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Cincia do narrador - Heterodiegtico (no participante) e omnisciente; - Homodiegtico (tornando-se um narrador observador, misturado com a multido).
Colocado numa posio de transcendncia em relao ao universo diegtico, o narrador comporta-se como uma entidade demirgica, controlando e manipulando soberanamente os eventos relatados, as personagens que os interpretam, o tempo em que se movem, os cenrios em que se situam.
(Carlos Reis, Ana Cristina Lopes, Dicionrio de Narratologia)
O discurso do narrador antipico ao rebaixar heris consagrados pela Histria e nos apresenta como heris gente annima, pessoas com defeitos fsicos ou homens andrajosos como os operrios que foram obrigados a trabalhar nas obras do Convento de Mafra, assumindo desta forma uma postura de contrapoder.
A sua postura do contra revela-se ainda no discurso dessacralizador dos poderes rgio, religioso e literrio (referncias parodsticas a outros escritores, nomeadamente Cames, Pe. Antnio Vieira e Fernando Pessoa).
O tempo da Histria dura vinte e oito anos (1711-1739) mas o tempo do discurso abre brechas nesse perodo cronolgico para o integrar num tempo uno, em que passado, presente e futuro se misturam.
Em Memorial do Convento a passagem do tempo sugerida pelas transformaes que opera nas personagens e nas coisas e no atravs de datas.
Recursos utilizados:
anstrofe e hiprbato para variar a ordem das palavras na frase : Vestem o rei e a rainha camisas compridas; (p. 17)
metforas - figura predileta do autor barroco Comendo pouco purificam-se os humores, sofrendo alguma coisa escovam-se as costuras da alma;
Discurso indireto livre A voz da personagem penetra a estrutura formal do discurso do narrador, como se ambos falassem em unssono. A oscilao entre a voz do narrador e a voz da personagem, permite representar os pensamentos da personagem, revelar a sua interioridade sem que o narrador abdique da sua posio de mediador.
O desrespeito pela pontuao poder ser tambm uma marca de um texto que se assume como contrapoder.