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Modernismo

manifestos e revistas

“Tupy or not tupy, that is the question”


Entre os movimentos
que surgiram na década de
1920, destacam-se:

 Movimento Pau-Brasil;
 Movimento Verde-Amarelo
e Grupo Anta;
 Movimento antropofágico.
A principal forma de
divulgação destas novas
ideias se dava através
das revistas.

Entre as que se
destacam, encontram-se:

 Revista Klaxon e Imagem: Revista Klaxon nº1 / Guilherme de Almeida /

 Revista de Antropofagia. http://blogs.estadao.com.br/p2p/2010/03/16/antropofagia-


digitalizada/
Revista Klaxon
Contexto Histórico

A revista Klaxon – Mensário de Arte Moderna foi o


primeiro periódico modernista, fruto das agitações do
ano de 1921 e da grande festa que foi a Semana de Arte
Moderna. Seu primeiro número circulou com data de 15
de maio de 1922; a edição dupla, de números 8 e 9, a
última da revista, saiu em janeiro de 1923.
Klaxon foi inovadora em todos os sentidos: desde o
projeto gráfico (tanto na capa como das páginas
internas) até a publicidade das contracapas e da quarta
capa (propagandas sérias, como a dos chocolates
Lacta, e propagandas satíricas, como a da
“Pnauosopho, Paterommium & Cia.” – uma grande
fábrica internacional de... sonetos!). Na oposição entre
o velho e o novo, na proposta de uma concepção
estética diferente, enfim, em todos os aspectos, era
uma revista que anunciava a modernidade, o século XX
buzinando (Klaxon era o termo empregado para
designar a buzina externa dos automóveis), pedindo
passagem.
Eis alguns trechos do “manifesto” que abriu o
primeiro número da revista:
“Klaxon não se preocupará de ser novo,mas de
ser atual. Essa é a grande lei da novidade”.
(...)
“Klaxon sabe que o progresso existe. Por isso,
sem renegar o passado, caminha para diante, sempre,
sempre. (...)

Klaxon não é futurista. .

Klaxon é klaxista”.
Manifesto da Poesia Pau-Brasil
O Movimento Pau-Brasil foi
um movimento artístico lançado
no Brasil em 1924 por Oswald de
Andrade e Tarsila do Amaral que
apresentava uma posição primitivista,
buscando uma poesia ingênua, de
redescoberta do mundo e do Brasil e
que foi inspirada nos movimentos de
vanguarda europeus, devido às
viagens que Oswald fazia à Europa.

O movimento exaltava a
inovação na poesia, o primitivismo e a
era presente, ao mesmo tempo em
que repudiava a linguagem retórica na
poesia. Convivem dialeticamente o
primitivo e o moderno, o nacional e o
cosmopolita, sendo ideologicamente a
raiz do Movimento Antropofágico. Imagem: Revista Pau Brasil / Tarsila do Amaral /
http://letteri.blogger.com.br/2007_05_01_archive.html
O manifesto escrito por Oswald de Andrade foi
inicialmente publicado no jornal Correio da Manhã,
edição de 18 de março de 1924; no ano seguinte, uma
forma reduzida e alterada do manifesto abria o livro de
poesias Pau-Brasil. No manifesto e no livro Pau-Brasil
(ilustrado por Tarsila do Amaral), Oswald propõe uma
literatura extremamente vinculada à realidade
brasileira, a partir de uma redescoberta do Brasil. Ou,
como afirma Paulo Prado ao prefaciar o livro:
“Oswald de Andrade, numa viagem a Paris, do
alto de um atelier da Place Clichy – umbigo do mundo -,
descobriu, deslumbrado, a sua própria terra. A volta à
pátria confirmou, no encantamento das descobertas
manuelinas, a revelação surpreendente de que o Brasil
existia. Esse fato, de que alguns já desconfiavam, abriu
seus olhos à visão radiosa de um mundo novo,
inexplorado e misterioso. Estava criada a poesia ‘pau-
brasil’”.
A seguir, alguns trechos do Manifesto:

“A poesia existe nos fatos. Os casebres de


açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul
cabralino, são fatos estéticos”.

“A poesia para os poetas. Alegria dos que não


sabem e descobrem”.

“A Poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como uma


criança”.
“A língua sem arcaísmos, sem erudição.
Natural e neológica. A contribuição milionária de
todos os erros. Como falamos. Como somos”

“Só não se inventou uma máquina de fazer


versos – já havia o poeta parnasiano”

“A Poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar


domingueira, com passarinhos cantando na mata
resumida das gaiolas, um sujeito magro compondo uma
valsa para flauta e a Maricota lendo o jornal. No jornal
anda todo o presente”.

“Nenhuma fórmula para a contemporânea


expressão do mundo. Ver com os olhos livres”.
Verde-amarelismo, Nhengançu
verde-amarelo ou Escola da
Anta
Movimento Verde-Amarelo e Grupo da Anta
foram movimentos culturais
decorrentes da Semana de Arte moderna em 1922.
Na literatura tem por característica
textos patrióticos, ufanistas e a idealização do país.
Características formais, versos livres, sem rima,
sem métrica, em estrofação e discurso não linear.

Recusando todo e qualquer contágio com


ideias europeias, este movimento é uma reação às
intenções primitivas do Pau – Brasil.
Liderado por Cassiano Ricardo, Menotti Del
Picchia, Plínio Salgado e outros, o grupo acabou
caindo num nacionalismo ufanista, escolhendo como
símbolo de suas ideias a anta, animal que tinha uma
função mítica na cultura tupi.

Esse movimento converteu-se, em 1926, no


chamado Grupo da Anta, que seguiu uma linha de
orientação política nitidamente de direita, da qual
sairia, na década de 1930, o Integralismo de Plínio
Salgado.
Em 1926, como uma resposta ao nacionalismo do
Pau-Brasil, surge o grupo do Verde-Amarelismo,
formado por Plínio Salgado, Menotti Del Picchia,
Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo. O grupo
criticava o “nacionalismo afrancesado” de Oswald de
Andrade e apresentava como proposta um nacionalismo
primitivista, ufanista e identificado com o fascismo, que
evoluiria, no início da década de 30, para o Integralismo
de Plínio Salgado. Parte-se para a idolatria do tupi e
elege-se a anta como símbolo nacional.
“O grupo ‘verdeamarelo’, cuja regra é a liberdade
plena de cada um ser brasileiro como quiser e puder;
cuja condição é cada um interpretar o seu país e o seu
povo através de si mesmo, da própria determinação
instintiva; - o grupo ‘ verdeamarelo’, à tirania das
sistematizações ideológicas, responde com a sua
alforria e a amplitude sem obstáculo de sua ação
brasileira (...). .
Aceitamos todas as instituições conservadores,
pois é dentro delas mesmo que faremos a inevitável
renovação do Brasil, como o fez, através de quatro
séculos, a alma da nossa gente, através de todas as
expressões históricas. .
Nosso nacionalismo e ‘verdamarelo’ e tupi. (...)”
Revista de antropofagia
O Manifesto Antropófago ou Antropofágico foi
um manifesto literário escrito por Oswald de
Andrade, publicado em maio de 1928, que tinha
por objetivo repensar a
dependência cultural brasileira.

Propunha basicamente devorar a cultura e as


técnicas importadas e sua reelaboração com
autonomia, transformando o produto importado
em exportável.

O nome do manifesto recuperava a crença


indígena: os índios antropófagos comiam o
inimigo, supondo que assim estavam
assimilando suas qualidades.
ARTE, 1º. Ano
Modernismo – Semana de Arte O Manifesto
Moderna no Brasil Antropofágico foi um
marco no Modernismo
brasileiro, pois não
somente mudou a
forma do brasileiro de
encarar o fluxo de
elementos culturais do
mundo, mas também
colocou em evidência
a produção própria, a
característica
brasileira na arte,
ascendendo uma
identidade tupiniquim
no cenário artístico
Imagem: A Lua / Tarsila do Amaral / mundial.
http://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_antiga/historia.htm
A Revista de Antropofagia teve duas fases (ou
dentições, segundo os antropófagos). A primeira contou
com 10 números, publicados entre os meses de maio de
1928 e fevereiro de 1929; a segunda, no jornal Diário de
São Paulo, contou com 16 números.
O movimento antropofágico surgiu como uma nova
etapa do nacionalismo Pau-Brasil e como resposta ao
grupo verde-amarelista, que criara a Escola da Anta.
Em sua primeira “dentição”, iniciada com o
polêmico Manifesto Antropófago, assinado por Oswald
de Andrade, a revista foi realmente um espelho da
miscelânea ideológica em que o movimento modernista
se transformara: ao lado de artigos de Oswald,
Alcântara Machado, Mário de Andrade, Drummond,
encontramos textos de Plínio Salgado (em defesa da
língua tupi) e poesias de Guilherme de Almeida, ou
seja, de típicos representantes da Escola da Anta.
Já a segunda “dentição” apresenta-se mais
definida ideologicamente – houve, até mesmo, uma
ruptura entre Oswald e Mário de Andrade. Afinal, vivia-
se uma época de definições.
Contrariamente à xenofobia da Escola da Anta, os
antropófagos não negam a cultura estrangeira, mas
também não a copiam nem a imitam. Assim como os
índios primitivos devoravam seu inimigo, acreditando
que desse modo assimilariam suas qualidades, os
artistas antropófagos propõem a “devoração
simbólica” da cultura estrangeira, aproveitando suas
inovações artísticas, porém sem perder nossa própria
identidade cultural. Trata-se, portanto, de um
aprofundamento da ideia da “digestão cultural” já
proposta no Manifesto da Poesia Pau-Brasil.
Trechos do Manifesto Antropófago

“Só a Antropofagia nos une. Socialmente.


Economicamente. Filosoficamente”.

“Única lei do mundo. Expressão mascarada de


todos os individualismos, de todos os coletivismos. De
todas as religiões. E todos os tratados de paz”.

“Tupy or not tupy, that is the question”.


“Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções
de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era
urbano, suburbano, fronteiriço e continental.
Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil”.

“Antes de os portugueses descobrirem o Brasil, o


Brasil tinha descoberto a felicidade”.
A Antropofagia e o Tropicalismo
Em 1967, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa,
Tom Zé, os poetas Torquato Neto e Capinam, além do
maestro Rogério Duprat, deram início a Tropicalismo,
um movimento musical que ganhou repercussão no
teatro, na literatura e no cinema. Alguns de seus
integrantes, como Caetano e Gil, relendo o Manifesto
Antropófago, de Oswald de Andrade, aproveitaram
algumas de suas ideias. Por exemplo, no campo
musical, o grupo tropicalista misturava os ritmos e os
instrumentos brasileiros ao rock e às guitarras elétricas,
fundindo o primitivo, o folclórico e o regional ao
moderno civilizado, o nacional e o estrangeiro, numa
verdadeira deglutição cultural.
Em seu livro Verdade Tropical (1971), Caetano
Veloso comenta as relações de seu movimento com
Oswald:
“A ideia do canibalismo cultural servia-nos, aos
tropicalistas, como uma luva. Estávamos ‘comendo’ os
Beatles e Jimi Hendrix (...). Esse ‘antropófago indigesto’
(Oswald), que a cultura brasileira rejeitou por décadas, e
que criou a utopia brasileira de superação do
messianismo patriarcal por um matriarcado primal e
moderno, tornou-se para nós o grande pai”.
Enem 2013

Questão 117
Mesmo tendo a trajetória do movimento
interrompida com a prisão de seus dois líderes, o
tropicalismo não deixou de cumprir seu papel de
vanguarda na música popular brasileira. A partir da
década de 70 do século passado, em lugar do produto
musical de exportação de nível internacional prometido
pelos baianos com a “retomada da linha evolutória”,
instituiu-se nos meios de comunicação e na indústria do
lazer uma nova era musical.

TINHORÃO, J. R. Pequena história da música popular: da


modinha ao tropicalismo. São Paulo: Art, 1986
(adaptado).
A nova era musical mencionada no texto evidencia um
gênero que incorporou a cultura de massa e se adequou à
realidade brasileira. Esse gênero está representado pela
obra cujo trecho da letra é:
A) A estrela d'alva / No céu desponta / E a lua anda tonta /
Com tamanho esplendor. (As pastorinhas, Noel Rosa e
João de Barro)
B) Hoje / Eu quero a rosa mais linda que houver / Quero a
primeira estrela que vier / Para enfeitar a noite do meu bem.
(A noite do meu bem, Dolores Duran)
C) No rancho fundo / Bem pra lá do fim do mundo / Onde a dor
e a saudade / Contam coisas da cidade. (No rancho fundo,
Ary Barroso e Lamartine Babo)
D) Baby Baby / Não adianta chamar / Quando alguém está
perdido / Procurando se encontrar. (Ovelha negra, Rita Lee)
E) Pois há menos peixinhos a nadar no mar / Do que os
beijinhos que eu darei / Na sua boca. (Chega de saudade,
Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
GABARITO: D
Caetano Veloso
Tropicália
Texto I
Tropicália

Sobre a cabeça os aviões


Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No Planalto Central do País
Viva a Bossa -ssa -ssa
Viva a palhoça -ça -ça -ça -ça
O monumento é de papel crepon e prata
Os olhos verdes de mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E nos jardins os urubus passeiam a tarde inteira
Entre os girassóis
Viva Maria -ia -ia Viva Bahia -ia -ia -ia -ia -ia

No pulso esquerdo bang-bang


Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração balança a um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores ele pões os olhos grandes
Sobre mim
Viva Iracema -ma -ma
Viva Ipanema -ma -ma -ma -ma

Domingo é o fino da bossa


Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai pra
roça Porém
O Monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem
Viva a banda -da -da
Carmem Miranda -da -da -da –da

Caetano Veloso
Sambô –
Sunday Bloody sunday
Sambô –
This Love

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