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LOUCURA

O QUE É LOUCURA ?
 Dicionário Houssais – pode ser definida como
distúrbio ou alteração mental caracterizada pelo
afastamento do indivíduo de seus métodos habituais
de pensar, sentir e agir.
 A loucura ou insânia pode ser:
• Uma condição da mente humana caracterizada por
pensamentos considerados "anormais" pela sociedade.
• Resultado de doença mental, quando não é classificada
como a própria doença.
• Maneira diferente de ser julgado pela sociedade.

 Livro: “O que é Loucura?”


A Loucura
Angelo Bronzino
LOUCURA
 Ser louco faz parte de toda uma discussão que abrange
algumas ciências.
• Filosofia – esta condição depende da sociedade em que se vive,
do momento histórico e da cultura vigente. Loucura considerada
no Brasil pode não ser em um outra cultura diferente.
• Jurídica - insanidade mental acarreta aplicação de lei de modo
diferenciado. Sendo a relação com a lei estabelecida pelo “louco”d
diferente que a estabelecida pela pessoa “normal”, as sanções
devem ser aplicadas considerando esses aspectos. Insanidade
revoga obrigações legais e até atos cometidos contra a sociedade civil
com diagnóstico prévio de psicólogos, julgados então como insanidade
mental.
• Medicina – Psiquiatria: loucura é resultante de alguma doença
mental. Nessa visão fica implícito a distinção do normal e do
patológico, com determinadas características. Loucura é
diagnosticada por profissionais e tratamento está baseado na
supressão dos sintomas e na contenção do paciente que se
encontra em surto.
LOUCURA
• Psicanálise: loucura não parte
do pressuposto da divisão
entre o normal e o patológico
como campos distintos. Freud,
afirma que a loucura faz parte
de cada um de nós e está de
certa maneira no inconsciente
e os loucos são aqueles que
não resistiram a uma luta que é
constante à todos nós na
relação com o que e
inconsciente. Loucura, delírio,
alucinações, são elementos
que são bastante valorizados
para o trabalho.

Freud
LOUCURA
 Psicose: é um termo psiquiátrico genérico que se refere a um estado
mental no qual existe uma "perda de contacto com a realidade".
Neurose: criado pelo médico escocês William Cullen em 1769 para
indicar "desordens de sentidos e movimento" causadas por "efeitos
gerais do sistema nervoso".
• Piromania: consiste no desejo mórbido e incontrolável de provocar incêndios
ou de atear fogo às coisas.
• Tricotilomania: impulsos de arrancam os fios de cabelo para controlar a
ansiedade e o nervosismo.
• Cleptomania: a pessoa começar a roubar coisas sem valor.
• Transtorno Obsessivo-Compulsivo ("TOC"): é um comportamento
consciente e repetitivo, como contar, verificar ou evitar um pensamento que
serve para anular uma obsessão.
• Histeria: é uma neurose complexa caracterizada pela instabilidade emocional.
Os conflitos interiores manifestam-se em sintomas físicos, como por exemplo,
paralisia, cegueira, surdez, etc
• Fobia: é o temor ou aversão exagerada ante situações, objetos, animais ou
lugares.
O Grito - Munch
LOUCURA
 Transtorno Afetivo Bipolar (TAB): As pessoas alternam ciclos mais
ou menos graves de depressão e humor exaltado. Podem existir ou
não características psicóticas, dependendo da intensidade do
distúrbio, tratamento e evolução.
 Esquizofrenia: alterações do pensamento, alucinações (sobretudo
auditivas), delírios e embotamento emocional com perda de contacto
com a realidade, podendo causar um disfuncionamento social crónico.
• Paranóide: dominado por um delírio paranóide relativamente bem organizado.
• Desorganizado: em que os sintomas afectivos e as alterações do pensamento
são predominantes. As ideias delirantes, embora presentes, não são
organizadas. Existe um contacto muito pobre com a realidade.
• Catatônico: alterações da atividade, que podem ir desde um estado de
cansaço e acinético até à excitação.
• Indiferenciado: social marcado e uma diminuição no desempenho laboral e
intelectual.
• Residual: nesta forma existe um predomínio de sintomas negativos, os
doentes apresentam um isolamento social marcado por um embotamento
afectivo e uma pobreza ao nível do conteúdo do pensamento.
SIGNIFICADOS AO LONGO DOS
TEMPOS
 As significações da loucura mudaram ao longo da história. Na visão de Homero, os
homens não passariam de bonecos à mercê dos deuses e teriam, por isso, seu
destino conduzido pelos "moiras", o que criava uma aparência de estarem
possuídos, ao qual os gregos chamaram "mania".
 Para Sócrates, este fato geraria quatro tipos de loucuras: a profética, em que os
deuses se comunicariam com os homens possuindo o corpo de um deles, o
oráculo. A ritual, em que o louco se via conduzido ao êxtase através de danças e
rituais, ao fim dos quais seria possuido por uma força exterior. A loucura amorosa,
produzida por Afrodite, e a loucura poética, produzida pelas musas.
 Philippe Pinel, alterou significativamente a noção de loucura ao anexá-la à razão.
Ao separar o louco do criminoso, afastou o aspecto de julgamento moral que
constituía até então o principal parâmetro da definição da loucura, escreve o
médico e psiquiatra Márcio Peter de Souza Leite, membro da Escola Brasileira de
Psicanálise, em "A psicose como paradigma", para a revista Viver Mente e Cérebro,
nº 4, páginas 30 a 35.
 Hegel afirmou que a loucura não seria a perda abstrata da razão: "A loucura é um
simples desarranjo, uma simples contradição no interior da razão, que continua
presente". A loucura deixou de ser o oposto à razão ou sua ausência, tornando
possível pensá-la como "dentro do sujeito", a loucura de cada um, possuidora de
uma lógica própria. Hegel tornou possível pensar a loucura como pertinente e
necessária à dimensão humana, e afirmou que só seria humano quem tivesse a
virtualidade da loucura, pois a razão humana só se realizaria através dela.
SIGNIFICADOS AO LONGO DOS
TEMPOS
 Após a década de 1960 loucura passou a ser sinônimo de "rebeldia", de
"transgressão", de "porralouquice“. Havia até um certo prazer em se auto-
denominar ou se exibir como louco, diferente, extravagante, rebeldes, etc.

 “Loucos-artistas", a associação entre a loucura e a “arte", a contemplação


estética burguesa, de vanguardas européias criando o estranho para chocar e
para escandalizar, ou mesmo para se expressar existencialmente. –
MOVIMENTO MODERNISTA

 Ideologias intelectuais e humanistas – ver no louco um ser de valor cultural.


Loucos trancados no hospício ou lugares similares – aulas de pintura.

 O normal tornou real por muito tempo a marginalização e o trancafiamento


excludente de pessoas que transgrediam uma ordem psíquica, que viviam em
uma outra realidade. A loucura deveria ser isolada do mundo real.
MICHEL FOUCAULT
 Filósofo e Professor. Suas obras - situam-se
dentro de uma filosofia do conhecimento.
 Trabalha com o tema poder, rompendo com
as concepções clássicas deste termo.
 Para ele, o poder não pode ser localizado em
uma instituição ou no Estado. O poder não é
considerado como algo que o indivíduo cede
a um soberano (concepção contratual
jurídico-política), mas sim como uma relação
de forças. Ao ser relação, o poder está em
todas as partes, uma pessoa não pode ser
considerada independente delas.
 Para Foucault, o poder reprime e produz
efeitos de verdade e saber, constituindo
verdades, práticas e subjetividades.
MICHEL FOUCAULT
 Para analisar o poder, Foucault
estuda o poder disciplinar e o
biopoder, e os dispositivos da
loucura e da sexualidade. Para
isto, em lugar de uma análise
histórica que não busca uma
origem única e causal, mas que
se baseia no estudo das
multiplicidades e das lutas.
 História da Loucura - segue
uma linha estruturalista - é uma
corrente de pensamento nas
ciências humanas que se
inspirou do modelo da
lingüística e que apreende a
realidade social como um
conjunto formal de relações.
História da Loucura
1º Capítulo: Stultifera Navis
19 000 leprosários na Europa.
Final da I.M: lepra desaparece do mundo ocidental.
“E por mais que estejais separado da Igreja e da companhia dos Sãos, não
estarás separado da graça de Deus”.
Desaparecida a lepra, as estruturas de exclusão permanecem.
Pobres, vagabundos, presidiários e “cabeças alienadas”.
1ª Substituição: Doenças Venéreas. Tratamento.
Verdadeira herança da lepra: a loucura.
Renascença: Figura mais simbólica – Nau dos Loucos (Narrenschiff)
Nuremberg: 1ª metade séc. XV – 62 loucos; 31 embarcados.
Apenas os estrangeiros.
Nau dos loucos: naus de peregrinação; jogados na prisão.
Signo: partida do louco que se inscreve nos exílios rituais.
Loucura como discurso – imaginação do homem ocidental.
História da Loucura
1º Capítulo: Stultifera Navis
 Classicismo:
 1º. Loucura passa a ser considerada e entendida
somente em relação à razão
 2º. loucura só passa a ter sentido no próprio campo da
razão, tornando-se uma de suas formas
 Metade séc. XVII – Ligação entre loucura e internamento.
• Internamento: estrutura mais visível e escândalo no séc.
XIX.
• Foucault: atenção na racionalidade do internamento
 Estrutura semijurídica
História da Loucura
1º Capítulo: Stultifera Navis
 “Se o louco era, na Idade Média, considerado
uma personagem sagrada era porque, para a
caridade medieval, ele participava dos
obscuros poderes da miséria. A partir do
século XVII, a miséria é encarada apenas em
seu horizonte moral e, assim, se antes o louco
era acolhido pela sociedade, agora ele será
excluído, pois ele perturba a ordem do espaço
social.”
História da Loucura
1º Capítulo: Stultifera Navis
 “Se a prática do internamento é reduzida cada vez mais ao âmbito das
faltas morais, dos conflitos familiares, da libertinagem, ela permanece
ativa exclusivamente para os loucos. Nesse momento, a loucura
assume a posse do internamento, ao mesmo tempo em que ele se
desvencilha das suas outras formas de utilização. É nesse quadro
que, ao final do século XVIII, aproximam-se duas figuras que tinham
permanecido por muito tempo estranhas uma a outra: o pensamento
médico e a prática do internamento. Essa aproximação não aconteceu
devido a uma tomada de consciência de que os internos eram
doentes, mas por um trabalho violento que se realizou através de um
defrontamento entre o velho espaço de exclusão, homogêneo e
uniforme e esse espaço social da assistência que o século XVIII
fragmentou. Com a vitória desse último, a loucura ganha um estatuto
público e o espaço do confinamento é criado para garantir a
segurança da sociedade contra os seus perigos.”
NIETZSCHE
ANTONIN ARTAUD
QORPO SANTO
• José Joaquim Leão, natural da vila do Triunfo, interior
do Rio Grande do Sul, vai para Porto Alegre em 1840.
• Ao escrever sua Ensiqlopédia ou seis mezes de huma
enfermidade, parece manifestar os primeiros sinais de
seus transtornos psíquicos, rotulados então sob o
diagnóstico de “monomania”, sendo afastado do ensino e
interditado judicialmente a pedido da própria família.
• QS não aceita pacificamente este seu enquadramento
psiquiátrico, recorrendo ao Rio de Janeiro, sendo
examinado então por médicos daquela capital, que
diferem do diagnóstico inicial e não endossam sua
interdição judicial.
• Autor se vê cada vez mais isolado. Este isolamento
social parece incitá-lo a escrever febrilmente, e o leva
ademais a constituir sua própria gráfica, na qual viabiliza
e edita sua produção textual.
Hieronymus Bosch
A extração da Pedra da Loucura
Bosch
A nau dos loucos.
DISCUSSÃO ÉTICA
 ARTISTA LOUCO x LOUCO
ARTISTA

 ÉTICA – PRISÃO COMUM;


MANICÔMIO
Reforma psiquiátrica
O MOVIMENTO
ANTIMANICOMIAL
 Conhecido como Luta
Antimanicomial, se refere a um
processo mais ou menos
organizado de transformação
dos Serviços Psiquiátricos,
derivado de uma série de
eventos políticos nacionais e
internacionais. O termo
costuma ser usado de modo
generalizante e pouco preciso.
 Não basta afastar os “loucos”
excluindo-os do trabalho, da
escola, convivência familiar.
Deve-se integrados, como
tentativa de cura, já que
expressam a subjetividade.
 A loucura sempre fez e fará “De medico e louco todo mundo tem um pouco"
parte da vida humana, sendo
uma propriedade desta.
O MOVIMENTO
ANTIMANICOMIAL
 18 de maio: Dia Nacional da Luta Antimanicomial - Movimento que questiona a
ineficácia e o devastamento psíquico das sucessivas internações psiquiátricas
de pessoas com transtorno mental em instituições tradicionais. Atualmente a
política de atenção à saúde mental avançou para a efetivação de estratégias
que possibilite ao usuário do Sistema Único de Saúde uma terapêutica não
segregadora.

 A consolidação dos CAPS(Centro de Atenção Psicosocial), a possibilidade de


pessoas conviverem em Residências Terapêuticas, a inserção da saúde
mental na atenção básica e a convivência em sociedade, traz uma nova
perspectiva de resgate da cidadania e de aparecimento do sujeito, que foi por
muito tempo tolhido e anulado.

 A louca realidade passou a ser questionada. O reconhecimento da palavra do


sujeito delirante, que busca sua estabilização e a superação dos muros quase
inalcançáveis dos hospícios, são avanços que marcam um novo olhar, uma
nova prática, um princípio de realidade que se transforma.
FILMES
 Bicho de Sete cabeças;
 Documentário Estamira;
 Arquitetura da Destruição;
 Garota interrompida;
 Um estranho no ninho;
REFERÊNCIAS
 FRAYZE PEREIRA, João Augusto. O QUE É LOUCURA. São
Paulo : Brasiliense, 1984.

 FOUCAULT, Michel. HISTÓRIA DA LOUCURA. São Paulo:


Perspectiva, 1993.

 Disponível em: <http://www.overmundo.com.br/overblog/estamira-e-a-


loucura-ou-o-que-e-a-loucura> Acesso em: 19 jun 2008

 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Loucura>Acesso em: 19


jun 2008

 Disponível em: <http://www.palavraescuta.com.br/perguntas/o-que-e-


loucura>Acesso em: 19 jun 2008

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