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Manual de como cuidar do coração da família

A Família de Bom Coração

Amor… a força por trás da família


Solidariedade… a fonte de afeto
Felicidade… envolverá a família o tempo todo

Este livro apresenta histórias maravilhosas que talvez você nunca


tenha ouvido antes.

Conversa de Dhamma por


Phrabhavanaviriyakhun
(Phra Phadet Dattajeevo)

Escrito por S. Phongsawasdi


e The Exemplary Youth Development Foundation
Prefácio

O Mestre Buda mostrou que todos os problemas neste


mundo se originam das impurezas (kilesa) em nós.
Do mesmo modo, os problemas familiares surgem das
impurezas do casal. Tudo começa quando essas duas
pessoas, que se amam, decidem viver juntas como marido e
mulher e concordam em iniciar uma família.

Quando duas pessoas, que ainda possuem impurezas,


decidem morar juntas, elas devem fazer ajustes visto que
ambas estão compartilhando suas características positivas e
negativas nessa família. A união do casal será tranqüila se as
duas pessoas combinarem suas características positivas
Entretanto, se combinarem as características negativas, o
relacionamento pode ser bem volúvel. Por isso, quando
tiverem filhos, não importa quantos, as obrigações
aumentam. Além da responsabilidade de serem marido e
mulher, eles têm uma responsabilidade a mais como pais.

A presença do recém-nascido forçará os pais a


trabalharem mais arduamente, fazendo com que tenham
cuidado suficiente com a criança. Quanto mais filhos
decidirem ter, maior será a responsabilidade dos pais.

A impureza é como uma doença destrutiva que habita a


mente de cada ser humano na hora do nascimento. Até um
bebê de um dia terá impurezas dentro de si. Ninguém sabe
como as impurezas entraram em nós, mas elas estão
entranhadas em cada ser humano, até em nossos próprios
filhos.

Se os filhos serão boas pessoas ou más depende das


ações demonstradas pelos pais na criação deles; por meio de
cada mordida de alimento, cada gota d'água e pingo de leite.
Esses são os métodos dos pais de demonstrarem a maneira
correta de criar os filhos.

Se os criarmos de forma adequada, suas impurezas


diminuirão e as virtudes amadurecerão neles.
Conseqüentemente, o mundo se beneficiará da existência
deles. Todavia, se os criarmos de maneira errada, suas
impurezas aumentarão e como resultado criarão maus
comportamentos. O mundo sofrerá as consequências da
existência deles.

Os problemas familiares atuais não desaparecerão


facilmente ou logo que você quiser. Eles são causados pela
incapacidade dos pais de controlar os filhos e as próprias
impurezas.

Para criar uma família amorosa, dever-se-à ter um


sistema para aprender a controlar e eliminar as impurezas.
Estas três maneiras são:

1) Controlar suas impurezas para que o seu mau


comportamento não influencie outras pessoas.
2) .
3) Absorver as virtudes dos outros, fortificar e
incorporar essas qualidades positivas dentro de si.

Este livro apresenta um conjunto de conhecimentos,


experiências e recomendações, que podem ser encontrados
nos ensinamentos do budismo e naqueles transmitidos a nós
por nossos antepassados, como métodos que podemos
incorporar para criar uma família cordial e amorosa.

A equipe por trás deste livro espera que este sirva como
um companheiro para ajudar o leitor a construir uma família
cordial e feliz, onde todos se apóiem com amor e
compreensão. Que todos possam ter uma base familiar
sólida, cheia de sabedoria, dons e virtudes que contribuirão
somente para que as próximas gerações tenham mais
indivíduos extraordinários e virtuosos. Eles serão
representantes do conhecimento, dons e virtudes dos pais
que acabarão sendo úteis para eles mesmos e ao mundo.

S. Phongsawasdi

The Exemplary Youth


Development
Foundation
Dedicatória

Que todas as família ao lerem este livro tenham


felicidade, sucesso e a determinação de sempre realizar boas
ações.

Dedicamos os méritos acumulados através de cada


palavra escrita neste livro aos nossos avós (Soon e Hoye
Pongsawat), e a todos os membros da nossa família que já
morreram. As experiências reais de suas vidas, conforme
mostrado neste livro, foram nossa inspiração.

Que os nossos bisavós, todos os membros da família


que já morreram, e várias pessoas que apoiaram este livro,
recebam felicidade e sucesso nesta e em futuras vidas.
Enquanto renasceremos no ciclo da existência, que possamos
nascer com todos os requisitos necessários para a Busca das
Perfeições em cada período da vida, para derrotar Mara (a
personificação do mal e tentação), erradicar definitivamente
todas as impurezas e entrar em Nibbāna (Nirvana).

Os filhos da família Phongsawasdi


Índice

Introdução
Dedicatória

Parte Um ~ Construindo o alicerce da família

Capítulo 1 O coração da família


Capítulo 2 Como administrar a vida familiar
Capítulo 3 Mantendo o amor vivo (cuidando do amor)
Capítulo 4 A mãe da bondade suprema dentro de casa
Capítulo 5 O nascimento de uma pessoa meritória
Capítulo 6 Ensinando o filho que ainda não nasceu

Parte Dois ~ Educando os filhos

Capítulo 7 Educando os filhos para serem inteligentes e


virtuosos
Capítulo 8 Destruir pela bondade: Pais defendendo os
filhos quando eles se comportam mal
Capítulo 9 Os quatro importantes papéis que os pais
devem desempenhar para criar bons filhos
Capítulo 10 Criando nossos filhos para serem pessoas
boas
Capítulo 11 Ensinando aos filhos a parcimônia para
assegurar o futuro da família
Capítulo 12 Querido pai, por favor, não permita que eu
me torne viciado em televisão
Capítulo 13 Crianças que são viciadas em Internet
Capítulo 14 Uma filha que se veste de modo provocante

Parte Três ~ Harmonia na Família

Capítulo 15 Criando a harmonia na família


Capítulo 16 O que os pais devem fazer quando seus filhos
não têm um bom relacionamento?
Capítulo 17 Remediando a situação quando os vizinhos
brigam
Capítulo 18 Ensine as crianças a cuidar dos parentes
muito doentes
Capítulo 19 O Amor incondicional dos pais

Parte Quatro ~ As estradas que Levam à Ruína

Capítulo 20 Crianças adictas a Apāyamukha (as Estradas


para a Ruína)
Capítulo 21 O marido infiel e alcoólico
Capítulo 22 As Estradas que levam à Ruína
Capítulo 23 Por que buscar prostitutas é um pecado
Capítulo 24 O jogo nunca deixou ninguém rico
Capítulo 25 Filhos que querem que seu pai pare de beber
Capítulo 26 Pais que os filhos detestam

Parte Cinco ~ A Verdade da Vida

Capítulo 27 Papai, por que nós nascemos?


Capítulo 28 Os jovens e o Senhor Buda
Capítulo 29 As boas ações sempre trazem resultados
favoráveis?
Capítulo 30 Como as boas ações podem trazer bons
resultados
Capítulo 31 Critérios completos para doação
Capítulo 32 Ensinando as crianças a viverem conforme os
Cinco Preceitos
Capítulo 33 Explicando os Cinco Preceitos para que as
crianças entendam facilmente
Capítulo 34 Infundindo o amor pela meditação em nossos
filhos
Capítulo 35 Ordenar-se em benefício dos pais gera mérito

Parte Seis ~ O Fim da Vida de Alguém

Capítulo 36 O valor da vida


Capítulo 37 O último momento da vida de um pai
Capítulo 38 Pais, dignos de nossa reverência
Capítulo 39 Abençoando nossos descendentes
Capítulo 40 Exercitando a prudência pela prática da
austeridade

Parte Sete ~ Um Verdadeiro Budista

Capítulo 41 Um verdade budista


Capítulo 42 Templos abandonados e templos prósperos
Capítulo 43 Solucionando a crise do budismo
Capítulo 44 O Senhor Buda – O exemplo de sabedoria
Capítulo 45 Dedicando uma imagem de Buda – O corpo
da iluminação
Bibliografia
Parte Um

Construindo o alicerce
da família
Capítulo 1

O coração da família

Quando nossos corações param de funcionar, significa


que nós deixamos este mundo. O mesmo acontece com a
família. Se o coração da família parar de funcionar, ela
praticamente morrerá, mesmo com todos morando na
mesma casa. A maior realização de um casamento é uma
família forte, afetuosa e saudável. Mas o que é mais
importante na formação de uma família? É
fundamental para duas pessoas apaixonadas
entender isso antes de iniciarem uma família.

O assunto a seguir é muito importante para todas as


famílias; quem desejar se casar, ter filhos, ter um marido ou
uma esposa, deve estudar estas páginas para obter uma
compreensão mais profunda. É muito importante porque
todos os problemas que ocorrem na família giram em torno
desses assuntos. Se eles estudarem este texto com atenção,
os benefícios serão enormes. Mas se não o compreenderem
muito bem, enfrentarão muitos problemas. Este
conhecimento é chamado de, “Dhamma para leigos
(Gharāvās-dhamma) : O coração vital de uma
família estável.’

Os problemas típicos de uma família

Antes de uma pessoa casar, ela já possui uma série de


imperfeições. Mas quando duas pessoas formam uma
família, elas são incapazes de evitar conflitos oriundos dessas
imperfeições. Deste modo, uma família que não tenha pelo
menos um elemento do Dhamma para leigos - os quatro
elementos sendo honestidade (Sacca), auto-controle
(Dama), tolerância (Khanti) e sacrifício (Cāga) –
certamente experimentarão um ou mais dos seguintes
problemas:

1) O problema da desconfiança
2) O problema da insensatez, de não ajustar-se
ao mundo, às pessoas, ou resignar-se aos
desejos impuros e corruptos.
3) O problema de estar cansado um do outro.
4) O problema do egoísmo.

O melhor é não deixar que esses quatro problemas


apareçam na família. Se começarem a se materializar,
encontre rapidamente um solução de modo que eles não
aumentem de importância. Esses mesmos problemas podem
se agravar ao ponto de se tornarem freqüentes e infindáveis.

Problema 1: A desconfiança.

No mundo atual, até entre os membros de uma mesma


família, um mal comum é a desconfiança.

Não é somente entre o marido e a mulher ou entre


irmãos que nasce a desconfiança; existe também a
desconfiança entre pais e filhos. Não é preciso nem
mencionar os outros que não fazem parte da mesma linha de
descendência ou pessoas que não estão na mesma família.
Eles não têm essa mal.

A verdade é que a desconfiança possui muitas faces.


Algumas desconfianças são causadas por ciúme, algumas por
diferenças, algumas são devido à falsidade, e a desconfiança
mais perigosa resulta da falta de responsabilidade.

Não importa qual a origem da desconfiança, quanto


mais tempo os membros da família conviverem, mais a
desconfiança irá aumentar entre eles.
Problema 2: A insensatez, de não ajustar-se ao
mundo, às pessoas, e de resignar-se aos desejos
impuros e corruptos.

Esse problema ocorre quando a inteligência, o


conhecimento e as aptidões das pessoas não estão no mesmo
nível. É chamado de Insensatez.

Algumas atitudes e pensamentos das pessoas não


correspondem às atitudes e pensamentos de outros membros
da família. Isso as impede de acompanharem o mundo em
constante transformação. O principal motivo desse atraso
não se deve à insensatez em si, mas porque os outros
membros da família estão sempre se adaptando à novas
situações e aqueles que estão mais atrasados se recusam a
aderir às mudanças ou melhorar a situação deles. Como
conseqüência, ficam estagnados e permanecem com o que já
estão acostumados. Além disso, eles passam por momentos
difíceis para se endireitarem.

Pessoas desse tipo justificam a situação em que se


encontram pela falta de sorte, sentimentos de inferioridade
na família, ou ressentimento por seus pais, cônjuge ou filhos
não os amarem. Isso certamente trará desavenças e criará
problemas familiares.

Problema 3: Estar cansado um do outro.

O problema de estar cansado um do outro também


pode ser chamado de Estar Cansado das Pessoas.

Um juiz em Chiang Mai, Tailândia, uma vez falou sobre


um caso que ocorreu algum tempo atrás com um jovem que
tinha menos de 18 anos de idade. Esse jovem infringiu a lei e,
como punição, o tribunal o sentenciou à detenção num
centro de infratores juvenis. Assim que o tribunal proferiu a
sentença, os pais começaram a chorar e pediram para levar o
filho para casa para que eles mesmos pudessem educá-lo.
Não importa o quanto os filhos sejam delinqüentes, os pais
sempre os amarão e se preocuparão com eles. Eles querem
cuidar e corrigir sozinhos o comportamento dos filhos. Eles
não confiam em mais ninguém para cuidar de seus filhos
porque têm medo de que ninguém mais possa cuidar dos
seus filhos tão bem quanto eles.

Todavia, hoje, quando os jovens infringem uma lei e são


julgados perante um tribunal, é perguntado aos pais, "O seu
filho violou a lei. O que vocês desejam fazer?”

Os pais logo respondem, "O tribunal é quem decide.


Deixe-o fazer o que quiser. Estamos tão aborrecidos e
cansados dele. Não sabemos mais o que fazer com ele.”
Como se pode ver, essa situação mudou.

Na sociedade moderna atual, há pessoas que estão


cansadas dos filhos.

Até membros da mesma família devem tomar cuidado


para não permitir que o cansaço cresça. Dentro da família,
se um membro fizer algo errado e os outros membros da
família estiverem cansados de avisar essa pessoa, cansados
de ensiná-la, ou cansados de aconselhá-la, isso se
manifestará na família em que cada membro dela viva
isolado dentro da mesma casa. Não haverá colaboração ou
troca de boas ações entre os membros da família. Nossas
boas ações e as boas ações deles não aumentarão.

O cansaço de um em relação ao outro é um sinal de


destruição inevitável da família, porque isso logo evoluirá ao
ponto em que viverão separados e ninguém será capaz de
advertir um ao outro.

Quando são incapazes de avisar um ao outro, não


conseguem mais se tolerar, terminando em brigas e troca de
negatividade. No final, acabarão maltratando um ao outro.

Um modo de ficarem juntos como uma unidade familiar


é tendo uma mente aberta e permitir um diálogo franco; os
membros da família devem ser capazes de comunicar-se um
com o outro desde o início se eles sentirem que as ações da
pessoa são inadequadas. É melhor do que esperar até chegar
ao ponto em que não seja possível suportar um ao outro e
tentar falar sobre isso depois. Isso pode se tornar uma
erupção vulcânica.

Problema 4: O Egoísmo.

O problema do egoísmo pode ser chamado de


egocentrismo.

A natureza humana é tal que sempre onde houver mais


de três indivíduos vivendo juntos, formar-se-ão grupos
isolados. Sempre que houver uma divisão no grupo, por
exemplo, devido a uma pessoa no grupo receber algo
especial, essa pessoa deve pensar antes de mais nada no
grupo. Não importa se alguém no grupo está sofrendo,
porque essa pessoa não se preocupará. No caso de uma
situação mais grave, até irmãos podem se separar um do
outro no grupo porque o egoísmo de uma pessoa já
mergulhou a mente da mesma na escuridão.

Quando chegar a hora em que um deles tiver uma sorte


inesperada, essa pessoa não desejará compartilhar essa
felicidade com ninguém da família. Além disso, essa pessoa
tirará proveito de outros membros da família, que
consequentemente acabará se desmoronando por causa do
egoísmo dessa pessoa. Um dia, o problema causará a
desintegração da família até o momento em que a unidade
familiar não existirá mais.

Dhamma para leigos: o coração de uma


família estável

Quando uma pessoa pensa em escolher um cônjuge,


ou pensa em se casar e constituir uma família, deve se
preparar porque ninguém pode evitar os quatros problemas
mencionados anteriormente.

Embora a solução não seja simples, isso não significa


que não existe uma maneira de corrigir e prevenir que esses
problemas ocorram. Se cada pessoa perceber o que é o
coração da família, e todos cuidarem do coração da família
da melhor forma possível, os problemas acabarão sendo
resolvidos.

O Senhor Buda deu um sermão Dhamma pertencente a


um método que pode ser usado como base para a vida diária
e um meio de estabelecer uma família estável. É conhecido
como “Dhamma para Leigos.” Composto de quatro
partes, considerado como o coração de uma família
estável:

1} Honestidade ou sacca
2} Auto-controle ou dama
3} Tolerância ou khanti
4} Sacrifício ou cāga
Em geral, se nossos corações ainda estiverem batendo, é
porque ainda estamos vivos. Sempre que os membros da
família possuírem Dhamma para Leigos, o coração da família
continuará a bater também. Todos os problemas
mencionados acima não acontecerão de forma algum. Será
uma família estável com cordialidade e harmonia que
amadurecerá a cada dia que passa.

Composto de quatro partes, qual é a importância do


Dhamma para Leigos? Como ele orienta a família para
corrigir e prevenir os dilemas diários da família?

O Senhor Buda ilustrou as respostas, que são as


seguintes:

1) Honestidade ou sacca resolverá o


problema da desconfiança.

Sacca significa honestidade, sinceridade e um


forte sentimento mútuo de confiança.

Se essas palavras forem expressas dessa maneira,


algumas pessoas podem não entender claramente o conceito.
Todavia, se o conceito for explicado de uma maneira que as
pessoas possam colocá-lo em prática, a honestidade
significa responsabilidade ou o ato de ser
responsável.

Ao analisar como uma família funciona, a noção de


responsabilidade de cada membro é o elementos mais
importante. Se um membro da família faltar com a
responsabilidade, a desconfiança entre os membros da
família será o resultado imediato. Da mesma maneira, se
uma pessoa quiser se casar, a primeira característica que
deve ser avaliada é a noção de responsabilidade do cônjuge.
Tanto o noivo com a noiva devem reconhecer se o outro é
responsável o suficiente para experimentar a vida, morte,
sucesso e fracassos da família.

Uma pessoa honesta demonstra responsabilidade


dessas quatro maneiras:

1.1) Responsabilidade em relação às obrigações


e ao trabalho. Isso significa que não importa o trabalho, a
quantidade de trabalho, se é fácil ou difícil, se a situação é
favorável ou não, se o orçamento é limitado ou não, se o
auxílio é limitado ou não, o tempo limitado, ou o
conhecimento limitado, mesmo com todos esses fatores, uma
pessoa que é verdadeira e sincera sempre presta atenção à
responsabilidade realizando a tarefa com êxito e fazendo isso
o melhor possível.

1.2) Responsabilidade com as palavras. Isso


significa que as palavras de uma pessoa devem ser
condizentes com suas atitudes que, em contrapartida, devem
ser condizentes com as suas palavras. É irresponsabilidade
de uma pessoa dizer que fez um metro, quanto na verdade
ela fez apenas um centímetro. É irresponsabilidade de uma
pessoa dizer que fez mais de um metro, se essa pessoa fez
menos do que isso. As atitudes de uma pessoa devem ser
sempre descritas honestamente em palavras.

1.3) Responsabilidade em relação às amizades.


As amizades sempre devem ser feitas com sinceridade e sem
intenções veladas. Qualquer coisa a ser dita ou qualquer
aviso a ser dado a um amigo, seja direto. Seja sincero. E o
mais importante, não seja parcial ou preconceituoso em
nenhuma destas quatro maneiras: por amor, por ódio, por
estupidez ou por medo.
1.4) Responsabilidade em relação à bondade e
aos padrões morais. Significa que uma pessoa deve ter o
Dhamma como base. Do mesmo modo, essa pessoa não
desejará fazer algo que é errado, que vá contra os Preceitos,
contra Dhamma, contra a cultura ou contra as leis do país.
Demonstrar essa responsabilidade impedirá uma pessoa de
ir para a prisão e para o inferno e abrirá a porta da paraíso
para essa pessoa.

Portanto, quando essa informação é analisada dessa


forma, a pessoa que tem honestidade é responsável pelo seu
trabalho, palavras, escolha de amigos, e tem princípios
morais. Por isso, ela pensa e age com sinceridade e boas
intenções para que tudo seja feito da melhor maneira
possível. Essa é uma maneira de elevar a sabedoria e o dom
de uma pessoa, além de apresentar sua melhor imagem
sempre.

Conforme nossa sinceridade seja vista dessas quatro


maneiras, quanto mais possuirmos, mais responsabilidade
teremos. Esse tipo de pessoa pode manter esse alicerce
simples sempre na mente. O que quer que façam, eles o
farão o melhor que puderem; o que quer que digam,
eles o dirão da forma mais clara possível; e suas
mentes terão a base moral mais firme possível.

Uma pessoa honesta não é somente uma pessoa digna


de confiança na família, mas é digna de confiança dos amigos
também. A desconfiança que os amigos tiverem dessa pessoa
no passado, diminuirá. Mas se uma pessoa não é confiável,
ela sempre suspeita e vista com desconfiança. As pessoas
boas escaparão e evitarão se envolver com essa pessoa
suspeita. As pessoas boas não desejarão ser amigos de
pessoas desonestas porque não desejam ficar com uma má
reputação através de uma associação.
Portanto, se uma pessoa na família não for honesta ou
não possuir uma noção de responsabilidade em relação ao
trabalho, palavras, relações pessoais, bondade e moralidade,
o problema da desconfiança se agravará. Então como podem
viver juntos?

Portanto, para a família ter um alicerce sólido, os


membros devem ter honestidade ou sacca como o
primeiro hábito.

2) Auto-controle ou dama resolve o


problema da insensatez, de não ajustar-se às
pessoas, ao mundo e entregar-se à corrupção.

Dama significa ter auto-controle.

A maneira de praticar o auto-controle é estar alerto


e exercitar-se sem exceção, obtendo para si mesmo
mais conhecimento, aptidões e bondade todos os
dias.

O auto-controle também pode ser chamado


coloquialmente de, “adorando exercitar-se.” É comum
os mais velhos se referirem a isso como , “Não permita
que você se torne um tolo.”

A maneira de aumentar o conhecimento, a habilidade e


a bondade de alguém é seguir essas quatro recomendações:

2,1) Encontre um bom professor. Significa que


não obstante o interesse de uma pessoa em um assunto ou o
seu desejo de obter mais conhecimento, ela deve encontrar,
antes de qualquer coisa, um professor que tenha sabedoria e
habilidade na área. Caso contrário, há grande possibilidade
de fracasso. Se uma pessoa não for mesmo capaz de
encontrar o professor certo, no mínimo ela deve achar um
professor que tenha mais conhecimento na área de interesse.

2.2) Ouça o seu professor. Significa que você deve


prestar muita atenção ao que diz o professor. Escute-o
muitas vezes e faça perguntas até que entenda de verdade. É
importante entender claramente o que o professor está
ensinando, na teoria, método, prática e etc.., não importa a
profundidade do assunto.

2.3) Analise as palavras do professor. Examine


cada ponto que o professor explicou e analise até entender de
verdade o raciocínio de seu significado, o uso prático, as
precauções, benefícios e desvantagens.

2.4) Siga as instruções do professor. Significa que


após analisar o material e entender o que é correto e
adequado, comece a seguir e praticar os ensinamentos com
atenção e cuidado. Não seja negligente porque isso pode
trazer resultados prejudiciais mais tarde.

Aqueles que possuem conhecimento, aptidão e bondade


total devem seguir apenas esse caminho para aprenderem a
acompanhar o mundo e as pessoas e não se entregarem à
corrupção.

Certamente, ao seguir essa estrada, você terá que ir


contra a sua vontade, precisará controlar a sua mente e, não
raro, ferirá a sua mente, assim como se estivesse sofrendo de
uma hemorragia no coração.

Você deve controlar a sua mente e ir contra os seus


desejos porque se um tipo de ensinamento não puder mudar
os hábitos de alguém, não pode ser considerado como auto
aprendizagem.

Por exemplo, se você for incapaz de mudar um hábito


como comer rápido, o que não é fácil fazer, ou incapaz de
mudar um hábito como dormir tarde, usar palavras
desagradáveis quando falar, ou responder os seus pais, você
tem que escolher o método certo para se auto corrigir,
incluindo treinar-se para não ser descuidado. Isso não é fácil
de fazer. Para alguns de nós, pode levar a vida toda para
corrigir esses maus hábitos, e nem estamos levando em
consideração hábitos mais sérios, como os de bebida, ciúme
e jogos de azar.

Por esse motivo, para uma família ter uma base sólida,
os membros devem ter auto-controle ou dama como o
segundo hábito.

3) Tolerância ou khanti corrige os


problemas das pessoas estarem cansadas uma
das outras.

Khanti significa tolerância.

Por que devemos ter tolerância? Devemos ter tolerância


porque se alguém quiser aumentar a bondade dentro de si,
essa pessoa deve ter tolerância para obter a bondade.

Ao nascermos como seres humanos, o que temos que


suportar? A resposta é que existem 4 áreas de tolerância
que fazem parte da condição humana:

3.1) Devemos suportar um ambiente natural


que não é favorável a nós, como os raios fortes do sol,
chuva e vento fortes, etc.
3.2) Devemos suportar o sofrimento, isto é,
devemos suportar as condições desfavoráveis que nossos
corpos físicos experimentam, como as doenças, sem criar um
alvoroço ou reclamar demais.

3.3) Devemos suportar os conflitos, isto é,


devemos ter paciência com as outras pessoas.

A verdade é que nós devemos aceitar que temos


fraquezas, sentimentos que vão contra nosso desejo, e
situações que não saem conforme planejamos.
Especialmente, quando trabalhamos muito rápido ou
quando somos meticulosos, há algo que ainda nos desagrada.

Quando estamos descontentes conosco, elas são


consideradas fraquezas que se transformaram em maus
hábitos. E nos daremos conta de que negligenciamos muitos
outros pontos.

Há fraquezas entre maridos, esposas e filhos, além da


fraqueza presente em nós mesmos. Não há como evitar o
conflito.

Por isso, mesmo quando o marido e a esposa que vivem


na mesma casa são bons um com o outro, ainda assim terão
fraquezas. Se acharmos que somos incapazes de suportar
isso, não tenha um coração fraco e se case.

Mas hoje em dia, apesar de algumas pessoas já terem se


casado, elas gostam de citar os direitos individuais.
Depois de se casarem, continuam juntando documentos, se
preparando para o divórcio. Isso levanta uma questão, “Se
acharam que não seriam capazes de tolerar um ao outro, por
que se casaram?”
Os mais velhos têm um ditado em relação ao marido e a
esposa, “É como a língua e o dente, eles sempre irão
bater um com o outro.”

Portanto, não importa o quanto o casal está bem junto


porque, inevitavelmente, sempre haverá conflitos. Se eles
acreditam que quando brigam, não conseguem ter paciência
um com o outro, não deviam ter se incomodado em se casar.
Mas se a decisão do casal já está feita, eles podem suportar o
que o cônjuge e a família deste oferece a ele/ela, eles devem
conversar sobre isso e pensar numa maneira de tolerar uns
aos outros. Isso é melhor do que falar sobre qualquer outra
coisa.

A pergunta que eles têm que perguntar um ao outro é ,


“Você tem certeza que pode me tolerar?” Se não
tivermos certeza que podemos ou não tolerar um ao outro,
então não devemos nos casar. Se mesmo assim casarmos,
vamos provocar ou criar um mau Kamma (Karma). Deste
modo, duas pessoas que se amam se tornarão inimigas no
futuro. Então devemos nos separar agora? Essa é a pergunta
que o casal deve se perguntar antes de casar.

Assim, em vez de perguntar quantos quilates há no anel


de noivado, quanto dinheiro você ganhará, quando milhões
serão gastos na compra de uma casa, todas essas coisas são
instáveis, a pergunta mais importante a ser feita é “Você
tem certeza que pode me tolerar?”

Se realmente pensar a respeito disso, há muito mais


pessoas, além do seu cônjuge, que você deve tolerar, como os
pais, irmãos e parentes de cada lado. Essas são pessoas que
não se pode ignorar, e você deve tolerar qualquer provável
conflito durante toda a sua vida.
3.4) Suportar as impurezas ou kilesa, isto é,
devemos tolerar os nossos próprios comportamentos
negativos.

As impurezas são uma doença perigosa que já nasce


conosco. À medida que a doença avança, ela nos comprime,
nos controla e nos esgota para realizar todos os tipos de más
ações despudoradamente. Assim, quando realizamos más
ações, as impurezas nos fazem sofrer, receber punições,
passar por todo tipo de tormento, que nos causa
arrependimento e, mais tarde, criticar nossas ações .

Algumas pessoas que são incapazes de resistir ao


controle que as impurezas exercem sobre elas se tornam
pessoas que têm o hábito de fazer más ações. No final, essas
pessoas não terão mais qualquer bondade dentro de si e
podem desenvolver vícios ao longo dos Caminhos para a
Ruína, que são difíceis de corrigir.

Os Caminhos para a Ruína ou Apāyamukha são


estímulos externos que sempre incitam as impurezas a
entrarem em nossas mentes até que se transformem em
maus hábitos arraigados que são muito difíceis de tirar.

O caminho mais perigoso para a corrupção está


associado aos tolos, porque estes espalham as infecções
de "maldade", sem exceção, àqueles ao redor deles. As
impurezas da mente tomarão conta deles até se tornarem
escravos em realizar más ações sem pensar no sofrimento
dos outros. A associação com os tolos é como adicionar
infecções perigosas da mente a nós mesmos. Os bons hábitos
do passado são repetidamente destruídos pelas impurezas,
que por sua vez irão se transformar em maus hábitos.
Visto que as impurezas afetam os bons hábitos, a
estabilidade e a segurança da família dependem de nossa
capacidade de tolerar as impurezas nos auto exercitando em
duas áreas:

3.4. 1. A paciência no controle de maus hábitos dentro


de nós para evitar que eles influenciam os outros. Se eles
foram incapazes de tolerar isso, o homem e a mulher que
decidirem ficar juntos irão gerar mais Kamma ruim para
ambos. Isso pode levá-los a cometer atos agressivos um
contra o outro, separar o casal, tomarem partido e explorar
um ao outro.

3.4. 2. Paciência para resistir as tentações dos seis


Caminhos para a Ruína, que são: bebidas alcoólicas, gostar
de vida noturna, sair para lugares de diversão, apostas em
jogos de azar, associação com tolos e preguiça em relação ao
trabalho. Se alguém não conseguir ter tolerância para resistir
aos seis Caminhos para Ruína, a situação financeira da
família se deteriorará, por causa da incapacidade de manter
um alicerce sólido.

Se todos os membros da família puderem aprender a ter


tolerância nessas duas áreas, nossos hábitos individuais
serão aperfeiçoados. A situação financeira da família se
estabilizará. Só as pessoas boas estarão em nossa companhia
e os tolos ficarão longe. Os Caminhos para a Ruína estarão
longe da família.

Portanto, para a família ter uma base sólida, seus


membros devem ter tolerância ou khanti como o seu
terceiro hábito.

4) Sacrifício ou cāga é o meio de corrigir o


problema do egoísmo.
Caridade significa sacrifício.

São de três tipos:


1) Sacrifício de bens materiais
2) Sacrifício de conforto
3) Sacrifício de emoções negativas, não os
mantendo em sua mente. Esta é a base para
preparar a mente para a meditação.

Sacrifício significa a generosidade de viver junto como


uma família, colocando o bem-estar da família à frente de
nós mesmos.

Um casamento depende do sacrifício de duas pessoas.


Se não houver sacrifício, não haverá uma base sólida para a
família. Se os membros de uma determinada família não
praticarem o sacrifício em benefício de outros na família, e
ainda tirarem vantagem um dos outros, é provável que
estejam vivendo em um lar desestruturado.

O sacrifício básico se concentra na subsistência, que é


de grande importância. Em particular, o marido e a mulher
devem pensar sobre a felicidade geral da família mais do que
a própria felicidade.

Os fundamentos da subsistência são os Quatro


Requisitos. Todavia, os aspectos mais importantes que
devemos saber antes de alocar fundos para os quatro
requisitos são: ser capaz de distinguir entre o que você
quer e o que a sua família precisa.

Se não souber como distinguir entre o que você quer e o


que você precisa, a sua família se deteriorará mais e mais a
cada dia. No final, haverá um sentimento de que um lado
levou vantagem e o outro lado foi egoísta. Os membros da
família acabarão vivendo separados e não se importarão um
com os outros.

Por exemplo, suponha que exista uma família composta


de um marido e uma mulher, e que não tenham filhos. A
renda combinada dos dois é limitada. Apenas um frasco do
perfume da esposa e o álcool e vinho do marido reduzem o
orçamento deles para a alimentação todo mês. A sensação
de que cada pessoa está sendo explorada ocorre
porque eles não conseguem diferenciar entre os
desejos individuais e as necessidades da família.

Perfume caro é um luxo desnecessário. Álcool e vinho


são um dos caminhos para a ruína; são substâncias que
fazem mal à saúde e são nocivas à sociedade. Portanto, se
tanto o marido como a esposa são incapazes de considerar
esses gastos como desnecessários, significa que o egoísmo
trará prejuízos à família.

Um casamento é uma vida de orçamentos para o


indivíduo. Deve haver uma base de sacrifício. Mas se
gastarem com os próprios desejos pessoais, e o marido e a
esposa não combinarem suas rendas desde o começo,
significa que estão se preparando para tomarem caminhos
diferentes desde o início porque nenhum deles está
pensando nos gastos compartilhados da família. Então por
que casar?

Sempre que você ver produtos luxuosos como


necessários, o orçamento da casa sofrerá imediatamente.
Isso se chama egoísmo, o que também cria muitos outros
problemas dentro da família.
O casamento não é um jogo que meninos e meninas
brincam, porque assim que você se casa, a responsabilidade,
a mudança, a paciência e o sacrifício virão logo em seguida.

Deste modo, a pessoa que está pensando em casamento


deve pensar sobre o quanto o futuro cônjuge está preparado
de duas maneiras:

1) Você pode contar com o seu companheiro


quando estiver doente ou a sua vida estiver em
risco?

2) O seu cônjuge tem o conhecimento, a


capacidade e um bom caráter para dar apoio à
família para fazê-la feliz e para que os filhos dessa
união cresçam como pessoas boas?

Esses dois fatores são os sacrifícios básicos em uma


família.

Hoje em dia, as pessoas tendem a se casar mais por


necessidades pessoais do que devido a esses dois fatores. Isso
causa muitos problemas no casamento. Alguns casais
chegam até a se tornar violentos e acabam se matando.

Aqueles que ainda não se casaram ou estão em via de se


casar devem considerar que quando um casal está casado,
deve existir um apoio mútuo na doença e na velhice. Eles
devem ser capazes de cuidar um do outro. O casamento,
portanto, deve depender em grande parte do sacrifício
individual.

Além do mais, quando o casal tem um filho, ambos


devem se sacrificar ainda mais, porque precisam reservar um
tempo para os filhos. Isso é o que cada pessoa deve fazer até
mesmo antes do casamento.

As pessoas que estão preparadas para a paternidade


analisarão a si mesmos das seguintes maneiras: Nós temos
conhecimento, capacidade e bondade que desenvolvemos do
auto aprendizado durante toda a nossa vida. Visto que vamos
morrer, quando nos tornarmos velhos, haverá alguém para
cuidar de nós. Se quisermos casar e constituir uma família,
devemos usar nosso conhecimento, capacidade e bondade
para criar bons filhos para o mundo. Podemos transmitir
nosso conhecimento e bondade aos filhos para que eles
possam continuar a viver com força neste mundo.

O casamento não é apenas prazer sexual. Isso não dura.


Porém, devido à procura pela satisfação sexual, a taxa de
divórcio é alta. A satisfação sexual só existe nos primeiros
anos do casamento.

Depois do casamento, o alicerce da vida reside no


sacrifício de um para com o outro. Se alguma vez nos
tornarmos egoístas um com o outro, virá acompanhando de
divórcio ou homicídio.

O sacrifício no casamento é o sacrifício para cuidar do


corpo e da mente. É sustento para o corpo e a mente.
Como resultado, o casamento será uma união de felicidade.

Cuidar um do outro fisicamente significa usar a


renda familiar com sabedoria, gastando com as necessidades
da casa, compartilhando e sacrificando a felicidade
individual.

Cuidar um do outro mentalmente significa saber


como ser ponderado a cada dia, ser capaz de apoiar os outros
nos momentos de crise, ser capaz de alertar os outros
quando eles se tornam descuidados, e ser capaz de ser
honesto o tempo todo.

O casal que toma conta um do outro fisicamente e


mentalmente, dessa forma, irá sempre se sacrificar para o
bem da família, como em relação a objetos materiais,
conforto e humores ruins. Como resultado, a família viverá
em um ambiente harmonioso.

Desse modo, para uma família ter uma base estável,


seus membros devem ter o sacrifício como o quarto
hábito.

Com esses quatro fatores de Dhamma para Leigos


(Gharāvās-dhamma), qualquer pessoas que deseje
encontrar um companheiro, casar-se, constituir uma família,
ou que atualmente tenha problemas familiares, deve ter o
Dhamma para Leigos como base. Honestidade, auto-
controle, paciência e sacrifício são o coração da família. É o
coração vivo que os membros da família devem ter consigo
em todas as horas para que a base da família seja estável
desde o início. Assim, todos os problemas da família, como
desconfiança, desajuste com o mundo e as pessoas, rendição
à corrupção, cansaço um do outro e egoísmo, não ocorrerão
de forma nenhuma. O coração da família, portanto, sempre
baterá intensamente.
Capítulo 2

Como administrar a vida familiar

A prática de controlar as emoções antes de se casar é


um fundamento importante para a manutenção do
casamento. Porém, se no passado ambas as partes nunca
aprenderam a controlar as emoções, não será possível elevar
as virtudes após o casamento. Ao contrário, irá para uma
direção negativa onde ambos irão se magoar de maneiras
devastadoras, e acabarão por não se tolerarem mais, e o
divórcio parecerá a única solução. Deste modo, aprender a
controlar as emoções antes do casamento é a melhor
maneira de evitar o divórcio.
Pensamentos básicos antes do casamento
A crença que permanece verdadeira, não obstante
quantos milhões de anos se passaram, é que uma vez que o
marido e a esposa começam a viver juntos, é impossível não
brigarem, ou não brigarem com os seus parentes. Não
importa o que, há sempre uma possibilidade que isso possa
acontecer.

A principal preocupação é que, se o casal não aprendeu


a como controlar as emoções antes do casamento, eles não
serão capazes de resolver os seus desentendimentos de
forma positiva, causando muita dor a todos na família, em
todo o sentido da palavra, além de aborrecimentos
frequentes. Eles não viverão em paz.

Entretanto, se ambos tiverem se exercitado antes do


casamento, não importa o grau de desentendimento, eles
deverão saberão conter as emoções negativas e impedí-las de
continuar no dia seguinte. O ambiente familiar começará
com um sentimento de tranqüilidade e felicidade. O casal
tentará descartar os comportamentos ruins e revelar o
melhor de si. Isso resultará numa atitude positiva e de
aceitação em relação um ao outro, criando assim laços fortes
dentro da família e aumentando o prestígio na sociedade.

Aqueles que forem capazes de controlar as emoções,


com certeza receberam treinamento antes de se casar.
Nossos avós se depararam com esses problemas durante
toda a vida. Eles estabeleceram os seguintes princípios com
relação ao casamento.

Qualquer pessoa que não puder mais esperar para se


casar deve, antes de mais nada, alcançar os quatro fatores a
seguir para obter êxito no casamento.
Os 4 fatores são:

1) Ser auto-confiante.
2) Saber como escolher o cônjuge certo.
3) Ter um conselheiro matrimonial.
4) Saber como purificar a mente.

Nossos avós insistem que qualquer pessoa que esteja se


preparando para se casar deve, em primeiro lugar, alcançar
esses quatro fatores, de modo que possa lidar com todas as
responsabilidades que surgem com o casamento. Elas
saberão o que as aguarda mais à frente e quais os
conhecimentos, habilidades e virtudes serão necessários para
se tornaram o melhor casal, a melhor nora, o melhor genro e
os melhores pais para os filhos. Transmitir esse
conhecimento irá aprimorar os conhecimentos, a capacidade
e as virtudes de modo que o casamento se desenrole
conforme o esperado.

O resto desse capítulo explicará o raciocínio que


sustenta cada fator e porque esses quatro fatores são
necessários para um bom casamento.

Expectativas no casamento

Nossos avós nos contaram a verdade evidente sobre o


motivo das pessoas se casarem, que é a falta de auto-
confiança; eles não têm certeza se conseguem se sustentar
sozinhos. Quando há falta de confiança, você deve ter a
esperança de que encontrará alguém para ajudá-lo com
muitas coisas na vida.
Algumas pessoas se casam porque acham que o cônjuge
as beneficiará de alguma maneira e, em contrapartida, elas
beneficiarão o cônjuge. Mas o que realmente acontece é que
os cônjuges não as tratam da maneira que esperavam ou pelo
menos não são capazes de fazê-lo todo o tempo. A maneira
com que os cônjuges são tratados não correspondem às
expectativas destes também.

Alguns homens se casam porque desejam uma linda


mulher. Mas as mulheres não ficam lindas 24 horas por dia.
A beleza física não dura para sempre. Se apenas a atração
física importa, quando a beleza externa acabar, as chances do
companheiro ser infiel serão altas.

Algumas pessoas se casam porque se apaixonam pelo


comportamento bom de outras pessoas. Elas se enganaram
quando pensaram que o cônjuge seria sempre educado, mas
a verdade é que as pessoas não são educadas 24 horas por
dia.

Se a busca por um companheiro for baseada na


"dependência", sempre que eles não se sentirem mais
seguros um com o outro, começarão a brigar, até na justiça,
como frequentemente se vê. Esses problemas levaram a um
provérbio, “Expectativas frustradas trazem
desilusão.”

O estado de espírito apropriado antes do casamento é,


“Eu tenho que depender de mim mesmo.” Em um
casamento, existem muitos aspectos que farão a outra pessoa
depende de você. Em outras palavras, há mais problemas
que exigem paciência do que os que não exigem paciência, o
que exigirá conhecimento, aptidões e virtudes que você
adquiriu antes do casamento.
Além disso, existirão muito mais obrigações que você
nunca teve antes, assim como você nunca saberá se os
resultados serão bons ou maus. Isso é verdade quando se é
pai de um recém-nascido que não depende de si mesmo e
deve confiar nos pais para várias necessidades. Para que a
criança cresça aprendendo a ser uma pessoa independente,
os pais precisam dedicar grande parte de seu conhecimento,
aptidões e virtudes.

Portanto, é errado pensar que você poderá depender de


uma outra pessoa antes de se casar. A verdade é que a
probabilidade dos outros confiarem em você é maior do que
a probabilidade de você confiar nos outros.

Auto-dependência

Uma pessoa independente é aquele com conhecimento,


aptidão e virtude. Em suma, essa pessoa deve ter Dhamma
para Leigos.

Alguém que
tenha Dhamma para Leigos
(Gharāvās-dhamma) deve demonstrar quatro hábitos
regulares:

1. Hábito de responsabilidade – Qualquer que seja


a tarefa à mão, ela deve fazê-la da melhor forma possível, em
termos de qualidade, tempo, orçamento e cuidado com a
qualidade da mente.

2. Hábito de auto-aprendizagem e auto-


aperfeiçoamento – O estudo e pesquisa em várias áreas
para aperfeiçoar o conhecimento, a aptidão e a virtude
visando o progresso contínuo.
3. Hábito de paciência – Qualquer que seja a tarefa,
ele é capaz de superar todos os obstáculos até concluir a
tarefa, apesar do tempo, das doenças ou conflitos, assim
como resistindo às tentações ou paixões da mente.

4. Hábito de sacrifício e generosidade – Qualquer


que seja a tarefa, o grupo tem prioridade sobre o indivíduo.
Isso inclui sacrificar os próprios pertences a favor de outros
que necessitam mais, sacrificar a conveniência e o conforto
para assumir responsabilidades que ninguém mais quer
assumir e eliminar as emoções negativas para cultivar um
bom ambiente familiar. Deve sacrificar a individualidade,
deste modo para a melhoria do grupo e ter adquirido esses
hábitos ainda quando jovem. Caso contrário, os outros não
poderão depender dele.

Somente a pessoa que tem Dhamma para Leigos ou


esses quatro hábitos bons pode se tornar auto-confiante, um
bom abrigo para os outros e um bom líder familiar.

Os quatro níveis de beleza

Nossos avós não só nos ensinaram a como ser


independentes, como também ensinaram àqueles que
planejam se casar escolher a pessoa certa para ser a mãe ou
pai de nossos filhos.

Geralmente, só podemos enxergar a beleza física, não a


beleza interior profunda da mente. Mas nossos avós também
nos ensinaram a procurar a beleza interior profunda da
mente. Eles colocaram a beleza nestas quatro características:

1o nível: Beleza da aparência - Essa é a beleza de


nosso vestuário, maquilagem, estilo de corte de cabelo de
acordo com as épocas e a moda. É a beleza externa que logo
sairá de estação ou não será mais preferida. Essa beleza pode
ser adquirida ou emprestada dos outros.

2o nível: beleza do corpo - Essa é a beleza do corpo


em termos de nossa aparência, pele, rosto, estilo de cabelo,
dedos, etc. É a beleza individual que não pode ser adquirida
ou emprestada de outros. Ela não dura para sempre e irá se
deteriorar com o tempo, assim como não garante que uma
pessoa é má ou boa.

3o nível: beleza do bom comportamento - Essa é a


beleza das palavras e da atitude certas com relação aos
outros. inclui ser cortês, modesto, respeitoso, educado,
alegre e amigável com os outros. Todavia, se essas maneiras
não são verdadeiramente do coração, são consideradas
falsas. Há provérbios que advertem, “Palavras doces são
as mais devastadoras” ou “Início doce, fim amargo”
ou “lobo em pele de cordeiro.”

4o nível: beleza da mente - Essa é a beleza da


virtude de uma pessoa, que pode ser expressa através de
muitos aspectos de todas as responsabilidades que essa
pessoa tem. Podemos medir o quanto a pessoa é responsável
através destes três aspectos fundamentais:

1) Uso dos quatro requisitos, que são vestuário,


alimentação, moradia e medicamento.

2) Atividades diárias.

3) Responsabilidades do trabalho

Ao observar os hábitos de uma pessoa através desses


três aspectos, podemos avaliar se uma pessoa é responsável
ou negligente. Somente uma pessoa responsável pode ter
decência e uma mente bela. isso se aplica especialmente
para as pessoas que possuem Dhamma para Leigos, que é
composto de honestidade, auto-disciplina, tolerância e
sacrifício.

A importância de um conselheiro matrimonial

A beleza de uma pessoa tem quatro níveis, mas o nível


mais difícil de observar é a beleza da mente, porque se trata
dos princípios morais de uma pessoa. Para descobrir isso,
precisamos confiar nas pessoas que já experimentaram a
vida de um casamento. Em outras palavras, constituir uma
família também requer um professor ou instrutor que
possa dar conselho sobre vários problemas familiares.

No passado, quem quisesse se casar teria um ancião


para ajudar no casamento proposto. Embora ainda se use os
seus serviços, poucas pessoas sabem o verdadeiro sentido e o
papel de um ancião.

“Um ancião” se refere a uma pessoa que tem um


alto nível de virtude e é bem respeitada pela
comunidade.

O ancião deve ser uma pessoa muito virtuosa e ser


respeitada pela maioria das pessoas. Elas têm muitas
virtudes porque os seus próprios casamentos apresentavam
os quatro fatores importantes de um casamento:

1) Elas devem verdadeiramente adotar o Dhamma para


Leigos, caso contrário, não serão uma fonte confiável para si
mesmos e suas famílias.
2) Elas devem ser capazes de identificar um outro
comportamento da pessoa, observando-a através do
consumo dos quatro requisitos, suas atividades diárias e
responsabilidade no trabalho. Caso contrário, elas não
conseguirão encontrar um cônjuge adequado com grande
virtude, e que os membros da família aceitarão e respeitarão
totalmente.

3) Elas devem ter um professor ou um bom conselheiro


que as aconselhem sobre casamento e relacionamentos. Do
contrário, é provável que não sejam capazes de manter um
relacionamento por muito tempo.

4) Elas devem ser capazes de se exercitarem até


elevaram sua moral a um nível mais superior. Do contrário,
eles precisarão de conhecimento, aptidão e virtude para lidar
com todas as obrigações que surgem com o casamento. Elas
devem ser capazes de cuidar de si mesmos e dos outros, ao
mesmo tempo. Se as suas virtudes não forem elevadas o
suficiente, especialmente em termos de generosidade e
sacrifício a favor do bem supremo, elas não serão capazes de
continuar e sustentar as famílias e as futuras gerações, além
de não serem aceitas pela sociedade nesse nível.

Os mais velhos têm grande virtude e podem ser


conselheiros confiáveis para os filhos e futuras gerações
porque eles se exercitaram e criaram um alicerce para as
suas famílias com base nos quatro fatores mencionados
anteriormente.

Portanto, uma família ou um relacionamento precisam


de um conselheiro para a escolha do cônjuge, para indicar os
deveres de um bom cônjuge, pais e parentes, as obrigações
associadas à carreira de sucesso, para as várias obrigações
que surgem em uma comunidade. Em todas essas categorias,
é preciso ter um ancião para aconselhá-lo e apontar a
melhor direção, para que a família sempre fique junta em
paz.

Por isso, um casamento não pode acontecer sem a ajuda


de um ancião, ou um adulto muito virtuoso que possa
aconselhar e disciplinar o comportamento do marido e da
mulher. Sem “um ancião,” a família irá para a direção errada.

O Dhamma que cria uma mente bonita

Com uma compreensão perfeita dos primeiros três


fatores, é hora do casamento continuar em um nível superior
de moralidade, com mais força e estabilidade. Se o homem e
a mulher não tiverem moral quando estiverem juntos, não
serão capazes de sustentar o amor que sentem um pelo outro
por muito tempo, visto que o coração da família é baseado no
alicerce moral adotado pelo homem e pela mulher.

Devemos aprender a nos tornarmos independentes


antes de nos casarmos. Nossos avós apresentaram o
Dhamma para leigos como uma recomendação para o auto-
aprendizado. Mesmo depois do casamento e de constituir
uma família, nós ainda temos que praticar o Dhamma para
leigos em um nível superior. Uma das quatro virtudes que a
família mais exercitará e que terá o maior impacto sobre a
mesma é a tolerância (Khanti) e o sacrifício (Cāga).

Depois do casamento, é necessário um nível superior de


tolerância para resistir a prováveis conflitos. Em
outras palavras, é a capacidade de ter tolerância com a
fraqueza dos outros. Quando um homem e uma mulher
se casam e começam a viver juntos, existirão muitas
responsabilidades que devem assumidas pelo cônjuge e seus
parentes. Será necessário um grau maior de tolerância nessa
fase para que toda a família a supere.

O sacrifício é necessário em um nível maior também,


principalmente para eliminar as emoções negativas. Em
outras palavras, é a necessidade de manter uma mente calma
através da prática regular de meditação para que não
haja sofrimento causado por conflitos familiares. Mesmo se
não gostarmos de um membro da família de nosso cônjuge,
temos que aprender a viver com essa pessoa para que o
problema não se transforme numa hostilidade permanente
na família. Temos que descartar nossos temperamentos, de
modo que não haja mais espaço para brigas e vinganças.

O nível de sacrifício quando todas as emoções


negativas são eliminadas da mente é chamado no budismo
como, docilidade ou soracca, isto é a mente refinada
em estado pacífico.

Por isso, visando o refinamento da mente, nossos avós


se referiam apenas como tolerância e docilidade a partir
dos ensinamentos budistas, como as principais virtudes que
ajudam a refinar a mente. É também uma maneira de
condensar o Dhamma para leigos a somente
aspectos de controle da mente.

Quando aparecer uma situação que exigir tolerância,


devemos tentar acalmar a mente como se tivéssemos um
vulcão interno pronto para entrar em erupção, cuja força
somos quase incapazes de deter, mas devemos ser
capazes de tolerar.

A docilidade por ser explicada como a tentativa de


reduzir o calor no vulcão que pode causar uma erupção a
qualquer momento, usando muitas estratégias para acalmar
a mente. Mas não existe melhor maneira de prevenir a mente
do caos do que simplesmente fechar os olhos e meditar,
deixando todas as preocupações de lado, tranqüilizando a
mente e ignorando os conflitos passados.

Quando a mente está quieta, não sentiremos a


necessidade de tolerar tudo. Nossas atitudes e expressões
serão tão calmas quanto a mente, como se nada tivesse
acontecido. Sucessivamente, quem quer que encontremos
também ficará calmo, porque eles sentirão a paz e a beleza
que cultivamos em nossas mentes. O estado quieto e pacífico
da mente que compartilharmos com os outros conquistará a
todos.

Deste modo, para elevar a nossa moral a um nível


superior, devemos confiar nessas duas maiores virtudes que
são a tolerância e a docilidade. Elas são o Dhamma que
cria uma mente bonita.

Encantos mágicos para evitar o divórcio

Nós aprendemos até agora que nossos avós


continuaram a descobrir como desenvolver a tolerância e a
docilidade em nossas mentes. Eles converteram essas
virtudes em metáforas com finalidades práticas, que
incluíam estas quatro formas mágicas de conduta:

1ª forma mágica de conduta: Olhos parecidos


com os nós de bambu.
2ª forma mágica de conduta: Ouvidos parecidos
com as alças de uma panela.
3ª forma mágica de conduta: Corpo parecido
com um tapete.
4ª forma mágica de conduta: Mente parecida
com a terra.

Nossos avós souberam usar o meio ambiente para


ilustrar o Dhamma, servindo como lições para a purificação
da mente. Isso mostra o alto nível de moralidade que eles
têm. A explicação de cada metáfora é a seguinte:

1) Olhos parecidos com os nós de bambu,


significa que devemos manter um olhar imutável.
Isso inclui não prestar atenção a situações tensas e não
interferir nos negócios alheios para encontrar defeitos ou
causar devastação, resultando em fofoca mais tarde. Isso fará
com que nossas mentes assimilem os problemas dos outros e
nunca aprenderemos como procurar o bem na vida.

Nossos avós criaram essa metáfora ao verem uma


escada com degraus de bambu .
Uma escada com degraus de bambu é
construída a partir de um tipo de bambu florestal.
As varas de bambu são cortadas em seções longas o
bastante para o pé pisar em cima. Pode ser
amarrada a uma árvore como uma escada para
ajudar na escalada da árvore. Se os galhos forem
muito altos, várias escadas podem ser amarradas
em conjunto para atingir a parte superior.

As pessoas que vivem nos campo de palmeiras sabem


do benefício da escada com degraus de bambu, que pode ser
usada como uma escada para subir palmeiras muito altas.

Para fazer esse tipo de escada, os aldeões mantêm o


longo tronco do bambu intacto, não dividindo-o no local do
nó (a ligação do bambu). Ao invés disso, entre os nós, eles
cortam entalhes com cerca de trinta centímetros para servir
como degraus da escada Por esse motivo, o tronco do bambu
deve ter nós muito fortes e grandes; caso contrário, não
poderá suportar o peso do escalador.

Quando um aldeão escalar a palmeira, ele inclinará a


escada de quebra peito contra a árvore e subirá degrau por
degrau até o topo da árvore. Se for uma árvore macho, ele
cortará os caules e usará um cano de bambu para conter o
líquido do qual se fará o açúcar. Mas se for uma árvore
fêmea, ele colherá a fruta, espremerá o líquido dela e
misturará o líquido com farinha para fazer biscoito e vender
como sobremesa.

Nossos avós, com as mentes centradas em Dhamma,


observaram que a parte mais importante da escada com
degraus de bambu era a qualidade dos nós (olhos) no tronco
do bambu. Quanto mais forte forem os nós, mais seguro será
subir para obter os benefícios das palmeiras.

Os seres humanos também têm olhos. Devemos treinar


nossos olhos a ser como os nós de bambus, porque o aspecto
mais importante da visão é, “Não olhar as coisas que
você não deve ver. Não procurar por problemas.
Não olhar os problemas de outras pessoas. Não
procurar os defeitos dos outros. Não agitar os olhos
de modo que os outros possam acompanhar, porque
o problema passará dos olhos para a mente e então
para dentro de casa.”

A pessoa que souber controlar o que os olhos vêem terá


uma mente mais calma e alerta. Sempre que ela pensar, seus
pensamentos serão bons. As palavras proferidas serão
positivas, aprimorando a mente, o que se estenderá aos
outros.
Qualquer um que possa conter os olhos como os nossos
avós aconselharam verá o mundo de forma otimista, não terá
a maneira pessimista de achar defeitos nos outros e não será
a causa de casos extraconjugais. Os conflitos que surgem dos
olhos serão evitados e a mente poderá manter o estado
tranqüilo e pacífico.

Dessa forma, controlar a mente através dos olhos


treinando os olhos para serem como os nós de um
bambu é a maneira de elevar a beleza da mente. Essa é a
primeira forma mágica de conduta para evitar o
divórcio.

2) Ouvidos como as alças de uma panela


significa que nós só devemos ouvir o que é
apropriado. Não tente ouvir os defeitos dos outros ou
bisbilhotar, devido a sua paranóia de que alguém estaria
fazendo fofocas a seu respeito. Não acredite na fofoca dos
outros; seja cauteloso e escute sem muito entusiasmo Tente
mudar de assunto sempre que o tópico da conversa não valer
a pena. Você pode acabar sendo visto como tolo, e pode criar
o hábito de achar defeitos e fazer fofoca dos outros, o que é
muito prejudicial para o nosso acúmulo de virtudes.

Nossos avós não queriam que parecêssemos como tolos


que fazem nada além de prestar atenção nos defeitos alheios,
não havendo possibilidade de progresso. Nossos avós nos
preveniram com uma metáfora,Ouvidos parecidos com
as alças de uma panela, que significa ouvir
mensagens valiosas que aumentam nossa sabedoria
e nossas virtudes.

Quando estamos na cozinha, podemos ver nitidamente


que as alças de uma panela servem apenas para segurar a
panela e pendurá-la quando terminar de usá-la. O mesmo
acontece com os ouvidos das pessoas; eles não devem ser
usados para ouvir fofocas, porque não temos nada a ver com
os problemas dos outros.

Nossos ouvidos só devem ser usados para escutar coisas


que nos traga sabedoria, princípios morais e virtudes. Esse é
a real finalidade dos ouvidos.

Sempre que escutar alguma coisa, você deve decidir se


irá prestar atenção ou não. Se não for útil, você deve
aprender a fazer do seu ouvido como a alça da panela. Assim,
os problemas dos outros não terão a chance de entrar na sua
mente.

Quando algumas pessoas descobrem que estão sendo


vítimas de fofocas, elas ficam tão furiosas que poderiam
matar a pessoa que começou o boato. Mas se soubermos
como fazer com que nossos ouvidos sejam como as alças de
uma panela, essas palavras não terão efeitos sobre nós. Logo
a fofoca se dispersará com o vento.

Não devemos levar a sério quando as pessoas falarem


mal de nós. Deixe-os praguejaram. Se você não levar a sério,
as obscenidades voltarão para a pessoa que começou a
fofoca, porque elas são as primeiras pessoas a ouvir suas
próprias palavras.

Nossos avós também nos lembram que, mesmo se


nós não ficarmos aborrecidos com essas palavras
maldosas, não devemos pensar imediatamente que
somos superiores. O melhor é quando uma pessoa
nem mesmo sorri quando é elogiada. Ela permanece
serena enquanto considera a razão do elogio e se é racional.
Essa pessoa é alguém verdadeiramente especial.
A maioria das pessoas tende a ficar contentes e
orgulhosos quando recebem um elogio. Por exemplo, uma
garota fica tão contente e orgulhosa quando recebe elogios
do seu namorado. Ela decide se casar com ele só porque
estava tão encantada por um elogio como, "Minha querida,
você é tão linda", e acaba tendo muitos filhos. Se ela ficasse
serena e não tão encantada com o elogio, ela poderia ter
vivido muito bem sozinha, sem ter dores de cabeça se
perguntando se o marido dela está tendo um caso.

Uma pessoa verdadeiramente sábia é aquela que sabe o


que merece ou não ser ouvido, para manter a mente serena.

Por isso, a pessoa que sabe como controlar a mente,


sabendo quando fazer de seus ouvidos alças de
panelas, tende a ter uma mente pacífica. Essa é a forma de
elevar a beleza da mente. Essa é a segunda forma mágica
de conduta para evitar o divórcio
3) Corpo parecido com um tapete significa
dedicar toda a sua energia e toda a sua vida para
realizar boas ações com atitudes, palavras e
pensamentos virtuosos sem posturas ou condições.

Nossos avós usaram essa metáfora que compara o corpo


a um tapete para nos ensinar; eles desejam nos lembrar
qualquer que seja a tarefa que realizarmos, deverá
ser uma tarefa honesta. Nós devemos realizá-la
usando toda a nossa sabedoria, capacidade e
virtude. Não devemos ter uma atitude ou ser
arrogantes. Não devemos ter medo de trabalhar
duro e devemos ser capazes de dedicar nossas vidas
à tarefa de produzir bons resultados.
Nossos avós também melhoraram suas vidas seguindo
esse princípio. Sempre que conversarem sobre o sucesso que
obtiveram, farão isso com orgulho.

Por exemplo, sempre que eles ensinavam os filhos sobre


as virtudes de ser honesto, e sabendo que eles sempre foram
honestos em todos os trabalhos que fizeram durante toda a
vida deles, eles podiam se orgulhar de suas histórias:

“Desde quando éramos jovens, quando


tínhamos que fazer um trabalho, mesmo se fosse
para esvaziar ou limpar banheiros, nós o fazíamos
porque era honesto. Fingíamos que nossos corpos
eram como tapetes. Mas se o trabalho fosse roubar
alguém, não aceitávamos fazê-lo de nenhuma
maneira. Também rejeitávamos qualquer trabalho
que envolvesse traição, trapaça ou fraude.”

Trabalhar para sustentar a família é uma grande


responsabilidade, porque cada refeição é trazida à mesa com
o dinheiro conseguido com muito trabalho. Uma pessoa, que
trabalha atentamente, nunca reclama ou tem uma atitude, e
se concentra em trabalhar honestamente, terá orgulho de
que terem ganho o dinheiro para sustentar a família com
energia e virtudes de honestidade. Não terão nenhum
arrependimento ou culpa mais tarde.

Um mente tranqüila vem do fato de termos um trabalho


honesto. Embora outras pessoas possam nos menosprezar
por termos um trabalho de status inferior, não temos nada
com que se envergonhar. Devemos ter orgulho de nossa
maneira honesta de viver, como o tapete que só serve para
tirar a sujeira do sapato, sem reclamar, desdenhar ou ser
imparcial. A pessoa que mantém uma mente serena com
base na vida honesta e sem posturas, mesmo com um
trabalho de status inferior, terá netos que irão
respeitá-los com orgulho.

Uma pessoa que se concentra na realização de boas


ações, trabalhando honestamente e fazendo do seu corpo um
tapete, terá uma mente boa e tranqüila, e não terá ciúmes
dos outros. Suas virtudes se elevarão e eles serão bons
exemplos para os netos. Os membros da família ficarão
satisfeitos e orgulhosos de ser parte de uma família que
valoriza essa maneira honesta de viver.

Aqueles que estão voltados para a realização de boas


ações, trabalhando honestamente, sendo humildes e não
impondo condições antes de realizar boas ações,
assim como um tapete, terão uma mente mais refinada e
pacífica, o que é considerado honesto em um casamento. E
eles serão bons exemplos para a próxima geração. Essa é
terceira forma mágica de conduta para evitar o
divórcio.

4) Mente parecida com a terra significa


manter uma forte determinação ao realizar boas
ações, sem quaisquer condições e sendo inabalável
em face dos obstáculos.

Nossos avós se concentram nessa lição do Dhamma


porque perceberam que, mesmo que dedicássemos toda a
nossa energia e conhecimento para realizar boas ações, ainda
encontraríamos obstáculos maiores do que podemos
enfrentar. Apesar disso, devemos aprender a lidar com essas
situações. Em outras palavras, mesmo se não soubermos
como fazer, devemos aprender a tolerá-las.

Baseado nessa verdade, se estamos contentes ou não,


como seres humanos, devemos aprender a ter calma e
mentes resolutas, não ter medo das incertezas da vida, e
saber como ficar alerta, como a terra que não se esquiva com
coisas cheirosas ou mal cheirosas que são jogadas sobre ela.

O Senhor Buda uma vez contou ao venerável Rahula


sobre a importância de manter a mente quieta como a terra:

“Se uma pessoa derramar perfume na terra, ela


ficará feliz? Não, ela será indiferente. Se alguém
colocar um objeto mal cheiroso sobre a terra, ela
não ficará triste. Ela permancerá indiferente.”

“Rahula, você deve controlar a mente dessa


maneira. Não importa o que as pessoa façam a você,
não faça nada a elas. Concentre-se na prática de
Dhamma e logo estará livre das impurezas.”

Isso significa que quando mais sofremos, mais


precisamos aquietar a mente. Quando a mente está calma,
mais nenhum sofrimento corromperá a sabedoria e a paz de
espírito.

Da mesma forma, quanto mais somos felizes, mais


precisamos acalmar nossas mentes. Estar cheios de
felicidade nos fará negligentes e acreditar erroneamente que
somos mais privilegiados do que os outros.

Assim, sempre que sofrermos ou estivermos felizes,


devemos manter a mente calma e estável, de modo a nos
preparar para os acontecimentos que virão.

Todavia, nossas mentes tendem a ser diferentes da


terra; a mente é mais parecida com a cera que se acha muito
leve, fraca e pressionada quando perto do fogo. Ao se
deparar com um sofrimento inesperado, achamos que não
conseguiremos nos recuperar, e muitas vezes ficamos sem
esperança, consequentemente aumentando o nosso nível de
sofrimento. Ás vezes, nos tornamos cínicos com a vida,
trazendo mais sofrimento para as nossas vidas.

As pessoas nessa situação podem se sentir realmente


sem esperança. A dor, o sofrimento e pressão de todos os
lados se acumulam na mente, fazendo parecer que
sofrimento é infinito. Algumas pessoas caem doentes.
Algumas pessoas não conseguem achar uma solução e
acabam cometendo suicídio.

Nossos avós querem que sejamos capazes de lidar com


as incertezas da vida que nunca poderíamos esperar. Eles
usam todas as possibilidades como uma lição para treinar as
nossas mentes a aceitar a verdade de qualquer situação que
encontrarmos, porque a certeza da vida é a incerteza.

Aqueles que nunca aprenderam a aceitar as incertezas


da vida, não serão capazes de aceitar uma perda inesperada.
Por isso, devemos ensinar nossas mentes a ser tão estáveis
quanto a terra, percebendo que a verdade da vida é a
incerteza.

Quando experimentamos uma decepção, medo e


tormento inesperados, devemos perceber a verdade da vida
de que nada dura para sempre. Tudo nasce, existe e se
deteriora. Ninguém pode escapar dessa verdade da vida.

Nossos avós aconselharam que, para a mente ser tão


estável e sólida como a terra, devemos primeiro perceber
que, neste mundo, estamos sujeitos tanto a
satisfação como a desilusão; é uma questão de qual
vier primeiro.
O Senhor Buda ensinou os oito fatores que causam uma
satisfação ou desilusão humana. Eles são chamados de as
Oito Condições Mundanas (Loka Dhamma), que
podem ser divididas em duas categorias: Causas de uma
mente apaixonada e causas de uma mente
amedrontada.

A mente apaixonada deseja receber o que nós


adoramos e o que nós gostamos, o que inclui:

1) Fortuna é a recompensa material, como casa, carro,


marido/esposa, propriedade e pedras preciosas.

2) Prestígio é a classe social, status, autoridade e


poder.

3) Reconhecimento é um elogio, louvor ou


admiração dos outros.

4) Felicidade é o conforto da vida, tanto físico como


mental, alegria, regozijo e prazer .

Esses são o que as pessoas mais gostam. Se as pessoas


não possuem essas coisas, irão atrás delas. Elas se agarrarão
a essas coisas assim que as conquistarem. Quanto mais se
agarrarem a elas, mais ansiosas essas pessoas ficarão.
Quanto mais ansiosas ficarem, mais ciumentas ficarão. A
mente que possui esses sentimentos é considerada uma
mente apaixonada.

A mente amedrontada é o medo e a ansiedade


da perda ou descontentamento, que são:

1) Perda da fortuna é perder o que já possui, como a


perda de dinheiro, de uma casa, de um filho ou cônjuge.
2) Perda de prestígio é a perda de autoridade, classe
social ou o poder de controle.

3) Fofoca é a crítica direta ou indireta.

4) Sofrimento é tanto o sofrimento físico como


mental.

Nós não buscamos po essas coisas e nem desejamos


encontrá-las. Mesmo quando elas ainda não chegaram,
temos medo de que elas cheguem logo. Quando chegam,
rezamos para irem embora. Depois de nos deixar, ainda
ficamos com medo de que possam voltar.

Quando encontramos as causas da paixão ou do medo,


nossos avós tentaram nos ensinar a estar cientes das
verdades desta vida através da prática de meditação para
aquietar a mente e impedí-la de ficar vulnerável às Oito
Condições Mundanas.

A finalidade da prática de meditação é familiarizar-se


com a experiência de um estado de espírito tranqüilo e
pacífico.

Quando perdemos dinheiro, prestígio, recebemos


críticas ou passamos por dificuldades, nossas mentes
permanecerão tranqüilas, alertas e fortes. Quando nós
recebermos riqueza, prestígio, reconhecimento ou felicidade,
nossas mentes permanecerão tranqüilas, não
impressionadas ou presas.

A pessoa que está consciente do sofrimento e da


felicidade exercitou a mente para ser tão estável e sólida
como a terra através da prática de meditação. Quando a
mente está calada, nos conscientizamos que as Oito
Condições Mundanas são impermanentes. A fortuna
aumenta e nunca se acaba. O prestígio pode oscilar. Todos
devemos nos deparar com louvor, fofoca ou felicidade, que
um dia desaparecerá, de acordo com as Três
Características (tilakkhaņa) :

As Três Características são as verdadeiras


características de tudo neste mundo.

Tudo neste mundo tem um valor. O ouro é valorizado


por sua cor viva e brilhante. O diamante é forte. O vidro é
transparente e refletivo. Os seres humanos têm pensamento
e vontades próprias. Seja vivo ou não vivo, todos
compartilham essas mesmas três características:

1. Impermanência (aniccatā): significa que a vida é


impermanente. Nós não permanecemos no mesmo estágio
da vida. As pessoas mudam ao longo do tempo. O que
éramos ontem não é o mesmo o que somos hoje.

2. Sofrimento (dukkhatā) : significa o estado de


sofrimento. Nesse exemplo, não se refere apenas a tristeza
e lágrimas, mas também a incapacidade de permanecer na
mesma situação, porque isso logo mudará. Devido às
incertezas, sempre ocorrerão mudanças, e o fim da mudança
significa que algo mudou. Até o mundo em que vivemos
continua a mudar, e um dia chegará a um fim e
desaparecerá. .

3. Ausência do eu (anattatā): significa a não


substância de tudo. Está além do nosso controle e não
podemos contê-la ou possuí-la. Por exemplo, não podemos
impedir o envelhecimento, a doença e a morte. Se nós
examinarmos minuciosamente o corpo que acreditamos
pertencer a nós, encontraremos somente sangue, tecido,
osso, nervos, pele e outros órgãos que agem em conjunto.
Não é real para nós; é apenas um eu temporário que se
deteriorará ao longo do tempo e não durará para sempre.

As pessoas que desconhecem essas Três Características


ficarão fascinadas ou assustadas com as Oito Condições
Mundanas e desejarão, dessa forma, ficar em um estado de
sofrimento o tempo todo.

O Senhor Buda compreendeu a verdade de tudo neste


mundo. Ele ensinou a meditação para que as pessoas
pudessem aprender a acalmar a mente como a terra que é
influenciada pelas Oito Condições Mundanas.

Nossos avós sempre nos lembram para acalmar a mente


como a terra porque eles foram capazes de ver o mundo
através dos princípios das Três Características. Encontrando
ou não as Oito Condições Mundanas, estamos todos sujeitos
a esses princípios. A coisa mais importante na vida é que
devemos exercitar a mente para ser calma e estar
sempre pronta para as incertezas da vida. Se estamos
bem preparados para o inesperado, seremos capazes de
controlar a mente para permanecer alerta e viver com as
realidades da vida. Todo mundo está sujeito às Três
Características, que descrevem a certeza da incerteza.

As pessoas que vêem a verdade da vida, que tentam


manter a mente estável e que são influenciadas pelas Oito
Condições Mundanas – como a terra que não é
influenciada pelos objetos cheirosos ou mal
cheirosos – serão capazes de elevar suas virtudes para um
nível maior. Essa é a quarta forma mágica de conduta
para evitar o divórcio.
Conclusão - A essência de manter um casamento é a
elevação das virtudes de uma pessoa, incluindo todos os
membros da família, confiando nos quatro fatores seguintes:

1) Ser auto-confiante.
2) Saber como escolher o cônjuge certo.
3) Ter um conselheiro matrimonial.
4) Saber como purificar a mente.

Todos os quatro fatores são recomendações que os


nossos avós nos deram para elevar nossas virtudes. Depois
do casamento, muitas responsabilidades e obrigações o
aguardam. Devemos aprender a suportá-las, mesmo se
pensarmos que não daremos conta delas. A menos que uma
pessoa eleve suas virtudes a ao ponto em que possa lidar com
todas as obrigações do casamento, ela não será capaz de
manter o casamento.

Quando o casal se sente completamente satisfeito com o


casamento, restam somente dois problemas que devem
receber merecida atenção. Primeiro, eles devem
continuar a tolerar tudo que aparecer pela frente.
Segundo, eles devem permanecer calmos diante
circunstâncias inesperadas.

Se todos os membros de uma família seguir essas


recomendações como dadas pelos nossos avós, os conflitos
familiares nunca ocorrerão. Todas as pessoas elevarão o
espírito a um nível maior. O divórcio nunca irá se abater
sobre o casamento. Os filhos terão alguém de quem
depender e um bom exemplo de consciência tranqüila. A
qualidade de vida melhorará socialmente e economicamente
junto com a qualidade do espírito. Se todas as famílias em
todos os países puderem alcançar isso, a qualidade das
pessoas do mundo melhorará muito.
Capítulo 3

Mantendo o amor vivo


(Cuidando do amor)

No livro Thirty-eight Universal Steps to Eternal


Happiness (trinta e oito passos universais para a felicidade
eterna) , compilado do programa de versão dos monges
ordenados venerável monge professor Somchai
Tanavuddho, o assunto sobre cultivar o amor foi discutido.
Visto que maridos e esposas deveriam considerar com
atenção esse assunto, nós queremos apresentar um
discussão sobre a importância de cultivar o amor do ponto
de vista budista.

Como cultivar o amor

Viver juntos como marido e mulher pode ser difícil ou


fácil. Se alguém fizer uma pergunta sobre como o marido e
esposa podem viver juntos felizes, não haverão duas
respostas iguais. Alguns dirão que depende da astrologia ou
do destino. Os cínicos dirão que depende do tamanho do
dote.
Buda respondeu a essa pergunta em uma palavra:
benevolência. Isto é benevolência mútua, a prática das
formas universais de benevolência (Sańgahavatthu),
promete felicidade numa vida juntos.

1. Entrega (Dāna)
O amor e a vida de casado exigem compartilhar. Todos
devem colocar os rendimentos num cofre em comum e
compartilhar. Caso contrário, haverá espaço para a
desconfiança. Onde não houver entrega, a atmosfera se
torna muito desagradável. Além disso, compartilhar
também inclui o compartilhamento dos problemas. Quando
alguém tem um problema, a outra parte deve estar propensa
a estender a mão amiga.

2. Palavras gentis (Piyavācā)


Tenha cuidado ao dar conselhos, ser muito franco pode
ferir o ego dos outros e dar vazão ao ressentimento. A regra
prática é que as palavras gentis usadas antes do casamento
devem continuar a ser usadas durante o casamento.

3. Benefício mútuo (Atthacariyā)


O marido e a mulher podem se ajudar conversando
sobre o que é certo e o que é errado com base no Dhamma
que estudaram. Eles devem sempre continuar a obter
sabedoria do Dhamma e colocá-lo em prática. Geralmente,
quando o marido e a mulher brigam, eles tentam colocar a
culpar no outro, quando na verdade ambos são culpados de
não encontrar o caminho certo para evitar os conflitos.

4. Exemplos certos (Samānattatā)


O homem deve ser um bom pai e a mulher deve ser
uma boa mãe. Cada um deve assumir responsabilidades
tanto dentro como fora de casa. Somente a meditação os
permitirá atingir totalmente esse objetivo. Aqueles que
praticam meditação até o pensamento ficar claro saberão
como se comportar. Eles não permitirão que influências
externas afetem seu comportamento.
Em resumo, praticar as quatro formas universais de
benevolência é o mesmo que praticar as três ações meritórias
básicas, que são: Entrega, compartilhamento das coisas
Seguir os Preceitos – para aperfeiçoar os princípios
morais, tanto em palavras como em atitudes.
Meditação – a meditação limpa a nossa mente, e uma
mente limpa abre a porta para a sabedoria, e a sabedoria
mostra o caminho para as atitudes apropriadas.

Responsabilidades do marido e da mulher

Para manter o amor do casal vivo, o marido e a esposa


deverão saber todas as responsabilidades que possuem um
com o outro; essas responsabilidades são baseadas nas
quatro formas universais de benevolência.

1. Cinco responsabilidades do marido em


relação à esposa

1.1 Respeito. O homem deve respeitar sua


mulher como legítima esposa, e não mantê-la secretamente
como uma amante. Se a sua esposa fizer algo de bom, elogie.
E se fizer algo de ruim, chame a atenção dela, mas não em
público ou em frente de outros membros da família porque
isso poderá diminuir o prestígio dela perante os outros. Ele
deve dar à esposa um pouco de privacidade e independência,
como a vida social ou passar um tempo com os parentes
dela.
1.2 Depreciação O marido não deve considerar
a esposa inferior a ele, em termos de prestígio familiar,
riqueza ou inteligência. Ele não deve resolver qualquer
assunto familiar sem consultá-la. Ele não deve usar de
violência física ou abuso emocional.
1.3 Lealdade. Ele não deve ter mulheres como
amantes porque isso é o pior insulto para a esposa. O
orgulho de toda mulher é ter um marido que seja fiel a ela.
1.4 Autoridade. O marido deve dar à esposa
autoridade para decidir sobre assuntos da família, como
aqueles relacionados à cozinha.. Se houver algo que a sua
esposa não puder resolver sozinha, então ajude-a.
1.5 Acessórios É natural da mulher prestar
atenção à aparência, e adorná-las sempre as fazem felizes.
Isso até elimina o mau humor em algumas delas. Por isso,
todos os maridos devem permitir essa tendência.

2. Cinco responsabilidades de uma esposa em


relação ao marido

2.1 Cuidado de arranjos domésticos Uma


mulher deve ser uma boa governanta, preparar deliciosas
refeições e manter a casa limpa.
2.2 Consideração. Ela deve ser prestativa aos
parentes do marido e ser gentil com eles verbalmente.
2,3 Lealdade. Ser sempre fiel a seu esposo.
2,4 Parcimônia. Não deve ser esbanjadora ou
sovina.
2,5 Diligência. Ela trabalhará arduamente para
tomar conta da casa e não se entregará aos vícios.

Em um casamento tailandês tradicional, a família e os


amigos derramam água sagrada nas mãos dos noivos, que
estão usando uma coroa de flores na cabeça, o que significa
que eles serão unidos por um longo tempo. Infelizmente,
esse símbolo não é garantia de um casamento harmonioso.
Buda nos ensinou o caminho para a unidade, não com coroa
de flores, mas com Dhamma, que é a benevolência. A
presença de Dhamma será como dois laços que mantêm o
casal junto até a morte.
Apesar do comportamento do cônjuge, nunca se deve
duvidar do Dhamma. Ocasionalmente, o marido pode se
desviar ou a esposa recorrer a comportamento frívolo,
perdendo tempo e dinheiro, deixando a casa em desordem.
A maneira certa de resolver esse conflito é continuar fazendo
o bem, tomar conta do outro e mantendo a própria bondade.
Fazendo isso, a situação melhorará.
Capítulo 4

A mãe da bondade suprema


dentro de casa
O budismo contém ensinamentos, que foram usados
como referência por pessoas durante milhares de anos, sobre
as maneiras de cultivar uma família cordial e gentil .
Também é certo que muitas teorias modernas sobre a
dinâmica familiar podem ser encontradas na doutrina
budista. Além do mais, os textos budistas contém uma
compreensão ainda mais completa da dinâmica familiar do
que as teorias atuais.
Os pontos contidos em Ten Suggestions from a Father
to His Daughter on Her Wedding Day (Dez sugestões de um
pai para a filha no dia do seu casamento) acabaram por
tornar uma filha em uma figura importante na família do
marido. Seu esposo, pais e parentes lhe deram amor,
respeito e ternura. Ela então se tornou conhecida e
glorificada como A Mãe da Bondade Suprema Dentro
da Casa.

Quem era Visakha?

Visakha, uma Upasika suprema [uma discípula leiga de


Buda], era uma pessoa muito importante no budismo. Ela foi
responsável pela construção de Wat Buppharam, um dos
muitos ashrams (santuários), um centro que ajudava a
difundir o budismo por toda a Índia na época de Buda . O
templo foi construído na cidade de Savatthi, no distrito de
Kosala. Uma grande fortuna foi gasta para construir uma
residência de dois andares, com mil quartos para os
Bhikkhus.

Além disto, ela também foi a primeira pessoa que pediu


permissão do Senhor Buda para oferecer túnicas para os
Bhikkhus usarem durante a retiro da estação chuvosa. Essa
oferenda se tornou uma tradição que os discípulos de Buda
mantém até hoje.
Visakha nasceu em uma família rica no distrito de
Magadha, o maior do país. O nome do seu pai era
Dhananjaya.

Certa vez, quando seu distrito passava por uma crise


econômica, o rei Pasenadi de Kosala fez um pedido especial
para o rei Bimbisara de Magadha que fizesse Dhananjaya o
ministro de finanças de Kosala. O rei Bimbisara consentiu
que Dhananjaya se mudasse de Magadha para Kosala, junto
com sua filha.

Quando eles chegaram em Magadha, que ficava a cento


e doze quilômetros da capital Kosala, Dhananjaya pediu ao
rei Pasenadi, “A cidade é pequena e há várias pessoas
comigo. Seria inconveniente morar na cidade. Peço
permissão para construir uma nova cidade nesta parte
tranqüila do distrito.” O rei anuiu ao seu pedido e
Dhananjaya fundou uma nova cidade chamada Saketa. O
nome dessa cidade pode ser encontrada na história da índia
e existe até hoje.

Visakha também tinha um avô cujo nome era Mendaka


que era um dos homens mais ricos de Magadha. Sua família
exercia uma função muito importante na economia de ambos
os distritos no tempo de Buda.

Dez sugestões de um pai para a filha no dia do seu


casamento

Quando atingiu a idade adulta, Visakha teria que casar


com o filho de uma outra família em Kosala. O pai dei o
seguinte conselho a ela:.
1} Não deixe o fogo interno tornar-se externo.
Não revele nenhum problema familiar para as pessoas que
não sejam da família.
2} Não deixe o fogo externo entrar Significa não
trazer problemas externos para dentro da casa.
3} Ofereça ajuda àqueles que nos ajudam Se
pudermos ajudar aqueles que necessitam, ajudemos. Por
isso, se eles puderam nos ajudar, podemos confiar neles
quando estivermos precisando.
4} Não ofereça ajuda àqueles que não ajudam
nada Se estiver sendo explorado pelas pessoas a quem você
ofereceu ajuda, ou se eles se recusarem a ajudá-lo quando
você precisar, não os ajude novamente e não confiem na
ajuda deles no futuro.
5} Se oferecerem ajuda ou não, seja generoso
com os parentes Se os parentes passarem por tempos
difíceis e procurarem a sua ajuda, você deve ajudá-los
mesmo sabendo que eles nunca devolverão as coisas que
emprestamos a eles. Eles ainda são nossos parentes.
6} Certifique-se de que ao alimento seja afável .
Certifique-se de que a refeição servida para a família é
saudável e que os parentes sejam bem tratados quando se
tratar de alimentação.
7} Encontre um lugar apropriado para sentar.
Isso significa que é preciso saber e mostrar o nível
apropriado de respeito. Por exemplo, seria desrespeitoso
sentar num lugar mais alto do que a sogra. Demonstrar
respeito apropriado na mesa de jantar permitirá uma
refeição pacífica.
8} Encontre um lugar apropriado para dormir
Certifique-se de que o lugar de dormir de cada pessoa na
família é adequado. Prepare-se para ser o primeiro a levantar
e o último a ir deitar na casa. Certifique-se tomar conta de
todos os negócios antes de ir para a cama, desse modo você
descansará em paz.
9} Respeite o fogo interior. A fúria dos seus
parentes ou do seu marido pode ser comparada ao fogo.
Quando estiverem gritando ou nos repreendendo, fique
calma e não discuta com eles. Nessa situação, palavras
exasperadas só fazem piorar a situação. É melhor esperar até
que não estejam mais com raiva antes de explicar-lhes
gentilmente a situação.
10} Homenageie os anjos. Sempre que os parentes
do seu marido ou o próprio realizar uma boa ação, tente
elogiá-los e encorajá-los para que continuem com o bom
comportamento deles.

Visakha empregou essas dez sugestões do seu pai para


ganhar o coração e afeto do marido, parentes e criados.
Tornou-se uma tradição para as mulheres que estavam
prestes a se casar estudá-las, até hoje. Dizem que toda
família que tem uma esposa ou nora que pratica essas dez
sugestões tem “A Mãe da Bondade Suprema Dentro
de Casa.” Por favor, ajude a diminuir o seu fardo e a cuidar
muito bem dela para a paz e felicidade dos filhos e da família
do futuro .
Capítulo 5

O nascimento
de uma pessoa meritória

Todos ficam alegres quando há uma novo membro na


família. Algumas dessas famílias ficam tão exultantes a
ponto de convidar monges para receber as oferendas em casa
durante sete dias. Algumas famílias celebram sete dias e sete
noites. A alegria é uma reação natural a um nascimento
iminente, e também uma oportunidade para refletir uma
importante questão: apesar de nascermos como seres
humanos e nos relacionarmos uns com os outros, o que nos
torna diferentes? O que determina nossas diferenças?
Nascemos no mesmo mundo, mas não sabemos como
viemos a existir? Não sabemos onde nosso planeta está
situado no universo. Nós nem sabemos para onde vamos
depois de morrer. Para todos os lados que virarmos há várias
perguntas cujas respostas ainda estamos procurando. Por
que algumas pessoas morrem no ventre da mãe enquanto
outras sobrevivem para ver o mundo? Por que alguns
nascem fortes e outros nascem surdos ou cegos? Por que
algumas pessoas nascem em uma família rica e outros
nascem tão pobres que não conseguem nem sugar uma gota
do leite da mãe? Por que alguns nascem na alta sociedade e
outros não? Como é possível duas pessoas crescerem na
mesma família, trabalharem no mesmo emprego e pensarem
da mesma maneira, e uma se tornar pobre a outra rica? Fora
isso, a pergunta mais intrigante de todas: por que nascemos
como seres humanos e outros seres vivos nascem como
animais?
Todas essas diferenças sociais e físicas são vistas como
normais para nós, até o ponto onde raramente admitimos a
existência delas. Todavia, se nós refletirmos sobre elas
profundamente, veremos que elas devem ter uma razão para
existirem. Nós só não sabemos onde encontrar essas razões.
Se não conhecêssemos o budismo, nunca saberíamos
responder a essas perguntas. Os ensinamentos do budismo
nos permitem ver a origem dessas diferenças e nos fazem
compreender a lei que rege o mundo: a Lei do Kamma
As diferenças encontradas na vida dependem
do kamma de cada indivíduo.
O fato é que todas as pessoas nascem como seres
humanos, mas variam na porção de felicidade ou Dukkha
(sofrimento) é uma indicação de que os frutos do kamma
e sua retribuição se originam de existências
anteriores.

Um monge superior também discutiu o Kamma:


“A palavra kamma é uma palavra neutra que não
implica bem ou mal visto que kamma significaação. Uma
ação sempre requer uma conseqüência. Por que nos
sentimos cheio? Porque acabamos de comer. Do contrário,
estaríamos com fome.
Na física, existe uma lei que declara que a energia de
uma ação é igual à energia da reação oposta. Isaac Newton
descobriu isso e chamou de terceira lei de movimento. Em
termos de Dhamma nós podemos dizer que qualquer que
seja sua ação, sempre haverá uma reação ao
contrário.
Os cientistas descobriram esta lei do mundo da física e
o mundo a aceitou só há pouco mais de 300 anos. Mas o
Senhor Buda descobriu a lei da kamma e ensinou-a ao
mundo mais de 2.500 anos atrás, e o que ele descobriu foi
muito mais profundo e compreensível.
Vamos admitir, como exemplo, o aborto. Se
analisarmos essa situação superficialmente, pensaríamos
que o filho em gestação não teve escolha. Foi culpa dos pais
por não desejarem ter a criança, assim eles escolheram o
aborto. O Senhor Buda nos ensinou a não ver qualquer
situação superficialmente. Ele nos ensinou a analisar a
situação profundamente e fazer perguntas Se havia vários
possíveis pais neste mundo, por que o bebê não nasceu em
outra família, mas entrou no ventre da mulher que o
abortaria?
Isso acontece porque a criança que ainda não nasceu
têm o kamma de matar animais numa vida anterior. Quando
chegou a hora dela nascer, devido a punição pelo assassinato,
ela foi concebida no ventre de uma pessoa que também
gostava de matar animais. A mãe e o bebê devem ter uma
kamma equivalente para que a criança entre no útero da
mãe. Do contrário, a concepção não aconteceria. Uma vez
dentro do útero, a mãe sofreria um enjôo matinal e teria
desejado matar animais. Ou ela desejaria consumir sangue
fresco para reduzir o enjôo, acreditando que se ela não o
tomar , o enjôo não passará.
Para outros, as circunstâncias podem ser ainda piores.
Quando a mãe sente enjôo pela manhã, ela pode querer se
livrar do feto imediatamente através de um aborto. Este é o
resultado de uma kamma mais grave. A conseqüência de
uma ação é muito mais complexa do que realmente
pensamos. Por exemplo, quando há um aumento nos
nascimentos de pessoas com kamma anterior de assassinato,
o acúmulo resultante de kammas se torna coletivo e o
governo dessas pessoas aprovam leis que permitem o aborto.
Quando uma pessoa com virtudes entra no útero, como
isso afeta a mulher?
O Senhor Buda explicou que quando uma pessoa com
grande virtude entra no útero, o fruto da virtude trará mais
prosperidade para a família. A mãe aguardará a vinda do seu
filho com entusiasmo. Ela fará oferendas e pedido para uma
criança abençoada nascer dela. Quando alguém de um reino
afortunado está pronto para renascer, ele escolherá a melhor
e mais generosa mãe. Uma vez dentro do útero, trará boa
sorte para a mãe e ele mesmo.
A força da virtude dessa pessoa é uma coisa
interessante. Se a mãe sofre de enjôos matinais, ela não terá
nenhum alívio, não importa o quê ela faça, até oferecer
esmolas. Isso aliviará os sintomas da mãe imediatamente.
Isso implica que a criança em gestação, na sua existência
prévia, sempre fez Dana (doação, no idioma Pali). A
presença do bebê a influencia a dar esmolas. Para um pessoa
que adorava cantar em uma existência anterior, quando a
sua mãe sente enjôos, o bebê no útero fará com que ela cante
para que obtenha alívio. Quando a mãe canta e medita, a
criança se sente feliz junto com ela.
As diferenças físicas e sociais entre as pessoas neste
mundo resultam do kamma anterior e do kamma atual.
Uma parte dessa equação não pode ser alterada porque ela é
a conseqüência de uma ação que nós já realizamos.
Entretanto, sempre temos uma nova oportunidade de criar
um futuro melhor para nós mesmos. O Senhor Buda nos
ensinou a parar de acumular mais kammas ruins. O kamma
ruim que acumulamos hoje nos acompanharão e suas
consequências aumentarão no futuro. Por isso, evite juntar
kamma ruim, mesmo os menores. Isso só lhe beneficiará.
O cerne do budismo é evitar fazer más ações, realizar
apenas boas ações, e purificar a mente até que esteja limpa e
lúcida. Essas três ações são boas ações, algumas das boas
consequências resultam em kamma bom, que nos fará mais
felizes. Quando realizamos boas ações, algumas das
consequências boas são imediatamente expressas nesta vida
enquanto o restante construirá o alicerce da felicidade eterna
nas vidas futuras.
Para nós, que já nascemos neste mundo, devemos
suportar as situações nas quais nos encontramos.
Concentre-se em realizar mais boas ações e não se influencie
por pensamentos ruins. A técnica para manter nossas
mentes fortes é nada mais do que meditação. Quanto mais
você meditar, mais forte ficará para realizar mais boas ações.
Quando nós observamos o mundo e entendemos os
efeitos do kamma, ficaremos determinados a ter uma vida
honesta e direita. As consequências do kamma são reais e
darão frutos. Se realizarmos boas ações, receberemos
consequências boas. Se realizarmos más ações, as
consequências serão ruins. Os ensinamentos de Buda são
verdadeiros e foram analisados em muitos milhares de anos.
Tenha consciência das diferenças que existem entre as
pessoas do mundo. Essas são as condições em que nascemos
e elas provam que as consequências do kamma são reais.
Por isso devemos nos concentrar na realização de boas
ações.”
O Senhor Buda nos ensinou que:
1] A morte não é o fim de tudo.
2] Você irá para o paraíso se realizar boas ações.
3] Você irá para o inferno se realizar más ações.
4] Quando você extinguir toda a sua kilesa (impurezas
da mente) você entrará em Nibbāna (Nirvana).
À medida que continuarmos no ciclo do nascimento e
renascimento, devemos nos concentrar em eliminar as más
ações e somente em acumular boas ações. Purificar a mente
sempre que possível nesta vida. Os méritos que
acumularmos de nossas boas ações nos farão renascer com
uma forma física saudável, riqueza e sabedoria. Além disso,
nasceremos em uma família que valoriza as virtudes. Isso
nos dará a oportunidade de sermos bem sucedidos na vida
presente e futura, até exaurirmos todas as impurezas.
Ao mesmo tempo, se os pais quiserem conceber uma
criança virtuosa, eles, também, devem se concentrar em
realizar boas ações, cantar e meditar até a mente ficar limpa
e lúcida. Se eles desenvolverem suas próprias virtudes, eles
podem receber uma criança virtuosa em suas vidas que trará
felicidade a essa família.

Capítulo 6

Ensinando o filho
que está por nascer
Todo pai deseja que seu filho seja saudável e bom.
Entretanto, há muitos pais que não entendem que para ter
um bom filho eles têm que ter bom comportamento e estar
preparados para se tornarem pais, mesmo antes de se
casarem. Eles não devem esperar para começar depois que o
bebê chegar. Desse modo, eles não serão bons exemplos para
suas crianças. É improvável que os filhos cresçam para ser o
bom filho que os pais desejam. Por isso, é bom apresentar o
assunto da Transferência de Bom Comportamento
Para o Bebê no Útero.

A transferência de bom comportamento para o bebê, de


acordo com os ensinamentos budistas, devem ser realizados
antes do bebê nascer.

Nascer como ser humano não requer apenas a


combinação do esperma do pai e o óvulo da mãe, mas
também a concepção espiritual da criança no útero. O
minúsculo ser só começa a viver no útero da mãe sob a
condição de possuir kamma, seja de mérito ou demérito, em
um nível semelhante a de seus pais, na época da concepção.

Assim, se os pais são saudáveis, bondosos e de bom


coração, há uma boa chance de que a concepção da criança
ocorra no útero da mãe.

Os ensinamentos ao bebê devem ocorrer antes da


gravidez, para isso os pais precisam se manter saudáveis de
corpo, espírito e palavras. Elimine todos os maus
comportamentos e siga à risca os Cinco Preceitos na
preparação da concepção da criança.

Já muito antes, os novos pais devem iniciar o seu


treinamento antes de se casarem. Tão logo percebam que a
esposa está grávida devem se esforçar ainda mais no cuidado
com o feto. Eles devem tomar ainda mais cuidado com suas
atitudes, seja ao caminhar, ao se movimentar, ao consumir
alimentos (especialmente comidas condimentadas), ao
consumir toda espécie de bebida alcoólica, ao ingerir
remédios ou mesmo ao demonstrar mau-humor. Os pais
devem se certificar de que essas coisas não os afetem porque
elas tendem a influenciar o comportamento do bebê.

A população da China entendeu isso muito bem. Há


uma fábula chinesa chamada de “ensinando o filho que está
por nascer” que tem sido recontada sucessivamente desde
tempos antigos.

Durante o período de Cheng Meng (uma tradição


chinesa de devoção ancestral), quando duas irmãs estavam
indo prestar respeito no santuário da família, elas
encontraram um saco de dinheiro que tinha caído na
margem da estrada. Contente, a irmã mais jovem disse para
a sua irmã mais velha:

“Querida irmã, temos tanto sorte. Com certeza, é a


nossa boa fortuna.”
A irmã mais velha respondeu, “Minha amável irmã, não
podemos ficar com esse dinheiro.”

“Por que não?” a irmã mais jovem respondeu, perplexa.

A irmã mais velha respondeu, “Durante os três meses


em que estou grávida, ensinei ao meu bebê sobre as boas
virtudes. Eu o ensinei a ser uma pessoa que não cobiça as
coisas alheias. Devemos aguardar aqui um pouco até que o
dono legítimo apareça.”

No mesmo momento, uma mulher ia passando e viu as


duas irmãs pegando o dinheiro. Ela esperou na margem
antes de vir e perguntar a elas, "vocês viram um saco com
dinheiro?

A irmã mais jovem respondeu, “Está aqui.”

A mulher falou com os olhos bem abertos, "É o meu


dinheiro que eu larguei. Por favor, devolva-o para mim;
minha mãe está esperando para ir comprar álcool com esse
dinheiro."

A irmã mais velha perguntou então ,“Quando você o


largou?”

A mulher desviou da pergunta e disse, “Não me


pergunte demais.”

Ao mesmo tempo, uma outra mulher se aproximou com


lágrimas nos olhos. Ela perguntou tremendo,
“Gostaria de saber se vocês viram um saco de dinheiro
neste lugar. Há pouco, eu o estava carregando quando
passava por este caminho para ir comprar ouro e papel
prateado para enterrar com o corpo da minha mãe, mas eu o
deixei cair sem saber .”
Quando a primeira mulher ouviu o relato da história
real, ela fugiu.

As duas irmãs deram o saco de dinheiro para a segunda


mulher. Ela era a verdadeira proprietária. Ela ficou muito
impressionada e agradeceu as duas.

Depois, as irmãs continuaram a caminhar. A irmã mais


jovem disse, “Querida irmã, você resolveu o problema muito
bem. Eu pensei que se alguém dissesse que era o dono do
dinheiro, você o daria a essa pessoa imediatamente.”
A irmã mais velha respondeu, “Para ajudar as pessoas,
você deve ajudá-las até o final. Não importa o trabalho que
você faça, nunca abandone alguém. Quando começar a
ajudar, continue ajudando até que tenha terminado. Não
seria mais fácil ficar com o dinheiro do que entregá-lo
facilmente à mulher gananciosa que fingiu ser a dona? Uma
vez que o pegamos, temos que localizar o dono verdadeiro.
Se eu quiser que o meu filho seja bom, então eu tenho que
ensiná-lo enquanto ele ainda estiver no ventre."

A irmã mais jovem acenou admiravelmente.

Essa fábula está incluída aqui para mostrar que ensinar


uma criança para ser boa deve começar enquanto ela ainda
estiver no ventre. Se a mãe sentir que está grávida, mas
continuar a ingerir bebidas alcoólicas e fumar, e o seu
marido continuar a persuadi-la a pensar, falar e fazer más
ações, o feto se tornará acostumado a essas coisas ruins
enquanto ainda estiver no útero. Esses comportamentos
criam a possibilidade de gerar uma criança deficiente.
Todavia, se os pais tentarem familiarizar o bebê com boas
virtudes ainda no útero, eles conseguirão sem dúvida o
nascimento de uma boa pessoa.

Por isso, para ensinar o bebê a ser uma pessoa boa, os


pais devem ter boas lições para ensinar a seus filhos mesmo
antes da concepção. Isso garante que os pais irão gerar um
bom filho e criá-lo para ser uma boa pessoa até o fim.
Parte Dois

Educando os filhos
Capítulo 7

Criando os filhos para serem


inteligentes e virtuosos
Nosso mundo parece ficar menor em relação à sua
interligação. As mudanças que ocorrem ao redor do mundo
nos afetam diretamente no âmbito social e econômico. A
força da família, a sociedade e o país dependem de quanto
conhecimento, capacidade e virtudes os pais têm para criar
os filhos inteligentes e virtuosos.

Aprender maneiras de criar filhos inteligentes e


virtuosos é uma tarefa importante que os pais não devem
menosprezar. Uma criança inteligente, mas não saudável,
não sobreviverá; uma criança saudável, mas não inteligente,
também não durará. Uma criança deve ser inteligente e
saudável para obter sucesso neste mundo.

Em algumas famílias, observamos que pais virtuosos


têm filhos inteligentes, mas os pais não sabem como criá-los.
Como resultado, os filhos se tornam problemáticos e os pais
se perguntam o que deu errado na criação deles.

Quatro tipos de famílias


Para criar os filhos a serem inteligentes e virtuosos, os
pais devem sempre seguir estas duas recomendações.

1. Os pais devem ter a sabedoria necessária para


educar os filhos para serem inteligentes e virtuosos.

2. Os pais devem investir tempo para ensinar os


filhos a serem inteligentes e virtuosos.

Diferentes famílias interpretam e aplicam essas duas


recomendações de várias formas, por isso, hoje existem
quatro tipos de família.
Tipo I: Uma família que tem tempo mas não tem
sabedoria

Tipo II: Uma família que tem sabedoria mas não


tem tempo.

Tipo III: Uma família que não tem sabedoria


nem tempo.

Tipo IV: Uma família que tem sabedoria e


tempo.

Nos primeiros três tipos de família, os filhos recebem


muito pouco ensinamento moral. Algumas crianças vêm de
família rica, têm tudo o que desejam, mas recebem pouca
atenção dos pais. Essas crianças têm grande probabilidade
de se tornarem doentias.

As crianças das famílias do Tipo IV recebem


conhecimento contínuo e ensinamentos morais dos pais. Os
pais nunca deixam os filhos à mercê da natureza. Mesmo se
os pais não foram ricos, seus filhos têm a capacidade de
construírem um futuro sólido.

Sabedoria na educação dos filhos

Existe um conjunto básico de princípios budistas de


como educar os filhos para serem inteligentes e bem
comportados. Esses princípios podem ser encontrados em
um livro entitulado, "How to Raise the Children to Be Good
People for the Nation (Como educar os filhos para serem
boas pessoas para a nação)", escrito por The Moral
Development através da Education Foundation (fundação
educacional). Pedimos a permissão deles para compartilhar
os ensinamentos desse livro. O leitor pode consultar esse
livro se forem necessários mais detalhes.

Os pais podem pensar em ter um bebê se puderem


claramente resolver estes 4 pontos:

1. Que qualidades devem ter os filhos?

2. Como os filhos formam bons ou maus hábitos?

3. Como os pais podem cultivar bons hábitos nos filhos?

4. Como um corpo são e mente sã promovem a


inteligência nos filhos?

Os pais devem ter consciência e serem capazes de


responder a essas quatro perguntas antes de ter um bebê. As
respostas vêm dos ensinamentos do Senhor Buda:

Que qualidades devem ter os filhos?


Os bons filhos devem ter três características, que são
tiradas a partir de três características supremas do Senhor
Buda:

1} Corpo são e mente sã ou não ser problemático


(A pureza absoluta do Senhor Buda)
2} Inteligência ou não ser ignorante
(A sabedoria suprema do Senhor Buda)
3} Demonstrar preocupação com as pessoas
(A compaixão suprema do Senhor Buda)

Toda criança que possuir essas três características é


considerada um bom filho. Essa criança é portanto um
bom receptáculo para receber conhecimento dos professores
e parentes. Essas características formam uma plataforma da
qual podem se desenvolver mais virtudes, como o solo rico e
fértil que permite a uma planta se desenvolver bem.

De onde vêm os hábitos dos filhos?

Depois que os pais aprendem que bons filhos não


devem ser problemáticos, ignorantes ou negligente com os
outros, a pergunta agora é, como os pais cultivam esses
qualidades nos filhos?

Boas qualidades são implementadas nos filhos através


do cultivo de bons hábitos.

Os hábitos são familiaridade ou o


comportamento individual de cada pessoa. Eles são
desenvolvidos com pensamentos repetitivos,
palavras e atitudes. Essas atividades repetitivas, por
sua vez, influenciam o quão bons ou maus nós
somos.

Se os pais permitirem que seus filhos pensem, falem e


ajam prejudicialmente, não obstante a escala, seus filhos se
tornarão acostumados à transgressão, que cultiva maus
hábitos. Os filhos provavelmente serão pessoas más.

Mas se os pais ensinarem os filhos a sempre se


ocuparem com ações benéficas, não obstante a escala, eles
irão de acostumar a fazer a coisa certa até se tornar um
hábito. Dessa forma, serão bons indivíduos no futuro.

As pessoas sempre pensam, falam e agem de acordo


com três coisas diferentes:
1) Uso dos quatro requisitos, que são vestuário,
alimentação, moradia, remédio.
2) Nossas atribuições
3) Nossa rotina diária.

Os hábitos se desenvolvem a partir do modo que nós


utilizamos os quatro requisitos. Por exemplo, três filhos que
são alimentados usando rotinas diferentes desenvolverão
hábitos diferentes.

O primeiro filho: A mãe o alimenta de forma


irregular . O filho chora sempre que está com fome e não é
alimentado na hora certa. Ele se irrita facilmente e chora
quando precisa de atenção. Ele desenvolve um hábito de
violência e agressão para obter o que deseja. É como os pais
que têm um bebê tigre para criar.

O segundo filho: A mãe o alimenta todo o


tempo. Mesmo quando a criança não está com fome, ele é
alimentado com leite. Ele se torna obeso, mas feliz.
Entretanto, ele desenvolverá um hábito de preguiça e
indolência. Nessa caso, os pais têm um bebê porco para
criar.

O terceiro filho: a mãe o alimenta de acordo


com um horário. O filho desenvolve um hábito de
pontualidade e crescerá uma pessoa saudável, razoável, feliz
e um bom tomador de decisões, sendo alguém fácil de lidar.
Nesse caso, os pais têm um sábio para criar.

Hábitos bons ou maus vêm da repetição de pensar, falar


e agir da criança. Em particular, é como eles utilizam os
quatro requisitos, como eles trabalham e como eles executam
atividades rotineiras.
Os pais podem incutir saúde, inteligência e compaixão
em relação aos outros ensinando aos filhos respeito,
disciplina e tolerância, em relação ao uso que fizerem dos
quatro requisitos, atribuições e atividades diárias. A criança,
em contrapartida, criarão bons hábitos (as três
características).

Educar o filho para ser inteligente

Os pais que desejam ter filhos inteligentes podem


cultivar a sabedoria ensinando-os respeito. Respeito é
um sinal de apreço em relação à verdadeira virtude
ou benefício de uma pessoa ou objeto.

A sabedoria pode ser dividida em sabedoria terrena


e sabedoria de Dhamma.

Sabedoria terrena é a sabedoria ou


conhecimento adquirido através da educação. Ela é
necessária para nos sustentarmos. Todavia, sem
princípios morais para controlar o conhecimento, os filhos
podem fazer mal uso dela. Por exemplo, um farmacêutico
que produz e trafica heroína, ao invés de realizar a pesquisa
de um novo medicamento. A sabedoria terrena deve
funcionar junto com a sabedoria de Dhamma.

A sabedoria de Dhamma é a sabedoria de


decidir o que é certo ou errado, bom ou mal,
adequado ou inadequado. Os filhos obtêm esse
conhecimento a partir dos ensinamentos de Buda. Na
prática, os pais devem ensiná-los a respeitar e ouvir as
palavras de sabedoria e as experiências de vida dos mais
velhos, bem como aprender sobre as pessoas e o mundo
sempre em transformação.
A sabedoria de Dhamma se origina de sete fontes. Ao
respeitar essas fontes, obter-se-à sabedoria:

1] Respeito pelo Senhor Buda.


2] Respeito pelo Dhamma.
3] Respeito pelo Sangha (comunidade
monástica).
4] Respeito pela educação.
5] Respeito pela meditação.
6] Respeito pela prudência.
7] Respeito pelos votos.

Quanto mais os pais ensinam os filhos a ver as virtudes


dessas sete fontes, mais os filhos obtêm sabedoria de
Dhamma.

Os filhos são muito afortunados se eles nascem de pais


que estudaram Dhamma a partir das sete fontes de sabedoria
e estão preparados para transmitir essa sabedoria aos filhos
antes de se casarem. Os pais terão um sábio como filho. Os
filhos terão pais que são capazes de ensinar a sabedoria de
Dhamma para eles. As futuras gerações serão saudáveis e
trarão prosperidade para a família.

Educar o filho para ser saudável

Filhos sãos têm pais que os ensinaram a ter disciplina


tanto na vida terrena como na vida de Dhamma A disciplina
é ensinada junto com o uso dos quatro requisitos, suas
atribuições e nas suas vida diária. Os pais devem dar um
exemplo através do seu próprio comportamento.

As quatro disciplinas mundanas são:


1} Disciplina ao usar as palavras.
Para ensinar um filho a ter disciplina ao falar, os pais
devem falar adequadamente (com educação, honestidade e
boas intenções). Os pais devem apontar as consequências
negativas da mentira, isto é, ela solapa a qualidade da mente
e provoca a negligência.

2} Disciplina com o tempo.


Ensinar um filho a ter disciplina com o tempo é ensiná-
lo a acordar, comer e dormir na hora certa.

Acordar na hora certa significa levantar-se cedo


pela manhã para evitar que o filho durma todo o tempo. Em
particular, se uma garota acorda tarde, isso pode acabar com
o casamento dela no futuro.

Comer na hora certa significa que um filho deve


comer nos horários certos das refeições. Se os filhos
adquirem gastrite, existe a probabilidade de terem esse
sintoma o resto da vida, isto é, eles sentirão dor na barriga
sempre que estiverem sob pressão.

Dormir na hora certa significa ir dormir nas


primeiras horas da noite. Se os filhos dormirem tarde, não
desejarão acordar cedo. Quando seus pais os acordam, eles
pedem para dormir mais, iniciando o dia com uma
discussão. Eles se tornarão pessoas enganadoras.

3} Disciplina com limpeza.


Filhos sujos não são bem recebidos na sociedade. Os
pais têm que ensiná-los a como se manter limpos, por
exemplo, como tomar banho em menos tempo usando
menos água e sabão, mas ainda ficando limpo.

4} Disciplina com organização.


Os filhos que não têm organização tendem a ter
conflitos quando trabalharem com outras pessoas. Eles não
conseguem cumprir procedimentos esquematizados ou
preparar e concluir seu trabalho, resultando em dificuldade
em atingir o sucesso.

As disciplinas de Dhamma estão arraigadas nos


Cinco Preceitos:

Os filhos que não mantêm os Cinco Preceitos terão


problemas na vida adulta, assim como em seus casamentos.
Além do mais, se a vida for desfavorável, poderão cometer
um crime no futuro:

1) Se eles não seguirem o primeiro preceito (não matar)


então: Eles podem cometer homicídio.

2) Se eles não seguirem o segundo preceito (não roubar)


então: Eles podem se envolver em corrupção

3) Se eles não seguirem o terceiro preceito (Não ter


conduta sexual inadequada) então: Eles podem se envolver
com prostituição.

4) Se eles não seguirem o quarto preceito (Não mentir)


então: Eles podem cometer fraude.

5) Se eles não seguirem o quinto preceito (Não


consumir substâncias intoxicantes, como álcool ou drogas)
então: Eles exacerbarão a distância dos caminhos para a
ruína, (Apāyamukha), isto é, apostas em jogos de azar,
consumo de álcool, vida noturna, etc.
Educando um filho para mostrar
preocupação com os outros

Para que os filhos demonstrem preocupação com os


outros, eles devem saber tomar conta de si mesmos. Desse
modo, eles serão capazes de ajudar os outros. Para conseguir
isso, os pais devem ensinar os filhos a terem tolerância.

À primeira vista, parece suficiente para uma criança ser


saudável e inteligente, mas a verdade é que isso não é o
bastante. Ao nascer como seres humanos, devemos
trazer benefícios aos outros também.

Vamos supor que temos uma árvore frutífera. Nós


cuidamos dela regando-a com água, arando e fertilizando o
solo Dez anos se passam e ela ainda não deu frutos, então
decidimos cortá-la.

Em comparação, se os filhos não ajudarem os outros,


ninguém desejará ajudá-los quando eles forem adultos. O
vida será difícil para eles, e serão pobres durante toda a vida.
Quando eles precisarem de ajuda ninguém vai querer ajudá-
los, porque eles não se importam com os outros.

Os pais podem ensinar os filhos a se importarem com


os outros ensinando-os a ajudar a si mesmos, tendo
tolerância em quatro níveis:

1) Tolerância com provações físicas Os filhos


aprenderão a trabalhar duro e a não ter medo de trabalho
pesado e provações físicas.

2) Tolerância à dor e ao sofrimento Os filhos


estarão cientes da necessidade de cuidado com a própria
saúde. Eles não serão enganadores e nunca fingirão estar
doentes para sair da escola.

3) Tolerância a conflitos Os filhos aprenderão a


trabalhar em equipe. Eles não terão complexo de
inferioridade ou superioridade. Eles não se considerarão
iguais aos adultos. Eles saberão quando interagir com os
outros.

4) Tolerância aos estimulantes de impurezas


(kilesa). Os filhos não se tornarão escravos do álcool e das
drogas, atração sexual, dinheiro, elogio e outros problemas.
Esses estimulantes provocam grandes problemas sociais.

Por exemplo, a origem da corrupção está nos pais que


não ensinaram os filhos a resistir aos estimulantes das
impurezas . Eles não incutirão provérbios verdadeiros como,
a honestidade sempre preencherá, a desonestidade
apenas preencherá por pouco tempo. Além disso, eles
encorajaram os filhos a adorar o dinheiro embora o dinheiro
não possa comprar tudo, isto é, a pureza da mente.

Quando os filhos são ensinados a escolher o dinheiro


em detrimento da virtude, eles crescem para se importarem
com nada a não ser o dinheiro. Não importa se eles o
obtiveram por meios corruptos ou fraudulentos. Esse
obstáculo impediu uma nação como a Tailândia de progredir,
mesmo tendo mais recursos naturais do que muitos outros
países.

Como as virtudes podem se converter em


inteligência para os filhos
Depois de ler o livro, “How to Raise the Children to Be
Good People for the Nation,”entendemos como as
virtudes podem resultar em inteligência nos filhos

Todos os filhos querem ser bons. Os filhos podem ser


comparados a folhas brancas e os pais são os responsáveis
por colorir as folhas. Se eles escolheram a cor certa e aplicar
as técnicas certas, as folhas serão bonitas. Mas se as folhas
não forem coloridas corretamente, eles serão consideradas
danificadas, inúteis e desperdiçadas. Educar os filhos para
serem inteligentes é muito mais complicado do que colorir
folhas. Os erros são muito difíceis de corrigir.

As pessoas em volta dos filhos devem ser o melhor


exemplo para eles:

1] Os pais devem ser um bom exemplo para os filhos.


2] Os pais devem achar amigos bons para eles.
3] Os pais devem encontrar bons livros para eles lerem.
4] Os pais devem procurar bons professores para eles.

Essas pessoas devem ser o maior exemplo para os filhos


nestas áreas:

1} Abordagem adequada ao trabalho.


2} Abordagem adequada à administração do tempo.
3} Abordagem adequada ao usar os quatro requisitos.

Eles podem ser um exemplo nessas áreas porque têm


estas características especiais:

1) Habilidade de manter a qualidade.

Uma pessoa que mantém a qualidade tenta o


seu melhor para apresentar os melhores resultados
em tudo que ela fizer. Ela tem uma compreensão do que
constitui a alta qualidade e como ela pode ser atingida.
Trabalha em sua capacidade máxima. Tem consciência dos
obstáculos e problemas, e sabe como evitá-los.

Uma pessoa que não tem respeito pela educação ou por


outras pessoas, ou procura defeitos nos outros, não será
capaz de alcançar esse nível de sabedoria. Ninguém irá
compartilhar nada com ela..

Entretanto, se os filhos aprenderem sobre respeito em


casa, e verem bons exemplos daqueles em volta deles, eles
aprenderão a valorizar o respeito. Eles aprenderão o que é
alta qualidade, uma abordagem adequada ao trabalho, e
serão capazes de enxergar possíveis problemas. Eles serão
muito capazes e eficientes no trabalho, do mesmo modo que
os exemplos deles são.

2) Habilidade para administrar o tempo.

Uma pessoa que administra seu tempo pode


traçar um plano para o trabalho Não obstante o
trabalho, ela pode ver todas as etapas dele, o que deverá ser
feito antes, o que virá depois, quanto tempo levará cada
etapa e quanto tempo durará todo o projeto.

Se uma pessoa nunca aprendeu a administrar o tempo,


ele não será capaz de concluir as tarefas. Aqueles que
conseguem administrar o tempo, sabe valorizá-lo. Quando o
tempo passa, nunca mais volta. Além disso, boas
oportunidades passam, deixando o passado para trás.

Quem não sabe administrar o tempo, terá o hábito de


fazer as coisas à sua maneira. Eles não se sentirão
confortáveis com prazos determinados. Sem disciplina para
administrar o tempo, será difícil terminar o que foi
planejado.

As pessoas que conseguem gerenciar seu tempo, se


exercitaram e se disciplinaram de antemão. Eles aprenderam
quanto tempo é necessário em uma rotina básica ou para um
projeto. Eles podem implementar um plano de acordo com
um processo passo-a-passo, calculando o tempo necessário
para conclusão exata, estando raramente errados.

Por isso, quando os filhos recebem disciplina em casa e


vêem exemplos de pessoas que são capazes de administrar o
tempo, elas se tornam pessoas que apreciam o valor da
disciplina e da administração do tempo. Essa é uma maneira
de incutir o hábito da abnegação. Assim, eles serão capazes
de seguir os passos dos seus exemplos.

3) Habilidade para administrar um orçamento.

Uma pessoa que consegue administrar um


orçamento é capaz de planejar melhor os gastos
para obter o máximo de retorno com o mínimo de
recursos.

A pessoa que administra um orçamento deve saber o


que é necessário e o que não é. Não deve ser esbanjadora
com relação a isso. Essa pessoa deve, em primeiro lugar,
avaliar se uma despesa beneficiará o grupo. Ela sabe que um
orçamento apertado levará à qualidade inferior e um
orçamento exagerado levará ao desperdício. Ela deve ser
honesta; não deve ocorrer corrupção para benefício próprio
ou em favor de amigos.

As organizações que não possuem pessoas que saibam


administrar um orçamento terão problemas financeiros por
causa planos financeiros complicados e confusos. Isso
causará atrasos nos projetos, perde de confiança entre os
funcionários e até uma má reputação.

Uma pessoa que é capaz de administrar um orçamento


aprendeu a tolerar provações físicas, dor e sofrimento,
conflito e estimulantes de impurezas. Com essa tolerância,
ela sabe ser econômica no uso dos quatro requisitos.

Tendo tolerância e exemplos apropriados, os filhos


serão inteligentes com relação aos orçamentos e seguirão os
passos dos seus exemplos da melhor maneira possível.

Os filhos podem absorver essas três características das


pessoas ao redor deles. Eles aprenderão aptidões em
administração de qualidade, tempo e orçamento. Eles
conseguirão terminar qualquer projeto atribuído a eles,
usando o mínimo de tempo e recursos, o que é um grande
vantagem em qualquer ambiente. É assim que a virtude se
converte em inteligência; é através dos exemplos dados pelas
pessoas ao redor deles.

Conclusão
Os pais devem transmitir conhecimento, habilidade e
virtudes aos filhos até que desenvolvam inteligência e virtude
que os guiarão a levarem a vida com beleza e orgulho. Para
que os pais consigam transmitir essas qualidades para os
filhos, eles devem:

1) Ficar a par de novas informações que os ajudem na


educação dos filhos. Eles entenderão como os filhos se
desenvolvem na sociedade moderna e os desafios que eles
enfrentam.
2) Afastar os filhos da imoralidade. Os pais devem se
apressar para ensinar os filhos, ensiná-los a como usar os
quatro requisitos, concluir seus afazeres e cuidar de suas
rotinas diárias. Os pais devem pedir aos professores,
parentes mais velhos e amigos para cuidarem dos filhos, bem
como permitir que os filhos sejam advertidos quando fizerem
algo de errado.

Se os pais puderem fazer essas duas coisas, os filhos


ficarão acostumados à decência mais do que a imoralidade.
Os filhos sempre estão rodeados por aqueles que podem
mostrá-los o pensamento, as palavras e atitudes corretas.
Eles crescerão inteligentes e virtuosos. Essas duas
qualidades os permitirão confiar em si mesmos e a viver suas
vidas com beleza.
Capítulo 8

Destruir pela bondade:


Pais defendendo os filhos
quando eles se comportam mal

“O amor dos pais pode fazer mal às crianças”


Esta frase pode ir de encontro aos sentimentos dos pais, mas
na realidade existem muitas crianças que se tornam más
porque seus pais as defendem quando fazem algo errado.
Por isso, os pais ou aqueles que desejam formar uma família
no futuro têm pontos muito importantes a considerar: Como
podemos criar bem os filhos e como podemos evitar cometer
o erro de amar nossos filhos da maneira errada, fazendo mal
às crianças quando as defendemos ao fazerem algo errado?
Não Fique Do Lado Das Crianças Quando
Elas Fizerem Algo Errado

É um erro muito grave quando os pais se colocam do


lado de seus filhos quando estes se comportam mal ou fazem
algo errado. As crianças acreditarão que "quando se faz algo
bom se recebe algo bom em retribuição" é falso e "quando se
comportam mal recebem algo bom em retribuição" é
verdadeiro. Quando essas crianças crescerem elas tenderão a
fazer coisas erradas constantemente. Seu comportamento irá
causar um sofrimento eterno à sociedade.

Os pais devem estar cientes das conseqüências de


oferecer um apoio equivocado a seus filhos. Não demonstre
amor à criança através de indulgência. Se eles cometerem
um erro, os pais devem impor sua disciplina. É melhor para
a criança sofrer um pouco agora do que permitir que sofra
pelo resto de sua vida.
Portanto, se os pais não se colocarem do lado das
crianças quando elas fizerem algo errado, a criança irá
aprender que praticar boas ações terá definitivamente boas
conseqüências. Se elas praticarem más ações terão de sofrer
as inevitáveis conseqüências desagradáveis.

Entender os Parâmetros no
Desenvolvimento de Hábitos Corretos

A fim de incutir virtudes em seus filhos, os pais devem


compreender que existem dois métodos para o
desenvolvimento dos hábitos nas crianças.
O primeiro método é desenvolver traços da
personalidade baseados na hereditariedade.

A transferência de traços da personalidade deve ocorrer


bem no início, antes da chegada do bebê. Para que a
concepção possa ocorrer a criança deverá ter uma
combinação de bons e maus kammas, semelhante às pessoas
que se tornarão seus pais.

Assim, se os pais são saudáveis, bondosos e de bom


coração há uma boa chance de que a concepção da criança
ocorra no útero da mãe. Os ensinamentos ao bebê devem
ocorrer antes da gravidez e isso exige que os pais se
mantenham saudáveis de corpo, mente e palavras. Elimine
todos os maus comportamentos e observe os Cinco Preceitos
atentamente na preparação da concepção da criança.

Já muito antes, os novos pais devem iniciar o seu


treinamento antes de se casarem. Tão logo percebam que a
esposa está grávida devem se esforçar ainda mais no cuidado
com o feto. Eles devem tomar ainda mais cuidado com suas
ações, seja ao caminhar, se movimentar, consumir alimentos
(especialmente comidas condimentadas), ao consumir toda
espécie de bebida alcoólica, ao ingerir remédios ou mesmo
ao demonstrar mau-humor. Os pais devem certificar-se de
que essas coisas não os afetem porque elas tendem a
influenciar o comportamento do bebê.

O segundo método é desenvolver os traços da


personalidade influenciados pelo meio ambiente ou
pela disciplina.

Você deve começar a ensinar o seu bebê no dia em que


ele abrir os olhos para o mundo. Não pense que o bebê é
muito novo para aprender. A amamentação no peito na hora
certa é outra maneira de ensinar a pontualidade ao bebê.
Trocar a fralda imediatamente após ficar molhada pode
construir o hábito da higiene. Finalmente, falar utilizando
palavras doces e gentis irá estimular o bebê a ser bem-
educado.

Não Permita que as Crianças Continuem


a Cometer Erros até que se Convertam em
Maus Hábitos

Uma criança recém-nascida é pura como um pano


branco e limpo. Desse modo, o bebê precisa de um modelo
para seus pensamentos, para sua forma de falar e suas ações.
O que primeiro chegar ao bebê ele usará como seu modelo.
Desse modo, se o bebê recebe influências boas ele terá mais
oportunidades de praticar boas ações. Esse fundamento
sólido do que é bom pode resistir a qualquer má conduta que
possa vir a ocorrer no futuro, permitindo assim que seja
capaz de cuidar de si mesmo.

Os primeiros pequenos erros do bebê, que


naturalmente são óbvios, são facilmente detectados pelos
pais, motivando-os a encontrar um caminho para corrigir
imediatamente esse comportamento. No entanto, a
ignorância ou negligência dos pais pode fazer com que a
criança se acostume com esse comportamento que poderá se
transformar em um mau hábito, mais tarde. Este hábito é
repetido por que suas ações não foram detectadas por um
adulto. No final, seus momentos de bom comportamento
serão menores.

Ame seu Filho da Maneira Correta


A maneira pela qual oferecemos nosso amor às crianças
nada mais é do que incutir virtudes dentro deles para que
cresçam com orgulho neste mundo.
Os elementos de conduta moral que merecem ênfase
constante são os seguintes:

1. Sabedoria - Ensine às crianças a relação causa e


efeito de suas ações, para que sejam capazes de analisar as
coisas e para manter o seu caráter. Se os pais forem bem-
sucedidos, as crianças terão sabedoria e consciência. Elas
não terão dúvida entre o certo e o errado.

2. Disciplina - As crianças devem ser ensinadas a


serem sempre pontuais, asseadas, honestas e ter sempre
pureza no corpo, na mente e nas palavras.

3. Bondade – Isso pode ser conseguido ensinando às


crianças o amor aos animais e às árvores, a serem educadas,
gentis e a saber perdoar.

Quando essas virtudes são incutidas nas crianças ainda


bem novas, elas serão capazes de absorver outras boas
virtudes que seus pais e professores têm a oferecer.

Depois que os pais entenderem isso, se desejarem ter


crianças maravilhosas, devem primeiro se educar antes de
terem filhos. Eles devem seguir estritamente as três
seguintes virtudes: sabedoria, disciplina e bondade. Desse
modo, os pais terão a chance de conceber uma criança
maravilhosa. Eles serão bons exemplos para a criança e,
através do amor, evitarão magoar seus filhos.
Capítulo 9

Os quatro importantes papéis que os pais


devem desempenhar para criar bons
filhos

Todos os pais desejam um futuro brilhante para seus


filhos. Eles desejam criar filhos bem-educados, respeitosos e
com princípios morais, para que esse comportamento possa
ajudá-los a progredir na sociedade. Mas, para construir os
fundamentos básicos de seu sucesso, os pais devem entender
o seu papel nesse desenvolvimento. Ao se tornarem bons
exemplos para seus filhos os pais devem entender a
personalidade de seus filhos e saber como as atitudes e as
perspectivas deles se alteram de acordo com a idade e o
ambiente.
Quando as crianças são pequenas, os pais são tudo para
elas. À medida que crescem, os amigos irão influenciar seus
pensamentos e atitudes. Durante a adolescência, os pais se
tornam menos importantes para eles. Quando se tornam
adultos são independentes e devem confiar apenas em sua
inteligência e bom-senso. Ao longo da vida dos filhos é
necessário que os pais se ajustem conforme a perspectiva de
seus filhos.
Além de serem bons pais e cumprirem os deveres
paternos, eles devem também assumir os seguintes papéis:

1. O papel de um professor.

Os pais devem ensinar os filhos a discernir o certo do


errado e o que devem ou não fazer. Se o seu filho é muito
novo para aprender as relações de causa e efeito, os pais
devem desempenhar o papel de bons exemplos para eles.
Esse trabalho deve ser feito de modo gentil, em um tom de
voz carinhoso. Não os ensine com mau humor. O castigo só
deve ser utilizado quando necessário. A higiene deve ser
estimulada quando as crianças ainda são bem pequenas, os
envolvendo em tarefas de lavagem de roupas e limpeza.
Tomar banho regularmente e hábitos de higiene ao comer
devem ser ensinados desde cedo. Não despreze esses
ensinamentos ou suponha que são insignificantes.
Já que os pais são os primeiros professores de seus
filhos, eles devem incutir o que é certo, de modo que isto se
torne um fundamento no desenvolvimento do caráter da
criança. À medida que os filhos crescem, esses fundamentos
irão ajudá-los a integrar um comportamento saudável em
seus hábitos naturais. Isso os manterá automaticamente
afastados de comportamentos nocivos.
2. O papel de um ser angelical.

Os pais devem ter sólidos fundamentos de Dhamma


para assumir esse papel. Eles devem educar seus filhos com a
virtude do amor e devem temer o pecado. Isso pode ser
conseguido lendo para eles o Jataka (histórias de vidas
passadas do Senhor Buda), certificando-se de que farão seus
cânticos antes de ir para a cama e os ensinando como
oferecer Dana (generosidade) através de métodos como a
oferta de caridade aos monges todas as manhãs. O mais
importante, eles devem abster-se de más ações com receio
das conseqüências que poderão advir. As crianças
aprenderão a abster-se de más ações com base no bom
exemplo dos pais.

3. O papel de um Brahma.

Os pais devem dar carinho a seus filhos, oferecendo


amor e ternura. Se a criança comete um erro, os pais devem
ensinar o que é certo e errado e também o perdão. Quando
praticam uma boa ação os pais devem expressar
contentamento e aplaudí-los. Os pais devem oferecer
ensinamentos e cuidar deles quando ficam doentes. Quando
crescerem e estiverem prontos para deixar a família e
começar suas próprias vidas, os pais devem aceitar sua
independência. Devemos ainda lhes dar orientação, ser seus
conselheiros e lhes dar estímulo.
O mais importante, os pais devem ser neutros e não se
colocar do lado deles caso tenham feito algo errado. Se as
crianças se tornarem infratoras da lei deverão se punidas,
mesmo que isso represente um período de prisão. Os pais
devem aceitar a punição. Não demonstre seu amor para o
seu filho de modo incorreto cometendo perjúrio. Os pais
podem fazer todo o possível para ajudar, desde que não
violem as leis do país.

4. O papel de um Arahant.

Os pais devem demonstrar o mais alto nível moral


possível, de forma que sejam respeitados na sociedade, como
se fossem Arahants de sua unidade familiar. Devem ser
sábios conselheiros dentro da família, respeitados por seus
filhos e netos. Eles devem apoiar a criação de virtudes e a
busca pela Perfeição, manter a dignidade e preservar o nome
da família. Todas as crianças da família irão respeitá-los e
ouvi-los. As crianças terão receio de fazer coisas erradas
tanto na frente dos pais quanto escondido dos pais.

Depois que os pais forem capazes de representar


perfeitamente esses quatro papéis a vida familiar será muito
mais feliz. Haverá paz de corpo e espírito, que poderá se
estender de uma família bem equilibrada à sociedade e ao
país como um todo.
Capítulo 10

Criando nossos filhos


para serem pessoas boas
Em uma sociedade saturada pela mídia, muitos pais
têm a preocupação de que seus filhos irão sucumbir às más
influências. Como proteger nossos filhos dessas influências e
incutir neles consciência e valores morais?
Na verdade, a resposta a esta pergunta pode ser
discutida a partir de muitos aspectos, mas nossos ancestrais
acreditavam em quatro fatores simples para criar bons
filhos.

1. Seja um bom exemplo para seus filhos observarem.


2. Consiga bons livros para seus filhos lerem.
3. Encontre um bom professor para ensinar seus filhos.
4. Encontre bons amigos para conviver com seus filhos.

Seja um bom exemplo para seus filhos observarem.


O primeiro fator é o mais difícil porque muitos pais não
percebem o quanto influenciam seus filhos. Antes que
possamos ser bons modelos, precisamos reunir nossas boas
qualidades. O Senhor Buda nos deu os Cinco Preceitos como
um instrumento para medir o valor de um ser humano. Na
sociedade de hoje muitas pessoas não conseguem manter os
Cinco Preceitos. Então como podemos ser bons exemplos
para nossos filhos?
Se os pais chegarem à conclusão de que seus filhos não
são tão bons quanto poderiam ser, os pais devem refletir
sobre a origem desse mau comportamento. As crianças não
têm registros do passado, a maioria delas não sabe o que é
correto. Quando uma criança fala de modo grosseiro, faz isso
por que se lembra de ter ouvido de seus pais. Se quisermos
educar nossos filhos para que se tornem boas pessoas
devemos criar uma boa base moral, ensinando a eles os
Cinco Preceitos e seguindo esses preceitos para sermos bons
exemplos.

Consiga bons livros para seus filhos lerem.


Nossos antepassados costumavam dizer: “Se você ama
suas vacas, você deve amarrá-las. Se você ama seus filhos,
você deve bater neles”. Mas no presente nós dizemos: se
você ama suas vacas, amarre-as. Se você ama seus filhos,
passe um tempo com eles”.
Já que crianças lêem livros, devemos tomar muito
cuidado em sua seleção. Se eles quiserem ler gibis ou
biologia, devemos ler com eles. Um problema que vemos
hoje é a violência dos filmes e dos jogos em computador.
Devemos estar atentos e passar mais tempo com nossos
filhos. Devemos dar a eles amor e afeição.
Se dissermos que não temos tempo, então nossas vidas
são vividas apenas pela metade. Nossa vida não é feita
apenas para o trabalho; devemos ter tempo para nós mesmos
e para nossa família. Devemos separar um tempo para irmos
a livraria com nossos filhos, deixar que escolham seus
próprios livros e observar seu comportamento à distância.
Algumas vezes precisamos lhes fornecer informações que os
ajudarão no processo de decisão. À medida que se tornam
mais velhos seus ensinamentos irão ajudá-los a escolher
somente bons livros.

Encontre um bom professor para ensinar seus


filhos.
A questão dos professores é extremamente importante
já que eles são a mais forte influência externa que estimula
virtudes nas crianças. Pelo fato de não estarmos o dia todo
com os professores na escola precisamos estar preparados
para avaliá-los. Não precisamos necessariamente de uma
escola de renome mundial para nossos filhos freqüentarem;
precisamos apenas que tenham um ambiente saudável e
positivo. Ser o aluno número um da sala não significa que
este aluno se tornará a pessoa mais rica do mundo. Os
conhecimentos dos livros escolares precisam ser ensinados.

Encontre bons amigos para conviver com seus


filhos.
Alguns pais enviam seus filhos, mesmo ainda muito
jovens, para o exterior a fim de se tornarem bacharéis,
mestres ou doutores. Quando retornam à Tailândia não têm
mais fé no Budismo. Em vez disso, adquirem falsos pontos
de vista de amigos com quem conviveram na escola. E
quando trabalham em um ambiente tailandês falam de modo
pouco respeitoso com as pessoas no trabalho, o que causa
ressentimentos. Eles não compreendem que apenas os
conhecimentos dos livros escolares não são suficientes para
garantir o sucesso. Deve-se aprender a respeitar e ser
educado com os outros.

O Mangala Sutta (as Trinta e Oito Bênçãos da Vida


que nos ensina o caminho da felicidade na vida) expressa
claramente que não devemos nos cercar de tolos. Devemos
apenas estar com pessoas de bom senso. É óbvio que se
nossos filhos se juntam às más companhias eles também
poderão ser influenciados a fazerem coisas ruins. Este
comportamento equivocado se tornará mais aparente
quando os filhos não mais morarem conosco. Devemos ser
capazes de reconhecer esses sinais e oferecer uma orientação
segura. Repreensão não deve ser a primeira e única reação.
Educar filhos exige táticas e estratégias similares àquelas
presentes nas empresas. Estamos tentando construir a
capacidade deles de escolherem e se cercarem de pessoas
boas.
Para evitar que os filhos adotem um mau
comportamento devemos estabelecer um ambiente baseado
nesses quatro fatores. Fazendo isso, eles crescerão e se
tornarão adultos que pensam, falam e agem com integridade,
conduzindo suas vidas com uma forte noção de certo e
errado.
Capítulo 11

Ensinando aos filhos a parcimônia


para assegurar o futuro da família

A segurança financeira futura das crianças pode ser


medida através de sua parcimônia e os pais podem cultivar
um bom sentido de economia em seus filhos sendo eles
mesmos moderados em seus gastos.
Para que as crianças adquiram hábitos de economia, os
pais devem ensinar aos filhos ainda bem pequenos através
de:
1. Ensinando às crianças o valor do dinheiro
Quando as crianças pedirem dinheiro os pais devem
perguntar primeiro o que elas farão com ele e qual a real
necessidade dele. Se as crianças não derem uma boa razão,
os pais devem negar o dinheiro e explicar a elas as razões da
negativa. Mesmo que as crianças fiquem tristes os pais não
devem ceder. Não dê dinheiro apenas para não se aborrecer
ou evitar uma explosão de raiva das crianças. Não deixe que
as crianças pensem que dinheiro é fácil de se ganhar. Eles
precisam aprender que dinheiro não nasce em árvores e cada
pequeno valor é ganho com dificuldade por seus pais. As
crianças aprenderão então o valor do dinheiro e como usá-lo
sabiamente.

2. Ensine às crianças a não gastar de modo


extravagante. Por favor, não compre nada excessivamente
caro ou desnecessário para seus filhos. Caso precise comprar
um objeto em particular para eles, por favor, adquira a
alternativa menos dispendiosa em relação às outras.
Encontre um modo de explicar aos seus filhos que as boas
coisas não são necessariamente as mais caras. Ensine às
crianças a conhecer o valor das coisas e usá-las de modo
apropriado na medida do possível. Você pode ainda ensinar
a eles como consertar sozinhos os objetos danificados de
forma a serem reutilizados.

3. Ensine as crianças como usar o tempo livre.


Ensine as crianças a fazer coisas sozinhas, isso irá
desenvolver seu bom senso. Especialmente brinquedos, se
você permitir que seus filhos criem seus próprios brinquedos
para brincar ou montem as peças de um brinquedo para
brincar, as crianças aprenderão a fazer as coisas sozinhas e
sentirão orgulho do seu sucesso e desenvolverão uma maior
perspicácia mental. Além do mais, os pais devem educar seus
filhos para que reduzam sua faixa de gastos, para que as
crianças possam aprender a economizar seu próprio dinheiro
e a ganhar dinheiro sozinhas.

4. Ensine às crianças como economizar


dinheiro. Os pais devem dar a seus filhos um pequeno cofre
para que possam economizar o dinheiro que sobrar. Leve às
crianças ao banco para depositar o dinheiro reunido em uma
conta delas. Estimulem as crianças a fazer depósitos em suas
contas em ocasiões especiais como aniversário, ano-novo,
etc. Os pais devem ensinar aos filhos a economizar esse
dinheiro como parte de um fundo para sua educação. Não
deixe que as crianças pensem que podem ganhar dinheiro
facilmente ou eles não aprenderão a valorizar o dinheiro.

5. Escolha amigos para seus filhos que tenham


hábitos simples. Os pais devem encontrar um meio de
evitar que seus filhos se reúnam a amigos que gastem
dinheiro de forma extravagante em objetos de luxo e que não
conheçam o valor do dinheiro. Em relação aos amigos que
sabem economizar dinheiro e ajudam os pais nas tarefas
domésticas você deve apresentar seus filhos a eles. Eles
serão uma boa influência uns para os outros em vários
aspectos. O mais importante para os pais é manter seus
filhos afastados da más companhias e de Apāyamukha
(Caminhos para a Ruína), que são os inimigos mais sérios da
poupança.

6. Ensine às crianças a observar os 8 Preceitos


nos Dias Sagrados Budistas ou em seus dias de
folga. Quando as crianças já forem maduras o bastante, os
pais devem levá-las ao templo. Ensine seu filho a observar os
8 Preceitos. O estilo de vida simples quando se segue os
preceitos os ensinará que muito do que parece ser necessário
não realidade não é, i.e. ir ao cinema ou a um show, usar
batom e maquiagem, se vestir com roupas da moda, etc.
Depois de observar os 8 Preceitos por um momento, eles
próprios irão entender que todas essas coisas são
desnecessárias. Para levar os preceitos até a realidade da
criança os pais devem dar o exemplo praticando os 8
Preceitos juntamente com os filhos. Praticar os 8 Preceitos
irá ajudar as crianças a desenvolver a moderação nos gastos
e as orientará a usar com sabedoria os 4 requisitos do modo
mais econômico.

Se todas as famílias forem capazes de seguir essas


diretrizes sua estabilidade financeira no futuro estará
assegurada. As crianças dessas famílias estarão aptas a
administrar com sabedoria suas heranças, caso existam.
Mesmo que não exista qualquer herança, as crianças dessas
famílias serão capazes de assegurar sua estabilidade
financeira por si mesmas. O motivo é que lacraram a
abertura em seus bolsos não se envolvendo com quaisquer
dos Caminhos para a Ruína (Apāyamukha).
Capítulo 12

Querido pai, por favor, não


permita que eu me torne viciado
em televisão

Uma das preocupações enfrentadas pelos pais hoje em


dia é não dispor de tempo bastante para ficar com seus
filhos, pois quase todo o tempo disponível é usado para
ganhar a vida e sustentar a família. A solução, algumas
vezes, é permitir que seus filhos fiquem mais tempo
assistindo a televisão. Em outras palavras, eles acham que
“não há nada de errado em deixar a televisão tomar
conta das crianças”.
Essa solução imperfeita para uma preocupação traz más
conseqüências, já que deixará os pais aflitos com as
mudanças observadas no comportamento dos filhos. As
crianças se tornam mais agressivas, desagradáveis e imorais,
passando a usar mais linguagem profana. Essas mudanças
negativas no comportamento dos filhos deixam os pais sem
saber realmente a causa do problema.

Geralmente é tarde demais quando os pais finalmente


compreendem que o comportamento tem origem no fato de
deixar os filhos assistirem a programas de televisão não
apropriados, quando ainda não são maduros o bastante para
discernir o certo do errado, o bom do mau e o apropriado do
não apropriado. Essas crianças absorvem o mau
comportamento que assistem e passam a adotá-lo. Muitos
pais se sentem deprimidos quando compreendem que todo o
seu árduo trabalho para dar tudo o que fosse possível ao seu
filho foi neutralizado, fazendo com que as crianças
perdessem todo o sentimento de bondade.

Portanto, para enfrentar esse tipo de situação e evitar


que aconteça em sua própria família, os pais devem
considerar os seguintes aspectos:

1] Os pais devem ter sempre em mente que, caso não


passem tempo suficiente com seus filhos, as crianças
poderão desenvolver um julgamento medíocre, já que a
maioria dos programas que assistem giram em torno do
tema sexo. As crianças expostas a esses programas ficam
mais voltadas para o sexo, já que acreditam que o que vêem
na televisão é a realidade dos fatos.
2] Os pais devem procurar programas de televisão
educativos e atribuir um período de tempo apropriado para
assistir a esses programas. Seria ainda melhor se os pais
ditassem as regras. Existem três princípios que podem
minimizar a possibilidade das crianças absorverem
influências prejudiciais da televisão.
Princípio 1: O tempo de assistir televisão não
deve interferir com as tarefas escolares e
domésticas. Os pais não devem deixar seus filhos
assistirem a televisão sempre que quiserem. Eles devem ter
um tempo definido para os deveres de casa, revisão das
lições, leitura e ajuda com as tarefas domésticas. Os pais
devem definir esquemas de horários apropriados e nunca
permitir que seus filhos assistam televisão até tarde da noite,
o que faria com que não descansassem o bastante. A
ausência de um repouso adequado pode resultar no
desenvolvimento de maus hábitos, como acordar tarde,
portar-se com falsidade e mentir. Crianças que não dormem
o bastante ou não terminam seus deveres de casa, não vão
desejar ir à escola. Elas mentirão para os pais dizendo que
não estão se sentindo bem, que têm dor de cabeça ou dor de
estômago. Os pais podem acreditar nessas mentiras. Essas
crianças apresentarão mais e mais desculpas para evitar ir à
escola.

Princípio 2: Não podem faltar princípios morais


nos programas de televisão. Os programas que você
permite que seus filhos assistam devem conter assuntos
relacionados a práticas e idéias éticas. Programas que
causam medo, terror ou abordem sexo, ou aqueles que
tratam de vingança e assassinato, não devem ser permitidos.
Princípio 3: Os programas de televisão devem
promover a moralidade. Os pais devem determinar que
programas de televisão seus filhos irão assistir. Esses
programas devem promover as virtudes e o desenvolvimento
intelectual, i.e., programas sobre ajuda ao próximo, bondade
e devoção. Eles podem assistir programas sobre ciência e
tecnologia ou arte e cultura, o que permitirá que conheçam
melhor a cultura e a história de seu país. Este conhecimento
servirá como base para uma melhor visão e conhecimento
em seu futuro.

Para que os filhos ouçam seus pais é importante que os


pais dêem bons exemplos. Então a criança obedecerá. Se os
pais forem dependentes de televisão será um grande desafio
evitar que seus filhos sejam também. Desse modo, entre a
opção de promover bons hábitos nas crianças e assistir seu
programa de televisão favorito, os pais devem ter como
prioridade o melhor interesse dos filhos.
Capítulo 13

Crianças que são viciadas


em Internet

Vivemos na era das grandes redes de informação. As


crianças são viciadas não apenas em televisão, vídeos e
telefones celulares, mas também em Internet. Devemos
aceitar o fato de que esses tipos de mídia têm prós e contras,
dependendo de como são usadas. Se não aprendermos a
controlá-las, nós, as crianças e todos os adultos poderemos
nos tornar escravos dessas coisas.
Quando chega a adolescência, a maioria dos pais as
proíbem, o que desperta maior interesse. Os pais devem
permitir que os filhos usem essas mídias, mas devem
também indicar a hora certa e o tempo de utilização. Por
exemplo, devem definir um esquema com a hora para usar a
Internet, para os estudos e para louvar o Senhor Buda.

Os Pais devem ensinar aos filhos quando usar a


internet e quando assistir televisão. O principal é
não deixá-los dormir tarde. Se as crianças dormirem
tarde não conseguirão acordar cedo, fazendo com que os pais
as repreendam. Isso pode resultar na troca de palavras
ásperas ainda pela manhã, podendo dar a entender aos filhos
que é aceitável brigar com os pais. Isso pode fazer também
com que os filhos comecem a enganar e mentir.

Ensinar a seus filhos a administrar o tempo irá


encorajá-los a terem um bom desempenho na escola.
Quando as crianças crescerem serão capazes de administrar
melhor o seu tempo, serem mais racionais e não se
comportarem de modo negativo, baseadas em seu estado de
espírito.

Ensinar as crianças a administrar o seu tempo tem


ajudado várias famílias a corrigir problemas com crianças
viciadas em televisão e Internet.

Há o caso envolvendo a família de uma amada e


respeitada professora de inglês cujo marido teve de
continuar seus estudos fora do país. Pelo fato de apenas ela e
os filhos morarem na casa ela pediu ao seu irmão que viesse
morar com eles e ajudasse a cuidar dos três filhos. Os filhos
pareciam crianças inteligentes, mas não iam bem na escola.
Seu irmão não entendia a razão e começou a procurar as
causas. Ele descobriu que o motivo era as crianças
assistirem televisão até tarde. Ele relatou sua descoberta à
irmã.

Depois que a causa foi determinada o professor


estabeleceu uma regra pela qual todas as televisões deveriam
ser desligadas às 21:00, quando começasse o noticiário.
Quando a regra foi implantada todas as crianças estavam na
cama às 21:00. A saúde das crianças melhorou. Eles
passaram a acordar cedo de manhã, entre 4:30 e 05:00. Eles
acordavam e estudavam até a hora de ir tomar banho e se
preparar para a escola.

No semestre seguinte todos os filhos do professor


conseguiram melhores notas na escola. O filho mais velho,
anteriormente classificado em 14° lugar na turma, passou
para o 4° lugar. O segundo filho que estava no 7° lugar pulou
para o 2° lugar. O filho mais novo, muito jovem ainda,
manteve o 1° lugar. No semestre seguinte, o filho do meio e o
filho mais velho alcançaram o 1° lugar em suas turmas.

Quando se formaram, todos os três estavam em 1° lugar


em suas respectivas turmas.

A definição de um horário para o estudo, para a hora de


dormir e de acordar, irá levar a melhores notas na escola e a
melhores decisões na vida. Muitas crianças podem saber o
que é certo e errado, mas nem sempre são capazes de evitar
cometerem ações prejudiciais. Quando essas crianças
crescem, podem causar muitos dos problemas que vemos na
sociedade. Quando eles eram jovens nunca foram ensinados
a renunciar a algo que gostassem para fazer coisas mais
apropriadas, como parar de assistir televisão quando estava
na hora de ir para a cama.

As famílias que têm regras domésticas, horários para os


filhos realizarem suas tarefas, serão capazes de ensinar a
essas crianças ainda pequenas a tomar decisões acertadas e
não sucumbir a um desejo. Esta providência pode servir de
apoio para que tomem decisões baseadas no bom senso,
princípios sólidos, informações precisas e análises
metódicas. Eles serão inteligentes e honestos em qualquer
ramo de trabalho a que se dediquem no futuro.
Capítulo 14

Uma filha que se veste de modo


provocante
Um funcionário do governo certa vez foi até um
venerável monge em seu templo para pedir conselho sobre o
modo como as jovens se vestem nos dias de hoje.
O funcionário achava que as meninas adolescentes se
vestiam de uma maneira que revelava muito do seu corpo.
Esta tendência coincide com um aumento nos crimes
relacionados a sexo e a polícia atualmente não sabe o que
fazer para enfrentar a situação. O venerável monge deu sua
resposta e aqueles que a ouviram concordaram que a sua
solução era prática e podia ser aplicada a qualquer família
com uma filha adolescente. Estas foram suas palavras:
“Eu não concordo que o modo de vestir excessivamente
provocante dessas meninas seja culpa apenas da indústria da
moda. Em vez disso, eu coloco a culpa nos pais que
negligenciaram seus filhos e nos professores que não
educaram adequadamente seus alunos.”
“Se olharmos o problema mais claramente,
descobriremos que sua origem é bem anterior ao momento
em que essas crianças se tornaram adolescentes e
começaram a se vestir de modo provocante. Podemos
retroceder ao tempo em que essas crianças eram ainda muito
pequenas, quando ainda estavam no jardim de infância ou na
escola primária.”
“Pais e professores não compreenderam que estimular a
criatividade e infundir confiança exigia que as crianças
dançassem e representassem em um palco. Praticar a
coreografia da dança incutiu nelas a sensualidade ainda
muito jovens. Além da dança, os professores colocavam
maquiagem e as vestiam com saias ou vestidos curtos muito
reveladores para que fossem para o palco. Pais e professores
comentavam como essas crianças eram adoráveis quando as
viam representar. Para eles parecia uma produção muita
bem sucedida. Infelizmente a situação que criaram não
terminou com o fim da apresentação. Após estimularem as
crianças a vestir roupas reveladoras e executar danças
sensuais e admirar sua aparência, não é de se espantar que
as crianças não ouvissem quando alguém dizia que deveriam
se vestir mais recatadamente. Elas ficaram tão acostumadas
a se vestir com roupas provocantes que não mais se sentiam
constrangidas.”
“Quando as crianças são expostas a atividades que
promovem a sensualidade em tão tenra idade, em quem
colocamos a culpa? Temos de culpar os pais e professores
que encorajaram esse comportamento. Em conseqüência, se
quisermos corrigir esse problema, devemos ensinar as
crianças a comportarem-se bem e a vestirem-se de modo
apropriado enquanto ainda são bem pequenas.”
“O Senhor Buda disse: ‘Não se vista
inapropriadamente.’

“Vestir-se inapropriadamente significa vestir uma


roupa que mostre parte da perna e exponha os ombros.”
“No passado os pais vestiam suas filhas com um
sarongue que ia até o fim da perna, quando as meninas ainda
eram bem pequenas. Isso se tornaria natural e em adultas
essas mulheres se vestiriam com descrição. Entretanto, se as
meninas são estimuladas a usar saias curtas ainda bem
pequenas, não é provável que queiram se cobrir com saias
longas quando forem mais velhas.”
“Permitir que meninas pequenas se vistam
inapropriadamente é a causa da sexualização das crianças,
tendo como conseqüências a prostituição infantil, o que leva
aos Caminhos da Ruína Apāyamukha).
“Se desejarmos reparar essa situação precisamos
primeiro entender as finalidades do uso das roupas.
1) Para se proteger do calor e do frio.
2) Para se proteger dos elementos como luz do sol,
ventos e chuva e também contra insetos e pequenos animais.
3) Para cobrir as partes do corpo que não devem ser
expostas.
“Se os pais ensinarem aos filhos a real finalidade do uso
das roupas quando ainda bem pequenos, suas mentes não
ficarão fixadas no aspecto sensual. Além disso, devemos
protegê-los ainda mais ensinando aos nossos filhos a recitar
cânticos e praticar a meditação antes de ir para a cama.
Ensine-os a se curvarem aos pés de seus pais antes de
dormir. Se praticarmos isso regularmente seremos capazes
de corrigir o problema e criar filhos maravilhosos e
saudáveis.”
Os ensinamentos desse venerável monge nos fazem
entender que o problema das crianças vestindo-se de modo
que desperte a atração sexual irá desaparecer quando os pais
lhes ensinarem a serem recatadas desde cedo. E ainda mais,
isso pode reduzir e eventualmente eliminar os crimes sexuais
contra crianças.
Parte Três

Harmonia na família
Capítulo 15

Criando a harmonia na família

Filhos de pais separados geralmente apresentam certas


características como desobediência e atitudes negativas.
Obviamente, isso não é algo desejável. Por que as famílias
dessas crianças se desfizeram e seus membros seguiram por
caminhos diferentes? Se não tomarmos conhecimento das
verdadeiras causas isso pode acontecer também a nossas
famílias. Crianças se portam dessa maneira quando não são
educadas adequadamente. Alguns vêm de boas famílias, mas
se descontrolam devido a conflitos com seus irmãos e irmãs.
Alguns tentam até roubar objetos dos irmãos com apenas 12
ou 13 anos de idade.

A falta da unidade familiar é realmente a essência


desses problemas. Tudo começa quando cada membro tem
um horário diferente, o que resulta na ausência de interação
entre eles. À medida que se tornam mais distantes, a família
eventualmente pode desintegrar-se. No entanto, a causa
primária da rápida deterioração da família é a
incapacidade de conseguirem jantar juntos.

Em uma família grande, os membros que não jantam


com os outros têm ainda mais desavenças. Por exemplo, se
um dia a mãe prepara uma refeição deliciosa da qual todos
gostam, todos comerão mais do que sua quantidade normal.
Se eles se sentam e jantam juntos o único problema que
poderão encontrar é uma certa escassez de comida, algumas
garfadas a menos.

Entretanto, se todos se sentarem em momentos


diferentes, provavelmente irá ocorrer um problema. Os que
comerem por último talvez não encontrem comida
suficiente. A criança sente-se magoada e negligenciada. Se
essa criança ajudou nas tarefas domésticas, se sentirá
enciumada também.

Crianças preguiçosas podem geralmente ser


encontradas próximo à cozinha perto da hora do jantar,
elogiando a mãe por cozinhar uma refeição tão maravilhosa.
Mesmo antes de sentarem-se à mesa eles provam os
melhores pedaços. Eles também tendem a ser aqueles que
comem mais. Essas crianças rechonchudas são adoradas pela
mãe por saberem dizer palavras doces.
Aquelas crianças aplicadas cujas tarefas fazem com que
se atrasem para o jantar acabam sendo as últimas a comer.
Elas são as mais cansadas, ainda assim ficam apenas com as
sobras. Algumas vezes, acabam lavando a louça, também.
Tudo isso fere seus sentimentos. Quanto mais essas situações
ocorrerem, mais magoados eles se sentirão. Pequenas
disputas com os irmãos são seguidas por argumentos
importantes. Se um irmão quebra uma xícara favorita a
raiva aparece, resultando possivelmente em altercação física.

Os pais que não compreendem as verdadeiras causas


tentarão apenas apaziguar a situação, mas isso não resolve o
problema real. A raiva irá permanecer. Se acidentes
parecidos ocorrem regularmente, os pais podem interpretar
errado essas situações e colocar a culpa no filho
incompreendido. A criança pode ficar com ciúme dos seus
irmãos e sair de casa quando tiver uma oportunidade.

Pequenas coisas como a família não compartilhar uma


refeição podem ser o suficiente para separar uma família. Os
pais podem não ter percepção do início dos ressentimentos e
conflitos. Esse problema normalmente ocorre em uma
família recém formada em que todos estão ocupados com
suas tarefas e não têm tempo para os demais. Ninguém sabe
o que pode estar incomodando a outra pessoa. Desse modo,
o fato da família não se reunir para as refeições é um alerta
de que esta família está prestes a desmoronar.

As refeições compartilhadas permitem que os membros


da família expressem suas preocupações e dêem conselhos
uns aos outros, já que as pessoas estão de melhor humor
quando estão satisfeitas. Os pais podem usar esse tempo
para demonstrar bons hábitos e normas de comportamento
para seus filhos.
Nossos antepassados expressavam a importância de se
fazer pelo menos uma refeição diária com toda a família
reunida. O café da manhã é mais difícil já que todos têm
pressa de ir para o trabalho ou para a escola. O almoço é
impraticável, pois todos estão longe de casa.

O jantar é uma refeição importante que deve ser


reservada para a família. Perder essa ocasião seria
lastimável, já que após o jantar todos se voltam para seus
próprios afazeres. Alguns irão fazer o dever de casa
enquanto outros irão assistir televisão. Se não for reservado
um tempo para o jantar para que se possa conversar ou
esclarecer algum assunto, questões não resolvidas
permanecerão pendentes podendo gerar desavenças.

Algumas famílias resolvem esse problema dando a cada


um seu próprio aparelho de televisão. À noite todos comem
separados e assistem a sua própria televisão. Ninguém
precisa conversar já que todos estão ocupados, mas não há
calor humano na família.

Uma outra situação que leva à desunião da família é a


preparação das refeições. Os casais de hoje em dia discutem
em relação a isso. Se tudo que fizerem for apenas pedir
comida, enquanto comem com os olhos grudados no
televisor, pensando em como os personagens da televisão são
muito mais atraentes do que a pessoa com que estão casados,
seu casamento certamente irá desmoronar.

Casais casados devem considerar também visitas aos


parentes do cônjuge. Devemos acompanhar nossas esposas
ou maridos ou permitir que saiam sozinhos? Se saírem
sozinhos, esteja preparado para problemas no casamento.
As atividades realizadas em família podem construir um
forte laço. Não encare isso levianamente já que muitas
famílias que se separaram encaravam tudo dessa
maneira.

Concluindo, é fácil a criação de harmonia na família.


Tudo começa com uma atividade em que todos os membros
podem se envolver. O jantar é a atividade melhor e mais
fácil. Ou, pelo menos, os membros da família devem se
reunir para falar sobre vários assuntos, usando o Dhamma
como seu guia. Conversem de forma ponderada, mesmo
que não compartilhem os mesmos pontos de vista.
Atividades conjuntas trazem benefícios que levarão calor
humano e unidade para toda a família.
Capítulo 16

O que os pais devem fazer quando


seus filhos não têm um bom
relacionamento?

Eis aqui uma história verdadeira para os pais que ainda


não conseguiram criar harmonia em suas famílias.
Havia uma família com três filhas. A mais velha estava
muito deprimida por que suas duas irmãs não falavam uma
com a outra há mais de dois anos. Elas brigaram e chegaram
a um ponto em que não queriam mais ser irmãs. A filha mais
velha sofria muito, tendo de assistir a esses atritos na família
diariamente.

Algumas vezes, as duas irmãs se ignoravam


mutuamente, como se a outra não existisse. Outras vezes
parecia que seriam inimigas pelo resto da vida. A irmã mais
velha se perguntava repetidamente: "Será tarde demais para
se reconciliarem?” Seus pais já haviam desistido.

No final, ela tomou a decisão de ir ao templo e


perguntar a um respeitado monge superior. Ela contou que
suas duas irmãs ainda estavam na escola. Quando elas se
formarem e buscarem-se a si mesmas poderá haver uma
pequena chance de reconciliação. Ela estava muito nervosa e
se sentia muito mal testemunhando aqueles conflitos todos
os dias.

O respeitado monge superior ouviu seu problema com


compaixão e respondeu: “seus pais nunca deveriam ter
permitido que o conflito chegasse a esse nível. Se isso não for
resolvido agora, depois que se formarem, conseguirem
empregos e começarem a ganhar a vida, certamente não
ouvirão mais ninguém”.

“Eu tenho um exemplo pessoal que gostaria de dividir


com você. Tenho duas irmãs mais velhas. Quando eu era
jovem, às vezes discutia com minhas irmãs. Mas meu pai
imediatamente controlava a situação. E nós parávamos de
brigar no mesmo instante. Meu pai evitava conflitos
entre os filhos do seguinte modo:

Técnica Nº 1: Demonstrando quem era o mais


velho.
Assim que meu pai sabia que havíamos discutido ou
brigado, ele não falava muita coisa. Dizia para irmos juntos
falar com ele. Ele apontava para mim, o mais jovem, e dizia
para cortar um galho grande para que eu fosse castigado.

Quando eu dei o galho para o meu pai e ele fez apenas


uma única pergunta:

“Você brigou com sua irmã?”


“Sim, papai,” eu respondia.
“Então fique de pé com os braços cruzados”

Primeiro, ele dava o galho para minha irmã e deixava


que ela me batesse uma vez por não respeitar os mais velhos,
independentemente de quem estava certo ou errado.

Em segundo lugar, ele perguntava o que havia


acontecido. Se eu estivesse errado, meu pai me dava outra
chibatada com o galho. Dessa vez, ele me batia por ter feito
alo errado. Se minha irmã estivesse errada (eu sonhava com
o dia em que bateria nela), meu pai apontava para ela para
receber uma nova chibatada. Ele mesmo batia nela, por
intimidar o irmão mais novo.

Sem considerar quem estava errado eu recebia a


primeira chibatada, por desrespeitar os mais velhos. Então,
para que discutir com minhas irmãs. Essa lição prática nos
ensina que devemos amar uns aos outros.

Técnica Nº 2: Responsabilidade com os


Trabalhos de Casa

Pelo fato de minha família possuir uma fazenda, nos


finais de semana meu pai nos fazia trabalhar. Ele nos
mandava arrancar as ervas daninhas, limpar o terreno,
enterrar a sujeira ou preparar o terreno para o plantio. Tinha
de ser feito antes do jantar, do contrário não poderíamos
comer. Então, cooperávamos e trabalhávamos duro para
completar a tarefa juntos.

Sendo imaturo e o mais jovem algumas vezes eu saía e


não ajudava minhas irmãs.

Por que não?

Pela manhã, eu caçava pássaros e ia pescar com meus


amigos. À tarde, ficava em pânico quando compreendia que a
tarefa não seria completada a tempo. Ah não! Se minhas
irmãs não conseguissem terminar todos ficaríamos sem
jantar! Então, eu corria para ajudá-las. Nessa hora eu
agradava minhas irmãs de todos os modos, para ter certeza
de que não contariam a meu pai minha travessura. Eu
aprendia a ser gentil, educado e a dizer coisas amáveis
enquanto trabalhava. Se eu não aprendesse rapidamente,
nós todos enfrentaríamos as conseqüências.

1) O jantar não nos seria servido àquela noite. Além


disso, teríamos de terminar nossas tarefas à noite usando
lanternas.

2) Se minhas irmãs contassem ao meu pai minha


travessura eu seria o único a ser punido e apanhar. Assim,
procurei ser gentil e educado com minhas irmãs para que
ficassem felizes.

Bem simples, tínhamos de aceitar as responsabilidades


juntos. Se nós brigássemos, não terminaríamos e todos
teríamos problemas. Então, aprendemos a negociar e
automaticamente nos tornamos amigos.
O problema com suas irmãs é que não existe nenhuma
tarefa doméstica a ser feita, suas vidas são confortáveis
demais. Para aprender uma lição elas têm de sentir fome de
vez em quando; elas têm de lutar por algo e, então, se
ajudarem e passarem a confiar uma na outra. Muito conforto
em sua família acarretou problemas para as crianças.

Nessa situação, o mal já está feito. Eu recomendo deixar


essa atribuição para os seus pais. Como filha mais velha, você
deve aconselhá-las e ajudá-las quando for preciso:

1. Aperte o orçamento doméstico.

Não permita que circule muito dinheiro no orçamento


doméstico. Não ofereça muitas coisas a essas irmãs que não
se falam. Isso as forçará a ajudarem-se mutuamente.

2. Determine algumas tarefas domésticas para


fazerem juntas.

Embora elas estejam aborrecidas e preocupadas


precisarão se comunicar para completar a tarefa. A
comunicação irá aliviar a tensão e os sentimentos ruins entre
elas. Esse método dá bons resultados.

3. A disciplina é necessária para crianças


pequenas.

Se você tiver um bom motivo, não tenha medo de que


seus filhos fujam de casa. Crianças pequenas não são
ousadas o bastante. Um galho para bater ainda hoje é
necessário para manter a disciplina. MAS, os pais precisam
saber como e quando usá-lo. Os pais devem mostrar aos
filhos por que estão sendo castigados. O galho não é para
bater em seu filho até a morte!

Entretanto, eu recomendo observar primeiro os dois


conselhos a seguir: seus pais devem diminuir suas
concessões e fazer com que colaborem uma com a outra nas
tarefas. Crianças não permitem que outras crianças se
aproveitem delas. Normalmente, não ficarão zangadas uma
com a outra por muito tempo. Quando seus bolsos ficarem
vazios, terão de se ajudar mutuamente com o trabalho.

Se tiver contratado uma empregada, ela poderá realizar


as tarefas domésticas mais importantes. Entretanto, as
crianças deverão realizar suas próprias tarefas pessoais. Elas
devem ser responsáveis pelas mesmas tarefas que forem
atribuídas. Isso dará às irmãs uma chance de discutir
abertamente a maneira de completar a tarefa. Essa técnica
deve ser usada quando as crianças ainda são pequenas. Se os
pais continuarem a mimar seus filhos eles crescerão e se
tornarão pessoas horríveis”.

Após ouvir os conselhos do respeitado e monge


superior, a face da irmã mais velha se iluminou com um
sorriso de esperança. Ela levou o conselho para casa,
disposta a reunir novamente toda sua família.

Os pais que lêem essa história devem incutir um


sentimento de unidade em seus filhos, os ensinando a serem
mais maduros. Quando crescerem, eles se amarão e cuidarão
uns dos outros. Quando se sentirem deprimidos ou em
tempos difíceis seus irmãos não deixarão que sofram. Com
essas boas intenções de um para o outro, os pais estarão
livres de preocupações.
Capítulo 17

Remediando a situação
quando os vizinhos brigam

Um bom ambiente promove bons hábitos nas crianças. Mas


se nossos vizinhos brigam ruidosamente todos os dias
usando palavras grosseiras, como os pais podem remediar
essa situação? Se nossos filhos continuarem a ouvir essas
discussões, eles poderão ser afetados negativamente. Isso
pode fazer com que nossos filhos se portem grosseiramente,
de modo ofensivo e sejam rejeitados pela sociedade.
Existem duas maneiras de enfrentar essa situação.

1. Mude de casa.

Se os pais tiverem condições, devem mudar de casa,


mas se não puderem precisarão tentar suportar essa
situação. Os pais podem dar um bom exemplo aos filhos,
falando de modo educado com os vizinhos. Se os pais
tomarem medidas drásticas isso pode levar a uma briga ou a
troca de ofensas. Esse tipo de comportamento iria apenas
criar mais problemas.

2. Brigar com Ternura.

Se os pais forem mais jovens que os vizinhos, eles


devem se mostrar mais amistosos. Os vizinhos podem tomar
consciência e passarem a discutir de modo mais discreto.
Entretanto, se os pais forem mais velhos, tiverem
profissões estáveis e forem respeitados na comunidade eles
precisam iniciar um diálogo com os vizinhos. Antes de
iniciar uma conversação os pais devem se mostrar amáveis e
serem bem considerados pelos seus vizinhos.

O que você precisa fazer para ser amável e


respeitado?
1. Uma pessoa agradável é alguém que é
prestativo e generoso.

Quando uma pessoa divide o seu dinheiro ou seus


bens com outros, ele é amado e admirado. Mesmo
nós, quando recebemos algo, nos sentimos
apreciados.
Se pudermos ajudar devemos oferecer nossa
assistência.

Mesmo que não saibamos o que oferecer, podemos


oferecer nosso apoio e estímulo com palavras gentis.
Mesmo que não tenhamos nada a dizer, podemos, pelo
menos, dar um sorriso.

Se os pais se comportarem adequadamente em relação


aos seus vizinhos, eles serão amados e respeitados. Então,
poderá ser apropriado que os pais falem com seus vizinhos
acerca do seu comportamento.

O Senhor Buda ensinou as Quatro Bases da


Solidariedade Social (sangahavatthu). Isso se refere ao
princípio de ajuda às pessoas ou ao
desenvolvimento de uma sociedade unificada. Este
princípio do Dhamma consiste em:

1) Generosidade (Dāna) - Significa a oferta de bens


materiais.
2) Palavras gentis (Piyavācā) - Significa falar de
modo gentil e verdadeiro.

3) Postura Útil (Atthacariyā) - Significa auxiliar


os outros, auxiliar no trabalho, sempre que puder.

4) Tratamento justo e imparcial (Samānattatā)


- Significa ser, em todos os momentos, amigo de todos.

Se os pais puderem praticar as Quatro Bases da


Solidariedade Social, eles se tornarão pessoas altamente
respeitadas. Quando houver conflitos, esses pais podem
fornecer orientação. Como eles irão enfrentar esses conflitos
depende do problema que têm em suas mãos. Eles podem
encontrar soluções em conjunto.

2. Pessoas que podem chamar a atenção de


outras sobre seu comportamento devem observar os
Preceitos.

Somente as pessoas que observam os Cinco Preceitos


podem se aproximar de outras para falar sobre seu
comportamento. Quando observamos verdadeiramente os
Preceitos, temos boas maneiras e compreendemos a ética,
somos capazes de nos aproximar e enfrentar a situação. Se
faltam virtudes aos pais, eles não devem se aproximar de
outros para falar sobre comportamento.

As pessoas devem ser atenciosas com sua


comunidade.

Uma pessoa pode manter o afeto e o respeito de outros


de várias maneiras. O modo mais eficiente é sendo
generoso. Quando você se entrega com pureza no coração
as pessoas o amarão e olharão para você com dignidade.

O método a seguir foi usado no passado com excelentes


resultados. É muito fácil. Pela manhã, pegue uma vassoura e
varra a rua que passa pela sua casa, do início ao fim. Sempre
que estiver em casa, você deverá varrer a rua. Se não estiver
em casa, então a história é diferente. Mas tente varrer pelo
menos uma vez por semana. Se continuar a fazer isso, seus
vizinhos virão conhecê-lo. Talvez não venham a amá-lo, mas
também não o odiarão. Esse tipo de generosidade é
conhecido como generosidade com atividade.

Antigamente, havia muitas maneiras de sermos


generosos. Havia um método que todos praticavam, mas que
não vemos muito hoje em dia. Tradicionalmente, na frente
de cada casa havia uma grande bacia com água e uma concha
ou xícara perto. Se um passante estivesse com sede, ele
saciava sua sede.

Uma simples bacia com água, convertendo a água em


um gesto de bondade.

Dessa forma, se os pais praticarem a generosidade e


observarem eles mesmos os Preceitos, juntamente com boas
maneiras e virtudes, seus filhos viverão em um ambiente
maravilhoso. Assim a família não precisará mais se mudar.
Capítulo 18

Ensine as crianças a cuidar dos


parentes muito doentes

Todos aqueles que estão vivos um dia partirão deste


mundo, mas antes de partir eles geralmente ficam doentes,
deitados em uma cama de hospital. Seu corpo e seus órgãos
irão se deteriorar lentamente enquanto são consumidos por
diferentes doenças. Isso causa muita dor e sofrimento. Ao
mesmo tempo, as células morrem lentamente em seu corpo,
perdendo sua capacidade de funcionar. Desse modo, é
essencial que aprendamos a cuidar daqueles a quem amamos
quando estiverem doentes.
Assistir essas pessoas irá nos ensinar a cuidar de suas
mentes, também, enquanto eles lutam contra a dor. Ao
mostrar aos nossos filhos como cuidar de pessoas enfermas,
quando morrermos, teremos a certeza de que eles serão
capazes de tomar conta dessas pessoas para nós.

Como devemos cuidar daqueles a quem amamos


quando eles estiverem muito doentes?

Existem dois componentes para nos preocuparmos em


relação às doenças:

1. Cuidar delas fisicamente


Devemos buscar os melhores médicos para fornecer
tratamento, dependendo da nossa situação e das despesas
que possamos arcar.

2. Cuidar delas emocionalmente


Se alguém está prestes a morrer é muito importante
manter sua consciência. O que a mente dessa pessoa estiver
focalizando irá determinar sua vida após a morte, se serão
destinados ao paraíso ou ao mundo dos desventurados.

O Senhor Buda disse:

“Uma mente nebulosa antes da morte levará


esse alguém para o reino dos desventurados
(Duggati). Uma mente clara antes da morte levará
esse alguém para o reino dos aventurados (Sugati)”.

O que é Sugati?
Sugati se refere a um reino feliz ou aventurado. Depois
de partir desse mundo a pessoa retornará como um humano
(Manussaloka: Terra), como um anjo (Devaloka: Paraíso) ou
um Brahma (Brahmaloka : Reino Celestial).

O que é Duggati?
Dukkhati se refere a um mundo triste ou desventurado.
Depois de partir desse mundo a pessoa retornará como um
animal (Derajchanpome: Terra), um fantasma faminto, um
demônio, ou uma criatura do inferno (Pretapume,
Asurakayapome, ou Narokkapume: Inferno).

Sugati e Duggati são os destinos daqueles que


morrem, onde deverão enfrentar as conseqüências de suas
ações na Terra. O destino final depende do estado mental no
último momento, que poderá ser nebuloso ou claro. Os
monges se referem a isso como “a Guerra da Existência,” a
instável batalha de viagem para o sugati ou duggati.

Independentemente dos resultados do tratamento, “O


profissional de saúde deverá cuidar da mente do
paciente de forma que sua mente esteja clara todo o
tempo. Isso dará ao paciente a esperança e a
coragem para lutar contra a doença”.

Há várias maneiras pelas quais um profissional de


saúde pode dar coragem a um paciente.

1) Mantenha-o afastado de todas as


preocupações. Não deixe que ele tome conhecimento de
danos à sua propriedade, problemas com os filhos, ou
qualquer coisa que possa perturbá-lo.

2) Leve sua mente para um estado de alegria


recordando-lhes dos méritos realizados. Fale a
respeito das ações meritórias que o paciente realizou, como
ter sido ordenado monge, a oferta dos paramentos de
Kathina ou outros, o apoio a instituições sociais ou a ajuda
oferecida a outras pessoas.

3) Encoraje-o a realizar novos méritos,


conforme suas possibilidades. Convide-o a ser
generoso, oferecendo dádivas aos monges todos os dias. Se
ele não puder se levantar, convide os monges a receber as
dádivas no interior da casa. Se isso não for conveniente,
permita ao paciente tomar uma decisão a respeito das
dádivas e ofereça as dádivas no local indicado pelo paciente.
Depois que as dádivas forem ofertadas, converse com o
paciente sobre isso, ele ficará encantado.

4) Convença-o a observar estritamente os 5


Preceitos. Ele não deve matar nem mesmo uma formiga ou
um mosquito.

5) Convide-os a meditar. Isso é muito importante.


Você pode fazer com que o paciente ouça uma fita com
cânticos ou uma fita do Dhamma gravada por um monge que
o paciente respeite. Você pode ler livros do Dhamma para o
paciente. Se você fizer isso todos os dias, o paciente terá
méritos bastantes para ser curado, porque o poder de antigos
méritos aumenta os novos méritos que realizar. Se o paciente
não tiver mais méritos e for chegada a hora da partida, o
paciente irá para o reino dos aventurados porque ele
manteve a consciência límpida antes da sua morte.

Levar um paciente a este estado requer que o


profissional de saúde esteja envolvido por muitos méritos e
que tome decisões (com o poder dos méritos passados que o
paciente tenha realizado) para a proteção do paciente contra
sua doença. Isso irá melhorar os resultados do tratamento do
paciente.
Concluindo, o segundo final na vida do paciente é muito
importante porque é quando podemos ajudá-lo a vencer a
Guerra da Existência”. A vitória é conseguida mantendo-se a
mente límpida antes da partida. Isso é absolutamente
necessário.

Portanto, quando nossos parentes estiverem doentes,


independentemente da intimidade existente ou da gravidade
da sua doença, devemos ser capazes de lhes dar uma boa
assistência, tanto física quanto psicológica. Quando nossos
filhos forem maduros o bastante, devemos ensinar-lhes a
buscar sua própria saúde e ter consideração com seus
parentes. Ensiná-los a cuidar dos outros lhes mostrará
claramente a verdade sobre a vida, que um dia todos
morreremos. Além disso, quando chegar a hora de partir,
eles poderão nos ajudar a vencer a “Guerra da Existência”.
Capítulo 19
O amor incondicional dos pais

No mundo voltado para os valores econômicos em que


vivemos torna-se difícil para a maioria dos pais encontrar
tempo suficiente para ficar com seus filhos. Algumas vezes
os filhos são "educados" pelo aparelho de televisão ou
console de vídeo enquanto seus pais trabalham. Eles
crescem praticamente sem a orientação ou educação dos
pais, sem conhecer as causas e conseqüências, a diferença
entre comportamento moral e imoral, ou como controlar
suas emoções. Sem saber o valor de ter pais eles passam a
menosprezá-los. Eles não podem valorizar todas as
dificuldades e sacrifícios pelos quais seus pais passaram para
criá-los. Acreditam que seja dever dos pais, já que os
trouxeram ao mundo, criá-los e dar-lhes tudo que desejarem.
No final, são os pais que sentem a dor no coração e o
desapontamento.
Se os pais não são ricos o bastante para satisfazer seus
caprichos, eles os depreciam e os chamam de preguiçosos.
Eles reclamam que se sentem envergonhados com a
parcimônia dos pais. Algumas vezes, eles ameaçam os pais
ou têm explosões de raiva para conseguir o que querem.
Essas crianças estão acumulando um kamma ruim sem que
compreendam isso. Esses problemas não ocorrem apenas na
classe média ou em famílias pobres, mas também em
famílias ricas.
Luang Phaw certa vez mencionou um milionário do sul
que chegou até ele uma vez com o rosto triste, dizendo: "Por
favor, me ajude. Meu filho é terrível. Ele nos força a comprar
coisas para ele e depois que o fazemos ele nem se interessa
mais por elas. Se dissermos não, ele nos amaldiçoa. Não sei
mais o que fazer com ele”.
Luang Phaw aconselhou: “Já que seu filho nunca
freqüentou o templo, não me sinto em condições de dizer
muita coisa. Se eu disser a ele para vir ouvir um sermão ou
para meditar e purificar sua mente, para que possa ver por
ele mesmo o valor de seus pais, ele se recusará, ainda que lhe
paguemos. Se ele é capaz de amaldiçoar os próprios pais, por
que ele ouviria mais alguém?”
“Vamos tratar a situação desse modo. Antes de retornar
para o sul, leve seu filho até o orfanato em Pakret City, na
província de Nonthabur. Dê as razões que forem necessárias
para convencê-lo a ir. Certifique-se de que ele dará o dana
oferecendo almoço para os órfãos. Talvez esse mérito
permita a ele entender a fortuna que possui. Talvez isso
possa fazer com que ele caia em si”.
Luang Phaw queria que o filho testemunhasse as
dificuldades que uma criança enfrenta por não ter pais. Com
os olhos abertos talvez agora ele possa mudar e passe a amar
e valorizar seus pais depois de observar essas crianças
desventuradas.
Eu me lembro quando já era um veterano no colégio e
meus amigos me convidaram para ajudar a levar comida
para o orfanato em Pakret. Havia cerca de 200 ou 300
crianças e somente 20 atendentes no lugar. Quando
chegamos ao orfanato todas as crianças correram até nós
brigando para serem escolhidas. Elas chamavam os
visitantes homens de "papai" e as visitantes mulheres de
"mamãe", o que deixava os visitantes envergonhados. As
crianças foram ensinadas a chamar desse modo, já que não
sabiam quem eram seus pais verdadeiros.
Três ou quatro crianças se aproximaram e nos
abraçaram, como se fossem macaquinhos, nos dizendo que
nunca tinham encontrado e amor e carinho em suas vidas.
Elas correram para pegar todos os brinquedos e comida que
pudessem. Quando lhes demos as sobremesas, elas brigaram
por elas. Quando entregamos as bonecas, elas caíram sobre
elas.
Pelo fato de não sabermos quantas crianças havia no
orfanato, trouxemos apenas 40 ou 50 bonecas. Quando
entregamos as bonecas, elas brigaram entre si. Uma segurou
o pescoço, uma outra segurou o braço e uma terceira segurou
a perna. Em alguns segundos a boneca estava em pedaços,
cada uma das crianças segurando uma parte. Depois disso,
elas continuaram a brigar.
Quando lhes demos roupas, os atendentes entregavam
as roupas novas para as crianças que usavam aquelas mais
velhas e mais gastas. As crianças cujas roupas não estavam
muito gastas não receberam roupas novas. Eles ficaram com
inveja e começaram a puxar a roupa nova das outras crianças
que tinham acabado de vesti-las. No final de tudo, as roupas
novas ficaram rasgadas em pedaços e ninguém mais pôde
usá-las.
O que assistimos nos deixou tristes e com o coração
partido. Essas crianças tinham uma perspectiva diferente da
vida diferente da nossa. Quando éramos pequenos
queríamos ter muitos amigos da nossa idade para brincar.
Nunca pensamos em nossos amigos brigando ou roubando
nossa comida e nossos brinquedos, já que estávamos sempre
bem alimentados e não nos faltava nada. O mais importante
é recebíamos calor e carinho de nossos pais e parentes. Nós
víamos o mundo sob uma ótica positiva.
Mas esses órfãos não podem ver as coisas como nós
víamos. Eles não viam as centenas de outras crianças ao seu
redor como amigos, mas como rivais esperando para lutar
pelas coisas que queriam ou pelo amor que precisavam. A
solidão vista em seus olhos partia o coração de qualquer
pessoa.
Vamos pensar no modo como as crianças exigem que
seus pais satisfaçam todas as suas necessidades enquanto
ainda têm a coragem de ferir o sentimento dos pais com
palavras cruéis. Lembre-se que isso equivale a matá-los com
palavras hostis. Muito embora essas crianças firam os
sentimentos de seus pais com palavras cruéis, seus pais
continuam a protegê-las. Alguns poucos conseguem admitir
que seus filhos são menos do que anjos.
Desse modo, quero deixar esse pensamento para as
crianças que constantemente exigem que seus pais façam
coisas para elas. Há órfãos que nem ao menos têm uma mãe
ou um pai para amá-los ou cuidar deles. Por que pedir coisas
supérfluas a seus pais que os têm amado todo esse tempo?
Parte Quatro

As estradas que levam à ruína


Capítulo 20
Crianças adictas a Apāyamukha (as
Estradas para a Ruína)

O amor pelos filhos faz com que os pais trabalhem


arduamente para ganhar dinheiro, para poder fornecer aos
filhos confortos como uma boa instrução, brinquedos e
roupas, e também para que seus filhos não precisem se
envergonhar por apresentar sinais de pobreza. Eles amam os
filhos cegamente, e essa cegueira faz com que não percebam
que estão dedicando todos seus esforços para o crescimento
e o conforto físico dos filhos, enquanto negligenciam seu
crescimento emocional e espiritual, igualmente importantes.
Então, os pais se surpreendem e se entristecem quando
descobrem os filhos usando drogas, bebendo e tendo outros
comportamentos vergonhosos.
O comportamento autodestrutivo é tão prejudicial para
o futuro de uma criança quanto a falta de instrução ou a falta
de alimentos. Caso se permita que essas crianças continuem
trilhando as Estradas para a Ruína, ou Apāyamukha, elas
destruirão seu próprio futuro.
1) Ensine seus filhos. Em uma família em que as
crianças não desenvolveram mau comportamento, deve-se
ensinar a elas o que é certo ou errado e como demonstrar
autodisciplina.
2) Aborde o problema imediatamente. Se as crianças já
iniciaram um comportamento autodestrutivo, ele deve ser
tratado de forma imediata e decisiva.
Há ensinamentos budistas que abordam os papéis e as
responsabilidades dos pais. Se os pais esperam que os filhos
tenham um futuro brilhante e alcancem o sucesso tanto no
âmbito profissional quanto pessoal, cinco critérios devem ser
alcançados:

1) Ensinar os filhos a se absterem de más ações. 2)


Ensinar os filhos a fazerem boas ações. 3) Propiciar
instrução aos filhos para que eles tenham conhecimento,
trilhem uma carreira e aprendam a ter responsabilidade.
4) Quando chegar o momento de os filhos escolherem
um(a) parceiro(a) para a vida, os pais devem ajudar no
processo. Explique a eles o que precisam fazer para se
preparar para a vida em família e as responsabilidades
envolvidas. 5) Quando chegar o momento, passe os bens
e propriedades aos filhos. Dê a eles sua herança, para que
iniciem o próprio legado. Muitas vezes, os filhos têm
problemas mais tarde na vida porque os pais não cumpriram
com essas responsabilidades. Por que algumas crianças se
comportam muito mal? Nossos ancestrais nos deram uma
resposta muito interessante. "As capacidades que
encontramos hoje em dia relativas à paternidade são motivo
de inquietação. Nem sequer nos preocupemos com a
incapacidade de ensinar os filhos a evitar más ações e fazer
apenas boas ações, porque alguns pais sequer conseguem
discernir entre certo e errado, bem e mal, mérito e pecado.
Alguns inclusive se envolvem em mau comportamento na
frente dos filhos e eles acabam testemunhando essa atitude.
Essa é a parte mais assustadora.” Não deixe o ensino
apenas aos professores Nossos ancestrais declaravam:
"Alguns pais são capazes de discernir entre o bem e o
mal, mas não ensinam esse conhecimento aos filhos. Como
seu amor e preocupação com relação aos filhos são tão
grandes, eles podem se tornar superprotetores. Proíbem os
filhos de ir a qualquer parte sem explicar os motivos pelos
quais não podem. Os pais devem perceber que não podem
estar com os filhos o tempo todo. De uma forma ou de
outra, as crianças encontrarão uma forma de ser
independentes. Em vez de lhes proibir fazer algo sem
motivos, seria mais benéfico dedicar algum tempo para lhes
ensinar sobre o bem e o mal, o certo e o errado, e as razões
pelas quais devemos ou não devemos fazer algo. Ensine-os
e incentive-os regularmente a fazer boas ações. Quando
se trata da educação dos filhos, a maioria dos pais dá todo o
apoio necessário, mas alguns têm uma expectativa
demasiadamente elevada. Nossos ancestrais nos deixaram o
seguinte pensamento a considerar. “Alguns pais empurram
os filhos para escolas famosas e reputadas na Tailândia, sem
se preocupar com os elevados custos das mensalidades. A
única preocupação deles é que as crianças, uma vez
matriculadas, se tornem inteligentes por causa do elevado
nível dos professores da escola. “Gostaria de lembrar a
vocês que essa forma de pensar tem falhas, porque ensinar
as crianças a diferenciar o bem do mal e o mérito do pecado
são tarefas difíceis. Esse tópico requer extensas explicações e
se ajusta melhor para uma instrução em nível individual, ou
com apenas duas ou três crianças por vez. Os pais devem
explicar de tal forma que a criança possa absorver a
informação. É uma expectativa demasiado grande pensar
que os professores da escola poderão lhes ensinar essas
coisas, pois os professores já têm alunos demais pelos quais
se responsabilizar." Quando os filhos estão em casa, os pais
devem primeiro se focar nos ensinamentos do Senhor Buda
sobre comportamento moral, antes de proceder para outros
tópicos, como escolher uma esposa e herança familiar. Ao
final, quando confrontados com tentações como andar de
clube em clube, beber e se drogar, os filhos serão capazes de
fazer julgamentos sólidos sobre se devem ou não fazer algo.
2. Mantendo os filhos longe de Apāyamukha. Quando
as crianças já têm o hábito da Apāyamukha, a única forma
de trazê-las de volta é conversando com elas, sem nunca
recorrer à raiva. Permita que as crianças cheguem às suas
próprias conclusões, uma vez que compreenderem que a
preocupação dos pais se baseia em seu amor por elas.
Muitas vezes, elas tomam decisões sem compreender por
que essas decisões estão equivocadas. Algumas vezes, elas
nem mesmo percebem que estavam preocupando ou
magoando os pais.
Há três temas importantes que os pais precisam
explicar aos filhos.
1) Ensine a eles que o dinheiro vem do trabalho árduo
Um pai pode explicar que sair à noite e beber muito
com os amigos é um desperdício de dinheiro, que foi ganho
com muito esforço. As pessoas devem trabalhar muito para
comprar itens necessários como comida, abrigo e roupas, e
os pais batalham para construir um legado para os filhos.
Desperdiçar esse dinheiro em poucas horas de diversão é
como deixar o futuro de alguém se evaporar no ar. Explique
que nem todos saem para dançar ou consumir álcool. Na
verdade, há muitas pessoas que se envolvem em atividades
mais dignas, como ser voluntários na ajuda aos sem-teto ou
ler para pessoas cegas. É certamente muito mais
recompensador do que sair todas as noites. 2) A pressão
dos pares pode influenciar o comportamento
Os pais também podem explicar que os jovens tendem
a fazer coisas tolas. Eles não têm experiência de vida, e
muitas vezes têm uma compreensão imperfeita do certo e do
errado. Querem experimentar coisas ruins, como drogas e
álcool, apesar de conhecer as conseqüências legais e muitas
vezes sem saber das conseqüências morais. Explique que
sair todas as noites com amigos desse tipo pode levar uma
pessoa boa a cair em tentações a que ela não consegue
resistir.
3) Viver de forma perigosa traz conseqüências reais
Os pais também podem explicar as ciladas de um estilo
de vida perigoso. Estar próximo a pessoas alcoolizadas ou
embriagar-se são atitudes que potencialmente apresentam
inúmeros resultados terríveis: envolver-se em brigas, ser
preso, contrair HIV ou outra doença, ou até mesmo ferir-se
ou ser morto. Explique que os filhos são o tesouro mais
precioso que você tem, e a idéia de perdê-los é o pior
pesadelo de um pai ou de uma mãe. Todos os pais desejam
que os filhos sejam os melhores, alcancem totalmente seu
potencial e sejam pessoas admiradas pelos outros. Querem
vê-los na companhia de boas pessoas, cujo exemplo os
inspirará e os melhorará. Mesmo antes de os problemas
surgirem, se os pais discutirem esses tópicos com os filhos,
de forma amorosa e racional, estes entenderão o imenso
amor que os pais têm por eles. Esse pode ser o ponto de
partida para que pensem e ajam de forma mais responsável,
e que consigam discernir entre os bons amigos e as más
companhias. É possível encontrar atividades mais
construtivas para ocupá-los.
As famílias que já se encontram em crise ainda podem
encontrar soluções eficazes se lembrarem do seguinte: o
amor dos pais pelos filhos não é suficiente; deve vir
acompanhado pela razão e pelo entendimento. Com um
trabalho constante, os pais podem reconquistar os filhos
desobedientes, e os filhos podem reconquistar pais
honrados.

Capítulo 21

O marido infiel e alcoólico


Um marido que é infiel e que bebe demais pode
destruir uma família. Como é possível salvar um casamento
de um indivíduo assim? Luang Phaw deu uma resposta
muito interessante para esse enigma.
Escolhendo o parceiro de vida
Luang Phaw explicou que, ao escolher um parceiro
para a vida, devemos observar os casais e analisar sua
experiência. Descobriremos que, antes de eles se casarem,
ambos confiavam em que tinham escolhido o parceiro de
vida que mais se adequava a cada um. Imaginavam que,
uma vez casados, sua vida seria abençoada. Imaginavam
que qualquer conflito seria mínimo e se resolveria
amigavelmente, e que nunca abandonariam um ao outro.
Entretanto, uma vez que viveram juntos por algum tempo, o
encantamento inicial se dissipou e eles viram seus maridos
ou mulheres exibindo algumas vezes seus piores
comportamentos. Independente de esse outro lado do
cônjuge levar a conflitos maiores ou menores, sempre haverá
problemas a enfrentar. Ao final, a felicidade mágica que eles
previram um dia na sua vida de casados é apagada pela
realidade.
O Senhor Buda nos deu critérios para escolher a pessoa
certa como parceiro de vida. Ele ou ela devem ter as
seguintes quatro qualidades:
1) Compreender e confiar na Lei do Kamma 2)
Observar os Preceitos 3) Estar disposto a ajudar os outros 4) Ter sabedo
Essas quatro qualidades são essenciais para
desenvolver uma sólida base para a vida. Portanto, devemos
buscá-las também em nosso parceiro de vida. Confrontando
um marido adúltero
No livro Good Question Good Answer (Boa Pregunta, Boa
Resposta), Luang Phaw oferece respostas com relação a
problemas na família, e ele disse o seguinte sobre como lidar
com um marido adúltero:
Há dois fatores principais que podem levar um homem
a se tornar adúltero. 1) Um marido se desvia porque sente
falta de algo em sua esposa. Embora esta seja uma
tarefa muito difícil, uma esposa precisa compreender as
falhas que ela pode ter que influenciaram a traição de seu
marido. Buscar nossas próprias falhas requer que
primeiramente acalmemos nossa mente. Não há melhor
forma de alcançar clareza do que praticar a meditação
diariamente. As menores falhas dos outros são percebidas
como enormes, ao passo que não conseguimos reconhecer
nossas próprias falhas, gigantescas e espantosas. Quando
fechamos os olhos para meditar, podemos apenas ver a nós
mesmos. Nossas falhas lentamente surgirão diante de nós.
Quanto mais calma estiver a mente, mais poderemos ver. Se
pudermos começar a ver nossas próprias falhas, também
surgirá uma forma de remediá-las.
Há uma coisa sobre a qual gostaria de advertir a esposa
que tem um marido adúltero: não recorra a magia negra ou a
comportamento vingativo apenas para mortificá-lo. Essa
não é a solução, e apenas inflamará a hostilidade.
2) Um marido infiel pode ser adúltero por hábito
Esse tipo é muito difícil de remediar, portanto uma
esposa só pode suportar e considerar esse fato a triste
conseqüência de não avaliar bem as pessoas e escolher
alguém assim como marido. Você pode controlar apenas
seu próprio comportamento, e é melhor manter sua
dignidade não fazendo retaliações com a mesma atitude.

Mudar um marido adúltero requer tempo. Continue a


realizar boas ações para que ele sinta apreciação. Talvez ele
pare com seus hábitos de ser infiel. Embora isso possa
demandar muitos anos, é de fato tudo que podemos fazer.
Confrontando um marido alcoólico Luang Phaw
também tinha recomendações para essa situação: Se uma
esposa se vê casada com um marido alcoólico, ela precisa
analisar e aceitar o fato de que isso talvez se deva a suas
escolhas erradas. A primeira escolha que ela fez foi se
casar em vez de permanecer solteira.
A segunda escolha que fez foi se casar com um homem
que bebia demais.
Ter um esposo e pai alcoólico em casa é prejudicial para
as crianças. Estas, vendo sua conduta bêbada e desordeira,
tornam-se também agressivas. Elas aprendem de seu
exemplo e podem acabar sendo alcoólicos. Uma esposa deve
corrigir essa tendência nos filhos da forma mais diligente
possível. A vida de casado não é fácil. Se você fizer as
escolhas erradas desde o princípio, você terá de lidar com as
conseqüências pelo resto de sua vida.
Mulheres solteiras, lembrem-se de que é difícil
encontrar homens que sejam fiéis e que se abstenham de
beber. Portanto, vocês estão muito melhor solteiras. É uma
escolha mais sábia.
De acordo com a Lei do Kamma, ter um cônjuge
alcoólico indica que, em uma vida passada, você aprovava o
fato de beber e não desencorajava as pessoas a fazê-lo. Em
vez disso, você lhes servia deliciosos lanches para
acompanhar a bebida, incentivando-os a beber ainda mais.
Esse Kamma levou a que você tivesse um marido alcoólico.
Se você se encontra nessa desafortunada situação, é
importante manter o bom ânimo. Continue indo ao templo e
praticando dana e acumulando mais méritos. Se você tiver
filhos, traga-os ao templo e faça desse hábito uma parte de
suas vidas desde a mais tenra infância. Entoem cânticos e
meditem juntos. Mantenha sua disciplina e a deles também.
Desculpamo-nos se algum leitor sentir que Luang
Phaw está abordando de forma muito direta algo que pode
estar ocorrendo em sua vida. O ensinamento é incluído aqui
por um desejo de ilustrar àqueles que ainda estão solteiros
uma situação que pode ocorrer na vida de um casal. Dessa
forma, eles podem abordar o casamento com os olhos bem
abertos e escolher seus parceiros de forma cuidadosa e
prudente.
Capítulo 22
As estradas que levam à ruína
Muitos jovens recém-formados costumam ser diligentes
e focados quando iniciam seu primeiro emprego. Alguns
dias eles até trabalham horas adicionais com a esperança de
conseguir um bom salário ao final do mês. Entretanto,
depois de trabalhar muitos anos, em vez de uma situação
financeira melhor, o que eles juntaram foram dívidas. Eles
acabam vivendo de contracheque em contracheque, embora
tenham trabalhado tanto. Como algumas pessoas
conseguem dilapidar sua própria riqueza? Muitas pessoas
que vêem seus amigos lutando financeiramente não sabem o
que dizer, já que o dinheiro é um tema delicado para se
conversar com alguém. Embora preocupadas, elas não
sabem como ajudar.
Eu mesmo me deparei com esse problema e senti o
desespero. Essa experiência me levou a repassar minhas
anotações sobre os ensinamentos de Luang Phaw.
Luang Phaw disse que, quando tinha cerca de 30 anos,
e ainda não tinha sido ordenado, ele próprio estava em
apuros financeiros. Embora estivesse ganhando um bom
salário, ele ainda gastava mais do que ganhava. Incapaz de
corrigir a situação, ele procurou a ajuda de sua mãe. Ela
pôde ajudá-lo financeiramente. Ela lhe disse: “Filho, não é
importante quanto dinheiro você ganha, a questão é quanto
você economiza. Neste mundo, muitas pessoas ganham
muito, mas sobra pouco ou nada. Ao mesmo tempo, há
muitos que ganham menos, mas que economizaram mais.”
Ela continuou: “Ganhar muito mas ter pouco sobrando
é como usar uma cesta de bambu para coletar água. Quando
a cesta é submersa, fica cheia de água, mas quando
levantamos a cesta, você terá uma cesta molhada e nenhuma
água. “Entretanto, ganhar um pouco mas economizar
muito é como usar uma casca de coco ou uma bacia para
coletar a água. Embora seja uma vasilha pequena, ela
carregará a água com segurança.”
Se uma pessoa ganhar muito, mas se dedicar a beber, é
como ter um vazamento na vasilha. Se você joga, mesmo
quando sabe que não deve, é outro tipo de vazamento. Sair
para socializar em um bar, clube ou em locais que você não
deveria ir, também forma um vazamento. Todos esses
"vazamentos" podem ser chamados de Apāyamukha, ou
Estradas que levam à Ruína.
Nós aprendemos sobre as estradas que levam à ruína
muitas vezes, mas nunca implementamos os princípios para
evitá-las em nossas vidas diárias. Quando sofremos,
culpamos a sociedade ou outra pessoa. Luang Phaw
recebeu muitos bons conselhos de sua mãe naquele dia, e
conseguiu mudar seu comportamento. Ele se tornou mais
prudente com seu dinheiro e se manteve longe de dívidas.
************************************** Luang Phaw entrou pela
primeira vez ao templo quando um amigo o convidou para
ir meditar. Naquela época, ele havia se envolvido em um
conflito com seu chefe. Na noite antes de ir ao templo, ele
havia bebido muito, e na manhã seguinte estava de ressaca.
Quando chegou ao templo, seus amigos o convidaram para
se unir a eles para a cerimônia de oferenda da túnica, cujo
mérito o ajudaria no trabalho. O conflito com seu chefe
ainda estava fresco em sua mente, e sentindo um pouco a
ressaca, ele retorquiu: “Mérito! Não posso ver como isso
possa ajudar alguém. Faço méritos regularmente, mas ainda
tenho problemas com meu chefe.” Khun Yay (Khun Yay
Ajahn Ubasika Chand Khonnokyoong) ouviu essa conversa
e pediu a Luang Phaw que se encontrasse com ela. Ela disse:
“Filho, você mencionou que os méritos não podem ajudar
em nada? Em um ano, quanto mérito você realizou?”
Luang Phaw replicou, “Eu dôo 100 ou 200 bahts por
mês, portanto em um ano isso totaliza 2.000 ou 2.500 bahts.”
Khun Yay uniu as mãos e disse: “Muito bom, continue
fazendo isso.” Ele pensou que a conversa tinha acabado,
mas Khun Yay continuou fazendo perguntas. “Filho, você
fuma?” “Sim, eu fumo.” “Quanto você gasta em
cigarros por ano?” Naquela época, Luang Phaw fumava
cigarros que custavam seis bahts por maço, e fumava cerca
de 1 ½ a 2 maços por dia. Ele respondeu: "Cerca de 3.000 ou
4.000 bahts por ano.” Khun Yay continuou perguntando:
“Você bebe?” “Sim, eu bebo.” “Quanto você gasta por
ano bebendo com seus amigos?” “Khun Yay, se você
multiplicar a quantidade de dinheiro gasto em cigarros duas
ou três vezes, seria cerca de 12.000 bahts em bebidas.”
“Você vai a clubes com os seus amigos?”
“Sim, vou.” “Quanto você gasta em um ano indo a
clubes?” “Acredito que cerca de duas ou três vezes a
quantia gasta em bebidas.” “Filho, você contribui com
cerca de 2.000 a 2.500 bahts todos os anos para fazer méritos,
mas ao mesmo tempo você gasta 100.000 bahts em cigarros,
bebidas e clubes. Entretanto, você reclama que os méritos
não estão ajudando você. Se você morresse agora mesmo e
não fosse para o inferno, poderia se considerar um homem
de muita sorte. Você tem diplomas de uma universidade
tailandesa e de outros países, ainda assim não consegue
analisar sua própria situação logicamente?” Quando
recebeu a rigorosa reprimenda de Khun Yay, ele se
recuperou da ressaca e sentou-se quieto por uns instantes.
Luang Phaw disse: “Esse momento foi o empurrão que
me ajudou a parar de beber. Embora Khun Yay apenas tenha
pronunciado umas poucas palavras, ela me fez querer voltar
para casa e esmagar todas as garrafas de bebida que eu
tinha. A partir daquele momento, nunca mais toquei uma
gota de álcool.” Uma vez que ele parou de beber, instou
seus amigos a pararem também. Ele lhes disse: “Quando os
aniversários vêm, normalmente pensamos em bebida, em
vez de pensar em nossas mães. Desta vez, quando for nosso
aniversário, devemos ir e agradecer nossas mães e mostrar-
lhes nossa gratidão por nos ter permitido nascer, em vez de
desperdiçar nosso dinheiro bebendo com os amigos.”
Luang Phaw continua: “Se não nos apressarmos a sair
das estradas que nos levam à ruína, seremos como espinhos
para a sociedade. Cairemos mais fundo na dívida e
atrairemos apenas más companhias. “Se pararmos de
beber, fumar e jogar, nossos amigos imorais desaparecerão.
Boas pessoas vão desejar nossa amizade. A deterioração
social diminuirá. E nossas próprias finanças estarão mais
seguras. “Decidi não beber nem fumar, e sim ir ao templo e
estudar seriamente o Dhamma. Não perdi tempo tentando
reduzir meus vícios um pouquinho por vez. Cortei-os
imediatamente e por completo naquele dia. “Se eu não
tivesse as pessoas que mais respeitava, minha mãe e Khun
Yay, para me indicarem minhas próprias falhas, eu não
estaria aqui compartilhando essas inquietações com todos
vocês hoje. Vão e perguntem a seus amigos se eles têm
dívidas cada vez maiores porque dilapidam seu dinheiro
tão duramente ganho?” Usar seu dinheiro em Apāyamukha
é como comprar problemas para sua vida. Isso arruinará
não somente suas finanças, mas acabará arruinando sua
carreira e toda sua vida. Se você perceber a estupidez de seu
comportamento, você deve buscar solução para ele. Resolva-
se a abandonar Apāyamukha completamente hoje, pois se
você não escolher se ajudar, ninguém mais poderá ajudá-lo.
Capítulo 23

Por que buscar prostitutas é


um pecado
Nestes tempos, o número de pessoas com AIDS está
aumentando. Um dos motivos para esse aumento é que a
maioria dos homens jovens acredita que buscar uma
prostituta não é moralmente errado porque acreditam que
não é uma conduta sexual errada se houver consenso. Um
dos pensamentos equivocados mais comuns dos homens é:
“O que está errado em buscar uma prostituta?”
Os ensinamentos do budismo claramente indicam que
o problema de ser ou não errado procurar uma prostituta
não é determinado com base nos Preceitos (sila), mas recai
no conceito das estradas que levam à ruína (Apāyamukha).
“Apayā” significa uma forma de deterioração,
desastre ou algo que não leva à prosperidade.

“Mukha” significa face, forma ou portão.

Assim, Apāyamukha significa uma porta para a


deterioração, o desastre e o prejuízo.

Qualquer homem, solteiro ou casado, que procura uma


prostituta, sem importar as circunstâncias, tem uma
aparência maculada pela deterioração, o desastre e o
prejuízo. A partir deste momento, sem importar o que ele
faça, as pessoas ao seu redor o verão com desconfiança.

1) Ele tem AIDS? A maioria das pessoas sabe que


quando alguém se envolve com prostitutas, inevitavelmente
é seguido por doenças sexualmente transmissíveis e a AIDS.
Além disso, ele mesmo se perguntará repetidamente se não
contraiu AIDS.
2) Uma boa pessoa verá esse homem como alguém que
deshonra as mulheres.

3) O homem está cultivando um mau hábito,


uma atitude de tratar as mulheres com condescendência.
Uma vez casado, ele usará esse mau hábito com sua esposa.

4) Desperdício desnecessário de dinheiro.


Podemos dizer que um homem está gastando dinheiro para
comprar deterioração, desastre e prejuízo para ele mesmo.
Seria mais benéfico dar o dinheiro a sua mãe para que ela
pudesse fazer mais méritos.

Portanto, os monges nos recordam:


“Se você estiver prestes a gastar dinheiro com uma
prostituta, pense em sua mãe e quanto ela padeceu para criar
você até o dia atual. Agora que seus filhos podem se
sustentar sozinhos, eles devem dar dinheiro a ela para fazer
mais méritos que a seguirão em vidas futuras. Há mães que
criam os filhos até o ponto em que eles usam todas as suas
economias e não têm mais tempo para acumular mais
méritos”.

Luang Phaw nos recorda que se continuarmos


ensinando e educando os outros, há esperança de que
estupros, maus comportamentos sexuais e mortes causadas
por desejo sexual e luxúria diminuam substancialmente.
Além disso, os problemas crescentes com prostitutas e AIDS
desaparecerão da Tailândia e do mundo. O povo da Tailândia
ganhará grandes méritos.

Capítulo 24

O jogo nunca deixou ninguém rico


Mesmo antes de tocar o primeiro apito de um jogo de
futebol, dinheiro emprestado, salários, mensalidades
escolares e as pensões de muitas pessoas já foram colocados
em apostas na mesa de jogo. Isso é um panorama típico que
ocorre fora do campo de futebol, e tem efeitos
impressionantes em toda a família.

Estima-se que, em um dia típico, o dinheiro que circula


para apostas em um jogo de futebol supere vários milhões.
Isso é um número extremamente elevado para um país em
desenvolvimento como a Tailândia.
Os corretores de apostas transbordam de
contentamento quando vêem os números e quanto dinheiro
irão coletar. Entretanto, para aqueles que trabalham em
empregos honestos, essa forma de vida é considerada cruel,
porque os corretores estão ganhando dinheiro de pessoas
que não sabem como usar seu dinheiro.

Essas pessoas sem um centavo, que perderam todo seu


dinheiro no jogo, voltam-se então para os corretores em
busca de empréstimos. Se eles não puderem conseguir o
dinheiro para saldar sua dívida, recorrerão a atividades
criminosas, corrupção e prostituição para poder pagá-la.

A idéia de trabalhar em uma profissão honrada


desaparece de suas mentes à medida que se enterram cada
vez mais fundo no vício do jogo. O vício é difícil de romper
porque o único tópico é recuperar o dinheiro perdido.

Como todos nós somos tailandeses, temos que


considerar as melhores intervenções para ajudar aqueles que
sofrem com este vício para obter os melhores resultados. Há
quatro coisas que devemos analisar:

1) Não devemos nos envolver em apostas de jogo.

2) Precisamos evitar que nossos filhos se tornem


apostadores, explicando-lhes os danos e o perigo do jogo.

3) Não devemos promover ou incentivar um ambiente


de apostas em casa, no trabalho ou na escola.

4) Devemos explicar a nossos entes queridos a


destruição provocada pelas apostas, e como estas nunca
tornaram ninguém rico.
Por que os apostadores não ficam ricos? Porque eles já
destruíram seu valor interno verdadeiro.

1) O jogo de apostas destrói nossa qualidade


humana.

A qualidade de ser humano depende de nosso nível de


honestidade. No instante em que nos envolvemos com
apostas, surge automaticamente a falsidade, e a honestidade
se perde. Sempre que a aposta se instala, a falsidade
aparecerá. Se não ocorrer fraude durante o jogo,
compreenda que isso é porque a oportunidade ainda não
apareceu.

2) O jogo de apostas destrói nossa sabedoria.

Os apostadores que perderam seu dinheiro perceberão


o dinheiro como uma deidade que pode lhes proporcionar
tudo. Eles esquecem que há muitas coisas que o dinheiro não
pode comprar. Quando eles têm dinheiro, o gastam em
coisas inúteis, já que não sabem com que rapidez este
passará para outras mãos, ou quando poderão perdê-lo no
jogo. Eles se tornam desperdiçadores e não sabem o
verdadeiro valor do dinheiro. Eles só vêem o dinheiro como
um pedaço de papel. Uma vez que o gastam, anseiam por
mais dinheiro uma e outra vez, pelo resto de suas vidas. Em
vez de usar a sabedoria que possuem de forma benéfica, eles
a usam para maquinar formas de enganar os outros.

3) O jogo de apostas desperdiça nosso tempo.

Quando as pessoas apostam, esquecem de tudo.


Mesmo quando vencerem, esquecerão de tudo.
Quando perderem, tentarão com ainda mais afinco encontrar
formas de recuperar seu dinheiro. Não pararão de jogar até
que o façam, a menos que sejam forçados a parar porque
todo seu dinheiro foi perdido. Quando vencem, nunca é
suficiente. Com cada dia que passa, eles podem perder seu
emprego e outras coisas importantes sem nem sequer se dar
conta.

4) O jogo de apostas destrói nossa saúde.

Quando as pessoas apostam, elas negligenciam e


sacrificam seu descanso e seu sono, adiam ir ao banheiro e
comem em horas irregulares do dia e da noite. Como
resultado, sua saúde fica comprometida e podem sobrevir
doenças.

Como você pode ver, o jogo de apostas destrói tudo,


mesmo nossa qualidade de ser humano. Mesmo quando
vencem, não podem gastar em nada que seja benéfico por
muito tempo. Assim, nunca ficam ricas e não podem
encontrar segurança na vida.

O jogo, não importa sob que forma, é uma fonte de


destruição e descuido. É melhor nunca se envolver.

Portanto, durante a estação frenética do futebol,


devemos proteger uns aos outros e aos seres queridos para
não se envolverem em apostas. Isso requer um esforço
grupal para explicar os efeitos prejudiciais do jogo de
apostas. Vamos espalhar isso um por um, passar adiante.
Com cada som do apito, podemos evitar que nossos filhos se
escravizem do jogo.
Capítulo 25

Filhos que querem que seu pai


pare de beber
Muitas famílias podem ter enfrentado o problema
diário de ver seu pai bêbado e brigando. Uma vez bêbado, o
pai grita com os vizinhos, instiga brigas com sua esposa e
bate nas crianças. Isso exaspera a todos no lar. Entretanto,
por causa do amor e gratidão que eles têm por seu pai, os
filhos desejam encontrar uma forma de ajudá-lo a parar de
beber. Infelizmente, os filhos muitas vezes não sabem o que
fazer. Portanto, eu gostaria de recomendar um método que
usei uma vez e que funcionou para mim, e que talvez possa
ser uma orientação prática para indicar a esses pais a direção
certa.
Havia um estudante que se aproximou de Luang Phaw
procurando aconselhamento para ajudar a seu pai a parar de
beber, porque toda vez que seu pai bebia, tornava-se violento
e gritava com os vizinhos. Isso fazia com que este estudante e
sua mãe tivessem vergonha e medo de sair. Também fazia
com que os vizinhos os olhassem com desprezo e que fossem
hostis.

Essas preocupações o levaram a procurar conselho com


Luang Phaw, que ele respeitava como seu próprio pai. Para
aliviar o desassossego do estudante, o seguinte conselho foi
dado:

É uma desventura que seu pai seja tão dependente da bebida.


Seria mais fácil falar sobre isto se fosse outra pessoa, e não
seu próprio pai. Mesmo antes de você terminar de explicar
sobre sua preocupação, ele provavelmente responderá
dizendo que não deveria estar lhe dizendo isso, e que ele
criou você desde que era bebê, quando seus pés eram tão
pequenos quanto conchas do mar.

Luang Phaw também passou por isso. Embora eu seja


um Bhikkhu e tenha ensinado inúmeras pessoas a parar de
beber e fumar, ainda assim foi difícil quando precisei fazê-lo
com minha própria família. Eu voltava para casa e dizia:
“Pai, por favor, pare de beber para que sua saúde possa
melhorar. Você pode usar seu tempo para ouvir ao Dhamma,
e para meditar.” Toda vez que eu mencionava este assunto,
sempre tinha uma resposta negativa, mas nunca desisti.

Naquela época, meu pai tinha setenta anos. Eu queria que ele
entoasse cânticos, meditasse e purificasse sua mente, e
esperava que ele acumulasse o máximo de méritos possível
durante a última parte de sua vida, para poder carregar esses
méritos consigo em suas vidas futuras.
Quando tentei persuadi-lo a deixar a bebida e vir ao templo
para fazer méritos, ele retorquiu: “É uma excelente idéia. Se
eu começar a meditar hoje e beber enquanto estiver fazendo
isso, pode ser que minha meditação fique ainda mais clara.”

Como deveria reagir, se ele respondia dessa forma? Se eu


falasse de forma muito dura com ele, geraria um mau
kamma, pois ele era meu pai. Se não o advertisse, não estaria
recompensando-o por me dar a vida. Lutei por anos e anos
antes de encontrar uma solução.

Finalmente, eu tive que usar a engenhosidade para resolver


esse problema. Comecei dizendo a minha mãe que não
comprasse bebidas para ele. Como ele não podia intimidar
minha mãe para que o fizesse, ele se voltou para minha irmã.
Então, pedi a minha irmã que não comprasse bebidas
alcoólicas para ele. Quando ele não pôde pedir aos filhos,
voltou-se para seus netos. Então, eu disse aos netos que não
comprassem bebida alguma para o avô. Quando os netos se
recusaram a fazer o que o avô tinha pedido, ele reclamou e os
xingou. Pedi aos netos que apoiassem o avô por amor.

Como último recurso, meu pai então coagiu seus bisnetos,


que tinham sete e oito anos, a comprar bebidas para ele. Eu
tive que guiar e instruir os bisnetos, usando vários métodos.

O processo foi como derrubar uma árvore. Não podemos


cortar a raiz principal, devemos primeiro cortar as raízes
secundárias. A raiz principal mais cedo ou mais tarde
morrerá, já que suas fontes de nutrientes foram cortadas e
eliminadas.

Finalmente, meu pai conseguiu largar a bebida porque


ninguém comprava para ele, e a loja de bebidas ficava muito
longe de casa para que fosse por conta própria. Fomos muito
afortunados. Meu pai faleceu com 86 anos. Ele parou de
beber completamente com 80 anos, portanto esteve sem
ingerir bebidas alcoólicas por apenas seis anos antes de
falecer.

Se você deseja ajudar seu pai a parar de beber, deve


pacientemente buscar um método que seja adequado para
ele. Não desista, nem por um dia, e você encontrará um
meio.

Prezados e respeitáveis leitores, agora que vocês leram até


esta parte, vocês devem perceber que é uma tarefa difícil
para os filhos que querem ajudar seu pai a parar de beber.
Ao ensinar adultos, precisamos fazê-los pensar.
Para evitar embaraços, precisamos usar a sabedoria
e descobrir uma forma que seja adequada à
personalidade deles. Devemos perseverar para
poder conduzi-los para longe dos reinos
desafortunados (Apayabhumi).

Da mesma forma, o Senhor Buda, depois de alcançar a


iluminação, não retornou imediatamente para a cidade de
Kapilavatthu, para falar do Dhamma a seu pai. Ele percebeu
que, se tivesse feito isso, seu pai não teria ouvido. Em vez
disso, depois da iluminação, o Senhor Buda primeiro foi
ensinar as pessoas na cidade de Magadha. Ele desejava que
sua reputação crescesse e chegasse até seu pai, e que os
outros falassem de sua bondade. Uma vez que sua reputação
cresceu, ele teve certeza de que seu pai tinha completa
confiança nele.

Mesmo então, o Senhor Buda teve de realizar um milagre


caminhando em círculos, caminhando no ar e
desencadeando uma poderosa chuva Bokarapotta. Aquelas
pessoas que queriam se molhar, se molharam, e aquelas que
não queriam, não se molharam. Foi um forte temporal.

Depois que seu pai e a família real testemunharam o milagre,


deixaram que sua teimosia se fosse e demonstraram seus
respeitos prestando homenagens ao Senhor Buda. Eles
ouviram e acreditaram em seu Dhamma, e alguns acabaram
alcançando a iluminação.

A moral da história do Senhor Buda é que, para que os


filhos tenham sucesso ao ajudar seus pais a deixar
de beber, eles próprios precisam ser íntegros, e
devem ser modelos que as pessoas possam
respeitar. Deixe seu pai reconhecer que você é inteligente e
capaz, para que não possa olhá-lo com desprezo. Então,
encontre uma abordagem adequada que seja respeitosa e
apropriada para ele. Se você tiver êxito, também ganhará
imenso mérito por ajudá-lo.
Capítulo 26

Pais que os filhos detestam


Algumas vezes, quando o pai está habituado a tomar as
estradas para a ruína [Apāyamukha] e não é capaz de ser o
líder da casa, as responsabilidades recaem sobre a mãe. Se
essa situação ocorre regularmente na família, os filhos
muitas vezes sentem que seu pai está se aproveitando da
mãe. Algumas vezes, esse sentimento é tão forte que
começam a detestar o pai. Se alguma família estiver
enfrentando esse problema, qual seria a forma correta de que
os filhos possam corrigir a situação?
Uma vez, havia um menino que veio ver Luang Phaw
para consultá-lo a respeito de seu pai.
“Luang Phaw, sinto que meu pai se aproveita
injustamente de minha mãe. Ele não se importa com os
filhos e só pensa em si mesmo. Só está preocupado com seu
próprio bem-estar. Durante os tempos difíceis, ele deixa que
nossa mãe ganhe o dinheiro para cuidar de nós. Ele fica em
casa e a trai com a empregada. Eu recebo retribuição
kammica se eu detestar meu pai?”

Luang Phaw deu o seguinte conselho ao menino:

Já é errado que seu pai não esteja sendo responsável


por seus deveres. Além disso, procurar confortos na vida
somente para ele, e trair sua mãe com a empregada, rompe o
preceito do adultério. Ele está acumulando um imenso
kamma negativo por conta própria.

Os problemas que ele tem com sua mãe são


estritamente entre eles dois.

Luang Phaw quer lembrá-lo de que, quando você olhar


para seu pai e sua mãe, considere o seguinte: antes de que
qualquer ser vivente nasça, é necessário que tenha
um protótipo.

Por exemplo, se tivermos um pedaço de argila e a


modelarmos para fazer um copo, quando colocarmos a argila
no molde teremos um copo. Se tivermos um molde de uma
vasilha, teremos uma vasilha. Se tivermos um molde com a
imagem de Buda e colocarmos argila no molde, teremos uma
imagem de Buda à qual prestar homenagens. Essa mesma
argila, se usada com diferentes moldes, terá
diferentes valores. Se não tivermos molde nenhum, a
argila será apenas um pedaço de argila, sem valor adicional.
Para que as pessoas possam nascer, elas
precisam de um protótipo. Se o protótipo dos pais
for uma vaca ou um búfalo, então o filho terá de
nascer como uma vaca ou búfalo. Se o protótipo for
de um macaco, o filho será um macaco. Se o
protótipo dos pais for de um ser humano, então o
filho terá de ser humano também.

Pergunte a si mesmo: se alguém, inteligente graças aos


méritos de uma vida passada, tivesse de nascer do ventre de
um macaco, e chorasse como um macaco ao nascer, quanto
seria capaz de fazer?

Ou pergunte-se em que situação você preferiria estar:


nascer como humano, com pais que não cuidam de você,
resultando em crescer em um orfanato, ou nascer como um
macaco, embora bem cuidado até crescer; que situação é
preferível?

Você gostaria de ter nascido como macaco? Não iríamos


querer isso porque os atributos de um ser humano são os
mais adequados para acumular todo tipo de méritos.
Podemos oferecer doações [Dana], observar os Preceitos
[Sila] e praticar meditação [Bhavana]. Podemos realizar
todas essas coisas. Quando temos os atributos de um
animal, não podemos realizar ações meritórias, e ter o
pensamento superior de um ser humano.

Se você tivesse os atributos de um macaco, fizesse sons


de macaco e vivesse na floresta, você não seria capaz de
realizar qualquer boa ação. Apenas seria tão inteligente
quanto um macaco, e seria um líder macaco liderando seu
grupo enquanto todos saltavam de árvore em árvore. Você
realmente não poderia fazer muito.
Se você fosse inteligente, mas tivesse os atributos de
uma tartaruga que se arrasta lentamente, o que você poderia
fazer? Se fosse esperto, no máximo seria a tartaruga mais
esperta do mundo. Entretanto, você ainda seria apenas uma
tartaruga.

Como você nasceu humano, independente do fato de


seus pais cuidarem de você ou não, deve agradecer a eles por
proporcionarem a você o protótipo de um ser humano.
Criá-lo é uma gentileza adicional que você recebeu como
bônus. Além disso, se eles lhe deixarem uma herança no
valor de 10, 20 ou 100 milhões de bahts, isso é um mérito
extra. O fato de que seus pais proporcionaram a você o
protótipo para ser humano é muito mais que qualquer coisa
que você possa fazer para retribuir inteiramente. Portanto,
não odeie nem magoe seus pais, porque isso é kamma
negativo.

Depois de ouvir Luang Phaw discutindo esse assunto,


questionamo-nos o que teria acontecido com esse menino e
sua família se ele não tivesse consultado Luang Phaw.

Pare de beber para que possa ser um bom


modelo para os filhos. Deixá-los orgulhosos é algo
que um pai deve se esforçar em fazer, pois toda
criança espera ter um pai que seja uma boa pessoa,
e não um alcoólico.
Parte Cinco

A verdade da vida
Capítulo 27

Papai, por que nós nascemos?

Um dia, uma família convidou algumas pessoas à sua


casa para participar de um ritual religioso junto com o
bisavô. Depois da cerimônia, quando todos os convidados
tinham ido embora, o filho perguntou ao pai:
“Papai, já que todos têm que morrer, como
nosso bisavô, então qual é o propósito da vida?”
O pai, que tinha adquirido conhecimentos sobre o
budismo, respondeu ao filho amado:
“Meu filho, bem no fundo, todos, ricos ou pobres,
plebeus ou reis, já se perguntaram o que estamos fazendo
aqui, qual é o verdadeiro propósito da vida. Eu mesmo
costumava me perguntar isso.
Essa pergunta me levou a estudar o budismo
seriamente, o que me deu uma compreensão da vida:
1. A morte não é o fim. Nós ainda teremos de
renascer indefinidamente, enquanto não nos livrarmos de
nossas impurezas.
2. Todas as boas ações e as más ações têm
conseqüências. Elas podem trazer frutos nesta vida ou na
próxima. Podemos ver que algumas pessoas nascem
espertas, outras não. Algumas têm boa aparência, outras
não. Todos esses fatores são os produtos de seu kamma.
3. O céu e o inferno existem. O inferno é a punição
para aqueles que cometeram ações pecaminosas, e o céu é o
lar daqueles que realizaram ações virtuosas.
“E, se observarmos atentamente o nascimento de todas
as criaturas vivas, veremos que elas são diferentes. Algumas
nascem do útero, outras espécies nascem do ovo, e outras
ainda de águas imundas. Mas há espécies que nossos olhos
não viram, mas sobre as quais já ouvimos falar: seres
celestiais e depravados infernais. Eles nascem já crescidos e
sem pais, um nascimento autônomo e espontâneo.
“O conhecimento desses três tópicos eu obtive do
budismo. Eles me influenciaram de forma a melhorar a mim
mesmo, elevar meus princípios morais e acumular méritos.
Estou esperando que, em minha vida futura, quando meus
méritos forem aperfeiçoados, com todas as minhas
imperfeições eliminadas (exauridas), eu siga o Senhor
Buda para o Nibbana.
“Depois de meus estudos, a primeira coisa que veio à
minha mente foi como levar a mim mesmo, meus pais,
sua mãe e todos os meus filhos para longe das más
ações. Além disso, queria assegurar que todos os
nossos avós fossem para o céu. Uma vez que estabeleci
essa meta, dei uma boa olhada em mim mesmo. Embora
ainda tivesse que ganhar meu sustento, manter sua mãe e
todos vocês, assim como seus avós, procurei uma maneira de
minha família ganhar méritos ao mesmo tempo. Assim,
aprendi mais sobre o budismo e aprendi que havia um
conjunto de Dhamma especificamente para leigos. Há quatro
virtudes, e elas são chamadas de Dhamma para Leigos
(Gharāvās-dhamma).

1. Verdade (Sacca)
“Essa primeira virtude me ensinou a ser sincero, direto
e honesto. Lembre-se, meu filho, a maioria das pessoas
recorreria a mentiras para escapar da forca. Você não deve
fazer isso. Você deve responder por suas responsabilidades,
por sua profissão, ser pontual com seus compromissos e
honesto com todos. E, acima de tudo, você deve se guiar pela
ética, como os Cinco Preceitos. Então você não estará sujeito
a desconfiança. Você caminhará com orgulho e
respeito toda sua vida, e é isso que eu obtive.

2. Auto-superação (Dama)
“A segunda virtude é sempre melhorar a si mesmo. Eu
continuo me aprimorando profissionalmente. De uma pessoa
ignorante, continuei avançando até que consegui me tornar
um bom provedor, ter meu próprio negócio, tornar-me
proficiente em minha carreira e me manter atualizado com
as pessoas à minha volta e com os eventos mundiais.
Consegui me controlar para não sucumbir aos vícios, abster-
me da bebida, do cigarro, das mentiras e de enganar sua
mãe. Esses são os valores que obtive que levam à
sabedoria.

3. Resistência física e mental (Khanti)


“Resistir às dificuldades físicas e mentais: esta é a
terceira virtude. Sem importar quais fossem as causas
principais, consegui suportar dificuldades físicas,
esgotamento, dor e maus tratos. Além de tudo isso, fui capaz
de resistir a tentações. Uma vez um monge disse que
qualquer pessoa que conseguisse suportar essas dificuldades
seria forte, carismático e bem-sucedido. E foi assim que eu
obtive minha riqueza.

4. Eliminação das emoções negativas e da


avareza (Cāga)
“A quarta virtude nos ensina a nos livrarmos da
irritabilidade e avareza. Sempre mantenho meu bom humor
e tento ajudar os outros. Essas qualidades conquistaram o
apreço de meus parentes, vizinhos, chefes e subordinados. E,
quando abri meu próprio negócio, eles estavam prontos para
devolver o favor e me avisaram das armadilhas. Foi assim
que obtive meus bons amigos.

“Adotar essas quatro virtudes me permitiu avançar na


carreira, elevar meu status, garantir o sustento da minha
família e cuidar de seus avós. E, enquanto seus bisavós ainda
estavam vivos, garanti que eles pudessem oferecer alimentos
aos monges todos os dias, para assegurar que fossem para o
céu. Agora que eles se foram, continuarei enviando méritos a
eles até que não consiga mais fazer isso.
“E, se você pretende se melhorar moralmente, assim
como melhorar suas aptidões, da forma que eu tenho feito
toda minha vida, então você vai parar de se perguntar qual é
o propósito da vida. Estamos aqui para fechar a porta do
inferno, para continuar nos aprimorando e para realizar
apenas boas ações, até que estejamos livres de todas as
imperfeições e finalmente cheguemos ao Nibbana.”
Depois de terminar este capítulo, o que você vai
dizer a seus filhos?
Capítulo 28

Os jovens e o Senhor Buda

Em anos recentes, uma nova geração de jovens


começou a se perguntar por que os budistas têm o Senhor
Buda como o maior santuário, embora ele tenha sido apenas
um ser humano. Para responder a essa dúvida, houve uma
análise dessa questão, e um monge superior encontrou uma
explicação simples para os jovens.
Um verdadeiro budista precisa ser uma pessoa lógica.
Ele não é ingênuo nem facilmente enganado. Portanto,
quando uma pessoa está escolhendo quem será seu
respeitado mentor, deve procurar conhecer a história dessa
pessoa das seguintes formas:
1. O mentor deve ter uma história de vida sem
ambigüidades. Deve haver provas de sua história de vida;
não pode ser vaga nem indigna de confiança.
2. Ele deve ser extremamente inteligente,
excepcionalmente virtuoso, grande conhecedor das
verdades da vida, o que é conhecido como
iluminação; e todo seu conhecimento deve ser
adquirido através de seus próprios esforços. Ele não
plagiará esses insights de outra pessoa.
3. Todos seus ensinamentos, quando aplicados,
serão benéficos e produzirão felicidade. Caso
contrário, essas instruções serão inúteis, pois ninguém
poderá aproveitá-las.
Com base nesses critérios, podemos ver por que os
budistas têm em alta estima o Senhor Buda como o maior
refúgio da humanidade.
1. A vida do Senhor Buda está documentada. A
história claramente registrou Sua história de vida, incluindo
a vida de Seus pais. Ele foi um príncipe em uma cidade que
ainda aparecia no mapa nos tempos modernos.
2. O Senhor Buda lutou para encontrar as
verdades da vida por Si mesmo, até que alcançou a
iluminação. Todos os Seus ensinamentos surgiram de Sua
iluminação. Ele não reivindicou os ensinamentos de outros
como Seus, nem afirmou que os tivesse recebido de outro ser
celestial. O Senhor Buda deixou muito claro que Ele tinha
alcançado a iluminação por conta própria. Acima de tudo,
Ele nunca forçou ninguém a acreditar em Seus
ensinamentos.
3. Todo o Dhamma do Senhor Buda consiste em
verdades universais e são, portanto, atemporais. Se
uma pessoa pratica o Dhamma prescrito pelo Senhor Buda,
essa pessoa certamente se beneficiará dele. E, da mesma
forma, se essa pessoa realizar ações proscritas por Ele,
certamente receberá terríveis conseqüências. Seu Dhamma é
atemporal. Consistia na verdade quando Ele primeiro as
pronunciou; continuam sendo verdade atualmente. Não
estão sujeitas a mudanças ao longo do tempo.
Na tentativa de permitir que a humanidade se
beneficiasse de Seu Dhamma, o Senhor Buda suportou
diversas dificuldades, como exaustão física extrema e
atentados contra Sua vida. Entretanto, elas não tinham efeito
nenhum sobre Sua determinação. Além disso, o Senhor Buda
não estava interessado em obter ganhos pessoais; quando lhe
ofereciam riquezas, Ele enfatizava que os méritos resultantes
da oferenda das riquezas eram menores do que colocar Seu
Dhamma em prática. Isso apenas mostra Sua ilimitada
compaixão.
E aqueles que praticam Seu Dhamma seguindo a
consciência, sejam monges ou pessoas leigas, podem
também se livrar das impurezas e alcançar o Nibbana, a
felicidade imortal, como o próprio Senhor Buda. Este é um
testemunho da pureza e da qualidade imaculada do Senhor
Buda. Seus ensinamentos são corretos, exatos e
benéficos, e acessíveis aos seguidores de todas as
religiões. Aqueles que os seguem obterão exatamente os
mesmos benefícios que Ele obteve, e tem havido milhões de
seguidores que experimentaram esses benefícios.
Temos em altíssima estima o Senhor Buda como nosso
refúgio final sem reservas – com o conhecimento de que Ele
era apenas humano – por causa de Sua extrema sabedoria,
Sua compreensão de como eliminar as impurezas, Sua
magnífica pureza em ser capaz de alcançar o Nibbana e Sua
compaixão em dedicar Sua vida, de forma inegoísta, para
mostrar aos seres humanos como alcançar o que Ele
alcançou. Seguimos Seus ensinamentos sem hesitação, para
que um dia possamos nos livrar de todas as imperfeições e
segui-Lo para o Nibbana.
Capítulo 29

As boas ações sempre trazem


resultados favoráveis?

Sempre que alguém enfrenta uma situação que


considera injusta, começará a pensar: “Não existe isso de
que as boas ações sempre trazem resultados
favoráveis; más ações também podem trazer
resultados favoráveis." A falácia dessa noção provém da
expectativa de que as boas ações produzam resultados
imediatos, e a visão estreita de que alguém está sendo
recompensado por sua má conduta. Na superfície, essa
pessoa pode estar aproveitando os frutos de suas más ações.
Mas observe de perto, ele está muito preocupado de que
possa ser atacado ou preso pela polícia. Sua gratificação é
temporária, mas o medo permanece com ele.
É importante ensinar nossos filhos quando eles são
pequenos a acreditar que boas ações sempre trazem
resultados favoráveis, e vice-versa. Caso contrário, eles
duvidarão desse princípio e podem pensar que fazer o bem é
apenas para os tolos, uma crença de que alguns adultos
compartilham.
Entretanto, o primeiro passo para alcançar essa meta é
convencer os pais de que as boas ações sempre trazem bons
resultados, e vice-versa. O episódio a seguir deve ajudar a
esclarecer esse princípio.

Uma pessoa perguntou a um monge superior:


“Venerável Senhor, as boas ações sempre
trazem bons resultados? Tenho visto muitos amigos
fazendo o bem, mas sem receber nada bom em
troca.”
O monge superior respondeu: “Não desperdice seu
tempo duvidando desta Lei do Kamma. O Iluminado tinha
provas disso, milhares de anos atrás. Mas ainda há tantas
pessoas, incluindo você, que ainda duvidam, porque são
apressadas, esperam ver os resultados imediatamente e se
esquecem do bom senso.
“Vou dar um exemplo. Se plantarmos uma semente de
bananeira hoje, podemos comer as bananas da semente
hoje? Não, temos de esperar durante quase um ano, e,
enquanto esperamos, temos que regá-la, virar o solo e cuidar
bem dela. Caso contrário, depois de um ano, talvez acabemos
comendo bananas esquálidas.
“E, se você me perguntar se tiramos alguma coisa dela
enquanto esperamos, a resposta é sim. Uma vez que
plantamos a muda, podemos ficar satisfeitos em saber que o
fizemos no momento certo. Podemos ter folhas de bananeira
para enrolar sobremesas e brotos de banana para comer com
temperos. E, ainda assim, precisamos esperar o ano inteiro
pela fruta.
“A primeira etapa das boas ações: uma vez que
tivermos feito algo bom, não importa se alguém vir ou não, a
primeira coisa que obtemos é a auto-satisfação.
“A segunda etapa das boas ações: quando
continuamos fazendo boas ações, a segunda coisa que
obtemos é o desenvolvimento de uma personalidade
honesta, comparável às folhas de bananeira para enrolar
sobremesas.
“A terceira etapa das boas ações: e, quando
continuarmos fazendo as boas ações por meses ou por anos a
fio, os frutos das boas ações começarão a aparecer como
fortuna e sucesso. Vamos começar a ver que nossa vida se
torna agradável, nossos esforços frutificam. Sentimo-nos
bem com nós mesmos; isso é o mesmo que desfrutar dos
brotos da banana.
“A quarta etapa das boas ações: e, se continuarmos
repetindo nossas boas ações, em breve a sociedade nos terá
em alta estima.
“Quando plantamos a muda de bananeira, leva pelo
menos um ano para aproveitarmos os frutos. Da mesma
forma, leva tempo para que nossas boas ações sejam
reconhecidas, portanto não seja apressado.
“A maioria das pessoas espera que as boas ações
praticadas dêem frutos logo, mas enquanto isso tentarão
fazer oferendas aos espíritos para fazer com que os
resultados de suas más ações vão embora. E, quando outra
pessoa fizer algo errado, e isso os afetar negativamente, vão
esperar que os culpados sejam punidos imediatamente.
“Na verdade, essas pessoas impacientes esperam que
somente suas boas ações dêem frutos imediatamente, isto é,
se elas fazem uma doação, esperam ser recompensadas
instantaneamente, e isso as deixará feliz. Por outro lado,
quando mentem, e ocorre que seus dentes caem
instantaneamente, elas sentem que isso é injusto. Isso é algo
bem humano, esperar apenas resultados favoráveis. Mas,
quando não é instantâneo, elas começam a duvidar da Lei do
Kamma.
“Assim, de agora em diante, você não deve se apressar e
esperar apenas resultados favoráveis. Você deve ser
imparcial. Mas, para alcançar isso, você precisará meditar
muito.”
A partir do que o monge explicou, vemos que temos que
prosseguir até o fim quando fazemos boas ações, isto é,
precisam ser as ações corretas, realizadas com a
máxima extensão da nossa capacidade e feitas na
medida certa, para que sejam eficazes. É assim que
podemos ser um exemplo para nossos filhos, para fazê-los
acreditar firmemente que boas ações sempre trazem
resultados favoráveis, e vice-versa.
Capítulo 30

Como as boas ações podem trazer


bons resultados

Sempre foi um desafio desenvolver seres humanos para


que resistam às tentações de fazer más ações e que realizem
boas ações de todo coração, sem nenhuma expectativa de
recompensa ou reconhecimento. Se os pais puderem ensinar
os filhos a ser boas pessoas até o fim, então eles não terão
preocupações, porque os filhos sempre andarão no caminho
correto e não causarão problemas para eles nem para os
outros.
Entretanto, é bastante difícil treinar as crianças para
que adorem realizar boas ações e detestem realizar más
ações, porque é difícil resistir às tentações. Além disso, é
impossível para os pais cuidar e observar os filhos o tempo
todo. Em algum momento, as crianças devem ser capazes de
cuidar de si mesmas.
Mas, para controlar seu próprio comportamento, elas
devem compreender completamente a Lei do Kamma.
Então, quando houver a oportunidade de realizar más ações,
e ninguém estiver observando, elas poderão controlar os
impulsos. E, quando surgir ocasião para realizar boas ações,
elas o farão rapidamente, sem se importar se há alguém ali
para oferecer elogios.

Como ensinar às crianças a Lei do Kamma

Como o conhecimento do escritor sobre este tema é


limitado, pesquisei em um livro de um respeitado monge
superior, e a explicação é a seguinte:
“Se vocês me perguntarem se é difícil fazer alguém
gostar da Lei do Kamma, terei de dizer que não, não é, desde
que apreendam a essência dessa lei.
Em primeiro lugar, se perguntarem a qualquer
pessoa se ela tem certeza de que as boas ações
sempre trazem bons resultados, a maioria dirá que
não.
Comecei a estudar o budismo quatro ou cinco anos
antes de ser ordenado. Mas, antes disso, também não tinha
certeza de que as boas ações sempre trazem bons resultados.
Portanto, eu não conseguia me controlar. A maioria das
pessoas que tem dúvidas sobre essa lei não percebe que há
dois conjuntos de condições, a saber:
1. As condições dentro de nós
2. As condições fora de nós

As condições internas

As condições dentro de nós têm três partes:

1. Conhecer o objetivo.
Seu esforço deve ser pelo objetivo correto. Em
termos simples, antes de mergulhar em qualquer
trabalho, precisamos saber qual é o objetivo desse
esforço.
E, enquanto o realizamos, devemos nos esforçar
inteiramente para alcançá-lo. Essa teoria é análoga a lavar
roupas. Geralmente, as roupas ficam mais manchadas ao
redor da gola e das mangas. Então, se esfregarmos toda a
camisa, mas não essas duas regiões, podemos dizer que a
camisa está limpa? A resposta é não. Como o esforço não foi
dirigido para as áreas corretas, o objetivo não foi alcançado,
e a camisa continuou suja.
A não-realização desse objetivo é como uma pessoa que
é diligente, mas ignorante. Ela pode trabalhar arduamente,
mas seus esforços terão poucos resultados, se houver algum,
e às vezes seus esforços podem até mesmo provocar mais
problemas. Para alcançar a meta, devemos estar totalmente
conscientes e compreender o objetivo desse
empreendimento antes de começar.

2. Fazer um esforço total para alcançar o


objetivo.
Precisamos colocar todo nosso esforço em
qualquer projeto para obter um resultado com a
melhor qualidade.
Conhecer o objetivo de um empreendimento não é
suficiente para garantir a qualidade desse esforço. Se uma
pessoa interrompe antes do fim uma tentativa feita de
coração, o objetivo pode ser realizado, mas a qualidade é
ruim.
Voltemos ao exemplo de lavar roupas. Sabemos que
precisamos prestar atenção à gola e às mangas, e também
sabemos que serão necessárias umas 30 esfregadas para tirar
as manchas. Infelizmente, se pararmos na esfregada número
10, a mancha diminuirá, mas a camisa ainda não estará
limpa. Essa regra se aplica a qualquer tarefa. Agir com o
objetivo certo, mas não até o final, apenas trará um resultado
inferior.
A não-aplicação de uma tarefa até o limite pode ser
comparada com uma pessoa inteligente mas preguiçosa. Ela
sabe o objetivo, e sabe o que é necessário para alcançá-lo
com excelência. Mas, no meio do caminho, ela perderá a
motivação e recorrerá a atalhos. Portanto, conhecer o
objetivo e segui-lo inteiramente são as únicas maneiras de
alcançar o melhor resultado possível. Não devemos ser
preguiçosos, adiar nem nos deixar desencorajar pelos
obstáculos.

3. A terceira condição é lembrar de não se


esgotar excessivamente.
Agir com o objetivo correto e com o máximo
esforço não garante o sucesso. Uma pessoa também
deve aplicar o grau adequado de esforço, que
significa não demais e não de menos, para que o
esforço não provoque nenhum dano.
Voltando ao exemplo de lavar roupas, se esfregarmos
nas áreas certas, mas em vez de 30 esfregadas nos
excedermos e fizermos 100, podemos acabar abrindo
buracos na camisa.
Outro exemplo de como algumas pessoas podem exagerar e
ir longe demais: trabalham muito sem descansar o suficiente,
acabando com a saúde. Além disso, trabalham com recursos
emprestados. Seu trabalho duro as fere física e
financeiramente.
Portanto, para alcançar o resultado correto, devemos
atender aos três critérios: conhecer o objetivo, colocar o
esforço correto e perceber as limitações naturais.

As condições externas

Mesmo quando tivermos conseguido nos focar no


objetivo, colocar nele nossos melhores esforços e permanecer
dentro de nossas limitações, há ainda duas condições
externas que podem influenciar o resultado. São elas:

1. O momento certo
Se plantarmos uma semente de bananeira hoje,
podemos comer a banana amanhã? Naturalmente que não.
Mas, se a tivermos plantado ontem, e não houver bananas
para comer hoje, significa que nossos esforços foram em
vão? Não exatamente. Apenas significa que pode dar frutos
algum dia.
Depois de três ou quatro meses, embora ainda não haja
bananas para consumir, haverá folhas de bananeira que
podemos usar como embalagem. Depois de oito ou nove
meses, ainda não haverá bananas para comer, mas haverá
brotos de banana para comer com temperos. Depois de regar
e virar o solo por um ano, chegaremos a desfrutar das
bananas.
Uma bananeira é uma das plantas mais fáceis de
cultivar, e ainda assim leva 12 meses para aproveitarmos o
resultado. Da mesma forma, também leva tempo para que os
resultados favoráveis das boas ações apareçam. Assim,
quando alguém reclama que buscou o objetivo correto, se
esforçou ao máximo, dentro de seus limites, e ainda assim
não viu o fruto de suas boas ações, então é preciso dizer-lhe
que seja paciente.

2. Local

Tome como exemplo a bananeira que cresce próximo a


uma grande jarra de água, em contrapartida a uma que
cresce em uma região seca. Aquela próxima da jarra receberá
água todas as manhãs, quando o dono das terras acordar e
lavar o rosto. Depois de cada refeição, quando a louça for
lavada, a bananeira receberá água. Sempre que alguém
tomar banho, ou que a empregada lavar as roupas, sempre
que cair água no solo próximo à jarra, a árvore vai
aproveitar. Crescerá mais rapidamente do que as outras,
porque acabou estando próxima da fonte de água.
Ocorre o mesmo quando realizamos boas ações. Se o
local contribuir, o resultado se materializará mais cedo que
em um local menos favorável.
Uma palavra de advertência: devemos conhecer a
mentalidade das pessoas ao nosso redor.
Inicialmente, elas podem nos dar apoio moral. Mas, uma vez
que avançamos muito longe e muito rápido, elas podem se
tornar antagonistas, e tentar nos derrubar.
Assim, quando estivermos fazendo algo que vale a pena,
temos que prestar atenção ao momento certo e ao local, e
ajustar nossas ações de acordo com isso. Se acreditarmos
firmemente na Lei do Kamma, vamos nos abster de realizar
más ações mesmo quando ninguém estiver olhando, e
acolheremos as boas ações de todo coração a qualquer
oportunidade.
Por que algumas pessoas duvidam que as boas ações
trazem bons resultados?
Sabemos que, quando alguém realiza uma boa ação
enquanto atende aos critérios, haverá bons resultados. Isso o
incentivará a fazer mais bem. Por outro lado, se fizer algo
ruim mesmo enquanto atende aos três critérios, é certo que
receberá maus resultados.
Se olharmos atentamente, perceberemos que, com
freqüência, não mantivemos um controle total das más ações
que realizamos no passado. Portanto, quando realizamos
boas ações, algumas vezes somos atingidos repentinamente
com o mau resultado. Da mesma forma, às vezes vemos
alguém que faz algo errado, mas recebe uma sorte
inesperada. Parece que a má ação está sendo
recompensada. Como os resultados não são instantâneos,
algumas pessoas começam a duvidar da eficácia da Lei do
Kamma. Isso realmente pode levar qualquer um a pensar
equivocadamente que as boas ações não trazem bons
resultados. Podem até chegar a pensar em abandonar
qualquer bom comportamento.
Mas, mais cedo ou mais tarde, as ações imorais sairão à
tona e serão punidas, seja nesta vida ou na próxima. A Lei do
Kamma é universal.

Critérios para promoção

O conceito de ter o objetivo correto e realizar um


esforço total enquanto se mantém dentro dos limites pode
ser empregado quando se considera uma promoção.
Por exemplo, um banqueiro começou a receber bilhetes
hostis e anônimos de seus subordinados. O motivo por trás
desse ataque era que os subordinados tinham recebido
diferentes níveis de promoção: alguns subiram um nível,
outros dois, e outros três.
Essa é uma reação muito humana. Se nenhum deles
tivesse recebido nenhuma promoção, não haveria problema
algum. O antagonismo e os ciúmes só surgem quando as
recompensas são diferentes. Portanto, deve haver
orientações muito claras para este tipo de situação.
O banqueiro pediu o conselho do monge superior
quando foi questionado pelos diretores. O monge sugeriu
que ele se explicasse da seguinte forma:
Uma pessoa em particular não recebeu uma promoção
porque não havia cumprido com o objetivo. Ele pode ter
trabalhado duramente, mas não conseguiu nada. O sucesso
de uma empresa não vem apenas do trabalho árduo. Além
disso, perder o objetivo de qualquer empreendimento pode
gerar perdas financeiras à empresa.
Outro funcionário pode ter acertado na mosca, mas não
foi até o fim. Esse tipo de pessoa não fez nada errado, mas
não tem nada a mostrar quanto a seu desempenho. Ele pode
ter se movido alguns centímetros para frente, mas se
vangloria de ter avançado um metro. Portanto, se temos este
tipo de pessoa como subordinado, devemos estar prontos
para comprovar suas verdadeiras realizações. Isso, inclusive,
ocorreu comigo uma vez.
Se uma pessoa tiver completado os três requisitos,
merece uma promoção de dois níveis.
Aquele que apenas se manteve fiel ao objetivo, mas não
conseguiu levá-lo até o fim, merece apenas uma promoção
de um nível.
E a pessoa que deixou o objetivo inteiramente de lado
não merece nada. E informe a ela que tem sorte de continuar
no emprego.
E os que trabalharam muito, mas provocaram mais
danos do que benefícios, devem receber a instrução de
trabalhar menos e pensar mais.
A partir do que eu lhe disse, talvez você tenha que
mudar seus esforços para se adequar às diferentes
circunstâncias. E logo você descobrirá que a Lei do Kamma é
absoluta, e que a ação correta, completa e sem exagero, trará
resultados favoráveis no momento certo e no local certo.”

Conclusão
Este ensinamento do monge deve esclarecer a essência
da Lei do Kamma para os pais, permitindo-lhes transmitir
esse conhecimento aos filhos para que as crianças sejam
corretas em qualquer lugar que possam estar.
Capítulo 31

Critérios completos
para poder dar

Atualmente, a maioria das pessoas se inclina a colocar


sua fé na ciência acima de qualquer outra coisa. Entretanto, a
ciência só pode provar o que os olhos podem ver. Há muitas
coisas que os olhos não podem ver e cuja existência fica sem
verificação da ciência.
Por exemplo, nossa mente e o coração físico são duas
entidades separadas. Quando nos sentimos felizes ou tristes,
esses sentimentos não vêm do coração físico, mas de nosso
coração etéreo. Mas a ciência não pode descrever como é o
coração etéreo ou onde se encontra. Não sabemos de onde
vêm os sentimentos; apenas sabemos que estão ali.
O coração físico é um órgão. Hoje em dia, os médicos
podem parar os batimentos do coração de um paciente com
problemas cardíacos e reiniciá-los depois que a operação é
concluída. Se o coração físico e o etéreo fossem o mesmo, o
paciente morreria. Isso deveria provar que o coração físico
e o coração etéreo são duas coisas diferentes.
No Tipitaka, o Senhor Buda falou de uma série de temas
que eram desconhecidos da ciência naquela época. Ele disse
milhares de anos atrás que havia mais de um universo; na
verdade, há um número infinito de universos. Os
cientistas apenas conseguiram descobrir esse fato algumas
centenas de anos atrás.
O Senhor Buda também explorou o conceito de mérito.
E seria deplorável se rejeitássemos categoricamente essa
idéia. Devemos conhecê-la com a mente aberta, já que afeta
diretamente nossa vida. Não podemos vê-la, mas podemos
senti-la dentro de nós. Devemos apoiar o budismo e estudar
o Tipitaka para aumentar nosso conhecimento, e então não
seremos budistas somente de nome.
Com base nessa crença, o escritor tem fé no mérito e no
demérito. Resultados desfavoráveis são a conseqüência de
más ações. Essa é a Lei do Kamma. E, em tempos de
dificuldades, podemos buscar ajuda, não na ciência, não na
economia, nem na política, mas no bom kamma para nos
ajudar.
No capítulo “A forma correta de ganhar méritos”
do livro Good Question, Good Answer, do Venerável
Phrabhavanaviriyakhun, a questão do mérito foi discutida
em detalhes, como apresentado a seguir:
“O Senhor Buda declarou que havia três métodos para
alcançar méritos, a saber, através de atos de
generosidade, seguindo os preceitos e a meditação.
1. Generosidade. Significa compartilhar as coisas
úteis com aqueles que são merecedores. Entretanto, não
deve ser feito para detrimento próprio. Geralmente, os
budistas gostam de doar com regularidade a monges e
pessoas virtuosas.
2. Seguir os preceitos. Significa manter sob
controle nossas ações e palavras para que não firam os
outros nem nós mesmos. Devemos observar ao menos os
Cinco Preceitos. E, quando surgir a oportunidade, como no
dia antes de um Dia Santo budista, durante um Dia Santo
budista e durante os retiros de fim de semana, os budistas
podem preferir observar os Oito Preceitos para ganhar
méritos adicionais. Algumas pessoas, inclusive, preferem
observar os Oito Preceitos um dia por semana,
regularmente.
3. Meditação. Essa é a forma de purificar a mente.
Estude o Dhamma e cante para acalmar e purificar a mente
todas as noites, antes de ir dormir, por pelo menos vinte
minutos, até uma hora.
Algumas pessoas estabelecem rotinas para garantir
que acumulam esses três méritos:
- Pela manhã, não comerei até ter realizado o
mérito de dar.
- Hoje, não sairei de casa antes de ter resolvido
observar os preceitos.
- Esta noite, não vou dormir antes de ter
recitado os mantras e meditado.
Se uma pessoa conseguir seguir essa rotina
consistentemente, pode estar certa de que sua vida nunca o
levará ao desespero. O futuro será brilhante. Todos os
três gradualmente elevam a purificação da mente
para um nível acima. Se nossa mente for clara e
brilhante, vamos nos sentir felizes. Com uma atitude
feliz, pensaremos o bem, falaremos o bem e faremos o que é
correto.
Como primeiro passo para ganhar méritos, sugiro
primeiro praticar a generosidade.
O Senhor Buda declarou que, para obter o máximo
mérito, o ato de dar deve atender a estes quatro critérios:
1. Integridade do objeto. O objeto a ser dado deve
ter sido obtido de forma legítima e moral, não por meios
fraudulentos.
2. Intenção correta. O objetivo de dar é livrar-se da
avareza, do egoísmo e da ganância. Não é feito para obter
riquezas, renome ou reconhecimento. A verdadeira intenção
é compartilhar e ganhar mérito. Ganhar méritos não é
ganância; é, na verdade, substituir a ganância por
generosidade.
3. Doador consciente. O doador deve pelo menos
acatar os Cinco Preceitos. E é importante que ele esteja feliz
antes, durante e depois da oferta, e não se arrependa dela.
4. Recebedor virtuoso. Se o recebedor for um
monge iluminado, o mérito será enorme e instantâneo; os
efeitos desse mérito serão realizados nesta vida presente.
Mas, se o monge recebedor ainda não tiver se iluminado, ele
deve ao menos estar se esforçando para atingir essa meta.
Se for um leigo, deve acatar os preceitos.
Além dos critérios para dar, o Senhor Buda também
apresentou muitos exemplos.
Alguns exemplos que Ele transmitiu aos monges
confirmaram que o resultado do ato de dar depende dos
quatro critérios, e que sua eficácia está relacionada com o
nível de excelência de cada um nos critérios em cada caso.
Quanto mais virtuoso for o recebedor, mais méritos haverá
como resultado. E, se o recebedor estiver se esforçando de
forma focada para alcançar a iluminação, o benefício para
a pessoa generosa será imenso e imediato. Quero que vocês
leiam o Tipitaka, o Suttantapitaka, como o Kuttakanikaya
Vimaanvattu, para ver se minha observação é correta.”
A seção do livro Good Question, Good Answer, do
Venerável Phrabhavanaviriyakhun, conforme citado neste
capítulo, fornece insight e incentivo aos leitores para que
façam méritos e cultivem este hábito em seus próprios filhos
enquanto são pequenos. E, na hora final de nossas vidas, sem
importar quão instruídos sejamos ou quanto dinheiro
tenhamos, apenas nossos méritos espirituais poderão nos
ajudar.
Os méritos não estão à venda. Se você os quiser,
terá de adquiri-los por conta própria através de suas
próprias ações.
Capítulo 32

Ensinando as crianças a viverem


conforme os Cinco Preceitos

Não é um exagero dizer que ensinar os filhos a seguir os


Cinco Preceitos é a responsabilidade mais importante dos pais; os
pais devem isso aos filhos e à sociedade. Nesse sentido, eles são
realmente quem determina o futuro dos filhos e do país. Por que
essa questão é tão importante?
Memorizando os Cinco Preceitos, mas sem segui-los
Os budistas podem recitar os Cinco Preceitos, mas,
quando lhes perguntam o significado da palavra
“preceito”, a maioria não sabe. Se os adultos não
conseguem sequer responder a essa pergunta, como
podemos esperar que as gerações mais jovens percebam a
importância de observar os preceitos? Essa infeliz situação
levou mais pessoas a se descuidar dos preceitos, até que a
ignorância se tornou a norma. E, quando alguém realmente
vive pelos preceitos, é visto como estranho ou pitoresco. Isso
reduziu ainda mais o número de pessoas que observa os
Cinco Preceitos, o legado moral deixado por nossos
ancestrais.
Como não receberam nenhuma orientação em casa
sobre os Cinco Preceitos, os jovens são incapazes de resistir
às tentações lançadas a eles pela sociedade. Isso levou a
problemas comportamentais como brigas, prostituição,
fraude, uso de drogas ilegais, e assim por diante. A
ignorância sobre os preceitos tornou-se a causa dos males
sociais. Os pais estão prontos para recriminar, punir as
crianças e culpar a sociedade ou a televisão, e concluir que a
cura deve vir de outra pessoa.
Quando esses jovens são reabilitados e enviados para
casa depois de detenção juvenil, continuam sem ser
instruídos sobre os Cinco Preceitos. Conseqüentemente,
recaem no mesmo ciclo de mau comportamento e até
atividade criminal. Eles crescem para ser agitadores e uma
ameaça para a sociedade.
Se não conseguirmos chegar à raiz do problema, isto é,
não cultivar os Cinco Preceitos nas crianças, como podemos
romper o ciclo de angústia social?

Os Cinco Preceitos que os pais devem conhecer


Ensinar os filhos a acatar os Cinco Preceitos é a
responsabilidade de maior importância dos pais para ajudar
a neutralizar a deterioração social. Entretanto, para que
sejam capazes de fazer isso, precisam saber:
1. O que é um preceito?
2. O que os Cinco Preceitos têm a ver com a
natureza humana?
3. Por que não seguir os Cinco Preceitos afasta
uma pessoa da natureza humana?
A compreensão dessas três questões permitirá aos pais
instilar os Cinco Preceitos nos filhos.

O que é um preceito?
A palavra preceito significa natureza. Tudo tem sua
própria natureza. A chuva cai durante a estação das chuvas.
Se não o fizer, então não é natural. O cavalo se mantém
sempre em pé, mesmo enquanto dorme. Se ele se deitar,
então está doente, e não em seu estado natural. Portanto, o
verdadeiro sentido da palavra preceito é preservar a
natureza do ser humano em nós mesmos e nos
abstermos de trazer problemas a nós e aos outros.

Qual é a natureza dos seres humanos?


A natureza dos seres humanos consiste em cinco
características.
1. Por natureza, os seres humanos não matam.
Um ser humano que tira a vida desviou-se da natureza
da humanidade. Tornou-se animal, como os tigres, ursos ou
crocodilos que precisam matar para sobreviver. Portanto, o
primeiro Preceito lembra os seres humanos que não
devemos matar para preservar nossa natureza.
2. Por natureza, os seres humanos não roubam.
É da natureza dos animais lutar pelo alimento e roubá-
lo. Mas as pessoas não precisam fazer isso. Somos capazes de
produzir nosso próprio alimento e comercializá-lo para
nosso sustento. Portanto, o segundo Preceito nos
lembra de que não devemos roubar, agir de forma
corrupta ou usurpar para preservar nossa natureza.
3. Por natureza, os seres humanos não
cometem adultério.
Os animais, que por natureza não podem se controlar
para se satisfazer com um par, lutarão para acasalar todos os
anos com o parceiro de outro. Alguns, inclusive, lutam até a
morte para satisfazer esse instinto durante a época de
acasalamento. Mas não é da natureza humana fazer isso; por
não ser governada somente pelos instintos, uma pessoa pode
se contentar com um cônjuge. Portanto, o terceiro
Preceito nos lembra de que não devemos cometer
adultério para preservar nossa natureza.
4. Por natureza, os seres humanos não mentem.
As pessoas sempre devem falar a verdade; devem ser
sempre honestas e sinceras umas com as outras. Portanto, o
quarto Preceito nos lembra de que não devemos
mentir.
5. Por natureza, os seres humanos não
consomem substâncias entorpecentes.
Muitos animais são fisicamente mais fortes que as
pessoas, mas eles não têm a capacidade de dedicar suas
forças a propósitos significativos. Eles não têm consciência e,
portanto, agem conforme os instintos. Por exemplo, não
vemos os animais cuidando dos pais. Mas os seres humanos
possuem uma consciência, como revelado por seus
sentimentos de gratidão e amor por seus pais.
A consciência é duradoura. Pode suportar inanição,
exaustão e doenças. Mas os entorpecentes, como o álcool e as
drogas, podem destruir todas essas qualidades. Uma pessoa
embriagada ou drogada é capaz de ações espantosas,
inclusive atacar, ferir ou matar os pais. É um desvio, e essa
pessoa está mais próxima de ser um animal do que um ser
humano. O Quinto Preceito nos lembra de que não
devemos consumir substâncias entorpecentes.
Os Cinco Preceitos são:
1. Não matar.
2. Não roubar.
3. Não cometer adultério. Ser fiel ao cônjuge.
4. Não mentir, pronunciar blasfêmias, falar
insensatezes nem usar palavras desagregadoras.
5. Não consumir entorpecentes como drogas e álcool.
Esses Preceitos são necessários para manter a paz na
Terra.

Quando os Cinco Preceitos não são observados

Os Cinco Preceitos estiveram aqui até mesmo antes do


nascimento do Senhor Buda. Através do incomparável poder
de Sua iluminação, ele soube da existência dos Cinco
Preceitos e nos transmitiu esse conhecimento. Eles também
podem ser empregados para quantificar o comportamento
humano, quer dizer:
Se conseguirmos praticar os Cinco Preceitos, então
somos 100% humanos.
Se conseguirmos praticar apenas quatro, então somos
apenas 80% humanos, 20% animais.
Se conseguirmos praticar apenas três, então somos
apenas 60% humanos, 40% animais.
Se conseguirmos praticar apenas dois, então somos
apenas 40% humanos, 60% animais.
Se conseguirmos praticar apenas um, então somos
apenas 20% humanos, 80% animais.
Se nenhum dos preceitos for observado, essa pessoa
não é mais um ser humano. Apenas existe em forma
humana. Ela não terá paz nem felicidade. Apenas existe para
causar problemas para ela mesma e para a sociedade.
Infelizmente, hoje em dia, como cada vez mais pessoas se
desviam dos Cinco Preceitos, não seguir os Cinco Preceitos
se tornou algo aceitável. Essa falta de código moral
transformou um país pacífico em um país de assassinatos,
fraudes e adultérios. Seus cidadãos estão insatisfeitos e com
medo, mas ninguém consegue fazer nada a respeito.

Se os pais não se importarem em ensinar os filhos a


seguir os Cinco Preceitos, não há esperanças de que a
sociedade melhore. A esperança de que os filhos cresçam
para ser adultos responsáveis será em vão. Ensinar os
filhos a viver suas vidas todos os dias conforme os
Cinco Preceitos é a responsabilidade mais
importante que os pais têm para com os filhos para
abrilhantar o futuro deles, e é fundamental para a
saúde, a paz e a felicidade da sociedade como um
todo.
Capítulo 33

Explicando os Cinco Preceitos


para que as crianças entendam
facilmente

Uma vez, tive a oportunidade de observar um monge


superior simplificando os Cinco Preceitos para as crianças. O
escritor ficou impressionado com o método, e gostaria de
transmitir essas informações aos pais como orientação. Os
Cinco Preceitos foram ensinados na forma de diálogo entre o
professor e as crianças:

A origem dos Cinco Preceitos

Hoje eu, como monge superior, vou ensinar a vocês um


aspecto fundamental e muito importante de nossas vidas: os
Cinco Preceitos.
Ninguém sabe da origem dos Cinco Preceitos. Eles
existiam inclusive antes do nascimento do Senhor Buda, e
Ele aconselhou que todos os seguissem.
Vocês sabem quais são os Cinco Preceitos?
1. Não devemos matar.
2. Não devemos roubar.
3. Não devemos cometer adultério.
4. Não devemos mentir.
5. Não devemos consumir entorpecentes.
Vou explicar a vocês como os Cinco Preceitos vieram a
existir. Espero que, quando vocês crescerem e começarem a
ficar bravos com problemas pequenos ou grandes, esse
conhecimento possa ajudá-los a controlar seu
temperamento.

Como o Primeiro Preceito, não devemos matar, veio


a existir?

O monge superior: Quem você mais ama?


As crianças: Minha mãe e meu pai, senhor.
O monge: Há alguém que você ame mais que seus pais?
As crianças: Sim, eu mesma, senhor.
O monge: Sim, correto, todos amam mais a si próprio. E as
aves? Elas amam a si mesmas?
As crianças: Sim, senhor.
O monge: Vocês têm certeza?
As crianças: Sim, senhor.
O monge: Como podem ter certeza? Elas disseram isso a
vocês?
As crianças: Não, não disseram.
O monge: Então como vocês sabem que elas amam suas
vidas?
As crianças: Quando alguém tenta caçá-las, elas correm para
proteger suas vidas.
O monge: Sim, os animais são como nós. Quando
alguém as ameaça, elas correm para proteger suas amadas
vidas. Embora não possam dizer isso, nós podemos ver. Mas
e os outros animais, como porcos e gatos, eles amam sua
vida?
As crianças: Sim, senhor.
O monge: Nós amamos nossas vidas, assim como os
animais, sejam pássaros, porcos ou gatos. Não há ninguém
e nenhum animal que não ame sua vida. O reconhecimento
desse fato é como o Primeiro Preceito se originou, de que
ninguém deveria tirar a vida de outra criatura, nem mesmo
a vida de animais.

Como o Segundo Preceito, não devemos roubar, veio


a existir?

O monge: Agora eu quero que vocês pensem no que


precisamos para viver.
As crianças: Ar, comida e água, senhor, e também remédios,
roupas e uma casa. Também precisamos de dinheiro
para viver.
O monge: Vocês estão certos. Embora todos vocês estejam na
escola, seus pais precisam proporcionar a vocês
1. Roupas.
2. Comida.
3. Abrigo.
4. Remédios.
Na terminologia budista, são chamados de Quatro
Necessidades Básicas, de que todo ser humano precisa.
Além desses itens, temos móveis, sapatos e assim
por diante, que precisamos para tornar nossa vida
confortável. Se alguém nos tira essas coisas, podemos
sobreviver?
As crianças: Não, não podemos.
O monge: Correto. Eles não precisam nos matar, mas, se
roubarem ou levarem essas coisas de nós, então
também não poderemos sobreviver. Foi assim que
passou a existir o Segundo Preceito; porque
precisamos dessas posses para sobreviver.

Como o Terceiro Preceito, não devemos cometer


adultério, veio a existir?

Se outras pessoas não tirarem nossas vidas ou nossas


posses, devemos levar uma vida feliz. Entretanto, se eles
levarem o que mais amamos, que são nossos esposos, nossas
esposas, e nossos filhos e filhas, sofreremos uma grande
tristeza. Essa é a idéia por trás do Terceiro Preceito, de que
ninguém deveria levar embora um ser amado de outra
pessoa, e portanto não devemos cometer adultério.

Como o Quarto Preceito, não devemos mentir, veio a


existir?

Pensem em todas as pessoas que vocês amam, seus


pais, seus amigos, seus irmãos e irmãs, e seu professor, e
imaginem o que aconteceria se vocês descobrissem que eles
não são honestos com vocês. A reação seria que vocês não os
amariam mais.

O monge: Vocês têm irmão?


As crianças: Sim.
O monge: Se vocês descobrissem que ele mentiu para vocês,
ficariam bravos com ele?
As crianças: Sim, ficaríamos.
O monge: E se mentirem para ele, acreditam que ele ficará
bravo?
As crianças: Sim, ficará.
O monge: E alguma vez vocês mentiram para ele?
As crianças: Sim, já mentimos.
O monge: Lembrem-se disso, se mentirem para alguém, essa
pessoa sentirá menos amor por vocês a cada vez, e vice-
versa. Ninguém gosta de desonestidade, portanto não devem
mentir a ninguém. Foi assim que o Quarto Princípio veio a
existir.

Como o Quinto Preceito, não devemos consumir


entorpecentes, veio a existir?

O Senhor Buda nos deu essas linhas de raciocínio para


contemplar.

1. Aqueles que não matam criaturas vivas, sejam


animais grandes ou pequenos, sejam outros seres humanos,
já ganharam o notável mérito de dar segurança a todas as
vidas.

2. Aqueles que não roubam já ganharam o notável


mérito de dar segurança à propriedade.

3. Aqueles que não cometem adultério já ganharam o


notável mérito de proporcionar segurança aos cônjuges.

4. E aqueles que não mentem já ganharam o notável


mérito de dar sinceridade.
Portanto, quando conseguirmos seguir os primeiros
Quatro Preceitos, estamos ganhando mérito significativo de
quatro tipos diferentes. Mas, quando chegamos ao Quinto
Preceito, todos vocês terão de prestar mais atenção para
compreender a lógica que está por trás dele.
Quando uma pessoa não tira a vida, nem rouba, nem
comete adultério nem mente, deve ter consciência de não
realizar esse comportamento. Sem seu caráter, essa pessoa
não poderá evitar cometer esses pecados.
Nossa consciência pode ser muito forte, mas
infelizmente também pode ser enfraquecida. Por exemplo,
um aluno terá um exame no dia seguinte; de repente, ele fica
com febre. Toma alguns remédios e se sente um pouco
melhor, e pode se esforçar para terminar todas as lições
necessárias para o exame. Sua consciência é forte.
Entretanto, na mesma pessoa, a consciência
inquebrantável pode sucumbir no pó assim que ele consumir
entorpecentes como bebidas, anfetaminas e outros. Como os
entorpecentes podem arruinar nossa consciência e nos levar
a cometer pecados, precisamos do Quinto Preceito para
manter intacta nossa consciência e nossa dedicação aos
outros Quatro Preceitos.
Vou dar para vocês um exemplo: há um menino mais
ou menos da idade de vocês, cujo pai, quando está bêbado,
consegue matar os frangos ou patos da fazenda em que
vivem. Algumas vezes, ele espanca os filhos e fala
obscenidades. Mas, quando está sóbrio, é um pai muito bom.
Portanto, quero que vocês lembrem disso: quando
crescerem, não bebam nem usem drogas.

Como você mantém os Cinco Preceitos intactos?

Quando eu era um estudante, comecei a me treinar


para observar os Cinco Preceitos. Foi assim que fiz.
Antes de ser ordenado, costumava usar uma imagem
de Buda ao redor do pescoço. Todas as manhãs, antes de ir
para a escola, segurava a imagem de Buda nas mãos e
oferecia minha homenagem, cantando:
“Namo tassa bhakavato arahato samma
sambuddhassa” três vezes.
E então eu fazia minha resolução com a imagem de
Buda:
1. Hoje não vou matar.
2. Hoje não vou roubar.
3. Hoje não cometerei adultério.
4. Hoje não vou mentir.
5. Hoje não beberei álcool nem usarei drogas.
Depois de fazer isso, saía para a escola. Quando
comecei, às vezes conseguia manter os Cinco Preceitos
durante o dia, mas às vezes não conseguia. Entretanto,
depois de meio ano, consegui manter todos os Cinco
Preceitos todos os dias. Mais tarde, consegui seguir os Cinco
Preceitos durante seis anos sem interrupção, e fui ordenado.
Vocês acreditam que podem fazer isso também? Acho que
vocês conseguem.

Conclusão

Vou repassar os Cinco Preceitos uma vez mais com


vocês.
Por que não devemos matar? Porque todos amam a vida.
Por que não devemos roubar? Porque todos precisam de
posses para estar confortáveis. Se nos fossem tiradas certas
coisas, não seríamos capazes de sobreviver. Mesmo que
sobrevivêssemos, nossa vida seria cheia de penúrias.

Por que não devemos cometer adultério? Porque todos


amam a família e os amigos.
Por que não devemos mentir? Porque todos amam a
honestidade e a verdade.

Por que não devemos consumir entorpecentes?


Porque destrói nossa consciência. Sem nossa consciência,
seríamos capazes de infringir todos os outros Quatro
Preceitos. Portanto, se vocês quiserem crescer para ser boas
pessoas, devem seguir os Cinco Preceitos.

O escritor espera que este relato ajude os pais a


ensinar os filhos a observar os Cinco Preceitos, para que
cresçam e sejam boas pessoas. A realização da qual
podemos nos sentir mais orgulhosos é criar nossos
filhos para ser adultos éticos.
Capítulo 34

Infundindo o amor pela meditação


em nossos filhos

Meditação é a forma mais eficaz de exercitar a mente a


concentrar-se. A prática ajuda a fortalecer a mente para que
ela não se distraia facilmente. Crianças que receberam um
bom ensino de ética, mas que não exercitam a meditação
continuam suscetíveis às tentações, pois falta a elas aquele
reforço complementar.
Os pais devem começar a incentivar seus filhos a amar a
meditação desde bem pequenos. Quando suas mentes
estiverem concentradas, eles terão capacidade de absorver
prontamente as orientações. A ética incutida neles pelos pais
florescerá e eles terão capacidade de lidar claramente com as
incertezas.
Todavia, há vários pais que acreditam que os filhos
devem ficar à vontade para pensar e que exercitá-los a
meditar quando eles tiverem dois ou três anos de idade é
excessivamente restritivo. A esse respeito, há uma
explicação fornecida por um monge superior sobre o efeito
da meditação sobre crianças pequenas:
“Antes de tudo, deixe-me perguntar-lhes o seguinte:
existe alguém neste mundo que não deseje ser uma boa
pessoa? Não, não há nenhuma. Mesmo um ladrão deseja
ser bom, mas, infelizmente, ele pensa que roubar é uma boa
coisa. Uma pessoa deve compreender a diferença entre o
que é bom e o que é mau. Sem essa noção, a sociedade
permanecerá no caos.”
“Todos os pais desejam que seus filhos cresçam e se
tornem boas pessoas, mas deixá-los fazer tudo o que querem
esperando que crescerão naturalmente para se tornarem
bons não é a forma correta. Os pais devem apresentar bons
exemplos enquanto os ensinam, por exemplo, usando uma
linguagem educada, mostrando humildade e ensinando-os a
se inclinar aos pés de seus pais e avós.”
“Inicialmente, os filhos podem não compreender as
razões pelas quais devem ser respeitosos, mas pelo menos
eles estão observando as boas maneiras. E quando eles
tiverem idade suficiente para entender, devemos explicar-
lhes por que eles devem ser respeitosos com os pais, avós e
professores. Se não os ensinarmos a se inclinar aos pés de
seus pais quando forem jovens, é muito provável que não o
façam quando forem mais velhos. Eles podem saber que esta
é uma boa atitude, mas ficarão muito envergonhados em
adotá-la. Alguns adultos que nunca foram ensinados a se
inclinar aos pés de seus pais se sentirão muito constrangidos
ao fazê-lo e mesmo os pais ficarão embaraçados demais em
receber a reverência, simplesmente porque não estão
habituados a isso.”
“Inclinar-se é um sinal de respeito que significa que
estamos cientes da benevolência das pessoas frente às quais
nos inclinamos. E esse deve ser um respeito profundo, a
ponto de não podermos nos manter inertes sem demonstrar
nosso respeito por aquelas pessoas. Tendo reconhecido a
benevolência daquelas pessoas, o próximo passo é observá-
las e imitá-las.”
“Se nunca tivermos sido treinados a prestar reverência
desde jovens, cresceremos com grandes egos. Algumas
pessoas esnobes não conseguem nem mesmo reconhecer
virtudes em outras.”
“Hoje em dia podemos observar que muitas pessoas
possuem essa atitude negativa, sempre procurando defeitos
nos outros, os alunos nos professores e vice-versa, os
supervisores nos subordinados e os colegas entre si. O senso
de comunhão e harmonia se deteriora. A única forma de
reverter esta tendência é ensinar respeito e enxergar virtudes
nos outros.”
“Portanto, se quisermos que nossos filhos cresçam para
se tornarem bons cidadãos, o processo deve começar bem
cedo. Logo que eles aprenderem a falar devem ser ensinados
a dizer somente palavras agradáveis. Tragam-nos ao templo
e deixem que aprendam a meditar visualizando a imagem de
Buda. Quando eles crescerem podemos ter certeza de que
nossos filhos, ao se depararem com problemas,
permanecerão calmos, tranqüilos e controlados.”
“A meditação pode realmente mudar um ser
humano? Quando abrimos nossos olhos, vemos outras
pessoas, mas não a nós mesmos. Se quisermos enxergar a
nós mesmos, teremos que fechar nossos olhos.”
“Se soubermos como meditar e formos capazes de
apaziguar nossas mentes, saberemos o que é certo ou errado.
Em vez de desperdiçar o tempo criticando os outros,
devemos nos analisar atentamente e procurar sanar nossos
próprios defeitos e, dessa forma, aprimorar nossa vida em
geral.”
Os ensinamentos do monge superior reforçam a noção
de que ensinar crianças a meditar desde jovens permitirá que
elas se concentrem e exercitem suas mentes. Elas não
vacilarão frente às tentações, mas permanecerão firmes
sobre o sólido alicerce moral resultante da orientação que
receberam de seus pais.
Durante as próximas férias de verão, introduza seus
filhos na meditação unindo-se aos acampamentos de verão
do Dhamma oferecidos por diversos templos. Uma sólida
moral que tenha início na infância beneficiará as crianças
por toda sua vida.
Capítulo 35

Ordenar-se em benefício dos pais


gera mérito

Nessa era de tentações constantes e de eterna pressão


para se obter o sustento, é muito raro encontrar qualquer
família com um filho que se ordene como monge budista no
mínimo pelo período da quaresma budista. Os pais devem
ter acumulado uma imensa soma de retidão. Isso não ocorre
com freqüência, uma vez que o primeiro requisito é a
disposição do filho. A ordenação não é realizada em troca de
um novo carro ou de um ganho monetário.
O anseio de ver seu filho em mantos açafrão

O escritor está observando um cartaz exibido pela


Sociedade Budista que convida alunos a se ordenar durante
suas férias de verão. O cartaz exibe uma mãe com cerca de
sessenta anos de idade. Ela segura uma pequena coroa de
flores em suas mãos; seu rosto está cheio de alegria. Seu
filho, trajado em mantos brancos de noviço, está totalmente
curvado aos seus pés mostrando amor e respeito profundos
por ela e simbolicamente pedindo-lhe permissão para se
ordenar.
O cabeçalho diz, “Ordene-se enquanto sua mãe
ainda estiver viva para demonstrar-lhe sua
gratidão”.
Qualquer mãe que olhar este cartaz desejará que seu
filho se ordene pelo menos uma vez. E qualquer filho ao vê-lo
ficará muito motivado a se ordenar.
O escritor ordenou-se em diversas quaresmas budistas
e pode asseverar que a alegria da ordenação é ilimitada.
Aprendi que podemos ser felizes sem posses mundanas, com
um espaço de um metro quadrado para sentar e levantar e
dois metros quadrados para dormir. Isso pode gerar mais
felicidade do que milhões de Bahts. Este tipo de felicidade
não pode ser comprada.
Além disso, este foi um benefício duplo. Inicialmente,
minha ordenação teve o intuito de demonstrar gratidão aos
meus pais. Por felicidade, descobri a finalidade da vida.

Obstáculos à ordenação

Ordenar-se e proporcionar aos pais a oportunidade de


se regozijarem nos méritos não ocorre com facilidade. A
ordenação não é algo que possa ser feito sempre que se
desejar. A ordenação exige méritos acumulados da vida
passada de uma pessoa, bem como a satisfação de todas as
qualificações estipuladas na seção de disciplina da Tipitaka.
Infelizmente, meu pai faleceu quando eu era pequeno,
portanto, ele não chegou a ver seu filho em mantos açafrão.
E eu passei por duas situações de risco que quase me tiraram
a vida antes que meu pai falecesse. A primeira vez ocorreu
quando eu tinha um pouco mais de dez anos. Estava
sonhando acordado e fingindo ser um lutador de espada em
um filme chinês de artes marciais e não percebi uma
motocicleta se aproximando, pois o chapéu que estava
usando encobria minha visão. Felizmente, a motocicleta
aproximava-se em baixa velocidade. Fui atropelado, mas
consegui levantar-me e me afastei com ferimentos leves.
Este foi meu primeiro contato com a morte.

A segunda vez ocorreu quando meu apêndice se


rompeu durante a madrugada. Fui levado ao hospital por
minha mãe e minha avó. Todavia, o médico não me
diagnosticou corretamente. Se tivesse havido uma infecção
interna, minha família estaria tomando as providências para
meu funeral. Sofri por 15 horas, enquanto o médico me
tratava para uma dor de estômago normal. Assim que ele
constatou que meu apêndice havia se rompido, fui
imediatamente operado.
Quando voltei da anestesia na manhã seguinte, ainda
zonzo, vi o companheiro na cama ao lado que havia sofrido o
mesmo problema. Mas ele deve ter passado por uma
situação muito pior do que a minha, pois vi tubos ainda
drenando toxinas de seu corpo. Senti-me um felizardo.
Quando me virei, vi as faces de duas senhoras mais velhas
com expressões de enorme alívio. Pensei, “Minha mãe e
minha avó devem ter passado a noite inteira aqui me
observando”.
Naquele instante, senti que essas duas senhoras deviam
me amar muito. Elas eram as pessoas que me amavam
com todo seu coração; era um amor altruísta que não
esperava nada em troca. Perguntei a mim mesmo se havia
feito qualquer coisa para retribuir seu amor.
E a resposta é… muito pouco. Percebi naquele instante
que não deveria fazer nada para magoá-las se pudesse.
Esses dois eventos de risco exerceram uma parte
essencial no incentivo à minha ordenação. Queria que
minha mãe e minha avó me vissem nos mantos açafrão.
Queria dar a elas a oportunidade de acumularem méritos e
desejei que não se preocupassem mais comigo, uma vez que
eu seria instruído no Dhamma.

Estamos caminhando rumo aos nossos túmulos

Decidir ordenar-me após concluir a faculdade. Quando


observava a vida, tudo parecia tão imprevisível. Poderíamos
ver alguém pela manhã, mas à noite essa pessoa poderia
estar morta.
Vi pais tomando providências para o funeral de seus
filhos, avós para seus netos. Não devia ser assim e eu
certamente não desejava que isso me acontecesse. Mas uma
vez que a vida é tão imprevisível, a ordenação era prioritária.
Além disso, a saúde de minha mãe se deteriorava; minha avó
estava ficando muito senil e, se postergasse por muito tempo
a ordenação, elas poderiam ficar fracas demais para saber.
Eu deveria fazê-lo assim que possível.
Foi quando minha decisão sofreu um abalo. Ao me
formar, recebi uma ótima oferta emprego. A carga de
trabalho me consumia e os pensamentos sobre a ordenação
foram deixados de lado. Deve ter sido meu mérito passado
vindo ajudar-me, pois um dia o monge superior que sabia de
minha antiga intenção veio para guiar-me.
Suas primeiras palavras foram “Que tal ordenar-se
no próximo retiro das chuvas?”
Hesitei por um momento, mas finalmente disse, “Ainda
estou encarregado de várias tarefas, acho que não devo sair
agora”.
Como se esperasse minha resposta, ele retrucou, “Se
você morrer hoje, seus patrões não vão se
incomodar em lhe adiantar qualquer mérito”.
Esta resposta foi como um clarão no escuro. Fiquei
abalado em pensar que se morresse hoje, minha mãe e
minha avó seriam as únicas pessoas que se importariam o
bastante para compartilhar seus méritos comigo. Assim que
esse pensamento lampejou em minha cabeça, resolvi
imediatamente ordenar-me durante o retiro das
chuvas.

Méritos provenientes da ordenação

Após minha ordenação, aprendi que os tailandeses


acreditavam que a ordenação significa uma pessoa restituir
sua dívida de gratidão para com seus pais. Todavia, ainda
havia alguns tailandeses que não apoiavam essa convicção.
Como poderia um filho compensar seus pais quando
ele mesmo estava aceitando ofertas e realizando diversas
tarefas virtuosas enquanto seus pais estavam em casa?
Parecia mais que ele os havia deserdado. Alguém havia feito
a mesma pergunta ao monge superior, e ele forneceu a
seguinte explicação:
“Todo mundo tem suas próprias crenças, mas antes de
acreditar em qualquer coisa, você deve observar a lógica por
trás disso. No budismo, acreditamos que ‘cada pessoa que
realizar boas ações receberá bons resultados e vice-
versa. Nós colhemos o que plantamos’.
“Quando um filho é ordenado, ele certamente receberá
o mérito por tentar purificar-se de acordo com os
ensinamentos do Senhor Buda. Os pais recebem um tipo de
mérito diferente: em primeiro lugar, eles obterão mérito por
apoiarem sua ordenação. Em segundo, quando seu filho for
um monge, devido à preocupação por ele, os pais visitarão o
templo para oferecer alimentos, não somente para seu filho,
mas também para outros monges. Em conseqüência, eles
obterão mérito por generosidade. Em terceiro, alguns pais,
devido à imensa preocupação, passarão cada vez mais tempo
no templo. Enquanto estiverem ali, eles ouvirão os
ensinamentos do Senhor Buda, ficando mais informados
sobre o certo e o errado. Ao elevar seus padrões morais, eles
obterão mais méritos. E, finalmente, enquanto estiverem no
templo, eles verão que outras pessoas estão observando os
preceitos e praticando meditação. Se eles seguirem este
exemplo, eles igualmente obterão mérito.”
“Não há nenhuma dúvida de que os pais irão auferir
méritos de uma natureza diversa daquela de seu filho.
Todavia, o mérito não chega a eles automaticamente se eles
ficarem aguardando inutilmente. Há alguns monges que têm
que visitar seus pais em casa para convencê-los a observar os
preceitos. Se eles seguirem seu conselho, somente então eles
obterão méritos.”
Fiquei muito impressionado com esta explicação. Ela
demonstra que a ordenação do filho levará os pais a visitar o
templo e a praticar virtudes. Ela também incentiva os
monges a procurar convencer seus pais a acumular mérito.

Ordenação em benefício dos entes queridos

Hoje em dia, ao buscar suas metas na vida, a maioria


dos homens tende a distanciar-se ainda mais de seus pais.
Quando este distanciamento prossegue, as possibilidades de
alguém se ordenar em benefício da mãe ou do pai serão
remotas. Para evitar este conflito, devemos nos ordenar
por nossos pais incondicionalmente, de modo a
retribuir seu amor absoluto por nós.
Se observarmos atentamente as vidas das pessoas,
veremos que elas se esforçaram por outras pessoas, algumas
até mais do que jamais nos esforçamos pelos nossos próprios
pais. Se pudemos dar tanto aos outros, por que somos
incapazes de dar mais aos nossos próprios pais?
Este verão será o momento ideal de fazê-lo. Como um
budista erudito sabiamente colocou, “Cada homem deve
ser um intelectual em assuntos seculares e um sábio
no budismo, assim sua vida não será desperdiçada”.
Parte Seis

O fim da vida de alguém


Capítulo 36

O valor da vida

Embora saibamos que nossas vidas não durarão mil


anos, algumas vezes ainda nos deixamos levar pela torrente
de prazeres mundanos que nos causam sofrimento.
Algumas vezes fazemos coisas que mais tarde trazem
remorso. Um vez que cada um está contando os dias de sua
vida, algumas pessoas podem ter se perguntado, “Como
viver nossas vidas da forma mais plena e como viver
cada minuto de nossas vidas com consciência total?”

Um monge altamente respeitado tinha uma resposta


clara para isto. Ele sempre relembra aos leigos que chegam
para gerar mérito em seu templo que lidar com situações
cotidianas é algo para o qual precisamos nos preparar.

“Ainda que possamos desgostar das dificuldades e


apreciar a felicidade, não há nenhuma forma de evitar o
sofrimento em nossas vidas, porque a vida é uma mistura de
sofrimento e felicidade. Em vez disso, devemos nos
preparar para o sofrimento inevitável com uma
mente firme.”

“Seres humanos nasceram com formas inerentes de


sofrimento que incluem envelhecimento, doença e morte. A
cada dia essas formas de sofrimento exercem efeitos
adversos em nossas vidas em diversos graus.”

“Em vez de perceber e ficar ciente deste sofrimento, os


humanos se cegam ainda mais com outras trivialidades. Uma
pessoa se preocupará mais em satisfazer seus desejos, por
exemplo, ter um cônjuge e filhos, esperando que isso lhe
traga felicidade.”

“Outros indivíduos associados à pessoa que tenha esses


desejos estão sobrecarregados com os mesmos sofrimentos
inerentes (envelhecimento, doença e morte). Assim, ao se
casar, em vez de ser feliz, a pessoa está se sobrecarregando
com os sofrimentos naturais de seus entes queridos,
inclusive o sofrimento que poderá ser causado por ter que se
separar deles no final.”
“Se você é casado ou tem seus próprios filhos, não há
necessidade de explicar as dificuldades que advirão com suas
responsabilidades. Mesmo permanecendo solteira, tendo que
prover seu sustento, cuidar dos pais, uma pessoa mal tem
tempo suficiente para si própria. Depois de casada, a pessoa
deverá exercer a função de cônjuge e genitor dos filhos. Cada
função envolve certamente uma enorme quantidade de
trabalho. Assim, a cada dia, a vida familiar é preenchida com
preocupação e dedicação.”

“Se você for cauteloso e articulado, talvez consiga


encontrar alguma felicidade em um casamento. Ainda assim,
uma pessoa não pode escapar do sofrimento quando a morte
chega. Ficar separado dos entes queridos é inevitável e causa
grande pesar. Se alguém deseja viver uma vida feliz,
deve aprender a ser tolerante e a não se
sobrecarregar com sofrimento desnecessário.”

“Algumas pessoas podem pensar que este ensinamento


baseia-se em uma opinião pessimista. Mas, na verdade,
trata-se de um ensinamento realista que lhe diz
como lidar com situações cotidianas.”

“O Senhor Buda foi capaz de vencer todos esses


sofrimentos. Ele ensinou que uma pessoa pode lidar com
sofrimento inesperado preparando-se cuidadosamente para
confrontar o envelhecimento, a doença e a morte refletindo
habitualmente nos aspectos a seguir:

1. Conhecer a finalidade da vida: Saber que não


nascemos para viver somente em busca do prazer. De fato,
nascemos para buscar perfeições, cultivar mérito para nos
desvincular dos sofrimentos do samsara (ciclo de vida e
morte) seguindo os passos do Senhor Buda para atingir o
Nibbana.
2. Auto-realização: Habitualmente reflita sobre o
fato de que morrer é natural para nós. Ainda não superamos
a morte. Não sabemos quando iremos morrer. Mais cedo ou
mais tarde teremos que nos separar de todos os entes
queridos e das coisas que amamos.

Como as pessoas podem pensar sobre a morte?

1. Pensar sobre a morte com falsa visão: Pensar


que a morte é inevitável ou somente esperar que a morte
chegue, sem cultivar mérito ou qualquer coisa boa, é um
desperdício de uma preciosa vida humana.

2. Pensar sobre a morte com visão correta: A


morte é inevitável; assim, antes de morrer, deve-se extrair o
máximo da existência física cultivando a quantidade máxima
de boas ações para que o mérito acumulado resultante dessas
ações seja transposto para a próxima existência.

Toda a vida termina em morte. Ainda assim, a morte


nunca pode ser a finalidade da vida. A finalidade da vida é
cultivar mérito e purificar-se de contaminações para atingir o
Nibbana. Uma vez que as impurezas ainda permanecem,
nunca se deve parar de realizar boas ações até a chegada do
dia final. Esta é a melhor recomendação que temos a
oferecer.

A reflexão diária sobre a morte e a separação de todos


os entes queridos e dos objetos amados ajuda a desenvolver
a consciência e a progredir na meditação. Uma pessoa que
realiza esta reflexão viverá sua vida com cautela e
preparação. Ela tende a não buscar nenhum vínculo
adicional com seres animados ou inanimados, concentrando-
se, em vez de isso, em realizar boas ações. Ela não teme
nenhuma dificuldade. Ela percebe que a morte se aproxima
cada vez mais, como uma sombra que a seguiu desde o
nascimento e está pronta para atacá-la em momentos de
fraqueza.

3. Cultivar o mérito máximo: O objetivo da vida é


viver com propósito ou significado. Fazer algo que não possa
ser transportado para a próxima vida não é considerado
verdadeiramente benéfico.”

O Senhor Buda percebeu que somente os resultados de


nossas ações nos seguirão quando morrermos. Ele ensinou,
“Somos proprietários de nossas ações, somos
herdeiros de nosso carma, quaisquer que sejam as
ações que pratiquemos, sejam elas boas ou más,
receberemos suas conseqüências”.

Ele ensinou três diretrizes principais sobre como viver


nossas vidas e extrair o máximo delas:

1. Evitar más ações: Eliminar maus hábitos passados


e evitar começar novos que possam aumentar as
conseqüências adversas, a ponto de nos trazer estados de
infelicidade ou fazer com que percamos o caminho rumo aos
reinos celestiais e ao Nibbana.

2. Realizar boas ações ao máximo: Procurar


realizar quaisquer boas ações que você nunca realizou e
aumentar o empenho dedicado àquelas boas ações que já
realizou para conquistar a passagem aos reinos celestiais e ao
Nibbana, fechando ao mesmo tempo o portão do inferno.

3. Purificar a mente: Manter a mente clara e


iluminada o tempo todo ao inspirar e expirar. Se uma pessoa
inspirar e não expirar, a vida daquela pessoa chegará ao fim.
A morte não traz nenhum sinal de advertência. Assim, cada
um deve preparar-se para a morte mantendo sempre uma
mente clara.

A claridade ou turvação da mente nos abrirá a


porta do céu ou do inferno, respectivamente.

Uma mente clara e brilhante resultante da


reminiscência de boas ações passadas os conduzirá à
felicidade. A força de bons efeitos cármicos baseados nas
boas ações que uma pessoa realizou em terra abrirá os
portões de um reino celestial com tesouros celestiais.

Uma mente turva resultante da reminiscência de más


ações passadas conduzirá uma pessoa a reinos de infortúnio.
A força de maus efeitos cármicos conduzirá a experiências
dolorosas que corresponderão às ações daquela pessoa em
sua existência atual.

Essas diretrizes principais são categorizadas e


elaboradas no ensinamento budista como as 10 Bases de
Ações Meritórias (Puññakiriyā-vatthu) expostas abaixo:

1. Generosidade (Dānamaya)
Mérito adquirido por dar ao receptor adequado

2. Disciplina Moral (Sīlamaya)


Observar o comportamento moral restringindo o modo
de falar e as ações, de forma a não causar transtorno a
outros.
3. Prática da meditação (Bhāvanāmaya)
Desenvolvimento mental por meio da meditação

4. Humildade (Apacāyanamaya)
Reverência e humildade frente a outros com virtude
5. Ajudar outros (Veyyāvaccamaya)
Auxiliar outros sem violar a lei, a tradição ou a moral

6. Transferir méritos (Pattidānamaya)


Compartilhar mérito com outros

7. Regozijar-se no mérito (Pattānumodanāmaya)


Regozijar-se no mérito de outros

8. Ouvir os sermões de Dhamma


(Dhammassavanamaya)
Ouvir as doutrinas ou ensinamentos corretos

9. Proferir os sermões de Dhamma


(Dhammadesanāmaya)
Ensinar a doutrina ou mostrar a verdade

10. Formar a Visão Correta (Ditthujukamma)


Fortalecer a visão ou formar as visões corretas.

“Em suma, essas dez ações meritórias podem ser


categorizadas simplesmente em três grupos principais. Estes
são generosidade (Dāna), disciplina moral (Sīla) e
prática da meditação (Bhāvanā).”

“Uma pessoa que entende a finalidade da vida,


contempla habitualmente a realidade da morte e se empenha
em cultivar boas ações terá a visão correta do mudo. Sua
mente ficará imune aos sofrimentos mundanos. Ela também
conseguirá encontrar felicidade tanto nesta vida quanto na
próxima.”

Todos esses ensinamentos proferidos por um


respeitado monge superior nos lembra que não devemos
conduzir nossas vidas descuidadamente; devemos almejar
realizar boas ações e devemos evitar mau comportamento e
purificar nossas mentes a cada dia, para que nossas vidas
fiquem plenas de valor.

Espero que esta mensagem de um respeitado monge


superior, expressa por meio deste livro, ajude muitos em sua
preparação para lidar cuidadosamente com quaisquer
formas de sofrimento que a vida possa trazer. O valor da
vida de uma pessoa depende da forma como ela a conduz
neste mundo para conseguir a passagem ao Nibbana.
Capítulo 37

O último momento da vida


de um pai

Certo dia, uma senhora veio buscar orientação de um


respeitado monge superior sobre como cuidar de seu pai
agonizante; budistas consideram esta uma tarefa importante
de qualquer filho agradecido. Assim, esses conhecimentos
devem ser aprendidos por cada um que deva pagar uma
dívida de gratidão para com seus pais.
A senhora disse, “Quando eu tinha 10 anos de idade,
meus pais se divorciaram. Minha mãe cuidou de mim”. Ela é
uma budista fiel que acredita na lei da causa e efeito. Ela
oferece alimento aos monges toda manhã. “Meu pai nunca
me visitou. Ainda que eu saiba onde ele mora, nunca fui
visitá-lo. Somente telefonei para ele algumas vezes”.

“Recentemente, ele ficou seriamente doente e foi


internado em um hospital. O médico diz que ele tem câncer e
provavelmente não terá muito tempo de vida. Meu pai não
tem fé no budismo. Como posso ajudá-lo a lidar com este
sofrimento? Se eu gerar mérito em nome dele quando
ele ainda estiver vivo, esse mérito poderia ajudá-lo a
se recuperar?”

O respeitado monge superior retrucou, “Antes de


prestar cuidados a um paciente agonizante, não importa a
enfermidade, a senhora deve entender algo que é de máxima
importância. É o estado da mente que determinará o destino
da vida após a morte dele. Assim, procure fazer com que ele
não se preocupe com nada”.

“O Senhor Buda certa vez disse, ‘Uma mente


obscurecida conduz a um reino desfavorável’.”

“Durante os dois últimos meses da vida de seu


pai, faça o possível para que ele desenvolva uma
mente clara. E gerar mérito é a melhor forma de tornar a
mente clara e brilhante.”

“Se meu pai não tem fé no budismo e eu gerar


mérito por ele, ele receberá o mérito?”

“A resposta é sim, ele receberá o fruto do mérito


somente quando se alegrar em seu mérito e o valor do mérito
que ele receber será inferior ao que ele receberá se gerá-lo
por si próprio.”

“Se uma pessoa não acredita na lei da causa e efeito, no


momento da morte, quando apanhada pelos resultados de
suas más ações, em seu último momento de vida ela
experimentará grande sofrimento.”

“Como filha, você deve permanecer próxima ao seu pai.


Quando a oportunidade surgir, transmita ao seu pai um
discurso sobre Dhamma; traga-lhe flores, velas e incenso
para prestar homenagem ao Senhor Buda três vezes ao dia.
No começo, ele pode recusar sua proposta. Seja paciente e
mantenha-o falando; diga-lhe para rezar diariamente ou
tanto quanto puder.”

“Se sua condição não lhe permitir sentar-se, ele também


poderá rezar enquanto estiver deitado. Quando ele tinha
saúde talvez tenha duvidado do que a senhora disse. Mas no
último instante quando a dor for insuportável para ele a
senhora lhe disser para obter refúgio nas Três Jóias, ele
poderá considerar aceitar seu conselho.”

“Outra coisa que a senhora poderá fazer é preparar


doação em alimentos (arroz, fruta ou flores) para que ele
ofereça aos monges. Ou seria melhor ainda se a senhora
pudesse convidar os monges a visitar seu leito para receber
sua oferta de donativo. Se isso não for possível, a senhora
também poderá oferecer doações de alimentos em outro
lugar em nome dele e contar-lhe depois para que ele possa
regozijar-se no mérito.”

“Ao seguir este conselho, ele lutará menos,


principalmente se ainda tiver algum mérito pessoal sobrando
para acreditar na senhora. Ele ficará mais sereno enquanto
luta com sua dor. Mas se ele rejeitar tudo, então a senhora
não poderá fazer nada senão esperar restituir a dívida de
gratidão a ele na próxima vida.”

“Há vários anos atrás, conheci alguém que era o


guardião de um templo. Ele sofria de diabetes e por esse
motivo teve que sofrer uma amputação. Após a cirurgia,
todo os dias às duas horas ele sofria de uma dor tão aguda no
local da ferida que nada fazia cessar a dor.”

“E em virtude de ele ter fé no budismo e crença na Lei


do Carma, eu o visitei e dei-lhe fitas cassete de cânticos e
meditação. Após o café da manhã, nós pedíamos que
descansasse. Enquanto ligávamos o cassete para que ele
cantasse, ele cantava junto durante algum tempo após as
duas horas e esquecia-se completamente da dor. Nós fizemos
isso todo dia até que o ferimento cicatrizasse.”

“Isso nos lembra que devemos aprender como cantar e


cantar habitualmente. Assim, quando formos acometidos por
uma enfermidade, poderemos utilizar o canto para lidar com
qualquer desconforto. Quando a mente estiver concentrada
no canto, ela esquecerá outras coisas. Ficou comprovado que
este é um método bem-sucedido.”

“Sua decisão de cuidar de seu pai durante sua doença é


a decisão correta a adotar. Embora ele a tenha negligenciado
bem como à sua mãe, a senhora deve saber que os pais são as
pessoas para quem temos nossas dívidas de gratidão por
diversas razões.

1. Os pais servem como molde físico. Eles nos dão


a forma física como seres humanos, adequada para executar
ações meritórias. Embora eles possam não ter nos educado,
ainda assim temos uma dívida de gratidão para com eles. Se
eles também nos educarem como bons pais, temos uma
dívida irrefutável para com eles.

2. Os pais sempre nos perdoam sem


ressentimentos. As repreensões e punições que eles
possam ter aplicado por praticarmos atos inaceitáveis são
motivadas por seu profundo amor e preocupação conosco.
Dói mais em seu coração do que no nosso quando eles têm
que nos dar uma surra, como se tivessem seus corações
atravessados por uma faca. Eles são os melhores amigos que
poderemos encontrar neste mundo e podemos confiar neles
integralmente.

3. Nossa dívida de gratidão para com nossos


pais é muito maior do que podemos retribuir.
Precisamos refletir habitualmente sobre a avaliação de nossa
dívida de gratidão para com eles.

Essas são as formas pelas quais os filhos podem retribuir a


dívida de gratidão que têm para com seus pais:

1. Cuidando deles em sua velhice

2. Continuar a manter o bom nome da família

3. Usar a prosperidade da família de forma responsável

4. Prosseguir no bom trabalho pela sociedade que eles já


haviam iniciado

5. Inspirá-los a ter fé nas Três Jóias, continuando a


incentivá-los a ser generosos e a manter os padrões
morais, persuadindo-os a ouvir os ensinamentos
espirituais e ensinando-os como meditar. Tudo isso
poderá ajudá-los a manter-se no caminho ao Nibbana.”
“Ainda que seus pais tenham falecido, sua obrigação
como filho ou filha agradecida ainda não se encerrou. Além
de assumir a responsabilidade por organizar um funeral
adequado, um filho e filha agradecidos praticarão atos
meritórios regularmente e transferirão o mérito de suas boas
ações para seus falecidos pais.”

Espero que tenha aprendido neste capítulo que,


enquanto educa seu próprio filho para ser uma boa pessoa,
você não deve esquecer de tratar carinhosamente seus pais e
avós. Este é o caminho para dar aos seus filhos exemplos de
como cuidar de você ao atingir a velhice, principalmente em
seu último momento de vida. Eles saberão como tornar as
mentes de seus pais claras e brilhantes para que tenham um
destino favorável de acordo com o budismo. No final, tudo
isso reverterá para você.
Capítulo 38

Pais, Dignos de nossa Reverência

Em 1999, as estatísticas na Tailândia mostraram que o


número de pessoas idosas que estão sendo negligenciadas
aumentou no mínimo em 300.000 ao ano, ao passo que os
asilos na Tailândia podem acomodar somente um aumento
de 200 pessoas por ano. Isso é ocasionado por filhos adultos
que se cansam de seus pais idosos e da responsabilidade de
cuidar deles. A tendência crescente de colocar pessoas idosas
em asilos é bastante desalentadora.
Nos ensinamentos budistas, os pais são reverenciados
como os Arahantas1 na família. Eles são os primeiros
professores de seus filhos. Há um ditado tailandês que diz
que os pés dos pais são as portas dos reinos celestiais.
Crianças tailandesas expressam seu respeito e demonstram
gratidão aos pais inclinando-se aos seus pés. Além disso, em
sua velhice os pais devem receber os cuidados dos filhos.
Atualmente, todavia, pais idosos que são negligenciados
tornaram-se um grande problema na sociedade tailandesa
em que o budismo é a religião mais comum.
Nossos ancestrais nos ensinaram que o sucesso de uma
pessoa depende da forma como ela trata seus pais a quem
lhes deve sua gratidão. Uma vez que a amabilidade deles é
incomparável, se uma pessoa não perceber e apreciar
este fato, ela também não será afável com outros. O
portão dos reinos celestiais e da prosperidade ficará fechado
a quem quer que negligencie seus pais.
Nossos ancestrais nos lembram da importante questão
a seguir. Quando relembramos nossa infância, observamos

1
O Sagrado; o perfeito
que não conseguíamos ajudar a nós mesmos. Mas se nossos
pais tivessem se cansado de nós e nos deixado em latas de
lixo ou à beira da estrada, jamais teríamos sobrevivido por
nossa própria conta. Ainda que sobrevivêssemos, talvez
tivéssemos nos tornado crianças sem lar morrendo de fome e
sem nenhum futuro. Assim, em virtude de nos ajudarem e
nos aceitarem em sua família, nossa dívida de gratidão para
com eles é incomparável. Sua amabilidade está além do que
podemos retribuir. Pense por um momento: algumas vezes
eles passaram fome e se sacrificaram por nós para que
pudéssemos ser alimentados. Eles lutaram de todas as
formas para nos criar como pessoas adultas. Por esta razão,
devemos retribuir nossa dívida de gratidão a eles da melhor
forma que pudermos.
A partir do retrato acima, se pensarmos sobre ficar
velhos ou nos tornar futuros avós, está claro que ficaremos
senis e frágeis. Talvez venhamos a depender de nossos filhos
para cada movimento, até mesmo para nossas idas ao toalete.
Nossos corpos físicos ficarão debilitados e isso fará com que
nós e nossos filhos nos sintamos constrangidos. Sem a
gratidão e o verdadeiro amor que nossos filhos nutrem por
nós, poderemos ser negligenciados. Todavia, algumas
pessoas estão cuidando pacientemente de seus pais ou avós
somente na expectativa de uma herança. Como podemos
impedir esse problema de desafabilidade àqueles
dignos de nossa reverência?
Com grande visão e sabedoria, nossos ancestrais
possuíam critérios claros para solucionar este problema.
Principalmente, os pais devem determinar que seus filhos
ajudem nos cuidados com seus avós desde pequenos. Assim,
eles automaticamente testemunharão as ações de seus pais.
Mais tarde, eles cuidarão de seus próprios pais da mesma
forma que estes fizeram com seus avós.
É importante também, para infundir eficientemente a
gratidão nos filhos, que os pais os façam participar dos
cuidados de seus avós. Além disso, eles devem exaltar as
virtudes de seus avós para seus filhos, tanto na presença
quanto na ausência dos avós. Ao estabelecer um bom
exemplo, os filhos verão claramente e aprenderão a partir
dos atos de seus pais. Dessa forma eles saberão que uma
pessoa agradecida deve tratar seus pais dessa forma.
Ao contrário, aqueles que cuidam de seus pais e se
queixam ou os insultam ao mesmo tempo – ou pior, abusam
direta ou indiretamente de seus pais – terão filhos que
mentalmente relembrarão esses atos e os copiarão de acordo.
A verdade é: aqui se faz, aqui se paga. Quando eles chegarem
à velhice, seu filho irá tratá-los da mesma forma como
fizeram com seus próprios pais. Eles terão os mesmos
sentimentos que seus pais idosos tiveram, que são
sentimentos de mágoa por não serem amados, de serem um
fardo para a família, de não pertencerem ao lugar e mesmo
de se sentirem inferiores a uma empregada. Essas sensações
negativas magoarão seus corações em retorno ao mau
exemplo que deram aos seus próprios filhos.
Assim, na condição de pai ou mãe, se desejar ser bem
tratado por seus filhos em seus anos tardios, você deverá
primeiro cuidar bem de seus próprios pais. Ao mesmo
tempo, você deve exercitar seus filhos a serem bons
auxiliares. Um dia, quando se tornarem adultos, eles
também cuidarão bem de você. Você não será afetado ou
magoado por nada nem ninguém, pois seus filhos possuem a
compreensão correta de serem agradecidos a você.
De alguma forma, você deverá preparar-se para a
velhice. Não fazê-lo lhe trará problemas mais tarde, pois
talvez você não consiga adaptar-se quando seu corpo físico se
tornar debilitado. Além disso, pode haver pressões em
decorrência de sua falta de preparo em lidar com esses
problemas.
Chegamos agora ao tópico de como nos preparar para
sermos pais dignos da reverência de nossos filhos. Em
primeiro lugar, devemos saber que há dois tipos de idosos.
O primeiro tipo de idoso é denominado “Uma
Pessoa Improdutiva”, uma pessoa sem valia.
Esses tipos de idosos nunca obtiveram êxito em realizar
boas ações durante toda sua vida. Por exemplo, eles quase
nunca ofereceram donativos aos monges, observaram os
preceitos, meditaram, estudaram o Dhamma ou entoaram
cânticos. É como se tivessem levado vidas infrutífera dia a
dia. Esses idosos podem ser irritantes pois não possuem uma
compreensão de causa e efeito ou princípios de
discernimento. Seus filhos não gostam de passar o tempo
com eles porque eles criam problemas para a família, como
por exemplo, provocando a ruptura entre a mãe de um
marido e sua nora. Seus filhos raramente recebem deles
quaisquer conhecimentos virtuosos. Em conseqüência, eles
se tornarão negligenciados porque nunca ensinaram aos seus
filhos como se tornarem pessoas agradecidas.

O segundo tipo de idoso é denominado “Uma


Pessoa Produtiva”, um filantropo ou altruísta.
Durante todas suas vidas, esses idosos proveram
diligentemente seu sustento e estão bem preparados para
seus anos de velhice, para que possam depender de si
próprios sem a ajuda de outros. Seu comportamento e seus
modos são bem ajustados; eles sabem que não se
constituirão em um fardo para seus filhos. Em termos de
religião, eles estudaram diligentemente os princípios
budistas sendo generosos, observando os preceitos e
praticando a meditação. Mais ainda, eles sempre ensinaram
e incutiram em seus filhos a compreensão correta da vida.
O Senhor Buda designava essas pessoas idosas
“aqueles dignos da reverência de seus filhos”. Uma
família com um membro assim terá felicidade já que possui
um “integrante digno na família”.
Esses idosos sempre seguiram os princípios de levar
uma vida simples que incluem:
1) Fazer o possível para oferecer donativos. Isso
significa que eles sempre acumulam mérito por
oferecer donativos aos monges a cada manhã para
reunir provisões para a próxima vida.
2) Fazer o melhor de si para aderir estritamente
aos Cinco Preceitos a cada dia. Isso é verdadeiro
principalmente em relação ao quarto preceito (não
mentir), do qual se deve tomar ciência máxima. Na
véspera dos dias budistas sagrados e durante os dias
budistas sagrados, eles manterão os Oito Preceitos.2

2
Abster-se do suicídio, tomar o que não é dado, ser incasto, proferir falso discurso, ingerir substâncias
inebriantes que causem descuido, alimentação imprópria, entretenimento e cosméticos, e camas ou
colchões amplos e luxuosos.
Fazer isso poderá incentivá-los a conduzir suas vidas
de um modo simples.
3) Fazer o melhor de si para meditar
freqüentemente. Eles meditam pela manhã, após
o almoço e antes de dormir para manterem sua
mente purificada e radiante.

Esses idosos comportaram-se bem e deram bons


exemplos para seus filhos. Durante o lazer, eles incutiram
nos filhos uma formação moral, contaram histórias,
contaram histórias do Dhamma, bem como suas próprias
experiências de vida, tudo isso sendo valioso e útil para os
pequenos seguirem. Esses bons exemplos lembraram e
tiveram um impacto sobre seus filhos, possibilitando a eles
conduzirem suas vidas de forma virtuosa e honrada.
Além disso, esses idosos nunca interferirão nas vidas de
seus parentes por afinidade. Eles presumem que esses
adultos sabem como lidar com a responsabilidade de uma
família e como solucionar problemas por si próprios. Eles
não precisam que seus sogros ajudem em reconciliações. No
final, esses adultos assumirão seu lugar e se tornarão o
próximo pilar de apoio da família.
Mais tarde, quando a vida desses idosos chegar ao fim,
suas posses serão dadas aos seus filhos. Assim, eles
permitirão que seus filhos adultos sejam os guardiões de
suas fortunas. Eles estão bem preparados pra seus próprios
funerais com economias acumuladas e promoverão a geração
final de mérito antes de seu sono eterno. Depois que os bens
forem divididos, uma quantia será dada aos seus filhos para
que cuidem de sua própria família. Esses idosos estão
conduzindo suas vidas de forma consciente a cada dia.
Quando seu último dia chegar, eles olharão o passado e se
orgulharão do que realizaram, uma vez que seus deveres são
“dignos da reverência de seus filhos.”
Assim, pode-se deduzir que os idosos do segundo tipo
não ficarão solitários durante seus últimos dias pois são
afetuosos, reverenciados por seus filhos e dignos do tempo
dos outros. Podemos observar claramente seus
conhecimentos, virtude, sabedoria e capacidade de ajustar-se
à vida. Podemos organizar nosso futuro seguindo o segundo
tipo de idosos, “A Pessoa Produtiva”. Isso significa que
devemos estar bem preparados antes de atingir a velhice.
Assim, a partir deste ponto, devemos nos preparar
para nos tornarmos as pessoas dignas da reverência
de nossos filhos.
Capítulo 39

Abençoando nossos descendentes

Ao atingirmos a velhice, abençoar nossos descendentes


passa a ser um dever importante entre as nossas diversas
obrigações. Todavia, nossas bênçãos serão reverenciadas
somente se o fizermos moderada e adequadamente,
dependendo de nossa antigüidade e qualificações. Estudar os
critérios de como nossos ancestrais abençoavam seus
descendentes e lhes infundiam a obediência, criando-os para
se tornarem bons cidadãos é de grande benefício para nós.
Seus princípios nos proporcionam uma orientação clara que
poderá se adaptada à nossa própria situação ao atingirmos a
velhice.

O que é uma bênção?


Abençoar é denominado vara no idioma Pali.
O significado de vara é progresso e felicidade.
Uma bênção significa o ato de dar o melhor de
si.
Assim, quando um idoso dá a bênção aos seus
descendentes, isso equivale a desejar-lhes o melhor.

O significado da bênção
Muitos podem não saber que abençoar
descendentes tem sido uma tradição da vida tailandesa
desde tempos antigos. Trata-se de uma rotina que a família
praticava antes de deitar-se. Os pais traziam seus filhos para
prestarem respeito aos avós toda noite. Em seguida os avós
resumiriam todas as boas ações que haviam praticado
naquele dia em uma bênção para seus netos. Procedendo
dessa forma, incutia-se nos filhos a conduta moral e eles
aprendiam a partir das virtudes de seus avós. Esses atos
transferiam boas ações e virtudes e os filhos aprendiam a
acreditar na Lei de Kamma.
No passado, as pessoas na sociedade tailandesa viviam
mais pacificamente. Elas tinham menos problemas do que na
sociedade atual, pois a maioria das famílias participava dessa
rotina familiar noturna, criando um ambiente harmonioso.
Os idosos representavam o coração da família
inteira. Se suas vozes que falam do Dhamma,
incentivo ou cautela estão ausentes, é como se o
coração de uma família parasse de funcionar. Ao
mesmo tempo, a família não ficaria unida. Mais tarde,
conflito, solidão, depressão e desânimo surgiriam na família.
O calor familiar enfraqueceria gradualmente e depois
chegaria ao fim. No final, os únicos sons que se ouviria na
família seriam obscenidades, discussões e o ruído produzido
pelos jogos e a ingestão de álcool.
Uma família que entende a importância de uma bênção
diária pelos mais velhos ensinará seus filhos a ficar bem
familiarizados em prestar homenagem e pedir a bênção de
seus pais e avós toda noite antes de deitar. Nos casos em que
os avós haviam falecido, os pais ensinavam seus filhos a
prestar respeito em frente aos retratos dos avós. E eles
assumiam o papel dos avós em incutir suas próprias virtudes
e boas ações para que pudessem se tornar bons exemplos
para seus próprios filhos.
Atualmente, essa rotina desapareceu das famílias
tailandesas; tornou-se a causa de problemas familiares,
como o crescente índice de divórcios, o descuido aos pais
idosos, etc. Além disso, alguns problemas são ocasionados
por casais que se separaram de suas próprias famílias
estendidas para se tornar uma família nuclear. Os únicos
membros da unidade familiar são os pais e filhos. Em
conseqüência, os filhos raramente recebem bênçãos de seus
avós. Quando os pais deixam de fazê-lo e não assumem o
papel dos avós em benefício de seus próprios filhos, os
conflitos passam a surgir em conseqüência disso. Alguns
casos são até piores porque membros individuais da família
vivem por conta própria na mesma família. Isso destrói o
vínculo entre pais e filhos, enquanto eles continuam
desconhecendo a raiz do problema.
Se vocês são integrantes de uma família nuclear que não
praticou essa tradição, na condição de pais vocês devem
discutir esse tópico. Devem fazer-se perguntas do tipo, “Você
deseja que seus familiares vivam por sua própria conta ou
deseja criar sua família na honrosa tradição tailandesa que
poderá trazer a unidade familiar?”
Quando seus pais vivem longe de sua família, você
deverá assumir seu lugar. A sugestão é que a mãe deve trazer
os filhos para que prestem homenagem e peçam primeiro a
bênção do pai, o chefe da família; depois deve-se prestar
homenagem à mãe. Praticar isso antes de deitar-se cria uma
família de bom coração. É uma garantia de que sua unidade
familiar será estável. Ao atingir a velhice, você não será
negligenciado porque ensinou seus filhos adultos a ser
agradecidos desde a infância. Eles ficarão bem familiarizados
com o ato de prestar homenagem e de pedir a bênção de seus
pais. E embora eles estejam crescidos, eles ainda prestarão
respeito a você e aos avós da mesma forma. Eles acreditam
que vocês foram bons provedores porque sempre obtiveram
ensinamentos valiosos de vocês.

Como alguém cria o melhor em si mesmo?


O leitor poderá apreciar agora o sentido e o significado
de uma “bênção”. Agora chegamos à interessante
pergunta de como uma pessoa pode desenvolver
suas melhores qualidades.
De acordo com os princípios budistas, a “mente”
humana possui características que diferem de outros seres
humanos neste mundo. Estas são:
1) A mente pode ser exercitada para ter uma qualidade
superior.
2) A mente pode livrar-se do mal.
3) A mente pode acumular pureza.
De acordo com essas características, se a mente
humana acumular somente boas ações, ela se tornará feliz e
poderosa. Ao contrário, se acumular somente más ações, ela
se tornará tenebrosa e má. Uma vez que cada indivíduo está
constantemente acumulando boas e más ações, sua mente não
pode ser completamente pura ou tenebrosa. Se for totalmente
pura, a pessoa terá uma vida após a morte em um reino
celestial ou atingirá a iluminação e entrará em Nibbāna
(Nirvana). Se a mente estiver totalmente obscurecida, a
pessoa irá para um reino do inferno após a morte.
Uma vez que cometemos tanto boas como más ações
em nossas vidas, devemos nos corrigir eliminando as más
ações e esforçar-nos ao máximo para realizar mais boas ações
nesta vida.
A incapacidade de desenvolver o melhor de si tem
causas primordiais que podem ser divididas em três grupos
principais que, como um todo são denominados impurezas
(Kilesa). Estes são:
1) Ganância (ou desejo) – egoísmo, ganância
interminável e mesquinhez.
Isso inclui um adulto ganancioso que cobiça as posses
de outras pessoas ou uma criança que é egoísta e furta os
pertences de outros.
2) Raiva (ou ódio) – desprazer ou, levado ao
extremo, alguém que se ofende facilmente e provoca
destruição.
Isso inclui adultos que se irritam e enraivecem
facilmente e crianças mal-humoradas.
3) Ignorância (ou desilusão) – confundir o
certo com o errado e vice-versa; confundir o bom
com o mau e vice-versa. Essa ignorância faz com que
uma pessoa tenha pensamentos, linguajar e conduta
negativos.
Isso inclui um adulto que seja tendencioso, invejoso
e goste de fazer intrigas sobre os outros ou uma criança que
consuma drogas, substâncias inebriantes e fique viciada em
produtos químicos de tintas.
Estes três tipos de impurezas fazem com que uma
pessoa seja incapaz de desenvolver o melhor de si. Quanto
mais impurezas alguém abrigar, menos qualidades nobres
poderá conquistar. Em conseqüência, ninguém deseja
associar-se a esse tipo de pessoa e mesmo cuidar dela na
doença.
Ao contrário, aqueles que já foram egoístas, coléricos ou
invejosos e depois reverteram sua conduta e se aprimoraram,
terão pensamentos, linguajar e ações positivas. Quando boas
ações se acumulam, os maus hábitos se transformarão em
positivos e eles criarão mais do melhor que há em si
próprios. Tanto adultos como crianças podem fazer isso;
depende apenas de determinação e prática conscienciosa.

A forma de criar o melhor em si mesmo


O Senhor Buda ensinou o caminho para criar o melhor
que há em si mesmo eliminando a ganância, cólera e
ignorância pela acumulação de mérito. Os elementos desse
caminho eram:
1) Eliminar a ganância por atos regulares de
generosidade. Pode-se observar um bom exemplo em
nossos ancestrais. Naqueles dias, nossos ancestrais
levantavam-se ao alvorecer e depois acordavam seus
familiares para prepararem os alimentos a serem doados aos
monges. A família inteira tinha que levantar-se e participar.
Quando os monges vinham para receber as ofertas de
donativos, os avós levariam as crianças para colocar a oferta
de alimento nas tigelas de doações dos monges.
Após esta oferta, os avós mostrariam às crianças como
transferir o mérito aos parentes falecidos despejando a água
da dedicação. Ao fazê-lo, incutia-se nas crianças gratidão e
compaixão.
Nas famílias que viviam distantes do templo e não
faziam parte do percurso da rota dos donativos dos monges,
os avós pediam aos seus descendentes que preparassem
alimentos para oferecer aos monges e eles viajariam até o
templo para oferecê-lo lá. Se ele não pudessem viajar devido
a doença, seus filhos iriam em seu lugar. Antes de deixar a
casa, os avós reuniriam seus descendentes para tomar uma
resolução (desejo).
Nossos ancestrais desejavam que seus filhos se
familiarizassem com a generosidade, em vez de ter suas
mentes turvadas ou repletas de ganância. Acordar cedo pela
manhã para realizar uma boa ação refresca a mente com este
ato positivo. A vida é curta e cheia de incertezas. Assim, cada
um na família deve começar seu dia com uma mente radiante
que pense somente em apoiar os outros para realizar mais
boas ações, como oferecer donativos aos monges pela
manhã.
Podemos ver que hoje em dia é diferente. A maioria das
pessoas acorda pensando sobre progredir em suas carreiras,
como podem triunfar sobre outros. Algumas têm
pensamentos ardilosos durante o dia todo. Algumas sempre
acordam tarde, incapazes de manter o ritmo com os outros.
Essas pessoas não realizam uma única boa ação durante seu
dia todo, além de terem acordado tarde.
Quando essas situações ocorrem, a família inteira é
afetada. Quando um membro tira vantagem de outros no
trabalho, ele pode fazer a mesma coisa para sua própria
família. Essa situação pode piorar quando os familiares
brigam por bens ou dinheiro. Isso ocasiona o declínio do
melhor que há na família e os problemas só podem
aumentar.
Uma vez que nossos ancestrais entendiam plenamente
este fato, eles faziam com que seus descendentes
oferecessem donativos aos monges toda manhã. Esta boa
ação inicia o dia. Crianças que são ensinadas a dar e a apoiar
os outros não exibem ganância, nem demonstram inveja ou
exploram os outros; suas mentes se tornam positivas e
radiantes desde o nascer do sol. Por este meio, a avareza será
totalmente eliminada. Por meio da generosidade, pode-se
criar o melhor em si mesmo.

2) Eliminar a cólera observando os preceitos


regularmente.
Quando os avós acordavam ao alvorecer, antes de
preparar as refeições a serem doadas, sua rotina matinal
incluía reunir familiares e empregadas para entoar os
cânticos matinais. Após os cânticos, eles prosseguiam
recitando os cinco preceitos3 em frente à imagem de Buda
(como Seu representante).
Para familiares que acordassem 10 minutos atrasados,
perdendo assim os cânticos matinais, os avós não deixavam
isso passar; em vez disso, cada pessoa recitava os cinco
preceitos enquanto esperavam que os monges chegassem
para a oferta de donativos. Após a oferta de donativos, todos
eles dedicariam imediatamente os méritos que tinham
acabado de gerar (oferta de donativos e a intenção de manter
os preceitos) aos seus ancestrais. Em seguida, todos eles
entoariam juntos os cânticos matinais. Neste ponto,
podemos ver que os avós procuravam incutir a bondade na
família, não permitindo que as impurezas vingassem.
Os familiares passavam a conhecer o propósito de se
manter os cinco preceitos diariamente como forma de
desenvolver a moralidade. Eles fariam promessas a si
próprios de não romper os cinco preceitos durante o dia
todo. Além disso, eles não seriam ignorantes, cortejadores
nem causariam problemas a outros. Embora alguns
desentendimentos possam ter sido inevitáveis, não importa
quão séria a situação se tornasse, eles se controlariam da

3
Não matar seres vivos, não roubar, não cometer adultério, não contar mentiras, não consumir álcool ou
substâncias inebriantes intencionalmente.
melhor forma que pudessem e solucionariam a discussão de
forma razoável. Descendentes que são bem ensinados na
infância não cederão de forma alguma às tentações (Estradas
para a Ruína). Ao observar os cinco preceitos eles viverão
uma vida tranqüila.
Ao contrário, a sociedade de hoje está repleta de
violência. Quando pessoas são ofendidas por outras, elas
rapidamente revidam com hostilidade. Seus temperamentos
coléricos estão prontos para emergir e buscar vingança
contra outros a qualquer momento, conduzindo a um ódio
interminável.
Com sua sabedoria e visão, nossos ancestrais
compreendiam profundamente esta verdade e sua causa e
efeito. Ao ensinar suas famílias a terem controle sobre si
próprias em tenra idade, os avós lhes incutiam generosidade
por meio de ofertas de donativos aos monges e observância
diária dos cinco preceitos. Essas ações benéficas
transformam-se em um alicerce e disciplina moral das
crianças. Quando elas forem capazes de se abster de explorar
a si e aos outros, por meio da observância dos preceitos, o
melhor poderá ser criado dentro nelas.

3) Eliminar a ignorância pela prática regular da


meditação.
À medida que nossos ancestrais estudavam e
praticavam o Dhamma, eles sabiam que a mente de uma
pessoa poderia ser presa fácil das cinco formas de desejo
sensual: imagens visuais, alimentos saborosos, aromas
perfumados, sons melodiosos e objetos suaves ao toque. Por
exemplo, quando alguém vê uma pessoa de boa aparência ou
uma imagem atraente, experimenta alimentos deliciosos,
sente um aroma perfumado, escuta sons melodiosos e toca
em objetos suaves, ele terá o desejo de possuí-los.
Ao ficar preso pelos canais dos olhos, nariz, língua,
corpo e mente, uma pessoa pode facilmente confundir o certo
com o errado e ser convencida a praticar más ações. Mais
tarde, a pessoa ficará infeliz quando as conseqüências
produzirem frutos.
Exercitar-nos a ficar atentos salvará nossa mente de
ficar presa na armadilha desses canais.
Cautela é estar ciente do que se está fazendo no
momento atual e ser capaz de diferenciar e discernir
o que é certo ou errado, bom ou mau, benéfico ou
maléfico, apropriado ou inapropriado. A cautela
protege a pessoa da negligência.
Nossos ancestrais estavam bem cientes dessas
verdades, razão pela qual eles ensinavam a si próprios a ser
cautelosos quando eram jovens. Eles acreditavam e
seguiam o ensinamento do Senhor Buda de que o
templo é a fonte de conhecimentos morais para as
pessoas.
O Senhor Buda ensinava o caminho da cautela por meio de
uma prática denominada meditação.

Meditação é o método de se eliminar uma visão


errônea exercitando a mente para que esta fique em
repouso até que se torne clara, pura e radiante,
permitindo a uma pessoa ser firme na retidão.
Nossos ancestrais se exercitavam para serem
cuidadosos antes de se casar; eles continuavam a praticar
isso como parte de sua rotina em sua velhice. Essas três
práticas são:
1) Estudar o Dhamma todo dia.
2) Ensinar o Dhamma para sua família todo
dia.
3) Praticar meditação toda noite.

Ao estudar o Dhamma todo dia, nossos ancestrais


eram sempre lembrados do ensinamento do Senhor Buda de
nunca deixar de gerar mérito. Uma vez que todo mundo irá
morrer um dia, as únicas coisas que podemos levar conosco
para nossa próxima existência são o mérito (benéfico) e o
pecado (maléfico). Na sua vida, se uma pessoa puder
acumular mais boas ações, os problemas poderão ser
reduzidos, o que resultará na felicidade. Inversamente, se
uma pessoa acumular mais más ações, ela não somente terá
muito mais problemas na vida, como também infelicidade.
Ao ensinar o Dhamma para suas famílias todo
dia, nossos ancestrais foram capazes de revisar os princípios
morais. Quando ensinavam moralidade aos seus filhos, eles
ficavam vinculados ao Dhamma. Eles também apreciavam
passar tempo com seus avós devido aos lembretes de praticar
boas ações. Em troca, os avós se tornavam respeitados pelos
filhos como as “pessoas perfeitas” na família.
Praticar meditação toda noite era equivalente a
exercitar a cautela. Quando eles praticavam a meditação
diariamente, suas mentes se familiarizavam com a
tranqüilidade e a clareza e raramente se tornavam sombrias.
Quando suas mentes se mantinham tranqüilas, eles não
eram presas fáceis dos canais dos cinco desejos sensuais.
Eles podiam resistir a todos os tipos de tentação ou ações
maléficas.
Por esta razão, eles ficavam constantemente atentos e
não cediam. Eles eram espertos e entendiam as outras
pessoas e suas impurezas, sabendo como livrar-se delas. Eles
eram uma fonte de sabedoria para sua família. Qualquer um
que desejasse obter os mesmos conhecimentos nunca se
desapontava; bastava se aproximar de seus avós para
conversar com eles.
Em conclusão, nossos ancestrais foram capazes de criar
o melhor para si mesmos pela eliminação da ganância, cólera
e ignorância e pela prática da generosidade, observando os
preceitos e praticando a meditação. Uma vez que seguiam os
ensinamentos do Senhor Buda, eles se tornavam respeitosos,
afáveis e bons exemplos para suas famílias.
Tendo aprendido como nossos ancestrais se
exercitavam para desenvolverem o melhor para si
mesmos, podemos ter certeza de que eles nunca
foram negligenciados, mas foram dignos de respeito
em sua família, como as “pessoas perfeitas”.

Como o melhor de si em alguém torna a bênção


sagrada?
Quando nos aproximamos de idosos honrados e eles
nos abençoam, podemos nos perguntar por que sentimos um
senso de sua natureza sagrada. Nós nos perguntamos, “O
que a natureza sagrada de uma bênção tem a ver
com as melhores qualidades da pessoa que dá a
bênção?”
Um respeitado monge superior forneceu uma
explicação referente a essa questão. Ele disse, “A natureza
sagrada de uma bênção” depende de “quão honesta é
a pessoa que abençoa em relação às suas virtudes”.
Se a pessoa que abençoa for honesta em relação
às suas virtudes, suas bênçãos serão muito
poderosas. Todavia, se a pessoa que abençoa não for
honesta em relação às suas virtudes, suas bênçãos
serão menos poderosas.
Ele destacou exemplos registrados durante a época do
Senhor Buda, principalmente a história do Venerável
Angulimala (Ahimsaka) descrito vividamente no Cânone
budista. O respeitado monge superior ilustrou:
“Antes que o Venerável Angulimala fosse ordenado, ele
havia sido um assassino em série. Ele havia assassinado
cerca de mil pessoas. A última ou a 1.000a pessoa que ele ia
matar era sua mãe. Todavia, o Senhor Buda previu este
evento; assim, Ele o impediu de cometer a má ação. Quando
o Venerável Angulimala O viu, ele pensou em matá-Lo
igualmente. Então o Senhor Buda tentou despertar seu bom
senso lembrando-o da má ação em sua mente. Ele proferiu-
lhe um sermão especial sobre beira da estrada. No final, o
Venerável Angulimala havia se arrependido e solicitado do
Senhor Buda a ordenação como um monge. Quando ele se
tornou um monge, ele praticou o Dhamma em Seu templo de
forma conscienciosa.
“Em decorrência de ser um famoso assassino em série
no passado, no início de seu monacato, quando fazia suas
rondas matinais em busca de donativos, ele freqüentemente
retornava sem nada porque os aldeões o reconheciam como o
assassino. Alguns fugiam dele. Alguns lhe atiravam pedras
até que ele ficasse coberto de sangue.”
“Um dia, enquanto estava em sua ronda buscando
donativos, ele encontrou uma mulher grávida que estava
prestes a dar à luz. Assim que o reconheceu, ela foi tomada
de pânico e tentou fugir até que caiu e lutou para erguer-se
repetidamente. Finalmente, ela ficou exausta e olhou para
ele pasma de temor, como se estivesse morrendo na frente
dele.”
“Venerável Angulimala realmente queria ajudá-la, mas
o que ele poderia fazer a respeito? No final, ele deu-lhe uma
bênção baseada em sua honestidade em relação às suas
virtudes:”
“A partir do momento do nobre nascimento
após ser ordenado no templo do Senhor Buda,
nunca pensei em explorar ou prejudicar nenhum
ser humano. Com essa verdade, que você possa dar
à luz seu filho com segurança.”
“Após essa bênção poderosa, a mulher gerou seu filho
de forma fácil e segura. Uma vez que o evento ocorreu antes
que o Venerável Angulimala alcançasse o estado de
Arahanta (o purificado), pode-se deduzir que o poder da
honestidade em relação às suas virtudes criou uma bênção
sagrada.”
“Assim, o método correto de proferir uma
bênção é que ela deve depender da honestidade em
relação às virtudes da pessoa que abençoa.”
“Por exemplo, se tivermos certeza de nossa integridade
referente à nossa generosidade, podemos abençoar uma
pessoa da seguinte forma”:
“Com a verdade dos donativos que ofereci aos
monges durante o ano todo, que você possa ter
provisões abundantes. Ou, baseado na verdade da
oferta de minhas posses para ajudar os monges, que
você também possa ter prosperidade.”

A opinião do respeitado monge superior


Após a explicação clara, o respeitado monge superior
compartilhou sua crença de que:
“Aqueles que se tornam avós ou são pessoas respeitadas
devem agora preparar-se para uma forma de proferir
bênçãos poderosas, caso a ocasião venha a surgir. Não os
desaponte com uma bênção que soe como se estivessem
ouvindo um papagaio.”
“Se ainda não tivermos oferecido donativos aos monges,
deveríamos começar agora, pois esta ação benéfica poderá
eliminar nossa mesquinhez. Se nos irritamos facilmente, a
observação rigorosa dos preceitos poderá eliminar o mau
humor e a teimosia. Aqueles que ainda são teimosos devem
estudar o Dhamma e praticar a meditação regularmente para
desenvolver o melhor em si mesmos.”
“Todavia, se tivermos praticado a generosidade,
observado os preceitos e praticado a meditação regulamente,
podemos depender daquelas ações benéficas para criar nossa
bênção sagrada. Por exemplo, você poderá dizer: ‘Possa você
receber os méritos que gerei e alcançar a prosperidade, boa
saúde e sabedoria’.”
“Não é tarde demais para pessoas idosas que não
possuem boas ações desenvolverem a virtude cantando o
“Itipiso” 108 vezes ou meditando a noite toda. Quando
crianças pedirem nossas bênçãos na manhã seguinte,
teremos no mínimo algumas boas ações; fazê-lo em uma só
noite é melhor do que não ter nada com o que abençoá-los.
Mas depois, devemos fazê-lo regularmente todo dia. No final,
suas vidas serão cercadas pelo que há de melhor.”
Após estudar este assunto, os leitores devem entender
como se preparar para o último capítulo da vida. É como se
tivermos que fingir que somos velhos agora para nos
desenvolvermos. Pois quando envelhecermos, será difícil
mudar nossos maus hábitos; assim, devemos nos aperfeiçoar
livrando nossas mentes da ganância, cólera e ignorância.
Quando o último capítulo da vida chegar, estaremos
preparados para nos tornar pessoas dignas do respeito dos
nossos próprios descendentes. Seremos uma fonte de
sabedoria para eles estudarem e seguirem.
Capítulo 40

Exercitando a prudência pela


prática da austeridade
(Dhūtanga)4

4
A prática de remover impurezas
A vida é cheia de incertezas e o perigo espreita aqueles
que são descuidados em suas vidas. O Senhor Buda certa vez
afirmou, “Uma pessoa incauta é como uma pessoa
morta”. Praticar austeridade é uma das formas de exercitar-
se para tornar-se mais prudente.
Muitos podem não estar cientes de que durante os 45
anos da propagação do Dhamma pelo Senhor Buda, ele
proferiu um total de 84.000 ensinamentos. Todos eles
podem ser concluídos em uma só palavra, prudência. Esta
palavra constava de Seu sermão final aos Seus discípulos
antes de entrar em Nibbana:
“Bhikkhus,5 minhas obrigações que são de beneficio e
amparo a você estão agora concluídas. Desejo agora lembrar
a vocês que a natureza de todas as criaturas vivas é a
impermanência e degeneração. Assim, vocês devem
continuar a exercer suas obrigações com prudência.”
Quando possuímos cautela, podemos nos exercitar
facilmente para sermos corretos e virtuosos. Quando somos
imprudentes, as oportunidades de má-conduta por meios
físicos, verbais e mentais serão elevadas. Em conseqüência,
nossas próprias virtudes automaticamente se deteriorarão.

5
Monges budistas
Uma pessoa cautelosa precisa exercitar a prudência o
tempo todo. Como seres humanos, temos um intervalo de
vida limitado. Devemos extrair o máximo disso acumulando
diligentemente ações benéficas. Exercitar-nos para ser
prudentes significa exercitar-nos para ficar constantemente
imersos em mérito. Os leitores podem perguntar, por quê?
No budismo, cada indivíduo realiza tanto boas quanto
más ações durante sua vida. Todavia, a manifestação deste
fruto cármico será uma função de seu estado de espírito. Por
exemplo, se o seu estado de espírito estiver repleto de
maldade (ele pensa e age de forma maliciosa), suas más
ações atuais lhe abrirão o caminho do mau fruto cármico do
passado, como, por exemplo, matar animais, aumentar suas
más ações atuais e percorrer juntamente o seu curso. Em
conseqüência, ele terá um curto tempo de vida devido ao seu
mau fruto cármico passado e presente. Além disso, ele
encontrará miséria inesperada e talvez perca as chances de
acumular mérito pela realização de boas ações.
Ao contrário, se o seu estado de espírito estiver imerso
no mérito (ele é gentil com os outros ou pensa em sua
generosidade, observância de preceitos e meditação), suas
boas ações atuais lhe abrirão a porta de seu bom fruto
cármico do passado, como, por exemplo, a generosidade,
trabalhar ordenadamente com o fruto cármico de suas ações
presentes. Dessa forma, ele será mais próspero em seu
tempo de vida.
O Senhor Buda compreendeu a verdade sobre o
surgimento do mérito, que pode ser adicionalmente
desdobrado em três períodos, de acordo com o estado de
espírito: antes, durante e após o ato generoso. Antes de o
ato generoso, uma pessoa pode acumular mérito
possuindo um estado de espírito alegre; durante o
ato generoso, ela deve ser clara e contente; após o
ato generoso, deve relembrar freqüentemente o ato
generoso. Pode-se acumular mérito por meio da
generosidade, observância de preceitos e a prática da
meditação.

Como a mente pode ficar imersa em mérito?


De acordo com nossos ancestrais, uma das formas de
alcançar um estado de espírito pleno de mérito é praticar
austeridade por três a sete dias, o que inclui praticar a
generosidade, observar os oito preceitos e meditar. Aqueles
que desejam praticar devem permanecer em um templo. As
acomodações podem depender das condições geográficas em
que os templos estiverem situados e de sua capacidade de
abrigar seus alunos. As habitações podem ser em ambiente
interno ou externo, como um pequeno cômodo, uma casa, ou
mesmo um guarda chuva amplo como um abrigo ao ar livre
colocado em um campo para cada pessoa.
Alguns podem ter dúvidas de que as práticas austeras
podem ajudar a modelar suas mentes para que fiquem
imersas em mérito ou para possuir a prudência como hábito.
A resposta é explicada pelo mesmo respeitado monge
superior dos capítulos anteriores.
Ele disse aos seus alunos que vieram praticar a
austeridade em seu templo:
“Praticar a austeridade morando em um amplo guarda-
chuva no campo é seguir um exemplo da disciplina do
monge. O Senhor Buda proferiu as regras para praticar a
austeridade devido aos dois importantes pontos a seguir:
1) As pessoas neste mundo têm os mesmos
sentimentos. Por exemplo, embora algumas estejam
muito felizes agora, elas ainda sentem que outras
pessoas possuem muito mais felicidade do que elas.
Ao contrário, quando são infelizes, ainda que só
um pouco, elas sentem como se sua
infelicidade fosse muito maior do que a de
qualquer outra pessoa no mundo.
2) As pessoas não conseguem diferenciar entre
necessitar e querer.
“Se observarmos, os problemas, quer sérios ou não,
que ocorrem em nossa vida cotidiana, exercem um
enorme impacto na comunidade mundial porque as
pessoas não diferenciam entre necessitar e querer.”
“Literalmente, necessitar significa a falta de algo
indispensável ou necessário; por exemplo, as quatro
necessidades humanas básicas: alimento, abrigo, vestuário
e medicamentos. Essas necessidades são indispensáveis
em nossas vidas diárias.”
“Querer significa o desejo de ter, a vontade de
ter. Além da necessidade humana básica, trata-se dos
confortos na vida que as pessoas almejam. Comumente,
quando uma pessoa deseja algo, ela pensa que deve tê-lo
pois é essencial para ela.”
“Um exemplo mais claro é quando uma pessoa já tem
muitas roupas empilhadas em seu armário; de alguma
forma, ela pensa que deseja comprar mais roupas que
estão na moda. Isso indica que ela só deseja em vez de
precisar disso.”
“Outro exemplo marcante é que muitos compradores
são incentivados a adquirir mercadorias por causa de
brindes. Alguns compram esses produtos por causa do
brinde. No final, eles colecionaram todo o tipo de artigos
desnecessários deixados espalhados pela casa. Devido ao
gasto excessivo, o resultado final é que eles não têm
dinheiro suficiente para sustentar sua família e se queixam
de que seus ganhos e despesas estão desequilibrados.”
“Para diferenciar entre necessitar e querer, nossos
ancestrais se exercitaram na prática da austeridade em
cada Feriado Budista. Muitos monges pregadores afirmam
que se uma pessoa desejar experimentar essa prática, ela
deve ir a um templo e habitar sob um amplo guarda chuva
por algumas noites. Aí você compreenderá claramente o
que realmente necessita ou o que deseja em sua vida. Com
pouco espaço sob o amplo guarda-chuva (com a rede de
pano), você trará somente o que realmente precisa e não o
que deseja. Além disso, se você colocar mais coisas nele, o
espaço reduzido ficará superlotado e você não conseguirá
dormir bem sob o guarda chuva.”
“Em seguida, a exigência de vestir somente roupas
brancas enquanto pratica a austeridade é estimular a
consciência e cautela. Usando branco, você terá que ser
cuidadoso ao andar, alimentar-se ou até dormir, pois ele
mancha facilmente; e, neste ínterim, sua consciência se
desenvolve. Finalmente, você conseguirá abster-se do
hábito de querer.”
“Para suscitar a prudência na vida, deve-se começar
com os três princípios básicos do budismo: evitar más
ações, realizar boas ações e purificar a mente. Se uma
pessoa puder buscá-los totalmente, a passagem ao
Nibbana estará aberta a ela.”
“Ainda que ela tenha praticado plenamente esses
princípios nesta vida, mas ainda seja incapaz de alcançar o
Nibbana, ela deve prosseguir. Finalmente, haverá um dia,
um ano, ou alguma vida futura quando ela incorporará
todas as Dez Perfeições e atingirá o estado de Arahanta (o
purificado), seguindo o Senhor Buda ao Nirvana.”

Com base nos ensinamentos do respeitado monge


superior, pode-se concluir que ao praticar a austeridade
no mínimo por três a sete dias, uma pessoa pode se
exercitar para ser cuidadosa e imergir o espírito em
mérito. Além de uma fuga do caos, essa prática poderá
propiciar um ambiente tranqüilo tanto física quanto
mentalmente. Ao fazê-lo, uma pessoa poderá acumular
méritos no mundo religioso. Mesmo quando retornar ao
mundo secular, a pessoa trabalhará com um espírito
revigorado, alegre e virtuoso. Uma pessoa executará seu
trabalho com consciência e cuidado. Os problemas que
surgirem poderão ser tratados cuidadosamente. Ela
observará a diferença e o benefício a cada vez que praticar
a austeridade. Finalmente, os problemas que tinha na vida
terminarão e serão substituídos por mais prosperidade
porque sua mente clara e poderosa está imersa em mérito.
Vamos imaginar que se as 60 milhões de pessoas da
população budista na Tailândia se exercitassem para
serem cuidadosas praticando austeridade ao mesmo
tempo, os problemas em nosso país diminuiriam em
somente uma noite. Dessa forma, o estado de espírito de
cada uma se tornaria mais claro. Se cada templo do país
oferecesse regularmente programas para a prática da
austeridade para as pessoas, os problemas da Tailândia
chegariam ao fim. Quando as pessoas praticam
austeridade no templo, podemos ter certeza que elas
também adotarão esta prática no lar. Aí passará a ser um
hábito meditar em casa todo dia. No final, não haverá
mais problemas em suas vidas.
Esta é a forma de vida que nossos ancestrais tailandeses
herdaram há longo tempo atrás. Todavia, a forma como
suas heranças serão revividas e apoiadas depende de uma
grande verdade: devemos ser os primeiros (modelos) a
praticá-las. Mais tarde, podemos convidar outros a se
unirem a nós.
Considerando esta questão de valor, gostaria de
convidá-los e a seus familiares para praticarem a
austeridade em quaisquer centros ou templos budistas
localizados em sua comunidade. Que eu possa me
regozijar em seu mérito antecipadamente.
Parte Sete

Um verdadeiro budista
Capítulo 41

Um verdadeiro budista

Ao revisar minhas notas de um sermão proferido por


um respeitado monge superior durante minha pesquisa para
este livro, incidentalmente deparei-me com uma mensagem
valiosa. Esta é: “Qual é a causa mais significativa do
declínio do budismo?”
O respeitado monge superior afirmou, “O budismo
nunca declina por si só; é a fé das pessoas no
budismo que enfraquece”.
“A causa expressiva deste declínio é o “tolo”.6 Tolos
podem ser categorizados em Tolo Externo e Tolo Interno.
1) Tolos Externos incluem não budistas. Eles estão
determinados a aniquilar o budismo, quer pertençam a
outras associações religiosas ou não. Eles habitualmente
procuram difamar os monges budistas. Quando têm
oportunidade, distorcem os ensinamentos budistas,
ocasionando equívocos e confusão. Há uma multiplicidade
deste tipo de tolos que tentam demolir o budismo em suas
vidas diárias.
2) Tolos Internos incluem budistas que não
respeitam o Senhor Buda. Eles duvidam de Sua iluminação,
desrespeitam Seus ensinamentos e negligenciam a prática de
Seus ensinamentos. Eles também desrespeitam os Sangha
(monges) que praticam a retidão e possuem discernimento.
O mais importante, eles desrespeitam a prática da meditação

6
Pessoa espiritualmente defeituosa
para uma mente serena. Mesmo quando não reverenciam
somente uma parte das Três Jóias,7 eles se tornam os Tolos
Internos no Budismo. Nenhum deles jamais colherá
qualquer benefício de ser budista.”
“Quando esses Tolos Internos foram desrespeitosos
com as Três Jóias, é por não apreciarem o valor do budismo.
Dessa forma, eles não serão capazes de se resguardar-se
contra os Tolos Externos que desenvolvem estratégias para
atacar o budismo. Em virtude de sua irreverência frente às
Três Jóias, eles não se preocupam em estudar o budismo.
Infelizmente, eles podem se tornar tolos para os Tolos
Externos. Por esta razão, devemos nos examinar com
atenção para observar se somos parecidos a qualquer um
deles e se já realizamos nossos deveres como verdadeiros
budistas ou não.

Um verdadeiro budista deve exibir as


características a seguir:
1) Crença na iluminação do Senhor Buda. Trata-
se da crença de que Ele realmente existiu e possuía
discernimento total, conhecimentos fenomenais e os mais

7
O Senhor Buda, o Dhamma e o Sangha
elevados princípios morais. Assim, não devemos ter
nenhuma dúvida de Sua sabedoria pura e suprema.
2) Observação dos 5 preceitos com pureza. No
final de tudo, devemos procurar observar os 5 preceitos para
nos resguardarmos de realizar más ações.
3) Crença na Lei do Kamma, não em
superstições. Devemos ter uma compreensão verdadeira
das realidades da vida. Devemos ficar conscientes dos efeitos
do Kamma: Quem quer que pratique boas ações receberá
efeitos cármicos positivos, e quem quer que pratique más
ações receberá efeitos cármicos negativos. Sem dúvida,
devemos praticar somente boas ações com toda nossa força.
4) Não buscar mérito fora do budismo. Não
devemos procurar nos unir a outras cerimônias religiosas na
esperança de obter mérito em retribuição. Não veneramos
imagens de outras religiões; porém, tampouco devemos
demonstrar irreverência a elas. Também não devemos tecer
comentários sobre quaisquer dos objetos que elas cultuam.
Durante todas nossas vidas, devemos empenhar-nos para
amparar e manter o budismo.
5) Purificação intencional da mente. Isso pode ser
realizado pela prática da generosidade, observância de
preceitos e prática da meditação, seguindo o método correto
no budismo.”
“Por que não nos perguntamos se já exibimos as
características de um verdadeiro budista? Se não o fizemos,
devemos nos apressar em nos aprimorar para atingir essas
metas. Na verdade, devemos abraçar o valor do nascimento
budista. Se nos tornarmos verdadeiros budistas, poderemos
prolongar o budismo por muitos anos futuros.”

À medida que acabava de ler os ensinamentos do


respeitado monge superior, decidi compartilhá-los com meus
leitores. Mais importante, eles me relembram do que
significa ser um verdadeiro budista e que devo retribuir
minha dívida de gratidão ao Senhor Buda.
Capítulo 42

Templos abandonados
e templos prósperos

Em outubro de 1998, ocorreu um importante evento


budista na Tailândia. Notícias haviam sido publicadas sobre
o Templo Dhammakaya. Lembro-me de que quando a
economia tailandesa sofria grave recessão, o Templo
Dhammakaya estava sendo simultaneamente atacado por
todas as frentes da mídia. Muitos críticos previram que este
grande Templo, com uma área superior a 3.200.000 metros
quadrados8 ou cerca de 400 hectares, se esvaziaria muito em
breve. Eles tinham certeza de que seria o maior entre os
vários templos abandonados na Tailândia.
Naturalmente, as pessoas acompanhavam atentamente
as notícias sobre o Templo. Após dois anos, o desfecho foi o
oposto. Inacreditavelmente, o Templo sobreviveu até os dias
de hoje. Muitos afirmaram que no mesmo intervalo, se a
situação do governo tailandês se equiparasse à do
Dhammakaya, ele teria entrado em colapso em poucos
meses. O parlamento teria certamente sido dissolvido e uma
nova eleição teria sido organizada.
Todavia, em meio ao ataque perverso da mídia, as
pessoas ainda recebiam os folhetos (convites) do Templo
Dhammakaya para se unirem às cerimônias budistas nos
feriados budistas. Após os acontecimentos, o Templo
comunicou que um grande número de pessoas, quase
100.000, compareceu a cada uma das cerimônias. Embora a

8
Na Tailândia, uma medida de terra igual a 1.600 rai.
mídia espalhasse o boato de que o Templo havia subornado
pessoas a se unir aos eventos, eu discordo. Com a devida
consideração, não consigo enxergar nenhuma forma possível
pela qual o Templo pudesse dispor dessa quantia para os
quase 100.000 participantes de cada cerimônia budista.
Tivessem os subornos sido pagos, isso teria levado o Templo
à falência imediata. E, significativamente, alguns membros
do Templo situam-se na camada superior dos homens e
mulheres bem-sucedidos da Tailândia. Seria impossível
contratar essas pessoas para virem ao templo. Portanto,
podemos concluir que a mídia criou sua própria versão da
verdade.
Enquanto acompanhava as notícias sobre o Templo
Dhammakaya, também localizei notícias referentes ao
número crescente de templos abandonados na Tailândia.
Durante aqueles anos, um levantamento descobriu cerca de
8.000 templos abandonados, quase um terço do número
total de templos (estimado em 30.000) em todo o país. Se
todos os terrenos desses templos fossem reunidos, eles
cobririam aproximadamente 20.230 hectares. Isso suscita
uma pergunta óbvia: “O que provocou seu abandono?”
Os templos podem ser agrupados em templos antigos
e novos. Os aproximadamente 30.000 templos antigos
foram fundados por ancestrais de nosso país em uma era em
que a população tailandesa somava cerca de dez milhões de
pessoas. Logicamente, quantos novos templos foram
fundados nos últimos 30 anos? O fato é que os antigos
templos estão sendo abandonados enquanto novos
templos não tiveram nenhum aumento.
Na realidade, a situação de templos abandonados não
chegou ao seu final. Há relatórios crescentes de terrenos de
templos sendo convertidos em empreendimentos com fins
lucrativos. Essas transgressões constituem uma grave
violação dos princípios e práticas budistas.
Em vez de manter os antigos templos dos ancestrais de
nosso país, algumas pessoas extraem vantagem da situação
aumentando o número de templos abandonados. Mais
importante, nossos ancestrais ergueram-nos com fé e
esperavam que as futuras gerações estudassem o budismo
para obter uma compreensão correta das realidades da vida.
Assim, se nossos ancestrais ainda estivessem vivos, podemos
imaginar como se sentiriam sobre nosso descuido negligente
dos antigos templos que ergueram.
O grande número de antigos templos sendo
abandonados me leva a questionar: Por quanto
tempo ainda o budismo sobreviverá na Tailândia? A
situação dos templos abandonados e a tentativa corrupta de
grupos poderosos de usar os terrenos dos templos com fins
lucrativos provocou meu interesse na sobrevivência do
Templo Dhammakaya. Estou profundamente preocupado
com este Templo. É um milagre que tenha escapado de uma
crise dessa natureza e dos ataques intermináveis que
enfrentou por mais de dois anos . Inacreditavelmente, o
Templo manteve-se erguido em meio às pressões sociais e
um ambiente desfavorável, ambos instigados pela mídia. A
maioria das pessoas somente conhecia ou acreditava em um
lado das notícias negativas e ignorava a verdade completa.

Como o Templo Dhammakaya evitou tornar-se


o maior templo abandonado na Tailândia?
Os seguidores do templo praticam a essência dos
princípios budistas para proteger-se de danos. Dessa forma,
o Templo escapou da tragédia do abandono. Esses princípios
budistas são a chave da explicação do abandono dos templos
na Tailândia. O Templo Dhammakaya foi fundado por
discípulos do Grande Abade, Luang Phaw Wat Paknam,
Venerável Phramongkolthepmuni.9 Finalmente compreendo
e concluo que a resposta é preservar um grande
respeito por seus ensinamentos.

9
O fundador da Meditação Dhammakaya, ele redescobriu a técnica da meditação que foi a principal
corrente original da Prática budista, conhecimentos estes que desapareceram quinhentos anos após o
Senhor Buda ter passado ao Nirvana.
Houve um monge, discípulo de Luang Phaw Wat
Paknam, que contou-me que quando o Grande Abade ainda
era vivo, ele orientou seus seguidores a erguerem um templo
usando as “Três Fórmulas Sagradas”. Mais tarde, o
Venerável Luang Phaw Dhammajayo, o atual Abade do
Templo Dhammakaya, seguiu a sabedoria de seu grande
mestre e logrou êxito em construir o Templo. Enquanto
ensinava as mesmas fórmulas sagradas aos seus monges, era
igualmente necessário que ele demonstrasse e trabalhasse
junto aos seus monges para constituir um bom exemplo.

1) A primeira fórmula sagrada é a limpeza. Luang


Phaw Wat Paknam explicou: “Quando o templo está limpo,
as pessoas que intencionalmente comparecem para gerar
mérito terão a certeza de que cada centavo de suas doações
será gasto da forma correta”.
“Inicialmente, os doadores podem ter planejado doar 10
bahts (menos de um dólar norte-americano) antes de virem
ao templo. Todavia, ao chegar, cada canto parecia limpo e
confortável para meditação, para passear ou para relaxar a
ponto de cair no sono no saguão do templo. Essa exibição de
limpeza e conforto teria impacto sobre o valor de suas
doações, que aumentaria de 10 a 100 bahts. Se eles haviam
planejado doar 100 bahts, eles aumentariam
exponencialmente o valor. Assim, limpeza é o atributo
mais atraente de um templo.”
“Quando visitantes chegam a um templo pela primeira
vez, qual é sua primeira parada? É o toalete, naturalmente!
Muitos freqüentemente perguntam ao entrar no templo,
“Onde fica o toalete?” Eles não perguntam, “Onde posso
encontrar o abade?” ou “Onde posso encontrar o monge
especialista no idioma pali?” Por esta razão, é importante
manter os toaletes e outras instalações do templo
imaculadas. Na verdade, cada um que vem ao templo deve
ser também responsável por sua limpeza.”
“Não despreze os materiais de limpeza, como uma
vassoura, um pano, uma lata de lixo, etc., como se fossem
objetos desprezíveis. Se refletirmos cuidadosamente sobre
eles, eles são os “anjos da limpeza”. Por exemplo, quando
a vassoura estiver sendo usada para limpar o chão, ela é
poderosa, como se estivesse coletando tesouros (doações)
para o templo. Conforme mencionado antes, limpeza é o
atributo mais atraente de um templo; assim, esses poderosos
materiais de limpeza, ou “anjos da limpeza”, poderão
aumentar as contribuições para amparar o budismo.”
“Luang Phaw Wat Paknam prosseguiu dizendo que os
templos que não exibem limpeza, com um santuário ou
residências monásticas em desordem, afugentarão doadores
que sustentam essas estruturas a cada dia que vêm para
gerar mérito. Eles pensarão que o templo não se incomoda
em manter suas estruturas existentes. No futuro, quando o
templo solicitar contribuições para outra construção e assim
por diante, eles poderão suscitar a pergunta, “Se vocês não
conseguem manter aqueles antigos prédios limpos, como
poderão manter limpos os novos?” Logicamente, o templo
arderá de vergonha.”
“Se o templo mantiver suas áreas permanentemente
limpas (cada canto parece limpo e confortável para
meditação, para passeios e mesmo para cochilos), há uma
grande chance de que isso influencie as pessoas a fazer uma
oferta ao abade, “Luang Phaw, você gostaria de erguer uma
nova construção? Ainda que eu não tenha dinheiro
suficiente, posso persuadir meus amigos a fazê-lo para você.”
A limpeza pode convencer leigos a se tornarem bons
mantenedores do templo e a conduzirem suas vidas em
virtude perpétua. Os monges e monges noviços não mais
terão que fazer suas rondas em busca de donativos. Dessa
forma, eles poderão passar a maior parte de seu tempo
estudando a teoria budista e a prática da meditação. E eles
conseguirão difundir esses conhecimentos aos leigos em
benefício destes.
Quando leigos fazem contribuições, o templo não deve
conservar o dinheiro por muito tempo. Ele deve rapidamente
iniciar o projeto para o qual os patrocinadores doaram. O
templo tem que fazer o melhor uso das contribuições das
pessoas tão rapidamente quanto possível. É imperioso que o
templo mantenha seus compromissos. Por exemplo, se
houve declarações sobre construir um Saguão do Dhamma
ou um abrigo para monges em breve, então isso deve
acontecer. Em suma, o templo deve produzir resultados tão
logo possa.
Assim, a primeira fórmula sagrada é limpeza; em
outras palavras, “A Fórmula Sagrada dos Tesouros” de
Luang Phaw Wat Paknam.

2) A Segunda fórmula sagrada é diligência ao


ensinar. Luang Phaw Wat Paknam explicou que aqueles
que têm fé no budismo e determinação de estabelecer e
auxiliar o templo devem ser diligentes ao estudar e ensinar o
Dhamma. Leigos oferecem refeições aos monges no templo
diariamente; se os monges não lhes ensinarem o Dhamma
em retribuição, eles sentirão que não ganharam nada ao
visitar o templo. Isso é ainda pior se os monges
considerarem as ofertas como certas e não responderem.
Isso suscitaria na mente das pessoas a pergunta do motivo
delas estarem ali (no templo).
É fácil encontrar um tópico adequado para ensinar. As
pistas podem ser encontradas nas faces das pessoas.
Habitualmente as pessoas experimentam uma variedade de
problemas em suas vidas e, freqüentemente, seu sofrimento
se estampa em suas faces. Assim, os monges devem
selecionar o tópico correto no Dhamma para lhes ensinar até
que elas entendam e sejam capazes de solucionar seus
próprios problemas. O monge deve infundir este tópico
correto do Dhamma nas mentes do ouvinte para dar um fim
à sua aflição, como curar uma infecção com a medicação
certa.
Quando inspiradas pelos ensinamentos do Senhor
Buda, as pessoas desenvolverão fé e ficarão dispostas a
ajudar os monges e noviços no templo. Eles conseguirão
então pensar em suas contribuições ao templo como ‘riqueza
mundana’, ao passo que o que recebem em retribuição é
muito mais que isso. Eles recebem ‘riqueza nobre”
(ensinamentos do Dhamma) que poderá sanar seu
sofrimento durante toda sua vida. Essa ‘riqueza nobre’ dos
ensinamentos do Dhamma é incomparável.
Assim, a segunda fórmula sagrada da diligência no
ensinar é denominada “A Fórmula Sagrada da
Mobilização” de Luang Phaw Wat Paknam.

3) A terceira fórmula sagrada é a freqüência da


prática da meditação.
Luang Phaw Wat Paknam explicou que a finalidade da
ordenação é um esforço de alcançar o Nibbana.10 Alcançar o
Nibbana é conseguido por meio da prática freqüente da
meditação.
Ele expôs ainda que a essência de todos os
ensinamentos do Senhor Buda enfatizam a meditação. Dessa
forma, os monges devem praticá-la regular e
freqüentemente, para colocar um fim em suas impurezas.
Isso só pode acontecer quando eles puderem ver suas
impurezas. Eles só podem ver suas impurezas quando são
capazes de enxergar suas próprias mentes. E eles só
conseguem enxergar suas mentes quando praticam
meditação até que suas mentes atinjam um nível profundo
de serenidade e se torne tão iluminada que eles são capazes
de visualizar suas mentes através do brilho.

10
A extinção de todas as impurezas e sofrimento. Alegria suprema.
A maioria das pessoas deste mundo não visualiza suas
próprias mentes porque não pratica a meditação. Dessa
forma, elas se tornam presas fáceis das impurezas que
podem ocasionar caos interminável ao mundo. Quando as
pessoas virem os esforços dos monges em praticar a
meditação, elas ficarão inspiradas a fazer o mesmo.
Sempre que as pessoas vierem para gerar mérito, os
monges devem ensinar-lhes o Dhamma, bem como a prática
da meditação. Quando suas mentes estiverem puras e
tranqüilas, a luminosidade surgirá naturalmente. A clareza
da mente aumentará e trará pensamentos benéficos. Elas
verão claramente os meios benéficos de realizar mais mérito.
Assim, a terceira fórmula sagrada é a freqüência da
prática da meditação ou “A Fórmula Sagrada do
Sucesso” de Luang Phaw Wat Paknam.

Após conversar com o monge, ficou claro como o


Templo Dhammakaya escapou de uma crise dessa natureza.
Qualquer templo que aplicar essas Três Fórmulas Sagradas
de Luang Phaw Wat Paknam nunca será abandonado. Dessa
forma, muito mais pessoas irão para gerar mérito e estudar o
Dhamma nesses templos.
O que extraí de minha pesquisa do Templo
Dhammakaya é que os budistas do sexo masculino em idade
de aposentadoria devem pensar em ordenar-se monges para
poderem ajudar a reabilitar aqueles templos abandonados.
Eles poderão aplicar suas experiências de vida e rede de
trabalho para beneficiar o budismo restaurando os templos
abandonados ou proporcionando o sustento de novos.
Depois eles devem administrar os templos com as Três
Fórmulas Sagradas de Luang Phaw Wat Paknam. No final, os
templos voltarão a prosperar novamente. Os templos na
Tailândia não ficarão em declínio, prolongando assim a
religião budista.
Capítulo 43

Solucionando a crise
do Budismo
Nos últimos vinte anos, quando a estação importante da
tradição budista intitulada Cerimônia Kathina11 se
aproximava, destacavam-se na mídia notícias sobre monges
que haviam infringido a disciplina monástica. Essas notícias
determinaram que muitas pessoas perdessem sua fé no
budismo e generalizassem excessivamente que os monges
não eram merecedores de sua reverência. Adicionalmente,
isso causou um grande impacto sobre os mais de 300.000
monges e noviços em todo o país.
Quando as pessoas perdem sua fé no budismo, elas não
podem ensinar seus filhos a prestar respeito aos monges.
Elas não demonstram nenhum interesse em estudar os
ensinamentos budistas e deixam de gerar mérito. Todas as
atividades, eventos e cerimônias do templo ficam
paralisadas. O número de budistas sofre declínio. Todavia,
por trás dos bastidores, toda essa situação é incentivada por
uns poucos escritores ansiosos em promover o declínio do
budismo. Quando ouvimos notícias negativas sobre
monges, na condição de budistas, como pensamos
sobre isso da forma correta e o que devemos fazer
para manter o budismo?

11
A cerimônia anual de apresentação do manto no mês após o final do Retiro das Chuvas.
Quando há publicações sobre monges que romperam a
disciplina monástica (e, assim, não merecem o respeito das
pessoas), os adultos devem ensinar seus filhos a pensar sobre
essas questões da forma correta:

1) Quando a imprensa publica artigos sobre monges


que romperam sua disciplina monástica, não
devemos nos apressar em acreditar nisso. Devemos
usar nossa sabedoria baseada na razão. De fato,
esses monges devem ser submetidos a um processo
judicial conduzido pelo Conselho de Sangha. Não
devemos nos envolver. O Conselho de Sangha
punirá os monges de acordo com a disciplina
monástica.
Um monge superior certa vez afirmou que “O budismo
pode ser comparado a um grande lago; quem quer que o
alcance e nele se banhe ficará limpo. Todavia, quem quer que
o atinja e não se banhe permanecerá impuro. Assim como
tornar-se um monge no budismo, qualquer monge que
praticar intencionalmente a meditação terá meios físicos,
verbais e mentais limpos e puros. Qualquer monge que não
praticar a meditação permanecerá impuro”.
O Senhor Buda estabeleceu a disciplina monástica e os
leigos devem confiar no Conselho de Sangha para tratar
desses casos (habitualmente, um monge observa 227
preceitos, ao passo que um leigo mantém somente cinco
preceitos). Embora o monge tenha infringido a disciplina
monástica (estando ou não consciente), o monge superior
que administra seu templo é responsável por analisá-lo. Ele
ponderará todas as provas e questionará todas as
testemunhas. É incorreto leigos julgarem
independentemente um monge de acordo com seus próprios
sentimentos.
Se um monge realmente violar a disciplina monástica e
suas ações forem tão graves que garantam seu despojamento
do manto, então ele deverá fazê-lo e deixar o templo.
Todavia, se suas ações não forem tão graves e resultarem de
seu descuido, então ele receberá uma oportunidade de
redimir-se. Se um monge não só infringir a disciplina
monástica mas também a lei, tanto o Conselho de Sangha
como o Poder Judiciário serão responsáveis por encaminhá-
lo à justiça.
Em suma, se um monge violar a disciplina monástica, é
errado que os leigos o julguem por si só. Também é errado
que a imprensa publique notícias baseadas em suas próprias
inclinações; ela deve ter em mente que o Conselho de Sangha
tem jurisdição sobre o caso de um monge. Quando a
sentença final é proferida, as pessoas não devem criticar ou
tecer comentários a respeito. Se pessoas o fazem, no
budismo considera-se ser este um ato maléfico, quer elas
saibam disso ou não.

2) Quando se publicam notícias negativas sobre


monges, não generalize que todos os monges na
Tailândia são desordeiros.
Ninguém pode impedir a imprensa de publicar notícias
negativas sobre monges que contrariam a disciplina
monástica. Sua profissão é relatar notícias à sociedade.
Todavia, se um jornal publica somente notícias negativas
sobre monges e não notícias sobre outros monges que
dedicaram suas vidas a realizar boas ações, isso é
considerado tendencioso de sua parte.
Um fato sobre o qual as pessoas tendem a não pensar é
como o budismo sobreviveu até os dias de hoje. Sem os
diversos monges virtuosos que prolongaram o budismo, hoje
em dia ele já teria desaparecido da Tailândia. Embora os
monges exerçam diligentemente uma função adequada na
sociedade de hoje, a mídia continua a ignorar este fato,
raramente relatando seus bons feitos. Os atos negativos dos
monges parecem receber mais destaque em seus artigos.
A publicação freqüente de notícias negativas referentes
a monges supera as poucas notícias positivas que são
publicadas. Essas notícias fazem com que muitas pessoas se
equivoquem e concluam que a maioria dos monges participa
de conduta imprópria. Especialmente, sempre que a
imprensa ataca seriamente os monges, sendo algumas das
notícias que publicam simplesmente falsas, a sociedade
assimila esta imagem negativa dos monges veiculada ao
público. Além disso, os monges são desdenhados como
sendo um fardo para a sociedade, com as pessoas prontas
para encontrar quaisquer erros ou deficiências. Publicações
que não trazem artigos sobre as várias centenas de milhares
de monges que realizam boas ações têm um impacto sobre a
reduzida fé das pessoas no budismo.
Certos monges superiores que conduziram suas vidas
em benefício do budismo e da sociedade têm sido afetados
pelas notícias. Eis o que eles dizem:
“Atualmente, é muito difícil para os monges ensinarem
a sociedade. Nossos esforços em ensinar moralidade e
decência humana parecem errados para a mídia. Por que
ensinar é errado? É porque nossa abordagem não é boa o
suficiente sob a perspectiva da mídia. Quando monges
procuram aconselhar a sociedade, criticam-nos de que esta
não é nossa obrigação e que não deveríamos nos envolver.
Todavia, quando permanecemos silenciosos dentro de
nossos templos enquanto um problema social ocorre, eles
novamente nos censuram afirmando que somos indignos da
sociedade. Dessa forma, os monges são condenados pela
mídia não importa o que façam.”
Após ouvir esses monges superiores, devemos analisar
cuidadosamente as notícias que ouvimos. É muito
importante diferenciar entre as ações de uma pessoa versus
as ações de nossa comunidade monástica inteira. Esta
situação pode ser resumida no provérbio a seguir: uma maçã
podre estraga o barril inteiro. Se as pessoas pensarem desta
forma, elas podem prejudicar o budismo inconscientemente.
Esta certamente não é a natureza de um budista. Budistas
devem considerar todos os aspectos, conforme o
Senhor Buda certa vez disse: “Não acredite em algo
sem primeiro analisar todos seus aspectos”.

3) Uma pessoa que tenha êxito no Dhamma não


deve encontrar defeito nos monges, mas deve ajudar
a amparar a difusão do Dhamma no limite mais
amplo.
Neste ponto, gostaria de compartilhar um exemplo
fornecido por um respeitado monge superior durante uma
palestra que proferiu para um grupo de estudantes
universitários.
Havia um leigo que lia uma grande quantidade de
notícias negativas sobre monges, generalizando
excessivamente que todos eram desordeiros. Dessa forma,
ele suscitou esta preocupação ao encontrar o respeitado
monge superior:
Ele disse, “Hoje em dia, os monges não se
comportam bem e não merecem minha reverência.
Assim, desejo prestar respeito somente ao Senhor
Buda e ao Dhamma. Minha pergunta é, ‘Posso não
prestar respeito ao Sangha?’” Sua pergunta era
delicada, difícil de responder e tinha um impacto
potencialmente amplo sobre a comunidade Sangha. Se o
respeitado monge superior não pudesse dar-lhe a resposta
certa, era possível que a classe inteira que ele estava
ensinando perdesse a fé em toda a comunidade Sangha.
Todavia, o respeitado monge superior simplesmente
sorriu e respondeu calmamente, “Quem quer que
respeite o Dhamma deve ser uma pessoa que
desgosta de encontrar defeitos nos outros e gosta de
descobrir as virtudes e bondade de outros”.
“Você pergunta se pode parar de prestar homenagem
aos monges, mas continuar a respeitar o Senhor Buda e o
Dhamma. A resposta é “Não”. Quando você se queixa de que
os monges não são bons, isso mostra que você tem o hábito
de criticar os outros. Isso indica sua atitude de encontrar
defeitos, incapacidade de observar e facilidade de extrair
conclusões.”
“Há, de fato, quase 300.000 monges neste país.
Quantos deles você encontrou ou conheceu? Eu diria, 1.000
no máximo. Se for assim, e você achar que todos eles
participaram de condutas inadequadas, e quanto aos outros
quase 300.000? Qual sua opinião sobre eles?”
“Você tem o hábito de encontrar defeitos nos outros;
você nunca encontrará bons monges nesta existência. Você
fechou sua mente a ponto de não conseguir ver nada de bom.
Acho que você deveria aprender a observar a partir de uma
perspectiva diferente.”
“Por que não olha dentro de um templo como se
estivesse considerando uma escola ou instituto secular?
Você verificará que as pessoas na escola podem ser divididas
em dois grupos:

1) Um aluno que busca conhecimentos.


2) Um professor que administra seus
conhecimentos.”

“Alunos buscam conhecimentos de escolas, faculdades


ou institutos. Você acha que alguma vez eles fizeram
qualquer coisa errada enquanto eram estudantes?
Logicamente que sim. Nós, como adultos, consideramos
seriamente esses percalços? Não, acreditamos que eles
vieram para a escola para aprender; assim, devemos perdoar
sua imprudência e má conduta. Todavia, se um professor
conduzir-se inadequadamente, os alunos acreditam que ele
deva ser condenado. Todavia, da mesma forma, há também
dois tipos de monges em um templo”:

1) Um monge estudante.
“Monges estudantes vêm ao templo para aprender.
Alguns se ordenaram há somente dois dias atrás; alguns se
ordenaram há dois meses, ao passo que outros são monges
há dois anos. Inquestionavelmente, eles ainda estão
aprendendo e são novos na disciplina monástica. Portanto,
algumas vezes eles agem inadequadamente, mas não
intencionalmente. Isso é comum e tem probabilidade de
ocorrer com qualquer monge estudante. Pense por um
momento. Devemos usar seus defeitos contra eles?”

2) Um monge professor.
“Há mais de 100.000 monges professores residindo em
templos ao redor do país. É óbvio que sem monges
professores para repassar seus conhecimentos a outros e
manter o budismo durante a era dos ancestrais de nosso
país, o budismo poderia ter desaparecido antes de os dias
atuais.”
“Pode-se observar que todos os monges professores
com bons conhecimentos e boa conduta são
extraordinariamente ocupados com seus compromissos. Não
está em sua natureza promover publicamente suas virtudes.
Alguns desses monges professores praticam o Dhamma
devotamente. Alguns deles habitam nas florestas e aparecem
nas aldeias de tempos em tempos. Alguns residem nas
cidades para se exercitar, assim como seus alunos. Eles
nunca promovem suas virtudes para a mídia pois são puros e
morais. Isto pode ser ilustrado em um provérbio tailandês:
Nenhum som surge ao se agitar uma garrafa cheia de água.
Isso significa que uma pessoa que está repleta de virtude e
bondade nunca se exibe.”
“Em escolas seculares, podemos distinguir professores
de alunos pela sua idade e vestuário. Todavia, nos templos,
com o mesmo uniforme de mantos açafrão, fica muito difícil
distinguir monges professores de monges alunos. Portanto,
quando você viu alguns monges ou, no máximo, 1.000 deles
comportar-se mal, você precipitadamente tomou a decisão
de não prestar respeito ao restante deles. Você deve repensar
isso cuidadosamente e perguntar-se: “Estou fazendo a coisa
certa?””
“Da próxima vez, ao fazer uma doação ao Sangha,
quando você não souber quem é um monge professor ou um
monge aluno e quando você não conhecer os níveis de
virtude dos monges, você deve pensar desta forma. Desde
que os monges não violem gravemente a disciplina
monástica, você deve pensar que está oferecendo donativos a
eles de modo que restabeleçam sua energia para o estudo do
Dhamma e a prática da meditação. No futuro, ao encontrar
um monge que você sabe ser um professor, você deve
intencionalmente fazer doações da melhor forma que puder.
Tanto o doador como o receptor receberão os frutos plenos
do mérito.”
“Ao ouvir falar de monges que possuem moralidade e
boa conduta, embora eles possam viver afastados, você deve
se empenhar em visitá-los. Seu desejo será atendido porque
eles são seu melhor campo de mérito. Se este não for o caso,
você deve ser paciente e prosseguir diligentemente em seu
estudo do Dhamma e na prática da meditação.”
“Você deve abrir sua mente ilimitadamente e algum dia
encontrará um monge que o entenda ou que você desejou ser
seu campo de mérito. Não se apresse em prestar homenagem
somente ao Senhor Buda e ao Dhamma. Você deve completar
o triângulo e prestar homenagem à todas as Três Jóias. Se o
fizer, você será capaz de atingir os reinos celestiais em vez
dos reinos do infortúnio, nesta vida e posteriormente, até
que atinja o Nibbana.”

Este exemplo conforme fornecido pelo respeitado


monge superior fala sobre a terceira questão. Respeito
muitíssimo este monge superior por seu intelecto e
capacidade e, principalmente, sua capacidade de reverter a
crise na fé budista.

Circunstâncias negativas advindas de ler notícias


negativas descuidadamente.
Se os pais não ensinarem seus filhos a analisar
cuidadosamente a verdade nos artigos sobre monges, as
crianças poderão acreditar irrefletidamente nesses artigos.
Isso poderia causar-lhes (e a nós) a perda da oportunidades
de mérito. Quando eles generalizam excessivamente que
todos os monges desviaram-se da rota da moralidade, farão
julgamentos sem análise criteriosa; tudo que estão vendo é a
notícia parcial. Eles poderão então perder o interesse no
estudo do Dhamma, o que acarretará uma falta de
compreensão sobre a vida. Eles não saberão que devemos
obedecer determinadas leis que regem o mundo assim como
nossas vidas. Esses conhecimentos são ensinados no
budismo e permitem ao aluno seguir o rumo correto na vida.
A norma que rege este mundo é a Lei do Kamma.
Isso significa que ‘uma boa ação gera um bom resultado e
uma má ação gera um mau resultado’. As conseqüências de
uma boa ação são denominadas ‘frutos do mérito’ e as
conseqüências de uma má ação são denominadas
‘retribuição cármica’. Basicamente, uma pessoa é
exclusivamente responsável por suas próprias ações. Frutos
do mérito e retribuição cármica não respondem à crença de
qualquer pessoa, mas eles respondem às normas que regem
este mundo.
A norma que rege a vida é a Lei das Três
Características (tilakkhana), que consiste de
impermanência (aniccata), sofrimento (dukkhata), e
ausência do eu (anattata). Esta verdade reside por trás de
todos os seres vivos deste mundo.
As verdades da Lei do Kamma e as Três Características
foram descobertas pelo Senhor Buda. Além disso, Ele
descobriu como a compreensão dessas Leis mostra o
caminho para alcançar o alívio do sofrimento.

Quando crianças consomem notícias descuidadamente,


elas não somente desconhecerão os ensinamentos do Senhor
Buda mas também terão conceitos equivocados sobre
monges. Além disso, elas poderão negligenciar a verdade da
Lei do Kamma. Quando seus equívocos atingem este nível,
ainda que seus pais ou avós desejem sinceramente gerar
mérito, podemos ter certeza que seus filhos não terão
disposição para ampará-los. O pior quadro é quando as
crianças obstruem o desejo de outros de realizarem boas
ações. Elas acreditam que gerar mérito é um desperdício e
oferecer donativos aos monges incentiva a indolência. Este
mesmo raciocínio é usado por aqueles que não acreditam na
Lei do Kamma.
É muito difícil persuadir a mídia a aumentar a
cobertura noticiosa sobre monges que devotaram suas vidas
à melhoria da sociedade. Na condição de pais, devemos
ensinar e incentivar nossos filhos a avaliar e diferenciar
cuidadosamente entre o que é certo e errado antes de chegar
a conclusões sobre monges. Não tome uma decisão
precipitada. Se nossos filhos seguirem esses critérios, como
pais teremos a garantia de seu amparo para nos permitir
gerar mérito durante nossos dias derradeiros. Ao mesmo
tempo, monges e noviços serão amparados e terão
possibilidade de passar seu tempo desenvolvendo suas
virtudes, gerando benefício para a sociedade. Podemos ter
certeza de que o budismo permanecerá sólido e estável na
Tailândia por muitos anos futuros.
Capítulo 44

O Senhor Buda – O exemplo de


sabedoria

Tendo experimentado muito na vida, entendemos


claramente o significado de vicissitudes. Ninguém
conquista somente ventura e desventura durante a vida; a
vida consiste tanto de felicidade quanto de tristeza. Devemos
ter em mente o seguinte: Quando alguém é feliz, não deve
exceder-se em felicidade que possa causar problemas a
outras pessoas. Quando alguém é infeliz não deve mergulhar
na tristeza, mas ter a coragem de enfrentar os problemas e
levá-los a um fim.
Uma vez que precisamos buscar refúgio em nossa
própria sabedoria em momentos de mágoa e felicidade,
podemos apreciar o fato de que a sabedoria suprema do
Senhor Buda (sobre como conduzir a vida) é realmente
comparável a nenhuma outra. Sua sabedoria pura nos ensina
como conduzir a vida no caminho certo. É a melhor prática
quando nos deparamos com vicissitudes em nossas vidas.
Sua sabedoria pode ser verdadeiramente um modelo nobre
para outros ensinamentos neste mundo, tanto para budistas
como não budistas.

A causa das vicissitudes da vida


Muitas pessoas não sabem a causa das vicissitudes da
vida. Alguns acreditam que são determinadas pela astrologia.
Alguns acreditam que são causadas por um deus. E outros
acreditam que ocorrem devido ao seu próprio intelecto e
competência. Todavia, o Senhor Buda descobriu a verdade
sobre a inevitável Lei da Causa e Efeito, que no budismo é a
Lei do Kamma. Ele ensinou que quem quer que realize
boas ou más ações receberá as conseqüências de
suas ações.
Assim, o Senhor Buda ensinou que quando nos
deparamos com dificuldades, devemos analisá-las
cuidadosamente de três formas:
1) Como causadas por nossa violação dos
preceitos na vida atual.
2) Como causadas por nossa violação dos
preceitos em nossas existências passadas.
3) Como causadas por nossa negligência.
Essas três razões são as principais origens dos
problemas de nossas vidas, quer nos lembremos delas ou
não.
Por essas razões, quando algum problema grave ocorre,
o Senhor Buda ensinou-nos a não criar mais problemas para
nós mesmos. Devemos somente observar os preceitos da
forma mais clara possível.
Se conduzirmos nossas vidas no mundo secular,
devemos observar os cinco preceitos. Os monges devem
manter os 227 preceitos rigorosamente. As freiras, bem
como aqueles que residem em templos para auxiliar nas
obras budistas devem seguir os oito preceitos rigorosamente.
A observância desses preceitos nos impedirá de criarmos
novos problemas.
O Senhor Buda ensinou esses preceitos para que
possamos atender aos padrões de moralidade. Se não
seguirmos Seus ensinamentos, é possível que nos deparemos
com problemas infindáveis. Talvez consigamos solucionar
um problema, mas não poderemos impedir que o próximo
aconteça. Eles são intermináveis. Assim que percebemos que
um problema ocorreu, devemos fazer rapidamente as
correções observando rigorosamente os cinco preceitos e
assim ficará mais fácil solucioná-los.
Em seguida, podemos sanar problemas que surjam de
acordo com as diversas circunstâncias, observando os
princípios budistas para obter a solução. Por exemplo, se o
problema girar ao redor de prosperidade ou ganho
monetário, pode ser solucionado com generosidade.
Divergências podem ser solucionadas pelo nosso
aprimoramento, ensinando a nós mesmos a humildade e
modéstia. Pode haver momentos em que pedir desculpas é
necessário. Algumas dificuldades são ocasionadas por nossa
própria negligência, talvez por prejudicar as posses de
outros, o que pode ser solucionado pela reparação adequada
ao proprietário.
Todavia, quando cada problema ocorrer, devemos
colocar um término nele. O primeiro passo é acalmar
nossa mente praticando a meditação até que a mente
esteja tranqüila. A meditação pode nos ajudar a visualizar
claramente o problema. Se não tivermos certeza da forma
como o problema ocorreu, não devemos tirar conclusões
precipitadas sobre sua solução. Devemos permanecer calmos
enquanto divisamos a solução. Alguns problemas não podem
ser solucionados imediatamente e exigem nossa paciência.

A Solução do Senhor Buda


Há um cântico que tenho ouvido os monges entoar a
cada domingo que vou ao templo. Quando os visitantes do
templo fazem suas ofertas aos monges, eles recebem uma
bênção em retribuição. Os monges abençoam com dois ou
três cânticos. Há um cântico que começa com o termo pali
“Bahuń,” que é simplesmente denominado o “Cântico
Bahuń”. O “Cântico Bahuń” recita as formas certas de
solucionar problemas conforme ensinadas pelo Senhor Buda.
Os cânticos consistem de oito partes, embora haja sete
formas. Quando o Senhor Buda se deparava com graves
problemas, Ele conseguia solucionar cada um deles com
êxito.
1) Quando Buda foi confrontado pelo “Māra Chief” (o
Diabo) e suas tropas, que pretendiam impedi-Lo de tornar-
se iluminado, Ele solucionou este problema relembrando a
força de Suas 30 Perfeições, que em Pali significa, “As 30
Pāramī”.12 Neste caso, Ele especificamente mencionou o
‘Pāramī da Generosidade’ que havia se acumulado durante
Seus infinitos ciclos de renascimento e disseminou Sua
bondade a todos os seres. No final, Ele derrotou o “Māra
Chief”. Da mesma forma, se encontrarmos imensas
dificuldades, podemos abordá-las igualmente com
generosidade.

2) Quando o Senhor Buda foi confrontado pelo Gigante


Alavakā , um demônio que se encolerizava facilmente, Ele
conquistou sua raiva com Khanti (tolerância). Por exemplo,
Ele tolerou tudo que o Gigante demandava ou propunha. No
final, o Gigante sucumbiu à paciência do Senhor Buda,
moderando enormemente sua teimosia e rudeza com Ele. O
Gigante pensou que, embora O tivesse aborrecido tanto, Ele
ainda fora tão paciente com ele. O Gigante desenvolveu
simpatia, percebeu o que havia feito ao Senhor Buda e no
final iniciou uma conversa com Ele.
12
As perfeições espirituais do Senhor Buda buscadas por 20 Asańkheyya (tempo infinito) mais 100.000
kappas (os grandes ciclos do mundo).
Assim, quando enfrentamos uma pessoa
enraivecida, a melhor solução que temos é a
paciência.

3) Quando o Senhor Buda foi confrontado por um elefante


furioso (semelhante a uma pessoa frenética), Sua solução foi
disseminar bondade. Em suma, quando as pessoas
recebem e são movidas por bondade, seus corações se
expandirão e elas conseguirão perdoar e entender-se
mutuamente.

4) Quando o Senhor Buda se deparou com Angulimāla,


um assassino que pretendia destruí-Lo, Sua solução foi fazê-
lo render-se combinando Seus poderes sobrenaturais
com um sermão educado adequado à situação, para fazer
Angulimāla acreditar verdadeiramente em Seus
ensinamentos.
Em nosso caso, não temos o poder do Senhor Buda;
todavia, se nos depararmos com um assassino, devemos
depender da polícia e da lei.

5) Em um caso, Buda foi acusado em público. Naquele dia,


enquanto Ele ensinava o Dhamma aos seus seguidores, uma
bela mulher chamada Savatthi subitamente levantou-se em
meio a uma multidão de pessoas no Saguão do Dhamma e
anunciou ao Senhor Buda que estava grávida de seu filho.
Ela disse, “Senhor Buda, você continua ministrando seus
ensinamentos aos outros, mas não ao seu descendente em
meu ventre. O que devo fazer? Estou prestes a dar à luz!” A
solução do Senhor Buda frente a esta situação foi
permanecer calmo e silencioso.
Um caso desses é um bom exemplo para outros
veneráveis monges e respeitados adultos que se deparam
com a mesma situação. Em algumas situações, o silêncio é a
melhor solução, e o tempo dirá. Na realidade, há dois
assuntos com os quais devemos nos acautelar: conduta
sexual e dinheiro.
No tocante à conduta sexual, quando veneráveis
monges ou adultos se deparam com acusações de
envolvimento impróprio com outra pessoa, 90% das pessoas
acreditará irrefletidamente nessas acusações. Portanto, o
silêncio é a melhor solução, e o tempo dirá. A verdade se
revelará em breve ao público.
Com referência a dinheiro, quando monges são
falsamente acusados em questões financeiras, é
freqüentemente difícil saber como refutar essas alegações. Se
um adulto respeitado for erroneamente acusado de
corrupção, também é difícil discutir essa questão. De acordo
com os princípios budistas, não deve haver contendas, nem
fuga do inimigo; permanecer calado é mais seguro. O
silêncio, nesses casos, não significa culpa ou
capitulação. Significa que você está aguardando o
momento adequado de declarar sua inocência. Para elaborar:
‘Não lutar’ significa não se acusar mutuamente.
‘Não fugir do inimigo’ significa não capitular e não
confirmar a acusação.
O acusado deve continuar a realizar boas ações da
melhor forma que puder. Disciplina rigorosa irá ajudar a
protegê-lo e, no final, ele vencerá a situação.

6) Quando o Senhor Buda se deparou com um especialista


em um debate, Ele usou Sua sabedoria para solucionar
este problema. Cada uma de Suas palavras possuía verdade,
perfeição e razão.

7) Em um caso, o Ven. Moggallana,13 na condição de


representante do Senhor Buda, eliminou a grande serpente
denominada Nandopānanda. Nandopānanda possuía a
Visão Errônea e era violentamente venenosa. Assim, o Ven.

13
Um dos dois discípulos principais do Senhor Buda que se sobressaiu a todos os demais em poderes
psíquicos.
Moggallana utilizou poderes sobrenaturais para derrotar
a teimosa serpente.

8) Quando o Senhor Buda encontrava um ser que possuía


a Visão Errônea, como, por exemplo, um Brama, Ele usava
um alto nível de sabedoria no Budismo para alcançar o
nível do Brama e conseguia persuadir este último a aceitar a
Visão Correta.
“Nós nos deparamos com obstáculos menos difíceis do
que o Senhor Buda encontrou em Sua existência final.
Todavia, ao enfrentar nossos obstáculos, devemos seguir os
passos do Senhor Buda. Precisamos primeiro analisar
cuidadosamente nossa capacidade de observar os preceitos e
realizar aprimoramentos. Ao nos conduzirmos bem, tudo o
mais que é bom se seguirá.”
Lembre-se, não importa quão sérios sejam nossos
problemas, precisamos ser pacientes e solucioná-los. A
maioria de nossos encontros com problemas foi causado por
nossas ações imperfeitas do passado. Devemos lembrar que
quanto mais escuro o céu se torna, mais cedo a alvorada
chegará. Devemos visualizar o Senhor Buda como um
exemplo a cada vez que ficarmos desencorajados.
Seremos incentivados a obter força, paciência, consciência e
sabedoria necessárias para solucionar problemas da maneira
correta. No final, ficaremos livres da retribuição cármica que
enfrentamos agora.
Capítulo 45

Dedicando uma imagem de Buda –


O corpo da iluminação

Doar uma imagem de Buda para si ou sua família era a


tradição favorita de nossos ancestrais. Pessoas mais
prósperas viajavam ao redor do mundo com a finalidade de
doar imagens de Buda a diversos templos. Elas entendiam os
frutos que obteriam deste mérito.
Atualmente, a maioria das pessoas não entende a
verdadeira razão por trás desta tradição. Dessa forma, elas
não apóiam as práticas de seus próprios avós. Por esta razão,
os mais velhos infelizmente perdem uma grande
oportunidade de gerar mérito significativo durante os dias
derradeiros de suas vidas. Na condição de budistas, devemos
examinar isso para não perdermos a oportunidade de fazê-lo.
Devemos entender claramente a importância de doar uma
imagem de Buda, de forma que não venhamos a obstruir
nossos avós quando desejarem realizar este grande mérito.
Gostaria de aproveitar esta oportunidade para compartilhar
com vocês os benefícios que resultam desse ato de mérito.

Os ancestrais de nosso país costumavam doar imagens


de Buda pois veneravam a grande compaixão do Senhor
Buda por todos os seres. Esta seria uma forma de
demonstrar sua gratidão a Ele.

Na história budista, é raro existir neste mundo uma


pessoa que esteja determinada a se tornar um Buda (um ser
Iluminado) no futuro, para livrar pessoas do sofrimento.
Este tipo de pessoa é denominada Bodhisatta.14

Bodhisattas que devotavam suas vidas às perfeições


espirituais e conseguiam erradicar suas impurezas eram uma
ocorrência extremamente rara. Alguns atingiam suas metas,
e algumas desistiam ao longo do caminho.

Para atingir o Estado Búdico, um Bodhisatta deve


devotar sua vida à virtude. Em uma de suas existências, ele
deve encontrar um Buda que lhe assegure seu futuro Estado
Búdico e lhe informe o tempo total necessário para que atinja
a iluminação como um Buda.

O Bodhisatta que recebe a confirmação de seu futuro


Estado Búdico por um Buda, é denominado Niyata-
Bodhisatta, o que significa uma pessoa que atingirá
definitivamente a iluminação e se tornará um Buda no
futuro. Após ser informado por um Buda, um Niyata-
Bodhisatta deverá prosseguir na busca de perfeições no
mínimo por outros quatro Asańkheyya (tempo infinito) e
100.000 kappas (o ciclo de nascimento e morte do mundo).

14
Candidato ao Estado Búdico.
Isso significa que ele deverá prosseguir no ciclo da existência
por uma quantidade de tempo imensurável para atingir o
Estado Búdico. À medida que ele se aproxima de seu feito, os
obstáculos passam a ser mais difíceis, exigindo a devoção de
todo seu ser para erradicar suas impurezas e aumentar sua
divindade. Uma vez que isso é extremamente difícil, o
Senhor Buda certa vez forneceu a analogia a seguir: O
número de vezes que Ele doou Seus olhos para ajudar
outros para que se tornassem iluminados é maior do que
todas as estrelas no céu.
Devotar todo seu ser para atingir a iluminação é raro
devido a esse processo demorado. Após tornar-se iluminado,
Ele passará o resto de seus dias difundindo Seus
conhecimentos da verdade (Dhamma) a cada pessoa.
Aqueles que seguem Seus ensinamentos e praticam o
Dhamma diligentemente poderão obter a iluminação e
atingir o Nibbana. Assim, pessoas que nascem durante a vida
de Buda e conseguem atingir a iluminação são extremamente
afortunadas.

Aqueles que não nascem durante a vida de um Buda


devem buscar refúgio nos ensinamentos do Senhor Buda,
inconscientes de Sua aparência.
Os ancestrais de nosso país que experimentaram e
atingiram elevados níveis de meditação eram dotados tanto
de visão quanto de sabedoria. Eles decidiram recriar a
imagem do Senhor Buda partindo do interior (o Corpo da
Iluminação) na forma de uma estátua de Buda. A herança
que eles nos repassaram enriquecem nossos conhecimentos
sobre a excelente aparência do Senhor Buda, aumentando
nossa fé Nele. Este ato de contribuir para moldar uma
estátua de Buda é favorável a diversos budistas ao redor do
mundo.

Uma vez que nossos ancestrais eram capazes de ver o


Dhamma destemido no interior, sua capacidade de
reproduzir a imagem perfeita de Buda fez com que aqueles
que viam a imagem se tornassem alegres e tivessem fé Nele.
Ela os inspirou a realizar ações virtuosas e a praticar
meditação para alcançar o Nibbana como Ele o fez.
Assim, a imagem de Buda doada por uma pessoa ajuda
a livrar as pessoas de suas impurezas, luxúria e desejo,
motivando-as também a aprimorar-se no mundo em que
vivemos.

Um doador de uma imagem de Buda aufere os tipos de


mérito a seguir:
1) O doador desenvolve o aumento da moralidade e virtude.
2) Uma vez que a contribuição confere a outras pessoas o
poder de realizar boas ações, o doador será reverenciado
tanto por humanos como por seres celestiais em cada
área que visitar.
3) Ainda que o doador não esteja mais vivo e as pessoas
ainda busquem refúgio na imagem doada de Buda, o
mérito continuará a fluir, fazendo com que outros o
reverenciem em suas existências futuras.
4) Não importa o número de renascimentos, se o doador
involuntariamente tiver pensamentos, linguajar ou ações
prejudiciais, ou experimentar problemas na vida, com a
simples lembrança da imagem de Buda que doou, todas
as não virtudes serão evitadas.
5) Não importa o número de renascimentos, ele sempre
nascerá em uma terra em que o Budismo floresce e
atingirá facilmente o Dhammakaya – o Corpo da
Iluminação.
6) Enquanto ainda estiver em samsāra (o ciclo de morte e
de nascimento), ele facilmente obterá prosperidade.
Qualquer que seja sua forma de sustento, como
mercador ou funcionário do governo, o mérito de doar
uma imagem de Buda o apoiará e abençoará para ser
próspero. Em sua vida final em samsāra, ele atingirá
facilmente a iluminação.

Este é apenas um resumo de todos os benefícios que o


doador obterá. Esses são apenas os frutos dos méritos que
são facilmente entendidos. Se o leitor praticar a meditação e
estudar a biografia do Senhor Buda, ele observará os
inumeráveis benefícios de doar uma imagem de Buda. Agora
entendemos porque nossos ancestrais se concentraram nesta
contribuição moral.

Minha própria avó compreendia os benefícios de se


doar uma imagem de Buda, já que doou mais de vinte dessas
imagens e dedicou-as a cada pessoa em sua família e aos
entes falecidos, convidando seus parentes a fazer o mesmo.
Eu sei que este grande mérito que ela alcançou em sua
velhice assegurará que ela tenha um futuro digno. Quando
ela falecer, ela poderá depender do mérito que auferiu, sem
esperar que outros lhe dediquem mérito depois que ela
falecer.

Gostaria de convidar cada um que ainda não doou uma


imagem de Buda a fazê-lo para seu próprio bem. Será
melhor se você puder doar uma para si mesmo hoje do que
mais tarde. Na sociedade atual, diversas pessoas desviaram-
se da realização de ações virtuosas. Em conseqüência, seus
filhos também não perceberão o principal propósito de se
realizar boas ações. Doar uma imagem de Buda é uma das
ações mais nobres, a qual beneficia doadores assim com a
sociedade. Se eles perderem essa grande oportunidade,
poderão perder os benefícios dos quais dependem na vida
após a morte. Devemos doar uma imagem de Buda para
nosso próprio bem. Quando nos aproximarmos do fim de
nossas vidas, partiremos de forma serena porque teremos a
certeza de que este grande mérito nos cingirá no próximo
mundo.

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