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A PEDAGOGIA PROBLEMATIZADORA DE

PAULO FREIRE E AS METODOLOGIAS ATIVAS


RAPHAEL RAMOS SPESSOTO
MÁRCIA MARIA RIBERA LOPES SPESSOTO
Contexto atual

 É recorrente entre, os estudiosos de Educação das últimas décadas, a ideia


de que já não bastam informações para que crianças, jovens e adultos
possam, com a contribuição da escola, participar de modo integrado e efetivo
da vida em sociedade. (Berbel, 2011)
 O ensino pautado na transmissão de conteúdo, definitivamente, não atende
mais à formação do homem moderno. Berbel (2011) aponta que a o mundo
atual, complexo e dinâmico, tem exigido o desenvolvimento de “capacidades
humanas de pensar, sentir e agir de modo cada vez mais amplo e profundo,
comprometido com as questões do entorno em que se vive” (p. 25-26)
 Conhecimento no mundo líquido – dinâmico, vivo, incompleto
Paulo Freire e a pedagogia
problematizadora
 O começo em Angicos – Círculos de Cultura
 Francisco Weffort – A grande preocupação de Freire é “uma educação para a
decisão, para a responsabilidade social e para a política. (...) O saber
democrático jamais se incorpora autoritariamente, pois só tem sentido como
conquista comum do trabalho do educador e do educando”

 Educação como prática de Liberdade – premissas da educação libertadora


Educação Bancária x Educação
Problematizadora
 Educação Bancária – depósito de informações, de conhecimentos
 Leva à domesticação, à alienação, à manutenção da condição opressora;
 Antidialógica, antidemocrática e elitizada;

 Educação Problematizadora – concepção baseada no diálogo, na


problematização do conhecimento
 firma-se na problematização do homem e suas interações com o mundo, visando
sua superação de consciência, por meio da dialogicidade;
 diálogo entre os agentes da prática educativa (professores e alunos), acerca dos
conhecimentos e práticas sobre o objeto de estudo;
 Educando-educador e Educador-educando
O problema na concepção freireana

 Natureza do problema tem origem na realidade do homem;

SITUAÇÕES-LIMITE
 Leva-o à refletir sobre as situações-limites – determinantes
históricas, esmagadoras, que os levam a adaptar-se; TEMA GERADOR
 Temas geradores - “um objeto de estudo que compreende o fazer
e o pensar, o agir e o refletir, a teoria e a prática, pressupondo um
estudo da realidade em que emerge uma rede de relações entre TEMA GERADOR
situações significativas individual, social e histórica, assim como
uma rede de relações que orienta a discussão, interpretação e
representação dessa realidade” (Delizoicov, Angotti e Pernambuco, TEMA GERADOR
2009 P.165)”.
 Os temas (geradores) são considerados pontos de partida para
estruturar todo o processo didático-pedagógico
Problematização Freiriana

SUJEITO = SENTIDO +
SIGNIFICADO
Problematizar
RECONHECER

ENFRENTAR
CONTRADIÇÕES SOCIAIS
Obstáculos
COMPREENDER

Situações - limites Barreiras


CONHECIMENTO
Olhar do Dificuldades
sujeito para o
problema. SUPERAR
Metodologias Ativas

 “Processos interativos de conhecimento, análise, estudos, pesquisas e


decisões individuais ou coletivas, com a finalidade de encontrar soluções para
um problema.” (Bastos,2006)
 O Professor atua como mediador, facilitador, ou mediador;
 Baseiam-se em formas de desenvolver o processo de aprender, utilizando
experiências reais ou simuladas, visando às condições de solucionar, com
sucesso, desafios advindos das atividades essenciais da prática social, em
diferentes contextos.
 Utilizam a problematização como estratégia de ensino/aprendizagem
 As metodologias ativas têm o potencial de despertar a curiosidade, à medida
que os alunos se inserem na teorização e trazem elementos novos, ainda não
considerados nas aulas ou na própria perspectiva do professor
Aprendizagem Baseada em Problemas -
ABP
 Surgida na Universidade de McMaster, no Canadá, no final dos anos 60;
 No Brasil, inicialmente foi introduzida em cursos da área da saúde,
especialmente a Medicina, norteando as reestruturações curriculares destes
cursos
 A ABP objetiva a integração das disciplinas tendo a vista a prática e o tipo de
profissional que se pretende formar.
 Berbel (1998a) nos aponta que a ABP tem como enfoque principal que seus
alunos “aprendem a aprender e se preparam para resolver problemas
relativos a sua futura profissão”
 Uma Comissão é designada para a elaboração dos problemas, geralmente
formada por professores e/ou colaboradores.
O problema na perspectiva da ABP

 devem representar todo o conjunto de temas e conhecimentos necessários ao


estudante em processo de formação inicial.
 Devem dialogar com a realidade da profissão, e serem significativos para
atenderem os objetivos cognitivo propostos.
 Lança mão do conhecimento já elaborado para aprender a pensar e raciocinar
sobre ele e com ele formular soluções para os problemas de estudo.
 Promove, durante o processo de aprendizagem, a oportunidade da reflexão da
práxis.
Metodologia da Problematização – Arco
de Maguerez
 Marcada pela Pedagogia Tradicional;
 Proposto por Charles Maguerez (1966), inicialmente voltada para a formação
de profissionais adultos analfabetos, para trabalho em minas, na agricultura
e na indústria;
 Nele não se encontrou a menção da formulação de problemas;
 decisões eram centradas nos elaboradores da proposta pedagógica de transferência
de tecnologia na formação profissional;
 Monitor: formado como um ensinante, levando-o a adquirir previamente noções
gerais;
O modelo do Arco de Maguerez -
Borndenave e Pereira (1982)
 Obra: Estratégias de Ensino Aprendizagem (Bordenave e Pereira, 1982);
 Marcada pela Pedagogia libertadora e dialética;
 Uma releitura do Arco de Maguerez, incorporando a estes concepções e influências
piagetianas, ausubelianas, vigotskianas e freireana;
 Formação continuada de profissionais já graduados, para prepará-los para a
docência;
 Os problemas eram elaborados pelos professores;
O Modelo de Neusi Aparecida Navas
Berbel (1995)
TEORIZAÇÃO
 Apoiada no trabalho de Bordenave e Pereira (1982);
 Associação explícita do caminho metodológico com o
conceito de práxis e suas características, de Adolfo
Sánchez Vázquez; PONTOS-CHAVES
HIPÓTESES DE
SOLUÇÃO

 Proposição do arco não só como uma caminho


metodológico ao ensino, mas também à pesquisa;
 Os alunos/ os pesquisadores são, portanto,
posicionados como protagonistas principais de todo o
processo;
OBSERVAÇÃO DA APLICAÇÃO À
REALIDADE REALIDADE

REALIDADE
As etapas do Arco de Maguerez

 Observação da Realidade (Problema) – Parte-se da observação da realidade,


identificando os problemas a serem analisados e escolhendo um deles para o
desenvolvimento da investigação;
 Pontos-Chaves – momento de reflexão sobre os possíveis fatores e determinantes
maiores do problema eleito e definição dos pontos-chave do estudo.
 Teorização - Investigação dos pontos-chave, levantando informações sobre os
mesmos (a partir de pesquisas de campo, bibliográficas, entrevistas, entre outros),
e depois, submetendo-as ao problema, buscando respostas, compondo assim a
teorização
 Hipóteses de Solução - Elaboração de hipóteses de solução para o problema.
 Aplicação à Realidade (Prática) – Aplicação de uma (ou mais) hipóteses de solução
levantadas na etapa anterior, retornando assim o estudo à realidade investigada
inicialmente.
Os 03 Momentos Pedagógicos

 Ensino de Ciências – fundamentos e métodos (Delizoicov, Angotti e


Pernambuco (2002)

 Organiza a prática pedagógica em 03 momentos:


 Problematização Inicial - PI
 Organização do Conhecimento - OC
 Aplicação do Conhecimento - AC

 Inspirado na pedagogia problematizadora freireana


O Diálogo entre Paulo Freire e as
Metodologias Ativas
 A obra de Paulo Freire é fundamental para quem almeja iniciar sua prática
educativa em uma perspectiva libertadora e emancipatória, buscando não
somente a formação intelectual, mas também a formação crítica e social do
sujeito.
 A pedagogia problematizadora, ao propor o questionamento da realidade,
transforma o aluno em agente do processo de aprendizagem, e não somente
ouvinte.
 Sua posição no processo desloca-se de passivo para ativo, e o professor,
outrora mero transmissor do conhecimento, agora participa do processo como
um mediador entre aluno-conhecimento.
 Possibilidade interessante para o profissional da educação que se propõe a
superar o ensino por transmissão, em detrimento de uma práxis que atenda às
necessidades do mundo moderno.
Obrigado pela atenção!!

“Distanciando-se de seu mundo vivido, problematizando-o. “descodificando-o” criticamente, no mesmo


movimento da consciência o homem se re-descobre como sujeito instaurador desse mundo de sua
experiência. Testemunhando objetivamente sua história, mesmo a consciência ingênua acaba por despertar
criticamente, para identificar-se como personagem que se ignorava e é chamada a assumir seu papel. A
consciência do mundo e a consciência de si crescem juntas e em razão direta; uma é a luz interior da
outra, uma comprometida com a outra. Evidencia-se a intrínseca correlação entre conquistar-se, fazer-se
mais si mesmo, e conquistar o mundo, fazê-lo mais humano.”

Paulo Freire. A pedagogia do Oprimido. Ed. Paz e Terra, Rio de Janeiro. 1987.
Referencial Bibliográfico

 BASTOS, C. C. Metodologias ativas. 2006. Disponível em:


<http://educacaoemedicina.blogspot.com.br/2006/02/metodologias-ativas.html>.
Acesso em: 14 fev. 2016.
 BERBEL, N. A. N. Metodologia da problematização: uma alternativa metodológica
apropriada para o ensino superior. Semina: Ciências Humanas e Sociais, Londrina,
v. 16, n. 2, p. 9-19, out. 1995.
 _______________. Metodologia da Problematização no Ensino Superior e o
exercício da práxis. Semina: Ciências Humanas e Sociais, Londrina, v.17, Ed.
Especial, nov./1996.
 _______________. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas:
diferentes termos ou diferentes caminhos. Interface — Comunicação, Saúde,
Educação, v.2, n.2, 1998a.
 _______________. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de
estudantes. Semina. Ciências Sociais e Humanas, v. 32, p. 01-25, 2011.
Referencial Bibliográfico

 BERBEL, N. A. N. Metodologia da problematização: experiências com questões


de ensino superior. Londrina: EDUEL, 1998b.
 _______________. Metodologia da problematização: experiências com questões
de ensino superior, ensino médio e clínica. Londrina: EDUEL, 1998c.
 _______________. Metodologia da problematização: fundamentos e aplicações.
Londrina: EDUEL, 1999.
 _______________. A metodologia da problematização com o arco de Magurez:
uma reflexão teórico-epistemológica. Londrina: EDUEL, 2012.
 BORDENAVE, J. D.; PEREIRA, A. M. Estratégias de ensino aprendizagem. 4. ed.
Petrópolis: Vozes, 1989.
 BORGES, T. S.; ALENCAR, G. Metodologias ativas a promoção da formação crítica
do estudante: o uso das metodologias ativas como recurso didático na formação
crítica do estudante do Ensino Superior. Cairu em Revista, Salvador. Ano 03, n°
04, p. 119-143, jul/ago 2014,.
Referencial Bibliográfico

 CYRINO E.G.; TORALLES-PEREIRA M.L.. Trabalhando com estratégias de ensino-


aprendizado por descoberta na área da saúde: a problematização e a
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 DEWEY J. Liberalismo, liberdade e cultura. São Paulo: Nacional; 1970.
 DOREA, D. D. ; CHIARATTO, R. A. ; SOUZA, R. A. A. R. . A Metodologia da
Problematização no ensino da Química: o desafio de mudar a realidade. In.
Congresso Brasileiro de Química, 50, Cuiabá. Anais... Rio de Janeiro, Associação
Brasileira de Química, 2010. Disponível em
http://www.abq.org.br/cbq/2010/trabalhos/6/6-263-8115.htm Acesso em 10
fev.2016.
 FREIBERGER, R. M. ; BERBEL, N. A. A importância da pesquisa como princípio
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fundamental. Cadernos de Educação (UFPel), v. 37, p. 207-245, 2010.
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Referencial Bibliográfico

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Campo Grande, MS. 2014
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limites e possibilidades. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática). Universidade Estadual
de Londrina, UEL, 2009.
 WEFFORT, F.. Prefácio. In: FREIRE, P.. Educação Como Prática da Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2010

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