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Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia

Conferência

VALORIZAR A APRENDIZAGEM:
Práticas europeias de validação de aprendizagens não formais e informais

Lisboa, Parque das Nações – Pavilhão Atlântico, Sala Nónio


26 e 27 de Novembro de 2007

Fernanda Marques
Associação Nacional de Oficinas de Projectos (ANOP), Portugal

RECONHECIMENTO, VALIDAÇÃO E CERTIFICAÇÃO


DE COMPETÊNCIAS
UM SISTEMA QUE SE ALICERÇA NA VIDA
SETE ANOS DE EXPERIÊNCIA DA ANOP

Resumo
Portuguesa. 54 anos. Gestora. Dirigente associa- O lançamento dos Centros de Reconhecimento, Validação e Certificação
tiva. de Competências (Centros RVCC) em Portugal constituiu – e constitui
Com uma formação em História e Relações Inter- – uma das medidas políticas de maior alcance estratégico em Portu-
nacionais, Mestre em História Contemporânea gal desde o 25 de Abril. Com efeito, no campo ideológico, este sistema
e doutoranda em Ciências da Educação, participa visa (1) Dar resposta ao direito de escolarização da população portugue-
activamente em diversos grupos de trabalho de sa sonegado por anos de ditadura (2) Consagrar a multiplicidade dos
âmbito nacional e europeu cujas áreas de inves- espaços de aprendizagem rompendo com o conceito de que apenas a
tigação e reflexão se situam principalmente nos “escola” é titular da capacidade de transmitir conhecimentos e desen-
domínios da educação de adultos, das práticas do volver competências e (3) Aprofundar a democracia porque favorece a
reconhecimento e validação de competências e da cidadania ao promover a igualdade de oportunidades e ao fundar-se na
inclusão social. autonomia do sujeito.
Directora-Geral da ANOP – Associação Nacional No campo político consagra formas de um novo contrato social ao re-
de Oficinas de Projectos, coordena o seu Centro conhecer às entidades da sociedade civil a legitimidade e o direito de
“Novas Oportunidades” desde o ano 2000, ten- participarem com o Estado na promoção de iniciativas em que este se
do orientado nos últimos anos a sua experiência assume como verdadeiro parceiro que dinamiza, orienta, monitoriza,
peculiar que conduziu à certificação dos dois pri- encaminha, apoia e sintetiza; a Rede Nacional de Centros RVCC foi, des-
meiros adultos portugueses por via do RVCC quer de o seu início, construída em torno de entidades privadas e entidades
no nível básico (2001), quer no nível secundário públicas ligadas à educação, formação e ao desenvolvimento local.
(2007). No quadro de intervenção da ANOP, As- No quadro dos impactos produzidos nos cidadãos que concluíram o pro-
sociação de Desenvolvimento e Educação sem fins cesso de RVCC e tendo como referência uma amostra de 199 cidadãos
lucrativos com sede em Santa Maria da Feira, tem certificados pelo Centro ‘Novas Oportunidades’ da ANOP em 2006, a
dinamizado processos de aprofundamento e relação de causa/efeito de carácter imediato entre mais qualificação e
enriquecimento de uma educação de adultos emprego deverá ser cautelosa e abordada de forma precisa. Se é verdade
orientada para o desenvolvimento das pessoas, que o aumento de qualificações, no caso em análise, obtidas por via do
com destaque para os cursos experimentais EFA RVCC não é vista pelos próprios como produzindo efeitos imediatos no
realizados em diversos concelhos do território na- campo profissional não é menos verdade que o próprio processo induz
cional, e tem promovido a inovação no plano da factores significativos que se traduzem na maior apetência e capacidade
intervenção comunitária local alargando o âmbi- para a procura activa de alternativas profissionais e, para aqueles que
to do RVCC a modalidades inovadoras como é o se encontram em situação de desemprego, uma maior capacidade de
caso do reconhecimento social de competências encontrar mais rapidamente uma colocação.
(processos baseados em sistemas informais e Partindo da experiência do Centro Novas Oportunidades da ANOP
comunitários), cujas experiências iniciais em São propomos algumas reflexões partindo de duas interrogações (1) Como
João da Madeira dinamizou. organizar o processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de
Presidente da direcção da APRVC – Associação Competências no sentido de que ele seja um processo de aprendiza-
para a Promoção do Reconhecimento e Validação gem indutor de dinâmicas de valorização pessoal, social e profissional
de Competências, tem participado activamente bem como de apetências para processos continuados de aprendizagem
nos debates e nas acções que visam promover a e qualificação? (2) Existirá uma relação de causa/efeito entre o proces-
qualidade da educação em Portugal e em particu- so de RVCC e os impactos assinalados? Uma relação independente de
lar do próprio sistema de reconhecimento, valida- outras variáveis, ou seja, autónoma face ao quadro de referência meto-
ção e certificação de competências. dológico implementado, aos espaços e instrumentos disponibilizados,
Especialista nos temas do trabalho e das mudan- aos perfis das figuras profissionais mobilizadas para desenvolver este
ças que o caracterizam na actual época de globa- processo?
lização, é autora de estudos e de artigos sobre as As metodologias implementadas, os espaços físicos criados e as figuras
novas figuras profissionais, a microiniciativa local profissionais responsáveis pelo desenvolvimento do processo de RVCC
e temas diversos relacionados com o desenvolvi- serão os campos em torno dos quais serão procuradas as respostas para
mento social. as interrogações acima formuladas.

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