, agora tem
muito posto aí que você... é triste, você pára, você se sente numa favela.

Contudo, apesar de grande parte dos caminhoneiros não ter sido


abordado por projetos direcionados a esta população específica, apresentam
um bom nível de informação sobre HIV/aids. As informações básicas sobre
formas de infecção/prevenção do HIV/aids são de conhecimento da maioria
dos caminhoneiros, conforme se observa na tabela 9. O índice de acertos
variou de 76,9% a 99,2%. As afirmativas de que o vírus pode se transmitir de
mãe para o filho e que a transmissão pode ocorrer através de picada de
mosquito foram as que apresentaram maior dificuldade na resposta correta.
Quanto a conhecer alguém que tenha o vírus da aids, 44,6% (379) dos
entrevistados declarou que sim, sendo os mais referidos: um conhecido 34,3%
(149); um amigo 21,4% (93); um caminhoneiro 19,3% (84); um vizinho 11,3%
(49) e um familiar 9,4% (41).
O exame para detecção do vírus da aids já foi realizado por 45,3% (384)
dos entrevistados neste estudo e o de hepatite por 44,1% (375).
Quanto ao uso de substâncias lícitas ou ilícitas 73,3% (622) utiliza
bebida alcoólica, que é usada pelo menos 1 vez por semana ou eventualmente
pela maioria (tabela 10). Doze e meio por cento (78) declarou o uso diário de
álcool. O uso de substâncias para “ficar acordado” é referido por 77% (654) dos
entrevistados, sendo o rebite utilizado por 35,1% (104). O uso de cocaína
injetável foi referido por menos que 0,4% (3) dos motoristas entrevistados e,
destes, apenas um (1) referiu ter compartilhado seringas com alguém ao usar a
cocaína injetável.
As sugestões apontadas pelos caminhoneiros visando melhorar as
ações de prevenção das DST/aids, descritas na tabela 11, são as seguintes:
mais campanhas, abordagem face a face / pesquisa e atuação nos locais de
concentração de motoristas (postos). Em torno de 11% diz acreditar que
depende muito de cada individuo a prevenção das DST/aids. Com freqüência,
diante do pedido de sugestões de formas de prevenção, os motoristas
responderam que “uma coisa assim como vocês estão fazendo”, i.e. o
momento da própria entrevista, numa interação face a face, era o ideal.

15
E apesar do bom nível de informação sobre a doença, a aids ainda
parece ser uma coisa distante do universo de grande parte dos caminhoneiros.
Um dos entrevistados evidencia esta idéia ao falar sobre a importância de
desenvolver mais intervenções nos posto de gasolina:

[...] Porque hoje, pode perguntar pra qualquer um, a maioria acha que não existe aids.
Que a aids não é uma doença que te dói... Então ele vai pegar HIV e vai, está
acabado. Então acho que a maioria do pessoal mais de idade não acredita. Isso aí, se
o pessoal não mentir, tu vai ver que a maioria nem usa camisinha...

É neste sentido que quando falam nas formas de intervenção que devem
ser realizadas, os entrevistados mencionam a palavra-chave “conscientizar”. A
idéia presente neste termo é o de fazer com que a aids passe a ser vista como
uma realidade de fato pelos caminhoneiros, como um risco que está próximo e
não apenas no nível do discurso. É neste sentido que se encontra entre as
sugestões de motoristas a realização de palestras ou conversas com pessoas
que vivem com HIV/aids; alguns sugerem que pessoas que vivem com
HIV/aids sejam trazidas aos postos e mostradas, para que os motoristas
acreditem na existência concreta da doença.

16
Tabela 1 Características socioeconômicas e demográficas, N = 854
Variáveis N %
Cor
branca 694 83,1
negra, preto, mulato 118 14,1
amarelo, asiático, indígena 24 2,9
Idade na entrevista em anos
20 – 29 163 19,1
30 – 39 247 28,9
40 – 49 245 28,7
50 ou mais 199 23,3
Escolaridade
1º incompleto 369 43,4
1º completo 217 25,4
2º incompleto 186 21,8
2º incompleto 71 8,3
3º completo / incompleto 9 1,1
Renda mensal (em R$)
250 a 1000 201 23,6
1001 a 1500 246 28,9
1501 a 2000 171 20,1
2001 ou mais 234 27,5
Estado civil
casado ou em união 716 83,9
namorando 29 3,3
solteiro 62 7,3
separado, divorciado, viúvo 47 5,5
Tem filhos
sim 724 84,8
não 130 15,2
Número de filhos
um 198 27,4
dois 281 38,8
três 163 22,5
quatro 51 7
cinco ou mais 31 4,3
Teve filhos com a mesma mulher?
sim 458 85,8
não 76 14,2
Freqüenta religião
sim 688 80,8
não 164 19,3
Tipo de religião
católico 572 66,9
evangélico 84 9,8
espírita/umbanda, cambomblé 9 1,1
outras 23 2,7
protestante 2 0,2
não pratica/nenhuma 165 19,3
Os totais não coincidem devido à falta de informações para algumas variáveis

17
Tabela 2 Informações sobre a profissão de caminhoneiro, N = 854
Variáveis N %
Se já teve outra profissão
sim 670 78,5
não 184 21,6
Proprietário do caminhão
sim 340 39,8
não 514 60,2
Vínculo de trabalho
empregado 470 55,1
conta própria / autônomo 339 39,7
cooperativa 3 0,4
outro 42 4,9
Se caminhão é rastreado
sim, sempre 205 24
sim, às vezes 37 4,3
não 611 71,6
O que ganha é a principal fonte de renda da família
sim 734 86,4
não 116 13,7
Se tem familiar caminhoneiro
sim 734 86,4
não 116 13,7
Quem é o familiar caminhoneiro*
pai 256 28,1
irmão 251 27,6
tio 140 15,4
outro 98 10,8
cunhado 70 7,7
filho 69 7,6
sobrinho 27 2,3
Viaja sozinho
sim 754 88,3
não 100 11,7
Com quem viaja *
esposa 65 53,3
outra pessoa 24 19,7
filhos 17 13,9
caminhoneiro 14 11,5
outro familiar 2 1,6
Onde costuma parar durante as viagens*
Posto combustível 830 86,8
Aduana 45 4,7
Cia. Transportadora 39 4,1
Outro 28 2,9
Polícia Rodoviária 8 0,8
Casa de familiar ou namorada 4 0,4
Posto de pedágio 2 0,2
* dados em relação ao número de citações

18
Tabela 3 Informações sobre a utilização de serviços de saúde, N = 854
Variáveis N %
Consulta nos últimos 6 meses
sim 431 50,6
não 421 49,4
Especialidade do médico nos últimos 6 meses *
clínico geral 202 43,3
dentista 148 31,7
outro 46 9,9
cardiologista 30 6,4
traumatologista/ortopedista 12 2,6
oftalmologista 12 2,6
gastroenterologista 6 1,3
cirurgião 4 0,9
dermatologista 3 0,6
psicólogo/Psiquiatra 2 0,4
pneumologista 2 0,4
Tipo de serviço que consultou nos últimos 6 meses*
médico particular/ convênio empresa/ plano saúde 297 66,3
outro 69 15,4
pronto socorro / ambulatório de hospital do SUS 55 12,3
posto de saúde do SUS 27 6
Já adoeceu durante as viagens
não 635 74,4
sim 218 25,6
Como resolveu problema de saúde nas viagens
procurou serviço de saúde/médico durante viagem 90 41,3
tomou medicamento por conta própria 44 20,2
procurou serviço de saúde/médico no retorno 28 12,8
outro 27 12,4
não fez nada 18 8,3
procurou uma farmácia/farmacêutico 11 5,1
Tipo de serviço que procurou durante as viagens *
médico particular/ convênio empresa/ plano saúde 72 47,1
pronto socorro/ hospital do SUS 59 38,6
farmácia 10 6,5
posto de saúde do SUS 7 4,6
automedicação 5 3,3
Já doou sangue alguma vez na vida
Sim, já doou algumas vezes 237 59,5
Doou sangue apenas uma vez 99 24,9
Sim, doa sangue rotineiramente 62 15,6
* dados em relação ao número de citações

19
Tabela 4 Informações sobre parcerias sexuais, práticas sexuais e prevenção, N = 854
Variáveis N %
Se costuma usar camisinha nas relações sexuais
sim, sempre 310 36,4
sim, às vezes 271 31,8
não 270 31,7
Com quem já usou camisinha *
prostituta 270 38,4
parceira eventual 224 31,9
esposa 119 16,9
namorada 74 10,5
outro 15 2,1
travesti 1 0,1
Freqüência de uso de camisinha com esposa/namorada
nunca 314 54,7
sempre 149 26,0
às vezes 111 19,3
Parceira da última relação sexual
esposa atual 649 76,1
namorada atual 76 8,9
profissional do sexo 55 6,4
uma parceira eventual 45 5,3
outra(o) 20 2,3
ex-esposa ou ex-namorada 8 0,9
Se usou camisinha na última relação sexual
não 633 74,6
sim 215 25,4
Usou serviços de profissionais do sexo alguma vez na vida
sim 486 57,4
não 360 42,6
Usou serviços de profissionais do sexo no último ano
sim 284 57,6
não 209 42,4
Se já usou serviços de profissionais do sexo durante as viagens
sim 405 83,0
não 83 17,0
Se faz uso de camisinha com estes profissionais
sim 457 96,0
não 19 4,0
Uso de camisinha com profissional do sexo durante as viagens
quase sempre / sempre 437 91,2
nunca 21 4,4
frequentemente 16 3,3
raramente 5 1,0
Onde consegue camisinha quando se relaciona com profissional do
sexo 347 51,5
compra na farmácia 100 14,8
compra no posto de combustível 80 11,9
profissional do sexo 62 9,2
outro 46 6,8
ganha em campanhas de prevenção 34 5,0
posto de Saúde 41 0,6
bar / boate / motel 1 0,1
com colegas ou amigos
* Os percentuais são calculados em relação ao número de citações

20
Tabela 5 Motivos para uso de preservativo nas relações sexuais
Motivos referidos N %
Prevenção DST/HIV/AIDS 622 62,4
Contracepção 157 15,8
Relação extraconjugal 64 6,4
Não respondeu 43 4,3
Desconhece parceira/profissional 38 3,8
Consciência/responsabilidade 22 2,2
Não tem motivo/não usa 21 2,1
Com esposa não precisa 20 2,0
Higiene 5 0,5
Necessidade especial 3 0,3
Solicitação da parceira 1 0,1
Os percentuais são calculados em relação ao número de citações

Tabela 6 Informações sobre onde ou através de quem, ouviu falar de DST/HIV/aids


Fontes de informação N %
Televisão 680 33,0
Rádio 358 17,4
Amigos, Caminhoneiros/Colegas 250 12,1
Jornal 180 8,7
Posto de combustível 88 4,3
Revistas (p/ caminhoneiro, feminina ou masculina) 68 3,3
Médico ou Serviço de Saúde 63 3,1
Professor/Escola 52 2,5
Posto de pedágio 50 2,4
Familiares 26 1,3
Livro 13 0,6
Filme 3 0,1
Outro 228 11,1
Os percentuais são calculados em relação ao número de citações

21
Tabela 7 Caracterização das abordagens dos caminhoneiros pelas ONG/aids, N = 854
Variáveis N %
Viu caminhoneiros abordados nas estradas por campanhas sobre AIDS
sim 533 62,8
não 316 37,2
Onde foram as campanhas que viu nas estradas *
outros lugares (a classificar) 323 57,0
campanha no pedágio 205 36,2
campanha em festa de caminhoneiro 30 5,3
atividade de empresa transportadora 9 1,6
Já foi contatado por alguém sobre prevenção de DST/aids
sim 450 53,1
não 398 46,9
Em que locais foi contatado sobre prevenção de DST/aids *
outro posto / fronteira 217 40,3
outros locais 111 20,6
pedágio 75 13,9
neste posto / fronteira 68 12,6
polícia rodoviária 67 12,4
casa noturna / bar / boate 1 0,2
De 2004 até agora, alguém veio conversar sobre aids ou DST no posto onde
está sendo entrevistado? **
não 655 87,4
sim 86 11,5
Lembra o nome do grupo, instituição ou projeto que conversou sobre aids ou
DST, no posto onde está sendo entrevistado? **
não 61 65,6
sim 26 28
De 2004 até agora, alguém veio conversar sobre aids ou DST em algum outro
posto / fronteira (diferente do local da entrevista)
não 534 63,3
sim 310 36,7
O que foi feito durante as abordagens *
informações sobre como se prevenir da aids/ mostraram vídeo 345 21,1
distribuiram camisinha 340 20,8
deram informações sobre como se pega HIV/aids 339 20,7
entregaram material informativo (folheto) 325 19,8
deram informações sobre exames 195 11,9
realizaram algum teste ou exame 61 3,7
encaminharam para consulta médica 18 1,1
distribuiram kit de redução de danos (seringa) 12 0,7
outro 4 0,2
As abordagens ajudaram a aprender mais sobre aids ou DST?
sim 311 85,4
não 53 14,6
Que diferença a abordagem fez no dia-a-dia do caminhoneiro *
ganhou maior conhecimento 298 33,8
repassou para alguém informações sobre AIDS ou DST 178 20,2
se já usava camisinha, começou a usar "sempre" 125 14,2
passou a usar camisinha 92 10,4
mudou algum outro comportamento 92 10,4
buscou maiores informações sobre AIDS ou DST 75 8,5
procurou algum serviço de saúde 22 2,5
* Os percentuais são calculados em relação ao número de citações
** Tabela construída sobre 749 observações (excluídos entrevistados de Canoas)

22
Tabela 8 Conhecimento e utilização dos “containers” das ONG nos Postos de
Combustíveis da Cidade de Rio Grande, pelos caminhoneiros entrevistados, N = 854
Variáveis N %
Viu um container no pátio do posto
já foi ao posto, mas não viu container 333 40,9
sim, já viu um container 282 34,6
nunca foi a estes postos 200 24,5
Se já viu, foi até o container ou procurou alguém que trabalhava nele?
não se interessou por ir ao container 153 54,1
procurou o container 106 37,5
não foi até o container, pois já tinha sido abordado 24 8,5
Se procurou o container, por que foi até o serviço?
queria fazer algum tipo de exame 46 41,4
queria pegar camisinha 32 28,8
queria mais informações 25 22,5
outro 8 7,2

Tabela 9 Conhecimento sobre aids, N = 854


Noções sobre HIV/aids verdadeiro falso Não sabe
Ter uma relação sexual sem usar camisinha 845 (99,2) 6 (0,7) 1 (0,1)
Compartilhar seringa ao usar droga injetável 837 (98,2) 4 (0,5) 11 (1,3)
Doação de sangue com material descartável 138 (16,2) 695 (81,6) 19 (2,2)
Da mãe para o filho -gravidez/parto/amamentação 654 (76,9) 103 (12,1) 94 (11,0)
Picada de mosquito 164 (19,2) 563 (66,1) 125 (14,7)
Compartilhar louça, talheres ou chimarrão 76 (8,9) 729 (85,6) 47 (5,5)

23
Tabela 10 Informações sobre uso de substâncias lícitas ou ilícitas, N = 854
Variáveis N %
Usa bebida alcoólica
sim 622 73,3
não 227 26,7
Número de vezes que tomou bebidas alcoólicas no último mês
pelo menos 1 vez por semana 278 44,5
eventualmente 257 41,1
todos os dias 78 12,5
mais de uma vez por dia 12 1,9
Uso atual de substância para ficar acordado
não 654 77,0
sim 195 23,0
Substâncias que costuma tomar para ficar acordado
Cafeína (café, chimarrão, coca-cola) 130 43,9
Rebite (anfetaminas) 104 35,1
Energético (red-bull, bad-boy) 34 11,5
Guaraná em pó 23 7,8
Cheira cocaína 3 1,0
Outro 2 0,7
Já usou, ou usa, cocaína injetável
não 846 99,6
sim 3 0,4
É mais difícil usar camisinha após tomar álcool ou outras drogas
sim 593 75,6
não 191 24,4

Tabela 11 Sugestões dos caminhoneiros de atividades e locais para melhorar a forma de


abordagem sobre prevenção a HIV/aids
Sugestões de abordagens N %
"mais campanhas" 233 23,6
abordagem face a face/ pesquisa 145 14,7
locais de concentração de motoristas (postos) 123 12,4
depende muito do indivíduo 106 10,7
serviços de saúde/ campanhas estrada (posto, pedágio, polícia, aduana) 57 5,8
controle/fiscalização de profissionais do sexo / evitar OS 53 5,4
palestras, debates 51 5,2
distribuição de preservativo em postos 38 3,8
folder, panfleto, faixa, cartaz 38 3,8
educação mais ampla e para a saúde / Escola 30 3,0
exibir PVHA / Palestras de PVHA 26 2,6
televisão / Rádio 25 2,5
disponibilizar ou obrigar realização de exames 15 1,5
Agência de carga/transporte 15 1,5
controle de drogas/álcool/rebite 11 1,1
informação voltada para profissionais do sexo 9 0,9
valorizar família 7 0,7
Outros 6 0,6
Os percentuais são calculados em relação ao número de citações.

24
Discussão de resultados da avaliação, seus limites e
significados frente aos objetivos e metas do programa ou da
política avaliada

A compreensão bastante estreita da expressão “população-alvo” por


parte das ONG faz com que estas voltem suas ações para grupos
populacionais muito específicos; as ações das ONG em seu conjunto tornam-
se pulverizadas, pois multiplicam-se e ao mesmo tempo reproduzem-se grupos
populacionais a serem beneficiados. Desta forma, as ações planejadas não
levam em conta um conjunto de relações sociais que permitem a existência da
população que é alvo de suas ações – sendo desconsiderados todos os
demais atores sociais que co-habitam e transitam no espaço do postos de
gasolina ou na aduana, como os frentistas, os garçons, os atendentes, os
gerentes, os proprietários, o loneiro, o chapa, o eletricista, a pessoa que vende
lanche, etc.
A falta de atenção por parte das ONG dessa trama de relações que se
tece em um determinado universo social – e, usualmente, num espaço social e
geográfico delimitados – faz com que as ações planejadas pela ONG se
afastem de um marco teórico da vulnerabilidade, enfatizando a idéia de um
comportamento de risco e, portanto, a possibilidade de mudança é (re-)alocada
exclusivamente no indivíduo. Ao centrar suas atividades na distribuição de
preservativo apenas a motoristas, a ONG revela uma concepção de fundo de
suas intervenções: de que se pode atribuir aos motoristas de caminhão, por
exemplo, uma capacidade que de fato não eles pessoalmente não têm, pois
esta só é possível num contexto no qual ele está inserido.
O conhecimento que as ONG têm da população-alvo por vezes é relativo
a um grupo particular, com o qual a equipe tem algum contato. Entretanto, as
características conhecidas daquela parcela podem ser tomadas como sendo
mais genéricas, do grupo todo. Assim, percebe-se uma tentativa de
homogeneizar e reunir sob uma mesma rubrica sujeitos que guardam
importantes diferenças entre si. No caso, por exemplo, dos caminhoneiros, isto
implica reunir sob um mesmo nome e intervir sempre de uma mesma maneira
junto a sujeitos que não se reconhecem como iguais – o que se percebe ao ver
um caminhão coberto de dizeres religiosos e outro, de figuras de mulheres
nuas, por exemplo. A ONG reproduz uma tecnologia por ela conhecida e
desenvolvida junto a outros grupos populacionais, como as profissionais do
sexo ou travestis, sem adaptar esta tecnologia às especificidades dos
motoristas.
Neste curto período de tempo, e sem que houvesse uma periodicidade,
já que se tratava de coleta de dados e não de uma intervenção, estabeleceram-
se relações de trocas intersubjetivas e de conhecimentos. Muitos entrevistados
são re-encontrados, e o re-conhecimento é mútuo. Os projetos desenvolvidos
pelas ONG não foram tão marcantes na trajetória dos caminhoneiros, visto que
grande parte pouco lembrava destas intervenções.
Os locais de concentração de motoristas são importantes referências,
servindo para trocas monetárias, comerciais e sociais. A forma com que se dá
a remuneração de muitos motoristas pelas transportadoras implica que este
sujeito estabeleça uma estreita relação com um mesmo posto de combustível.
A transportadora dá ao motorista um conjunto de documentos que serão

25
trocados ao longo da viagem – principalmente cartas de pagamento de frete,
documentos que funcionam como “vale pedágio” e por vezes documentos que
funcionam como “vale combustível”. O motorista troca uma parte do valor do
frete no posto de combustível por diesel (e o posto cobra overhead) e outra
parte por dinheiro. Sem esta troca negociada diretamente pelo motorista com o
posto, o sujeito não recebe pagamento em dinheiro. Justamente por isto
mesmo, há uma certa fidelidade do motorista àquele estabelecimento
comercial.
Enquanto que entre as profissionais do sexo entrevistadas percebe-se
conhecimento de diversas intervenções, das ONG e dos serviços de saúde, a
repercussão das intervenções realizadas pelas ONG/aids é pequena entre os
motoristas de caminhão. Mesmo quando os entrevistados identificam uma ação
de intervenção da qual foram alvos, não lembram os autores da ação. Assim,
os caminhoneiros não sabem se receberam preservativos e material
informativo do posto de saúde, de uma ONG ou de algum outro grupo.
A carência de ações de assistência à saúde e de prevenção junto aos
motoristas é tão grande que para muitos dos entrevistados o momento da
entrevista é citado como sendo a principal ou única melhor intervenção por eles
sofrida.

Conclusões da avaliação

A partir das fontes de dados que constituímos na presente pesquisa,


basicamente compostas por anotações dos diários de campo, entrevistas semi-
estruturadas, pesquisa quantitativa, fichas de leitura da bibliografia publicada
sobre o tema e anotações oriundas da navegação em sítios da internet, foi
possível listar alguns indicadores que apontam para a vulnerabilidade
específica da população de caminhoneiros pesquisados, com boas
possibilidades de generalização cautelosa para o universo de caminhoneiros
do país. Apresentamos aqui fatores específicos de vulnerabilidade dos
caminhoneiros, bem como alternativas de encaminhamento, no sentido das
campanhas de prevenção.
O primeiro dado que chama atenção é o baixo nível de escolaridade,
combinado com o exercício de uma profissão rendosa, o que com certeza
afasta o sujeito do prosseguimento dos estudos, percebido como pouco
importante em termos de carreira, além da dificuldade em conciliar o estudo
com os deslocamentos que a profissão exige. Por outro lado, sabemos que o
nível de escolaridade é um importante indicador de vulnerabilidade à aids.
Desta forma a população específica dos caminhoneiros, mesmo com ganhos
salariais maiores do que a média, encontra-se afastada da escola, e com
poucas possibilidades de retorno a ela. Outras modalidades de prosseguir nos
estudos, na escola oficial de modalidade supletiva ou educação de jovens e
adultos, ou através de cursos de aperfeiçoamento profissional, foram
raramente encontradas em nossa pesquisa.
Em muitos casos, o sujeito provém de uma família de caminhoneiros,
então ele é quase “predestinado” a ser caminhoneiro, iniciando este percurso
desde cedo, pelo exercício de profissões vinculadas ao universo dos
caminhoneiros, como dirigir trator, trabalhar em borracharia, acompanhar o pai
ou tio no caminhão, ser operador de máquinas agrícolas. Dessa forma, temos
uma sinergia de fatores que o afasta da escola desde cedo: as viagens, o início

26
da atividade produtiva ainda muito jovem, e a decisão de ser caminhoneiro,
compartilhada no núcleo familiar, que prevê uma carreira onde a escola não
está incluída.
Há no Brasil atualmente uma diversidade de programas de ensino,
destinados a atender populações que estão em defasagem na relação
idade/série, ou que se evadiram da escola sem a conclusão do ensino
fundamental. Os caminhoneiros necessitam do desenho de uma política
pública de educação específica, que lhes permita prosseguir na trajetória de
estudos, em particular no que se refere ao domínio das capacidades de leitura,
escrita e interpretação.
Um segundo elemento que nos parece constituir uma vulnerabilidade
específica da população estudada refere-se à dicotomia “lugar da casa, lugar
da rua”. Os caminhoneiros não apenas vivem muito tempo “fora de casa”,
entendida aqui a casa como local de moradia da família, dos filhos, das
relações de vizinhança tradicionais; como também viajam carregando “sua
casa”, pois chamam o caminhão muitas vezes de “casa de lata”. Vale lembrar
uma frase de pára-choque de caminhão, que, com algumas variações e
diferentes redações, apresenta o seguinte conteúdo: “o caminhoneiro tem uma
vida de cão, pois dorme na casinha, come numa latinha, e faz xixi no pneu”. O
fato de carregarem consigo uma casa facilita o “convite” a uma parceira
eventual para relações sexuais. Tal procedimento, por conta do convívio
intenso num grupo fortemente masculino, não é algo condenado, nem mal visto
pela maioria. Pelo contrário, o caminhoneiro tem uma aprovação social para
levar mulheres prostitutas para dentro da “casa de lata”, e isso ajuda a explicar
os elevados percentuais de uso desse serviço encontrados nessa população. A
venda e disponibilidade do medicamento Viagra nos postos de gasolina é
notória, e já sinaliza nesse sentido. Não há uma aprovação “empresarial” a este
procedimento, e o uso do satélite e dos equipamentos de rastreamento por
vezes dificulta a incidência desse tipo de comportamento, em particular ao
longo da estrada. Os postos de gasolina e outras áreas de estacionamento e
pernoite de caminhões têm posições diversas quanto ao tema, desde a
ausência de controle completa até procedimentos que visam impedir a
prostituição nessas áreas.
Ainda vinculado ao universo das relações com parceiras ao longo da
viagem, um terceiro elemento que aponta para a vulnerabilidade específica
desta população refere-se ao procedimento, encontrado junto a certo número
de caminhoneiros, de manter relações sexuais sempre com a mesma garota
quando da passagem por determinados pontos. Com isso, o caminhoneiro fica
amigo da profissional do sexo, relata que lhe traz presentes, passa a chamá-la
de “namorada”, “conhecida” ou “minha menina”. Temos também uma variante
desse comportamento, que implica levar a garota na viagem, por diversos dias
ou semanas, como acompanhante, após combinação de pagamento específico
e garantia da modalidade de retorno. Estes comportamentos que investem na
manutenção de um vínculo semi-permanente com determinada garota podem
ocasionar o abandono gradual do preservativo ao longo do tempo. Esta atitude,
já descrita na bibliografia que estuda outros grupos populacionais, nos ensina
que a emergência do amor e de vínculos de confiança implica o abandono do
cuidado e da prevenção, substituída pela intimidade e pela confiança – o que
pode ser também constatado na presente pesquisa através do uso declarado

27
pouco freqüente de preservativo com as esposas/companheiras, em quem os
entrevistados confiam.
As campanhas de prevenção entre os caminhoneiros precisam então
pensar em estratégias que tornem mais presente o preservativo nos postos de
gasolina, seja através de máquinas nos banheiros específicos, seja com o uso
de técnicas de abordagem e sensibilização. As situações específicas de
envolvimento entre a profissional do sexo e o caminhoneiro precisam estar
presentes nas campanhas de prevenção.
Um quarto elemento que merece ser levado em atenção acerca da
vulnerabilidade específica desta população refere-se ao uso do álcool e dos
estimulantes em geral, em especial o uso das anfetaminas, amplamente
conhecido como “rebite”, que configura um percentual elevado, conforme os
dados da pesquisa. O consumo destas substâncias traz com certeza
conseqüências para o uso do preservativo e adoção de atitudes de cuidado e
prevenção, e estudos que aprofundem esse tema precisam ser realizados.
Também esse elemento precisa estar presente nas campanhas específicas
dirigidas a este grupo, em particular nas conexões que esta prática estabelece
com outras práticas de risco, presentes na profissão de caminhoneiro, e que
valorizam um perfil masculino de indivíduo constantemente exposto a riscos.
Por fim, um quinto elemento que merece atenção é a notória dificuldade
dos caminhoneiros em ter acesso regular ao serviço de saúde do SUS, através
de uma unidade básica. Nos locais onde os caminhoneiros estão disponíveis
para consultas médicas, quais sejam postos de gasolina e áreas de fronteira,
estes serviços não existem. No local de moradia eles passam poucos dias, que
muitas vezes coincidem com finais de semana e feriados. O caminhoneiro
nesse aspecto está sempre desamparado, o que explica o uso predominante
de serviços médicos particulares, e apenas para resolução de problemas
pontuais. O serviço de saúde precisa pensar em estratégias de acesso a
populações que se deslocam, dos quais os caminhoneiros são um dos maiores
exemplos.

Recomendações para aprimoramento do referido programa ou


política

A partir do trabalho de avaliação que realizamos foi possível


problematizar os modos de intervenção em particular das ONG junto à
população de caminhoneiros. Apresentamos abaixo alguns aspectos críticos de
sua atuação, que em nosso entender merecem serem revistos.
As ONG em geral utilizam na intervenção com caminhoneiros a
abordagem tradicional de entrega de panfletos e de preservativos, tal como
realizam com outras populações. Dessa forma, dois problemas de eficiência
aparecem. O primeiro deles refere-se a uma concentração intensiva na figura
do caminhoneiro, na maior parte das vezes desconhecendo, ou atuando de
forma muito marginal, na rede de relações com outros homens que o
caminhoneiro estabelece, no posto e na estrada. Dada a atual estruturação
dessa profissão, o caminhoneiro está no centro de uma rede de outros atores
igualmente masculinos, que passam pelo gerente do posto, policial rodoviário,
borracheiro, eletricista, mecânico, despachante aduaneiro, chapas (sujeitos
contratados para carregar e descarregar o caminhão, e para auxiliar o
motorista no deslocamento dentro das cidades), bombeiros, donos de

28
restaurante e churrascaria, administradores de praças de pedágio, gerentes de
transportadoras. Uma abordagem que leve em conta esta rede de atores pode
ter chances maiores de eficácia, em particular no que se refere ao discurso da
prevenção.
O segundo problema constatado é que as ONG se dispuseram a
trabalhar com esta população, atendendo a editais específicos dos programas
de aids, mas sem contar, em seus quadros, com pessoas que entendam do
universo dos caminhoneiros. Nas atividades de intervenção junto a outros
grupos específicos, tais como HSH, prostitutas ou travestis, verifica-se que as
ONG em geral têm em seus quadros lideranças representativas desses grupos
populacionais, e mesmo compõem as equipes de trabalho com essas
lideranças ou com pessoal representativo do grupo. Tal não ocorre com as
ações realizadas na população de caminhoneiros, feitas por indivíduos que não
tem um conhecimento aprofundado desta população. Uma solução para este
problema é a parceria com sindicatos e associações de caminhoneiros, e em
particular com as agências do sistema SEST/SENAT – Serviço Social do
Transporte/Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. Vale ressaltar
que também as revistas e programas de rádio e televisão dirigidos a esta
categoria configuram boas possibilidades de parceria.
No que se refere à qualidade dos materiais empregados nas
intervenções, verifica-se que há um empobrecimento da idéia de educação em
saúde, que fica restrita à prevenção da aids, desconhecendo todo um universo
de problemas na relação com o serviço de saúde que estes profissionais
vivem, bem como o entorno mais amplo de acesso à saúde do caminhoneiro.
Também aqui a parceria, em particular com o SUS, poderia proporcionar ações
mais efetivas de prevenção. A necessidade deste tipo de parceria fica claro
quando se analisam algumas ações tomadas pelas ONG e outros projetos,
oferecendo testes de diabete e medida de pressão arterial aos caminhoneiros
em praças de pedágio e postos de gasolina. Os testes realizados, além de
fugirem da finalidade principal dos projetos de prevenção das DST/aids, não
contemplam as necessidades decorrentes dos exames realizados, tendo em
vista que não estão atrelados a nenhum serviço de saúde que garanta o
atendimento dos pacientes que eventualmente necessitem encaminhamento
devido à detecção de alguma alteração.
Por fim, comprovamos que as intervenções para atingir esta população
devem continuar a serem realizadas basicamente em postos de gasolina e
áreas de estacionamento de caminhões, em particular os postos, pois os dados
mostram que este é o lugar onde mais o caminhoneiro convive e está
disponível para abordagens e sensibilização. No posto de gasolina o sujeito
desfruta de maior liberdade de circulação, o que permite sua abordagem com
mais tempo. Mas se faz necessária a montagem de uma estrutura permanente
de abordagem, visível e com continuidade no tempo, para habituar o
caminhoneiro ao acesso.

Recomendações para futuras avaliações

A presente pesquisa buscou avaliar como foi o acesso das ONG à


população de motoristas de caminhão; os dados permitem novas pesquisas
avaliativas a partir desta. Discutiu-se que o PN/aids parte de uma idéia de que
as ONG são mais eficientes na abordagem de populações com maior

29
vulnerabilidade social, apresentam tecnologias criativas e metodologias
inovadoras nas suas ações, têm maior flexibilidade para execução de projetos
e custos operacionais reduzidos, em comparação ao Estado. Esta idéia
justamente do trabalho das ONG, aliado à concepção de que a mobilização da
sociedade através de ONG é fundamental para o controle social, são molas
propulsoras de uma política específica de financiamento de ações de ONG
através de projetos. A presente avaliação constatou que a eficiência das
ONG/aids na abordagem da população de caminhoneiros é baixa, pois apenas
um décimo dos entrevistados se lembra de ter sido abordado em um dos locais
de atuação das ONG.
Este percentual está aquém das expectativas das próprias ONG, como
se lê em suas formulações de propostas originalmente aprovadas pelo PN/aids.
Todos os projetos receberam no ano de 2004 a chamada continuidade,
portanto, eram renovações de projetos já em execução há pelo menos um ano,
a maioria, há dois. Como exemplo, podemos citar o caso do GAPA-RG que, já
adentrando, portanto, o terceiro ano de execução do projeto, apresentava como
produto final a redução e prevenção de DST/HIV/aids entre 35.000
caminhoneiros e ajudantes em Rio Grande. Os resultados esperados de cada
projeto analisado segue a seguir, em quadro resumo (Quadro 2); percebe-se
que os projetos visaram, ao total, atingir pelo menos 40.000 pessoas ao longo
de um ano. Entretanto, os resultados da presente avaliação indicam que,
relativamente à população que efetivamente circula pelos locais estudados,
estas são expectativas demasiadamente otimistas por parte das ONG. Sugere-
se neste sentido que os resultados esperados possam ser revistos quanto às
suas dimensões.
Uma das principais linhas estratégicas que orientam as ações do
PN/aids na área da prevenção é a “fortalecimento de parcerias com
organizações não-governamentais, associações comunitárias e de classe, para
ampliar as ações de prevenção e a resposta à infecção pelo HIV” (BRASIL,
2006). Esta avaliação revela que parcerias com ONG foram fortalecidas, sem,
contudo, uma aproximação a outras associações presentes neste universo
social – nem por parte do PN/aids, nem por parte das ONG que atuaram junto
aos motoristas diretamente.
A presente avaliação indica que as ações poderiam ter sido mais
eficientes, e quiçá mais inovadoras e criativas, se houvesse maior proximidade
das ONG/aids para com a população de motoristas de caminhão. Tal
proximidade não parece ter sido buscada pelas ONG/aids durante o período de
execução dos projetos, na abordagem direta dos motoristas, nem tampouco
quando da elaboração do projeto, pois não se buscaram parcerias com
organizações representativas ou mais próximas dos motoristas – como
cooperativas, sindicatos ou entidades como o SEST/SENAT (este último citado
diversas vezes pelos entrevistados). As ações de prevenção que vinham sendo
executadas pelas ONG aparentemente foram simplesmente deslocadas para
novos locais de atuação, desconsiderando-se especificidades da população
alvo das suas ações.
Recomendam-se pelo menos duas outras avaliações para as ações das
ONG/aids junto a motoristas de caminhão. Primeiro, uma avaliação de custo-
benefício, que não era o objetivo da presente pesquisa e que não nos era
possível por não haver ainda informações suficientes que permitissem uma
estimativa do número de pessoas beneficiadas pelas ações das ONG através

30
dos projetos financiados. Apontamos aqui apenas os valores solicitados e
oferecidos como contrapartida por cada uma das ONG estudadas para 2004,
de forma resumida, em um quadro.

31
Quadro 2 Custo dos projetos executados em 2004 junto a caminhoneiros e/ou profissionais do sexo no Rio Grande do Sul e produto final
descrito
Valor Contra-
Duração Valor Total
ONG Solicitado partida Produto Final
Execução (reais)
(reais) (reais)
Contribuir para redução e prevenção da transmissão do
12 meses a
GAPA-RG $ 49.840,00 $ 15.000,00 $ 64.840,00 HIV/aids entre 35.000 caminhoneiros e ajudantes na
2004
cidade de Rio Grande/RS.
Ter levado informações a 3.000 caminhoneiros nos
Igualdade- 12 meses pontos de prostituição, com intervenções
$ 19.700,00 $ 5.400,00 $ 25.100,00b
RS 2004 comportamentais realizadas por dois agentes de saúde
com distribuição de material gráfico informativo/educativo
Redução do contágio pelas DST/HIV/AIDS por meio da
informação e sensibilização sobre formas de práticas
12 meses
UAPA $ 36.190,00 $ 13.586,00 $ 49.776,00c sexuais seguras, visando e incentivando a prevenção
2004
entre caminhoneiros e sua rede de inserção social em
Gravataí/RS, beneficiando diretamente 2.000 pessoas.
Ter reduzido a incidência das DST’s e do HIV entre
VHIVA 12 meses
$ 35.804,00 $ 20.240,00 $ 56.044,00d profissionais do sexo e seus parceiros(as), beneficiando
MAIS 2004
diretamente 400 pessoas no município de Canoas

A uma taxa cambial de U$1,00 = R$2,358 em 2004, os valores dos projetos em moeda norte-americana são aproximadamente
os seguintes: a U$ 27.500,00; b U$ 10.700,00; c U$ 21.100,00; d U$ 23.800,00.

32
A segunda recomendação que se faz neste sentido é a de que os órgãos
financiadores em especial voltem suas atenções para a avaliação de
implantação dos projetos, através da instituição de uma metodologia
consistente de monitoramento e avaliação dos projetos que recebem o seu
apoio; tal metodologia deve permitir também uma avaliação das facilidades e
das dificuldades encontradas na execução dos projetos por parte de ONG.
Podem-se ainda fazer avaliações dos projetos focando nas tecnologias
de intervenção adotadas, analisando-se o conteúdo e a forma das abordagens.
Deve-se incluir em tal avaliação uma análise do material distribuído pela ONG
bem como dos materiais que circulam pelos locais dos postos de combustível –
como CD de música, revistas, e outros produtos – na constante busca pelo
aprimoramento das formas de se abordar a população de motoristas.
Por fim, e o que nos parece fundamental, é preciso avaliar se a
especialização das ONG acarreta ganhos, como maior concentração de
recursos e de força política, ou se, ao contrário, implica limitações para a
atuação da instituição, que passa a competir por recursos com outras ONG
igualmente especializadas (que tenham, por exemplo, a mesma população-alvo
em seus projetos). Outra limitação possível é o isolamento da ONG quanto às
suas demandas específicas com relação a outras reivindicações sociais. Os
resultados da pesquisa até o presente momento permitem que se questione se
podemos falar em uma especialização das ONG também quanto às atividades
planejadas e executadas; buscamos analisar se há modelos de ação que são
repetidos pelas ONG ou se, ao contrário, estas reformulam e re-alocam
recursos quando da execução do projeto.
As avaliações aqui sugeridas estão sendo em parte desenvolvidas por
este mesmo grupo de pesquisadores. Como desdobramentos da pesquisa ora
realizada, listamos abaixo algumas estratégias de continuidade já em
andamento.
O presente projeto avaliativo, PROSARE, foi incorporado ao projeto de
pesquisa de doutorado de Andréa Fachel Leal, no Programa de Pós-
Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. O objetivo da sua tese de doutorado é fazer uma antropologia
de uma política pública de saúde – a agenda governamental de financiamento
de ações de ONG/aids através de recursos públicos – examinando
etnograficamente a repercussão de tal programa na comunidade local. O
ingresso no Programa de Pós-Graduação se deu em 2004 e todos os créditos
foram finalizados.
O projeto PROSARE também integra parcialmente outro projeto de
pesquisa executado por Andréa Fachel Leal, este último desenvolvido com o
apoio do Programa Interinstitucional de Treinamento em Metodologia de
Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Saúde Reprodutiva (NEPO/Unicamp –
MUSA/UFBA), com o título “Avaliação de resultados das intervenções no
campo da aids de Organizações Não Governamentais em Porto Alegre, Rio
Grande do Sul, com projetos executados em 2004-2005, através de
financiamento público estatal ou federal”. O prazo de execução do projeto do
Programa de Metodologia é de um ano, tendo iniciado a vigência do projeto em
fevereiro do corrente.
Os dados do projeto do PROSARE continuarão sendo analisados. Para
tanto, já foi submetida proposta de pesquisa junto ao CNPq, em resposta a

33
edital MCT/CNPq/MS-SCTIE-DECIT 26/2006, Seleção pública de propostas
para apoio às atividades de pesquisa direcionadas ao estudo de Determinantes
Sociais de Saúde, Saúde da Pessoa com Deficiência, Saúde da População
Negra e Saúde da População Masculina. A proposta, intitulada “Sexualidade e
modos de ser homem na estrada: determinantes da saúde de motoristas de
caminhão no Sul do Brasil”, sendo as instituições proponentes a Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal de Pelotas
(UFPel). A coordenação do projeto é de Daniela Riva Knauth (Professora
Adjunta do Departamento de Medicina Social, Faculdade de Medicina,
UFRGS), e a equipe de pesquisadores está composta por Fernando Seffner
(Professor Adjunto do Departamento de Ensino e Currículo, Faculdade de
Educação, UFRGS); Ana Maria Ferreira Borges Teixeira (Professora Adjunta
do Departamento de Medicina Social, Faculdade de Medicina, UFPel); Andréa
Fachel Leal (Doutoranda em Antropologia Social, PPGAS-UFRGS).
Aguardamos o resultado do processo seletivo deste edital para o final do mês
de outubro do corrente ano.
Também será possível o acesso ao banco de dados gerado pelo projeto,
em particular junto aos alunos que demandam a linha de pesquisa Educação e
Relações de Gênero do Programa de pós-graduação em Educação da UFRGS,
área temática masculinidade, gênero e sexualidade. Esta área, referenciando-
se na perspectiva teórica pós-estruturalista, estimula trabalhos de investigação
acerca dos processos culturais e pedagógicos de produção, manutenção e
modificação das masculinidades, com especial ênfase para as relações entre
masculinidade, corpo e sexualidade, políticas públicas de saúde e direitos
sexuais, e é coordenada pelo Prof. Dr. Fernando Seffner.
Está ainda em andamento a análise mais detalhada dos dados
qualitativos e quantitativos, para a elaboração de artigos e posterior divulgação
em revistas científicas e outros eventos científicos e acadêmicos. Os relatórios
de pesquisa serão também divulgados em cada um dos sítios em que se deu a
pesquisa, de forma abreviada e em linguagem clara, visando dar um retorno
aos sujeitos entrevistados.

34
3. AVALIAÇÃO

A pesquisa aqui apresentada, com o apoio do PROSARE/CCR, foi


desenvolvida ao longo de um ano de trabalho, de setembro de 2005 a
setembro de 2006, envolvendo tanto uma metodologia qualitativa quanto uma
quantitativa de coleta, sistematização e análise de dados. O objetivo principal
foi avaliar a repercussão das ações com financiamento público de ONG/aids
junto a motoristas de caminhão no Rio Grande do Sul; este conjunto de ações
insere-se numa política pública de saúde desenvolvida pelo Programa Nacional
de DST, HIV e AIDS, de fomento a projetos desenvolvidos por organizações da
sociedade civil voltados para populações consideradas vulneráveis. No caso
dos motoristas de caminhão, estes são classificados pelo PN/aids como um
grupo populacional com ocorrência freqüente de comportamento de risco e de
alta vulnerabilidade, portanto, é um grupo prioritário nas ações de prevenção
do PN/aids.
Se, por um lado, a escassez tanto de trabalhos científicos publicados
acerca da população de motoristas de caminhão quanto de avaliações das
ações de ONG/aids impuseram algumas dificuldades no desenho metodológico
desta pesquisa avaliativa, por outro, esta revela a importância do trabalho aqui
apresentado, com dados que podem servir de ponto de partida para futuros
trabalhos científicos.
Constituímos, através desta pesquisa avaliativa, uma base de dados
com informações sócio-demográficas, de estilo de vida, de saúde e de recursos
terapêuticos, sobre práticas e parcerias sexuais, bem como sobre abordagens
e campanhas de prevenção; esta é uma base de dados relevante que não só
aponta novos caminhos investigativos, como, principalmente, pode embasar
intervenções que sejam mais significativas para o público de motoristas de
caminhão, porque mais adequadas a este segmento populacional.
As intervenções desenvolvidas em todos os locais pesquisados
revelaram-se insuficientes, por terem repercussão muito limitada espacial e
temporalmente. Certamente, de todas as ONG/aids aqui avaliadas, destaca-se
positivamente o GAPA-RG, localizado em Rio Grande, que foi capaz de
articular parcerias com outras entidades para além do PN/aids, criando
espaços físicos para auxiliar na execução dos projetos que se tornaram, nos
três locais em que houve atuação, uma referência para muitos – “o container”.
De todos os locais aqui estudados, é neste município na região Sul do estado
que há maior concentração de motoristas.
Ficou ainda patente que as próprias ONG/aids fazem pouca ou nenhuma
avaliação sistemática de suas próprias ações. Isto implica que os projetos em
execução geram poucos dados capazes de provocar correções de rota das
ações planejadas. A escassez de dados e a ausência de um processo de
monitoramento e avaliação – seja interno à ONG, seja da parte do órgão
financiador – também engendram a dificuldade de se conhecer quantas
pessoas afinal foram beneficiadas por aquelas ações.
Levantamos a hipótese de que o principal resultado dos projetos
desenvolvidos pelas ONG/aids é a transformação social ocorrida em micro-
escala a partir dos sujeitos mais próximos ao projeto, que se organizam para
elaborar, redigir e submeter um projeto, e depois para gerenciá-lo, quando este
é aprovado. Tal transformação resulta na maior organização da sociedade civil,
no fortalecimento institucional da ONG, na captação de voluntários para a

35
instituição e na sensibilização imediata e direta de um conjunto de pessoas que
têm estreitas relações com estes sujeitos. Recomenda-se que sejam
desenvolvidas novas avaliações dos projetos de ONG/aids, considerando a
relação de custo-benefício das ações, a implantação e execução dos projetos,
os resultados almejados e obtidos nos projetos das ONG, a tecnologia adotada
e a qualidade das abordagens empregadas, entre outras. Salientamos que a
presente pesquisa avaliativa já está gerando novos projetos de pesquisa e de
avaliação, conforme mencionado acima, nas Recomendações para Futuras
Avaliações, e que os dados coletados e sistematizados através deste projeto
continuarão sendo analisados.
Uma dificuldade encontrada na execução do presente projeto de
pesquisa avaliativa foi a sazonalidade do transporte de cargas, especialmente
dos grãos, que fazia com que o movimento de caminhões na região caísse nos
meses de janeiro e fevereiro. O movimento tornou-se ainda mais atípico porque
em março ocorreu uma greve de longa duração por parte de caminhoneiros
que trabalham dentro do porto marítimo de Rio Grande, que alterou toda a
rotina dos postos e das empresas transportadoras, atrasando o trabalho de
campo previsto.
Com a presente pesquisa avaliativa foi possível conhecer melhor a
população de motoristas de caminhão que circula pelo Rio Grande do Sul,
esboçando-se inclusive um mapa de vulnerabilidades deste grupo. O estudo
ganhou densidade teórica e metodológica não previstos inicialmente neste
sentido, tendo sido ampliado tanto na sua etapa qualitativa quanto quantitativa.
Também foi possível compreender que aquela população que efetivamente se
identifica como tendo sido abordada por uma campanha de DST/HIV/aids é
baixa (inda que o estudo não seja representativo de toda a população de
caminhoneiros que circula na região). Também de forma imprevista, constatou-
se que para muitos entrevistados o momento da entrevista, para a realização
desta avaliação, foi considerada a melhor (e por vezes a única) abordagem de
DST/HIV/aids a que foram sujeitos. O momento que seria de pesquisa foi
reinterpretado pelos sujeitos como sendo uma importante intervenção.
Os resultados aqui apresentados sugerem que se revejam as estratégias
de abordagem da população de motoristas de caminhão, bem como o
continuado aporte financeiro a projetos nestes moldes desenvolvidos por ONG
em parceria com o PN/aids ou diversas Seções Estaduais e Municipais de
controle de DST, HIV e AIDS.

36
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARMANI, Domingos. O desenvolvimento institucional como condição de


sustentabilidade das ONGs no Brasil. In: BRASIL. AIDS e
Sustentabilidade – Sobre as Ações das Organizações da Sociedade.
Programa Nacional de HIV/AIDS, Ministério da Saúde, Governo do
Brasil, 2003.
BIAGINI, Graciela. Sociedad civil y salud en Latinoamérica: aproximaciones al
estado del arte de las investigaciones, 2005. Ponencia presentada en la
V Conferencia Regional de International Society for Third Sector
Research (ISTR), "Sociedad civil, participación ciudadana y desarrollo",
10 al 12 de agosto 2005, Lima, Perú. Acessado em
http://www.lasociedadcivil.org/uploads/ciberteca/g_biagini.pdf, maio de
2006.
BRASIL. Apresentação do Programa Nacional de HIV-AIDS do Ministério da
Saúde.
http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMIS7A1D4F9DITEMIDDC40E14B3
14B4E44BB040EA6B6B9841CPTBRIE.htm. Consultado em abril de
2006.
DAVIES, Rick. Monitoring and Evaluating NGO Achievements. In: POTTER,
R.B. & DESAID, V. (Eds.) Arnold Companion to Development Studies,
London: Arnold Publishers, 2001. Consultado em
http://www.mande.co.uk/docs/arnold.htm em maio de 2006.
FARIA, Carlos Aurélio Pimenta. A política de avaliação de políticas públicas.
Conferência apresentada em Seminário Nacional Avaliação de Políticas
Públicas em Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos, São Paulo,
Cebrap/Nepo-Unicamp/ISC-UFBa, maio de 2005. No Prelo.
FOWLER, Alan. Striking a Balance - a guide to enhancing the effectiveness of
non-governmental organizations in international development. Sterling,
VA (USA): Stylus Publishing: Earthscan Publications, 1997
HOROCHOVSKI, Rodrigo Rossi. Associativismo civil e Estado: Um estudo
sobre organizações não governamentais e sua dependência de recursos
públicos. Revista Eletrônica de Pós-Graduandos em Sociologia Política
da UFSC. Volume 1, número 1 (1), agosto-dezembro/2003, pp. 109-27.
Disponível em www.emtese.ufsc.br , acessado em maio de 2005.
NEMES, Maria Inês Baptistella. Avaliação em Saúde: Questões para os
programas DST/AIDS no Brasil. Rio de Janeiro: ABIA, 2000.
PARKER, Richard. Prefácio. In: CASTRO, Mary Garcia & SILVA, Lorena
Bernadete da. Respostas aos Desafios da Aids no Brasil: Limites e
Possibilidades. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2005.
PARKER, Richard. Estado e Sociedade em Redes: Descentralização e
Sustentabilidade das Ações de Prevenção das DSTs/Aids. In:
Aprimorando o Debate: Respostas Sociais frente à Aids. Anais do
Seminário Solidariedade e Cidadania – Princípios Possíveis pra as
Repostas ao HIV/Aids. Rio de Janeiro: ABIA, 2002.
RABOTNIKOF, N. La caracterización de la sociedad civil, Nueva Sociedad, No.
171, 2001.
SPINK, Peter. Avaliação Democrática: Propostas práticas. Rio de Janeiro:
ABIA, 2001.

37
5.1 ANEXOS – ROTEIROS DE ENTREVISTA SEMI-
ESTRUTURADA

Avaliação do Impacto de Projetos de Educação Sexual e de Intervenção com Profissionais


do Sexo, Travestis e Caminhoneiros no Rio Grande do Sul

Roteiro de Entrevista com


Caminhoneiros
ANTES DE MAIS NADA:
Lembre-se que primeiro você deve se identificar, explicar de que se trata (uma pesquisa sobre projetos de
prevenção à Aids junto a caminhoneiros desenvolvida por pesquisadores da UFRGS e do CEARGS),
solicitar consentimento para fazer a entrevista e permissão para gravar. Salientar que os dados são
confidenciais.

BLOCO I: Dados sócio-demográficos


O objetivo aqui é conhecer algumas características do(s) entrevistado(s), como sua
idade, experiência conjugal, família, local de moradia, religião. O nome importa
apenas para identificar a entrevista. Se a pessoa entrevistada for mulher caminhoneira,
importa salientar o sexo da entrevistada.
Qual o seu nome ?
Qual a sua idade?
É casado? Este é o único (ou primeiro) casamento?
Tem filhos? Quantos? São todos com a mesma mulher?
Até quando estudou?
Há quanto tempo trabalha como caminhoneiro?
Qual o seu vínculo profissional? É dono do caminhão ou é empregado?
Onde mora? Quem mais mora com o senhor (esposa, filhos, nora, genro)?
Se eu lhe pedisse para dizer se o senhor é branco, preto, pardo, amarelo (asiático) ou
indígena, como o senhor se classificaria?
Tem alguma religião? É praticante?

BLOCO II: Fluxos, rotas e serviços de saúde


O objetivo aqui é conhecer as principais rotas que o motorista faz, em especial
atualmente. Importa entender nestes caminhos aonde ele costuma parar e por quanto
tempo. A questão do vínculo com algum serviço de saúde é fundamental e se relaciona
com os locais por onde ele circula (locais de moradia ou de trabalho).

38
BLOCO II: Fluxos, rotas e serviços de saúde
Quais são as rotas o senhor realiza com mais freqüência? Costuma ir a quais cidades
(estados, países)?
As viagens que realiza são em média de quantos dias? Quantos dias fica fora de casa?
Costuma viajar sozinho ou com alguém? Viaja com a família ou com esposa?
A quantidade de viagens varia ao longo do ano? Em que períodos viaja mais (ou
menos)?
Quantas horas você viaja por dia?
Nestas viagens, onde costuma parar? Em que tipo de estabelecimento você fica para
dormir?
No estado do Rio Grande do Sul, quais os postos em que costuma parar e permanecer à
noite?
Quanto tempo fica parado no posto?
Tem vínculo com algum serviço de saúde?

BLOCO III: Conhecimento e contato com projetos de intervenção


O objetivo aqui é saber se o motorista já foi abordado por algum grupo (ONG ou OG)
que fazia uma intervenção no campo da saúde, mais especificamente, de prevenção ou
assistência às DST, HIV e AIDS. Perceber se há distribuição de algum material –
condom, folheto informativo, ou outro – e o que é feito com o material.
O senhor já ouviu falar em doença sexualmente transmissível, HIV ou Aids? Quais as
fontes de informação sobre Aids?
Nas paradas noturnas, já foi abordado por algum projeto ou instituição de prevenção às
DST, HIV ou Aids? Com que freqüência isto acontece?
Quais os locais em que costuma ser abordado com mais freqüência? Por qual instituição
ou grupo? (Sabe o que Organização Não Governamental?)
Que tipo de atividade é realizada nestas abordagens?
Há distribuição de algum tipo de material? De que tipo? Se for material impresso, é
sobre o quê?
Como avalia estas intervenções?

BLOCO IV: Intervenções realizadas junto a caminhoneiros


O objetivo aqui é compreender em maior profundidade como foram as intervenções de
que o caminhoneiro foi “alvo” e, caso ele nunca tenha sido acessado, como deveriam
ser feitas tais intervenções. Busca-se perceber as demandas dos caminhoneiros
relativamente aos serviços de saúde.

39
BLOCO IV: Intervenções realizadas junto a caminhoneiros
Vamos voltar agora rapidamente para aquela questão das intervenções, de ser abordado
por algum grupo para a prevenção às DST, HIV ou Aids.
Dos projetos que o senhor observou, quais que mais chamaram a atenção? Por quê?
Alguma vez se sentiu constrangido com alguma intervenção?
Qual o conteúdo das intervenções? O que dizem ou fazem para vocês?
Que tipo de intervenção deveria ser realizada com caminhoneiros?
O que é importante (e/ou o que falta) para que os caminhoneiros se previnam das DST,
HIV e Aids? Quais as suas demandas?
Em termos da relação com outros caminhoneiros, como é que fica a questão das
informações, da camisinha, de drogas? Tem algum grupo ou alguma pessoa que seja
uma referência?

BLOCO V: Parcerias sexuais, práticas sexuais, prevenção


O objetivo aqui é conhecer melhor as parcerias sexuais e as estratégias de prevenção
e/ou contracepção adotadas nas relações. Explorar que métodos são utilizados, quem
toma a iniciativa, se há uso de preservativo. Com relação a profissionais do sexo,
tentar observar os diferentes tipos de profissionais ou serviços oferecidos (mulheres,
travestis, rapazes).
Há oferta de serviços sexuais nos locais em que costuma parar? De quem?
Nas viagens a trabalho, costuma manter relações sexuais? Com quem? Com que
freqüência?
Nas relações sexuais utiliza algum método de prevenção às DST, HIV, Aids?
Com que tipo de parceira(o) utiliza algum método? Com que freqüência?
Qual o método de prevenção e/ou contracepção que utiliza com mais freqüência?
As(Os) parceiras(os) com as quais costuma manter relações sexuais dispõem de
métodos de prevenção? De quem é a proposta para o uso?
Já realizou teste anti-HIV? Quando? Onde? Por quê? Gostaria de realizar?

40
BLOCO VI: Uso de substâncias lícitas ou ilícitas
O objetivo aqui é pensar sobre o uso de substâncias, em particular a relação entre este
uso e as práticas sexuais, incluindo a prevenção às DST, HIV e Aids. Se o motorista
não quiser falar de si próprio, perguntar em termos mais genéricos.
Já estamos chegando ao fim da entrevista.
O senhor utiliza algum tipo de substância para permanecer acordado? Quais? Quando?
Há relação entre o uso destas substâncias e as práticas sexuais?
Como é o uso de álcool por caminhoneiros?

POR FIM:

Sempre pergunte ao entrevistado se há mais alguma coisa que ele gostaria de comentar ou acrescentar,
que ele ache importante nos dizer. Mostre o Termo de Consentimento Informado, se já não o tiver feito
no início da entrevista, leia-o para o entrevistado e peça a sua assinatura. Guarde a cópia assinada e dê
uma cópia do Termo para ele. Não esqueça de agradecer pelo seu tempo e pelas informações.

41
Avaliação do Impacto de Projetos de Educação Sexual e de Intervenção com Profissionais do Sexo, Travestis e
Caminhoneiros no Rio Grande do Sul

Roteiro de Entrevista com


Profissionais do Sexo

ANTES DE MAIS NADA:


Lembre-se que primeiro você deve se identificar, explicar de que se trata (uma pesquisa
sobre projetos de prevenção à Aids junto a caminhoneiros desenvolvida por
pesquisadores da UFRGS e do CEARGS), solicitar consentimento para fazer a
entrevista e permissão para gravar. Salientar que os dados são confidenciais.

BLOCO I: Dados sócio-demográficos


O objetivo aqui é conhecer algumas características da(s) entrevistada(s), como sua
idade, experiência conjugal, família, local de moradia, religião. O nome importa
apenas para identificar a entrevista (primeiro nome ou apelido, pouco importa).
Qual o seu nome ?
Qual a sua idade?
É casada(o)?
Tem filhos? Quantos?
Até quando estudou?
Há quanto tempo trabalha como profissional do sexo?
Onde mora? Quem mais mora com a senhora?
Se eu lhe pedisse para dizer se a senhora é branca, preta, parda, amarela (asiática) ou
indígena, como a senhora se classificaria?
Tem alguma religião? É praticante?

BLOCO II: Locais de trabalho e serviços de saúde


O objetivo aqui é conhecer as principais rotas que o motorista faz, em especial
atualmente. Importa entender nestes caminhos aonde ele costuma parar e por quanto
tempo. A questão do vínculo com algum serviço de saúde é fundamental e se relaciona
com os locais por onde ele circula (locais de moradia ou de trabalho).
Quais os locais da cidade em que trabalha, em que turnos e em que dias da semana?
Com que freqüência trabalha nos postos de gasolina e nas suas imediações?
Há outras(os) profissionais do sexo nestes locais em que trabalha? Quais (mulheres,
travestis, rapazes/michês)? Quantos são?
Quem são os clientes destes locais?
Como é trabalhar nos postos de gasolina e suas imediações? Quais as vantagens e quais
as desvantagens?
Vai a outra cidade, a trabalho?
Tem vínculo com algum serviço de saúde?

42
BLOCO III: Conhecimento e contato com projetos de intervenção
O objetivo aqui é saber se a profissional do sexo já foi abordado por algum grupo
(ONG ou OG) que fazia uma intervenção no campo da saúde, mais especificamente, de
prevenção ou assistência às DST, HIV e AIDS. Perceber se há distribuição de algum
material – condom, folheto informativo, ou outro – e o que é feito com o material.
No trabalho nos postos de gasolina e suas imediações, já foi abordada por algum projeto
ou instituição de prevenção às DST, HIV e AIDS? Com que freqüência isto acontece?
Quais os locais em que costuma ser mais freqüentemente abordada? Por qual
instituição?
Que tipo de atividade é realizada nestas abordagens?
Há distribuição de algum tipo de material? De que tipo? Se for material impresso, é
sobre o quê?
O que costuma fazer com o material distribuído?
Como avalia estas intervenções?

BLOCO IV: Intervenções para profissionais do sexo


O objetivo aqui é compreender em maior profundidade como foram as intervenções de
que a profissional do sexo foi “alvo” e, caso ela nunca tenha sido acessada, como
deveriam ser feitas tais intervenções. Busca-se perceber as demandas das profissionais
relativamente aos serviços de saúde.
Dos projetos que você observou, quais que mais chamaram a atenção? Por quê?
Sentiu-se constrangida com alguma intervenção?
O que dizem ou fazem para vocês?
Que tipo de intervenção deveria ser realizada com profissionais do sexo? E com
caminhoneiros?
Qual deve ser o conteúdo destas intervenções?
O que é importante (e/ou o que falta) para que as profissionais do sexo se previnam das
DST, HIV e Aids? Quais as suas demandas?
Em termos da relação com outras profissionais, como é que fica a questão das
informações, da camisinha, de drogas? Tem algum grupo ou alguma pessoa que seja
uma referência?

BLOCO V: Relações com clientes e práticas sexuais


O objetivo aqui é conhecer melhor as parcerias sexuais e as estratégias de prevenção
e/ou contracepção adotadas nas relações. Explorar que métodos são utilizados, quem
toma a iniciativa, se há uso de preservativo. Com relação a caminhoneiros, tentar
observar especificidades da clientela..

43
BLOCO V: Relações com clientes e práticas sexuais
Como são os caminhoneiros, enquanto clientes (relações de violência, estabelecimento
de vínculos, apressados, pagamento, idade, demanda do uso de condom, etc.)?
Nas relações sexuais de trabalho, utiliza algum método de prevenção às DST, HIV e
AIDS? Com que tipo de cliente utiliza? Com que freqüência? Qual o método que utiliza
com maior freqüência?
Os clientes com os quais costuma manter relações sexuais dispõem de métodos de
prevenção? De quem é a proposta para o uso? Há recusas de uso? O que faz nestas
situações?
Como faz para obter preservativo?
Já realizou teste anti-HIV? Quando? Onde? Por quê? Gostaria de realizar?

44
BLOCO VI: Uso de substâncias lícitas ou ilícitas
O objetivo aqui é pensar sobre o uso de substâncias, em particular a relação entre este
uso e as práticas sexuais, incluindo a prevenção às DST, HIV e Aids. Se a profissional
não quiser falar de si própria, perguntar em termos mais genéricos.
Já estamos chegando ao fim da entrevista.
Utiliza algum tipo de substância para trabalhar? Quais? Quando?
Onde obtém estas substâncias?
Há relação entre o uso destas substâncias e as práticas sexuais?
Como é o uso de álcool por profissionais do sexo?
Faz algum tipo de auto-medicação?

POR FIM:

Sempre pergunte à entrevistada se há mais alguma coisa que ele gostaria de comentar ou acrescentar,
que ela ache importante nos dizer. Mostre o Termo de Consentimento Informado, se já não o tiver feito
no início da entrevista, leia-o para a entrevistada e peça a sua assinatura. Guarde a cópia assinada e dê
uma cópia do Termo para ela. Não esqueça de agradecer pelo seu tempo e pelas informações.

45
5.2 ANEXO – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO

Termo de Consentimento Informado

Um grupo de pesquisadores vinculados ao Centro de Estudos de AIDS


do Rio Grande do Sul e à Universidade Federal do Rio Grande do Sul está
realizando uma pesquisa sobre o papel das organizações não governamentais
(ONG) na prevenção e no controle da epidemia de AIDS junto a caminhoneiros
e profissionais do sexo. Queremos reunir informações para que, depois de
analisados os dados, possamos identificar como as pessoas foram acessadas
e por que alguns projetos são bem sucedidos e outros, não. Para isso,
queremos saber o que as pessoas pensam das atividades de prevenção e de
intervenção.
Solicitamos o seu consentimento para a participação nesta pesquisa.
Sua participação será através de um diálogo, na forma de uma entrevista.
Salientamos que esta será uma entrevista informal e que a qualquer momento
pode ser interrompida para quaisquer esclarecimentos. Sua participação é
voluntária e os dados são absolutamente confidenciais.
A nossa equipe se compromete a divulgar os resultados da pesquisa
através da internet e de seminários, para que todos tenham acesso a estas
informações.
Concordo em participar da pesquisa intitulada "Avaliação do Impacto de
Projetos de Educação Sexual e de Intervenção com Profissionais do Sexo,
Travestis e Caminhoneiros no Rio Grande do Sul",

Responsáveis pela pesquisa

Andréa Fachel Leal – telefone (51) 9116-4130


Daniela Riva Knauth – telefone (51) 3316-5461
Fernando Seffner – telefone (51) 3316-5389

46
5.3 ANEXO – INSTRUMENTO DO PILOTO

PROSARE PILOTO
Identificação do Questionário

1. Número de ordem de identificação do questionário NÃO PREENCHER ______________

2. Local da entrevista
 1. Rio Grande Buffon  2. Rio Grande Ongaratto  3. Rio Grande Marinha
 4. Gravataí Radar  5. Gravataí Perdigão  6. Canoas Buffon
 7. Porto Alegre Garoupa  8. Chuí Aduana
3. Serviço no posto em cuja proximidade a entrevista será feita
 1. Restaurante  2. Transportadora  3. Banheiro
 4. Bomba de gasolina  5. Borracharia  6. Eletricista
 7. Loneiro  8. Portão de entrada  9. Telefone Público
 10. Outro
5. Identificação do entrevistador
 1. Ana  2. Andréa  3. Daniela  4. Fernando  5. Juliana
 6. Maiane  7. Marcos  8. Renata  9. Rodrigo
Informações demográficas e sócioeconômicas

Gostaria de começar conversando um pouco sobre o senhor e a sua família.

6. Qual o seu nome?


_____________________________________________________________________

7. Qual a sua idade? ______________

8. Qual o nome da cidade em que o senhor mora?


______________________________________________________________

9. Em que estado (país) fica esta cidade? ______________

10. Em relação à sua cor ou raça, o senhor se considera: LER OPÇÕES


 1. Branco  2. Preto ou negro  3. Mulato
 4. Amarelo ou asiático  5. Indígena
11. O senhor é casado ou vive com alguém?
 1. Casado ou vive em união  2. Namorando  3. Solteiro
 4. Separado / divorciado  5. Viúvo  6. NR
 7. NS/NL
12. Este é o seu primeiro casamento?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NSA

47
13. Quantas vezes o senhor já foi casado? ______________

14. O senhor tem filhos?


 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
15. Se tem filhos, quantos filhos o senhor tem? ______________

16. Se tem mais de 01 filho, todos os filhos são com a mesma mãe?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL  5. NSA
17. Se os filhos não são com a mesma mãe, com quantas mulheres o senhor tem filhos?
______________

18. Até que série o senhor estudou na escola? ______________ SÉRIE


______________ GRAU

20. O senhor pratica alguma religião? MÚLTIPLA RESPOSTA


 1. Católico  2. Evangélico  3. Protestante Histórico
 4. Espírita  5. Religião Afro-Brasileira  6. Não pratica
 7. NR  8. Outro
Informações sobre a trajetória profissional
Vamos falar um pouco agora sobre trabalho.

22. Há quanto tempo o senhor trabalha como caminhoneiro? ______________ ANOS


Se trabalha há menos de um ano colocar o número de meses e assinalar MESES por extenso ao lado da resposta.

23. O senhor já teve algum outro tipo de trabalho?


 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
24. Se teve outra profissão, qual foi?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

25. O senhor é proprietário do seu caminhão?


 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
26. O seu veículo é rastreado via satélite?
 1. Sim, permanentemente rastreado  2. Sim, pode ser rastreado às vezes
 3. Não é rastreado  4. NR
27. Qual é o seu vínculo de trabalho, atualmente?
 1. Empregado (empresa de transporte)  2. Trabalha por conta própria/autônomo
 3. Trabalha através de cooperativa  4. Outro
29. Se empregado, trabalha com carteira assinada?
 1. Com carteira  2. Sem carteira  3. NR
30. Em relação à sua renda, o senhor poderia nos dizer mais ou menos qual é a sua renda mensal?
R$ _________

48
31. O que o senhor ganha é a principal fonte de renda da sua família?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS
32. Alguém de sua família trabalha, ou trabalhou, como caminhoneiro (ou com transporte de
cargas)?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
33. Se alguém é caminhoneiro, quem é esta pessoa? MÚLTIPLA RESPOSTA
 1. Pai  2. Irmão(s)  3. Filho  4. Tio  5. Sobrinho
 6. Cunhado  7. NSA  8. Outro

Informações sobre fluxos e rotas


Eu queria agora conversar um pouco sobre os lugares por onde o senhor anda a trabalho.

35. Qual a rota que o senhor mais fez nos últimos dois anos? ANOTAR CIDADES E
ESTADOS/PAÍSES
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

36. Que outras rotas, além desta, o senhor fez nos últimos dois anos? ANOTAR CIDADES E
ESTADOS/PAÍSES
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

37. Quantas viagens o senhor costuma fazer por mês? ______________ VIAGENS POR MÊS

38. Quanto tempo duram, em média, as viagens que o senhor faz? ______________ DIAS

39. O senhor costuma viajar sozinho?


 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
40. Se não viaja sozinho, quem mais costuma levar junto nas viagens?
 1. Esposa  2. Filhos  3. Outro familiar  4. Caminhoneiro
 5. NSA  6. Outra pessoa
42. Quando o senhor pára durante as viagens, aonde costuma ficar? MÚLTIPLA RESPOSTA
 1. Posto combustível  2. Aduana  3. Cia. Transportadora
 4. NSA  5. Outro

49
44. No Rio Grande do Sul, em que locais o senhor costuma parar por mais tempo? LISTAR OS
POSTOS DE GASOLINA E AS RESPECTIVAS CIDADES
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

45. O senhor vem de quanto em quanto tempo aqui para este posto / esta fronteira em que estamos?
______________
DIAS
______________
SEMANAS
______________
MESES

48. Qual foi a última vez em que o senhor esteve aqui neste posto onde estamos?
______________
DIAS
______________
SEMANAS
______________
MESES

51. Quantos dias o senhor costuma ficar parado, em média, no posto ou na fronteira? ____________
DIAS

Informações sobre utilização de serviços de saúde

Agora vamos conversar sobre serviços de saúde.

52. Nestes últimos 6 meses, o senhor consultou algum profissional ou serviço de saúde (médico ou
dentista)?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
53. Se consultou, qual era a especialidade do médico?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

50
54. Se já teve problema de saúde em viagem e precisou de serviço de saúde, em que tipo de serviço
recebeu atendimento?
 1. Médico particular
 2. Pronto Socorro SUS
 3. Posto de Saúde de cidade de origem
 4. Posto de Saúde de outra localidade
 5. Ambulatório de hospital
 6. Ambulatório de empresa em que trabalha
 7. Ambulatório de plano de saúde
 8. NR
 9. NS/NL
 10. NSA
 11. Outro
56. O senhor sente necessidade de consultar algum serviço de saúde durante as suas viagens?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
57. Se sente necessidade de consultar, o senhor costuma frequentar algum serviço durante suas
viagens?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL  5. NSA
58. Se procura algum serviço de saúde durante uma viagem, em que tipo de serviço costuma ir?
MÚLTIPLA RESPOSTA
 1. Médico particular
 2. Pronto Socorro (SUS)
 3. Posto de Saúde próximo ao local em que está parado
 4. Outro posto de saúde
 5. Ambulatório de hospital (SUS)
 6. Ambulatório de convênio de empresa onde trabalha
 7. NR
 8. NS/NL
 9. NSA
 10. Outro
60. Se não procura um serviço de saúde durante as viagens, por que não o faz? MÚLTIPLA
RESPOSTA
 1. Inexistência de serviços nos locais em que fica parado
 2. Dificuldade em conseguir agendamento no posto de saúde
 3. Demora em conseguir consulta
 4. Não tem convênio de saúde
 5. Não gosta do atendimento do SUS
 6. NR
 7. NS/NL
 8. NSA
 9. Outro

51
62. O senhor já sofreu algum acidente de trânsito?
 1. Sim  2. Não  3. NR
63. Caso tenha sofrido um acidente, detalhar há quanto tempo foi o acidente, onde aconteceu e por
quem foi socorrido.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

64. O senhor já doou sangue alguma vez?


 1. Sim, doa sangue rotineiramente  2. Sim, já doou algumas vezes
 3. Doou sangue apenas uma vez  4. Nunca doou sangue
 5. NR
65. Se já doou sangue, quais as razões que o levaram a doar sangue?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Informações sobre parcerias sexuais, práticas sexuais e prevenção

Gostaria agora de conversar sobre relações sexuais, parceiras(os) sexuais.

66. O senhor costuma usar camisinha em suas relações sexuais?


 1. Sim, sempre  2. Sim, às vezes  3. Não  4. NR
 5. NS/NL
67. Se usa ou já usou camisinha, com quem usou camisinha? MÚLTIPLA RESPOSTA
 1. Prostituta  2. Travesti  3. Parceira eventual  4. Namorada
 5. Esposa  6. NSA  7. Outro
69. Qual seria o principal motivo para o senhor usar camisinha?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

70. Qual seria o principal motivo para NÃO usar a camisinha?


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

52
71. Há quanto tempo foi a sua última relação sexual? ______________ DIAS
______________ SEMANAS
______________ MESES

72. Na sua última relação sexual, quem foi a parceira ?


 1. Sua esposa atual  2. Sua namorada atual  3. Ex-esposa ou ex-namorada
 4. Uma parceira eventual  5. Profissional do sexo  6. Outra(o)
74. Na sua última relação sexual, vocês usaram camisinha?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
75. O senhor alguma vez já usou serviços de profissionais do sexo (prostitutas ou travestis)?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
76. E no último ano, o senhor usou os serviços de profissionais do sexo?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NSA
77. Se usa, ou usava, os serviços de profissionais do sexo, é durante as viagens?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL  5. NSA
78. Se usa os serviços, faz uso de camisinha com estas profissionais?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL  5. NSA
79. Se usa os serviços, com que freqüência usa camisinha quando se relaciona com profissional do
sexo?
 1. Nunca  2. Raramente  3. Frequentemente
 4. Quase sempre / Sempre  5. NSA
80. Se usa os serviços, onde o senhor consegue a camisinha quando se relaciona com profissional do
sexo? MÚLTIPLA RESPOSTA
 1. Profissional do sexo  2. Compra na farmácia
 3. Bar / Boate / Motel  4. Posto de Saúde
 5. Compra no posto de combustível  6. Ganha em campanhas de prevenção
 7. Ganha da esposa  8. Com colegas ou amigos
 9. NSA  10. Outro
82. O senhor tem camisinha consigo agora no caminhão?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL

53
Informações sobre conhecimento e contato com projetos de prevenção às DST, HIV ou AIDS
Vamos conversar agora sobre HIV e AIDS.

83. Onde, ou através de quem, o senhor ouviu falar de AIDS ou DST? ESPONTÂNEA – NÃO LER
 1. Televisão  2. Rádio
 3. Revista para caminhoneiro  4. Jornal
 5. Revista feminina ou masculina  6. Médico ou Serviço de Saúde
 7. Livro  8. Filme
 9. Familiares  10. Amigos
 11. Caminhoneiros/Colegas  12. Professor/Escola
 13. Posto de combustível  14. Posto de pedágio
 15. NR  16. NS/NL
 17. NSA  18. Outro
85. O senhor já viu caminhoneiros sendo abordados nas estradas por campanhas de prevenção à
AIDS?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
86. Se já viu campanhas nas estradas, como foram as campanhas? MÚLTIPLA RESPOSTA
 1. Campanha em festa de caminhoneiro  2. Campanha no pedágio
 3. Atividade de empresa transportadora  4. Outro
88. Alguém já veio conversar com o senhor sobre prevenção à AIDS?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
89. Se já foi contatado, em que locais vieram conversar com o senhor? MÚLTIPLA RESPOSTA
 1. Neste posto / fronteira  2. Outro posto / fronteira  3. Pedágio
 4. Polícia Rodoviária  5. Casa noturna / Bar / Boate  6. Nunca foi abordado
 7. NR  8. NS/NL  9. NSA
 10. Outro
91. Desde 2004 até agora, alguém veio conversar sobre AIDS ou DST com o senhor aqui neste posto
/ fronteira?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
92. Se foi abordado neste local, lembra o nome do grupo, instituição ou projeto que conversou com
o senhor?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NSA
93. Se foi abordado, qual o nome do projeto ou grupo?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

94. Desde 2004 até agora, alguém veio conversar sobre AIDS ou DST com o senhor em algum
OUTRO posto / fronteira (que não este onde estamos agora)?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL

54
95. Se houve abordagem em outro local, lembra ONDE e QUEM foi?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

96. Algum destes grupos ou projetos que falaram com o senhor sobre AIDS (MÚLTIPLA
RESPOSTA) ESTIMULADA: LER TODAS AS RESPOSTAS
 1. Deram informações sobre como se pega HIV/AIDS
 2. Deram informações sobre como se prevenir da AIDS
 3. Deram informações sobre exames
 4. Realizaram algum teste ou exame
 5. Entregaram material informativo (folheto)
 6. Distribuiram camisinha
 7. Distribuiram kit de redução de danos (seringa)
 8. Encaminharam para consulta médica
 9. NSA
 10. Outro
98. Se na abordagem foi feito algum tipo de exame ou teste, especifique qual
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

99. Se já foi abordado alguma vez, quantas vezes foi abordado nos últimos 2 anos? ______________
VEZES

100. Se já foi abordado, estas abordagens ajudaram o senhor a aprender mais sobre AIDS ou DST?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL  5. NSA
101. Se já foi abordado, o senhor pode nos dizer que diferença isto fez no seu dia-a-dia:
(ESTIMULADA: LER)
 1. Ganhou maior conhecimento
 2. Passou a usar camisinha
 3. Se já usava camisinha, começou a usar "sempre"
 4. Procurou algum serviço de saúde
 5. Buscou maiores informações sobre AIDS ou DST
 6. Repassou para alguém informações sobre AIDS ou DST
 7. Nunca foi abordado
 8. NSA
 9. Mudou algum outro comportamento
103. Se já foi aos postos Ongaratto ou Buffon de Rio Grande, já viu um container no pátio do
posto?
 1. Sim, já viu um container
 2. Já foi ao posto, mas não viu container
 3. Nunca foi a estes postos
 4. NR
 5. NS/NL

55
104. Se já viu container nos postos de Rio Grande, foi até o container ou procurou alguém que
trabalhava no container?
 1. Procurou o container
 2. Não foi até o container pois já tinha sido abordado
 3. Não se interessou por ir ao container
 4. NR
 5. NS/NL
 6. NSA
105. Se procurou o container ou pessoas a ele vinculadas, por que foi até o serviço?
 1. Queria pegar camisinha  2. Queria mais informações
 3. Queria fazer algum tipo de exame  4. NR
 5. NS/NL  6. NSA
 7. Outro
107. Se procurou o container para fazer algum tipo de exame, qual?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

108. Qual foi a campanha ou abordagem que o senhor achou mais marcante? Por quê?
Indicar ao entrevistado que ele pode mencionar qualquer campanha de AIDS, não necessariamente aquelas voltadas
para caminhoneiros.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

109. Na sua opinião, o que deveria ser feito para que caminhoneiros se previnam da AIDS e de
DST?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

56
Conhecimento AIDS

Indique para cada frase abaixo se esta é uma forma de se transmitir o vírus da AIDS (verdadeira,
falsa) ou se você não sabe.
Ter uma relação sexual sem usar a camisinha.
 1. Verdadeiro  2. Falso  3. Não Sabe
Compartilhar seringa quando se usa droga injetável.
 1. Verdadeiro  2. Falso  3. Não Sabe
Receber uma transfusão de sangue.
 1. Verdadeiro  2. Falso  3. Não Sabe
Da mãe para o filho (gravidez/amamentação/parto)
 1. Verdadeiro  2. Falso  3. Não Sabe
Picada de mosquito.
 1. Verdadeiro  2. Falso  3. Não Sabe
Compartilhar louça ou talheres.
 1. Verdadeiro  2. Falso  3. Não Sabe
116. O senhor conhece alguém que tenha o vírus da AIDS?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
117. Se conhece alguém, quem é esta pessoa? MÚLTIPLA RESPOSTA
 1. Familiar  2. Amigo  3. Caminhoneiro
 4. Vizinho  5. Conhecido  6. Profissional do sexo
 7. Não conhece alguém  8. NSA  9. Outra pessoa
119. O senhor já fez o teste ou exame para o vírus da AIDS?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
120. O senhor já fez o teste / exame para vírus de hepatite?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL

Informações sobre uso de substâncias lícitas ou ilícitas


Esta é a última parte; gostaria de conversar rapidamente sobre uso de substâncias.

121. O senhor faz uso de bebidas de álcool?


 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
122. O senhor toma atualmente alguma coisa para ficar acordado?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
123. Se usa alguma coisa para ficar acordado, o que o senhor costuma tomar para ficar acordado?
ESTIMULADA: LER
 1. Rebite (anfetaminas)  2. Cafeína (café, chimarrão, coca-cola)
 3. Guaraná em pó  4. Energético (red-bull, bad-boy)
 5. Cheira cocaína  6. NSA
 7. Outro

57
125. O senhor já usou, ou usa, cocaína injetável?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
126. O senhor compartilha, ou já compartilhou, seringas com alguém?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL  5. NSA
127. O senhor costuma ter relações sexuais depois de tomar álcool ou algum outro tipo de droga?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL  5. NSA
128. O senhor costuma usar camisinha depois de tomar álcool ou algum outro tipo de droga?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL  5. NSA

Participação na pesquisa
Para finalizar, a gente quer lhe agradecer e saber sobre a sua participação na pesquisa.

129. O senhor gostou de ter participado da pesquisa?


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

130. O senhor que é caminhoneiro há X tempo e que foi abordado poucas ou nenhuma vez por
alguém para falar de prevenção à AIDS acha que tem alguma coisa que se possa fazer para
melhorar isto? O senhor teria algum comentário, ou sugestão, para acrescentar?

_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

131. APENAS PARA O ENTREVISTADOR: assinale aqui algum comentário relativo à aplicação
do questionário ou à situação da entrevista.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

58
5.4 ANEXO – INSTRUMENTO FINAL PARA APLICAÇÃO DO
SURVEY

COMO VAI?
PESQUISA UFRGS CEARGS - PROSARE

Identificação do Questionário

1. Número de ordem de identificação do questionário NÃO PREENCHER ______________

2. Local da entrevista
 1. Rio Grande Buffon  2. Rio Grande Ongaratto  3. Rio Grande Marinha
 4. Gravataí Radar  5. Gravataí Perdigão  6. Canoas Buffon
 7. Porto Alegre Garoupa  8. Chuí Aduana
3. Serviço no posto em cuja proximidade a entrevista será feita
 1. Restaurante  2. Transportadora  3. Banheiro
 4. Bomba de gasolina  5. Borracharia  6. Eletricista
 7. Loneiro  8. Portão de entrada  9. Telefone Público
 10. Outro _________________________________________

5. Identificação do entrevistador
 1. Ana  2. Andréa  3. Daniela  4. Fernando  5. Juliana
 6. Maiane  7. Marcos  8. Renata  9. Rodrigo

Informações demográficas e sócioeconômicas


Gostaria de começar conversando um pouco sobre o senhor e a sua família.

6. Qual o seu nome?


_____________________________________________________________________

7. Qual a sua idade? ______________ ANOS

8. Qual o nome da cidade em que o senhor mora?


_________________________________________________________________

9. Em que estado (país) fica esta cidade? ______________

10. Em relação à sua cor ou raça, o senhor se considera: LER OPÇÕES


 1. Branco  2. Preto ou negro  3. Mulato  4. Amarelo ou asiático  5. Indígena
11. O senhor é casado ou vive com alguém?
 1. Casado ou vive em união  2. Namorando  3. Solteiro  4. Separado / divorciado
(pula para 13) (pula para 13) (pula para 13)
 5. Viúvo (pula para 13)  6. NR  7. NS/NL
12. Este é o seu primeiro casamento / primeira união?
 1. Sim (pula para 14)  2. Não  3. NR  4. NSA

59
13. Quantas vezes o senhor já foi casado? Se nunca foi casado, 00 (zero) ______________

14. O senhor tem filhos?


 1. Sim  2. Não (pula para 18)  3. NR  4. NS/NL
15. Se tem filhos, quantos filhos o senhor tem? SE SÓ 1 FILHO, PULA PARA 18 ______________
FILHOS

16. Se tem mais de 01 filho, todos os filhos são com a mesma mãe?
 1. Sim (pula para 18)  2. Não  3. NR  4. NS/NL  5. NSA
17. Se os filhos não são com a mesma mãe, com quantas mulheres o senhor tem filhos? NSA = 888
__________ MULHERES

18. Até que série o senhor estudou na escola? ______________ SÉRIE


______________ GRAU

20. O senhor pratica alguma religião?


 1. Católico  2. Evangélico  3. Protestante
 4. Espírita  5. Umbanda/Candomblé/Batuque  6. Não pratica / Nenhuma
 7. NR  8. Outro ________________________

Informações sobre a trajetória profissional


Vamos falar um pouco agora sobre trabalho.

22. Há quanto tempo o senhor trabalha como caminhoneiro? ______________ ANOS


Se trabalha há menos de um ano colocar o número de meses e assinalar MESES por extenso ao lado da resposta.

23. O senhor já teve algum outro tipo de trabalho?


 1. Sim  2. Não (pula para 25)  3. NR  4. NS/NL
24. Se teve outra profissão, qual foi? NSA = 888
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

25. O senhor é proprietário do seu caminhão?


 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
26. Qual é o seu vínculo de trabalho, atualmente?
 1. Empregado (empresa de transporte)  2. Trabalha por conta própria/autônomo (pula
para 29)
 3. Trabalha através de cooperativa  4. Outro, qual? ____________________
28. Se empregado, trabalha com carteira assinada?
 1. Com carteira  2. Sem carteira  3. NR  4. NSA
29. O seu veículo é rastreado via satélite?
 1. Sim, permanentemente rastreado  2. Sim, pode ser rastreado às vezes
 3. Não é rastreado  4. NR

60
30. Em relação à sua renda, o senhor poderia nos dizer mais ou menos qual é a sua renda mensal?
R$ _________

31. O que o senhor ganha é a principal fonte de renda da sua família?


 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS
32. Alguém de sua família trabalha, ou trabalhou, como caminhoneiro (ou com transporte de
cargas)?
 1. Sim  2. Não (pula para próximo bloco)  3. NR  4. NS/NL
33. Se alguém é caminhoneiro, quem é esta pessoa?
 1. Pai  2. Irmão(s)  3. Filho  4. Tio  5. Sobrinho
 6. Cunhado  7. NSA  8. Outro _______________________

Informações sobre fluxos e rotas


Eu queria agora conversar um pouco sobre os lugares por onde o senhor anda a trabalho.

35. Qual a rota que o senhor mais fez nos últimos dois anos? Anotar as cidades e estados/países
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

36. Que outras rotas, além desta, o senhor fez nos últimos dois anos? Anotar as cidades e
estados/países
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

37. Quantas viagens o senhor costuma fazer por mês? ______________ VIAGENS

38. Quanto tempo duram, em média, as viagens que o senhor faz? ______________ DIAS

39. O senhor costuma viajar sozinho?


 1. Sim (pula para 42)  2. Não  3. NR  4. NS/NL
40. Se não viaja sozinho, quem mais costuma levar junto nas viagens? MÚLTIPLA RESPOSTA
 1. Esposa  2. Filhos  3. Outro familiar  4. Caminhoneiro
 5. NSA  6. Outra pessoa ____________________________________
42. Quando o senhor pára durante as viagens, aonde costuma ficar?
 1. Posto combustível  2. Aduana
 3. Cia. Transportadora  4. Polícia Rodoviária
 5. Hotel/Motel/Pensão  6. Casa de familiar ou namorada
 7. Posto de pedágio  8. NSA
 9. Outro _____________________________

61
44. No Rio Grande do Sul, em que locais o senhor costuma parar por mais tempo? Listar os postos
de gasolina ou locais e municípios respectivos.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

45. O senhor vem de quanto em quanto tempo aqui para este posto / esta fronteira em que estamos?
______________ DIAS
______________ SEMANAS
______________ MESES
______________ Primeira vez aqui

48. Qual foi a última vez em que o senhor esteve aqui neste posto onde estamos?
______________ DIAS
______________ SEMANAS
______________ MESES
______________ Primeira vez aqui

51. Quantos dias o senhor costuma ficar parado, em média, no posto ou na fronteira (aqui)?
___________ DIAS

Informações sobre utilização de serviços de saúde


Agora vamos conversar sobre serviços de saúde.

52. Nestes últimos 6 meses (de setembro até agora), o senhor consultou algum profissional ou
serviço de saúde (médico ou dentista)?
 1. Sim  2. Não (pula para 57)  3. NR  4. NS/NL
53. Se consultou, qual era a especialidade do médico?
 1. Clínico geral  2. Cardiologista
 3. Pneumologista  4. Cirurgião
 5. Gastroenterologista  6. Traumatologista/Ortopedista
 7. Dentista  8. Psicólogo/Psiquiatra
 9. Dermatologista  10. Nutricionista
 11. Oftalmologista  12. NR
 13. NS/NL  14. NSA
 15. Outro _____________________________

62
55. Se já teve problema de saúde nos últimos 6 meses e precisou consultar, em que tipo de serviço
recebeu atendimento?
 1. Médico particular
 2. Pronto Socorro SUS
 3. Posto de Saúde de cidade de origem
 4. Posto de Saúde de outra localidade
 5. Ambulatório de hospital
 6. Ambulatório de empresa em que trabalha
 7. Ambulatório de plano de saúde
 8. NR
 9. NS/NL
 10. NSA
 11. Outro ____________________________
57. Durante as suas viagens, o senhor já apresentou algum problema de saúde?
 1. Sim  2. Não (pula para 63)  3. NR  4. NS/NL
58. Se sim, qual?
_____________________________________________________________________

59. Se já apresentou problema de saúde durante viagens, o que o senhor fez para resolvê-lo?
 1. Procurou serviço de saúde/médico durante a viagem
 2. Procurou um serviço de saúde/médico no retorno
 3. Procurou uma farmácia/farmacêutico
 4. Conversou com colegas/amigos
 5. Tomou medicamento por conta própria (pula para 63)
 6. Não fez nada (pula para 63)
 7. NR
 8. NS/NL
 9. NSA
 10. Outro ____________________________________
61. Se procurou algum serviço de saúde durante uma viagem, em que tipo de serviço foi? (Só para quem
respondeu 1 na questão anterior)
 1. Médico particular
 2. Pronto Socorro (SUS)
 3. Posto de Saúde próximo ao local em que está parado
 4. Outro posto de saúde
 5. Ambulatório de hospital (SUS)
 6. Ambulatório de convênio de empresa onde trabalha
 7. Ambulatório de plano de saúde
 8. NR
 9. NS/NL
 10. NSA
 11. Outro ____________________________________

63
63. O senhor já doou sangue alguma vez?
 1. Sim, doa sangue rotineiramente  2. Sim, já doou algumas  3. Doou sangue apenas uma
vezes vez
 4. Nunca doou sangue (pula para  5. NR
65)

64. Se já doou sangue, quais as razões que o levaram a doar sangue?


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Informações sobre parcerias sexuais, práticas sexuais e prevenção


Gostaria agora de conversar sobre relações sexuais, parceiras(os) sexuais.

65. O senhor costuma usar camisinha em suas relações sexuais?


 1. Sim, sempre  2. Sim, às vezes  3. Não (pula para 69)
 4. NR  5. NS/NL
66. Se usa ou já usou camisinha, com quem usou camisinha? MÚLTIPLA RESPOSTA
 1. Prostituta  2. Travesti  3. Parceira eventual  4. Namorada
 5. Esposa  6. NSA  7. Outro ______________

68. Se já usou com esposa ou namorada, com que freqüência usa camisinha quando tem relações com
a esposa/noiva/namorada?
 1. Nunca  2. Às vezes  3. Sempre  4. NR  5. NS/NL  6. NSA
69. Qual seria o principal motivo para o senhor usar camisinha?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

70. Qual seria o principal motivo para NÃO usar a camisinha?


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

71. Há quanto tempo foi a sua última relação sexual? ______________ DIAS

72. Na sua última relação sexual, quem foi a parceira ?


 1. Sua esposa atual  2. Sua namorada atual  3. Ex-esposa ou ex-namorada
 4. Uma parceira eventual  5. Profissional do sexo  6. Outra(o) _______________
74. Na sua última relação sexual, vocês usaram camisinha?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
75. O senhor alguma vez já usou serviços de profissionais do sexo (prostitutas ou travestis)?
 1. Sim  2. Não (pula para 82)  3. NR  4. NS/NL
76. E no último ano, o senhor usou os serviços de profissionais do sexo?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NSA

64
77. Se usa, ou usava, o senhor usa serviços de profissionais do sexo durante as viagens?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL  5. NSA
78. Se usa os serviços, faz uso de camisinha com estas profissionais?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL  5. NSA
79. Se usa os serviços, com que freqüência usa camisinha quando se relaciona com profissional do
sexo?
 1. Nunca  2. Raramente  3. Frequentemente
 4. Quase sempre / Sempre  5. NSA
80. Se usa os serviços, onde o senhor consegue a camisinha quando se relaciona com profissional do
sexo? MULTIPLA RESPOSTA
 1. Profissional do sexo  2. Compra na farmácia
 3. Bar / Boate / Motel  4. Posto de Saúde
 5. Compra no posto de combustível  6. Ganha em campanhas de prevenção
 7. Ganha da esposa  8. Com colegas ou amigos
 9. NSA  10. Outro _______________________
82. O senhor tem camisinha consigo agora no caminhão?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL

Informações sobre conhecimento e contato com projetos de prevenção às DST, HIV ou AIDS
Vamos conversar agora sobre HIV e AIDS.

83. Onde, ou através de quem, o senhor ouviu falar de AIDS ou DST? ESPONTÂNEA - NÃO LER
(MÚLTIPLA RESPOSTA)
 1. Televisão  2. Rádio
 3. Revista para caminhoneiro  4. Jornal
 5. Revista feminina ou masculina  6. Médico ou Serviço de Saúde
 7. Livro  8. Filme
 9. Familiares  10. Amigos
 11. Caminhoneiros/Colegas  12. Professor/Escola
 13. Posto de combustível  14. Posto de pedágio
 15. NR  16. NS/NL
 17. NSA  18. Outro __________________
85. O senhor já viu caminhoneiros sendo abordados nas estradas por campanhas de prevenção à
AIDS?
 1. Sim  2. Não (pula para 88)  3. NR  4. NS/NL
86. Se já viu campanhas nas estradas, onde foram as campanhas? MÚLTIPLA RESPOSTA
 1. Campanha em festa de caminhoneiro  2. Campanha no pedágio
 3. Atividade de empresa transportadora  4. Outro _____________
88. Alguém já veio conversar com o senhor sobre prevenção à AIDS?
 1. Sim  2. Não (pula para 91)  3. NR  4. NS/NL

65
89. Se já foi contatado, em que locais vieram conversar com o senhor? MÚLTIPLA RESPOSTA
 1. Neste posto / fronteira  2. Outro posto / fronteira  3. Pedágio
 4. Polícia Rodoviária  5. Casa noturna / Bar / Boate  6. Nunca foi abordado
 7. NR  8. NS/NL 
9. NSA
 10. Outro ___________________________________________________

91. Desde 2004 até agora, alguém veio conversar sobre AIDS ou DST com o senhor AQUI neste
posto / fronteira?
 1. Sim  2. Não (pula para 94)  3. NR
 4. NS/NL
92. Se foi abordado neste local, lembra o nome do grupo, instituição ou projeto que conversou com o
senhor?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NSA
93. Se foi abordado, qual o nome do projeto ou grupo?
____________________________________________________________

94. Desde 2004 até agora, alguém veio conversar sobre AIDS ou DST com o senhor em algum
OUTRO posto / fronteira (que não este onde estamos agora)?
 1. Sim  2. Não (se jamais foi abordado – conferir 91 – pula para 103)  3. NR  4. NS/NL
95. Se houve abordagem em outro local, lembra ONDE e QUEM foi?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

96. Algum destes grupos ou projetos que falaram com o senhor sobre AIDS - ESTIMULADA: LER
(MÚLTIPLA RESPOSTA)
 1. Deram informações sobre como se pega HIV/AIDS
 2. Deram informações sobre como se prevenir da AIDS
 3. Deram informações sobre exames
 4. Realizaram algum teste ou exame Qual? ____________________
 5. Entregaram material informativo (folheto)
 6. Distribuiram camisinha
 7. Distribuiram kit de redução de danos (seringa)
 8. Encaminharam para consulta médica
 9. NSA
 10. Outro __________________________________

99. Se já foi abordado alguma vez, quantas vezes foi abordado nos últimos 2 anos? ______________

100. Se já foi abordado, estas abordagens ajudaram o senhor a aprender mais sobre AIDS ou DST?
 1. Sim  2. Não (pula para 103)  3. NR  4. NS/NL  5. NSA

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101. Se já foi abordado, o senhor pode nos dizer que diferença isto fez no seu dia-a-dia:
ESTIMULADA - LER
 1. Ganhou maior conhecimento
 2. Passou a usar camisinha
 3. Se já usava camisinha, começou a usar "sempre"
 4. Procurou algum serviço de saúde
 5. Buscou maiores informações sobre AIDS ou DST
 6. Repassou para alguém informações sobre AIDS ou DST
 7. NSA
 8. Mudou algum outro comportamento Qual? ______________________

103. Se já foi aos postos Ongaratto ou Buffon de Rio Grande, já viu um container no pátio do posto?
 1. Sim, já viu um container
 2. Já foi ao posto, mas não viu container (pula para 108)
 3. Nunca foi a estes postos (pula para 108)
 4. NR
 5. NS/NL
104. Se já viu container nos postos de Rio Grande, foi até o container ou procurou alguém que
trabalhava no container?
 1. Procurou o container
 2. Não foi até o container pois já tinha sido abordado (pula para 108)
 3. Não se interessou por ir ao container (pula para 108)
 4. NR
 5. NS/NL
 6. NSA
105. Se procurou o container ou pessoas a ele vinculadas, por que foi até o serviço?
 1. Queria pegar camisinha  2. Queria maiores informações
 3. Queria fazer algum tipo de exame  4. NR
 5. NS/NL  6. NSA
 7. Outro __________________________

107. Se procurou o container para fazer algum tipo de exame, qual?


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

108. Qual foi a campanha ou abordagem que o senhor achou mais marcante? Por quê?
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_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Indicar ao entrevistado que ele pode mencionar qualquer campanha de AIDS, não necessariamente aquelas voltadas
para caminhoneiros.

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109. Na sua opinião, o que deveria ser feito para que caminhoneiros se previnam da AIDS e de
DST?
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_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Conhecimento AIDS

Para cada frase que eu vou dizer agora, diga se esta é uma forma de se transmitir o vírus da AIDS,
falando Verdadeiro ou Falso.

110. Ter uma relação sexual sem usar a camisinha. ................  1. Verdadeiro  2. Falso  3. Não Sabe
111. Compartilhar seringa quando se usa droga injetável. .....  1. Verdadeiro  2. Falso  3. Não Sabe
112. Fazer uma doação de sangue com material descartável...  1. Verdadeiro  2. Falso  3. Não Sabe
113. Da mãe para o filho (gravidez/parto/amamentação) ........  1. Verdadeiro  2. Falso  3. Não Sabe
114. Picada de mosquito. .............................................................  1. Verdadeiro  2. Falso  3. Não Sabe
115. Compartilhar louça, talheres ou chimarrão. .....................  1. Verdadeiro  2. Falso  3. Não Sabe

116. O senhor conhece alguém que tenha o vírus da AIDS?


 1. Sim  2. Não (pula para 119)  3. NR  4. NS/NL
117. Se conhece alguém, quem é esta pessoa? MÚLTIPLA RESPOSTA
 1. Familiar  2. Amigo  3. Caminhoneiro
 4. Vizinho  5. Conhecido  6. Profissional do sexo
 7. Não conhece alguém  8. NSA  9. Outra pessoa _____________________

119. O senhor já fez o teste ou exame para o vírus da AIDS?


 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL
120. O senhor já fez o teste / exame para vírus de hepatite?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL

Informações sobre uso de substâncias lícitas ou ilícitas


Esta é a última parte; gostaria de conversar rapidamente sobre uso de substâncias.

121. O senhor faz uso de bebidas de álcool?


 1. Sim  2. Não (pula para 123)  3. NR  4. NS/NL
122. Se toma álcool, durante o último mês quantas vezes tomou bebidas alcóolicas?
 1. Mais de uma vez por  2. Todos os  3. Pelo menos 1 vez por  4.
dia dias semana Eventualmente
 5. NR  6. NS/NL  7. NSA
123. O senhor toma atualmente alguma coisa para ficar acordado?
 1. Sim  2. Não (pula para 126)  3. NR  4. NS/NL

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124. Se usa alguma coisa para ficar acordado, o que o senhor costuma tomar para ficar acordado?
MÚLTIPLA RESPOSTA ESTIMULADA - LER
 1. Rebite (anfetaminas)  2. Cafeína (café, chimarrão, coca-cola)
 3. Guaraná em pó  4. Energético (red-bull, bad-boy)
 5. Cheirar cocaína  6. NSA
 7. Outro __________________________________

126. O senhor já usou, ou usa, cocaína injetável?


 1. Sim  2. Não (pula para 128)  3. NR  4. NS/NL
127. Se já usou ou usa cocaína injetável, já compartilhou seringas com alguém ao usar a cocaína?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL  5. NSA
128. O senhor acredita que seja mais difícil usar camisinha depois de tomar álcool ou algum outro
tipo de droga?
 1. Sim  2. Não  3. NR  4. NS/NL  5. NSA
Participação na pesquisa
Para finalizar, a gente quer saber sobre a sua participação na pesquisa.

129. O senhor gostou de ter participado da pesquisa?


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130. O senhor que é caminhoneiro há X tempo e que foi abordado poucas ou nenhuma vez por
alguém para falar de prevenção à AIDS acha que tem alguma coisa que se possa fazer para
melhorar isto? O senhor teria algum comentário, ou sugestão, para acrescentar?

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131. APENAS PARA O ENTREVISTADOR: assinale aqui algum comentário relativo à aplicação do
questionário ou à situação da entrevista. Se houve alguma informação não contemplada, por exemplo, o
motorista viaja em comboio, dependendo da carga, registre aqui. Use o verso, se necessário.
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