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Análise de dados

(dados de natureza qualitativa)


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Mestrado em Educação

João Filipe Matos

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Algumas questões analíticas presentes durante a
recolha
• questões relativas ao tópico em estudo
• outras:
- o que parece estranho?
inesperado?
puzzling?
- que tipo de análise parece ser necessária?
- o que parece definitivamente falso acerca do fenómeno
neste momento?
- o que é que provavelmente acontecerá nos próximos
dias/semanas?
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Sugestões
• iniciar a parte empírica com (algumas) questões concretas
em mira
• se as questões estão ainda nebulosas, procurar clarificá-las à
medida que o trabalho decorre
• formular muitas questões tende a gerar dispersão e
dificuldades de aprofundamento
• em geral é mais produtivo elaborar um esquema conceptual
depois de formular questões do estudo (mesmo que numa
versão inicial)
• avaliar a possibilidade de investigar as questões formuladas
no tempo útil disponível e com a abordagem que foi
definida
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• manter as questões do estudo presentes e procurar
reformulá-las e aperfeiçoá-las durante a recolha de
dados
• começar intuitivamente; centrar no núcleo das questões
e partir daí para a definição do âmbito e limites do
estudo
• definir a unidade de análise tão cedo quanto possível
• os dados não são recolhidos; são construídos em co-
autoria pelo investigador e pelos participantes
• lembrar que nunca há tempo suficiente para nenhum
estudo

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Guião para notas acerca de uma pré-
análise dos dados
1. temas principais; impressões; resumo das opiniões acerca do que se
passa no fenómeno em estudo
2. explicações; especulações; hipóteses
sobre o que se passou
4. próximos passos para a (eventual) recolha de dados
- questões analíticas emergentes
- acções específicas a realizar
- direcções a seguir
5. implicações para revisão de processo de análise

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Perguntas típicas no arranque da
análise
• É PRECISO ANALISAR TODOS OS DADOS?
• O QUE É QUE É RELEVANTE NOS DADOS?
• O INTERIM REPORT
- revisão dos resultados
- questão da qualidade dos dados que os suportam
- agenda para (eventual) nova fase de recolha

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O que é a análise?

• envolve a definição de categorias conceptuais,


tipologias, que interpretam os dados para o leitor
• as categorias são conceitos indicados pelos dados
— não são os dados propriamente ditos
• as propriedades descrevem uma categoria
• hipóteses, laços, ligações entre categorias e
propriedades

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Processo de análise
• gerar questões analíticas numa primeira fase
- são questões eventualmente mais distantes das questões do
estudo mas próximas de conceitos ou conduzindo a
conceitos associados
• as questões analíticas ligam-se a conceitos —
caracterizáveis com propriedades
• a ligação/articulação dos conceitos constitui a teoria
substantiva

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Donde vêm as categorias?

• pedir emprestado a outros estudos (teóricos e/ou


empíricos)
• categorias emergentes
• a importância dos nomes das categorias

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Como se desenvolvem as categorias?
• contagem (frequências)
• encontrar regularidades
• avaliar a plausibilidade
• agrupar coisas que parecem semelhantes segundo um dado
critério (clustering)
• construir metáforas

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• separar variáveis
• subsumindo coisas particulares no geral
- isto é uma instância de quê?
- pertence a uma classe mais geral?
• factoring - colocar hipóteses de que factos ou palavras
aparentemente díspares têm algo em comum ou são algo
em comum
• identificar relações entre variáveis
• identificar variáveis intervenientes
• construir cadeias lógicas de evidência — integração de
categorias e hipóteses

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Como se desenvolve a teoria substantiva?

• especulação (chave para desenvolver teoria)


envolve jogar probabilisticamente com as ideias,
projectar o futuro
• O método:
- envolve distribuição <-----> duplicação
- tendo preocupação com:
convergência — o que é que encaixa?
divergência — definição de categorias e
subcategorias 12
Dificuldades mais correntes na análise

* os dados não respondem


- LEITURA
- o flip-flop
* tudo parece superficial
- a bandeira vermelha
* problemas na organização das categorias
- codificação axial (através de uma modelo paradigmático), como por
exemplo:

condições causais  fenómeno  contexto  condições de


intervenção  estratégias de acção 
 consequências
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Mais sugestões
• não deixar os dados acumular sem uma análise preliminar
• ir organizando os dados à medida que vão sendo recolhidos
• gerar conceitos e categorias á medida que os dados vão
sendo recolhidos e revê-las frequentemente: é melhor ter
categorias a mais do que a menos
• indexar e codificar os dados de forma densa; não tentar
sumarizar os dados sob um número muito pequeno de
tópicos
• distribuir (por multiplicação) os dados por dossiers

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“redução dos dados”

(REDUÇÃO ou condensação ou organização da


informação)
- realizada durante e depois do processo de recolha
- faz parte da análise
- trata-se de escolhas analíticas
- não se trata necessariamente de quantificação
(seleccionar, simplificar, abstrair, transformar)

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Apresentação dos dados (data display)

(inclui organização e exposição)

- toma a forma de texto


- faz parte do processo de análise

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Resultados e Conclusões
elaboração de resultados e discussão

- O que conta como evidência dos resultados?

- Como fazer extracção de conclusões (finais)?

- A resposta às questões de investigação?

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Mais sugestões:
• parar para pensar para onde vai a análise
• escrever frequentemente memórias analíticas (o que estou
a fazer, porquê estou a fazer, o que se vai seguir,...)
• cada vez que se tomar uma decisão, escrevê-la e colocá-la
no dossier da metodologia
• fazer o máximo por apreciar todo o processo
• ler o trabalho de outros (fonte de ideias, modelos,
paralelos, contrastes, metáforas,...)
• ler a literatura de natureza metodológica com propósitos
específicos e torná-la rentável

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Duas posturas

• Investigação sobre sujeitos

• Investigação com informantes / participantes

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1. O que é que eu sei sobre o problema que me
permitirá formula r e testar uma hipótese?
2. Que conceitos posso utilizar para testar essa
hipótese?

1. O que é que os meus informantes sabem sobre a


sua cultura que eu poderei descobrir?
2. Que conceitos usam os meus informantes para
organizar a sua experiência?

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3. Como posso definir esses conceitos
operacionalmente?
4. Que teorias explicam os dados?

3. Como é que os meus informantes definem esses


conceitos?
4. Que teorias naturais é que os meus informantes
usam para explicar e organizar a sua experiência?

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5. Como é que posso interpretar os resultados e
relatá-los na linguagem (académica) dos meus
colegas?

5. Como é que posso traduzir o conhecimento


cultural dos meus informantes numa descrição
analítica que a cultura (académica) dos meus
colegas entenda?

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Meta-teoria

metodologia

dados métodos

fenómeno teoria

(Adaptado de Winegar & Valsiner, 1992)


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Relação entre teoria e fenómeno
problemas…
• Fusão
– entre dados e fenómeno
– entre teoria e métodos (de análise)

• Autonomia
– entre dados e fenómeno
– entre teoria e métodos (de análise)

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• Equacionar a investigação como recolha de
dados promove o isolamento desse nível de
trabalho em relação aos outros níveis da
prática de investigação

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• Dificulta ou impede que se passe para níveis
conceptualmente mais exigentes

• A recolha de dados desenvolve-se


independentemente do restante trabalho não
usufruindo das vantagens que tem essa ligação

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• A metodologia deve referir-se ao processo de
desenvolver métodos (de investigação) com
consideração explícita à teoria e ao fenómeno
• A metodologia torna-se num processo de
construir ligações entre
– teoria e métodos
– métodos e fenómeno

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Qualquer resultado em investigação é relativo a
uma problemática, ao esquema teórico no qual
se baseia directa ou indirectamente, e à
metodologia através da qual foi obtido

(Sierpinska, Kilpatrick & Balacheff, 1993)

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