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A Memória e sua

relação com arquivos,


bibliotecas e museus
PROFA. GLÊYSE SANTOS SANTANA
CONCEITOS DE MEMÓRIA

 Platão - Memória é o conhecimento da “Verdade”. Toda


aprendizagem e todo conhecimento são uma tentativa
de relembrar as realidades, as essências.

 Santo Agostinho – A Memória é importante para


apreender o mundo sensível. Ele é prévia do intelecto e
possui duas funções: recordação e imaginação.
CONCEITOS DE MEMÓRIA
 Pierre Janet – considera que o ato mnemônico
fundamental é o “comportamento narrativo”, tendo
assim a comunicação uma função social;

 Henri Atlan – aproxima “linguagens e memórias”. Para ele


a linguagem falada, e depois a escrita, que é uma
extensão das possibilidades de armazenamento da nossa
memória, é a forma como ela pode sair de nosso corpo
físico.
CONCEITOS DE MEMÓRIA
 Marcel Proust – para esse pesquisador existem duas
memórias; a voluntária e a involuntária. A voluntária está
ligada à inteligência, a interpretação e adquirida pelo
hábito. A involuntária independe de nossa vontade.

 “A memória pode ser entendida como a capacidade de


relacionar um evento atual com um evento passado do
mesmo tipo, portanto com uma capacidade de evocar
o passado através do presente” (JAPIASSÚ &
MARCONDES, 2006, p. 183-184).
CONCEITOS DE MEMÓRIA
 Henri Bergson – a memória em sua forma geral envolve uma
questão perceptiva. Ainda de acordo com este autor, a
percepção envolve uma capacidade intelectual.

 Maurice Hawbacks – a memória é produto social, produto de


um sistema posto sobre determinadas características ou fatos
sociais, espaciais e temporais de pessoas que nas suas
relações compartilham ou assimilam informações e com isso
constituem memórias. Ele classifica a memória em individual e
coletiva.
CONCEITOS DE MEMÓRIA
 A questão central na obra de Maurice Halbwachs - a memória
individual existe sempre a partir de uma memória coletiva, posto
que todas as lembranças são constituídas no interior de um grupo.
A origem de várias ideias, reflexões, sentimentos, paixões que
atribuímos a nós são, na verdade, inspiradas pelo grupo. “Haveria
então, na base de toda lembrança, o chamado a um estado de
consciência puramente individual - admitiremos que se chame
intuição sensível” (HALBWACHS, 2004, p.41).
CONCEITOS DE MEMÓRIA
 A memória individual não está isolada. Frequentemente, toma
como referência pontos externos ao sujeito. O suporte em que
se apoia a memória individual encontra-se relacionado às
percepções produzidas pela memória coletiva e pela
memória histórica (HALBWACHS, 2004: pp. 57-9). A vivência em
vários grupos desde a infância estaria na base da formação de
uma memória autobiográfica, pessoal.
MEMÓRIA E AS UNIDADES DE INFORMAÇÃO
 Eduardo Murguia (2010) aponta que os arquivos, as bibliotecas
e os museus são instituições políticas porque neles são
exercidas relações de força, seja do estado, seja de setores
sociais em específico. Dessa maneira, as unidades de
informação da forma como hoje estão organizadas
“obedecem a rupturas histórias”, ou seja, são resultado de lutas
e da verdade que prevalece em cada época.
MEMÓRIA E AS UNIDADES DE INFORMAÇÃO
 Até o século XVII, o arquivo, a biblioteca e o museu estavam
mais próximos do conhecimento, do que da memória, pois
tudo que neles era guardado agia em favor do governante.

 No século XVIII com a Revolução Francesa, as unidades de


informação ganham um caráter público, e tiveram que
substituir a figura do a governante e da aristocracia pala
imagem do Homem como realizados de uma civilização.
MEMÓRIA E AS UNIDADES DE INFORMAÇÃO
 A partir do século XIX, amplia-se a discussão acerca da
memória. Passa-se a discutir sua importância para a construção
de uma identidade; percebe-se que a “memória não funciona
como um substrato constante e contínuo (MURGUIA, 2010,
p.19).

 Há autores que veem a memória como o produto da dinâmica


entre lembrança e esquecimento.
MEMÓRIA E AS UNIDADES DE INFORMAÇÃO
 1. A memória não é tão íntima, nem espontânea como
pensamos, mesmo porque ela somente se define na sua
referencialidade a um mundo exterior do indivíduo – por tal
razão, compartilhamos memórias.

 2. Contudo, a interpretação dessas memórias em relação ao


exterior sempre será individual e subjetiva.

 3. As apropriações da memória são únicas e ao mesmo tempo


coletivas.
MEMÓRIA E AS UNIDADES DE INFORMAÇÃO
 4. A memória individual (do campo da psicologia) somente
existe em relação à memória coletiva;

 5. A memória coletiva é uma memória grupal baseada nas


lembranças comuns, demarcadas pelo espaço/tempo.

 6. O discurso da memória estaria articulado com seus objetivos,


a exemplo da unificação pela identidade e pertencimento.

 7. A memória de um segmento social, a exemplo da minoria será


construído em oposição a outros grupos ou ao grupo majoritário.
MEMÓRIA E AS UNIDADES DE INFORMAÇÃO
 8. A memória é fruto de ações manifestadas em
acontecimentos e em lugares, ou seja, a memória precisa de
atualização (repetições orais, rituais, textos, documentos de
algum personagem sedimentado na memória coletiva).

 9. A memória é um elemento político e articulador da


emergência de novos saberes, novas representações, novos
comportamentos culturais que através dela legitimam sua
existência (minorias étnicas, sexuais, políticas, religiosas, etc.).
MEMÓRIA E AS UNIDADES DE INFORMAÇÃO
 10. Arquivos, bibliotecas e museus são elementos representativos
e articuladores de uma identidade, agem no imaginário e no
cotidiano dos indivíduos como lugares privilegiados no convívio
social. E são os guardiões de documentos os mais diversos.

 11. A memória não é uma entidade em repouso. Ela é um ser em


constante mutação que se mostra em múltiplos arranjos.
REFERÊNCIAS

 MURGUIA, Eduardo Ismael. A Memória e sua relação com arquivos, bibliotecas e museus. In:
Memória: um lugar de diálogo para Arquivos, Bibliotecas e Museus. São Carlos: Compacta, 2010.

 HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.

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