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ANÁLISE

INSTITUCIONAL
 ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS DAS
ORGANIZAÇÕES

Prof. Ângela Oliva


 *MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA
 - O institucionalismo teve a sua origem em Maurice
Hauriou - pai da doutrina institucional Traduz-se num
movimento ou fenômeno protagonizado por
instituições, as mais diversas, junto aos órgãos de
poder, cujos reflexos se estendem aos planos social,
político e jurídico, privilegiando o debate, o diálogo, a
reivindicação e a participação efetiva no "destino da
sociedade.
 * MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA segundo
BAREMBLITT
 Concebe a sociedade como uma rede de instituições “que se
interpenetram e se articulam entre si para regular a produção e a
reprodução da vida humana sobre a terra e a relação entre os
homens” (BAREMBLITT: 1996, p.29).
 *INSTITUIÇÕES - conjunto de leis e princípios que
prescrevem ou proscrevem comportamentos e valores, ou seja,
dizem o que deve ser, o que não deve e o que é indiferente. As
instituições são entidades abstratas.
 - são organizações, que podem, ou não, ser pessoas jurídicas e,
nesta qualidade, verdadeiras "unidades abstratas nas quais se
enfeixam determinados direitos subjetivos e certas obrigações,
constituídas para alcançar determinadas finalidades.
 ORGANIZAÇÕES - são a materialização das instituições
sob a forma de um organismo, uma entidade, assumindo uma
configuração mais complexa ou mais simples.
 São grandes ou pequenos conjuntos de formas materiais que
põem em efetividade, que concretizam as opções que as
instituições distribuem, que as instituições enunciam. Isto é, as
instituições não teriam vida, não teriam realidade social se não
fosse através das organizações. Mas as organizações não
teriam sentido, não teriam objetivos, não teriam direção se não
estivessem informadas como estão, pelas instituições”
(BAREMBLITT: 1996, p.30).
 -ESTABELECIMENTOS: são as estruturas propriamente
físicas que conjuntamente integram a organização. São as
escolas, conventos, quartéis etc.
 -EQUIPAMENTOS- são os dispositivos técnicos cujo
objetivo é facilitar a consecução dos objetivos específicos ou
genéricos propostos pela instituição, organização e
estabelecimento. Os equipamentos podem ter realidade
material que se restringe a um estabelecimento ou o suplanta.
 *EVIDÊNCIAS E VITALIDADE INSTITUCIONAL
 - Processos de transformação: instituinte / instituído.
Constituem-se no movimento histórico da sociedade
 -instituinte: consolida-se enquanto força transformadora.
Caracteriza-se como um processo, um movimento
permanente de transformação da sociedade aos novos
estados sociais
 - instintuído - produtos resultantes das instituições - efeito
da atividade instituinte. Constitui-se nos parâmetros de
convivência. Traz em si as características próprias ao
conservadorismo e à resistência a mudanças.
 -Organizante/organizado
 organizante: busca permanente de maior pertinência nas
ações organizacionais;
 organizado: estrutura que solidifica as organizações, mas
com tendência a se burocratizar . Responde a um desejo
humano de segurança buscado nas instituições.

 SOCIEDADE SE POLARIZA ENTRE DUAS
CARACTERISTICAS/
 -a)utopias sociais – construções objetivando satisfazer a vontade
coletiva e as características históricas que as comprometem (
exploração, dominação e a mistificação)
 *CARACTERÍSTICAS DAS INSTITUIÇÕES:
 -Perduram no meio social, não sofrendo em suas características
básicas o impacto das transformações sociais, apesar de se
adaptarem a elas; satisfazem a necessidades vitais básicas, como,
por exemplo, o casamento, que atende às de natureza sexual, à
procriação e à constituição da família, enquanto outras são
condições fundamentais da ordem social, como o Estado, o
governo etc.
 - As instituições são estáveis, sem serem imutáveis. Podem
satisfazer a mais de uma função social ou vital básicas, como, por
exemplo, o Estado ou o casamento. Através da História
adquirem e perdem funções, como, por exemplo, a família, que
na Antigüidade teve funções políticas, jurisdicionais e de culto,
perdidas com a evolução social, bem como a Igreja, que já fora
árbitro de conflitos internacionais e que já monopolizara o
registro civil, hoje da alçada do Estado etc.
 *PIERRE BOURDIEU NO CONTEXTO
INSTITUCIONAL
 -Campo, na teoria proposta por Pierre Bourdieu
representa um espaço simbólico, no qual lutas dos
agentes determinam, validam, legitimam representações.
É o poder simbólico. Nele se estabelece uma
classificação dos signos, do que é adequado, do que
pertence ou não a um código de valores. No campo da
arte, por exemplo, a luta simbólica determina o que é
erudito, ou o que pertence à indústria cultural.
Determina também quais valores e quais rituais de
consagração as constituem, e como elas são delineadas
dentro de cada estrutura. No campo, local empírico de
socialização, o habitus constituído pelo poder simbólico
surge como todo e consegue impor significações
datando-as como legítimas. Os símbolos afirmam-se,
assim, na noção de prática, como os instrumentos por
excelência de integração social, tornando possível a
reprodução da ordem estabelecida.
 - habitus' – é considerado como constituindo todas as experiências
passadas, matriz de percepções, apreciações e ações. É uma percepção
interacionista da sociedade. O habitus está inerente a cada actor
social e de certa forma define-o, tal como aos seus gostos e estilo
de vida, estando associado à pertença a uma classe social, e tendo
de ser ajustado quando existe mobilidade.
 Capital, na obra sociológica de Pierre Bourdieu é um conceito
que discute a quantidade de acúmulo de forças dos agentes em
suas posições no campo. Ele distingue, no decorrer de sua obra,
quatro principais tipos de capital: o social, o cultural, o
econômico e o simbólico (no qual se inclui o científico, entre
outros).
 Violência simbólica -Forma invisível de coação que se apóia,
muitas vezes, em crenças e preconceitos coletivos. A violência
simbólica se funda na fabricação contínua de crenças no
processo de socialização, que induzem o indivíduo a se enxergar
e a avaliar o mundo seguindo critérios e padrões do discurso
dominante
 HABERMANS NO ÂMBITO INSTITUCIONAL
 Ação teleológica: é aquele tipo de ação em se tem um indivíduo
que se movimento em função de ideários na esfera institucional.
Nele não há acomodação ante os obstáculos. Grandes mudanças
tiveram por início o posicionamento de baluartes. Um exemplo
forte disso foi o trabalho desenvolvido pelo Juiz Paulo Frota,
Mário Barbosa.
 Ação estratégica: A ação estratégica é a ação de grupos, da
organização institucional, pode ser desenvolvida por conjunto de
atores ou de instituições. Há um parâmetro comum a que todos
seguem. A política assistencial atual respaldada na LOAS é
exemplar nesse sentido.
 RACIONALIDADE BUROCRÁTICA / RACIONALIDADE
SUBSTANTIVA ( matriciada por Weber)
 A teoria da burocracia foi formalizada por Max Weber que,
partindo da premissa de que o traço mais relevante da sociedade
ocidental, no século XX, era o agrupamento social em
organizações, procurou fazer um mapeamento de como se
estabelece o poder nessas entidades.
 Construiu um modelo ideal, no qual as organizações são
caracterizadas por cargos formalmente bem definidos, ordem
hierárquica com linhas de autoridade e responsabilidades bem
delimitadas. Assim, Weber cunhou a expressão burocrática para
representar esse tipo ideal de organização, porém ao fazê-lo, não
estava pensando se o fenômeno burocrático era bom ou mau.
 Weber descreve a organização dos sistemas sociais ou
burocracia, num sentido que vai além do significado pejorativo
que por vezes tem. Burocracia é a organização eficiente por
excelência. E para conseguir essa eficiência, a burocracia precisa
detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas
deverão ser feitas.
 -PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS DA BUROCRACIA
SEGUNDO WEBER
 Formalização: existem regras definidas e protegidas da
alteração arbitrária ao serem formalizadas por escrito.
 Divisão do trabalho: cada elemento do grupo tem uma função
específica, de forma a evitar conflitos na atribuição de
competências.
 Hierarquia: o sistema está organizado em pirâmide, sendo as
funções subalternas controladas pelas funções de chefia, de
forma a permitir a coesão do funcionamento do sistema.
 Impessoalidade: as pessoas, enquanto elementos da
organização, limitam-se a cumprir as suas tarefas, podendo
sempre serem substituídas por outras - o sistema, como está
formalizado, funcionará tanto com uma pessoa como com outra.
 Competência técnica e Meritocracia: a escolha dos funcionários
e cargos depende exclusivamente do seu mérito e capacidades -
havendo necessidade da existência de formas de avaliação
objetivas.
 Separação entre propriedade e administração: os burocratas
limitam-se a administrar os meios de produção - não os
possuem.
 Profissionalização dos funcionários.
 Completa previsibilidade do funcionamento:
todos os funcionários deverão comportar-se de
acordo com as normas e regulamentos da
organização a fim de que esta atinja a máxima
eficiência possível.
 DISFUNÇÕES DA BUROCRACIA
-

 Internalização das regras: Elas passam a de "meios para os


fins", ou seja, às regras são dadas mais importância do que às
metas.
 Excesso de Formalismo e papelatório: Torna os processos
mais lentos.
 Resistências às Mudanças.
 Despersonalização: Os funcionários se conhecem pelos cargos
que ocupam.
 Categorização como base no processo decisorial: O que tem
um cargo maior toma decisões, independentemente do que
conhece sobre o assunto.
 Superconformidade as Rotinas: Traz muita dificuldade de
inovação e crescimento.
 Exibição de poderes de autoridade e pouca comunicação
dentro da empresa.
 Dificuldade com os clientes: o funcionário está voltado para o
interior da organização, torna difícil realizar as necessidades dos
clientes tendo que seguir as normas internas.
 A Burocracia não leva em conta a organização
informal e nem a variabilidade humana.
 Uma dada empresa tem sempre um maior ou
menor grau de burocratização, dependendo da
maior ou menor observância destes princípios
que são formulados para atender à máxima
racionalização e eficiência do sistema social (por
exemplo, a empresa) organizado.
*RACIONALIDADE SUBSTANTIVA
 “A racionalidade substantiva permite ao
indivíduo ordenar sua vida em bases éticas, através
do debate racional, buscando encontrar um
equilíbrio dinâmico entre a satisfação pessoal e a
satisfação social, potencializando o anseio e a
capacidade humana de auto-realização, auto -
desenvolvimento e emancipação. Na racionalidade
substantiva o ser humano ocupa lugar central”.
 Auto-realização: pode ser descrita como um
conjunto de processos de concretização do potencial
inato do ser humano, que se complementa pelo
alcance da satisfação individual;
 Entendimento: forma pela qual os indivíduos
estabelecem acordos e consensos racionais, sempre
mediados por processos de comunicação livre, de
onde decorrem atividades comuns coordenadas, ao
amparo de sentimentos de responsabilidade e
satisfação social;
 Julgamento ético: processos decisórios baseados em
emissão de juízos de valor do tipo bom, mau,
verdadeiro, falso, certo, errado, que se dão através do
estabelecimento de um debate racional sobre as
pretensões de validez emitidas pelos indivíduos em
suas interações com os demais membros do grupo;

 Autenticidade: são interações e relacionamentos
interpessoais estruturados em torno de sentimentos
como integridade, honestidade e franqueza dos
indivíduos;
 Valores emancipatórios: preocupação e observância
de valores que levem ao aperfeiçoamento do grupo, na
direção do bem-estar coletivo, da solidariedade, do
respeito às individualidades, da liberdade, do
comprometimento e da integração com o ambiente
interno e externo, presentes tanto nos indivíduos que
compõem o grupo, quanto no próprio contexto
normativo do grupo;
 Autonomia: condição plena dos indivíduos para
poderem agir e expressarem-se livremente nas
interações, sem que estejam condicionados por coações
ou pressões exercidas por outros indivíduos;
 TRABALHOS COM GRUPOS
 -Característica tradicional: grupo a-histórico = sociedade a-
histórica
 Horkheimer e Adorno - microgrupo enquanto mediação
necessária entre o indivíduo e a sociedade e cuja estrutura
assume formas historicamente variáveis.
 Loureau – Centra a análise das instituições através das relações
grupais que nelas ocorrem.
 grupo-objeto - a segmentaridade se dá de forma a manter os
indivíduos justapostos sob uma capa de coerência absoluta.Ex :
grupo tipo bando ou seita.
 Ex: os indivíduos se justapõem para a realização de um trabalho
e onde a divisão de trabalho determina hierarquias de poder.
 - grupo-sujeito - percebe a mediação institucional, objetiva e
conscientemente
 REFERÊNCIAS
BAREMBLITT, G. Compêndio de Análise institucional. Rio de Janeiro: 3ª ed.
Rosa dos Tempos, 1996.
BOURDIEU, Pierre. Teoria dos Campos. São Paulo. Cortez. 1999
LANE, Silvia T.M. O processo grupal, In: LANE, Silvia T.M; CODO,
Wanderley (orgs). Psicologia Social: o homem em movimento. 13 ed. São
Paulo: Brasiliense, 2001.
 RAMOS A. G. A nova ciência das organizações: uma reconceituação da
riqueza das nações. 2. ed. Rio de Janeiro. 1989
RODRIGUES, Ângela Ribeiro. Um olhar sobre o Institucionalismo. In:
REVISTA PSIQUE. Belo Horizonte. 1996
 SERVA, Maurício .A racionalidade substantiva demonstrada na prática
administrativa. Revista de Administração de Empresas. v. 37, n. 02. São Paulo.
FGV.
 WEBER Max. Economia e Sociedade .Editora Universitária de Brasília. 1991
REFERÊNCIAS
 Ramos, A. G.(1989) A nova ciência das organizações: uma
reconceituação da riqueza das nações. 2. ed. Rio de Janeiro.
 Serva, Maurício (1997). A racionalidade substantiva
demonstrada na prática administrativa. Revista de
Administração de Empresas. v. 37, n. 02. São Paulo.
FGV
 Weber, Max. Economia e Sociedade (1991). Editora
Universitária de Brasília.

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