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EDUCAÇÃO E ÉTICA

DA AMBIVALÊNCIA
DA FLUTUAÇÃO E
DA FIXAÇÃO À
APORIA DO AMOR

P. Marcos
Sandrini
P. Alegre,
26/10/2007
CRISE ÉTICA?

1. Retornar ... Para onde?


2. Reforçar ... O que?
3. Refundar ... Como?
4. Deixar tudo...
DOIS PROJETOS ÉTICOS:
* Fixação
*Flutuação
Por um lado...

A MODERNIDADE:

A ciência técnica moderna e


seus postulados.
O mundo é uma seqüência de
causas e efeitos que, uma vez
descobertas, o colocam nas
mãos da pessoa humana.
O objetivo da
ciência é dominar a
natureza, não para
transformá-la mas
para obedecer-lhe.
Tudo é regido por
leis: a natureza e
sociedade.
O mundo é uma
máquina, um
relógio.

A natureza
existe para ser
dominada e
posta a serviço
da PH.
A VISÃO CIENTÍFICA DA
HUMANIDADE É ESPADA DE
DOIS GUMES:

- por um lado, o
progresso científico e
tecnológico
extraordinário;

- por outro lado, o


desencantamento do
mundo e a crise
ecológica e social.
Por outro
lado...

A PÓS-MODERNIDADE:
NOVO PARADIGMA DA CIÊNCIA

Tudo é complexo. Tudo age em rede. As


verdades científicas perdem seu valor
dogmático. A natureza aceita explicações –
mítica, artística, funcional. Sistema é um
conjunto de elementos em relação.
O universo é um grande tecido (complexus =
tecer juntos) que parece ter saído das mãos de
um grande artista, tão sábio que conseguiu
entrelaçar ordem e caos, beleza e feiura,
harmonia e desafios, bem e mal. Sabedoria e
demência, relativo e absoluto, verdade e erro,
certo e incerto. Cada solução faz despontar
novas inquietações e incertezas, perguntas e
problemas, e assim progride a humanidade.
Edgar Morin
Por um lado...
MODERNIDADE:
A história como civilização e
progresso linear
O mundo é uma
caminhada
progressiva rumo a
uma civilização:
Não há histórias, mas
uma única e mesma
história.
O estado de
desenvolvimento
passa a ser o
critério de
qualificação.

No contínuo do
progresso tudo tem
que poder ser
comparado entre si.

Diferenças
interculturais e
outras podem ser
consideradas como
diferenças de fases.
Por outro lado...
PÓS-MODERNIDADE:
A experiência do novo como
fim da história.

Temos muitas histórias, não


mais únicas e lineares, mas
plurais e complexas.
Temos um pluralismo sem
centro.
Fim da história como progresso.
A história do progresso é contada pelos
vitoriosos. Os derrotados são condenados.
Eles também têm uma visão.
Por um lado...

Modernidade:
A secularização
O ocidente Moderno tem
produzido um número
crescente de indivíduos
que encaram o mundo e
suas próprias vidas sem
o recurso a
interpretações
religiosas.
Para muitos isto
significa:

- A retração da religião ao
âmbito individual, à
consciência das pessoas.
Mundo é mundo. Religião é
Religião.

- A eliminação completa da
religião.
POR OUTRO LADO...
Pós-modernidade:
O niilismo como última chance da
religião
O niilismo diz que não existe
fundamento para dizer que a
religião existe, que Deus existe. O
contrário também é verdadeiro. É
muita pretensão metafísica
querer afirmar apenas com a
racionalidade, que Deus não
existe e, ao mesmo tempo, proibir
que esta mesma racionalidade
possa dizer que ele existe.
Na realidade não foi Deus quem morreu. Foi o
pensamento forte, a metafísica, as essências
determinadas de uma vez por todas.
Por um lado...

MODERNIDADE:
O código ético forte

Se há um pensamento forte,
deve haver um código
ético forte. Há um código
ético forte fundado na
“natureza humana”.
Os filósofos definiram a universalidade como
aquele traço das prescrições éticas que
compelia toda CRIATURA HUMANA, só pelo
fato de ser criatura humana, a reconhecê-lo
como direito e aceitá-lo em conseqüência
como obrigatório.

Zygmunt Bauman
A razão é a única
faculdade relevante para
avaliação moral da ação
que decide
antecipadamente as
questões de moralidade
como governadas por
regras, e as regras como
heterônomas.
Em toda a era moderna, o esforço
dos filósofos morais visou reduzir
o pluralismo e eliminar
a ambivalência moral.
Se as normas morais
pregadas e/ou
praticadas aqui e agora
devem ter essa
autoridade, é preciso
mostrar que outras
normas são não só
diferentes, mas também
erradas e más: que sua
aceitação decorre de
ignorância e
imaturidade, se não de
má vontade.
TODA MORAL
TEM ...

 Um propósito

 Uma
reciprocidade.

 Um contrato.
O GRANDE PROBLEMA É:

Quem é que determina serem estas e


não outras as normas morais
fundamentadas e universais?

Num mundo em que grande parte da


população está em condições de
miserabilidade, analfabeta,
subnutrida, refugiada, violentada por
guerras colonialistas, quem é o eu?
Os letrados do centro,
os acadêmicos da burocracia,
os economistas do FMI e do
Banco Mundial,
os clérigos aburguesados?

Quem é o eu?
Quem não é o eu?
Por outro
lado...
Pós-
modernidade:
A NOVA
MORAL da pós-
A consciência
modernidade é que
uma moralidade
universal e
“objetivamente
fundada”, constitui
impossibilidade
prática.
A moral pós-moderna busca
não o que é mais fácil, mas
o que é mais moral.

A moral é aporética pois


convive com a incerteza,
com a antinomia, com os
dilemas.
A moral não pode ser guiada
pela ontologia.

O “antes” da moralidade é
instituído não pela ausência
da ontologia, mas por seu
rebaixamento e
destronação.

A moralidade é uma
transcendência do ser.
O “eu forte” cede
lugar para o “eu
plural” que transfere
suas posições em
opções flexíveis para
o qual a esperança da
unidade e de
totalidade parece
inteiramente ilusória.
.
.
O que se critica m
fortemente na razão
moderna é a sua
pretensão da adequação
do pensamento com a
coisa. A razão existe e
continuará existindo,
não porém em sua visão
unidimensional e
omniabrangente.

.ma

.m .m
O que faz mal não é a razão, mas a sua
concepção e o seu peso avassalador.
Esta Ética não abole os códigos éticos. Ela
afirma que existem código éticos, todos
eles aporéticos.

Aporia significa um estado envolvido em


contradição, sem solução.
Cairíamos
num
relativismo
ético?
A aporia da moralidade vem
afirmar justamente que as
escolhas morais são de fato
escolhas. A moral da
modernidade não permite
escolha. Como ela é fruto de
princípios ontológicos
determinados pela metafísica,
ela não permite escolha uma
vez que o ser moral está na
ontologia do ser.
Viver é correr risco.
O conhecimento se encontra em um dilema:
o conhecimento controlador é seguro, mas só é
significativo de forma última;
o conhecimento receptivo pode ser significativo de
forma última, mas não oferece certeza.
A moralidade é
aporética porque
convive com a
incerteza, com a
antinomia, com
dilemas. Ela
caminha entre
flutuação e a
fixação.
“A alteridade, o Outro, o
Nada, a Liberdade, a
Criação e a Novidade se
opõem à Totalidade, à
Necessidade, ao Eterno
Retorno e ao Imóvel.”
Dussel
O outro me interpela
com seu rosto, isto
é, sem
intermediação, a
abrir-me para o
novo. O novo vem
do outro.

O rosto é:
a mulher, o jovem,
a criança, o indígena,
o negro, o analfabeto
o portador de
necessidades
especiais,
os homossexuais, os
idosos,
as nações da periferia
do mundo...
ÉTICA E
EDUCAÇÃO
O paradigma científico
linear colocou o mundo nas
mãos da pessoa humana
que é, ao mesmo tempo,
santa e pecadora, inocente
e má, sapiens e demens.
Elas usaram deste mundo
sem parcimônia gerando
uma cultura de narcisismo,
do consumismo e do
desperdício.

É possível reverter esta


situação?
Na modernidade, cada
avanço científico
representa um
retrocesso religioso.

Hoje, na ciência
complexa, cada
avanço científico
representa um
avanço religioso.
Educar na esperança a
partir de seis princípios:

- Vital
- Inconcebível
- Improvável
- Toupeira
- Salvação
- Antropológi
co
s novas gerações estão crescendo co
onsciência de que o mundo está doe

• Desequilíbrio
ecológico

• Injustiças
sociais
Todas as religiões
são fascinantes,
mas também
tremendas.

Tudo o que é sadio


pode ficar doente.
DIFERENTES,
SIM!

Desiguais, não!

Não à ideologia
do dom.
QUEM SÃO OS
OUTROS?
- A mulher;
O idoso;
O homossexual;
As classes
populares;
O excluído
racialmente;
O estranho;
O estrangeiro;
O enfermo...
Ética e Moral :
do discurso ao
Consenso
• A Ética tem a ver com
os fins fundamentais, com
os valores imprescindíveis,
com princípios fundadores de ações.

• A Moral tem a ver com os


costumes, o conjunto de valores
e de hábitos consagrados pela
tradição.
No meio da diversidade
de morais é preciso
um consenso mínimo
sobre estes valores
éticos válidos para
todos os humanos que
possam debelar a
crise ecológica e a
crise social.

É preciso uma ética de


consenso que dê lugar
às diversas morais.
A paz somente virá se a humanidade
concordar em viver em paz. Ela será
fruto do estabelecimento de um
consenso discutido, conversado e
negociado entre as pessoas.

Marcelo Guimarães.
Consenso não é concessão.
A ética é muito exigente,
pois se alicerça no
despojamento de toda
vontade de potência.

É preciso optar entre o


narcisismo destruidor
e a solidariedade holística
e ecológica.
Reencantamento Pedagógico

O reencantamento da educação
requer a união entre
sensibilidade social e
eficiência pedagógica.
O compromisso ético-político
do educador deve manifestar-
se primordialmente na
excelência pedagógica e na
colaboração para um clima
esperançoso no próprio
contexto escolar.
Solo le pido a Dios
Leon Gieco Raul Elwanger
Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria

Eu só peço a Deus
Que a mentira não seja indiferente
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucado brutalmente

Eu só peço a Deus
Que a Guerra não me seja indiferente
É um monstro grande e pisa forte
Toda a pobre inocência desta gente.
Eu só peço a Deus
Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja
que a mentira não me seja indiferente
Se um só traidor tem mais poder que um indiferente
povo Sem ter que fugir desenganado
Que este povo não esqueça facilmente
Para viver uma cultura
diferente

Solo le pido a Dios


Que la Guerra no me sea
Indiferente
FIM!

“Afirmamos com convicção que é possível um


diálogo frutífero entre a religiosidade e a pós-
modernidade com a participação da educação
desde que se construa conscientemente um
caminho de defesa de toda a vida, sobretudo
da mais frágil e indefesa.”

P. Marcos Sandrini

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