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ECO 170 – Organização Industrial

Ponto 2.1 - O modelo estrutura-conduta-


desempenho: o oligopólio e as barreiras à entrada

Leonardo Bispo de Jesus Júnior

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Sumário
 Mason (1939);
Paradigma introdutório – Harvard – Scherer (1970) – E-C-D;
Estrutura – conduta – condições básicas – (i) do lado da oferta; (ii) do lado da
demanda;
Críticas à análise de Mason: (i) efeito feedback; e (ii) ausência de generalização
acerca das características dos mercados concentrados.
 Joe Bain (1956);
Características dos mercados concentrados;
Concentração econômica – estrutura de mercado;
Concentração econômica - condições de entrada – estrutura de mercado;
Concorrência efetiva x concorrência potencial
Intensidade das barreiras à entrada – explica P acima do CTMe min – altura das
barreiras à entrada;
Preço mínimo competitivo – condição de entrada: (i) entrada fácil ou
desimpedida; (ii) entrada impedida; e (iii) maior percentual de excesso – maior
impedimento;
Hipóteses - não uniformidade de preços e custos e diferenciação dos produtos;
Estratégia para resolução;
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Sumário
Origem das vantagens das empresas estabelecidas: (i) vantagens absoluta de
custo; (ii) vantagens de diferenciação de produto; e (iii) economias de escala.
Economia de escala determinante último das condições de entrada – (i) efeito
porcentagem; (ii) necessidade mínima de capital; (iii) custos unitários maiores;
Mudanças das características estruturais – evidência empírica de Bain –
estrutura estável;
Conclusões: (i) eficiência mercados concentrados x atomísticos; (ii) estrutura –
desembenho.
 Sylos-Labini (1956)
Joe Bain
Sylos Labini – Problema do preço em condições oligopolísticas – (i) curva de
demanda quebrada; (ii) princípio do custo total;
Classificação de formas de mercados em oligopólios: (i) oligopólio
diferenciado (economias de escala em promoção de vendas); (ii) oligopólio
concentrado (economias de escala técnicas); (iii) oligopólio misto;
Semelhança entre o oligopólio diferenciado e concentrado;
Papel do Estado – pequenas e médias empresas – economias de escala
financeira e comercial.
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Silva (2010, cap.2)
 Objetivo: estudo das estruturas concentradas e o comportamento das firmas sob
estas condições;

 Mason (1939): Price and production of large scale enterprise;

 As diferenças nas políticas de preços (condutas) são decorrentes das diferenças


nas estruturas de mercado. Por sua vez, as distintas condutas levariam aos diversos
níveis de desempenho na economia;

 Linha de pesquisa – paradigma introdutório (Scherer, 1970) – relação causal:


estrutura – conduta – desempenho;

 O desempenho em um mercado dependeria da conduta de vendedores e


compradores, ao mesmo tempo que a conduta destes dependeria das características
da estrutura de mercado;

 Estrutura e conduta – condições básicas – (i) do lado da oferta: condições de


mercado de m-p; disponibilidade de tecnologia; e (ii) do lado da demanda:
elasticidade preço da demanda; substituibilidade do produto;
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Mason (1939)
 Efeito feedback – capacidade que possui a grande empresa de modificar o
ambiente e dele também tirar parte de suas ações no processo de determinar
preços, característica fundamental dos mercados concentrados;

 Estudos de caso deixaram a desejar – não permitiram chegar às generalizações


simples acerca das características dos mercados concentrados;

 Joe Bain e Sylos-Labini (1950) – avançou na reflexão teórica sobre os


mercados concentrados;

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Joe Bain (1956)
 Barriers to new competition;

 Avançar na análise das características da organização dos mercados que


exercem influência estratégica sobre as condições da concorrência e a formação
de preços do mercado;

 Concentração econômica - elemento básico da estrutura;

 Condições de entrada de novas empresas (concorrência potencial) – variável


síntese das características estruturais;

 Até então, a variável determinante da estrutura de mercado era o grau de


concentração das firmas estabelecidas (concorrência efetiva);

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Joe Bain (1956)
 Intensidade das barreiras à entrada – indicador chave do poder de mercado das
empresas oligopolistas e co-determinante da conduta e do desempenho;

 Explica a recorrente prática oligopolística de fixação de preços acima do nível


“competitivo” (CTMe min) – nível utilizado pelo autor como referência para
sua análise da altura das barreiras à entrada;

 As vantagens das empresas estabelecidas sobre as potenciais empresas


entrantes refletem-se na extensão em que os vendedores estabelecidos podem
persistentemente elevar seus preços acima do nível competitivo, sem atrair
novas empresas a entrar na indústria;

 Nível competitivo de preços: mínimo custo médio possível de produção,


distribuição e venda do produto em questão, incluindo a tx. de retorno normal
do investimento – nível de preços hipoteticamente atribuído ao equilíbrio de LP
em concorrência pura.

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Joe Bain (1956)
 Preço competitivo ou de custo mínimo – referência útil para avaliar a condição
de entrada, pois:

(i) incapacidade de elevar o preço acima deste nível sem atrair novas entradas -
entrada completamente fácil ou desimpedida ;
(ii) possibilidade do preço exceder persistentemente este nível sem induzir
qualquer entrada - entrada impedida: e
(iii) quanto maior este “percentual de excesso” maiores os impedimentos à
entrada

 Condição de entrada: avaliada pela relação média entre o “preço real ou


possível” (preço-limite que corresponderia à altura das barreiras à entrada) e o
“preço competitivo”, que pode ser mantido persistentemente sem atrair entrada;

 Quanto maior a dificuldade de entrada, maior o valor da condição de entrada.

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Joe Bain (1956)
 Incorporação da não-uniformidade de custos e diferenciação de produtos e
preços – diferenças entre empresas estabelecidas, bem como entre potenciais
entrantes;

 Como resolver os problemas práticos decorrentes desta hipótese:

Dada a diferença de preço e custo das empresas estabelecidas na indústria, o


“preço máximo acima do nível competitivo”, ao qual a entrada ainda é
impedidada é definida a partir das empresas “mais favorecidas”, aquelas cuja
relação preço/custo mínimo é mais elevada;

A condição de entrada varia em função do tipo de concorrente potencial,


tornando-se necessário escalonar as potenciais entrantes segundo o nível
mínimo da relação preço/custo que as atrairão.

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Joe Bain (1956)
 Três circunstâncias dão origem às vantagens das empresas estabelecidas frente
aos potenciais concorrentes:

1. Vantagens absolutas de custos das empresas estabelecidas – decorrem de um


dos seguintes fatores:

(i) a entrada de uma empresa pode elevar os preços de um ou mais insumos de


produção, tanto para empresas estabelecidas, quanto para a empresa entrante,
aumentando os custos;

(ii) as empresas existentes podem possuir acesso privilegiado a recursos


produtivos a preços mais reduzidos do que aqueles obtidos pela empresa entrante;

(iii) os produtores estabelecidos podem ter acesso preferencial a técnicas de


produção mais econômicas do que a empresa entrante, conseguindo, assim, custos
mais baixos.

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Joe Bain (1956)
 Três circunstâncias dão origem às vantagens das empresas estabelecidas frente
aos potenciais concorrentes:

2. Vantagens de diferenciação de produtos das empresas estabelecidas:

Resultam da preferencia dos consumidores pelos produtos já existentes quando


comparados com os novos. A efetividade da vantagem de diferenciação do
produto irá depender, entretanto, da importância das economias de escala (ou
seja, os custos unitários de produção e venda não são maiores para produção em
pequena escala). O entrante potencial, mesmo diante da preferência dos
consumidores pelos produtos existentes, não sofrerá qualquer desvantagem,
embora trabalhe com nível de produção reduzido.

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Joe Bain (1956)
 Três circunstâncias dão origem às vantagens das empresas estabelecidas frente
aos potenciais concorrentes:

3. Economias de escala:

Custos unitários de produção e distribuição caem com o aumento da produção e a


escala de produção correspondente aos custos unitários mínimos (planta
ótima) responde por parcela expressiva da produção. Os entrantes potenciais são
obrigados a enfrentar o seguinte dilema:

● Entrar no mercado em uma escala inferior a mínima eficiente e incorrer em


custos mais elevados devidos à operação em níveis de produção relativamente
reduzidos; ou

● Buscar ofertar com os custos mínimos associados à produção em escala ótima.

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Joe Bain (1956)
 As circunstância relacionadas às economias de escala – determinantes últimos da
condição de entrada em uma indústria;

 Economias de escala – atributo da estrutura do mercado bem mais estável que as


vantagens absolutas de custo ou diferenciação, que por mais arraigadas sempre
estão sujeitas a eliminação por imitação e outros procedimentos de concorrência,
decorridos apenas o tempo necessário;

 Economias de escala significativas tendem a constituir um sério impedimento à


entrada, seja:

(i) pelo efeito porcentagem: determinação da parcela de mercado que será suprida
por um tamanho de planta ótimo;
(ii) pelo efeito da necessidade mínima de capital; somente poucos podem obter;
(iii) pelo efeito custos unitários maiores: decorrentes da operação em escala
menor que a ótima.

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Joe Bain (1956)
 As características estruturais básicas de um mercado podem mudar e podem,
assim, conduzir a modificações na natureza, no valor e nos efeitos das condições
de entrada:

(i) descoberta de novos recursos naturais reduz vantagens das empresas


estabelecidas que os controlava;
(ii) desenvolvimento de um novo projeto de produto por uma empresa entrante
reduz as vantagens de diferenciação das empresas estabelecidas; e
(iii) mudanças tecnológicas aumenta ou reduz as economias da produção em
escala.

 Segundo Bain – ampla base empírica confirma que a condição de entrada e seus
determinantes últimos são usualmente estáveis e modificam-se lentamente ao
longo do tempo, não sendo geralmente suscetíveis a alterações pela ação de
entradas dos vários mercados.

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Joe Bain (1956)
 Principais conclusões:

 Se de um lado existem riscos associados à excessiva concentração, no outro


extremo deve-se considerar os riscos decorrentes do atomismo ineficiente (perdas
de eficiência associadas a uma concentração excessivamente baixa da produção);

 Mercados atomisticamente estruturados não necessariamente apresentam melhor


desempenho que as estruturas moderadamente concentradas, mesmo na direção
da alocação de recursos – mercados atomísticos tendem a não ser ótimos do
ponto de vista da mudança e da progressividade técnica;

 Os policymakers deveriam ser aconselhados a não tomar a manutenção das


estruturas de mercado atomisticamente competitivas como um inflexível objetivo
de política. A política pública deveria conter o desenvolvimento de altos graus de
concentração da oferta;

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Joe Bain (1956)
 Principais conclusões:

 Principais formulações de Bain ► estrutura – desempenho.

Não se refere a estrutura – conduta e à conduta – desempenho. Por que?

(i) dificuldade de observar e avaliar a conduta real das empresas (dificuldade de


desvendar os objetivos ou princípios que orientam essas formas de coordenação); e

(ii) uma conduta pode ser compatível com diferentes estruturas e, por extensão,
uma dada conduta pode resultar em diferentes desempenhos.

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Sylos-Labini (1956)
 Joe Bain – estudo das condições estruturais de mercado;

 Sylos Labini – formulação acerca do problema do preço em condições


oligopolísticas – contribuições não ortodoxas de Paul Sweezy (1939) e de Hall
Hitch (1939);

(i) Hipótese da curva de demanda quebrada;

Desenvolvida em simultâneo por Paul Sweezy (1939) e Hall e Hitch (1939);


Imaginar o formato geral da curva de demanda individual imaginada pelas
empresas oligopolistas;
(a) Curva de demanda apresenta alta elasticidade para aumentos de preços –
crença do empresário de que seus concorrentes não o seguiriam; e (b) curva de
demanda apresenta elasticidade baixa para reduções de preços – expectativa de ser
acompanhado pelos seus rivais;
Formato quebrado da curva de demanda individual esperada expressa o
reconhecimento da interdependência entre concorrentes – receio da reação dos rivais;
Tendência à rigidez do preço em oligopólio;
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Sylos-Labini (1956)
(ii) O “princípio do custo total”

Captar o procedimento de fixação de preços usualmente adotado pelas empresas


oligopolistas;

Toma como base o custo direto unitário e acrescenta um percentual para cobrir o
custo indireto (q’) e um percentual convencional de lucro (q’’):
p = v + q’v + q’’v

Podendo ser escrita também por:


p = v + qv, em que:
q: percentual sobre os custos diretos destinado a cobrir os custos indiretos e os
lucros;

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Sylos-Labini (1956)
O princípio do custo total e a curva de demanda quebrada evidenciam o
comportamento típico das empresas oligopolistas, pois:

(a) alterações nos custos diretos que atinjam todas as empresas são rapidamente
repassadas a preços;

(b) alterações moderadas ou temporárias na demanda, em geral, não implicam


variações automáticas nos preços, justamente pela impossibilidade de se prever
reações dos concorrentes.

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Sylos-Labini (1956)
Preços tendem a ser estáveis. Eles apenas serão alterados nos casos de variações
significativas nos salários ou nos custos das matérias-primas, mas não o serão em
resposta às variações moderadas ou temporárias na demanda;

Papel secundário da demanda na formação de preços em Oligopólio. Esta só se


manifesta em casos excepcionais - a demanda se altera muito rapidamente ou a
empresa (e/ou mercado) tem um comportamento em preços mais competitivos;

Rompe com a visão neoclássica de que a oferta e a demanda determinam os


preços – rompe com a ideia de tomar o preço como mecanismo de ajuste automático;

Preços estáveis – reduz o grau de incerteza em que são tomadas as decisões de


preço sob condições oligopolísticas – mecanismo muito eficiente de coordenação das
ações num contexto de interdependência das decisões.

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Sylos – Labini (1956)

 Além do modelo de determinação de preços de LP, Sylos-Labini discute e


propõe uma classificação de formas de mercado em oligopólio: (i) oligopólio
diferenciado; (ii) oligopólio concentrado; e (iii) oligopólio misto;

(a) oligopólio diferenciado: muitas empresas aparentemente em concorrência


entre si, mas que na realidade estão dotadas de poderes de mercado bem definidos
– cada empresa está em concorrência direta com poucos rivais – existência de
significativo grau de diferenciação do produto e baixa concentração de mercado.
Admite crescentes economias de escala (economias na promoção de vendas);

As grandes empresas desfrutam de enormes vantagens, pois, podem, com maior


facilidade, atuar em campanhas publicitárias maciças, na medida, que tendo estas
despesas as características de custos gerais, quanto maior a quantidade vendida,
menor a incidência por unidade.

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Sylos – Labini (1956)

(b) oligopólio concentrado: Indústrias que produzem bens suficientemente


homogêneos e que são caracterizadas por uma elevada concentração. Funda-se em
elevadas economias de escala técnicas;

O progresso técnico permite crescentes economias de escala técnicas no tempo


- produção em larga escala apresenta substanciais vantagens em termos de custos
de produção quando comparada a produção em pequena escala.

(c) oligopólio misto: apresenta as características da concentração e da


diferenciação.

Oligopólio concentrado tem-se a presença de elevadas barreiras à entrada e o


oligopólio diferenciado reduzidas barreiras, já que as barreiras oriundas da
diferenciação operariam para dentro do grupo de empresas estabelecidas? Não.
Pois são necessárias despesas de vendas para conquistar um número adequado de
consumidores.

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Sylos – Labini (1956)
 Atuação do Estado

Útil no apoio a empresas de menor porte – instrumentos de políticas mais


eficazes estão condicionados pela natureza pela barreiras à entrada vigentes no
mercado em questão;

Promover o acesso de pequenas e médias empresas a economias de escala


financeiras (concessão de créditos) e comerciais (promoção de organismos e
mecanismos centralizadores de compras de m-p ou voltado para apoio às
exportações); ou

Atuação direta de grandes empresas estatais em certos setores de infraestrutura


econômica.

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Modelo E-C-D

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