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SECAGEM DE SÓLIDOS

DEFINIÇÃO

Material húmido
(sólido, pasta, sólido em suspensão)
+
CALOR

Sólido “seco” + vapor


OBJECTIVOS

NO MEIO DO PROCESSO
• Preparar o produto para operações seguintes

NO FIM DO PROCESSO
• Dar ao produto uma forma mais manuseável
• Dar ao produto uma massa constante
• Conservar o produto
• Reduzir os custos de transporte
Não confundir com separações mecânicas: decantação, filtração,
centrifugação etc.

A secagem (térmica) é normalmente a única que consegue


reduzir a humidade de um sólido aos niveis finais desejados

É pois frequentemente a última operação de um processo em


que se pretende um sólido seco.

Define muitas vezes a forma final do produto


As separações mecânicas precedem muitas vezes a secagem porque gastam menos
energia.

A evaporação também consegue ser energeticamente mais eficiente que a secagem,


porque se podem usar evaporadores multi-efeito ou recompressão de vapor.
EQUIPAMENTO DE SECAGEM

O equipamento tem que:

1) Fornecer calor
2) Remover vapor de água
3) Manipular o material (que pode às vezes ir de líquido a
sólido)

1) O fornecimento de calor pode ser por


• Radiação – Luz solar, infravermelhos, microondas
• Condução – contacto do material com superfície quente
• Convecção (aquecimento directo) – Contacto do material
com gás quente
O equipamento tem que:

1) Fornecer calor
2) Remover vapor de água
3) Manipular o material (que pode às vezes ir de líquido a sólido)

2) O vapor de água proveniente da secagem pode ser removido


por:

• A corrente de gasosa que aquece por convecção


• Vácuo (incompatível com aquecimento por convecção)
O equipamento tem que:

1) Fornecer calor
2) Remover vapor de água
3) Manipular o material
(que pode às vezes ir de líquido a sólido)

3) Manipulação do material: O secador tem que:


• receber o material a secar
• promover o seu contacto com ar quente ou com superfícies quentes,
• misturá-lo evitando aquecimentos locais
• descarregá-lo, etc.
• Esta manipulação é muitas vezes o mais difícil na secagem
TIPOS DE SECADORES

Há dezenas de soluções possíveis para cumprir os requisitos


acima mencionados, logo, há dezenas de tipos de secadores.

Secadores descontínuos:
• apropriados para secagem de quantidades relativamente
pequenas.

Secadores de operação em contínuo:


• apropriados para operação em contínuo, logo adequados a
grandes caudais.
SECADOR DE TABULEIROS

http://rpaulsingh.com/animated%20figures/fig12_4.htm
SECADOR DE ATOMIZAÇÃO

Grandes caudais
Alimentação líquida (solução ou suspensão)
Produto  pó
SECADOR DE ATOMIZAÇÃO
SECADOR DE ATOMIZAÇÃO

http://rpaulsingh.com/animations/spraydryer.html
SECADOR DE TELA
SECADOR DE TRANSPORTE PNEUMÁTICO

 Grandes caudais
 Alimentação sólida
 Granulometria (~ mm)
SECADOR DE LEITO FLUIDIZADO

 Grandes caudais
 Alimentação sólida
 Granulometria (~ mm  ~cm)

http://www.niro.dk/niro/cmsdoc.nsf/WebDoc/ndkk5hvecqCONTACTFLUIDIZERF
SECADOR ROTATIVO
SECADOR ROTATIVO


• ~ Grandes caudais
• Elevado tempo de residência
• Granulometria grossa ( ~ cm)
SECADOR DE TAMBOR

 Alimentação líquida
SECADOR BICÓNICO

Batch
 Alimentação sólida
Granulometria (muito flexível)
Aquecimento indirecto
(aparte) EXEMPLOS DE TRANSPORTADORES DE SÓLIDOS

Transportadores de parafuso
http://www.youtube.com/watch?v=_OZv2kf_SCs

Transportadores de correia

Transportadores de alcatruzes (para transporte vertical)

Transporte pneumático

Outros
Alimentadores ao transporte pneumático – os mais comuns são as válvulas
rotativas e os venturis:

As válvulas rotativas podem ser doseadoras: o caudal de descarga/alimentação


depende da velocidade de rotação

http://www.youtube.com/watch?v=-buKu3-Ar7I  A partir dos 2 min


ESCOLHA DO TIPO DE SECADOR

 A escolha do secador depende em grande


medida da forma da alimentação

 Líquidos (soluções ou suspensões de sólidos)


podem ser alimentados a:
 Secadores de tambor
 Secadores com agitação mecânica
 Secadores de atomização (“spray”)
ESCOLHA DO TIPO DE SECADOR

 Pastas podem ser alimentados a:


 Secadores de tabuleiro
 Secadores de tela
 Secadores de tambor
 Secadores com agitação mecânica
 Secadores de atomização (“spray”)
 Talvez a ... secadores de leito fluidizado
(depende da pasta)
ESCOLHA DO TIPO DE SECADOR

• Sólidos húmidos podem ser alimentados a:

 Secadores de tabuleiro
 Secadores de tela
 Secadores com agitação mecânica
 Secadores bicónicos
 Secadores rotativos (diam. partícula ~ cm)
 Secadores de leito fluidizado (diam. partícula: ~ mm  ~ cm)
 Secadores de transporte pneumático (diam. partícula: ~ mm)
A FORMA DA ALIMENTAÇÃO PODE SER MODIFICADA

SÓLIDO FIBROSO

MOAGEM

SÓLIDO GRANULAR

MOAGEM

PASTA DURA
GRANULAÇÃO

COMPRESSÃO
p/ ex, EXTRUDIR
PASTA PASTA

EVAPORAÇÃO, CENTRIFUGAÇÃO,
FILTRAÇÃO, OU OUTRA

SUSPENSÃO DE SÓLIDOS

EVAPORAÇÃO

LÍQUIDO
+ FACTORES NA ESCOLHA DO SECADOR

pequena capacidade ==> batch

grande capacidade ==> contínuo

Escala - Rotativo
Leito fluidizado
maiores capacidades …................
Transporte pneumático

Spray
+ FACTORES NA ESCOLHA DO SECADOR

secagem sob vácuo


secador em co-corrente
à temperatura
boa mistura p/evitar aquecimentos locais

secagem sob vácuo


Produto sensível -
à oxidação secagem em atmosfera inerte (gás de
combustão, p/ex

secador de tabuleiros
ao manuseamento secador de tela
outros
+ FACTORES NA ESCOLHA DO SECADOR

secagem sob vácuo


secagem em atmosfera inerte
Fogo e explosões
Produto perigoso - agitar pouco o produto
evitar granulometria fina

Toxicidade => secagem sob vácuo e condensação evita


efluentes gasosos
+ FACTORES NA ESCOLHA DO SECADOR

 É necessária muita experiência para projectar


um secador.

 A teoria de secagem tem normalmente um


papel limitado:

 Convém fazer experiências a uma escala tão


próxima quanto possível da desejada.
DEFINIÇÕES
GÁS (normalmente ar)

• Humidade absoluta do ar (s) = kg água/kg ar seco


• Humidade de saturação – humidade acima da qual há condensação
• Humidade relativa – humidade absoluta/humidade de saturação
• Entalpia específica
• Temperatura de saturação adiabática (h) – temperatura que se
atinge deixando o gás quente e o sólido entrarem em equilíbrio
(sem que haja outras fontes de calor)


Temperatura de termómetro húmido – temperatura que se obtem
embebendo um termómetro num algodão ou pano molhado, e
agitando).
• Humidade de saturação à temperatura de termóm. húmido (sh)
DEFINIÇÕES
SÓLIDO
• Humidade do sólido (X) = kg água/kg sólido seco

• Humidade de equilíbrio (XE) – é a humidade com que fica o sólido


ao fim de infinito tempo de secagem.
• Corresponde a um equilíbrio termodinâmico entre o sólido e o gás
às condições de secagem.
• É função da temperatura e humidade do gás.

• Humidade livre (f = X – XE) – é a humidade passível de ser


eliminada por secagem em determinadas condições.

• Humidade crítica (XC) – é humidade acima da qual a velocidade de


secagem é constante em determinadas condições de secagem.
CARTA PSICROMÉTRICA
BALANÇO DE MASSA A UM SECADOR
• BALANÇO À ÁGUA
Secagem em modo descontínuo

M .X 0  G  s0  t  M .X f  G  s f  t

• Secagem em modo contínuo

M . X 0  G  s0  M . X f  G  s f
________________________________________________________________________________________
• Massa de sólido húmido = M + MX = M (1+X)
• Caudal de gás húmido = G (1+s)
BALANÇO ENTÁLPICO A UM SECADOR

Secagem em modo contínuo (aquecimento por convecção)

M .C PSol (T0  Tref )  M . X 0 C PH 2O (T0  Tref )  G  H 0Tref  Q 

 M .CPSol (T f  Tref )  M . X f CPH 2O (T f  Tref )  G  H Tref


f

G  H 0Tref  Q  G  H Tref
f

E se Q  0 (saturação adiabática do gás)  H 0Tref  H Tref


f
Num problema de dimensionamento de 1 secador em contínuo de
aquecimento por convecção, conhecem-se normalmente à partida
 Caudal de sólido a secar
 Humidades de entrada e saída.
 Qualidade do ar de entrada (definida por 2 variáveis)

Pretendem conhecer-se, em 1º lugar


 O caudal de ar e as suas propriedades à saída.

Uma equação a usar é, o balanço à água:


M . X 0  G  s0  M . X f  G  s f
As incógnitas, contudo, são duas: G e sf.

A outra relação deveria ser uma optimização económica, mas nem sempre
se faz.

À falta de tempo para a optimização, e se não houver outra indicação, é


razoável usar-se uma temperatura de saída do gás ~ 10ºC acima da temp.
de saturação adiabática.
PROBLEMA 1
Um caudal de 20 kg/hora de uma suspensão com 10% de sólidos (%
sólidos na suspensão) é seca por atomização (spray drying) para
obter um pó com com uma humidade final, Xf = 0,05. Utiliza-se ar a
106ºC com uma humidade s0 = 0,008. A suspensão entra a 20ºC.
Calcule:
a) A humidade do sólido à entrada.
b) Todas as propriedades do ar.
c) As condições do ar após saturação adiabática.
d) A temperatura de saída do ar se se usar um caudal de entrada de
0,56 m3/s.
e) O caudal de ar quente necessário se se quiser que o ar saia com
uma temperatura 10ºC acima da temperatura de saturação
adiabática.
f) O caudal mínimo (termodinâmico) de ar que se poderia usar.
PROBLEMA 1 (resolução)

(a) M H 2O  20  0,9  18 kg / h

M  20  0,1  2 kg / h

M H 2O  OBS: humidade pode ser > 1...


X  9
M

(b) 0 = 106ºC & s0 = 0,008 & carta psicrométrica  outras propriedades do ar.

(c) seguir linha de saturação adiabática até à saturação  h = 36ºC & sh = 0,038

(d) G   arQV arhúmido /(1  s0 )  0,56 m3 / s 1,12 kg / m3 /(1  0,008)  0,62 kg / s


 2240kg ar sec o / h

2  9  2240  0,008  2  0,05  2240  s f sf = 0,016

OBS: o gás ganhou pouca humidade o que significa que o caudal é excessivo.
Para além disso, o gás sai a 85ºC (verificar na carta psicrométrica!) o que
representa um enorme desperdício de energia.
PROBLEMA 1 (resolução)

(e)  f   h  10  46º C & linha sat. adiab.


sf = 0,034

2 x 9 + G x 0,008 = 2 x 0,05 + G x 0, 034

G = 688 kg/h = 0,19 kg/s = 0,18 m3/s

(f) G mínimo corresponde a sf = sh

G =0,17 kg/s de ar seco.

• Corresponde a anular a força motriz para a transferência de massa


numa zona do secador e portanto a um secador infinitamente
grande.
CURVA DE SECAGEM

Velocidade de secagem, r (kg água/(kg sólido seco.h))

dX
r
dt

A curva de secagem expressa a velocidade de secagem em função da


humidade do sólido (para condições de secagem bem definidas).
Quando as condições se alteram (temperatura, por exemplo), a curva de
secagem altera-se.

 A curva de secagem pode ser obtida:


(i) a partir da determinação da massa de sólido húmido ao longo da
secagem (donde se pode tirar a humidade do sólido em função do tempo).
(ii) a partir de monitorização da humidade do gás à saída (seguida de
balanço à água) para cada instante de tempo.
CURVA DE SECAGEM

Velocidade de secagem, r (kg água/(kg sólido seco.h))

dX
r
dt

curva de secagem

XE XC
0.025
r=dX/dt (g água/g sólido seco/min)

0.020

0.015
curva de secagem
0.010

0.005

0.000
0 0.5 1 1.5

X (g água/g sólido seco)


PROBLEMA 2
Determine a curva de secagem correspondente aos dados abaixo, indicando
a humidade crítica.
Sabe-se que a humidade de equilíbrio é de 4%.
O ar de secagem entra com 98ºC e 3% de humidade relativa e sai com 50ºC.

Tempo (min) 0 10 20 30 40 60 90 120 240 um dia


Massa total
da amostra (g) 56 51 46 41 37 33 29 28 27 27
TEMPO DE SECAGEM (batch)

X0
dX dX
r( X )   t SEC  
dt Xf r( X )

tSEC = tCONST + tDECR

X0  XC
&
XC
dX 1  a  b  X ´C 

t CONST  t DECR    ln
rCONST a  bX b  a  b  X f 
Xf 
PROBLEMA 4
Calcule o tempo de secagem do sólido desde X = 0,9 até X = 0,1,
nas condições de secagem da curva de secagem dada.

Período de velocidade de secagem constante


0,9  0,7
rconst = 0,020 kg/kg.min  t const   10 min
0,02

Período de velocidade de secagem decrescente


curva de secagem

r = 0,03 X – 1.2x10-4
0.025

r=dX/dt (g água/g sólido seco/min)


1  0,03  0,7  1,2 104 
ln    75 min
0.020
tdecresc  4 
0,03  0,03  0,1  1,2 10  0.015
curva de
0.010

0.005

tSEC = tCONST + tDECR = 10 + 75 = 85 min 0.000


0 0.5 1 1.5

X (g água/g sólido seco)


CURVA DE SECAGEM (alteração de condições)
I): I - Aquecimento directo

r  K ( G   h )

K é uma “constante” que depende da granulometria e porosidade e disposição


do sólido, do tipo de contacto gás-sólido, da velocidade do gás, etc.
Mas não depende das condições termodinâmicas do gás (temperatura,
humidade, entalpia)

  ( 0   f ) / 2
h - temperatura de termómetro húmido
“Rigorosamente” a equação só é válida para o período de velocidade de
secagem constante
PROBLEMA 3
Corrija a curva de secagem (obtida para um ar de secagem a
entrar a 98ºC com HR= 3% e sai a 50 ºC)
para uma situação em que o ar de secagem entra com 80ºC e
com a mesma humidade absoluta do ar da experiência, e sai
a 50ºC
curva de secagem

0.025
r=dX/dt (g água/g sólido seco/min)

0.020

0.015
curva de secagem
0.010

0.005

0.000
0 0.5 1 1.5

X (g água/g sólido seco)


PROBLEMA 3
Situação inicial (curva experimental existente)

0 = 98ºC & %HR = 3% & carta psicrométrica  s0 =0,018  h = 38ºC

Situação nova (curva para novas condições)

0 = 80ºC & s0 =0,018 & carta psicrométrica  h = 35ºC

Nova velocidade de secagem no período de secagem constante:

(65  35)
rnovo  rinicial  0,017 kg / kg min
(74  38)

• À falta de outra informação mantêm-se XC = 0,7 & XE = 0,03. A curva de


secagem fica com o seguinte aspecto
PROBLEMA 3

0.025

r=dX/dt (g água/g sólido seco/min)


0.020

0.015 curva de secagem


nova curva
0.010 nova curva
Linear (nova curva)
0.005 Linear (nova curva)

0.000
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2
-0.005
X (g água/g sólido seco)
CURVA DE SECAGEM (alteração de condições)
I): II - Secagem por condução sob vácuo

r  K ' ( SUP   SEC )

SUP é a temperatura da superfície de aquecimento

SEC é a temperatura de secagem que está relacionada com o


ponto de ebulição da água à pressão de trabalho.

A espressão acima é muito grosseira.


É muito grosseiramente válida para liofilização (que é
uma secagem por condução sob vácuo).

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