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Da Etnoarqueologia a

Arqueologia do Presente
Alfredo Gonzalez-Ruíbal
Os problemas da etnoarqueologia
• Subdisciplina da arqueologia encarregada de estudar sociedades pré-
modernas atuais para auxiliar na compreensão do registro
arqueológico.
• As minas de onde se extraem as analogias são geralmente sociedades
não modernas de pequena escala.
• Desde o século XIX os manuais de arqueologia utilizaram dados do
presente para explicar o passado.
• Fazer da arqueologia uma disciplina mais científica.
• Marcas de descarne, ação de animais carniceiros.
• Caráter funcionalista, universalista e a-histórico.
• Praticamente nenhum arqueólogo utiliza os dados de trabalhos
etnoarqueológicos para compreender o registro arqueológico.
• Os herdeiros da Nova Arqueologia e a Arqueometria.
• O fracasso da etnoarqueologia Maya.
• O pós-processualismo e as Etnografias do passado.
• A ênfase no social tem levado ao esquecimento do material.
• Problema ético
• É licito estudar sociedades tradicionais na atualidade com o único fim de
compreender melhor as sociedades do passado, e frequentemente de outro lugar?
• Privação dessas sociedades das suas cicatrizes históricas.
• Estudar os grupos como um fim em si mesmo, não como meras fontes de analogias.
• Arqueologia do presente
• Acabar com a dependência da antropologia.
• Substituir as etnografias do passado por arqueologias do mundo contemporâneo.
“Este tipo de arqueología, además, puede proporcionar elementos de
comparación para arqueólogos que exploran períodos y culturas diversos
(como sucede con otras investigaciones histó- ricas y antropológicas), pero,
desde un punto de vista ético, evita convertir a los pueblos con que trabaja
en meros suministradores neutros de analogías arqueológicas.”
Uma arqueologia do presente
• Estuda as sociedades atuais a
partir das metodologias e teorias
arqueológicas.
• Seu objetivo principal não é construir
analogias.
• Estuda potencialmente todo o
mundo atual, sociedades não
modernas ou capitalistas.
• Não contempla uma ruptura drástica
entre passado e presente, não
considera que um está a serviço do
outro.
• Disciplina histórica que considera a genealogia em vez de biografia
dos objetos.
• Busca entender a mudança, o contato cultural, a hibridação.
“La arqueología del presente es también una etnografía: una descripción de
sociedades vivas, pero no es una etnografía convencional, sino una etnografía
de la materialidad.”

“En la mayor parte de las etnografías del último medio siglo da la impresión de
que podríamos situar a los sujetos estudiados en cualquier escenario, en
cualquier aldea del mundo y utilizando cualquier tipo de objetos”
• A arqueologia do presente é também uma arqueologia política
sensibilizada e engajada com os problemas e tensões sociais que
afligem os grupos que se estuda.
• Amnésia histórica e cegueira política dos antropólogos,
especialmente os anglo-saxões.
• Os Awá-Guajá.
“La arqueología y la etnoarqueología han contribuido tradicionalmente a
describir a los grupos preindustriales como reliquias del pasado y en cierta
manera han justificado, de forma más o menos inconsciente, el tratamiento
que se les ha dado por parte de las sociedades modernas.”
“La arqueología del presente toma una postura crítica ante esta situación e
incorpora como parte de sus objetivos abordar cuestiones relacionadas con la
globalización, la violencia política, los programas de desarrollo o las
injerencias estatales en la vida de las comunidades que estudia.”
Arqueologia do presente na fronteira do Sudão
e Etiópia
• Assimetria que marca toda a
relação entre o pesquisador e o
sujeito investigado.
• A complexidade de interações
culturais entre uma diversidade de
etnias e formações políticas no
presente e no passado.
• berta, gumuz, shinasha, mao y
komo
• Posteriores: amhara, oromo y
agaw
• En todo el Cuerno de África se fabrican cervezas y licores caseros de
distintos tipos. En la zona de la frontera, los gumuz de Metekel,
fabrican grandes contenedores cerámicos (tich’a) adecuados para la
fermentación de las bebidas. Sus vecinos agaw, procedentes del
altiplano etíope, compran estos contenedores cerámicos a los gumuz
(fig. 5) y fabrican bebidas alcohólicas en ellos. Posteriormente venden
el alcohol a los gumuz, quienes a su vez invitan a sus vecinos agaw a
beber. Lo que es interesante es que los agaw saben fabricar
contenedores para cerveza: al fin y al cabo los hacían en su lugar de
origen. Los gumuz también saben preparar alcohol. El adquirir algo
que ya se tiene o que se sabe hacer a otra comunidad puede ser una
forma de establecer vínculos sociales.
• la densa ocupación del barrio y la
orientación de las casas contribuyen a
crear un sentimiento de seguridad e
identidad compartida en una zona extraña
(fig. 6). No se trata simplemente de que
através de la organización del espacio
transmitan un mensaje de identidad étnica
a los gumuz. Lo interesante está en que la
construcción de la aldea construye a su vez
a los agaw, al condicionar sus vidas, su
experiencia social y sus relaciones con los
demás.
• Os Mao do sul e leste de Bambasi na
Etiópia.
• Desde los años 80 ha habido bastante tendencia entre los
arqueólogos a considerar que la cultura material se utiliza
activamente para marcar la identidad, sea étnica o de otro tipo
(Hodder, 1982a, b). Actualmente somos más conscientes de que la
relación con los objetos es menos unidireccional.
• estudiar la cultura material puede resultar interesante para acceder a
cuestiones que escapan lo consciente, aquellas cosas de las que se es
capaz de hablar – o de las que es socialmente lícito hablar: conflictos,
problemas, inseguridades, miedos.
• conocer otras culturas, otras experiencias sociales, otras formas de
hacer las cosas es absolutamente fundamental para poder entender a
los pueblos del pasado, cuya existencia no se rigió por nuestras
categorías modernas de pensamiento
• Los mitos y las leyendas se pueden transmitir durante generaciones,
incluso cuando una sociedad se ha transformado radicalmente. Cómo
hacer una cerámica o fabricar un arco, son conocimientos frágiles que
se pierden para siempre cuando los objetos fabricados
industrialmente hacen desaparecer las artesanías tradicionales.
DESCOLONIZANDO A ARQUEOLOGIA NO BRASIL: CONTRIBUIÇÕES DA
ETNOARQUEOLOGIA PARA A COMPREENSÃO E PRESERVAÇÃO DE CEMITÉRIOS
INDÍGENAS NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

• Jorge Eremites de Oliveiras


• Desobediência epistêmica
• Interlocução simétrica com o Outro.
• para além da preocupação com as analogias – entre o presente
histórico e o passado arqueológico – e em busca de outras
interpretações sobre a cultura material.
• Trata-se da opção epistêmica descolonial de manter uma postura
crítica frente ao paradigma europeu da modernidade e racionalidade.
• O colonialismo como um dinâmico sistema estruturante de relações
sociais de poder, exploração e tentativas de dominação, bem como
um conjunto de problemas inerentes à produção de saberes e à
prática nas ciências sociais.
• o conceito de sítio arqueológico e sua relação com a memória e o
patrimônio cultural de povos indígenas em Mato Grosso do Sul
• ações do governo que afetam os direitos territoriais de comunidades
Guarani e Kaiowá no estado.
• Etnoarqueologia de cemitérios indígenas observados nas
comunidades de Panambizinho, Jaguapiru, Ñande Ru Marangatu,
Takuara e outras
• Definição em rodapé: A Etnoarqueologia é aqui percebida como um
subcampo da Arqueologia dedicado ao estudo de grupos humanos
contemporâneos e/ou conhecidos historicamente, geralmente não-
ocidentais, conforme entendimento contido em outros estudos de
minha autoria
• São locais com evidências materiais da ocupação tradicional, às vezes
localizados em territórios de onde famílias indígenas foram expulsas
décadas atrás. Por este motivo, muitos cemitérios têm sido
sistematicamente destruídos por pessoas contrárias aos direitos
territoriais dos povos indígenas, geralmente ligadas ao movimento
ruralista. Não raramente isso é feito com certa conivência de agentes
do Estado, os quais deveriam agir no sentido da preservação e
valorização desse tipo de patrimônio cultural.
O QUE É SÍTIO ARQUEOLÓGICO?

• lugares, em ambientes terrestres e aquáticos, onde ocorrem evidências


materiais da presença humana pretérita.
• locais ocupados mais recentemente e que não possuem o apelo da
monumentalidade arquitetônica, tampouco estão vinculados à história
das elites políticas e econômicas regionais.
• para muitos povos indígenas podem existir lugares percebidos como sítios
arqueológicos, os quais não possuem, necessariamente, esses tipos de
vestígios.
• o fato é que cabe ao arqueólogo, mais do que qualquer outro profissional,
dizer o que é e o que não é um sítio arqueológico em determinada área.
Esta situação o torna devidamente empoderado para a tomada de
decisões, como ocorre durante o licenciamento socioambiental.
• Terras imemoriais. Povos indígenas e comunidades tradicionais não
deveriam ser retiradas de seus territórios em nome do progresso, da
ciência, da lei estatal e da preservação e valorização do patrimônio
arqueológico nacional.
• conjunto de leis foi produzido a partir do paradigma da necessidade
da existência do Estado-nação. Daí compreender que bens
arqueológicos são percebidos como patrimônio ou bens da União. A
determinação também abrange bens arqueológicos de povos
originários, cuja existência antecede ao surgimento do próprio Estado
nacional. o direito estatal se sobrepõe ao direito indígena.
• Alma carnal e alma espiritual – a carnal não deve ser lembrada,
tumulo não deve ser profanado. Isso pode trazer más influencias a
saúde da comunidade. Não são espaços venerados – permanecem no
passado.
• Enterramentos individuais e coletivos são considerados como
cemitério. O uso de símbolos cristãos como cruzes de ferro
contribuem para a sua preservação.
• (re) pensarem a compreensão das práticas funerárias verificadas em
sítios arqueológicos associados a grupos guarani.
• cada vez que arqueólogos escavam cemitérios ligados a antigos povos
de língua guarani, eles não apenas profanam esses lugares, mas
também liberam o angue ou anguery dos mortos, cujas
consequências são negativas para a vida em sociedade e para o
equilíbrio do mundo.
• O esforço de rememorar, e até mesmo voltar a locais até então quase
que esquecidos, é visto como uma estratégia que contribui para a
obtenção de provas materiais que corroboram, no âmbito do
Judiciário, a memória social das comunidades sobre suas terras.
• Cemitério Kaiowá de Karumbé
• Visão colonialista sobre o conceito
de sítio arqueológico.
• Paradigma da aculturação.
• Omissão com relação a proteção.
• a necessidade de posicionar-se
criticamente frente à autoridade
científica e à idéia de aculturação
que ainda marcam os olhares de
muitos arqueólogos sobre povos
indígenas na atualidade

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