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Recorte de Silhuetas
Como exercício de educação estética, irei me
concentrar em obras da artista cubano-
americana Ana Mendieta, mais especificamente
alguns trabalhos da série “Silhuetas”, que
realizou entre os anos de 1973 e 1983, em Iowa
(EUA) e no México.
Não abordarei a princípio dados biográficos. Permanecerei em
um território “apátrida” para que da mesma forma como
Mendieta se sente banida, esta reflexão sobre sua obra possua a
liberdade de se configurar sem fronteiras.
É nessa tentativa de adentrar a obra e extrair de suas rachaduras as leituras que nela
se condensam, que seguiremos com esse trabalho.
-Expostas sob a forma de fotografia e vídeo, o processo de composição das obras
se localiza de forma flutuante entre a “Body Art” e a “Land Art”.
-Compreender que ao optar por alguma dessas duas linguagens o artista direciona
a percepção do público para questão do sujeito e do corpo como espaço de
experimentação estética ou, no caso da “Land Art”, focaliza a percepção da
paisagem e da natureza como ambiente de realização artística.
-No caso de suas obras, como ela mesma propõe ao defini-las como “Earth Body”,
há uma miscigenação dessas duas categorias reafirmando um espaço fronteiriço
onde o corpo e a terra se conectam.
Ao utilizar seu corpo e a silhueta feminina como suporte de “impressão” na natureza, Ana
Mendieta coloca o corpo humano como medida de escala e como elemento centralizador da
percepção da obra.
A escala pautada no corpo não diz respeito apenas à medida exata de seu
tamanho, mas à compreensão simbólica entre essa medida e a consciência
de um valor universal. Consciência esta que, por sua vez, envolve uma
dimensão natural, subjetiva, coletiva e universal.
espaço de construção particular e subjetiva onde o indivíduo constrói o percurso de sua atenção na sua relação com
a obra, já que existem espaços vazios que comportam o preenchimento sensível
TEMPO:
- sugerido por meio de uma memória histórica e coletiva que faz referência a aspectos
arqueológicos. Uma relação com o primitivo vinculada `a forma da representação, seja por meio
de covas, escrituras rupestres ou maneira de“decorar” um corpo moribundo.
“Em presença do sublime, nós nos sentimos livres, porque os instintos sensíveis não
tem nenhuma influência sobre a jurisdição da razão, porque então é o espírito puro que
age em nós como se não fosse submisso à nenhuma outra lei senão às suas próprias”.
(SCHILLER apud GOROVITZ)
A utilização de elementos naturais torna-se uma opção de gerar autonomia para obra, onde as
próprias condições intempestivas, naturais, formam e destroem a obra.