Quando a Igreja canonizou os livros da Bíblia oficialmente, o
principal propósito era estabelecer uma lista de livros
autorizados, para proteger a Igreja dos livros espúrios que reivindicavam autoria apostólica, mas que eram na verdade, trabalhos de hereges (v.g. o Evangelho de Tomé). Os grupos heréticos não conseguiam basear seus ensinamentos na Santa Tradição, pois seus ensinamentos eram criados fora da Igreja, então a única maneira que possuíam para autorizar suas heresias era distorcendo o significado da Bíblia, além de forjar novos livros, apóstolos, ou santos do Velho Testamento. A Igreja sempre se defendeu contra os ensinamentos heréticos reivindicando as origens apostólicas da Santa Tradição (provando-as pela Sucessão Apostólica, c.f. o fato de que seus bispos e professores possuem uma descendência histórica e direta dos Apóstolos), e também reivindicando a universalidade da Fé Ortodoxa (c.f. o fato de que a Fé Ortodoxa é a mesma fé que os Cristãos Ortodoxos sempre aceitaram ao longo da história e do mundo). A Igreja se defendeu contra os livros espúrios e heréticos estabelecendo uma lista autorizada de Livros Sagrados, que foram recebidos pela Igreja como Divinamente inspirados, tanto os do Velho Testamento como os de origem apostólica.
Se nós desconfiamos da fidelidade desta Igreja em preservar
a Tradição Apostólica, também temos que desconfiar de sua fidelidade em preservar a Bíblia. [6] “Deus criou o homem reto, mas é ele que procura os extravios” (Eclesiastes 7:29). Que não nos seja permitido aprender uma fé condenada pela Tradição dos Santos Padres. Assim disse o apóstolo inspirado por Deus: ‘se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado!’ (Gálatas 1:9)” [9] e agora utilizam suas próprias opiniões e sentimentos como base para a fé. Esta é a mesma essência de toda heresia: novidade, uma arrogante opinião pessoal e auto-ilusão. esta aproximação com a Bíblia, o trabalho do indivíduo em busca de originalidade não conta nada, mas sim o entendimento sobre o que está presente nas tradições da Igreja. Somos obrigados a não ir além do limite fixado pelos Pais da Igreja, e para passar fielmente a Tradição que recebemos. Isto requer muito estudo e meditação, e para entender a Bíblia verdadeiramente, devemos entrar profundamente na vida mística da Igreja. Por isso que Santo Agostinho expõe sobre como que a pessoa deve interpretar a Bíblia (Em Doutrina Cristã, Livros I-IV) ele passa muito mais tempo falando sobre o tipo da pessoa que estuda a Escritura do que sobre os requisitos intelectuais que ela deve ter: [24]
(1)A pessoa deve amar a Deus de todo coração, e estar
livre do orgulho, (2) Deve estar motivada em buscar o conhecimento de Deus com fé e reverência, ao invés do orgulho e da ganância. (3)Ter um coração subjugado por devoções, uma mente purificada, estar morta para o mundo; (4)Buscar nada mais do que o conhecimento e a união com Cristo, (5)Ser solícita e comprometida em trabalhos de misericórdia e amor.
Com um padrão tão alto quanto este, devemos seguir as
orientações dos Santos Padres que tinham estas virtudes, para ficarmos livres da ilusão de que somos mais capazes e inteligentes do que eles ao interpretar a Sagrada Palavra de Deus. quanto eles discordam da Santa Tradição, a Fé de sempre e todo lugar da Igreja, é claro que estão errados. Se os protestantes pensam que isto é arrogante ou infantil, devemos considerar que eles pensam que são qualificados para cancelar (e normalmente, ignorar completamente) dois mil anos de ensinamento Cristão. Eles pensam que a aquisição de um título de P.H.D é capaz de dar mais perspicácia em relação aos mistérios de Deus, do que a sabedoria dos milhares de fiéis, Pais e Mães de Igreja, que serviam a Deus suportando torturas e martírios terríveis, e também zombarias e prisões devido à Fé? A arrogância está em suas mentes, pois eles não buscam aprender o que é realmente a Santa Tradição, e eles mesmos decidem o que é melhor, e agora todos acreditam que entendem a Bíblia realmente. Talvez a Bíblia Sagrada seja o ápice da Santa Tradição da Igreja, mas a grandiosidade da elevada altura em que a Bíblia subiu depende da grande montanha em que ela está firmada. Retirada de seu contexto, da Santa Tradição, a pedra sólida da Bíblia torna-se uma mera bola de barro, que pode ser moldada facilmente por qualquer modelador que assim desejar. Não é nada honroso distorcer e abusar da Bíblia, mesmo que isso seja feito em nome de sua autoridade. Nós devemos ler a Bíblia; a Sagrada Palavra de Deus. Mas devemos entender sua mensagem com humildade, para sentarmos aos pés dos santos que foram “cumpridores da palavra e não apenas ouvintes” (Tiago 1:22), e que provaram durante suas vidas que mereciam interpretar a Bíblia. Permita-nos seguir àqueles que conheceram os Apóstolos, como Santo Ignácio da Antioquia e São Policarpo, quando tivermos alguma dúvida sobre os escritos dos Apóstolos. Permita-nos perguntar à Igreja, e não à nossa arrogância e auto-ilusão.