O termo “usos do passado” foi proposto por Moses I. Finley e se relaciona em grande parte, à importância que a discussão de temáticas ligadas à História Antiga tem adquirido ao longo dos Os usos do últimos anos no mundo. Os estudos relacionados aos usos da antiguidade clássica foram objetos de governos autoritários, passado durante os séculos XVIII, XIX e XX e convivem com os usos culturais, ganhando grande importância sobretudo por meio das produções da indústria cultural, como nos blockbusters ou em outros produtos comerciais, como os souvenirs. A Antiguidade Oriental • Região ao leste da Europa (norte da África e Oriente Médio); • Compreende a organização das sociedades dos Mesopotâmicos, os Egípcios, os Persas, os Fenícios e os Hebreus; • Modo de produção asiático. • Sociedades hidráulicas; • Politeísmo; • Teocracias. Neste sentido, “os usos do passado”, entendidos como atitudes de apropriação, devem ser analisados através da relação entre a ação Os usos do de confiscação de um discurso diretamente da antiguidade visando à fundamentação de relações de poder e a ação da “[...] história passado social dos usos e das interpretações, referidas a suas determinações fundamentais e inscritas nas práticas específicas que as produzem” “[...] sem examinar o Orientalismo como um discurso, não se pode compreender a disciplina extremamente sistemática por meio da qual a cultura europeia foi capaz de manejar – e até produzir – o Os usos do Oriente política, sociológica, militar, ideológica, científica e imaginativamente durante o período pós-Iluminismo.” passado Edward Said - Orientalismo “Em suma, por causa do Orientalismo, o Oriente não era (e não é) um tema livre para o pensamento e ação. Isso não quer dizer que o Orientalismo determina unilateralmente o que pode ser dito sobre o Oriente, mas que consiste numa rede de interesses inevitavelmente Os usos do aplicados (e assim sempre envolvidos) em toda e qualquer ocasião em que essa entidade peculiar, o “Oriente”, é discutida.” passado Edward Said - Orientalismo Para Pedro Paulo Funari, “Em primeiro lugar, a apresentação de uma Antiguidade construída pela historiografia, antes que uma História dada, acabada, a ser decorada pelo aluno. Os grandes temas e acontecimentos da Antiguidade, as próprias A Antiguidade periodizações, começam a aparecer como construções historiográficas. Na História Antiga, a tradicional dicotomia entre na sala de aula Oriente e Ocidente constitui uma grande narrativa que estrutura toda uma visão eurocêntrica da História. Cada vez mais, apresenta-se essa oposição no contexto histórico do moderno imperialismo do século XIX e XX, a mostrar como o Ocidente se cria como uma supercivilização dominadora do mundo.” A perspectiva de problematização dos usos do passado dentro da escola permite assim, uma nova concepção no ensino também, como demonstra André Chervel, ao afirmar que, “O ato A Antiguidade pedagógico é de uma natureza muito mais complexa do que a simples menção. Ele exige muito mais atividades, põe em jogo na sala de aula processos sutis, busca subterfúgios, atribui funções a simulacros, reparte as dificuldades e, procedendo como o puro espírito cartesiano, produz em seguida enumerações completas.” Para Raquel Funari, “Isso [a divisão cronológica ou temporal dos livros didáticos e a quase “omissão” do tema do Egito nestes livros] não impede que a temática egípcia esteja presente mesmo A Antiguidade nas classes de alunos bem novos, inclusive na educação infantil. Com atividades de natureza lúdica e cognitiva como ouvir, cantar e na sala de aula representar histórias com encenações e jogos dramáticos, é possível exercitar a imaginação, o processo de criação, a compreensão e a interação das narrativas” “cultura escolar”, termo definido pelo historiador francês Dominique Julia como um conjunto de normas e práticas que definem os conhecimentos a serem ensinados e a forma de A Antiguidade transmissão destes conhecimentos, além da incorporação e finalidades de acordo com o contexto em que se encontra a na sala de aula escola. À escola, é conferido assim, um status de apropriação, criação e ressignificação de valores, que podem ser analisados dentro da conjuntura específica de cada época e contexto sócio histórico.