You are on page 1of 27

ENCONTRO REFL

“SER PROFESSORA NO ATENDIMENTO


EDUCACIONAL ESPECIALIZADO”
Universidade da Região de Joinville
Prefeitura Municipal de Joinville
PROPOSTA DO ENCONTRO
“Formar-se é mais que instruir-se;
antes disso, é refletir... É pensar
na experiência vivida” (HESS, 1985)
A proposta desde encontro é
possibilitar uma reflexão sobre o
próprio itinerário de formação
docente, ao mesmo tempo em
que se entra em contato com a
trajetória do outro, e se faz uma
conversa sobre resultados de
pesquisas sobre o tema.
PROPOSTA DO ENCONTRO
1º Momento (INDIVIDUAL)
Olhar para si

2º Momento (PEQUENO GRUPO)


Olhar para/com o outro

3º Momento (GRANDE GRUPO)


Olhar para nós
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Como me tornei professora do


Atendimento Educacional
Especializado?
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Como acho que as professoras


da sala comum me veem,
enquanto professora do AEE?
QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Como encaro o meu trabalho


/ Como vejo essa função de
professora do AEE na escola?
REFLETINDO...

Como me tornei professora do


Atendimento Educacional
Especializado?
SANTOS, Juliana Testoni dos. Professoras do Atendimento
Educacional Especializado e suas histórias de vida: um
estudo sobre identidade docente. 2016. 112 f. Dissertação
de Mestrado. Universidade da Região de Joinville,
Joinville.
Tornar-se professora foi uma escolha?
“Eu sempre quis ser professora...
Dentro do que eu poderia fazer”
(Professora Adélia)

Tornar-se professora mostrou-se como uma escolha


relativamente livre, articulada a uma história de vida e
resultante da relação singular entre a pessoa e o meio
em um dado momento.
Susan B. Anthony Teaching In Canajoharie,
Adélia: acaso; Cecília: imposição do pai; Florbela: por Betty Pieper

identificação com o cuidar; Helena: “dom” que se tem


desde criança; Sophia: desejo da mãe.
Como foi o ingresso no AEE?
A maioria foi surpreendida por um convite para atuar neste serviço, pois não
havia demonstrado interesse prévio.

Em alguns casos, o convite foi feito quando ainda estavam em estágio


probatório, dificultando, para elas, uma recusa.

Foi possível identificar que circula nas escolas a ideia de que há um perfil para
trabalhar com alunos público-alvo da Educação Especial.

“Quando o diretor conversou comigo, perguntei: ‘Mas por


que o senhor acha que eu tenho perfil?’ Ele respondeu:
‘Primeira coisa: você tem muita vontade de aprender. E
outra coisa: o carinho, a atenção que você dá para essas
crianças é diferente’.” (Cecília)
└ Imagem ilustrativa de Cecília Meireles para representar a Professora Cecília
Quais foram/são as suas fontes de
identificação com a profissão docente?
Na pesquisa, destacaram-se:

Professoras;
Alunos com deficiência;
Colegas de sala de aula com deficiência;
Diretoras e supervisoras escolares.

Notou-se que vivências no espaço escolar/acadêmico foram significativas


no processo de identificação com a profissão, o que convida à reflexão
sobre o papel da formação inicial/continuada na constituição da
identidade docente.
Como nos tornamos professoras?

Em um processo de constituição
ativo e permanente, na relação
com outro e com a realidade
social concreta...

O processo de formação docente “[...] insere-se na vida da pessoa,


desenvolve-se com ela, articula-se em profundidade com a sua
problemática existencial” (CHENÉ, 2014, p. 122)
REFLETINDO...

Como as professoras da sala


comum me veem, enquanto
professora do AEE?
FUCK, Andreia Heiderscheidt. O atendimento educacional
especializado nas salas de recursos multifuncionais na
concepção dos professores da sala comum. 2014. 190 f.
Dissertação de Mestrado. Universidade da Região de
Joinville, Joinville.
Sobre a Pesquisa

Informações Informações
Iniciais Finais

Total de Em
Devolvidos Respondidos Válidos Não válidos
Professores branco

872 542 322 220 144 76


Discussão dos Dados

As professoras pesquisadas

Acreditam no trabalho docente realizado


na SRM

Afirmam que este contribui para o


processo de aprendizagem dos alunos
Na voz do professor da sala comum, o
professor especializado é alguém que...

“tem um olhar diferenciado”, “realiza atividades apropriadas


às necessidades”, “oferece alternativas”, “direciona e
facilita a aprendizagem”, “trabalha atenção e
concentração”, a “autonomia e socialização”, “trabalha de
forma individualizada”, “complementa as atividades
realizadas em sala”.

Deste modo enfatizam a necessidade de que este professor


seja de fato “especializado”, que tenha formação específica
na área da Educação Especial.
Discussão dos Dados
Constata-se na fala das professoras uma compreensão parcial
das funções deste atendimento, bem como uma
supervalorização do professor especializado, numa abordagem
que o compreende como aquele que diante das dificuldades de
aprendizagem tem as respostas mais eficazes.

O professor da Sala Comum se coloca como um professor que


precisa ser orientado e justamente no que é a sua principal
função, a aprendizagem dos alunos. Ressalta-se que as respostas
não evidenciam a deficiência como um desafio e sim a
aprendizagem.
Discussão dos Dados
As professoras pesquisadas apontam que para a efetivação deste serviço, é
relevante e indispensável o estabelecimento de “ajuda/ parceria/ troca/
apoio/ suporte”. Pois somente por meio da relação estabelecida com o
professor da SRM, da disponibilização de recursos e atividades adaptadas se
conseguirá trabalhar de forma adequada para atingir os objetivos propostos
em sala de aula.

Percebe-se que ainda há muito que se avançar neste aspecto,


principalmente no que se refere ao entendimento do que é trabalhar de
forma colaborativa. Uma das participantes, ao se referir a necessidade de
troca com o professor da Sala de Recursos Multifuncionais, diz que seu papel
é: “Ajudar no que for preciso, para seu processo de conhecimento, e
procurar ajuda quando não souber como trabalhar com esse aluno” (p.119).
Colaboração
Considerações
As professoras da Sala Comum sentem necessidade de
estabelecer uma relação de troca com o professor da SRM.

• A relação de troca entre a Sala comum e SRM não faz parte da organização
escolar, do planejamento sistematizado, sendo a necessidade que faz com que
o professor busque alternativas para trabalhar com o estudante com
deficiência,;
• O trabalho desta forma acaba por inviabilizar a utilização de recursos que
exigem uma preparação antecipada, impossibilitando a adaptação de
atividades que dependem destes recursos;
• Tal organização impede a concretização dos objetivos do trabalho realizado
pelo professor da SRM.
Considerações
Contudo, as participantes da pesquisa acreditam nas Salas de Recursos
Multifuncionais e na sua repercussão na sala de aula comum e apontam
para a necessidade do professor especializado ter formação específica
na área em que atua, assim como para a realização de um trabalho que
se efetive de forma colaborativa, evidenciando a necessidade de que
ocorram formações sistematizadas, e que estas contemplem todos os
profissionais envolvidos no processo de escolarização do estudante com
deficiência.

Para que o trabalho realizado nas SRM possa:


[...] auxiliar na exploração de alternativas diferenciadas de acesso ao conhecimento,
inserindo, inclusive, dinâmicas que permitam utilizar seus recursos potenciais, aprender
novas linguagens, desenvolver a capacidade de observar e de auto observar-se
(BAPTISTA, 2011, p.71).
REFLETINDO...

Como encaro o meu trabalho


/ Como vejo essa função de
professora do AEE na escola?
BERNARDES, Cleide Aparecida Hoffmann. O trabalho
docente no Atendimento Educacional Especializado
pelas vozes de professoras especializadas. 2014. 179 f.
Dissertação de Mestrado. Universidade da Região de
Joinville, Joinville.
Com a pesquisa, notou-se que:

“Professor da sala [comum] não quer ou não sabe


interagir ou o que perguntar”. (P28)
Prevalece a parceria advinda do
AEE

“Creio que um dos maiores desafios é conseguir a


parceria necessária entre a escola, família e os
Parceria, formação e o saber- demais profissionais que atendem os alunos. A
fazer são entendidos como inclusão ainda tem resistência dentro das escolas
desafios para o trabalho no AEE por parte de alguns profissionais. Alguns pais não são
comprometidos com a aprendizagem dos alunos
com deficiência”. (P12)
Notou-se ainda…
“Hoje minha função na educação infantil é estar
Indícios de trabalho isolado
estimulando áreas sensoriais, motoras, cognitivas,
(35%) para o desenvolvimento da criança”. (P31)

“Como uma professora que contribui para eliminar


as barreiras dos alunos com deficiência e que com
Centralidade na SRM e as atividades diferenciadas auxilio na melhor
estudante aprendizagem daqueles alunos com muitas
dificuldades”. (P7)

Como professora do AEE procuro manter parceria


com os profissionais que atendem o aluno, com a
Trabalho que envolve a família, com o professor da sala regular, orientá-los
comunidade escolar no sentido de procurar valorizar o aluno, descobrir
suas habilidades e potencialidades para que as
barreiras em sala sejam minimizadas”. (P9)
Responsabilidade pela aprendizagem do estudante é apenas do AEE;

De acordo com Arroyo (2011, p.150), apesar de os professores


buscarem escolhas para lidar com as situações concretas de seu ofício,
o trabalho isolado os torna enfraquecidos “na estrutura de trabalho, na
divisão de tempos e de espaços”.

A complexidade com a qual o trabalho docente tem se revestido,


sobretudo quando exercido com estudantes com diferenças
significativas no processo de escolarização, endossa a necessidade de
embasá-lo em práticas colaborativas, “de integrar na cultura docente
um conjunto de modos colectivos de produção e de regulação do
trabalho” (NÓVOA, 2009, p.42).
Uma possibilidade… Um caminho....

As redes de apoio, fundamentais no trabalho colaborativo, além de


fortalecerem os saberes-fazeres dos professores, geram um sentimento
de empoderamento de sua profissão e, embasadas nas teorias,
possibilitam reflexões sobre o seu trabalho e a necessidade ou não de
transformações das ações pedagógicas. Dessa forma, a teoria não
auxilia apenas nas respostas às exigências de uma prática existente,
como também de uma prática que está se constituindo, considerando
que muitas das professoras especializadas da Rede Municipal de Ensino
de Joinville estão há pouco tempo no AEE.
Considerações e Proposições

O trabalho em formato isolado, a


insuficiência das formações Contribuem para o entendimento de
docentes, associam-se às condições que a proposta do AEE não funciona
de trabalho e demonstram falta de ou não é eficaz, põe em xeque a
organicidade da escola para o garantia do direito de todos os
trabalho colaborativo, exigindo que estudantes aprenderem e remetem
as professoras lancem mão de à precarização do trabalho das
estratégias isoladas para desenvolver professoras.
o seu trabalho.

Criar espaço-tempo que favoreçam a articulação de ações conjuntas, a


fim de envolver a comunidade escolar e fortalecer o AEE como
estratégia pedagógica da escola.
Por fim...
Supõe-se que muitas ações/entendimentos fazem parte da
construção deste serviço. As professoras estão num momento de
(re)conhecimento do serviço e do trabalho a ser realizado no AEE.

As vozes das professoras comprovam “a processualidade e a complexidade


do AEE. Evidenciam que ainda precisamos de muitos diálogos com aqueles e
aquelas que ocupam os espaços-tempo do AEE” (JESUS, 2013, p.147)

You might also like