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Ministra da Educação,
2. O modelo não assegura critérios de rigor, imparcialidade ou justiça, parecendo violar o disposto na
alínea a) do artigo 44º do Código do Procedimento Administrativo: aí se determina que constitui
impedimento para qualquer titular de órgão ou agente da Administração Pública intervir em
procedimento administrativo ou em acto/contrato de direito público ou privado da Administração
Pública quando nele tenha interesse. O processo não fica isento de suspeição, quando existem
quotas estabelecidas para as menções de Excelente e de Muito Bom e quando um avaliador por
delegação de competência e um avaliado se encontram a competir para a entrada nessa quota.
3. A aplicação do actual modelo de avaliação está a prejudicar o seu desempenho profissional por via da
excessiva carga burocrática e das inúmeras reuniões que exige; não se traduz em qualquer mais-valia
profissional e é gerador de uma conflitualidade que dificulta o bom funcionamento da vida escolar, não
trazendo benefícios ao processo de ensino-aprendizagem, nem garantindo um real sucesso
educativo;
4. A definição dos parâmetros de avaliação, pelo seu grau de subjectividade, ressente-se de um
problema estrutural – não existem quadros de referência em função dos quais seja possível promover
a objectividade da avaliação do desempenho, levando a uma aplicação não uniforme;
5. O próprio Conselho Científico da Avaliação dos Professores, estrutura criada pelo ME, nas suas
recomendações, critica aspectos centrais do modelo de avaliação do desempenho como a utilização
feita pelas escolas dos instrumentos de registo, a utilização dos resultados dos alunos, o abandono
escolar ou a observação de aulas, como itens de avaliação. O Ministério não dá resposta a estas
recomendações, mantendo em vigor fichas de avaliação absolutamente desadequadas e
inexequíveis;
6. A avaliação do desempenho está orientada para a melhoria estatística dos resultados dos alunos,
produzindo eventuais resultados artificiais porque inflacionados, promovendo o facilitismo e
despromovendo o rigor e a exigência;
7. Este modelo de avaliação promove e incentiva a competição desmedida entre colegas de profissão,
inviabilizando o trabalho cooperativo, absolutamente necessário para um exercício de funções com
qualidade;
8. É inaceitável que a avaliação externa dos alunos pese na avaliação dos professores, uma vez que se
sabe que este critério apenas é aplicável às disciplinas que têm exame a nível nacional. A disposição
parece, por isso, infringir o princípio da igualdade consagrado no Artigo 13º da Constituição da
República Portuguesa.
9. Penaliza nos critérios de obtenção de Muito Bom ou Excelente, o uso de direitos como o de faltar por
motivos de maternidade/paternidade, por doença, por nojo e para cumprimento de obrigações legais.
10. A divisão entre titulares e não titulares, sem qualquer critério de exigência aceitável, apenas pelo
exercício de cargos administrativos pode ter levado a que os mais capazes, não sendo titulares,
jamais serão avaliadores; o estabelecimento de quotas na avaliação e a criação de duas categorias
que, só por si, determinam que mais de dois terços dos docentes não chegarão ao topo da carreira,
completam a orientação exclusivamente economicista em que se enquadra o actual Estatuto da
Carreira Docente que inclui o modelo de avaliação decretado pelo ME.
É evidente um clima de contestação e indignação dos professores, pelo que suspender o processo de
avaliação permitirá:
1. Concentrar a atenção dos professores naquela que é a sua primeira e fundamental missão – ensinar;