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PSICOLOGIA 

DA 
RELIGIÃO
“Não acredito, pois realmente, sei de um 
poder de natureza muito pessoal e uma 
influência irresistível. Eu a chamo de 
‘Deus’.”(Jung)

Profª. Rosângela Adell
 A  religião  é  uma  das  dimensões  mais 
importantes,  senão  a  mais  importante,  da  pessoa 
humana  e  uma  das  que  distingue  melhor  os 
humanos dos animais.
 Ela influencia o sentido da vida e da morte, o modo 
como se encara o mundo e os homens, as alegrias e 
o  sofrimento,  o  modo  como  se  vive  a  vida  familiar 
(atitude frente ao divórcio, ao aborto, ao número de 
filhos, etc.), a maneira como se interpreta e vive a 
sexualidade, a tolerância ou o racismo, a política, a 
profissão.
 A  religião  pode  ser  decisiva  no  uso  ou  não  uso  de 
drogas,  condiciona  a  educação  familiar,  está 
presente  nos  ritos  de  nascimento,  de  iniciação  da 
adolescência, no casamento, na morte.
Psicologia  da  religião  ­  É  o  campo  da  Psicologia 
dedicado  ao  estudo  do  comportamento  religioso, 
comportamento  que  envolve  aspectos  cognitivos  e 
afetivos do ser humano. 
Os psicólogos da religião não estudam propriamente 
a  religião  e  não  se  pronunciam  quanto  à  realidade  do 
objeto  religioso,  ou  seja,  não  afirmam  nem  negam  a 
existência  de  uma  transcendência  nem  de  figuras 
religiosas  como  deuses,  demônios,  espíritos,  mas 
querem conhecer o que leva as pessoas a afirmarem ou 
negarem (adesão ou afastamento) essa transcendência, 
a  crer  (religioso)  ou  não  crer  (não  religioso)  nessas 
figuras e a venerá­las ou combatê­las. 
A religião seria uma busca de sentido em relação com 
o sagrado. O objeto da Psicologia da Religião é o homem 
na  qualidade  de  religioso:  suas  motivações,  seus 
desejos,  suas  expectativas,  suas  atitudes,  ou  seja,  todo 
Objeto de 
Psicologia Religião estudo ­ 
Homem

Crença e 
Fato  Fato 
dúvida 
humano religioso
religiosa

Mudança  Mudança  Na qualidade 


de  de  de religiosos: 
comporta comporta suas 
mento ­  motivações, 
mento –  seus desejos, 
condicio conversão suas 
namento experiências, 
atitudes...
 Há três posturas do psicólogo da religião diante 
do fato religioso: neutralidade (deve haver ausência 
de  julgamento  sobre  a  possibilidade  da  existência  da 
realidade que transcende o homem), benevolência (se 
origina  da  neutralidade;  é  a  consciência  aberta  ou 
fechada  ao  mistério)    e  juízo  psicológico  de  verdade 
(  ou  crítica;  deve­se  avalizar  o  comportamento 
humano  compreendendo  as  vivências  religiosas  e 
discernir seu nível de maturidade e sanidade, a partir 
das  causas  que  fazem  que  esse  homem  concreto  seja 
religioso ou não e sobre as motivações que o movem e 
a coerência delas). 
 O  método  da  Psicologia  da  Religião  utiliza  a 
observação  direta,  de  comportamentos  religiosos  e 
confissões  e  análises  clínicos  com  o  objetivo  de 
descrever os fatos e formular hipóteses.
ASPECTOS HISTÓRICOS
 A  história  da  Psicologia  da  Religião  se  confunde,  em  certo  sentido, 
com  a  própria  história  da  Psicologia.  E  se  desenvolveu  a  partir  de 
estudos  teóricos  dos  fenômenos  relacionados  com  o  comportamento 
religioso  e  de  preocupações  de  ordem  prática,  tal  como  se  refletem 
especialmente  nos  grandes  movimentos  de  saúde  mental  no  mundo 
moderno. 
 Pioneiros  da  Psicologia  e  da  Psiquiatria,  como  William  James, 
Sigmund  Freud,  Carl  Gustav  Jung,  Pierre  Janet,  Gordon  Allport, 
Stanley  Hall,  interessaram­se  pelo  comportamento  religioso  e 
realizaram estudos desse comportamento. 
 Pouco a pouco, a Psicologia da Religião foi se desenvolvendo como um 
ramo  especializado  da  Psicologia,  ainda  que  cada  grupo  tenha 
preferências pelo objeto a ser estudado, pelo método a ser empregado 
e pela teoria utilizada para entender seu objeto.
 Atualmente,  há  numerosos  psicólogos  da  religião  trabalhando 
organizadamente  em  centros  de  pesquisa  universitários  e  em 
associações.  USP  (São  Paulo  e  Ribeirão  Preto),  a  PUC  (São  Paulo  e 
Campinas),  a  Universidade  Metodista  de  São  Paulo  (UMESP),  a 
UFMG, a UNIP e a UCB.
Orlo  Strunk  Jr.  define  psicologia 
da  religião  como  “o  ramo  da 
psicologia  geral  que  tenta 
compreender,  controlar  e  predizer  o 
comportamento  humano  –  tanto 
profundamente  pessoal  como 
periférico  –  percebido  pelo  indivíduo 
como  sendo  religioso  e  susceptível  a 
um  ou  mais  dos  métodos  da  ciência 
psicológica”.
Clark  apresenta  uma  posição  mais  realista  e  que 
está  mais  de  acordo  com  a  presente  situação.  Ele 
observa  que  “ao  contrário  do  que  acontece  com 
outros ramos da psicologia,  a  psicologia  da religião 
nunca desfrutou posição acadêmica respeitável. Ela 
pertence  parcialmente  à  religião  e  parcialmente  à 
psicologia  e  frequentemente  se  encontra  entre  as 
duas”. 
Ele  apresenta  três  razões  por  que  a  psicologia  da 
religião  ainda  não  desfruta  status  respeitável  no 
campo da psicologia científica geral.
1 – A complexidade do comportamento religioso;
2  –  A  falta  de  habilidade  científica  por  parte  do 
erudito religioso;
3 – A experiência religiosa é algo íntimo e privado.
 Uma  das  primeiras  e  mais  expressivas 
tentativas  de  compreensão  psicológica  do 
fenômeno  religioso  foi  escrito  por  Jonathan 
Edwards, em 1746. Ele fez várias observações 
válidas  quanto  à  natureza  da  experiência 
religiosa.
   Ele  revelou  profunda  compreensão  quando 

afirmou  que  “raramente  o  problema 


apresentado pelo ‘paroquiano’ a seu pastor é 
o real problema que o aflige”. Em geral, diz 
ele,  o  problema  discutido  é  apenas  um 
pretexto para iniciar uma relação que torne 
possível  a  comunicação  do  real  problema 
que o preocupa no momento.
Em  1799  apareceu  outro  livro  que  iria  exercer 
considerável  influência  no  estudo  da  psicologia 
da  religião,  de  autoria  de  Friedrich 
Schleiermacher.  Ele  reage  contra  a 
interpretação  intelectualista  da  natureza  da 
religião  e  estuda  a  experiência  religiosa 
particularmente  do  ponto  de  vista  do 
sentimento. 
“A  essência  da  religião  não  é  nem  o  raciocínio 
nem  a  ação,  mas,  sim,  a  intuição  e  o 
sentimento”.  Para  ele,  “a  experiência  religiosa 
consiste  essencialmente  do  sentimento  de 
absoluta dependência de Deus na vida humana”.
Em  meados  do  Século  XVIII,  David  Hume 
advogou em seu livro a tese de que “a religião tem 
suas  origens  no  sentimento  de  medo  e  ao  mesmo 
tempo  no  sentimento  de  esperança,  evocados  pelo 
conflito entre as necessidades do homem primitivo 
e as forças hostis da natureza que o rodeia”.
James  H.  Leuba,  tem  em  seus  trabalhos  duas 
tendências:  a  humanista,  segundo  a  qual  ele 
afirma que a ideia de deus nada mais é do que um 
produto  da  imaginação  criadora  do  homem;  e  a 
naturalista,  segundo  a  qual  ele  tentou  explicar 
fenômenos  religiosos,  mostrando  a  similaridade 
entre  o  relato  da  experiência  mística  e  o  relato 
verbal  de  indivíduos  sob  o  efeito  de  determinadas 
drogas.
No  fim  do  século  XIX,  Granville  Stanley 
Hall, um psicólogo preocupado com problemas 
de  psicologia  da  religião,  começa  a  estudar  a 
conversão  religiosa  em  conexão  com  o 
problema  central  da  adolescência  –  o 
problema da identidade de cada indivíduo – e 
chega a conclusão de que a conversão religiosa 
é um fenômeno típico da adolescência. 
Ele  descobriu  que  a  média  da  idade  da 
conversão  é  dezesseis  anos  e  que  há  estreita 
correlação  entre  o  amor  sexual  e  a  conversão 
religiosa.
 Durkheim  e  outros,  que  veem  na  religião  um 
fenômeno  tipicamente  social,  George  Malcolm 
Stratton  defendeu  a  tese  de  que  a  religião  tem 
sua origem no conflito interior que ocorre dentro 
de cada indivíduo.
 Stratton  apresenta  a  experiência  religiosa 
basicamente como algo que resulta de emoções e 
motivações  conflitivas  dentro  do  indivíduo.  “A 
tese de Stratton é que a característica central da 
religião  é  tensão  interior  causada  por  forças 
antitéticas”.
 Stratton  se  antecipou  aos  autores  de  teorias 
psicológicas  modernas  que  pretendem  explicar  o 
fenômeno  religioso  como  decorrência de conflitos 
interiores no homem.
 Sigmund  Freud,  em  seu  primeiro  ensaio,  ele 
tenta explicar psicologicamente o comportamento 
d homem primitivo e chega á conclusão de que há 
relação  de  similaridade  entre  as  práticas 
religiosas do homem primitivo e as várias formas 
de neurose do homem moderno.
 Freud  defende  a  tese  de  que  religião  é  uma 
ilusão,  não  necessariamente  porque  seja  errada, 
mas  porque  leva  o  homem  a  evitar  a  dura 
realidade  de  suas  próprias  limitações  humanas. 
A  conclusão  geral  a  que  Freud  chegou  é  que 
religião  é  uma  espécie  de  neurose  obsessiva 
coletiva,  caracterizada  pela  fuga  da  realidade,  e 
que  representa  nada  mais  do  que  a  projeção  de 
nossa  imagem  paterna,  da  qual  dependemos 
para nossa segurança emocional.
ESTUDOS PRÁTICOS
 Os  estudos  práticos  da  Psicologia  da  religião  produziram  vários 
efeitos  de  profundas  consequências  na  vida  e  doutrina  da  Igreja 
Cristã. A crescente ênfase em psicologia pastoral e principalmente 
o  chamado  treinamento  clínico  do  ministério  refletem  a  grande 
influência dos estudos de psicologia da religião.
 O  movimento  de  educação  religiosa  foi  um  bom  antídoto  contra  o 
exagerado  otimismo  daqueles  que  queriam  “salvar”  o  mundo  nos 
limites  cronológicos  de  sua  própria  geração.  Esse  movimento  não 
foi  para  “salvar  menos”,  mas  admitir  que  a  salvação  completa  é 
atingida pelo processo de educação para o cristianismo. A troca foi 
de  uma  conversão  momentânea  para  um  processo  contínuo  de 
redenção do homem.
 O  treinamento  clínico  do  ministério  contribuiu  para  dar  corpo  ou 
representação  concreta  a  certas  ideias  abstratas.  O  conceito  de 
graça,  pecado,  perdão,  culpa,  etc.,  em  contato  vivo  com  homens  e 
mulheres de carne e osso deixam de ser abstração para assumirem 
formas  de  comportamentos  dos  indivíduos  com  quem  tratamos  na 
vida real.
 O GENE DE DEUS

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