1) O documento discute os principais conceitos da Teoria da Variação e Mudança Linguística proposta por Labov, incluindo sua crítica às abordagens estruturalista e gerativista e sua visão de língua como um sistema heterogêneo.
2) Dois trabalhos foram fundamentais para a proposta de Labov: "Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística" e "Padrões sociolinguísticos".
3) Pesquisas na área da Sociolinguística laboviana iniciaram-
1) O documento discute os principais conceitos da Teoria da Variação e Mudança Linguística proposta por Labov, incluindo sua crítica às abordagens estruturalista e gerativista e sua visão de língua como um sistema heterogêneo.
2) Dois trabalhos foram fundamentais para a proposta de Labov: "Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística" e "Padrões sociolinguísticos".
3) Pesquisas na área da Sociolinguística laboviana iniciaram-
1) O documento discute os principais conceitos da Teoria da Variação e Mudança Linguística proposta por Labov, incluindo sua crítica às abordagens estruturalista e gerativista e sua visão de língua como um sistema heterogêneo.
2) Dois trabalhos foram fundamentais para a proposta de Labov: "Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística" e "Padrões sociolinguísticos".
3) Pesquisas na área da Sociolinguística laboviana iniciaram-
de modo inquestionável. Mais do que isso, podemos afirmar que essa relação é a base da constituição do ser humano (ALKMIN, 2001, p. 21). NOS ESTUDOS ANTERIORES...
• Vimos que há diversas propostas no âmbito da
linguística contemporânea que rejeitam a abordagem associal dos estudos estruturalistas e gerativistas. AGORA VEREMOS...
• De agora em diante, vamos discutir com mais vagar
sobre uma dessas propostas: a da Sociolinguística Variacionista, fundada principalmente sobre as pesquisas do linguista estadunidense William Labov (que, por sua vez, como vimos, se inspirou em certas ideias de Meillet). O CAPÍTULO CONTÉM
• alguns dos principais conceitos teóricos da proposta
laboviana, que nos ajudarão a compreender qual é exatamente o olhar sobre a língua(gem) que ela assume – bem como sobre a complexa relação entre língua(gem) e sociedade –, de que formas ela se opõe a certas concepções (até hoje) vigentes em linguística e como ela se concretiza em uma análise empírica de dados linguísticos. AS PROPOSTAS... E LABOV
• Como já vimos, as duas abordagens teóricas de maior
projeção na linguística, pelo menos até a década de 1960, foram o estruturalismo e o gerativismo. De fato, a concepção estruturalista de língua de Ferdinand de Saussure fez muito no sentido de elevar a linguística à posição de campo científico pleno, com objeto e método definidos. AS PROPOSTAS... E LABOV
• Chomsky sofisticou ainda mais os objetivos dessa
ciência ao propor que a faculdade da linguagem é um componente universal e inato da espécie humana, cujas regras poderiam ser descritas a partir da análise das construções gramaticais (aceitáveis) de línguas diversas. AS PROPOSTAS... E LABOV
• No entanto, tanto estruturalistas quanto gerativistas
deixam de lado as possíveis influências externas (históricas, sociais, ideológicas etc.) sobre a estrutura linguística, assumindo uma perspectiva pela qual as regras e relações internas dos componentes da gramática são suficientes para uma descrição adequada do objeto. AS PROPOSTAS... E LABOV
• De acordo com essas propostas, o sistema a ser
descrito pela linguística era um construto homogêneo, ou seja, não eram consideradas eventuais variações ou influências típicas da fala sobre os elementos da língua. Desse modo, a variabilidade (o fato de que pode haver mais que uma forma expressando o mesmo significado), o valor social das formas linguísticas e o estudo empírico das mudanças na língua ficavam excluídos da agenda. A OBRA A PARTIR DA OBRA • É a partir desse contexto que se posiciona, desde a década de 1960, o linguista William Labov, questionando e propondo um novo olhar sobre a estrutura das línguas e especialmente sobre os fenômenos da variação e da mudança linguísticas. Em seu livro Padrões sociolinguísticos (Sociolinguistic patterns, 1972), Labov apresenta os principais postulados teóricos e a metodologia de trabalho empírico com a linguagem dessa nova proposta. Conforme já adiantamos inicialmente, a proposta teórico- metodológica de Labov surge como uma reação aos modelos saussureano e chomskiano. CRÍTICAS DE LABOV EM SAUSSURE • Como todos os falantes possuem um conhecimento da langue (que é a parte social da linguagem), é possível estudar o aspecto social da linguagem pela observação de um único indivíduo. No entanto, o estudo da parole (que é a parte individual da linguagem) só pode ser feito pela observação dos indivíduos interagindo linguisticamente, ou seja, pela observação da linguagem em seu contexto social. A isso se chama paradoxo saussureano; CRÍTICAS DE LABOV EM SAUSSURE
• Os fatos linguísticos são explicados através de outros
fatos linguísticos. Trata-se do princípio da imanência. Em outras palavras, tudo o que acontece na língua é motivado e explicado por meio da própria estrutura da língua, pela atuação de forças internas, sem influência de nenhuma força externa; CRÍTICAS DE LABOV EM SAUSSURE • A fala só opera sobre um estado de língua e as mudanças que ocorrem entre os estados não têm nesses nenhum lugar. O primeiro aspecto (estado de língua) constitui a realidade verdadeira e única. Os fatos evolutivos (diacrônicos) não são percebidos pela massa falante e não fazem parte do sistema da língua, que é estático. Portanto, há um emparelhamento: de um lado, sincronia e fato estático e, de outro, diacronia e fato evolutivo; ambos os lados são mutuamente incompatíveis. A VISÃO DE LABOV CRÍTICAS DE LABOV EM CHOMSKY
• O objeto da linguística é uma comunidade de
fala abstrata, homogênea, composta por um falante-ouvinte ideal; CRÍTICAS DE LABOV EM CHOMSKY
• Os dados linguísticos analisados correspondem
às próprias intuições do linguista e/ou dos falantes sobre a linguagem. São eles que fazem julgamentos acerca da (a)gramaticalidade das sentenças, e esses dados intuitivos são usados na construção de teorias. VISÃO DE LABOV A PROPOSTA DA TEORIA DA VARIAÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA • O ponto fundamental na abordagem proposta por Labov é a presença do componente social na análise linguística. Com efeito, a Sociolinguística se ocupa da relação entre língua e sociedade e do estudo da estrutura e da evolução da linguagem dentro do contexto social da comunidade de fala. A PROPOSTA DA TEORIA DA VARIAÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA • Ao eleger como objeto de estudo a estrutura e a evolução linguística, Labov rompe com a relação estabelecida por Saussure entre estrutura e sincronia de um lado e história evolutiva e diacronia de outro, aproximando igualmente a sincronia e a diacronia às noções de estrutura e funcionamento da língua. OBRAS BASILARES NESTE CAMPO
• Duas obras foram fundamentais para a proposição e
consolidação desse novo programa de estudos: o texto Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística (Empirical foundations for a theory of language change), publicado em 1968 por Uriel Weinreich, William Labov e Marvin Herzog (ou ainda WLH, 2006 [1968]), e o já mencionado Padrões sociolinguísticos (Sociolinguistic patterns), publicado por Labov em 1972. A PARTIR DESTES ESTUDOS
• A partir de então, Labov desenvolveu inúmeros
trabalhos voltados para o estudo da língua em seu contexto social, focalizando especialmente a variação fonológica na língua inglesa. Seu grupo de pesquisa, sediado na Universidade da Pensilvânia/USA, tornou-se o centro irradiador dessa nova e instigante abordagem da língua. A OUTRA OBRA SOCIOLINGUÍSTICA NO BRASIL
• No Brasil, as pesquisas na área da Sociolinguística laboviana
tiveram início na Universidade Federal do Rio de Janeiro, na década de 1970, sob a orientação do professor Anthony Naro. Desde então, as linhas de pesquisa que se ocupam da descrição de fenômenos variáveis no português do Brasil (PB) se multiplicaram, espalhando-se pelas diferentes regiões do país. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ÁREA – CONCEPÇÃO DE LÍNGUA COMO SISTEMA HERETOGÊNEO
• Na abordagem laboviana, vale lembrar que o fato de a
variação ser inerente às línguas está ligado diretamente à noção de heterogeneidade – as línguas são sistemas heterogêneos (e não homogêneos, conforme postulam Saussure e Chomsky). CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ÁREA – CONCEPÇÃO DE LÍNGUA COMO SISTEMA HERETOGÊNEO
• No entanto, como ainda estamos falando em sistema, somos
levados a assumir que a variação pode ser sistematizada. Não se trata, portanto, de um caos linguístico. Uma evidência de que a heterogeneidade é organizada ou sistematizada é o fato de os indivíduos de uma comunidade se entenderem, se comunicarem, apesar das variações ou diversidades linguísticas. A partir desse postulado teórico, a Teoria da Variação e Mudança fornece um instrumental metodológico que permite analisar e sistematizar os diferentes tipos de variação linguística. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ÁREA – CONCEPÇÃO DE LÍNGUA COMO SISTEMA HERETOGÊNEO
• Então, mesmo que a princípio se possa pensar que
heterogeneidade implica ausência de regras, a língua é dotada de heterogeneidade estruturada, portanto há regras, sim. Só que, enquanto a língua concebida como sistema homogêneo contém somente regras categóricas, ou obrigatórias, ou invariantes (i.e., que sempre se aplicam da mesma maneira por todos), a língua concebida como um sistema heterogêneo comporta, ao lado de regras categóricas, também regras variáveis. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ÁREA – CONCEPÇÃO DE LÍNGUA COMO SISTEMA HERETOGÊNEO
• Um exemplo de regra que é categórica no português é a da
colocação do artigo em relação ao nome que ele determina – o artigo sempre aparece antes do nome; assim, dizemos a casa, mas nunca *casa a. O fenômeno cujo comportamento a Sociolinguística busca desvendar são as regras variáveis da língua: as regras que permitem que, em certos momentos, em certos contextos linguísticos e sociais, falemos de uma forma, e, em outros contextos, de outra forma. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ÁREA – CONCEPÇÃO DE LÍNGUA COMO SISTEMA HERETOGÊNEO
• O aparato teórico e metodológico da Sociolinguística
surgiu, e até hoje vem sendo construído para que, com cada vez mais precisão, essa realidade até então posta de lado nos estudos linguísticos seja compreendida, levando-se em conta a influência não só dos elementos internos da língua, mas dos elementos externos a ela (o componente social mencionado acima). POR HOJE É SÓ...
• RELEIA ESTA PARTE DO CAPITULO 2 ABORDADA NA
AULA DE HOJE, EM SEGUIDA, CONTINUE A LEITURA DO RESTANTE DO CAPÍTULO QUE SERÁ TRATADA NA AULA DA PRÓXMA SEMANA.