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XI Encontro Nacional de Vigilância Socioassistencial

Brasília, 20 de junho de 2017

Mesa 7
Participação de Usuários e Controle
Social no SUAS

Priscilla Ribeiro dos Santos


Grupo Processos Participativos na Gestão Pública/ UFRGS
Índice

1. Gestão democrática no SUAS;


2. A participação dos usuários na Assistência Social;
3. Diagnóstico dos Conselhos Estaduais de Assistência
Social;
4. Desafios para o fortalecimento da participação dos
usuários no SUAS.
Quais os desafios para promover a
participação dos usuários no SUAS?
Como se caracteriza o SUAS?

Gestão (Secretarias)

DESCENTRALIZADO Negociação e pactuação (CIT e CIB)

Financiamento (Fundos)

Deliberação e controle social


PARTICIPATIVO (Conselhos e Conferências)

Rede Socioassistencial

USUÁRIOS
Debater

Deliberar
O que significa a Acompanhar
gestão democrática
no SUAS?
Controle social
Quem são os usuários
do SUAS?

Cidadãos, sujeitos de direitos e coletivos que se encontram em situações de


vulnerabilidade e riscos social e pessoal, que acessam os serviços,
programas, projetos, benefícios e transferência de renda no âmbito do
SUAS.
Resolução CNAS nº 11, de 23 de
setembro de 2015
A participação
como prática
política cotidiana
Como os usuários
podem participar da
gestão do SUAS? Unidades de atendimento
(CRAS, CREAS, Centros POP)

Conselhos de Assistência Social


(municipal, estadual e
nacional)

Conferências de Assistência
Social (municipal, estadual e
nacional)
Unidades de atendimento Conselhos de Assistência Conferências de Assistência
(CRAS, CREAS, Centros POP) Social Social

Aperfeiçoamento da Política de Assistência Social conforme as demandas


do seu público-alvo.

O estímulo à participação e ao protagonismo dos usuários é condição


fundamental para viabilizar o exercício do controle social e garantir os
direitos socioassistenciais (NOB/SUAS 2012).
Organização política dos usuários para
além do Estado

o Coletivo de usuários;
o Associações;
o Fóruns;
o Conselhos locais;
o Redes;
o Comissões, associações comunitárias ou de moradores.

Diferentemente dos conselhos e das conferências, tais modalidades de organização dos usuários
são autônomas, isto é, não integram a estrutura do Estado. Elas possibilitam a participação ampla
e democrática do público-alvo da Assistência Social e contribuem para a mobilização, a
articulação e o fortalecimento do exercício do controle social.
Usuários e conselhos
Subsídios ao debate
Conselhos de Assistência Social

Instâncias obrigatórias
e permanentes
Proporcionalidade
Usuários

Deliberativos
Trabalhadores
Governo

Paritários Entidades
Gráfico 1: Como são eleitos os representantes da sociedade civil nos
Conselhos Municipais de Assistência Social:

Fonte: Censo SUAS/MDS, 2011 a 2016.

Todos os CEAS declararam que os representantes da sociedade civil são


eleitos em assembleia instalada especificamente para esse fim.
Gráfico 2: Distribuição dos participantes dos Conselhos Municipais de
Assistência Social por segmento:

Usuários 8,540
Sociedade Civil
Organizações dos trabalhadores 6,360
Organizações de usuários 6,713
Entidades e Organizações de Ass. Social 16,986
Outras áreas 13,494
Governamental

Saúde 8,191
Educação 8,511
Assistência Social 10,374

0 4,000 8,000 12,000 16,000


Fonte: Censo SUAS/MDS, 2016.
Gráfico 3: Os representantes de usuários nos Conselhos Municipais de
Assistência Social são (respostas múltiplas):

Fonte: Censo SUAS/MDS 2015 e 2016.

Segundo dados de 2016, 653 CMAS declararam não possuir


representante de usuários, equivalente a 12,1% dos respondentes.
Gráfico 4: Os representantes de usuários nos Conselhos Estaduais de
Assistência Social são (respostas múltiplas):

Fonte: Censo SUAS/MDS 2015 e 2016.

Todos os CEAS afirmaram ter representante(s) de usuários.


Os usuários nos Conselhos Estaduais de
Assistência Social

Amostra de CEAS
visitados
Período de realização: de
 Região Norte: Tocantins, Amapá junho a abril de 2018.
 Região Nordeste: Alagoas
 Região Sudeste: São Paulo
 Região Sul: Santa Catarina
 Região Centro-oeste: Distrito Federal
Quem são os usuários nos CEAS?

Participação
majoritária de Trabalhadores
homens autônomos.

Renda familiar
mensal de menos Faixa etária de 39 a
de 1 a 8 SM 68 anos

Trajetória
Diversidade participativa
étnica/racial (saúde, segurança alimentar,
criança e adolescente)

Ensino Médio Tempo de mandato


completo de 1 a 3 anos
O Conselho como um espaço de disputa
de poder

Os usuários organizados Relação com os demais segmentos


1. Consulta ao segmento de representação 1. Usuários não percebem as entidades
para: a) construir/fortalecer articulações; como possíveis parceiros nas
b) relatar debates/deliberações do deliberações;
conselho; e c) prestar contas sobre sua
2. Frágil articulação dos usuários com os
atuação no conselho.
trabalhadores;
2. Mobilização de recursos (informacionais,
3. Representação exercida pelos
organizacionais, financeiros, simbólicos);
trabalhadores é consistente e encontra
3. FNUSUAS como um espaço de base de apoio nas entidades de classe
aprendizado e empoderamento; (altos níveis de recursos
organizacionais).
4. Heterogeneidade dos participantes do
Fórum.
A luta por
reconhecimento Relatos dos usuários
Quais as dificuldades relatadas?

Situações de constrangimento e preconceito;


Dificuldades de deslocamento para participar das
atividades;
Dificuldades de entendimento da linguagem técnica;
Entraves na legislação vigente dos CAS para
reconhecimento dos Fóruns de Usuários.
Apoio à participação

“O usuário não tem apoio. (...) Desde o COMAS, que os outros usuários, que estavam na suplência e tinham
assumido, tinham voz mas não tinham voto, se tivesse uma reunião de dia todo, iam passar fome. Primeiro,
não tinham nem pra condução. E depois não tinham como se alimentar. Comecei a brigar por isso. (...) O
trabalhador tem seu salário, o representante do Poder Público tem seu salário, as organizações têm sua
verba. O usuário não tem nada. Normalmente, esses usuários estavam em uma instituição que os abrigava e
ele nem tinha tempo de ir lá na instituição, almoçar e voltar. Até mesmo porque se ele fosse, ele ia chegar
fora do horário. E, muitas vezes, esbarrava nessa coisa de o funcionário não querer servir”.
Preconceito e constrangimentos

“Eu tomei pegando gosto pela coisa porque eu tenho como me virar. Graças a Deus. Mas
esse pessoal não tinha e ainda não tem. Então a gente briga exatamente pra ver se
consegue alguma coisa. E dentro desse conselho não é diferente. Existe preconceito.
Existe aquela coisa que todo mundo pode falar, mas quando chega na sua vez, - peraí,
porque não sei o quê, blá, blá, blá. Você tem que ficar forçando a barra e se impondo”.

“Quando chegou minha vez de falar, eu falei: vocês não têm que se envergonhar de nada.
Porque, afinal de contas, existe tudo isso aí por nós, usuários. Senão fossemos nós,
usuários, não teria emprego pra ninguém, não teria gestores, não teria nada. Então nós
somos os principais atores, os protagonistas disso tudo aí”.
Dificuldades de entendimento

“Tenho muita dificuldade no linguajar da assistência social, os termos técnicos, os


procedimentos. Até hoje, tenho quase três anos nesse conselho, ainda não consegui pegar
um documento e saber tudo que diz ali na ponta da língua. Ainda tenho algumas
dificuldades de assimilar os termos técnicos da assistência social”.

“Como é que você traz o surdo para o protagonismo sem fazer libras? Não dá. Então como
é que você vai trazer o usuário sem o usuário entender? Acho que esse é o grande gargalo
desse controle social”.
A vivência da política

“Por eu não ser uma pessoa bem escolarizada, bem formada, porque muitos hoje que
estão aqui nesse conselho ou são professores, ou são assistentes sociais, ou são
representantes, mas eu sou um dos únicos que tenho um grau de escolaridade baixo, que é
o ensino fundamental. Eu só tenho a sexta série, mas entendo muito bem da política por
saber ler e ter meu discernimento e conhecimento da política de assistência social. (...)
Muitos, às vezes, têm só a teoria. Eu tenho a prática, a vivência. Mas é bom porque a gente
traz a voz do usuário realmente pra dentro. A gente traz realmente a vivência e sensibiliza.”
O difícil diálogo com os demais
segmentos

“Eu acho que para ser conselheiro tem que ter compromisso. O conselho precisa de
pessoas que tenham compromisso com esse colegiado porque se for pra ser conselheiro
só pra tá vindo uma, duas vezes, é melhor nem estar. Eu tô aqui porque eu sei que aqui
nesse conselho é da onde vem a garantia das políticas. É onde eu posso deliberar, é onde
eu posso brigar pra garantir efetivamente as políticas públicas”.
“Precisa-se também conversar com a gestão para designar realmente pessoas que tenham
compromisso. Porque são as secretarias que enviam essas pessoas. Não é justo só a
gente da sociedade civil vir trabalhar e os outros companheiros não virem. Nós não
ganhamos nada. É uma responsabilidade grande”.
Como qualificar a participação dos usuários nas
instâncias deliberativas do SUAS?
Dialogar

Escutar Empoderar

USUÁRIO
Incluir Reconhecer

Capacitar Articular
 Atenção às portas de entrada da Política;
 Estímulo à escuta, ao diálogo e ao
Como? protagonismo do usuário em todas as
instâncias do SUAS;
o Desenvolvimento de atividades que promovam a participação e a
gestão democrática nos CRAS, CREAS, Centros POP, e outros;
o Articulação e identificação de lideranças comunitárias (construir
coletivamente a Política de Assistência Social);

o Capacitação permanente dos gestores da Assistência Social;


o Garantia de recursos para funcionamento dos CAS;
o Atualização da legislação dos Conselhos.
Conselho Conferência

Instâncias

Instâncias
deliberativas

deliberativas
Nacional Nacional
Estadual Estadual
Municipal Municipal

CRAS, CREAS e Centros POP

USUÁRIOS
O direito está garantido, mas como
efetivá-lo?

Qualificar o exercício da
gestão democrática do
SUAS pelo reconhecimento
de seu público-alvo.

Promover o
protagonismo do Garantir o acesso, a
usuário pelo apoio à permanência e a
mobilização, à participação
articulação qualificada do usuário
comunitária e à nas instâncias de
participação nos deliberação do SUAS.
equipamentos.
Fortalecer o exercício a cidadania;
Construir ações coletivamente;
Mobilizar esforços para a efetivação dos direitos socioassistenciais e garantir o reconhecimento
dos usuários como agentes políticos.
Obrigada pela atenção!

Priscilla Ribeiro dos Santos


Pesquisadora/UFRGS

Email: pciasantos@gmail.com

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