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Orixás ortodoxos que reapareceram em Cuba, cuja origem é vaga ou

duvidosa.

Oshumaré

Oshumaré é o orixá do arco-íris. Tal como foi detalhado num artigo anterior, este orixá
foi perdido em Cuba, possivelmente durante a primeira metade do Século XX. Os
remanescentes desta divindade, possivelmente tenham sobrevivido no Cabildo ijexá de
Jovellanos. No presente, nenhum membro deste Cabildo reivindica ter ouvido o nome e,
muito menos, conhecer este orixá.

Nas diversas viagens que realizei a Cuba na década de 80, discuti acerca de Oshumaré
com um número considerável de Olorixás. Um mero punhado tinha ouvido falar de
Oshumaré, e aqueles que ouviram, imediatamente o relacionaram com o Brasil, dando-
me a impressão de terem tido contato com alguma literatura antropológica disponível.
Em 1988, uma fonte mencionou uma Iyalorixá muito antiga e já falecida: Nicolasa
Domenech, reputada como a última Olorixá em Cuba que teve a Oshumaré. Aquela
pessoa não lembra o que aconteceu com os orixás de Domenech depois de morta. Mas,
suspeita que tenham sido confiscados pelo governo para entregá-los a um museu ou
tenham sido colocados indevidamente à disposição dos descendentes da falecida. A
questão é, segundo aquela fonte, quando Domenech faleceu, Oshumaré também faleceu
com ela.

Os diplo-santeros vendem Oshumaré adjudicando-lhe diversas origens. A primeira


alegação é que um grupo de brasileiros teria visitado Cuba no final da década de 80 ou
no início da década de 90, trazendo Oshumaré consigo e o consagraram para um grupo de
Olorixás da ilha.

O interessante nisto, é que este suposto Oshumaré brasileiro não corresponde aos padrões
brasileiros Viajei ao Brasil em 1988 e recebi a Oshumaré na Bahia, na Casa de Oxumarê,
com a falecida Iyá Nilzette de Yemojá. Desde então, tenho mantido contato com muitos
Olorixás brasileiros e, ainda que não seja um experto no Candomblé brasileiro, tenho
adquirido suficiente conhecimento de seus rituais como para fazer a asserção de que o
Oshumaré cubano não tem origem brasileira.

A segunda origem seria em Puerto Rico. Os diplo-santeros afirmam que um dos três mais
conhecidos Olorixás porto-riquenhos— conheço a todos pessoalmente— o teria trazido e
dado ao grupo. O problema é que não conseguem manter coerência nesta estória. Em um
dia, dizem “mais ou menos assim” e, na próxima semana há um novo dado a ser
acrescido. Esta origem também cheira mal. Os porto-riquenhos negam qualquer
envolvimento.

O último lugar de origem é sempre e invariavelmente el campo. “Tenho-o recebido


através de um velho santero, que o tinha em el campo, mas nunca soube que o tinha!”
Podem imaginar a sorte deste indivíduo? Ah, e não nos esqueçamos da “Casa de
Ferminita”. Pareceria ser que tudo o provindo de el campo, tenha se originado na casa de
Fermina Gómez, em Matanzas. Uma subseqüente visita à casa da falecida e renomada
Iyalorixá, em Matanzas, sempre revela que a alegada divindade, e muito menos o diplo-
santero, jamais puseram os pés naquela casa durante toda a sua vida!

Tenho certeza que na ocasião em que recebi a Oshumaré em Brasil, enviei alguma
informação deste orixá a um indivíduo que eu tinha por religioso e um respeitável
Olorixá. Como estava enganado! Com toda probabilidade, minha biblioteca e minha
pesquisa são em parte, responsáveis pelo ressurgimento desta divindade em Cuba.

Orí

Até 1984, Orí não era consagrado em Cuba. Naquele ano, alguma fonte contou-me que
através da intercessão de Wande Abimbola, um grupo de Babalawôs iorubas foi a Cuba e
consagrou Orí para um grupo de Babalawôs da ilha. Esta fonte parece ser confiável e a
salvo para assumir que o único Orí autenticamente ortodoxo em Cuba, tenha provindo
desta maneira. Minhas fontes disseram-me que este grupo de Babalawôs cubanos está sob
a direção de um cavalheiro chamado Frank Ogbe’shé.

Sou a outra fonte de uma linhagem legítima de Orí em Cuba. Depois de tê-lo recebido no
Brasil em 1998, em uma viagem subseqüente a Cuba, consagrei Orí para três Olorixás.
Estou planejando consagrar outro Orí, desta vez para um Obá Oriaté com quem
desenvolvi uma boa amizade na ilha.

Ainda assim, Orí tem aparecido no mercado dos diplo-orixás. O ressurgimento no meio
das ondas de diplo-santeros, possivelmente possa estar ligado com a bela escultura do
museu da Asociación Cultural Yoruba, em la Habana. Há várias versões de Orí.
Interessantemente, como com Oshumaré, os diplos também reivindicam Brasil, Miami e
Puerto Rico como lugares de origem dos seus Orí. Uma versão consagra uma pedra
branca com um punhado de cauris, à semelhança de como se faz para Obatalá, de acordo
com a maneira lukumi tradicional, e lhe são sacrificados animais de penas brancas.

A segunda versão é uma pequena escultura de uma cabeça em madeira, “carregada” com
substâncias misteriosas. Alega-se que esta versão é oriunda do Brasil. Obviamente,
aqueles familiarizados com a consagração brasileira de Orí, reconhecem isto como uma
farsa desde o início. O Orí que se alega ser de origem porto-riquenha, consiste em uma
pedra branca, um sol, uma lua e 256 cauris. Uma cabra, ou bode—dependendo da
disponibilidade— é oferecido quando é consagrado. Realmente engenhoso! Porém,
esqueceram que o Dilogún possui 257 odus. Não repararam em Opira! O que faz este Orí
ainda mais interessante, é que em Puerto Rico, as fontes dizem que este Orí provém de
Cuba.

Tenho tido recentemente conhecimento de outro Oshumaré, do qual se alega ter


descendido de Tomás Cruz Santana, Shangó Deí. Shangó Deí foi um Oní Shangó de
Pogolotti muito conhecido, renomado como uma das maiores fontes de Dadá em Cuba.
De fato, ele ordenou uma pessoa para Dadá nos anos 50: Tato, ainda encontrado hoje em
Cuba, na faixa das Playas em La Habana. O único problema com o Oshumaré de Shangó
Deí é que, em toda a sua vida de omorixá, ele nunca teve esta divindade ou coisa que se
lhe assemelhasse! Enfim, para cunhar o título do livro de George Brandon, parece que os
mortos vendem memórias!

Iyamasé

Iyamasé é bem conhecida no Brasil, e poderia tê-lo sido também em La Habana. Um


canto popular de Shangó faz referência a Iyamasé e pergunta se foi ela quem deu
nascimento a Shangó:

Iyamasé lobí Shangó

Iyamasé lobí Shangó

Gbogbo araye oní kuelé

Iyamasé lobí Shangó

Imagino que os diplos tenham se encontrado com Iyamasé graças à literatura. Para uma
linha, Iyamasé consiste de sete edún ará— pedras-de-raio. Em outra linha, são duas
pedras, uma preta e outra porosa. Os rituais de consagração são inovadores, porém, me
recuso a discutir mais sobre esta heresia para evitar a tentação dos sinistros que possam
estar lendo isto. Em ambas as linhagens, o Olorixá que teria consagrado Iyamasé para o
diplo-santero era oriundo de el campo e já teria falecido.

Ayaó (Ajaó)

Este orixá foi conhecido exclusivamente em el campo— na localidade de Jovellanos.


Lydia Cabrera falou sobre Ayaó, a irmã mais nova de Oyá, em Laguna Sagrada de San
Joaquín. Este orixá possui estreitas ligações com Oyá e Olokún.

Em La Habana, Ayaó era consagrada com Oyá, somente quando um omó de Oyá era
ordenado. Consistia em um arco como o de Oshosi com uma serpente por flecha. Esta
ferramenta tornou-se agora, parte dos paramentos da nova versão de Ayaó, cheia com
uma, duas, e recentemente, nove pedras, em New York, por um dos sinistros. Origem: el
campo— o Cabildo de Jovellanos. Outra tramóia. Quando visitamos o Cabildo, os
membros são intransigentes ao afirmar que os orixás do Cabildo têm estado ali desde
incontáveis gerações e tal como acontece nas tradições dos orixás em La Habana e em
Matanzas, os ijexás não consagram esses orixás para ninguém. A Ayaó que está no
Cabildo nunca deu nascimento a qualquer outra Ayaó.

A consagração deste orixá é também muito bonita. È realizada sobre uma mesa com
adereços têxteis de diferentes cores e montes de hastes e flores de hibisco. A cerimônia
completa, incluído o sacrifício, é levada adiante sobre a mesa! Devemos, enfim, dar
algum crédito à ingenuidade e potencial estético de alguns diplo-santeros!

Ajalá

Antes da diplo-santeria, Ajalá era uma obscura qualidade de Obatalá, relembrada por
muitos poucos Obá Oriatés. Esta divindade é o orixá que modela o Orí que acompanha o
ser humano à Terra quando nasce.

O novo diplo-Ajalá consiste em duas cabeças de madeira, uma pintada de preto e a outra
de branco, que descansam sobre uma balança romana, uma em cada prato da balança. È
enfeitado com penas brancas e guarda estreita relação com Oduduwá.

Bokún (Ibokún)

De acordo com minhas fontes nos anos 80, a última pessoa a ter Bokún em Cuba, foi
Pedro “el picao” Medina, Oyé Yeí, que foi ordenado por Octavio Samá, Obadimejí e por
María Magdalena “mama la de Vieja Linda” Crespo, Onikeyé. Alega-se que ao falecer
Oyé Yeí, Bokún não foi despachado em seu etutú como Oriaté— um dos mais renomados
na história da religião— reivindicando que isto foi necessário para mantê-lo no caso de
alguém vir a necessitá-lo. Fontes posteriores confirmam que isto é um mito e que este
Oriaté jamais fez tal coisa. E ainda mais, insistiram em que Oyé Yeí não possuía este
orixá. Pareceu-me na ocasião que tentavam me fazer morder a isca e dizer que eu o
possuía. Mas… não o fiz!

O que sim sei é que agora forma parte do diplo-mercado. Segundo as minhas fontes,
existem hoje duas versões. Há o Bokún tradicional — que é um cavaleiro montado, com
um oshé ou um machete (facão) numa das mãos. Este eré foi visto em alguns cabildos no
interior da ilha e ainda nas redondezas. Eu me cruzei com ele um par de vezes. A mais
nova diplo-versão é uma pedra preta que mora com Shangó, enquanto outros dizem que
mora entre Shangó e Dadá.

Borokoso

Borokoso foi originalmente trazido aos Estados Unidos por Josefina Beltrán, Oloshundé,
nos anos 60. De acordo com a informação que sempre tenho escutado, era um orixá
relacionado com seu irmão Oshosi. Certamente uma das muitas divindades caçadoras
pertencentes ao panteão de Odé. Nos anos 80, perguntei a muitos Olorixás a respeito
desta divindade e nenhum deles soube quem era. Contudo, nunca duvidei da integridade
de Oloshundé; ela bem pode ter sido a última pessoa que possuía esta divindade. Para
complementar, pelo meu conhecimento, tenho por certo que o consagrou, apenas, para
dois ou três Olorixás nos Estados Unidos.

Borokoso, agora de retorno a Cuba, foi transformado. Passou a ser o “xamã ” de Shangó.
Energias, atributos, ou patakís que se tornaram orixás.

Abomán

Abomán é uma entidade que supostamente mora com Irokó no topo da Ceiba (Ceiba
pentandra, L.). Em realidade, é uma divindade reverenciada, mas não consagrada. Bom,
pelo menos não o era antes dos anos 90. Tenho ouvido que agora o é.

Okoró

Okoró, dependendo da versão, consiste de 4 ou 16 ovos pintados de branco, vermelho,


azul e amarelo. Tenho ouvido que agora, os diplos têm se tornado ainda mais criativos e
forram os ovos com miçangas. Espero que não rachem e sujem o ambiente. Quem sabe se
então, não poderia isto se transformar num axé! Recentemente, uma fonte de New York
reportou que Okoró foi uma das “múmias” que Olofín mantinha em seu armário! Que
armário! Não é mesmo?

Em realidade, Okoró é outra das entidades que são cultuadas, mas não consagradas. È
uma energia que tem a ver com os rituais para Egún e se manifesta em mascaradas
similares às das sociedades Geledé e Egún, na África. Em algumas linhagens, Okoró é
representado por pedrinhas de barro, colocadas em pé no altar do Egún de um Olorixá.

Laro/Alaro

Laro é o “médico divino celestial”. Está relacionado com Erinle, pelo menos dizem isso.
Certamente, esta e a versão dos diplos, de Logún Edé, de quem ouviram suficientes
histórias como para ressuscitá-lo. Em Cuba, a pequena lembrança que se tem de Logún
Edé está num mito do odu Odí Oturá que faz referência a Laro, um ser que é macho
durante seis meses ao ano e fêmea nos outros seis. Até os anos 90, Laro somente tinha
sobrevivido em um mito.Agora, manifesta-se e é colocado em uma sopeira ou em um
pote.

Talabí & Salakó

Este par de diplo-Ibejis é um dos meus favoritos. Talabí e Salakó são nomes para crianças
específicas, e que descrevem determinadas circunstâncias do seu nascimento. Estes
nomes são conhecidos por oruko amotoorunwá. Talabí é o nome dado a uma menina que
nasce ainda envolta no véu ou membrana que circunda o embrião no ventre materno.
Salakó é o nome dado ao menino nascido sob estas mesmas condições. Em Cuba, os
Lukumis utilizam esses nomes para os omós de Obatalá, a despeito do sexo.

Os Lukumis sempre acreditaram que os gêmeos devem ser ordenados para Yemojá e
Shangó. O primeiro a nascer, considerado o mais novo deles, deve ser ordenado para
Shangó, e o segundo gêmeo deve ser ordenado para Yemojá. Em algumas instâncias,
ainda, torna-se impossível cumprir com esta tradição, especialmente se um dos gêmeos
adquirir algum defeito físico, caso em que será, já seja menino ou menina,
automaticamente ordenado para Obatalá. De acordo com uma fonte, nesta situação
particular, o iyawô é chamado indiferentemente por Talabí ou Salakó.

Segundo os diplos, Talabí e Salakó são orixás, tornando-se o par de Ibejis de Obatalá,
para manter sua promessa de cuidar de todos os nascidos com algum tipo de
deformidade. Parece ser que aqueles não seriam apenas gêmeos, mas siameses unidos
pelo quadril! Como Taiwó e Kaindé não tem sido suficientes, temos agora Ibejis que
também são orixás fúnfún.

Masélobí

Maselobí, que alguma vez foi um nome para o omó de Yemojá, tornou-se agora um orixá.
Até onde sei, e acreditem em mim, pois tenho caído nessa bobagem, ela tem a ver com
Shangó, Yemojá e Iyamasé. Provavelmente tenha nascido a partir do canto que transcrevi
mais acima. Entre seus atributos constam sete sereias prateadas.

Ananagú

Ananagú é a pequena menina que o odu Ofún tomou sob seus cuidados em seu lar.
Segundo o mito, Ofún tomou-a por afilhada enquanto seus pais viajavam. Ela foi
advertida para não espreitar algumas partes específicas da casa, onde Ofún mantinha
alguns dos mistérios e seres que abrigava em seu lar. Mesmo assim, a menina foi tomada
pela curiosidade. Um dia, ela pegou uma escada e decidiu subir para espiar pelas frestas.
O que viu a atemorizou tanto, que caiu para trás e bateu com a cabeça em sua queda,
morrendo. Esta pequena é Ananagú.

Os diplos falam que este orixá é consagrado para as pessoas que tenham Ofún, da parte
de itá. Ela guarda a retaguarda da pessoa contra a morte inesperada— quanto eu
precisaria de muitos mais destes protetores antes de morrer! Está relacionada com
Olokún e as diferentes fases da lua, e parte de suas ferramentas consistem em réplicas de
metal dessas fases.

Os diplos afirmam que este orixá descende de Fermina Gómez, Oshabí. Tenho estado na
casa da falecida Oshabí em várias ocasiões e ninguém da casa ou da sua linhagem
reconhece Ananagú, portanto, posso argüir definitivamente que não se originou naquele
lugar!

Oshé/Iroshé

Oshé é uma imagem, em madeira, de um homem com um machado duplo incrustado em


sua cabeça. Em uma das mãos, carrega um pequeno machado duplo e na outra,
dependendo do escultor, um asheré (shere) – maraca ou um raio. Este eré é
indubitavelmente relacionado com Shangó e historicamente, tem formado parte dos
paramentos de Shangó. Porém, agora tem evoluído ao status de orixá, com cauris e itá,
morando ao lado de Dadá e de Bodoké.
Idobe

Idobe é outra divindade surpreendente. Os iorubas chamam ao menino nascido após o


nascimento de gêmeos, de Idowú (Ideú). A menina é chamada de Idogbé (Idobé no nosso
ioruba hispanizado). Assim como Ibeji, essas crianças são tidas por sagradas e dotadas
com poderes especiais. Sem dúvida, Idowú tem sido conhecido e cultuado por muitos
anos em Cuba. Mas, desde que um só não é o bastante, especialmente nestes dias de
igualdade e comportamentos semelhantes, necessitamos permitir que exista sua irmã ou
contraparte feminina! Que bom, temos agora a ambos em Cuba, Idowú e Idobé!

Irawo

Até os anos 80, o termo Irawo foi usado como um nome para um oní Shangó—Obá
Irawo ou simplesmente Irawo. Na cerimônia de ordenação, irawo— estrela ou cometa—
é invocado durante uma parte específica do ritual, como energia ou presença celestiais
que o iyawô manifestará no futuro. Uma última versão, argüi que Irawo está relacionado
com Orishaoko, ainda que a exata natureza deste relacionamento não seja esclarecida. De
fato, Irawo é a localidade natal de Orishaokó, e um dos seus nomes usados durante as
orações, ainda usado em Cuba, é afefé Irawo— a brisa que passa através de Irawo.

O diplo-Irawo é um cometa que guiou Orishaokó, quando este se mudou de uma cidade à
outra, ainda que não saibamos que cidades seriam aquelas. Talvez tenha sido a Estrela do
Norte que guiou Orishaokó, tal como aconteceu com os três reis que visitaram Jesus
quando nasceu. Sua ferramenta principal é um prato de metal ou uma estrela com cauda,
imitando o rastro deixado por uma estrela cadente. Uma vez consagrado, os cauris são
costurados na borda do prato e este é enfeitado com miçangas.

Dos Aguas (Duas Águas)

Dos Aguas não é um orixá. De preferência, é um ishé, um mecanismo recomendado em


certas situações determinadas pelo odu do orixá tutelar de um indivíduo. O Oló Oshún ou
Oní Yemojá cujo orixá tutelar carregue os odus Odí Oshé ou Oshé Odí, v.g. Oshún ou
Yemojá,- é chamado a consagrar este mecanismo para lhe trazer equilíbrio e harmonia.
Devido ao forte relacionamento que esta pessoa tem com estes dois orixás, itá indica que
tudo o que for feito para um deles deverá ser feito para o outro. Oshún sempre tentará
sobrepor-se a Yemojá, no caso de um omó desta última, e vice-versa. Por esta razão, o
Oriaté familiarizado com Dos Aguas sugerirá que este seja consagrado ao iyawô, para
apaziguar ambas as divindades.

A primeira vez em que ouvi sobre o mecanismo daqueles odus, foi em 1980, quando a
iyalorixá da minha esposa foi a Cuba para trazer os orixás de um sacerdote de Oshún, em
Matanzas, chegado em 1980 a New York no porão do navio Mariel. Quando minha
esposa retornou com os orixás dele, duas das coisas trazidas lhe chocaram, por estranhas
e por nunca tê-las visto anteriormente: Ibú Ayé e Dos Aguas. Como prova de seu apreço,
ele consagrou Dos Aguas e Ibú Ayé para ela. Quando realizou as cerimônias para ela, foi
perfeitamente esclarecido que a última não se “recebia”, mas era consagrada como
descrito acima.

Alguns anos depois, a história mudou e Dos Aguas tornou-se o último orixá da parada de
sucessos em New York durante o período especial em Cuba, abrindo espaço ao mercado
de diplo-orixás e consolidando-o. Parece ser que os diplo-santeros cubanos tinham um
precursor em New York.

Fui informado que atualmente o nome também mudou. O mecanismo de Oshe Odí e Odí
Oshé que conheci em 1980 por Dos Águas, agora é chamado de Yomí Yomí- Salve-me,
salve-me. Por favor, poupem-me!

Dos Aguas é mantido num pote pintado numa metade de azul e na outra, de amarelo.
Seus atributos e elementos de consagração provêm do oceano e do mar, e estão
relacionados a Yemojá e a Oshún. Um galo e uma galinha lhe são sacrificados no
momento da consagração.

Pseudo-orixás

Akoiré

Akoiré é outro recém chegado. Supõe-se que seja um orixá que exista antes de Olokún ou
Yemojá. Uma versão conta que é uma “escrava” de Yemojá. Uma outra, diz que é uma
“escrava” de Olokún. Uma terceira e muito criativa versão, alega que Akoiréi é um orixá
nascido do odu Ogundá Odí e reconta um mito que afirma ter sido uma filha de Yemojá
Ogunté, por quem Ogún se apaixonou. Porém, um dia, em um acesso de ira, ele teria
cortado a cabeça de Akoiré. Sentindo-se depois arrependido, Ogún correu e achou o
corpo de uma serpente, que teria usado para nele colocar a cabeça. Certamente, Ogún
gostaria de cortar neste momento um monte de cabeças!

Outra versão, menos popular, conta que ela é uma divindade de tierra mina— a terra dos
Minas (vizinha ao atual Togo). Falei pessoalmente com o diplo-santero

Orisha Ayé/Okolorisha Ayé

Orisha Ayé é alegada como uma divindade com algum tipo de relacionamento com
Orishaokó e a terra. Um grupo de diplo-anotações diz: "es el guajiro, o en esencia misma,
el que trabaja la tierra o la deificación de Osha Oko- é o lavrador, ou em essência, o que
trabalha a terra ou a divinização de Osha Okó". Nunca conseguem manter uma história
coerente! È um orixá independente, um lavrador, ou é Orishaokó?

Obamolochún (Obamobolochún)

Obamolochún é a irmã, desaparecida por muito tempo, de Obá e Oshún, que subitamente
surgiu em La Habana. Afortunadamente alguém teve o poder de convencê-la para que
refletisse, de modo que retornasse ao panteão que, realmente precisava dela!
Odemaro/Iyamodé

Odemaro é a mãe de Oshosi. Não me canso de surpreender como os parentes de alguns


orixás conseguem permanecer em evidência ou desaparecer por longos períodos, para
depois ressurgirem e se deixarem conhecer.

Asiná

Outro parente de um orixá. Desta vez, é a mãe de Erinle. Suponho que seja um "family
affair" depois de tudo! Mas, epa, aguardem um minuto! A mãe de Erinle não era Yemojá?
Nossa, fiquei agora confuso a respeito da genealogia e da mitologia dos meus orixás!

Oloquito/Olokúncito

Oloquito é o assistente de Olokún. È um pote pequeno de barro, com uma “carga”


especial, que mora ao lado de Olokún!

Obá Lerí

Obá Leri— o rei das cabeças — é outro diplo-orixá que ultimamente tem crescido em
popularidade. Ainda estamos especulando se este Nascimento Divino ocorreu tão
recentemente, que a mitologia ainda se encontra em um estágio evolutivo.

Yenye Labá (Yeyé Lambá)

Este seria um grande orixá para o chef Emerrill. Yenyé Labá é o orixá da cozinha e a
divindade padroeira dos cozinheiros. Ela é um presente de Yemojá para Oshún. Talvez
Yemojá não tenha refletido muito bem sobre o assunto. Não foi Obá quem teve problemas
cozinhando e cortou a própria orelha para testar e melhorar a sua comida? Yenyé Labá é
consagrada num pote que depois será posto na cozinha do Olorixá. Uma série de ervas é
importante na consagração deste pseudo-orixá: manjericão, salsa, cebolinha, hortelã,
orégano, e outras ervas culinárias. A ironia é que este pseudo-orixá nasceu e se
desenvolveu aqui, nos bons e velhos Estados Unidos, em algum lugar entre Houston e
Los Angeles.

O pote de Yenyé Laba veste um avental. De fato, as pequenas “vestimentas” que são
vendidas em alguns bazares para cobrir vasilhames de detergente, também funcionam
para este propósito. Pelos comentários que escutei de diversas fontes, a idéia de inventar
este orixá teria surgido a partir destes pequenos apetrechos.

Asaba Inlé (Achabá Inle)

Asaba Inle é outro desses parentes sumidos por longo tempo, que ressurgiu subitamente.
È o pai de Babaluaiyé e marido de Nanú. A questão é que sempre se pensou, ou em
última instância, foi dito através da história por Olorixás e antropólogos, que o pai de
Babaluaiyé foi Kohosú. Se tivessem consultado primeiro suas fontes na biblioteca,
certamente teriam encontrado o nome correto!

Recentemente, uma fonte de Cuba reportou que quando recebeu Asabá Inle, lhe foi dito
que este orixá teria chegado a Cuba desde os Estados Unidos. Elementar, meu caro
Watson! Mais um caso dos orixás itinerantes!

Obambí

Tudo o que sei a respeito deste orixá é que se supõe ser uma filha de Oshún — e eu
pensei que fosse Poroyé— ou um filho de Shangó. A estória conta que teria nascido nos
Estados Unidos, na região da Baía de São Francisco. Por quê não teria nascido mais ao
Sul, na Disneylândia?

Aberikuto

Aberikuto é alguma divindade supostamente relacionada com Babaluaiyé, ainda que a


exata natureza deste relacionamento seja nebulosa.

Otán Bomí

Otán Bomí é a filha de Obá (ou filho). Minhas fontes disseram-me que este, justamente, é
um nome para um omó de Obá. Agora é um orixá. Se Obamolochún é a sua irmã
desaparecida por longo tempo, talvez Otán Bomí seja em realidade, a filha ilegítima desta
irmã desaparecida, e que Oba criou como sendo sua, e que somente agora, após o
ressurgimento de Obamolochún, tenha descoberto quem é a sua verdadeira mãe.

Bodoké

Bodoké parece ter sido extraído da mitologia grega. Ele é metade humano e metade
carneiro e mora aos pés de Dadá.

Ayetolokún

Uma divindade relacionada com Olokún, cuja ligação não está esclarecida.

Abasia y Amasia

Estas são duas qualidades de Yemojá ou duas manifestações de Erinle. Tudo depende das
marés. A estória ainda está em processo de desenvolvimento. Entre suas ferramentas há
escadas e bandeiras.

Agamí
Agamí é a filha de Yemojá e Aganjú. Representa o horizonte e mora onde o sol (ou o céu)
se encontra com o oceano! Seus atributos são separados num pote divido interiormente
em duas seções. Parte dos atributos fica numa seção cheia de água e a outra parte, na
seção seca. Agamí também teria provindo de …. gostariam de tentar? Mas é claro: el
campo!

Kokoyá or Koko Oyá

Alega-se que seja o pai “legítimo” de Oyá, todos os outros pais são ilegítimos,
logicamente! Moraria no palácio, junto com Obatalá e Yemojá, e teria se apaixonado por
Yemojá. Claro que Obatalá descobriu isto e ficou enfurecido. Baniu Kokoyá do palácio.
Esta seria a razão pela qual Yemojá e Oyá não permanecem juntas! Como é que é?

Kokoyá causa terremotos quando está aborrecido ou quer chamar a atenção da


humanidade. Fico imaginando se acaso não teria causado algum, quando foi banido por
Obatalá. Ele não ficou tão contrariado assim, não acham? Em todo caso, Kokoyá moraria
ao lado de Oyá e Aganjú.

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