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O Mercado de Carbono e

O Programa Mata Ciliar

MSc. Rosana Maria Renner


Engenheira Florestal
rosana@rbgconhecimento.com.br

Out/2009
Tópicos

 Origem do Mercado de Carbono;

 Trâmite, institucionalidade e ciclo de projetos;

 Situação atual dos projetos de MDL;

 Situação do Mercado de Carbono;

 Programa Mata Ciliar no Estado do Paraná.


Origem do Mercado de Carbono /
Concentração dos gases do efeito estufa

Aumento “extra” dos seguintes gases:

 Dióxido de Carbono (CO2) – 49%

 Metano (CH4) – 18%

 CFC’s – 14%

 Óxido Nitroso (N2O) – 6%

 Outros gases – 13%


Origem do Mercado de Carbono /
Concentração dos gases do efeito estufa

Evolução das concentrações

Dióxido de Carbono
Origem do Mercado de Carbono /
Concentração dos gases do efeito estufa

Evolução das concentrações

Metano
Origem do Mercado de Carbono /
Concentração dos gases do efeito estufa

Evolução das concentrações

Óxido Nitroso
Mudanças no nível do mar – medições de satélite
Mudanças no nível do mar – principais fatores
15% do gás carbônico permanece na atmosfera por mais de mil anos
Emissão de carbono na atmosfera
Com o aumento na temperatura e as associadas diminuições da água
no solo devem resultar em:

• declínio da produtividade de importantes culturas e da pecuária;

Fischer et al., 2002


Perfil das emissões de CO2 no Brasil (1994)
1.029.706.000 toneladas

Fonte: Comunicação Nacional, Brasil - 2004


Perfil das emissões de CH4 no Brasil (1994)
13.173.000 toneladas

Fonte: Comunicação Nacional, Brasil - 2004


Perfil das emissões de N2O no Brasil (1994)
550.000 toneladas

Fonte: Comunicação Nacional, Brasil - 2004


Tem se formado um consenso internacional com relação a “Mudança
Climática” (aquecimento global) e suas origens na elevação dos Gases do
Efeito Estufa (GEE) a partir da Revolução Industrial.
A unanimidade em torno do assunto foi obtida com a realização da
Convenção Quadro sobre Mudança Climática das Nações Unidas em 1992.

A partir de então, iniciaram-se negociações para a redução das emissões


de CO2 que culminaram com o estabelecimento do Protocolo de Quioto,
ocorrida no Japão em 1997.
O Protocolo de Quioto, adotado em 1997, entra em vigor em fevereiro de
2005, determinou que os países industrializados que o ratificassem deveriam
reduzir, entre 2008 e 2012, a emissão global de gases de efeito estufa (GEE)
em pelo menos 5% comparativamente aos níveis de 1990.

Essa determinação foi resultado das conclusões atingidas na Convenção-


Quadro, que reconheceu que os maiores responsáveis pelas emissões de
GEE são os países desenvolvidos. Por esse motivo, os países signatários
foram divididos em dois grandes grupos: Partes do Anexo I (países
desenvolvidos) e Partes não incluídas no Anexo I (demais países, incluindo o
Brasil).

A redução de emissões, nesta etapa (1o período de compromisso), permite a


utilização dos seguintes mecanismos de flexibilização: Emission Trading
(artigo 17 – protocolo) , Joint Implementation (artigo 6o – protocolo) e
mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL artigo 12 – protocolo).
 Emission Trading - Comércio de emissões é um mecanismo baseado no
mercado.
Menor custo de redução.
Essas trocas são autorizadas apenas entre países industrializados (anexo I).

Joint Implementation - implementação conjunta é outro mecanismo por meio


do qual um país pode implementar um projeto que leve a reduções de emissões
em outro país, contabilizando-as em sua quota, desde que arque com os custos
do projeto.
Um exemplo: México e a Noruega, troca de lâmpadas incandescentes por
outras mais eficientes (no México), o que levou a reduções de emissões
contabilizadas na quota da Noruega.
Mecanismo aos países industrializados e à troca realizada entre governos
(anexo I).
 Mecanismo de desenvolvimento limpo / MDL - é o terceiro mecanismo
criado pelo Protocolo de Quioto. O MDL é um dos instrumentos de
flexibilização estabelecidos pelo Protocolo de Quioto com o objetivo de
facilitar o atingimento das metas de redução de emissão de gases de efeito
estufa definidas para os países que o ratificaram. Em síntese, a proposta do
MDL (descrita no Artigo 12 do Protocolo) consiste em que cada tonelada de
CO2 equivalente (tCO2e) que deixar de ser emitida ou for retirada da
atmosfera por um país em desenvolvimento poderá ser negociada no
mercado mundial, criando novo atrativo para a redução das emissões globais
(entre Partes do Anexo I e não-Anexo I).

Mercado de carbono
Trâmite, institucionalidade e ciclo de projetos / etapas

 Elaboração de documento de concepção de projeto (DCP), usando


metodologia de linha de base e plano de monitoramento aprovados;

 Validação;

 Aprovação pela Autoridade Nacional Designada – AND;

 Submissão ao Conselho Executivo para registro;

 Monitoramento;

 Verificação/certificação;

 Emissão de unidades segundo o acordo de projeto.


Elaboração do DCP – Documento de Concepção do Projeto

Responsabilidade dos participantes do projeto

Descrição:
- das atividades de projeto;
- dos participantes da atividade de projeto;
- da metodologia da linha de base;
- das metodologias para cálculo da redução de emissões de gases de efeito estufa
e para o estabelecimento dos limites da atividade de projeto e das fugas;
- do plano de monitoramento.

Outras informações:
- a definição do período de obtenção de créditos,
- a justificativa para adicionalidade da atividade de projeto,
- o relatório de impactos ambientais,
- os comentários dos atores e informações quanto à utilização de fontes adicionais
de financiamento.
Validação

Processo de avaliação independente da atividade do projeto no


tocante aos requisitos do MDL, com base no DCP
verifica se o projeto está em conformidade com a regulamentação
do Protocolo de Quioto.
Aprovação pela AND

Processo pelo qual a AND das Partes envolvidas confirmam a participação


voluntária e a AND do país onde são implementadas as atividades de
projeto do MDL atesta que dita atividade contribui para o desenvolvimento
sustentável do país.

No caso do Brasil, os projetos são analisados pelos integrantes da


Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima - CIMGC, que
avaliam o relatório de validação e a contribuição da atividade de projeto
para o desenvolvimento sustentável do país.
Registro no Conselho Executivo

Nesta fase o Conselho Executivo aceita o projeto formalmente validado


como atividade de projeto do MDL.

Nesta etapa, dois aspectos fundamentais são analisados, são eles a


aplicabilidade da metodologia escolhida e a adicionalidade do projeto.
Monitoramento

Coleta e armazenamento dos dados necessários para calcular a redução


das emissões de gases de efeito estufa, de acordo com a metodologia de
linha de base estabelecida no DCP, que tenham ocorrido dentro dos limites
da atividade de projeto e dentro do período de obtenção de créditos.
Verificação / Certificação

(Verificação) Responsabilidade de uma Entidade Operacional Designada

(Certificação) Responsabilidade do Conselho Executivo do MDL

As reduções de emissões efetivamente ocorreram?


RCE’s – Reduções Certificadas de Emissões

Responsabilidade do Conselho Executivo do MDL

Ocorre quando o Conselho Executivo tem certeza de que todas as etapas de


reduções de
emissões de gases de efeito estufa decorrentes das atividades de projeto foram
cumpridas.

Assegura que as reduções de emissões são reais, mensuráveis e de longo


prazo.

As RCEs são emitidas pelo Conselho Executivo e creditadas aos participantes de


uma
atividade de projeto na proporção por eles definida e, dependendo do caso,
podendo ser
utilizadas como forma de cumprimento parcial das metas de redução de
emissão de gases
de efeito estufa.
Ciclo do projeto

Elaboração
do DCP

Certificação Validação
(UNFCCC) (EOD)

Custo total aprox.


U$ 50.000 a U$ 175.000

Verificação Aprovação
periódica
(AND)
(EOD)

Registro
(UNFCCC)
Situação Atual dos Projetos de MDL no Mundo

set/2009
Fonte:MCT
Situação Atual dos Projetos de MDL no Brasil

Status atual dos projetos na AND brasileira

Status atual das atividades de projeto brasileiras no Conselho Executivo do MDL

set/2009
Fonte:MCT
Situação Atual dos Projetos de MDL no Brasil

/ 2 – 0,5%

set/2009
Fonte:MCT
Mercado de Carbono

Outros iniciativas:

ETS - European Trading Scheme

CCX - Chicago Climate Exchange

Políticas nacionais, estaduais e municipais

tabela
Programa Mata Ciliar – PMC / Paraná

O Programa Mata Ciliar tem como coordenação a Secretaria de Estado de


Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná – SEMA, sendo executado
em parceria com a SEAB / Emater.

Teve início no ano 2003 e tem como objetivo desenvolver ações que
promovem a recuperação ambiental do Estado do Paraná com prioridade
para a recuperação das áreas de mata ciliar.

O PMC tem produzido mudas de mais de 70 espécies florestais nativas do


Paraná, por meio de uma rede de 350 viveiros modulares (20 IAP e
parcerias).

Atualmente a produção alcança patamar de 15 milhões de mudas ao ano,


tendo sido plantadas mais de 90 milhões de mudas florestais nativas em todo
o Estado do Paraná.
Programa Mata Ciliar
Programa Mata Ciliar

Os viveiros para administração do programa são separados por regiões


administrativas e as espécies que cada viveiro pode produzir também são
definidas de acordo com a sua região.

Mapa das regiões administrativas da SEMA - IAP


Programa Mata Ciliar

Mapa das Regiões Bioclimáticas do Estado Paraná


Programa Mata Ciliar

Visando a manutenção da variabilidade genética das diferentes regiões do Estado o


PMC regionalizou a coleta de sementes em 7 regiões distintas do Estado,
denominadas ecozonas. Dentro de cada ecozona são estabelecidos 4 pontos de
coleta diferentes, onde são selecionadas no mínimo 12 árvores distantes 70 metros
entre si para coletar as sementes de uma determinada espécie.
Programa Mata Ciliar

São coletadas anualmente 20 ton. de sementes nativas.

O PMC recomenda o plantio de no mínimo 10 espécies, sendo 40%


pioneiras, 50% secundárias e 10% clímax.

Para quem busca as mudas nos viveiros do IAP o custo é de R$ 0,10 por
unidade e para aqueles proprietários que por ventura tenham recebido
autuação ambiental o custo é de R$ 0,20.
Aquisição feita nos viveiros do IAP de quantidades inferiores a 50 mudas
não tem ônus.
Estimativa dos estoques de biomassa e de carbono de
espécies nativas plantadas pelo Programa Mata Ciliar

- Amostragem em campo - aleatória nas áreas de abrangência de 8


Escritórios Regionais do IAP.
Esses Escritórios foram os das regiões de Francisco Beltrão, Campo
Mourão, Guarapuava, Irati, Londrina, Pitanga, Paranavaí e Umuarama.
Para cada região foram sorteados municípios e em cada um desses,
foram sorteados beneficiários que receberam mudas do Programa.

-Dentro das propriedades foram localizados os plantios das mudas de


espécies nativas destinadas pelo Programa, onde foi instalada parcela
para coleta de dados conforme ficha de campo.

- Amostradas 247 áreas.


Estimativa dos estoques de biomassa e de carbono de
espécies nativas plantadas pelo Programa Mata Ciliar
Estimativa dos estoques de biomassa e de carbono de
espécies nativas plantadas pelo Programa Mata Ciliar

Volume = área basal * altura * fator de forma (0,5)

Biomassa acima do solo (em t/ha) = V * D * FexpBrown (1997):


V: volume por hectare (m3)
D: Densidade baseada na massa seca (t/m3 ou gramas/ cm3)
Fexp: fator de expansão de biomassa, sendo adotado o valor de 1,74.

OBS: dados de densidade foram coletados em literatura.

Com a biomassa por indivíduo, pode-se chegar ao valor de


incremento de carbono em toneladas.
Estimativa dos estoques de biomassa e de carbono de
espécies nativas plantadas pelo Programa Mata Ciliar

O resultado obtido para sobrevivência foi de 58,4% (221.399 mudas


consideradas).
OBS: nenhuma planta oriunda da regeneração natural foi mensurada
neste trabalho.

Para o cálculo do valor médio de carbono acumulado por indivíduo foram


consideradas as 81 espécies nativas utilizadas no PMC e o percentual de
participação de cada uma delas nos plantios.
O valor médio obtido foi de 0,0044 t CO2eq/ind.ano.

Estima-se que para o total de 99 milhões de mudas produzidas temos


efetivamente em campo 57.816.000 milhões de mudas (58,4% de
sobrevivência).

Carbono seqüestrado anualmente - 254.390 t CO2eq.


Parceria SCBD e Estado do Paraná

Parceria com a SECRETARIA DA CONVENÇÃO DE DIVERSIDADE BIOLÓGICA


da ONU no evento COP 9 – Bonn, Alemanha
O PMC compensa emissões da SCBD de 2008 até 2010, estimadas em 10.100
toneladas de CO2, através do plantio de 100 hectares de árvores nativas, por um
período de 30 anos.
AGREEMENT BETWEEN
THE SECRETARIAT OF THE CONVENTION ON
BIOLOGICAL DIVERSITY

AND

THE PARANÁ STATE GOVERNMENT

CARBON EMISSION NEUTRALIZATION PROJECT


Those negotiations culminated in the sign, during COP 9 in
Bonn, Germany, in 2008 of the agreement between the Paraná
State Government and SCBD.
The Paraná compromised to present the initial
results until October 2008:

• Geographical coordinates;
• Description of procedures and species used;
• Images of the activities and the areas;
• Copy of the contractual arrangement with the landowner
Novas Perspectivas

Atualmente existe uma negociações para o mercado voluntário de CO2 .

Estado do Paraná / SCBD / TNC / Unicentro.

O agricultor irá receber pelos serviços ambientais.

Importância do projeto para os agricultores (aprox. 130.000 produtores).

Área mínima para ingressar


120 ha sem lucro de projeto – Carbono US$ 5

Tabela
“ Políticas públicas, principalmente ambientais, têm mais resultados
quando são baseadas na colaboração entre as partes, e não imposição
de regras.” Elionor Ostrom (Premio Nobel de economia 2009)

Muito Obrigada!

Rosana Maria Renner


rosana@rbgconhecimento.com.br
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