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Morte Celular Programada

(Apoptose)
e
Câncer

Prof. Dra. Enilza M Espreafico


Morte Celular Programada: Significado Biológico

-É um processo ubíquo, encontrado em todos os organismos estudados, desde


nematóides até o ser humano, plantas, fungos entre outros.

-Manutenção da homeostase dos organismos vivos - juntamente com a


Proliferação Celular controla as populações celulares.

-Célula única organismo altamente complexo


(milhares de eventos de Morte Celular no desenvolvimento. Porquê esse desperdício?)

-Fundamental na evolução dos organismos multicelulares

-Evolução X Alta pressão seletiva: promoveu a conservação de vários


componentes (genes) do processo, que são homólogos mesmo em organismos tão
distintos quanto nematóides e mamíferos.
Histórico
- Século 17: não era ainda reconhecida como sendo um processo fisiológico.

-Glücksmann em 1951: foi o primeiro a notar a MC como um fenômeno típico do


desenvolvimento

-Kerr, 1972: foi o primeiro a delinear as características morfológicas de uma


célula em processo de morte celular (apoptose=do grego significa queda de folhas -
outono )

-“Morte celular Programada” : mesmo entre processos de morte celular com


morfologia e bioquímica variáveis há várias semelhanças do ponto de vista
molecular (conservação do mecanismos fundamentais “core cell death
machinery”).

-Última década: Morte Celular Programada está entre os principais tópicos da


Ciência moderna, conferindo prêmios Nobel a pesquisadores como Robert Horvitz
em 2002, devido sua relação com o câncer e doenças degenerativas e auto-imunes.

-Perspectiva: -Conhecimento dos componentes e regulação do processo de morte


celular pode ser usado em prol da cura de doenças – Através de Terapia gênica ou
outro tipo de terapia direcionada a um alvo molecular específico.
Morte Celular Fisiológica (Programada) ou Acidental (Necrose)

-Nem todas as MC são fisiológicas,


-injúrias químicas e físicas (necrose)
-necrose = morte celular acidental caracterizada por desequilíbrio
osmótico e “inchaço” celular culminando no rompimento da células
-liberação do conteúdo celular para o meio extracelular provocando
inflamação
-acredita-se que nenhum programa genético seja ativado nesse processo.

-Morte Celular Fisiológica (Programada)-MCP.


-Processo fisiológico que envolve a ativação e repressão de genes
específicos.
-Possui vias distintas de ativação.
-Alterações morfológicas dinâmicas características que envolvem a
participação ativa de um número gigantesco de proteínas.
-MCP não induz respostas inflamatórias.
Alterações morfológicas típicas da necrose ou apoptose
Necrose

Apoptose
Principais tipos de MC
Apoptose - células isoladas
Autofagia – Lisossômica – elimina orgãos ou tecidos inteiros

Apoptose: Mais estudada, apresenta morfologia característica envolvendo alterações


citoplasmáticas e nucleares tais como:
-Compactação da cromatina
-Distribuição periférica da cromatina
-Diminuição dos volume celular (núcleo e citoplasma)
-Alterações de Membrana (forma e composição)
-Fragmentação da célula em vesículas revestidas por membranas (corpos
apoptóticos)
-Fagocitose dos corpos apoptóticos por células vizinhas (nem sempre macrófagos
profissionais)
-Não indução de Inflamação

Autofagia: (durante a metamorfose de insetos)


Funções e contexto Biologico
-Na formação de Estruturas:
-Formação dos dedos dos pés e mãos, (morte celular programada das membranas interdigitais de
mamíferos
-Formação do tubo neural (invaginação)
-Formação do Palato (evaginação)
-Coração
-Retina
-Na Eliminação de estruturas (tecidos inteiros)
-Eliminação da cauda de girinos (anfíbios)
-intestino de anfíbios.
-Tecidos larvais em Insetos (metamorfose)
-Tecido mamário
-No controle das populações celulares
-Neurônios
-músculo de camundongos,
-formação do olho (células pigmentares)
-resposta á estímulos tróficos (atresia folicular)
-Na eliminação de células anormais
-células contendo mutações (tumores)
-Danos irreparáveis ao DNA
-células diferenciadas erroneamente (clones de Linfócitos auto-reativos desenvolvidos no
timo).
-Atrofias e Regressão de Hiperplasias Não ligado ao
-Isquemias (hipóxia) “… melhor morto que defeituoso…” desenvolvimento
-Radiação, Mutagênese química
-Infecção viral
Importância da Morte Celular Programada no
desenvolvimento embrionário em anfíbios
Exemplos da importância da Morte Celular Programada
no desenvolvimento embrionário em mamíferos
Morte Celular Programada atua na formação e
manutenção tecidual durante toda a vida do indivíduo
REUTILIZAÇÃO DO MATERIAL CELULAR
Maquinaria da morte celular e sua regulação

A cascata das caspases

A maquinaria molecular
central da apoptose
Maquinaria da morte celular e sua regulação
Apoptose --- Via extrínseca
Maquinaria da morte celular e sua regulação

Apoptose --- Via intrínseca papel chave da mitocôndria


Morte via mitocondrial – necrose e apoptose

Green, Cell 121:671, 2005


A via intrínseca da apoptose

BH3-only
Citocromo c mutante K72A preserva a atividade transferência de
elétrons, mas perde sua função ligante de Apaf1
Citocromo c mutante K72A preserva a atividade de transferência
de elétrons, mas perde sua função ligante de Apaf1
Maquinaria da morte celular e sua regulação

Conceito chave

A apoptose é o destino automático de uma célula em um organismo


multicelular...
...a menos que a célula receba sinalização
por fatores tróficos (ou de sobrevivência)

Em outras palavras: Todas as células necessitam de ESTÍMULOS


TRÓFICOS para sobreviverem, na ausência desses fatores cometem
suicídio.

Interações diretas entre proteínas pró-apoptóticas e


anti-apoptóticas desencadeiam a apoptose na ausência
de fatores de sobrevivência.

A ligação desses fatores na superfície celular altera


tais interações resultando em sobrevivência celular.
As moléculas pró-apoptóticas BH3-only munição pronta
para disparar em resposta a sinais específicos do
desenvolvimento ou injúria celular

O que previne o disparo?


Motores moleculares Proteínas adaptadoras
Autoinibição

1991 Puthalakath et al., 2001

microtúbulos+DLC1+Bim
MV+DLC2+Bmf
A família de proteínas Bcl2: uma classe pró-
sobrevivência e duas classes pró-apoptóticas
Membros da família Bcl-2 – uma nova divisão na
subclasse BH3-only (ativadores** e
sensibilizadores*)
Letai, Drug Discovery Today 2:145, 2005

**

*
A perda de um único alelo de Bim previne o retardo no
crescimento e a morte prematura em camundongos
deficientes de Bcl2...

4 semanas

... Mas...Portanto,
não previne aa homeostase tecidual depende
...porém a remoção
mortedo dosperfeito
melanócitosequilíbrio entre moléculas próalelos
e de
dos dois
que ocorre no segundo
anti apoptóticas! Bim previne 90%
ciclo de crescimento dos
da morte dos
folículos pilosos... 8 semanas precursores dos
melanócitos
foliculares...

Bouillet et al. Dev Cell 2001


Apoptose X Sobrevivência
Dois modos pelos quais fatores de
sobrevivência celular suprimem apoptose
Ciclo Celular (proliferação) X Morte Celular.

-Ainteração entre esses dois processos é determinante para manutenção do número


adequado de células num tecido e além disso, controla a diferenciação.
-Os mesmos receptores de morte (death receptors) são também usados na ativação de
proliferação celular em linfócitos T e B
-Flip-uma proteína similar a caspases cumpre uma função de “chave liga-desliga”
induzindo a escolha por proliferação celular na presença de IL-2.
-Essa decisão de Morte ou Proliferação ou Quiescência é tomada em um ponto específico
do ciclo celular: PONTO DE CHECAGEM

-Nono
Parada Ponto de checagem de G1 levando-se em conta vários fatores do ambiente e moléculas
ciclo
sinalizadoras e a própria célula, é tomada a decisão por seguir um dos três caminhos.
Apoptose
-Em casos de dano no DNA ou excesso de estímulo mitogênico, a proteína p53 tem papel
senescência
chave --- parada no ciclo celular e/ou apoptose.
-Células cancerosas fogem a esse controle por conterem mutações nessas proteínas.
Portanto demonstrando que o conhecimento da MCP e sua interação com o ciclo celular
são importantes na tentativa de se criar tratamentos eficazes para patologias importantes
como Câncer e doenças degenerativas e auto-imunes.
Doenças X MCP
-A má regulação da MCP, tanto a ativação quanto repressão errônea podem levar a sérios danos ao
organismo:

Tumorigênese: defeitos em proteínas importantes do ciclo celular ex: Mdm2 e p53 permitem o
rompimento de checkpoints e a proliferação desordenada câncer.
-Mesmo na ausência de sinais de crescimento. Essas células também não apresentam
sensibilidade a sinais inibitórios ou mesmo a citotoxidade de células imunes.

Câncer = estímulo/dano (p53/Mdm2) + altos níveis de Bcl-2/Bax (antiapoptóticos) tolerância a quimioterapia

Doenças degenerativas ( Alzheimer)

-Alzheimer- afeta milhões de pessoas somente nas américas com maior incidência na América do Norte (~4 milhões de
pessoas)
-Indivíduos apresentam diminuição de sinapses, formação de placas senis formada pela agregação de pequenos
peptídios de 39 a 43 aa, peptídeo β-amiloide circundados por neuritos distróficos).
-O acúmulo dos peptídeo β-amiloides é o fator central para o desenvolvimento da doença de Alzheimer, juntamente
com sua associação a radicais livres dispara processos de stress oxidativo (peroxidação de lipídeos). A oxidação de
lipídeos os torna componentes altamente reativos com aminoácidos promovendo então alterações conformacionais em
um grande número de proteínas alterando metabolismo celular e induzindo a morte celular Neuronal

Doenças Auto-imunes
Defeitos no reconhecimento do self/non-self devido a falta de MCP de clones de células auto-reativas com tecidos do
organismo. (lupus eritematoso)
Estímulo mitogênico excessivo leva a
parada em G1 ou Apoptose

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