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Macroeconomia II

Prof. Michele Romanello


Ementa da disciplina

• O modelo IS-LM em uma economia aberta.


• Taxas de câmbio, moeda e preços em uma economia aberta.
• Déficit orçamentário, moeda e inflação.
• Crescimento econômico: acumulação de capital e progresso
tecnológico.
Objetivos da disciplina

• A disciplina foca primordialmente o crescimento econômico e as transações


externas. Mais precisamente, ao estudar o crescimento econômico, o aluno
deverá aprender técnicas analíticas básicas usadas no estudo de dinâmicas
de transição e estados de equilíbrio (estacionários).
• Aprenderá também a estender os modelos IS-LM e de oferta e demanda
agregadas (DA-OA) para incluir as transações externas de bens e ativos.
• Adicionalmente, serão tratados alguns tópicos de interesse contemporâneo
sobre ciclos de negócios, patologias macroeconômicas e políticas
macroeconômicas.
Conteúdo programático
1. AJUSTES MACROECONÔMICOS DE CURTO E MÉDIO PRAZOS EM UMA ECONOMIA
ABERTA
• Abertura dos mercados de bens: escolha entre bens domésticos e estrangeiros, taxas de
câmbio, condição Marshall-Lerner, curva J. Abertura dos mercados financeiros: escolha entre
ativos domésticos e estrangeiros, mobilidade de capitais, paridade de juros. Política
monetária e política fiscal sob diferentes regimes cambiais e graus de mobilidade de capitais.

2. CRESCIMENTO ECONÔMICO
• Fatos estilizados. Poupança, acumulação de capital e produto. Progresso tecnológico.

3. DESEQUILÍBRIOS MACROECONÔMICOS
• Depressão. Crise. Hiperinflação.

4. TÓPICOS COMPLEMENTARES SOBRE POLÍTICAS MACROECONÔMICAS


• Restrições sobre as políticas macroeconômicas. Metas de Inflação. Dívida Pública.
Referências bibliográficas

• BLANCHARD, O. (2006) Macroeconomia. 4.ª ed. São Paulo: Prentice Hall,


2007.
• JONES, C. I. Introdução à Teoria do crescimento econômico. Rio de
Janeiro: Campus, 2000.
• FROYEN, R.T. (1999) Macroeconomia. 5.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
• LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. (Org.) Manual de Macroeconomia.
São Paulo: Atlas, 1998.
Avaliação

Duas provas escritas parciais (em sala de aula, sem consulta e com
duração de 2 horas-aula) com peso de 45% cada uma e uma lista de
exercícios com peso de 10% da nota final.
Economia aberta
Prof. Michele Romanello
Economia fechada e economia aberta

• Economia Fechada: Não há comércio com outros países


• E
„ conomia Aberta: Uma economia que comercializa livremente com
outros países
Dimensões da abertura de uma economia

• Dimensões da abertura de uma economia nacional (doméstica) com


relação ao resto do mundo:
• Abertura dos mercados de bens: a capacidade que os residentes têm de escolher
entre bens domésticos e bens estrangeiros. Restrições: tarifas e cotas.
• Abertura dos mercados financeiros: a capacidade que os residentes têm de
escolher entre ativos domésticos e ativos estrangeiros. Restrições: controle de
capitais.
• Abertura dos mercados de fatores: a capacidade que as empresas têm de
escolher onde realizar suas atividades produtivas e que os trabalhadores têm de
escolher onde ofertar sua força de trabalho. Restrições: instalação de empresas
estrangeiras em determinados setores, migração de trabalhadores.
Abertura do mercado de bens

• Nova decisão de gastos: quando os mercados de bens e serviços de uma


economia nacional são abertos, os consumidores nacionais podem
decidir não somente o quanto consumir e poupar, mas também o quanto
gastar com o consumo de bens e serviços nacionais e estrangeiros.
• O determinante dessa segunda decisão é o preço dos bens domésticos
em relação ao preço dos bens estrangeiros.
• Chamamos esse preço relativo de taxa real de câmbio.
Taxa nominal de câmbio

• Taxa nominal de câmbio: preço relativo da moeda doméstica em relação a uma


moeda estrangeira.
• Convenção norte-americana: como o preço da moeda nacional em termos da
moeda estrangeira, ou seja, quantas unidades da moeda estrangeira são necessárias
para adquirir uma unidade da moeda nacional: E u.m. estrangeira=1 u.m. nacional.
• Sob tal convenção, a taxa nominal de câmbio no Brasil seria expressa como o preço de 1
real em dólares, por exemplo, E=0,5 US$/R$, tal que 1,00 R$=0,50 US$.

• Convenção brasileira: Como o preço da moeda estrangeira em termos da moeda


nacional, isto é, quantas unidades da moeda nacional são necessárias para adquirir
uma unidade da moeda estrangeira: E BR u.m. nacional = 1 u.m. estrangeira.
• Por exemplo, se E BR =2 R$/US$, então US$ 1,00=R$ 2,00.
Observações

• Uma apreciação nominal da moeda doméstica é um aumento do preço desta moeda em


termos da moeda estrangeira, que corresponde a um aumento da taxa nominal de câmbio
E ou, equivalentemente, uma redução da taxa nominal de câmbio E BR .
• Uma depreciação nominal da moeda doméstica é uma diminuição do preço desta moeda
em termos da moeda estrangeira, ou seja, uma diminuição da taxa nominal de câmbio E
ou, de forma equivalente, uma elevação da taxa nominal de câmbio E BR.
• Quando um país opera com taxa nominal de câmbio fixa, isto é, mantêm uma taxa nominal
de câmbio constante entre sua moeda e uma moeda estrangeira de referência, e realiza
um realinhamento desta taxa, é comum se utilizar o termo valorização no lugar de
apreciação quando E aumenta (ou seja, E BR cai) e desvalorização no lugar de
depreciação quando E cai (ou seja, E BR aumenta).
Taxa real de câmbio

• Taxa real de câmbio: um índice que expressa os preços relativos dos bens e
serviços entre duas economias.
• Convenção norte-americana: poder de compra de uma cesta de bens
doméstica em termos de uma cesta de bens estrangeira, isto é, quantas
cestas de bens estrangeiros são necessárias para adquirir uma cesta de bens
doméstica. Formalmente,
𝐸𝑃
𝜀≡ ,
𝑃∗

sendo 𝑃 o nível de preços da economia doméstica e 𝑃∗ o nível de


preços da economia estrangeira de referência.
Taxa real de câmbio
Taxa real de câmbio

Convenção brasileira: poder de compra de uma cesta de


bens estrangeira em termos de uma cesta de bens
doméstica, isto é, quantas cestas de bens domésticas são
necessárias para adquirir uma cesta de bens estrangeira.
Formalmente,
𝐸𝐵𝑅 𝑃∗
𝜀𝐵𝑅 ≡ (= preço do bem estrangeiro em reais / preço do bem do Brasil em
𝑃
reais)
Exemplo

• Se o preço de um Cadillac nos Estados Unidos é US$ 40.000 e um dólar


vale 0,55 libra (E=0,55 £/US$), então o preço de um Cadillac em libras é
US$ 40.000 X 0,55 = £ 22.000. Se o preço de um Jaguar no Reino Unido é
£30.000, então o preço de um Cadillac em termos de Jaguar seria
£22.000/ £30.000 = 0,73.
Índice de preços

• Para obter uma taxa real de câmbio que reflita o preço relativo de todos
os bens produzidos nos Estados Unidos em termos de todos os bens
produzidos no Reino Unido, temos que usar índices de preços de cada
país em vez de preços unitários.
• Os deflatores do PIB são índices de preços do conjunto de bens e serviços
finais produzidos na economia.
Taxa de câmbio multilateral
• Taxa de câmbio multilateral (comumente chamada de efetiva): taxa que leva em
consideração a composição do comércio entre a economia doméstica e um determinado
grupo de economias que são seus parceiros comerciais.
• Convenção norte-americana:
𝐸𝑖𝑃
𝑒 ≡ σ𝑛𝑖=1 𝑤𝑖 = σ𝑛𝑖=1 𝑤𝑖 𝜀 𝑖
𝑃∗

sendo 𝑤𝑖 o peso relativo do i-ésimo país no comércio do país doméstico, Ei a taxa


nominal de câmbio com relação ao i-ésimo parceiro comercial e 𝜀 𝑖 a taxa real de
câmbio com relação ao i-ésimo parceiro comercial.
• Convenção brasileira:
𝑖
𝑛 𝐸𝐵𝑅 𝑃∗
𝑒𝐵𝑅 ≡ σ𝑖=1 𝑤𝑖 = σ𝑛𝑖=1 𝑤𝑖 𝜀𝐵𝑅
𝑖
𝑃
sendo 𝑤𝑖 o peso relativo do i-ésimo país no comércio do país doméstico, 𝐸𝐵𝑅
𝑖
a taxa nominal de
câmbio com relação ao i-ésimo parceiro comercial e 𝜀𝐵𝑅 a taxa real de câmbio com relação
𝑖

ao i-ésimo parceiro comercial.


Escolha entre ativos domésticos e ativos
estrangeiros
• A abertura dos mercados financeiros implica que os investidores deparem
com novas decisões:
• A escolha entre reter moeda nacional ou moeda estrangeira
• A escolha entre reter ativos domésticos que pagam juros ou ativos
estrangeiros que pagam juros.
• O motivo pelo qual as pessoas retêm moeda é para efetuar suas
transações. Por isso, possuir moeda estrangeira tem pouca ou nenhuma
serventia. Reter moeda será assim claramente menos desejável do que
reter títulos estrangeiros, que pagam juros.
• Isso deixa uma única escolha a ser feita: a escolha entre ativos
domésticos que pagam juros e ativos estrangeiros que pagam juros.
Escolha entre ativos domésticos e ativos
estrangeiros
• Suponha que você decida reter títulos dos Estados Unidos.
• Seja it a taxa nominal de juros de um ano dos Estados Unidos. Então, para
cada dólar que você colocar em títulos dos Estados Unidos você ganhará
(1+it) dólares no próximo ano.
Escolha entre ativos domésticos e ativos
estrangeiros
• Suponha que, em vez, você decida reter títulos do Reino Unido.
• Para comprar títulos do Reino Unido, você deve primeiro comprar libras. Seja
Et a taxa nominal de câmbio entre o dólar e a libra. Para cada dólar, você
recebe Et libras. Seja it* a taxa nominal de juros de um ano dos títulos do Reino
Unido (em libras). No próximo ano você terá Et (1+it*) libras.
• Você terá que converter suas libras de volta para dólares. Se você espera
que a taxa nominal de câmbio no próximo ano seja Eet+1 , cada libra valerá
(1/Eet+1) dólares. Assim, você pode esperar ter Et(1+i*t)(1/Eet+1) dólares no
próximo ano para cada dólar que você investe agora.
Condição da paridade de juros

• Para se reterem tanto títulos do Reino Unido quanto títulos dos Estados
Unidos, eles deverão ter a mesma taxa esperada de retorno:

• Essa equação é chamada de relação da paridade de juros descoberta


ou, condição da paridade de juros.
Condição da paridade de juros

• A hipótese de que os investidores reterão somente os títulos com a taxa


de retorno esperada mais elevada é muito forte:
1. Ignora os custos de transação. Comprar e vender títulos do Reino Unido
requer três transações separadas, cada uma com um custo de
transação.
2. Ignora o risco. A taxa de câmbio daqui a um ano é incerta; isso significa
que reter títulos do Reino Unido envolve um risco maior do que reter
títulos dos Estados Unidos.
Taxa de juros e taxa de câmbio
• Rescrevendo Et/Eet+1 como 1/[1 + (Eet+1 – Et)/Et] teremos:

• A expressão mostra uma relação entre a taxa nominal de juros interna, a taxa
de juros externa e a taxa de apreciação esperada da moeda nacional.
• Contanto que as taxas de juros ou a taxa de apreciação esperada não
sejam muito altas, uma boa aproximação para essa equação é dada por:
Taxa de juros e taxa de câmbio

• A arbitragem por investidores implica que a taxa de juros interna deve ser
igual à taxa de juros externa menos a taxa de apreciação esperada da
moeda nacional.
• A taxa de apreciação esperada da moeda nacional é também a taxa
de depreciação esperada da moeda estrangeira. Assim, pode-se dizer
também que a equação anterior expressa que a taxa de juros interna
deve ser igual à taxa de juros externa menos a taxa de depreciação
esperada da moeda estrangeira.
Exemplo

• Suponha que a taxa nominal de juros de um ano seja de 2% nos Estados


Unidos e de 5% no Reino Unido.
• Se você espera que a libra deprecie em mais de 3%, apesar de a taxa de
juros ser maior no Reino Unido do que nos Estados Unidos, será menos
atraente investir em títulos do Reino Unido do que em títulos dos Estados
Unidos.
• Se você espera que a libra deprecie em menos de 3%, ou até mesmo que
aprecie, então valerá o contrário, e os títulos do Reino Unido serão mais
atraentes do que os títulos dos Estados Unidos.
Exemplo

• Se a condição da paridade de juros descoberta vale e a taxa de juros de


um ano dos Estados Unidos é 3% menor que a taxa de juros do Reino
Unido, isso indica que os investidores devem estar esperando uma
apreciação do dólar em relação à libra de cerca de 3% ao longo do
próximo ano, e é por isso que eles estão dispostos a reter títulos dos
Estados Unidos, apesar de sua taxa de juros ser menor.
Taxa de juros e taxa de câmbio

• A relação de arbitragem entre as taxas de juros e as taxas de câmbio


sugere que, a menos que os países estejam dispostos a tolerar grandes
variações de sua taxa de câmbio, as taxas de juros interna e externa
provavelmente se moverão praticamente juntas.
• No caso estremo:
• Se Eet+1 = Et então a condição da paridade de juros implica que it = it*
A relação IS na economia aberta

• Em uma economia fechada, não há necessidade de distinguir a


demanda doméstica por bens e a demanda por bens domésticos.
• Em uma economia aberta, parte da demanda doméstica recai sobre
bens estrangeiros, e parte da demanda por bens domésticos vem do
estrangeiro.
Demanda por bens domésticos

• Em uma economia aberta, a demanda por bens domésticos é dada por

• C, I e G constituem a demanda doméstica por bens.


• Subtraindo a demanda doméstica por bens estrangeiros , e
• Adicionando a demanda estrangeira por bens domésticos
• Obtemos a demanda por bens domésticos.
Determinantes das importações

• As importações dependem claramente da renda doméstica.


• Uma renda doméstica maior leva a uma demanda doméstica maior por
todos os bens, tanto domésticos quanto estrangeiros.
• As importações dependem, também, da taxa real de câmbio.
• Quanto mais caros os bens domésticos em relação aos bens estrangeiros
maior a demanda doméstica por bens estrangeiros.
Determinantes das exportações

• As exportações dependem da renda estrangeira.


• Uma renda estrangeira maior significa uma demanda estrangeira maior
por todos os bens, tanto estrangeiros quanto domésticos.
• As exportações dependem, também, da taxa real de câmbio. Quanto
maior o preço dos bens domésticos em termos de bens estrangeiros,
menor a demanda estrangeira por bens domésticos.
Demanda por bens domésticos e exportações
líquidas
Demanda por bens domésticos e exportações
líquidas
• As exportações líquidas são função decrescente do produto.
• À medida que o produto aumenta, as importações aumentam e as
exportações não são afetadas, de modo que as exportações líquidas
diminuem.
• Seja YTB o nível de produto no qual o valor das importações é igual ao
valor das exportações. Níveis de produto acima de YTB levam a
importações maiores e a um déficit comercial. Níveis de produto abaixo
de YTB levam a importações menores e a um superávit comercial.
Produto de equilíbrio e balança comercial

• O mercado de bens está em equilíbrio quando o produto doméstico é


igual à demanda – tanto doméstica quanto estrangeira – por bens
domésticos:
Y=Z
• Substituindo Z com os componentes da demanda temos:
Produto de equilíbrio e exportações líquidas

• O mercado de bens está em equilíbrio


quando o produto doméstico é igual à
demanda por bens domésticos.
• No nível de produto de equilíbrio, a
balança comercial pode mostrar um
déficit ou um superávit.
Aumentos da demanda doméstica

• Suponha que a economia esteja em uma recessão e que o governo decida


aumentar os gastos do governo com o objetivo de aumentar a demanda
doméstica e o produto.
• A demanda será maior em ΔG , deslocando a relação de demanda para
cima em ΔG , de ZZ a ZZ’.
• O ponto de equilíbrio desloca-se de A para A’, e o produto aumenta de Y
para Y’.
• O aumento do produto é maior do que o aumento dos gastos do governo.
Há um efeito multiplicador.
Aumentos da demanda doméstica

• Há um efeito sobre a balança comercial.


• Como os gastos do governo não entram
diretamente nem na relação de exportações,
nem na relação de importações, a relação
entre exportações líquidas e produto não se
desloca.
• O aumento do produto de Y para Y’ leva a um
déficit comercial igual a BC. As importações
sobem e as exportações não se alteram.
Aumentos da demanda doméstica

• Os gastos do governo não apenas geram um déficit comercial como


também seu efeito sobre o produto é menor do que seria em uma
economia fechada.
• O multiplicador é menor em uma economia aberta do que em uma
economia fechada.
• O déficit comercial e o multiplicador menor têm a mesma causa. Como a
economia é aberta, um aumento da demanda agora recai não só sobre
os bens domésticos como também sobre os bens estrangeiros.
Aumentos da demanda estrangeira

• Considere um aumento do produto estrangeiro (Y*). Esse aumento pode


se dever a um aumento dos gastos do governo estrangeiro, G*.
• Um produto estrangeiro maior significa uma demanda estrangeira maior,
incluindo uma demanda estrangeira maior pelos bens do país. Assim, o
efeito direto do aumento do produto estrangeiro é um aumento das
exportações do país em um determinado montante, que chamaremos
de ΔX.
Efeitos de um aumento da demanda
estrangeira
• O novo equilíbrio situa-se no ponto A’ com um
nível de produto, Y’.
• No novo nível do produto de equilíbrio Y’, a
demanda doméstica é dada pela distancia DC
e a demanda por bens domésticos é dada por
DA’. As exportações liquidas são dadas,
portanto, pela distancia CA’.
• Embora as importações aumentem, esse
aumento não compensa o crescimento das
exportações e a balança comercial melhora.
Efeito-transbordamento e efeito-repercussão
• Quando se amplia a renda em um determinado país em decorrência, por
exemplo, de um aumento nos gastos públicos, como uma parcela desse
aumento de renda se direcionará para as importações, este crescimento na
demanda externa funcionará como uma elevação na despesa autônoma
nos demais países e assim uma elevação da renda dos mesmos.
• Esse impacto da variação da renda interna sobre a renda dos demais países
é chamado de efeito-transbordamento e refere-se ao fato de não se
conseguir circunscrever o efeito de uma política expansionista ou recessiva
ao âmbito interno.
• Efeito-repercussão: o aumento da renda no país cujo setor externo cresceu
em decorrência da política expansionista no primeiro país irá induzir, por sua
vez, um aumento das importações deste país, que ampliarão as exportações
do país que realizou a política expansionista original, gerando um novo
efeito expansionista sobre sua renda.
Efeito-transbordamento e efeito-repercussão

• Suponha que o Brasil resolva fazer uma política fiscal expansionista. Isto
desencadeará os seguintes efeitos:

↑G  ↑Y (do Brasil)  ↑M (do Brasil)  ↑X* (do resto do


mundo)  ↑Y*  ↑M*  ↑X (do Brasil)  ↑Y (do Brasil)

efeito-transbordamento
efeito-repercussão
Efeito-transbordamento e efeito-repercussão

• Conforme a dimensão do efeito-transbordamento, os países


acabam perdendo em parte a autonomia para implementar políticas
econômicas, ao aumentar a interdependência entre as economias.
• Por exemplo, se determinado país deseja conter a atividade
econômica, mas seu vizinho passa a adotar uma política
expansionista, isto poderá anular as tentativas contracionistas do
primeiro.
• A importância do efeito-transbordamento depende do grau de
abertura da economia e de sua dimensão perante a economia
mundial.
Política fiscal revisitada

• O fato de que choques de demanda em um país afetam todos os outros países


complica muito a tarefa dos formuladores de política econômica, especialmente no
caso da política fiscal.
• Considere um grupo de países, todos com um grande montante de comércio entre si,
de modo que um aumento da demanda em qualquer um deles recaia em grande
parte sobre os bens produzidos nos demais países.
• Nesse caso, cada país pode estar muito relutante em tomar medidas para aumentar a
demanda doméstica.
• Cada país pode apenas esperar que os outros aumentem suas demandas; mas se todos os
países esperarem, nada acontecerá e a recessão poderá durar bastante tempo.
Política fiscal revisitada

• Se todos os países coordenarem suas políticas macroeconômicas de


modo a aumentar sua demanda doméstica simultaneamente, cada um
poderá aumentar a demanda e o produto sem aumentar seu déficit
comercial.
• Mas a evidência é de que, na verdade, há uma macrocoordenação
muito limitada entre os países.
Política fiscal revisitada

• Motivos:
1. Alguns países podem ter de fazer mais do que outros e podem não
querer fazer o que é necessário.
2. Os países têm um forte incentivo para prometer coordenação e depois
não cumprir a promessa.
Depreciação, balança comercial e produto

• Suponha que o governo de um país tome medidas de política


econômica que levem a uma depreciação da moeda nacional.

• A taxa real de câmbio é igual à taxa nominal de câmbio multiplicada


pelo nível de preços doméstico, dividido pelo nível de preços estrangeiro.
• No curto prazo, podemos tomar tanto P quanto P*como dados. Isso
implica que a depreciação nominal se reflete integralmente em uma
depreciação real.
A condição de Marshall-Lerner

• Como a taxa real de câmbio entra no lado direito da equação em três


lugares, fica claro que a depreciação real afeta a balança comercial por
meio de três canais separados:
1. As exportações, X, aumentam
2. As importações, IM, diminuem.
3. O preço relativo dos bens estrangeiros em termos de bens domésticos, 1/ε,
aumenta.
A condição de Marshall-Lerner

• Para que a balança comercial melhore após uma depreciação, as


exportações devem aumentar o suficiente e as importações devem
diminuir o suficiente para compensar o aumento do preço das
importações.
• A condição sob a qual uma depreciação real leva a um aumento das
exportações líquidas é conhecida como condição de Marshall-Lerner.
Combinando as políticas cambial e fiscal

• Suponha que o produto esteja em seu nível natural, mas a economia esteja
apresentando um grande déficit comercial. O governo gostaria de reduzir o déficit
comercial sem alterar o nível de produto.
• O governo tem que usar a combinação certa de depreciação e contração fiscal.
1. Deve realizar uma depreciação suficiente para eliminar o déficit comercial no nível
inicial do produto. O equilíbrio se moveria de A para A”, e o produto aumentaria de
Y para Y’.
2. Para evitar um aumento do produto, o governo deve reduzir os gastos do governo.
Essa combinação de depreciação com contração fiscal leva ao mesmo nível de
produto e melhora a balança comercial.
Combinando as políticas cambial e fiscal
Combinando as políticas cambial e fiscal

Condições iniciais Superávit comercial Déficit comercial

Produto baixo ε? G↑ ε↓ G?

Produto alto ε↑ G? ε? G↓
Curva J

• Inicialmente ocorre uma deterioração das exportações líquidas, pois, embora


o preço das importações em termos de bens domésticos aumente
instantaneamente, as quantidades exportadas e importadas não reagem
prontamente à mudança dos preços relativos entre bens domésticos e
estrangeiros
• Posteriormente, supondo válida a condição de Marshall-Lerner, o aumento
das exportações e a redução das exportações, em resposta a mudança de
preços relativos entre bens domésticos e estrangeiros, acabam superando o
efeito adverso inicial do aumento do preço das importações em termos de
bens domésticos
Curva J
Curva IS – LM para uma economia aberta
• Curva IS: Y = C + I + G + (X – M)
• As propriedades da curva IS permanecem as mesmas.
• A única mudança é a introdução do setor externo:
• X = X(ε; Y*)
• M = M(ε; Y)
• Para dada taxa de câmbio e nível de renda externa, teremos um nível de
exportações. Qualquer alteração nesses parâmetros afetará o volume de
exportações e com isso a posição da curva IS.
• Uma desvalorização da taxa de câmbio torna o produto nacional mais
barato, estimulando as exportações e desincentivando as importações. Essa
melhora no saldo em conta corrente desloca a curva IS para a direita.
• Uma valorização da taxa de câmbio terá o efeito oposto, deslocando a
curva IS para a esquerda.
Curva IS – LM para uma economia aberta

• A curva LM não é afetada pela introdução do setor externo.


• A demanda de moeda continua dependendo da renda e da taxa de
juros, respondendo positivamente em relação à renda e negativamente
em relação à taxa de juros.
• Dada a oferta de moeda, a curva LM representará os pares (Y,r) que
equilibram esse mercado.
Curva BP e equilíbrio externo
• BP = TC + MK
• BP = TC(Y) + MK(r)
• O saldo em Transações Correntes depende da taxa de câmbio e dos níveis de
renda interno e externo. Dada a taxa de câmbio e a renda externa, teremos um
valor dado de exportações, e elevações na renda interna ampliam as
importações, o que diminui o saldo em transações correntes.
• O movimento de capitais responde positivamente ao diferencial entre as taxas de
juros interna e externa. Assim, dada a taxa de juros internacional, a entrada de
capitais tende a se ampliar quanto maior a taxa de juros interna.
• BP = 0  TC(Y) = - MK(r)
• A curva BP representa os pares (Y, r) que satisfazem a condição de equilíbrio
no Balanço de Pagamentos (BP=0).
• A inclinação da curva BP dependerá do grau de mobilidade de capitais, ou
seja, da forma como estes respondem a variações na taxa de juros.
Curva BP sem mobilidade de capital

• Em uma economia sem mobilidade de capital, a condição de equilíbrio do


Balanço de Pagamentos reduz-se a um saldo zero em Transações Correntes:
(X = M)

X = X0 (exportações são dadas)


M = mY (importações função crescente da renda interna)
TC = X0 – mY
TC = 0  X0 = mY
YBP=0 = X0 / m
A curva BP: economia aberta no curto prazo
sem mobilidade de capital
• Existe um único nível
de renda que
equilibra a conta
corrente.
• O Balanço de
Pagamentos é
independente da
taxa de juros.
A curva BP: economia aberta no curto prazo
sem mobilidade de capital
• Para níveis mais elevados de
renda, as importações
crescerão sem serem
acompanhadas por um
aumento das exportações, o
que resultará no aparecimento
de déficits em transações
correntes (pontos a direita da
curva BP).
• Para níveis inferiores de renda,
as importações serão menores
que as exportações, resultando
em um superávit (pontos a
esquerda da curva BP).
Equilíbrio externo e pleno emprego: economia
aberta sem mobilidade de capital
• O governo quer tanto atingir o nível
de produto de pleno emprego dado
por YP quanto o equilíbrio externo que
é obtido em YBP e que a economia
esteja inicialmente em Y, dado pela
intersecção da IS e da LM.
• Enquanto o pleno emprego exige
políticas econômicas expansionistas,
o equilíbrio externo exige politicas
contracionistas.
• Utilizando-se apenas instrumentos
fiscais e monetários, os dois objetivos
são incompatíveis.
Equilíbrio externo e pleno emprego: economia
aberta sem mobilidade de capital
• A única maneira de atingirmos as duas metas simultaneamente é
gerar um volume de exportações autônomas compatível com o
volume de importações na situação de pleno emprego através a
política cambial.
• Uma desvalorização da taxa de câmbio tanto amplia o volume
de exportações quanto diminui as importações.
• A desvalorização cambial desloca a BP para a direita, ampliando
o produto compatível com o equilíbrio externo.
• A desvalorização cambial também desloca a IS para fora.
Equilíbrio externo e pleno emprego: economia
aberta sem mobilidade de capital
Beggar-the-neighboor

• Uma desvalorização cambial amplia a demanda por produtos nacionais


elevando o emprego interno, mas isso significa uma redução das
exportações do resto do mundo e da demanda nos demais países, reduzindo
o emprego nestes.
• Essa forma de combater o desemprego é conhecida como beggar-the-
neighboor (política de penalização dos vizinhos): correção do desemprego
interno exportando este para os demais países.
• A valorização cambial ocorrida após o Plano Real no Brasil melhorou em
muito o desempenho do setor exportador argentino, permitindo que este país
conseguisse o equilíbrio sem aumentar o desemprego.
Curva BP com livre mobilidade de capital

• Suposições: economia de pequeno porte e livre acesso do país ao mercado internacional de capitais.
• Na situação de livre mobilidade de capital, a variável relevante para determinar o equilíbrio de BP passa
a ser a taxa de juros e não mais o nível de renda, uma vez que o saldo na balança de pagamentos
passa a ser infinitamente elástico em relação à taxa de juros.
• Uma taxa de juros superior à taxa internacional induzirá uma entrada massiva de capitais (superávit
comercial) que forçará a igualdade entre as taxas.
• Uma taxa de juros inferior à taxa internacional induzirá a uma saída massiva de capitais (déficit
comercial) que forçará a igualdade entre as taxas.
• Existe um único nível de taxa de juros interna compatível com o equilíbrio externo:
• r = r*
Curva BP com livre mobilidade de capital

• O nível de renda deixa de


ser uma variável relevante
para determinar o saldo
externo.
Curva BP com mobilidade imperfeita de
capitais
• Suposição: economia de grande porte ou situação de mobilidade imperfeita
de capitais.
• Tanto a renda quanto a taxa de juros passam a desempenhar um papel
relevante para se atingir o equilíbrio externo.
• A curva BP é positivamente inclinada: aumentos na renda devem ser
acompanhados por elevações na taxa de juros, de modo a manter o BP em
equilíbrio.
• Economia de grande porte: Elevação renda leva a uma deterioração do
saldo em transações correntes, aumentando a necessidade de recursos
externos para financiá-la. A maior demanda por recursos pressionará o
mercado internacional, aumentando a taxa de juros.
• Mobilidade imperfeita de capitais: se aumenta o nível de renda interna e o
déficit em transações correntes se amplia, os financiadores internacionais
exigirão uma taxa de juros mais elevada para aceitarem financiá-lo
(presença de risco).
Curva BP com mobilidade imperfeita de
capitais
• Determinação dos equilíbrios interno e externo e impacto das
políticas econômicas sob diferentes regimes cambiais.
• Politicas econômicas:
• Política monetária expansionista
• Política fiscal expansionista
• Política cambial de desvalorização
• Regimes de câmbio:
• Câmbio fixo
• Câmbio flexível
• Tipo de mobilidade de capitais:
• Sem mobilidade de capital
• Livre mobilidade de capital
• Mobilidade imperfeita de capital
Economia sem mobilidade de capitais
• Curva IS: Y = C(Y – T) + I(r) + G + X(E, Y*) – M(E, Y)
• Curva LM: MS / P = Md(Y, r)
• Curva BP: YBP=0 = X0 / m
Economia sem mobilidade de capitais –
Câmbio fixo
EXPANSÂO DA OFERTA DE MOEDA
• Deslocamento da curva LM para a direita 
• Taxa de juros inferior à inicial, que leva a uma ampliação do investimento e da renda 
• Com o aumento da renda, as importações aumentam, levando ao aparecimento de
déficits no Balanço de Pagamentos 
• O Banco Central terá que atender esta maior demanda por moeda estrangeira, vendendo-
a aos agentes, o que provocará uma redução no nível de reservas internacionais e a uma
redução na oferta de moeda 
• A curva LM se desloca para a esquerda.
Economia sem mobilidade de capitais –
Câmbio fixo
EXPANSÂO DA OFERTA DE MOEDA
Economia sem mobilidade de capitais –
Câmbio fixo
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
• Deslocamento da curva IS para a direita 
• Taxa de juros e nível de renda maiores 
• O nível de renda mais elevado provoca o aparecimento de déficits no Balanço de Pagamentos 
• O Banco Central é forçado a perder reservas internacionais, contraindo a oferta de moeda 
• A taxa de juros vai se elevando, reduzindo ainda mais o investimento 
• Esse processo persistirá até que o nível de renda volte ao original, eliminando o desequilíbrio externo, mas
com uma taxa de juros mais elevada.
• Crowding-out: o gasto público substitui o investimento (privado).
Economia sem mobilidade de capitais –
Câmbio fixo
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
Economia sem mobilidade de capitais –
Câmbio fixo
DESVALORIZAÇÂO CAMBIAL
• As exportações são estimuladas e as importações são reduzidas 
• Como ocorre melhora no saldo em Transações Correntes para cada nível de
renda, o produto compatível com o equilíbrio externo será maior, deslocando a
curva BP para a direita 
• A melhor performance do setor externo significa um aumento na demanda
agregada o que provocará um deslocamento da IS para a direita 
• O deslocamento da IS é inferior ao da BP 
• Haverá, neste novo equilíbrio interno, um superávit comercial 
• Como estamos considerando o sistema de câmbio fixo, o Banco Central adquirirá
essa oferta excedente de divisas emitindo moeda 
• Deslocamento da LM para a direita (até que seja eliminado o superávit)
• Novas elevações na renda (até que esta atinja o novo nível compatível com o
equilíbrio externo).
Economia sem mobilidade de capitais –
Câmbio fixo
• DESVALORIZAÇÂO CAMBIAL
Economia sem mobilidade de capitais –
Câmbio flutuante
POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA
• Deslocamento da curva LM para a direita 
• Queda na taxa de juros 
• Ampliação do investimento e da renda 
• Aumento da renda afeta as importações, ampliando a demanda por divisas 
• Desvalorização da moeda nacional 
• Melhoria do saldo em Transações Correntes 
• Tanto a BP quanto a IS se deslocarão para a direita 
• Novo aumento na renda 
• Conforme a taxa de câmbio vai-se desvalorizando, a taxa de juros vai se elevando,
reduzindo o investimento, cuja queda é mais do que compensada pelo melhor
desempenho do setor externo 
• O processo de desvalorização cambial persiste até que a IS e a BP se interceptem sobre a
nova LM.
Economia sem mobilidade de capitais –
Câmbio flutuante
POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA
Economia sem mobilidade de capitais –
Câmbio flutuante
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
• Deslocamento da curva IS para a direita 
• Aumento da renda e da taxa de juros 
• Aumento da renda pressiona o setor externo (déficits comerciais) 
• Desvalorização da moeda nacional 
• Deslocamento da BP para a direita e novo deslocamento da IS para a
direita.
Economia sem mobilidade de capitais –
Câmbio flutuante
• POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
Perfeita mobilidade de capital: o caso de uma
economia pequena
• Com perfeita mobilidade de capital, a alteração que teremos no modelo
será na especificação da curva BP, sendo que a IS e a LM permanecem
iguais ao caso anterior:
• CURVA BP: r = r*
Perfeita mobilidade de capital: o caso de uma
economia pequena – Câmbio fixo
EXPANSÃO MONETÁRIA
• Deslocamento da curva LM para a direita 
• Redução da taxa de juros 
• Fuga massiva de capitais do país 
• Déficit na Balança de Pagamentos 
• A maior procura por moeda estrangeira terá de ser atendida pelo Banco Central,
desfazendo-se das reservas internacionais, para poder manter a taxa de câmbio fixa 
• Redução da oferta de moeda
• LM volta à posição original
Perfeita mobilidade de capital: o caso de uma
economia pequena – Câmbio fixo
EXPANSÃO MONETÁRIA

Política monetária é totalmente inoperante.


Perfeita mobilidade de capital: o caso de uma
economia pequena – Câmbio fixo
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
• Deslocamento da curva IS para a direita 
• Aumento da renda e da taxa de juros 
• Grande entrada de capitais no país (superávit no Balanço de Pagamentos)

• Entrada de divisas que serão adquiridas pelo Banco Central emitindo moeda

• Deslocamento da LM para a direita
Perfeita mobilidade de capital: o caso de uma
economia pequena – Câmbio fixo
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
Perfeita mobilidade de capital: o caso de uma
economia pequena – Câmbio fixo
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
• A política fiscal é extremamente eficiente para afetar o nível de produto.
• Nesta situação, com câmbio fixo e livre mobilidade de capitais, o resultado da política fiscal é melhor do
que no caso do modelo IS-LM com economia fechada.
• No caso da economia fechada, o aumento dos gastos públicos pressiona a elevação da taxa de juros,
reduzindo o investimento, que diminui o impacto expansionista da política fiscal.
• No caso com livre mobilidade de capital, a taxa de juros interna é ditada pelo mercado internacional, e
com a taxa de câmbio fixa, o agregado monetário se ajustará para garantir essa igualdade, de modo a
poder preservar a taxa de câmbio fixa.
• A taxa de juros, assim, não se altera em decorrência do maior gasto público, não havendo, portanto,
redução do investimento.
Perfeita mobilidade de capital: o caso de uma
economia pequena – Câmbio fixo
DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL
• A BP não desloca, enquanto a IS desloca pela ampliação das
exportações 
• A taxa de juros aumenta, induzindo uma entrada de recursos no país 
• Como o regime é de câmbio fixo, o Banco Central comprará esse
excesso de divisas ampliando a oferta de moeda 
• Deslocamento da LM até o ponto em que não existam mais pressões
para a elevação da taxa de juros interna.
Perfeita mobilidade de capital: o caso de uma
economia pequena – Câmbio fixo
DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL
Perfeita mobilidade de capital: o caso de uma
economia pequena – Câmbio flutuante
• Esse caso, com livre mobilidade de capital e taxa de câmbio flutuante, é chamado
Modelo Mundell-Fleming.
EXPANSÃO MONETÁRIA
• LM se desloca para a direita, gerando uma redução da taxa de juros 
• Aumento na demanda de moeda estrangeira para remeter capital ao exterior 
• Desvalorização da moeda nacional 
• Aumento das exportações e deslocamento da curva IS para a direita 
• Desvalorização da taxa de câmbio até que a IS intercepte a LM ao nível da taxa de
juros internacional
Perfeita mobilidade de capital: o caso de uma
economia pequena – Câmbio flutuante
EXPANSÃO MONETÁRIA

Nesse caso a política monetária é plenamente eficaz.


Perfeita mobilidade de capital: o caso de uma
economia pequena – Câmbio flutuante
EXPANSÃO FISCAL
• Deslocamento da IS para a direita 
• Aumento da taxa de juros 
• Maior procura por moeda nacional, devida ao ingresso de capitais 
• Valorização da moeda nacional 
• Produto nacional mais caro em comparação ao estrangeiro 
• Redução da demanda interna 
• IS desloca para a esquerda (até a posição original).
Perfeita mobilidade de capital: o caso de uma
economia pequena – Câmbio flutuante
EXPANSÃO FISCAL
Mobilidade imperfeita de capital: o caso de uma
economia de grande proporções – Câmbio fixo
POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA
• Deslocamento LM para a direita 
• Queda da taxa de juros, elevação da renda e aparecimento de um déficit no Balanço de
Pagamentos 
• Considerando taxa de câmbio fixa, o Banco Central irá perder reservas internacionais,
contraindo ao longo do tempo a oferta de moeda 
• LM volta à posição original.

• Quanto menor a inclinação da BP, isto é, quanto maior a elasticidade da conta de capital
em relação à taxa de juros, maior a velocidade de volta da LM.
Mobilidade imperfeita de capital: o caso de uma
economia de grande proporções – Câmbio fixo

POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA


Mobilidade imperfeita de capital: o caso de uma
economia de grande proporções – Câmbio fixo
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
SITUAÇÃO DE BP MAIS INCLINADA QUE A LM
• Elevação do nível de renda e da taxa de juros 
• Déficit no Balanço de Pagamentos, pois a deterioração do saldo em Transações Correntes provocado pelo
aumento da renda supera a melhora da conta de capital propiciada pelo aumento da taxa de juros 
• O Banco Central atende à maior demanda por moeda estrangeira desfazendo-se das reservas internacionais e
contraindo a oferta monetária 
• Redução da renda, melhora no saldo em Transações Correntes e elevação da taxa de juros 
• Maior entrada de capital
• Esse processo persistirá até que se restabeleça o equilíbrio externo, o que ocorrerá quando a LM passar pelo novo
ponto de intersecção da BP com a nova IS.
Mobilidade imperfeita de capital: o caso de uma
economia de grande proporções – Câmbio fixo
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
SITUAÇÃO DE BP MAIS INCLINADA QUE A LM
Mobilidade imperfeita de capital: o caso de uma
economia de grande proporções – Câmbio fixo
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
SITUAÇÃO DE LM MAIS INCLINADA QUE A BP
• Deslocamento da IS para a direita 
• Nível de renda e taxa de juros mais elevados 
• Superávit no Balanço de Pagamentos, pois a entrada de capitais induzida pela maior taxa
de juros será maior que a deterioração do saldo em Transações Correntes decorrente da
expansão da renda 
• Aquisição desse superávit pelo Banco Central que leva à expansão monetária e ao
deslocamento da LM para a direita 
• LM desloca até que esta intercepte a IS e a BP.
Mobilidade imperfeita de capital: o caso de uma
economia de grande proporções – Câmbio fixo
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
SITUAÇÃO DE LM MAIS INCLINADA QUE A BP
Mobilidade imperfeita de capital: o caso de uma
economia de grande proporções – Câmbio
flutuante
EXPANSÃO MONETÁRIA
• LM desloca para a direita 
• Redução da taxa de juros e aumento da renda 
• Déficit no Balanço de Pagamentos 
• Desvalorização da taxa de câmbio 
• Deslocamento da IS e da BP para a direita 
• O impacto expansionista da política monetária é potencializado.
Mobilidade imperfeita de capital: o caso de uma
economia de grande proporções – Câmbio
flutuante
EXPANSÃO MONETÁRIA
Mobilidade imperfeita de capital: o caso de uma
economia de grande proporções – Câmbio
flutuante
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
LM MAIS INCLINADA QUE A BP
• Deslocamento da IS para a direita 
• Taxa de juros e renda mais elevadas 
• Superávit na Balança de Pagamentos 
• Valorização da taxa de câmbio 
• IS desloca para a esquerda e a BP desloca para cima 
• A economia encontra um novo ponto de equilíbrio
Mobilidade imperfeita de capital: o caso de uma
economia de grande proporções – Câmbio
flutuante
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
LM MAIS INCLINADA QUE A BP
Mobilidade imperfeita de capital: o caso de uma
economia de grande proporções – Câmbio
flutuante
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
BP MAIS INCLINADA QUE A LM
• Deslocamento da IS para a direita 
• Aumento da taxa de juros e da renda 
• Déficit no Balanço de Pagamentos 
• Desvalorização da taxa de câmbio 
• BP desloca para baixo (direita) e IS desloca novamente para a direita 
• A economia encontrará um novo equilíbrio sobre a curva LM
Mobilidade imperfeita de capital: o caso de uma
economia de grande proporções – Câmbio
flutuante
POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA
BP MAIS INCLINADA QUE A LM
Política monetária Política fiscal Politica cambial –
expansiva expansiva Desvalorização

Sem mobilidade Regime câmbio Renda e taxa de Renda constante Aumento da


de capital fixo juros constantes e elevação da renda
taxa de juros
Regime de Aumento da Aumento da --
câmbio flexível renda renda e da taxa
de juros
Livre mobilidade Regime câmbio Renda e taxa de Elevação da Elevação da
de capital fixo juros constantes renda e taxa de renda e taxa de
(economia juros constante juros constante
pequena)
Regime de Elevação da Renda e taxa de --
câmbio flexível renda e taxa de juros constantes
juros constante
Mobilidade Regime câmbio Renda e taxa de Elevação da Aumento da
imperfeita de fixo juros constantes renda e da taxa renda
capital de juros
(economia
Regime de Aumento da Elevação da --
grande)
câmbio flexível renda renda e da taxa
de juros
Exercícios

• Tendo em vista o modelo IS / LM de uma economia aberta, com equilíbrio no


balanço de pagamentos e mobilidade de capital imperfeita:
1. No regime de câmbio fixo, uma expansão monetária provocará inicialmente
aumentos dos níveis de renda e emprego, que não poderão ser mantidos em
face da perda de divisas. Verdadeiro ou falso?
2. No regime de câmbio fixo, o governo perde a capacidade de aquecer a
economia mediante aumento de gasto, pois estes só provocam elevações de
taxas de juros. Verdadeiro ou falso?
3. Em um sistema de câmbio flexível, uma expansão monetária reduz a taxa de
juros, eleva o nível de renda e provoca surgimento de déficit no Balanço de
Pagamentos. Verdadeiro ou falso?

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