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MESTRADO EM EDUCAÇÃO MULTIMÉDIA

Educação Multimédia II

Ano lectivo de 2005-2006


2º Semestre
DCP 2006
Capítulo 3
O Espírito

DCP 2006
Objectivo: Estabelecer as Bases teóricas da Psicologia que tornam a
Ciência Possível

• No Comportamentalismo – ainda presente na educação

Aprendizagem apenas podia fazer-se por teorização sobre os aspectos


observados (estímulos vs respostas) – comportamentos abertos

• Com o Cognitivismo

O processo de funcionamento da mente do aprendiz passou a ser


acessível à modelização.
E a ser possível estudar as condições de optimização desse
funcionamento.

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O Cognitivismo menosprezou aspectos controladores da cognição como:
afecção, vontade e o controlo – metacognição

Actualmente a Psicologia trata separadamente o Afecto e recupera o


estudo do comportamento.

Desenvolvimento dos aspectos afectivo (inteligência emocional e


motivação) e conativo (volitivo) que acompanham a cognição.

• Domínio Cognitivo - O quê ?


• Domínio Afectivo - Como ?
• Domínio Conativo - Porquê ?

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3.1 A Cognição:
• A modelização do Aprendiz
• Estilo / estratégia Cognitivo
• O Desenvolvimento Cognitivo

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3.1.1 A Modelização do Aprendiz

Psicologia Cognitiva
Modelização do que se passa na cabeça do aprendiz

• Cognitivismo Positivista

Aprendizagem – como a modificação da estrutura cognitiva constituída


pelas representações mentais decorrentes do processamento
• Um processo em vez de um produto (comportamentalismo)
• Estudante como um mediador activo da aprendizagem e não um
respondedor a estímulos.

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Base Epistemológica é igual – O Positivismo

“O mundo está correcta e completamente estruturado em termos de entidades,


propriedades e relações”.

O Conhecimento é orientado pela instrução, que deve focar essas


entidades, propriedades e relações.

Afinidades Gnoseológicas

• Associacionismo
Associação estímulo-resposta – Comportamentalismo
Associação entre as representações – Cognitivismo Positivista
• Isomorfismo
O que aprendemos é uma réplica do mundo independente e bem
estruturado
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• Mecanicismo

Toda a mudança provém do exterior


• Equipotencialidade

Permite aplicar as leis da aprendizagem a todos os ambientes,


espécies e indivíduos.

Comportamentalismo Cognitivismo Positivista

Aprendizagem Produto Processo

Resultado da Comportamento terminal Estrutura cognitiva


Aprendizagem esperado implementada

Processa activamente a
Aprendiz Responde a estímulos
informação

Associacionismo entre os
Associacionismo entre vários elementos das várias
Estratégias
estímulos e respostas componentes
das memórias

Fig. 3.2 - Contraste entre o Comportamentalismo


DCP 2006 e o Cognitivismo positivista
Versões mais recentes do Cognitivismo Positivista adoptam para o
funcionamento da mente a metáfora do Computador:

A informação é prcessada algoritmicamente e armazenada para posterior utilização. A


mente funciona como programa de computador para tratar a informação e como
armazém para os símbolos (cogitivismo simbólico) ou os estados neuronais
(cognitivismo neuronal) sendo que ambos representam a realidade exterior

Ex.: Modelo de Processamento da Informação de Tennyson (1990):


• Recepção: os receptores sensoriais captam a informação externa
• Percepção: a informação proveniente de fontes externas é combinada com
a proveniente de fontes internas, avaliada e seleccionada.
• Memória (Memória a Curto Prazo - STM, De Trabalho - WM e Memória a
Longo Prazo - LTM)
• STM, mantém a informação acessível, por escassos segundos, à
codificação e processamentoDCP
consciente,
2006 que a WM faz da informação
para a memória a longo prazo (LTM);
Cognitivismo Construtivista

Aprendizagem – mantém-se como a modificação da estrutura cognitiva só que já


não constituída pelas representações mentais decorrentes do processamento mas
sim por esquemas (ou outras designações equivalentes, frames, scripts,…) que
resultam não do processamento algorítmico da informação mas de saltos
heurísticos realizados no processamento (acomodação) desta, que se traduzem num
upgrade (assimilação) e na reestruturação (equilibração) dos mesmos esquemas
que constituem a estrutura cognitiva e os dispositivos com que a mente actua sobre
o meio exterior (comunicação) e sobre si própria (reflexividade).

É um processo heurístico em vez de um processo algorítmico (cognitivismo


positivista) ou de um produto (comportamentalismo). O processamento nos
modelos construtivistas é mais controlado pela mente do que pelos dados como era
o caso do cognitivismo positivista tendo consequentemente maior importância os
aspectos inatos.

Estudante não só como um mediador activo (cognitivismo positivista) mas como


um construtor da aprendizagem e muito menos um respondedor a estímulos
(comportamentalismo). DCP 2006
• “Universo como uma rede dinâmica de eventos
interrelacionados em que nenhuma das partes é
fundamental”.
• Compete ao cientista a sua estruturação resultando
na conceptualização.

• Implicações:
– Psicológicas
– Epistemológicas;
– Sociais.

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Construtivismo Psicológico
Aprendizagem consiste sempre numa adaptação da estrutura cognitiva
à realidade e não numa representação.
• Construtivismo Moderado – percepção e estruturação da
mencionada rede.
• Construtivismo Radical – aprendizagem como uma adaptação sem
qualquer tipo de semelhança ou isomorfismo com a realidade.

Cognitivismo Construtivista de Piaget


• As estruturas cognitivas (esquemas) não têm a veleidade de
representar o mundo exterior mas de modelar a adaptação do aprendiz
ao mundo.
Assimilação / Acomodação / Equilibração

• O conhecimento é uma construção perpétua e depende dos esquemas


possuídos pelo aprendiz DCP 2006
Outros construtivismos :
• Focado no pólo do Aprendiz – Construtivismo de Piaget

Esquemas possuídos pelo aprendiz são condicionantes das


aprendizagens.
Aprendizagem como uma adaptação da estrutura cognitiva à
realidade.

• Focado no pólo dos Conteúdos – Construtivismos Psico-Científicos ou


Conteúdais (apropriação):
• Construtivismo Gradual de Bruner – curriculum em espiral
• Construtivismo Brusco de Bachelard – obstáculo epistemológico
• Construtivismo Gradual de Giordan – de concepções alternativas a
científicas

• Focado no pólo da Sociedade – Construtivismo de Vygotsky - ZDP

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3.1.2 Estilo / Estratégia Cognitiva do Aprendiz
Como é que o sujeito usa o que aprende? Que estratégias utiliza?

Jung (1976) - Tipos psicológicos


Os indivíduos percebem e processam a informação de formas muito
distintas:
• Estilo de percepção:
• concreto – adquire a informação fazendo.
• abstracto – análise, observação, pensamento
• Processamento de Informação
• Processadores activos (significado pelo uso imediato)
• Processadores reflexivos (significado pela reflexão)

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3.1.3 Desenvolvimento Cognitivo

Teoria desenvolvimental de Piaget durante muito tempo como a única


teoria associada ao desenvolvimento cognitivo.
• Desenvolvimento descrito por fases sequencias caracterizadas pela
existência e operacionalização dos esquemas.
• Capacidade de conceptualização científica associada à – Fase Formal.

Neo-Piagetianos como Seymour Papert (1980) - a ordem de aquisição dos


esquemas científicos depende da riqueza do meio, podendo antecipar-se a
aquisição de determinados estádios.

Com as descobertas de Chomsky – ideia de que qualquer teoria do


desenvolvimento teria que coordenar os aspectos inatos do conhecimento
com os adquiridos.
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3.2 O Domínio Afectivo

“Como nos sentimos relativamente ao conhecimento ou à informação”

• Interpretação emocional das percepções.

Serão abordadas:
• As emoções básicas
• Inteligência emocional
• Desenvolvimento Emocional
• Interesses
• Motivação

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Inteligência Emocional – Goleman (1995)

• Prestar atenção à emoções é tão importante como prestar atenção ao


desenvolvimento do intelecto.
• Sustenta que a inteligência emocional deve ser ensinada.

A inteligência emocional é um tipo de inteligência social que envolve a capacidade


de monitorar as emoções próprias e as dos outros, discriminar entre elas e usar
essa informação para guiar o próprio pensamento e a vontade.

A inteligência emocional envolve competência de:


• Auto-consciência;
• Gestão das emoções;
• Auto-motivação;
• Empatia;
• Capacidade de lidar com as relações

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Interesse - Conceito com origem nas emoções.

• Interesse individual – Predisposições mais ou menos duráveis


relativamente a classes de pessoas, objectos ou eventos e que resulta da
interacção da pessoa com o seu meio ambiente.
• Interesse Situacional – Resultado das interacções entre uma pessoa e as
características do seu contexto imediato.

O conceito de interesse pode ser visto como:


• Uma atitude
• Como crença ou base motivacional
• Como componente do Eu em desenvolvimento

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A Motivação
O porque de se actuar de determinada forma?

A motivação inclui uma dimensão afectiva e outra cognitiva.

Teorias da Motivação
Teoria de Maslow (1954)
• Hierarquia de cinco níveis de necessidade (fisiológicas; segurança;
afecto; prestígio; Auto-realização).
• Cada nível de necessidade teria de estar satisfeito antes de se
contemplar o nível seguinte.

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Teoria de Herzberg (1959)
• Motivação baseada na satisfação pessoal - factores de insatisfação que
seriam de evitar e factores de satisfação que seriam de promover.

Insatisfação «» Ausência de Insatisfação / Ausência de Satisfação «» Satisfação

Teoria de McClelland (1985)


• Baseia a motivação em factores socialmente adquiridos e que resultam
consoante os três tipos de personalidade:
• Realização: assumir posições de responsabilidade social;
• Afiliação: indivíduos que se deixam motivar pela qualidade das
relações sociais;
• Poder: deixam-se motivar por situações de poder.

Teoria de Vroom (1964) – Teoria das expectativas


Comportamento determinado por:
Factores internos – que possuem
Factores externos – oportunidades
A motivação é determinada pela percepção de sucesso em
termos de recompensa
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Probabilidade percebida - Esforço-Performance - Recompensa
Perspectivas sobre o Desenvolvimento Emocional

Hoje é muito reconhecida a perspectiva de Erickson - Desenvolvimento


Sócio-Emocional.
• Desenvolvimento da Personalidade baseia-se na interacção Social
• Teoria assente em oito estádios e cobrindo toda a vida e não só as idades
mais jovens.

O Desenvolvimento social, confrontado com a maturação biológica levaria


a uma série de crises que teriam que ser resolvidas.
Os resultados da resolução de uma crise são transpostos para a outra e
proporcionam a base da sua realização.

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3.3 A Conação
Ligação do conhecimento e do afecto ao comportamento. Aspecto pró-
activo do comportamento. Caracteriza-se por uma acção.

Na Aprendizagem:
• Aspectos cognitivos (Esquemas, Estruturas Cognitivas).
• Aspectos Conativos - aspectos energéticos (motivação, emoção,
temperamento)

A Conação engloba:
• a intenção – vontade;
• o comportamento – guiado pela vontade
• as finalidades atingidas
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Kolbe distingue três componentes da Conação:
• Direcção (necessidades, visões, sonhos e a inerente planificação)
• Energização (prazer resultante)
• Persistência

A Conação e o Desenvolvimento Conativo na Educação e no


Desenvolvimento Curricular
• Incitar os responsáveis educativos a desenvolver competências
conativas, aumentando assim a auto-direacção, auto-determinação e a
auto-regulação.
• Pôr os jovens a imaginar possibilidades, a planear atingi-las, praticar a
auto-observação, reflectir nos resultados e gerir as emoções, tudo isso
devendo ser feito num currículo em espiral.
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3.4 A Metacognição

Importância de averiguar até que ponto e de que modo é que o


conhecimento dos processos cognitivos por parte do aprendiz melhora a
sua performance

Flavell (1979) recomenda que, antes de abordar qualquer tarefa, se faça


uma reflexão sobre ela, procurando identificar as partes que se julga
conhecer, as que julga conhecer sem se lembrar exactamente e ainda as
que julga não conhecer.

Segundo Flavel a metacognição implica:


• O desenvolvimento de um plano de acção;
• A manutenção e monitoração do plano;
• A avaliação do plano

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3.5 Construtivismo Psicológico (Síntese)

• Construtivismo Psicológico ou Genético de Piaget

Este construtivismo explica a aprendizagem por um processo semelhante ao da


alimentação dos seres vivos: Assimilação / Acomodação / Equilibração. O
desenvolvimento cognitivo seria caracterizado por várias fases alcançadas pelas
estruturas dos esquemas à disposição do indivíduo.

• Construtivismo Radical de Von Glaserfeld


O conhecimento aparece como um meio para dar sentido à experiência. Assim,
procura-se estudar como é que o sujeito escolhe entre diferentes construções a
melhor ou mais correcta usando critérios de coerência, consenso e viabilidade.
Trata-se de um Darwinismo aplicado às construções em que sobrevivem ou
permanecem as mais aptas ou viáveis.

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3.5 Construtivismo Psicológico (cont.)

• Como variações do Construtivismo Psicológico Radical:


• O Construtivismo Cibernético (Von Forster,1981), resultante de uma
visão cibernética da Psicologia
• O Construtivismo Neurofisiológico (Maturana & Varela, 1980),
resultante de um cognitivismo neuronal (visão conexionista que se
opõe à simbólica): Psicologia Cognitiva Neuronal.
• O Construcionismo referido no Cap. 6 é também um construtivismo
radical, baseado não na Psicologia Cognitiva, mas na Psicologia Discursiva,
em que concorre também fortemente a Sociedade, a ponto de se chamar,
por vezes, Constucionismo Social
NOTA - Os construtivismos psicológicos moderados referidos atrás são
abordados no Cap 4, quando as influências preponderantes são da Sociedade e
do Contexto (Ciência), no Cap 5 quando forem da Mente e do Contexto
(Ciência) e no Cap 6 quando resultarem essencialmente da interacção entre a
Mente e a Sociedade. DCP 2006

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