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Literatura Infanto-Juvenil e

Compreensão e Produção de
Textos
Prof. Me Fabio Schwarz Soares dos Santos
Me. em Educação para Ciências – UNESP – FC Bauru
Esp. em Alfabetização – UNICID – São Paulo
Pedagogo – UNESP – FC - Bauru
“De escrever para marmanjos eu já enjoei. Bichos sem graça.
Mas para crianças um livro é todo um mundo”. Monteiro
Lobato
Leitura Deleite

 Maria Angula
LITERATURA INFANTIL

 Oportunizar a vivência e espaços de interação com a literatura


 Oferecer bons textos de autores de referência
 “É através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos,
outros jeitos de agir e de ser... (ABRAMOVICH, 1995, p. 17)
 A Literatura infantil é, antes de tudo, literatura, ou melhor, é arte: fenômeno
de criatividade que representa o Mundo, o Homem, a Vida, através da
palavra. Funde os sonhos e a vida prática; o imaginário e o real; os ideais e
sua possível/impossível realização. (Cagneti,1996 p.7)
A literatura infantil é um gênero literário definido pelo público a que se destina. Certos textos são
considerados pelos adultos como sendo próprios à leitura pela criança e é, a partir desse juízo, que
recebem a definição de gênero e passam a ocupar determinado lugar entre os demais livros.
Portanto, o que é classificado como literatura infantil não independe da concepção que a
sociedade tem da criança e de seu entendimento do que seja infância. Mas os dois conceitos são
instáveis, uma vez que variam em diferentes épocas e culturas. Vários teóricos, entre eles Peter Hunt,
estabeleceram uma característica distintiva a partir da qual se pode conceituar o que é literatura
infantil: o livro para crianças pode ser definido a partir do leitor implícito - isto é, a partir do tipo de leitor
que o texto prevê. Os principais traços do leitor implícito do texto infantil são: um leitor em formação e
com vivências limitadas por força da idade.
- Adequado à competência linguística;
- Forma de comunicação: respeito e interesse;
- Mediação do professor;
- Livro deve ser presença marcante desde o início da escolarização
Conto de Fadas

- Surgimento na Europa durante a idade Média;


- Contos de Tradição Oral;
- Ritos de iniciação;
- Superação da condição social por meio de magia;
- Quando passa da oralidade para os textos escritos percebe-se marcas de moralidade.
De acordo com um artigo publicado na Revista Educação (2004,p 46), o escritor define os contos de fadas
como um relato popular que perpassa o sagrado e o profano, o trágico e o humorístico caracterizando-se
pela presença de seres, objetos e lugares sobrenaturais, bruxas, fadas, dragões, varinha de condão e reinos
enfeitiçados que existem fora da lógica real do tempo. São facilmente adaptáveis à mentalidade infantil
porque apresentam um numero restrito de personagens, opostos por motivação simples como
a generosidade e o egoísmo, a confiança e a traição, o amor e o ódio, ao final, as boas condutas são
gratificantes com recompensas, enquanto a malvadeza implica duros castigos sobre seus agentes. Essas
narrativas valorizam a esperteza, a iniciativa e a solidariedade, mas não explicam nenhum julgamento.
Bruno Bettelheim (1998, p.20), diz que os contos de fadas são impares, não são como uma literatura, mas
como uma obra de arte integrante compreensível para a criança como nenhuma forma de arte o é. Desta
forma, o conto de fada trará um significado diferente para cada pessoa e diferente para a mesma pessoa,
em vários momentos de sua vida.
A criança extrairá significados diferentes do mesmo conto de fadas, dependendo de sua necessidade no
momento. Não é de espantar, portanto, que as crianças se desinteressem cada vez mais pela leitura, visto
que a literatura hoje produzida para elas é cada vez mais pasteurizada, sem os riscos conflitos mágicos e
simbólicos das historias de fadas originais.
O primeiro autor a escrever para crianças no século XVIII foi o Francês Charles Perrault.
Perrault ouvia historias de contadores populares, e então as adaptava ao gosto da corte
francesa, acrescentando ricos detalhes descritivos, bem como diminuindo os trechos que
contavam os rituais da cultura pagã popular ou fizessem referencias a sexualidade humana,
pois vivia sob o contexto de conflitos religiosos entre católicos e protestantes a época da
contra reforma católica. Também, ao final da narrativa, escrevia sob a forma de versos a
moral da historia, traduzindo sua preocupação pedagógica, segundo a qual as historias
deveriam servir para instruir moralmente as crianças. Ou seja, desde o seu primeiro registro
por escrito, os contos de fada já começaram a ter seus detalhes, de enorme riqueza,
deturpados.
Na Alemanha no séc. XIX, os irmãos Jacob e Wilhem Grimm também realizaramem
trabalho de coletânea de contos populares.
Os Grimm tiveram o mérito de registrar suas historias nas versões originais, sem as adaptações e
lições morais de Perrault.
Com o advento da psicanálise, hoje podemos compreender a profunda riqueza simbólica e a
utilidade simbólica desses contos, o que os contos despertam no imaginário que tanto as fascina e
porque eles são tão importantes a elas.
Psicológicos e psicanalistas do século XX, entre os quais Sigmund Freud, Carl Gustav Jung e Bruno
Bettelheim, interpretam certos elementos dos contos de fadas como manifestações de medos e
desejos comuns a todos os seres humanos.
Bettelheim, ao escrever seu livro: A Psicanálise dos contos de fadas valoriza as relações dos contos
de fadas com a vida emocional inconsciente, ressaltando assim, a importância dos contos no
desenvolvimento psicológicos das crianças.
Compartilha com Freud a ideia de que os contos de fadas constituem uma linguagem simbólica
dos conflitos, as ansiedades infantis podem ser realizadas, portanto a criança pode adequar os seus
conteúdos inconscientes as fantasias tendo a possibilidade de lidar com o mundo externo.
O conto de fadas utilizado de maneira consciente pode ajudar as crianças a resolverem suas
angustias ou seus conflitos de forma saudável e prazerosa.

A historia deve despertar a curiosidade da criança para que possa prender sua atenção. Porem,
para enriquecer sua vida deve estimular-lhe a imaginação, ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a
tornar claras suas emoções harmonizando suas ansiedades e aspirações, reconhecendo suas
dificuldades e ao mesmo tempo, sugerir soluções para as dificuldades que o afligem.
Literatura Infantil no Brasil

“No Brasil, a literatura infantil tem início com obras pedagógicas e, sobretudo adaptações de
obras de produções portuguesas, demonstrando a dependência típica das colônias”(Cunha,
1999,p.23) No final do século XIX estava sendo mudado o regime político no Brasil; a República
adotada a partir de 1889 substituía a Monarquia, após o longo reinado de D. Pedro II, Imperador
desde1840.
Nesse novo Brasil de transformações ao final do século XIX, se dá o aparecimento dos primeiros
livros para crianças escritos e publicados por brasileiros; mas é com Monteiro Lobato que tem
início a verdadeira literatura infantil brasileira.
Monteiro Lobato

José Bento Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, interior de São Paulo em 1882, formou-se em
Direito e atuou como promotor público e depois se tornou fazendeiro devido à herança deixada
por seu avô. Em 1917 o grande escritor Monteiro Lobato comprou a revista do Brasil, e com isso
deu origem as suas atividades editoriais, publicando o Urupês e muitas outras obras, dando
sempre prioridades a autores novos. Monteiro Lobato em sua peculiaridade de editor fazia seus
exemplares serem vendidos em todo o país, em qualquer tipo de comércio, e não apenas em
livrarias, chegando a mudar de 400 ou 500 exemplares por edição para 3000 em média. Nessa
mesma época fez editar, talvez por inexperiência 50.500 exemplares de Narizinho Arrebitado, um
livrinho de leitura extra. Esse programa do autor foi notado pelo Presidente Washington Luis, que,
tendo observado a avidez com que as crianças liam, recomendou-o ao Secretário de Educação
Alarico Silveira, e 30.000 exemplares foram comprados. Além do lado empreendedor, e sempre
em busca de novidades, pois só publicava jovens e desconhecidos autores como Paulo Setúbal,
Menotti Del Picchia, Humberto de Campos, Oswald de Andrade, Oliveira Viana e outros; Lobato
primou também pela apresentação gráfica de seus livros. Os livros brasileiros eram editados na
Europa, Monteiro Lobato passou a editar livros didáticos e infantis no Brasil, mudando-lhes o
formato clássico, revestindo-os com capas desenhadas e coloridas. Monteiro Lobato morreu em
1948 tornando-se historicamente o precursor da literatura infantil no Brasil.
Ruth Rocha

A escritora paulista Ruth Rocha teve uma infância considerada por ela feliz. Cresceu em São Paulo, na
década de 30, cercada de afeto e bons contadores de histórias. O melhor deles era o avô materno,
nascido no Pará e dono de um repertório e de uma imaginação sem fronteiras. Seu avô contava de
histórias de Branca de Neve como se tivesse acontecido em Quixeramobim no Ceará. O pai de Ruth,
Álvaro sabia apenas duas histórias que contava, e recontava aos filhos. Álvaro tinha talento e quando
se dispunha a contar uma história era sempre uma festa. Livros não faltavam na casa de Ruth, nem os
gibis, a escritora era a única do grupo de amigos da escola que tinha conta na banca de jornal. Podia
comprar quadrinhos à vontade. Apesar de tanto estímulo, Ruth só escreveu sua primeira história aos 38
anos. Publicada na Revista Recreio da editora Abril, a história falava de duas borboletas que não
podiam ficar juntas porque eram de cores diferentes,numa parábola ao racismo. Chamava-se Romeu
e Julieta e foi um sucesso. Depois de algum tempo veio o primeiro livro. Palavras, muitas palavras. A
autora já vendeu cerca de 12 milhões de exemplares no mundo inteiro em 25 idiomas. Em abril de
2000, Ruth lançou Odisséia na qual reconta as peripécias do herói Ulisses, o livro tornou-se um dos
maiores sucessos da autora. Ao contrário de Ana Maria Machado que começou a escrever para o
público infantil quase por acaso, Ruth Rocha sempre esteve com o olhar voltado para esse gênero
literário, fez da criança e seus desejos a razão da sua escrita. As duas autoras viveram num ambiente
repleto de livros, histórias e fantasias, contadas por pessoas marcantes em suas vidas. Ana começou
de “mansinho”. Ruth com objetivos firmados, mas afinal; a literatura infantil está mesmo presente em
nossas vidas desde a infância? Existe fórmula certa para agradar o público infantil? Ou ao invés de
conquistá-los, somos conquistados por eles?
Ana Maria Machado

Embora Ana Maria Machado costume afirmar que nunca houve um interesse direto em escrever
para crianças, o sucesso que faz sobre esse público marca sua trajetória como escritora de
literatura infantil. Desde cedo essa notável escritora que chegou a Academia Brasileira de Letras
no ano de 2003 demonstrava seu dom para literatura; quando fazia diários, escrevia cartas,
participava do jornalzinho do colégio. Ana Maria estudou letras e deu aula de literatura em
faculdades, trabalhou em jornal e fez traduções; o seu lado diletante como escritora começou
quando encomendaram uma história para uma revista. Os leitores gostaram e foram surgindo
outras. E muitas outras. Ana sofreu influência e bom exemplo, de seu pai, o jornalista e político
Mario Martins, que lhe ofereceu um ambiente cheio de livros e lhe contou histórias. Sua carreira
como escritora de literatura infantil, foi despertada a partir do momento em que a autora
escreveu histórias infantis para uma revista, assim ela percebeu que se identificava com o
público infantil e com esse tipo de linguagem, onde o literário faz uma interseção com o
coloquial/oral/familiar. Ana Maria Machado também vê em Monteiro Lobato o começo de tudo
de maravilhoso e marcante para a literatura infantil, mas também vê no Brasil atualmente várias
manifestações de talento. Ana Maria Machado é uma das escritoras que tem suas publicações
muito utilizadas nas Tendas Que Contam Histórias.
Vídeo – Menina Bonita do Laço de Fita

 https://www.youtube.com/watch?v=UhR8SXhQv6s
Indicação literária

Filme: Capitão Fantástico


ANÁLISE DE TEXTO BEM ESCRITO

 Possibilitar aos alunos possibilidade de analisar o texto


 Reescrita tendo o professor como escriba
 Análise da produção coletiva
 Reflexão sobre os aspectos que dão qualidade ao texto
A onça doente – Monteiro Lobato

A onça caiu da árvore e por muitos dias esteve de cama seriamente enferma. E como
não pudesse caçar, padecia fome das negras.
Em tais apuros imaginou um plano.
– Comadre irara – disse ela – corra o mundo e diga à bicharia que estou à morte e exijo
que venham visitar-me.
A irara partiu, deu o recado e os animais, um a um, principiaram a visitar a onça.
Vem o veado, vem a capivara, vem a cutia, vem o porco do mato.
Veio também o jabuti.
Mas o finório jabuti, antes de penetrar na toca, teve a lembrança de olhar o chão. Viu
na poeira só rastros entrantes, não viu nenhum rastro sainte. E desconfiou:
– Hum!… Parece que nesta casa quem entra não sai. O melhor, em vez de visitar a
nossa querida onça doente, é ir rezar por ela…
E foi o único que se salvou.
PRODUÇÃO TEXTUAL

 Comunicação oral – recontos


 Professor como escriba – reescrita – oportunidade de reflexão
 Escrita coletiva
 Produção individual – repertório
 Análise do texto
 Textos inéditos – sentido e significado – A escrita deve ser uma necessidade
 Resumo
 Resenha
 Fichas técnicas
GÊNEROS TEXTUAIS

 TIPOS TEXTUAIS 1. constructos teóricos definidos por propriedades linguísticas intrínsecas; 2.


constituem sequências linguísticas ou sequências de enunciados e não são textos
empíricos 3. sua nomeação abrange um conjunto limitado de categorias teóricas
determinadas por aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas, tempo verbal; 4.
designações teóricas dos tipos: narração, argumentação, descrição, injunção e
exposição
 GÊNEROS TEXTUAIS 1. realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sócio-
comunicativas; 2. constituem textos empiricamente realizados cumprindo funções em
situações comunicativas; 3. sua nomeação abrange um conjunto aberto e praticamente
ilimitado de designações concretas determinadas pelo canal, estilo, conteúdo,
composição e função; 4. exemplos de gêneros: telefonema, sermão, carta comercial,
carta pessoal, romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio, horóscopo,
receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio, instruções de uso, outdoor,
inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea,
conferência, carta.eletrônica, bate-papo virtual, aulas virtuais etc.
Referências

 ABRAMOVICH, F. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1995.


 ALMEIDA, G. P. A produção de textos nas séries iniciais: desenvolvendo as competências da
escrita. Rio de Janeiro: Ed. Wak, 2009.
 COLL, C. e SOLÉ, I. Os professores e a concepção construtivista. In: O construtivismo na sala de
aula. São Paulo. Editora Ática, 2006.
 FERREIRO, E. e TEBEROSKY, A. Psicogênese da Língua Escrita. Artes Médicas. Porto Alegre, 1985.
 LEMLE, M. Guia teórico do alfabetizador. São Paulo: Ática, 2004.
 MORAIS, A. G. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo: Ática, 2003.
 MORTATTI. M. R. L. História dos métodos de alfabetização. Disponível em:
http://www.idadecerta.seduc.ce.gov.br/download/encontro_paic_ceu_24_2602_2010/historias
_do_metodos_de_alfabetizacao_brasil.pdf.
 LURIA, A. R. O desenvolvimento da escrita na criança. In: VIGOTISKII, L. S. et al. Linguagem,
desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2014.

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