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Cuidados em Oncologia Pediátrica

Câncer Infantil

Estimativa de Câncer Infantil Anual


Segundo INCA,2011
11.530 mil novos casos/ano(2012) - BRASIL
“Os tumores pediátricos correspondem a 3%
do total de tumores esperados entre os
brasileiros”
Pediatria
INCA

324 matriculas/ano
Câncer Infantil

 Câncer é doença que se caracteriza por uma


proliferação anormal de células que compõe o nosso
organismo podendo ocorrer em qualquer órgão ou
tecido e atingir qualquer faixa etária.

10 a 15% podem estar associadas a desordens


hereditárias.

Está entre as 10 causas mais incidentes de mortalidade

70% de cura nos grandes centros.


Família

 Câncer – doença FAMILIAR.

 Diagnóstico - Tempo de catástrofe

 Os filhos sempre devem sobreviver


aos pais
Família

“Não existe nenhuma palavra que


descreva a perda de um filho.
Quando perdemos nossos pais,
somos órfãos; quando perdemos
nosso(a) companheiro(a), somos
viúvo(a); porém não existe um
termo que defina o pai/mãe que
perde um filho”
Sukie Miller (Quando uma criança
morre, 2002).
Impacto Psicológico do Adoecer
na Criança
• Perda da identidade
• Perda da privacidade
• Separação
• Perda de continuidade
da vida
• Vergonha
• Culpa
• Raiva
• Medo
• Sofrimento
Neoplasias Pediátricas

Tumor de SNC Leucemias

Neuroblastoma Linfomas

Tumor de Wilms Retinoblastoma

Osteossarcoma Hepatoblastoma

Sarcoma de Ewing\ Rabdomiossarcoma


PNET
Fatores que influeciam no
tempo para o diagnóstico

 Tipo de tumor
 Localização do tumor
 Idade do paciente
 Suspeita clínica
 Extensão da doença
 Cuidado e/ou percepção da doença pelos pais
 Nível de educação dos pais
 Nível de distância do centro de tratamento
 Sistema de cuidado de saúde
Sinais e Sintomas de Alerta

 Palidez cutâneo-mucosa
(anemia grave hemoglobina < que 6,0g/dL)
 Linfadenomegalia generalizada
(supraclaviculares, mediastinais)
 Fadiga
 Sangramentos anormais (petéquias e epistaxe)
 Irritabilidade
 Febre
 Dor óssea e/ou articular (dor nas costas e nas pernas)
Sinais e Sintomas de Alerta

 Hepatoesplenomegalia
 Perda de peso
 Sudorese noturna
 Dor acompanhado de massa abdominal
 Hematúria
 Hipertensão arterial
 Alteração do hábito intestinal
Osteossarcoma Adolescentes Dor local, aumento das partes Fêmur distal, tíbia
Adultos moles, dificuldade de proximal, úmero proximal,
jovens deambulação, fratura patológica fêmur proximal
Tu de SNC Até 15 anos Vômitos, cefaléia, alterações Supratentorial,
comportamentais, papiledema, infratentorial
ataxia da marcha, desequilíbrio,
estrabismo, convulsão, retardo
do desenvolvimento
neuropsicomotor, fontanelas,
macrocrania
Rabdomiossarco Até 15 anos Tumoração local, dor, Cabeça e pescoço,
ma (6 a) dificuldade de urinar, próstata, bexiga, vagina,
corrimento cor de achocolatado paratesticular,
e fétido, aumento de volume extremidades,
escrotal, linfonodos palpáveis, parameníngeo
proptose
Retinoblastoma Até 4 anos Leucocoria (reflexo do olho de Unilateral, bilateral,
gato), estrabismo, vermelhidão, trilateral .
inflamação da órbita
Neuroblastoma 1 a 11 anos Masssa abdominal, sudorese, Supra-renal, cadeia para
(2 a) HAS, taquicardia, irritabilidade, espinhal, cervical, pélvico
rubor facial, diarréia, sd e torácico
opsomioclonus, emagrecimento
Tu de Wilms 1 a 7 anos Massa abdominal, hematúria, Loja renal uni ou bilateral
(2º, 3º ano) HAS, trombose de veia cava,
anemia
Hepatoblastoma 1 a 3 anos Massa abdominal , dor Figado (hipocôndrio D)
(1a) abdominal, perda de peso,
anorexia, icterícia, plaquetose,

Sarcoma de Entre 10 e Dor local, massa palpável, febre, Esqueleto axial (pélvico),
Ewing 20 anos fratura patológica, edema e calor ossos das extremidades
(11a) local

Fonte: Camargo, B.; Lopes, L.F. Pediatria Oncológica: Noções Fundamentais para o Pediatra. Ed. Lemar. São Paulo, 2000.
Crianças em quimioterapia
Conceito de Nadir

 É o tempo transcorrido entre a aplicação da droga e o


aparecimento do menor valor de contagem hematológica.

 Ocorre em média de 5 à 10 dias após a última dose de


quimioterapia
Cuidados com crianças em QT

Leucopenia:
- Lavagem rigorosa das mãos;
- Higiene corporal e oral adequadas,
- Manter técnica asséptica ao executar procedimentos
principalmente invasivos;
- Observar aumento ou diminuição significativos na
temperatura, pressão, respiração ou pulso
- Verificar todos os locais de procedimentos invasivos
quanto à evidência de infecções;
Cuidados com crianças em QT

Plaquetopenia
- Observar presença de sangramento ativo
(gengivas,nariz,transvaginal);
- Evitar o uso de objetos cortantes, (barbeadores);
- Evitar procedimentos invasivos (enemas,
cateterizações; injeções IM);
- Usar escova de dente macia e aplicar fricção suave
na higiene oral;
- Avaliar a pele para ver se há evidência de aumento
do número de petéquias, hematomas ou equimoses;
Petéquias
Crianças em quimioterapia

Atentar para o período de QT em a criança se


encontra
(em uso de fator de crescimento)
Se houve ocorrência de febre
Se a criança possui algum dispositivo ( sondas ,
cateteres , etc..)
Se possui alguma lesão na pele
Atentar para presença de vômitos , freqüência e
intervalos...
Atentar para a presença das eliminações
Atentar para o estado geral da criança
Prevenção de Infecções
Cuidados com higiene

 Higienização das mãos


 Condições de higiene da família
 Orientação quanto a necessidade da realização dos
hábitos de higiene
 Lavar as mãos depois de usar o banheiro
 Manter partes íntimas limpas (principalmente para
crianças que usam fraldas).
 Evitar que a criança leve a mão a boca, nariz ou olhos
com freqüência.
Prevenção de Infecções

Cuidados com higiene

 Orientar quanto aos cuidados com escoriações


 Evitar ambientes com presença de fumantes
 Evitar a convivência com animais domésticos
 Higienização da cavidade oral
 Atentar para a presença de lesões em cavidade oral
 Cuidados com a higienização do ambiente
Prevenção de infecções

Cuidados com alimentação

 Lavar as mãos antes de comer e cozinhar


 Preparar alimentos em ambientes limpos
 Evitar alimentos crus ou mal passados
 Lavar bem os alimentos antes consumi-los
principalmente frutas
 Embalagem industrializadas lavá-las antes de consumir
 Só ingerir água filtrada ou fervida
 Evitar alimentos duros ou com casca grossa
 Evitar alimentações realizada na rua
Cateteres Venosos Centrais

Criança portadores de cateteres venosos centrais

 Lavagem das mãos


Troca do curativo e manutenção conforme rotina da
instituição
 Febre
 Administração do anti-térmico conforme
prescrição médica
Encaminhamento para a Emergência do Hospital
Tipos de cateteres

Cateter Venoso central


Totalmente implantado
Tipos de cateteres

Cateter venoso central


semi-implantado
Tipos de cateteres
Cuidados

Para os tumores cerebrais

 Avaliação contínua do quadro neurológico


 Avaliar fontanelas
 Avaliar movimentação e deambulação, respeitando os
limites
 Promover ventilação adequada
 Atentar para sinais vitais
 Peso
 Se acamado – cuidados com a pele
Cuidados

Para Tumores Abdominais

 Controle da dor
 Hábito intestinal (diarréia e constipação)
 Exame clínico (presença de massa , aumento de volume)
 Disúria
 Aspecto da diurese
 Perda de força motora em MMII (Claudicação,parestesias)
Controle dos Sinais Vitais
Cuidados

Para Tumores de Cabeça e Pescoço

 Permeabilidade das vias aéreas


 Controle da dor (cefaléia)
 Exame clínico (presença de massa , aumento de volume)
 Avaliação da deglutição
 Dificuldade da alimentação
 Dificuldade visual
 Ocorrência de crise convulsiva
Cuidado Paliativo

 Cuidado paliativo em pediatria é definido como uma


filosofia de cuidado à criança com vida limitada devido
a uma doença atualmente incurável que deve ser
continuado e se inicia desde o diagnóstico e não deve
ser desvinculado do tratamento curativo. (Carmo,
2006)

 Segundo a organização mundial de saúde envolve uma


abordagem multidisciplinar para tratamento dos
sintomas de ordem física, psicossocial, espiritual e
apoio psicológico
Cuidado Paliativo

 Cuidados paliativos envolvem proteção da dignidade do


paciente e da sua vida (Camargo e Lopes ,2000)

 Assistência humanizada através dos hospices


(cuidado, respeito, carinho, abrigo e tratamento)
(Pires, 2002)

 Cuidar apesar de não curar , manutenção da qualidade


de vida , valorizando o tempo que lhes resta, apoio à
família
A equipe

Quando o objetivo do tratamento não é mais a


cura, a criança passa a ser vista como um misto
de compaixão e desapontamento.

Nesse momento os limites do cuidar devem


ultrapassar os do curar, e a dignidade da criança
deve ser resgatada com valorização da vida,
proporcionando a ela o tratamento paliativo.
A equipe

Identificar providências necessárias ao bem


estar da criança terminal, principalmente a
sintomas específicos,
Dividir as decisões quanto a terapêutica e o
cuidado a ser prestado com a criança e seus
familiares, e modificá-los de acordo com as
necessidades,
Proporcionar suporte aos familiares envolvidos
com a perda.
Para a criança e família

 Independente da compreensão da criança em relação a


morte este processo se torna muito difícil tanto para a
criança quanto para o adulto necessitando da proximidade
dos pais, apoiando-os nesta trajetória. (Wong, 2007)

 “Diante de todo sofrimento vivido nesta fase, a criança


terminal necessita indispensavelmente, de atenção, carinho,
companhia, convívio com outras crianças ameaçadas pelos
mesmos fantasmas, para que possam falar de seus medos,
de suas angústias de sua doença, de suas fantasias sobre
sua própria morte”
(Melo e Valle, 2004)
A criança

A partir dos 4 anos começa gradativamente a formar-


se o conceito de morte como algo irreversível. Ela pode
ser percebida como um ato de justiça e punição por
alguma falta cometida. Entre os 9 e 10 anos de idade,
forma-se o conceito definitivo de morte. Frente a ela,
pode ocorrer negação intensa, intercalada com crises de
ira e ansiedade extrema.”

É importante ampararmos a criança para que se sinta


protegida, e incentivarmos a comunicação com a equipe e
seu familiar.
A morte para a criança

 As crianças em fase terminal podem apresentar medo


da morte, aliado ao medo do tratamento e do sofrimento
agravado pelas separações constantes dos familiares, pois
mesmo que não tenham conhecimento de seu diagnóstico,
percebem a deterioração do corpo provocadas pela
doença
A morte para a criança

O familiar deve compartilhar com a criança seus últimos


momentos como um indivíduo que vive e não somente como
aquele que vai morrer.
Agravamento dos sintomas

Com o agravamento, a criança tende a passar


por um processo de regressão em seu
desenvolvimento, sentindo-se frágil e
dependente.

A ausência de respostas as suas indagações ou


as mentiras podem gerar distúrbios
psicoafetivos, tais como distúrbios da fala,
anorexia, fobias, agitação entre outros.
Cuidados

Sempre que possível a criança será acompanhada no


Ambulatório.
Permitindo que a criança fique mais tempo no seu
próprio ambiente e ao lado de sua família.

Na necessidade de atendimento esta criança virá


para a emergência pediátrica principalmente nos finais
de semana e durante a semana seu atendimento é
otimizado para as 4ªfeiras no ambulatório.
Contato 3207-1528
Cuidados

Orientação da família quanto ao cuidado domiciliar;

Envolvimento da família na prestação do cuidado;


(aliança terapêutica)

Empréstimo de todo material necessário para a


efetivação do cuidado.
Orientação em relação ao manuseio dos dispositivos
(Sondas enterais , vesicais, traqueostomias, curativos de
lesões)
DOR

“Experiência sensorial e emocional


associada a dano tecidual potencial ou
real”. Impressão desagradável ou penosa.
Fatores que Influenciam na Dor

Cognitivos
 Compreensão da criança sobre a fonte da dor
 Habilidade para controlar o que ocorre
 Expectativas em relação à qualidade e a intensidade das
sensações dolorosas que experimentaram
Comportamentais
 “Quanto mais tensa se torna a criança , mais intensa
torna-se a DOR”.
 Alteração da expressão facial e do sono
 Choro, irritabilidade, perda de apetite
Fatores que Influenciam na Dor

Ambientais
 Som
 Luz.

Hereditários
 A família interfere no aprendizado sobre a dor, na
expressão e no enfrentamento frente aos diferentes
tipos de dor
 Meninos x Meninas
Como podemos identificar a dor?

FISIOLÓGICO COMPORTAMENTAL
Sudorese Choro
Letargia Grito
Alteração do sono Refere dor
Tremores Posição
Irritabilidade
Agitação
Mostra onde sente dor
Cuidados em relação ao Controle de dor:

1. Orientar/administrar analgésico prescrito;


2. Orientar/administrar resgate, em cada de dor nos
intervalos da medicação;
3. Aplicar compressa morna;
4. Massagem local;
5. Em caso, de não conseguir controlar a mesma,
deve ser encaminhado à emergência do hospital.
Náuseas e Vômitos

Oferecer alimentos que a criança gosta mais

Aumentar o fracionamento das dietas

Tentar oferecer líquidos com freqüência

Utilizar temperos alternativos

Evitar alimentos gordurosos (pesados)

Preferir alimentos frios


Náuseas e Vômitos

Orientar a não ingerir líquidos durante a ingesta alimentar

Atentar para o quadro de desidratação

Oferecer alimentos ricos em fibras


Caso Clínico
Criança com 9 anos de idade , estudante da 3ª série , procedente do Espírito
Santo, mora com os pais.

Pais vendedores ambulantes com salário aproximadamente de R$800,00, residente de


casa própria com mais de três cômodos,água encanada e boas condições de
habitabilidade. Pais evangélicos e possuem mais uma filha de 12 anos de idade, .
No momento encontram-se hospedados em hotel perto do hospital, sendo os custos
de hospedagem arcados pelo grupo familiar.

QP: Dificuldade de andar.

HDA: Início do quadro em 02/2009, procuraram ortopedista que solicitou TC e EEG,


não constando nenhuma anormalidade. 07/2009 foi encaminhado ao neurologista que
solicitou uma RMN de crânio. Estava sendo tratado no Hospital Infantil de Vitória
que após resultado de ressonância constatou Tumor iressecável para cirurgia sendo
encaminhado a esse serviço para realização de QT e Radioterapia.

Ao exame físico: Criança inquieta, apresentando dificuldade de coordenação motora


e diminuição de força à direita. Sem queixa de dor, aceitando bem a dieta e
eliminações normais.
Caso Clínico II
Criança com 6 meses de idade, procedente do Rio de Janeiro, mora com os pais e
não possui irmãos.

Pai servente de obra e mãe do lar com renda aproximada de R$500,00, residente de
casa própria com quatro cômodos,água encanada e boas condições de habitabilidade.

QP: Aumento da barriga

HDA: Mãe informa que desde primeiro mês de idade notou massa abdominal,
procurou pediatra que informou ser normal e orientou observação, manteve aumento
do volume abdominal progressivamente e apresentou quadro de ITU, há mais ou
menos um mês realizou USG abdominal que constatou massa em topografia renal
esquerda. Apresenta no momento picos hipertensivos porém mãe nega hematúria
encaminhada ao INCA para investigação.

Ao exame físico: Criança ativa e reativa, desnutrida, hidratada, hipocorada++/4+,


com taquicardia leve. Abdome globoso com tumoração palpável em altura do flanco
esquerdo não ultrapassando linha média, peristalse audível.
Caso Clínico III
Adolescente com 14 anos de idade , estudante do 9º ano, natural do Rio de
Janeiro, mora com a mãe e irmão.

Pais separados, porém com bom relacionamento, mãe empregada doméstica com
renda de um salário mínimo, residente de imóvel alugado com três cômodos, água de
mina.

QP: Dor na perna direita.

HDA: Início do quadro em 09/2009, com dor de forte intensidade em joelho direito,
com piora aos esforços, procurou serviço médico em Petrópolis e não realizou Rx
local.
Evoluiu há dois meses com aumento do volume do joelho direito retornando ao médico
que solicitou Rx e TC tendo como resultado formação expansiva sólida
comprometendo a parede exterior distal do fêmur. Encaminhada ao INCA para
avaliação.

Ao exame físico: Paciente tranqüilo, corado, MID presença de tumoração indolor em


região proximal de tíbia sem restrição de movimentos no momento, eliminações
presentes e alimentação mantida.
Juntos, podemos evitar que o adolescente
chegue neste estadio!
Obrigada!
Quando não houver saída
Quando não houver mais
solução
Ainda há de haver saída
Nenhuma idéia vale uma
vida...
Quando não houver
esperança
Quando não restar nem
ilusão
Ainda há de haver
esperança
Em cada um de nós
Algo de uma criança...
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá

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