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Knauth, D. R. et al.
Outro desafio apontado pelos debatedores, para o fato de que se o campo da Saúde Coleti-
em especial Pedro Nascimento e Wilza Villela, va deseja participar de uma abordagem em
diz respeito à crucial questão do cuidado em construção sobre a saúde do homem, deve, an-
saúde e, mais que isso, quem será o(a) cuida- tes de tudo, focalizar o masculino no plural, con-
dor(a). Wilza incita-nos a pensar se seremos ca- templando os múltiplos desdobramentos, a di-
pazes de uma crítica radical ao cuidado e se re- versidade de contextos, a singularidade dos ato-
petiremos, na trajetória das responsabilizações res e a polissemia das abordagens, além de rela-
masculinas no sentido de eqüidade relacional cioná-los com a diversidade de femininos tam-
com as femininas, os mesmos desvios medicali- bém presente na vida social, promovendo uma
zantes impostos às mulheres, agora, impondo- forma integrada de abordar a saúde.
os aos homens. Sua relevante questão deve a
nosso ver conformar a pergunta: como criar Referências bibliográficas
uma outra imagem de cuidador(a)? Ou caire-
mos na armadilha cultural, apontada por Pe- Arendt H 2000. Sobre a violência. Editora Relume-Duma-
dro, reproduzindo o lugar dos homens como rá, Rio de Janeiro.
Bourdieu P 1999. A dominação masculina. Editora Ber-
vítimas ou culpados pelo (não) cuidado? Como trand Brasil, Rio de Janeiro.
articular direitos e eqüidades, de um lado, res- Cecchetto FR 2004. Violência e estilos de masculinidade.
ponsabilizações e culpas, de outro, quando se Ed. FGV, Rio de Janeiro.
estuda os poderosos? A distinção entre as esfe- Machado LZ 2004. Masculinidade e violências: gênero e
ras jurídica e civil, relativamente à ética e mo- mal-estar na sociedade contemporânea, pp. 35-78. In
MR Schpun (org.). Masculinidades. Boitempo Edito-
ral, proposta por Hanna Arendt em seu exame rial-Edunisc, São Paulo-Santa Cruz.
sobre a responsabilidade e a culpa coletiva, po- Welzer-Lang D 2001. A construção do masculino: domi-
de, aqui, nos socorrer: toda a questão não se es- nação das mulheres e homofobia. Estudos Feministas,
gota apenas na dimensão jurídica dos direitos e 9: 460-482.
deve ser remetida para sua face ético-moral. Welzer-Lang D 2004. Os homens e o masculino numa
perspectiva de relações sociais de sexo, pp. 107-128.
Por último, retomando as nossas idéias e as In MR Schpun (org.). Masculinidades. Boitempo Edi-
dos nossos debatedores, chamamos a atenção torial-Edunisc, São Paulo-Santa Cruz.