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De: Igreja Batista de Contagem <mailing@igbc.com.

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Data: 4/05/2006 (09h18min: 19)


Responder para: mailing@igbc.com.br
Assunto: As Crônicas de Nárnia
Prioridade: Normal
Para: <theosewilson@ig.com.br>

Autor: Jehozadak Pereira


Como preâmbulo deste artigo que escrevi tempos atrás,
acrescento algumas considerações.
1. Ao filmar as Crônicas de Nárnia, a Disney quis agradar
aos evangélicos?
Não, a Disney não quer agradar nenhum segmento religioso
filmando As Crônicas de Nárnia. O interesse da Disney é
meramente comercial.
2. As Crônicas de Nárnia é uma história
cristã?
Não. Não é. Compare a trama com a Bíblia e
jamais vai se encontrar por menor que seja qualquer coisa que se
pareça com o cristianismo. Compare a trama com qualquer
dicionário ou enciclopédia esotérica ou mística
e vai ser possível encontrar muitas e muitas coisas relacionadas com
o esoterismo, o misticismo, feitiçaria e bruxaria.
3. C. S. Lewis não foi um escritor cristão?
Sim, após a sua conversão ele escreveu muita coisa boa, mas
nunca renegou esta história esotérica, por mais que o defendam
os seus devotos.
O irlandês Clive Staples Lewis, escreveu mais de 40 livros, e
estima-se que da sua obra foram vendidos mais de 200 milhões de
cópias, traduzidos em mais de 30 línguas. Entre as suas obras
estão: “Regresso do Peregrino”, “O Problema do
Sofrimento”, “Milagres”, “Cartas do Inferno”,
uma trilogia de ficção científico-religiosa
“Longe do Planeta Silencioso”, “Perelandra”,
“That Hideous Strength”. Para crianças escreveu a
série de fábulas “Crônicas de Nárnia”
e nelas “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”.
Considerado conto-de-fada cristão.
E é exatamente deste livro que quero tratar neste artigo. C. S.
Lewis é considerado por muitos como o maior escritor cristão
que o mundo já teve. Lewis é citado por pregadores,
recomendado por homens influentes, estudado nas faculdades, nos
seminários e nos institutos bíblicos. É comum ouvir em
certos púlpitos mensagens onde Lewis é mais citado do que
Jesus Cristo, e seus livros de referencial em lugar da Bíblia.
Há uma verdadeira febre e devoção a Lewis, muitos o
incensam como o modelo ideal de escritor. Ateu desde a sua infância
converteu-se ao cristianismo em 1929, na Igreja Anglicana, e é tido
como o porta-voz não oficial do cristianismo, como se o cristianismo
precisasse de um porta-voz, oficioso ou oficial a despeito de que o nominado
seja C. S. Lewis.
Talvez Lewis tenha sido levado a este panteão por seus
fiéis seguidores, que ignoram tantos outros nomes de relevância
na pregação e divulgação do Evangelho ao longo
dos séculos.
Será que podemos considerar este “laurel” como uma
prova de fanatismo, semelhante aos seguidores e admiradores de Freud e
Jung?
Lembro aos meus leitores de que os seguidores de Jung o têm como um
deus, e o consideram como o profeta escolhido dos deuses para dar-lhes o
caminho da redenção. Que estes últimos tenham suas
preferências vá lá, mas crentes o fazendo é no
mínimo muito estranho.
Tempos atrás eu conversava com um amigo a respeito de Lewis e
Tolkien, e ele me disse uma coisa que me fez pensar bastante. Desde quando
o
mundo secular elogia e respeita o que é nosso - ou melhor, o que se
diz cristão, especialmente na área da literatura? Não
é estranho que o mundo elogie um dos “nossos”?
Não estou discutindo a fé de Lewis, e nem as outras obras
dele, estou expondo os problemas que existem em O Leão, A Feiticeira
e o Guarda-Roupa.
A trama é repleta de simbolismos, e ouso dizer que é uma
história com fundo esotérico. Certamente esta
afirmação vai provocar o espanto de muitos. Mas o que
você diria duma história onde há faunos, um guarda-roupa
que é um portal, ninfas, anões, dríades, Lilith - a
tradição cabalística diz que Lilith, seria o nome da
primeira mulher criada antes de Eva, não da sua costela, mas
diretamente da terra, tal como Adão. - Somos todos os dois iguais,
teria dito Adão; e após uma discussão, Lilith
encolerizada, pronunciou o nome de Deus, e fugiu para iniciar a sua carreira
demoníaca, ou que ainda Caim e Abel brigaram por causa de Lilith.
Alimento enfeitiçado, sátiros, centauro, minotauro, cavalo
alado, náiades, unicórnio, um leão que morre e
ressuscita, ogres, duendes, vampiros, espíritos que moram nas
árvores, fantasmas, lobisomens, íncubo - demônio
masculino que, segundo velha crença popular, vem pela noite copular
com uma mulher, perturbando-lhe o sono e causando-lhe pesadelos - mortos
que
ressurgem para a vida, e finalmente uma feiticeira.
Mas não uma feiticeira qualquer. É uma feiticeira branca.
Não se trata de ver o mal. A perversidade das trevas no escrito de
Lewis, somente porque há a feiticeira, seja ela de qual cor for. O
comprometimento é muito maior do que se pensa, além do que a
Bíblia nos diz o que acontecerá com os feiticeiros, repito -
seja lá de qual cor forem.
A feiticeira é o menor dos problemas...
Ao que parece, aqui quer se “santificar” a feiticeira branca,
somente porque foi Lewis quem a colocou na história, e para muitos
isto basta, afinal foi um homem “santo” quem o disse. Mas
voltando aos comprometimentos do livro, este exército de
demônios luta ao lado do bem - de Aslam, o leão que é
morto e ressuscitado, contra o mal - a feiticeira.
A trama toda começa quando Lúcia entra no guarda-roupa
mágico e quando se dá conta que está num país,
onde é inverno o tempo todo. Dentro deste país -
Nárnia, Lúcia conhece o Sr. Tumnus - um fauno - divindade
campestre caprípede, cornuda e cabeluda - conforme a
descrição do livro da cintura para cima parecia um homem, com
pernas de bode, com pêlos pretos e acetinados, com cascos de bode no
lugar dos pés e uma cauda.
Mas eu quero deter-me nas palavras da Professora Gabriele Greggersen que
dizem literalmente o seguinte no seu artigo Um encontro e tanto,
extraído do endereço clique aqui - : “Como autora de uma
dissertação a respeito de O Leão, a feiticeira e o
guarda-roupa, a primeira obra escrita da famosa série de
contos-de-fada com fundo cristão - as Crônicas de
Nárnia...”. Como pode ser cristão, um texto repleto de
seres fantásticos? De seres advindos das trevas que lutam ao lado do
“bem”?
Vejamos o que são os tais contos-de-fada na
definição de quem entende e sabe o que significa.
Nise da Silveira no seu livro Jung Vida e Obra escreveu o seguinte:
“Jung diz que os contos de fadas têm as suas origens nas camadas
mais profundas do subconsciente, comuns à psique de todos os seres
humanos. Os homens sempre gostaram de histórias maravilhosas. Assim
como as crianças. Afirma ainda que é salutar para os homens
ouvirem a narração dos contos de fadas, e a
narração de velhos mitos.
Jung prossegue dizendo que tanto os mitos quantos os contos de fadas
são a mais perfeita expressão dos processos subconscientes. O
homem pressentirá obscuramente que ali se espelham acontecimentos em
desdobramento no seu próprio e mais profundo íntimo. Afirma
que não se trata de acreditar nos feitos heróicos e nos
encantamentos que as histórias descrevem, e que as verdades
não são objetivas e sim verdades subjetivas, que são
narradas na linguagem dos símbolos. Jung, porém tem
consciência e admite que tanto as histórias quanto os mitos
não passarão pelo crivo das exigências racionais.
Finaliza afirmando que são essas ressonâncias que fazem no
conceito dele o eterno fascínio dos contos de fadas”.
O professor e escritor Bruno Bettelheim define assim os
contos-de-fada.
“Os contos de fada, considerados por pais e educadores até
pouco tempo como ‘irreais, falsos’ e cheios de crueldade,
são para as crianças, o que há de mais real, algo que
lhes fala, em linguagem acessível, do que é real dentro delas.
Os pais temem que os contos de fadas afastem as crianças da
realidade, através de mágicas e fantasias. Porém, o
real, a quem os adultos comumente se referem, é o externo, é o
mundo circundante, enquanto que o conto de fadas fala de um mundo bem
mais
real para as crianças.
Durante muito tempo, os contos de fadas jazeram esquecidos, desprezados e
banidos sob alegação de irreais e selvagens, em vista de suas
tramas sempre altamente dramáticas. Depois que a psicologia
desmistificou a inocência e a simplicidade do mundo das
crianças, os contos de fadas voltaram a ser lidos e discutidos,
justamente por descreverem um mundo pleno de experiências, de amor,
mas também de destruição, de selvageria e de
ambivalências. A psicanálise provou que os pais temem que seus
filhos os identifiquem com bruxas e monstros, ogres e madrastas e com
conseqüência os deixe de amar. Porém ao contrário,
podendo vivenciar tudo, identificando-se e os pais com os personagens dos
contos, os filhos têm sua agressividade diminuída, podendo amar
os pais de maneira mais sadia. O conto assim contribui para um melhor
relacionamento familiar.
Entretanto, a maior contribuição dos contos de fadas é
em termos emocionais, propondo-se e realizando concretamente quatro
tarefas:
fantasia, escape, recuperação e consolo. Desenvolvem a
capacidade de fantasia infantil: fornecem escapes necessários falando
aos medos internos da criança, às suas ansiedades e
ódios, seja como vencer a rejeição (como em João
e Maria) ou os conflito edípicos com a mãe (como em Branca de
Neve) ou a rivalidade com os irmãos (como em Cinderela) ou sentimento
de inferioridade (como em As Três Plumas). Os contos aliviam as
pressões exercidas por esses problemas; favorecem a
recuperação, incutindo coragem na criança,
mostrando-lhe que sempre é possível encontrar saídas.
Finalmente os contos consolam e muito: o final feliz, que tanto adultos
consideram irreal e falso é a grande contribuição que
os contos favorecem as crianças, encorajando-as à luta por
valores amadurecidos e a uma crença positiva da vida”.
A mim me parece deslealdade, afirmar que o fabulário mundial
está repleto de seres e entidades demoníacos, e ao mesmo tempo
dizer que não há problemas em se aceitar isto como regra de
fé e prática, pois afinal tudo é
“fantasia”.
Mas quem precisa de fantasia?
Já ouvi algumas vezes, que Aslam, é o protótipo de
Jesus Cristo, pois ele morre e ressuscita, para resgatar a vida de muitos.
Ouvi inclusive relatos emocionados acerca disto. Outro fato que emociona a
muitos é quando Aslam convoca a todos para derrotar o mal - ou a
feiticeira. E desde quando o bem personificado em Jesus Cristo precisa da
companhia de ratos e um leão fedorento para vencer o mal.
Mas como o mal pode vencer o mal?
Centauros, unicórnios, cavalos, gigantes, anões, bichos
menores, faunos, leões, cães, compunham o exército de
Aslam, na sua luta contra o mal. Não preciso dizer que muitos destes
são demônios literais. E vejam que não sou eu quem o
digo. E muito menos fui eu quem os colocou ao lado de Aslam.
Qualquer dicionário de esoterismo pode dizer o que é um
centauro ou mesmo um unicórnio, ou esclarecer ainda o que é um
fauno ou um sátiro. Outro dia recebi um e-mail falando que a
Bíblia cita em Isaías 34.14, a palavra sátiro. Queriam
me mostrar e convencer de que o simples fato de a Bíblia citar
é o suficiente para corroborar e confirmar o uso do termo por Lewis.

Que queiram acreditar e mais ainda, crer que o livro O Leão, a


Feiticeira e o Guarda-Roupa, é um “poderoso” instrumento
de evangelização e uma “alegoria” do Evangelho,
que creiam, mas desde quando o Evangelho precisa de “alegoria”?
Desde quando um livro repleto de citações de demônios
pode ser uma “alegoria” do Evangelho?
Se isto - demônios for “um poderoso” aliado do
Evangelho o que vamos fazer com Hebreus 4:12? Que Palavra VIVA é esta
que precisa do suporte de demônios para ser pregada? Que Palavra
EFICAZ é esta que precisa de “alegoria” para ser aceita?

Que Palavra CORTANTE é esta que necessita de apoio na mitologia e


no misticismo?
As semelhanças de Aslam com Jesus Cristo são muitas. Uma
delas é chocante. Quando Aslam morre a Mesa de Pedra se rompe e parte
em dois pedaços; “Mas, se fosse um pouco mais longe, de
penetrar na escuridão e no silêncio que reinam antes da aurora
do tempo, teria aprendido outro sortilégio. Saberia que, se uma
vitima voluntária, inocente de traição, fosse executada
no lugar de um traidor, a mesa estalaria e a própria morte
começaria a andar para trás... E agora...”
Qual foi o inocente que fez romper o véu? Que traído e
inocente foi sacrificado para vencer o mal? Certamente muitos me
contestarão, mas com certeza não responderão ou
não terão argumentos para dizer que em O Leão, A
Feiticeira e o Guarda-Roupa, não há misticismo e criaturas
fantásticas. Certa vez eu escrevi um artigo repercutindo uma
matéria publicada na Revista Veja, que citava Lewis e Tolkien, como
autores de literatura semelhante à de J. K. Rowling, a nefanda autora
de Harry Potter. Foi o suficiente para que recebesse uma enxurrada de
e-mails desaforados defendendo Lewis.
Com certeza desta vez emitirão uma fatwa contra mim. Mas
não me importo. O que me importa é a verdade é dizer em
alto e bom som que em O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa,
há contaminação espiritual, a começar do
guarda-roupa que é um portal esotérico e a findar em Aslam, em
nome de quem se deseja que as aventuras continuem.
Perigosas aventuras...
Fonte: www.jehozadakpereira.com

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