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 O saber está marcadamente ligado

a interesses sociais, definidos aqui


como contraposições dialéticas.
Até mesmo acumular saber para
cultivar a ignorância é possível e
não raro sintomático. Muitos diriam
que na televisão se faz isso com
incrível competência: usam-se
técnicas de comunicação para
cultivar o analfabetismo político.
LETÍCIA LINO DE SOUZA

 O contexto inicial sobre pesquisa.

 Ensino - Pesquisa
 “A desmitificação mais fundamental
[...] está na crítica à separação
artificial entre ensino e pesquisa.
Tomada como marca definitiva da
nossa realidade educativa e
científica, muitos estão dispostos a
aceitar universidades que apenas
ensinam, como é o caso típico de
instituições noturnas, nas quais os
alunos comparecem somente para
aprender e passar, e os professores,
quase todos biscateiros de tempo
parcial, somente dão aula.” (DEMO,
2006. p. 12)
 Desatualização do professor.

 Superioridade do pesquisador.

 Formação do Professor –
Pesquisador.
 Quando o discente não é
um Professor –
Pesquisador o que
acontece?
 Cultivo do distanciamento útil e
mesmo recaída na neutralidade
farsante, comodista e elitista;

 Contradição flagrante entre discurso


crítico, por vezes radical, e o
desvinculamento da prática,
replicando conservadorismo gritante;

 Função de “bobo da corte”, reduzindo


o conhecimento, sobretudo o crítico,
na prática a estratégias de controle e
desmobilização social;
 Apropriação do saber, que passa
sobretudo a manobra de acesso ao
poder, afastando-se da função de
transmissão socializada;

 Favorecimento da alienação
acadêmica no sentido de atividades
tão especulativas, que nunca se sabe
bem para que servem na prática,
principalmente no cotidiano das
pessoas e da sociedade. (DEMO, 2006.
p. 13)
 “Quem ensina carece pesquisar;
quem pesquisa carece ensinar.
Professor que apenas ensina jamais
o foi. Pesquisador que só pesquisa é
elitista explorador, privilegiado e
acomodado.” (DEMO, 2006. p. 14).

 “Se educar é sobretudo motivar a


criatividade do próprio educando,
para que surja o novo mestre,
jamais o discípulo.” (DEMO, 2006. p.
16 e 17).
 “Nada é mais degradante na
academia do que a cunhagem do
discípulo, domesticado para ouvir,
copiar, fazer provas e sobretudo
“colar”.” (DEMO, 2006. p. 17).

 “O que [...] é aprender a criar. Um


dos instrumentos essenciais da
criação é a pesquisa. Nisto está o
seu valor também educativo, para
além da descoberta científica.”
(DEMO, 2006. p. 18).
 “O pesquisador não somente é
quem sabe acumular dados
mensurados, mas sobretudo quem
nunca desiste de questionar a
realidade, sabendo que qualquer
conhecimento é apenas recorte.”
(DEMO, 2006. p. 20).
 “Metodologia científica é uma das
matérias mais estratégicas na
formação acadêmica, sobretudo na
direção da motivação à pesquisa.
Todo projeto sério de pesquisa
contém em algum momento
discussão do método, pelo menos
no sentido barato de fases a serem
seguidas, possíveis resultados
colimados, autores que se pretende
ler, interpretar, rebater, superar.”
(DEMO, 2006. p. 24).
“Alguns tópicos da pesquisa
metodológica poderiam ser:

 Discussão crítica das metodologias


em uso: dialéticas, positivismos,
estruturalismos, empirismos,
sistemismo;
 Formação crítica e emancipatória de
espaço científico próprio;” (DEMO,
2006. p. 25 e 26).

Entre outras...
Descobrir e criar, seriam a mesma
coisa?

 Descobrir é dar sentido ao que já


existe. Ex: a gravidade, linguagem
de outro país e etc.,

 Criar é quando já se descobre algo


e se revoluciona de certa forma. Ex:
outras vertentes da gravidade,
equilíbrio da dialética.
 “Pesquisar é condição essencial do
descobrir e do criar.” (DEMO, 2006.
p. 32)
 “A pesquisa deve ser vista como processo
social que perpassa toda vida acadêmica e
penetra na medula do professor e do aluno.
Sem ela, não há como falar de
universidade, se a compreendermos como
descoberta e criação. Somente para
ensinar, não se faz necessária essa
instituição e jamais se deveria atribuir esse
nome a entidades que apenas oferecem
aulas. Ainda que esse tipo de oferta possa
existir em seu devido lugar, não pode ser
misturada com aquela instituição que
busca a sua principal razão de ser na
pesquisa. Na ciência, o primeiro princípio é
pesquisa.” (DEMO, 2006. p. 36).
 A visão alternativa de pesquisa seria
fermento apto a recolocar a universidade
no caminho das esperanças sociais nela
depositadas, o que exige criatividade,
intenso diálogo com a realidade,
disciplina e compromisso histórico
produtivo. (Idem, p. 46)
 A questão curricular: flagrante da função de
professor
- mero ensinar X mero aprender;

 A noção de professor precisa ser revista:


assim, vale perguntar: o que é ser
professor?

É pesquisador, socializador de
conhecimentos, o professor é sobretudo
motivador, alguém a serviço da emancipação
do aluno.
o Podemos colocar para o professor
exigências?

Nesse contexto podemos afirmar que somente


tem algo a ensinar quem pesquisa (DEMO,
2006, p. 49).
 É compreender que sem pesquisa não
há ensino. A ausência de pesquisa
degrada o ensino a patamares típicos
da reprodução imitativa.
 Se a pesquisa é a razão do ensino, vale
o reverso: o ensino é a razão da
pesquisa;
 O aluno leva para a vida não o que
decora, mas o que cria por si mesmo.
 Não se estuda só pra saber; estuda-se
também para atuar;
 A pesquisa, por ser não só
conhecimento mas sobretudo a sua
produção, precisa dialogar direto com
a realidade.

 Nem a teoria é maior, nem a prática.


 A didática típica é o rito arcaico da
aula discursiva, forjada na relação
depredada e enferrujada entre
alguém formalmente investido da
função de ensinar e um auditório
cativo, que deve apenas ouvir e
copiar.
 O aluno é a nova geração do professor, o
futuro mestre, não o lacaio que precisa
de cabresto.

 É preciso criar condições de criatividade,


via pesquisa, para construir soluções,
principalmente diante de problemas
novos.

 A função da aula é sobretudo a


motivação da pesquisa, motivar o aluno a
pesquisar.
 Desafiar para criar;
 Ousar para construir novos
conhecimentos;
 Se emancipar;
 Se emancipar como processo
histórico de conquistas e formação
do sujeito capaz de se definir e de
ocupar espaço próprio , recusando
ser reduzido a objeto.
 A avaliação pode conter o desafio da
própria pesquisa, como realimentação
do processo de produção científica,
como busca de redirecionamentos,
superações, alternativas, como
respeito a compromissos assumidos
com a sociedade em planos e políticas.

 Recoloca a importância da avaliação


no pleno sentido da pesquisa como
princípio científico e educativo.
 Educação, pesquisa e emancipação

“Emancipação quer dizer recuperar o


espaço próprio que os outros usurparam,
já que poder não é bem abundante
disponível, mas apropriado no contexto
do conflito social.”

(Demo, 2006, p. 80)


MAKSON PEREIRA COELHO
 A libertação ocorre quando existe
uma tomada de consciência critica,
desvendando assim que a condição
histórica de um pobre não é sina,
mau jeito, azar, mas injustiça.
“É patente a relevância da educação
e da pesquisa para o processo
emancipatório.”

(Demo, 2006, p.81)


 Quando em um país a educação é
relegada a ser um dos piores
serviços públicos, acontece então
uma indignidade profissional.
Vale afirmar que o problema mais
agudo da escola não é o aluno, por
ser pobre, inculto, mas o professor,
que ainda é apenas um “aluno”.

(Demo, 2006. p. 83)


 Ao criticar a importância da
educação é necessário saber que
ela tem limites. E para transforma-
la é necessário recriar o professor,
para que ele deixe de ser mero
reprodutor e torna-se um mestre.
“[...] é essencial impregnar a
convivência dos alunos com
estratégia de pesquisa, através das
quais são motivados a toda hora a
pelo menos digerir através de
exercícios pessoais.”

(Demo, 2006. p.87)


“A meta é o novo mestre, que aprende
a aprender; sua marca é saber criar
soluções, construir alternativas no
dialogo produtivo com a realidade.”

(Demo, 2006, p. 90)


“[...] a influencia da escola sobre a
criança é cada vez mais formal e,
neste sentido, vazio, pela
artificialidade da sua organização
distanciada da sociedade diária ou
pela concorrência avassaladora com
os meios de comunicação.”

(Demo, 2006. p. 95)


 Existe o “lugar da teoria” — por isso é importante a
pesquisa teórica — mas não significa que se faça teoria
pela teoria, pois seria já fuga da realidade.

 A expressão “lugar da teoria” denota forma própria de


relevância frente à realidade, o que inclui “utilidade”
histórica também. A aplicação ressalta o lado da
qualidade formal, no aprimoramento das condições
instrumentais de exercício profissional.


 Atualmente, sabemos mais o que interessa.
O que explica, em parte, por que
conhecemos muito mais como não mudar,
já que a produção de conhecimentos está
nas mãos dos privilegiados. O desconforto
pode ser gritante, quando se descobre, por
exemplo, que a pesquisa social sobre
pobreza cresceu muito, mas nada tem a ver
com a sua abolição.
 Em termos cotidianos, pesquisa não é
ato isolado, intermitente, especial, mas
atitude processual de investigação diante
do desconhecido e dos limites que a
natureza e a sociedade nos impõem. Faz
parte de toda prática, para não ser
ativista e fanática. Faz parte do processo
de informação, como instrumento
essencial para a emancipação.

 Não só para ter, sobretudo para ser, é


mister saber.
[...] “Mas não é menos essencial reclamar o outro lado
da prática, como prática da
cidadania, em cujo plano deve aparecer a
instrumentação científica na função de embasamento
da profissão como forma
de atuação social também. Indispensável é ser técnico
competente, como é indispensável ser cidadão
atuante e organizado, trazendo para o bojo dessa
cidadania a instrumentação
científica adequada”.
(DEMO, 2006, p. 100)
 A relação mútua é de necessária
complementaridade, porque a cidadania
que interessa é a competente, não
só em termos de organização política,
mas igualmente em
termos técnicos. Uma das expectativas
mais significativas
que a sociedade deposita na
universidade é a formação de
elite intelectual duplamente capaz: como
profissional científico
e como cidadão de vanguarda.
 Precisamos reconhecer, no realismo do dia-a-
dia que marca e limita pessoas e sociedades,
que criar já é o processo de digestão própria,
pelo menos a impressão de colorido pessoal
em algo retirado de outrem.
 Como dizia Belchior na música “Alucinação”...

 “Eu não estou interessado/ Em nenhuma


teoria/ Nem nessas coisas do oriente/
Romances astrais/ A minha alucinação/
É suportar o dia-a-dia/ E meu delírio/É a
experiência/ Com coisas reais.”
 QUE TAL PRÁTICAR UMA PESQUISA
COM CARÁTER DE PRÁTICA
CIDADÃ??

 Experimentar uma pesquisa que


reúna a dialética entre o Saber &
Mudar;

 VAMOS TENTAR?
 Pense em uma problemática de sua
cidade, bairro, escola ou outro espaço
que conheça, frequente ou trabalhe;

 Elabore uma questão sobre a mesma;

 Reflita como você poderia realizar uma


pesquisa sobre tal problema, e em
seguida aponte os locais, instituições,
documentos ou pessoas (agentes) que
poderiam ser sondados ou pesquisados
para sua pesquisa;
 Agora reflita como você se aproximaria
de seu objeto de pesquisa, e dos
agentes que atuam sobre ele;

 Você consegue visualizar nesse objeto


e problema, e na compreensão mais
aprofundada dessa realidade uma
forma de mudança da mesma, ou de
resolução do problemas localizados?
 De acordo com o que você viu no
minicurso como você aplicaria esse
conhecimento via ensino nesta
realidade estudada para a sua
transformação?

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