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SAUDADES

DE MIM
Eu queria ter
fotografado as
garças voando nos
finais de tarde,
ter feito versos em
francês,
ter plantado árvores
nos meus quintais,
ter escrito poemas
nos bancos dos
jardins,
ter exigido menos e
aceitado mais.
Eu queria ter
contemplado mais as
tardes findando,
queria ter olhado para o
céu nas noites de
pirilampos,
ouvir o sussurro dos
mas não me atrevi! ventos e a coruja
cantando;
queria não ter
escondido meu coração
sangrando,
ter prestado mais
atenção à minha alma
chorando;
queria ter ido em busca dos
meus sonhos e
acreditando que com eles
pudesse abrir mais portas
e seguir andando,
sem medos, sem culpas,
sem mágoas nem abandonos.
Eu queria muito, me aceitar
como sou
e me recompor de todos os
danos.

Como eu queria me perdoar


por tantos enganos. Mas não soube
como!
Eu queria ter sido
mais audaz,
mais corajosa,
menos arrogante,
inflexiva
e muito mais
amorosa.
Mais compassiva,
mais amiga e menos
pretensiosa;

mas não me ouvi!


Eu queria ter sido
menos indolente,
menos impetuosa,
intolerante,
preocupada e
ansiosa;
eu queria ter sido
mais suave, serena
e calorosa,
comigo e com os
outros...

mas não me
permiti.
Fechei os olhos
para a doçura e
a leveza,
ignorei as
emoções, as
saudades
e a beleza.
Fui rígida,
implacável,
cheia de
certezas.
Ah, como eu queria ter
ficado mais tempo com
meu pai;
tê-lo confortado
e o amado mais;
ter segurado,
muitas vezes,
as suas mãos,
antes dele partir
e ter a convicção
absoluta de que
realmente vivi.

Não tive tempo!


Mas por que
descubro tudo isso agora?
por que esqueci tantos fatos,
tantos atos,
tantas datas?

quantas
faltas!...
Eu adiei viver o
momento,
o cotidiano, o
singelo, o factual;
eu adiei viver por
razões eloquentes
mas
absolutamente
banais;
eu só vivi
vorazmente.
Nunca me deixei
voar livre
até onde a alegria
me levasse
ou até onde a paz
me acolhesse.
Hoje, continuo adiando viver
enquanto realizo gestos grandes,
passos largos, “super algo”,
sem nenhuma intimidade comigo,
sem nenhuma importância real.
Agora,
finalmente sei,
que para me
resgatar,
fui longe demais,
procurando-me
naquela outra
que não fui eu.
Criação e Formatação:
LAILA SALOMÃO DE OLIVEIRA
Música: “the young and the restless”
HALLEY FLAMARION
Poesia extraida do livro:
“OUTROS OLHARES”
Autora: WANDA ALVES
Editora: MAGIA DAS LETRAS

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