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Métodos e Materiais para o Ensino

de Música
M

Prof.Me. Ivan Veras Gonçalves


Unidade III São Luís - 2017 Unidade III
SOBRE O MÉTODO DALCROZE

A utilização dos métodos ativos em sala de aula não pode ser uma escolha impositiva. Cada
professor irá escolher aquele mais adequado ao tipo de trabalho que ele pretende fazer e
acima de tudo:

AQUELE QUE O PROFESSOR ESTIVER FAMILIARIZADO!!!

Sim, é isso mesmo. Cada professor deve escolher um dos métodos,


estudá-lo e, a partir dessa preparação aplicá-lo com seus alunos.
Como vimos esses métodos possuem semelhanças e diferenças evidentes além, é claro, do fato
que alguns são voltados apenas para a formação do instrumentista, outros possuem uma visão
mais ampla podendo ser usados em vários cenários de educação musical.

No trabalho em sala de aula devemos estar sempre focados no que determina os Parâmetros
Curriculares acerca da função da música no ambiente escolar, mas não podemos perder de vista
uma verdade que os currículos não nos mostram ou preferem deixar latente, a sensibilização do
aluno ao mesmo tempo que irá desenvolver a criança integralmente, tanto nas dimensões afetiva,
cognitiva, motora e social (SUGAHARA,2014).
Pensando no que vocês possam pretender com cada método vamos dar uma repassada nas
características de cada um deles.

“O movimento corporal é o fator essencial para o desenvolvimento rítmico humano


Ou que
“a execução de ritmos corporais contribuem para o desenvolvimento da
musicalidade” (DALCROZE,1965)

Convém ressaltar que para ele a atividade rítmica é fundamental para a


musicalização infantil.
É através da movimentação do corpo que nos conscientizamos do
ritmo e da velocidade ( andamento) que cada peça será executada.

agem 1: Fonte: Ivan Veras. Imagem capturada de um vídeo. Imagem 2: Fonte: Ivan Veras.Imagem capturada de um Imagem : Fonte: Ivan Veras. Imagem capturada de
vídeo. um vídeo.

É possível observar nessas três imagens, retiradas de um vídeo, a professora


aplicando com as crianças várias propostas contidas na teoria de Dalcroze.
As imagens acima fora capturadas de um vídeo que mostra a aplicação do método, a partir desse link é
possível outros vídeo e novas formas de aplicação disponivel in:
<https://www.youtube.com/watch?v=yMLp5bjl5aY>
O que levou Dalcroze a propor o Le Rythmique foi que, após verificar
que o elemento que mais afeta os sentidos e desperta violentas
sensações em nós, era o Ritmo.
Em outras palavras, a rítmica busca:
“Desenvolver e regular as faculdades motrizes do indivíduo, criar novos reflexos,
harmonizar, associar os movimentos do pensamento, e, estabelecer uma
comunicação íntima entre ações e os desejos; entre sensações e os sentimentos;
entre imaginação e sensibilidade” (DALCROZE,1965).

Dalcroze afirmava que era o ritmo, o facilitador e o organizador da prática dos elementos musicais
pela criança e o que lhe tocava de imediato a sensibilidade.
SOBRE O MÉTODO DE EDGAR WILEMS:

Ele pregava que a educação musical estava à disposição de todos, independente do talento
musical.

Seu método buscava desenvolver o ouvido, o senso rítmico fornecendo as bases para
que o aluno possa solfejar, tocar um instrumento ou utilizá-lo em qualquer disciplina musical.

Para qualquer meio que fosse extra-musical estava fora do seu método, não era usado nem
como referência de base, ponto de partida. Todos os elementos constantes são inspirados na
música.
a metodologia está dividida em uma série de fases fundamentais:

esenvolvimento sensorial e auditivo. Esse desenvolvimento nada mais é do que a educação do


uvido musical no seu triplo: sensorial, afetivo e mental. Para tanto o professor deve se valer de
asto material que leve a criança a: ouvir, reconhecer e reproduzir;
esenvolvimento do instinto rítmico. Movimentos corporais naturais: andar, correr, salatar, etc.,
artindo da própria música e tendo por finalidade o desenvolvimento mínimo da corporalidade e do
máximo de sentido de tempo.1º é o ritmo físico e plástico;2º é o ritmo expressivo (PAZ, 2013)
anções ( que devem ser selecionadas pedagogicamente ou seja pensadas dentro do contexto do que
eseja alcançar), elas são para ele o elemento mais eficaz para despertar a vida afetiva. Ele sugere
Edgar Willems aconselhava que se trabalhasse com grupos reduzidos de crianças para que
se pudesse dar mais atenção a elas, mas dentro da realidade das escolas brasileiras isso é
muitas vezes impossível de se consegui. Nesse momento o professor precisa estar com seu
trabalho bem estruturado, seu plano de aula deve contar um certo grau de criatividade
para poder driblar esses percalços.

Uma outra grande dificuldade que pode surgir é tocar o método, conseguir
fazer um trabalho musical sem instrumentos, como ele utilizava. Ai, mais
uma vez, a criatividade tem que entrar em cena e que professor e aluno
possam conduzir o trabalho com o que estiver à mão.
Para proporcionar um desenvolvimento auditivo pleno das crianças, Willems pesquisou várias
fontes sonoras criteriosamente passou a empregar algumas em seu trabalho, sugerindo seu
uso por outros professores:

*Flauta de Êbolo e Sirene ( pancromatismo);

*Familia de Sininhos diferentes (prática de timbres);

*Familia de sininhos iguais ( 3 a 6) com tamanhos e alturas diferentes ( classificação);

Familia de tamanhos e alturas idênticas (classificação)


Nesta imagem podemos ver uma atividade com um dos conjuntos de
sinos proposto por Willems :

Fonte: Ivan Veras. Imagem capturada de um vídeo.

O vídeo dessa atividade está disponível in:<https://www.youtube.com/watch?v=WgxtxPq7l7I>


SOBRE O MÉTODO DE ZOLTAN KODÁLY:
Kodály foi um incentivador e promotor da educação musical no seu país, foi através do seu
trabalho como folclorista, pesquisador e pedagogo que a música começou a ser ensinada a todas
as crianças nas escolas da Hungria.
A manossolfa, que a representação das notas musicais com as mãos, Kodály adaptou da obra do
seu amigo e ex-aluno Jenö Ádám ( escrita a pedido de Kodály). Para Kodály a manossolfa era
uma técnica facilitadora do aprendizado.

Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-OejwKbd9nUw/UqCw98m4zAI/AAAAAAAAAGg/bgiczIu-ZIk/s1600/manossolfa_Kodaly.png
Muitos dos métodos que foram escritos por Ádám durante o
tempo em que trabalharam juntos acabaram sendo adotados
por Kodály e passaram a fazer parte de sua metodologia.

Devemos enfatizar que Kodály foi o grande


mentor de toda essa revolução e que seus
alunos reproduziram precisamente suas ideias.

E com base em suas pesquisas sobre o folclore do seu povo ele elegeu o canto como a principal
ferramenta do método, todos os seres humanos saudáveis podem cantar, e assim a prática musical
se torna acessível a todos, diferente de tocar um instrumento , onde nem todos podem adquirir um
ou ter condições de aprender o instrumento escolhido.
Outra proposta considerada um dos pilares do método Kodály foi a do Solfejo
Relativo ( conhecido como Dó-móvel ou tonic-solfa), que tem sua gênese ligada ao
sistema hexacordal criado no século XI pelo monge beneditino Guido de Arezzo.
Esse sistema ganhou projeção dentro e fora da Hungria ao ser adotado por Kodály.
Ele conheceu o Dó-móvel na Inglaterra onde o mesmo já era usado a um certo
tempo.

A questão rítmica foi outro aspecto da sua metodologia que ganhou especial atenção. Foi adotada
a Silabação Rítmica. Na silabação as figuras são representadas po silabas: “ta” para semínima,
“ta-te” para colcheia, “ta-fa-te-fe” para semicolcheia. Kodály dizia que o contato do aluno com a
silabação deveria ser lúdica, que proporcionasse um aprendizado natural, intuitivo e
prazeroso ( COSTA E SILVA,2013)
Em meados da década de 1930, Kodály e Jenö estiveram a frente do projeto de
longo prazo que visava reformular a educação musical nas escolas húngaras.
Onde obtiveram pleno êxito.

O que conhecemos como Método Kodály e uma coletânea de 22 obras que vão
das Canções de Berçario para crianças a partir do 3 anos de idade até os
Epigramas para duas vozes e piano, que em geral é utilizado nos
conservatórios e cursos superior de Música.
SOBRE O MÉTODO ORFF:
Profuso compositor e pedagogo, Orff afirmava que o texto, por sua importância,
teria a primazia sobre a melodia. Ambos seriam unidades indissociáveis, tanto
que se o texto sofresse tradução sua relação com a melodia estaria
comprometida.
Na década de 1920, Carl Orff começou a se dedicar a área da arte educação. Em 1924
fundou a Escola Günther (Günther – Schule München), cuja a proposta pedagógica era
fundir música e movimento. Para concretizar essa proposta Carl Orff se juntou à ginasta e
artista plástica Dorothee Günther.
Orff nesta escola desenvolveu o conceito de uma música primeva, uma forma de reunir todos os
elementos da música , da linguagem e do movimento.
Nos anos 1930 ele se dedicou a um novo projeto voltado para o ensino de música. Incentivado
por amigos, dentre eles podemos citar Curt Sachs que além de musicólogo é o fundador da
Organologia, ele se aproxima da música “não-europeia”, se familiariza com toda a gama de
instrumentos utilizados e que serviu de base para que Orff criasse sua coleção de
instrumentos que hoje conhecemos como Instrumental Orff (Esses instrumentos e sua
proposta deram origem ao Müsik für Kinder (música para crianças) e dessa proposta surge o
Método Orff ou Orff – Schulwerk )

O Método Orff é uma coletânea de textos fundamentais para a


educação musical baseados na rítmica. Todo o material advindo
da coleta de materiais e programas de rádio, ele condensou em
cinco volumes, o “Das Schulwerk” ( O trabalho escolar).
Organologia é a ciência que estuda os
instrumentos musicais e sua classificação. Inclui
o estudo da história dos instrumentos, dos
instrumentos utilizados em diferentes culturas,
dos aspectos técnicos da produção sonora e da
classificação musical.
Disponível in: https://es.wikipedia.org/wiki/Organolog%C3%ADa
O trabalho de Carl Orff, assim como o de Willems guardam muitas similaridades com
o que foi proposto por Dalcroze. Talvez nesse aspecto resida o fato da crítica nunca
ter sido muito receptiva com o trabalho pedagógico de Orff. Entretanto, o professor
em vez de ver esses métodos como antagônicos ou incompatíveis, deve imaginá-los
como complementares.

Embora o método Orff possua similaridades com outros, o seu instrumental é


um excelente assessório no processo de ensino aprendizagem. Ele não escreveu
teorias ou teses sobre seu trabalho, tudo que podemos inferir de sua pedagogia
e as ideias sobre ela, foram tiradas da sua obra musical, em especial a
composta para a Schulwerk, e da forma como essas ideias foram aplicadas no
ambiente escolar. (ÁVILA, 2014)
SOBRE O MÉTODO SUZUKI:

Quando retornou ao Japão após a Segunda Guerra Mundial, uma indagação o intrigava: “Todos
nascemos com o mesmo talento para a música?

Para responder a essa interrogação ele se valeu do axioma:” o único aprendizado satisfatório, que
o homem realiza com prazer é o da língua materna(ÁVILA,2014,aula6,p.2).

A partir dai ele passou a se perguntar como as crianças adquiriam o domínio do idioma muito
antes de adquirir a capacidade de ler e escrever.Ele depois de muito elucubrar sobre o assunto
chegou à conclusão que isso acontecia pela: imitação, pelo estímulo e pelo amor.
Estava assim estipulada a proposta tríptica do seu método de ensino de música.
O Método Suzuki, um dos mais reconhecidos
sistemas de ensino-aprendizagem musical não
tem sua prática relacionada com o ensino na
escola regular ( ÁVILA, 2014).
Mas a sua filosofia acerca do ensino de música possui pontos que
podem ser aplicados no universo escolar regular e, com algumas
adaptações, as atividades práticas com base no seu método são
possíveis.
Mais do que a metodologia prática desse método vamos exemplificar um pouco da sua
filosofia e suas experiências nas aulas de violino com o grande professor Karl Klinger
durante os anos em que esteve na Alemanha que Suzuki cita no seu livro “Educação é
Amor: um novo método de educação”(1983).

Sobre as aulas com Klinger diz Suzuki em seu livro:


O que ele me ensinou foi, não tanto a técnica, mas a essência verdadeira da música... Ele
observava as raízes que estavam por baixo de um homem e sua arte, e me conduzia a elas.
(Educação é amor, 1983, p.18)
No seu retorno a sua terra natal e com base nas suas indagações e constatações, ele começa a
projetar as bases da sua teoria, da sua metodologia que designou como Educação do Talento.

“Mais do que um simples método de ensino instrumental, a Educação do talento é uma


verdadeira filosofia educacional que propõe uma nova leitura da criança instrumentista, do
talento, do papel da socialização na aprendizagem instrumental e do potencial da educação
musical na vida humana” (ILARI & MATEIRO,2010, p.187)
Suzuki deu uma contribuição importante à discussão que envolve a noção de talento
musical. Para Suzuki o talento não é resultado da casualidade, nem é algo congênito que
nasce com o indivíduo, mas está intimamente relacionado com a imaginação criadora e
com a experiência sensível, ou seja, consequência de um estudo sistemático
(SUZUKI,1983 [1969], apud: ILARI & MATEIRO,2010, p.187).

Para Suzuki toda criança possui a capacidade de aprender, desde que as


condições propícias sejam oferecidas: estímulo, amor e educação adequada.
Suzuki formulou sua filosofia bem antes que outras teorias psicológicas e educacionais fossem
formuladas.
Uma dessas modernas teorias é a do psicólogo cognitivo e educacional norte americano Howard
Gardner:

“Sabe-se que a competência musical precoce apresenta-se nos indivíduos já quando estes são
bebês. As crianças normais cantam e balbuciam. Podem emitir sons individuais, produzir padrões
ondulantes, imitar padrões prosódicos e sons cantados por outros com precisão tal que afasta a
mera produção aleatória de sons” (GARDNER, 1994,p.85).
Nesse aspecto Gardner e Suzuki tem pensamentos semelhantes. Suzuki antes de mais nada almejou
com a sua filosofia uma formação integral do ser humano.
Mas Gardner, que propôs a Teoria das Múltiplas Inteligências (dentre ela a inteligência musical)
se preocupava com algumas propostas contidas no Método Suzuki, que eram limitadoras. Dentre
elas o caráter limitado do repertório Suzuki, e sobre isso ele expressou o que lhe preocupava:

As crianças ficam com a impressão de que o importante em música é repetir um som assim
como ouviu e não modificá-lo de nenhuma maneira. Não é de se admirar que poucos, se é que
há, alunos treinados por Suzuki, mostram alguma inclinação pela composição. Até a idéia de
uma outra possibilidade, a de decompor uma peça até chegar às suas próprias variações
preferidas, é evitada nessa tão alta forma imitativa de ensinar (GARDNER, 1994,p.86).
A preocupação do psicólogo americano procede, mas o Método Suzuki, como outros métodos ativos,
abrem espaço para que o professor possa evitar limitações.
Ele era defensor da proposta de que o aluno deveria ter flexibilidade e liberdade de movimentos,
em todas as aulas os alunos tocavam em pé para proporcionar aos mesmos essa mobilidade.

Suzuki era um idealista, cria no homem e na educação. Para ele, o papel do professor não se
restringe a ensinar música ao aluno, mas tem o papel de ajudar a criança a cultivar a
espiritualidade que lhe permita observar o mundo musical. Seu objetivo principal não é o
ensino do instrumento propriamente dito, mas a educação musical da criança ( ÁVILA,2014).

“Se o educador tiver conhecimento das capacidades que podem ser desenvolvidas, a capacidade
gerará capacidade e o talento desenvolverá o talento” (SUZUKI,1983,p.13-14)
Bibliografia Unidade III :
ÁVILA, Marli B. Métodos Ativos (II). São Paulo: artigo, 2014. Disponível In:
http://www.anhembi.br/html/ead01/pedag_musical/aula5.pdf
COSTA E SILVA, Carlos Fagner da. O APRENDIZADO DO SOLFEJO PELO MÉTODO KODÁLY. Rio de Janeiro: TCC- Unirio,
2013. Disponível in: http://www.domain.adm.br/dem/licenciatura/monografia/carlossilva.pdf
DALCROZE, Jacques Émile. Le Rythme, la Musique et L’Éducation.Lausanne: Editions Foetisch, 1965.
GERHARD, Marcus. Breve resumo. Disponível in: http://batepapoafinado.blogspot.com.br/2009/09/metodo-dalcroze-breve-
resumo.html
ILARI, Beatriz (org.),PAREJO, Enny. Pedagogias em Educação Musical. Curitiba:IBPEX,2011.
PAZ, Ermelinda A. Pedagogia Musical Brasileira no Século XX, Metodologia e Tendências. 2. ed. revista e
aumentada. Brasília: Editora MusiMed, 2013.
SUZUKI,Shinichi. Educação é Amor: um novo método de educação. 2ª ed. Santa Maria: Imprensa Universitária,1983

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