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e pelas opiniões aqui expressas, que não são necessariamente as da UNESCO e não comprometem
a Organização. As designações empregadas e a apresentação do material não implicam a
expressão de qualquer opinião que seja, por parte da UNESCO, no que diz respeito ao status
legal de qualquer país, território, cidade ou área, ou de suas autoridades, ou no que diz respeito
à delimitação de suas fronteiras ou de seus limites.
edições UNESCO BRASIL
Werthein, Jorge
Construção e identidade: as idéias da UNESCO no Brasil / Jorge Werthein.
– Brasília : UNESCO, 2002.
292p.
ISBN: 85-87853-53-8
CDD 337.1
Apresentação .....................................................................................................9
Abstract ............................................................................................................11
EDUCAÇÃO EM PERSPECTIVA:
• Educação de Adultos e Democracia ...............................................15
• A Universidade no Século XXI .......................................................18
• Educação, Emprego e Cidadania ..................................................... 21
• Novas Perspectivas para o Magistério ...........................................24
• Educação: o Desafio da Qualidade .................................................27
• Morin e a Educação do Futuro ........................................................30
• Educação e Cultura do Esporte.......................................................33
• Parabéns Goiás ....................................................................................37
• Alfabetismos ou Analfabetismos ...................................................... 39
• A Educação como Fator de Universalização
da Cidadania .......................................................................................42
• Cidades Educadoras como Perspectiva de
Educação Permanente ........................................................................45
• Por uma Concepção Multidimensional da Avaliação
em Educação .......................................................................................50
• A relevância da Educação Infantil ...................................................53
• Plano Nacional de Educação – PNE: uma nova
etapa da Política de Educação para Todos ....................................56
• O SESI e o Sentido dos Novos Tempos........................................ 60
• A Continuidade da Política Educacional .......................................62
• A UNESCO e o Plano Nacional de Educação ............................. 65
5
• A UNESCO e a Educação Superior no Século XXI ...................73
• Educação para Todos – um Imperativo do Nosso Tempo ..........76
6
CONSTRUINDO UMA CULTURA DE PAZ:
• Tolerância e Paz ............................................................................... 163
• Juventude, Violência e Educação para a Cidadania .................. 166
• Cultura de Paz: a Importância do Poder Legislativo ................ 169
• O programa da UNESCO por uma Cultura de Paz .................. 174
• Abrindo Espaços: uma Nova Cultura Escolar ............................ 180
• O Brasil e a Assembléia do Milênio ............................................ 186
• Cultura da Paz ou Cultura da Violência? .................................... 190
• Caubóis ou Heróis do Asfalto? .................................................... 193
• A Promoção da Cultura de Paz .................................................... 196
• Novos Espaços para a Paz ............................................................. 200
• Violências contra a Mulher: Sentidos Múltiplos ....................... 203
7
• A Sociedade da Informação e seus Desafios .............................. 260
• Quem está Escrevendo o Futuro – o Papel da Mídia ............... 277
• As Mulheres Fazem a Notícia ....................................................... 281
• Educação para a Mídia: Responsabilidade de Todos ................ 284
• Liberdade de Imprensa: o Exemplo de
Carlos Heitor Cony ....................................................................... 288
8
APRESENTAÇÃO
9
conhecimentos da UNESCO tem como elementos fundantes os princípios
e diretrizes que valorizam a vida e a dignidade das pessoas.
Célio da Cunha
Assessor da UNESCO
10
ABSTRACT
The articles and speeches are grouped into seven broad areas of
knowledge and action. These are, respectively: Education in Perspective;
the Environment – Shared Responsibility; AIDS - Strategies for Reversion;
Culture and Creative Diversity; Building a Culture of Peace; Social
Development and Human Rights, and Communication, Information and
Freedom of the Press.
All of the articles and speeches point to the fight for a common
objective. This objective incorporates assuring education and culture
for all, stimulating scientific and technological development, guaranteeing
access to information and knowledge, and preserving freedom of the press.
This is done while keeping the primary goal of UNESCO in sight at all
times, and that is the goal of a culture of peace.
11
Educação
em Perspectiva
Educação de Adultos e Democracia1
1
Artigo publicado nos jornais: “Folha de S.Paulo”, em 07/06/1998; “O Popular”, GO, em
10/06/1998; “Diário de Pernambuco”, em 19/06/1998; “A Notícia”, SC, em 11/02/2001.
15
Para que a educação de adultos cumpra essa tarefa, precisa ser repensada
com o objetivo de evitar enfoques parciais de sua amplitude e abrangência.
Torna-se necessário atentar para as necessidades especiais da educação de
adultos no contexto do seu trabalho, de suas representações e percepções da
realidade e de suas condições de vida. Algumas ações de suplência na América
Latina acreditam ainda que será suficiente repetir, para os adultos, uma versão
comprimida dos conteúdos da escola destinados a crianças e adolescentes.
16
A América Latina, cada vez mais próxima de universalizar o ensino
fundamental para crianças, deverá seguir essa tendência, buscando, por
um lado, a universalização do ensino médio e por outro, a educação
permanente de jovens e adultos, política fundamental para que as
aspirações democráticas se concretizem. Depõe a favor desse argumento
o fato de que os adultos serão líderes e agentes de um processo educativo
mais amplo do que a escola e que, na medida em que eles compreendam
a importância e o valor da educação básica, vivenciem a questão
educacional como uma necessidade e um problema, exigirão mais e
melhores escolas para seus filhos.
17
A Universidade no Século XXI2
2
Artigo publicado no jornal “Folha de S.Paulo”, em 06/11/1998.
18
Para dar continuidade a esse debate e à efervescência de idéias que
o acompanha, a UNESCO está promovendo nesta semana, em Paris, a
Conferência Internacional do Ensino Superior para o Século XXI, reunindo especialistas
de todo o mundo. Seu documento final reunirá as qualidades principais
para estabelecer um novo paradigma de desenvolvimento da universidade,
no próximo século.
19
6) Ser uma comunidade cujos integrantes, plenamente
comprometidos com os princípios de liberdade acadêmica, se
engajem na busca da verdade e na defesa de direitos humanos,
democracia, justiça, justiça social e tolerância (em suas
comunidades e no mundo), participando do processo de
instrução para o genuíno exercício da cidadania e a construção
de uma cultura de paz.
20
Educação, Emprego e Cidadania3
3
Artigo publicado nos jornais: “Folha de S.Paulo”, em 03/02/1999; “O povo”, CE, em 28/03/1999.
21
novas demandas. No caso da educação profissional, as agências executoras
começam a ampliar programas e a elevar os níveis de exigência em matéria
de escolarização para admitir candidatos a diversos tipos de cursos básicos
de formação profissional. No entanto, essa solução pode deixar de lado
contingentes de trabalhadores desempregados ou vulneráveis ao
desemprego. Muitas empresas, por exemplo, já estão substituindo
trabalhadores de baixa escolarização por pessoas mais qualificadas,
mantendo o mesmo salário. A crise do desemprego, devido ao uso intensivo
de tecnologias poupadoras de mão-de-obra, em ritmo ascendente e sem
previsões, favorece a exclusão dos que ainda não lograram atingir níveis
mais elevados de escolarização.
22
impasses atuais demandam soluções que não sejam impostas, mas
negociadas publicamente.
23
Novas Perspectivas para o Magistério4
4
Artigo publicado nos jornais: “Folha de S.Paulo”, em 30/03/1999; “Estado do Maranhão”, em
13/04/1999.
24
O Relatório de 1998, tomando como eixo norteador a Recomendação
de 1966, procede ampla análise de todos os fatores envolvidos na
valorização da profissão docente. Uma das preocupações manifestadas
pela UNESCO nesse relatório é o fato de que muitos países continuam a
admitir professores sem o devido preparo, o que dificulta a valorização
profissional. Desde a aprovação da Recomendação de 1966 até os dias
atuais, os professores e o ensino não têm sido, verdadeiramente, o eixo
norteador das políticas de educação no mundo.
25
outros países é o fato de se caracterizar como uma mudança estrutural,
com apoio na Constituição do País. O mecanismo operacional concebido
em forma de um fundo de natureza contábil, que reúne 15% dos principais
impostos dos Estados e Municípios, redistribuindo-os proporcionalmente
ao número de alunos efetivamente matriculados nas redes estaduais e
municipais, representa um admirável avanço em direção à eqüidade
educacional. Além disso, o FUNDEF obriga a que 60% dos recursos sejam
aplicados na remuneração do magistério, em sala de aula efetivamente.
26
Educação: o Desafio da Qualidade5
5
Artigo publicado na “Revista Aprender”, nº 1, mai./jul., 2000.
27
nos destinos da escola, quer por meio da imprensa, a qual tem procurado
dar o devido lugar à importância da educação no futuro do País. É oportuno
lembrar que quase 1/3 da população brasileira encontra-se envolvida com
algum tipo de educação, formal ou informal.
28
fundamentais devem nortear a educação no século XXI – aprender a aprender,
aprender a fazer, aprender a conviver juntos e aprender a ser. Esses quatro pilares
devem estar presentes na política de melhoria da qualidade da educação,
pois eles abrangem o ser em sua totalidade, do cognitivo ao ético, do
estético ao técnico, do imediato ao transcendente. A visão de totalidade
da pessoa integra a moderna concepção de qualidade em educação.
29
Morin e a Educação do Futuro6
Por sua vez, Edgar Morin, devido a sua excepcional visão integradora
da totalidade, pensou os saberes na perspectiva da complexidade
contemporânea, explorando novos ângulos, muitos dos quais ignorados
pela pedagogia atual, para servirem de eixos norteadores à educação do
próximo milênio
6
Artigo publicado nos jornais: “Jornal do Brasil”, RJ, em 23/06/2000; “A Gazeta”, ES, em
04/07/2000; “Diário de Cuiabá”, MT, em 06/07/2000.
30
se em escala internacional, cabendo à educação a missão ética de buscar
e trabalhar uma solidariedade renovadora que seja capaz de dar novo
alento à luta por um desenvolvimento humano sustentável.
31
de Ensino Médio e Tecnológico. Essa coincidência entre a concepção de
uma escola para a juventude brasileira e os Sete Saberes pode significar o
surgimento de uma vontade de olhar a educação da juventude por lentes
perspectivas que permitam ver, com lucidez, os contornos da educação
para o próximo milênio.
32
Educação e Cultura do Esporte7
7
Discurso proferido no “Seminário Internacional Esporte e Inclusão Social”, realizado pelo
SESC, São Paulo, de 26 a 29 de junho de 2000.
33
auto-realização das pessoas, como também para a aproximação das pessoas
e das culturas, condição indispensável para o desenvolvimento e
fortalecimento da compreensão internacional.
34
sobre a importância do esporte. Gostaria, apenas, de destacar o Artigo 2
que diz que a Educação Física e os Desportos constituem dimensões
essenciais da educação e da cultura. Por isso mesmo, o sistema global de
educação deve atribuir à educação física e aos esportes um lugar de
importância, necessário para estabelecer o equilíbrio entre as atividades
físicas e os demais componentes da educação, reforçando seus vínculos
tendo em vista o desenvolvimento integral das pessoas.
35
de Punta del Este, contendo recomendações importantes para o
desenvolvimento do setor, inclusive no que se refere à perspectiva da
educação física e dos desportos como investimento social, no contexto
de novos empréstimos de organismos internacionais.
36
Parabéns, Goiás8
8
Artigo publicado no jornal “O Popular”, GO, em 29/06/2000.
37
educação da juventude, acrescentando alguns milhões de novas
oportunidades aos jovens.
38
Alfabetismos ou Analfabetismos9
9
Artigo publicado nos jornais: “Jornal do Brasil”, em 14/09/2000; “A Gazeta”, ES, em 19/09/2000;
“A Tarde”, BA, em 20/09/2000; “Jornal do Tocantins”, em 24/09/2000; “O Popular”, GO, em
26/09/2000; “Jornal Hoje em Dia”, MG, em 01/10/2000.
39
Esse novo enfoque fortalece a visão ética de jovens e adultos,
valoriza as aprendizagens ativas, revaloriza o aporte cultural de cada pessoa
e comunidade e incentiva a solidariedade e a cooperação na luta pela
erradicação do analfabetismo.
40
Para tanto, nunca será demais insistir em políticas de parcerias e
alianças entre o Poder Público e a sociedade civil. O desafio, agora, é de
todos. Cabe ao Estado dar o exemplo e legitimar uma política solidária.
41
A Educação como Fator de Universalização da
Cidadania10
10
Discurso pronunciado por ocasião da 1ª Conferência Nacional de Educação, Cultura e
Desporto, realizada na Câmara dos Deputados, em 22/11/2000 Brasília, DF.
42
primeiro momento a realização dessa Conferência, o fez com a enorme
expectativa de que o progressivo envolvimento do Poder Legislativo na
política educacional venha a se converter em fator importante para as
mudanças que todos nós esperamos.
43
Estou seguro de que, quanto mais prioridade for dada à educação,
tanto mais o Brasil se credenciará para se transformar em uma Nação
exemplo de democracia e justiça social. A educação eleva a consciência
das pessoas e as fortalece para a luta da cidadania. Por isso mesmo, ela
pode ser considerada, como recentemente lembrou Koichiro Matsuura,
Diretor-Geral da UNESCO, o maior bem comum da humanidade.
44
Cidades Educadoras como Perspectiva de
Educação Permanente11
11
Discurso pronunciado no Encontro “Cidades Educadoras”, em Cuiabá, Mato Grosso, no dia
02/05/2001.
45
chamado a atenção para a grande diferença cognitiva entre as nações.
Mais do que isso, essa diferença, ao invés de diminuir está aumentando, o
que torna ainda mais urgente colocar a política educacional no topo das
prioridades de um país.
46
a tornar-se sempre mais ele próprio. A idéia de que o homem é um ser
inacabado e não pode realizar-se senão ao preço de uma aprendizagem
constante, tem sólidos fundamentos não só na economia e na sociologia,
mas também na evidência trazida pela investigação psicológica. Sendo
assim, a educação tem lugar em todas as idades da vida e na multiplicidade
das situações e das circunstâncias da existência. Retoma a verdadeira
natureza que é ser global e permanente, e ultrapassa o limite das
instituições, dos programas e dos métodos que lhe impuseram, ao longo
dos séculos.”
47
um lugar central reservado à educação. A educação, em sentido amplo,
isto é, aquela que transcende os limites da escola, tem uma importante
contribuição a oferecer, pois é preciso promover a consciência sobre os
direitos e deveres da cidadania; é preciso construir uma percepção de
que os problemas que nos esperam podem e devem ser solucionados com
a participação de todos.
Não poderia encerrar essa fala inicial sem comentar, ainda que de
forma rápida, um projeto no qual a UNESCO Brasil deposita, hoje, uma
grande esperança e que foi concebido no contexto das Cidades Educadoras.
Refiro-me ao Projeto de Abertura das Escolas no Final de Semana, visando a ampliar
os espaços educativos para jovens. Esse projeto nasceu da constatação de
várias pesquisas, feitas pela Organização, sobre os índices de violência
no Brasil, cuja incidência maior, entre os jovens, ocorria nos fins de semana.
48
comunidade na escola, como também reservar-se-á à comunidade um lugar
de destaque na execução do projeto da escola.
49
Por uma Concepção Multidimensional da
Avaliação em Educação12
12
Discurso pronunciado por ocasião da 27a Conferência Anual da Associação Internacional de
Avaliação em Educação, “27th Annual IAEA Conference”. Rio de Janeiro, 3 a 6 de maio de 2001.
50
da Educação, chegou à conclusão que a educação do Século XXI deveria
assentar-se em quatro aprendizagens fundamentais – Aprender a Conhecer,
a Ser, a Fazer e a Viver Juntos. Esses pilares foram pensados em função de
um mundo em ritmo de mudanças profundas e das incertezas e
perplexidades geradas por essas mesmas mudanças.
51
básicas de aprendizagem compreendem tanto os instrumentos essenciais
de aprendizagem quanto o conteúdo de que precisam os seres humanos
para sobreviver, desenvolver plenamente suas capacidades, viver e
trabalhar com dignidade, participar, plenamente, do desenvolvimento,
aprimorar a qualidade de sua vida, tomar decisões com informações
suficientes e continuar a aprender. Precisamos, então, pensar a avaliação
educacional de forma multidimensional para atender a uma necessidade
de ver o todo e reduzir os riscos de uma visão parcial.
52
A Relevância da Educação Infantil13
13
Artigo publicado nos jornais: “Folha de S.Paulo”, em 12/10/2001; “O Popular”, GO, em
20/10/2001; “Jornal do Tocantins”, em 20/10/2001; “A Tarde”, BA, em 01/11/2001.
53
graças à interação do bebê com os estímulos do ambiente. Antigamente,
acreditava-se que a organização cerebral era determinada, basicamente,
pela genética. Agora, os cientistas comprovaram que ela é altamente
dependente das experiências infantis. As pesquisas estão mostrando que
proteínas, gorduras e vitaminas, bem como interações com outras pessoas
e objetos, são nutrientes vitais para o cérebro em crescimento e
desenvolvimento.
54
de freqüência na pré-escola aumenta em 0,4 anos a escolaridade finalmente
atingida, diminui entre 3% a 5% o nível de repetência e equivale a um
aumento de renda, no futuro, da ordem de 6% (estudo realizado pelo
IPEA). Esse documento também informa que são as crianças pobres que
mais se beneficiam do atendimento. Assim, a educação infantil – um direito
constitucional das crianças brasileiras desde o nascimento – também
constitui-se em uma estratégia eficiente no combate à transmissão
intergeracional da pobreza.
55
Plano Nacional de Educação – PNE:
uma nova etapa de Política de Educação para Todos14
14
Discurso proferido em 05/11/2001, por ocasião do “Seminário Plano Nacional de Educação”,
no Auditório Petrônio Portela – Senado Federal, em Brasília, DF.
56
foi se ampliando nos vários continentes e contribuindo para fortalecer o
compromisso político em relação ao direito de todas as pessoas a uma
educação libertadora.
57
e ao papel da educação. Por um lado, o Ministério da Educação assumiu
uma posição firme em relação à política educacional, no que tem sido,
progressivamente, acompanhado por Estados e Municípios. A gestão está
sendo paulatinamente qualificada e inúmeras inovações estão em curso.
O ensino fundamental caminha para a universalização e o ensino médio
está dando um grande salto. A presença do CONSED e da UNDIME,
como fóruns abertos para a discussão da política educacional, deve,
igualmente, ser ressaltada. Por outro lado, a sociedade civil está muito
mais atenta e consciente de seus direitos.
58
Uma última colocação torna-se ainda oportuna. Os Estados e
Municípios começam agora a elaborar seus planos de educação. É
importante que, além das metas de elevação dos níveis de escolaridade,
todos eles possam perseguir, também, uma escola sem drogas e sem
violência.
59
O SESI e o Sentido dos Novos Tempos15
15
Discurso pronunciado por ocasião da Sessão de Abertura do “I Telecongresso Internacional
sobre Educação de Jovens e Adultos”, realizado em Brasília, em 20/11/2001.
60
conhecimento, surgindo em todo o mundo, a educação continuada de
jovens e adultos tem se tornado uma necessidade, tanto nas comunidades
como nos locais de trabalho. As novas demandas da sociedade e as
expectativas de crescimento profissional requerem, durante toda a vida
do indivíduo, uma constante atualização de seus conhecimentos e de suas
habilidades. Por sua vez, a Conferência de Seul enfatizou que a aprendizagem
ao longo da vida é uma viagem a múltiplos caminhos. Os sistemas de
educação devem ser abertos e flexíveis para dotar os indivíduos não
somente de competências específicas, como também preparar as pessoas
para a vida e para o mundo do trabalho.
61
A Continuidade da Política Educacional16
16
Artigo publicado no “Jornal do Tocantins” – Tendências e Idéias, em 05/01/2002.
62
após uma avaliação criteriosa e de credibilidade pública, de forma a evitar
decisões arbitrárias e precipitadas.
63
lembra que as eleições, no Brasil, ocorrem a cada dois anos, não podendo
a política educacional ficar submetida ao risco dessas mudanças, como
tem acontecido em várias ocasiões.
64
A UNESCO e o Plano Nacional de Educação17
17
Discurso pronunciado no “Encontro sobre o Plano Nacional de Educação”, em Vitória, ES,
em 25/02/2002.
65
e o compromisso dos Países-Membros da UNESCO com uma educação
de qualidade para todas as pessoas.
66
melhorar todos os aspectos da qualidade da educação e assegurar
excelência para todos, de modo que sejam alcançados resultados
de aprendizagem reconhecidos e mensuráveis, sobretudo na
alfabetização, aritmética e competências essenciais para a vida.
67
precisava e remeteu suas reflexões ao Ministério da Educação, em
Brasília, numa folha de papel para embrulhar pães. O seu rico conteúdo
traduzia, com facilidade, soluções simples para problemas simples. Lá
estavam, claramente, o destino da caminhada, os motivos e os meios
que seriam utilizados.
68
XXI, segundo o Relatório Delors. O planejamento e a sua tradução em
atos representa uma experiência desafiadora, sobretudo, de aprender a
viver juntos, a respeitar diferenças, a colocar o serviço ao cidadão acima
de tudo, o que pode ganhar o nome de regime de colaboração. Palavras
bonitas podem ter grande efeito sobre os agentes da educação, como as
do professor podem ter sobre os alunos. Entretanto, lembrando Platão, o
processo educacional é, antes de tudo, o exemplo. Mais vale uma ação
que mil palavras.
69
variados indivíduos e grupos, recebendo e sofrendo no seu seio problemas
como a violência, as drogas, a AIDS e, sobretudo, como raiz de tantos
problemas, a falta de consciência sobre o falso e o verdadeiro, o certo e
o errado, o bom e o ruim, o respeito e o desrespeito, numa esteira de
descrença e relativismo. Apesar do trabalho sofrido do professor,
repetimos, a escola passou a ser um esteio da sociedade, mais importante
hoje do que antes.
Por outro lado, o homem é um só, mas sobrevive graças à sua própria
diversidade, dos pontos de vista físico, biológico, psíquico, cultural, social
e histórico. Sem diversidade de opiniões e idéias, entra numa camisa de
força empobrecedora. Ao contrário, a democracia é o terreno onde
vicejam diferenças e disputas. Conforme Morin, “a vitalidade e a
produtividade dos conflitos só podem se expandir em obediência às regras
70
democráticas que regulam os antagonismos, substituindo as lutas físicas
pelas lutas de idéias, e que determinam, por meio de debates e das
eleições, o vencedor provisório das idéias em conflito, aquele que tem,
em troca, a responsabilidade de prestar contas da aplicação de suas idéias”.
71
de Jomtien e de Dakar que é o de que todas as crianças, jovens e adultos
tenham a oportunidade de freqüentar uma escola cidadã que seja uma
porta de entrada decisiva no processo de universalização da cidadania.
72
A UNESCO e a Educação Superior no Século XXI18
18
Artigo publicado na Internet: www.universiabrasil.net, em 05/03/2002.
73
e as universidades foi se consolidando na experiência de diversas parcerias
e no enfrentamento de problemas sociais e culturais, em diversas partes
do mundo. Enquanto as universidades procuravam gerar conhecimentos
sobre assuntos relevantes para o desenvolvimento humano, a UNESCO
procurava se especializar na política de intercâmbio, cooperação técnica
e compromissos públicos internacionais assumidos pelos Países-Membros
para colocar esses conhecimentos a serviço dos países mais necessitados.
74
Assim sendo, o Projeto Portal das Universidades configura-se como uma
iniciativa que se insere no conjunto de compromissos concertados na
Conferência de Paris, sobretudo no que se refere à criação de mecanismos
para estreitar a cooperação entre as universidades de diversos países.
75
Educação para Todos – um Imperativo do
Nosso Tempo19
19
Discurso pronunciado por ocasião da Reunião do Conselho de Secretários Estaduais de Educação
– CONSED, sobre a Semana de Educação para Todos. Brasília, DF, em 23/04/2002.
76
O reconhecimento de que a escolaridade é muito mais do que
estar na escola, vinculando-a à luta pela sobrevivência e dando ênfase à
melhoria das condições de vida, foi um salto sem precedentes em matéria
de política educacional. Os eixos norteadores de Dakar consagram essa
nova postura. Eqüidade, qualidade e competências essenciais à vida abrem
um novo horizonte pedagógico.
77
uma política de educação que faça da escola uma instância promotora da
criatividade e do desenvolvimento humano.
78
Meio Ambiente:
Responsabilidade Compartilhada
Os Parlamentos na Luta Contra a Desertificação20
20
Discurso pronunciado por ocasião da cerimônia de abertura da “Mesa-Redonda dos
Parlamentares no contexto da III Conferência da Convenção de Combate à Desertificação”,
no Centro de Convenções de Pernambuco, em Recife, em 22/11/1999.
81
Em todo o mundo e em todas as suas áreas de atuação, a UNESCO
procura contar com o apoio dos Parlamentos na consecução dos seus
grandes objetivos. A importância dessa parceria tem sido objeto de
crescente reconhecimento nos principais fóruns internacionais que
discutem o problema do desenvolvimento humano. O Congresso Nacional,
como instância de poder legitimada pelos diversos segmentos sociais, em
processo democrático de eleições, constitui local privilegiado para o
debate e aprovação de leis que convertam em realidade compromissos e
projetos de indubitável alcance coletivo.
82
para o Desenvolvimento e a Integração da América Latina”, sob a responsabilidade da
Equipe Central de Planificação, uma equipe interinstitucional, criada entre o
Parlatino e a UNESCO/OREALC (Oficina Regional de Educación para América
Latina y el Caribe), sediada em Santiago do Chile.
83
certos de que não devemos limitar o nosso trabalho ao relacionamento
com os órgãos do Poder Executivo, tanto nacional quanto municipal. A
UNESCO tem buscado outras parcerias, mobilizando novos interlocutores
para ações em prol da paz, do desenvolvimento e da democracia, tais
como: os Grupos de Parlamentares, as Organizações Não-Governamentais,
jornalistas, jovens e mulheres, além de fundações de natureza privada,
mantidas por organizações empresariais e voltadas para as ações sociais.
84
Agência Especializada das Nações Unidas, mais especificamente na
promoção da educação em todos os níveis, na disseminação dos princípios
de desenvolvimento sustentável e na difusão das expressões culturais e
de conhecimento tradicional aplicados às populações de regiões semi-
áridas, árida e sub-úmidas secas, no Brasil e no mundo.
85
materializar as políticas nacionais de enfrentamento dos desafios, em um
mundo que se modifica rapidamente.
86
Por fim, gostaria de chamar a atenção dos senhores para um
importante aspecto desta Mesa-Redonda. Gostaria de ressaltar a importância
de sua atuação em favor da busca de alternativas para diminuir a pobreza,
e melhorar as condições de vida de parte significativa da população do
Brasil e de outros Estados aqui representados, mantendo a integridade e a
dinâmica dos processos da natureza.
87
Título de Patrimônio Natural pelo Pantanal e
Título de Cidadão Mato-Grossense21
Para um estrangeiro como eu, é mais que uma honra, é uma imensa
alegria receber o Título de Cidadão Mato-Grossense.
21
Discurso pronunciado por ocasião da cerimônia comemorativa do recebimento do Título de
Patrimônio Natural pelo Pantanal e recebimento do Título de Cidadão Mato-Grossense.
Cuiabá, MT, em 2000.
88
a preservação, a conservação e o desenvolvimento humano sustentável,
fazendo das Reservas de Biosfera espaços concretos de pesquisa e
informação científica, de educação ambiental e de convívio entre as
populações e o seu ambiente.
Hoje, isso é mais importante do que nunca, uma vez que os países
buscam, cada vez mais, adequar suas estratégias nacionais de conservação
89
e desenvolvimento sustentável aos compromissos internacionais
decorrentes da RIO 92.
90
Gestão Compartilhada dos Recursos Hídricos22
A água tem sido vista, durante muito tempo, como fonte de conflitos
e apresentada em termos de catástrofe, escassez e contaminação.
Necessitamos implementar uma agenda política positiva voltada para uma
visão mais construtiva da água como recurso essencial e compartilhado.
22
Artigo publicado no jornal “Correio Braziliense”, DF, em 02/03/2000, e no Jornal do Tocantins
em 14/07/2000.
91
organização abrigou o processo de consulta, em escala mundial, que
conduziu à redação do informe Visão Mundial da Água, que fomenta a busca
de soluções em vários níveis, nos campos das ciências sociais e naturais,
no papel da educação e da cultura, no setor da informação e difusão de
práticas sustentáveis no manejo das águas.
92
Um dos mecanismos mais modernos da Lei das Águas é o que cria
os Comitês de Bacias Hidrográficas, em um claro movimento de descentralização
da gestão. Esses comitês – alguns já estruturados – funcionarão como
fóruns de bacias, formados por representantes dos vários ramos da
economia que têm a água como insumo; por organizações sociais e pelos
Poderes Públicos, em nível municipal, estadual e federal.
93
O Código do Desmatamento23
23
Artigo publicado no jornais: “O Globo”, RJ, em 16/05/2000; “Jornal do Tocantins”, em
25/05/2000; “A Tarde”, BA, em 09/06/2000.
94
por exemplo, converteram-se em terrenos áridos, quando não arenosos,
como os desertos. Por outro lado, a moderna tecnologia agrícola – e o
próprio Governo, por intermédio da Empresa Brasileira de Pesquisa na
Agricultura – EMBRAPA, pode confirmá-lo – permite um aproveitamento
das atuais áreas de cultivo, compensando possíveis “perdas” de terreno
para as reconhecidas reservas ambientais.
95
alternativas para o tratamento da questão ambiental no mundo e no Brasil,
buscando compatibilizar o desenvolvimento sócio-econômico e a
preservação da qualidade de vida e do ambiente, de forma justa e
eticamente correta, para a população atual e as gerações futuras. Dentre
eles, o Programa de Ciências da Terra – GEO, o Programa Hidrológico Internacional
– IHP, o Programa Homem e a Biosfera – Man and Biosphere -MaB, entre outros.
96
Pantaneiros, Cidadãos do Mundo24
24
Artigo publicado nos jornais: “A Gazeta de Cuiabá”, MT, em 01/12/2000; “O Globo”, RJ, em
05/12/2000.
97
mundo; é o habitat de espécies animais e vegetais tão ricas e variadas quanto
raras, algumas delas em extinção; é protegido nacionalmente; pertence e
tem influência sobre mais de um país e revela uma cultura ímpar, que é a
cultura do pantaneiro – sua culinária, seu vestuário, seus costumes, suas
festas, bem como suas manifestações artísticas. Todo esse complexo tem
sido objeto da atenção tanto do Governo Brasileiro quanto da sociedade
civil, a qual tem se organizado em defesa do ecossistema pantaneiro.
98
As vantagens desfrutadas, tanto pelos sítios do patrimônio quanto
pelas reservas da biosfera, incluem o reconhecimento oficial, por parte
das Nações Unidas, dos esforços locais e nacionais para promover a
conservação e o desenvolvimento sustentável: “um selo de qualidade”
útil para reforçar a captação de recursos financeiros – como, por exemplo:
o Projeto Pantanal, um contrato entre o Governo Brasileiro e o Banco
Interamericano de Desenvolvimento para promover o desenvolvimento
sustentável do Pantanal.
99
Água para o Desenvolvimento25
25
Artigo disponível na Internet através do endereço http://www.UNESCO.org.br/noticias/
index.asp, em 01/07/2002.
100
para fins sanitários. E mais de 5 milhões de pessoas morrem por doenças
relacionadas à água, 10 vezes mais que o número das que são mortas nas
guerras no mundo, a cada ano.
101
formuladores de decisões, especialistas em hidrologia e estudantes, as
habilidades necessárias à negociação para prevenir a erupção de conflitos
internacionais por causa da água. Pretende-se fazer do século XXI um
marco da “água da paz”, em vez de sofrer por “guerras de água”.
102
Aids:
Estratégias de Reversão
Dia Mundial de Combate à AIDS26
O dia de hoje deve ser motivo tanto para refletir sobre os rumos
que a epidemia de AIDS tem tomado no mundo e no Brasil, quanto para
garantir que nossas estratégias sejam as mais adequadas para uma doença
que, além de não recuar, muda sua forma de atacar as populações do
planeta.
26
Discurso proferido por ocasião da comemoração do “Dia Mundial de Combate à AIDS”, no
Ministério da Saúde, em Brasília, DF, em 01/12/1999.
105
das pessoas que vivem com AIDS foram infectadas antes dos 25 anos.
Metade vai morrer antes de chegar aos 35. Isso é preocupante para o
Brasil. Este País depende de seus jovens para alavancar o processo de
desenvolvimento social que vai redimir a população das injustiças e
desigualdades que marcaram sua história. A juventude deve, portanto,
estar no centro de nossas preocupações e estratégias de ação. Daí, nossa
preocupação com a prevenção nas escolas. As escolas devem ser o foco
das nossas atividades.
106
Outro movimento em direção a uma resposta ampla ao desafio da
AIDS, foi o de incluir uma representação da sociedade civil no Grupo
Temático composto pelo Governo brasileiro e agências internacionais
aqui sediadas. O protagonismo do movimento social brasileiro é singular
e vem sendo correspondido institucionalmente, o que faz do Brasil um
modelo para outros países da região e do mundo.
107
mídia, especialmente a televisiva, pode potencializar o impacto das ações
atuais, com a participação efetiva dos heróis e heroínas da juventude
brasileira, transmitindo mensagens de prevenção. Com o apoio decisivo
da mídia, os esforços de conscientização que vêm sendo desenvolvidos
pelo Ministério da Saúde, pelas Secretarias Estaduais e Municipais de
Saúde, associados à contribuição dada pelo Ministério da Educação e das
Secretarias de Educação, com a inclusão dos temas sobre a sexualidade
nos Parâmetros Curriculares Nacionais e às campanhas do próprio
Ministério da Saúde, podemos esperar resultados ainda mais expressivos,
nos próximos anos.
108
Um Novo Perfil para a Segurança Internacional
no Século XXI27
27
Artigo publicado nos jornais: “Correio Braziliense”, DF, em 23/01/2000; “O Popular”,GO, em
29/01/2002; “Jornal do Tocantins”, em 03/03/2000.
109
social para transformar o quadro histórico de desigualdades. Além de ser
um problema de saúde pública, a AIDS tornou-se um empecilho ao
desenvolvimento dos países, impossibilitando a alavancagem do
crescimento. Ao afetar as populações jovens do Brasil, a AIDS diminui a
qualidade de vida de toda a população, comprometendo o futuro da
sociedade brasileira.
Nesse sentido, está sendo criado o Grupo de Trabalho Jovem, que agrega
lideranças juvenis no assunto, em nível nacional. Sua tarefa será a de
aglutinar, disseminar e maximizar as informações referentes a práticas,
técnicas preventivas e de tratamento, assim como o financiamento de
projetos. Entende-se que o protagonismo juvenil em todas as fases de
combate à doença – desde a prevenção nas escolas até o tratamento e o
aconselhamento em centros hospitalares – é elemento central para o
sucesso da empreitada.
110
conscientização de patrões e empregados, bem como da adoção de
práticas preventivas, desde a iniciação sexual até a maturidade. O
Conselho tem a capacidade de estabelecer uma rede de práticas bem
sucedidas que, eventualmente, poderão cruzar a fronteira e incluir outros
grupos econômicos do Mercosul.
111
A AIDS pode assumir as características devastadoras de uma guerra.
É tarefa de todos somar esforços para combatê-la, sem vergonha ou temor,
mas com a consciência de que estamos tratando de uma questão de
sobrevivência.
112
AIDS: Fortalecendo Alianças28
28
Discurso por ocasião do “Fórum 2000”, Rio de Janeiro, 6 a 11 de novembro de 2000.
113
um Grupo Temático no Brasil, o Programa Conjunto das Nações Unidas para a AIDS,
que reúne organizações internacionais, agências governamentais e
agências financiadoras e de cooperação internacionais, tais como: o Banco
Mundial, a Agência de Cooperação Norte-Americana e a Agência de Cooperação Alemã,
dentre outras. Também é válido ressaltar que a sociedade civil foi
incorporada, formalmente, à estrutura do Grupo Temático, o que lhe traz
uma riqueza sem igual.
114
Resposta Nacional à AIDS29
29
Discurso por ocasião da “Mesa sobre a Resposta Nacional à AIDS”, Rio de Janeiro, 15 de
dezembro de 2000.
115
sido incorporada formalmente à estrutura do Grupo, lhe acrescenta uma
riqueza incomparável. Juntos, representamos 17 instituições ativas na luta
contra a AIDS. Este quadro é especialmente relevante porque instala,
formalmente, as bases da co-responsabilidade. Ao acrescentar novos
vetores, estamos oferecendo novas fontes de energia e aumentando as
possibilidades da resposta nacional. Esse é o tipo de sinergia que
precisamos para garantir o respeito aos direitos humanos dos cidadãos
que vivem com HIV/AIDS: a mobilização dos meios de comunicação e a
sensibilização das estruturas educacionais. Por tudo isso, nos propusemos
avançar em dois setores estratégicos: a criação do Grupo de Parlamentares para
a AIDS e a criação do Grupo de Trabalho Jovem. O primeiro conta com dois
representantes que falarão a seguir. O Grupo de Jovens está se reunindo
pela terceira vez, aqui, durante estes dois dias. Garantir a adesão do
Parlamento à resposta nacional é um eixo fundamental para que nossas
ações sejam eficazes, em um País complexo como o Brasil.
Para que possam escolher de que forma viverão sua juventude e sua
vida adulta. E para que, havendo escolhas conscientes, possam ter vidas
longas, significativas e criativas.
116
AIDS: uma Estratégia para o Cone Sul30
30
Discurso por ocasião da “Oficina Regional em VHI e AIDS dos Países do Mercosul. Grupo de
Parlamentares para a AIDS”, em Buenos Aires, Argentina, de 10 e 11 de maio de 2001.
117
reconhecendo que o problema da AIDS será solucionado quando todos
os atores sociais se sentirem co-responsáveis nesta luta. A publicação que
hoje lançamos constitui um guia de fácil acesso para que os parlamentares
possam propor e implementar legislações e políticas públicas alimentadas
pela enorme quantidade de práticas bem sucedidas e princípios
internacionalmente reconhecidos. Mais do que isso, é um insumo crucial
para que a sociedade argentina possa demandar, a seus representantes,
posturas firmes para enfrentar a epidemia.
118
AIDS: a Importância da Educação Preventiva31
31
Artigo publicado nos jornais: “Folha de S.Paulo”, em 4/07/2001; “Jornal do Tocantins”, em
06/07/2001; “Jornal do Brasil”, RJ, em 27/06/2001.
119
De forma geral, os debates em Nova York concentram-se na
necessidade de gerar recursos de grande escala para a manutenção de
políticas antiAIDS no mundo subdesenvolvido e em desenvolvimento e
nos mecanismos mais eficazes para conter a epidemia. Uma das propostas
que geraram vívidas discussões é a da criação de um fundo internacional
para o combate à AIDS. Mas somente discursos não serão o bastante
diante de um quadro que se agrava dia-a-dia. Os países que já perderam
milhares de pessoas em conseqüência da epidemia têm suas estruturas
econômicas afetadas pela perda da população economicamente ativa.
120
possível encontrar saídas criativas e eficientes. O acesso universal e gratuito
a medicamentos, por exemplo, tem contribuído para a estabilização da
curva de mortalidade pela doença no Brasil. Além disso, constitui uma
prova de responsabilidade social, ao reduzir drasticamente os custos que
o Estado tem com o tratamento de seus pacientes. De forma
complementar, a política preventiva vem mobilizando inúmeras entidades
em todo o País, gerando um sentimento de co-responsabilidade essencial
ao seu sucesso. Os desafios ainda são muitos, mas as bases estão dadas.
121
Política para a AIDS: Avanços e Desafios32
32
Discurso proferido por ocasião do “Lançamento do Prêmio Estado / UNESCO para Formandos em
Jornalismo”, na sede do Jornal Estado de São Paulo, em São Paulo, em 17/09/2001.
122
Decidiu-se criar um fundo global para a AIDS, que tem por
objetivo angariar recursos para apoiar as ações de prevenção e
tratamento no mundo sub-desenvolvido;
É por isso que o caso brasileiro nos chama tanto a atenção. Apesar
dos desafios que ainda tem pela frente, o Brasil é um dos poucos países
do mundo que já atravessou essas etapas e consolidou uma resposta
nacional coerente e bem sucedida. É um dos poucos que tem capacidade,
123
hoje, de oferecer ao mundo algumas tecnologias sociais que desenvolveu
para lidar com a epidemia.
124
e legislação coerentes com as demandas da população, no
contexto da epidemia;
125
cidades, apresentam casos de portadores do vírus HIV. Nesses
contextos, nota-se bastante resistência a mensagens preventivas
e os jovens têm dificuldade em negociar o uso da camisinha
com seus parceiros e parceiras. Diferentemente de dez anos atrás,
a AIDS se espalha entre aqueles que têm poucos anos de
educação formal, acesso restrito à informação e aos benefícios
oferecidos pelo Sistema Público de Saúde.
126
um dos principais meios de transmissão do HIV. Em grande parte
das escolas, a AIDS ocupa algumas poucas aulas de biologia,
sem estar plenamente inserida no currículo escolar. Em muitos
estabelecimentos de ensino, o tema ainda causa constrangimento
de professores e pais, constituindo um tabu que apenas contribui
para o aumento do risco da população jovem do Brasil.
127
Vitórias do Brasil33
33
Artigo publicado no “Jornal do Brasil”, RJ, em 15/07/2002.
128
foi garantido o acesso gratuito aos remédios anti-retrovirais, o que se
constatou foi uma redução significativa das taxas de mortalidade e no
impacto econômico e social da epidemia.
129
Cultura e
Diversidade Criadora
A Rota do Escravo34
34
Artigo publicado no “Jornal de Brasília”, em 19/08/1998.
133
um futuro mais igualitário, onde compartilhar seja mais importante do
que conquistar. Como diz Federico Mayor, Diretor-Geral da UNESCO:
o essencial é enfrentar o desafio do pluralismo cultural. As diferenças de
origens étnicas devem ser bem-vindas e bem vistas em um contexto no
qual a riqueza criada pelos homens e o patrimônio cultural da humanidade
sejam compartilhados por todos.
134
Preservar o Passado e Investir no Futuro35
35
Artigo publicado nos jornais: “Folha de S.Paulo” – Opinião – Tendências/ Debates, em
12/12/1999 – domingo.
135
O leque de consultas estendeu-se aos moradores dos núcleos
históricos, às administrações locais, aos vários agentes públicos e privados
envolvidos, de modo a se chegar a um programa que atendesse a todas as
suas especificidades.
136
torno de um objetivo. O orgulho e a identidade dos cidadãos diamantinenses
pela cidade foram a chave dessa conquista, a qual insuflou novos ares ao
local, em busca de alternativas à atividade mineradora em declínio.
137
São Luís, Patrimônio de Todos36
São Luís fez jus ao título. Há quase vinte anos, vem sendo objeto
de um programa regular e contínuo de revitalização de seu patrimônio
histórico-cultural. Os resultados são visíveis. Uma passagem ao centro
histórico da cidade, encanta qualquer visitante desavisado. É graças a
esse esforço de recuperação e revitalização de seu centro histórico que
São Luís pôde ser indicada Patrimônio da Humanidade.
36
Artigo publicado no jornal “O Estado do Maranhão”, em 2000.
138
A indicação foi, na verdade, resultado de uma soma: o esforço, por
parte do Estado do Maranhão, de restauração do patrimônio, ao longo
de quase vinte anos e, evidentemente, a própria riqueza desse patrimônio.
A população de São Luís tem razão de se orgulhar de seu centro histórico
que, aliás, permanece centro comercial, institucional e administrativo da
cidade. E isso pesa, favoravelmente, para a conservação dele. O centro
histórico de São Luís é a imagem da cidade e do próprio Estado do
Maranhão. Preservá-lo é conservar parte da história do Brasil e do mundo.
139
Brasília: Síntese do Brasil37
37
Discurso proferido por ocasião do Recebimento do Título de Cidadão Honorário do Distrito
Federal, em Brasília, em 23/08/2000.
140
tive a oportunidade de conhecer a realidade social e rural brasileira e a
rica paisagem física do Brasil. Esta experiência me proporcionou ver de
perto a enorme potencialidade do País, tanto no plano humano e cultural,
quanto no científico e tecnológico.
141
A responsabilidade de representar a UNESCO e fazer da Convenção
do Patrimônio Mundial e do Programa Intergovernamental “O Homem e a Biosfera”
instrumentos de fortalecimento das políticas públicas da cultura e do meio
ambiente, adquirem dimensão inusitada a partir da cidadania brasiliense
que ora me é conferida.
Por último, gostaria de dizer que sendo Brasília uma síntese do Brasil,
na medida em que brasileiros de todos os Estados participaram ou participam
de sua formação, está em construção no Distrito Federal o desenho de um
novo Brasil, mais plural e mais democrático. A Câmara Distrital já é uma
espécie de caixa de ressonância do novo cenário que se anuncia.
142
Quinhentos Anos de Memória38
38
Artigo publicado nos jornais: “O Globo”, RJ, em 24/10/2000; “Hoje em Dia”, MG, em 25/10/2000;
“O Popular”, GO, em 15/11/2000.
143
A intensa mobilização das administrações e das populações das
cidades de São Luís e de Diamantina, inscritas, respectivamente, em 1998
e 1999, na Lista do Patrimônio Mundial, são exemplos dessa atitude prospectiva
e confiante dos brasileiros em relação à própria memória. Tal mobilização,
vale dizer, não se deu por encerrada mediante o recebimento do título.
Prosseguiu com a celebração do resultado favorável às respectivas
candidaturas dessas cidades e continua, ainda hoje, por meio de iniciativas
simples, mas eficazes, como a divulgação do título em espaços públicos e
na imprensa especializada em turismo, para citar somente dois exemplos.
144
fortalecimento da capacidade dos órgãos federais e locais de administrar
o próprio patrimônio; formação de artífices especializados em restauração
e o reforço da sensibilização dos moradores desses sítios – especialmente
os jovens. Tudo isso deverá contribuir para a revitalização de importantes
centros históricos e culturais.
145
Goiás: a Luta pelo Reconhecimento39
39
Artigo publicado no “Jornal do Commercio” – Opinião, PE, em 4/09/2001 – Terça-feira.
146
grande demanda por informações detalhadas para compor o dossiê. A
população organizou-se, de maneira exemplar, em forma de associação e
conseguiu os avanços que há muito pleiteava. Foi como se o entusiasmo
da população em torno da possibilidade da inscrição de sua cidade na
Lista de Patrimônio Cultural da Humanidade derrubasse as barreiras e despertasse
para uma série de mudanças de comportamento e melhorias urbanas.
147
Vários monumentos já foram restaurados, como as igrejas da Boa
Morte, Santa Bárbara, Matriz de São Francisco, algumas com a
contribuição da população local. O objetivo foi recuperar suas
principais características, enfraquecidas e alteradas ao longo dos anos.
Para atender à crescente demanda turística que Goiás vem registrando,
o número de hotéis e restaurantes da cidade aumentou e cresceu a oferta
da famosa doçaria, do vasilhame de barro e de tantos outros produtos
dos saberes populares.
Qualquer que seja a decisão, está claro que ela será o resultado da
mobilização da comunidade local, somado ao decisivo apoio do
Governador de Goiás, Senhor Marconi Perillo e do Ministro da Cultura,
Senhor Francisco Weffort, assim como da Prefeitura de Goiás.
148
Analisar o Presente, Pensar o Futuro40
40
Discurso proferido no “Congresso Internacional Valores Universais e o Futuro da Sociedade”,
na Associação Palas Athena, em São Paulo, SP, realizado nos dias 17 e 18 de setembro de 2001.
149
das profundas mudanças que estão ocorrendo no contexto da mundialização
acelerada das atividades humanas. O denominador comum de todo esse
movimento idealista de repensar o que foi o século XX é a necessidade de
construção de um novo século pautado por novos valores, capazes de
engendrar cenários mais justos e solidários.
150
sobre violência, juventude e cidadania, gerando conhecimentos os quais
considero importantes para as políticas públicas de desenvolvimento social.
Além disso, a UNESCO Brasil tem tido uma preocupação permanente no
sentido de transformar idéias em ações. O projeto de Abertura de Escolas nos
Fins de Semana, em curso em alguns Estados e Municípios, insere-se nessa
preocupação. Visa, essencialmente, desenvolver nas escolas os valores que
a UNESCO defende. Uma escola de qualidade que cultive valores universais
e valorize a diversidade criadora representa um dos caminhos mais seguros
para o futuro da sociedade.
151
planeta em zonas de influência e em mercados, instaurando com isso os
poderes econômicos supranacionais, nos quais existe apenas a ética da lei
do mais forte. Essa situação, em seu conjunto, leva ao esmagamento dos
valores qualitativos da vida, sem que nenhum poder contrário tenha,
realmente, meios para resistir”.
152
A UNESCO e as Cidades Patrimônio
Mundial do Brasil41
É com grande alegria que dou início aos trabalhos desse primeiro
Encontro de Cidades Patrimônio Mundial no Brasil. Afinal, não é todo dia que
podemos ter tanta gente importante conosco: de um lado, os Prefeitos
das cidades brasileiras mais representativas da formação cultural do país,
juntamente com os Secretários de Cultura dos seus estados. De outro, os
mais altos dirigentes do setor público nas áreas de cultura, meio ambiente,
turismo e planejamento, além, é claro, de organismos vitais ao fomento
da atividade econômica do país que são a Caixa Econômica Federal – CEF e o
Serviço Brasileiro de Apoio à Empresa – SEBRAE.
41
Discurso pronunciado por ocasião do “Encontro de Cidades do Patrimônio Mundial”, em
Brasília, em 08/11/2001.
153
atingir um novo ideal de progresso, baseado não apenas no
desenvolvimento material, mas na construção da cidadania e do bem-
estar social.
Mesmo assim, entendo que ainda nos faltam aqui, nesta Mesa,
muitos parceiros: a sociedade civil, o setor empresarial, o terceiro setor,
os meios de comunicação.
154
Uma das nossas intenções com esse Encontro é exatamente ajudar
a construir as alternativas que nos levem a ampliar, cada vez mais, essa
Mesa de reuniões.
155
Por outro lado, caberia também indagar se os gestores locais – da
Prefeitura ou dos outros níveis de governo – têm considerado a valorização
do patrimônio no planejamento de suas ações. Da mesma forma, se o
empresariado estaria capacitado para explorar ou estaria explorando
adequadamente a riqueza que a cidade possui.
156
Nosso desafio é fazer com que esses símbolos ultrapassem gerações
e gerações e se tornem, cada vez mais, um fator de bem-estar social,
indissociáveis e harmonizados com o cotidiano das comunidades onde se
inserem.
157
A UNESCO e o Compromisso com Goiás42
42
Artigo publicado nos jornais: “O Popular”, GO, em 10/01/2002; “Jornal do Tocantins”, em
13/01/2002.
158
sólidos – tanto do sítio, quanto do ambiente social – fundados na
serenidade da tradição, na simplicidade e na agregação da comunidade.
159
O setor privado também manifestou apoio através de várias
empresas e a comunidade, com a mesma determinação que havia se
mobilizado para as comemorações, já compôs comissões de moradores e
de pequenos empresários, acolheu muitos dos desabrigados e se organiza
para a reconstrução.
E quem ainda não conhece Goiás, que não se aflija! Apesar desse
triste acidente que atingiu principalmente as margens do Rio Vermelho, a
cidade já pode ser visitada normalmente. Os valores que motivaram sua
inscrição na Lista do Patrimônio Mundial continuam preservados, os serviços
públicos e de hospedagem estão funcionando e as pessoas continuam
hospitaleiras e simpáticas, ainda que muitas delas ocupadas em ajudar
umas às outras e ajudar na recuperação. A Representação da UNESCO
espera que a cidade receba, cada vez mais, novos visitantes que,
certamente, se tornarão novos aliados na defesa da sua recuperação integral
e da sua preservação sustentada.
160
Construindo
uma Cultura de Paz
Tolerância e Paz43
43
Artigo publicado no jornal “Correio Braziliense”, DF, em 10/03/1997.
163
conduta democráticos na vida cotidiana, para passar, como afirma Federico
Mayor, “de uma cultura de guerra e violência para uma cultura de paz e
não-violência.” Por isso, a UNESCO foi indicada, pela Assembléia Geral das
Nações Unidas, responsável pelo prosseguimento e coordenação das ações
voltadas para a tolerância e cultura de paz.
164
na mente de homens e mulheres, é na mente de homens e mulheres que
devem ser erguidos os baluartes da paz.” Hoje em dia, o desafio é encontrar
meios de mudar, definitivamente, atitudes, valores e comportamentos a
fim de promover a paz, a justiça social, a segurança, a tolerância e os
direitos humanos.
165
Juventude, Violência e Educação para a Cidadania44
44
Artigo publicado nos jornais: “Zero Hora”, RS, em 01/05/1999; “Jornal do Tocantins”, em
09/05/1999; “O Estado do Maranhão”, em 16/05/1999; “O Popular”, GO, em 18/05/1999.
166
preparo profissional; a falta de perspectivas; a cartelização expansiva
da delinqüência e da droga; os diversos conflitos e violências (raciais,
étnicas, econômicas, dentre outras) no mundo; a impunidade e a perda
de confiança na efetividade do sistema jurídico; os vazios e conflitos da
democracia e dos partidos políticos, os quais levam a um profundo
desinteresse. O quê fazer?
167
fartamos nos noticiários. Porém, mesmo nas ações destinadas a prevenir e
corrigir os comportamentos que desrespeitam os direitos humanos e a
natureza, é preciso ter em mente essa perspectiva mais ampla da educação.
Caso contrário, manteremos reformatórios que mais alimentam a violência
do que reeducam potenciais cidadãos.
168
Cultura de Paz: a Importância do Poder Legislativo45
45
Discurso proferido por ocasião do “Lançamento da Mobilização pelo Ano Internacional da
Cultura de Paz”, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, em 15/05/2000.
169
O Poder Legislativo, como instância de poder legitimada pelos
diversos segmentos sociais, em processo democrático de eleições, constitui
local privilegiado para o debate e aprovação de leis que convertam em
realidade compromissos e projetos de indubitável alcance coletivo.
170
indivíduos podem cometer contra si próprios e contra os outros, mas
também o conjunto de restrições que impedem o pleno gozo de seus
direitos essenciais.
Por esse motivo, a Assembléia Geral das Nações Unidas decidiu incumbir
a UNESCO de levar à frente um movimento mundial de transição de uma
cultura de guerra, de violência, de imposição e discriminação para uma
cultura de não-violência, de diálogo, de tolerância e de solidariedade.
Ou seja, à construção de uma Cultura de Paz.
171
Para chegar a uma resposta adequada ao Brasil, a UNESCO e seus
parceiros mapearam as causas, as fontes e as raízes da violência. Para isso,
desenvolvemos estudos que ajudam jovens, pais, alunos, representantes
políticos, forças policiais e governantes a identificar possíveis caminhos
para a construção da paz, no País. Esses estudos já cobriram as cidades de
Curitiba, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Fortaleza, além de duas
pesquisas de recorte nacional.
172
A Campanha Mundial da Cultura de Paz, por outro lado, deve respeitar
cada país, suas tradições, peculiaridades e diversidade, incorporando uma
dimensão social e de participação, como o pluralismo cultural, que é uma
força motriz para a paz e a solidariedade internacionais. A paz não
pressupõe, de forma alguma, homogeneidade.
173
O Programa da UNESCO por uma Cultura de Paz46
46
Discurso pronunciado por ocasião do Encontro do Conselho Mundial de Igrejas, “World Council
of Churches”, em parceria com o Viva Rio, no Rio de Janeiro, em 25/07/2000.
174
O Programa da Cultura de Paz está voltado não apenas para a prevenção
das guerras. Podemos até imaginar que as guerras são algo distante de nosso
cotidiano. Mas estamos falando das guerras anônimas, travadas em contextos
próximos e diferenciados. Estamos falando em prevenir e combater todo
tipo de violência, exploração, crueldade, desigualdade e opressão.
“Não pode haver paz sustentável sem desenvolvimento sustentável. Não pode haver
desenvolvimento sem educação ao longo da vida. Não pode haver desenvolvimento sem
democracia, sem uma distribuição mais eqüitativa dos recursos, sem a eliminação das
disparidades que separam os países mais avançados daqueles menos desenvolvidos”.
(Federico Mayor, antigo Diretor Geral da UNESCO).
175
Como fortalecer a consciência sobre a importância e urgência da
tarefa vital que se faz presente, ao final desse século, de se promover uma
cultura da paz? Como encontrar os caminhos e meios para alterar os
valores, atitudes, crenças e comportamentos do tempo presente?
176
na solidariedade e no compartilhamento cotidiano. Uma cultura que
respeita todos os direitos individuais – o princípio do pluralismo, que
assegura e sustenta a liberdade de opinião – e que se empenha em prevenir
conflitos resolvendo-os em suas fontes, as quais englobam novas ameaças
não-militares para a paz e para a segurança, tais como a exclusão, a pobreza
extrema e a degradação ambiental. A cultura de paz procura resolver os
problemas por meio do diálogo, da negociação e da mediação, de forma
a tornar a guerra e a violência inviáveis.
177
O Ato de Assinatura do Manifesto 2000 é apenas o começo do
compromisso individual das pessoas, e não seu fim.
O ano 2000 deve ser um novo começo para todos nós. Juntos,
podemos transformar a cultura de guerra e violência em uma cultura de
paz e não-violência.
O Movimento Mundial pela Cultura de Paz deve ser “uma grande aliança
de movimentos existentes”, um processo que unifique todos aqueles que
já trabalharam e que estão trabalhando a favor desta transformação
fundamental de nossas sociedades. O objetivo é permitir que toda pessoa
ou organização contribua para esse processo de transformação de uma
cultura de violência para uma cultura de paz, em termos de valores,
atitudes e comportamento individual, bem como em termos de estruturas
e funcionamentos institucionais. A sociedade civil – ONG, círculos
econômicos, redes de associações e comunidades – deve agir sob o
princípio de que cada país e cada sociedade devem planejar suas estratégias
de acordo com suas características específicas.
178
juventude e as causas da violência, destacando experiências bem-sucedidas
de combate à violência e procurando estimular a implementação de
políticas públicas voltadas às crianças e aos jovens.
179
Abrindo Espaços: uma Nova Cultura Escolar47
47
Discurso pronunciado por ocasião da implantação do “Programa de Abertura das Escolas
nos Fins de Semana”, em Recife, em 19/08/2000.
180
governantes e o empresariado percam o sono. Não é só o presente que
está em jogo, mas também o futuro do País.
181
Nesse cenário, adquire especial importância a implementação de
programas e de políticas públicas que possam contribuir para contemplar
as principais reivindicações da juventude.
182
jovens, em suas próprias comunidades, possam realizar atividades de lazer,
esporte e cultura.
183
Mas, sabemos que não podemos prescindir de um conhecimento
específico do qual o jovem é portador e ele, melhor do que ninguém,
poderá contribuir para a criação de propostas concretas de utilização
dos espaços que atendam a suas próprias demandas. Viabilizar o
protagonismo juvenil, oferecendo alternativas concretas de inclusão e
acesso, é fundamental para alterar os indicadores de violência e morte
entre os jovens.
184
A sociedade civil também se movimenta no mesmo sentido. Por
meio de associações de diversos gêneros, ela vem se mobilizando tanto
pela prevenção da violência quanto pelo socorro às vítimas dos diversos
tipos de violência encontrados na nossa sociedade. Convocamos toda a
sociedade civil e os meios de comunicação a assumir a sua co-
responsabilidade social e somar-se no apoio a esta importante iniciativa.
A luta contra a violência não é somente uma responsabilidade oficial.
185
O Brasil e a Assembléia do Milênio48
48
Discurso proferido por ocasião da “Reunião do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa
Humana”, em Brasília, em 23/08/2000.
186
Hoje, está provado que as estratégias de combate à violência devem
centrar-se nos programas preventivos e na oferta de alternativas à
juventude. Não podemos mais insistir nas estratégias repressivas,
simplesmente.
187
comportamentos do tempo presente? Mesmo trabalhando em uma
variedade de campos de atuação, a missão exclusiva da UNESCO é a
construção da paz: “O propósito da Organização é contribuir para a paz
e a segurança, promovendo a cooperação entre as nações por meio da
educação, da ciência e da cultura, visando a favorecer o respeito universal
à justiça, ao estado de direito e aos direitos humanos e liberdades
fundamentais afirmados aos povos do mundo”.
188
A confraternização que a Assembléia do Milênio propiciará, servirá para
que, no seio das diferenças, seja possível discutir e compartilhar os meios
e instrumentos que melhor garantam os direitos da pessoa humana e os
desafios para construir um mundo socialmente mais justo.
189
Cultura da Paz ou Cultura da Violência?49
49
Artigo publicado nos jornais: “Folha de S.Paulo”, em 29/09/2000; “A Tarde”, BA, em 09/10/2000;
“Jornal do Tocantins”, em 22/10/2000.
190
pretende promover o desarmamento da população não lograr êxito, o
Brasil perderá uma excelente oportunidade para inserir-se no grupo de
nações que já deram esse exemplo de maturidade política, em busca de
uma cultura de paz.
191
Esses dados falam por si só, dispensando comentários adicionais.
Eles significam que o desarmamento da população assume urgência sem
precedentes, não mais podendo ser adiado em decorrência de pressões
oriundas de grupos que apenas pensam em seus interesses particulares. O
que está em jogo é o destino de crianças, jovens e adultos que, diariamente,
enchem as páginas dos jornais e o noticiário da televisão com cenas
chocantes que comprometem a imagem do País e o afasta dos cenários da
dimensão humana e moderna da sociedade contemporânea.
192
Caubóis ou Heróis do Asfalto?50
50
Artigo publicado nos jornais: “Correio Braziliense”, DF, em 19/11/2000; “A Gazeta”, MT, em
22/11/2000; “Jornal do Tocantins”, em 23/11/2000; “Jornal do Commercio”, RJ, em 24/11/2000;
“Jornal Hoje em Dia”, MG, em 25/11/2000; “Diário de Cuiabá”, MT, em 29/11/2000.
193
As taxas de morte por acidentes de transporte, entre 1989 e 1998,
tiveram uma queda de 5,5% no total da população brasileira, segundo o
recém-lançado “Mapa da Violência II”, realizado pela UNESCO, Ministério
da Justiça e Instituto Ayrton Senna, baseado em dados do Ministério da
Saúde (DATASUS). A queda se explica pelo fato de que, no último ano
da década considerada na pesquisa, entrou em vigor a nova lei de trânsito.
O decréscimo, no entanto, não nos dá, ainda, motivos para
despreocupação. Em alguns Estados, o índice de morte de jovens, entre
15 e 24 anos, por acidentes de transporte, cresceu no decênio
contemplado no Mapa.
194
adequada e consciente no trânsito. A implementação desse programa
resultará não somente na qualidade da formação dos futuros motoristas mas,
também, na educação dos jovens para o exercício da cidadania no espaço
público, seja como pedestre, passageiro, ciclista ou condutor.
195
A Promoção da Cultura de Paz51
51
Discurso proferido por ocasião da Abertura do “II Mercado Cultural Latino-Americano”, em
Salvador, BA, em 05/12/2000.
196
Para a América Latina, a cultura ganha mais relevância ainda. Um
dos nossos maiores desafios no continente é reduzir os índices de violência
entre os jovens. A reversão dessas estatísticas é crucial para garantir vidas
significativas às novas gerações de latino-americanos. A substituição da
cultura da violência pela cultura da paz surge, portanto, como uma
bandeira que todos devemos empunhar.
197
A UNESCO não tem dúvidas de que a grande luta do próximo
milênio e o seu maior desafio será o de conceber e construir cenários de
cidadania no palco de um mundo multifacetado. Para isso, a cultura e o
intercâmbio cultural em nossa região são fundamentais. Um dos grandes
resultados do esforço de pesquisa que vimos realizando no Brasil nos
mostra que a juventude percebe a cultura como meio eficaz de redução
dos índices de violência. Esse é o resultado que encontramos em Fortaleza,
Curitiba, Brasília, Rio de Janeiro, dentre outras capitais.
198
comunidade que somente melhora a situação das populações locais. O
mesmo estamos fazendo com a música, especialmente o funk e o hip hop.
Pensemos, juntos, de que forma toda essa riqueza pode servir para
mudar um quadro social que é lastimável em toda a América Latina. A
UNESCO tem a convicção de que a cultura pode combater a pobreza, a
ignorância e a violência. Basta construir os mecanismos adequados, os
quais devem ser elaborados e implementados por todos.
199
Novos Espaços para a Paz52
52
Artigo publicado nos jornais: “O Popular”, GO, em 05/06/2001; “Folha de Londrina”, PR, em
13/06/2001; “Jornal do Tocantins”, em 31/05/2001; “O Liberal”, PA, em 24/05/2001;
“O Globo”, RJ, em 22/05/2001.
200
de incerteza e insegurança que impedem o aprendizado e a vivência de
conceitos como liberdade, solidariedade, justiça e eqüidade, fundamentais
para a construção da cidadania.
Não por acaso, portanto, o Programa “Abrindo Espaços” tem três focos:
o jovem, a escola e a comunidade. Prevê a abertura de espaços – sendo a
escola o espaço privilegiado e prioritário, mas não o único – nos fins de
semana para oferecer oportunidades de acesso à cultura, ao esporte e ao
lazer para jovens em situação social. Trabalhar com jovens significa,
também, contemplar, de forma preventiva, as crianças. Afinal, elas poderão,
igualmente, freqüentar algumas das atividades de finais de semana.
201
Manter o jovem em atividades lúdico-recreativas é mantê-lo afastado
das situações de risco e perigo. Mas, além de preventivo, o Programa
tem uma perspectiva transformadora ao pretender modificar as relações
dos jovens com a escola, dos jovens com os próprios jovens e dos jovens
com as comunidades onde vivem.
202
Violências contra a Mulher: Sentidos Múltiplos53
53
Artigo publicado no jornal “Brazilian Times”, EUA, em 08/03/2002.
203
No âmbito internacional, há a Convenção para a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação contra as Mulheres – CEDAW, de 1979, ratificada pelo
Brasil em 2000 e divulgada amplamente pela UNESCO, em diversos
idiomas, por meio do livro Passaporte para a Igualdade. O documento
considera direito de todo ser humano não somente conhecer tal carta
de princípios como virem as mulheres a apresentar denúncia
individualmente (por meio do Protocolo Facultativo da CEDAW, aprovado
em 1999), perante a Comissão para Eliminação da Discriminação contra a Mulher,
no âmbito das Nações Unidas. O Protocolo, contudo, até hoje foi
ratificado por muito poucos países.
204
Neste dia 8 de março, nossas congratulações ao Movimento das
Mulheres. Na Conferência Mundial contra o Racismo, em Durban, as vozes das
mulheres – em particular das mulheres brasileiras – marcaram diferença
significativa, ao lutar pelos direitos humanos, não apenas os seus direitos,
mas o de todos.
205
Desenvolvimento Social e
Direitos Humanos
Democracia, Cidadania e Direitos Humanos54
54
Discurso pronunciado por ocasião do “Seminário sobre Direitos Humanos e Cidadania”, em
Brasília, DF, em 08/09/1999.
209
que a luta pelos direitos humanos se amplia cada vez mais em direção à
meta que todos nós queremos, ou seja, a universalização da cidadania.
210
nesta direção que, em julho de 1997, realizamos, em Brasília, a Cúpula
Regional para o Desenvolvimento Político e os Princípios Democráticos. Desta Cúpula,
resultou o Consenso de Brasília, documento sobre o tema Governar a
Globalização, o qual representa um compromisso a ser assumido diante
da nova realidade de um mundo globalizado.
211
Uma Nova Ética para o Desenvolvimento55
55
Artigo publicado nos jornais: “Correio Braziliense”, DF, em 08/08/2000; “Jornal do Tocantins”,
em 27/08/2000.
212
mundialização das atividades humanas. Essa preocupação foi o ponto alto
do Encontro de Líderes Mundiais, realizado em novembro de 1999, em Veneza,
como também do Encontro sobre a Governança Progressista, realizado
recentemente em Berlim, na Alemanha. Há um consenso que se generaliza,
de forma crescente, sobre a necessidade de se encontrar caminhos
alternativos. O que é inadmissível do ponto de vista ético, conforme
ainda há pouco observou o Senador Lúcio Alcântara, é que estilos e
fórmulas econômicas em vigência prossigam alijando expressivos
segmentos sociais dos benefícios gerados pela globalização. Sob esse
aspecto, tem razão o Presidente Fernando Henrique Cardoso que, tanto
no encontro de Florença quanto no de Berlim, reivindicou um combate
ao fundamentalismo de mercado, sugerindo uma nova arquitetura financeira
internacional, capaz de dar maior racionalidade aos mercados de capital.
213
propor uma nova via que leve em conta, como bem observou o cientista
político Augusto de Franco, a necessidade da sinergia entre Estado,
Mercado e Sociedade Civil para que o País possa entrar em um novo
rumo de desenvolvimento.
214
A UNESCO e a Busca de Novas Alternativas56
56
Discurso proferido por ocasião do “Encontro Ano 2000”, em Brasília, DF, em 10/08/2000.
215
cheia de obstáculos e de reveses, a UNESCO angariou uma enorme
experiência e acumulou um capital social de conhecimentos, o qual
considero imprescindível para a universalização da cidadania. Esta,
todavia, requer mudanças profundas na concepção do que seja
desenvolvimento. O desenvolvimento não pode mais ser entendido em
uma direção unilateral. Ele só tem sentido na medida em que o fim visado
for o bem estar das coletividades. Sob essa ótica, o desenvolvimento
humano não pode permanecer subordinado ao econômico. Reverter essa
situação constitui um dos maiores desafios do próximo milênio e uma
esperança de milhões e bilhões de pessoas, em todo o mundo.
216
Banco de Tecnologias Sociais57
57
Discurso proferido por ocasião da entrega do “Prêmio de Tecnologia Social e lançamento do
Banco de Tecnologias Sociais”, na Fundação Banco do Brasil, em São Paulo, em 06/11/2001.
217
Temos, no mundo, problemas de natureza semelhante, tanto em
países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. A parceira
construída entre a Fundação Banco do Brasil e a UNESCO permitirá que
soluções formuladas para problemas locais possam estar disponíveis para
sanar necessidades em outros locais, no Brasil e no mundo.
218
A UNESCO e a Responsabilidade Social no Brasil58
58
Discurso proferido na “Reunião com o Conselho de Responsabilidade Social da FIRJAN”, no
Rio de Janeiro, em 13/11/2001.
219
a UNESCO não poderia deixar de se sensibilizar pelo grande problema
brasileiro traduzido nos baixíssimos indicadores sociais e suas
conseqüências sobre a qualidade de vida da população.
Podemos dizer que há três grandes áreas interligadas que vêm sendo
objeto de nossa atuação no Brasil: os altos índices de violência, causada e
sofrida pelos jovens; a juvenilização da AIDS e a exclusão de grandes
parcelas da juventude do acesso a bens de conhecimento e cultura.
220
jovens em situação de vulnerabilidade social para atividades de cultura,
esporte e lazer. O Projeto Abrindo Espaços propõe medidas capazes de
colaborar para a reversão do quadro de violência e para a construção de
espaços de cidadania que fortaleçam o convívio entre os indivíduos,
incentivando, assim, a solidariedade, educando mediante valores
humanistas e pela possibilidade de expressão da sensibilidade e do talento
individual. O Projeto já existe nos estados do Rio de Janeiro, Bahia,
Pernambuco e Mato Grosso, além da adesão das cidades de Palmas,
Maceió, Natal, Recife, Olinda, Belo Horizonte e São Paulo.
221
tema AIDS ao sistema educacional brasileiro: trabalhamos com mais de
250 Organizações Não-Governamentais – ONG, produzimos material
educativo, publicamos manuais de trabalho e avaliação de projetos com
jovens, fortalecemos a visibilidade das ações preventivas que o Estado
produz, dentre outra iniciativas.
222
Finalmente, a nossa última área temática é o problema da exclusão
de grandes parcelas da juventude ao acesso a bens de conhecimento e
cultura. Para se ter uma idéia da carência de acesso à cultura enfrentada
pelos jovens brasileiros, basta conferir os dados do último censo do IBGE:
20% dos Municípios brasileiros não dispõem de biblioteca pública; 70%
não contam com um museu; 75%, aproximadamente, não têm uma casa de
espetáculo ou teatro e a maioria, cerca de 80%, não têm salas de cinema;
35% não dispõem de livrarias, sendo que igual proporção também não
contam com ginásios poliesportivos.
223
informática nas favelas do Rio de Janeiro ou o Edisca, o AffroReagge e o Viva
Rio que resgatam crianças e jovens em situação de risco mediante a dança,
a música e o esporte.
224
A UNESCO oferece apoio técnico para desenhar, implementar
e avaliar projetos sociais de envergadura, agregando experiência
internacional de seus outros Escritórios.
225
Os Parlamentares e o Futuro das Américas59
59
Discurso pronunciado por ocasião da “Conferência Parlamentar das Américas: III Assembléia
Geral”, Rio de Janeiro, de 17 a 21 de novembro de 2001.
226
Um exemplo claro é o Programa Internacional de Educação para Todos, cujas
soluções concretas para os problemas do analfabetismo e dos baixos índices
educacionais – que tanto marcam a América Latina e o Caribe – têm
contribuído, na região, para políticas públicas bem-sucedidas. Outro
exemplo são as recomendações do Relatório Mundial sobre Cultura e
Desenvolvimento, o qual oferece um quadro conceitual para usar a diversidade
cultural das Américas em prol da melhoria das condições de vida dos
milhões de cidadãos que habitam o continente. Há inúmeras iniciativas
nos âmbitos local, nacional e regional que transformam esses valores e
princípios em ações, com impactos reais.
227
a medicamentos, é um exemplo importante que merece todo o nosso
reconhecimento.
228
Os parlamentares podem ocupar uma posição sem igual para traduzir
os valores universais e os princípios gerais das Nações Unidas em políticas
práticas e concretas que possam fazer diferença na vida das pessoas.
Além disso, vale dizer que é nos parlamentos que reside grande
parte da responsabilidade em diluir a reação negativa à globalização a
qual estamos assistindo em todo o mundo. É fundamental mostrar aos
cidadãos das Américas que o cenário internacional está em plena
transformação e que é possível construir um futuro melhor com as portas
que agora se abrem mediante o conhecimento, as telecomunicações, as
mídias e o intercâmbio de experiências.
229
A Renovada Força do Multilateralismo60
60
Artigo publicado nos jornais: “O Globo”, RJ, em 03/12/2001; “Jornal do Commercio”, PE, em
13/12/2001; “Gazeta Mercantil”, SP, em 17/12/2001.
230
Ficou claro para os participantes da Conferência que, sem boa
governança, os projetos de integração podem tornar-se presas fáceis da
descoordenação internacional e da falta de transparência financeira,
monetária e comercial.
231
Durante os últimos anos, a lista de participantes da comunidade
internacional, assim como sua agenda, cresceu substancialmente.
Organizações da sociedade civil passaram a ter voz nos principais fóruns
mundiais, novas estruturas supranacionais como a União Européia e o Mercosul
começam a ter identidade própria, temas antes impensados passam a ser
objeto do debate.
232
A Juventude e a Capacitação: aprendizado para a
vida na economia do conhecimento61
61
Discurso por ocasião do “Seminário Liderança Juvenil no Século XXI”, painel: A Juventude e a
Capacitação, Aprendizado para a Vida na Economia do Conhecimento, na Assembléia Anual de
Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Fortaleza, CE, em 07/03/2002.
233
profissionalizantes e de diversão; para a maior parte dos jovens
“excluídos”, políticas repressivas de segurança pública e justiça. Nos dois
segmentos, mas especialmente no segundo, é necessário que a família, a
escola, o governo, os meios de comunicação, as organizações da sociedade
civil e do setor privado adotem uma nova atitude em relação à integração,
dignificação e valorização da juventude, em seu conjunto. É necessário
destacar que essa atitude, além de ser mais inteligente, é mais racional do
ponto de vista econômico.
234
e implementam ações para jovens, de forma descentralizada. Se pensarmos
neste marco conceitual, é possível conceber um programa de capacitação
para atender as necessidades de populações locais específicas e que não
fique limitado a reproduzir conhecimentos e fórmulas elaborados em
escritórios nacionais.
235
oportunidades de capacitação. O exemplo mais significativo no Brasil
talvez seja o da Confederação Nacional da Indústria, através de sua agência do
Serviço Social da Indústria (SESI). São responsáveis pelo maior programa de
capacitação de jovens profissionais em todo o País, e o fazem de forma
exemplar, junto a vários parceiros, dentre eles a Universidade de Brasília e a
UNESCO. As dimensões desta atividade são bastante eloqüentes. Em
2001, foram treinados um milhão, novecentos mil cidadãos.
236
Juventude, Violência e Cooperação Internacional
para o Desenvolvimento na América Latina62
62
Discurso pronunciado por ocasião da “Encuentro Latino Americano de Cultura y no Violencia.
Painel: Juventud y Violencia en America Latina”, na Biblioteca Nacional de la Educación
Leandro Valle, Cidade do México, DF, em 15/03/2002.
237
consistirá em um breve panorama deste assunto. Tentarei, também,
indicar possíveis soluções que os países podem encontrar por meio da
ampla utilização da cooperação internacional com agências do Sistema de
Nações Unidas, fundações privadas, instituições financeiras internacionais
e Organizações Não-Governamentais.
AS PERGUNTAS CENTRAIS
OS DESAFIOS:
1. Exclusão Educacional
238
2. As Redes de Sociabilidade
239
AS SOLUÇÕES:
1. A BOLSA ESCOLA
2. ESCOLA ABERTA
240
passou a participar de forma mais efetiva na escola, uma vez que é o lugar
de diversão e de criação de laços sociais. O custo deste esforço é
baixíssimo e tem sido realizado pelas autoridades educacionais, os
diretores de escolas, os líderes comunitários e a UNESCO.
3. CULTIVANDO VIDAS
241
No Brasil, a UNESCO tem realizado pesquisas sobre violência,
drogas, sexualidade e AIDS nas escolas, nas favelas (zonas urbanas com
altos índices de violência e baixíssimos indicadores sociais), incluindo
pais e professores. As conclusões a que chegamos são muito significativas
e servem para que as autoridades públicas e o setor privado possam orientar
suas ações e suas políticas. Um dos grandes problemas da nossa região é a
ausência de políticas públicas sérias que possam oferecer respostas
concretas para um tema que mata nossa juventude.
242
A UNESCO e a Geração de Tecnologias Sociais63
63
Discurso proferido por ocasião do “Lançamento da Universidade da Previdência – UNIPREV”,
em Brasília, em 09/05/2002.
243
apressarmos mudanças. A falácia da paciência está chegando a seu termo.
A rapidez das novas tecnologias da informação, aliada a sua crescente
dimensão interativa, eleva, em ritmo incessante, a consciência pública
sobre os direitos de cidadania que foram sabiamente reivindicados e
homologados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, em um
dos momentos mais lúcidos das Nações Unidas.
244
e tecnológica. O programa utiliza as mais modernas tecnologias de
educação à distância como as WEB Salas e tecnologias de
videoconferências pela Internet, as quais possibilitam a realização do
curso em qualquer tempo e espaço, em todas as Unidades da Federação.
245
Direitos Humanos e Desenvolvimento64
64
Artigo publicado nos jornais: “O Globo”, RJ, em 28/05/2002; “Diário de Cuiabá”, MT, em
06/06/2002; “Jornal do Comércio”, PE, em 07/07/2002.
246
Isso é o resultado de uma maior abertura das estruturas governamentais à
participação social e do fortalecimento e profissionalização da sociedade
civil organizada.
247
É fundamental notar que, ao longo dos últimos anos, o Brasil
democrático deixou para trás as posições defensivas em diretos humanos
para assumir uma atitude pró-ativa na construção do regime global de
proteção à pessoa humana. O caso exemplar é o da Política Nacional para a
AIDS, abraçada recentemente pelo Secretário-Geral das Nações Unidas,
Koffi Annan, como modelo eficaz de defesa intransigente dos direitos
do homem.
Por tudo isso, a agenda que o Programa Nacional de Direitos Humanos traz
é mais do que um marco no avanço contra todas as formas de discriminação
no Brasil. Trata-se de um exemplo concreto de como este País avança na
construção de bons instrumentos para alavancar o seu desenvolvimento
social. É com programas como esse que o Brasil se qualifica como um
laboratório de idéias e ações do qual a sua sociedade, assim como todo o
mundo, pode aprender.
248
Comunicação, Informação e
Liberdade de Imprensa
Democracia e Liberdade de Expressão65
65
Artigo publicado no jornal “Folha de S.Paulo”, em 03/05/1999.
251
Os casos mais absurdos de atentado à liberdade de imprensa ganham
as manchetes dos jornais, em países onde essa liberdade existe: do
assassinato do cinegrafista Michael Senior – morto no Camboja por filmar
militares saqueando um mercado – ao assassinato de um jornalista, no
recente conflito na Iugoslávia, incluindo a prisão da jornalista nigeriana
Christina Anyanwu (Prêmio UNESCO/Guillermo Cano 1998 de Liberdade de Imprensa),
condenada a uma pena de 15 anos de detenção, por redigir matéria sobre
a tentativa de golpe de Estado contra o governo da Nigéria, em 1995.
Não há, por certo, nesses países, leis que protejam, explicitamente,
essas práticas menos truculentas de inibição da liberdade de expressão.
Tampouco há manuais que as estimulem. Mas, algumas ações, mesmo
que esporádicas, impedem o pleno exercício dessa liberdade. Uma
democracia plena e irrestrita prevê, exatamente, o fim da censura de
qualquer tipo – sutil ou agressiva, tácita ou explícita, política ou
econômica, social ou individual.
252
Somente em uma sociedade de cultura democrática – o que envolve
tempo e boa-vontade – é possível falar em liberdade de expressão, em
geral, e liberdade de imprensa, em particular. Leis democráticas, por si
sós, não garantem o livre exercício da expressão do pensamento. É
imprescindível que essas leis, cada vez mais claras e transparentes, venham
seguidas de perto por uma praxis democrática, por um exercício diário de
reeducação intelectual de governantes e sociedade civil, de forma a que
todos passem a compreender as manifestações de pensamento e as
divulgações de fatos como peças fundamentais do jogo democrático.
253
As Mulheres e o Quarto Poder66
66
Artigo publicado no jornal “Folha de S.Paulo”, em 07/03/2000.
254
segundo a qual “mulheres com menos de 35 anos de idade, trabalhando
em jornais, ganhavam um salário médio de 32 mil libras esterlinas, enquanto
seus colegas do sexo masculino ganhavam, em média, 25 mil libras de
salário”.
255
grande impacto em outras esferas de poder, onde as mulheres ainda não
conseguiram ocupar maiores espaços, sobretudo em posições de comando.
256
Brinquedos Perigosos67
67
Artigo publicado nos jornais: “ Zero Hora”, RS, em 28/04/2000; “Correio Braziliense”, DF,
em 02/05/2000; “Jornal A Tarde”, BA, em 05/05/2000; “Gazeta do Espírito Santo”, em
12/05/2000; “Jornal do Tocantins”, em 12/06/2000.
257
eletrônicos – tem de se conscientizar de seu papel de produtora de
conteúdo cultural e assumir responsabilidade correspondente. Produtores
de bem cuidados seriados para televisão, no Brasil e no exterior, baseados
em obras literárias ou scripts de qualidade, nunca se queixam da audiência
que conseguem obter.
258
todos têm de estabelecer uma parceria solidária. É imperativo que todos
estejam cientes de que com mentes humanas não se brinca – e a mídia
eletrônica às vezes pode ser um brinquedo perigoso, do qual todos,
igualmente, podem ser vítimas.
259
A Sociedade da Informação e seus Desafios68
INTRODUÇÃO
68
Artigo publicado na Revista “Ciência da Informação”, Brasília, v. 29, n.2, p. 71-77, maio/ago. 2000.
260
de todos em seu desenvolvimento. As preocupações com a direção que
vem tomando o novo paradigma tecnológico da informação concluem o
artigo que aponta os inúmeros desafios a enfrentar para que a nova
sociedade supere velhas e novas desigualdades.
A “sociedade da informação”
261
A informação é sua matéria-prima: as tecnologias se desenvolvem
para permitir ao homem atuar sobre a informação propriamente
dita, ao contrário do passado quando o objetivo dominante era
utilizar informação para agir sobre as tecnologias, criando
implementos novos ou adaptando-os a novos usos.
262
É provável que o fato da constituição desse paradigma ter ocorrido nos EUA e, em
certa medida, na Califórnia e nos anos 70, tenha tido grandes conseqüências para as formas
e a evolução das novas tecnologias da informação. Por exemplo, apesar do papel decisivo do
financiamento militar e dos mercados nos primeiros estágios da indústria eletrônica, da década
de 40 à de 60, o grande progresso tecnológico que se deu, no início dos anos 70, pode, de certa
forma, ser relacionado à cultura da liberdade, inovação individual e iniciativa empreendedora
oriunda da cultura dos campi norte-americanos da década de 60... Meio inconscientemente, a
revolução da tecnologia da informação difundiu, pela cultura mais significativa de nossas
sociedades, o espírito libertário dos movimentos dos anos 60. (Castells, 2000, pp.25).
263
Adotando a sugestão de Agudo Guevara, um olhar sobre a
experiência concreta das sociedades de informação permite revelar como
a reestruturação do capitalismo e a difusão das novas tecnologias da
informação lideradas e/ou mediatizadas pelo Estado estão interagindo
com as forças sociais locais e gerando um processo de transformação
social. Em termos gerais, é consenso entre analistas que a realização do
novo paradigma se dá em ritmo e atinge níveis díspares nas várias
sociedades. Junto com o jargão da “sociedade da informação” já é lugar
comum a distinção entre países e grupos sociais “ricos” e “pobres” em
informação. As desigualdades de renda e desenvolvimento industrial
entre os povos e grupos da sociedade reproduzem-se no novo paradigma.
Enquanto, no mundo industrializado, a informatização de processos
sociais ainda tem de incorporar alguns segmentos sociais e minorias
excluídas, na grande maioria dos países em desenvolvimento, entre eles
os latino-americanos, vastos setores da população, compreendendo os
médios e pequenos produtores e comerciantes, docentes e estudantes
da área rural e setores populares urbanos, adultos, jovens e crianças das
classes populares no campo e na cidade, além daquelas populações
marginalizadas, como desempregados crônicos e os “sem-teto”,
engrossam a fatia dos que estão ainda longe de integrar-se no novo
paradigma (Agudo Guevara 2000). Este fato fundamental constitui um
dos desafios éticos para a constituição das sociedades da informação,
desafio que somente a ação social consciente poderá superar, já que,
certamente, não será resolvido pelo avanço tecnológico em si mesmo,
nem por uma hipotética evolução natural.
264
telemática provocaram uma fase de fascinação quase infantil – felizmente,
em grande parte já superada – particularmente nas três últimas décadas,
quando a difusão da Internet nos países industrializados deu suporte ao
sonho de integração mundial dos povos, por meio de infovias globais.
Embora o realismo de estudos e análises tenha, desde aquela época,
contrabalançado o entusiasmo ingênuo, há que reconhecer como, em
grande parte, justificadas as bases e evidências que fundamentam
especulações positivas sobre a sociedade da informação.
265
ensino/aprendizagem de forma colaborativa, continuada, individualizada
e amplamente difundida.
266
Uma formulação dessa visão idealizada é a de Masuda (1985), autor
do Plano Japonês para uma Sociedade da Informação, publicado nos anos
70. Nessa utopia, a tecnologia dos computadores terá como função
fundamental substituir e amplificar o trabalho mental dos homens;
permitirá a produção em massa de conteúdo cognitivo, informação
sistematizada, tecnologia e conhecimento. A infra-estrutura pública de
computadores articulados em redes e bancos de dados substituirá os
centros de produção de bens como símbolo societário. A elevação da
capacidade educacional e técnica e de criação de novas oportunidades
econômicas terá o papel desempenhado pela descoberta de novos
continentes e aquisição de colônias na expansão do mercado da sociedade
industrial. A liderança da economia será ocupada pela indústria intensiva
em conhecimento. A produção de informação pelo próprio usuário
ganhará grande espaço e importância na estrutura econômica. O mais
relevante sujeito de ação social será a comunidade de voluntários, não a
empresa ou grupos econômicos, e a sociedade não será hierárquica, mas
multicentrada, complementar e de participação voluntária. A meta social
será a concretização do valor do tempo e não mais a criação de uma
sociedade de alto bem-estar. A democracia participativa substituirá o
sistema parlamentar e a regra da maioria e os movimentos sociais serão a
força por trás de mudanças sociais. Em seu estágio avançado, será uma
sociedade de criação de conhecimento. O globalismo, a harmonia entre
homem e natureza, a autodisciplina e a contribuição social serão os
princípios orientadores dessa sociedade (Masuda 1985: 620-625).
267
para falar sobre algo que desejam aprender, ver figuras e diagramas e ler
textos que as ajudem a compreender. Numa sala de aula convencional
isto é tornado possível pelas paredes que dão proteção contra o barulho
e interferência externos, de forma que, aqueles que estão dentro da
sala, podem ouvir e ver uns aos outros e também, no quadro-negro, as
palavras, diagramas e figuras sobre o assunto que está sendo aprendido.
A questão é, pode a tecnologia da informação fornecer um sistema de
comunicação alternativo que seja pelo menos tão eficiente quanto a
sala de aula convencional?” (Tiffin e Rajansingham, 1995, p.6). A
realidade de muitos países justifica uma resposta afirmativa: vários pontos
remotos podem ser conectados graças à telemática em teleconferência
nas “salas de aula virtuais”, seja sob a forma audiográfica mais simples
ou em videoconferências.
268
entre a encenação do filme com a teatral, ela se indaga sobre como
teria sido a encenação original. Onde era Elsinore?
269
D ESAFIOS NA C ONSTRUÇÃO DE S OCIEDADES DA I NFORMAÇÃO
270
acusada de disseminar na sociedade a utilização de um simulacro de
relacionamento como substituto de interações face a face e contra a alegada
usurpação, pelo capital, do direito de definir a espécie de automação
que desqualifica trabalhadores, amplia o controle gerencial sobre o
trabalho, intensifica as atividades e corrói a solidariedade.
271
Dispondo de uma população algumas vezes maior, os baixos níveis
de renda per capita nos países em desenvolvimento refletem-se em alta taxa
de analfabetismo adulto, baixo acesso à educação formal avançada e à
tecnologia da informação, tanto convencional quanto moderna.
272
Fonte: UNESCO World Communication and Information 1999-2000. Report, p. 281.
273
exemplo, permitiria ligar cada país a uma rede global de múltipla conexão
onde ninguém dominaria a conectividade.
274
benefício da participação na sociedade global da informação requer um
consenso internacional dentro deste amplo mandato. O progresso da
educação, ciência e cultura é fundamentalmente o de compartilhar informação
e de criar novos meios de aprendizagem e conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
275
2. BROOK, James, BOAL, Iain A. Resisting lhe virtual life: the culture
and politics of information. San Francisco: City Lights, 1995.
276
Quem está Escrevendo o Futuro – o Papel da Mídia69
69
Discurso pronunciado por ocasião do “Seminário Quem Está Escrevendo o Futuro – O Papel
da Mídia”, durante a Mesa-Redonda “As Perspectivas para o Século 21 e o Papel da Mídia na
Construção do Futuro”, Brasília, DF, em 28/06/2000.
277
As soluções para o problema que nos reúne nesse Fórum parecem
apontar em três direções:
278
A imprensa, em geral, tem concedido pouco espaço às artes e às
ciências, as quais configuram importantes componentes culturais, capazes
de alterar todo um quadro social. É preciso que os jornalistas tenham
cada vez mais essa visão.
279
mencionados, a fim de mobilizar a atenção de instituições públicas,
Organizações Não-Governamentais, empresas, bem como outras entidades,
para a importância de esforços articulados em busca de soluções eficazes
contra a violência que vem envolvendo e eliminando tantos jovens no Brasil.
Esses estudos também contribuem para desencadear o debate e apresentar
propostas de resolução dos problemas que afetam crianças e adolescentes.
280
As Mulheres Fazem a Notícia70
70
Discurso proferido por ocasião da “I Conferência Latino-Americana de Mulheres Jornalistas”,
em Brasília, DF, em 03/05/01.
281
que os responsáveis por essas coberturas sejam tanto homens quanto
mulheres. No entanto, na grande imprensa de muitos países do mundo,
há poucas mulheres em posições de decisão e comando.
282
linguagem não sexista nos programas. No entanto, embora saibamos que em
muitos países, como o Brasil, os avanços sejam significativos, muito ainda
resta a ser feito antes que se possa dizer que a igualdade de gêneros foi
alcançada nos meios de comunicação de todo o planeta.
283
Educação para a Mídia: Responsabilidade de Todos71
71
Artigo publicado no jornal “A Tarde”, BA, em 7/10/2001.
284
adequadamente os alunos para um melhor aproveitamento dos recursos
educativos da TV, do cinema, do vídeo, ou da Internet. Nem sempre
educam os estudantes do ponto de vista da estética e do conteúdo da
programação oferecida. Isso ajudaria, de alguma forma, a formar um
público infanto-juvenil mais crítico e menos suscetível à influência, às
vezes negativa, dos meios de comunicação de massa.
285
produtos de má qualidade. O argumento de que eles dêem lucro deveria
ter menos peso diante de comédias românticas ou super-produções, tais
como Titanic ou A Lista de Schindler, por exemplo, igualmente comerciais,
mas que não exploram a violência gratuita, tampouco o sexo explícito,
recordes de bilheteria.
286
Portanto, se cada ator social assumir sua parcela de responsabilidade
sobre o que se veicula nos meios de comunicação, será mais fácil torná-
los aliados da educação para a arte, a cultura, a ciência, o meio ambiente,
os direitos humanos e, por conseguinte, a paz.
287
Liberdade de Imprensa: o Exemplo de
Carlos Heitor Cony72
É por isto tudo que estamos aqui hoje. Esse dia existe para nos
lembrar, sempre, que só com uma imprensa livre é possível denunciar os
erros e corrigi-los. E que só com uma imprensa livre é possível tomar
conhecimento de todas as idéias e informações que nos permitirão, como
cidadãos, tomarmos as melhores decisões e escolhermos os caminhos que
julgarmos mais adequados.
72
Discurso proferido por ocasião da comemoração do “Dia Mundial da Liberdade de Imprensa”,
em Brasília, DF, em 03/05/2002, no UniCEUB.
288
A liberdade de expressão começa na escola. É em escolas como o
UniCEUB, em Brasília, no Brasil e no resto do mundo, que os jovens buscam
o conhecimento para se lançar à vida adulta e para enfrentar uma sociedade
cada vez mais competitiva.
289
absolutamente livres, nem uma coisa nem outra seria possível. Se achamos
alguma liberdade desrespeitada, sempre haverá defensores na imprensa,
denúncias, protestos. É aos meios de comunicação que sempre recorremos
para exercer, na plenitude, nossa liberdade. Sem imprensa livre, está
comprometido todo e qualquer exercício de liberdade, está inviabilizada
a própria democracia.
290
de imprensa é o oxigênio essencial a que me referi. Atravessou momentos
difíceis neste País, quando não havia esta liberdade que hoje parece tão
natural, mas que, quando não temos, é que mais valorizamos. É olhando
para o passado que percebemos que não podemos nunca deixar de valorizar
a liberdade de hoje.
291