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Celeste Duque

2003-2004
Índice

1. Papel dos Pais


2. Competências do Recém-Nascido
a) Visão
b) Audição
c) Tacto
d) Paladar
e) Olfacto

27 de Abr de 2008 4º CLE 2


27 de Abr de 2008 4º CLE 3
Papel dos Pais

Ser pai/mãe é ser agente de


continuidade entre as gerações mas
é também ser simultaneamente
capaz de assegurar a
descontinuidade, os limites e a
diferença entre essas mesmas
gerações.

27 de Abr de 2008 4º CLE 4


Papel dos Pais
[cont.]

Ter filhos é transmitir heranças


diversas, desde a genética, às dos
costumes, valores e significados mas
é igualmente, num contexto de
intimidade, aceitar a diferença da
individualidade.

27 de Abr de 2008 4º CLE 5


27 de Abr de 2008 4º CLE 6
Competências RN
No decurso das últimas décadas do
séc. XX assistiu-se a uma considerável
mudança no modo de encarar o
Recém Nascido (RN).

27 de Abr de 2008 4º CLE 7


Competências RN
[cont.]

Ser completamente vulnerável às


condições do meio, imaturo e
indefeso em todos os domínios.

O bebé com competências


comportamentais que lhe
possibilitam uma intervenção
activa no seu meio ambiente, logo
27 de Abr de 2008 4º CLE 8
a partir do nascimento, senão
Competências RN
[cont.]

Os resultados de numerosas pesquisas


conduzidas sobretudo a partir da
década de 70, evidenciaram uma
concepção do Recém Nascido que se
distanciava do conceito anteriormente
proposto:
“O pobre Bebé RN, como um
marinheiro naufragado, rejeitado
pelas vagas, repousa nu sobre a
praia” (Gesell, 1950)
27 de Abr de 2008 4º CLE 9
Competências RN
[cont.]

As investigações mais recentes


demonstraram, inequivocamente que
o RN é capaz de:
Fixar e seguir estímulos visuais e
auditivos, animados e inanimados;
Discriminar estímulos diferentes;

27 de Abr de 2008 4º CLE 10


Competências RN
[cont.]

Utilizar recursos do meio e os seus


próprios mecanismos para se
organizar face ao stress;
Controlar as suas respostas
motoras e vegetativas;
Isolar-se de estímulos
perturbadores;
Iniciar e terminar a interacção com
a mãe.
27 de Abr de 2008 4º CLE 11
Competências RN
[cont.]

Sendo um ser essencialmente social, o


RN é não só capaz de se ajustar às
condições do meio e interagir com as
pessoas, como também consegue
desencadear comportamentos sociais,
influenciado a relação que os outros
estabelecem consigo Mãe – papel
mediador entre filho e o mundo
27 de Abr de 2008 4º CLE 12
Competências RN
[cont.]

Individualidade – embora todos os


RN possuam um repertório
comportamental amplo e complexo,
cada um deles contribui para a
interacção com os adultos próximos de
acordo com um estilo próprio.

27 de Abr de 2008 4º CLE 13


Competências RN
[cont.]

No contexto da avaliação comportamental


do RN, Brazelton construiu um instrumento
capaz de fornecer informações relevantes
sobre o modo de funcionamento do RN
Escala de Avaliação do Comportamento
Neonatal (Neonatal Behaviour Assessment Scale
ou NBAS, 1973 – 1ª edição, 1984 – 2ª edição).
O principal objectivo da NBAS consiste em
documentar o modo particular de interacção
de cada RN.
27 de Abr de 2008 4º CLE 14
Competências RN
[cont.]

A escala é aplicada por um período de


30 minutos, durante o qual o
examinador recorrendo a uma série de
procedimentos standard, tenta
desencadear no RN as melhores
respostas que ele é capaz, à medida
que o conduz de estádios de sono ou
choro a estádios calmos vigília, de
alerta.
27 de Abr de 2008 4º CLE 15
Competências RN [cont.]

Estado Características do Estado

Estado Actividade Movimentos Movimentos Padrão Nível de resposta


s de corporal oculares faciais respiratóri
Sono o
Sono Quase quieto, Nenhuns Ausência de Superficial Limiar elevado a
profun excepto movimentos e regular estímulos; somente
do estremecimen faciais, excepto estímulos intensos e
to ou movimento perturbadores
sobressalto ocasional de acordam a criança
ocasional sucção em
intervalos
regulares
Sono Alguns Movimento Pode sorrir e Irregular Mais reactivo a
superfi movimentos rápido dos emitir alguns estímulos internos e
cial corporais olhos (REM); sons do choro. externos. Quando
estremecimen estes ocorrem, a
to dos olhos criança pode
sob as permanecer em sono
pálpebras superficial, voltar ao
fechadas sono profundo, ou
ficar sonolenta.
27 de Abr de 2008 4º CLE 16
Competências RN [cont.]

Estado Características do Estado

Estados Actividade Movimentos Movimentos Padrão Nível de resposta


de corporal oculares faciais respirató
vigília rio
Sonolên Grau de Os olhos Podem Irregular A criança responde a
cia actividade podem abrir apresentar estímulos sensoriais
variável; com e fechar de movimentos embora as respostas
pequeno vez em faciais; sejam lentas. Com
estremecimento quando; as muitas vezes frequência, após o
de tempos a pálpebras ausência de estímulo, verifica-se
tempos. Os pesadas movimentos. mudança de estado.
movimentos são fecham com
Alertta Mínima
normalmente Olhos
facilidade. Face com Regular Criança atenta ao
suaves. abertos aspecto ambiente
brilhantes radioso. concentrando-se em
qualquer estímulo
presente. Estado
óptimo de vigília.
27 de Abr de 2008 4º CLE 17
Competências RN [cont.]

Estado Características do Estado

Estados Actividade Movimentos Movimentos Padrão Nível de resposta


de corporal oculares faciais respirató
vigília rio
Alerta Actividade Olhos Movimento Irregular Aumento de
activo corporal intensa; abertos, facial intenso; sensibilidade a
podem ocorrer com menos face com estímulos
períodos de brilho. aspecto perturbadores (e.g.,
agitação. menos fome, fadiga, barulho,
radioso. manipulação
excessiva).

Choro Aumento da Os olhos “Caretas” Mais Resposta extrema a


actividade motora, podem regular estímulos internos ou
com alterações da estar desagradáveis.
coloração da pele. abertos ou
cerrados.

27 de Abr de 2008 4º CLE 18


Competências RN
[cont.]

A criança apresenta desde o


nascimento um conjunto de
comportamentos sensoriais que
reflectem a sua prontidão para
interagir socialmente, utilizando
respostas comportamentais para
estabelecer os seus primeiros diálogos.

27 de Abr de 2008 4º CLE 19


Competências RN
[cont.]

Estas respostas aliadas ao “aspecto


típico” do RN com a sua pequenez e
aspecto indefeso, produzem
sentimentos de carinho, protecção e a
reaviva, nos adultos, a necessidade de
interagirem com a criança.

27 de Abr de 2008 4º CLE 20


27 de Abr de 2008 4º CLE 21
Competências RN
[cont.]

Logo após o nascimento, as pupilas do RN


reagem à luz e o reflexo de “pestanejar” é
facilmente observável.
Os RN têm capacidade para fixar
momentaneamente um objecto ou pessoa,
sendo a distância ideal de cerca de 17 a 20
cm – sensivelmente a distância, a que o RN,
se encontra do rosto da mãe quando está a
mamar ou a ser embalado.
O RN é sensível à luz, preferindo tons
suaves e avermelhados relativamente a
luzes fortes e brilhantes. Quando o quarto
está em semi-obscuridade,
27 de Abr de 2008 4º CLE
abrem muito os 22
Competências RN
[cont.]

O RN tem capacidade para seguir


objectos. Se lhe for apresentado um
objecto brilhante, mesmo com 15
minutos de vida, ele segue-o com os
olhos, podendo inclusive voltar a
cabeça. A explicação para este facto
prende-se com:
Os olhos do ser humano são brilhantes
e o RN sente-se atraído por eles.
27 de Abr de 2008 4º CLE 23
Competências RN
[cont.]

Com 2 semanas o RN é capaz de


distinguir padrões com riscas de 3mm;
Prefere objectos brancos e pretos,
relativamente a superfícies planas de
uma só cor, mesmo que esta seja forte
e alegre.
Prefere objectos complexos a formas
mais simples.

27 de Abr de 2008 4º CLE 24


Competências RN
[cont.]
Logo após o nascimento é capaz de
olhar fixamente e contemplar
intencionalmente os objectos.
Contempla o rosto dos pais e
responde a alterações da expressão
facial, o que permite que pais e
criança se contemplem
mutuamente, olhando-se nos olhos
importante e subtil padrão de
comunicação.
comunicação
O contacto ocular
27 de Abr de 2008 é fundamental na
4º CLE 25
27 de Abr de 2008 4º CLE 26
Competências RN
[cont.]

A acuidade auditiva do RN é
semelhante à do adulto, logo que o
ouvido fica liberto de LA.
A exposição de sons de alta frequência
(> 90 decibéis) induz na criança o
reflexo do sobressalto.
Quando exposto a sons de baixa
frequência, como o batimento cardíaco
ou uma canção de embalar, a resposta
do RN manifesta-se por diminuição da
27 de actividade
Abr de 2008 motora ou do choro.
4º CLE 27
Competências RN
[cont.]

A criança responde prontamente À voz da


mãe reconhecimento da vida intra-uterina.
Escuta selectiva dos sons e ritmos da voz
materna durante a vida intra-uterina
prepara o RN para reconhecer e
interagir imediatamente com a mãe
desde o primeiro momento de vida.
O feto está acostumado a escutar o ritmo
regular dos batimentos cardíacos da mãe –
perante um aparelho que simule o ritmo
cardíaco materno, a criança acalma e
27 de Abr de 2008 4º CLE 28
relaxa, cessando o choro e a agitação.
27 de Abr de 2008 4º CLE 29
Competências RN
[cont.]

O recém-nascido é sensível ao tacto


em todas as zonas do corpo.
Apesar disso, as zonas que
aparentemente são mais sensíveis
são:
A face;
A boca;
As mãos; e
As plantas dos pés.
27 de Abr de 2008 4º CLE 30
Competências RN
[cont.]

Podem observar-se alguns reflexos se


a criança for tocada de forma mais
forte
As respostas do recém-nascido ao
tacto, sugerem um sistema sensorial
bem preparado para
receber e
processar
mensagens tácteis.
27 de Abr de 2008 4º CLE 31
Competências RN
[cont.]

A mãe utiliza o tacto como


Primeiro comportamento da
relação, da vinculação
Toque nos dedos
Ligeiras palmadinhas na face
Massagens suaves nas costas.

27 de Abr de 2008 4º CLE 32


27 de Abr de 2008 4º CLE 33
Competências RN
[cont.]

O recém-nascido tem um sistema


gustativo bem desenvolvido
diferentes sabores desencadeiam
diferentes expressões faciais.
Uma solução insípida não
produz qualquer tipo de resposta
Uma solução saborosa
desencadeia movimentos de
sucção.

27 de Abr de 2008 4º CLE 34


Competências RN
[cont.]

O recém-nascido utiliza a boca para


satisfazer
As necessidades alimentares
As necessidades de alívio de tensão
Chucha no dedo, na chucha, nos
brinquedos, etc., para aliviar a
tensão

27 de Abr de 2008 4º CLE 35


Competências RN
[cont.]

Desenvolvimento precoce da
Sensibilidade peribucal
Actividade muscular e
Gosto
parecem fazer parte da preparação
para a sobrevivência em ambiente
extra-uterino.

27 de Abr de 2008 4º CLE 36


27 de Abr de 2008 4º CLE 37
Competências RN
[cont.]

O recém-nascido tem um sentido


olfactivo bem desenvolvido.
Reage de forma semelhante ao adulto
na presença de odores fortes ou
agradáveis.
As crianças amamentadas são
capazes de cheirar o leite materno e
distinguir a própria mãe
Os odores maternos influenciam o
27 deapego
Abr de 2008 e o aleitamento
4º CLE adequado. 38
27 de Abr de 2008 4º CLE 39
Competências RN
[cont.]

As crianças respondem ao
ambiente que as rodeias de
variadas formas.
Verificam-se variações
individuais no padrão de
reacção primária dos recém-
nascidos  Temperamento.

27 de Abr de 2008 4º CLE 40


Competências RN
[cont.]

Temperamento
A investigação indica que
As diferenças
comportamentais nas
crianças, nas primeiras
semanas de vida, não estão
relacionadas com
a personalidade dos pais ou
com
a forma como são cuidadas.
O estilo de temperamento
27 de Abr de 2008
característico
4º CLE
persiste na 41
Competências RN
[cont.]

Criança fácil
Com regularidade nas
funções orgânicas,
Que se adapta facilmente às
mudanças
Apresenta
um humor
predominantemente positivo
Um limiar sensitivo
moderado e
27 de Abr de 2008 Encara situações
4º CLE ou 42
Competências RN
[cont.]

Criança com alguma


dificuldade de
concentração
Apresenta
Um grau de actividade
baixo
Que se retraí quando exposta
a estímulos novos
Que tem algumas dificuldades
de adaptação,
27 de Abr de 2008 Com respostas
4º CLE de fraca 43
Competências RN
[cont.]

Criança difícil
Apresenta
Irregularidade nas funções
orgânicas,
Reacções intensas,
Humor, geralmente,
negativo,
Resistência à mudança ou a
novos estímulos,
27 de Abr de 2008 E que chora,
4º CLE frequentemente, 44
27 de Abr de 2008 4º CLE 45
Competências RN
[cont.]

Habituação
É um mecanismo de protecção
(defesa) que permite à criança
acostumar-se/adaptar-se,
gradualmente, aos estímulos do
ambiente.

27 de Abr de 2008 4º CLE 46


Competências RN
[cont.]

É um fenómeno psicológico e
fisiológico que condiciona uma
diminuição nas respostas a
estímulos constantes ou
repetitivos.

27 de Abr de 2008 4º CLE 47


Competências RN
[cont.]

A habituação permite ao recém-


nascido seleccionar estímulos
que
favoreçam a sua aprendizagem
sobre o mundo social,
evitando sobrecarga.

27 de Abr de 2008 4º CLE 48


Competências RN
[cont.]

As experiências intra-uterinas
parecem programar o recém-
nascido para responder
especialmente a
vozes,
luzes suaves,
sons baixos e suaves e
sabores doces.
27 de Abr de 2008 4º CLE 49
27 de Abr de 2008 4º CLE 50
Competências RN
[cont.]

Consolo
Os recém-nascidos apresentam
diferenças na capacidade de se
auto-consolarem.

27 de Abr de 2008 4º CLE 51


Competências RN
[cont.]

Nos estados de choro as formas


de reduzir a ansiedade incluem
Movimentos mão/boca,
acompanhados, ou não, de
sucção
Prestar atenção a vozes, ruídos
ou estímulos visuais.

27 de Abr de 2008 4º CLE 52


27 de Abr de 2008 4º CLE 53
Competências RN
[cont.]

Irritabilidade
Alguns recém-nascidos choram
durante muito mais tempo e
com maior intensidade que
outros.

27 de Abr de 2008 4º CLE 54


Competências RN
[cont.]

Para alguns o limiar de


sensibilidade é mais baixo.
Ficam facilmente
incomodados com
ruídos pouco usuais,
fome,
sentirem-se molhados ou
perante experiências novas
e
respondem
27 de Abr de 2008 de uma forma
4º CLE 55
Competências RN
[cont.]

Outros com um limiar


sensorial mais elevado.
Requerem
Mais estimulação,
Maior variedade
Para atingirem um estado
alerta activo.

27 de Abr de 2008 4º CLE 56


27 de Abr de 2008 4º CLE 57
Competências RN
[cont.]

Choro
É uma forma de comunicação
podendo constituir-se como um
sinal de
fome,
dor,
necessidade de atenção,
desconforto, ou
agitação. 4º CLE
27 de Abr de 2008 58
Competências RN
[cont.]

O choro de fome é normalmente


mais alto e prolongado, só
terminando quando é
alimentado.
O choro de dor é mais firme e
penetrante.
O choro agitado pode ser menos
firme e variar em intensidade.
27 de Abr de 2008 4º CLE 59
27 de Abr de 2008 4º CLE 60
Intervenção [cont.]

É fundamental reverter as
crenças de ineficácia que
algumas mães apresentam
relativamente aos seus
bebés.

A mãe que não reconhece o seu
filho como um ser apto a
interagir com ela, adoptará um
comportamento4º de
27 de Abr de 2008 CLE
não 61
Intervenção [cont.]

Uma mãe que não estimula o


filho a interagir adopta um
comportamento caracterizado
por:
Não procurar o contacto visual
com o bebé;
Não falar com ele numa posição
de face a face;
O que origina um ciclo vicioso
de ausência
27 de Abr de 2008
de
4º CLE 62
comunicação.
Intervenção [cont.]

Quando não é estimulado, tem


poucas oportunidades para
demonstrar as suas capacidades
o que contribui para reforçar a
crença de incompetência que a
mãe tem em relação ao bebé.

27 de Abr de 2008 4º CLE 63


Intervenção [cont.]

Deve-se, então, considerar que a


estadia na maternidade é uma
oportunidade privilegiada de
intervenção para:
Esclarecer as mães
relativamente às competências
do RN
Em que se podem ensinar as
mães a como cuidar do seu RN –
facultando-lhes
27 de Abr de 2008
o acesso à
4º CLE 64
informação está-se igualmente a
Intervenção [cont.]

O período pós-natal imediato, é


um momento muito importante
na formação e evolução do
sistema familiar.
Tanto os bebés, quanto os pais,
estão particularmente receptivos
às
Trocas mútuas
A explorar novas
27 de Abr de 2008 4º CLE
vias de 65
interacção.

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