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Universidade Aberta, MSVP – 2010-2012

Relações Interpessoais e Contextos Educativos


Docentes: Profªs Ivone Gaspar e Luísa Aires

CONFLITO E BULLING, EM CONTEXTO


EDUCATIVO

Equipa E, maio de 2011: Alda Viola e Isaura Ventura


Uma professora da Escola EB 2,3 de Jovim, Gondomar foi vítima de um
ataque brutal. Um aluno de 16 serviu-se de murros, estaladas e pontapés
para realizar a agressão. A professora teve mesmo que receber tratamento
hospitalar em São João, no Porto, devido a lesões numa perna e num olho.
(2008) In,
http://dementia.pt/professora-violentamente-agredida-por-aluno /
Este álbum de fotografias contém
páginas de exemplo que servem de
introdução.

Para adicionar as suas próprias


páginas, clique no separador Base
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Novo Diapositivo.

João, 12 anos de idade: Certo dia, depois de ele ter tido um comportamento
ainda mais estranho, resolvi ler as mensagens. Deparei-me com uma conversa
dele com uma amiga onde ele dizia que estava a viver um verdadeiro inferno na
escola, onde dizia que apanhava pancada todos os dias de um brutamontes de
1, 70 metros de altura. (2006)
In http://www.jn.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=551890
Quando nos propomos a produzir
mudança é necessário intervir a
diferentes níveis envolvendo todo
o sistema solar.
Costa & Matos (2007:90)
O conceito de sistema é definido em
(Costa & Matos, 2007, p.13 citando
Bertalanffy, 1975) por “um conjunto de
elementos em interacção entre si o meio.
Conflito
Sinónimos nos dicionários: luta, choque, altercação, desordem,
oposição, conjuntura, momento de crise, prudência...

Kurt Lewin define-o como a convergência de forças de sentidos


opostos e igual intensidade.

Processo que se inicia quando um indivíduo ou um grupo se sente negativamente


afectado por outra pessoa ou grupo (De Dreu, 1997, p. 9) ou divergências de
perspectivas, percebida como geradora de tensão por pelo menos uma das partes
envolvidas numa determinada interacção e que pode ou não traduzir-se numa
incompatibilidade de objectivos (De Dreu&Weingart, 2002; Dimas, Lourenzo e &
Miguez, 2005). 

Costa & Matos (2007:75) o conflito resulta de uma percepção divergente de


interesses, visões ou objectivos Deutsch (1973) e de preferências opostas
Carnevale & Pruitt (1992); da crença de que os objectivos actuais das partes
envolvidas não podem ser atingidos em simultâneo. Rubin, Pruitt & Kim (1994)
O bulling é, uma expressão de origem inglesa, sem tradução direta para o português.

A tradução mais próxima do termo é "valentão", o que nos remete para a


ideia de "grande", de "poder", de "superioridade", de "força" e "domínio.

Consiste na violência física e/ou psicológica consciente e intencional exercida por


um indivíduo ou um grupo sobre outro indivíduo, ou grupo, incapaz de se defender
e que, em consequência de tal agressão, fica intimidado, podendo ver afectadas as
respectivas segurança, auto-estima e personalidade.
Alexandre Ventura

O bulling pode marcar a personalidade de uma pessoa levando a uma


diminuta capacidade de comunicar.

A
A primeira
primeira pessoa
pessoa a a estudar
estudar o
o bulling
bulling foi
foi o
o Professor
Professor Dan
Dan
Olweus,
Olweus, da
da Universidade
Universidade de
de Bergen
Bergen (1978
(1978 a
a 1993),
1993), na
na Noruega.
Noruega.
Violência escolar
Termo complexo que comporta ambiguidades e contradições

No léxico: qualidade de violento; ato violento e de violentar;


constrangimento físico ou moral; uso de força; coação. Ferreira,
1999:2.076)

Violência:
Violência escolar explícita ou
simbólica, segundo Debarbicux
(1997:87) caracteriza-se como todo o
- Produto da cultura;
- Intencionalidade racional de
ato que impede, em sentido amplo, o
agredir;
pleno desenvolvimento dos atores
sociais, aí presentes. A violência (poderá ser caracterizada) pela
intencionalidade, ou seja, uma ação
agressiva passaria a ser considerada como
violenta quando fosse fruto de um projeto
voluntário. Costa (1984:30)

Violência vem do latim “violentia”, que significa violência, carácter violento ou bravio, força. O verbo
“violare” significa tratar com violência, profanar, transgredir. (…) Mais profundamente, a palavra “vis”
significa a força em ação, o recurso de um corpo para exercer a sua força e portanto potência, o valor, a
força vital. (Michaud ,1989, p.8, citado em Lopes & Gasparin, 2003, p. 296)
SILÊNCIO
A gestão do conflito que
Os autores Costa & Matos se revela necessária,
(2007:75) adiantam que é podendo passar pela
um processo que começa negociação ou por
quando um dos elementos outras estratégias, e
percepciona que o outro não a sua
frustou, ou está prestes a eliminação (Carvalho
frustar o seu objectivo, Ferreira, Neves e
preocupação, Caetano, 2001; Rahim,
ideia... Sanson&Bretherto 2001, p. 296)
n (2001)

A história evolutiva das Numa situação de


teorias sobre o conflito conflito do tipo ganhar -
revelam ser necessário para perder pode deixar
a evolução e ressentimentos e
desenvolvimento de pessoas influenciar ou dificultar
e organizações, tem efeitos futuras
negativos e positivos e de negociações(Chiavenato,
acordo com Likert&Likert 1999; Caetano e Vala,
(1976) uma organização 2000). 
democrática aberta oferece
melhores e mais
positivas maneiras de o
enfrentar.
O educador social é um profissional que pode agir e interactuar na prevenção e
resolução dos problemas de violência. Como "profissional híbrido" (Fermoso,
1998:93), pode actuar de diferentes formas, designadamente com a família, com
as crianças ou jovens, no meio onde se registem focos de violência e mesmo na
escola como elemento mediador.
Azevedo (2004) disponível em
http://br.monografias.com/trabalhos/violencia-nas-escolas/violencia-nas-escolas.shtml

Ser professor implica um 


corpo – a - corpo permanente 
com a vida dos outros 
e com a nossa própria vida.

Antonio Nóvoa
O CONFLITO
O conflito não é apenas inevitável, ele representa a natureza das organizações complexas,
(…) (Não) significa a rutura de um sistema intencionalmente cooperativo antes é central
ao que uma organização é. (Putnam, 1997, p.148)

A visão mais comum do conflito sustenta que esse deva ser evitado; de entre outros
motivos por induzir disfunção (Pereira & Gomes, 2007, p.2) nas organizações, causar
danos inultrapassáveis na comunicação, impedir ou afetar a comunicação interação.

O conflito afeta o desempenho individual e grupal, quer pelo lado positivo quer pelo
negativo.

O conflito está associado a uma maior inovação e a relações interpessoais mais eficazes.
(Tjosvold, 1997 citado em Meintyre, 2007, p. 295)

A escola do pensamento das Relações Humanas sustenta que o conflito é natural, é


inevitável e pode ser mesmo uma força positiva para o desenvolvimento; tem por
argumento a visão interacionista que algum tipo de conflito é necessário para a eficácia
do grupo ou da organização.

Segundo Johnson e Johnson (1995) os conflitos nas escolas podem ser:

Controvérsia Conflito de interesses


Conflito conceptual Conflito desenvolvimental
Esquema “teorias do Conflito”

http://geoplanet221.blogspot.com/2009/06/teoria-do-conflito.html
O conflito e as estratégias de gestão
Uma das estratégias mais preconizadas para a resolução de conflitos tem sido
a mediação de pares. (Menezes, 2003 citado em Costa e Matos 2007, p.76)

No campo das definições equivalem os programas de mediação de pares ao


treino de alunos como interventores neutros na ajuda a outros alunos para a
resolução de disputas interpessoais. (Jones & Brinkman, 1994 citado em Costa e Matos,
2007, p. 77)

Johnson e Johnson (cf.2002:55-56) indica 5 outras estratégias: negociaciones, suavizar, actitud de fuerza,

transigência recíproca e repliegue”. Pacheco, Florinda (2006:59)

Alunos
negoceiam;
Mediação Alunos
escolar: medeiam;
(Johnson e Johnson, 2002, p.72 citado
em Pacheco, Florinda, 2006, p.60)

Contexto de Programa de Alunos


resolução de
cooperação conflitos arbitram
Mediação
- Processo voluntário de resolução de conflitos, a que se recorre especialmente quando há interesse que essa
ação surta efeitos para além do momento presente, que viabiliza a manutenção de relações interpessoais
pacíficas ou até mesmo amigáveis. Pacheco, Florinda (2006:57)

- Método consensual de solução de conflitos, que visa a facilitação de diálogo entre as partes, para
alcançar uma solução.

- Segundo Foucault, a experiência na mediação pode oferecer a possibilidade de retirar o sujeito de si


mesmo e acontecer para recriar, potencializar outras vivências e diferenças.

- A mediação não se preocupa com o litígio; objetiva ajudar os sujeitos envolvidos no conflito, a
redimensionar esse mesmo conflito

- Na mediação, a função do mediador é a de orientar a forma de discutir e abordar o conflito; a


responsabilidade do mediador é orientar como discuti-lo. (o problema conflitual) Juan Carlos Vezzula, Teoria
da Meditação, p.30.

Efeitos de mediação, em contexto educativo:

- Responsabiliza;
- Promove a cooperação cívica;
- Desenvolve o respeito pelas opiniões diferentes;
Conflito e a mediação entre pares, alunos
O espaço físico escolar é um espaço multicultural e de confluências sociais
diversas. O conflito surge, muitas das vezes, de uma comunicação “ruidosa”,
na sua interpretação. Latente ou ativo, o conflito apresenta múltiplas
motivações e manifesta-se de forma mais ou menos direta. Um dos espaços
escolares que gera, com relativa facilidade, tensões próprias de conflito de
interesses é a biblioteca e o objeto fulcral em causa é o acesso aos
computadores. Ainda que haja regulamentação e seja de seu conhecimento,
os alunos esgrimem-se entre si e os pares, usando dos mais variados
argumentos, para (re)ocuparem um qualquer lugar. Uma das estratégias
usadas, neste contexto, é a mediação entre pares.

Para ajudar a mediar os conflitos emergentes, principalmente em tempo de “intervalo”, foi solicitado a
ajuda/colaboração de outros alunos, de vários anos de escolaridade., para permitir o desenvolvimento nos alunos de
atitudes e competências (Costa & Matos, 2007, p. 90) e de acordo com o primeiro nível, o sistema de disciplina
(que) consiste nos programas de mediação de pares. (Idem:91) Segundo (Crawford & Bodine, 1997), nos alunos
mediadores, e particular, traduzem-se ao nível da auto-confiança, auto-estima, assertividade, e atitudes gerais
face à escola. Costa & Matos (2007:91)

Porém, como salientam os autores, Costa & Matos, mudar e alargar experiências sustentáveis e passíveis de ser
usadas em contexto extra-escolar requer a intervenção a outros níveis, que não apenas ao nível da disciplina. Os
programas de programas de mediação isolados não são suficientes para produzir a mudança desejável pelo que
deveremos intervir também a outros níveis. Costa & Matos (2007:91). Os outos níveis propostos pelos autores
Coleman e Deutsch (2001) são: currículo, pedagogia, cultura escolar e Comunidade.
Esquema conceitual: conflito e violência na Escola

http://violencia.pbworks.com/w/page/6978062/Mapas-conceituais
El discurso científico tiene como
finalidad difundir las teorías,
problemas, métodos, hipótese y
resultados de la investigación
científica para que sean parte de
laliteratura  de cada ciencia .

Tipos de texto
Clicar

Todo texto o discurso depende de las intenciones del emisor,


de la situación comunicativa que concreta una o varias
funciones del lenguaje.
Se a intenção for a de informar, predomina la intención
conativa o apelativa.
Martines (2008)
Considerações finais
Os fenómenos de bulling, violência escolar e conflito apresentam
características, origem, causas, interpretações e consequências
diferenciadas. Não constituindo esses fenómenos eventos específicos da
modernidade e da sociedade da comunicação, adquirem, por força dessa,
uma magnitude e visibilidade, outrora num domínio mais nebuloso e
próximo do oculto, perigo oculto, como poderá ser o cyberbulling, aqui
não abordado, ainda que presente. Porque os silêncios gritam!

A escola e os contextos educativos não são inócuos aos fenómenos de agressão e de


violência, seja física, verbal ou psicológica. Várias disciplinas têm estudado, (os
fenómenos) como a sociologia, a psicologia, a psiquiatria, a biologia e a antropologia.
Para Niehoff, a agressão é um comportamento adaptativo entendido como a utilização de
força física ou verbal em reação a uma perceção de ameaça. Sérgio (2009:19)
Comunicar é partilhar sentido (Pierre Lévy) e comportamento é uma comunicação
interpessoal que ocorre no social. A escola é um centro de aprendizagem e auto-
aprendizagem que só pode ser compreendida em um contexto social (Brandura) e não
poderá ser e continuar a ficar indiferente a um gesto, a uma palavra, a uma atitude,…
pronuncio de um qualquer tipo ou natureza manifesta de agressão.
A criança baseia o seu sentido de coerência, a sua
resiliência, enfim todas as suas forças, no modo como se
sente amada, se sente significativa, junto de quem com
ela se cruza (Gomes Pedro, 2005), daí a grande
responsabilidade de ser educador.
Oliveira, M. da Conceição e Isabel S. de Miranda Cunha (2007)”Infância e Desenvolvimento”.
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