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JORNAL E LITERATURA:

A IMPRENSA BRASILEIRA NO SÉCULO XIX

Socorro de Fátima Pacífico Barbosa


Apresentação do livro
 Breve contexto histórico
 O lugar do livro
 Sobre a autora
 Estrutura do livro
 Estudo dos capítulos
Breve contexto histórico
 1720 - Alvará de D. João V.
 1803 -1815 Guerras Napoleônicas na Europa.
 1808 – Transferência da Corte Lusitana para o Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves.
 1808 - Fundação da imprensa régia – fundação do jornal Gazeta do Rio
de Janeiro.
 1813-1814 – Periódico Literário – O Patriota.
(José Bonifácio, Marquês de Maricá, Silva Alvarenga).
Jornal Gazeta do Rio de Janeiro
O primeiro número do primeiro
jornal da colônia .
(Ref.: Biblioteca Nacional do Rio
de Janeiro)
O lugar do livro
 Do discurso e das práticas discursivas através dos jornais e periódicos
do século XIX.
 O papel do jornal e dos seus conteúdos, levando em consideração a
presença dos leitores.
 A autora aplica a noção Bakhtiniana de diálogo.
 O lugar central do livro é o diálogo – “todo e qualquer autor e todo e
qualquer gênero.”
 Lugar democrático de escrita anônima.
Sobre a autora
 Professora da UFPB, desde 1987.
 Doutorado em Literatura pela USP.
 Pesquisa sobre a vida cultural no século XIX por meios de jornais e
periódicos.
 O lugar central do livro é o diálogo – “todo e qualquer autor e todo e
qualquer gênero.”
Estrutura do livro
 O livro está estruturado em 04 capítulos.
 I - As pesquisas literárias no Brasil: uma breve história.
 II – O literário nos periódicos do século XIX.
 III – Usos e desusos do gênero literário.
 IV – Uma história da leitura nos jornais e periódicos.
Pesquisa de pós-doutorado - CNPQ
Trilhou dois caminhos:
 O primeiro – levantamentos de dados referentes à presença da
literatura nos jornais e folhetins paraibano. A hipótese levantada para
pesquisa foi a de que os jornais representaram, século XIX, mais que
arquivo de texto, foram o instrumento pelo qual circulou a cultura
letrada da província.
 O segundo – a constatação de uma “linguagem” peculiar a todos os
periódicos daquele século. As fontes pesquisas estão na Biblioteca
Nacional. Foram jornais de Recife, Paraíba, São Paulo e Rio de
Janeiro.
As pesquisas literárias no Brasil: uma breve
história
 Sílvio Romero e Nelson Werneck Sodré – A história da imprensa no
Brasil.
 Gilberto Freyre – O escravo nos anúncios de jornais brasileiros no
tempo do Império e José Aderaldo Castelo – Historiador da literatura.
 Plinio Doyle – História de revistas e jornais literários.
 Barbosa Lima Sobrinho – Os precursores do conto no Brasil.
 Broca e Tinhorão cita Marlyse Meyer – Jornais como fonte primária de
pesquisa da história da literatura brasileira.
mais do que juntar contos e folhetins esquecidos em jornais,
Lima Sobrinho estava propondo, pioneiramente, que se
relacionasse o jornal às práticas culturais do início do
Romantismo, o que incluía o público leitor e a diversidade do
novo gênero que surgia. Ele afirmava que “a ampla divulgação
do conto, da novela e do romance estrangeiro” nos periódicos
estava relacionada às práticas de leituras e ao gosto literário
do público, que por sua vez determinava e orientava o trabalho
dos escritores. (BARBOSA, 2007, p. 21).
Surgimento do Conto no Brasil
 Simplicidade do entrecho.
 Linguagem: singela, corrente e acessível.
 Demanda do público leitor – expectativas da época.
 “Simbiose” com outros gêneros tradicionais (anedotas, novelas,
apólogos e diálogos).
 Diversidade do leitor.
E por que, se hoje nos parece tão evidente esta
colaboração do jornal, ela foi apagada por quase um
século pela historiografia?
 Instrumento de controle social.
 Busca por um romance nacional .
 Valor estético.
É o ponto fundamental pelo qual os periódicos são
importantíssimos para a reconstituição e visibilidade da vida
literária do século XIX brasileiro, se esses textos são
desprovidos de valor estético, de qualidade literária, feitos que
fora “a vapor”, sem nome e sem gênero, e por isso “quase uma
fala, coisa de casa, useira e vezeira, literatura pé de chinelo”
(MEYER, 1998), eles também foram constituídos
historicamente, sob a influência do cotidiano. Nesse sentido,
eles representam modos de ver e dizer uma época e, por isso
mesmo, gêneros históricos e de fundamental importância para
a reconstituição do romantismo. (BARBOSA, 2007, p. 24).
O literário nos periódicos do século XIX
 O conceito de literatura
 Papeis assumidos pelos jornalistas.
Educador – Prática de leitura oral, formatos dos jornais, paginação,
numeração.
 O conceito de literatura no século XIX estava atrelado ao sentido de
conhecimento – em 1831 no Dicionário de Língua Portuguesa
composto por Antônio Morais e Silva, literatura significava: erudição,
ciência, noticias das boas letras, humanidades.
 Em 1878 – o autor define a palavra com o sentido mais próximo do
contemporâneo: “o conjunto das produções literárias, de uma nação, de
uma país, de uma época.
 Belas Artes – conjunto de escritos: carta, sermão, biografia.
O literário nos periódicos do século XIX
 Termo literário relacionado a outra palavra:
Político, literário e crítico; Político, literário e comercial, Literário,
recreativo e noticioso.
 Literatura tinha a perspectiva de instrução e deleite.
 1882 – O termo literatura associado a artigo, resenha, crítica.
O espelho 04/09/1859 – revista de literatura,
moda, indústria e artes.
Torná-la variada, mas de uma variedade que deleite e instrua,
que moralize e sirva de recreio que nos salões de rico como no
tugúrio do pobre. Para esse fim temos em vista a publicação
dos romances originais ou traduzidos, que nos parecem mais
dignos de ser publicados, artigos sobre literatura, indústria e
artes, e tudo quando possa interessar ao nosso público e
especialmente ao belo sexo. (BARBOSA, 2007, p. 30).
O literário nos periódicos do século XIX
 O romance, o conto, a poesia e a crônica – colunas chamadas:
Variedades, miscelânea, folhetim.
 Representação do autor: função e representação diversas.
Uns ilustres conhecidos desconhecidos, esses
autores dos jornais.
 Sobre os autores tendência forte ao anonimato e ao pseudônimo.
 Uma marca da linguagem jornalística do séc. XIX.
 O problema do anonimato: bibliográfico e o esquecimento.
Sacramento Blake (1970,p.IV) 1895 introdução
ao terceiro volume do seu dicionário reclama:
“E no estudo penosíssimo, a que me tenho dado, que
imensidade de trabalhos possuo de autores brasileiros, que
não posso contemplar no meu livro, porque esses trabalhos
são publicados sob o anônimo, ou são assinados por
pseudônimos, ou somente pelos apelidos ou por um título de
autor. (BARBOSA, 2007, p. 33).
Uns ilustres conhecidos desconhecidos, esses
autores dos jornais.
 Os motivos pelos quais os autores utilizavam a estratégia do anonimato
e o pseudônimo, foram vários:

autoridade
1. A necessidade de proteção
reputação

2. No caso da mulheres – algum pai ou marido ciumento.


O uso mais sistemático desse artifício encontra-se em escritos amorosos,
políticos, em debates e contendas pessoais.
 Aceitação dos romances estrangeiro em detrimento dos nacionais
Uns ilustres conhecidos desconhecidos, esses
autores dos jornais.
 O nome do autor poderia afastar ou atrair o leitor, por isso os autores
colocavam em teste o gosto de leitor, sua fidelidade e empenho em
atender as suas exigências.
Ex. Coelho Neto – sugeriu a publicação de um folhetim na Gazeta com
o nome de “príncipe encantado” recusado pelos leitores, então ele optou
por Rajah de Pendjab.
 A palavra escrita se tornou mais importante do que o nome do autor.
Ex. de estratégia e dissimulação por parte dos autores.
 Suspense – jogo de dicas - dissimulação .
Uns ilustres conhecidos desconhecidos, esses
autores dos jornais.
 Nos jornais não havia espaço físico privilegiado, nem gêneros:
Ex1. na mesma coluna poderia abrigar tantos textos de autores
canônicos, como outros, de anônimos.
Ex2. o Diário do Rio de Janeiro publicou em 1856 “álbum sem dono”
Conjunto de poesias sem indicação de autoria.
 Havia uma mobilidade dentro das páginas dos jornais, vários
folhetinistas. As colunas também não tinham lugar fixo.
 Linguagem alegórica (guardava uma relação secreta) e dissimulação
(títulos que não traduzem o conteúdo que tratam).
Anúncio retirado do nº 10 da Semana Ilustrada,
da seção Variedade:
“Flumen Junius é um nome que deve ser de agora em diante
muito simpático a todos os leitores da Semana Ilustrada.
E sabem por quê? Porque é pseudônimo de... Ah! Que
tentação! Que vontade de declinar o seu verdadeiro nome!
Mas não é possível; contentem-se, pois, os leitores em saber
por ora que Flumem Junius, um dos colaboradores mais
espirituosos deste jornal, é nem mais nem menos do que
caricaturista, poeta e prosador.
Três pessoas distintas em uma só verdadeira! (BARBOSA,
2007, p. 35).
Uns ilustres conhecidos desconhecidos, esses
autores dos jornais.
 As formas de utilização desses pseudônimos e do anonimato:
1. A inicial do nome: GM – José de Alancar usou no folhetim Senhora.
2. Asteriscos.
3. Na forma de epíteto: O fluminense, O boquiaberto.
Exemplos de autores consagrados que utilizavam da estratégia
mencionada:
Machado de Assis, Coelho Neto, José de Alencar.
Modos de leitura e de circulação do literário
 O debate (discussão) era algo característico da época.
Jornal dos Debates Políticos e Literários.
 Discussão para a época tem relação com o cotidiano – “opinião
Pública.”
 O jornal a “Literatura Quotidiana” – espelho comum de todos os fatos.
 Na perspectiva Chartier – ao se analisar o estudo de textos – levar em
consideração os canônicos ou profanos, literários ou sem qualidade; o
suporte de transmissão e disseminação das leituras, de seus usos e
suas interpretações.
Modos de leitura e de circulação do literário
 Circulação de várias vozes e vários discursos.
 Reação conservadora.
 Visão depreciativa dos periódicos.
 Do romance-folhetim para o livro.
Anúncio retirado do O Cruzeiro, 01 de junho de
1879:
YA YA GARCIA POR MACHADO DE ASSIS
Este formoso romance, que tanta aceitação obteve dos leitores
de O Cruzeiro, saiu à luz de um nítido volume de mais de
trezentas páginas. Vende-se nesta tipografia, rua dos Ourives
n. 51 e em casa dos Srs. A.J. Gomes Brandão. Rua da
Quitanda n. 90 .... PREÇO 2$000. (BARBOSA, 2007, p. 42).
Usos e desusos dos gêneros literários
 Linguagem dos jornais e constituição dos gêneros literários
 Crônica e conto.
 Gosto pela leitura do romance-folhetim.
(estratégias: adaptações, tradução, cópia, imitação do texto estrangeiro).
 Críticas do Padre Gama – “tem sido um punhal assassino da formosa
língua portuguesa”.
Usos e desusos dos gêneros literários
 Epítetos ou epítetos de imitação
“imitado de segur” – resumir ou imitar.
 Tudo era traduzido em pequenos contos.
 Dissimulação e estratégias para cativar o leitor:
1. Nomes diferentes.
2. Anônimos.
3. Imitações.
A escrita que deleita e desafia os gêneros
esquecidos da história
 Glosas, charadas, hieróglifos, os anagramas.
Ex1. professor da UFRPE que publica suas obras na Alemanha?
A escrita que deleita e desafia os gêneros
esquecidos da história
 Glosas, charadas, hieróglifos, os anagramas.
 Por que esses tipos literários foram excluídos do cânone?
 A importância do gênero epistolar revelado pelos periódicos
(correios, mãos, noticias).
 Aparecem nas seções (íntimas, epistolário, críticas, cartas-prefácios,
cartas públicas, miscelânea).
 Caráter didascálico.
A escrita que deleita e desafia os gêneros
esquecidos da história
 Os reclames se disfarçam de literatura.
 Miscelânea, variedades, a pedidos.
 Muitas matérias, romances, cartas.
 Reclame rimado disfarçado de texto.
 Uma história de leitura nos jornais e periódicos.
A escrita que deleita e desafia os gêneros
esquecidos da história
 Noticia literária modo e circulação dos livro de leitura.
 Crítica literária.
 Marca maior o anonimato.
 Lançamento do livro.
 Modos de ler.
 Anúncios dos livros.
OBRIGADO!
LUIZ ADRIANO
adriano_lucena@hotmail.com

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