Fabian Bermeo Então a luz da lua se estendeu sobre todos, as estrelas brilharam ainda mais no céu, o mar ficou de todo manso (talvez que Yemanjá tivesse vindo também ouvir a música) e a cidade era como que um grande carrossel onde giravam em invisíveis cavalos os Capitães da Areia. (p.59) Volta Seca vá andar no carrossel. E o menino toma o cavalo que serviu a Lampião. E enquanto dura a corrida, vai pulando como se cavalgasse um verdadeiro cavalo. E faz movimentos com o dedo, como se atirasse nos que vão na sua frente, e na sua imaginação os vê cair banhados em sangue, sob os tiros da sua repetição. E o cavalo corre e cada vez com mais, e ele mata a todos, porque são todos soldados ou fazendeiros ricos. Depois possui nos bancos a todas as mulheres, saqueia vilas, cidades, tens de ferro, montado no seu cavalo, armado com seu rifle. Depois vai o Sem-Pernas. Vai calado, uma estranha comoção o possui. Vai como um crente para uma missa, um amante para o seio da mulher amada, um suicida para a morte. (p. 60) ...a pena que sentia pela pobre negrinha, uma criança também. Uma criança também - ouvia na voz do vento, no samba que cantavam, uma voz dizia dentro dele. (p.85) A criança era uma tentação grande demais. Não parecia um meio dia de inverno. O sol soltou nas ruas uma luz suave que não queimava, mas cuja cor acariciava como a mão de uma mulher. No parque próximo, as flores explodiam em cores. Margaridas, rosas e cravos, dálias e violetas. Parecia que na rua havia um perfume muito sutil que Pirulito sentiu entrando no nariz e intoxicando-o. Havia comida na porta de uma casa de portugueses ricos, os restos de um almoço quase banquete. (p.113) Dona Ester sentou-se em frente à cômoda e, com os olhos ainda, parecia estar olhando pela janela. Na verdade, não olhei nem vi nada. Ele olhou para dentro de si mesmo, suas lembranças de muitos anos e viu uma criança da idade dos Sem-Pernas, vestida como um marinheiro, correndo pelo jardim da outra casa, da qual eles se mudaram quando a criança morreu. (p.125) E ele irrompeu em soluços que deixaram os Capitães da Areia estupefatos. Apenas Pedro Bala e o professor entenderam e ele mexeu as mãos porque não podia fazer nada. Pedro Bala tentou falar sobre qualquer coisa. Do lado de fora o vento corria na areia e seu ruído era como uma reclamação. (p.137) Omolu havia espalhado varíola na cidade. Foi uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, o que a Omolu sabia sobre as vacinas? Ela era uma pobre deusa das selvas da África. Uma deusa dos negros pobres. O que eu poderia saber sobre vacinas? Então a varíola desceu e devastou a cidade de Omolu. Tudo o que Omolu pôde fazer foi transformar a varíola em catapora, catapora e louca. Mas quando pessoas negras morreram, os pobres morreram. (p.167) O professor olhou para dentro da Boa Vida. Eu estava todo varicela picada. Mas no lugar do coração ele viu um estrela Uma estrela no lugar do coração. (p.169) CONCLUSÃO
“ Dora como a estrela que retorna com sentimento único de guerreira frente na vida e a vida dos demais: una tragicomédia.
A influência de Pedro Bala em
todo o caminho dos capitães. A voz da luta é descartada e a pegada nomar desaparece, deixando uma memoria sórdida para todos. ¡OBRIGADO!