Valores e Referenciais Morais Ocidentais Questão metodológica: como chamar o processo de introdução do cristianismo na América:
•Pregação do evangelho e conversão dos índios
(Acosta) •Conquista espiritual, (Montoya, R Ricard, P. Suess) •Evangelização (Igreja) •Cristianização (introdução, imposição do cristianismo sobre outras religiões); A Colonização do Imaginário (Gruzinski) Pelo padroado existente entre os reis de Castela e Aragão com o Papado, a cristianização ou a conversão dos índios ao cristianismo deveria ser financiada e garantida pela coroa espanhola. Na prática do padroado nas Índias: •Os bispos eram escolhidos e indicados pelo Conselho de Índias •Pagos pela Coroa, o mesmo que os párocos •O dízimo era recolhido pelos agentes da Coroa como um imposto •A Coroa encontrava formas de financiar as missões •Depois que se toma o controle do centro do México, a Coroa opta definitivamente por se servir das ordens religiosas, financiando sua vinda. •Em 1524, chegam assim os primeiros franciscanos (chamados “Dos Dozes”) , reforçados em 1528 por outro grupo. •Posteriormente, o Conselho de Índias vai autorizando a entrada e viabilizando o estabelecimento de diversas ordens: •Dominicanos, •Capuchinhos, •Agostinianos, •Carmelitas, •Mercedários, •Betlemitas •Jesuítas •Estes missionários teriam chegado a 3000 em 1650 (Gruzinski, 203, 219). •O objetivo era estabelecer casas religiosas, conventos, construir igrejas para nelas administrar os sacramentos aos espanhóis e conversos e cuidar da cristianização dos índios. •A Igreja junto com a Cruz vão a ser os símbolos primeiros da presença espanhola e da nova sociedade que se estava definindo. Destruídos os templos indígenas, as autoridades espanholas fazem construir, muita vezes com as mesmas bases e as mesmas pedras, ermidas, capelas, igrejas, conventos, catedrais. Inúmeras oficinas serão criadas para aparelhar estas igrejas de imagens e objetos cristãos e nelas dezenas de indígenas se transformaram em artesãos e artistas. •É nesse ambiente que aparece o trabalho de conhecimento da sociedade mexica por parte de Frei Bernardino de Sahagun, autor da História General de las Cosas de Nueva España(1569-1577-1582). •Sahagun adotou um método de colher testemunhos através de um questionário “aplicado” por jovens indígenas cristãos formados no colégio de Tlatelolco, que entrevistaram os velhos das diversas vilas do vale do México, escreviam e redigiam as respostas, (os chamados “materiáles de los estudiantes latinos”) que eram recolhidos por Sahagun que as organizou em 12 livros com os mais diversos temas da vida dos mexicas. Sahagun preparou um texto que trazia numa coluna os matérias do estudantes em Náuatle, seu texto em espanhol e desenhos que ilustravam os textos. •Sahagun fez aquela obra monumental porque, queria que os futuros missionários conheceram os “erros” e idolatrias que praticam os indígenas para poder detectar-lhos com facilidade. “Falar de idolatria é também tentar –por meio da referência á materialidade do objeto/ídolo à intensidade do afeto (latria)-não se restringir a uma problemática das visões do mundo, das mentalidades, dos sistemas intelectuais e das estruturas simbólicas, mas considerar igualmente as práticas as expressões materiais e afetivas que lhe são intrínsecas” (Gruzinski, 2003, p. 224). •Ao mesmo tempo os missionários descobrem o papel importante que cumpria para a “conversão”: •a utilização de imagens, •celebrações litúrgicas, •festas dos santos, •prática de ritos muito parecidos aos antes praticados como: jejuns, oferendas, incenso, flores. Estas práticas rituais passaram a ser autorizadas, praticadas e se lhes conferiu significados cristãos definidos pelas crenças e praticas cristãs que se introduziam. •Posteriormente outros missionários como os jesuítas também se serviram destas praticas para introduzir o que S. Gruzinski, chamo de colonização do imaginário a partir da adoção pelo índios do “sobre natural cristão”. Entre estas práticas uma das de maior popularidade e adoção foi o culto a santos e santas, que os missionários introduziram, contanto suas biografias, seus milagres e feitos miraculosos e também com imagens vindas de Espanha que serviram de modelos para pinturas e esculturas, realizadas nas oficinas organizadas para a produção destas imagens. •Se esperava que com as imagens de Jesus cristo, Nossa Senhora e os santos se neutralizaram os inúmeros cultos pré- hispânicos a imagens, aos que os escritores juízes eclesiásticos deram o nome de idolatrias, aproximando essa nomeação as idolatrias praticadas pelos vezinhos do povo de Israel (como era narrado na Bíblia) e pelos romanos, como constava na obra de Plínio, do qual existiam exemplares no México. Entre estas devoções a de maior adoção e ao mesmo tempo transformação por parte do índios foi a de nossa Senhora de Guadalupe que teria aparecido em 1531 a um indígena converso na montanha do tepeyac. •Os missionários mais dedicados e vários bispos estavam preocupados na segunda metade do XVI com: •Inúmeros problemas que trazia a cristianização e a introdução dos sacramentos ( por exemplo se era possível se confessar com interprete o qual era a esposa verdadeira de um homem que tinham 4, 5, 6, 7, 8, esposas); A dificuldades de colocar os textos do evangelho nas diferentes línguas •A permanente pratica de cerimônias e ritos antigos que se faziam paralelamente aos rios cristãos e muitas vezes dentro dos próprios ritos cristãos. Se realizaram assim três grandes concílios em México e Peru: três em Lima e três no México, sendo que últimos traçaram as linhas do que deveria ser a cristianização nas Índias. Aqui foi definitiva a participação de um jesuíta conhecido como Jose de Acosta, que no seu tratado “De procuranda indorum salute” atualizou e em certa forma fechou o debate introduzido por Las Casas sobre o Único modo de atrair os índios para a verdadeirareligião.” •“Depois de muito meditar, cheguei á conclusão que podem ser aplicados três modos de pregação de Cristo entre os bárbaros, cuja justa proporção e conveniência é preciso examinar com todo cuidado. O primeiro que, segundo o costume de agir dos apóstolos, confiando na graça de deus, os pregadores vão aos gentios e preguem o evangelho sem irem acompanhados de nenhum aparato militar. Segundo, que os ministros da palavra de Deus não vão a povos novos, mas se dediquem aos que já estiverem sujeitos aos príncipes cristãos, seja justa ou injustamente. Terceiro, que vão e preguem onde ainda não foi anunciados, mesmo ajudados por soldados e tropas para defender suas vidas. Cada um destes três métodos tem suas próprias facilidades e dificuldades, nem é preciso pouca luza divina para entender, primeiro, qual deles deve ser aprovado ou reprovado; segundo, qual deve ser preferido aos outros, se todos puderem ser seguidos, finalmente que medidas deve tomar o servo de Cristo em cada um deles “. (Acosta, em Suess, 1992, p. 564).