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UNEB- DEDC I

CIÊNCIAS SOCIAIS
DISCIPLINA: ANALISE DE DADOS QUALITATIVOS, PROFA. DRA. CLEIDE MAGÁLI

UNIDADE I - O desenho qualitativo. A


natureza da análise da qualitativa. A
metodologia artesanal: validez e
confiabilidade. Ética na pesquisa qualitativa.

Ética na Pesquisa
Qualitativa.
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MORAL ETICA
• Sempre coletiva, social •Deontologica (É uma teoria
• Histórica sobre as escolhas dos
• Diz respeito ao AGIR indivíduos, o que é
concreto moralmente necessário e
•Consciência do Agir humano serve para nortear o que
realmente deve ser feito)
•A-hitorica
•Diz respeito a REFLEXÃO
sobre o agir
•Consciência da consciência
moral

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Talvez o mais debatido problema da relação


pesquisador-pesquisado se situe no momento da coleta de
dados

MAS...

A ética em pesquisa deve permear


todo o trabalho do pesquisador!!!

Os aspectos éticos devem ser observados em todas as


diferentes fases da investigação: concepção,
delineamento, escolha dos procedimentos, avaliação
inicial, implementação e divulgação dos resultados 3
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o NA PREPARAÇÃO DA PESQUISA

– É importante apresentar a questão da ética no processo de


planejamento e desenho da pesquisa.
– Primeiramente, a ética deve estar presente em suas
considerações sobre: como planejar um estudo; com quem
você quer trabalhar; e como você deve atuar.
– Relevância: sua pesquisa vai contribuir com alguma coisa nova
para o conhecimento existente?
– Participantes: é preciso refletir sobre pesquisa e exposição de
grupos vulneráveis: crianças, pacientes, idosos...
– Pesquisadores: preparar cuidadosamente os pesquisadores
para o trabalho de campo (metodologia, possíveis problemas,
treino para entrevistas). 4
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 NA COLETA DE DADOS

– Na coleta de dados, chegamos perto dos participantes, o que coloca a


questão ética em pontos concretos e práticos.
– É preciso estar consciente de nossa influência sobre o campo e sobre os
sujeitos da pesquisa:
– Perturbação: refletir sobre nosso impacto sobre a vida cotidiana dos participantes e
tentar limitá-lo ao que é absoluta ou realmente necessário.
– Insistência: não há uma regra geral de antemão, mas temos que respeitar os limites da
privacidade e da intimidade das pessoas que estamos estudando.
– Sensibilidade: os participantes oferecem aspectos que não prevemos, portanto
pesquisador deve ter sensibilidade para não ignorar esses aspectos e o participante.

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 NA ANALISE DOS DADOS

– É necessário ser rigoroso na análise dos dados, impedir


que participantes sejam identificados e dados mal
utilizados.
– Ser preciso: analisar os dados cuidadosamente com
métodos, codificação teórica, comparação explícita.
– Ser justo: evitar interpretações de dados com
desvalorização das pessoas, respeitando intenções e
motivações destes agentes, sendo neutro em conflitos,
evitando generalizações apressadas.
– Ser confidencial: manter o anonimato e a privacidade
dos participantes da pesquisa.
– Evitar cemitérios de dados: não colete nem guarde
mais dados do que precisa para responder sua
pergunta. 6
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 NA ESCRITA, NA GENERALIZAÇÃO E FEEDBACK

– Manter anonimato dos participantes, do lugar e das instituições nos


relatórios e artigos que escrever.
– Escolher palavras com respeito aos participantes.
– Informar sobre diversidade dos agentes pesquisados.
– Evitar linguagem preconceituosa em relação às pessoas. – Usar
sensibilidade quando aplicar rótulos.
– Reproduzir resultados de forma precisa, sem modificações para
atender expectativas do público.
– Descrever processo de pesquisa de forma transparente.
– Ser cuidadoso em generalizações e em formulações.
– Planejar a apresentação dos resultados aos participantes.
– Encontrar nível de apresentação adequado ao público. 7
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 VAMOS TEORIZAR...

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 Para Diniz (2008) o tema da ética em pesquisa nas Ciências Humanas foi
intensamente discutido na década de 1980 nos Estados Unidos

 Os códigos de ética têm, por isso mesmo, se constituído não apenas em uma
defesa de direitos das populações pesquisadas, mas também precisam ser
compreendidos como uma forma de defesa do pesquisador e da comunidade
científica e, nesse sentido, seu interesse e suas características requerem
avaliações com um cuidado redobrado. (DEBERT, 2003, p 31).

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Ética na pesquisa qualitativa

•A complexidade da pesquisa qualitativa é refletida da forma como certos


temas éticos devem ser considerados e analisados corretamente, pois
essa complexidade não permite a aplicação dos protocolos éticos
construído para pesquisas quantitativas. O equilíbrio adequado entre a
confidencialidade, a autonomia e a proteção recíproca não é uma
questão simples, e estes problemas quando surgem não são facilmente
resolvidos. Estes aspectos constituem momentos na condução da
investigação que devem ser considerados desde o início do
planejamento de projeto a investigação. O projeto deve refletir a
transparência das ações do investigador em relação a essas
questões.(CONCEIÇÃO, 2017).

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Com relação às técnicas mais comuns de coleta de dados


podemos destacar recomendações práticas (PADILHA et. al,
... 2017):

• No caso de observação participante: evitar estar encoberto ou “camuflado”


• Na entrevista ou aplicação de formulário/ questionário: esclarecer o
informante sobre o tema e objetivo do estudo, solicitando sua concordância
para o preenchimento do instrumento; na entrevista, o pesquisador deve
garantir o anonimato ao entrevistado, devendo o mesmo ser identificado por
código(letra, número ou nome fictício). Caso o sigilo de alguma informação
capaz de identificar o entrevistado não possa ser mantido, este não deve ser
garantido
No caso da entrevista ser gravada são aconselháveis os seguintes cuidados: • transcrição literal da entrevista;
• apresentação do resultado da transcrição ao entrevistado para concordância ou não acerca do conteúdo ou
até mesmo para acréscimos; • consentimento por escrito dos entrevistados para o uso do conteúdo da
entrevista.
No uso de fotografias:divulgações em publicações ou eventos científicos sem11 a
autorização dos mesmos, fere o direito à privacidade.
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Questões éticas relevantes:

Quanto ao relacionamento entre pesquisador e


participante(s),informantes, grupo(s) ou comunidade(s)
• Forma como o relacionamento afeta os participantes no que diz
respeito a aspectos emocionais psicológicos e pessoais
• Intenções do pesquisador sobre os dados que pretende coletar
e resultados que espera conseguir
• Conflitos de interesse podem emergir: na relação pesquisador-
participante, entre os próprios participantes, entre as diferentes
estruturas e grupos da sociedade, na forma de devolução e
divulgação dos resultados

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CISO, 2016.1
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 Questões éticas relevantes (cont.):

Quanto ao respeito pela autonomia do(s) participante(s),


informantes:
• Respeitar a decisão do informantes retirar seu consentimento a
qualquer momento e encerrar sua participação
• Observar o balanço entre: concessão do consentimento e
sedimentação da vulnerabilidade dos participantes/informantes
• Forma de obtenção do consentimento: por escrito (nem sempre),
verbal (fornecido ao pesquisador, gravado ou obtido na
presença de testemunhas)
• Momento de obtenção do consentimento: antes da realização da
coleta de dados ou logo após (deve-se reiterar a possibilidade
de que os dados não serão utilizados) 13
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 Questões éticas relevantes (cont.):

Quanto ao processo de devolução dos resultados:


• Os resultados deverão ser devolvidos em sua
totalidade para os participantes/comunidades para que
possam conhecer os mesmos e utilizá-los para melhoria
da qualidade de vida
• Cuidado adicional dever ser utilizado para garantir a
confidencialidade e anonimato dos participantes quando
essencial
• Garantir equilíbrio entre privacidade e consequências
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 Questões éticas relevantes (cont.):

Quanto a saída do campo de trabalho :


 A finalização da pesquisa deve ser realizada de forma ética em
cuidadosa para que as pessoas não se sintam usadas ou
desiludidas por haverem participado da pesquisa
 O pesquisador poderá estar disponível por um período de
tempo após a finalização da pesquisa

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 Pesquisa social e revisão ética ...desafios (DINIZ ,2008):

 1. Estatuto epistemológico da produção do conhecimento:


subjetividade e reciprocidade são valores a serem considerados em
um desenho de pesquisa com técnicas qualitativas de levantamento
de dados.
 2. Forma de produção do conhecimento na pesquisa social: ao
contrário das técnicas quantitativas, é da interação entre a teoria e a
empiria, isto é, do encontro entre o pesquisador e o mundo social,
que se produz o conhecimento.

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A pesquisa qualitativa necessita:


• Separar a obtenção do consentimento de pessoas individualmente e
de seus grupos de pertença como forma de garantir a obtenção de um
consentimento legítimo (CLEAR & HORSFALL, 1997; LLOYD,
PRESTON-SHOOT, TEMPLE & WUU, 1996)
• Apreciar o processo de obtenção do consentimento (Lipson, 1994) e
reafirmar periodicamente o consentimento obtido
• Verificar se o consentimento foi obtido e restabelecido durante todo o
processo de pesquisa (RAMCHARAN e CUTCLIFFE, 2002).
• Assegurar-se de que seja relembrado aos participantes o direito de
declinar da participação em qualquer momento do estudo
(RAMCHARAN e CUTCLIFFE, 2002).
• Reconhecer quando a pesquisa transforma-se em algo invasivo
(Stalker, 1998) e prevenir essa situação
• Assegurar-se de que os participantes não estão sendo pressionados
ou coagidos para continuar na pesquisa (Knox, Mok,& Parmenter,
2000); evitar pressionar os participantes para completar as entrevistas,
particularmente em caso de participantes em situação vulneráveis17
(BROWN & THOMPSON, 1997)
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 A pesquisa qualitativa necessita (cont.):

• Garantir que o relacionamento com pessoas vulneráveis esteja sendo


realizado com respeito e consideração (BOOTH, 1998)
• Evitar qualquer tipo de aliança que cause desilusão para os
participantes e que os induza a informar mais do que eles gostariam
que fosse dito (STACEY, 1999)
• Utilizar “participantes–controle”, controle para representatividade,
como alternativa para garantir a credibilidade dos resultados (ACKER,
BARRY, & ESSEVELD, 1983; CUTCLIFFE & MCKENNA, 1999;
RODGERS, 1999)
• Apresentar um resposta teórica para preservar a autonomia dos
participantes (STALKER, 1998)
• Avaliar ao final da pesquisa se o processo de saída do campo de
trabalho está sendo realizado de forma sensível e cuidadosa
(RAMCHARAN e CUTCLIFFE, 2002). 18
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 BIBLIOGRAFIA
ACKER,J. Barry, K. & Esseveld, J. Objectivity and truth: Problems in doing feminist research . Womne’s Studies International Forum,
6(4), 1983
CONCEIÇÃO, Victor Julierme Santos da. Aspectos éticos em pesquisa em ciências sociais: um debate necessário, Disponível em
http://www.efdeportes.com/efd171/aspectos-eticos-em-pesquisa-em-ciencias-sociais.htm. Acesso agosto 2017.
CUTCLIFFE J. R. & MCKENNA,H. P. Establiishing the credibility of qualitative research: the plot thickens. Journal of Advanced
Nursing 30, 1999
DEBERT, Guita Grin. Poder e Ética na Pesquisa Social. In: Revista Ciência e Cultura vol.55 no.3 São Paulo Jul/Set. 2003.
DINIZ D, Guerriero I. Ética na pesquisa social: desafios ao modelo médico. In: Diniz D, Sugai A, Guilhem D, Squinca F. Ética em pesquisa:
temas globais. Brasília: Letras Livres, Editora UnB; 2008. p. 290-322.
KNOX, Mok & PARMENTER, T.R. Working with the experts: Collaborative research with people with an intellectual disability. Disability &
Society, 15(1),49-61,2000
LLOYD, M. PRESTON-SHOOT,M. TEMPLE B & WUU, R. Whose project is it any-way? Sharing and shaping the research and
development agenda. Disability & Society, 11 (3),1996.
LIPSON, K. Understanding the role of computer based techno logy in developing fundamental concepts of statistical inference . In
Proceedings oh the Fourth International Conference on Teaching Statistics (Vol 1) Marrakech, Marrocco : The National Institute os
Statistcs and Applied Economics,1994.
PADILHA, Maria Itayra Coelho de Souza. A responsabilidade do pesquisador ou sobre o que dizemos acerca da ética em pesquisa. Texto
Contexto Enferm 2005 Jan-Mar; 14(1):96-105. Disponível em http://www.anpepp.org.br/old/arquivos/etica/responsabilid-pesquisador-
padilha.pdf. Acesso agosto 2017.
RAMCHARAN P. & CUTCLIFFE J. R. Judging the ethics of qualitative research: considering the ‘ethics as process’ model. Health and
Social Care, 9(6), 2002
RODGERS, J. Trying to get it right : undertaking resarch involving people with learning difficulties . Disability & Society,14,1999
STACEY, J. Gay e Lesbian families are here In American families: A multicultural readee, Ed S. Conntz, New York: Routledge, 1999
19
STALKER, K. Some ethical and methodological issues in research with people with learning difficulties. Disability & Society,13, 5-19
1998

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